13
PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIA EM PROCESSOS ESPECIAIS NUMA FORNECEDORA DE SISTEMAS AUTOMOTIVOS Caroline Kuhl (UNIMEP ) [email protected] Maria Celia de Oliveira Papa (UNIMEP ) [email protected] Antonio Carlos Pacagnella Junior (UNIMEP ) [email protected] Andre Luis Helleno (UNIMEP ) [email protected] A indústria automotiva tem dado grande importância aos processos denominados como especiais. Foram publicados uma série de manuais CQI’s (Continuous Quality Improvement) que além de serem requisitos para o setor automotivo são excelentes guias para controlar e monitorar os processos especiais. Para cumprir estes requisitos é necessário definir um modelo de melhoria capaz de garantir que estes processos sejam confiáveis e atenda a estas novas exigências. Este projeto apresenta um projeto de implementação de melhoria em processos especiais em uma fornecedora de sistemas automotivos. A organização levantou quais de seus processos eram especiais e após este dimensionamento realizou uma Auto - avaliação utilizando os manuais CQI’s, o que gerou planos de ações e uma percepção da importância dos controles exigidos nestes manuais. Apesar do projeto ainda estar em andamento, conseguiu-se compreender que a metodologia proposta para a implementação está sendo aceita e adequada por toda a organização e pode trazer resultados positivos para a mesma. Palavras-chaves: processos especiais, melhoria continua da qualidade XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10 Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIA EM …abepro.org.br/biblioteca/enegep2014_TN_STO_195_107_25055.pdf · CQI 9 - Special Process: Heat Treat System Assessment ... CQI 15 – Special

Embed Size (px)

Citation preview

PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO DE

MELHORIA EM PROCESSOS ESPECIAIS NUMA FORNECEDORA DE

SISTEMAS AUTOMOTIVOS

Caroline Kuhl (UNIMEP ) [email protected]

Maria Celia de Oliveira Papa (UNIMEP ) [email protected]

Antonio Carlos Pacagnella Junior (UNIMEP ) [email protected]

Andre Luis Helleno (UNIMEP ) [email protected]

A indústria automotiva tem dado grande importância aos processos denominados como especiais. Foram publicados uma série de manuais CQI’s (Continuous Quality Improvement) que além de serem requisitos para o setor automotivo são excelentes guias para controlar e monitorar os processos especiais. Para cumprir estes requisitos é necessário definir um modelo de melhoria capaz de garantir que estes processos sejam confiáveis e atenda a estas novas exigências. Este projeto apresenta um projeto de implementação de melhoria em processos especiais em uma fornecedora de sistemas automotivos. A organização levantou quais de seus processos eram especiais e após este dimensionamento realizou uma Auto - avaliação utilizando os manuais CQI’s, o que gerou planos de ações e uma percepção da importância dos controles exigidos nestes manuais. Apesar do projeto ainda estar em andamento, conseguiu-se compreender que a metodologia proposta para a implementação está sendo aceita e adequada por toda a organização e pode trazer resultados positivos para a mesma. Palavras-chaves: processos especiais, melhoria continua da qualidade

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

2

1. Introdução

O aumento do volume de terceirizados nos mais diversos setores faz com que as empresas

busquem cada vez mais a melhoria contínua no desempenho de seus fornecedores (WANG, et

al, 2013).

Para garantir esta melhoria, há tempos as empresas exigem que os seus fornecedores

controlem os seus processos, porém, no setor automotivo em particular, estas exigências estão

aumentando e as empresas estão exigindo cada vez mais, o monitoramento e controle de

processos denominados de Processos Especiais,

Os Processos Especiais são processos que são difíceis de serem validados e monitorados no

seu resultado final, fazendo com que a validação do produto final não seja garantida.

Existem algumas iniciativas para garantir esta validação, como por exemplo, o requisito 7.5.2

- Validação de Processos de Produção e Prestação de Serviços da norma ISO TS 16949, com

a seguinte especificação,

“A organização deve validar quaisquer processos de produção e prestação

de serviço onde a saída resultante não possa ser verificada por

monitoramento ou medição subsequente, e como consequência, deficiências

tornam-se aparentes somente depois que o produto estiver em uso...” (ISO

TS 16949:2002, 2002)

Com base nesta especificação, o AIAG (Automotive Industry Action Group) publicou uma

série de manuais, denominados CQI’s - Continuous Quality Improvement – Melhoria

Continua da Qualidade, que são ótimos guias de monitoramento e controle de qualidade nos

processos especiais. Os manuais CQI’s tornaram-se requisitos para as montadoras e devem ser

seguidos em toda a cadeia de fornecimento perante estes processos.

Atualmente, as empresas se esforçam não só para alcançar a qualidade, mas também para

alcançar a excelência, com base em uma visão de qualidade expandida, incluindo a noção de

melhoria contínua (ESTAMPE et al, 2013). Para que isso seja possível, as empresas precisam

definir um modelo de melhoria continua capaz de garantir que os processos especiais sejam

confiáveis e atenda a estas novas exigências.

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

3

Desta forma, o principal objetivo deste artigo é desenvolver um projeto de melhoria em

processos especiais para atender aos requisitos dos manuais CQI’s, em uma empresa

fornecedora de sistemas automotivos.

2. Processos especiais

Ao longo dos anos, as empresas de manufatura contam com o controle de processos para

garantira qualidade de seu produto e assim atender aos seus clientes. Em termos de

competitividade, a padronização do processo produtivo permite a caracterização da qualidade

do produto final (TAKEDA e CHISTE, 2010).

O controle adequado dos processos possibilita ás empresas uniformizar os seus processos, que

resultam em rendimentos mais elevados e processos mais estáveis (NGUYEN, 2004).

A validação e o controle do processo são sempre muito importantes, porém, quando o produto

a ser entregue não pode ser validado esta importância aumenta. Um exemplo deste tipo de

processo é o processo de têmpera do Tratamento térmico que ao realizar-se durante este

processo uma aplicação incorreta ou aplicar um desvio errado na fase de refrigeração dos

componentes tratados, irá resultar em grandes custos inesperados para este processo, além de

atrasos pois os componentes tratados não sairão conforme a especificação adequadas. Isto irá

resultar na necessidade de, por exemplo, a peça ser retrabalhada, ou até mesmo a rejeição do

produto, bem como as entregas atrasadas (TROELL et al, 2014).

Existem processos que são submetidos, por exemplo, a ensaios destrutíveis, nos quais as

amostras servem para se um determinado processo é capaz de produzir um produto que atenda

às exigências do cliente. Estes ensaios e testes de validação podem ter um custo elevado,

fazendo com que o produto demore a chegar até o consumidor.

Porém, quando existe uma validação consistente do processo, não é necessário realizar

ensaios destrutíveis, para garantir que os produtos atendam às exigências. Além de reduzir o

tempo de testes e ensaios, garantindo que o produto chegue mais rápido ao cliente, também é

possível garantir a qualidade do produto ao cliente.

Segundo Corrêa e Corrêa (2005), quanto menos tempo decorrer entre a produção e o

consumo, menos oportunidades o gestor de operações tem para executar atividades que, por

sua própria natureza, devem ser realizadas neste intervalo. Uma dessas atividades é o controle

de qualidade do produto acabado. Assim, a gestão da qualidade necessariamente deverá

acontecer muito mais no controle processo do que no controle dos produtos.

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

4

Desta forma, a validação do processo é necessária, especialmente para o caso em que não é

possível existir uma fase para controlar a qualidade do produto final. Para evitar que falhas

ocorram quando o produto já estiver sob uso do cliente devemos garantir de todas as formas

necessárias o processo produtivo capaz de produzir produtos bons.

Para a indústria automotiva, os Processos Especiais são controlados e monitorados por meio

da publicação dos manuais CQI do AIAG.

Os CQI’s visam proporcionar o aumento da confiabilidade de processos especiais,

enfatizando a prevenção de defeitos e redução de variação, desperdícios ao longo do processo

e consequentemente o controle da qualidade. O controle de qualidade é uma função gerencial

utilizada para verificar a funcionalidade dos padrões sobre os processos de serviços,

transformação e fabricação, e, respectivamente, a sua capacidade de prevenir a ocorrência de

falhas (JOZSEF e BLAGA, 2014).

Até o momento, cinco processos especiais tornaram-se requisitos, por meio da publicação do

AIAG:

CQI 9 - Special Process: Heat Treat System Assessment - Avaliação do Sistema de

Tratamento Térmico;

CQI 11 - Special Process: Plating System Assessment – Avaliação do Sistema de

Deposição;

CQI 12 - Special Process: Coating System Assessment – Avaliação do Sistema de

Revestimento;

CQI 15 – Special Process: Welding System Assessment – Avaliação do Sistema de

Soldagem;

CQI 17 – Special Process: Soldering System Assessment – Avaliação do Sistema de

Solda Eletrônica.

Estas CQI’s, além de serem referências para as fornecedoras de processos especiais,

tornaram-se padrões de qualidade e são exigidas a todos os fornecedores e subfornecedores

automotivos.

Os requisitos encontrados nos manuais CQI’s são amplos, detalhados e requerem um

planejamento adequado para serem implementados. Implementar projetos de qualidade requer

a definição adequada e coerente das fases. Quando uma organização desenvolve e define a sua

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

5

estratégia de qualidade é importante compartilhar uma abordagem comum de qualidade para a

empresa e que cada departamento trabalhe para um objetivo comum (BASU, 2014).

Basu (2014) desenvolveu em um estudo, por meio de entrevistas com membros da Associação

de Projetos Major do Reino Unido (MPA), um conjunto de dimensões fundamentais da

qualidade de organização, conforme ilustra o Quadro 1.

QUADRO 1 - DIMENSÃO DA QUALIDADE DE ORGANIZAÇÃO

Dimensões da Qualidade de Organização

Comprometimento da Alta Direção

Vendas e Planejamento de Operações

Conjunto Único de Números

Habilidade de usar Ferramentas e Técnicas

Gestão de Desempenho

Gestão do Conhecimento e aprendizagem contínua

Cultura de comunicação e Trabalho em equipe

Auto Avaliação

Fonte: Adaptado de Basu (2014)

Para gerenciar todas estas dimensões e obter bons resultados nos projetos de qualidade, as

empresas devem possuir um sistema de gestão de qualidade definido e capaz de garantir este

gerenciamento. O sistema de gestão da qualidade é organizado de tal forma que ele executa,

por meio de auditorias internas, um controle exigente e contínuo de todas as atividades que

possam afetar a qualidade (TANG et al, 1987, apud JOZSEF e BLAGA, 2014, p.3).

Dentre os sistemas de gestão da qualidade mais comuns, muitas empresas adotam o estilo de

Deming de gestão da qualidade e relataram sucesso com a sua implementação (ANDERSON

et al., 1995, apud HALES; CHAKRAVORTY, 2006).

O sistema de Gestão da Qualidade proposto por Deming baseia-se em 14 pontos que foram

concebidos como orientações sobre como reduzir a variação em áreas, que vão desde o

comportamento do fornecedor até o comportamento do cliente, passando por todas as áreas

existentes entre ambos (HALES; CHAKRAVORTY, 2006).

Um projeto de implementação deste sistema de Gestão da Qualidade dependo do

envolvimento de todas as áreas da empresa, para reduzir a variação entre elas, fazendo com

que todas trabalharem com o mesmo objetivo.

O envolvimento das áreas é um fator determinante no desenvolvimento do projeto, pois é dele

que surge a definição da equipe de projeto. Estas equipes são utilizadas nas organizações, na

maioria dos setores e indústrias, devido ao reconhecimento de que elas são capazes de superar

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

6

indivíduos agindo sozinho, especialmente quando o desempenho requer várias habilidades e

julgamentos (HAYES, 2002, SAMUEL, 1996 e SCARNATI, 2001 apud BAIDEN; PRICE,

2011).

Indivíduos de várias áreas trabalham juntos para atingir objetivos comuns do projeto,

atingíveis através do compartilhamento de informações. (BAIDEN; PRICE; DAINTY, 2006).

Este compartilhamento de informação entre as áreas é o maior impasse entre as equipes. A

comunicação é fundamental para o desempenho eficiente de qualquer equipe. (BAIDEN;

PRICE, 2011).

3. Metodologia

Este trabalho tem o objetivo de verificar o gerenciamento de implementação de melhoria de

processos especiais em uma empresa automotiva.

É uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, qualitativa, pois envolve informações de

dados descritivos sobre pessoas e processos interativos e o pesquisador possui contato direto

com o assunto estudado e a pesquisa qualitativa é preciso aprender a observar, registrar e

analisar as interações entre pessoas e entre essas e os sistemas/ambiente (ANJOS, 2007). E

exploratória, pois o assunto abordado até o presente momento não foi explorado em trabalhos

anteriores. “A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as

relações existentes entre os elementos componentes da mesma” (CERVO, 2002, p. 69 apud

FREIRES et al, 2011, p.3).

E qualitativa, pois o ambiente real é a fonte direta para coleta de dados e o autor atua como

participante no desenvolvimento deste projeto.

Inicialmente, foi necessária uma revisão bibliográfica sobre processo especial e necessidade

de controle deste processo, como base as normas Manuais CQI’s. A seguir, os conceitos são

ilustrados através de uma aplicação prática em uma empresa fornecedora de sistemas

automotivos que está em fase de implantação de melhoria em seus processos especiais.

Por se tratar de um assunto recente entre as fornecedoras automotivas, esta empresa se baseou

em metodologias conhecidas para a implantação destes controles em função da necessidade

em atender aos requisitos.

4. Desenvolvimento: Implantação do controle de um processo especial

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

7

A empresa considerada neste estudo é fornecedora de diversas montadoras e possui todos os

processos especiais considerados nas publicações do AIAG, desta forma, a empresa considera

a necessidade de implementar estes controles, tanto para atender seus cliente quanto para a

melhoria em seus processos. Para isso, a empresa desenvolveu um projeto de implementação

destes requisitos, que envolve diversas áreas e atividades em todas as suas fases, conforme

ilustra a figura 1. As fases de implementação se baseiam nas Dimensões da Qualidade de

Organização de Basus (Quadro 1) e nos 14 princípios de Deming, porém foram consideradas

somente as dimensões que eram pertinentes ao projeto em estudo, já que a organização já

possui um sistema de gestão de qualidade robusto que atende as normas da ISO TS 16949 e o

atual projeto é uma complementação para este sistema.

Figura 1: Fases de Implantação

Fonte: Produção própria

3.1. Dimensionamento

Para o dimensionamento foi necessário definir o tamanho do projeto, todos os seus gaps e as

suas necessidades. Inicialmente a empresa identificou os processos considerados como

processos especiais para a organização, perante os Manuais CQI’s e, portanto requisitos

obrigatórios para o controle e monitoramento deles, conforme ilustra o levantamento

apresentado no Quadro 2 pode-se concluir que todos os requisitos dos Manuais CQI’s

possuem na organização em estudo.

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

8

Em seguida, ainda na fase de dimensionamento a empresa fez um levantamento do número de

máquinas em cada processo. Estes dados mostram que existe diferença importante na

quantidade de máquinas entre os processos, o que pode diferenciar as atividades da

implementação e os respectivos resultados.

QUADRO 2: PROCESSOS ESPECIAIS DA EMPRESA AVALIADA

Fonte: produção própria (2013)

Para iniciar a implantação do projeto de melhoria nos processos especiais foi preciso um time

de trabalho comprometido e envolvido com a atividade. Para isso, foi necessário identificar as

pessoas adequadas de cada área para compor este time.

Para identificar este time foi necessário analisar todas as atividades que envolviam o processo

diretamente, além de identificar os processos especiais requisitados pelos Manuais CQI’s,

para que fosso possível definir as áreas envolvidas para cumprir cada um dos requisitos

citados. Após estudo com a gerência da organização identificou-se o time de implementação,

que foi composto por pessoas das áreas de Tecnologia, Engenharia de Processo, Qualidade

Industrial e Manutenção. Além desses, para os processos de Tratamento Térmico e

Tratamento Superficial foram inseridos membros da área de Laboratório Químico. Como

suporte para todos os processos, deveriam estar envolvidos as áreas de Engenharia de

Produto, Sistema da Qualidade e Recursos Humanos.

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

9

Desta maneira, iniciou-se o processo de capacitação do time do projeto, com treinamento

sobre os requisitos dos Manuais CQI’s, além de treinamento específico dos processos

especiais, para que todos conhecessem detalhadamente cada um dos processos especiais. A

fase de capacitação foi ainda mais importante para que o time percebesse que os controles que

existem atualmente nos processos especiais não eram suficientes para atender aos requisitos

das montadoras, além de não garantir efetivamente o resultado do produto final. Esta

conscientização foi importante que todos percebessem a importância de seus trabalhos dentro

do time de implementação.

3.2. Comprometimento da Alta Direção

O comprometimento da Alta Direção foi preciso de imediato, pois, após a definição do time

foi preciso solicitar autorização para que todos os envolvidos participassem e dedicassem

parte de seu tempo de trabalho para este projeto.

A maior dificuldade neste momento foi a conscientização da Alta Direção para a necessidade

de implementação do projeto para atender aos novos requisitos das montadoras. Um dos

principais questionamentos da alta direção foi o fato desta necessidade surgir somente neste

momento e ela não ter sido importante antes. A proposta do projeto baseou-se no requisito

7.5.2 da ISO TS 16949:2002. Este requisito indica que a preocupação com os processos

especiais existe há tempos, porém, atualmente eles estão sendo considerada base para

padronizar estas exigências e servir como um manual do monitoramento dos processos

especiais. Somente após este esclarecimento a Alta Direção reconheceu a real importância do

projeto e se comprometeu com a sua implementação. Em contrapartida, a Alta Direção

manifestou a expectativa de que, com esta implementação ela espera como resultado que o

índice de refugo e retrabalho também melhorasse, em função destes novos controles e

monitoramentos.

Após este comprometimento, a Alta Direção passou a acompanhar as fases de implementação

e o desenvolvimento do time do projeto também se tornou mais intensificado com a ajuda dos

respectivos superiores.

3.3. Recursos

Apesar da consciência do time sobre a necessidade de melhoria nos processos especiais, ele

não conseguia identificar exatamente o que deveria ser feito e também por onde eles deveriam

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

10

iniciar a implementação do projeto. Neste momento, o time decidiu realizar antecipadamente

a fase de Auto Avaliação para identificar as necessidades de cada um dos processos especiais.

Embora cada processo tenha um ponto de melhoria específico, existem alguns itens não

conformes que são necessários e comuns para todos os processos especiais, conforme mostra

o Quadro 3:

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

11

QUADRO 3 - PLANO DE AÇÃO GERAL PARA OS PROCESSOS ESPECIAIS

Fonte: produção própria

Embora estes itens pareçam simples, a empresa entendeu que para seguir com a

implementação, primeiramente ela deveria estabilizar suas condições básicos, para então

continuar com a implementação dos requisitos dos Manuais CQI’s, que são mais complexos e

detalhados. Antes de se aplicar os requisitos mais complexos propostos pelos Manuais CQI’s,

a organização deve se atentar em realizar o básico como instruções de trabalho, cumprimento

dos controles especificados, manutenção preventiva, limpeza no posto de trabalho, que são

itens que toda fornecedora automotiva precisa ter.

Conclusão

A implantação da melhoria em processo especial garante uma maior confiança nos processos

da organização. Realizar a Auto Avaliação proporcionou a empresa a visualização da situação

do processo produtivo atualmente.

Com esta visualização pode-se perceber que não se pode implementar requitos mais

detalhados e complexos antes mesmo de se possuir o básico no processo, como por exemplo

instruções de trabalho e limpeza das máquinas.

A partir desta conclusão os planos de ação da organização aumentaram e a empresa agora

está em fase de implementação dos mesmos.

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

12

Desta maneira, ainda não se obtem o resultado final desta implementação, mas já nota-se que

a metodologia desenvolvida para esta implementação está sendo aceita por toda organização,

além de que percebe-se que o compromentimento da Alta Direção é muito importante para o

projeto, além de fortalecer a participar do time.

Em relação à melhoria dos processos especiais nota-se que o controle e

monitoramento dos processos especiais é muito importante, porém pouco estudado

e com uma necessidade enorme de primeiramente restabilizar as condições básicas

para um processo de produção, para então efetivar a implementação.

REFERÊNCIAS

ANDERSON, et al; 1995. In: HALES, D; Chakravorty, S, Implementation of Deming’s style of quality

management: An action research study in a plastics company. International Journal of Production

Economics, pp.131-148, 2006, p3.

ANJOS, G. C. B. dos. Pesquisa qualitativa em estudos sobre Terceiro Setor: uma análise nos artigos

apresentados no Semead. IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia

BAIDEN, B.K; PRICE, A. D. F. The extent of team integration within construction projects. International

Journal of Project Management. Vol.24, Jan. 2006, pp. 13–23.

BAIDEN, B.K; PRICE, A. D. F. The effect of integration on project delivery team effectiveness.

International Journal of Project Management, v.29, fev. 2011, pp.129–136.

BASU, R. Managing quality in projects: An empirical study. International Journal of Project Management,

ed. Elselvier, n. 32, pp.178–187, 2014.

CORREA, H. L; CORREA, C. A. Administração de produção e de operações. SÃO PAULO: Atlas, 2005.

p.87.

ESTAMPE, D et al. A framework for analyzing supply chain performance evaluation models. Int. J.

Production Economics 142. Elsevier pp 247-258. 2013.

CERVO, A. L. 2002. In: FREIRES, F. G. M; GRANJA, P. R. M; CARVALHO, J. L.M de. Caracterização e

análise da cadeia produtiva da manga orgânica na região do vale do São Francisco. XXXI ENCONTRO

NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios

da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial. Belo Horizonte, MG,

Brasil, 04 a 07 de out de 2011.

HALES, D; CHAKRAVORTY, S. Implementation of Deming’s stylce of quality management: An action

research study in a plastic company. International Journal of Production Economics, ed. Elsevier, v. 103,

pp.131-148, 2006.

HAYES, 2002, SAMUEL, 1996 e SCARNATI, 2001, In: BAIDEN, B.K; PRICE, A.D.F. The effect of

integration on project delivery team effectiveness. International Journal of Project Management, v.29,

pp.129–136, fev. 2011, p.2.

JOZSEF, B; BLAGA, P. Production Quality Control in the Process of Coating in an Electrostatic Field.

Procedia Technology, ed. Elsevier, pp 476-482, 2014.

XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

13

Nguyen, D. et al. Improved process control, lowered costs and reduced risks through the use of non-

destructive mobility and sheet carrier density measurements on GaAs and GaN wafers. Ed. Elsevier,

Journal of Crystal Growth n.272, pp. 59–64, 2004.

TAKEDA, M, C; CHISTE, C. Definição de um modelo de monitoramento da dinâmica climática do

processo de produção de Nephrolepis Exaltata. XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO. Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de

trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

TANG; TOLLISON; WHITESIDE, 1987. In: JOZSEF; BLAGA, JOZSEF, B; BLAGA, P. Production Quality

Control in the Process of Coating in an Electrostatic Field. Procedia Technology, ed. Elsevier, pp 476-482,

2014, p.3.

Troell, E; Kristoffersen, H; Bodin, J. Controlling the Cooling Process – Measurement, Analysis, and Quality

Assurance. Comprehensive Materials Processing, pp. 99-121, 2014.

W. Wang et al. Minimum cost allocation of quality improvement targets under supplier process

disruption. European Journal of Operational Research, ed.Elsevier, n.228, pp. 388–396, 2013.