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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Pré-Detalhamento da Instrumentação e Automação de um Forno Industrial de um Complexo Petroquímico Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina: DAS 5511 Projeto de Fim de Curso Marcelo Khouri Silva Florianópolis, Setembro de 2009

Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

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Page 1: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Pré-Detalhamento da Instrumentação e Automação de um Forno Industrial

de um Complexo Petroquímico

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina:

DAS 5511 Projeto de Fim de Curso

Marcelo Khouri Silva

Florianópolis, Setembro de 2009

Page 2: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

Pré-Detalhamento da Instrumentação e Automação de um Forno Industrial

de um Complexo Petroquímico

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina

como requisito para a aprovação da disciplina:

DAS 5511: Projeto de Fim de Curso

Marcelo Khouri Silva

Florianópolis, setembro de 2009

Page 3: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

Pré-Detalhamento da Instrumentação e Automação de um Forno Industrial de um Complexo Petroquímico

Marcelo Khouri Silva

Esta monografia foi julgada no contexto da disciplina DAS 5511: Projeto de Fim de Curso

e aprovada na sua forma final pelo Curso de Engenharia de Controle e Automação

Banca Examinadora:

Carlos Eduardo Neri de Oliveira Orientador Empresa

Agustinho Plucenio Orientador do Curso

Prof. Augusto Humberto Bruciapaglia Responsável pela disciplina

Prof. Julio Elias Normey-Rico, Avaliador

Thiago Boaventura Cunha, Debatedor

Gabriel Veloso Paim, Debatedor

Page 4: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

i

Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus por ter me dado a força e a fé necessárias

para superação dos obstáculos enfrentados durante minha vida acadêmica.

Em especial, quero agradecer aos meus pais pelo apoio e suporte em tudo

que me foi necessário e às minhas irmãs por me alegrarem e me colocar pra cima

sempre que necessário.

Ao meu orientador na Chemtech Carlos Eduardo Neri de Oliveira e ao

companheiro de trabalho Ronaldo da Ponte por sua imensa ajuda no

desenvolvimento deste trabalho e por sua grande dedicação em passar a todos os

seus conhecimento profissionais.

Ao meu orientador Prof. Agustinho Plucênio, pelas importantes sugestões

dadas para o desenvolvimento deste trabalho.

A todos da equipe de Instrumentação do projeto, que sempre tiveram

disposição para passarem o conhecimento que possuem.

Aos amigos que me acolheram na Chemtech, tornando mais agradáveis a

adaptação à empresa e o trabalho no projeto.

Aos amigos mais próximos por sempre escutar as lamentações na hora do

desespero e compartilhar as risadas nos momentos de alegria.

Agradeço ainda a Agência Nacional do Petróleo – ANP – e à Financiadora de

Estudos e Projetos – FINEP – por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP

para o Setor de Petróleo e Gás – PRH-34 ANP/MCT pelo apoio financeiro.

Page 5: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

ii

Resumo

Um forno é, basicamente, um trocador de calor que usa os gases quentes da

combustão para elevar a temperatura de um fluido circulando através de uma

serpentina instalada dentro do forno. Alguns fornos simplesmente entregam o fluido

em uma temperatura predeterminada para o próximo estágio do processo de reação.

Outros promovem reações no fluido enquanto ele flui pelos tubos da serpentina.

Os fornos são usados em todos os processos que envolvem hidrocarbonetos

e indústrias químicas como refinarias, plantas de gás, petroquímicas e refinarias de

óleo combustível. A maioria das unidades de operação requerem um ou mais fornos

como pré-aquecedores do fluido de processo, fornos de craqueamento, vaporizador

do fluido de processo, forno de óleo cru ou forno reformador. Os combustíveis para

os fornos incluem desde produtos finais da refinaria como o gás combustível até o

óleo pesado tido como resíduo.

O presente trabalho se propõe a mostrar o projeto de FEED de

instrumentação e automação de um forno à chama, usando gás como combustível,

de uma unidade de um complexo petroquímico.

Page 6: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

iii

Abstract

A fired heater is a direct-fired heat exchanger that uses the hot gases of

combustion to raise the temperature of a feed flowing through coils of tubes aligned

throughout the heater. Some heaters simply deliver the feed at a predetermined

temperature to the next stage of the reaction process. Others perform reactions on

the feed while it travels through the tubes.

Fired heaters are used throughout hydrocarbon and chemical processing

industries such as refineries, gas plants, petrochemicals and oil refinery. Most of the

unit operations require one or more fired heaters as start-up heater, cracking furnace,

process feed heater, process feed heater vaporizer, crude oil heater or reformer

furnace. Heater fuels include light ends like fuel gas from refinery as well as waste

heavy oil.

This document intents to show the instrumentation and automation FEED fase

of a fired heater, using fuel gas, of a petrochemical complex unit.

Page 7: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

iv

Sumário Agradecimentos ................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................ ii

Abstract ........................................................................................................... iii

Simbologia ...................................................................................................... vii

Capítulo 1: Introdução ...................................................................................... 1

1.1: A Chemtech ........................................................................................... 1

1.1.1: Histórico ........................................................................................... 1

1.1.2: O projeto de FEED do Complexo Petroquímico .............................. 2

1.2: Objetivos do Trabalho ............................................................................ 4

1.3: Justificativa............................................................................................. 4

1.4: Metodologia............................................................................................ 5

1.5: Organização do Documento................................................................... 6

Capítulo 2: Fornos industriais tubulares sujeitos à chama - Fundamentação

Teórica ........................................................................................................................ 7

2.1: Visão Geral ............................................................................................ 7

2.2: Tipos de concepções de Fornos Industriais ......................................... 10

2.2.1: Forno Cilíndrico Vertical sem Convecção ...................................... 11

2.2.2: Forno Cilíndrico Helicoidal sem Convecção .................................. 11

2.2.3: Forno Cilíndrico Vertical com Convecção ...................................... 12

2.2.4: Caixa com tubos Verticais Aquecidos de ambos os lados (Dupla

Câmara) ............................................................................................................. 12

2.2.5: Cabine com tubos em forma de “U” ............................................... 13

2.2.6: Cabine com tubos horizontais ....................................................... 13

2.2.7: Caixa com 2 células....................................................................... 14

2.3: Nomenclatura e componentes de um Forno Industrial ......................... 15

Page 8: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

v

2.4: Equipamentos auxiliares ...................................................................... 18

2.4.1: Queimadores ................................................................................. 18

2.4.2: Sopradores de Fuligem ................................................................. 20

2.4.3: Preaquecedores de ar de combustão ............................................ 20

2.5: Variáveis operacionais ......................................................................... 21

2.6: O forno deste projeto ........................................................................... 25

2.7: Critérios Gerais do Projeto ................................................................... 26

2.7.1: Identificação Funcional .................................................................. 26

Capítulo 3: Instrumentação aplicada a Fornos Industriais .............................. 29

3.1: Instrumentos para fornecimento de gás combustível ........................... 29

3.2: Instrumentos para fornecimento de gás para os pilotos ....................... 33

3.3: Instrumentos para fornecimento de gás para os queimadores ............ 39

3.4: Instrumentos do forno .......................................................................... 43

3.5: Instrumentos relacionados ao vapor de abafamento ........................... 44

Capítulo 4: Procedimentos de Controle e Automação de um Forno Industrial48

4.1: Definições preliminares ........................................................................ 48

4.2: Descrição de um seqüencial de partida de um forno ........................... 50

4.2.1: Permissão de purga....................................................................... 50

4.2.2: Realização da purga ...................................................................... 52

4.2.3: Ignição ........................................................................................... 54

4.2.4: Permissão para alinhamento dos queimadores ............................. 56

4.3: Descrição das etapas de parada de um forno...................................... 57

4.4: Malhas típicas associadas ao controle de um forno ............................. 58

4.4.1: Malha para o controle da combustão............................................. 58

4.4.2: Malha de controle da tiragem ........................................................ 60

Capítulo 5: Documentos Gerados e Resultados ............................................. 62

5.1: Diagramas de Fornos ........................................................................... 62

Page 9: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

vi

5.1.1: Diagrama de alimentação do forno ................................................ 63

5.1.2: Diagrama de tiragem do forno ....................................................... 66

5.1.3: Planta de locação de instrumentos do forno .................................. 68

5.2: Matriz de causa e efeito do forno ......................................................... 73

5.3: Memorial Descritivo .............................................................................. 77

Capítulo 6: Conclusões e Perspectivas .......................................................... 80

Bibliografia ...................................................................................................... 82

Page 10: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

vii

Simbologia

A seguir:

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

AT: Analyzer Transmitter

BTU: British Thermal Unit

DCS: Distributed Control System

FEED: Front End Engeniering Design

FI: Flow Indicator

FO: Flow Orifice

FT: Flow Transmitter

FV: Flow Control Valve

HMI: Human Machine Interface

I: Intertravamento

P&ID: Piping and Instrumentation Diagram

PES: Programmable Eletronic System

PI: Pressure Indicator

PMI: Project Management Institute

PT: Pressure Transmitter

PV: Pressure Control Valve

TI: Temperature Indicator

TT: Temperature Transmitter

TRC: Controlador de Demanda de Combustível

TV: Temperature Control Valve

XV: Block Valve

ZS: Chave de fim de curso

Page 11: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

1

Capítulo 1: Introdução

1.1: A Chemtech

1.1.1: Histórico

Fundada em 1989 com capital 100% nacional, a Chemtech é uma empresa

de consultoria e prestação de serviços em engenharia e TI que alia um profundo

conhecimento de processo ao domínio das mais modernas soluções tecnológicas,

garantindo ao cliente sempre a melhor solução.[ 1 ]

A empresa acredita na engenharia nacional e nos profissionais brasileiros e

quer, cada vez mais, contribuir para o desenvolvimento sustentável e o crescimento

do Brasil.

Hoje a Chemtech é líder brasileira no fornecimento de soluções de otimização

para as indústrias de processos, atuando em diversos países, como Alemanha,

Estados Unidos, Rússia, Japão, Cingapura, Tailândia, Arábia Saudita, França, África

do Sul, Canadá e Espanha.

Em 2001, passou a fazer parte do grupo Siemens, mantendo sua liderança,

padrão mundial de qualidade, marketing share definido, linha de soluções e gestão

independente. Tudo isso aliando sua agilidade à solidez do grande grupo econômico

Siemens.

Em 2008, foi eleita pela segunda vez consecutiva a melhor empresa para se

trabalhar no Brasil e, desde 2004, Figura nas listas das melhores, de acordo com

pesquisas de clima organizacional.

Toda a equipe está em constante aprimoramento. O acompanhamento das

tendências e evoluções mundiais e a excelente infra-estrutura oferecida garantem

que a criatividade e a motivação da equipe da Chemtech estejam sempre em alta.

A equipe é multidisciplinar e formada por profissionais com alta capacitação e

experiência. Os engenheiros e demais profissionais são graduados e especializados

nas melhores instituições do Brasil e do mundo. Conhecem profundamente os

processos industriais e as tecnologias mais avançadas disponíveis no mercado, o

Page 12: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

2

que permite que entendam os problemas dos clientes de forma rápida, apontando ou

desenvolvendo soluções eficazes.

Na Chemtech, há ainda consultores de altíssimo nível provenientes do

mercado. Todos "vestem a camisa", possibilitando à empresa agir de forma matricial

em forças-tarefa. Verifica-se na Figura 1 - Distribuição da escolaridade dos

funcionários da Chemtech em 2009Figura 1 a distribuição da escolaridade do

funcionário da Chemtech em 2009.

1.1.1.1: Divisão do Projeto do Complexo Petroquímico dentro da Chemtech

O projeto foi dividido em frentes de trabalho denominadas disciplinas. Existem

ao todo 12 disciplinas: Processo, Instrumentação, Tubulação, Civil, PDMS, Mecânica

Estática, Mecânica Rotativa, Segurança, Elétrica, Telecom, Comissionamento e

Equipamentos Críticos.

O presente trabalho se desenvolveu dentro da disciplina de instrumentação,

utilizando como apoio diagramas e informações de outras disciplinas como a de

processo.

1.1.2: O projeto de FEED do Complexo Petroquímico

A definição do FEED (Front End Engineering Design) como etapa no

desenvolvimento de projetos foi à solução adotada para reduzir problemas de

Figura 1 - Distribuição da escolaridade dos funcionários da Chemtech em 2009

Page 13: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

3

inconsistências e indefinições no projeto básico e aumentar a precisão das

estimativas de custos e prazos. [ 2 ]

O FEED é uma metodologia que visa “adiantar” os problemas do

detalhamento e construção e fornecer subsídios para a estimativa de custos de

contratação do detalhamento e construção.

Entre o projeto básico e a obra, a nova etapa de análise de consistência do

projeto básico e pré-detalhamento, inaugurada pelo FEED, representa um grande

avanço em todo o processo. Além de resolver falhas no básico, antes de chegar ao

detalhamento tem-se a estimativa mais precisa do valor do empreendimento. Antes

da utilização do FEED como uma das etapas da implantação de um

empreendimento, adotava-se o modelo tradicional, no qual os projetos começavam

com o conceitual, onde se compunha as especificações do projeto e a viabilidade do

mesmo, seguindo para a próxima etapa: o projeto básico.

Com níveis variados de informações e detalhes, a depender do contrato e da

metodologia da empresa responsável pela engenharia, o projeto básico era

desenvolvido e seguia para o detalhamento. O próximo passo era a licitação para o

suprimento, construção e montagem. Desta forma, estimativas de investimentos e

prazos costumavam não condizer com a realidade.[ 2 ]

1.1.2.1: Os objetivos do FEED dentro do Projeto do Complexo Petroquímico

• Identificar inconsistências na documentação dos projetos básicos.

• Elaborar projeto básico complementar principalmente de fornos e válvulas de

controle e outras utilidades como sistema de vapor e ar de instrumento.

• Elaborar projeto de pré-detalhamento que possibilite o levantamento mais

apurado dos quantitativos de materiais, equipamentos, sistemas e serviços

técnicos a serem desenvolvidos nas fases seguintes.

• Elaborar uma especificação detalhada para aquisição dos equipamentos e de

sistemas considerados críticos, pelo planejamento da empresa contratante.

Page 14: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

4

1.2: Objetivos do Trabalho

O principal objetivo deste trabalho é gerar documentos da fase de FEED ou

pré-detalhamento da automação e instrumentação de fornos industriais. Cada

unidade do Complexo Petroquímico possui suas particularidades e, por isso, é

projetado um tipo diferente de forno que atenda a requisitos específicos de cada

unidade.

Em específico, a fase de automação de fornos compreende a elaboração dos

seguintes documentos: Diagrama de Alimentação do Forno, Diagrama de Tiragem,

Planta de Locação de Instrumentos, Matriz de Causa-Efeito e Memorial Descritivo.

Os diagramas de alimentação e tiragem são documentos de instrumentação

contendo os instrumentos presentes nos fornos, com suas malhas de controle e

intertravamentos; a Matriz de Causa-Efeito descreve os intertravamentos

relacionados ao forno; por último, o Memorial Descritivo descreve todo o sistema de

automação do equipamento.

1.3: Justificativa

Hoje o Brasil consome cerca de dez milhões de toneladas por ano de nafta

derivada do refino do petróleo. A nafta é utilizada principalmente como matéria-prima

da indústria petroquímica. A escassez relativa de nafta petroquímica e de gás natural

nos próximos anos conduz a um cenário de reduzido investimento para a produção

de petroquímicos básicos no país, matérias-primas para produção de plásticos, e

conseqüente importação, inclusive dos polímeros e outros produtos de segunda

geração. Assim sendo, a implantação de uma refinaria integrada a uma central

petroquímica e outras unidades industriais surge como uma alternativa econômica

para o país.

O Projeto de Pré-Detalhamento (FEED) de automação de fornos está

relacionado ao curso de Engenharia de Controle e Automação da UFSC uma vez

que o projeto envolve conhecimentos nas áreas de controle e automação de

processos e, principalmente, na área de instrumentação. Além disso, o trabalho

insere-se no contexto do Programa de Recursos Humanos PRH-34/ANP/MCT, que

tem como objetivo a formação de engenheiros para atuar na área de automação,

controle e instrumentação para o setor de petróleo e gás natural.

Page 15: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

5

1.4: Metodologia

Inicialmente foi feito um estudo bibliográfico em documentos e materiais sobre

o Complexo Petroquímico, a Chemtech e a disciplina de instrumentação dentro da

Chemtech, a fim de adquirir conhecimentos necessários para o trabalho e o

desenvolvimento das atividades do projeto. Além disso, diversos cursos foram e

estão sendo ministrados pela UCC (Universidade Corporativa Chemtech) com a

finalidade de capacitar os funcionários para alguns trabalhos específicos. Dentre

estes cursos estão: Interpretação de fluxogramas de Engenharia, AutoCAD,

Elaboração de Plantas de Locação de Instrumentos e palestras com fabricantes de

alguns equipamentos para automação e instrumentação.

Após esta primeira fase de aquisição de conhecimentos gerais, partiu-se para

estudos específicos da automação de fornos industriais. Foram levantados alguns

requisitos de cada unidade tais como:

• Fluido de processo

• Tipo de tiragem

• Intertravamentos

• Tipo de combustível

• Tipo de sinal e alimentação de cada instrumento presente no forno

• Malhas de controle

• Válvulas

• Transmissores

• Medidores

• Indicadores

De posse dessas informações, foram elaborados todos os documentos

relativos à complementação do projeto básico da automação de fornos industriais,

além dos documentos finais de quantitativos de instrumentos.

Page 16: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

6

1.5: Organização do Documento

Este trabalho está estruturado em seis capítulos, enunciados a partir deste,

de forma a apresentar os principais temas referentes a este projeto final.

Capítulo 1 – Introdução, Objetivo e Justificativa – apresentado

anteriormente.

Capítulo 2 – Fornos Industriais Sujeitos à Chama – Fundamentação

Teórica – tem por objetivo descrever os principais componentes e introduzir

conceitos preliminares.

Capítulo 3 – Instrumentação Aplicada a Fornos Industriais – fornece

informações sobre os instrumentos utilizados no projeto do forno bem como sua

representação em diagramas.

Capítulo 4 – Procedimentos de Automação e Controle de um Forno

Industrial – mostra as principais seqüências atreladas aos processos de um forno e

seus intertravamentos.

Capítulo 5 – Documentos Gerados – apresenta os documentos

gerados no fim do projeto, os quais são o objetivo de um projeto de FEED.

Capítulo 6 –Conclusões e Perspectivas – comenta os principais

resultados obtidos a partir das análises realizadas ao longo do projeto e algumas

perspectivas futuras.

E por fim Bibliografia – enumera as principais fontes de consulta para a

realização deste projeto.

Page 17: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

7

Capítulo 2: Fornos industriais tubulares sujeitos à chama -

Fundamentação Teórica

Neste capítulo será feita uma introdução aos conceitos básicos sobre fornos

industriais.

2.1: Visão Geral

O forno é, depois dos trocadores de calor, o principal equipamento de

fornecimento de calor para as diversas correntes de uma Planta Industrial. Sua

função em alguns processos vai além da complementação de calor para fins de

condicionamento da temperatura da carga que alimenta as torres de fracionamento

ou os reatores, pois também viabiliza processos de craqueamento térmico atuando

por exemplo como os próprios reatores em Unidades Coqueamento Retardado,

Unidades de Geração de Hidrogênio e de Produção de Eteno. [ 3 ]

Um forno é composto por uma câmara inferior, denominada de câmara de

radiação, uma região superior, denominada de zona de convecção, a chaminé dos

gases de combustão e o sistema de combustíveis que suprem gás ou óleo

combustível para os queimadores. Na próxima página, a Figura 2 mostra um forno

industrial instalado em campo.

Na câmara de radiação é instalada parte da serpentina de processo e onde é

queimado um combustível através dos queimadores. Recebe esta denominação

porque a transferência de calor se dá basicamente por radiação dos gases de

combustão resultantes da queima do combustível.

A zona de convecção é, normalmente, uma caixa de base retangular

montada acima da câmara de radiação onde são instaladas a outra parte da

serpentina de processo e as serpentinas de outros serviços, tais como: geração de

vapor d´água, superaquecimento de vapor d´água, etc., com o objetivo de aumentar

a eficiência do forno. Recebe esta denominação porque o calor dos gases de

combustão é transferido para as serpentinas de tubos basicamente por convecção.

A chaminé é um trecho cilíndrico montado normalmente acima da seção de

convecção, através do qual os gases de combustão são lançados para a atmosfera.

Page 18: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

8

Figura 2 - Forno em uma Planta Industrial

Page 19: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

9

As principais variáveis operacionais de um forno industrial são a temperatura

de saída do fluido de processo do forno, a vazão através de um ou mais passes e a

carga térmica a ser fornecida pelo sistema de combustíveis.[ 5 ]

Normalmente, a tubulação da carga do forno é dividida em vários “passes”

dentro do forno. A quantidade de passes para distribuir a vazão total do fluido de

processo dentro de um forno é definida em função da carga térmica e da velocidade

requerida para o produto a ser aquecido.

Os fornos controlam a temperatura de saída do produto manipulando a vazão

de combustível para os queimadores. Como os queimadores possuem restrições

quanto à sua pressão de operação, alguns fornos substituem os controladores de

vazão de combustível por controladores de pressão para implementação da

proteção contra apagamento de chama por pressão muito baixa ou deslocamento de

chama por pressão muito alta no queimador.

O controle de temperatura de saída do produto é realizado após a junção dos

passes. Logo, o que se mede geralmente é uma temperatura média do produto

aquecido na saída do forno. Dependendo do tipo de processo e carga há a

necessidade de se medir a temperatura em todos os passes do forno.

Queimadores podem

estar dispostos no piso do forno,

nas laterais, no teto ou em uma

combinação destes arranjos.

Como conseqüência, torna-se

necessário criar configurações

de estratégias de controle que

permitam fornecer carga térmica

específicas por regiões do forno.

[ 3 ] A Figura 3 mostra um

esquema simplificado de um

forno industrial.

Os principais objetivos de

controle de um forno industrial

são: Figura 3 - Esquema de um Forno Industrial

Page 20: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

10

• Manter constante e estável a temperatura de saída do produto.

• Manter constantes as vazões de cada passe do forno.

• Manter constante e em um valor seguro a pressão interna da fornalha.

• Manter o excesso de oxigênio nos gases de combustão em uma valor

ótimo.

• Manter constante a pressão, dentro dos limites de segurança

operacional, dos queimadores.

• Manter a vazão do gás combustível em um valor requerido para

fornecer carga térmica desejada naquele instante.

• Manter a vazão de ar para os queimadores no valor desejado.

As principais perturbações ao controle de um forno industrial são:

• A temperatura de entrada do forno.

• A qualidade da carga e suas características térmicas.

• O poder calorífico do gás combustível.

• A pressão a montante ou a jusante do forno.

• A retirada ou colocação em operação de queimadores.

Podem ser identificadas basicamente duas categorias de fornos usados em

refinarias e plantas petroquímicas.

• Os fornos de aquecimento que englobam todos os fornos em que a

carga, ao passar pela serpentina de processo, sofre apenas um

aquecimento, podendo ou não ser vaporizada.

• Os fornos de reação que englobam todos os fornos em que a carga,

ao passar pela serpentina de processo, além de sofrer um

aquecimento tem sua composição química alterada.

2.2: Tipos de concepções de Fornos Industriais

Existe uma grande variedade de concepções de projeto de fornos, o que é

explicado pelo fato de um projeto de um forno ser feito por encomenda para atender

condições de processo específicas. Desta forma, não existem projetos de prateleira

e, além disso, projetistas de fornos possuem algumas soluções de “layout” não

convencionais. A seguir, uma breve introdução às concepções mais utilizadas serão

apresentadas.

Page 21: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

11

Chaminé

Serpentina da radiação

Queimadores

Figura 5 - Forno Cilíndrico Helicoidal sem Convecção

2.2.1: Forno Cilíndrico Vertical sem Convecção

Concepção de baixa eficiência térmica onde os tubos são dispostos

verticalmente ao longo da superfície cilíndrica da câmara de radiação. Esta

concepção é restrita, normalmente, a fornos de baixa carga térmica (menor que

5.106 BTU/h)1, fornos de operação intermitente ou quando o custo do combustível é

extremamente baixo. A queima é vertical de baixo para cima. A Figura 4 ilustra este

tipo de concepção. [ 5 ]

2.2.2: Forno Cilíndrico Helicoidal sem Convecção

Concepção onde a serpentina de tubos tem

a forma helicoidal e fica disposta ao longo da

superfície cilíndrica da câmara de radiação. Esta

concepção é, normalmente, adotada para os

fornos de partida. Também é restrita,

normalmente, a fornos de baixa carga térmica

(menor que 5.106 BTU/h), fornos de operação

intermitente ou quando o custo do

combustível é extremamente baixo. A

queima é vertical de baixo para cima. A Figura 5 ilustra este tipo de concepção. [ 5 ]

1 BTU é uma unidade de medida não pertencente ao SI utilizada principalmente nos Estados

Unidos e Reino Unido. A quantidade de 1 BTU é definida como a quantidade de energia necessária

para se elevar a temperatura de uma massa de uma libra de água em um grau fahrenheit. Equivale a

252,2 calorias ou 1 055,05585 joules.

Chaminé

Serpentina da Radiação

Queimadores

Figura 4 - Forno Cilíndrico Vertical sem Convecção

Page 22: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

12

2.2.3: Forno Cilíndrico Vertical com Convecção

Concepção onde os tubos são dispostos verticalmente ao longo da superfície

cilíndrica da câmara de radiação. A zona de convecção com serpentinas de tubos

horizontais fica montada imediatamente acima da seção de radiação. Esta

concepção resulta em fornos de eficiência relativamente alta e que ocupam pouco

espaço físico. Aplicável, normalmente, para alguns serviços com carga térmica na

faixa de 10. 106 a 200.106 BTU/h. A queima é vertical de baixo para cima. A Figura 6

ilustra este tipo de concepção. [ 5 ]

2.2.4: Caixa com tubos Verticais Aquecidos de ambos os lados (Dupla

Câmara)

Concepção onde tubos verticais são dispostos em uma única fila no centro da

câmara de radiação. Queimadores dispostos nas paredes verticais paralelas a fila de

tubos liberam calor para os 2 lados dos tubos (queima horizontal). É possível

encontrar esta concepção com uma ou duas câmaras de radiação. A zona de

convecção com tubos horizontais fica montada acima da(s) câmara(s) de radiação.

Esta concepção resulta numa distribuição de calor ao longo da circunferência dos

tubos mais uniforme. É uma configuração de alto custo e se aplica, normalmente,

para alguns serviços com carga térmica na faixa de 20.106 à 125.106 BTU/h. A

Figura 7 ilustra este tipo de concepção. [ 5 ]

Queimadores

Serpentina da convecção

Serpentina da convecção

Chaminé

Figura 6 - Forno Cilíndrico Vertical com Convecção

Page 23: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

13

Serpentina da Convecção

Serpentina da Radiação

Queimadores

Coletores

Chaminé

Figura 8 - Cabine com Tubos em forma de "U"

2.2.5: Cabine com tubos em forma de “U”

Concepção onde tubos em forma de “U” têm seus trechos verticais dispostos

ao longo da superfície interna de duas paredes da câmara de radiação (paredes

laterais). Os tubos são conectados a dois coletores, um de entrada e outro de saída.

Esta concepção se aplica particularmente ao serviço de aquecimento de grandes

vazões de gases com baixa perda de pressão admissível. Admite tanto a queima

vertical de baixo para cima, quanto a

queima horizontal com os queimadores

instalados nas paredes perpendiculares

aos coletores (paredes terminais). A zona

de convecção com as serpentinas de tubos

horizontais fica montada acima da câmara

de radiação. Aplicação, normalmente, para

cargas térmicas na faixa de 50.106 à

400.106 BTU/h. A Figura 8 ilustra

este tipo de concepção. [ 5 ]

2.2.6: Cabine com tubos horizontais

Concepção onde tubos são dispostos horizontalmente ao longo da superfície

interna das paredes laterais e do teto inclinado da câmara de radiação. A zona de

convecção com serpentinas de tubos horizontais fica montada imediatamente acima

Chaminé

Serpentina da Convecção

Serpentina da Radiação

Queimadores

Figura 7 - Forno Dupla Câmara

Page 24: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

14

Chaminé

Serpentina da Convecção

Serpentina da Radiação

Queimadores Queimadores

Figura 10 - Caixa com Duas Células

da seção de radiação, se estendendo por todo o comprimento desta. Esta é a

concepção de maior uso em projetos de fornos atuais. Admite tanto a queima vertical

de baixo para cima quanto a queima horizontal com queimadores instalados nas

paredes terminais (sem tubos). Aplicação, normalmente, para cargas térmicas na

faixa de 10.106 a 400.106 BTU/h. A Figura 9 ilustra este tipo de concepção. [ 5 ]

2.2.7: Caixa com 2 células

Concepção onde tubos horizontais são dispostos ao longo das superfícies

internas das paredes laterais e do teto das duas

células (câmaras de radiação). A zona de

convecção com serpentinas de tubos

horizontais, comum às duas células, fica

montada imediatamente acima das mesmas.

Admite tanto a queima vertical de baixo para

cima quanto à queima horizontal com

queimadores instalados nas

paredes terminais (sem tubos)

de cada célula. Aplicação,

normalmente, para cargas

térmicas na faixa de 100.106 a 500.106 BTU/h. A Figura 10 ilustra este tipo de

concepção. [ 5 ]

Serpentina da Convecção

Serpentina da Radiação

Queimadores

Chaminé

Figura 9 - Cabine com Tubos Horizontais

Page 25: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

15

2.3: Nomenclatura e componentes de um Forno Industrial

A norma NBR-10.778 da ABNT define a terminologia empregada para os

fornos tubulares sujeitos à chama, incluindo os termos relacionados com os projetos

térmico e mecânico, desempenho e dos componentes, acessórios e equipamentos

auxiliares, tais como queimadores e sopradores de fuligem. A seguir é apresentada

uma lista com os termos e componentes mais utilizados.

• Carga térmica absorvida – Energia absorvida por todas as correntes que

atravessam o forno ou por apenas uma delas, se assim explicitamente especificado,

na unidade de tempo, medidas pelas propriedades do fluido na entrada e na saída.

• Liberação Térmica Total – Energia total liberada pelo combustível na

unidade de tempo por todos os queimadores do forno.

• Eficiência – Razão entre a carga térmica absorvida e a liberação térmica

total.

• Fluxo Médio de Calor – Carga térmica idealmente considerada

uniformemente absorvida pela área circunferencial externa dos tubos. Usualmente

referido à área total dos tubos em uma zona ou serviço. Pode também ser definida

como sendo a razão entre a carga térmica absorvida por uma serpentina e a área

circunferencial externa total dos tubos desta serpentina.

• Fluxo Máximo de Calor – Carga térmica por unidade de área realmente

absorvida (ou calculada) no ponto da área circunferencial externa de um trecho,

zona ou serviço, em que seu valor é máximo.

• Excesso de Ar – Porcentagem de massa de ar adicional à

estequiometricamente requerida para a queima do combustível em questão.

• Tiragem – Diferencial de pressão interior ao forno em relação a atmosfera

padrão nas condições de instalação do forno.

• Zona de Radiação – Zona do forno na qual o calor (energia térmica) é

absorvido pelos tubos da serpentina principalmente por radiação.

• Zona de Convecção – Zona do forno na qual o calor (energia térmica) é

absorvido pelos tubos da serpentina principalmente por convecção.

• Serpentina – Tubulação interna ao forno no interior da qual circula um dos

fluidos aquecidos pelo forno.

Page 26: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

16

• Tubos de Proteção – Primeiras filas de tubos da zona de convecção que

ainda estão expostas a radiação direta da combustão.

• Corbel – Saliência da superfície refratária da parede da zona de

convecção usada para evitar fluxo preferencial dos gases de combustão junto a esta.

• Suporte do Tubo – Peça metálica sobre a qual se apóiam os tubos e que

transferem a carga dos mesmos para a estrutura do forno.

• Espelho – Tipo especial de suporte que apóia vários tubos numa única

peça. Mais frequentemente utilizado na zona de convecção.

• Estrutura – Vigas e colunas de perfis de aço destinados a suportar e

posicionar os diversos elementos constituintes do forno.

• Abafador ou damper – Registro para bloqueio ou controle de vazão ou

tiragem dos gases de combustão, normalmente instalado na chaminé.

• Coifa – Componente que coleta os gases efluentes da zona de convecção

e os dirige diretamente ou através de dutos à chaminé.

• Chaminé – Duto de seção circular situado imediatamente à coifa cuja

função é descarregar os gases de combustão na atmosfera.

• Queimador – Dispositivo destinado a promover a mistura entre ar e

combustível, e a colocá-la e mantê-la em combustão.

• Soprador de fuligem - são equipamentos que permitem a sopragem de

vapor sobre as superfícies estendidas, possibilitando a retirada de fuligem

acumulada. Este componente só é utilizado para fornos que queimam óleo

combustível.

Page 27: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

17

A Figura 11 apresenta os principais componentes de um forno industrial.

1 – Porta de Acesso 9 – Tubulação de Interligação 17 – Suporte de Tubos 2 – Arco (Teto Radiação) 10 – Tubos 18 – Parede Refratária 3 – Coifa 11 – Superfície Extendida 19 – Espelho Terminal 4 – Parede Interna 12 – Curva de Retorno 20 – Base de Concreto 5 – Queimador 13 - Caixa de Cabeçotes 21 – Chaminé 6 – Carcaça 14 – Seção de Radiação 22 – Plataforma 7 – Seção de Convecção 15 – Seção de Proteção 8 – Corbel 16 – Janela de Observação

Figura 11 - Principais componentes de um Forno Industrial

Page 28: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

18

2.4: Equipamentos auxiliares

Alguns equipamentos pertencentes à composição de um forno industrial

merecem uma explicação mais detalhada para que se possa entender perfeitamente

o funcionamento completo de um forno. Estes equipamentos são chamados de

equipamentos auxiliares e serão detalhados a seguir.

2.4.1: Queimadores

São equipamentos responsáveis pela liberação de calor necessário para as

diversas serpentinas de um forno, através da combustão de um ou mais

combustíveis. Na Figura 12 é possível ver o esquema de um queimador à gás.

Quanto ao tipo de combustível, os queimadores classificam-se em:

• Queimadores para combustíveis gasosos

• Queimadores para combustíveis líquidos

• Queimadores para queima mista (óleo e/ou gás)

Os queimadores de óleo combustível ou mistos requerem, normalmente,

maiores cuidados tanto do ponto de vista de operação quanto de manutenção. Para

a queima de combustíveis líquidos, especialmente de óleos combustíveis, é

necessária a atomização dos mesmos, isto é, a quebra em gotas de pequena

dimensão. A Figura 13 mostra o esquema de um queimador à gás e óleo.

Figura 12 - Esquema de um Queimador à Gás

Page 29: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

19

Na maioria dos queimadores de óleo combustível usados nas refinarias e nas

plantas petroquímicas, a atomização é conseguida usando o vapor d´água como

meio atomizante. Este vapor deve possuir as seguintes características principais:

moderado superaquecimento e uma pressão capaz de garantir um adequado

diferencial em relação a pressão de óleo combustível (na faixa de 1.5 a 2.0 kg/cm2).

Figura 14 - Queimador em funcionamento

Figura 13 - Esquema de um Queimador à Gás e Óleo

Page 30: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

20

2.4.2: Sopradores de Fuligem

A queima de óleos combustíveis e o uso de tubos com superfícies estendidas

nas serpentinas da seção de convecção resultam no acúmulo de fuligem nos

referidos tubos, provocando uma redução na eficiência térmica dos mesmos.

Com a finalidade de possibilitar a limpeza periódica destas serpentinas, são

normalmente instaladas filas de sopradores de fuligem em uma ou mais elevações

da seção de convecção.

Os tipos de sopradores mais comumente usados em fornos de refinarias ou

de plantas petroquímicas são:

• Rotativo fixo – Este tipo, pelo fato da lança ficar constantemente em

contato com os gases de combustão, é normalmente especificado para fornos

queimando combustíveis sem ou com baixo teor de vanádio. Para fornos queimando

combustíveis com alto teor de vanádio, limita-se seu uso a regiões de baixa

temperatura dos gases de combustão. Para seções de convecção com larguras

muito grandes não se recomenda o uso desse tipo.

• Rotativo Retrátil – Neste tipo, após o ciclo de sopragem, a lança é retraída

para fora da seção de convecção. Não existe restrição ao uso desse tipo, a não ser

econômica.

2.4.3: Preaquecedores de ar de combustão

Uma das maneiras normalmente adotadas para o aumento da eficiência

térmica global de um forno é o preaquecimento do ar de combustão. Este

preaquecimento é feito através de equipamentos onde o calor é transferido dos

gases de combustão para o ar de combustão, reduzindo a temperatura de saída dos

gases na chaminé, o que promove aumento da eficiência térmica.

Os tipos de preaquecedores de ar de combustão mais comumente usados

são:

• Tipo Recuperativo – Tipicamente de construção tubular, na qual o ar de

combustão passa internamente aos tubos e os gases de combustão escoam através

do feixe de tubos. Este tipo é normalmente especificado para fornos queimando

Page 31: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

21

combustíveis sem ou com baixo teor de enxofre. A Figura 15 ilustra este tipo de

preaquecedor.

• Tipo Regenerativo – Este tipo é formado de colméias feitas de placas

metálicas alojadas em um cilindro subdividido, que gira no interior de uma carcaça.

Os gases de combustão passam através de um lado do cilindro, e o ar de

combustão frio passa através do outro. Na medida em que o cilindro vai girando

lentamente, parte da colméia absorve continuamente o calor dos gases de

combustão. Ao continuar girando, esta parte irá ceder o calor absorvido para o ar frio

que entra em contato com a mesma. A maior pressão do ar e a não estanqueidade

do sistema de selagem fazem com que uma porção do ar passe para o fluxo de

gases de combustão. O sistema de preaquecimento deve absorver este vazamento,

particularmente os ventiladores de tiragem forçada e induzida. A Figura 16 ilustra

este tipo de preaquecedor.

2.5: Variáveis operacionais

A necessidade de várias paradas de emergência e até mesmo a redução da

vida útil dos componentes, podem ser provocadas por uma operação inadequada do

forno. No entanto, a simples observação de alguns cuidados especiais relacionados

com as variáveis operacionais resulta em um desempenho satisfatório e na

Figura 15 - Preaquecedor Recuperativo Figura 16 - Preaquecedor Regenerativo

Page 32: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

22

conservação do estado de um forno. Seguem abaixo algumas regras e observações

visando uma operação adequada.

2.5.1: Controle das condições de queima dos combustíveis

2.5.1.1: Controle da chama

Uma boa chama de gás deve ser de azul a incolor, sem porções amareladas.

O amarelo indica carbono não queimado e combustão incompleta. Uma boa chama

de óleo deve ser brilhante e limpa, de cor na faixa de amarelo à laranja. Óleos mais

leves queimam com uma chama mais brilhante e mais amarelada.

As chamas, de um modo geral, devem ser intensas na maior parte de seu

comprimento, não devendo ser oscilantes com comprimento indefinido. Em nenhuma

circunstância as chamas devem incidir nos tubos.

Em taxas elevadas de queima, o topo das chamas tenderá a ser instável,

contudo esta condição não deverá se estender para o corpo da chama.

As chamas de óleo não devem apresentar centelhamento nos seus topos.

Uma atomização inadequada usualmente resulta em gotas de óleo sendo lançadas

contra os tubos e seus suportes. Estas gotas em altas temperaturas, e contendo

substâncias corrosivas (V, Na e S) acarretam a rápida deterioração dos tubos e

suportes.

As chamas de óleo não devem apresentar traços negros em seus corpos. Isto

indicaria que o topo das mesmas estaria fumaçando, e a fuligem estaria sendo

depositada nas partes superiores do forno.

O óleo combustível, ao ser atomizado, apresenta imediatamente acima do

bico queimador, uma aparência de uma neblina negra. Qualquer tendência do óleo

atomizado deixar o bico com a presença de listras negras, ao invés de uma

aparência de neblina, indica atomização inadequada.

2.5.1.2: Distribuição de calor

A queima adequada do combustível nos queimadores visa também obter na

prática, uma distribuição de calor para os tubos da serpentina da radiação mais

próxima da condição assumida no projeto do forno. Para isso, é sempre conveniente

Page 33: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

23

operar o forno com todos os queimadores acesos e liberando a mesma quantidade

de energia.

Para fornos com queima de dois combustíveis (óleo e/ou gás combustível) a

maneira mais segura para se garantir a distribuição uniforme de calor para os tubos

é a queima simultânea dos dois combustíveis, procurando distribuir os mesmos em

vazões iguais para todos os queimadores.

Neste caso é importante observar que a liberação de energia total por

queimador não deve ultrapassar a liberação máxima do queimador.

Quando se opera o forno com 2 combustíveis e cada queimador queimando

um único combustível, o controle do sistema deve ser tal que os queimadores que

estiverem na malha do TRC não ultrapassem a sua liberação máxima. Isto pode ser

feito basicamente de 2 formas:

• Distribuindo a vazão disponível do combustível não controlado em um

determinado número de queimadores, de modo que a liberação de energia por

queimador seja o mais próximo da liberação normal do mesmo.

• Projetando o sistema de controle de modo que ambos os combustíveis

flutuem com o TRC.

Dessa forma o risco de incidência de chama nos tubos é sensivelmente

reduzido.

2.5.1.3: Excesso de ar

A eficiência de um forno sofre alteração em função da quantidade de excesso

de ar usado na combustão. Para maximizar a eficiência recomenda-se operá-lo com

um mínimo de excesso de ar. Por outro lado, a operação com baixo excesso de ar

dificulta o controle da combustão, podendo ocorrer, se o ajuste for mal feito, falta de

ar, o que levaria a combustão incompleta, detectável por chamas fumacentas e de

forma instável.

Isto pode acarretar a queima retardada na parte superior do forno ou na

chaminé, o que pode resultar em danos severos a estas partes. Em geral, o excesso

de ar adequado é normalmente: de 10% a 15% para a queima de gás combustível, e

de 20% a 30% para a queima de óleo combustível. Controlar o excesso de ar

através do exame visual da chama é muito difícil, portanto, insatisfatório. Para tal,

Page 34: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

24

recomenda-se a instalação de analisadores de O2, normalmente na saída da

radiação e/ou a execução periódica de análise de Orsat2.

2.5.1.4: Tiragem

O “damper” na chaminé de um forno tem a função de controlar a

contrapressão no forno. É usualmente posicionado para ajustar a pressão negativa

dos gases de combustão na saída da radiação, na faixa de 1.3 a 2.5 mm de coluna

d´água.

Uma pressão negativa muito alta provocaria entrada de ar em excesso na

câmara de combustão, resultando na diminuição da eficiência do forno. Uma

pressão positiva possibilitaria o vazamento de gases de combustão quentes, o que

resultaria na elevação da temperatura da estrutura do forno, podendo acarretar

danos na mesma.

Esta pressão positiva poderia provocar a diminuição da entrada de ar,

levando à combustão incompleta e até mesmo, ao abafamento do forno, o que

precipitaria a parada do mesmo. Esta pressão é ajustada na faixa de pressão

mencionada acima, para evitar os problemas abordados, e também para assegurar

que para fornos de tiragem natural, mudanças nas condições atmosféricas não

acarretem problemas na operação do forno.

2.5.2: Controle da vazão de carga

A vazão de carga escoando no interior dos tubos da serpentina de

radiação é normalmente estabelecida para atender às condições de processo.

Porém, para preservar a integridade da serpentina, as seguintes observações

devem ser consideradas:

• A vazão de carga não deve ser tão baixa que não seja suficiente para

absorver com segurança o calor disponível.

• A temperatura máxima admissível da carga não deve ser excedida (sob o

risco de degradá-la).

2 É a análise dos gases de combustão através do uso do aparelho de Orsat. A análise de

Orsat determina a composição dos gases secos (não inclui vapor d’água).

Page 35: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

25

• Quando a carga escoa através de uma serpentina com mais de um passe,

deverá ser garantida a mesma vazão por cada um deles.

• A interrupção de vazão, se temporária ou permanente, poderá acarretar

danos mecânicos nos tubos. A interrupção da vazão, mesmo por um período

de tempo curto, resulta numa redução da temperatura controlada pelo TRC.

Se o forno está operando em controle automático, a taxa de queima é

imediatamente aumentada para compensar esta queda de temperatura. O

superaquecimento então resultante pode acarretar sérios danos aos tubos,

mesmo se a interrupção for mantida por poucos minutos.

• Cuidados especiais devem ser tomados por ocasião da partida do forno, pois

já foi observado que uma grande porcentagem dos casos envolvendo

coqueamento severo ou mesmo superaquecimento dos tubos são provocados

por instabilidades temporárias, que são freqüentes durante a partida.

• Vazões muito baixas podem, dependendo do serviço, provocar regimes de

escoamento não recomendáveis para a operação segura do forno.

2.6: O forno deste projeto

Diante de todo o exposto anteriormente, já é possível descrever o forno

utilizado para este projeto. O propósito da unidade do complexo petroquímico dentro

do qual se enquadra o forno deste projeto é maximizar a produção de aromáticos a

partir de nafteno e parafinas para uso como matéria-prima em compostos aromáticos

específicos. Esta unidade de processamento do Complexo Petroquímico, possui

quatro fornos dispostos em série (F-01, F-02, F-03 e F-04) e que compartilham uma

zona de convecção e uma chaminé comum. Todos eles são de tiragem natural. A

escolha de se trabalhar em apenas um dos quatro se embasa no fato de que todos

eles possuem as mesmas características, mudando apenas o número de

queimadores.

Este trabalho se baseia no projeto do forno F-01. Trata-se de um forno do tipo

cabine com tubos verticais que queima gás como combustível com ignitores

elétricos. Possui 13 pilotos e 13 queimadores e faz uso de detectores de chama do

tipo Flame Rod.

Page 36: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

26

O forno também possui válvulas de bloqueio em cada piloto e em cada

queimador e portas manuais para entrada de ar, uma vez que se trata de um forno

com tiragem natural.

2.7: Critérios Gerais do Projeto

Antes de prosseguir torna-se necessária a explicação de algumas definições

importantes para o entendimento dos capítulos que se seguem.

O DCS (Distributed Control System) é definido como o equipamento

responsável pelo monitoramento do processo e controle de uma unidade industrial.

O PES (Programmable Eletronic System) é o equipamento responsável pelo sistema

de intertravamentos de uma unidade ou de um subsistema da unidade.

Geralmente, a comunicação dos instrumentos relacionados ao controle como

os controladores, transmissores e válvulas de controle possuem comunicação

Foundation Fieldbus entre si e com o DCS. Todos os comandos e sinais devem ser

enviados e recebidos da casa de controle do DCS por sinal Fieldbus. A Figura 17

mostra a representação do sinal de comunicação Fieldbus.

Os instrumentos relacionados com os intertravamentos e que possuem

comunicação com o PES, os que pertencem a pacotes de fornos e compressores e

os instrumentos relacionados a segurança da unidade como detectores de gases

tóxicos possuem comunicação análogica 4-20mA. A Figura 17 também mostra a

representação para este tipo de sinal.

O sinal digital é utilizado nas solenóides das válvulas solenóides e nas chaves

manuais e de fim de curso. A representação pode ser vista na Figura 17.

É importante ressaltar que, quando se tem um intertravamento, o qual é

controlado pelo PES, o sinal enviado para este deve ser analógico (4-20mA).

2.7.1: Identificação Funcional

É importante esclarecer como são identificados os instrumentos utilizados

para a elaboração da documentação do forno deste projeto. Toda a simbologia

descrita a seguir é normatizada pela norma ISA 5.1 – Instrumentation Symbols and

Page 37: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

27

Tabela 1 – Iniciais dos instrumentos

Letra Variável

F Vazão

L Nível

P Pressão

T Temperatura

Identification. A primeira letra indica a variável

medida e não a variável manipulada. A Tabela 1

mostra as iniciais dos principais instrumentos.

As letras subseqüentes podem se

combinar para nomear os mais diversos

instrumentos. A Tabela 2 mostra as letras

subseqüentes às letras iniciais nos nomes dos

instrumentos.

A Figura 17 abaixo mostra as representações para as principais linhas de

instrumentação utilizadas para a confecção dos documentos do forno deste projeto.

Tabela 2 – Letras Subseqüentes às iniciais

Letra Função Letra Função

A Alarme L Baixo

C Controlador Q Totalizador

D Diferencial R Registrador

E Elem. Primário S Chave

G Visor T Transmissor

H Alto V Válvula

I Indicador

Figura 17 - Representação das Linhas de Instrumentação

Page 38: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

28

A representação dos instrumentos nos P&ID’s é bastante simples. No entanto,

torna-se necessário o esclarecimento de quando o instrumento será instalado em

campo ou em algum painel (local ou não). A Figura 18 mostra a simbologia utilizada

para instrumentos simples (transmissores, indicadores e chaves) quando é instalado

em campo ou não. Válvulas e solenóides possuem uma simbologia própria mostrada

na Figura 37 na sessão 5.1.3:.

A Figura 19 mostra a simbologia para os instrumentos com comunicação

Fieldbus (controle distribuído/compartilhado – comunicação com o DCS).

Figura 19 - Instrumentos com comunicação Fieldbus

A Figura 20 mostra a representação utilizada para computadores e, por fim, a

Figura 21 mostra a representação dos instrumentos com comunicação com o PES.

Figura 20 - Representação dos Computadores

Figura 21 - Instrumentos com Comunicação com o PES

Figura 18 - Instrumentos Simples

(1) Painel Central

(2) Painel Local

(1) Painel Central

(2) Painel Local

Page 39: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

29

Capítulo 3: Instrumentação aplicada a Fornos Industriais

O propósito de um forno industrial é muito simples: fornecer calor para um

fluido de processo. No entanto, fornos industriais estão entre os mais complexos

equipamentos de controle de processos. Cada forno é, no mínino, dois

equipamentos em um. Primeiramente, é uma variação bastante especial de um

trocador de calor, uma vez que o seu propósito é trocar calor com o fluido de

processo. Segundo, é um reator químico no qual combustível e ar se misturam numa

forte reação exotérmica para produzir o calor requerido.

Para que seja feita a correta monitoração, controle e manutenção desses

equipamentos tão complexos, são necessários instrumentos que auxiliam a

implementação desses propósitos. Este capítulo trata da instrumentação aplicada

aos fornos bem como a representação dos instrumentos em diagramas de

instrumentação e processo. As Figura 26 e Figura 27 mostram um esquema de um

arranjo típico de instrumentação para fornos que queimam gás combustível. A Figura

26 descreve a instrumentação da linha de gás dos pilotos e a Figura 27 descreve a

instrumentação da linha de gás dos queimadores.

3.1: Instrumentos para fornecimento de gás combustível

O gás combustível fornecido a um forno deve receber um tratamento especial

antes de ir para os pilotos e queimadores. É comum o gás ser filtrado por filtros

específicos para retirar qualquer tipo de impurezas e depois ser condicionado em um

vaso de pressão chamado de “Knock-out Drum”. Este vaso possui a finalidade de

retirar qualquer tipo de umidade existente no gás. Esta umidade dificulta uma

combustão completa do gás, podendo até provocar o apagamento dos pilotos e

queimadores. A instrumentação e as lógicas de controle destes equipamentos são

fornecidas pela licenciadora do projeto básico e não é escopo do presente trabalho.

A Figura 22 ilustra o vaso de “knock-out” do forno deste projeto.

Page 40: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

30

Para o forno deste

projeto, a pressão do gás

combustível é divida em

dois estágios. Isto

acontece pois há a

necessidade de se dividir o

gás para a linha principal

de alimentação dos

queimadores e para a linha

de alimentação dos pilotos.

Assim, para se fazer a

regulagem da pressão de

gás na linha antes da

divisão utilizou-se uma

válvula de controle de

pressão PV (PV-1), pois o

controle desta válvula

permite regular a vazão de

gás fornecendo uma

pressão adequada. A

Figura 23 ilustra a

configuração típica

utilizada como base para

o projeto do forno deste

trabalho.

Toda malha de controle necessita, além da válvula de controle, que é o

elemento final, de um transmissor para a variável controlada ou medida. Existe um

elemento indicador que permite ao operador monitorar o funcionamento da malha de

controle. Assim, foi utilizado um indicador de pressão PI (PI-1) conectado a um

medidor manométrico de pressão PT (PT-1). O controlador de pressão PIC-1

implementa a lógica de controle e permite ao operador ajustar a referência (setpoint)

da malha de controle. O controle desse tipo de válvula geralmente é feito por sinal

de software, controlado pelo DCS.

Figura 22 - Vaso de "Knock-out"

Page 41: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

31

Muitos componentes da linha de alimentação de gás combustível possuem

um limite de pressão de aproximadamente 100 psig [ 4 ]. Uma falha tanto na PV-1

quanto na PV-21 poderia causar um aumento de pressão indesejado, danificando

vários instrumentos da linha. Assim, tornou-se necessário o uso de uma válvula de

alívio (PSV-1) para alívio de pressão em caso de necessidade. Vale a pena

ressaltar que, em caso de incêndio próximo à tubulação ou algum vaso próximo,

essa válvula também é utilizada para alívio de pressão na linha. Os gases são

enviados para o flare3. O sistema de flare é representado no P&ID por um quadrado

com o número 96.

Recomenda-se que se coloque um medidor de vazão para o gás logo em

seguida da válvula de controle da linha principal (header). Este medidor tem a

finalidade de monitorar se a vazão necessária de gás combustível antes da divisão

para as linhas dos pilotos e queimadores está passando através da PV-1. Assim

colocou-se um medidor de vazão do tipo placa de orifício (FE-1) para medir o fluxo

de gás na linha do header juntamente com um transmissor de vazão (FT-1).

3 Aparato vertical semelhante a uma chaminé utilizado em plantas petroquímicas e refinarias

para queimar os gases liberados durante um procedimento de alívio de pressão.

Page 42: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

32

Figura 23 – Instrumentação da linha principal de gás combustível

Page 43: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

33

3.2: Instrumentos para fornecimento de gás para os pilotos

Para regular a pressão de gás combustível que é fornecida aos os pilotos

utilizou-se uma válvula de controle de pressão (PV-11), a qual é ajustada para

fornecer gás na pressão requerida pelos pilotos. Esta válvula deve ser do tipo “fail-

closed”, ou seja, em caso de falha da mesma, ela deverá ir para a sua posição

segura para que o risco de acidentes seja minimizado. No caso da PV-11, a posição

segura é a fechada. Atrelado a essa válvula há um transmissor de pressão (PT-11),

o qual mede a variável controlada assim como o PT-1.

Durante o acendimento dos pilotos é necessário fazer uma regulagem manual

da pressão de gás combustível que chegará aos pilotos. Essa regulagem é

necessária porque apenas a válvula PV-11 não é suficiente para controlar as

variações de pressões durante o regime transitório, uma vez que esta válvula não

abrande todo o range de pressão necessário. Assim, com este propósito, foi utilizada

a válvula de controle HV-30. Esta válvula é acionada por um posicionador diafragma

e possui uma válvula solenóide (HY-30) acionada eletricamente. Esta válvula

solenóide tem a finalidade de cortar a alimentação pneumática do atuador da HV-30

em caso de alguma emergência.

A abertura da válvula HV-30 é determinada pelo operador na sala de controle

através do controlador HIC-30 e do posicionador I/P. O controlador envia um sinal de

corrente para o conversor e este fornece um sinal pneumático proporcional ao sinal

de entrada. O sinal pneumático passa pela válvula solenóide antes de chegar à

válvula HV-30. O operador, conforme a necessidade, vai abrindo ou fechando a

válvula permitindo maior ou menor vazão de gás.

Esta válvula possui também uma chave de fim de curso para indicar a posição

fechada (ZSL-30) e com indicação no painel na casa de controle. Como se trata de

uma válvula de controle com solenóide acionada pneumaticamente, é necessário um

conversor I/P para converter o sinal pneumático em elétrico para acionar a

solenóide. É importante ressaltar que esta válvula só será usada durante o

acendimento do forno (regime transitório) e permanecerá fechada durante o período

de funcionamento do mesmo (regime permanente).

Diferentemente da válvula de vent (XV-15 – Será detalhada mais adiante), os

gases liberados pela HV-30 vão para o sistema de flare, onde serão queimados

Page 44: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

34

antes de serem liberados para a atmosfera. Como a quantidade de gases liberados

é muito maior que a liberada pela válvula de vent, a queima dos mesmos no flare se

torna necessária para evitar um incêndio. Escolheu-se utilizar uma HV ao invés de

uma XV para este fim por um motivo bem simples: as válvulas XV são válvulas on-

off, ou seja, possuem apenas a posição aberta ou fechada. As válvulas HV, por se

tratar de válvulas de controle, permitem aberturas intermediárias e com isso o

operador pode regular a passagem dos gases.

Em projetos de fornos, a API Standard 560 – Fired Heaters for General

Refinery Services – recomenda que se use duas válvulas de bloqueio antes de o gás

combustível chegar efetivamente aos pilotos. Assim sendo, foi utilizada a válvula de

bloqueio XV-14 como sendo a primeira válvula e a XV-16 como sendo a segunda. A

finalidade de se ter um duplo bloqueio é garantir que não haja vazamentos de gás

combustível.

A API recomenda também que haja uma terceira válvula de bloqueio,

denominada de “vent”, entre as duas de duplo bloqueio. Esta é utilizada para

eliminar os gases presentes no espaço entre as duas primeiras válvulas e garantirá

que não haverá nenhuma pressão de gás na segunda válvula de bloqueio devido a

vazamentos ou fugas de gás da primeira. Utilizou-se, então, a válvula XV-15 para

este fim. A XV-15, assim com a XV-14 e a XV-16, é acionada pneumaticamente por

uma válvula solenóide (XY-14/15/16). Esta válvula solenóide recebe um sinal elétrico

emitido através do sistema de intertravamento (PES).

Todas as válvulas XV’s anteriormente citadas possuem uma chave de fim de

curso (ZS-14/15/16) com indicação de posição na casa de controle do sistema de

intertravamento (PES) tanto para indicar posição aberta ou fechada da mesma

(ZSL/H-14/15/16). Estas chaves utilizadas no intertravamento estarão nas posições

corretas durante a purga4 do forno ou caso uma falha ocorra com a válvula. A Figura

24 mostra uma típica instalação em campo de um duplo bloqueio com vent.

4 Fase antes da ignição, onde se realiza uma vaporização do interior do forno com o intuito de

retirar gases remanescentes e evitar explosões e queimas indesejadas.

Page 45: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

35

Pode-se notar na representação da válvula XV-15, um quadrado com o

número 22 “entrando” na solenóide e outro com o número 92 “saindo” da solenóide.

Estes números são a representação das utilidades de instrumentação. Esta

representação indica que existe ar de instrumento entrando na solenóide e que esta

está liberando este ar para a atmosfera.

Nota-se também que a representação no P&ID das XV14/16 é diferente da

XV-15. O motivo é simples. Estas válvulas sofrem um teste diferenciado chamado de

“partial stroke”.

Como um forno é projetado para operar de forma intermitente, raramente

essas válvulas mudarão de posição e, devido às intempéries do meio em que estão

instaladas, podem sofrer corrosão e “travar” em uma posição fixa.

Por solicitação do cliente, deve ser feito o teste de “partial stroke”

periodicamente em válvulas que podem sofrer desse problema. É efetuado uma

pequeno deslocamento (10 a 20% do curso) da haste, com o objetivo de identificar o

agarramento desta e o funcionamento da válvula solenóide. [ 7 ]

Figura 24 - Configuração de duplo bloqueio e vent em campo

Page 46: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

36

Em reunião com a empresa contratante ficou acordado que apenas as

válvulas participantes do duplo bloqueio deveriam sofrer teste de partial stroke. Isso

porque estas válvulas são críticas e, caso haja uma emergência, devem estar

funcionando corretamente. Na representação, o que diferencia as válvulas com

partial stroke é o desenho da solenóide. Nesses casos, a XY é indicada pelo seu

nome envolta por uma circunferência, representando não só a solenóide, mas todo o

equipamento necessário ao “partial stroke”.

Antes de se ligar um forno, deve-se fazer a purga do mesmo. Dentro do

procedimento de purga, existe um teste de estanqueidade de válvulas que deve ser

feito nas válvulas de duplo bloqueio e individuais dos pilotos e queimadores para

verificar se não há vazamentos nas válvulas (estes procedimentos serão melhor

detalhados na sessão 4.2.1). Assim, foi necessária a utilização de um transmissor de

pressão (PT-18) entre a segunda válvula do duplo bloqueio (XV-16) e as válvulas

individuais (XV-19/.../32).

Caso haja vazamentos e a faixa de pressão ultrapasse os valores máximos e

mínimos permitidos para operação, chaves indicadoras de pressão muito baixa

(PSLL-18) e pressão muito alta (PSHH-18) acionarão um intertravamento (“I”) e seus

respectivos alarmes serão disparados: PALL-18 para pressão muito baixa e PAHH-

18 para pressão muito alta.

O PI-3 foi utilizado para monitorar o teste de estanqueidade das válvulas do

duplo bloqueio (XV-14 e XV-16) e da válvula de vent (XV-15) durante o período de

manutenção do forno.

As válvulas de bloqueio XV-19/.../32 correspondem à representação da

válvula de bloqueio individual de cada piloto. Também são equipadas com uma

chave de fim de curso (ZS-19/.../32), a qual deve garantir que a válvula esteja na

posição segura caso esta venha a falhar. Como esta válvula deve ser do tipo “fail-

closed”, pois, uma vez que caso haja uma falha, o fornecimento de gás para o piloto

daquela válvula deve ser cortado, a posição segura é a fechada. Existem tantas

válvulas de bloqueio individual quantos pilotos existirem no forno. Também possuem

acionamento elétrico da solenóide, a qual corta o sinal pneumático da válvula em

caso de falha, e a chave de fim de curso se envia sinal para o PES. As válvulas de

Page 47: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

37

bloqueio de cada piloto são abertas uma por vez, na seqüência de acendimento pré-

estabelecida.

No final da linha dos pilotos foi utilizado um transmissor de pressão (PT-20), o

qual possui chaves (PSLL-20 e PSHH-20) e alarmes (PALL-20 e PAHH-20) cujos

princípios de funcionamento são os mesmos das chaves e alarmes do PT-18. Este

transmissor tem a finalidade de indicar como está a pressão no final de da linha. A

cada vez que se acende um piloto, a pressão total na linha muda e este fenômeno

deve ser controlado para que se chegue em regime permanente.

Um equipamento de ignição produz a faísca necessária para acendimento

dos pilotos. Este equipamento é alimentado por um transformador de alta tensão.

Um detector de chama (BSL-19/.../32) é colocado em cada piloto e é utilizado

para confirmar que eles estão acesos e queimando de maneira estável. Foi

solicitado pela empresa contratante que os detectores de chama fossem do tipo

“Flame-Rod” ou barra de ionização. Recebe este nome pelo falo de a barra que fica

próxima à chama se ionizar na presença da mesma. A ilustração destes detectores

de chama pode ser vista na Figura 29. O instrumento em amarelo na Figura 25

mostra um detector de chama instalado em campo.

Figura 25 - Detector de chama em campo

Page 48: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

38

Pilo

t Lin

e

Figura 26 - Instrumentação da linha de gás dos pilotos

Page 49: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

39

3.3: Instrumentos para fornecimento de gás para os queimadores

Os queimadores utilizam uma pressão variável de gás da linha principal de

suprimento e necessitam de uma compensação de pressão e, ocasionalmente, da

temperatura para o seu perfeito funcionamento. Este controle de pressão é feito

através da válvula (PV-21). A compensação é feita através de um transmissor de

pressão (PT-21), um transmissor de vazão (FT-21) e um transmissor de temperatura

(TT-21), os quais fornecem os dados para atuação na válvula de controle PV-21. O

uso destes instrumentos será melhor detalhado no capítulo 4. O PSLL-22 é uma

chave de pressão muito baixa que previne o início da ignição sem que haja pressão

suficiente para tal.

A XV-24 é uma das três válvulas de bloqueio existentes na linha dos

queimadores. Esta válvula deve ter reset manual. Uma vez que ocorreu um trip5 do

forno, o reset manual desta válvula prevenirá a reignição dos queimadores. Assim

como as XV’s da linha dos pilotos, estas válvulas possuem acionamento elétrico da

solenóide (XY-24) e esta recebe sinal vindo do sistema de intertravamento. Possui

uma chave de fim de curso com indicação na casa de controle para posição aberta

ou fechada (ZSL/H-24) . Esta indicação é utilizada principalmente para garantir que a

válvula estará fechada durante a fase de ignição e purga.

Mesmo com uma pressão insuficiente para manter uma chama, gás não

queimado pode ficar estocado nos espaços da tubulação e, caso haja uma ignição,

queimar com uma força explosiva. Por este motivo, utilizou-se a segunda válvula de

bloqueio como uma válvula de vent (XV-25) entre a XV-24 e a XV-26. Esta válvula

possui a mesma finalidade e características da XV-15.

A terceira válvula de bloqueio é a XV-26. Ela é um pouco diferente da

primeira, uma vez que não possui reset manual. A válvula é “fail-closed”. Assim

como as demais chaves de fim de curso das válvulas de bloqueio, as chaves de fim

de curso dessa válvula estão conectadas à lógica de controle do PES.

O transmissor de pressão PT-27 e suas chaves e alarmes juntamente com o

indicador de pressão PI-4 foram designados para o teste de estanqueidade das

válvulas do duplo bloqueio, individuais e vent dos queimadores. Além disso, ele age

5 Parada do forno por algum motivo, seja para manutenção ou por motivo de segurança.

Page 50: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

40

conjuntamente com o PT-29 para regular a pressão de gás combustível na linha dos

queimadores.

Os queimadores também são acesos um a um seqüencialmente e o problema

da variação de pressão que ocorre nos pilotos também ocorre na linha dos

queimadores. Assim sendo, com a mesma finalidade do PT-20 e os instrumentos

ligados a ele, fez-se uso do PT-29 e suas chaves e alarmes. Entretanto, existe uma

diferença entre a configuração que utilizada para os PT-18 e 20 e para os PT-27 e

29. Enquanto os primeiros possuem chaves e alarmes tanto para pressão muito alta

e muito baixa, o PT-27 possui chave e alarme somente para pressão muito alta e o

PT-29 possui chave e alarme somente para pressão muito baixa.

Essa diferença se deve ao fato de que a variação de pressão durante o

acendimento dos queimadores é maior do que a variação durante o acendimento

dos pilotos. Um transmissor com as duas chaves e alarmes pode não abranger o

range de variação necessário. Assim sendo, para a linha dos queimadores, foi

necessário um transmissor com chave e alarme para pressão muito alta no início da

linha onde esse fenômeno tem maior probabilidade de acontecer (PT-27, PSHH-27,

PAHH-27) e outro no final da linha para pressão muito baixa (PT-29, PSLL-29,

PALL-29).

Afim de permitir ou não a passagem de gás para os queimadores, utilizou-se

uma válvula de bloqueio individual para cada queimador (XV-28/.../41) que regula o

fluxo de gás que vai para cada queimador. Essas válvulas devem ser “fail-close”

uma vez que, caso haja alguma falha, não deve haver fluxo de gás para os

queimadores. A essas válvulas estão associadas chaves de fim de curso (ZSL-

28/.../41), as quais também se comunicam com o PES.

As válvulas de bloqueio individual dos queimadores possuem uma diferença

relevante em relação às válvulas dos pilotos. O projeto básico deste forno não incluiu

detectores de chama para os queimadores. Assim, a detecção deve ser feita

visualmente pelo operador através das virolas de observação. Deste modo, incluiu-

se chaves manuais (hand-switches – HS-28/.../41) que permitem a abertura e o

fechamento das válvulas individuais pelo operador quando este julga necessário.

Page 51: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

41

As válvulas individuais dos queimadores devem ser colocadas o mais próximo

possível das janelas de observação de modo a garantir um local de operação seguro

e confortável do equipamento.

Tanto na linha dos pilotos como na dos queimadores utilizou-se válvulas

borboleta e globo manuais com o objetivo de fazer by-pass nas válvulas de controle

de pressão (PV’s) e auxiliar no teste de estanqueidade das válvulas de bloqueio e

individuais. Este teste será descrito na sessão 4.2.1:.

Page 52: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

42

Burn

ers

Lin

e

Figura 27 - Instrumenta da linha de gás dos queimadores

Page 53: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

43

3.4: Instrumentos do forno

Os tubos da serpentina da seção de radiação normalmente operam sujeitos

ao fenômeno de fluência6. Com o objetivo de monitorar a temperatura de parede dos

tubos e aumentar a vida útil dos mesmos, fez-se uso de dois termopares de pele

(“skin points”) em cada passe de tubos. Eles são o TT-41 com seu respectivo

indicador (TI-41) e o TT-44 com seu respectivo indicador (TI-44) vistos na Figura 29.

Estes termopares devem ser soldados diretamente nos tubos e devem suportar altas

temperaturas.

Pressões demasiadamente elevadas na câmara de radiação são causas para

o desligamento do forno. Por isso, tornou-se necessário o uso de uma chave (PSHH-

42) que aciona um alarme de pressão muito elevada (PAHH-42) através do

transmissor de pressão PT-42 e do indicador PI-42. A chave e o alarme recebem

sinal do PES.

Para que o forno possa operar com máxima eficiência, a razão entre oxigênio

e combustível deve ser sempre medida e controlada. A vazão, pressão e

temperatura do combustível é medida com os instrumentos mencionados

anteriormente. Para se medir a quantidade de oxigênio dentro do forno utilizou-se

um analisador de O2 (AT-43) localizado no final da câmara de radiação. Esta

localização é especificada no projeto básico. Utilizou-se também um indicador de

quantidade de O2 (AI-42) que se comunica com o DCS assim como todos os

indicadores. O nível de oxigênio está intimamente ligado à eficiência do forno como

explicado no item 2.5.1.3.

Para uma operação adequada do forno a norma recomenda que a pressão

dos gases de combustão na saída da seção de radiação esteja na faixa de -1,27 a -

2,5 mm H2O. Para se garantir isto, fez-se uso de um sistema de controle automático

do damper da chaminé contemplando os seguintes componentes:

• PT-50 instalado na saída da seção de radiação

6 Deformação plástica que ocorre em materiais sujeitos à tensão constante e a variações de

temperaturas.

Page 54: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

44

• PIC-50 para ajuste da posição do damper

• Condicionador de sinal para transformar o sinal de software em pneumático

para a solenóide (XY-50) da válvula de controle de pressão(PV-50)

• Atuador do damper

Esta válvula de controle também possui uma chave de fim de curso ZT-50

enviando e recebendo sinal do PES, indicador ZI-50 e alarme ZAH se comunicando

com a sala de controle (DCS). Mais detalhes sobre o controle de tiragem podem ser

lidos no item 4.4.2.

Utilizou-se transmissores e indicadores de pressão e temperatura em alguns

pontos da câmara de convecção e da chaminé. Todos são utilizados para o

monitoramento das condições destes ambientes. A localização exata será definida

na fase de detalhamento. A Figura 28 ilustra estes instrumentos.

Existem janelas ou virolas utilizadas para avaliar a qualidade das chamas dos

queimadores e também o interior do forno. Além do controle automático das chamas,

é muito comum se fazer um controle visual. Essas virolas são feitas de vidro

temperado e requerem uma pequena corrente de ar para mantê-las limpas e

refrescadas.

3.5: Instrumentos relacionados ao vapor de abafamento

A maioria dos acidentes com fornos ocorrem durante a ignição ou

desligamento dos mesmos. Dessa forma, torna-se bastante importante a seleção de

instrumentos adequados que poderão minimizar os riscos de acidentes. A Figura 28

ilustra tais instrumentos.

Neste âmbito se encaixam os instrumentos ligados ao vapor de abafamento.

Este é o vapor utilizado no processo de purga do forno e tem a finalidade de

expulsar da câmara de combustão gases indesejados e que podem causar

explosões caso o forno seja ligado com esses gases em suspensão.

Um transmissor de pressão (PT-45) tem a finalidade de medir a pressão na

linha do vapor de abafamento e enviar o sinal para um indicador de pressão (PI-45)

localizado na casa de controle. Caso essa pressão esteja muito alta, um alarme é

acionado.

Page 55: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

45

Utilizou-se uma válvula de bloqueio (XV-44) acionada pneumaticamente por

uma válvula solenóide (XY-44). Esta válvula solenóide recebe um sinal eletrônico

emitido através do sistema de intertravamento. É este sistema que dirá quando o

vapor de abafamento deverá ser injetado na câmara do forno.

A válvula de bloqueio XV-44 possui uma chave de fim de curso (ZS-44) com

indicação de posição na casa de controle tanto para indicar posição aberta ou

fechada da mesma (ZSL/H-44).

Um orifício de restrição (FO-46) do tipo placa de orifício foi utilizado na

entrada do vapor no forno, com o objetivo de se ajustar a velocidade do vapor para

um completo processo de purga.

Page 56: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

46

Câmara deConvecção eChaminé

Figura 28 - Instrumentação do Forno - Convecção e Chaminé

Page 57: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

47

Câmara de Radiação

Figura 29 - Instrumentação do Forno - Radiação

Page 58: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

48

Capítulo 4: Procedimentos de Controle e Automação de um

Forno Industrial

É praticamente impossível existir um forno industrial sem que haja um

complexo e eficiente sistema de controle agindo sobre ele. É de suma importância

que o sistema de controle e automação funcione de maneira adequada para que se

possa evitar acidentes e diminuir custos de manutenção. Neste capítulo serão

apresentados os principais procedimentos de automação para as várias etapas de

funcionamento do forno.

É importante ressaltar que serão abordados somente os procedimentos e os

tipos de malhas de controles utilizados. A sintonia de controladores, os tipos de

controladores utilizados e as lógicas de controle não fazem parte desta etapa do

projeto, ou seja, a etapa de FEED. Esses itens serão trabalhados na próxima fase do

projeto, a etapa de Detalhamento, que não é objeto deste trabalho.

4.1: Definições preliminares

Antes de prosseguir torna-se necessária a explicação de alguma definições

importantes para o entendimento do capítulo que se segue.

Por critérios de projeto da empresa contratante, todos os comandos devem

ser implementados usando as interfaces definidas na Tabela 3. Os sinais

relacionados ao desligamento do forno devem vir do campo para o PES através de

uma conexão discreta. Além disso, todos os comandos relacionados ao

desligamento do forno devem vir do DCS para o PES também por conexão discreta.

Qualquer outro comando implementado no DCS deve ser enviado ao PES pela

comunicação de rede DCS-PES, assim como indicações disponíveis no PES devem

usar esta interface para enviá-las ao DCS.

O painel local possui uma HMI, uma chave para permissão de início remoto e

uma chave de desligamento de emergência. Essas chaves possuem conexão direta

com o PES. A HMI inclui todas as indicações listadas na Tabela 3, além de todos os

alarmes, variáveis de processo e status das válvulas.

Page 59: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

49

A Figura 30 mostra um esquema simplificado das conexões entre o campo, o

PES, o DCS e o painel local.

Tabela 3 - Interface de comandos do Forno

Comandos do Forno F-01 Atuação a partir do:

Painel Local DCS Campo

Início de Purga X

Abrir/Fechar Válvulas de Bloqueios dos Pilotos X

Abrir/Fechar Válvulas Individuais dos Pilotos X

Abrir/Fechar Válvulas da alimentação de Combustível X

Ignição X

Desligamento de Emergência X

Permissão de início remoto X

Figura 30 - Diagrama de conexões

Page 60: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

50

Os procedimentos descritos a seguir se aplicam apenas para fornos de

tiragem natural, no qual se enquadra o forno projetado no presente trabalho. Para os

fornos de tiragem forçada ou induzida há algumas questões que divergem das

descritas abaixo. Estes procedimentos são desejados pela empresa contratante,

foram acordados em reunião com a mesma e implementados sob supervisão de um

engenheiro experiente na área.

4.2: Descrição de um seqüencial de partida de um forno

Serão apresentadas a seguir as descrições das diversas fases para a partida

do forno deste projeto cuja lógica deve ser executada pelo PES.

4.2.1: Permissão de purga

Para que se possa iniciar o procedimento de partida de um forno, é

necessário realizar a purga do mesmo. Este procedimento garantirá que não existirá

nenhum resquício de gás combustível remanescente dentro do forno. Caso exista

gás combustível dentro forno, ao se acender os pilotos pode haver uma grande

explosão e causar enormes danos à industria e aos funcionários. [ 6 ]

Primeiramente, uma verificação da correta posição de todas as válvulas de

bloqueio e de vent do sistema de combustível (gás piloto e gás principal) deve ser

feita através do PES. A posição correta das válvulas é checada através da posição

das chaves de fim de curso ZSL’s e ZSH’s. As seguintes condições devem ser

satisfeitas e indicadas no painel local e no DCS:

• Todas as linhas de fornecimento de gás combustível devem estar

bloqueadas.

• As válvulas do duplo bloqueio dos pilotos e dos queimadores devem

estar fechadas e a válvula de vent aberta.

• Damper da chaminé deve estar completamente aberto

• Não deve haver indicação de chama

• Não deve haver indicação de nível alto de condensado no “Knock-out

Drum” (este item será melhor detalhado na seção 5.2)

• As janelas de tiragem natural devem estar abertas

Page 61: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

51

É recomendado que seja feito um teste de estanqueidade nas válvulas

individuais de bloqueio antes da partida. Este teste deve ser feito na linha dos pilotos

e dos queimadores. Para uma melhor compreensão da explicação que se seguirá,

veja a Figura 31.

O teste checa se há algum vazamento nas válvulas individuais (válvulas 4 –

XV-19/.../32 e XV-28/.../41 no forno deste projeto) e na segunda válvula de bloqueio

(válvula 2 – XV-16 e XV-26). O operador deve enviar o comando para o teste a partir

do DCS e o PES deve automaticamente efetuar o mesmo. É importante ressaltar

que o teste de estanqueidade é condição necessária para a continuação do

processo de purga. O tempo de purga deve começar a contar somente quando o

teste estiver completo.

Um transmissor de pressão deve monitorar a pressão no espaço intervalvular

entre o segundo bloqueio e as válvulas individuais (PT-18 e PT-27 no forno deste

projeto). Esta pressão não deve cair a uma taxa abaixo de 3% da pressão de

operação em um tempo de 60s (∆Pteste). Caso contrário, se a despressurização for

mais rápida, podemos interpretar que uma ou mais válvulas individuais ou, ainda, a

segunda válvula de bloqueio está dando passagem. Nesse caso, a partida do forno é

inibida.

Todas as válvulas manuais (válvulas 5) devem estar abertas e permanecer

nesta posição durante todo o teste. Caso alguma esteja ou seja fechada durante o

teste, ela deve permanecer assim até o acendimento dos demais pilotos e

Figura 31 - Teste de estanqueidade

Page 62: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

52

queimadores. Após este momento poderá ser aberta para acendimento do

respectivo conjunto piloto e queimador.

Caso seja detectado algum vazamento, o operador deve identificar qual

válvula está vazando (válvulas 2 ou 4) e fechar a válvula manual 6. Se a pressão for

mantida, existe vazamento na válvula 2 e as demais válvulas estão “OK”. Se houver

queda de pressão, deve-se buscar o vazamento nas válvulas individuais.

No final do teste, a segunda válvula de bloqueio (válvula 2) deve ser aberta

automaticamente por 5s para a despressurização da linha entre as válvulas 2 e 4.

Os itens serão registrados e arquivados nos históricos do forno. A Figura 32 mostra

um fluxograma descrevendo o teste de estanqueidade.

É importante que nenhum detector de chama esteja detectando chama nos

pilotos e nos queimadores.

Todas as condições de trip (parada) devem estar normalizadas com exceção

dos seguintes iniciadores (agentes que acionam os intertravamentos) que deverão

estar contornados por lógicas de by-pass automático:

• Pressão muito alta de gás combustível nos pilotos e queimadores

• Pressão muito baixa de gás combustível nos pilotos e queimadores

• Falta de chama em 50% dos pilotos

Esses iniciadores devem ser contornados pelo fato de que, para se ter a

purga do forno, deve-se ter as condições acima citadas e elas não são permitidas

pelo sistema de intertravamento do forno.

Por fim, devemos ter o “damper” na condição totalmente aberta (ZSH-50 da

PV-50 ativada).

4.2.2: Realização da purga

O início do procedimento de purga se dá a partir do comando da abertura da

válvula do vapor de abafamento pelo operador e somente após a completa parada

do forno. A confirmação da abertura da válvula de vapor pode ser feita através da

chave de fim de curso ativada (ZSH-44) e da pressão de vapor na linha de vapor. A

partir daí inicia-se a contagem do tempo de purga. Uma indicação deve ser

apresentada no painel local.

Page 63: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

53

Figura 32 - Fluxograma para teste de estanqueidade das válvulas individuais (4) e de bloqueio (2)

Page 64: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

54

Uma purga adequada dura em média 5 minutos ou o tempo necessário para

renovar em 3 vezes o volume da câmara. Utiliza-se o que for maior. Ainda, pode-se

utilizar o tempo de 15 minutos e a vazão de vapor ou ar dimensionada para renovar

3 vezes o volume da câmara nesse intervalo de tempo.

Caso alguma das condições de purga sejam perdidas ou a válvula de vapor

perca a confirmação de abertura ou de vazão, é feita a paralisação da contagem e o

reset do temporizador, recomeçando assim toda a contagem do tempo de purga.

4.2.3: Ignição

Decorrido o tempo de purga, um sinal é emitido ao operador no painel local

sinalizando a finalização da operação e permitindo a ele dar início ao procedimento

de ignição. Se a purga for feita com vapor, a válvula de vapor deve estar totalmente

fechada nesse momento. A seguir é iniciada a contagem do tempo de ignição.

O operador, então, envia um comando de abertura do header de gás piloto.

Esse comando pode ser automático, disparado logo após a purga. As condições de

parada por pressão muito baixa ou muito alta no header piloto devem ficar desviadas

durante a partida e até a estabilização da pressão, quando o número de pilotos

acesos garantem essa estabilidade.

Existem duas formas de desvio que são mais utilizadas:

• Desvio por estabilização da pressão no header

• Desvio por tempo

No desvio por estabilização da pressão no header, a pressão do header deve

estabilizar por mais de um determinado intervalo de tempo (típico 30 segundos)

dentro de um intervalo de pressão (típico entre os alarmes de alta ou de baixa

pressão). Normalmente é aplicável em fornos maiores, com mais de 5 pilotos. É o

caso do forno deste trabalho, uma vez que o mesmo possui 13 pilotos.

No desvio por tempo é disparado um timer no momento da abertura do gás

piloto. Após esse tempo, é removido o sinal de contorno dos iniciadores de pressão

muito alta e muito baixa. Normalmente é aplicável em fornos menores, com até 5

pilotos.

Page 65: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

55

Ainda não existe um total consenso sobre a ordem de atuação das duas

válvulas de duplo bloqueio e da válvula de vent. Algumas refinarias atuam nas 3

válvulas simultaneamente. A vantagem seria que precisaríamos de apenas uma

solenóide para atuar as três válvulas e, em caso de falha da solenóide, o sistema vai

para a posição segura.

Há ainda a opção de fechar o vent e abrir o segundo bloqueio

simultaneamente, para depois, com a confirmação de vent fechado, abrir o primeiro

bloqueio. Nessa configuração seriam necessárias duas solenóides.

Outra refinarias solicitam primeiro a abertura da segunda válvula de bloqueio,

para em seguida fechar o vent e, com a confirmação de vent fechado, abrir a

primeira válvula de bloqueio. A desvantagem desse sistema seria a necessidade de

três solenóides, uma para cada válvula. A contratante do projeto, no entanto,

solicitou esse tipo de atuação para as três válvulas, sendo então esse modelo

adotado no projeto do forno.

Depois do alinhamento das três válvulas, é dado o comando de ignição de um

piloto pelo operador. Este comando é iniciado a partir do DCS. O mesmo comando

de ignição deve abrir também a válvula de bloqueio individual do piloto em

acendimento com um atraso de tempo (na faixa de 2 segundos) de forma a garantir

que primeiro ocorra a ignição e depois a injeção de gás dentro do forno.

O comando de ignição, normalmente, é disparado pela ação do operador por

meio de uma chave (Hand-switch - HS). Após a sinalização da permissão para

ignição, a lógica do seqüenciamento abre o vent da linha de gás dos pilotos para o

flare sinalizando esta abertura no DCS.

A ignição de um piloto deve ocorrer limitada a um certo intervalo de tempo –

normalmente de 15 a 30 segundos. Caso dentro desse intervalo não ocorra queima,

a válvula individual do piloto deve fechar e um temporizador deve ser disparado,

evitando nova abertura dessa válvula nesse espaço de tempo.

Durante o tempo de ignição, a lógica de controle deve acender, normalmente,

50% mais um piloto de forma a evitar o trip do piloto por falta de chama. É

importante ressaltar que o timer “tempo de ignição” deve desviar a condição de trip

“falta de chama em 50% dos pilotos” durante a partida do forno.

Page 66: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

56

Caso a operação não consiga acender esse número durante o tempo de

ignição, uma parada automática do forno é iniciada, onde uma purga pós trip é

realizada. Por procedimento operacional, a operação deve acender um piloto de

cada vez.

Caso ocorra quatro tentativas infrutíferas consecutivas de acendimento em

pilotos distintos dois caminhos podem ser tomados:

• Se o número de pilotos acesos for menor que o número mínimo (50%

mais um), deve ocorrer um trip total do forno antes do final do tempo de

ignição.

• Se o número de pilotos acesos for maior que o número mínimo, a

lógica de controle temporizará a permissão de acendimento dos

demais pilotos com reset do contador de tentativas de ignição. O tempo

para a nova tentativa de ignição deve ser de 120s.

A norma de fornos permite que essa purga pós trip possa ser aproveitada

para novo tempo de ignição. Se o operador, durante o tempo de ignição, não tentar

abrir nenhuma válvula do sistema de combustível (no caso a lógica só deve permitir

a abertura do piloto), não é necessária a purga pós trip tendo em vista que não foi

injetado gás dentro da câmara de combustão.

4.2.3.1: Final de ignição

Se durante o tempo de ignição foram acesos 50% mais um pilotos, a partida

do forno tem prosseguimento. O timer “tempo de ignição”, após a sua finalização,

deve remover seu desvio da falta de chama em 50% dos pilotos. Se, a partir desse

momento, o forno perder 50% dos pilotos uma parada automática é iniciada.

4.2.4: Permissão para alinhamento dos queimadores

Após o acendimento do número mínimo de pilotos e a finalização do tempo de

ignição, a lógica do seqüenciamento de partida sinaliza no DCS e no painel local a

permissão de abertura do vent da linha de gás dos queimadores para o flare. A

abertura da válvula de vent para o flare e o alinhamento do header deve ser

realizado por comando do DCS. A lógica só deve permitir abrir a válvula de

combustível de um queimador em que o piloto associado esteja aceso.

Page 67: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

57

O operador deve acender todos os queimadores de forma que o forno

trabalhe corretamente balanceado, embora isso não seja obrigatório pelo

intertravamento.

Para permissão de alinhamento dos queimadores principais, a lógica de

partida deve acender um determinado número de pilotos, que normalmente coincide

com o número mínimo de pilotos acesos para evitar a parada do equipamento.

Com o número mínimo de pilotos acesos para permissão de abertura do

header dos queimadores principais, o operador deve, no campo, comandar a

abertura das válvulas individuais de cada queimador (XV-28/.../41) através de

botoeiras (HS-28/../41). Isso se deve ao fato de ser necessária a observação da

chama e a realização de ajustes pelo operador, como ajuste de ar pelas janelas de

tiragem.

Via comando do operador, a válvula individual de um queimador pode ser

aberta se o piloto associado a esse queimador estiver acusando presença de

chama. O operador confirma visualmente a presença de chama no campo, ficando

sob sua responsabilidade o fechamento da válvula individual do queimador, caso o

mesmo não acenda. Se o piloto associado a esse queimador acusar falta de chama

deve ser iniciado um trip no conjunto queimador-piloto.

As condições de parada por pressão muito baixa ou muito alta devem ficar

desviadas durante a partida e até a estabilização da pressão, quando o número de

queimadores acesos garante essa estabilidade.

Os mesmos recursos de desvios listados para os pilotos são aplicados aos

queimadores de gás.

4.3: Descrição das etapas de parada de um forno

Há dois tipos de parada possíveis para um forno industrial:

• Trip parcial

• Trip total

Quando ocorre trip ou parada parcial de um forno apenas os queimadores são

bloqueados, ficando os pilotos acesos. Esse tipo de parada é proveniente de

Page 68: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

58

iniciadores de processo, tais como vazão muito baixa pelos passes da serpentina de

processo do forno.

Já quando há trip total todos os queimadores e pilotos são apagados. São

trips geralmente relacionados ao sistema de gás combustível. Como se trata de uma

parada total do forno, é necessário executar uma purga “pós trip”.

Em qualquer condição de parada total prevista na matriz de causa e efeito

(essa matriz será detalhada no capítulo 5), as válvulas de bloqueio deverão fechar,

as válvulas de vent deverão abrir e o sistema de purga deverá ser acionado. A

válvula de vapor de abafamento (XV-44) deverá ser aberta pelo período previsto

pelo tempo de purga sem previsão de fechamento antecipado pela operação.

Em caso de apenas perda de detecção de chama em um piloto onde seu

queimador não tem detector de chama o operador deve fechar a válvula de bloqueio

correspondente ao piloto em questão e a válvula de bloqueio correspondente ao

queimador desse piloto.

4.4: Malhas típicas associadas ao controle de um forno

Para se controlar a temperatura de um forno, a maneira mais utilizada é atuar

no sistema de combustível. Existem várias possibilidades para se controlar o gás

combustível que alimenta o forno.

Abaixo serão descritas algumas abordagens ressaltando as duas malhas de

controle utilizadas para o forno deste trabalho. Tratam-se da malha de controle de

admissão do gás de combustão para os queimadores e da malha de controle de

tiragem do forno.

É importante ressaltar que dependendo do tipo do forno podem haver outras

malhas de controle. Em forno que usam óleo e gás como combustível, por exemplo,

há malhas para o controle da quantidade de admissão de cada um em combinação

com malhas para o controle do ar de combustão.

4.4.1: Malha para o controle da combustão

A primeira possibilidade é mostrada na Figura 34 onde se manipula a vazão

de combustível. Um sensor de temperatura mede a temperatura de saída do produto

e usa esse valor como setpoint do controlador de vazão na entrada de combustível

Page 69: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

59

do forno. A desvantagem dessa estratégia é não respeitar os limites de pressão

seguros para a operação dos queimadores.

Outra opção é mostrada na Figura 33 onde se manipula a pressão de

combustível. Caso o controle de temperatura necessite de mais calor, ele irá

aumentar referência (setpoint) do controlador de pressão, o que implicará em mais

combustível para os queimadores. A saída do TIC é limitada entre os valores

mínimos e máximos permitidos de pressão para operação dos queimadores.

Figura 34 - Controle utilizando FIC e TIC

Figura 33 - Controle utilizando TIC e PIC

Page 70: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

60

Esse tipo de controle permite compensar rapidamente perturbações na

pressão de alimentação do combustível e garante os limites de segurança

operacional, evitando o apagamento da chama por pressão muito baixa ou

descolamento por pressão muito alta nos queimadores. Entretanto, se o operador

retirar ou colocar em operação queimadores, como a pressão está constante, isto é,

a vazão por cada queimador individual está constante, então a vazão total de

combustível irá mudar afetando a carga térmica fornecida. Só quando a temperatura

do produto “sentir”, o sistema de controle irá compensar e mudar a referência

(setpoint) do controlador de pressão. Em alguns fornos industriais, isto pode ser

muito ruim, principalmente aqueles com grande tempo de resposta.

Uma outra alternativa de controle é a que foi utilizada neste trabalho. Ela é

mostrada na Figura 27. Neste caso, introduziu-se um controlador de vazão (FIC-21)

em cascata com o controlador de pressão do combustível (PIC-21). Como a vazão é

definida pelo controle de temperatura do produto, qualquer perturbação nessa vazão

é compensada rapidamente manipulando-se a pressão do combustível. Pode-se

também facilmente limitar o valor máximo e mínimo de referência (setpoint) da

pressão, evitando os riscos de apagar o queimador por operar fora da faixa

recomendada pelo fabricante.

Para esta malha de controle são utilizados alguns instrumentos, os quais

garantem que a malha cumpra o seu objetivo. Um transmissor de pressão (PT-21),

um de vazão (FT-21) e um de temperatura (TT-21) foram colocados em série a

jusante da válvula de controle de pressão. Eles enviam sinal para um bloco

compensador (FY-21), o qual envia um sinal como setpoint (SP) para o controlador

de vazão. Esse controlador recebe também o valor da variável de processo (PV)

vinda do controlador de temperatura (TIC) na saída da serpentina de processo.

A saída desse controlador de vazão é utilizada como setpoint do controlador

de pressão, o qual atua em uma válvula de controle de pressão e mantém a pressão

de gás combustível na faixa adequada de operação.

4.4.2: Malha de controle da tiragem

O forno industrial deste trabalho utiliza queimadores auto-aspirados, isto é,

eles aspiram o ar necessário para realizar a queima do gás combustível. Os gases

quentes oriundos da combustão, e com uma densidade menor do que o ar, tendem a

Page 71: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

61

subir pela chaminé criando uma pressão negativa no interior do forno. Entretanto,

esta pressão interna da câmara de combustão deve ser controlada. Este é o

chamado controle da tiragem do forno. Neste controle mede-se a pressão e atua-se,

caso necessário, no “damper”, que é uma válvula na entrada na chaminé (PV-50). A

Figura 28 mostra os instrumentos pertencentes a esta malha de controle.

A pressão interna do forno deve ser mantida ligeiramente abaixo da pressão

atmosférica, de maneira a facilitar a entrada de ar nos queimadores e evitar que haja

uma tendência de o gás combustível sair do forno e ser queimado fora. Isto traria

risco aos operadores e às instalações. Caso a pressão de tiragem esteja alta, o

controlador irá abrir o “damper”. Se o “damper” já estiver todo aberto, deve-se

reduzir a carga térmica do forno. A diminuição da queima de gás combustível irá

aliviar a pressão na câmara. Entretanto, isto acarreta a redução da vazão de carga

ou a diminuição da temperatura de saída do produto.

Além disso, a abertura dessa válvula em maior ou menor escala proporciona a

saída dos gases de combustão não queimados presentes na câmara do forno,

auxiliando no processo de purga juntamente com o vapor de abafamento.

Os instrumentos pertencentes a esta malha são um transmissor de pressão

instalado no topo da câmara de radiação, um controlador de pressão e uma válvula

de controle com solenóide, a qual atua na abertura e fechamento do “damper”.

De acordo com a pressão transmitida pelo transmissor, o controlador atua

enviando um sinal para um conversor, o qual converterá o sinal de software enviado

pelo controlador em sinal pneumático para atuação no solenóide da válvula, abrindo

ou fechando o atuador da válvula.

Page 72: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

62

Capítulo 5: Documentos Gerados e Resultados

Como explicitado no capítulo 1 do presente trabalho, o projeto deste forno

está dentro do projeto de FEED de um complexo petroquímico. Assim, o objetivo não

é fazer o detalhamento de cada equipamento, instrumento e das malhas que os

interligam. O objetivo é gerar uma série de documentos, os quais deverão ser

aprovados pela empresa contratante e, posteriormente, darão embasamento para

uma estimativa de quantitativos e custos da construção do complexo.

Além disso, os documentos relacionados aos fornos feitos por mim dentro da

Chemtech fazem parte da etapa de complementação do projeto básico. Assim, eles

não servem apenas como estimativa de quantitativos, mas também como

documentos de referência para o projeto de detalhamento.

Dentro do escopo de fornos industriais existem alguns documentos

específicos que devem ser gerados. Estes documentos são gerados embasados nas

informações citadas nos capítulos anteriores e nos documentos do projeto básico

fornecidos por uma licenciadora contratada pela empresa solicitante do projeto. Os

documentos da complementação do básico feitos pela Chemtech são os diagramas

de fornos, a matriz de causa e efeito (MCE) e o memorial descritivo (MD). Já na

etapa de FEED propriamente dito, é feito mais um diagrama conhecido como planta

de locação de instrumentos (PLI). Todos estes documentos são emitidos em

tamanho A1, com exceção do Memorial Descritivo, o qual é emitido em tamanho A4.

Cada documento tem um objetivo e uma seqüência de passos deve ser

seguida para a sua confecção. Estes documentos e esta seqüência serão

detalhados nas próximas páginas.

5.1: Diagramas de Fornos

Os diagramas de fornos são documentos com a finalidade de proporcionar um

melhor entendimento dos instrumentos, localização e finalidade destes instrumentos

e das malhas de controle constituintes do forno. Durante a etapa de

complementação do projeto básico são gerados dois diagramas:

• Diagrama de alimentação do forno

Page 73: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

63

• Diagrama de Tiragem do forno

Estes dois diagramas são enviados para a empresa contratante para fins de

aprovação. Paralelamente, esses diagramas são utilizados na etapa de FEED para a

confecção de mais um diagrama: a planta de locação de instrumentos do forno.

5.1.1: Diagrama de alimentação do forno

Os diagramas de alimentação dos fornos possuem a finalidade de descrever

os instrumentos e as malhas de controle responsáveis pela alimentação de gás

combustível do forno. Nele são explicitadas as válvulas de bloqueio da linha dos

pilotos e dos queimadores, as válvulas de vent, as válvulas individuais dos pilotos e

dos queimadores além das malhas de controle e os intertravamentos. Os

intertravamentos são representados por losangos com um “I” interior.

Observando as Figura 26 e Figura 27 podemos ver que cada válvula possui

um intertravamento associado. Isso se deve ao fato de que são elas as principais

responsáveis pelo perfeito funcionamento dos intertravamentos explicitados no

capítulo 4.

Para a confecção desse diagrama, devem-se seguir alguns passos os quais

são descritos abaixo.

Passo 1: Levantamento das características dos fornos a partir das folhas de

dados da disciplina de mecânica fornecidas pela licenciadora. As principais

características que se deve levantar para um forno são: o número de queimadores, o

tipo de combustível, o tipo de tiragem e se ele possui pré-aquecedor.

A partir desses dados e das informações dos capítulos anteriores tornou-se

possível a confecção do diagrama. Com o número de queimadores é possível saber

quantos pilotos serão necessários, uma vez que existe um piloto para cada

queimador. Além disso, é possível saber também o número de válvulas individuais

para cada piloto e cada queimador.

Para cada tipo de combustível existe um tipo de malha de controle específica.

A partir do tipo de combustível é possível saber o tipo dos queimadores e o tipo de

válvula do header principal de combustível. Além disso, há válvulas de vent caso o

combustível seja gás. Caso o combustível seja óleo, há o sistema de atomização do

óleo, para permitir uma melhor queima do mesmo.

Page 74: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

64

O fato de o forno ser de tiragem forçada ou natural e possuir ou não pré-

aquecedor influenciará na confecção do diagrama de tiragem do forno.

Passo 2: Deve-se capturar a última numeração de malha de cada variável do

projeto básico e, em seguida, numerar os instrumentos pertencentes à

complementação do básico do forno. Para este fim deve-se deixar um intervalo de

numeração depois do último número de malha projeto básico. Isso é feito pelo fato

de que, porventura, em uma nova revisão dos documentos do básico, novos

instrumentos podem ser inseridos.

O diagrama foi feito em AutoCAD. Dentro da Chemtech existem normas de

qualidade, como padronização da escrita, cores dos desenhos, cabeçalhos e

rodapés, dentro das quais os documentos devem se enquadrar. Além disso, é

acordado com a empresa contratante um “template” padrão para cada tipo de

documento. A Figura 35 mostra o diagrama de alimentação do forno deste projeto

dentro das normas de qualidade e enquadrado em seu respectivo “template”.

Page 75: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

65

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Figura 35 - Diagrama de Alimentação do Forno

Page 76: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

66

5.1.2: Diagrama de tiragem do forno

Neste diagrama são explicitadas informações adicionais que não são

descritas nos diagramas de alimentação. Caso o forno seja de tiragem forçada, são

explicitados os ventiladores e compressores de ar necessários para esse tipo de

tiragem. Além disso, as malhas de controle associadas a estes equipamentos com

seus respectivos instrumentos também são mostradas.

Uma informação muito importante detalhada neste diagrama é a localização

dos analisadores de oxigênio. O analisador deste forno foi colocado no início da

zona de convecção compartilhada por todos os fornos da unidade, logo acima da

zona de radiação de cada forno.

Medidores de temperatura e pressão também foram distribuídos pela zona de

convecção para análise e monitoramento destas variáveis. Um medidor de pressão

foi colocado no limite entre as zonas de radiação e convecção do lado esquerdo com

um intertravamento associado. Esse medidor monitora a pressão dessas zonas e,

caso a pressão ultrapasse os limites permitidos, o intertravamento é acionado.

No lado direito dessa zona, um medidor de pressão foi colocado associado ao

“damper” da chaminé. De acordo com pressão medida e os níveis de pressão

negativa requeridos para uma boa combustão, o controlador associado atua abrindo

ou fechando a válvula do “damper”.

Também são explicitados os intertravamentos associados aos detectores de

chama dos pilotos, os quais devem entrar em ação caso seja detectado que mais de

50% dos pilotos estão apagados. Além disso, também são mostrados as válvulas e

instrumentos ligados ao sistema de vapor de abafamento (“snuffing steam” no

diagrama), utilizado no processo de purga do forno. A Figura 36 abaixo ilustra o

diagrama de tiragem do forno com seu respectivo template.

Figura 36 - Diagrama de Tiragem do Forno

Page 77: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

67

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Page 78: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

68

5.1.3: Planta de locação de instrumentos do forno

O último diagrama feito em relação ao forno é chamado de planta de locação

de instrumentos. Este diagrama recebe este nome pelo fato de que todos os

instrumentos relacionados ao forno listados tanto nos P&IDs vindos da licenciadora

quanto nos P&IDs da complementação do básico da disciplina de processo são

agrupados e colocados em posições próximas de onde ficarão na planta do projeto

de detalhamento. Uma planta de locação não faz parte da etapa de complementação

do básico. É constituinte da etapa de feed propriamente dito.

O objetivo principal deste documento é justamente fornecer embasamento do

local onde ficará cada instrumento. Com isso, poderemos ter uma estimativa da

quantidade e tipo de cabos necessários para alimentar e transmitir os sinais dos

instrumentos, além dos materiais como eletrodutos e calhas. Para este documento

em específico, existe uma simbologia utilizada para cada instrumento e tipo de cabo

de alimentação. Esta simbologia está de acordo com a norma ISA 5.1 –

INSTRUMENTATION SYMBOLS AND IDENTIFICATION e pode ser vista na Figura

37 abaixo.

Para este documento também existe uma série de passos que devem ser

seguidos para se chegar no resultado final. Tais passos serão descritos a seguir.

Existe um diagrama geral chamado de “Drawing Index” no qual é apresentada

a planta de toda uma unidade do complexo petroquímico. Esse diagrama é

subdividido em diagramas menores contendo os equipamentos e as elevações de

cada equipamento. Esses diagramas menores são chamados de plantas. A Figura

38 mostra a planta do forno F-01.

Page 79: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

69

Figura 37 – Simbologia utilizada nas plantas de Locação de Instrumentos

Page 80: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

70

Figura 38 - Planta do Forno F-01

Com a planta do forno em mãos, utilizam-se

os P&IDs que contem instrumentos

relacionados ao forno e listam-se todos os

instrumentos em uma planilha Excel. Esses

instrumentos incluem válvulas de bloqueio e

de controle, transmissores, medidores e

indicadores. É importante ressaltar que na

etapa do FEED são listados apenas os

instrumentos que ficam locados em campo.

Os instrumentos que ficam em painéis e/ou

na subestação não são locados.

Nesta planilha também são listadas as

elevações de cada instrumento, o tipo de

alimentação e transmissão de sinais de cada

instrumento. Esses sinais podem ser de

software, analógico, digital ou de alimentação

elétrica. Alimentação hidráulica não entra no

escopo da disciplina. As elevações devem

seguir um padrão:

• Transmissores: 1,5m acima do

nível do piso.

• Elemento primário de

temperatura: 2m acima do nível

do piso.

• Válvulas: 0,5m acima do nível

do piso.

• Hand-switches: 1,2m acima do

nível do piso.

Depois de listados todos instrumentos com seus respectivos sinais e

elevações, parte-se para a locação propriamente dita. Como se trata de um projeto

de FEED, a localização de cada instrumento dependerá do bom senso de quem está

fazendo a planta de locação. O mais usual é colocar os instrumentos perto do

equipamento ao qual possuem alguma ligação no P&ID. Se o projeto já estivesse na

Page 81: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

71

etapa de detalhamento, seria imprescindível saber a localização exata de cada

instrumento em campo.

Após a locação de cada instrumento, passam-se eletrodutos conduzindo cada

tipo de cabo para os devidos instrumentos. As eletrocalhas comportam até 36 pares

de cabos, o que corresponde a 36 instrumentos. As eletrocalhas conduzem os cabos

até as respectivas caixas de junção e delas para o bandejamento localizado “pipe-

rack”7. É importante salientar que cada válvula de bloqueio (XV’s e HV’s) e as

válvulas de controle necessitam de alimentação pneumática. Cada duto pneumático

comporta até 5 válvulas. Tanto os dutos pneumáticos, os eletrodutos e as

eletrocalhas são considerados como instalados 3m acima do piso.

Os instrumentos são identificados por meio de bandeirolas, nas quais são

indicados o número correspondente ao instrumento na planta, o nome do

instrumento, a elevação do instrumento e o número da caixa de junção para a qual o

sinal do instrumento é encaminhado. A Figura 39 ilustra um instrumento com a sua

respectiva bandeirola.

Por fim, depois de pronta e revisada, são contados os materiais usados para

a confecção da planta. Dentre esses materiais estão o número de peças de

eletrocalhas (cada peça possui 3m), o número de junções e conexões para interligar

as peças de eletrocalhas, os metros de eletrodutos de ¾” e suas conexões,

utilizados para condução de cabos para até 3 instrumentos e os metros e conexões

de material pneumático. Os tipos de cabos e a metragem também são

contabilizados. Todos estes valores serão utilizados para a confecção da planilha de

quantitativos, um documento de suma importância e um dos objetivos do projeto de

FEED. A Figura 40 abaixo mostra a planta do forno F-01 com os instrumentos

locados já com o template.

7 Estrutura que serve de suporte para os encaminhamentos de tubulações e onde se localiza

o bandejamento principal de instrumentação que leva à CCL (Casa de Controle Local).

Figura 39 - Representação de uma válvula de controle com sua bandeirola

Page 82: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

72

Figura 40 - Planta final do forno F-01

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Page 83: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

73

5.2: Matriz de causa e efeito do forno

Após os diagramas de alimentação e tiragem estarem prontos, é possível

partir para o próximo documento da etapa da complementação do básico. A matriz

de causa e efeito de um forno, como o próprio nome já diz, tem a finalidade de listar

todas as causas de intertravamentos de um forno e listar seus efeitos, ou seja, as

medidas que serão tomadas caso um intertravamento seja disparado. A Figura 41

mostra a matriz de causa e efeito para este forno.

Existe um relatório técnico fornecido pela licenciadora em parceria com a

empresa contratante do projeto que rege o modo como os intertravamentos devem

agir e reagir para um perfeito funcionamento do forno. É a partir deste relatório que a

matriz é feita.

Para cada forno, dependendo do tipo, finalidade e equipamentos adjuntos,

existem mais ou menos intertravamentos e todos eles, juntamente com as suas

conseqüências, são listados na matriz de causa e efeito.

Para este forno em específico são listados os seguintes intertravamentos:

• Não detecção de chama em 50% dos pilotos

• Não detecção de chama em nenhum dos pilotos

• Pressão de gás muito alta nos pilotos

• Pressão de gás muito baixa nos pilotos

• Pressão de gás muito alta nos queimadores

• Pressão de gás muito baixa nos queimadores

Além dos intertravamentos específicos, são listados também os

intertravamentos ou causas gerais. Para este forno, foram listados:

• Nível muito alto de condensado no vaso de “knock-out” de gás

combustível

• “Trip” manual

• Vazão muito baixa nos passes

• Iniciadores do processo parcialmente desligados

Page 84: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

74

Figura 41 - Matriz de Causa e Efeito do Forno F-01

Page 85: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

75

Quando não é detectada chama em 50% dos pilotos o intertravamento deve

agir de modo a abrir o “damper” da chaminé, fechar as válvulas individuais de cada

piloto apagado, fechar as válvulas individuais de bloqueio de cada queimador

associado aos pilotos apagados, fechar a válvula de bloqueio do header e abrir a

válvula de “vent” dos pilotos e dos queimadores. Caso não seja detectada chama em

nenhum dos pilotos, as válvulas individuais de cada piloto e as dos respectivos

queimadores devem ser fechadas.

Em caso de pressão muito alta ou muito baixa nos pilotos, as medidas

aplicadas são as mesmas listadas para o caso de não detecção de chama nos

pilotos. Por fim, caso haja pressão muito alta ou muito baixa nos queimadores deve-

se abrir o “damper” da chaminé, fechar todas as válvulas individuais de bloqueio dos

pilotos, fechar a válvula de bloqueio do header e abrir a válvula de “vent” dos

queimadores.

Dentro das causas gerais, é necessário se preocupar com o nível de

condensado existente no vaso de “knock-out”. Este vaso possui a finalidade de filtrar

e, principalmente, tirar toda a umidade existente no gás combustível. Este processo

é necessário para que se tenha uma combustão perfeita nos pilotos e queimadores,

sem falhas ou descolamentos nas chamas.

A umidade retirada do gás combustível se precipita no vaso de “knock-out” na

forma de condensado e é drenado por bombas específicas para esse fim. Caso o

nível desse condensado atinja um patamar muito elevado, pode vazar líquido para

as tubulações, pilotos e queimadores. Caso isso aconteça, o intertravamento deve

agir de modo a abrir o “damper” da chaminé, fechar as válvulas de bloqueio dos

pilotos, queimadores e do header e abrir as válvulas de “vent” dos pilotos e dos

queimadores. Estas medidas são tomadas para preservar a integridade dos

instrumentos do forno iniciando um processo de “trip”.

O “trip” manual ocorre quando um operador interrompe toda a operação do

forno quando pressiona uma chave específica para esse fim. Caso isso ocorra, o

intertravamento age da mesma maneira de quando se tem nível muito alto no vaso

de “knock-out”. No entanto, como se trata de uma parada do forno, deve-se ter um

processo de purga logo em seguida. Para esse fim, o intertravamento abre a válvula

do sistema de vapor de abafamento.

Page 86: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

76

Figura 42 - Ampliação da Matriz do Forno F-01

Quando ocorrer uma vazão muito baixa nos passes do forno ou os iniciadores

do processo estiverem parcialmente desligados o intertravamento deverá abrir o

“damper” da chaminé, fechar as válvulas de bloqueio dos pilotos e dos queimadores

e abrir as válvulas de “vent” dos pilotos e dos queimadores.

Os intertravamentos devem ser checados periodicamente para permitir um

perfeito funcionamento do forno e evitar acidentes. A Figura 42 mostra um zoom na

parte da matriz referente ao forno F-01.

Page 87: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

77

5.3: Memorial Descritivo

O Memorial Descritivo também é baseado no relatório técnico usado como

base para a matriz de causa e efeito. Este documento descreve principalmente as

lógicas de automação do forno.

As lógicas dizem respeito à permissão de purga, teste de vazamento das

válvulas de bloqueio, seqüencia de purga, seqüência de ignição, alinhamento dos

queimadores e desligamento do forno. Estes seqüenciamentos foram descritos com

mais detalhes no capítulo 4.

Além disso, há uma tabela descrevendo toda a configuração do forno. Todas

as lógicas de automação devem ser seguidas em acordo com estes itens. Abaixo a

Tabela 4 é a tabela descritiva do forno deste trabalho. Como se trata da tabela

original, foram conservadas as descrições dos outros fornos.

Page 88: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

78

Tabela 4 - Características do Forno F-01

Characteristics F-01 F-02 F-03 F-04

Natural Draft X X X X

Forced Draft - - - -

Induced Draft - - - -

Balanced Draft - - - -

With Air Preheater - - - -

Fuel Gas X X X X

Fuel Oil - - - -

LPG - - - -

With electric Igniters X X X X

Number of Burners per Fired Heater 13 21 14 8

With Flame Rod Detectors at Each Pilot X X X X

With UV detectors at each Pilot - - - -

With UV detectors at each burner - - - -

With redundant UV detectors at each burner - - - -

With automatic valves at each individual pilot X X X X

With automatic valves at each individual fuel gas burner X X X X

With automatic valves at each atomizing steam line X X X X

With automatic natural draft doors X X X X

O documento descreve também os requisitos funcionais e de interface

necessários para os seqüenciamentos e intertravamentos. As Tabela 5 e Tabela 6

abaixo mostram tais interfaces.

Page 89: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

79

Tabela 5 – Interfaces de comandos para o forno F-01

F-01, F-02, F-03 and F-304

Commands

Actuation From:

Local Panel DCS Field

Purge Start X

Open/Close Pilot Gas Double Block and Close/Open Vent Valves X

Open/Close Pilot Gas Individual Valves X

Open/Close Fuel Gas Double Block and Close/Open Vent Valves X

Open Fuel Gas Individual Valves X

Close Fuel Gas Individual Valves X

Ignition X

Emergency Shutdown X X

Remote Start-Up Permission X

Tabela 6 - Interfaces de indicações para o forno F-01

F-01, F-02, F-03 and F-04

Indications Local Panel HMI DCS

Purge started X X

Purging and remaining time T1 X X

Leakage test - State for each pilot and burner header X X

Leakage test – Initial pressure of each pilot and burner header X X

Leakage test – Pressure drop (%)of each pilot and burner header X X

Leakage test – Alarms for each pilot and burner header X X

Enable to Ignition X X

Bypass of each pressure pilot header remaining time X X

Permission to open burner header X X

Bypass of each pressure burner header remaining time X X

Permission light on burner X X

Partial trip (and first event) X X

General trip (and first event) X X

Page 90: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

80

Capítulo 6: Conclusões e Perspectivas

O trabalho desenvolvido durante este período de estágio na Chemtech foi

uma ótima oportunidade de crescimento profissional, permitindo o contato com o

mercado de trabalho e com um importante projeto de engenharia.

A indústria de Petróleo e Gás é uma área muito interessante para a

engenharia. Com processos bastante complexos e utilização das mais recentes

tecnologias, a área oferece muitas oportunidades de aplicação do conhecimento

obtido durante o curso de Engenharia de Controle e Automação. O interesse pela

área de Petróleo e Gás, despertado durante a graduação, como integrante do PRH-

34 – Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural

e Biocombustíveis (ANP) –, tornou-se ainda maior com este projeto.

A experiência de participar do projeto de uma nova unidade em um grande

complexo petroquímico foi muito interessante. Foi enorme o conhecimento adquirido,

não somente na área técnica, como também na visão do planejamento que projetos

deste tipo necessitam.

O conhecimento adquirido na área de fornos industriais serão de grande

utilidade futuramente, uma vez que este tipo de equipamento é vital em qualquer

refinaria ou petroquímica. Os conhecimentos de FEED e a dinâmica de participar de

um projeto tão grande são aprendizados que certamente levarei por muito tempo.

Ao fim do projeto, considero que o trabalho foi desenvolvido com sucesso. Os

prazos de entrega foram cumpridos e todos os documentos elaborados foram

aprovados em suas versões finais pela empresa contratante. Como o projeto de

detalhamento desta unidade de processamento de aromáticos não será realizado

pela Chemtech, minha participação no projeto deste forno será encerrada no FEED.

Para a Chemtech, o sucesso em projetos deste tipo tem grande importância.

A realização de projetos com qualidade e respeitando os prazos aumenta a

visibilidade e o reconhecimento da empresa junto aos seus clientes. A experiência e

o sucesso nestes projetos de engenharia possibilitaram à Chemtech expandir sua

atuação nesta área. O projeto de FEED deste complexo petroquímico continua e eu

Page 91: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

81

continuarei trabalhando na disciplina de instrumentação, mas agora em outras

frentes de trabalho.

Page 92: Projeto de Instrumentacao Industrial Fatec_2

82

Bibliografia

[ 1 ] Chemtech – A Siemens Company. Disponível em:

<http://www.chemtech.com.br> Acesso em: 01/07/2009

[ 2 ] SIEMENS. Projeto de FEED. Disponível em:

<http://www.siemens.com.br/templates/imprensa_mais.aspx?channel=247&press_id

=15557> Acesso em: 01/07/2009

[ 3 ] CAMPOS, Mario Cesar M. Massa de; TEIXEIRA, Hebert C. G. Controles

Típicos de Equipamentos e Processos Industriais, 1. Ed. Brazil; Petrobrás, 2007

[ 4 ] DRIEDGER, Walter, Controling Fired Heaters, Estados Unidos, 1997

[ 5 ] LOPES JUNIOR, Sylvio, Curso de Fornos de Processo, Rio de Janeiro,

2009, Chemtech.

[ 6 ] PEREZ, Automação de Forno e Caldeiras, Rio de Janeiro, Chemtech, 2009

[ 7 ] BINGHAM, Ken, Partial Stroke Testing of Emergency Shutdown Valves,

Estados Unidos, 2005