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PROJETO DE ARQUITETURA Página 1 de 17 PROJETO DE ARQUITETURA REQUERENTE: Santa Casa da Misericórdia de Mangualde LOCAL: Largo da Misericórdia União das Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta Mangualde DESIGNAÇÃO DA OBRA: Conservação e Restauro das fachadas e cobertura da Igreja da Misericórdia de Mangualde DATA: 7 de maio de 2018

PROJETO DE ARQUITETURA · PROJETO DE ARQUITETURA Página 3 de 17 A fachada lateral este apresenta nave rasgada por uma porta travessa, com fresta de arejamento, sobrepujada por janela

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PROJETO DE ARQUITETURA

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PROJETO DE ARQUITETURA

REQUERENTE: Santa Casa da Misericórdia de Mangualde

LOCAL: Largo da Misericórdia União das Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta Mangualde

DESIGNAÇÃO DA OBRA:

Conservação e Restauro das fachadas e cobertura da Igreja da Misericórdia de Mangualde

DATA: 7 de maio de 2018

PROJETO DE ARQUITETURA

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MEMÓRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA

A. Área objeto do pedido

Refere-se a presente memória descritiva e justificativa ao Projeto de Arquitetura, relativo à obra de Conservação e

Restauro das fachadas e cobertura da Igreja da Misericórdia de Mangualde, que o requerente Santa Casa da

Misericórdia de Mangualde pretende efeituar numa edificação de que é proprietário, localizado em Largo da

Misericórdia, União das Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta, Concelho de Mangualde.

O prédio encontra-se inscrito sob o artigo matricial n.º 2344 Urbano, descrito na Conservatória do Registo Predial de

Mangualde com o n.º 8467.

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde é unanimemente considerada um dos monumentos mais

significativos da arte religiosa de setecentos, no distrito de Viseu. Nascida do sonho de um dinâmico provedor, Simão

Pais de Amaral, fidalgo da casa de el-Rei e capitão-mor de Azurara, ela é, sobretudo, o fruto magnífico dos sacrifícios e

da colaboração dos Mangualdenses de então.

A construção deste belíssimo imóvel sucedeu entre 1720 e 1764, segundo risco do arquiteto Gaspar Ferreira e torna-se

Imóvel de Interesse Público através do Decreto nº 129/77, publicado no Diário da República nº 226, de 29 de setembro

de 1977.

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia, de estilo maneirista e barroco, apresenta uma planta em L, composta por nave

única e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente iluminada axial e unilateralmente, com tetos de madeira, tendo

adossado à fachada lateral oeste uma varanda alpendrada e um corpo retangular, perpendicular, onde se encontra

instalada a sacristia, sobreposta pela casa do Despacho, torre sineira, casa das tumbas e demais dependências da

Misericórdia.

Estes volumes apresentam coberturas diferenciadas, em telhado de duas águas na igreja, de quatro nas outras

dependências e em coruchéu na torre sineira.

A fachada principal, voltada a norte, é terminada por três eixos de vãos: o central, composto por um portal, encimado

por uma janela de sacada, e sobrepujada por óculo ovalado – moldurado e gradeado. O referido portal encontra-se

ladeado por duas janelas retangulares, encimadas por dois nichos, albergando as imagens pétreas de S. Cosme e S.

Damião.

Fachada principal da Igreja da Santa Casa da Misericórdia Fachada Este da Igreja da Santa Casa da Misericórdia

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A fachada lateral este apresenta nave rasgada por uma porta travessa, com fresta de arejamento, sobrepujada por janela

retangular, e a capela-mor por uma janela semelhante.

Fachada lateral oeste da Igreja da Santa Casa da Misericórdia Fachada posterior da Igreja da Santa Casa da Misericórdia

À fachada lateral oeste da igreja adossa-se um corpo retangular e uma varanda alpendrada, assente em sete colunelos

toscanos, sendo o acesso feito por uma escadaria de dois lanços com patim intermédio, guarda plena de cantaria e

corrimão volutado. No alinhamento dos plintos, o corpo é ritmado por pilastras e, a meio, rasgado por vão, de acesso a

uma porta para a igreja. Por sua vez, ao nível da varanda, abre-se uma porta de acesso ao coro-alto e, a meio, uma outra

de ligação ao coreto do órgão.

A fachada posterior é constituída por três panos, o direito correspondendo à capela-mor, cega e terminada em empena;

o intermédio correspondente à sacristia, rasgada por duas janelas de peitoril quadrangulares, molduradas, a inferior

gradeada e a superior com caixilharia de guilhotina; o pano esquerdo, mais largo, é rasgado, no piso térreo, por duas

portas de lintel reto, uma delas de acesso à loja de artesanato, e no segundo piso por quatro janelas de peitoril, com

caixilharia de guilhotina e um óculo circular com moldura de capialço.

B. Caraterização da Operação Urbanística:

A operação urbanística proposta é relativa ao Pedido de Licenciamento de Obras de Construção: Obras de conservação,

as obras destinadas a manter uma edificação nas condições existentes à data da sua construção, reconstrução, ampliação

ou alteração, designadamente as obras de restauro, reparação ou limpeza, conforme alinha f) do artigo 2 do RJEU.

1- METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO

Desenvolveu-se uma metodologia específica para os elementos arquitetónicos, com patologias e materiais particulares

(matérias ou técnicas construtivas) que deverão ser objeto de uma abordagem de conservação e restauro. Entre eles, as

cantarias exteriores, de vãos simples e dos portais decorativos, escadas, guardas, cunhais, pilares, pilastras, varandas,

cornijas, molduras, mísulas, etc. E ainda, a madeira das portas e elementos metálicos, como gradeamentos decorativos.

As ações a desenvolver são de carácter conservativo, visando a limpeza, consolidação e estabilização dos elementos. Em

casos especiais, nos elementos arquitetónicos ou decorativos com elevada degradação e lacunas dos materiais

constituintes, preconizam-se ações de restauro, como reconstituições e reintegrações restabelecendo a integridade física

e estética do bem.

A passagem do tempo deixa as suas marcas no edificado, contribuindo para o desgaste da construção, quer da estrutura

quer dos revestimentos, assim como a ação nefasta de animais de pequeno porte (gatos e ratos), e de aves (corujas,

andorinhas e, principalmente, pombos).

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Nas alvenarias (fachadas), há existência do crescimento de plantas infestantes, fundamentalmente, em locais de rebocos

degradados, juntas abertas e com argamassas em desagregação, sendo que o desenvolvimento das raízes levaram a

criação de pressões levando assim a ruptura do materiais exteriores, aparencendo assim fissuras, fraturas, etc. e o

apareciamento de eflorescências salinas.

As fachadas também se encontra afetado pela presença de humidade, surgindo por condensações e por capilaridade nas

paredes. Os materiais de revestimento das paredes, principalmente os rebocos e pintura, apresentam uma série de

patologias comuns, intimamente ligadas aos efeitos da presença de água ou pelo surgimento de produtos de alteração

como os sais solúveis.

Relativamente a cobertura, as anomalias da cobertura do edifício da igreja são pontuais, e aparentam resultar de

deslocamentos, fratura e queda de telhas e acumulação de detritos na confluência das águas, que provoca a degradação

dos materiais de revestimento.

Sendo assim, pretende-se um restauro que envolve vários aspetos da construção. A presente memória refere-se aos

trabalhos de restauro e conservação das fachadas e cobertura, nomeadamente os seguintes:

Lavagem de todas as pedras da igreja e edifício contiguo e retoque de juntas;

Aplicação de impermeabilizantes;

Retirada a telha para colocação de “onduline” e ripa metálica;

Aplicação da mesma telha depois de lavada e aplicado o impermeabilizante;

Aplicação de “cuprinol” nas madeiras da armação da cobertura;

Lavagem das paredes exteriores para pintar;

Retoque das paredes exteriores com massa;

Pinturas, a cor branca, de todas as paredes exteriores da igreja e edifício contiguo;

Pintura de todas as portas exteriores em madeira;

Lavagem dos muros envolventes e pintura das grades em ferro dos mesmos muros, a cor verde escura.

2- DESCRIÇÃO DOS TRABALHOS A REALIZAR

EXTERIOR

2.1 - ELEMENTOS ARQUITETÓNICOS/ESTRUTURAIS – TRABALHOS A EXECUTAR

• Coberturas: Revisão e beneficiação de toda a cobertura, com colocação de “onduline” e ripa metálicas.

Conservação geral das coberturas – limpeza, execução de rufos na concordância com empenas, caleiras e

algerozes;

Todos os trabalhos a realizar nas coberturas devem seguir as indicações da especialidade.

• Revestimentos:

Execução de sondagens parietais nos revestimentos, sempre que necessário;

Picagem cuidada de rebocos degradados ou inadequados (argamassas de cimento) até ao osso;

Limpeza da alvenaria;

Escovagem e raspagem de todas as tintas em destacamento do suporte em rebocos a preservar;

Regularização da alvenaria;

Execução de um novo reboco de cal multicamadas, constituído por: emboço, reboco e esboço;

Pintura (tintas de silicato).

• Muro voltado para a rua do Colégio:

Abertura de juntas com argamassas degradadas ou inadequadas;

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Refechamento de juntas com argamassa de cal adequada;

2.2- ELEMENTOS ARQUITETÓNICOS/ESTRUTURAIS - MODO DE EXECUÇÃO

2.2.1 - COBERTURAS:

Revisão e beneficiação de toda a cobertura, com colocação de “onduline” e ripa metálicas.

As placas de subtelha Onduline são fibrobetuminosas. Estas placas, têm como principal objectivo garantir a total estanquidade às infiltrações de água em coberturas inclinadas tradicionais. Como qualquer outro sistema, o sistema de subtelha, quando correctamente aplicado, será, por si só, um sistema durável e capaz de impedir toda e qualquer infiltração na cobertura. As placas “onduline” deverão ser aplicadas do beirado para o cume, com junta desencontrada. A face vermelha virada para cima e a face negra para baixo. A sobreposição das placas deverá ser pelo menos de 15 cm no sentido da pendente e de 1 a 2 onda lateralmente. É importante fixar as placas de subtelha Onduline convenientemente, de maneira a permitir que estas não se deformem, não deslizem ao longo da cobertura quando sujeitas ao peso da telha ou outros esforços (como vento, chuva e neve) e facilitem a deslocação de operários sobre as mesmas. Quantas mais fixações tiverem as placas, maior será a resistência das mesmas ao esmagamento. Para ser totalmente estanque, ter-se-á de impermeabilizar as zonas onde haja interrupção das placas de subtelha, de maneira a não existirem infiltrações. Para efectuar um remate correcto nessas zonas, deverão ser utilizadas a fita asfáltica auto-adesiva Ondufilm ou a fita metálica Metalfilm.

Conservação geral das coberturas – limpeza, execução de rufos na concordância com empenas, caleiras e

algerozes

Todos os trabalhos a realizar nas coberturas devem seguir as indicações da especialidade.

Salienta-se que a configuração da cobertura não será alterada, mantendo-se as existentes.

2.2.2 - REVESTIMENTOS:

Execução de sondagens parietais nos revestimentos, sempre que necessário:

As sondagens parietais serão executadas por técnicos especializados, um arqueólogo e/ou um conservador/restaurador.

Picagem cuidada de rebocos degradados ou inadequados (argamassas de cimento) até ao osso:

A picagem manual e cuidadosa de toda as camadas do reboco degradados, ou seja, em desagregação (com falta de

coesão) e com destacamentos do suporte, ou inadequados constituídos por argamassas de cal hidráulica e/ou

cimento. Este procedimento deverá ser feito até ao osso, ficando a alvenaria à vista.

Limpeza da alvenaria:

Posteriormente às picagens, a alvenaria deverá ser limpa para remoção de todas as impurezas e partículas soltas. Esta

limpeza é importante para a aderência da nova argamassa como também para que os possíveis detritos, sujidades e

sais solúveis presentes na argamassa antiga, não adulterem a nova argamassa. Esta limpeza poderá ser a seco através

de sucessivas escovagens. Recomenda-se permitir a secagem das alvenarias, deixando ao ar durante o máximo de

tempo possível, antes da aplicação de novo revestimento.

Escovagem e raspagem de todas as tintas em destacamento do suporte em rebocos a preservar:

Todas as pinturas em destacamento do suporte, com presença de sais, sujidades várias, etc., que estejam sobre um

reboco a manter, devem ser removidas, através da escovagem e raspagem com espátulas. Esta ação requer algum

cuidado para não provocar danos no reboco e pinturas subjacentes.

Execução de um novo reboco de cal multicamadas, constituído por: emboço, reboco e esboço:

As paredes antigas geralmente de grande espessura necessitam de argamassas porosas, ligeiramente impermeáveis

à entrada de água e permeáveis ao vapor de água, ou seja, argamassas que permitam que a humidade contida no

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interior da estrutura edificada saia com facilidade. Devem-se ter alguns cuidados com os rebocos a aplicar sobre

alvenarias antigas e húmidas. Estes devem ser escolhidos criteriosamente devido à presença de água na estrutura

edificada que poderá provocar outras anomalias tais como o surgimento de eflorescências salinas. Assim sendo, é

importante que antes das aplicações das argamassas as alvenarias apresentem teores de humidade mínimos.

Contudo, as argamassas preconizadas devem ser resistentes, porém porosas, de forma a não impedir a evaporação

de água que circula no interior das alvenarias. Recomenda-se a utilização de argamassas constituídas por cal hidráulica

natural do tipo Lafarge® com agregados lavados, com granulometria controlada. Esta argamassa deverá ser aplicada

em multicamadas. A forma de mistura e adição dos materiais é importante para a qualidade final do reboco. A adição

de uma grande quantidade de água pode por exemplo, provocar fissuras no reboco.

Este novo reboco deverá ser aplicado em multicamadas: emboço, reboco e esboço. Estas subcamadas permitem uma

melhor capacidade de proteção e durabilidade deste reboco.

A argamassa para o novo reboco deverá ser constituída por materiais isentos de sais:

- A areia deve ser livre de detritos orgânicos ou substâncias poluentes.

- A água deverá ser doce, livre de substâncias orgânicas.

- A cal usada deverá ser hidráulica natural do tipo Lafarge®, que possui uma baixa percentagem de sais solúveis e

é de cor branca.

A granulometria dos agregados deve ser controlada de forma a garantir uma porosidade e um comportamento

adequado. Os agregados devem ser lavados e isentos de sais solúveis. A camada interna (emboço) deve ter uma

granulometria mais grosseira que as externas, e o traço a utilizar poderá ser de 1:4, ou seja, uma dose de ligante para

quatro doses de agregado. A camada seguinte (reboco) poderá ter um traço de 1:3, e a camada final (esboço) poderá

ter um traço de 1:2, com agregados mais finos que as anteriores.

A camada final de esboço deverá ter um acabamento liso, de forma a receber posteriormente a pintura. Os traços

indicados e os materiais das argamassas de reboco deverão ser aferidos na obra, aconselhando-se a realização de

amostras para que sejam submetidas à aprovação da fiscalização da obra.

Em alternativa à produção manual de uma argamassa de cal com agregados adequados para o reboco, poderão ser

utilizadas argamassas pré-doseadas com ligante de cal hidráulica natural e aplicadas com o sistema multicamadas.

Estas argamassas deverão possuir características como permeabilidade ao vapor de água, ser porosas e resistência

mecânica adequada e compatível com os rebocos antigos. No mercado surgem diversas marcas com as características

mencionadas, que ao optar por este tipo de argamassa deverão ser previamente ensaiadas com a execução de

amostras e aplicadas de acordo com a ficha técnica do produto e com a fiscalização da obra.

Pintura (tintas de silicato):

As tintas para pintar edifícios de alvenaria com rebocos de argamassas de cal não devem formar filme, a pintura com

tintas inadequadas podem muitas vezes provocar danos irrecuperáveis. Recomenda-se tintas de base mineral, pela

compatibilidade apresentada com os materiais constituintes das paredes. A pintura com tintas de silicatos insere-se

neste grupo. A pintura deverá ser executada com tintas silicatadas do tipo keim®.

2.2.3 - MURO VOLTADO PARA A RUA DO COLÉGIO:

Abertura de juntas com argamassas degradadas ou inadequadas:

Deverá ser realizada a abertura das juntas com perda de função (argamassas desagregadas), com argamassas

inadequadas e as que se encontrem sobrepostas às superfícies de pedra. As juntas serão abertas até uma

profundidade máxima de 5cm, salvo as que se encontrem com a argamassa desagregada facilmente removíveis. As

argamassas de cimento que podem provocar a mobilização dos bordos do material pétreo deverão ser rebaixadas,

para permitir o acabamento final com nova argamassa. Deverão ser utilizados equipamentos adequados para uma

abertura eficaz e controlada com um risco mínimo de novos danos nas superfícies pétreas, nomeadamente

micromartelos pneumáticos e/ou diferentes tipos e tamanhos de escopros. Poderá em alguns casos ser importante

recorrer a equipamentos munidos de discos de corte de pequenas dimensões. Após a abertura das juntas, estas

deverão ser limpas com ar comprimido, de foram a retiras todas as partículas soltas.

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Refechamento de juntas com argamassa de cal adequada:

Em juntas com vazios e maior profundidade, prevê-se o seu preenchimento com uma argamassa até 1cm dos bordos,

apertando-a bem, com equipamento adequado à largura da junta, para que não permaneçam vazios no interior. A

argamassa deverá ser de cal hidráulica do tipo Lafarge®, com agregados lavados e calibrados. O traço da argamassa a

usar será de 1:3.

Após o preenchimento em profundidade será aplicada uma argamassa de acabamento. O refechamento será

executado com equipamentos adequados às dimensões da junta, pressionando bem, de modo a que a junta fique

compacta e coesa. A superfície da junta e os bordos dos elementos pétreos serão limpos e a argamassa final não se

deve sobrepor à superfície da pedra. A argamassa deverá ser de cal hidráulica do tipo Lafarge®, com agregados lavados

com cor próxima dos agregados originais. A argamassa deverá ser integrada cromaticamente com a superfície pétrea

envolvente pela adição de diferentes materiais como a dolomite, o pó de tijolo, diversos tipos de carbonatos de cálcio

e de pigmentos minerais. O traço da argamassa a usar será de 1:3.

2.3 - ELEMENTOS ARQUITETÓNICOS E DECORATIVOS – TRABALHOS A EXECUTAR

• Cantarias das fachadas exteriores e alçados do pátio - guarnições dos vãos, embasamento, cunhais, pilastras,

varandas, cornijas, molduras, mísulas e pilares do portão:

Aplicação de herbicida; Aplicação de biocida; Pré-fixação de pequenos elementos a destacar (lascas, escamas, placas, pequenos fragmentos) como medida

de prevenção do agravamento do processo de degradação durante os diversos tratamentos, mediante microinjeção, incluindo a posterior microestucagem;

Limpeza da superfície pétrea com água controlada; Limpeza química com compressas para remoção de outras sujidades aderentes (crostas); Limpeza mecânica de tintas, caiações e de concreções e/ou precipitações calcárias; Tratamento de fraturas e fissuras em elementos não removíveis; Colagem de elementos pétreos fraturados e em risco de destacamento com eventual aplicação de pernos; Remoção de preenchimentos com argamassas inadequadas; Abertura de juntas com argamassas degradadas ou inadequadas; Refechamento de juntas com argamassa de cal adequada; Execução de camada de sacrífico para impedir a contínua degradação da pedra, com argamassa de cal

adequada com correção cromática. Estucagens e reposição de volumes com argamassa de cal adequada; Tratamento de elementos metálicos funcionais, incluindo revisões de chumbadores;

Remoção de elementos metálicos não funcionais; ➢ Tratamento hidrofugante.

• Gradeamentos simples e decorativos (grades de janelas, guardas de janelas de sacada/de escadaria e portões):

Remoção e decapagem das camadas de tinta e de óxidos de ferro; Limpeza e desengorduramento da superfície; Tratamento da estrutura, incluindo fixações de elementos, soldagens, etc.; Substituição de elementos decorativos e/ou estruturais irrecuperáveis, em material e forma idêntica à

original; Revisão dos elementos de fixação às cantarias, incluindo os chumbadores de ligação à pedra ou aos

paramentos; Nova pintura.

• Portas de Madeira

Limpeza da superfície; Desinfestação preventiva; Tratamento de elementos metálicos funcionais (manutenção de todas as ferragens); Preenchimento (betumagem à cor da madeira) de pequenas lacunas, juntas e fissuras; Preparação para o acabamento, lixagem;

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Acabamento final.

2.4 - ELEMENTOS ARQUITETÓNICOS E DECORATIVOS - MODO DE EXECUÇÃO

2.4.1- CANTARIAS DAS FACHADAS EXTERIORES E ALÇADOS DO PÁTIO - GUARNIÇÕES DOS VÃOS, EMBASAMENTO,

CUNHAIS, PILASTRAS, VARANDAS, CORNIJAS, MOLDURAS, MÍSULAS E PILARES DO PORTÃO:

Aplicação de herbicida

Para a eliminação das plantas infestantes deverá ser aplicado um herbicida sistémico. A aplicação de herbicida deverá

ser feita antes da remoção mecânica das espécies infestantes. O herbicida aplicado deverá ser à base de ácido de

glifosato a 2%, do tipo do tipo Roundup da Bayer®, por aspersão na folhagem verde, segundo as indicações do

fabricante.

Aplicação de biocida

A remoção da colonização biológica é facilitada com a aplicação de um produto biocida. Propõe-se um biocida com

base em amónio quaternário tipo Preventol RI80® ou tipo Biotin T® isento de metais pesados, tendo em atenção a

qualidade da água de diluição do produto atendendo ao seu pH, que deve ser neutro ou próximo, e à sua dureza, que

deverá ser baixa. A aplicação do biocida será efetuada em dois ciclos por nebulização ou pincelagem, cumprindo

rigorosamente os tempos de cura recomendados pelo fabricante.

Pré-fixação de pequenos elementos a destacar (lascas, escamas, placas, pequenos fragmentos)

como medida de prevenção do agravamento do processo de degradação durante os diversos tratamentos,

mediante microinjeção, incluindo a posterior microestucagem

Inclui-se neste artigo, o tratamento de todas as superfícies que apresentem fenómenos de pulverulência,

desagregação, escamação e destacamentos em placas, prévios a qualquer outro trabalho.

A pré-consolidação é um tratamento prévio e preparatório que deve ser aplicado em superfícies fragilizadas que

apresentem fenómenos de degradação. O objetivo deste tratamento é a preparação da superfície, tornando-a mais

resistente, minimizando perda de material durante a implementação de fases de trabalho seguintes, como a limpeza.

Através de microinjeção de resina epóxida líquida. Poderá ser usada uma resina de baixa densidade, do tipo Epo 150

da CTS®. Deverá ser previamente introduzida, uma solução de água e álcool para limpar e desengordurar as superfícies

de contato. Após a injeção as superfícies deverão ser microestucadas com uma argamassa adequada de granulometria

fina.

A estucagem e microestucagem têm como intuito corrigir descontinuidades significativas em superfícies, com vista a

evitar o depósito e infiltração de água ou sujidade, sendo imprescindível para permitir a estanquicidade dentro dos

blocos, travando assim o avanço da degradação. É importante uma avaliação prévia que permita tratar todas as

situações em que se corra o risco de perda de material, e onde não haja a necessidade de executar camadas de

sacrifício e/ou a substituição por pedra nova.

Em elementos que se apresentem com escamação ou destacamento em placas, a estucagem será pontual e nunca

por capeamento total da área degradada, a não ser que se justifique execução de uma camada de sacrifício.

Limpeza elementos pétreos

As ações de limpeza a realizar procurarão que o resultado final ofereça uma leitura cromática equilibrada e contínua.

Os métodos a utilizar serão diversos, dependendo do tipo de sujidade, anomalia cromática, localização, e das

patologias que apresentem.

Limpeza da superfície pétrea com água controlada

A limpeza das superfícies pétreas será simples, com quantidades de água controlada, com ou sem detergente neutro

adicionado (aumentando o seu poder molhante e emoliente), acompanhada de escovagem, com escovas de nylon de

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pelo macio. A escovagem será iniciada após a remoção de todas as plantas vasculares e da aplicação de biocida,

respetivos tempos de cura.

Limpeza química com compressas para remoção de outras sujidades aderentes (crostas)

Esta limpeza deverá ser feita nas zonas onde a utilização de água não será eficaz. Nos casos em que estão presentes

filmes e crostas de espessura considerável, poder-se-á realizar uma segunda limpeza pontual e direcionada, com

métodos específicos a cada caso.

Para a remoção de filmes e crostas negras recomenda-se a utilização de compressas húmidas com soluções básicas.

O material das compressas será fibras celulósicas puras (pasta de papel), que possui pH neutro, elevado índice de

absorção de água e boa trabalhabilidade. Estas são aplicadas húmidas sobre o substrato, com tempos de atuação

controlados e aumentando progressivamente nas aplicações posteriores, consoante a eficácia da limpeza. Poderá

existir a necessidade de proteger a superfície com uma cobertura p.e. filme de polietileno (em rolo), a fim de evitar a

evaporação rápida. Terminado o tempo de atuação retira-se a compressa e lava-se a superfície com água com a ajuda

de escovas de nylon macias. As soluções básicas podem ser simples ou misturas, com agentes de limpeza como o

bicarbonato ou carbonato de amónio e o EDTA.

Poderá também ser utilizada a mistura AB57 ou Pasta Mora, que conjuga a ação de vários agentes químicos obtendo

resultados por vezes mais benéficos em termos de limpeza do que a utilização de um agente simples. Esta mistura é

comumente utilizada em pasta (gel), de carboxilmetilcelulose (CMC), que também poderá ser uma opção para

superfícies pouco porosas e alteradas, pois a sua total remoção é mais difícil.

Limpeza mecânica de tintas, caiações e de concreções e/ou precipitações calcárias

A remoção de caiações e tintas sobrepostas das superfícies pétreas deverá ser controlada e testados vários métodos

e equipamentos, na procura de uma forma expedita e com menor risco de danos. Para as caiações em destacamento,

recomenda-se a sua remoção através de raspagem com espátulas e bisturi, caso necessário. A escovagem a seco com

escovas de nylon também poderá ser testada, tal como a utilização de micromartelos pneumáticos e vibroincisores.

Nas áreas de maior dificuldade de remoção de manchas, precipitações e tintas, o método de limpeza poderá ser a

micro-abrasão, a fim de se uniformizar as superfícies.

Em casos pontuais, poder-se-á executar limpeza por microabrasão, após aprovação do dono de obra e respetivo

ensaio, que consistirá essencialmente, na projeção de inertes. Os equipamentos de micro-abrasão serão totalmente

controláveis pelo operador e a pressão de saída deverá situar-se, conforme os casos, entre 1 e 2 bares. Deverão ser

utilizadas micro-pistolas ligadas a depósito de abrasivo que permita uma alimentação contínua, com diâmetros de

saída com as dimensões de 0,8 mm a 2 mm. A escolha do material abrasivo, a sua granulometria, dureza e

configuração, deve atentar à especificidade do material a remover bem como ao substrato. Os abrasivos que poderão

ser testados são os óxidos de alumínio de 220 mash, esferas de vidro com 50 microns e pó de pedrapomes com 80

microns, farinha de sílica do tipo FPS 120 ou inertes equivalentes.

Tratamento de fraturas e fissuras em elementos não removíveis

As fissuras e fraturas existentes nos elementos em pedra não removíveis devem ser seladas através de injeção de

resina epóxida líquida. Poderá ser usada uma resina de baixa densidade, do tipo Epo 150 da CTS®. Em todas as fissuras

e fraturas será previamente introduzida, por meio de seringa, uma solução de água e álcool para limpar e

desengordurar as superfícies de contato. Em alguns casos esta ação poderá ser complementada com a utilização

prévia de ar comprimido a baixa pressão e aspiração de partículas soltas. A injeção prévia da solução de água e álcool

permitirá avaliar a necessidade de estucagens provisórias que evitem a perda da resina epóxida durante o processo.

Nestes casos será executada uma estucagem provisória que garanta a eficiência do tratamento de injeção.

A fase final deste tratamento será a selagem das fissuras e fraturas com argamassa para estucagem e

microestucagem.

A resina epóxida pode ainda ser misturada com vários inertes para obter uma pasta para utilizar em obturações de

lacunas.

Colagem de elementos pétreos fraturados e em risco de destacamento com eventual aplicação de pernos

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Nas colagens a efetuar deverá ser aplicada resina por pontos e nunca por colagem total das superfícies, exceto em

casos pontuais. Sempre que necessário, poderão ser utilizados pernos em aço inox ou em fibra de vidro de forma a

garantir uma maior estabilidade em casos de volume ou peso excessivo, ou em casos em que se estabeleça uma maior

fragilidade de resultados com as resinas específicas. O diâmetro dos pernos/espigões deverá ser adequada à

dimensão e peso dos fragmentos a colar. As faces de contato serão limpas com solvente, álcool ou acetona, de modo

a garantir o seu desengorduramento e uma boa aderência entre as partes a colar. Estão incluídos os trabalhos de

desmontagem de fragmentos e a recolocação no local de origem.

Remoção de preenchimentos com argamassas inadequadas

Tal como as juntas, a remoção de argamassas inadequadas e dissonantes de volumes, deverá ser cuidada e com

equipamentos adequados para não danificar a pedra. Deverão ser utilizados equipamentos adequados para uma

remoção eficaz, nomeadamente micromartelos pneumáticos e/ou diferentes tipos e tamanhos de escopros. Poderá

em alguns casos ser importante recorrer a equipamentos munidos de discos de corte de pequenas dimensões. A

superfície de contacto deverá ser limpa, de forma a permitir a aderência da nova argamassa.

Abertura de juntas com argamassas degradadas ou inadequadas

Deverá ser realizada a abertura das juntas com perda de função, com argamassas inadequadas e as que se encontrem

sobrepostas às superfícies de pedra. As juntas serão abertas até uma profundidade máxima de 5cm, salvo as que se

encontrem com a argamassa desagregada facilmente removíveis. As argamassas de cimento que podem provocar a

mobilização dos bordos do material pétreo deverão ser rebaixadas, para permitir o acabamento final com nova

argamassa. Deverão ser utilizados equipamentos adequados para uma abertura eficaz e controlada com um risco

mínimo de novos danos nas superfícies pétreas, nomeadamente micromartelos pneumáticos e/ou diferentes tipos e

tamanhos de escopros. Poderá em alguns casos ser importante recorrer a equipamentos munidos de discos de corte

de pequenas dimensões. Após a abertura das juntas, estas deverão ser limpas com ar comprimido, de foram a retiras

todas as partículas soltas.

Refechamento de juntas com argamassa de cal adequada

Em juntas com vazios e maior profundidade, prevê-se o seu preenchimento com uma argamassa até 1cm dos bordos,

apertando-a bem, com equipamento adequado à largura da junta, para que não permaneçam vazios no interior. A

argamassa deverá ser de cal hidráulica do tipo Lafarge®, com agregados lavados e calibrados. O traço da argamassa a

usar será de 1:3.

Após o preenchimento em profundidade será aplicada uma argamassa de acabamento. O refechamento será

executado com equipamentos adequados às dimensões da junta, pressionando bem, de modo a que a junta fique

compacta e coesa. A superfície da junta e os bordos dos elementos pétreos serão limpos e a argamassa final não se

deve sobrepor à superfície da pedra. A argamassa deverá ser de cal hidráulica do tipo Lafarge®, com agregados lavados

e calibrados. A argamassa deverá ser integrada cromaticamente com a superfície pétrea envolvente pela adição de

pigmentos minerais. O traço da argamassa a usar será de 1:3.

Execução de camada de sacrífico para impedir a contínua degradação da pedra, com argamassa de cal

adequada com correção cromática

A execução da camada de sacrifício tem como função proteger os elementos pétreos dos efeitos nefastos das

agressões a que estão sujeitos. Trata-se de uma camada de argamassa de cal adequada, que é sacrificada face aos

vários fatores de degradação, sendo facilmente renovada, ao contrário do elemento pétreo, impedindo a sua contínua

deterioração.

Esta camada será executada sobre superfícies de elementos pétreos, onde exista perda de material pétreo e onde

não esteja em causa a sua função estrutural, não se justificando assim, a sua substituição por uma nova pedra. Haverá

a necessidade de sanear a superfície de escamas e partículas soltas, para uma total aderência da argamassa de

sacrífico ao material pétreo. Este procedimento poderá ser executado mecanicamente, recorrendo a escovas e por

fim a pistola de ar comprimido. Quando se tratar de elementos com elevada perda de material pétreo, haverá ainda

a necessidade de criar uma estrutura interna com espigões e rede de fibra de vidro. Aplicados quer

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perpendicularmente e paralelamente à superfície, recriando o volume total do elemento. Os espigões poderão ser

fixos uns aos outros com arame de aço inox. Recorrendo ainda à colocação de rede de fibra de vidro sobre a superfície

pétrea, para melhorar a aderência da argamassa. A argamassa deverá ser aplicada em camadas, de forma a permitir

uma melhor aderência, evitando excessos de peso.

A argamassa deverá ser cal hidráulica do tipo Lafarge®, os agregados lavados e calibrados e com correção cromática

pela adição de pigmentos minerais, de forma a integrar esteticamente o volume com a pedra envolvente. O traço

deverá ser ponderado em obra.

Estucagens e reposição de volumes com argamassa de cal adequada

As áreas de lacuna no material pétreo poderão ser preenchidas com uma argamassa de reconstituição. Sempre que

se observem descontinuidades nos elementos que fragilizem o seu caráter funcional ou a sua leitura estética, ou que

permitam o depósito de água e sujidades deverá ser aplicada argamassa. Após a remoção de argamassas inadequadas,

prevê-se a posterior reposição do volume com argamassa de cal. A argamassa é aplicada com equipamento adequado

pressionando sempre bem para uma maior compactação e para uma união perfeita aos bordos da pedra. Recomenda-

se a utilização de uma argamassa de cal hidráulica do tipo

Lafarge® com agregados lavados e calibrados com correção cromática. O traço da argamassa a usar será de 1:3.

Inclui-se a execução de ensaios até cinco amostras de argamassas para a estucagem de lacunas e pequenos volumes,

para avaliação quanto à textura e cor.

Tratamento de elementos metálicos funcionais

Devem ser tratados os elementos metálicos funcionais em ferro com corrosão, como gatos. Estes elementos serão

alvo de um tratamento de conservação, devendo ser aplicado um conversor de ferrugem, e posteriormente aplicado

uma proteção final que poderá ser uma resina acrílica e/ou ceras microcristalinas. Os elementos metálicos com função

estrutural que se apresentem secionados ou cuja oxidação reduziu significativamente a sua espessura deverão ser

substituídos por novos elementos metálicos em aço inox, incluindo, se necessário, o tratamento do material pétreo

de suporte.

Remoção de elementos metálicos não funcionais

Os elementos metálicos, como pregos, cavilhas, pernos, espigões, não funcionais e em corrosão, devem ser removidos

através de processos mecânicos. Existem inúmeros elementos metálicos nas cantarias, principalmente provenientes

das fixações de grades metálicas obsoletas e das instalações elétricas, etc., que deverão ser removidos na sua

totalidade, procedendo com cuidado para evitar novos danos na pedra. Após a remoção, o negativo será refechado

com argamassa de cal.

Tratamento hidrofugante

Após a execução de todos os tratamentos deverá ser aplicado um produto hidrófugo em todos os planos horizontais

das fachadas, cornijas, frisos, bases dos nichos, bem como de todos os planos horizontais das decorações das

fachadas, que terá como objetivo diminuir a capacidade de absorção de água nas superfícies, mas permitindo a

circulação do vapor e aumentando a durabilidade dos tratamentos realizados.

A proteção das superfícies deverá ser feita pela aplicação de um produto hidrofugante de base polissiloxano com

baixo peso molecular tipo Silo 111® da CTS. Este deverá ser aplicado após o último ciclo de produto biocida e com as

superfícies secas e limpas.

É importante ter em conta que nas superfícies onde precipitaram eflorescências salinas, o produto hidrofugante não

deverá ser aplicado uma vez que potencia a degradação destas áreas. O hidrofugante será aplicado por aspersão, até

à saturação da pedra e será o último trabalho a efetuar.

2.4.2- GRADEAMENTOS SIMPLES E DECORATIVOS (GRADES DE JANELAS, GUARDAS DE JANELAS DE SACADA,

PORTÕES E GRADEAMENTO DE MUROS):

Remoção e decapagem das camadas de tinta e de óxidos de ferro

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Os elementos metálicos serão decapados para remoção de tintas desagregadas e da ferrugem superficial. A

decapagem poderá ser efetuada quimicamente e/ou mecanicamente nos elementos não removíveis, recorrendo ao

uso de decapantes comerciais adequados e a escovas de aço, raspadores e lixas. Em elementos que possam ser

retirados do local de origem, poderá recorrer-se ao método mecânico de jato de areia, de modo a que a superfície

fique liberta de ferrugem, tinta e outros resíduos.

Limpeza e desengorduramento da superfície

A limpeza deverá ser feita na superfície metálica, removendo pontos de ferrugem que permaneceram após a

decapagem. Esta deverá ser feita por via mecânica, ou seja, com escovas de cerdas metálicas ou com miniberbequim

e respetiva mó de desgaste. A superfície será limpa, de partículas soltas de óxidos de ferro, tintas e sujidades diversas.

Após a limpeza e tratamentos da estrutura, previamente à nova pintura as superfícies deverão ser desengorduradas,

de forma a permitirem a boa adesão da tinta. O desengorduramento poderá ser executado, com produtos

desengordurantes comerciais ou diluentes comerciais adequados a metais ferrosos.

Tratamento da estrutura, incluindo fixações de elementos, soldagens, etc.

Em alguns casos, de grades, gradeamentos ou guardas, que apresentem elementos decorativos ou estruturais

fraturados, ou fora do local original, será necessário recorrer a soldagens. Estes trabalhos deverão ser avaliados e

executados por técnicos especialistas (serralheiros) utilizando materiais adequados a metais ferrosos.

Substituição de elementos decorativos e/ou estruturais irrecuperáveis, em material e forma idêntica à

original

Todos os elementos metálicos que se encontrem mau estado de conservação, com componentes irrecuperáveis e já

com perda de função, deverão ser substituídos por novos. Os novos elementos serão produzidos, em metal ferroso e

com forma idêntica à original. A sua produção deverá ser executada por técnicos especialistas e com os meios

adequados. Inclui-se a reprodução de elementos em falta na decoração ou estrutura.

Revisão dos elementos de fixação às cantarias

Os elementos de fixação à pedra encontram-se por vezes, extremamente corroídos e com perdas de espessura, sendo

por vezes necessária a sua substituição.

Nova pintura

Será aplicada uma nova pintura, em camadas distintas. Primeiro prevê-se a aplicação de primário anticorrosivo para

metais ferrosos, seguindo de pelo menos, duas camadas de tinta à base de resinas sintéticas (esmalte), na cor a definir

em projeto de arquitetura. O primário e a tinta de acabamento devem ser aplicados de acordo com as instruções do

fabricante.

2.4.3- PORTAS EM MADEIRA:

Limpeza da superfície

A limpeza a seco tem como objetivo remover os depósitos superficiais soltos e os dejetos existentes de vários animais.

Esta limpeza será realizada com recurso à aspiração suave, acompanhada pelo uso de espátulas de madeira ou plástico

e escovas de cerdas de nylon macias.

Posteriormente, poderá ser executada uma limpeza por via húmida, recorrendo à mistura de diversos agentes,

conhecida pelo nome Reviver. A mistura é feita em partes iguais de vinagre, aguarrás, white spirit e álcool etílico. A

mistura será aplicada pela embebição de lã de aço, esfregando as superfícies. Esta ação permite além de remover

sujidades aderentes, hidratar a madeira e renovar as características do acabamento.

Desinfestação preventiva

A desinfestação do suporte deverá ser realizada com produtos adequados à base de permetrina, através de

pincelamento, injeção, ou outro tratamento mais adequado, isolando as peças em ambiente fechado por 4 dias. A

aplicação do produto seguirá as indicações do fabricante na respetiva ficha técnica.

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Tratamento de elementos metálicos funcionais (manutenção de todas as ferragens)

Todas as ferragens, fechadura e maçanetas são para manter, tratar e proteger. Estas deverão ser limpas de oxidação,

por via mecânica e protegidas com cera microcristalina. Nos elementos metálicos de ligas de cobre, maçanetas,

dobradiças, etc. apenas deverá ser retirada a oxidação ativa e mantida a pátina. A cera microcristalina deve ser

aplicada sobre uma superfície desengordurada, com um pano limpo, e esfregada com um trapo ou à escova de cerda.

Caso, a fechadura ou algum elemento das ferragens não estejam funcionais, dever-se-ão recuperar, compreendendo

a substituição de elementos desgastados e o reforço de elementos fragilizados. Incluem-se os trabalhos de

lubrificação necessários, ao bom funcionamento da porta.

Preenchimento (betumagem à cor da madeira) de pequenas lacunas, juntas e fissuras

As pequenas lacunas, juntas, orifícios de ataque biológico e fissuras deverão ser preenchidas recorrendo à

betumagem. Os betumes podem ser adquiridos já preparados e com cores variadas, que se adequam à da madeira

em questão. Ou podem ser feitos em oficina, juntando pigmentos inorgânicos, de forma a aproximar à cor da madeira.

O betume deve ser aplicado com espátula, alisando-o sobre a superfície de madeira e retirando os excedentes. Como

este tipo de massa contrai depois de seco é necessário executar várias aplicações.

Preparação para o acabamento, lixagem

Poderá existir a necessidade de aplicação de novo acabamento da superfície de madeira da porta. A superfície deverá

ser preparada antes de receber o acabamento final, recorrendo à lixagem. Esta deverá ser efetuada no sentido do

veio da madeira. O processo de lixagem deverá ser iniciado com lixas mais grossas e terminado com lixas finas. Depois

da lixagem será executada a passagem de lã de aço fina (000), de forma a tirar todas as marcas deixadas pelas lixas.

Acabamento final

O acabamento final para além da sua função estética, serve para proteger a madeira contra as agressões externas. O

tipo de acabamento e produto a aplicar sobre a madeira, poderão ser discutidos em obra e passam pelo simples

enceramento, envernizamento ou ambos, verniz e cera, ou seja aplica-se verniz, passa-se lã de aço fina e o

acabamento final dá-se com cera.

3- CRITÉRIOS A ADOTAR NA INTERVENÇÃO

Recomendam-se um conjunto de critérios a ter em conta na intervenção, de forma a evitar soluções inadequadas e

soluções construtivas e técnicas incompatíveis com as pré-existentes.

As soluções construtivas e os materiais escolhidos devem respeitar o princípio de autenticidade e de intervenção

mínima, não removendo indiscriminadamente os revestimentos antigos (rebocos, barramentos, etc.), que

constituem importantes vestígios históricos e técnicos do edifício. Os revestimentos em bom estado de

conservação deverão ser mantidos e reparados sempre que possível.

Todos os revestimentos em mau estado de conservação e inadequados, como por exemplo rebocos de cimento

ou certo tipo de tintas aplicadas sobre revestimentos antigos (membranas elásticas, tintas texturadas, etc.),

deverão ser removidos, pois propiciam danos nas estruturas do edifício.

As soluções construtivas e os materiais escolhidos devem ser reversíveis e compatíveis com os existentes (a

manter) e com a própria estrutura.

Todas as infraestruturas e instalações técnicas e equipamentos não devem afetar o edificado, procurando

soluções adequadas e adaptadas à tipologia do imóvel.

Todos os elementos arquitetónicos e decorativos de relevância deverão ser preservados, e as intervenções a

efetuar devem visar restabelecer a integridade física e estética dos bens patrimoniais. As intervenções devem

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ser definidas e planeadas, segundo os princípios básicos da conservação, definidas nas diversas cartas e

convenções internacionais.

4- CONDIÇÕES TÉCNICAS ESPECÍFICAS DOS TRABALHOS

As condições técnicas contemplam as especificações das técnicas e materiais a implementar na intervenção,

consoante a metodologia estabelecida.

▪ Registo fotográfico e gráfico

Deve-se realizar o mapeamento sobre o levantamento arquitetónico existente de todas as estruturas verticais e

horizontais, tipologias e materiais e de todos os pormenores arquitetónicos que apresentem diferentes fases

construtivas, que venham a ser identificadas durante a obra, que ainda não estejam registados. No início e durante a

intervenção deverá ser realizado o registo fotográfico e o registo gráfico sempre que necessário de algum caso

específico. Desta forma, ficará documentada toda a intervenção.

▪ Execução de sondagens arqueológicas

As sondagens arqueológicas deverão ser realizadas sempre que o projeto de arquitetura interfira no subsolo nas

diversas áreas de intervenção. Como no caso de trabalhos a realizar nos espaços exteriores da igreja. As sondagens

deverão estar de acordo com as indicações da fiscalização de obra.

▪ Relatório Final

Deverão ser entregues relatórios preliminares e/ou fichas de procedimentos e tratamentos durante a obra e um

relatório final segundo o artigo 45.º da Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro. Deve constar toda a informação histórica,

técnica, fotográfica e gráfica necessária à compreensão de toda a intervenção realizada no edifício da Igreja da Santa

Casa da Misericórdia de Mangualde. Neste devem ser apresentados todos os registos efetuados, (gráficos e

fotográficos) resultados de testes, exames e procedimentos de conservação e restauro, técnicas, matérias e

proporções usadas na execução de todos os trabalhos realizados. A sua apresentação deve ser em suporte de papel

(2 exemplares) e em formato digital (um exemplar).

C – Enquadramento da pretensão nos planos territoriais aplicáveis;

Em termo de PDM em vigor, a proposta está inserida num espaço classificado de Solo Urbano – Solo urbanizado – Espaçols

Centrais – Centro Histórico. Enquadrando-se na seção II do capítulo II do Titulo VI, devendo assim respeitar os parâmetros

de edificabilidade indicados no artigo 79º do PDM.

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia torna-se Imóvel de Interesse Público através do Decreto nº 129/77, publicado no

Diário da República nº 226, de 29 de setembro de 1977.

D. Justificação das opções técnicas e da integração urbana e paisagística da operação:

Visto o edifício possuir uma solução arquitetónica simples, cores suaves, enquadra-se no aspeto geral das construções

vizinhas e da paisagem, sendo que no restauro proposto será aplicandos materiais de revestimento com características

semelhantes e típicos da região. Como tal, não afeta negativamente a área envolvente, quer do ponto de vista paisagístico

quer da sua utilização, onde irá desta forma consolidar a malha urbana já existente.

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E. Indicação das condicionantes para um adequado relacionamento formal e funcional com a envolvente, incluindo com a via pública e as infraestruturas ou equipamentos ai existentes: Natureza e condições do local:

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia localiza-se no largo da Misericórdia, na união de freguesias de Mangualde,

Mesquitela e Cunha Alta, concelho de Mangualde, distrito de Viseu, com as seguintes coordenadas geográficas:

40°36’19.18’’N e 7°45’54.44’’O (WGS84). Implantada no centro do espaço urbano, junto à interseção das ruas do Colégio

(a este) e Albertino de Macedo (a sul), o imóvel em estudo desenvolve-se numa área de ligeiro declive, com a fachada

principal voltada para o referido largo, onde se encontram também, a este, o colégio de São José, atualmente instalações

da Associação Nacional de Professores; a oeste, a igreja das Almas e o seu convento e, a norte, desenvolve-se um espaço

ajardinado com estacionamento automóvel.

Infraestruturas existentes no local:

A edificação objeto de análise adequar-se-á às infraestruturas existentes no local.

As ligações às redes de energia elétrica, linha telefónica, fazem-se a partir das respetivas redes que seguem no

arruamento junto do terreno.

O abastecimento de água é efetuado através da rede pública

A rede de saneamento é constituída por sifões, tubagens e caixas visitáveis, ligando a uma caixa ramal de ligação, onde

de seguida descarregar no coletor público que segue no arruamento.

O acesso é feito através do largo que envolve a Igreja. F. Programa de utilização das edificações, quando for o caso, incluindo a área a afetar aos diversos usos -

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia, apresenta uma planta em L, composta por dois pisos acima da cota da soleira,

constituída por nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado à fachada lateral oeste uma varanda

alpendrada e um corpo retangular, perpendicular, onde se encontra instalada a sacristia, sobreposta pela casa do

Despacho, torre sineira, casa das tumbas e demais dependências da Misericórdia.

Visto se tratar somente de obras de conservação e restauro nas fachadas exteriores e cobertura, não havendo qualquer

tipo de alteração no interior, nã se vê necessidade de apresentar o quadro com as áreas uteis interiores.

G. Áreas destinadas a infraestruturas, equipamentos, espaços verdes e outros espaços de utilização coletiva respetivos arranjos, quando estejam previstas Não aplicável, visto não estar previsto nenhumas infraestruturas, equipamentos, espaço verdes e outros espaços de utilização coletiva e respetivos arranjos. Salienta-se que em relação aos arranjos exteriores e espaços verdes privados no interior da parcela este já existem e não serão alvo de alterações.

H. Quadro Sinóptico Não aplicável, visto que as obras de conservação e restauro em nada irão alterar o interior da edificação, nem as áreas de implantação, área de construção, nº de pisos, altura da fachada, altura do edifício, volumetria e áreas impermeabilizada existentes. Apresenta-se somente as áreas a intervencionar no exterior do edificado, nomeadamente:

Área de conservação e restauro nas fachadas – cantarias e paredes 1 275,00 m²

Área de conservação e restauro na cobertura 537,71 m²

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Demonstração do cumprimento de outros parâmetros constantes de normas legais e regulamentares aplicáveis; Em termo de PDM em vigor, a proposta está inserida num espaço classificado de Solo Urbano – Solo urbanizado – Espaçols

Centrais – Centro Histórico. Enquadrando-se na seção II do capítulo II do Titulo VI, devendo assim respeitar os parâmetros

de edificabilidade indicados no artigo 79º do PDM.

Sendo que:

a topografia natural do terreno não será alterada, mantendo-se a atual.

A intervenção de conservação e restauro irão privilegiar a preservação e valorização do edificado.

Os elementos arquitetónicos e construtivos serão conservados de modo a contribuírem para a caraterização

patrimonial da imagem urbana do local onde se isere a edificação.

Visto o edificado apresentar um valor histórico e arquiteónico, não serão feitas nenhumas demolições, será sim

feito um restauro de modo a conservar o ponto de vista de segurança e salibridade.

Não serão demolidos ou alterados qualquer elementos ou pormenor notável

Serão recuperados os pormenores notáveis deteriorados.

Face ao exposto, entende-se que o projeto apresentado é passível de ser compatível com os instrumentos

reguladores, no cumprimento e respetivo enquadramento com os mesmos.

I. considerações finais:

Em tudo o omisso na presente memória descritiva e justificativa, será tido em consideração o descrito e o

representado, nas peças escritas e desenhadas componentes do projeto de arquitetura e legislação aplicável.

Relativamente as peças desenhadas visto se tratar de obras de conservação e restauro nas fachadas

exteriores, não será apresentado as plantas do pisos interiores e cortes.

Na presente memória procurou-se abranger todas as patologias que serão alvo de intervenção. No caso de no

decorrer dos trabalhos sejam verificadas outras para as quais não haja metodologia aqui prevista, deverá ser informado

o diretor de fiscalização a fim de que se possa planear cada intervenção.

A conservação do património arquitetónico requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo uma variedade

de profissionais como arquitetos, conservadores-restauradores, historiadores, arqueólogos, engenheiros, geólogos,

biólogos e químicos. Como tal, prevê-se o acompanhamento arqueológico da obra, assegurando a monitorização do

projeto, essencialmente em atividades de picagens de revestimentos, permitindo assim, o estudo parietal e a recolha de

informação que poderá surgir relevante ao conhecimento do edifício, tal como das técnicas construtivas, alterações e

modificações estruturais e dos materiais de construção. As intervenções nos elementos de relevância histórica, para além

do acompanhamento pelo arqueólogo, deverão ter a coordenação e acompanhamento de um técnico superior de

conservação e restauro, com mais de cinco anos de experiência, em intervenções da especialidade.

Todos os trabalhos de conservação e restauro de pedra e de metais deverão ser executados por equipas com

formação nas respetivas áreas de conservação e restauro.

As ações desenvolvidas em período de obra deverão ser registadas (fotografias e gráficos) e documentadas em

relatórios.

Mangualde, 7 de maio de 2018

O Técnico:

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