Projeto e Construção de Lajes Nervuradas de Concreto Armado

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CONSTRUO CIVIL

    PROJETO E CONSTRUO DE LAJES NERVURADAS

    DE CONCRETO ARMADO

    Eng. Civil Marcos Alberto Ferreira da Silva

    SO CARLOS

    2005

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CONSTRUO CIVIL

    PROJETO E CONSTRUO DE LAJES NERVURADAS

    DE CONCRETO ARMADO

    Eng. Civil Marcos Alberto Ferreira da Silva

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em

    Construo Civil do Departamento de Engenharia Civil da

    Universidade Federal de So Carlos, como parte dos

    requisitos para obteno do ttulo de Mestre em ConstruoCivil.

    Orientador: Prof. Dr. Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho

    SO CARLOS

    2005

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    Ficha catalogrfica elaborada pelo DePT daBiblioteca Comunitria da UFSCar

    S586pcSilva, Marcos Alberto Ferreira da.

    Projeto e construo de lajes nervuradas de concretoarmado / Marcos Alberto Ferreira da Silva. -- So Carlos :UFSCar, 2005.

    239 p.

    Dissertao (Mestrado) -- Universidade Federal de SoCarlos, 2005.

    1. Concreto armado. 2. Lajes nervuradas. 3. Pavimentosde edificaes. 4. Estruturas. I. Ttulo.

    CDD: 624.18341 (20a)

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    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus, presente em todos os momentos de minha vida e

    que me d a possibilidade de concretizar mais este sonho.

    Ao professor Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho, pela zelosa

    orientao, ensinamentos, incentivos, compreenso e, acima de tudo, pela amizade.

    Ao professor Jos Samuel Giongo, pelas valiosas correes e sugestes

    dadas no Exame de Qualificao.

    Ao professor e ao amigo Roberto Chust Carvalho, exemplo de dedicao

    ao trabalho e de carter, que me encaminhou profissionalmente e ensinou que no h

    nada que resista ao trabalho srio e honesto, em quem sempre procurei me espelhar.

    Aos professores do mestrado, pelos ensinamentos, dedicao, ateno e

    pacincia dispensadas durante o andamento do curso.

    Aos amigos Jos Ricardo Fernandes, Jorge Augusto Galvo Frem e Jorge

    Miguel Nucci, pelos constantes incentivos.

    Finalmente, aos meus pais Nestor e Eliza por tudo que sempre fizeram

    por mim.

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    RESUMO

    SILVA, M.A.F. (2005). Projeto e construo de lajes nervuradas de concreto armado.

    Dissertao (Mestrado em Construo Civil) Universidade Federal de So Carlos, So

    Carlos, 2005.

    A procura de solues que sejam simples e ao mesmo tempo eficazes, tragam reduo

    de custos, rapidez e versatilidade nas aplicaes crescente na construo civil. Em

    virtude de apresentarem uma srie de vantagens, as lajes nervuradas de concreto armado

    tm se firmado como excelente soluo para a construo de pavimentos de edificaes.

    Neste trabalho aborda-se este tipo de lajes, divulgando suas caractersticas, opes

    construtivas, funcionamento e comportamento estrutural e as principais recomendaes

    propostas por autores a todos os potenciais usurios (projetistas, construtores,

    proprietrios); apresentam-se as recomendaes da NBR 6118:2003 que entrou em

    vigor recentemente, os processos de clculo usualmente empregados para a

    determinao dos esforos solicitantes e deslocamentos transversais, roteiros com

    indicaes gerais sobre o projeto e construo, e exemplos ilustrativos com o clculo, o

    detalhamento e as verificaes do estado limite de servio (fissurao e deformao

    excessiva). Comparam-se os resultados obtidos simulando as lajes nervuradas armadas

    em duas direes como grelha com os obtidos admitindo-as como laje macia.

    Palavras-Chave: concreto armado, lajes nervuradas, pavimentos de edificaes,

    estruturas

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    ABSTRACT

    SILVA, M.A.F. (2005). Design and construction of reinforced concrete ribbed slabs.

    MSc Dissertation. Universidade Federal de So Carlos, So Carlos, 2005.

    The demand for simple and efficient solutions is increasing in civil construction,

    wherein the reduction of costs and the increase of speed and versatility within the

    applications are required. Due to its advantages, reinforced concrete ribbed slabs have

    been consolidated as an excellent alternative to compose buildings floors. The present

    research deals with this type of slab, disseminating its constructive characteristics,

    variations, structural behavior and the main recommendations proposed by different

    authors and addressing to all potential users (designers, constructors, contractors);

    recommendations, calculation methods to determine the internal forces and

    displacements, design and construction procedures according to the Brazilian code of

    practice NBR 6118:2003 are presented. Additionally, illustrative examples with the

    calculation, the detailing and the verifications of the serviceability limit state (crack

    width and extreme deformation) are presented. Finally, the results obtained from the

    examples simulating ribbed slabs in two directions are compared with the results

    obtained from the consideration of a massive slab.

    Keywords: reinforced concrete, rib slabs, buildings floors, structures

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    SUMRIO

    CAPTULO 1 INTRODUO............................................................................. 1

    1.1 CONSIDERAES PRELIMINARES................................................................ 1

    1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA....................................................................... 7

    1.3 BENEFCIOS ESPERADOS................................................................................ 8

    1.4 OBJETIVOS.......................................................................................................... 8

    1.5 PLANEJAMENTO DO TRABALHO.................................................................. 10

    CAPTULO 2 ASPECTOS GERAIS SOBRE PLACAS E LAJES................... 13

    2.1 CONSIDERAES PRELIMINARES................................................................ 13

    2.2 TIPOS USUAIS DE LAJES DE EDIFCIOS....................................................... 15

    2.2.1 Lajes Moldadas no Local de Concreto Armado.......................................... 15

    2.2.2 Lajes Pr-Fabricadas.................................................................................... 21

    2.3 AES NAS LAJES DOS EDIFCIOS............................................................... 28

    2.3.1 Tipos de Aes............................................................................................ 282.3.2 Aes Normalmente Consideradas nas Lajes dos Edifcios........................ 30

    2.4 RECOMENDAES GERAIS DA NBR 6118:2003 PARA AS LAJES DE

    CONCRETO ARMADO............................................................................................. 32

    2.4.1 Vos Efetivos............................................................................................... 32

    2.4.2 Espessura Mnima........................................................................................ 34

    2.4.3 Aberturas...................................................................................................... 34

    2.4.4 Cobrimento.................................................................................................. 36

    2.4.5 Detalhamento das Armaduras...................................................................... 39

    2.4.5.1 Armadura mnima de flexo............................................................. 39

    2.4.5.2 Armadura mxima de flexo............................................................ 41

    2.4.5.3 Armadura secundria de flexo (armadura de distribuio)............ 42

    2.4.5.4 Espaamento e dimetro mximo.................................................... 43

    2.4.5.5 Armaduras em bordas livres e aberturas.......................................... 43

    2.4.6 Estados Limites de Servio.......................................................................... 44

    2.4.6.1 Estados limites de servio referentes fissurao........................... 46

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    ii

    2.4.6.2 Estado limite de deformaes excessivas......................................... 54

    CAPTULO 3 CONSIDERAES GERAIS SOBRE AS LAJES

    NERVURADAS MOLDADAS NO LOCAL DE CONCRETO ARMADO........ 63

    3.1 CONSIDERAES PRELIMINARES................................................................ 63

    3.2 TIPOS DE LAJES................................................................................................. 64

    3.3 VINCULAO DAS LAJES............................................................................... 70

    3.4 MATERIAIS DE ENCHIMENTO....................................................................... 73

    3.5 FRMAS DE POLIPROPILENO........................................................................ 78

    3.6 ARMADURAS NECESSRIAS......................................................................... 80

    3.7 PRESCRIES NORMATIVAS......................................................................... 81

    3.7.1 Prescries da NBR 6118:2003................................................................... 82

    3.7.1.1 Dimenses limites............................................................................ 82

    3.7.1.2 Anlise estrutural.............................................................................. 83

    3.7.1.3 Verificao ao cisalhamento............................................................ 84

    3.7.1.4 Espaamento mximo entre estribos................................................ 86

    3.7.2 Prescries de Outros Autores (Normas Internacionais)............................. 873.7.2.1 Eurocode (1992) .............................................................................. 87

    3.7.2.2 Normas espanholas........................................................................... 87

    3.8 INDICAES GERAIS SOBRE A CONSTRUO DE LAJES

    NERVURADAS MOLDADAS NO LOCAL............................................................. 91

    3.9 INDICAES GERAIS SOBRE O PROJETO DE LAJES NERVURADAS

    MOLDADAS NO LOCAL......................................................................................... 98

    CAPTULO 4 ASPECTOS GERAIS SOBRE AS LAJES NERVURADAS

    COM VIGOTAS PR-FABRICADAS................................................................... 115

    4.1 CONSIDERAES PRELIMINARES................................................................ 115

    4.2 DESCRIO DAS LAJES NERVURADAS COM VIGOTAS PR-

    FABRICADAS............................................................................................................ 117

    4.3 PARMETROS GEOMTRICOS QUE DEFINEM A LAJE E AS

    NERVURAS............................................................................................................... 120

    4.4 CLASSIFICAO DAS LAJES NERVURADAS COM VIGOTAS PR-

    FABRICADAS............................................................................................................ 124

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    iii

    4.5 MATERIAIS CONSTITUINTES DAS LAJES NERVURADAS COM

    VIGOTAS PR-FABRICADAS................................................................................ 125

    4.6 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DAS LAJES NERVURADAS COM

    VIGOTAS PR-FABRICADAS................................................................................ 133

    4.7 AO DA LAJE NERVURADA COM VIGOTAS PR-FABRICADAS NOS

    SEUS APOIOS............................................................................................................ 135

    4.8 DIMENSIONAMENTO FLEXO DE LAJES NERVURADAS COM

    VIGOTAS PR-FABRICADAS................................................................................ 136

    4.9 VERIFICAO AO CISALHAMENTO DAS LAJES NERVURADAS COM

    VIGOTAS PR-FABRICADAS................................................................................ 139

    4.10 CLCULO DE FLECHAS NAS LAJES NERVURADAS COM VIGOTAS

    PR-FABRICADAS................................................................................................... 141

    4.11 INDICAES GERAIS SOBRE A CONSTRUO DE LAJES

    NERVURADAS COM VIGOTAS PR-FABRICADAS.......................................... 143

    4.12 INDICAES GERAIS SOBRE O PROJETO DE LAJES NERVURADAS

    COM VIGOTAS PR-FABRICADAS...................................................................... 148

    CAPTULO 5 PROCESSOS DE CLCULO FLEXO DE LAJES

    NERVURADAS DE CONCRETO ARMADO....................................................... 155

    5.1 CONSIDERAES PRELIMINARES................................................................ 155

    5.2 MTODO ELSTICO.......................................................................................... 156

    5.3 PROCESSOS DE CLCULO.............................................................................. 160

    5.3.1 Mtodo das Diferenas Finitas (MDF) ....................................................... 161

    5.3.2 Mtodo dos Elementos Finitos (MEF) ....................................................... 1625.3.3 Processo de Grelha Equivalente (Analogia de Grelha)............................... 164

    5.3.4 Processo de Resoluo de Placas Elsticas por Meio de Sries.................. 169

    CAPTULO 6 EXEMPLOS.................................................................................. 175

    6.1 CONSIDERAES PRELIMINARES................................................................ 175

    6.2 EXEMPLO 1 (PAVIMENTO COM LAJE NERVURADA MOLDADA NO

    LOCAL ARMADA EM UMA DIREO)............................................................... 175

    6.3 EXEMPLO 2 (LAJE NERVURADA MOLDADA NO LOCAL ARMADA

    EM DUAS DIREES)............................................................................................. 189

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    iv

    6.4 EXEMPLO 3 (LAJE NERVURADA MOLDADA NO LOCAL ARMADA

    EM DUAS DIREES)............................................................................................. 196

    6.5 EXEMPLO 4 (LAJE NERVURADA UNIDIRECIONAL COM VIGOTAS

    PR-FABRICADAS DE CONCRETO ARMADO).................................................. 212

    CAPTULO 7 CONSIDERAES FINAIS E CONCLUSES....................... 225

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................... 231

    ANEXO....................................................................................................................... 237

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    CAPTULO 1

    INTRODUO

    1.1 CONSIDERAES PRELIMINARESO pavimento de um edifcio, que um elemento estrutural de superfcie,

    pode ser projetado com elementos moldados no local ou pr-fabricados. Quando

    projetado com elementos moldados no local, o pavimento pode ser composto por uma

    nica laje (macia ou nervurada), sem vigas, apoiada diretamente em pilares, ou por um

    conjunto de lajes, macias ou nervuradas, apoiadas em vigas ou paredes de concreto ou

    de alvenaria estrutural; na figura 1.1 mostram-se estas possibilidades.

    a) Laje sem vigas, apoiada diretamente em pilares

    b) Laje macia apoiada em vigas

    c) Laje nervurada apoiada em vigas

    FIGURA 1.1. Esquemas estruturais de pavimentos de concreto armado

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    Para se projetar uma estrutura composta de lajes, vigas e pilares

    necessrio definir inicialmente o tipo de pavimento que ser empregado (principalmente

    em funo da finalidade da edificao, dos vos a vencer e das aes de utilizao), para

    ento determinar as aes finais e, a partir delas, calcular e detalhar os elementos da

    estrutura.

    Dependendo da finalidade da edificao projetada h um grau de

    exigncia de funcionalidade, dimenses mnimas e aes a serem atendidos. Desse

    modo, a escolha do sistema estrutural mais adequado para um determinado pavimento

    de um edifcio, assim como a definio do processo construtivo a ser utilizado,

    partindo-se sempre do pressuposto que em cada escolha o sistema estrutural dever ser

    projetado obedecendo a disposies normativas, deve ser feita considerando-se aspectos

    econmicos, de funcionamento, de execuo, e os relacionados interao com os

    demais subsistemas construtivos do edifcio. Devem ser considerados os principais

    parmetros:

    finalidade da edificao; projeto arquitetnico; aes de utilizao; altura do edifcio; dimenses dos vos que devem ser vencidos; rigidez adequada de modo que os deslocamentos transversais fiquem dentro dos

    limites prescritos pelas normas;

    rigidez s aes laterais; qualidade requerida; tempo de construo (execuo); exigncia de tcnicas especiais de construo; disponibilidade de equipamentos, materiais e mo-de-obra capacitada; possibilidade ou facilidade de racionalizao da construo; custos da estrutura e do edifcio; interao com os demais subsistemas construtivos da edificao (instalaes,

    vedaes, etc.);

    possibilidades ou exigncias estticas.

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    Para pavimentos em que o menor vo a ser vencido pelas lajes pequeno

    ou mdio (lajes em que a dimenso do menor vo terico no maior que 5 m) e com

    aes a serem suportadas no muitas elevadas, normalmente tm-se empregado as lajes

    nervuradas com vigotas pr-fabricadas e as lajes macias apoiadas em vigas (sistema

    tradicional), estas ltimas por demandarem, nesta situao, espessura pequena; como o

    custo de uma laje macia est diretamente relacionado, entre outros, com a espessura da

    mesma (o custo das frmas praticamente no se altera em funo da altura da laje), lajes

    esbeltas, ou seja, com pequena espessura, so mais econmicas.

    Entretanto, para grandes vos, principalmente por apresentarem nesse

    caso valores elevados de deslocamentos transversais, as lajes nervuradas com vigotas

    pr-fabricadas no so adequadas, e o emprego de lajes macias, quando possvel, pode

    ser antieconmico, pois nesse caso a espessura necessria da laje, para atender ao

    critrio de pequenos deslocamentos transversais, tambm ser grande, ao passo que a

    profundidade da linha neutra (linha em relao a qual as tenses normais atuantes na

    seo transversal do elemento estrutural passam de trao para compresso)

    provavelmente resultar pequena; como o concreto situado abaixo da linha neutra se

    encontra submetido a tenses de trao por causa da flexo e, sendo a resistncia do

    mesmo a este tipo de tenso desprezada no estado limite ltimo, tem-se como resultado

    uma estrutura com grande quantidade de material inerte e, conseqentemente, com

    grande peso prprio. Esse concreto serve apenas para proteger e manter a armadura

    tracionada em sua posio, garantindo a altura til (distncia do centro de gravidade da

    armadura longitudinal tracionada fibra mais comprimida do concreto) necessria da

    laje.

    Desse modo, em se tratando de grandes vos, uma alternativa utilizar as

    lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado, pois apresentam pequenos

    deslocamentos transversais, alm de permitirem uma construo racionalizada, com a

    mesma tecnologia empregada nas lajes macias; as lajes nervuradas, moldadas no local

    ou com vigotas pr-fabricadas, possibilitam que o peso prprio da estrutura seja

    reduzido suprimindo-se nas zonas tracionadas da seo transversal parte do concreto

    que no trabalha estruturalmente, deixando apenas algumas faixas deste, onde estaro

    agrupadas as armaduras tracionadas. A essas regies de trao, com armaduras

    concentradas, d-se o nome de nervuras, e da o termo lajes nervuradas (figura 1.2).

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    mesa

    vaziovazio

    armadura principal

    armadura de distribuio

    vaziovazio

    nervuraarmadura principal

    mesa

    vazio vazio

    nervura

    vazio

    armadura de distribuio

    vazio

    armadura principal

    mesa

    vazio vazio

    nervura

    vazio

    armadura de distribuio

    vazio

    FIGURA 1.2. Laje nervurada moldada no local

    As lajes nervuradas resultam em famlias de vigas (nervuras), em uma ou

    duas direes, solidarizadas pela mesa, com comportamento intermedirio entre grelha e

    laje macia.

    De acordo com a NBR 6118:2003 lajes nervuradas so as lajes

    moldadas no local ou com nervuras pr-moldadas, cuja zona de trao para momentos

    positivos est localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte.

    Por apresentar um brao de alavanca maior (distncia entre as foras

    resultantes das tenses de trao na armadura e compresso no concreto) do que as lajesmacias, as lajes nervuradas moldadas no local tm maior rigidez e resistem a maiores

    esforos (ou vencem vos maiores), com um aproveitamento mais eficiente do ao e do

    concreto.

    Nas lajes nervuradas moldadas no local, para criar os espaos entre as

    nervuras, recomendado empregar elementos de enchimento leves que permaneam no

    local (tijolos cermicos, blocos de concreto celular ou de poliestireno expandido, etc.),

    pois caso contrrio haver aumento no consumo de frmas, maior at que no caso das

    lajes macias, comprometendo assim a economia conseguida com a reduo da

    quantidade de concreto, ou ento utilizar frmas reaproveitveis (de polipropileno ou

    metlicas) que se encontram disponveis comercialmente para aluguel.

    No caso de utilizar frmas reaproveitveis e desejar esconder as nervuras

    e os espaos vazios entre as mesmas, podem ser empregadas placas de gesso ou de

    madeira que se fixam na prpria laje; importante destacar que o emprego destas placas

    contribui para o aumento dos custos, pois so caras. Utilizando elementos de

    enchimento nos espaos entre as nervuras, alm de possibilitarem um acabamento plano

    do teto, estes serviro de frma para a mesa da laje e para as faces laterais das nervuras;

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    nesse caso utiliza-se frma apenas para a face inferior das nervuras, constituda

    normalmente de um tablado de madeira que sustentado por um cimbramento que pode

    ser em estrutura de madeira ou metlica. Este tablado de madeira serve tambm de

    apoio para os elementos de enchimento durante a construo do pavimento.

    Dentre as vantagens que as lajes nervuradas moldadas no local de

    concreto armado apresentam, algumas merecem ser destacadas:

    permitem vencer grandes vos, liberando espaos, o que vantajoso em locais comogaragens, onde os pilares, alm de dificultarem as manobras dos veculos, ocupam

    regies que serviriam para vagas de automveis;

    podem ser construdas com a mesma tecnologia empregada nas lajes macias,diferentemente das lajes protendidas que exigem tcnicas especiais de construo;

    versatilidade nas aplicaes, podendo ser utilizadas em pavimentos de edificaescomerciais, residenciais, educacionais, hospitalares, garagens, shoppings centers,

    clubes, etc.;

    permitem o uso de alguns procedimentos de racionalizao, tais como o uso de telaspara a armadura de distribuio e a utilizao de instalaes eltricas embutidas;

    as lajes nervuradas tambm so adequadas aos sistemas de lajes sem vigas, devendomanter-se regies macias apenas nas regies dos pilares, onde h grande

    concentrao de esforos;

    pelas suas caractersticas (grande altura e pequeno peso prprio), so adequadas paragrandes vos; em se tratando de grandes vos estas lajes apresentam deslocamentos

    transversais menores que os apresentados pelas lajes macias e por aquelas com

    nervuras pr-fabricadas, conforme mencionado anteriormente.

    Em contrapartida, as lajes nervuradas moldadas no local de concreto

    armado apresentam uma srie de desvantagens, dentre as quais merecem ser destacadas

    as seguintes:

    normalmente aumentam a altura total da edificao; aumentam as dificuldades de compatibilizao com outros subsistemas (instalaes,

    vedaes, etc.);

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    construo com maior nmero de operaes na montagem;

    dificuldade em projetar uma modulao nica para o pavimento todo, de maneiraque o espaamento entre as nervuras seja sempre o mesmo;

    exigem maiores cuidados durante a concretagem para se evitar vazios (bicheiras)nas nervuras (que costumam ser de pequena largura);

    dificuldades na fixao dos elementos de enchimento, com a possibilidade demovimentao dos mesmos durante a concretagem;

    resistncia da seo transversal diferenciada em relao a momentos fletorespositivos e negativos, necessitando de clculo mais elaborado.

    Tradicionalmente as lajes nervuradas moldadas no local de concreto

    armado tm sido analisadas admitindo-as, por simplificao, como lajes macias,

    determinando-se os esforos solicitantes e os deslocamentos transversais mediante a

    utilizao de tabelas de lajes elaboradas a partir do emprego da teoria das placas

    delgadas, a qual as considera em regime elstico; importante destacar que nesse caso

    consideram-se as vigas de contorno da laje indeslocveis na direo vertical, no

    correspondendo realidade. Essa metodologia, constante em diversas referncias

    bibliogrficas, tambm encontra respaldo na NBR 6118:2003, a qual permite que as

    lajes nervuradas sejam calculadas como macias desde que observadas algumas

    recomendaes quanto s dimenses da mesa e das nervuras e tambm espaamento

    entre as nervuras. Ao permitir essa simplificao, supe que a laje nervurada

    apresentar a mesma rigidez toro que a laje macia equivalente, o que no

    verdade. Desse modo, os esforos solicitantes e os deslocamentos transversais assim

    obtidos podem resultar bastante aqum dos reais.

    Assim, quando utilizadas, tem-se recomendado que estas lajes sejam

    analisadas empregando-se outros processos de clculo, como por exemplo o mtodo dos

    elementos finitos (MEF) ou o processo de analogia de grelha; importante ressaltar que,

    diferentemente do que ocorre no clculo dos esforos solicitantes e dos deslocamentos

    transversais utilizando as tabelas elaboradas para lajes macias, nestes dois processos

    pode-se considerar as vigas de contorno das lajes nervuradas, caso existam, como

    deformveis verticalmente, e incluir na anlise a no linearidade fsica do concreto

    armado, sendo mais real.

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    1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISAA crescente concorrncia no mercado da construo civil tem levado

    tanto os projetistas de estruturas de concreto armado como tambm as construtoras a

    uma constante busca por solues que, alm de simples e eficazes, tragam reduo de

    custos (material e/ou mo-de-obra), rapidez, versatilidade nas aplicaes ou que ainda

    proporcionem um aumento na relao custo-benefcio. Deve-se ressaltar que nessa

    busca, ao contrrio do que ocorreu em tempos passados, a preocupao com a qualidade

    e durabilidade das construes tem sido maior.

    Embora as vantagens das lajes nervuradas moldadas no local de concreto

    armado fossem reconhecidas j h bastante tempo, o meio tcnico tradicionalmente

    apresentou resistncia ao seu emprego, principalmente em relao s lajes nervuradas

    bidirecionais (nervuras em duas direes), em virtude do alto consumo de frmas

    necessrias sua construo, as quais, geralmente de madeira, elevavam em muito o

    custo destas lajes. Hoje, porm, este panorama est se modificando. O desenvolvimento

    tecnolgico que levou criao de novos materiais e mtodos construtivos, como os

    blocos leves de poliestireno expandido (conhecidos pela sigla EPS isopor) e os de

    concreto celular, e as frmas plsticas reaproveitveis aplicadas especialmente

    produo de lajes nervuradas moldadas no local (frmas de polipropileno), tornou o

    emprego dessas lajes uma soluo vivel economicamente, sendo este um dos motivos

    que tem contribudo para que estejam cada vez mais presentes na construo de

    pavimentos de edifcios de mltiplos pisos.

    Com a recente entrada em vigor da NBR 6118:2003, em substituio a

    NBR 6118:1980, necessrio estudar as alteraes propostas no projeto de lajes em

    geral e de lajes nervuradas em particular (verificao da segurana com relao aos

    estados limites ltimos e de servio, dimenses, recomendaes construtivas, etc.),

    servindo de referncia tanto para aqueles que esto no meio acadmico como tambm

    para os profissionais que trabalham com o projeto de estruturas em concreto armado.

    Tambm importante que o sistema de lajes nervuradas se torne cada

    vez mais conhecido, em virtude das vantagens que apresenta, divulgando-se

    amplamente suas caractersticas, opes construtivas e comportamento estrutural a

    todos os potenciais usurios (projetistas, construtores, proprietrios).

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    1.3 BENEFCIOS ESPERADOSCom este estudo espera-se obter informaes que esclaream as

    principais alteraes propostas pelo texto da norma brasileira NBR 6118:2003 no que se

    refere ao projeto e construo das lajes nervuradas, servindo de suporte para queles que

    desejam estudar, projetar e utilizar este tipo de laje

    Em virtude das diversas vantagens que apresentam, espera-se, tambm,

    incentivar ainda mais a utilizao destas lajes como uma excelente soluo estrutural

    para pavimentos de edifcios de concreto armado, mostrando toda a potencialidade do

    sistema de lajes nervuradas com suas principais caractersticas e alternativas

    construtivas.

    Por meio da apresentao das principais recomendaes propostas pelos

    autores pesquisados (livros, normas vigentes, etc.), de exemplos resolvidos e roteiros

    gerais sobre o clculo, projeto e construo de lajes nervuradas, moldadas no local e

    com nervuras pr-fabricadas, espera-se ainda fornecer, queles que estudam, subsdios

    para a pesquisa, e aos potenciais usurios, subsdios que auxiliem na escolha, no projeto

    e na construo dessas lajes.

    1.4 OBJETIVOSO objetivo principal deste trabalho contribuir para o aprimoramento da

    pesquisa sobre as lajes nervuradas de concreto armado, moldadas no local e com

    nervuras pr-fabricadas.

    Como objetivos especficos pode-se relacionar:

    a) fazer uma introduo a respeito das lajes em geral, apresentando as principaisfunes que desempenham nas estruturas dos edifcios, como estas podem ser

    classificadas, os tipos usuais empregados na construo de pavimentos de edifcios,

    os tipos de aes normalmente consideradas no seu projeto e, tambm, apresentar as

    recomendaes gerais propostas pela NBR 6118:2003 para as lajes de concreto

    armado (vos efetivos, espessura mnima, detalhamento das armaduras, etc.);

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    b) fazer uma ampla introduo a respeito das lajes nervuradas de concreto armado(moldadas no local e com nervuras pr-fabricadas), apresentando consideraes

    gerais sobre o seu projeto (clculo, detalhamento e verificaes do estado limite de

    servio), funcionamento e comportamento estrutural, caractersticas, tipos,

    alternativas construtivas (materiais e mtodos construtivos empregados) e as

    principais recomendaes propostas pelos autores pesquisados (livros, manuais,

    normas nacionais e internacionais, etc.) para as mesmas, e apontando em quais

    condies adequado o uso destas lajes;

    c) fornecer roteiros com indicaes gerais sobre o projeto e construo de lajesnervuradas de concreto armado (moldadas no local e com nervuras pr-fabricadas);

    d) apresentar os processos de clculo usualmente empregados para a determinao dosesforos solicitantes e deslocamentos transversais das placas (com o emprego de

    tabelas prticas, processo de analogia de grelha, etc.), destacando as hipteses que

    devem ser feitas em cada processo e em que situaes mais adequado o uso de

    cada um deles;

    e) resolver exemplos em que se mostra o clculo, o detalhamento e as verificaes doestado limite de servio (fissurao e deformao excessiva) para lajes nervuradas

    moldadas no local armadas em uma e em duas direes, simulando estas ltimas

    como grelhas (processo de analogia de grelha), utilizando-se para tal o programa de

    computador GPLAN4 desenvolvido na Escola de Engenharia de So Carlos,

    comparando os resultados (esforos solicitantes e deslocamentos transversais) com

    os obtidos utilizando o clculo admitindo a laje nervurada como laje macia (com o

    emprego de tabelas elaboradas com base na teoria das placas elsticas), conforme

    permitido pela NBR 6118:2003;

    f) estimar deslocamentos transversais em lajes nervuradas de concreto armadoadmitindo comportamento no linear para o concreto, ou seja, levando em

    considerao os efeitos da fissurao e fluncia, seguindo as recomendaes

    propostas pela NBR 6118:2003;

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    g) resolver exemplos de lajes nervuradas unidirecionais com vigotas pr-fabricadas,admitindo os elementos pr-fabricados como simplesmente apoiados.

    h) apresentar as concluses finais do trabalho e fazer propostas de novos estudos.

    1.5 PLANEJAMENTO DO TRABALHOEste trabalho est dividido em sete captulos, referncias bibliogrficas, e

    anexo.

    Neste captulo 1 apresentam-se a introduo do assunto, as justificativas

    e os benefcios esperados da pesquisa, os objetivos e o planejamento do trabalho (como

    ele se encontra dividido).

    No captulo 2 faz-se uma introduo a respeito das lajes em geral,

    apresentando as principais funes que desempenham nas estruturas dos edifcios, como

    elas podem ser classificadas, os tipos usuais empregados na construo de pavimentos

    de edifcios, e os tipos de aes normalmente consideradas no seu projeto. Finalmente,

    so apresentadas as recomendaes gerais propostas pela NBR 6118:2003 para as lajes

    de concreto armado (vos efetivos, espessura mnima, aberturas, detalhamento das

    armaduras, etc.).

    No captulo 3 aborda-se as lajes nervuradas moldadas no local de

    concreto armado, apresentando consideraes gerais sobre o seu projeto (clculo,

    detalhamento e verificaes do estado limite de servio), funcionamento e

    comportamento estrutural, vinculao, caractersticas, tipos, alternativas construtivas

    (materiais e mtodos construtivos empregados na sua construo), as recomendaes

    gerais propostas pela NBR 6118:2003, e as principais recomendaes dadas pelos

    demais autores pesquisados; aponta-se em quais condies adequado o uso destas

    lajes, fornecendo ainda roteiros com indicaes gerais sobre o projeto e construo das

    mesmas.

    No captulo 4 aborda-se as lajes nervuradas de concreto armado

    constitudas por nervuras pr-fabricadas. Para estas lajes apresentam-se as principais

    vantagens e desvantagens, as caractersticas, os tipos (como so classificadas), os

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    parmetros geomtricos que definem a laje e as nervuras (intereixo, altura total da laje,

    espessura da capa, etc.), informaes gerais sobre os materiais e elementos

    constituintes, as recomendaes gerais dadas pelas normas nacionais e as principais

    recomendaes propostas pelos demais autores pesquisados, e aponta-se em quais

    condies adequado o uso das mesmas. Discute-se o comportamento e funcionamento

    estrutural dessas lajes e como considerar a sua ao nas vigas do pavimento.

    Finalmente, so fornecidos roteiros com indicaes gerais sobre o projeto e construo

    dessas lajes.

    No captulo 5 apresentam-se os processos de clculo usualmente

    empregados para a determinao dos esforos solicitantes e deslocamentos transversais

    das placas (com o emprego de tabelas elaboradas com base na teoria das placas

    elsticas, processo de analogia de grelha, etc.), destacando as hipteses que devem ser

    feitas em cada processo e em que situaes mais adequado o uso de cada um deles.

    No captulo 6 apresentam-se exemplos ilustrativos em que se mostra o

    clculo, o detalhamento e as verificaes do estado limite de servio (fissurao e

    deformao excessiva) para lajes nervuradas moldadas no local armadas em uma e em

    duas direes, simulando estas ltimas como grelhas (processo de analogia de grelha),

    utilizando-se para tal o programa de computador GPLAN4, comparando os resultados

    (esforos solicitantes e deslocamentos transversais) com os obtidos utilizando o clculo

    admitindo a laje nervurada como laje macia (com o emprego de tabelas elaboradas

    com base na teoria das placas elsticas), conforme permitido pela NBR 6118:2003;

    nestes exemplos estimam-se os deslocamentos transversais admitindo comportamento

    no linear para o concreto, ou seja, levando em considerao os efeitos da fissurao e

    fluncia, seguindo as recomendaes propostas pela NBR 6118:2003. Finalmente,

    apresenta-se um exemplo ilustrativo de laje nervurada unidirecional com vigotas pr-

    fabricadas, admitindo os elementos pr-fabricados como simplesmente apoiados; neste

    exemplo, estimam-se os deslocamentos transversais admitindo comportamento no

    linear para o concreto.

    No captulo 7 apresentam-se as concluses finais do trabalho, bem como

    sugestes/propostas para o prosseguimento da pesquisa.

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    CAPTULO 2

    ASPECTOS GERAIS SOBRE PLACAS E LAJES

    2.1 CONSIDERAES PRELIMINARES

    Segundo definio constante na NBR 6118:2003, placas (figura 2.1) so

    elementos estruturais de superfcie (elementos estruturais bidimensionais), planos, em

    que as aes atuantes so predominantemente perpendiculares a seu plano mdio. A

    dimenso normal ao plano mdio normalmente chamada de espessura, e

    relativamente pequena em face das outras duas dimenses (comprimento e largura).

    largura comp

    rimento

    espess

    ura

    largura

    espess

    ura

    comp

    rimento

    largura

    espess

    ura

    comp

    rimento

    FIGURA 2.1. Placa

    Nas estruturas dos edifcios, as placas de concreto armado ou protendido,

    usualmente denominadas lajes, so normalmente construdas para suportar as aes

    verticais permanentes e variveis atuantes nos pavimentos (pisos e coberturas das

    edificaes) (figura 2.2); as lajes so submetidas essencialmente a esforos solicitantes

    de flexo, momentos fletores e foras cortantes.

    Nas estruturas ditas convencionais, do tipo laje-viga-pilar, as lajes tm

    outras funes importantes, como por exemplo no contraventamento das estruturas,

    funcionando como diafragmas (infinitamente rgidos no seu plano) que distribuem as

    aes horizontais atuantes entre as estruturas de contraventamento, por exemplo,

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    prticos formados por pilares e vigas. Outra funo importante das lajes a de, quando

    construdas ligadas monoliticamente s vigas, para momentos fletores positivos,

    funcionarem como mesas de compresso da seo T.

    vigavigavigalajelajelaje

    pilarpilarpilar

    FIGURA 2.2. Perspectiva de um pavimento de concreto armado

    Por uma srie de fatores que sero vistos ao longo deste trabalho, as lajes

    aparecem de vrias maneiras nos pavimentos das edificaes (em concreto armado ou

    em concreto protendido, macias ou nervuradas, com ou sem vigas, moldadas no local

    ou com elementos pr-fabricados, etc.), compondo os chamados sistemas estruturais

    para pavimentos de edifcios.Nos edifcios de mltiplos pisos com estruturas em concreto armado as

    lajes so responsveis pelo consumo de elevada parcela do volume total de concreto

    utilizado. De acordo com FRANCA & FUSCO (1997), utilizando-se o sistema de lajes

    macias com vigas nos pavimentos de edifcios usuais de concreto armado, tambm

    conhecido como sistema tradicional, esta parcela chega a quase dois teros do volume

    total de concreto consumido pelas estruturas do edifcio (no conjunto total da

    edificao). Desse modo, no somente pelo fato de estarem sempre presentes nacomposio estrutural dos pavimentos das edificaes, mas tambm pelo consumo de

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    concreto que representam, de suma importncia a escolha do tipo de laje (ou sistema

    estrutural) mais adequado para um determinado pavimento de um edifcio de concreto

    armado; importante ressaltar que a escolha do sistema estrutural mais adequado para

    um determinado pavimento de um edifcio uma opo que cabe ao projetista de

    estruturas, que a faz normalmente em funo de sua experincia profissional, levando

    em conta aspectos econmicos, de funcionamento, de execuo, e os relacionados

    interao com os demais subsistemas construtivos do edifcio (instalaes, vedaes,

    etc.).

    Neste captulo faz-se uma introduo a respeito das lajes em geral.

    Inicialmente apresenta-se como as lajes podem ser classificadas, destacando os tipos

    usuais empregados na construo de pavimentos de edifcios com suas principais

    caractersticas. Indicam-se os tipos de aes normalmente consideradas no projeto das

    lajes das edificaes e, finalmente, so apresentadas as recomendaes gerais propostas

    pela NBR 6118:2003 para as lajes de concreto armado (vos efetivos, espessura

    mnima, aberturas, detalhamento das armaduras, etc.).

    2.2 TIPOS USUAIS DE LAJES DE EDIFCIOS

    De maneira geral pode-se dividir as lajes de edifcios em dois grandes

    grupos: as lajes moldadas no local (in loco), construdas em toda a sua totalidade na

    prpria obra, no local em que sero utilizadas, e as construdas com elementos pr-

    fabricados, normalmente produzidos fora do canteiro de obras, industrialmente. Podem

    tambm ser de concreto armado ou de concreto protendido, independentemente se pr-

    fabricadas ou moldadas no local em que sero utilizadas.

    2.2.1 Lajes Moldadas no Local de Concreto Armado

    As lajes moldadas no local de concreto armado podem ser subdivididas

    em lajes com vigas e lajes sem vigas e, ainda, cada uma delas podendo ser macia ou

    nervurada.

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    As lajes macias so aquelas constitudas por uma placa de concreto

    armado na qual a espessura mantida constante ao longo de toda a superfcie, sendo de

    uso mais freqente as que se apiam em vigas. Historicamente, na construo de

    edifcios de mltiplos pisos com estruturas em concreto armado, tm sido as lajes mais

    utilizadas.

    Para construir um pavimento utilizando lajes macias de concreto armado

    necessrio o emprego de uma estrutura auxiliar que sirva de frma; essa estrutura

    auxiliar constituda de um tablado horizontal normalmente construdo empregando-se

    compensados de madeira. H necessidade tambm de cimbramento, o qual pode ser em

    estrutura de madeira ou metlica, sendo esta ltima a de uso mais freqente atualmente

    nas edificaes de mdio e grande porte; atualmente existem vrias empresas que

    disponibilizam comercialmente para aluguel sistemas de escoramentos compostos por

    elementos metlicos, o que tem contribudo para a crescente utilizao dos mesmos.

    importante destacar que o custo de pavimentos construdos utilizando essas lajes

    diminui consideravelmente quando o pavimento se repete, pois nesse caso pode-se

    utilizar as mesmas frmas e o mesmo cimbramento vrias vezes; as frmas representam

    uma grande parcela do custo final da estrutura, em particular da laje.

    As lajes macias, quando utilizadas, permitem o uso de alguns

    procedimentos de racionalizao, tais como empregar armadura em telas e embutir

    tubulaes eltricas ou de outros tipos de instalaes nas mesmas. Outra vantagem

    apresentada pelas lajes macias a versatilidade nas aplicaes, podendo ser utilizadas

    em pavimentos de edificaes comerciais, residenciais, educacionais, hospitalares,

    clubes, etc.

    As lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado, por sua vez,so constitudas por uma ou duas mesas e por nervuras normalmente posicionadas em

    uma ou duas direes e onde so concentradas as armaduras de trao (armadura

    longitudinal principal das nervuras); a mesa pode ser superior ou inferior s nervuras, ou

    ento, no caso de existirem duas mesas, uma superior e a outra inferior a estas. No

    captulo 3 sero apresentadas figuras destacando todas estas possibilidades.

    Neste tipo de lajes os espaos entre as nervuras podem ser ocupados por

    elementos de enchimento leves, inertes, sem funo estrutural, ou ento permaneceremvazios; importante destacar que os elementos de enchimento servem de frma para as

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    faces laterais das nervuras e, quando existe uma mesa superior s nervuras, tambm

    para esta.

    Para construir um pavimento utilizando lajes nervuradas em que a mesa

    superior s nervuras, caso mais comum, e com elementos de enchimento colocados

    entre as nervuras, possibilitando assim um acabamento plano do teto, necessrio o

    emprego de uma estrutura auxiliar que sirva de frma apenas para a face inferior das

    nervuras e, simultaneamente, de apoio para os elementos de enchimento; essa estrutura

    auxiliar constituda de um tablado horizontal normalmente construdo empregando-se

    compensados de madeira, sustentado por um cimbramento que, assim como para as

    lajes macias, pode ser em estrutura de madeira ou metlica.

    Ainda nesse caso, no utilizando elementos de enchimento entre as

    nervuras, criando espaos vazios entre elas, necessrio o emprego de frma em toda a

    laje (face inferior da mesa e faces laterais e inferior das nervuras); nesta situao,

    normalmente vinha se utilizando frmas de madeira, porm, principalmente por conta

    dos altos custos deste material, atualmente tm-se optado, para a moldagem dessas lajes,

    pela utilizao de frmas de polipropileno (tambm conhecidas como cabacinhas),

    reaproveitveis, que se apiam diretamente no escoramento. oportuno destacar que

    utilizando as frmas de polipropileno no se obtm um acabamento plano do teto e, se

    esse for o aspecto esttico desejado, h a necessidade de empregar-se placas de gesso ou

    de outro material, normalmente caras.

    O captulo 3 deste trabalho dedicado exclusivamente ao estudo das lajes

    nervuradas moldadas no local de concreto armado, onde sero abordadas com maiores

    detalhes; as principais vantagens dessas lajes foram destacadas no captulo 1.

    Quanto ao tipo de apoio, as lajes moldadas no local de concreto armado,tanto as macias como as nervuradas, podem ser apoiadas em vigas (apoio contnuo),

    diretamente em pilares (apoio discreto), ou ento apoiadas em paredes de concreto ou de

    alvenaria estrutural (apoio contnuo); importante ressaltar que no caso das lajes

    nervuradas, se apiam em pilares apenas aquelas que possuem nervuras em duas

    direes (lajes nervuradas bidirecionais, armadas em duas direes).

    No primeiro caso, para efeito de clculo, geralmente admite-se que as

    aes aplicadas s lajes so transmitidas, por estas, s vigas de contorno, que astransmitem aos pilares e estes, finalmente, s fundaes. Nesta situao, as lajes

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    distribuem as aes que nelas atuam em todas as vigas de contorno. Com isso, h um

    melhor aproveitamento das vigas do pavimento, pois todas elas, dependendo apenas dos

    vos das lajes, podem estar submetidas a aes da mesma ordem de grandeza. A figura

    2.3 mostra a perspectiva de um pavimento com laje macia de concreto armado que se

    apia em vigas.

    viga

    estacas

    bloco

    pilar

    laje

    viga

    pilar

    bloco

    estacas

    laje

    viga

    pilar

    bloco

    estacas

    laje

    FIGURA 2.3. Perspectiva de um pavimento com laje macia apoiada em vigas

    No segundo caso as aes aplicadas s lajes so transmitidas, por estas,

    diretamente aos pilares, e da s fundaes. importante ressaltar que na ligao entre a

    laje e os pilares podem existir capitis, que so engrossamentos dos pilares em forma de

    troncos de pirmides (aumento da seo transversal do pilar), os bacos (tambm

    chamados de pastilha ou drop panel), que so engrossamentos da laje (aumento da

    espessura da laje), ou ainda ambos, projetados com a finalidade de se diminuir as

    tenses de cisalhamento e evitar a possibilidade de puncionamento da laje, uma vez que

    nestas regies sempre atuam foras cortantes elevadas, e em algumas situaes altos

    momentos fletores (figura 2.4). Na figura 2.5 mostra-se a perspectiva de um painel de

    laje macia apoiado diretamente em pilares, com capitel e baco na ligao com os

    mesmos.

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    importante ressaltar que alm de resultarem em tetos no lisos, os

    bacos e os capitis impem dificuldades na sua construo e tambm do pavimento,

    principalmente no que se refere montagem das frmas, e em decorrncia destes fatos

    tem-se aconselhado evitar essas solues para combater a puno na ligao laje-pilar

    nas lajes macias sem vigas; a utilizao de armadura especfica para combater a

    puno tem se mostrado como uma boa alternativa. Diversos tipos de armadura de

    cisalhamento comumente utilizados para combater puno em lajes macias sem

    vigas podem ser vistos em vrios autores, por exemplo FIGUEIREDO FILHO (1989),

    CORDOVIL & FUSCO (1995), MELGES (2001) e SILVA et al. (2003). Na figura 2.6

    mostra-se a perspectiva de um painel de laje macia apoiado diretamente em pilares,

    estes sem capitel ou baco.

    lajelaje

    "drop panel"capitel

    laje

    capitel"drop panel"

    laje laje

    capitel "drop panel"

    laje

    "drop panel"capitel

    laje laje

    capitel "drop panel"

    laje

    "drop panel"capitel

    FIGURA 2.4. Exemplos de capitel e de drop panel (baco)

    bacobacobaco

    capitelcapitelcapitel

    pilarpilarpilar

    lajelajelaje

    FIGURA 2.5. Laje macia sem vigas com capitel e baco na ligao com os pilares

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    pilar

    laje

    pilar

    laje

    pilar

    laje

    FIGURA 2.6. Laje macia sem vigas sem capitel ou baco na ligao com os pilares

    No terceiro caso as aes aplicadas s lajes so transmitidas, por estas,

    diretamente s paredes de concreto ou de alvenaria estrutural nas quais se apiam. Nesta

    situao, as lajes distribuem as aes que nelas atuam em todas as paredes de contorno,as quais, dependendo apenas dos vos das lajes, podem estar submetidas a aes da

    mesma ordem de grandeza. Ressalta-se que no caso de paredes de alvenaria estrutural,

    junto s lajes (ltima fiada das paredes), so construdas vergas de concreto com a

    finalidade de proporcionar uma melhor distribuio das aes da laje sobre os painis de

    alvenaria. importante destacar ainda que, enquanto no primeiro caso (apoio contnuo

    de viga), h deformao vertical no contorno da laje, neste terceiro caso esta

    praticamente no ocorre. Na figura 2.7 mostra-se a perspectiva de um pavimento com

    laje macia apoiada em paredes e vigas de concreto armado.

    oportuno destacar que, caso sejam apoiadas em vigas ou paredes

    (apoios contnuos) e quando a relao entre o maior e o menor vo efetivo da laje

    menor ou igual a dois, para efeito de clculo costuma-se considerar que as lajes macias

    trabalham em duas direes, ou so armadas em duas direes; quando essa relao

    maior que dois, essas lajes so consideradas trabalhando em apenas uma direo, a do

    menor vo efetivo, e nesse caso, sem levar em conta armaduras construtivas ou mnimas

    exigidas, so armadas apenas nessa direo.

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    viga alavancaviga alavancaviga alavanca

    blocoblocobloco

    estacasestacasestacas

    concretoparede deconcreto

    parede deparede deconcreto

    vigavigaviga

    pilarpilarpilar

    lajelajelaje

    viga baldrameviga baldrameviga baldrame

    FIGURA 2.7. Pavimento com laje macia apoiada em paredes e vigas de concreto

    2.2.2 Lajes Pr-Fabricadas

    Basicamente, as lajes pr-fabricadas podem ser divididas em dois grupos:

    as nervuradas com vigotas pr-fabricadas, e as em painis.

    As lajes nervuradas com vigotas pr-fabricadas so construdas com oemprego de vigotas unidirecionais pr-fabricadas (elementos lineares pr-fabricados),

    elementos leves de enchimento posicionados entre as vigotas (apoiados nas vigotas), e

    concreto moldado no local (concreto de capeamento), como ilustrado na figura 2.8.

    Os elementos pr-fabricados utilizados neste tipo de laje podem ser com

    ou sem armadura saliente, com seo transversal em forma de T invertido ou I. Os

    materiais de enchimento normalmente utilizados so blocos vazados de material

    cermico (lajotas cermicas) ou concreto celular ou, ainda, blocos de poliestirenoexpandido (blocos de EPS). Na figura 2.9 so mostradas algumas alternativas.

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    lajota trilholajota trilhotrilholajota trelialajota trelialajotalajota trelia

    capa de concretocapa de concretocapa de concreto capa de concretocapa de concretocapa de concreto

    a) Laje tipo trilho b) Laje tipo trelia

    FIGURA 2.8. Sees transversais de lajes nervuradas com vigotas pr-fabricadas

    (de concreto protendido)

    (de concreto armado)

    (de concreto armado)

    Vigota com armao treliada

    Vigota tipo trilho

    Vigota tipo trilho

    Bloco de poliestireno expandido

    Bloco de concreto celular

    Bloco cermicoVigota tipo trilho(de concreto protendido) Bloco cermico

    Vigota tipo trilho

    Vigota com armao treliada

    (de concreto armado)

    (de concreto armado) Bloco de concreto celular

    Bloco de poliestireno expandido

    Vigota tipo trilho(de concreto protendido) Bloco cermico

    Vigota tipo trilho

    Vigota com armao treliada

    (de concreto armado)

    (de concreto armado) Bloco de concreto celular

    Bloco de poliestireno expandido

    a) Tipos de vigotas b) Elementos de enchimento

    Figura 2.9. Tipos de vigotas e de elementos de enchimento empregados nas lajesformadas com nervuras pr-fabricadas

    Para construir um pavimento utilizando este tipo de laje no necessrio

    o emprego de frmas para a concretagem da capa e de parte da nervura, pois as vigotas

    e os elementos de enchimento fazem esse papel; o escoramento utilizado reduzido e

    pode ser composto por elementos de madeira ou metlicos. Atualmente o emprego de

    escoramento composto por elementos de madeira est praticamente restrito s obras depequeno porte.

    As lajes nervuradas com vigotas pr-fabricadas, quando utilizadas,

    permitem o uso de alguns procedimentos de racionalizao, tais como empregar

    armadura em telas e embutir tubulaes eltricas ou de outros tipos de instalaes nas

    mesmas. Outra vantagem apresentada por essas lajes a versatilidade nas aplicaes,

    podendo ser utilizadas em pavimentos de edificaes de diversos fins (comerciais,

    residenciais, etc.). Pelo fato de trabalhar com vrios materiais industrializados, este tipode laje proporciona, ainda, uma baixa perda de materiais durante a sua montagem.

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    A deciso de se adotar lajes nervuradas com vigotas pr-fabricadas nas

    estruturas dos edifcios deve levar em conta anlises estruturais e de custos. Nos

    edifcios de muitos pavimentos deve ser analisada com cautela a convenincia de adotar

    este tipo de laje, pois alm de no desempenharem adequadamente a funo de

    diafragma h que se pensar no transporte dos elementos pr-fabricados, que feito por

    meio de elevadores de obra, fato este que pode trazer acrscimo de custo e

    principalmente de segurana na obra. Na construo de pavimentos de edificaes de

    pequeno porte (edifcios residenciais de um ou dois pavimentos, etc.), este tipo de laje

    a de uso mais freqente atualmente.

    O captulo 4 deste trabalho dedicado exclusivamente ao estudo das lajes

    nervuradas com vigotas pr-fabricadas, onde sero abordadas com maiores detalhes.

    As lajes pr-fabricadas em painis, por sua vez, como o prprio nome

    diz, so construdas com o emprego de painis pr-fabricados, que podem ser de

    concreto armado, celular (concreto leve) ou protendido. As de uso mais freqente tm

    sido as compostas por painis treliados (em concreto armado), por painis protendidos,

    por painis vazados (lajes alveolares) e por painis nervurados.

    Os painis treliados (figura 2.10) e os protendidos (figura 2.11) so

    placas pr-fabricadas constitudas por concreto estrutural, de espessura pequena e

    larguras padronizadas. Esses painis podem ser do tipo unidirecional (armados em uma

    direo), correspondentes a elementos em forma de faixas que se apiam em dois lados,

    ou do tipo bidirecional (armados em duas direes), correspondentes a elementos de

    geometria quadrada ou retangular, normalmente apoiados em quatro lados; os elementos

    unidirecionais podem ser em concreto armado ou em concreto protendido, enquanto que

    os bidirecionais so em concreto armado. Entre esses dois tipos de elementos, os maisutilizados na construo de pavimentos de edifcios so os do tipo unidirecional.

    Armadura PrincipalArmadura PrincipalArmadura Principal

    Placa de ConcretoPlaca de ConcretoPlaca de ConcretoTreliaTreliaTreliaPlaca de ConcretoPlaca de ConcretoPlaca de Concreto

    Armadura PrincipalArmadura PrincipalArmadura Principal

    TreliaTreliaTrelia

    FIGURA 2.10. Sees transversais de painis treliados

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    Armadura Pr-Tracionada

    Placa de Concreto

    Armadura Pr-Tracionada

    Placa de ConcretoPlaca de Concreto

    Armadura Pr-Tracionada

    Placa de Concreto

    Armadura Pr-Tracionada

    Placa de Concreto

    Armadura Pr-Tracionada

    Placa de Concreto

    Armadura Pr-Tracionada

    FIGURA 2.11. Sees transversais de painis protendidos

    Nos painis treliados do tipo unidirecional, por ocasio de sua

    fabricao, so posicionadas a armadura na direo do vo (armadura longitudinal) e as

    trelias; as barras dessa armadura longitudinal tm comprimento maior do que o

    elemento, com a finalidade de ancor-las corretamente nas vigas de apoio. A armadura

    na outra direo (direo transversal) montada no local; esta armadura posicionada

    na face superior do elemento pr-fabricado (figura 2.12). As trelias tornam o painel

    mais rgido, possibilitando manuseio e transporte com segurana e, alm disso permitem

    uma melhor ligao do concreto lanado na obra com o concreto do elemento pr-

    fabricado.

    FIGURA 2.12. Painis treliados com armadura na direo transversal s trelias(www.comunidadedaconstruo.com.br)

    A armadura dos painis protendidos do tipo unidirecional composta por

    fios de ao de alta resistncia (ao para concreto protendido), pr-tracionados,

    posicionados na direo do vo (direo longitudinal) do painel por ocasio de sua

    fabricao. A armadura na outra direo (direo transversal), passiva, montada no

    local; esta armadura posicionada na face superior do elemento pr-fabricado.

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    Para construir um pavimento utilizando estes painis dispensa-se o uso

    de frmas para a concretagem da capa, pois os prprios painis fazem este papel; o

    escoramento utilizado reduzido e pode ser composto por elementos de madeira ou

    metlicos.

    Nas lajes construdas utilizando os painis treliados ou os protendidos, a

    parte da laje que recebe o concreto moldado no local pode ser sem ou com elementos de

    enchimento (materiais inertes diversos, macios ou vazados) formando sees macias

    ou vazadas (nervuradas), respectivamente; os elementos de enchimento tm a funo de

    reduzir o volume de concreto e conseqentemente o peso prprio da laje, e so

    desconsiderados como colaborantes nos clculos de resistncia e rigidez da laje. A

    figura 2.13 mostra a seo transversal de lajes com painis treliados, sem e com

    elementos de enchimento.

    Armadura PrincipalArmadura PrincipalArmadura PrincipalArmadura Principal Placas de ConcretoArmadura Principal Placas de ConcretoPlacas de ConcretoArmadura Principal

    TreliaTreliaTrelia Concreto de CapeamentoConcreto de CapeamentoConcreto de Capeamento

    a) Sem elementos de enchimento (seo macia)

    Concreto de Capeamento Elemento de EnchimentoTrelia

    Placas de ConcretoArmadura Principal Armadura PrincipalArmadura PrincipalArmadura Principal Placas de Concreto

    Trelia Elemento de EnchimentoConcreto de Capeamento

    Armadura PrincipalArmadura Principal Placas de Concreto

    Trelia Elemento de EnchimentoConcreto de Capeamento

    b) Com elementos de enchimento (seo nervurada)

    FIGURA 2.13. Lajes com painis treliados, sem e com elementos de enchimento

    Na obra os painis treliados ou protendidos de maior peso so

    posicionados nos locais em que sero utilizados com a ajuda de equipamentos de

    montagem (guindastes), e os de menor peso, manualmente.

    Os painis treliados e os protendidos so usualmente denominados de

    elementos de pr-laje, e podem ser entendidos como uma extenso das vigotas pr-

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    fabricadas. Destaca-se que estes painis tambm tm sido utilizados na construo de

    lajes de tabuleiros de pontes.

    Os painis pr-fabricados vazados, tambm chamados de painis de laje

    alveolar (figura 2.14), por sua vez, possuem furos longitudinais contnuos que podem

    ser com seo transversal de forma circular, oval, pseudo elipse, retangular, etc.

    FIGURA 2.14. Painel de laje alveolar

    So peas de concreto protendido produzidas industrialmente, fora dolocal de utilizao definitiva, normalmente com aplicaes em grandes vos e com a

    vantagem de dispensarem frmas e cimbramentos; a armadura dos painis constituda,

    em geral, apenas por armadura ativa, na parte inferior e, muitas vezes, tambm na mesa

    superior, colocadas somente no sentido longitudinal do painel. Em geral, no h

    armadura para resistir fora cortante e nem para solicitaes na direo transversal, o

    que obriga a contar com a resistncia trao do concreto para resistir a essas

    solicitaes. Destaca-se tambm que, em virtude do processo de fabricao dessespainis, a colocao de armaduras adicionais praticamente invivel.

    A ligao entre painis de laje alveolar na direo longitudinal dos

    mesmos , em geral, garantida pelo rejuntamento, com argamassa de cimento ou

    concreto, da folga entre as bordas dos elementos pr-fabricados justapostos; sobre os

    apoios (vigas ou paredes), na direo longitudinal dos painis, a ligao entre painis

    contguos normalmente realizada utilizando-se barras de ao para concreto armado,

    colocadas nessa mesma folga. Deve-se destacar ainda que esses painis podem ser semou com previso de capa de concreto moldado no local, formando seo composta; na

    capa, caso esta seja utilizada, recomenda-se colocar uma armadura de distribuio

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    composta por barras de ao de pequeno dimetro ou em tela soldada para o controle da

    fissurao e para a distribuio das tenses. Na obra esses painis so posicionados nos

    locais em que sero utilizados com a ajuda de equipamentos de montagem (guindastes),

    por apresentarem peso elevado.

    A exemplo dos painis vazados (laje alveolar), os painis nervurados, por

    sua vez, tambm so produzidos industrialmente, fora do local de utilizao definitiva.

    Normalmente com aplicaes em grandes vos, estes painis dispensam na obra o uso

    de frmas e cimbramentos. Salvo casos excepcionais de pequenos vos, em que podem

    ser de concreto armado, estes elementos so fabricados em concreto protendido.

    As principais formas de seo dos painis nervurados so: T, duplo

    T, U invertido e mltipo T, todas elas compostas de uma laje superior (mesa) e

    nervuras. Dentre estas formas de seo, a mais usual a duplo T (figura 2.15).

    FIGURA 2.15. Painel nervurado em duplo T

    Os painis nervurados tambm podem ser empregados sem ou com capa

    de concreto moldado no local, formando elemento composto. Por apresentarem peso

    elevado, na obra, estes painis so posicionados nos locais em que sero utilizados com

    a ajuda de equipamentos de montagem (guindastes).

    A ligao entre painis nervurados na direo longitudinal dos mesmos

    realizada utilizando-se dispositivos de ligao especficos; sobre os apoios (vigas ou

    paredes), na direo longitudinal dos painis, a ligao entre painis contguos

    normalmente realizada utilizando-se barras de ao para concreto armado, colocadas namesa dos painis.

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    Quanto ao tipo de apoio, as lajes pr-fabricadas, tanto as nervuradas com

    vigotas pr-fabricadas como as em painis, podem ser apoiadas em vigas, em paredes de

    concreto e em paredes de alvenaria estrutural.

    Deve-se ressaltar que nas lajes pr-fabricadas os elementos estruturais

    so dispostos segundo uma s direo, geralmente a do menor vo a ser vencido, sendo

    normalmente considerados simplesmente apoiados nas extremidades, desprezando-se a

    continuidade. Geralmente considera-se que as vigas ou paredes em que esses elementos

    se apiam recebam toda a ao atuante na laje, desconsiderando-se qualquer ao da

    laje nas vigas ou paredes paralelas aos mesmos.

    2.3 AES NAS LAJES DOS EDIFCIOS

    2.3.1 Tipos de Aes

    A norma brasileira NBR 8681:2003 define aes como sendo causas que

    provocam esforos ou deformaes nas estruturas. Diz ainda que, do ponto de vista

    prtico, as foras e as deformaes impostas pelas aes so consideradas como se

    fossem as prprias aes. As deformaes impostas so por vezes designadas por aes

    indiretas e as foras, por aes diretas.

    De acordo com a sua variabilidade no tempo a NBR 8681:2003 classifica

    as aes em trs categorias: permanentes, variveis e excepcionais.

    a) Aes permanentes

    De acordo com a NBR 8681:2003, as aes permanentes so aquelas que

    ocorrem com valores constantes ou de pequena variao em torno da mdia, durante

    praticamente toda a vida da construo. A variabilidade das aes permanentes

    medida num conjunto de construes anlogas.

    A NBR 8681:2003 divide as aes permanentes em diretas e indiretas:

    as aes permanentes diretas so assim consideradas aquelas oriundas dos pesos

    prprios dos elementos da construo, incluindo-se o peso prprio da estrutura e de

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    todos os elementos construtivos permanentes, os pesos dos equipamentos fixos e os

    empuxos por conta do peso prprio de terras no removveis e de outras aes

    permanentes sobre elas aplicadas;

    as aes permanentes indiretas so constitudas pelas deformaes impostas por

    retrao dos materiais, fluncia do concreto, deslocamentos de apoio, imperfeies

    geomtricas e protenso.

    b) Aes variveis

    As aes variveis, de acordo com a NBR 8681:2003, so aquelas que

    ocorrem com valores que apresentam variaes significativas em torno de sua mdia,

    durante a vida da construo. So as aes decorrentes do uso das construes (pessoas,

    mobilirio, materiais diversos, cargas mveis, etc.), bem como seus efeitos (foras de

    frenao, de impacto, centrfugas, etc.), dos efeitos do vento, das variaes de

    temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e, em geral, das presses hidrostticas e

    hidrodinmicas. Em funo de sua probabilidade de ocorrncia durante a vida da

    construo, as aes variveis so classificadas em normais ou especiais:

    as aes variveis normais so aquelas com probabilidade de ocorrncia

    suficientemente grande para que sejam obrigatoriamente consideradas no projeto

    das estruturas de um dado tipo de construo;

    so consideradas aes variveis especiais as aes ssmicas ou cargas acidentais de

    natureza ou de intensidade especiais.

    c) Aes excepcionais

    De acordo com a NBR 8681:2003, as aes excepcionais so aquelas que

    tem durao extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrncia durante a

    vida da construo, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas

    estruturas.

    Consideram-se como excepcionais as aes decorrentes de causas como

    exploses, choques de veculos, incndios, enchentes, ou sismos excepcionais. Segundo

    a NBR 8681:2003, os incndios, ao invs de serem tratados como causa de aes

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    excepcionais, tambm podem ser levados em conta por meio de uma reduo da

    resistncia dos materiais constitutivos da estrutura.

    2.3.2 Aes Normalmente Consideradas nas Lajes dos Edifcios

    A NBR 6118:2003 prescreve que: na anlise estrutural deve ser

    considerada a influncia de todas as aes que possam produzir efeitos significativos

    para a segurana da estrutura em exame, levando-se em conta os possveis estados

    limites ltimos e os de servio.

    Ainda, estabelece que para cada tipo de construo as aes a considerar

    devem respeitar suas peculiaridades e as normas a que ela se aplica.

    As aes normalmente consideradas nas lajes dos edifcios so:

    a) aes permanentes diretas

    peso prprio estrutural: determinado a partir das dimenses da seo transversal da

    laje e do peso especfico do concreto. Normalmente essa ao admitida

    uniformemente distribuda na superfcie da laje, independente do tipo utilizado;

    revestimento inferior: se for o caso, deve ser considerado o peso do revestimento

    feito na face inferior da laje (figura 2.16), obtido multiplicando-se a espessura do

    revestimento pelo peso especfico aparente do material de que ele feito,

    geralmente argamassa de cal, cimento e areia;

    peso do contra-piso (camada de regularizao): com o intuito de se obter uma

    superfcie plana no pavimento, normalmente executado sobre as lajes uma camada

    de regularizao (figura 2.16), mais conhecida como contra-piso; o peso desta

    camada de regularizao obtido multiplicando-se a espessura da mesma pelo peso

    especfico aparente do material de que ela feita, geralmente argamassa de cimento

    e areia;

    revestimento superior (piso): deve-se considerar o peso do revestimento superior

    (figura 2.16), lembrando que alguns revestimentos, como pedras de granito ou

    mrmore, possuem um peso bastante elevado; o peso desta camada obtido

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    multiplicando-se a espessura da mesma pelo peso especfico aparente do material

    utilizado;

    peso de elementos fixos: se for o caso, deve ser considerado o peso dos elementos

    fixos utilizados para se fazer os chamados forros falsos, tais como placas de gesso

    ou de madeira;

    peso de enchimento: atua no caso de laje com rebaixos, ou com pisos elevados,

    sendo calculado multiplicando-se o peso especfico do material utilizado para o

    enchimento pela altura do rebaixo;

    peso de inertes utilizados como frma em lajes nervuradas: se for o caso, deve-se

    considerar o peso de materiais inertes utilizados como frma em lajes nervuradas e

    que ficaro incorporados s mesmas, tais como tijolos cermicos, blocos de concreto

    celular, cilindros de papelo, etc.;

    peso de alvenaria sobre a laje: se for o caso, deve-se considerar o peso de alvenarias

    que se apiam diretamente na laje; normalmente essa ao admitida

    uniformemente distribuda na superfcie da laje, embora seja linear.

    b) aes permanentes indiretas

    retrao e fluncia do concreto: normalmente, as deformaes impostas pela

    retrao e fluncia do concreto so consideradas apenas no caso das lajes

    protendidas;

    protenso: a ao da protenso considerada no caso das lajes protendidas.

    c) aes variveis

    carga acidental: refere-se a carregamentos que atuam na estrutura em funo do uso

    da edificao (pessoas, mobilirio, etc.), e suposta uniformemente distribuda na

    superfcie da laje, com valores mnimos recomendados para cada local da edificao

    indicados na NBR 6120:1980;

    aes durante a construo (aes de carter transitrio): refere-se a carregamentos

    que podem ocorrer durante a construo (cargas acidentais de execuo, peso

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    prprio de estruturas provisrias auxiliares, etc.); a durao dessas aes deve ser

    definida em cada caso particular.

    REVESTIMENTO INFERIORREVESTIMENTO INFERIORREVESTIMENTO INFERIOR

    PISOPISOPISO

    LAJELAJELAJE

    CAMADA DE REGULARIZAOCAMADA DE REGULARIZAOCAMADA DE REGULARIZAO

    FIGURA 2.16. Camada de regularizao e revestimentos em uma laje

    Para efeito de clculo, normalmente considera-se que todas as lajes que

    compem um pavimento so totalmente carregadas. Segundo TIMOSHENKO &

    WOINOWSKY (1959) e ROCHA (1972), quando a carga acidental for superior

    metade da ao total que se deve considerar as lajes carregadas alternadamente com

    carga acidental.

    2.4 RECOMENDAES GERAIS DA NBR 6118:2003 PARA ASLAJES DE CONCRETO ARMADO

    Para o correto projeto e execuo de qualquer elemento estrutural, uma

    srie de recomendaes prescritas pelas normas vigentes deve ser atendida. A seguir soapresentadas algumas recomendaes gerais dadas pela NBR 6118:2003 que se aplicam

    s lajes de concreto armado.

    2.4.1 Vos Efetivos

    Segundo a NBR 6118:2003, quando os apoios puderem ser considerados

    suficientemente rgidos quanto translao vertical, o vo efetivo das lajes deve ser

    calculado pela seguinte expresso:

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    210ef aa ++= (2.1)

    com 1a igual ao menor valor entre 0,3h)e/2(t1 e 2a igual ao menor valor entre

    0,3h)e/2(t 2 , conforme indicado na figura 2.17; 0 a distncia entre faces de dois

    apoios consecutivos.

    h

    t 21tt 1 2t

    h

    t 1 2t

    h

    a) Apoio de vo extremo b) Apoio de vo intermedirio

    FIGURA 2.17. Vos efetivos de lajes conforme a NBR 6118:2003

    A seguir, como exemplo, apresenta-se o clculo do vo efetivo segundo a

    NBR 6118:2003 para uma laje macia isolada, de 10 cm de espessura e apoiada em

    vigas de 20 cm de largura (figura 2.18).

    laje macia

    viga viga

    laje macia

    viga viga

    laje macia

    viga viga

    10 cm10 cm10 cm

    400 cm400 cm400 cm20 cm20 cm20 cm 20 cm20 cm20 cm

    FIGURA 2.18. Laje macia isolada apoiada em vigas

    0 0

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    - vo efetivo: cm406100,3100,3400ef =++= ; de acordo com as recomendaes

    da NBR 6118:1980, para este mesmo exemplo, resultaria um vo terico de 410 cm,valor maior que este aproximadamente 1% (diferena desprezvel para fins prticos).

    2.4.2 Espessura Mnima

    De acordo com a NBR 6118:2003, a prescrio de valores limites

    mnimos para as dimenses de elementos estruturais de concreto tem como objetivoevitar um desempenho inaceitvel para os elementos estruturais e propiciar condies

    de execuo adequadas. Ela indica que nas lajes macias devem ser respeitados os

    seguintes limites mnimos para a espessura:

    a) 5 cm para lajes de cobertura no em balano;

    b) 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balano;

    c) 10 cm para lajes que suportem veculos de peso total menor ou igual a 30 kN;d) 12 cm para lajes que suportem veculos de peso total maior que 30 kN;

    e) 15 cm para lajes com protenso apoiadas em vigas, /50 para lajes de piso contnuas

    e /42 para lajes de piso biapoiadas;

    f) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.

    De acordo com NBR 6118:2003, lajes-cogumelo so lajes apoiadas

    diretamente em pilares com capitis, enquanto lajes lisas so as apoiadas nos pilaressem capitis.

    2.4.3 Aberturas

    Os furos ou aberturas executadas em qualquer elemento estrutural do

    origem a concentrao de tenses em torno das mesmas, as quais podem serprejudiciais. Os furos, de maneira geral, tm dimenses pequenas em relao as do

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    elemento estrutural, enquanto as aberturas no; de acordo com a NBR 6118:2003, um

    conjunto de furos muito prximos deve ser tratado como uma abertura.

    Entretanto, as aberturas em lajes normalmente so necessrias,

    principalmente para dar passagem s instalaes prediais (gua, esgoto, etc.). De acordo

    com a NBR 6118:2003, quando forem previstas aberturas em lajes seu efeito na

    resistncia e na deformao deve ser verificado, e no devem ser ultrapassados os

    limites previstos nessa norma; desde que no sejam lajes-lisas ou lajes-cogumelo, outros

    tipos de lajes podem ser dispensados dessa verificao, devendo ser armadas em duas

    direes e verificadas, simultaneamente, as seguintes condies:

    a) as dimenses da abertura devem corresponder no mximo a 1/10 do vo menor da

    laje )( x (figura 2.19);

    b) a distncia entre a face de uma abertura e uma borda livre da laje deve ser igual ou

    maior que 1/4 do vo, na direo considerada (figura 2.19); e

    c) a distncia entre faces de aberturas adjacentes deve ser maior que a metade do

    menor vo da laje.

    FIGURA 2.19. Dimenses limites para aberturas de lajes com dispensa deverificao conforme a NBR 6118:2003

    A NBR 6118:2003 prescreve, ainda, que no caso de aberturas em lajes ascondies seguintes devem ser respeitadas em qualquer situao:

    ya

    xa

    y

    x/10a

    /10a

    xy

    xx

    >y >>y >> xxx

    FIGURA 3.4. Pavimento com laje nervurada armada em uma direo

    O clculo dos esforos solicitantes (momento fletor e fora cortante) e

    dos deslocamentos transversais para as lajes nervuradas armadas em uma direo

    normalmente feito considerando as nervuras como um conjunto de vigas paralelas que

    trabalham praticamente independentes, adotando-se a seo transversal em forma de

    T para as mesmas; normalmente no se considera a continuidade entre lajes vizinhas,

    analisando as nervuras como vigas simplesmente apoiadas nas extremidades.

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    As lajes nervuradas armadas em duas direes, por sua vez, devem ser

    usadas quando a relao entre a dimenso do maior e do menor vo terico da laje no

    superior a dois. Com isso h uma diminuio dos esforos solicitantes, deformaes

    transversais e uma distribuio das aes em todas as quatro vigas ou paredes de

    contorno, caso estas sejam os apoios da laje; se nas duas direes da laje o espaamento

    entre as nervuras for o mesmo ou ento se o numero de nervuras forem iguais,

    dependendo apenas das dimenses dos vo tericos da laje as vigas ou paredes de

    contorno podem estar submetidas a aes da mesma ordem de grandeza.

    No caso de serem apoiadas em vigas ou em paredes, neste tipo de laje

    costuma-se dispor as nervuras paralelas s direes destes apoios, e geralmente

    ortogonais entre si (figura 3.5).

    VIGAPILAR PILAR

    VIGAPILAR

    VIGA

    PILAR

    VIGA

    PILARPILARVIGA

    VIGA

    PILAR

    VIGA

    PILARVIGA

    PILARPILARVIGA

    VIG

    A

    PILAR

    VI G

    A

    PILARVIGA

    FIGURA 3.5. Laje nervurada armada em duas direes (nervuras ortogonais)

    Embora alguns livros mais antigos, como ROCHA (1975) e GUERRIN

    (1980), destaquem sobre a possibilidade da utilizao de lajes nervuradas armadas em

    duas direes com nervuras enviesadas (figura 3.6), as possveis vantagens estruturais

    obtidas com o emprego deste tipo de estrutura certamente no compensam as

    dificuldades encontradas na sua construo, e portanto acredita-se que a sua utilizao

    deva ocorrer apenas nos casos em que haja exigncia arquitetnica, com as nervurasficando aparentes.

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    VIG

    A

    VIGA

    VIGA PILARPILAR

    PILARVIGA

    PILAR

    PILAR PILAR VIGA

    VIGA

    VIG

    A

    PILARVIGA

    PILAR

    PILAR PILAR VIGA

    VIGA

    VIGA

    PILARVIGA

    PILAR

    FIGURA 3.6. Laje nervurada armada em duas direes (nervuras enviesadas)

    Um processo que normalmente se emprega para o clculo dos esforos

    solicitantes e dos deslocamentos transversais para as lajes nervuradas armadas em duas

    direes o da grelha equivalente, tambm conhecido como pro