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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA, ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE PROJETO, FABRICAÇÃO E TESTE DE UM RESFRIADOR EVAPORATIVO Dárlon C. K. Soliman Érgon J. Fleck Pedro S. Schaan Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Professore Paulo Smith Schneider e Cristiano Frandalozo Maidana Porto Alegre, julho de 2013.

PROJETO, FABRICAÇÃO E TESTE DE UM RESFRIADOR … · vapor d’água varia de zero (ar seco) a um máximo que depende da temperatura e pressão. Saturação é um estado de equilíbrio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA, ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

PROJETO, FABRICAÇÃO E TESTE DE UM RESFRIADOR EVAPORATIVO

Dárlon C. K. Soliman

Érgon J. Fleck Pedro S. Schaan

Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas

Professore Paulo Smith Schneider e Cristiano Frandalozo Maidana

Porto Alegre, julho de 2013.

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RESUMO O presente trabalho apresenta o projeto e a construção de um resfriador evaporativo com medição de vazão e umidade relativa. O objetivo deste é obter a maior queda de temperatura possível para duas correntes de ar pré-estabelecidas e, concomitantemente, a menor perda de carga e a melhor precisão de leitura dos instrumentos de medição. Para tanto, utiliza-se um sistema de fibras naturais umidificadas interpostas ao escoamento e avalia-se seu desempenho. Os resultados mostram um resfriamento satisfatório, com redução na ordem de 45% para temperatura do escoamento de 40ºC com baixa umidade relativa. Para o escoamento à temperatura ambiente, tem-se uma redução da ordem de 24%. Chega-se a uma quase saturação do escoamento, na faixa entre 95 e 98% de umidade relativa tomando como referência os valores medidos através dos instrumentos da bancada do LETA/UFRGS. Palavras-Chave: Resfriamento evaporativo, escoamento, temperatura, umidade, fibras naturais.

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ABSTRACT This paper presents the design and construction of an evaporative cooler with measurement of volumetric flow rate and relative humidity. The purpose of this is to get the highest possible temperature drop for two pre-established air flows and, concomitantly, the lowest load decay and best reading accuracy of measuring instruments. For this purpose, it has been used a system of natural fibers humidified amidst the flow and evaluated its performance. The results show a satisfactory cooling with a reduction in the order of 45% to the flow temperature of 40°C with low humidity. For the flow at the ambient temperature, the reduction was 24%. It reached a state of almost saturation of the flow, in the range between 95 and 98% relative humidity taking by reference the values measured in the instruments stands of LETA/UFRGS. Keywords: Evaporative cooling, flow, temperature, humidity, natural fibers.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Dados sobre a evolução da variação das temperaturas médias no planeta ............... 1

Figura 2 – Umidificação do ar úmido com água esguichada .................................................... 4

Figura 3 – Sistema evaporativo com painel (esq.) e processo psicrométrico (dir.) ............................. 4

Figura 4 – Perfil de velocidades no escoamento interno e posição de medição do tubo de Pitot. ........ 6

Figura 5 – Camadas interconectadas pelos espirais plásticos..................................................... 7

Figura 6 – Dutos inseridos no interior das esponjas.. ................................................................. 8

Figura 7 – Conjunto esponjas e dutos inseridos no tubo PVC de 150 mm ................................ 8

Figura 8 – Tubo de Pitot ............................................................................................................. 9

Figura 9 – Sensores PT100 para medida das temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido ......... 9

Figura 10 – Suavização da redução de seção das conexões de PVC, feita com fita Silver Tape,

a fim de reduzir a perda de carga. ............................................................................................... 9

Figura 11 – Equipamento montado na bancada........................................................................ 10

Figura 12 – Resultados obtidos pelo software de aquisição de dados do LETA...................... 11

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dados obtidos no ensaio para condições ambientes ............................................... 10

Tabela 2 – Dados obtidos no ensaio para condições propostas ................................................ 10

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LISTA DE SÍMBOLOS A Área transversal ao fluxo do escoamento [m²]

W Conteúdo de umidade [kgw / kga]

h Entalpia específica do ar úmido [kJ/kg]

has Entalpia específica do ar seco [kJ/kgas]

hv Entalpia específica do vapor d’água saturado [kJ/kgv]

Q Fluxo de energia [W]

Mas Massa de ar seco[kg]

Mv Massa de vapor [kg]

Pvs Pressão de saturação do vapor d’água [Pa]

Pv Pressão parcial do vapor d’água [Pa]

R Resistência elétrica do sensor PT100 [Ω]

ṁa Vazão mássica de ar [kgw / kgw]

ṁw Vazão mássica de água vaporizada [kg/s]

Q Vazão volumétrica [m³/s]

v1 Velocidade máxima de escoamento [m/s]

vm Velocidade média de escoamento [m/s]

Símbolos gregos

α Constante de tempo [Ω/K]

ρ Massa específica do ar [kg/m³]

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. ii.

ABSTRACT ............................................................................................................................ iii.

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. iv.

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. v.

LISTA DE SÍMBOLOS ......................................................................................................... vi.

SUMÁRIO ............................................................................................................................... vi.

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 2.

2.1. Resfriadores Evaporativos ............................................................................................... 2.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 2.

3.1. Psicrometria ...................................................................................................................... 2.

3.1.1. Ar Seco ............................................................................................................................ 2.

3.1.2. Ar Úmido ........................................................................................................................ 2.

3.1.3. Umidade Específica ....................................................................................................... 2.

3.1.4. Umidade Relativa .......................................................................................................... 3.

3.1.5 Entalpia do Ar Úmido .................................................................................................... 3.

3.2. Resfriador Evaporativo .................................................................................................... 3.

3.3. Medição de Umidade Relativa ......................................................................................... 5.

3.4. Medição de Vazão ............................................................................................................. 5.

4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 6.

4.1. Projeto e Construção ........................................................................................................ 6.

5. RESULTADOS .................................................................................................................... 9.

6. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 10.

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 12.

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1. INTRODUÇÃO

O controle da temperatura e umidade de um ambiente fechado é de fundamental importância para o bem-estar, saúde e produtividade dos seus ocupantes. Dentre as preocupações, a que mais tem acentuado-se nos últimos anos é com relação às altas temperaturas, pois, independente do fato de dever-se à interferência humana ou não, a temperatura da Terra está aumentando (CAROSSI, 2006). O seguinte gráfico apresenta dados do Climate Research Unit sobre a evolução das temperaturas no planeta, evidenciando o recente aumento nas temperaturas médias:

Figura 1. Dados sobre a evolução da variação das temperaturas médias no planeta desde 1850 (FONTE: CLIMATE RESEARCH UNIT)

Desta forma, cada vez mais empresas buscam alternativas para reduzir a temperatura de seus ambientes de forma prática e econômica. Neste contexto, surgem como alternativa os resfriadores evaporativos, pois além de possuírem baixo custo de instalação e serem equipamentos não poluentes, proporcionam grande redução no consumo de energia elétrica. Segundo CAROSSI, considerando uma mesma carga térmica e vazão, o consumo de energia no processo evaporativo é de 6,25 kW.h enquanto no processo mecânico é de 22,00 kW.h.

Assim, devido ao grande potencial de aplicação deste equipamento, o presente trabalho acadêmico visa pôr em prática os conhecimentos teóricos adquiridos na disciplina de Medições Térmicas. Os desafios do trabalho são obter a maior queda de temperatura com a menor perda de carga e a maior precisão dos equipamentos de medição para dois escoamentos com velocidade de 5 m/s, sendo o primeiro à tempertura ambiente e o segundo a 40 °C.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Resfriadores Evaporativos

Dentre as opções de fabricação de um resfriador evaporativo, a interposição de fibras naturais ao escoamento apresenta baixo custo, facilidade de obtenção e têm novamente despertado interesse de pesquisadores de todo mundo. Segundo Oliveira, isso se deve a crise energética, ao baixo grau necessário de processamento, sua abundância, baixo custo e aos problemas ambientais relacionados ao uso de fibras sintéticas.

Dentre as opções para a função de painel evaporativo de um resfriador evaporativo, Oliveira, destaca as vantagens do uso da Esponja Vegetal (Luffa Cilíndrica), a fibra de côco e o painel de celulose. Este conclui que os três tipos estudados apresentam perspectivas promissoras quanto ao uso, em escala industrial, como painéis evaporativos, além de serem confeccionados de fibras vegetais ecologicamente corretas e economicamente viáveis.

Segundo o mesmo autor, as fibras da Luffa possuem maior capacidade de retenção de água que a celulose rígida corrugada (Papel Kraft), fator que favocere a troca de calor e massa entre o escoamento e o painel.

Al-Sulaiman, testou fibras de juta, palma e luffa tendo concluído que dentre as três a fibra do tipo Luffa é a que possui melhores vantagens comerciais, inclusive superando painéis comerciais. Apesar da fibra do tipo juta ter obtido a melhor eficiência de resfriamento, a Luffa destacou-se pela alta durabilidade.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Psicrometria

3.1.1 Ar atmosférico

O ar atmosférico contém muitos componentes gasosos como também vapor d’água e contaminantes, como fumaçã, pólen e particulados (ASHRAE, 2009).

3.1.2. Ar Seco

É o ar atmosférico comm todo vapor d’água e contaminantes removidos. Sua composição é relativamente constantes, porém pequenas variações nas parcelas dos componentes individuais ocorrem com o tempo, localização geográfica e altitude (ASHRAE, 2009).

3.1.3. Ar Úmido

É uma mistura binária (dois componentes) de ar seco é vapor d’água. A quantidade de vapor d’água varia de zero (ar seco) a um máximo que depende da temperatura e pressão. Saturação é um estado de equilíbrio neutro entre ar úmido e a fase condensada da água (líquida ou sólida) (ASHRAE, 2009).

3.1.4. Umidade específica (W)

Conforme SCHNEIDER, 2012, também é chamada de razão de umidade, é dada pela razão dimensional entre as massas de vapor Mv e ar seco Mas, como segue: = /[/] (1)

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3.1.5. Umidade Relativa (UR) Conforme SCHNEIDER, 2012, a umidade relativa UR é definida como a razão entre a pressão parcial do vapor d’água Pv e sua pressão de saturação Pvs sobre uma superfícia com água líquida, calculada para a mesma temperatura T do gás, e dado por = ()/() (2) 3.1.6. Entalpia do ar úmido Segundo ASHRAE, 2009, A entalpia de uma mistura de fases perfeitos é igual à soma das entalpias parciais de cada componente individual. Dessa forma, a entalpia específica do ar úmido pode ser escrita como: ℎ = ℎ+ . ℎ (3)

onde has é a entalpia específica do ar seco em kJ/kgas e hvs é a entalpia específica do vapor d’água saturado em kJ/kgvs. Aproximando-se: ℎ ≈ 1,006 (4) ℎ ≈ 2501 + 1,6 (5) onde t é a temperatura de bulbo seco em ºC. A entalpia específica do ar úmido em kJ/kgda

então fica: ℎ = 1,006 + (2501 + 1,86) (6) Note que a entalpia é uma função diretamente proporcional à temperatura e ao conteúdo de umidade do ar úmido. Fixando-se um valor para a entalpia e uma das duas outras variáveis, t ou W, pode-se encontrar a variável não fixada e traçar-se as linhas de isoentalpia na carta psicrométrica. Como a dependência da entalpia para t e W é direta e positiva, as linhas de isoentalpia são retas com inclinação negativa, ou seja, se uma das variáveis aumenta a outra deve diminuir (BEYER, 2013). 3.2. O resfriador evaporativo (processo psicrométrico)

Neste processo água líquida é pulverizada no ar úmido para aumentar sua umidadede. Se o ar não estiver saturado está água ou parte dela irá evaporar. A mistura é adiabática e pode-se desprezar a energia de bombeamento ou potencial usada para fazer o esguicho. Neste caso tem-se o processo usado para a definição da temperatura de bulbo úmido, que permanece constante neste processo, com pequeno aumento de entalpia, que pode ser desprezado (BEYER, 2013). O fluxo de energia portanto vale: !"# = $#(ℎ"–ℎ ) ≅ 0 (7)

O consumo de água vale:

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$#' = $#(("– ) (8)

A figura a seguir mostra um esquema do processo e como ele se apresenta na carta psicrométrica:

Figura 2. Umidificação do ar úmido com água esguichada (BEYER, 2013).

Pela figura, pode-se ver que o processo consiste na passagem de um escoamento de ar através de uma “cortina de agua pulverizada”, o que leva a um acréscimo de humidade contida no mesmo, uma redução da sua temperatura de bulbo seco e a manutenção da sua temperatura de bulbo úmido, deslocando-o assim, para uma nova curva de umidade relativa. Chamando a condição de entrada de 1, a saída de 4 e a saturação de s, tem-se que a eficiência de saturação ηs define o quanto o ar se aproxima da saturação, ou seja:

)* = +,-!+,.+,/!+,. (9)

No resfriador evaporativo direto, o ar é resfriado e umidificado por contato direto com uma superfície porosa (painel evaporativo) ou água pulverizada. Assim, a água é vaporizada dentro da corrente de ar e calor e massa são transferidos entre os fluídos, de modo a reduzir a temperatura de bulbo seco do ar e elevar sua umidade. Considerando que não há perda de calor para o ambiente, o processo é adiabático, ou seja, o ar perde uma certa quantidade de calor sensível mas ganha uma quantia igual de calor latente da evaporação da água. A figura a seguir apresenta o esquema do resfriador evaporativo direto:

Figura 3. Sistema evaporativo com painel (esq.) e processo psicrométrico (dir.)

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(CAROSSI, 2006).

Na carta psicrométrica, nota-se que é muito pequena a variação da diferença entre uma linha de temperatura de bulbo úmido constante e uma linha de entalpia constante, logo, assume-se que a temperatura de bulbo úmido não se altera ao longo do processo de resfriamento. 3.3. Medição de Umidade Relativa Psicrômetros de bulbos seco e úmido: um psicrômetro de bulbos seco e úmido é constituído de um par de sensores de temperatura, sendo que o bulbo de um deles é coberto por um tecido molhado com água. Quando o bulbo úmido é colocado em uma corrente de ar, a água evapora do tecido, existindo uma temperatura de equilíbrio chamada temperatura de bulbo úmido. Este processo não é de saturação adiabática, que define a temperatura de bulbo úmido termodinâmico, mas é um de transferência de calor e massa simultâneos no bulbo úmido. Para que o princípio no qual se baseia a operação deste tipo de medidor de umidade seja plenamente utilizado, é recomendável que o mesmo possua incorporado um pequeno ventilador para promover a aspiração do ar, a uma determinada velocidade, sobre os sensores úmido e seco (SCHNEIDER, 2012). Os sensores de temperatura utilizados foram do tipo PT100. Conectando os fios do sensor ao multímetro, chega-se a um valor de resistência que, utilizando a fórmula que segue, leva à temperatura do fluido. = 0[1+∝ ( − 0)] (10)

R0 = 100Ω

0 = 0°6

∝= 0,00388Ω/8

3.4. Medição de Vazão

A pressão num escoamento, dita pressão de estagnação, é composta por duas parcelas de pressão. Uma componente estática, e outra somada a esta que depende da energia associada ao escoamento, dita cinética ou dinâmica. Recorda-se a equação de Bernoulli, ou equação da energia sem perdas, aplicada a dois pontos, 1 e 2 de uma linha de corrente de um escoamento,

9: + " ;<

" + ;=> = 9: +

";<" + ;=>

" (11)

No caso de uma tomada de pressão onde não há variação de altura o termo ρg∆z é nulo. Para um tubo Pitot, a velocidade na entrada do tubo é nula, pois nele há a estagnação do escoamento. Assim, a equação de Bernoulli é reescrita como:

: + ";?

" = :0 (12)

A vazão é dada por:

= @. A (13)

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onde @ = B." (14)

Sendo que a velocidade calculada pela equação (11) é igual ao dobro da velocidade média do escoamento, devido ao fato das medições com o tubo de Pitot serem feitas no centro do escoamento onde, devido ao perfil de velocidades do escoamento laminar, sua velocidade é máxima, correspondendo a duas vezes a velocidade média do escoamento. A figura a seguir demostra os perfis de velocidades do escoamento no interior do tubo:

Figura 4. Perfil de velocidades no escoamento interno e posição de medição do tubo de Pitot (LAMON, 2012).

Em A, nota-se o perfil segundo um escoamento laminar com viscosidade. Em B, o perfil está desenvolvido e em C o escoamento é invíscido.

4. METODOLOGIA

4.1. Projeto e Construção

Inicialmente, diversas alternativas de resfriadores que utilizam princípios de resfriamento evaporativo foram cogitadas. Dentre os principais, destacaram-se os resfriadores baseados na passagem de ar através de dutos submetidos a um ambiente de alta umidade relativa. A Esponja Vegetal (Luffa Cilíndrica) foi escolhida para criar este ambiente por apresentar, comparada a outros tipos de esponjas, vantagens conforme citadas na revisão bibliográfica. Uma vez definidos o conceito a ser abordado e os parâmetros físicos a serem utilizados no experimento, partiu-se à construção do resfriador. Uma lista com os materiais empregados em sua construção pode ser conferida no apêndice A deste artigo. As condições pré-definidas impostas pela bancada de testes foram um escoamento de velocidade de saída de 5m/s, a uma temperatura de 40ºC e baixa umidade relativa e outro a temperatura ambiente com mesma velocidade de saída. A ideia de um resfriador composto por um tubo expandido, surgiu da necessidade de reduzir a velocidade do escoamento, de maneira a manter o ar o máximo de tempo possível em contato com o ambiente úmido e aumentar a área de contato entre o escoamento e as fibras umedecidas.

Inicialmente, adaptações foram feitas nos materiais utilizados. Com o objetivo de manutenção da umidade no ambiente de escoamento, dado tempo de experimento de cinco minutos, foram feitos três rasgos longitudinais para abastecimento de água no tubo PVC 150 mm. A fim de diminuir ainda mais a perda de carga, colocamos fita Silver-Tape no interior dos redutores, suavizando a redução brusca da seção de escoamento.

Dutos para o escoamento através das esponjas vegetais (dispostas em dois conjuntos de três esponjas) foram criados o com o auxílio dos espirais plásticos, de modo a manter a estabilidade dos dutos durante a compressão das esponjas no tubo. A inserção dos espirais, auxiliou ainda, no alinhamento dos dutos entre as duas camadas de esponja feitas. Uma

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pequena curvatura no interior dos dutos foi inevitável após a inserção dos conjuntos de camadas montadas no interior do tubo PVC de 150 mm.

As figuras 5, 6 e 7 que seguem mostram detalhes montagem dos conjuntos de esponjas no equipamento:

Figura 5 – Camadas interconectadas pelos espirais plásticos

Figura 6 – Dutos inseridos no interior das esponjas.

O próximo passo foi a montagem do resfriador. Inicialmente, inseriram-se os conjuntos esponjas-dutos no interior tubo PVC 150 mm, procurando-se alocar as esponjas de forma mais homogênea possível. Após, inseriram-se as luvas PVC 150 mm e os redutores PVC 150/100, finalizando com acoplamento de um tubo PVC 100 mm em cada redutor.

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Figura 7 – Conjunto esponjas e dutos inseridos no tubo PVC de 150 mm.

Na confecção do medidor de vazão, utilizou-se uma agulha de uso veterinário, moldada a quente até assumir a forma de um Tubo de Pitot. O bico da extremidade foi adaptado pelo Laboratório de Ensaios Térmicos e Aerodinâmicos (LETA), que também forneceu o manômetro utilizado para a medição. O tubo de Pitot empregado pode ser visto a seguir:

Figura 8 – Tubo de Pitot

Para a medida da umidade relativa, foram utilizados dois sensores PT 100 fornecidos para este fim. Um dos sensores foi usado para medir a temperatura de bulbo seco. O outro sensor, foi encapsulado com uma bucha de algodão umedecida (fervida para garantir que não tivesse mais goma) para medir a temperatura de bulbo úmido. O valor da umidade relativa foi obtido por carta psicrométrica, avaliando o ponto obtido com as medições em bancada. A figura 9, mostra os sensores utilizados.

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Figura 9 – Sensores PT100 para medida das temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido

A fim de conectar o tubo de 150mm de diâmetro a sua entrada e saída de 100mm, foram usadas dois redutores de PVC encontrados no comércio. Entretanto, eles apresentam uma redução abrupta de seção, o que cria vórtices de recirculação de ar e aumenta a perda de carga. A fim de contornar o problema, utlilizou-se fitas do tipo Silver Tape para suavizar a redução de seção tanto na entrada como na saída. Esta alternativa não é capaz de manter-se rígida por um longo tempo de operação, mas haja vista o pouco tempo a que o experimento deveria ser submetido a um fluxo de ar, foi a solução mais barata e de fácil aplicação encontrada. O resultado pode ser visto na figura que segue:

Figura 10 – Suavização da redução de seção das conexões de PVC, feita com fita Silver Tape, a fim de reduzir a perda de carga.

O resfriador montado na bancada é apresentado na figura seguinte:

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Figura 11 – Equipamento montado na bancada. 5. RESULTADOS Utilizando um multímetro, chegou-se a valores de resistências de 106,6 Ω para bulbo seco e 106,5 Ω para bulbo úmido nas condições ambientes, e 109,3 Ω para bulbo seco e 108,7 Ω para bulbo úmido, a 40º e baixa umidade relativa. Colocando esses valores na eq. 10, e isolando a variável de temperatura T, chega-se aos valores de temperaturas apresentados nas tabelas

Tabela 1. Dados obtidos no ensaio para condições ambientes.

Condições ambientes Tbs[ºC] Tbu[ºC] Inicial 21,02 20,26 Final 16,74 16,56 Obtendo-se uma redução de 24% na temperatura final.

Tabela 2. Dados obtidos no ensaio para condições propostas.

40º e baixa UR Tbs[ºC] Tbu[ºC] Inicial 40,20 22,81 Final 23,77 22,20 Obtendo-se uma redução de 45% na temperatura final.

Com esses dados obtivemos, através da carta psicrométrica, valores de UR de:

96,5% para escoamento nas condições ambientes

87% para escoamento a 40ºC e baixa umidade relativa

A seguir pode-se conferir os dados obtidos nos instrumentos do laboratório:

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Figura 12 – Resultados obtidos pelo software de aquisição de dados do LETA.

A fim de obter a vazão, com as medições com tubo de Pitot, obteve-se uma diferença entre a pressão de estagnação e a estática de 11mm de coluna d’água. Para obter-se a vazão, foram utilizadas as equações (12) com as pressões em Pa, posteriormente aplicada a equação (13) com a velocidade média calculada em (14). A vazão de ar calculada foi de 43,21 litros por segundo. 6. CONCLUSÕES

O resfriador evaporativo construído mostrou-se eficaz no que diz respeito à redução de temperatura. Comparando a Oliveira, 2011, que obteve reduções na casa dos 10 a 15ºC para um escoamento a temperatura inicial de 36ºC, os autores acreditam ter chegado a resultados satisfatórios. Caso necessitássemos de um resfriador operando em regime prolongado, seria necessário investir em um sistema de realimentação de água automático, invés do método manual utilizado no trabalho. Finalmente, o trabalho mostrou que é possível construir um resfriador evaporativo com baixo custo e materiais comuns no comércio. Também evidencia-se que, dentro de certas condições climáticas, é uma fonte de conforto térmico ecologicamente correta e reduz o gasto energético.

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REFERÊNCIAS AL-SULAIMAN, F., 2001. Evaluation of the performance of local fibers in evaporative cooling. Department of Mechanical Engineering, KFUPM, Dhahran, Saudi Arabia. ASHRAE, 2009. Handbook of Fundamentals, Atlanta. BEYER, P. O., 2013. Climatização. Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. CAROSSI, G. A. B., 2006. Resfriamento Evaporativo: estudo do potencial de sua aplicação no Brasil. Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Uberlândia. CLIMATE RESEARCH UNIT, Dados disponíveis em <http://www.cru.uea.ac.uk/cru/data/temperature/CRUTEM4.pdf> LAMON, G, 2012. Fator de correção de velocidade – FV. O vilão das medições pitométricas. Belo Horizonte, Minas Gerais. OLIVEIRA, R.S., 2011. Análise experimental e numérica da eficiência de resfriamento da painéis de fibras vegetais utilizados em sistemas de resfriamento evaporativo. Universidade Federal de Pernambuco, Recife. SCHNEIDER, P. S., 2012. Termometria e Psicrometria. Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

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APÊNDICE A ( MATERIAIS ) Na construção do instrumento, limitada pelas dimensões impostas pela bancada de ensaio e pelos padrões existentes no mercado, foram utilizados os seguintes itens:

- 02 redutores de PVC de 150/100 mm; - 02 luvas de PVC 150 mm; - 06 esponjas vegetais (padrão comercial); - 01 tubo de PVC 150 mm, com 30 cm de comprimento; - 02 Tubo PVC 100 mm, com 10 cm de comprimento; - 01 rolo de fita adesiva Silver-Tape; - 10 espirais plásticas 1 cm para encadernação; - 01 cola Super Bonder; - 01 agulha de uso veterinário; - 01 mangueira de 4.5 mm; - 02 sensores PT 100; - 01 bucha de algodão;