266
RELATÓRIO TÉCNICO FINAL CARACTERIZAÇÃO DA SENSIBILIDADE AMBIENTAL E MAPEAMENTO DAS CAVERNAS DE FELIPE GUERRA E DO SÍTIO ESPELEOLÓGICO DA FURNA FEIA E ÁREAS CÁRSTICAS ADJACENTES

Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

CARACTERIZAÇÃO DA SENSIBILIDADE

AMBIENTAL E MAPEAMENTO DAS CAVERNAS

DE FELIPE GUERRA E DO SÍTIO

ESPELEOLÓGICO DA FURNA FEIA E ÁREAS

CÁRSTICAS ADJACENTES

Page 2: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

INSITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

DIRETORIA DE PESQUISA, AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE

CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE CAVERNAS

BASE AVANÇADA COMPARTILHADA NO RIO GRANDE DO NORTE

PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO DA SENSIBILIDADE AMBIENTAL E MAPEAMENTO DAS CAVERNAS DE

FELIPE GUERRA E DO SÍTIO ESPELEOLÓGICO DA FURNA FEIA E ÁREAS CÁRSTICAS

ADJACENTES

NATAL-RN, 2011

Relatório técnico referente ao projeto

VIII do Convênio 2500.0032795.07.4

(Programa de Estudos e Pesquisas em

Preservação Ambiental nas Áreas

Marítima e Terrestre da Bacia Potiguar),

firmado entre FUNPEC, UFRN,

PETROBRÁS UN-RNCE e IBAMA-RN.

Page 3: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

APRESENTAÇÃO

O presente relatório técnico é referente ao projeto Karst Jandaíra – Caracterização da

Sensibilidade Ambiental e Mapeamento das Cavernas de Felipe Guerra e do Sítio

Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas, com execução técnica da Base Avançada

Compartilhada do CECAV (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas) no Rio

Grande do Norte. Trata-se do projeto VIII do Convênio 2500.0032795.07.4 (Programa de

Estudos e Pesquisas em Preservação Ambiental nas Áreas Marítima e Terrestre da Bacia

Potiguar), firmado entre FUNPEC, UFRN, PETROBRÁS UN-RNCE e IBAMA-RN.

Neste documento descreveremos as atividades desenvolvidas durante a execução do

projeto (período entre agosto de 2008 e dezembro de 2010), os resultados alcançados e as

interpretações resultantes de acordo com os objetivos e metas traçados no plano de

trabalho. Aqui nos prenderemos à execução técnica do projeto, tendo em vista que os

detalhes administrativos foram expostos nos relatórios parciais apresentados

periodicamente (e disponibilizados acompanhando a versão digital deste relatório).

Acompanham a versão digital deste relatório publicações técnico/científicas

utilizadas para complementar e enriquecer as análises aqui apresentadas, tendo em vista

que, em função da objetividade, nem sempre é possível apresentar todos os dados

utilizados. Assim, consultas aprofundadas sobre temas específicos podem ser realizadas

direto na fonte. Segue também um Sistema de Informações Georreferenciado (SIG) com

todos os shapefiles utilizados nas análises, versões digitais dos mapas de sensibilidade

ambiental quanto ao patrimônio espeleológico das áreas estudades e dos mapas

espeleotopográficos produzidos.

Desta forma, esperamos que este relatório esteja à altura da dimensão deste projeto

e permita a compreensão da relevância do patrimônio espeleológico do município de Felipe

Guerra e do Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cásrticas Adjacentes, já que o mesmo

representa a condensação dos resultados de um esforço sem precendentes em prospecção

exocárstica, topografia e caracterização de cavernas no Rio Grande do Norte.

Equipe do CECAV/RN

Page 4: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

EQUIPE TÉCNICA

BASE AVANÇADA COMPARTILHADA DO CECAV NO RN

Coordenação

- Diego de Medeiros Bento (Maio/2009 – Dezembro/2010)

- Jocy Brandão Cruz (Agosto/2008 – Abril/2009)

Colaboração

- Darcy José dos Santos

- José Iatagan Mendes de Freitas

- Roberta Freitas de Rezende Souza

- Uilson Paulo Campos

- Daniel Kim Ferreira (Estagiário)

- Diogo Xavier da Silveira Martins (Estagiário)

IBAMA-RN

- Claudius Monte de Sena (Núcleo de Gestão Estratégica)

UFRN

- Sérgio Marques Júnior (CT/Depto. de Agropecuária)

Page 5: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

... Um fato geológico nos sertões do Norte substituía, em seguida, estes acidentes, no criar idênticos

empecilhos. Assim transposta a paisagem, o solo descai para o sítio da Várzea, aparentando travessia fácil,

mas realmente dificílima para uma tropa nas agitações do combate. Larga camada calcárea derrama-se por

ali, aspérrima, patenteando notável fenômeno de decomposição atmosférica. Broqueadas de infinitas

cavidades tangenceando-se em bordas de quinas vivas e cortantes, sarjadas de sulcos fundos de longas

arestas rígidas e finas, feito lâminas de facas; eriçada de ressaltos pontiagudos; duramente rugosa em todos

os pontos; escavando-se salteadamente em caldeirões largos e brunidos, patenteia impressionadoramente o

influxo secular dos reagentes enérgicos, que longamente a trabalham. Corroeram-na, e perfuraram-na, e

minaram-nas as chuvas ácidas das tempestades, depois das secas demoradas. Ela reflete, imóvel e corroída,

a agitação revolta das tormentas. Pisando naqueles estrepes unidos e fortes, estraçoar-se-iam as mais

resistentes botas e não haveria resguardos para topadas e tombos perigosíssimos...

Euclides da Cunha, em “Os Sertões”

Laje

do

do

Ro

sári

o,

Felip

e gu

erra

/RN

. (Fo

to: D

iego

Ben

to)

Laje

do

do

Ro

sári

o,

Felip

e gu

erra

/RN

. (Fo

to: D

iego

Ben

to)

Laje

do

do

Ro

sári

o (

Felip

e G

uer

ra/R

N)

- Fo

to: D

iego

Ben

to

Page 6: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

RESUMO

O RN é atualmente o 7º Estado brasileiro em número de cavernas. Das 594 cavidades

cadastradas 93% estão inseridas nos calcários da Formação Jandaíra, com destaque para o

município de Baraúna com 237 cavernas, sendo que a grande maioria está no Projeto de

Assentamento Rural Maisa, cuja área de reserva legal e entorno é chamada neste trabalho

de Sítio espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes, e o município de Felipe

Guerra, com 199 cavernas. O presente projeto reuniu as informações disponíveis sobre o

patrimônio espeleológico nas duas áreas citadas, bem como as complementou por meio da

realização de prospecção exocársticas, topografias e caracterização ambiental de cavernas

em áreas consideradas como lacunas amostrais, com o objetivo de identificar áreas onde o

patrimônio espeleológico tem relevância máxima, de acordo com a legislação vigente. Em

Felipe Guerra foram topografadas e caracterizadas 33 cavernas e a análise dos dados,

somados aos já existentes sobre outras cavernas do município e entorno (unidade

geológica), 27 cavernas foram classificadas como de relevância máxima (com a identificação

de atributos como gênese única ou rara; dimensões notáveis em extensão, área ou volume;

espeleotemas únicos e habitat de espécies de troglóbios raros, endêmicos ou relictos). No

Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes foram prospectados cerca de

720 hectares de afloramentos calcários e identificadas 148 novas cavernas, que somadas às

53 já conhecidas anteriormente fazem da área a maior concentração de cavernas do Rio

Grande do Norte, sendo topografadas e carcaterizadas 41 destas (utilizados nas análises

dados de 42 cavernas, tendo em vista que havia dados disponíveis sobre a Furna Feia),

permitindo identificar oito cavidades de relevância máxima (com os mesmos atributos

identificados para Felipe Guerra). Os resultados permitiram a elaboração dos mapas de

sensibilidade ambiental quanto ao patrimônio espeleológico das duas áreas, bem como

permitem concluir que as mesmas apresentam um patrimônio espeleológico de extrema

relevância, particularmente sob o ponto de vista biológico.

Page 7: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL 10

1.1 Carste e cavernas 10

1.2 O ambiente subterrâneo e a fauna cavernícola 16

1.3 Legislação afeta ao tema 20

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 22

2.1 Felipe Guerra 27

2.2 Complexo Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 28

3 OBJETIVOS E METAS 31

3.1 Objetivos 31

3.2 Metas 31

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E METODOLOGIA APLICADA 32

4.1 Felipe Guerra 32

4.2 Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 35

4.2.1 Prospecção Exocárstica das áreas de alta potencialidade de ocorrência

de cavernas 35

4.2.2 Topografia e caracterização ambiental das cavernas selecionadas 36

4.2.3 Encontros de educação ambiental com as comunidades 37

5 RESULTADOS ALCANÇADOS 38

5.1 Felipe Guerra 38

5.1.1 Topografia e caracterização ambiental das cavernas selecionadas 38

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO - CAVERNAS DE FELIPE GUERRA 40

- Caverna do Geilson 41

- Caverna do Marimbondo 45

- Caverna das Folhas 48

- Caverna do Pau 51

- Caverna Lapa I/Engano 55

- Caverna do Tejo (F9-B1-07) 59

- Caverna da Craibeira (F9-A2-06) 62

- Caverna do Jefferson (F9-B1-08) 65

- Caverna Abissal 68

- Caverna da Catedral 72

- Caverna do Canyon dos Corredores 76

- Caverna do Complexo Suiço 79

Page 8: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

- Caverna do Chocalho 83

- Caverna da Tuberculosa (F9-C2-03) 87

- Gruta do Filme 90

- Furna de Dona Teresa (F9-B1-04) 93

- Caverna da Rolinha (F9-C2-02) 96

- Caverna do Desafio 99

- Caverna das Paredes de Couve-Flor 102

- Caverna de Ademar de Simão 105

- Caverna de Chico de Simão 108

- Gruta de Zé de Juvino 111

- Caverna do Mangangá 115

- Caverna do Trapiá I 118

- Caverna Beira-Rio 121

- Caverna do Mulungu 125

- Caverna do Arapuá 128

- Caverna do Sabonete 132

- Caverna da Bota 136

- Pequena Gruta do Arapuá 140

- Dolina do Xavier 143

- Dolina do Xavier II 146

- Caverna do Trapiá 149

5.1.2 Análise dos dados e definição das cavernas de relevância máxima 164

MAPA DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL QUANTO AO PATRIMÔNIO

ESPELEOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE FELIPE GUERRA 175

5.2 Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 177

5.2.1 Prospecção exocárstica das áreas de alta potencialidade de ocorrência

de cavernas 177

5.2.2 Topografia e caracterização ambiental das cavernas selecionadas 182

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO - SÍTIO ESPELEOLÓGICO DA FURNA

FEIA E ÁREAS CÁRSTICAS ADJACENTES 185

- Caverna do Canto 186

- Caverna da Falta de Opção 189

- Caverna da Pedra Lisa/Troglobento 192

- Caverna do Cedro 196

- Caverna da Aroeira Grande 199

Page 9: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

- Caverna do Cupinzeiro 202

- Caverna do Pregado 205

- Caverna do Chorró 208

- Caverna do Porco do Mato I 211

- Caverna do Porco do Mato II 215

- Caverna do Porco do Mato III 218

- Caverna do Bacuri 221

- Caverna do apressado 224

- Caverna da Salvação 228

- Caverna do Arrodeio 231

- Caverna do Quixó 234

- Caverna da Cabeça de Touro 237

- Caverna da Trança 240

- Caverna da Corda 243

- Caverna da Presa 246

- Caverna da Chuva 249

- Abrigo da Carranca 252

- Caverna da 51 255

- Caverna Gêmea 258

- Caverna do Cipozal 262

- Caverna do Sufoco 266

- Caverna do Cansado 269

- Caverna da Abelha Limão 272

- Caverna da Carol 275

- Caverna dos Blocos Caídos 278

- Caverna do Saburá 281

- Dolina da Furna Feia/Caverna do Nilton 284

- Caverna dos Macacos/Esquecida 288

- Caverna do Pau Mocó 292

- Caverna do Peito 295

- Caverna do Lago 299

- Caverna do Feijão Bravo 303

- Caverna do Perdido 306

- Furna Nova 310

- Gruta do Pinga 314

Page 10: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

- Abrigo do Letreiro 318

- Furna Feia 322

5.2.3 Análise dos dados e definição das cavernas de relevância máxima 327

MAPA DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL QUANTO AO PATRIMÔNIO

ESPELEOLÓGICO DO SÍTIO ESPELEOLÓGICO DA FURNA FEIA E ÁREAS

CÁRSTICAS ADJACENTES

330

5.2.4 Encontros de educação ambiental com as comunidades 332

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE CONTINUIDADE 336

7 REFERÊNCIAS 339

Page 11: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 Carste e cavernas

As cavidades naturais subterrâneas são todo e qualquer espaço subterrâneo

penetrável pelo homem, com ou sem abertura identificada, popularmente conhecidas como

caverna, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali

encontrados e o corpo rochoso onde os mesmos se inserem, desde que a sua formação haja

ocorrido por processos naturais, independentemente de suas dimensões ou do tipo de rocha

encaixante (Brasil, 1990). Apesar de ser uma definição clássica e inclusive baseada na aceita

pela UIS (União Internacional de Espeleologia), trata-se de uma definição claramente

antropogênica e, em certos casos, indesejável, já que um pequeno canal pode constituir-se

numa caverna para um pequeno animal cavernícola (figura 1). Da mesma forma, grandes

volumes de água podem fluir por dutos muito estreitos para serem acessados pelo ser

humano.

Figura 1 – “Cavernas” de várias dimensões. A definição legal de caverna abrange desde cavidades naturais onde é possível a permanência de apenas uma pessoa, como em “a” (pequena caverna no município de Governador Dix-Sept Rosado/RN) até cavernas de dimensões muito maiores, como em “b” (Furna Feia, em Baraúna/RN) e “c” (toca da Barriguda, em Campo Formoso/BA). No entanto, trata-se de conceito antropogênico, já que condutos que não permitem o acesso ao ser humano podem ser considerados “cavernas” para pequenos animais cavernícolas, como em “d”. Fotos: a, b, c – Diego Bento/CECAV; d – Rodrigo Lopes Ferreira/UFLA.

a b

c d

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Carste e cavernas 10

Page 12: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

As cavernas são componentes de um tipo de relevo denominado “carste”, que é

encontrado em cerca de 10 a 15% da superfície terrestre - as chamadas áreas cársticas (Ford

& Williams, 2007), que geralmente ocorrem onde a litologia predominante compreende

rochas solúveis. A palavra karst, que foi aportuguesada para carste, é a forma germânica da

palavra servo-croata kras, cujo significado original é terreno rochoso, desnudo, característica

de uma região situada no nordeste da Itália e no noroeste da Eslovênia. Tal região é

considerada entre os especialistas como o carste clássico, já que foi ali a primeira vez que

esse tipo de relevo foi descrito e estudado, a partir da segunda metade do século 19.

Esse relevo pode ser caracterizado como um complexo dinâmico em constante

modificação, principalmente pela ação da água atuando na formação, moldagem e

deposição de inúmeras feições (Gilbert et al., 1994), sendo que a gênese e a evolução destas

paisagens dependem do padrão estrutural, do grau de solubilidade da rocha e da ação de

fluxos de água associadas a características ambientais que determinam o funcionamento

geológico e biológico de ambientes subterrâneos (Palmer, 1991).

O processo básico que provoca a geração das formas cársticas em regiões calcárias

pode ser sintetizado pela equação:

H₂O + CO₂ + CaCO₃ = 2HCO₃- + Ca2+

A água de chuva ou de corpos d´água absorve dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera

e se torna ácida devido à formação de ácido carbônico (H₂CO₃). Esta água ao entrar em

contato com a rocha já é capaz de dissolver o calcário, no entanto, ao penetrar no solo e

absorver ainda mais dióxido de carbono associado a raízes de plantas e ao húmus, a água

torna-se ainda mais ácida e apta a dissolver o calcário e alargar as fraturas da rocha.

Dessa forma, o processo principal de formação do relevo cárstico é a dissolução da

rocha através do tempo geológico, de forma que a grande maioria das paisagens é gerada

principalmente por processos erosivos. Também apresenta um conjunto de formas típicas,

tais como dolinas (depressões fechadas), vales cegos, paredões, abrigos rochosos, lapiás

(sucos, ranhuras e canais de dissolução na rocha) e sumidouros (onde a drenagem superficial

adentra para o meio subterrâneo). Por último, predomina uma drenagem subterrânea,

efetuada através de um sistema de condutos ou fendas alargadas na rocha, ou seja, através

de galerias subterrâneas, que não são visíveis na superfície (Piló & Auler, 2010).

Estima-se que as áreas cársticas brasileiras perfaçam cerca de 200 mil km2. No

entanto, considerando o pouco conhecimento atual disponível sobre rochas suscetíveis à

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Carste e cavernas 11

Page 13: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

gênese de cavidades naturais no país, acredita-se que cerca de 5% da superfície (450.000

km2) apresente condições favoráveis à ocorrência de ecossistemas subterrâneos (Auler et

al., 2001). Esses dados levam a crer que o potencial espeleológico brasileiro seja superior a

100 mil cavernas, o maior na América do Sul (Auler et al., 2001). Entretanto, até o momento

pouco mais de 9.000 cavernas encontram-se cadastradas em bancos de dados junto aos

órgãos ambientais (CECAV/ICMBio, 2011a).

As paisagens cársticas podem ser divididas em três zonas principais (figura 2): zona

externa ou exocarste (ou simplesmente carste superficial), marcado por formas superficiais

geradas primordialmente pelo ataque químico de águas meteóricas; zona de contato da

rocha com o solo, ou epicarste; e zona subterrânea, denominada endocarste, representada

por cavidades geradas pela dissolução por águas subterrâneas de origem diversa. (Ford &

Williams, 2007). Nestas zonas podemos encontrar diversas feições, que vão desde formas

destrutivas ou de dissolução (formas superficiais e formas subterrâneas), e feições

construtivas como os espeleotemas (figura 3) que são depósitos químicos formados no

interior das cavernas (Kohler, 2001).

Figura 2 – Perfil esquemático do sistema cárstico, compreendendo o carste superficial (ou exocarste), o epicarste e o carste subterrâneo (cavernas). Fonte: Piló & Auler, 2010.

Os espeleotemas conferem beleza às cavernas, compreendendo centenas de formas,

desde as mais comuns, como couve-flor, estalactites e estalagmites, até formas muito raras

encontradas em poucas cavernas. A formação dos espeleotemas geralmente envolve o

processo inverso à formação das cavernas: a água saturada em carbonato de cálcio (sob

forma de bicarbonato de cálcio, que é solúvel em água) libera dióxido de carbono (CO₂) ao

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Carste e cavernas 12

Page 14: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

entrar em contato com a atmosfera da caverna. O bicarbonato irá transformar-se em

carbonato de cálcio, que é insolúvel, e haverá a deposição do mineral geralmente sob a

forma de calcita (Piló & Auler, 2010).

Os diferentes tipos de circulação de água dão origem a formas distintas de

espeleotemas: águas gotejantes podem formar estalactites no teto e quando a freqüência

do gotejamento é alta, não há tempo para depositar na estalactite toda a carga mineral

contida na gota, que atinge o solo e dá origem a estalagmites. A eventual junção de

estalagmites e estalactites cria o espeleotema denominado coluna.

Muitas vezes o teto não é plano e a gota escorre depositando uma delgada camada

de calcita, que pode crescer e formar uma lâmina tortuosa conhecida como cortina. Outra

variedade de espeleotema originada a partir de gotejamentos é o escorrimento de calcita.

Conforme o nome indica, consiste em depósitos formados a partir do escorrimento de água

em paredes da caverna.

Muitas cavernas apresentam circulação de água no piso, sob forma de pequenos rios

ou lagos. É possível que esta água também esteja carregada em minerais, podendo depositar

espeleotemas. Um dos espeleotemas mais típicos gerados por águas circulantes são as

represas de travertinos, barragens em geral de calcita que represam água. Formam-se em

seqüência podendo atingir vários metros de altura e dezenas de metros de extensão em

casos excepcionais. No interior das represas de travertinos, ou mesmo em lagos, pode-se

formar espeleotemas relacionados a águas estagnadas. Jangadas constituem finas camadas

de calcita que flutuam na superfície da água. São formadas devido à liberação de CO₂ a partir

da superfície da água, ficando “suspensa” pela tensão hidrostática, afundando ao menor

toque. Outro espeleotema peculiar é a pérola de caverna, semelhante às pérolas

tradicionais, porém formadas a partir da acumulação de camadas concêntricas de calcita ao

redor de um núcleo representado muitas vezes por pequenas pedras.

A água pode circular através dos poros da rocha ou através de estreitas fissuras, sem

chegar a formar gotas, como água de exsudação, formando espeleotemas em geral mais

raros e frágeis. As helictites, por exemplo, são formações que desafiam a lei da gravidade,

formando feições cristalinas que crescem para frente ou para cima, ou mesmo apresentam

aspecto retorcido. Só se formam em ambientes confinados.

Os espeleotemas denominados flores também são pouco comuns e possuem grande

beleza, sendo que as formadas pelo mineral gipsita apresentam em geral aspecto retorcido.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Carste e cavernas 13

Page 15: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Espeleotemas podem também ser formados a partir de águas de condensação e como o

interior das cavernas é normalmente saturado, com a atmosfera se aproximando de 100%

em relação à umidade relativa do ar, este vapor pode aderir às paredes e formar pequenos

espeleotemas, normalmente coraloides (ou couve-flor) (Piló & Auler, 2010).

Figura 3 – Alguns espeleotemas encontrados em cavernas da área deste trabalho: Estalactite inativa (a) na caverna da Rainha e ativas (b) na Furna Feia; colunas (c) e estalactite quase encontrando uma estalagmite (d) na caverna do Trapiá; conjunto de helictites (g) em estactite na caverna do Trapiá; enorme escorrimento calcítico (h) e travertino (i) na Furna Feia e travertino (j) na caverna do Urubu; pérolas (l) na gruta das pérolas, flores de gipsita (m) na caverna do Trapiá e couve-flor (n), ou coraloide, na caverna do cansado. Fotos: Jocy Cruz/CECAV (c, j), Leda Zogbi/Meandros EspeleoClube (d, g) e Diego Bento/CECAV (demais).

Além do valor estético, os espeleotemas podem ser utilizados para alguns trabalhos

científicos de importância. É possível obter a idade precisa de espeleotemas de calcita e

aragonita através do método que mede o decaimento radioativo do urânio para o tório.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Carste e cavernas 14

Page 16: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Estes estudos fornecem importantes informações sobre a idade das cavernas e da paisagem

ao redor. As estalagmites, em particular, podem representar importantes arquivos

paleoambientais (figura 4), fornecendo informações importantes sobre as mudanças

climáticas que ocorreram na região da caverna no passado (Piló & Auler, 2010).

Figura 4 – Estalagmites ativas, como estas encontradas na caverna do Trapiá, podem ser utilizadas em estudos sobre paleoclima. Fotos: Leda Zogbi (esq.) e Walter Cortez/Meandros Espeleoclube.

Conforme foi exposto anteriormente, as cavernas são encontradas em sua maioria

em rochas mais solúveis, como as carbonáticas (calcário, principalmente), no entanto têm-se

encontrado cavernas em outras litologias (Auler et al., 2001) (figura 5), como arenito,

quartzito e minério de ferro – o chamado pseudocarste (Glazek, 2006). Cavernas ainda

podem se formar sem a atuação de processos de dissolução mineral, como cavernas de

origem vulcânica, glacial ou resultantes de movimentos tectônicos (Gillieson, 1996).

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Carste e cavernas 15

Page 17: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 5 – Cavernas formadas em diversas litologias e por diferentes processos: gruta dos Pingos, em Açu/RN, uma caverna em arenito (a); cavernas em quartzito (b), granito (c) e em minério de ferro (d); caverna formada por processo de abrasão (erosão mecânica causada pela água do mar) (e), caverna em gelo (f) e tubo de lava (g). Fotos: Diego Bento/CECAV (a); Rodrigo Lopes Ferreira/UFLA (b, c, d); Marconi Souza-Silva/UNILAVRAS (e); f, g - internet.

1.2 O ambiente subterrâneo e a fauna cavernícola

Os ambientes subterrâneos compreendem extensas redes de espaços de diferentes

dimensões e graus distintos de conectividade. As cavernas (macrocavernas), nesta

perspectiva, compreendem somente os espaços de maior volume e dimensão, capazes de

serem acessados pelo homem. No entanto, inúmeros organismos (especialmente

invertebrados) são capazes de circular e mesmo estabelecer populações viáveis em espaços

menores, como interstícios e fendas na rocha ou em seu contato com o solo. Desta forma,

existe, desde a superfície até o interior de uma caverna, uma sucessão de habitats

subterrâneos que se apresentam em diferentes configurações.

a b

c d e

f

r

g

r

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL – O ambiente subterrâneo e a fauna cavernícola 16

Page 18: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

O ambiente subterrâneo apresenta características bastante peculiares quando

comparado ao ambiente superficial, destacando-se a ausência permanente de luz (exceto

próximo às entradas e claraboias) e a tendência à estabilidade das condições ambientais,

como temperatura (que se aproxima da média anual da temperatura externa) e umidade -

esta última tendendo à saturação (Culver, 1982). Em cavernas extensas, a temperatura e a

umidade quase não variam em locais mais distantes da(s) entrada(s) , no entanto cavernas

menores em extensão apresentam oscilações mais evidentes, que são reflexos diretos das

variações no ambiente externo.

A ausência permanente de luz no interior das cavernas impossibilita a ocorrência de

organismos fotossintetizantes. Dessa forma, na grande maioria das cavernas, os recursos

alimentares disponíveis para a fauna residente têm origem alóctone (Souza-Silva, 2003),

sendo carreada, contínua ou temporariamente, por agentes físicos e biológicos (Culver,

1982; Edington, 1984; Ferreira & Martins, 1999; Gnaspini, 1989; Howarth, 1983). Dentre os

agentes físicos destacam-se a importação pelo vento, rios, enxurradas, cursos d’água ou por

águas que percolam no teto ou nas paredes e através de aberturas ou fraturas que

eventualmente existem nas cavernas (Gilbert et al., 1994). A importação biológica é feita

principalmente por animais que habitualmente utilizam as cavernas como abrigos (e.g.

morcegos) ou penetram acidentalmente e morrem nestes ambientes (figura 6), e seus

cadáveres são utilizados como recursos alimentares por outros organismos (Ferreira, 2005a).

Fezes e carcaças de morcegos e de animais terrestres são importantes fontes de recursos

alimentares para numerosas espécies, principalmente em cavernas permanentemente secas

(Ferreira & Martins, 1998; Ferreira & Martins, 1999; Gibert et al., 1994; Gillieson, 1996;

Howarth, 1983; Juberthie & Decu, 1994; Souza-Silva, 2003).

Figura 6 – Guano de morcegos (a) e carcaças (b) estão entre as principais fontes de recursos alimentares para a fauna cavernícola. Fotos: a - Rodrigo Lopes Ferreira/UFLA; b - Diego Bento/CECAV.

a

r

b

r

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL – O ambiente subterrâneo e a fauna cavernícola 17

Page 19: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Deste modo, os organismos que vivem no meio hipógeo devem apresentar

adaptações morfológicas, fisiológicas e comportamentais, geralmente ligadas às limitações

físicas e à disponibilidade de recursos alimentares que existem nas cavernas (Culver, 1982),

de forma que, de acordo com sua condição ecológico-evolutiva (grau de adaptação e

dependência do meio subterrâneo), os organismos cavernícolas podem ser classificados em

três categorias:

1. Troglóxenos: organismos regularmente encontrados no ambiente subterrâneo,

mas que periodicamente se deslocam para o ambiente epígeo geralmente em busca de

alimento e/ou para completar seu ciclo de vida. O exemplo mais comum são os morcegos

(figura 6a). Em geral ocorrem nas porções mais próximas à entrada, mas populações

eventualmente também podem ocorrer em zonas mais distantes. Muitos desses organismos

são responsáveis pela importação de recursos alimentares provenientes do meio epígeo,

sendo muitas vezes os principais responsáveis pelo fluxo energético, como em cavernas

permanentemente secas.

2. Troglófilos (figursa 7b – d): organismos facultativos no ambiente subterrâneo,

sendo também capazes de completar seu ciclo de vida de forma independente no meio

externo. No ambiente externo, tanto os troglóxenos quanto os troglófilos geralmente

ocorrem em ambientes úmidos e sombreados, no entanto os troglófilos são encontrados

preferencialmente no meio subterrâneo.

3. Troglóbios (figuras 7e e 7f): organismos restritos ao ambiente cavernícola que

podem apresentar diversos tipos de especializações morfológicas, fisiológicas e

comportamentais que evoluíram em resposta às pressões seletivas presentes em cavernas

e/ou à ausência de pressões seletivas típicas do meio superficial. Frequentemente estes

organismos apresentam redução das estruturas oculares, despigmentação e alongamento de

apêndices. Além disso, geralmente apresentam distribuição geográfica restrita, baixa

densidade populacional, baixa tolerância às flutuações ambientais e estratégia reprodutiva

do tipo K, características que os tornam potencialmente ameaçados de extinção frente às

alterações de seu ambiente (Culver, 1982). Em virtude destas características, quaisquer

espécies troglóbias são consideradas, minimamente, como espécies vulneráveis à extinção

pela International Union for Conservation of Nature (IUCN).

Existe ainda uma quarta categoria de organismos que podem ser frequentemente

encontrados nestes ambientes: Os acidentais (Barr, 1968) compreendem espécies que

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL – O ambiente subterrâneo e a fauna cavernícola 18

Page 20: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

normalmente não são encontradas em cavernas, mas que involuntariamente penetram

nestes ambientes seja por quedas em entradas verticais ou ainda veiculadas pela água ou

vento. Esses organismos, mesmo que não consistam de seres efetivamente cavernícolas,

apresentam uma importância ecológica nítida, uma vez que suas fezes, e principalmente

seus cadáveres, servem de alimento para outros organismos presentes nestes ambientes.

Figura 7 – Alguns invertebrados encontrados em cavernas do RN: Opiliones (a), um troglóxeno; Heterophrynus sp. (b)(Amblypygi: Phrynidae), Rowlandius sp. (c)(Schizomida: Hubbardiidae) e Sicarius tropicus (d) (Aranae: Sicariidae), troglófilos; Cirolanidae (e) (Crustacea, Isopoda) e Kinnaridae (f) (Insecta, Hemiptera), troglóbios. Fotos: Diego Bento (a, b, d) e Rodrigo Lopes Ferreira (c, e, f).

a

r b

r

c

r d

r

e

r

f

r

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL – O ambiente subterrâneo e a fauna cavernícola 19

Page 21: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

1.3 Legislação afeta ao tema

As primeiras formulações legislativas disciplinadoras do meio ambiente no Brasil são

oriundas da legislação portuguesa, que vigorou até o advento do Código Civil em 1916,

quando aparecem as primeiras preocupações legais com o meio ambiente. Com a realização

da Conferência de Estocolmo de 1972 e a conseqüente onda conscientizadora que passou a

vigorar entre os países desenvolvidos, a legislação brasileira sobre o tema ambiental tornou-

se mais consistente, ampla e voltada para a conservação.

A primeira manifestação legal sobre o interesse do poder público na proteção e

conservação de cavernas se deu através da Resolução CONAMA Nº 009, de 24/01/86. Essa

resolução visou à criação de uma Comissão Especial para tratar de assuntos relativos à

preservação do Patrimônio Espeleológico. Com os subsídios recebidos de instituições

integrantes da referida Comissão foi editada, em seguida, a Resolução CONAMA Nº 005, de

06/08/87, que criou o “Programa Nacional de Proteção ao Patrimônio Espeleológico”. Nessa

resolução, mereceu destaque o item 3º, que determina que “seja incluída na

Resolução/CONAMA/Nº 001/86, a obrigatoriedade de elaboração de Estudo de Impacto

Ambiental nos casos de empreendimento potencialmente lesivos ao Patrimônio

Espeleológico Nacional”.

A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, as cavernas do país

ganharam um status importante: Em seu artigo 20, a Constituição definiu as cavernas

brasileiras como “bens da união”, passando assim a integrar o domínio patrimonial da União,

pois apresentavam interesse para a administração e para a comunidade administrada.

Após a promulgação da Constituição Federal, o IBAMA, através da Portaria Nº 887, de

15/06/90, estabeleceu as principais normas para a gestão das cavernas brasileiras. Nessa

Portaria mereceu destaque o Art. 3º, que limitou o uso das cavidades naturais subterrâneas

apenas a estudos de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunho espeleológico,

étnico-cultural, turístico, recreativo e educativo.

Logo em seguida, o Decreto Federal Nº 99.556, publicado em 01/10/90, reafirma o

estabelecido na Portaria IBAMA No 887/90 e, pela primeira vez, enfoca objetivamente a

proteção e o manejo das cavernas. Inicialmente é importante destacar o art. 1º: “as

cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional constituem patrimônio

cultural brasileiro, e, como tal, serão preservadas e conservadas de modo a permitir estudos

e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunho espeleológico,

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Legislação afeta ao tema 20

Page 22: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

técnico-cultural, turístico, recreativo e educativo.”. Dessa forma, o Decreto apresentava um

texto bastante claro e simples ao estabelecer que todas as cavernas brasileiras deveriam ser

preservadas e ter a integridade de seus ecossistemas garantida – independentemente de

suas localizações, morfologias e/ou atributos, de forma que não há menção de valor ou

relevância de atributos para a formação do conceito de patrimônio.

Considerando a necessidade de se aprimorar e atualizar o Programa Nacional de

Proteção ao Patrimônio Espeleológico, aprovado pela Comissão Especial, foi editada a

Resolução CONAMA No 347, de 10/09/2004. Essa Resolução trouxe pela primeira vez o

conceito de cavidade natural subterrânea relevante, que até então não tinha sido

considerada na legislação anteriormente estabelecida, trazendo assim alguns avanços como

o incentivo ao conhecimento e a regulamentação do uso do Patrimônio Espeleológico.

A realidade de uma legislação altamente protecionista realçou o conflito de

interesses existente entre a preservação de um ambiente frágil, importante e pouco

estudado como o cavernícola, e a necessidade nacional de um desenvolvimento econômico

e o atendimento de demandas consideradas sociais, tais como a construção de hidrelétricas

e a necessidade de atender uma demanda cada vez maior por minérios. Um modo de se

resolver esta situação seria adequar a legislação específica de cavernas à realidade

econômica, condicionando os empreendimentos, efetiva ou potencialmente lesivos às

cavernas, ao licenciamento regularmente praticado no país, sob rigor técnico-científico, mas

com possibilidades de mitigação de danos ou compensação para aqueles não mitigáveis.

Em 07 de novembro de 2008 foi publicado o Decreto Federal Nº 6.640, que alterou

significativamente o status jurídico referente à proteção das cavernas brasileiras, buscando

conciliar os interesses entre as questões ambientais e econômicas. Esse decreto prevê a

classificação das cavernas segundo quatro graus de relevância: máximo, alto, médio e baixo.

A determinação das cavernas de relevância máxima, que não poderão sofrer impactos

ambientais irreversíveis, foi realizada através de parâmetros definidos pelo referido decreto.

Os demais graus de relevância foram detalhados na Instrução Normativa No 2 do Ministério

do Meio Ambiente – MMA, publicada no dia 20 de agosto de 2009. Já as cavernas

classificadas como de relevância alta, média e baixa poderão ser objeto de impactos

irreversíveis, mediante licenciamento ambiental.

É possível, diante do exposto, identificar três momentos na legislação sobre cavernas

no Brasil. O primeiro está representado pelas primeiras resoluções CONAMA, a Portaria

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INTRODUÇÃO GERAL - Legislação afeta ao tema 21

Page 23: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

IBAMA No 887/90 e o Decreto Federal 99.556/90 Trata-se do momento inicial, com perfil

altamente conservador e restritivo quanto ao uso das cavernas brasileiras, que foram

consideradas, de forma indiscriminada, patrimônio espeleológico brasileiro. Não há dúvida

que, para um primeiro momento, esse conjunto jurídico trouxe um ganho expressivo no

sentido de valorização das cavernas brasileiras, já que muitas cavernas foram preservadas

individualmente ou através de conjuntos, diante da criação de unidades de conservação.

O segundo momento é composto pela Resolução CONAMA Nº 347/2004, que

juntamente com o Projeto de Lei Nº 2832/2003 e o último parecer da Advocacia Geral da

União, formam um conjunto de documentos de conteúdo transicional, entre uma fase de

legislação muito restritiva, para uma fase mais flexível quanto ao uso das cavernas

brasileiras.

O terceiro momento é composto pelo Decreto Federal Nº 6.640/90 e a IN MMA Nº

2/2009, que através do estabelecimento de um método de análise de relevância das

cavernas brasileiras, busca identificar aquelas que são de máxima relevância e que,

portanto, formarão o patrimônio espeleológico brasileiro, bem como definir maneiras de

compensação pelos impactos que poderão ser causados às demais cavidades.

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A heterogeneidade da estrutura geológica do Estado do Rio Grande do Norte propicia

a formação de diferentes feições cársticas: ao norte, a Bacia Potiguar com os calcários do

Grupo Apodi – Formação Jandaíra, e na porção sul, o Embasamento Cristalino. Há ainda os

mármores da Formação Jucurutú e os Arenitos da Formação Açu. No entanto, é nos calcários

do Grupo Apodi – Formação Jandaíra que estão inseridas 92,2% das 589 cavernas

atualmente conhecidas no Estado, o que torna o RN o 7º Estado brasileiro em número de

cavernas, além do segundo no Nordeste (CECAV/ICMBio, 2011a). A figura 8 apresenta as

principais regiões cársticas brasileiras, com destaque para o Grupo Apodi.

A Formação Jandaíra é a mais extensa área de afloramento de carbonatos

fanerozóicos do Brasil, cujas rochas constituem uma rampa carbonática que aflora em

praticamente toda a porção emersa da Bacia Potiguar. Esta rampa carbonática foi

submetida, durante e após sua deposição, a diversos episódios de soerguimento provocando

exposição subaérea e erosão que resultaram em intensa carstificação e dissolução (Bertani

et al., 1990). O exocarste na região apresenta-se principalmente na forma de afloramentos

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 22

Page 24: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

calcários popularmente conhecidos como “lajedos”, onde são comuns falhas, fraturas,

lapiás, dolinas, entre outras feições típicas de regiões carsticas. É nos lajedos onde se

encontra a maioria das entradas das cavernas.

As cavernas calcárias do RN estão concentradas na Mesorregião Agreste (no

município de Jandaíra e arredores) e, principalmente, na Mesorregião Oeste Potiguar, com

destaque para os municípios de Baraúna (239 cavernas) e Felipe Guerra (199), áreas

principais deste trabalho, onde estão localizadas 74% (438 cavidades) das cavernas

atualmente conhecidas. A figura 9 mostra as áreas de ocorrências dos calcários do Grupo

Apodi – Formação Jandaíra, bem como as cavernas atualmente conhecidas.

O município de Felipe Guerra faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Apodi-Mossoró,

enquanto que parte do município de Baraúna e parte do município de Mossoró fazem parte

da Sub-bacia 01 da Faixa Litorânea Norte de Escoamento Difuso (SEMARH, 2011). O clima da

região é predominantemente do tipo BSw´h´, da classificação climática de Köppen,

caracterizado por um clima muito quente e semi-árido, com a estação chuvosa se atrasando

para o outono. As chuvas anuais médias de longo período situam-se em torno de 670 mm,

evaporação de 1.760 mm e um déficit de água de 1.000 mm, durante 09 meses. As

precipitações são irregulares e, de modo geral, são significativas e ocorrem no período de

fevereiro a julho concentrando-se a maior parte de março a junho. A umidade relativa

apresenta-se bastante variável, normalmente entre 59 e 76%, e a temperatura média anual

em torno de 28o C (IDEMA, 2005).

A região está inserida no Bioma Caatinga, caracterizado por uma vegetação que é um

mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas que cobre a maior parte dos

estados do Nordeste e a parte nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha,

ocupando uma área aproximada de 734.478 km2, cerca de 9,92% do território nacional, e

que é o único bioma exclusivamente brasileiro. Isso significa que grande parte do patrimônio

biológico dessa região não é encontrada em outro lugar do mundo (Silva et al., 2004). O

termo Caatinga é de origem Tupi e significa “mata branca”, referindo-se ao aspecto da

vegetação durante a estação seca, quando a maioria das árvores perde as folhas e os troncos

esbranquiçados e brilhantes dominam a paisagem (Prado, 2003). As folhas e as flores são

produzidas em um curto período de chuvas e a Caatinga permanece “dormente” durante a

maior parte do ano. A vegetação herbácea também cresce somente durante as chuvas

curtas e esparsas (Rizzini et al., 1988).

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 23

Page 25: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 8 - Mapa das principais regiões cársticas do Brasil (o mapa no canto inferior esquerdo apresenta as principais regiões cársticas do planeta). O círculo vermelho destaca a localização do Grupo Apodi. Fonte: Modificado de CECAV/ICMBio(2011b).

CA

RA

CTER

IZAÇ

ÃO

GER

AL D

A Á

REA

DE ESTU

DO

24

RELA

TÓR

IO FIN

AL –

PR

OJETO

KA

RST JA

ND

AÍR

A

Page 26: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 9 - Mapa do Rio Grande do Norte mostrando as ocorrências dos calcários do Grupo Apodi – Formação Jandaíra, bem como a localização das cavernas atualmente conhecidas, com destaque para os municípios da área de estudo.

Felipe Guerra

Baraúna

CA

RA

CTER

IZAÇ

ÃO

GER

AL D

A Á

REA

DE ESTU

DO

25

RELA

TÓR

IO FIN

AL –

PR

OJETO

KA

RST JA

ND

AÍR

A

Page 27: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

As áreas cársticas do Rio Grande do Norte continuam pobremente conhecidas, no

entanto, nos últimos anos, houve um aumento significativo nas pesquisas realizadas nas

cavernas da região, tanto pelo CECAV como por pesquisadores de diversas instituições

brasileiras como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade

Federal do Ceará (UFC), a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade de São

Paulo (USP), PETROBRAS, entre outras. Tal situação é fruto da estratégia do CECAV em

apoiar os pesquisadores e divulgar nos eventos científicos da área os estudos realizados,

despertando assim as comunidades espeleológica e científica para as potencialidades da

espeleologia da região (Cruz et al., 2010).

Utilizando ferramentas como o geoprocessamento e metodologias de prospecção o

CECAV intensificou os trabalhos espeleológicos no estado, aumentando significativamente o

número de cavernas cadastradas. Em 2000 eram conhecidas apenas 56 cavernas; no final de

2010 constavam 563 cavernas na Base de Dados do CECAV/RN (Cruz et al., 2010). Em 2011,

até o momento, constam 594 cavidades nesta Base, colocando o Estado em 7º lugar em

número de cavidades. Além das 56 conhecidas em 2000, 45 foram retiradas de outros

Cadastros (CNC e CODEX, respectivamente da SBE e REDESPELEO, necessitando ainda de

validação), 10 foram identificadas em estudos de licenciamento ambiental e 483 foram

identificadas em atividades de prospecção realizadas pelo CECAV/RN, sendo 194 em 2010 e

29 em 2011.

No campo da bioespeleologia, houve considerável avanço nos estudos no carste

norteriograndense. As pesquisas pioneiras foram realizadas pelas consultoras PNUD/CECAV,

Daniela Cunha Coelho, sobre a fauna de morcegos e Franciane Jordão da Silva, sobre a fauna

de invertebrados de 7 cavernas em Felipe Guerra. Os demais estudos são coordenados pelo

Prof. Dr. Rodrigo Lopes Ferreira, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), e pelo CECAV-RN,

e visam à caracterização biológica, trófica, física e de uso antrópico de cavernas no Estado.

Com um universo amostral de 54 cavernas essas pesquisas evidenciam a diversidade

biológica do carste norteriograndense, realçando sua importância no contexto nacional,

tendo sido encontrada uma riqueza considerável de invertebrados, além de 3 espécies de

peixes e 8 espécies de morcegos. Dentre as espécies de invertebrados encontradas, 63

apresentam caracteres troglomórficos, entre elas os isópodes Cirolanidae, os primeiros

cirolanídeos troglóbios encontrados no Brasil e que são considerados relictos oceânicos, e os

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 26

Page 28: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

homópteros Kinnaridae, que compreendem o primeiro registro de organismos troglóbios

desta família na América do Sul (Ferreira et al., 2010; Bento, 2011)

Os resultados destas pesquisas, particularmente nos campos da bioespeleologia,

prospecção exocárstica, espeleotopografia e geoespeleologia alçaram o Estado a um

patamar de destaque no cenário espeleológico nacional e são utilizados nas análises

apresentadas mais à frente neste relatório.

2.1 Felipe Guerra

Localizado na chamada “Zona Mossoroense” e pertencente à bacia hidrográfica do

Rio Apodi – Mossoró, o município de Felipe Guerra dista 351 km de Natal, capital do Estado

do Rio Grande do Norte, pelas estradas fede-rais BR-304 / BR-405. Com uma população de

5.680 habitantes e área de 268 km2 (IDEMA, 2007), o município de Felipe Guerra tem sua

renda proveniente basicamente da agricultura de sobrevivência e pequenos comércios, além

da arrecadação, através de royalties, devido à extração de petróleo.

A Base do CECAV no Rio Grande do Norte vem trabalhando no município desde 2001

tendo em vista ali encontrar-se, à época, a maior concentração de cavidades do estado e o

patrimônio espeleológico mais expressivo, tanto sob o ponto de vista de cavernas com

maiores dimensões, da ornamentação e fauna cavernícola. Estes estudos preliminares

mostraram uma grande potencialidade da área em termos de pesquisa científica e

ecoturismo, devido à quase não ocorrência de atividades ligadas à mineração neste

município especificamente, sendo que em municípios vizinhos como Governador Dix-Sept

Rosado e Apodi, a extração de calcário já se constitui em um sério problema sob o ponto de

vista ambiental e de preservação do patrimônio espeleológico.

O aumento do conhecimento acerca do patrimônio espeleológico ganha cada vez

mais importância no contexto da conservação destes sistemas e o município de Felipe

Guerra, por ter destaque no cenário espeleológico potiguar, concentra a maioria dos estudos

realizados no carste norteriograndense (Bento, 2011; Coelho, 2008; Cruz et al., 2010;

Ferreira et al., 2008; Ferreira et al., 2010; Silva, 2008).

O projeto objetivou agrupar as informações mais recentes acerca do patrimônio

espeleológico do município de Felipe Guerra, bem como complementá-las por meio da

realização de levantamentos (topografias e caracterizações ambientais) em áreas

reconhecidas como lacunas amostrais. Como resultados, são apresentadas áreas onde o

patrimônio espeleológico tem relevância máxima, propiciando subsídios para o zoneamento

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO – Felipe Guerra 27

Page 29: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

do uso e ocupação do solo, de forma a possibilitar a coexistência sustentável de atividades

produtivas no município.

2.2 Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes

A grande maioria das 237 cavernas do município de Baraúna está no Projeto de

Assentamento Rural (P.A.) Maisa, implantado INCRA em 2004 a partir da desapropriação da

Mossoró Agroindustrial S.A. (antiga fazenda Maisa), nos municípios de Mossoró e Baraúna.

O P.A. Maisa é o maior assentamento do Nordeste e o quarto maior do Brasil, com 1.150

famílias, ocupando uma área de 20.202 hectares. Destes, cerca de 20% (4.043 hectares)

corresponde à área de reserva legal do assentamento, rica em afloramentos calcários e com

imenso potencial espeleológico. A esta área de reserva legal, e porções adjacentes de

afloramentos calcários, chamamos de Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas

Adjacentes (figura 10).

No início das atividades espeleológicas na área, por volta de 1990, apenas três

cavernas eram conhecidas pela comunidade local: a Furna Feia, segunda maior caverna do

Estado, com 739 metros de desenvolvimento linear, a Gruta do Pinga e o Abrigo do Letreiro,

este último com pinturas rupestres (Cruz et al., 2009, Cruz et al., 2010). Após o inicio do

processo de ocupação do assentamento, por volta de 2005, de imediato ocorreu um

aumento na visitação desordenada às cavernas e sítios arqueológicos da região, causando

um dano irreparável a esse patrimônio natural. As principais agressões são pichações e

quebra de espeleotemas, além da grande quantidade de lixo deixada principalmente na

Furna Feia, a mais visitada. Outros problemas ambientais referem-se à retirada irregular de

madeira nativa pelos assentados, para confecção de cercas, carvão, estaca e lenha, além da

caça predatória (Cruz et al., 2008).

Desde 2002 a área vem sendo alvo de estudos espeleológicos realizados pelo

CECAV/RN. Com prospecções exocársticas em pouco mais de 80 hectares da área de alta

potencialidade espeleológica já haviam sido encontradas mais 62 cavernas (sendo 50 na área

de Reserva Legal), colocando a área como o segundo maior aglomerado de cavernas do

Estado (Cruz et al., 2008.; Cruz et al., 2010). Entre as cavernas identificadas merecem

destaques a Furna Nova que abriga o maior conjunto de cortinas encontrado no estado,

além de vestígios paleontológicos ainda não estudados e a Gruta do Lago, que além de um

imenso potencial paleontológico, possui diversas espécies troglóbias, inclusive de relictos

oceânicos. Esses dados comprovam o imenso potencial espeleológico da área e levantavam

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO – Sítio Espeleológico da Furna Feia 28

Page 30: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

a probabilidade da existência de um número ainda maior de cavidades ao se realizarem

levantamentos nas áreas ainda não pesquisadas.

Foram realizados, paralelamente, levantamentos de fauna e flora que apontaram

uma biodiversidade ímpar, elevadas taxas de endemismo inclusive com a identificação de

diversas espécies constantes nas listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção,

caracterizando a área como um importante remanescente do bioma Caatinga. Tais

levantamentos apontaram, ainda, um imenso potencial para a realização de pesquisas

científicas e turismo ecológico, rural e de aventura, culminando na apresentação de

proposta de criação de uma Unidade de Conservação federal (Cruz et al., 2009).

Geologicamente a área corresponde a um soerguimento tectônico da plataforma

carbonática Jandaíra na Plataforma de Aracati, que se manifesta com mais evidência na

região entre as cidades de Mossoró e Baraúna, notadamente através da expressão

geomorfológica positiva conhecida como Serra Mossoró. A Serra Mossoró representa o

ápice topográfico dessa região soerguida tectonicamente, e representa um divisor natural

das águas meteóricas que escoam a leste para a bacia do Rio Mossoró, e a oeste para a bacia

do Rio Jaguaribe. A combinação da presença dessas porções de terrenos carbonáticos

soerguidos, o intenso fraturamento e falhamento das rochas e a vergência do fluxo

hidrodinâmico superficial para a zona de descarga a Oeste da Serra Mossoró contribuem

para a expressiva concentração de cavernas identificadas na área (Xavier Neto, 2006).

Os dados resultantes do presente projeto concluíram os levantamentos que

subsidiaram a proposta de criação do Parque Nacional da Furna Feia, e teve como objetivos

a prospecção exocárstica das áreas de alta potencialidade espeleológica ainda não

prospectadas, bem como o levantamento espeleotopográfico e caracterização ambiental das

cavidades mais relevantes, identificando as áreas onde o patrimônio espeleológico

apresenta relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO – Sítio Espeleológico da Furna Feia 29

Page 31: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 10 - Localização do P.A Maisa e de sua área de reserva legal (Imagens: Google Earth).

Os processos de carstificação desta área diferem, portanto, da espeleogênese

ocorrida nas áreas carbonáticas da Formação Jandaíra pertencentes à bacia hidrográfica do

rio Apodi-Mossoró, responsáveis pela formação da outra grande concentração de cavernas

do RN, nos municípios de Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado (Cruz et al., 2010),

condicionados pelo nível de base do rio Apodi-Mossoró. Desta forma, para fins de

classificação de relevância, as duas áreas objeto deste projeto podem ser consideradas duas

unidades espeleológicas distintas, conforme será detalhado posteriormente.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO – Sítio Espeleológico da Furna Feia 30

Page 32: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

3 OBJETIVOS E METAS

3.1 Objetivos

A seguir são apresentados os objetivos do presente projeto:

- Diagnosticar a situação atual do patrimônio espeleológico no município de Felipe

Guerra e do sítio espeleológico da Furna Feia e áreas cársticas adjacentes, bem como

propiciar subsídios para o zoneamento do uso e ocupação do solo, indicando áreas onde o

patrimônio espeleológico tem relevância significativa;

- Realizar atividades de educação ambiental com as comunidades do entorno da área

do sítio espeleológico da Furna Feia e áreas cársticas adjacentes, com o objetivo de

conscientizar acerca da necessidade de ações de preservação e conservação do patrimônio

espeleológico.

3.2 Metas

Abaixo são apresentadas as metas do presente projeto:

a) Caracterizar, conforme ficha de caracterização de cavernas do CECAV, e topografar

as cavidades mais relevantes do município de Felipe Guerra;

b) Realizar encontros de educação ambiental com as comunidades do entorno do

Sítio espeleológico da Furna Feia e áreas cársticas adjacentes, com o objetivo de

conscientizar acerca da necessidade de ações de preservação e conservação do patrimônio

espeleológico;

c) Prospectar as áreas cársticas do Sítio espeleológico da Furna Feia e áreas cársticas

adjacentes;

d) Caracterizar, conforme ficha de caracterização de cavernas do CECAV, e topografar

as cavidades mais relevantes do Sítio espeleológico da Furna Feia e áreas cársticas

adjacentes;

e) Sistematizar os dados coletados em um inventário descritivo básico;

f) Alimentar com informações a “Base de Dados das Cavidades Subterrâneas do Rio

Grande do Norte / CECAV” e o Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas – CANIE –

CECAV - ICMBio.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

OBJETIVOS E METAS 31

Page 33: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E METODOLOGIA APLICADA

A execução do projeto foi dividida em etapas, de acordo com os objetivos, metas e

área de atuação, assim como previsto no plano de trabalho. A seguir são detalhadas as

atividades realizadas e a metodologia aplicada.

É importante frisar que, à época da elaboração do projeto e do início das atividades,

o Decreto Federal 6.640/2008 (Brasil, 2008), nem tampouco a IN MMA No 2/2009 (MMA,

2009) que o regulamenta, haviam sido publicados. Tal legislação estabelece o conceito de

relevância das Cavidades Naturais Subterrâneas, conforme exposto anteriormente (Ítem

1.3). Desta forma, o projeto foi pensando com vistas à elaboração de mapas de sensibilidade

ambiental de acordo com a legislação vigente (todas as cavernas e suas áreas de influência

sob o regime de “proteção integral”, indistintamente), e não baseado em graus de

relevância.

Diante da mudança no cenário referente à legislação de proteção ao patrimônio

espeleológico e da impossibilidade de analisar a relevância das cavernas da área objeto do

projeto, tendo em vista a equipe técnica e recursos financeiros planejados, optou-se por

identificar, dentre as cavernas caracterizadas (conforme detalhado adiante), aquelas com

atributos que permitam sua classificação como de relevância máxima. Assim, serão

apresentados, como produtos principais do projeto, mapas com a ocorrência de cavernas (e

a delimitação de suas áreas de influência conforme Res. CONAMA 347/04 (CONAMA, 2004)

e as áreas onde o patrimônio espeleológico apresenta relevância máxima.

4.1 Felipe Guerra

A primeira etapa realizada no projeto consistiu na caracterização, conforme ficha

padrão do CECAV, e topografia com precisão 3C-UIS (ou equivalente BCRA) das cavidades

mais relevantes, incluindo-se aí a definição de suas áreas de influência conforme Resolução

CONAMA 347/04, localizadas nas áreas cársticas do município de Felipe Guerra. As

informações coletadas nesta etapa complementaram as já disponíveis na Base de Dados do

CECAV e permitiram a elaboração do mapa de sensibilidade ambiental quanto ao patrimônio

espeleológico do município.

As informações disponíveis na Base de Dados do CECAV (cavernas cadastradas no

início de 2008), além de informações sobre as cavidades, tais como caracterizações e mapas

topográficos já existentes) foram sistematizadas, permitindo a identificação de lacunas de

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAE E METODOLOGIA APLICADA – Felipe Guerra 32

Page 34: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

conhecimento na região. Baseadas nestas foram definidas 33 cavernas prioritárias para as

ações de topografia e caracterização.

A escolha das cavernas prioritárias nas áreas identificadas como lacunas baseou-se

em atributos já conhecidos de relevância tais como desenvolvimento, ornamentação

(espeleotemas), fauna subterrânea expressiva etc., bem como localização geográfica, dentro

do universo das cavernas do município.

O critério de localização geográfica fez-se necessário, pois, devido à existência de

vários aglomerados de cavernas no município, quando as cavernas localizadas nas bordas

desses aglomerados são topografadas a topografia das localizadas mais ao centro

geralmente não traz novos dados ao mapa de sensibilidade, principalmente se levada em

consideração apenas o traçado das áreas de influência. Dessa forma, as cavernas

topografadas e caracterizadas foram as definidas como mais relevantes, desde que sua área

de influência englobasse outras cavernas não topografadas nas proximidades.

As cavernas foram topografadas pelo método de bases fixa (preferencialmente) e

flutuante, sendo a precisão das medidas de até 2° e 0,5 metros e os desenhos feitos no local,

o equivalente a uma classificação mínima 3C-BCRA (Day, 2002). Os mapas topográficos

informam ainda sobre a sua geometria, posição espacial em relação ao terreno

(coordenadas utm das bases localizadas nas entradas), morfologia, altitude das entradas,

desenvolvimento horizontal, desenvolvimento linear e desnível, grau de precisão da

topografia e principais atributos ou feições relevantes como corpos d’água, principais

espeleotemas, relevo interno e principais acidentes topográficos, presença de guano,

vestígios arqueológicos e paleontológicos.

A caracterização espelológica das cavidades baseou-se na ficha padrão de

caracterização de cavernas do CECAV, cujos atributos que devem ser minimamente

coletados são: 1. Identificação e localização: nome da caverna, data da caracterização,

município, localidade, autor das informações, dados geográficos da(s) entrada(s)

(identificação da entrada, altitude, erro do GPS, quantidade de satélites e coordenadas

UTM), acesso, detalhe do Local, croqui de acesso, bacia hidrográfica, litologia dominante,

unidade geológica, dificuldades externas; 2. Aspectos sócio-ambientais – comunidade e uso

e ocupação do solo; 3. Características da entrada - posição, hidrografia, posição vertente,

dolinamentos, lapiezamentos, vegetação no entorno; 4. Feições internas – desenvolvimento,

padrão de galerias, estado de conservação, descrição, dificuldades internas, volume, rocha

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAE E METODOLOGIA APLICADA – Felipe Guerra 33

Page 35: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

sugerida, blocos abatidos, espeleotemas; 5. Fauna (morcegos e outros vertebrados, guano e

outros vestígeos, invertebrados terrestres e aquáticos).

Dentre as 33 cavernas selecionadas, sete foram topografadas e caracterizadas pela

equipe do CECAV-RN (com apoio do grupo Meandros EspeleoClube no caso da caverna do

Trapiá) e as 26 restantes pela empresa Solotrat, vencedora de processo licitatório.

Os dados gerados no presente projeto, somados aos disponíveis na Base de dados do

CECAV permitiram a realização de análises que abrangeram informações espeleométricas e

caracterizações preliminares de 57 cavernas, além de levantamentos biológicos de 27

cavidades (Ferreira et al., 2008; Ferreira et al., 2010; Bento, 2011), no universo amostral de

199 cavidades atualmente conhecidas no município.

A identificação das cavidades de relevância máxima ocorreu de acordo com os

critérios apontados na legislação atual (Brasil, 2008; MMA, 2009), ou seja, por meio da

presença de pelo menos um dos atributos listados a seguir, considerados sob o enfoque

regional: gênese única ou rara; morfologia única; dimensões notáveis em extensão, área ou

volume; espeleotemas únicos; isolamento geográfico; abrigo essencial para a preservação de

populações geneticamente viáveis de espécies animais em risco de extinção, constantes em

listas oficiais; habitat essencial para preservação de populações geneticamente viáveis de

espécies de troglóbios endêmicos ou relíctos; habitat de troglóbio raro; interações

ecológicas únicas; ser considerada cavidade testemunho ou possuir destacada relevância

histórico-cultural ou religiosa.

A referida legislação afirma que as análises referentes ao enfoque regional devem ser

delimitadas pela “unidade espeleológica”, definida como sendo a “área com homogeneidade

fisiográfica, geralmente associada à ocorrência de rochas solúveis, que pode congregar

diversas formas do relevo cárstico e pseudocárstico tais como dolinas, sumidouros,

ressurgências, vales cegos, lapiás e cavernas, delimitada por um conjunto de fatores

ambientais específicos para a sua formação”. Desta forma, a unidade geológica utilizada

como referência para o município de Felipe Guerra contempla os calcários da Formação

Jandaíra, com ocorrência nos municípios componentes da Bacia Hidrográfica do rio Apodi-

Mossoró (SEMARH, 2011): além de Felipe Guerra, os municípios adjacentes de Apodi,

Governador Dix-Sept Rosado, Caraúbas e Upanema, além de parte dos municípios de

Mossoró e Baraúna.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAE E METODOLOGIA APLICADA – Felipe Guerra 34

Page 36: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Assim sendo, para efeito de comparação e representatividade, frente à abrangência

da unidade geológica escolhida, foram utilizados dados constantes na Base de Dados do

CECAV/RN de levantamentos topográficos e caracterizações preliminares em outras 10

cavidades (sendo 7 em Gov. Dix-Sept Rosado, 2 em Apodi e uma em Mossoró), totalizando

67 cavernas, e dados de inventários biológicos de 11 cavernas (sendo 7 em Gov. Dix-Sept

Rosado, 3 em Apodi e uma em Mossoró) (Bento, 2011; Ferreira et al., 2008; Ferreira et al.,

2010; Ferreira et al., dados não publicados), totalizando 38 cavidades – para o total de 267

cavernas atualmente conhecidas na área.

Definidas as cavernas com atributos que justifiquem a classificação como de

relevância máxima, suas áreas de influência foram traçadas (conforme Resolução CONAMA

347/2004) na forma de poligonais convexas de 250 metros de raio a partir da projeção do

mapa da cavidade em superfície, ou a partir do ponto da entrada quando o mapa não estava

disponível. Dessa forma, a união de todas as áreas de influência gerou o mapa das áreas

onde o patrimônio espeleológico apresenta relevância máxima no município.

4.2 Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes

4.2.1 Prospecção Exocárstica das áreas de alta potencialidade de ocorrência de

cavernas

Esta primeira etapa consistiu na identificação das áreas de alta potencialidade

espeleológica (afloramentos calcários) por meio da interpretação de imagens de satélite

(Imagens QuickBird cedidas pela Petrobrás UN-RNCE e imagens do programa Google Earth) e

posterior verificação e refinamento em campo, bem como do levantamento das áreas já

prospectadas. Esta etapa foi realizada entre janeiro e março de 2010.

Posteriormente, realizou-se a prospecção das áreas identificadas utilizando-se

metodologia modificada a partir da proposta de Almeida-Netto et al. (2003). Tal

metodologia modificada consistiu na utilização de técnicas de geoprocessamento, por meio

das quais são identificadas e plotadas na base de trabalho afloramentos de calcário, rios,

lagoas e cursos d’água intermitentes, estradas, caminhos e as cavidades já identificadas. A

partir desses dados é aplicada uma malha de prospecção nas áreas de alta potencialidade

espeleológica onde são plotados (definidos aleatoriamente, por interseção de UTM) pontos

norteadores a cada 50 metros, além de pontos identificadores de feições tipicamente

associadas a entradas de cavernas (identificadas a partir da análise de imagens de satélite).

Esta base de dados gera mapas de campo e arquivos, que são posteriormente transferidos

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E METODOLOGIA APLICADA – Sítio Espeleológico da Furna Feia 35

Page 37: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

para aparelhos de GPS (Global Positioning System), norteando as atividades de prospecção

em campo. Cada cavidade identificada teve as coordenadas da entrada registradas em

aparelho de GPS, além de anotados outros dados como altitude, número de satélites, erro

do GPS e o datum utilizado, além de anotações básicas sobre os aspectos mais relevantes

identificados na exploração inicial. As atividades de prospecção e caracterização preliminar

foram realizadas entre abril e setembro de 2010.

4.2.2 Topografia e caracterização ambiental das cavernas selecionadas

Após o término das prospecções, foram selecionadas as cavidades mais relevantes

identificadas, com base em informações como estimativa de desenvolvimento, desnível,

espeleotemas, vestígios arqueológicos, paleontológicos, aspectos faunísticos e localização

geográfica (critério comentando anteriormente no ítem 4.1). É importante frisar que o plano

de trabalho prevê a topografia e caracterização ambiental de 20% das cavernas identificadas

no Sítio Espeleológico, incluindo as identificadas na etapa de prospecção exocárstica.

As cavernas selecionadas foram topografadas (grau de precisão 3C-BCRA/SBE, no

mínimo) e caracterizadas (conforme ficha padrão do CECAV, já descrita anteriormente no

ítem 4.1), de forma a possibilitar a identificação da presença de atributos que possibilitem a

classificação da cavidade como de relevância máxima, conforme critérios apontados na

legislação vigente (Brasil, 2008; MMA, 2009). Os dados obtidos foram adicionados aos já

existentes na Base de Dados do CECAV/RN, que já contava com o mapa topográfico da Furna

Feia e levantamentos biológicos na Furna Feia e Furna Nova (Ferreira et al., dados não

publicados; Bento, 2011). Esta etapa foi realizada entre setembro de dezembro de 2010.

A identificação das cavidades de relevância máxima ocorreu de acordo com os

critérios apontados na legislação atual (MMA, 2009), já descritos anteriormente no ítem 4.1.

Com relação ao enfoque regional, o Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas

Adjacentes pode ser considerado por si só uma unidade espeleológica, tendo em vista que

os processos de carstificação ali ocorridos diferem dos processos que originaram as demais

cavernas calcárias da região Oeste do Estado.

Definidas as cavernas com atributos que justifiquem sua classificação como de

relevância máxima suas áreas de influência foram traçadas, assim como as das demais

cavidades identificadas na área (conforme Resolução CONAMA 347/2004), na forma de

poligonais convexas de 250 metros de raio a partir da projeção do mapa da cavidade em

superfície, ou a partir do ponto da entrada quando o mapa não estava disponível. Dessa

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E METODOLOGIA APLICADA – Sítio Espeleológico da Furna Feia 36

Page 38: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

forma, a compilação dos dados gerou o mapa de localização das cavidades, suas áreas de

influência e das áreas onde o patrimônio espeleológico apresenta relevância máxima no Sítio

Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes.

4.2.3 Encontros de educação ambiental com as comunidades

Conforme previsto no plano de trabalho, foram realizados encontros de educação

ambiental com as comunidades do entorno do Sítio espeleológico da Furna Feia e áreas

cársticas adjacentes, com o objetivo de sensibilizá-los acerca da necessidade de ações de

preservação e conservação do patrimônio espeleológico, assim como de uma conduta

consciente em suas áreas de ocorrência.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E METODOLOGIA APLICADA – Sítio Espeleológico da Furna Feia 37

Page 39: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

5 RESULTADOS ALCANÇADOS

5.1 Felipe Guerra

5.1.1 Topografia e caracterização ambiental das cavernas selecionadas

Conforme detalhado no ítem 4.1, com base nas informações sobre as cavernas do

município de Felipe Guerra disponíveis anteriormente ao início das atividades do projeto,

foram selecionadas 33 cavernas para topografia e caracterização ambiental (tabela 1, figura

11).

Tabela 1. Cavernas topografadas e caracterizadas no município de Felipe Guerra/RN durante a primeira etapa do projeto.

No Caverna Localidade Coordenadas UTM (Zona 24S; Datum WGS1984)

Latitude Longitude

01 Caverna de Geilson Cidade de Felipe Guerra/Brejo 9381057,592 645290,152

02 Caverna do Marimbondo Cidade de Felipe Guerra/Brejo 9381089,109 645308,133

03 Caverna das Folhas Cidade de Felipe Guerra/Brejo 9381052,268 645296,324

04 Caverna do Pau Cidade de Felipe Guerra/Brejo 9381641,984 645377,856

05 Caverna Lapa I/Engano Lajedo da Lapa 9385093,046 644539,467

06 Caverna do Tejo (F9-B1-07) Lajedo do Rosário 9385591,596 648056,534

07 Caverna da Craibeira (F9-A2-06) Lajedo do Rosário 9385233,181 647894,975

08 Caverna do Jefferson (F9-B1-08) Lajedo do Rosário 9385633,015 648102,094

09 Caverna Abissal Lajedo do Rosário 9384804,311 647768,894

10 Caverna da Catedral Lajedo do Rosário 9384821,864 647766,403

11 Caverna do Canyon dos Corredores Lajedo do Rosário 9385068,364 648503,609

12 Caverna do Complexo Suiço Lajedo do Rosário 9385066,025 648341,490

13 Caverna do Chocalho Lajedo do Rosário 9385241,930 648321,441

14 Caverna da Tuberculosa (F9-C2-03) Lajedo do Rosário 9385347,989 648567,170

15 Gruta do Filme Lajedo do Rosário 9385750,038 648183,078

16 Furna de Dona Teresa (F9-B1-04) Lajedo do Rosário 9385798,331 648218,651

17 Caverna da Rolinha (F9-C2-02) Lajedo do Rosário 9385263,054 648588,953

18 Caverna do Desafio Lajedo do Rosário 9384920,263 647774,369

19 Caverna das Paredes de Couve-Flor Lajedo do Rosário 9385407,820 648061,885

20 Caverna de Ademar de Simão Lajedo do Pedro Matu 9386620,999 651093,118

21 Caverna de Chico de Simão Lajedo do Pedro Matu 9386433,767 651426,118

22 Gruta de Zé de Juvino Lajedo do Arapuá 9387265,111 651854,439

23 Caverna do Arapuá * Lajedo do Arapuá 9388563,824 653280,308

24 Caverna do Sabonete * Lajedo do Arapuá 9388940,565 652424,698

25 Caverna da Bota * Lajedo do Arapuá 9389098,612 653071,709

26 Pequena Gruta do Arapuá * Lajedo do Arapuá 9389173,978 653153,032

27 Dolina do Xavier * Lajedo do Arapuá 9388707,052 652056,882

28 Dolina do Xavier II * Lajedo do Arapuá 9388364,015 651626,267

29 Caverna do Trapiá * Lajedo do Trapiá 9384965,742 652734,971

30 Caverna do Mangangá Lajedo do Trapiá 9384321,544 652441,864

31 Caverna Trapiá I Lajedo do Trapiá 9384452,249 652633,901

32 Caverna Beira-Rio Lajedo do Trapiá 9386136,054 651907,242

33 Caverna do Mulungú Lajedo da Rainha/Urubú 9383869,386 648972,296

* - Cavernas topografadas e caracterizadas pela equipe do CECAV/RN.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 38

Page 40: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 11. Localização das cavernas selecionadas para topografia e caracterização ambiental no município de Felipe Guerra/RN, durante a primeira etapa do projeto, com base nas cavernas conhecidas no município em 2008 e as cavidades topografadas anteriormente. Os resultados desta etapa são apresentados no inventário descritivo a seguir. Tal inventário é

composto pelos mapas topográficos e informações básicas levantadas durante os mapeamentos,

seguindo a ficha de caracterização de cavernas do CECAV (conforme descrito anteriormente).

Quando disponíveis, informações constantes na Base de Dados do CECAV/RN, levantadas e

disponibilizadas por pesquisadores, são aqui apresentadas de forma resumida com o objetivo de

complementar as análises. Assim, informações detalhadas podem ser consultadas nos artigos e

dissertações que seguem anexas à versão digital deste relatório.

Cidade de Felipe Guerra

Brejo

Lapa

Rainha/Urubú

Rosário

Rumana Trapiá

Pedro Matu

Arapuá

Cote

Ria

cho

do

Co

te

FELIPE GUERRA

APODI

GOV. DIX-SEPT ROSADO

CARAÚBAS

Notas: - Elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas, Base Avançada Compartilhada no Rio Grande do Norte (CECAV/RN); - Sistema de coordenadas UTM (Zona 24S); Datum Horizontal WGS1984; - Base cartográfica e limites municipais compilados da Base de Dados Digitais do IBGE; - Cavernas, limites de afloramentos calcários e da cidade de Felipe Guerra, estradas e hidrografia obtidos da Base de Dados do CECAV/RN.

Estradas carroçáveis

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 39

Page 41: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

,2

PROJETO KARST JANDAÍRA - CAVERNAS DE FELIPE GUERRA/RN INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO

Page 42: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO GEILSON

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 71m 8m 8 WGS1984 24S 645286 9381054

Caverna situada nas imediações da cidade de Felipe Guerra, com acesso feito por

trilhas a partir do quintal de algumas casas, sem dificuldades externas. Assim como as

demais cavernas do município, não há qualquer infraestrutura facilitadora externa ou

interna, tendo em vista que não há turismo regular. A caverna faz parte de um pequeno

conjunto de cavidades com gênese em tufa calcária, composto pelas cavernas do Geilson,

das Folhas, do Marimbondo e das Abelhas Italianas.

Praticamente todas as cavernas dessa área, em função de sua proximidade com a

cidade de Felipe Guerra, têm construções (casas) em suas áreas de influência. Outros

impactos são o desmatamento para cultivo agrícola e pecuária, além de impactos indiretos

gerados pelo cultivo de arroz nas áreas mais baixas e uso de agrotóxicos. Apesar disso, o

entorno imediato das cavernas está conservado, não sendo observadas áreas desmatadas

(exceto no caso de pequenas trilhas) ou maiores impactos em função da visitação esporádica

às cavidades.

A entrada é feita por uma pequena fenda na tufa calcária e a caverna é caracterizada

pela presença de dois salões sobrepostos interconectados por uma grande fenda,

aparentemente condicionados por uma diáclase. Há acúmulo de solos arenosos e argilosos

em alguns pontos. Há presença de blocos abatidos irregulares e de espeleotemas

conservados, de pequeno porte, como couve flor, cortinas, e estalactites. A cavidade está

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 41

Page 43: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

bastante preservada, embora sua proximidade da cidade seja muito grande (a entrada muito

pequena provavelmente desencoraja a visitação).

Os recursos orgânicos para a fauna resumem-se a material vegetal que se acumula

nas proximidades da entrada, além de pequenos acúmulos de guano de morcegos (não

identificados) em outras porções da caverna. Há ainda um considerável acúmulo de conchas

de gastrópodes em seu nível inferior.

A literatura (Ferreira et al., 2010; Bento, 2011) reporta a presença de pelo menos 34

morfoespécies de invertebrados, pertencentes a pelo menos 30 famílias das ordens Acari

(Macronyssidae), Amblypygi (Charinidae – Charinus sp., Phrynidae – Heterophrynus sp.),

Aranae (Ctenidae – Enoploctenus sp., Pholcidae – Mesabolivar sp., Sicariidae – Loxosceles

sp., Theraphosidae, Theridiidae), Palpigradi (Eukoeneniidae), Pseudoscorpiones, Schizomida

(Hubbardiidae - Rowlandius sp.), Polydesmida, Symphyla, Scutigeromorpha, Isopoda

(Platyarthridae – Trichorhina sp.), Coleoptera (Carabidae, Elateridae, Staphylinidae),

Collembola (Paronellidae - Campylothorax sp1), Blattodea, Diplura (Japygidae), Diptera

(Muscidae, Phoridae, Milichidae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera

(Ploiariidae, Reduviidae), Hymenoptera (Formicidae), Zygentoma (Nicoletiidae) e

Gastropoda.

Destas, duas morfoespécies apresentam características troglomórficas: uma de

diplópode (Polydesmida) e uma de Diplura (Japygidae), ambas não tendo sido encontradas

em nenhuma outra caverna. Destaca-se, também, a enorme população de Schizomida

(Rowlandius sp.) distribuída preferencialmente no nível inferior da caverna e composta de

dezenas de indivíduos.

Desta forma, a caverna do Geilson apresenta dois atributos que permitem sua

classificação como de relevância máxima: Gênese rara (tufa calcária) e habitat de troglóbios

raros (e endêmicos).

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 42

Page 44: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO GEILSON

Page 45: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO MARIMBONDO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 100m 7m 07 WGS1984 24S 645302 9381094

Caverna também situada nas imediações da cidade de Felipe Guerra, com acesso

feito por trilhas a partir do quintal de algumas casas, sem dificuldades externas. Também

não há qualquer estrutura facilitadora externa ou interna

O acesso à caverna, que é originada em tufa calcária, é feito por uma pequena

entrada em meio à vegetação de caatinga, apresentando ainda blocos instáveis e

lapiezamento expressivo. A caverna encontra-se com suas feições internas conservadas. O

desenvolvimento é misto e as galerias possuem um padrão retilíneo. As dificuldades

encontradas na progressão no interior da caverna são teto baixo, blocos abatidos instáveis,

lances verticais e rastejamento. A gruta possui drenagem intermitente e há acúmulo de

solos argilosos e arenosos em alguns pontos, no entanto o piso é predominantemente

coberto com blocos abatidos irregulares de diâmetro entre 1 a 2 metros. Há espeleotemas

conservados, de pequeno porte, dos tipos couve flor, estalactites e escorrimentos calcíticos.

Com relação à biologia da caverna, não há registros na literatura sobre inventários

faunísticos, no entanto foram observados, durante a caraterização, aranhas (Pholcidae -

Mesabolivar sp. e Salticidae), amblipígeos (Phrinidae – Heterophrynus sp.), Schizomida

(Hubbardiidae - Rowlandius sp.), Isópodes, miriápodes, collembola (Entomobryomorpha),

Dipteros (moscas) e gastrópodes. Não foram observados vertebrados.

O único atributo que eleva a caverna ao grau de relevância máximo é sua gênese em

tufa calcária.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 45

Page 46: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO MARIMBONDO

Page 47: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DAS FOLHAS

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 71m 3m 8 WGS1984 24S 645295 9381054

Caverna acessada por trilhas a partir do quintal de algumas casas, sem dificuldades

externas. Também não há qualquer estrutura facilitadora externa ou interna. O entorno

imediato da caverna apresenta vegetação de caatinga em bom estado de conservação.

O acesso à caverna, que é originada em tufa calcária, é feito por uma pequena

entrada no topo do afloramento calcário, sendo necessário transpor lances verticais. A

caverna encontra-se com suas feições internas conservadas. O desenvolvimento é misto e as

galerias possuem um padrão retilíneo. As dificuldades encontradas na progressão no interior

da caverna são trechos escorregadios, lances verticais, tetos baixos e rastejamento. A gruta

possui drenagem intermitente e há acúmulo de solos argilosos e arenosos em alguns pontos,

no entanto há predomínio de blocos abatidos irregulares. Há espeleotemas conservados, de

pequeno porte, dos tipos couve flor, estalactites e microtravertinos (estes isolados), além de

cortinas e escorrimentos calcíticos de médio porte. Foram identificadas evidências de folhas

fossilizadas nas paredes e teto da caverna.

Com relação à biologia da caverna, não há registros na literatura sobre inventários

faunísticos, no entanto foram observados, durante a caraterização, aranhas (Pholcidae -

Mesabolivar sp.), amblipígeos (Phrinidae – Heterophrynus sp.), Schizomida (Hubbardiidae -

Rowlandius sp.), Isópodes, miriápodes e gastrópodes. Entre os vertebrados, apenas

morcegos (não identificados) foram observados, além de poucas manchas de guano.

O único atributo que eleva a caverna ao grau de relevância máximo é sua gênese em

tufa calcária.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 48

Page 48: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DAS FOLHAS

Page 49: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PAU

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 40 9m 8 WGS1984 24S 645374 9381640

Esta caverna também está situada nas imediações da cidade de Felipe Guerra, com

acesso feito por trilhas a partir do quintal de algumas casas sem dificuldades. Também não

há qualquer estrutura facilitadora externa ou interna. Apesar da proximidade com as três

outras cavidades caracterizadas anteriormente, a caverna do Pau e a Gruta dos Três Lagos

(cavidade próxima) não são originadas em tufa calcária.

A caverna tem seu entorno conservado, com vegetação de Caatinga de porte

arbóreo/arbustivo, e a única entrada consiste em uma pequena abertura no teto do maior

salão, sendo necessário transpor um pequeno lance vertical (foi colocado um tronco de

árvore para facilitar a descida, de onde vem o nome da cavidade). Aparentemente a entrada

vertical desestimula a visitação, motivo pelo qual a caverna apresenta-se preservada.

A cavidade é formada basicamente por dois salões interconectados por uma estreita

passagem e possui desenvolvimento horizontal com padrão de galerias retilíneo. As

dificuldades internas encontradas foram: Teto baixo, blocos instáveis, trechos escorregadios,

rastejamento e lances verticais. Foi observada foliação sub-horizontal. Os solos são arenosos

e argilosos, havendo também pilhas de blocos abatidos cúbicos (diâmetros menores que um

metro) e tabulares (diâmetros maiores que 4 metros). Com relação aos espeleotemas foram

observadas cortinas, estalactites e estalagmites de porte médio, todos bem conservados.

A pequena entrada permite o acúmulo de pouco material vegetal (principalmente

nas suas proximidades) e este não possui representatividade no sistema, de forma que

outros recursos, em especial o guano de morcegos frugívoros e também raízes de plantas da

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 51

Page 50: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

vegetação externa que alcançam as galerias subterrâneas fornecem a sustentação da cadeia

alimentar da caverna. Embora esteja situada bem próxima da gruta dos Três Lagos, a

caverna do Pau não possui qualquer corpo d´água permanente (Ferreira et al., 2010).

A literatura (Ferreira et al., 2010; Bento, 2011) reporta relativa variedade de espécies

sustentada especialmente pelos depósitos de guano, seja de forma direta (pelo consumo

direto do guano ou fungos associados) ou indireta (predadores que se alimentam dos

invertebrados guanófagos). Foram observados um total de 32 morfoespécies de pelo menos

20 famílias das Ordens Amblypygi (Charinidae – Charinus sp), Acari (Macronyssidae), Aranae

(Gnaphosidae, Pholcidae - Mesabolivar sp., Theridiidae, Scytodidae – Scytodes sp., Ctenidae,

Sicaridae – Loxoceles sp., Sicarius Tropicus), Scorpiones (Buthidae – Tytius sp.),

Pseudoescorpiones, Isopoda (Plathyarthridae – Thichorrhina sp.), Scutigeromorpha,

Collembola (Paronellidae – Campylothorax sp., Troglobius sp.), Diptera, Blattodea, Ensifera

(Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera (Reduviidae), Hymenoptera (Formicidae –

Odontomachus sp.), Lepidoptera (Tineidae), Zygentoma (Lepidotrichidae).

Destas, apenas uma espécie de colêmbolo (Paronellidae – Troglobius sp.) foi

considerado troglóbio, tendo sido encontrado apenas na caverna do Pau e na gruta dos Três

Lagos (cavidade vizinha). Desta forma, tal espécie é considerada rara e endêmica, elevando a

caverna ao grau de relevância máximo.

Salão da entrada da caverna do Pau (Foto: Rodrigo Lopes Ferreira/UFLA)

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 52

Page 51: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PAU

Page 52: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA LAPA I/ENGANO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 87m 6m 10 WGS1984 24S 644538 9385092

Caverna localizada no lajedo da Lapa (também conhecido como lajedo de Alfredo). O acesso

pode ser feito tanto por estrada de terra que parte da comunidade do Brejo em direção ao lajedo do

Rosário, como por estrada de terra que parte da BR-406, também em direção ao lajedo do Rosário. É

necessária uma pequena caminhada sobre o lajedo, com lapiezamento expressivo, para acessar a

entrada principal da caverna, localizada no topo do afloramento. A área foi alvo de recente extração

irregular de calcário, de forma que houve danos indiretos (área de influência) à caverna, no entanto

tal atividade encontra-se paralisada.

A vegetação do entorno da caverna, mesmo porque esta está localizada em lajedo, é escassa

e representada apenas por algumas árvores (craibeiras, por exemplo), arbustos (mofumbo) e urtigas

(cansanção). O desenvolvimento é predominantemente horizontal e o padrão das galerias é retilíneo,

com bom estado de conservação. As dificuldades na exploração internas são tetos baixos, blocos

instáveis, trechos escorregadios e rastejamento. Há acúmulo de solos argilosos no nível inferior, e

nos demais o piso é coberto com blocos abatidos irregulares com diâmetro entre 1 e 2m. Com

relação aos espeleotemas foram constatados quatro tipos: Cortinas, travertinos, couve-flôr e

estalactites, todos com porte variando de pequeno a médio e em bom estado de conservação.

Bento (2011) registra a ocorrência de 53 morfoespécies de invertebrados na cavidade, em

duas coletas realizadas no final dos períodos seco e chuvoso, pertencentes a pelo menos 32 famílias

das ordens Acari (Ixodidae – Amblyomma sp., Veigaiidae, Prostigmata), Amblypygi (Phrynidae –

Heterophrynus sp., Charinidae – Charinus sp.), Aranae (Ochiroceratidae, Pholcidae – Mesabolivar sp.,

Metagonia sp., Salticidae, Scytodidae – Scytodes sp.), Opiliones, Schizomida (Hubardiidae –

Rowlandius sp.), Diplopoda (Pseudonannolenidae), Polyxenida, Scolopendromorpha, Isopoda

(Armadiliidae, Plathyarthridae – Trichorhina sp.), Collembola (Paronellidae – Campylothorax sp.,

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 55

Page 53: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Lepidonella sp., Arrhopalitidae - Arrhopalites aff. Coecus), Diptera (Culicidae, Lonchaeidae,

Psichodidae – Lutzomyia sp., Sciaridae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera

(Reduviidae – Zelurus sp., Schizopteridae, Kinnaridae), Hymenoptera (Formicidae), Lepidoptera

(Tineidae), Neuroptera (Chrysopidae), Psocoptera, Zygentoma, Gastropoda.

Merece destaque uma grande concentração de Psocoptera observada na coleta no final do

período chuvoso de 2010. Tal adensamento provavelmente tem fins reprodutivos.

Destas, duas morfoespécies foram consideradas troglóbias: Um Collembola

(Arrhopalitidae - Arrhopalites aff. Coecus) e um Heteroptera (Kinnaridae). O Collembola só

foi encontrado nesta caverna até o momento, já o Kinnaridae foi encontrado em diversas

outras cavidades de Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado, no entanto é necessário

aguardar sua identificação formal (espécimes encaminhados a especialistas para descrição)

para ter certeza de que se tratam de populações de uma mesma espécie. Desta forma, a

caverna é considerada habitat de troglóbios raros e/ou endêmicos, sendo, portanto, de

relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 56

Page 54: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA LAPA I/ENGANO

Page 55: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO TEJO (F9-B1-07)

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 77m 3m 12 WGS1984 24S 648057 9385592

Caverna localizada na porção Norte do Lajedo do Rosário (também conhecido como

lajedo da Carlinha), afloramento calcário que possui a maior concentração de cavernas do

Estado, com mais de 70 cavidades cadastradas até o momento. O acesso ao lajedo pode ser

feito por estrada de terra a partir da BR-406, bem como por estrada de terra a partir da

comunidade do Brejo de Felipe Guerra. As comunidades mais próximas subsistem

principalmente de atividades como a agricultura e a pecuária (principalmente caprina).

A principal dificuldade no acesso à caverna é o longo caminhamento sobre o lajedo,

que possui lapiezamento expressivo, além de diversas fendas, fraturas e “lajes” soltas. Ao

chegar à entrada da caverna, que está localizada no topo do afloramento, é necessário

transpor um lance vertical. Embora o caminhamento seja difícil, frequentemente há “trilhas

de bodes” (locais de trajeto comum dos animais, onde o calcário fica claro devido ao contato

com os excrementos) indicando os caminhos menos tortuosos no lajedo do Rosário.

Apresenta desenvolvimento misto, com padrão de galerias retilíneo e as dificuldade

impostas à exploração são tetos baixos e rastejamentos. A rocha sugerida é o calcário-

arenoso, com laminação sub-horizontal e seções elíptica vertical e elíptica inclinada. Os solos

caóticos e arenosos possuem granulometria arredondada. Há presença de blocos abatidos

cúbicos de diâmetro entre 1 e 2 metros e de espeleotemas conservados como couve flor

(cobrindo grande parte das paredes), travertinos, escorrimentos calcíticos e estalactites.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos biológicos disponíveis.

Durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae, Salticidae), mariposas

(Lepidoptera), e grilos (Ensifera), além de um grande grupo de morcegos (não identificados).

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 59

Page 56: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO TEJO (F9-B1-07)

Page 57: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA CRAIBEIRA (F9-A2-06)

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 84m 3m 10 WGS1984 24S 647895 9385233

Caverna localizada no extremo Oeste do Lajedo do Rosário, com entrada no topo do

afloramento, acessível após curta, embora em relevo bastante acidentado, caminhada sobre

o lajedo. As dificuldades externas (além do caminhamento no lajedo) encontradas nessa

caverna foram a presença de lances verticais. A caverna apresenta-se conservada e possui

desenvolvimento predominantemente horizontal e padrão de galerias retilíneo. As

dificuldades na exploração interna resumem-se à necessidade de rastejamento em alguns

trechos com tetos baixos. O piso é predominantemente recoberto com blocos abatidos

irregulares e os espeleotemas são pouco diversos (couve flor e estalactites de pequeno

porte), porém conservados.

Não há informações sobre inventários bioespeleológicos nesta caverna na literatura e

durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae – Mesabolivar sp.),

amblipígios (Phrynidae – Heterophrynus sp.) e grilos (Ensifera). Não foram observados

vertebrados.

Não foram identificados atributos que caracterizem a cavidade como de relevância

máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 62

Page 58: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CRAIBEIRA (F9-A2-06)

Page 59: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO JEFFERSON (F9-B1-08)

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 70m 6m 8 WGS1984 24S 648107 9385636

Caverna localizada na porção Norte do Lajedo do Rosário, com entrada no topo do

afloramento, acessível após longa caminhada sobre o lajedo, que frequentemente apresenta

lapiezamento expressivo além de blocos instáveis. As dificuldades externas (além do

caminhamento no lajedo) encontradas nessa caverna foram a presença de lances verticais. A

caverna apresenta-se conservada e possui desenvolvimento misto e padrão de galerias

retilíneo. As dificuldades na exploração interna resumem-se à necessidade de rastejamento

em alguns trechos com tetos baixos. O piso é predominantemente recoberto com blocos

abatidos irregulares e apenas espeleotemas do tipo couve flor foram observados.

Não há informações sobre inventários bioespeleológicos nesta caverna na literatura e

durante o mapeamento foram observados apenas amblipígios (Phrynidae – Heterophrynus

sp.) e grilos (Ensifera), além de poucos morcegos insetívoros e manchas secas e esparsas de

guano.

Não foram identificados atributos que caracterizem a cavidade como de relevância

máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 65

Page 60: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DO JEFFERSON (F9-B1-08)

Page 61: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA ABISSAL

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 83 3m 11 WGS1984 24S 677769 9384804

Caverna localizada na porção mais ao Sul do lajedo do Rosário e sua entrada,

localizada no topo do afloramento e situada no fundo de uma fenda determinada por um

plano de diaclasamento, é acessível após curta caminhada sobre o lajedo (apesar do

lapiezamento expressivo e das fendas frequentes, o percurso não apresenta maiores

dificuldades).

A caverna consiste de um volumoso salão que se conecta a outras galerias menores

por meio de um conduto mais estreito, apresentando desenvolvimento misto e padrão de

galerias retilíneo. As dificuldades encontradas na exploração são tetos baixos, trechos

escorregadios, blocos abatidos instáveis e rastejamento. Há presença de blocos abatidos

irregulares e de espeleotemas conservados dos tipos couve flor, cortinas e dentes de cão,

além de estalictites, estalagmites, escorrimento calcíticos e colunas estalagmíticas.

Levantamentos parciais apontados na literatura (Ferreira et al., 2010; Bento, 2011)

de 25 morfoespécies de pelo menos 20 famílias das Ordens Amblypygi (Charinidae –

Charinus sp.), Aranae (Ochiroceratidae, Pholcidae – Mesabolivar sp., Scytodidae – Scytodes

sp., Sicariidae – Sicarius tropicus, Theraphosidae), Opiliones (Gonyleptidae), Palpigradi

(Eukoeneniidae), Pseudoscorpiones, Schizomida (Hubbardiidae - Rowlandius sp.),

Polydesmida, Spirostreptida (Pseudonannolenidae – Pseudonannolene sp.), Isopoda

(Armadillidae – Venezillo sp.), Ostracoda, Collembola (Entomobryomopha, Arrhopalitidae),

Blattodea, Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Oligochaeta e Gastropoda.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 68

Page 62: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Foram encontradas 4 espécies troglomórficas nesta cavidade. Tais organismos

compreendem uma espécie de opilião (Gonyleptidae), uma de diplópode (Polydesmida), um

colêmbolo (Arrhopalitidae) e um ostracoda. Todas estas espécies foram encontradas apenas

nesta cavidade, de forma que a mesma deve ser considerada habitat de troglóbios raros e

endêmicos e, desta forma, classificada como de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 69

Page 63: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA ABISSAL

Page 64: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA CATEDRAL

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 86m 2m 11 WGS1984 24S 647766 9384822

Caverna localizada no lajedo do Rosário a poucos metros da caverna Abissal, e sua

entrada principal, localizada no topo do afloramento, é acessada após curta caminhada

sobre o lajedo (apesar do lapiezamento expressivo e das fendas frequentes, o percurso não

apresenta maiores dificuldades). O acesso se dá por um lance vertical (pequena escalada)

por uma fenda, havendo ainda uma segunda entrada (claraboia) que acessa o salão principal

diretamente (mas há a necessidade do uso de técnicas verticais).

Apesar de receber visitação esporádica, a caverna apresenta-se completamente

conservada. O desenvolvimento é misto e as galerias possuem padrão retilíneo, havendo

dificuldades internas relacionadas a lances verticais, tetos baixos e rastejamentos. Há

presença de blocos abatidos irregulares, no entanto há predomínio de solos argilosos como

sedimentação, principalmente no nível inferior.

A ornamentação é o principal atrativo da caverna (daí o nome catedral),

constituindo-se em um dos principais conjuntos de espeleotemas do Estado. Há estalactites,

cortinas, couve-flor e colunas de porte métrico, além de estalagmites, travertinos e

escorrimentos calcíticos de menor porte.

Os recursos tróficos para a fauna são basicamente folhiço (acúmulos próximos às

entradas) e acúmulos de guano de morcegos frugívoros (frequentemente com a germinação

de plântulas de oiticica) e hematófagos, além de carcaças de acidentais (bodes). Bento

(2011) registra a ocorrência de 27 morfoespécies de invertebrados pertencentes a pelo

menos 21 famílias das ordens Acari (Prostigmata), Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 72

Page 65: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

sp., Charinidae – Charinus sp.), Aranae (Ochiroceratidae, Pholcidae – Mesabolivar sp.,

Metagonia sp., Scytodidae – Scytodes sp., Sicariidae – Loxosceles sp., Sicarius tropicus,

Theraphosidae, Theridiidae – Theridion sp.), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.),

Polydesmida (Oniscodesmidae), Isopoda (Armadiliidae, Plathyarthridae – Trichorhina sp.),

Blattodea, Collembola (Paronellidae – Campylothorax sp.), Ensifera (Phalangopsidae –

Endecous sp.), Heteroptera (Schizopteridae, Veliidae), Hymenoptera (Formicidae –

Megalomyrmex sp., Odontomachus sp), Isoptera (Nasutitermitinae – Nasutitermes sp.),

Psocoptera (Psyllipsocidae – Psyllipsocus sp.), sendo que nenhuma apresenta

troglomorfismos evidentes. Entre os vertebrados há uma espécie de morcego frugívoro

(Artibeus planirostris) e o registro de uma jibóia próximo à claraboia, provavelmente

tentando predar morcegos (interação ecológica raramente observada que, caso comprovada

como inerente à caverna, e não uma ocorrência isolada, constitui-se em um atributo de

relevância máxima – interação ecológica única).

Devido a seu conjunto único de espeleotemas, a caverna da catedral é considerada

como de relevância máxima.

Em sentido horário a partir do topo: Entrada principal com escalada pela fenda; colônia de morcegos frugívoros (Artibeus planirostris); plântulas de oiticica germinando a partir de sementes trazidas pelos morcegos para o interior da caverna; jibóia provavelmente tentando predar morcegos (fotos: Diego Bento/CECAV).

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 73

Page 66: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA CATEDRAL

Page 67: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CANYON DOS CORREDORES

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 72M 7M 11 WGS1984 24S 648505 9385066

Caverna localizada no extremo Leste do Lajedo do Rosário, acessível após caminhada

por trilha em meio à vegetação de caatinga conservada de porte predominantemente

arbustivo, com posterior caminhamento curto sobre o lajedo. Essa porção do afloramento é

acessada preferivelmente a partir de estrada carroçável que parte da comunidade do brejo

chegando à antiga casa de Dona Teresa, que serviu e ponto de apoio para as primeiras

equipes de espeleólogos a explorarem o lajedo. As famílias que vivem mais próximas a esta

porção do lajedo também têm seu sustento ligado à pecuária, principalmente caprina, e à

agricultura.

Sua entrada fica no topo do afloramento, e o acesso à caverna é feito após vencer

pequeno lance vertical. O desenvolvimento é horizontal e o padrão de galerias retilíneo, não

havendo dificuldades internas impostas à sua exploração. O piso é predominantemente de

rocha com alguns blocos abatidos irregulares. Não há espeleotemas.

Não há informações sobre inventários bioespeleológicos nesta caverna na literatura e

durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae, Salticidae e Ctenidae)

grilos (Ensifera), moscas (Diptera) e mariposas (Lepidoptera), além de uma pequena colônia

de morcegos (não identificados).

Não foram identificados atributos que caracterizem a cavidade como de relevância

máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 76

Page 68: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA

CAVERNA DO CANYON DOS CORREDORES

Page 69: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO COMPLEXO SUIÇO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 75m 4m 7 WGS1984 24S 648341 9385066

Caverna também localizada no extremo Leste do Lajedo do Rosário, acessível após

caminhada por trilha em meio à vegetação de caatinga conservada e posterior

caminhamento sobre o lajedo, com lapiezamento expressivo, sendo necessário transpor

várias fendas (trajeto com risco moderado).

Sua entrada fica no topo do afloramento, e o acesso à caverna é feito após vencer

pequeno lance vertical. O desenvolvimento é misto, mas predominantemente horizontal, e o

padrão de galerias é retilíneo. As dificuldades internas impostas à exploração são tetos

baixos, rastejamentos, lances verticais e trechos escorregadios. O piso é

predominantemente de rocha com alguns blocos abatidos irregulares, além de acúmulo de

solos orgânicos e/ou argilosos principalmente em pontos próximos às entradas e no nível

inferior. A caverna possui várias claraboias/fendas abertas, de forma que é

predominantemente fótica (apenas alguns condutos laterais e o nível inferior apresentam

porções afóticas). Os espeleotemas estão conservados, mas são pouco diversos: apenas

estalictites (de pequeno porte e localizadas) e couve-flor foram observados.

Bento (2011) registra a ocorrência de 54 morfoespécies de invertebrados

pertencentes a pelo menos 41 famílias das ordens Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus

sp., Charinidae – Charinus sp.), Aranae (Ctenidae, Nemesidae, Ochiroceratidae,

Palpimanidae, Pholcidae – Mesabolivar sp., Metagonia sp., Salticidae, Scytodidae – Scytodes

sp., Sicariidae – Sicarius tropicus, Uloboridae), Pseudoscorpiones (Chthoniidae, Garypidae),

Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda (Polydesmida, Polyxenida,

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 79

Page 70: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Spirostreptida - Pseudonannolenidae), Isopoda (Armadiliidae, Plathyarthridae – Trichorhina

sp.), Blattodea, Collembola (Paronellidae – Campylothorax sp., Sminthuridae – Temeritas

sp.), Coleoptera (Carabidae, Curculionidae, Pselaphidae, Diplura (Campodeidae), Diptera

(Culicidae, Sciaridae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera (Ploiariidae,

Reduviidae – Zelurus sp., Schizopteridae, Veliidae, Cixiidae, Kinnaridae), Hymenoptera

(Formicidae – Megalomyrmex sp., Pheidole sp., Odontomachus sp.), Isoptera (Termitidae –

Nasutitermes sp.), Lepidoptera, Psocoptera (Psyllipsocidae – Psyllipsocus sp.), Oligochaeta e

Gastropoda (Solaropsidae – Solaropsis sp.).

A grande diversidade de invertebrados observada reflete a diversidade e abundância

de recursos alimentares: o folhiço é abundante próximo às entradas, há raízes de plantas

que chegam às galerias subterrâneas e há pontos de acúmulo de guano de morcegos (não

identificados) e de corujas (Tyto alba), além de pelotas de regurgitação destas últimas.

Foram observadas fezes de outros vertebrados e rastros provavelmente de um tamanduá-

mirim que utiliza um dos condutos laterais como abrigo.

Entre as espécies de invertebrados observadas duas apresentam troglomorfismos

evidentes: uma aranha e uma cigarra (Kinnaridae). A aranha provavelmente pertence a uma

mesma espécie encontrada em outras duas cavernas do lajedo do Rosário (caverna dos

Crotes e caverna do Chocalho) e a cigarra provavelmente pertence à mesma espécie

amplamente distribuída em cavernas de Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado. Isso,

no entanto, só poderá ser confirmado após a descrição formal das espécies por especialistas

(material já enviado), de forma que por enquanto a caverna deve ser considerada de

relevância máxima por ser habitat de troglóbios raros e/ou endêmicos. Mais detalhes desta

posição, principalmente com relação às populações de Kinnaridae, serão discutidos

posteriormente.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 80

Page 71: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA

CAVERNA DO COMPLEXO SUIÇO

Page 72: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CHOCALHO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 69 7m 11 WGS1984 24S 648335 9385252

Pequena caverna localizada na porção centro-leste do Lajedo do Rosário e pode ser

acessada a partir das trilhas que chegam às cavernas da porção oeste (Carrapateria, por

exemplo) como pelas que dão acesso à porção leste (Crotes, Complexo Suiço). É necessária

caminhada sobre o lajedo, com lapiezamento expressivo, sendo preciso transpor várias

fendas (trajeto com risco moderado).

Sua entrada fica no topo do afloramento, e o acesso à caverna é feito após vencer

pequeno lance vertical. O desenvolvimento é predominantemente horizontal, e o padrão de

galerias é retilíneo. As dificuldades internas impostas à exploração são tetos baixos,

rastejamentos e lances verticais. O piso é predominantemente de rocha com alguns blocos

abatidos irregulares, além de acúmulo de solos argilosos e arenosos em alguns pontos. Os

espeleotemas estão conservados, mas são pouco diversos: apenas estalictites (de pequeno

porte e localizadas) e couve-flor foram observados.

Bento (2011) registra a ocorrência de 39 morfoespécies pertencentes a pelo menos

30 famílias das ordens Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus sp., Charinidae – Charinus

sp.), Aranae (Ochiroceratidae, Pholcidae – Mesabolivar sp., Metagonia sp., Scytodidae –

Scytodes sp., Sicariidae – Sicarius tropicus, Uloboridae), Palpigradi (Eukoeneniidae –

Eukoenenia sp.), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda (Polydesmida,

Polyxenida, Spirostreptida – Pseudonannolenidae), Chilopoda (Scutigeromorpha –

Scutigeridae), Isopoda (Plathyarthridae – Trichorhina sp.), Blattodea, Collembola

(Cyphoderidae – Cyphoderus sp., Paronellidae – Campylothorax sp.), Coleoptera (Carabidae,

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 83

Page 73: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Staphylinidae), Diptera (Culicidae, Phoridae, Psichodidae – Lutzomyia sp.), Ensifera

(Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera (Pentastomidae, Ploiariidae, Homoptera),

Hymeoptera (Formicidae – Acanthognathus sp., Pheidole sp., Odontomachus sp.),

Lepidoptera, Oligochaeta e Gastropoda (Streptaxidae – Streptartemon sp.).

Entre as espécies de invertebrados observadas duas apresentam troglomorfismos

evidentes: uma aranha e um colêmbolo (Cyphoderidae – Cyphoderus sp.). A aranha

provavelmente pertence à mesma espécie encontrada em outras duas cavernas do lajedo do

Rosário (caverna dos Crotes e caverna do Complexo Suiço), no entanto isso só poderá ser

confirmado após a descrição formal por especialistas (material já enviado). O colêmbolo, no

entanto, só foi encontrado nesta cavidade de forma que a mesma deve ser considerada de

relevância máxima por ser habitat de troglóbios raros e/ou endêmicos.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 84

Page 74: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO CHOCALHO

Page 75: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA TUBERCULOSA (F9-C2-03)

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 81 5m 7 WGS1984 24S 648580 9385346

Caverna também localizada no extremo Leste do Lajedo do Rosário, acessível após

caminhada por trilha em meio à vegetação de caatinga conservada, partindo da antiga casa

de Dona Tereza, e posterior caminhamento sobre o lajedo, com lapiezamento expressivo e a

necessidade de transpor várias fendas (trajeto com risco moderado). A caverna recebeu esse

nome devido a um baú repleto de roupas e outros pertences femininos abandonado em sua

entrada. Na região era comum (e ainda ocorre) descartar todos os pertences de uma pessoa

doente de tuberculose após a sua morte.

Sua entrada fica no topo do afloramento, e o acesso à caverna é feito após vencer

pequeno lance vertical. O desenvolvimento é predominantemente horizontal, e o padrão de

galerias é retilíneo. As dificuldades internas impostas à exploração são tetos baixos,

rastejamentos, lances verticais, trechos escorregadios, blocos instáveis e passagens em

“quebra-corpo”. Foi observada hidrografia intermitente e empoçamento de água de

percolação. O piso é predominantemente de rocha com presença de blocos abatidos

irregulares, tabulares e cúbicos. Os espeleotemas estão conservados, mas são pouco

diversos: apenas estalictites (de pequeno porte e localizadas) foram observadas.

Não há informações sobre inventários bioespeleológicos nesta caverna na literatura e

durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae, Salticidae), grilos

(Ensifera), moscas (Diptera), mariposas (Lepidoptera) e tatuzinhos de jardim (Isopoda –

Armadiliidae), além de poucos morcegos (não identificados) e acúmulos de guano.

Não foram identificados atributos que caracterizem a cavidade como de relevância

máxima. RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 87

Page 76: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA

CAVERNA DA TUBERCULOSA (F9-C2-03)

Page 77: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

GRUTA DO FILME

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 81m 9m 9 WGS1984 24S 648183 9385750

Caverna localizada no extremo Norte do Lajedo do Rosário. A principal dificuldade no

acesso à caverna é o longo caminhamento sobre o lajedo, que possui lapiezamento

expressivo, além de diversas fendas, fraturas e “lajes” soltas. A entrada da caverna é

caracterizada por um canyon em posição de base/fundo e dolina em projeção horizontal

elíptica.

Apresenta desenvolvimento horizontal, com padrão de galerias retilíneo e as

dificuldade impostas à exploração são tetos baixos e rastejamentos. O piso da caverna é

basicamente de rocha e há presença de blocos abatidos irregulares, com diâmetro menor do

que 1 metro, e de espeleotemas conservados de pequeno porte dos tipos couve flor, colunas

e estalactites.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos biológicos disponíveis na

literatura. Durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae e

Salticidae), mariposas (Lepidoptera), grilos (Ensifera) e marimbondos (Hymenoptera), além

de um grande grupo de morcegos (não identificados) e alguns acúmulos de guano já seco.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 90

Page 78: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA GRUTA DO FILME

Page 79: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

FURNA DE DONA TERESA (F9-B1-04)

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 82m 7m 8 WGS1984 24S 648220 9385800

Caverna localizada no extremo Norte do Lajedo do Rosário, próxima à gruta do

Filme, de forma que as dificuldades externas são as mesmas. A entrada da caverna,

localizada no topo do lajedo, apresenta-se como uma dolina irregular e há lapiezamento

horizontal expressivo.

É necessário transpor um pequeno lance vertical para acessar o interior da cavidade,

que apresenta desenvolvimento horizontal, com padrão de galerias retilíneo, e as

dificuldades impostas à exploração são tetos baixos, rastejamentos e alguns pequenos

lances verticais. Há acúmulo de solos argilosos em alguns pontos, mas o piso é

predominantemente de rocha e blocos abatidos irregulares entre 1 e 2 metros. Os

espeleotemas são do tipo couve flôr (porte pequeno, únicos bem distribuídos na caverna),

estalactite (porte pequeno), coluna (porte médio) e estalagmite (porte médio), estando

todos estes em bom estado de conservação.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos biológicos disponíveis na

literatura. Durante o mapeamento foram observados apenas grilos (Ensifera), além de

poucos morcegos (não identificados) e alguns acúmulos de guano já seco.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 93

Page 80: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA

FURNA DE DONA TERESA (F9-B1-04)

Page 81: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA ROLINHA (F9-C2-02)

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 70m 6m 10 WGS1984 24S 648587 9385261

Caverna localizada no extremo Leste do Lajedo do Rosário (próxima às cavernas dos

Crotes e da Tuberculosa) acessível após caminhada por trilha em meio à vegetação de

caatinga conservada, partindo da antiga casa de Dona Tereza, e posterior caminhamento

sobre o lajedo, com lapiezamento expressivo e a necessidade de transpor várias fendas

(trajeto com risco moderado).

Sua entrada fica no topo do afloramento, caracterizada como uma dolina com

projeção horizontal elíptica, e o acesso à caverna é feito após vencer lance vertical. O

desenvolvimento é predominantemente horizontal, e o padrão de galerias é retilíneo. As

dificuldades internas impostas à exploração são tetos baixos, rastejamentos e lances

verticais. Há blocos abatidos irregulares, com diâmetro maior que 4 metros e cúbicos, com

diâmetro entre 1 e 2 metros e os espeleotemas, todos conservados, ocorrem apenas na

forma de couve flor e estalactites.

Não há informações sobre inventários bioespeleológicos nesta caverna na literatura e

durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae), grilos (Ensifera),

mariposas (Lepidoptera) e amblipígeos (Amblypygi). Não foram observados vertebrados.

Não foram identificados atributos que caracterizem a cavidade como de relevância

máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 96

Page 82: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA ROLINHA (F9-C2-02)

Page 83: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO DESAFIO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 81m 3m 12 WGS1984 24S 647772 9384920

A Caverna do Desafio está localizada na porção centro-sul do lajedo do Rosário, nas

proximidades de outras cavernas expressivas como a gruta da Descoberta e as cavernas da

Catedral e Abissal. Como a topografia não está concluída, ainda há possibilidade de que esta

cavidade se conecte com outras próximas.

A caverna é acessível após pequeno lance vertical e possui desenvolvimento misto

(predominantemente horizontal) e padrão de galerias retilíneo. As dificuldades internas

impostas à exploração são tetos baixos (e consequente rastejamento), blocos instáveis,

trechos escorregadios, e passagens em “quebra-corpo”, além de grupos de marimbondos

caboclos que inclusive impediram o prosseguimento da topografia em alguns pontos. Possui

empoçamento de água de percolação e gotejamento, embora de forma intermitente. O piso

da caverna é coberto predominantemente com blocos abatidos cúbicos, entre 1 e 2 metros,

e irregulares. Os espeleotemas são do tipo couve-flor e estalactites, ambos de pequeno

porte e bem conservados.

Não há informações sobre inventários bioespeleológicos nesta caverna na literatura e

durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae, Ctenidae e

Salticidae), grilos (Ensifera) e amblipígeos (Amblypygi), além de morcegos (não

identificados), manchas de guano de morcegos insetívoros e excrementos de mocós

(Kerodon rupestris).

Não foram identificados atributos que caracterizem a cavidade como de relevância

máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 99

Page 84: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO DESAFIO

Page 85: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DAS PAREDES DE COUVE-FLOR

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 73m 9m 8 WGS1984 24S 648056 9385412

Caverna localizada na porção Centro-Oeste do lajedo do Rosário. A principal

dificuldade no acesso à caverna é o longo caminhamento sobre o lajedo, que possui

lapiezamento expressivo, além de diversas fendas, fraturas e “lajes” soltas. A entrada da

caverna, localizada no topo do lajedo, é caracterizada pela presença de uma grande árvore

(craibeira) que inclusive facilita o acesso à cavidade (pequeno lance vertical existente).

Apresenta desenvolvimento horizontal, com padrão de galerias retilíneo e as

dificuldade impostas à exploração são tetos baixos e rastejamentos. O piso da caverna é

basicamente de rocha e, da mesma forma que as paredes e o teto, recoberto com couve-flor

(de onde vem o nome da caverna). Além destes, os espeleotemas presentes na caverna são

apenas estalactites.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos biológicos disponíveis na

literatura. Durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae) e grilos

(Ensifera). Não foram encontrados vertebrados.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 102

Page 86: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA

CAVERNA DAS PAREDES DE COUVE-FLOR

Page 87: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DE ADEMAR DE SIMÃO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 82m 3m 7 WGS1984 24S 651093 9386620

A caverna fica localizada no conjunto de afloramentos calcários conhecido como

lajedo do Pedro Matu (uma continuidade de afloramentos que se estende desde o lajedo do

Rosário até o lajedo do Arapuá). O acesso pode ser feito tanto por estrada carroçável vinda

da comunidade do Brejo de Felipe Guerra (necessárias travessias pelo leito do rio Apodi-

Mossoró) como pelos acessos abertos pela Petrobrás ligando a BR-406 às suas instalações no

Leste Poço Xavier (LPX). As atividades econômicas predominantes na área são a pecuária

(principalmente caprina) e a agricultura de subsistência, havendo também a exploração da

cera da palha da carnaúba nas margens do Rio Apodi-Mossoró.

A entrada da caverna fica na borda de um dos afloramentos calcários, em meio à

vegetação de Caatinga densa e de porte arbóreo/arbustivo, sendo caracterizada como uma

dolina elíptica. O desenvolvimento da caverna é misto, mas predominantemente vertical –

uma exceção entre as cavernas da região – apresentando um dos maiores desníveis

observados no Estado, -35,2m. O Padrão das galerias é retilíneo e as dificuldades internas

encontradas foram blocos instáveis, trechos escorregadios, rastejamento, lances verticais e

passagens em quebra-corpo. Foi observada drenagem aparentemente perene e solos

classificados como arenosos e argilosos com granulometria de argila, areia e seixos. Há ainda

blocos abatidos cúbicos, tabulares e irregulares. Os espeleotemas encontrados foram

estalactites e cortinas, ambos de médio porte e bem conservados.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos biológicos disponíveis na

literatura. Durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae),

Amblipígeos (Amblypygi – Phrynidae), grilos (Ensifera) e cupins (Isoptera – Termitidae). Não

foram observados vertebrados. Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 105

Page 88: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DE ADEMAR DE SIMÃO

Page 89: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DE CHICO DE SIMÃO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 65m 4m 11 WGS1984 24S 651426 9386433

Caverna localizada no lajedo do Pedro Matu, em sua porção mais a Leste e na

margem do rio Apodi-Mossoró. Essa porção do lajedo encontra-se intensamente fraturada

havendo também bastante vegetação (principalmente mofumbo), de forma que o acesso à

caverna é difícil.

A entrada da caverna fica no topo do afloramento e a mesma é acessada após

pequeno lance vertical. O desenvolvimento é horizontal e o padrão das galerias é retilíneo.

As dificuldades internas encontradas foram blocos instáveis, trechos de teto baixo,

rastejamento e passagens em quebra-corpo.

A caverna apresenta diversas interfaces com o ambiente externo em função da

profusão de fendas e claraboias, havendo bastante acúmulo de material vegetal nas

proximidades dessas aberturas. Há acúmulo de solo argiloso apenas em alguns pontos, de

forma que o piso é predominantemente coberto por blocos abatidos irregulares e de

diversas dimensões. Os espeleotemas observados resumem-se a couve flor, de forma bem

distribuída, e algumas estalactites em pontos isolados.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos biológicos disponíveis na

literatura. Durante o mapeamento foram observados apenas aranhas (Pholcidae –

Mesabolivar sp., Ctenidae, Salticidae e Theraphosidae), grilos (Ensifera), formigas

(Formicidae), cupins (Isoptera – Termitidae), pseudoescorpiões (Pseudoscorpiones) e

colêmbolos (Collembola – Entomobryomopha). Não foram observados vertebrados.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 108

Page 90: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DE CHICO DE SIMÃO

Page 91: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

GRUTA DE ZÉ DE JUVINO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 41m 4m 7 WGS1984 24S 651851 9387267

A gruta de Zé de Juvino (também conhecida como caverna Brechada) está localizada

na margem esquerda do rio Apodi-Mossoró, na base de um pequeno afloramento próximo à

localidade do Arapuá. As atividades econômicas da área são as mesmas apontadas nas

caracterizações das cavernas Ademar de Simão e Chico de Simão, da mesma forma que os

acessos via estradas. No entanto, para chegar à caverna é necessária ainda uma caminhada

(sem maiores dificuldades) de aproximadamente 600 metros nas planícies de inundação da

margem esquerda do rio Apodi-Mossoró.

A caverna é a única conhecida a ser originada em uma brecha hidráulica, sendo

utilizada, por este motivo, como ponto interpretativo no curso de campo Feições Cársticas

da Bacia Potiguar (oferecido pela Universidade Petrobrás, com apoio do CECAV/RN). A

caverna apresente desenvolvimento horizontal e padrão retilíneo de galerias. As dificuldades

internas são a presença de blocos abatidos instáveis, tetos baixos e a presença de água

devido à surgência de rio/lago, outro atributo único entre as cavernas aqui caracterizadas

(mas que não é exclusivo entre as cavernas do município). No interior da caverna é possível

observar o contato com a rocha mãe (Formação Jandaíra), que possui foliação sub-

horizontal. Os solos argilosos e arenosos possuem granulometria arredondada e há presença

de blocos abatidos cúbicos e irregulares, com diâmetro entre 1 e 2 metros. Não foram

observados espeleotemas.

Bento (2011) registra a ocorrência de 16 morfoespécies de invertebrados

pertencentes a pelo menos 11 famílias das ordens Aranae (Ctenidae, Pholcidae –

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 111

Page 92: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Mesabolivar sp., Metagonia sp.), Opiliones, Decapoda, Collembola (Paronellidae –

Campylothorax sp.), Coleoptera (Carabidae), Diptera (Drosophilidae, Phoridae, Sciaridae),

Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.) e Heteroptera (Veliidae), sendo que nenhuma

espécie apresenta troglomorfismos evidentes. Entre os vertebrados, apenas pequenas

piabas e pererecas foram observados.

Por ter sua gênese em brecha hidráulica, a gruta de Zé de Juvino deve ser

considerada de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 112

Page 93: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA GRUTA DE ZÉ DE JUVINO

Page 94: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO MANGANGÁ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 76m 7m 8 WGS1984 24S 652441 9384321

A caverna do Mangangá está localizada na porção Sul do Lajedo do Trapiá, sendo

acessível por estrada de terra que liga a cidade de Felipe Guerra (partindo da comunidade do

Brejo) a Governador Dix-Sept Rosado, Caraúbas e à fazenda Itaoca. As atividades produtivas

na região restringem-se à agricultura e pecuária bovina e caprina. Há indícios de extração

irregular de calcário (aparentemente paralisadas) e de madeira nativa.

O acesso à caverna é feito após longa caminhada sobre o lajedo, (embora sem

maiores dificuldades) e descida em pequeno lance vertical na entrada, que está localizada no

topo do afloramento e pode ser caracterizada como uma dolina de formato irregular. A

caverna está completamente conservada e o desenvolvimento é predominantemente

horizontal, com padrão de galerias retilíneo. As dificuldades internas são teto baixo,

rastejamento, blocos instáveis, lances verticais e trechos escorregadios. Foi encontrada

hidrografia intermitente, com água de empoçamento em uma área e de gotejamento em

outras duas. Os solos são predominantemente argilosos, com acúmulo de guano de

morcegos hematófagos em alguns pontos e também de blocos abatidos cúbicos e instáveis.

Os espeleotemas encontrados foram estalactites (porte médio), couve-flor (pequeno porte),

travertino (pequeno porte) e cortina (grande porte), todos em bom estado de conservação.

Não há levantamentos biológicos disponíveis na literatura, no entanto, durante o

mapeamento, foram observadas aranhas (Pholcidae – Mesabolivar sp., Theraphosidae),

amplipígeos (Phrynidae – Heterophrynus sp.), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.),

Colembolla (Entomobriomorpha), cupins (Isoptera) e grilos (Ensifera). Foram também

encontrados morcegos hematófagos (Dyphilla ecaudata) e manchas recente de guano.

Não foram identificados atributos de relevância máxima. RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 115

Page 95: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO MANGANGÁ

Page 96: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO TRAPIÁ I

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 74m 6m 8 WGS1984 24S 652633 9384452

A caverna do Trapiá I também está localizada no Lajedo do Trapiá, de forma que os

acessos via estradas, atividades produtivas e conflitos são os mesmos já descritos para a

caverna do Mangangá.

O acesso à caverna é feito após curta caminhada sobre o lajedo, (embora sem maiores

dificuldades) e descida em pequeno lance vertical na entrada, que está localizada no topo do

afloramento e pode ser caracterizada como uma dolina de projeção horizontal helíptica. A

caverna está completamente conservada e o desenvolvimento é predominantemente

horizontal, com padrão de galerias retilíneo. As dificuldades internas são teto baixo, blocos

instáveis, quebra-corpo e rastejamento. Foi observada hidrografia intermitente. Há presença

de solos arenosos e argilosos, no entanto a predominância é de blocos abatidos irregulares,

tabulares e cúbicos. Os espeleotemas encontrados, todos conservados, bem distribuídos e

de pequeno porte, foram estalactites, micro-travertinos e pequenas pérolas.

Não há levantamentos biológicos disponíveis na literatura, no entanto, durante o

mapeamento, foram observadas aranhas (Pholcidae – Mesabolivar sp.), cupins (Isoptera),

formigas (Hymenoptera- Formicidae) e grilos (Ensifera). Foram também encontrados

morcegos (não identificados) e algumas manchas de guano.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 118

Page 97: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO TRAPIÁ I

Page 98: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA BEIRA-RIO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 58m 4m 7 WGS1984 24S 651907 9386136

A caverna Beira-Rio também está localizada no Lajedo do Trapiá, mas no seu limite

Noroeste, na margem direita do rio Apodi-Mossoró. O acesso pode ser feito tanto pela

estrada que dá acesso às cavernas do lajedo do Trapiá e já descrito anteriormente, como

pelas estradas que dão acesso aos lajedos do Arapuá e Pedro Matu, com pequena travessia a

pé pelo leito do rio Apodi-Mossoró. As atividades produtivas na região são a pecuária

(principalmente caprina), a agricultura de subsistência, a exploração da cera da palha de

carnaúba e ainda a pesca.

A entrada da caverna fica a meia altura do afloramento e o acesso a seu interior não

apresenta dificuldades (uma ressalva a ser feita refere-se apenas à frequente presença de

marimbondos e outras vespas na entrada da caverna). A caverna apresenta-se conservada,

com desenvolvimento horizontal e padrão de galerias retilíneo, sem dificuldades internas.

Não foram observados solos e o piso é recoberto predominantemente com blocos abatidos

irregulares de diversos tamanhos. Como espeleotemas foram observadas apenas estalactites

de pequeno porte.

Bento (2011) registra a ocorrência de 47 morfoespécies de invertebrados na

cavidade, em duas coletas realizadas no final dos períodos seco e chuvoso, pertencentes a

pelo menos 36 famílias das ordens Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus sp.), Aranae

(Ctenidae, Pholcidae – Mesabolivar sp., Salticidae, Sicariidae – Loxosceles sp., Sicarius

tropicus, Theraphosidae, Uloboridae), Opiliones, Pseudoscorpiones (Chthoniidae,

Menthidae, Olpiidae), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda (Spirobolida –

Rhinocricidae, Spirostreptida – Pseudonannolenidae), Chilopoda (Geophilomorpha), Isopoda

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 121

Page 99: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

(Armadiliidae, Plathyarthridae – Trichorhina sp.), Blattodea, Collembola (Paronellidae –

Campylothorax sp.), Coleoptera (Pselaphidae, Tenebrionidae), Diptera (Chloropidae,

Culicidae, Lonchaeidae, Mycetophilidae, Psichodidae – Lutzomyia sp.), Ensifera

(Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera (Cixiidae), Hymenoptera (Formicidae –

Crematogaster sp., Megalomyrmex sp., Odontomachus sp), Isoptera (Termitidae –

Nasutitermes corniger), Lepidoptera (Tineidae), Neuroptera (Chrysopidae), Psocoptera

(Psyllipsocidae – Psyllipsocus sp.), Zygentoma e Gastropoda (Solaropsidae – Solaropsis sp.,

Streptaxidae – Streptaxis sp.). Devido às dimensões da caverna e à entrada

proporcionalmente grande, a fauna de invertebrados é predominantemente epígea. Não

foram observados vertebrados.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 122

Page 100: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA BEIRA-RIO

Page 101: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO MULUNGU

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 79 2m 11 WGS1984 24S 648972 9383869

Caverna localizada no lajedo do Mato, o mesmo lajedo onde estão as cavernas do

Urubu e da Rainha, sendo que o acesso é feito pelas mesmas estradas carroçáveis que levam

a essas cavernas, partindo da comunidade do Brejo de Felipe Guerra. As atividades

produtivas na área são a pecuária (principalmente caprina) e a agricultura de subsistência,

sendo que nas áreas baixas próximas ao rio Apodi-Mossoró há o plantio de arroz

Não há dificuldades para acessar a entrada da caverna, que está localizada no topo

do lajedo. O desenvolvimento é horizontal e o padrão das galerias retilíneo (levemente

sinuoso/meandrante). As dificuldades encontradas foram teto baixo e rastejamento. A gruta

possui drenagem intermitente e a rocha sugerida é de calcário-arenosa, com granulometria

fina, laminação sub-horizontal; há solos arenosos e argilosos, de granulometria arredondada,

e presença de blocos abatidos irregulares menores que um metro de diâmetro. Os

espeleotemas observados, todos conservados e de pequeno porte, foram couve flor,

cortinas, travertino, estalictites e escorrimento calcítico.

Não há levantamentos faunísticos disponíveis na literatura. Durante o mapeamento

foi observado um grupo de morcegos insetívoros, além de manhas secas de guano, além da

ossada de um caprino e fezes de outro vertebrado não identificado. Quanto aos

invertebrados foram observadas aranhas (Pholcidae – Mesabolivar sp., Scytodidae –

Scytodes sp., Theridiidae), amblipígios (Phrynidae – Heterophrynus sp., Charinidae – Charinus

sp.) e grilos (Ensifera).

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 125

Page 102: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO MULUNGU

Page 103: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO ARAPUÁ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 76,5 3m 11 WGS1984 24S 653294.201 9388480.119

Caverna localizada no lajedo do Arapuá. O acesso à área, da mesma forma que para

as cavernas localizadas no Pedro Matu, pode ser feito tanto por estrada carroçável vinda da

comunidade do Brejo de Felipe Guerra (necessárias travessias pelo leito do rio Apodi-

Mossoró) como pelos acessos abertos pela Petrobrás ligando a BR-406 às suas instalações no

Leste Poço Xavier (LPX). As atividades econômicas predominantes na área são a exploração

de petróleo e a pecuária (principalmente caprina). Há também casos isolados de extração

irregular de calcário e de madeira. A caverna também é utilizada no curso de Campo Feições

Cársticas da Bacia Potiguar da Universidade Petrobrás.

Não há dificuldades externas para o acesso à caverna, exceto por pequena

caminhada sobre o lajedo (embora o mesmo não apresente faturamento significativo) e um

pequeno lance vertical na entrada, facilitado pela existência de uma grande árvore (oiticica).

A caverna apresenta desenvolvimento predominantemente horizontal e padrão de galerias é

retilíneo. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 10m (predominantemente

9m) e 3.5m (2.5m de altura predominante). As dificuldades encontradas no deslocamento

do interior da caverna são teto baixo e rastejamento, além de uma alta concentração de

Loxosceles sp. (aranha marrom) na porção mais ao Sul da caverna, justamente onde estão os

maiores trechos de rastejamento. Embora não haja hidrografia perene, há a presença de um

sumidouro e de água de gotejamento.

O calcário apresenta laminação sub-horizontal, granulometria fina e cor clara. Há

acúmulo de solo argiloso/orgânico na porção central da caverna, no entanto na porção mais

ao Norte há presença de blocos abatidos irregulares, inclusive com diâmetros maiores que

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 128

Page 104: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

4m, e de blocos também irregulares, mas de tamanho reduzido, na porção Sul. Os

espeleotemas observados foram couve flor, cortinas (centimétricas), estalictites

(centimétricas), estalagmites (centimétricas), escorrimentos calcíticos (centimétrico),

travertinos e colunas.

A caverna abriga uma colônia de morcegos frugívoros, produzindo abundante guano

que recobre quase toda a porção central da caverna, inclusive com a germinação de

plântulas de oiticica. A própria oiticica da entrada certamente germinou a partir de

sementes trazidas para a caverna por morcegos frugívoros. Há ainda pequenas manchas

secas de guano de morcegos não identificados (provavelmente insetívoros).

Bento (2011) registra a ocorrência de 55 morfoespécies de invertebrados na

cavidade, em duas coletas realizadas no final dos períodos seco e chuvoso, pertencentes a

pelo menos 37 famílias das ordens Acari (Mesostigmata, Prostigmata, Sarcoptiforme –

Acaridae), Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus sp., Charinidae – Charinus sp.), Aranae

(Ctenidae, Ochiroceratidae, Pholcidae – Mesabolivar sp., Metagonia sp., Salticidae,

Scytodidae – Scytodes sp., Sicariidae – Loxosceles sp., Theraphosidae, Theridiidae),

Pseudoscorpiones (Chthoniidae), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda

(Polydesmida, Polyxenida, Spirostreptida – Pseudonannolenidae), Chilopoda

(Geophilomorpha – Ballophilidae), Isopoda (Armadiliidae, Plathyarthridae – Trichorhina sp.),

Blattodea, Collembola (Paronellidae – Campylothorax sp.), Coleoptera (Carabidae,

Curculionidae, Pselaphidae), Diptera (Empididae, Mycetophilidae, Phoridae, Psichodidae –

Lutzomyia sp.), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera (Reduviidae – Zelurus

sp., Kinnaridae), Hymenoptera (Formicidae – Crematogaster sp., Megalomyrmex sp.),

Isoptera (Termitidae – Nasutitermes cornige), Lepidoptera e Psocoptera (Psyllipsocidae –

Psyllipsocus sp.).

Destas, apenas uma espécie (Heteroptera - Kinnaridae) foi considerada troglóbia.

Trata-se da provavelmente da mesma espécie de cigarra encontrada em diversas outras

cavidades de Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado, no entanto é necessário aguardar

sua identificação formal (espécimes encaminhados a especialistas para descrição) para ter

certeza de que se tratam de populações de uma mesma espécie. Assim, de forma preventiva

(conforme será detalhado mais adiante), a caverna do Arapuá é considerada habitat de

troglóbio raro e/ou endêmico, sendo, portanto, de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 129

Page 105: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO ARAPUÁ

Page 106: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO SABONETE

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 67,9m 3m 11 WGS1984 24S 652472.786 9388988.014

Caverna também localizada no lajedo do Arapuá. Não há dificuldades externas para o

acesso, exceto por pequena caminhada sobre o lajedo (embora o mesmo não apresente

faturamento significativo). A cavidade foi utilizada durante alguns anos no curso de Campo

Feições Cársticas da Bacia Potiguar da Universidade Petrobrás.

A entrada, localizada no topo do lajedo, pode ser caracterizada como uma dolina com

projeção horizontal elíptica, onde é destacada a presença de uma grande árvore (conhecida

como sabonete – daí o nome da caverna). O acesso ao interior da caverna não apresenta

grandes dificuldades, apenas um desnível acentuado e a presença de vários blocos abatidos.

Apresenta desenvolvimento horizontal e padrão de galerias é retilíneo, estando

completamente conservada. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 11,5m

(predominantemente 2m) e 7,7m (1,5m de altura predominante). As dificuldades

encontradas no deslocamento do interior da caverna são teto baixo e rastejamento. Não foi

observada hidrografia.

O calcário apresenta laminação sub-horizontal, granulometria fina e de cor clara. Há

acúmulo de solo argiloso de forma localizada (principalmente nas porções inferiores), mas o

piso é recoberto predominantemente por blocos abatidos irregulares, com diâmetro que

chagam a mais de 4m. Os espeleotemas observados foram estalictites, estalagmites e

travertinos (de porte centimétrico); escorrimentos calcíticos e cortinas (porte métrico), além

de couve-flor.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 132

Page 107: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Com relação à biologia da caverna, entre os vertebrados foi observado um grupo de

morcegos de espécie indeterminada e manchas secas de guano também indeterminado.

Havia também no momento da caracterização uma carcaça de bode.

Entre os invertebrados, Bento (2011) registra a presença de 25 morfoespécies

pertencentes a pelo menos 20 famílias das ordens Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus

sp., Charinidae – Charinus sp.), Aranae (Pholcidae - Mesabolivar sp., Metagonia sp.,

Scytodidae – Scytodes sp., Sicariidae – Loxosceles sp., Theridiidae, Uloboridae),

Pseudoscorpiones (Chthoniidae), Diplopoda (Polydesmida, Spirostreptida -

Pseudonannolenidae), Chilopoda (Scutigeromorpha – Scutigeridae), Collembola

(Paronellidae – Campylothorax sp.), Diptera (Culicidae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous

sp.), Heteroptera (Ploiariidae, Reduviidae – Zelurus sp.), Isoptera (Termitidae – Nasutitermes

corniger), Lepidoptera, Oligochaeta e Gastropoda (Streptaxidae – Streptartemon sp.)

Não foram identificados atributos que elevem a cavidade ao grau de relevância

máximo.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 133

Page 108: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO SABONETE

Page 109: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA BOTA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 69,3m 3m 11 WGS1984 24S 653107.429 9389139.707

Caverna também localizada no lajedo do Arapuá. As dificuldades externas para o

acesso são as mesmas apresentadas para a caverna do Sabonete.

O acesso ao interior da caverna não apresenta grandes dificuldades, apenas as

dimensões reduzidas da entrada, que é localizada em topo de lajedo. Apresenta

desenvolvimento horizontal e padrão de galerias é retilíneo, estando completamente

conservada. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 4,8m

(predominantemente 4m) e 3,3m (1,4m de altura predominante). As dificuldades

encontradas no deslocamento do interior da caverna são teto baixo e rastejamento. Não foi

observada hidrografia.

O calcário apresenta laminação sub-horizontal, granulometria fina e de cor clara. Há

acúmulo de solo arenoso generalizado, associados a blocos abatidos irregulares. A caverna é

relativamente bem ornamentada e apresenta espeleotemas como couve-flor, cortinas,

estalictites, estalagmites, escorrimentos calcíticos, travertinos e colunas (todos conservados

e com porte variando de pequeno a médio).

Com relação à biologia da caverna, entre os vertebrados foi observado um grupo de

morcegos de espécie indeterminada e, entre os invertebrados, Bento (2011) registra a

presença de 23 morfoespécies pertencentes a pelo menos 20 famílias das ordens Amblypygi

(Phrynidae – Heterophrynus sp., Charinidae – Charinus sp.), Aranae (Ctenidae, Pholcidae –

Mesabolivar sp., Metagonia sp., Scytodidae – Scytodes sp., Sicariidae – Loxosceles sp.),

Pseudoscorpiones (Chthoniidae), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 136

Page 110: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

(Polydesmida, Spirostreptida – Pseudonannolenidae), Isopoda (Armadiliidae), Collembola

(Paronellidae – Campylothorax sp.), Coleoptera (Staphylinidae), Diptera (Cecidomyidae,

Ceratopogonidae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera (Kinnaridae),

Hymenoptera (Formicidae – Megalomyrmex sp.), Lepidoptera e Gastropoda (Streptaxidae –

Streptartemon sp.)

Da mesma forma que a caverna do Arapuá, apenas uma espécie (Heteroptera -

Kinnaridae) foi considerada troglóbia. Trata-se da provavelmente da mesma espécie de

cigarra encontrada em diversas outras cavidades de Felipe Guerra e Governador Dix-Sept

Rosado, no entanto é necessário aguardar sua identificação formal (espécimes

encaminhados a especialistas para descrição) para ter certeza de que se tratam de

populações de uma mesma espécie. Assim, de forma preventiva (conforme será detalhado

mais adiante), a caverna da Bota é considerada habitat de troglóbio raro e/ou endêmico,

sendo, portanto, de relevância máxima.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 137

Page 111: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA BOTA

Page 112: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

PEQUENA GRUTA DO ARAPUÁ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 65,5m 3m 11 WGS1984 24S 653191.885 9389216.927

Caverna também localizada no lajedo do Arapuá. As dificuldades externas para o

acesso são as mesmas apresentadas para a caverna do Sabonete e da Bota.

O acesso ao interior da caverna não apresenta grandes dificuldades, apenas as

dimensões reduzidas da entrada, que é localizada em topo de lajedo. Apresenta

desenvolvimento horizontal e padrão de galerias é retilíneo, estando completamente

conservada. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 2,8m

(predominantemente 2m) e 2m (1,5m de altura predominante). A dificuldade encontrada no

deslocamento no interior da caverna foi somente teto baixo, no entanto sem necessidade de

rastejamento. Não foi observada hidrografia.

O calcário apresenta laminação sub-horizontal, granulometria fina e de cor clara. Há

acúmulo de solos argilosos em pontos localizados, no entanto o piso é recoberto

predominantemente por blocos abatidos irregulares inferiores a um metro de diâmetro. Os

espeleotemas observados resumem-se a poucas estalictites (centimétricas) localizadas

próximas à entrada.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos faunísticos disponíveis na

literatura, no entanto durante o mapeamento foi observado pequeno grupo de morcego de

espécie indeterminada, e ainda raros invertebrados, como aranhas (Pholcidae – Mesabolivar

sp.) e grilos (Ensifera).

Não foram identificados atributos que elevem a cavidade ao grau de relevância

máximo.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 140

Page 113: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA PEQUENA GRUTA DO ARAPUÁ

Page 114: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

DOLINA DO XAVIER

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 77m 8m 6 WGS1984 24S 652025.031 9388706.655

Dolina também localizada no lajedo do Arapuá. As dificuldades externas para o

acesso são as mesmas apresentadas para as outras cavernas deste lajedo. A dolina também

é utilizada no curso de campo Feições Cársticas da Bacia Potiguar da Universidade Petrobrás.

Não foi possível realizar o levantamento topográfico e a caracterização da dolina,

devido ao alto grau de periculosidade que envolve a exploração. A dolina possui 15 metros

de raio e uma profundidade de pelo menos 20 metros. As paredes servem de suporte para

dezenas de colméias de abelha italiana, muito conhecidas pela agressividade e são bastante

friáveis, o que facilita o desmoronamento. A presença de várias colmeias exige, inclusive,

atenção especial nas proximidades da dolina, tendo em vista que já houve uma fatalidade

envolvendo ataque de abelhas e queda na cavidade.

Assim, pela segurança da equipe, optou-se por não realizar sua exploração e

mapeamento até a possibilidade de contar com logística especial, sendo necessária a

utilização de técnicas de rapel especiais, roupas de apicultor e a disponibilidade de equipe

do corpo de bombeiros para eventuais resgates. O mapa topográfico, apresentado a seguir,

corresponde apenas ao contorno das bordas externas da dolina e foi feito através da análise

de imagem do satélite Quick Bird.

Mesmo sem a caracterização, no entanto, é possível classificar a dolina do Xavier

como de relevância máxima em função de suas dimensões notáveis. Merecem destaque

também a rica vegetação de porte arbóreo no interior da cavidade e a profusão de

espeleotemas como estalactites, estalagmites, cortinas e escorrimentos calcíticos de porte

métrico.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 143

Page 115: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA DOLINA DO XAVIER

Page 116: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

DOLINA DO XAVIER II

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 78m 3m 11 WGS1984 24S 651626.409 9388364.034

Caverna também localizada no lajedo do Arapuá. O acesso via estradas e as

dificuldades externas para o acesso à cavidade são as mesmas apresentadas para as demais

cavernas do Lajedo.

A entrada, localizada no topo do lajedo, pode ser caracterizada como uma dolina com

projeção horizontal elíptica, onde é destacada a presença de vegetação de porte

arbóreo/arbustivo (angicos). O acesso ao interior não apresenta grandes dificuldades,

apenas um desnível e a presença de vários blocos abatidos, no entanto a presença de uma

colmeia de abelhas italianas em uma das paredes exige atenção especial e impede o acesso

em toda a cavidade. Apresenta desenvolvimento horizontal e o padrão de galerias é

retilíneo, estando completamente conservada. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 16m (predominantemente 12m) e 10m (10m também de altura

predominante). Não foi observada hidrografia.

O calcário apresenta laminação sub-horizontal, granulometria fina e de cor clara. Os

solos encontrados foram classificados como caótico generalizado e argiloso localizado. Há

presença de blocos abatidos irregulares, com diâmetro maior do que 4 metros, e de

espeleotemas métricos dos tipos estalictites, estalagmites, escorrimento calcítico e cortinas.

Com relação à biologia da caverna, não há levantamentos faunísticos disponíveis na

literatura, e não foi possível realizar a caracterização faunística básica tendo em vista que a

permanência da equipe foi limitada em função das abelhas. Não foram identificados

atributos que elevem a cavidade ao grau de relevância máximo.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 146

Page 117: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA DOLINA DO XAVIER II

Page 118: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO TRAPIÁ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 66,5m 4m 10 WGS1984 24S 652734.971 9384965.742

A caverna do Trapiá está localizada no Lajedo do Trapiá, sendo acessível por estrada

de terra que liga a cidade de Felipe Guerra (partindo da comunidade do Brejo) a Governador

Dix-Sept Rosado, Caraúbas e à fazenda Itaoca, além de estrada carroçável que chega

praticamente à entrada da caverna.

O fato de que o único acesso conhecido à caverna é um abismo de 18 m, acessível

somente com o uso de técnicas verticais, contribuiu para manter sua completa integridade

até o presente. Além disso, a caverna é localizada na zona rural do município, área de

baixíssima ocupação humana, cujas atividades produtivas restringem-se à pecuária bovina e

caprina onde os animais pastam na própria vegetação nativa, sem maiores impactos ao

ambiente.

A caverna é atualmente a maior do Estado, com 2.330 metros de desenvolvimento

linear, apresentando ainda diversos outros atributos que a destacam frente às outras

cavidades. Diante de toda sua relevância, apresentaremos aqui uma caracterização mais

detalhada da caverna do Trapiá, contendo um breve histórico de sua descoberta e

explorações iniciais, relato das expedições de mapeamento e caracterização biológica

detalhada.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 149

Page 119: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

EXPLORAÇÕES PIONEIRAS

O CECAV-RN vem realizando prospecções exocársticas nas áreas de maior

potencialidade espeleológica do Estado desde 2002, sendo justamente em uma dessas

missões, com informações da comunidade local sobre os afloramentos onde cavidades já

haviam sido observadas, que a caverna do Trapiá foi localizada, em setembro de 2003.

Equipe do CECAV/RN em prospecção em lajedos de Felipe Guerra/RN (Foto: arquivo CECAV/RN)

Sua exploração, no entanto, só foi iniciada quase três anos depois, em meados de

2006, pois em retornos anteriores sempre havia uma colmeia de abelhas na única entrada

conhecida (um abismo de 18 metros). Durante esta exploração pioneira a equipe do

CECAV/RN mapeou preliminarmente 620 metros da caverna, limitados aos ambientes e

acessos não inundados, haja vista o final do período chuvoso na região e o nível elevado do

lençol freático.

Exploração pioneira da caverna do Trapiá, em 2006 (Foto: Jocy Cruz, CECAV/RN).

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 150

Page 120: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

A equipe retornou à caverna em janeiro de 2007, juntamente com Vladir Quintiliano

(Clube de Espeleologia do RN) e Francisco da Cruz (Chico Bill – USP), para nova exploração e

apoio a atividades de pesquisa geológica. Durante esta última exploração percorreu-se o

conduto mais ao Norte da Caverna, até o momento em que a concentração de oxigênio era

muito baixa, obrigando o retorno.

Colmeias de abelhas, condutos inundados, dificuldades de respiração. Apesar das

dificuldades, o potencial da caverna do Trapiá fascinava a todos na equipe e novas investidas

ocorreriam em breve.

HISTÓRICO DO MAPEAMENTO

Foram necessárias quatro expedições conjuntas entre CECAV/RN e Meandros

EspeleoClube, em 2009, para concluir o mapeamento da Caverna do Trapiá, chegando a

números impressionantes: 2.330 metros de desenvolvimento linear, o que corresponde a

mais de três vezes as dimensões da segunda maior caverna do Estado, a Furna Feia (em

Baraúna), que tem 740 metros, e ultrapassa uma das maiores grutas do Nordeste, a Ubajara,

que fica no Parque Nacional de Ubajara, no Ceará, com 2.200 metros (embora a topografia

desta ainda esteja em andamento, também realizada pelo CECAV).

Só há cavernas maiores nos Estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e

Paraná. Desta Forma, a Caverna do Trapiá é a maior do Norte e Nordeste, excluindo-se as

cavernas da Bahia. Outro dado surpreendente é que, segundo pesquisadores da USP, a gruta

é a maior do Brasil formada em rochas recentes, do Cretáceo (período geológico que vai de

144 a 65 milhões de anos atrás), período no qual foi formado o calcário da Bacia Potiguar.

A primeira expedição ocorreu nos dias 14 e 15 de fevereiro, quando foram mapeados

1.225 metros e a caverna já se tornara a maior do RN. O acesso se dá por meio de um

abismo de 18 m de altura, bem ornamentado, e só é possível com a utilização de técnicas de

rapel. A caverna desenvolve-se basicamente no sentido Norte-Sul e no primeiro dia foram

mapeados aproximadamente 350m da parte sul da caverna (chegando até um escorrimento

que praticamente bloqueava a continuidade do conduto, exceto por uma pequena passagem

de uns 30 cm acima do escorrimento) e 290 m na parte norte (limitados pela baixa

concentração de oxigênio). No segundo dia foram mapeados mais 200m após o

escorrimento na parte sul, até o fim do conduto, e na bifurcação ao norte mais 400 metros

(o conduto continuava sem qualquer sinal de afunilamento).

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 151

Page 121: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

O conduto Sudoeste difere do restante da caverna e, com exceção de algumas

cúpulas, é predominantemente de teto-baixo. Solos arenosos recobrem praticamente todo o

piso do conduto, com exceção de porções isoladas recobertas por blocos abatidos e

manchas de guano.

Durante o mapeamento foram encontrados salões volumosos para os padrões locais,

fósseis, aparentemente da megafauna pleistocênica, espeleotemas incomuns na região

como velas e helictites, além do primeiro registro de flores de gipsita no Estado. Foram

encontrados também indícios de uma conexão direta com o rio Apodi/Mossoró, distante

aproximadamente mil metros em linha reta do ponto onde a topografia foi interrompida.

Isso indicava um grande potencial para a caverna.

Imagens da primeira expedição de mapeamento da caverna do Trapiá: (a) abismo da entrada da caverna do Trapiá; (b) mapeamento do conduto Sudoeste; (c) “cúpula dos bichos”; (d) estalagmite ativa (Fotos: Leda Zogbi, Meandros); (e) salão redondo muito ornamentado após o sifão; (f) primeiro registro de flores de Gipsita no RN(Fotos: Diego Bento/CECAV); (g)sifão (Foto: Leda Zogbi/Meandros).

a b c

d e

f g

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 152

Page 122: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Um sifão sazonal posicionado no início do conduto norte, por onde o mapeamento

deveria prosseguir, fica completamente submerso na época das chuvas. Numa segunda

investida, realizada em março, a equipe não conseguiu transpor este obstáculo e não houve

avanços na topografia. A equipe do CECAV/RN monitorou o nível da água no sifão e

constatou, em meados de Julho, que a passagem já estava desobstruída. Desta forma uma

nova expedição, com o objetivo de concluir a topografia, foi marcada para meados de

Setembro.

Nos dias 19 e 20 de setembro uma nova expedição foi realizada, somando 900

metros de novos condutos topografados. A caverna atingia 2.140 metros de extensão,

faltando pouco mais de 60 metros para ultrapassar a gruta de Ubajara, no Ceará, e assumir o

posto de maior caverna do Nordeste, excluindo-se a Bahia.

Durante a exploração foram descobertos novos salões bastante ornamentados e

ricos em espeleotemas incomuns na região (velas, helictites, escorrimentos redondos no

teto em formato de sol, jangadas), além de condutos bastante volumosos – chegando a 10

metros de altura por 8 de largura. Outra descoberta que chamou a atenção da equipe foi a

abundância de fósseis, aumentando a importância da caverna do ponto de vista científico.

No final do segundo dia foi atingido o conduto “mudamorfo”, onde a morfologia da

caverna muda radicalmente, com a substituição de condutos planos e bem ornamentados,

com solos arenosos, por condutos bem mais volumosos, quase com ausência de

espeleotemas, e relevo acidentado devido à abundância de enormes blocos abatidos

recobertos por espessa camada de argila úmida.

O ambiente extremo apresenta-se como a principal dificuldade na exploração. A

temperatura na entrada é mais amena, 29o C, mas oscila entre 32 e 34 o C na maior parte da

caverna. As altas temperaturas, somadas ao ambiente escuro e confinado e à alta umidade

(beirando a saturação) elevam muito a sensação térmica e exigem hidratação constante e o

transporte de grande quantidade de água nas expedições.

Novamente os indícios de uma conexão com o Rio Apodi-Mossoró ficaram visíveis em

toda a extensão da gruta. O ponto onde a topografia foi interrompida estava a

aproximadamente 500 metros do rio.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 153

Page 123: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Imagens da terceira expedição de mapeamento da caverna do Trapiá: (a) “Conduto Pedra de Abelha” (b) “sol” (Fotos: Daniel Menin/Meandros); (c) estalagmite ativa de 1,2m no “Paraíso do Chico” e (d) Fóssil na “Sala dos Ossos” (Fotos: Walter Cortez/Meandros); (e) “conduto mudamorfo” (Foto: Daniel Menin/Meandros).

e

d c

b a

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 154

Page 124: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Diante da grande expectativa, foi organizada nova expedição no dia 07 de novembro,

quando foram mapeados mais 190 metros até o ponto onde o conduto está aparentemente

obstruído com lama e blocos abatidos, chegando aos números finais do mapeamento.

O novo trecho mapeado é particularmente difícil, pois há vários e enormes blocos

totalmente cobertos com lama, alternando trechos de pequenas escaladas nos blocos

escorregadios e passagens em “quebra-corpo”, o que, aliado à alta temperatura e umidade

no interior da gruta e ao cansaço acumulado no trajeto desde a entrada tornam a

exploração bastante desgastante.

O mapa final da caverna deixa claro o padrão sinuoso/meandrante de seus condutos.

O desenvolvimento é misto, mas predominantemente horizontal tendo em vista que 18 dos

29 metros de desnível total estão no abismo da entrada. O restante da caverna é

praticamente plano.

Pelo mapa, percebe-se que a caverna ainda está relativamente distante do rio Apodi.

As dimensões dos condutos e o volume de água que deve atravessar a caverna na época das

chuvas sugerem a possibilidade da existência de uma ressurgência no lado oposto, perto do

Rio Apodi-Mossoró - o que possibilitaria a exploração no sentido oposto, do rio em direção

onde a topografia foi interrompida pela obstrução do conduto.

Diversas tentativas foram feitas pelo CECAV/RN e, no entanto, nenhuma ressurgência

foi encontrada. Durante as buscas, uma caverna já conhecida (caverna Beira-Rio) e outras

duas novas (caverna das Lagartas e caverna das Cinco Ferroadas, identificadas durante as

buscas pela ressurgência da caverna do Trapiá) foram exploradas e não foi identificada

qualquer possibilidade de ligação com a Trapiá.

As esperanças de continuidade, no entanto, permanecem vivas e podem ser

verificadas de maneira indireta, como, por exemplo, a sondagem da área entre o “final” da

caverna do Trapiá e o rio Apodi-Mossoró com a utilização de aparelho de GPR. A sondagem

possibilitará identificar a presença de grandes vazios no subsolo, ou seja, a continuidade da

caverna, e a direção que esses vazios tomam. Dessa forma seria possível identificar as áreas

mais prováveis para novas prospecções em busca da ressurgência, caso esta exista, ou se

vale a pena continuar a exploração a partir do ponto onde a topografia foi interrompida.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 155

Page 125: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Projeção da caverna do Trapiá em superfície, sobre imagens de satélite do programa Google Earth. Os ícones amarelos indicam as entradas das cavernas atualmente conhecidas na região

INV

ENTÁ

RIO

DESC

RITIV

O B

ÁSIC

O – Felip

e G

ue

rra 15

6

RELA

TÓR

IO FIN

AL – P

RO

JETO K

AR

ST JAN

DA

ÍRA

Page 126: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

BIOESPELEOLOGIA

A caracterização bioespeleológica da caverna do Trapiá foi realizada em duas

campanhas de coletas, realizadas em 06/01/2010 (final da estação seca) e 04/08/2010 (final

da estação chuvosa), limitando-se às porções anteriores ao sifão (cerca de 25% da caverna),

acessíveis em ambos os episódios de coleta, permitindo a comparação.

Na área coletada, os recursos tróficos disponíveis observados foram folhiço, restos de

madeira, carcaças de animais acidentais, pelotas de regurgitação de corujas (principalmente

nas imediações da entrada, no entanto folhiço e madeira são carreados, devido à força da

correnteza na época chuvosa, para outras áreas da caverna), matéria orgânica carreada por

colônias de insetos sociais (formigas e cupins), fezes de outros vertebrados (sapos e gias) e

manchas de guano de morcegos hematófagos (Diphylla ecaudata), sendo este último o único

recurso amplamente distribuído na área observada.

Salão das flores de gipsita na caverna do Trapiá. As áreas próximas à entrada têm a maior abundância e diversidade de recursos tróficos e, consequentemente, a maior riqueza e abundância de invertebrados (Foto: Diego Bento/CECAV).

Como era de se esperar, a distribuição espacial das populações não ocorreu de forma

aleatória, e sim fortemente condicionada à disponibilidade de recursos no local. Exceção

foram as populações de Endecous sp. (Ensifera: Phalangopsidae), Heterophrynus sp.

(Amblypygi: Phrinidae) e Loxosceles sp. (Araneae: Sicariidae), amplamente distribuídas por

toda a extensão da área amostrada.

Manchas de guano de morcegos

hematófagos (Diphylla ecaudata) são o

principal recurso para a fauna na

caverna do Trapiá

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 157

Page 127: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Amblypygi Heterophrynus sp. fêmea com ovos (a), com juvenis sobre o abdome (b) e jovem (c). Praticamente todo o ciclo de vidas desta espécie de aracnídeo pôde ser observado na caverna do Trapiá (Fotos: Diego Bento/CECAV).

Embora não tenha sido objeto do estudo, também foram observados os vertebrados

presentes na cavidade. Entre os mamíferos apenas o morcego hematófago Diphylla

ecaudata foi observado (um pequeno roedor, mocó - Kerodon rupestres, morto

provavelmente devido à queda no abismo da entrada, também foi observado), com

pequenos grupos (em geral menos de dez indivíduos) e manchas de guano espalhados por

toda a extensão amostrada. Entre as aves há a coruja de igreja (Tyto alba, com locais de

alimentação e pelotas de regurgitação, inclusive), entre os répteis apenas uma cobra verde

(não identificada) e entre os anfíbios temos rãs (Ranidae), gias (Leptodactylidae) e sapos

“cururu” (Bufonidae), estes últimos sendo encontrados em áreas distantes da entrada.

Houve grandes diferenças entre as comunidades de invertebrados observadas nas

duas campanhas: No final da estação seca foram observados 603 indivíduos pertencentes a

pelo menos 28 taxa distintos, enquanto que no final da estação chuvosa foram 1699

indivíduos de pelo menos 42 taxa. Houve, portanto, um aumento significativo na riqueza de

espécies e na abundância de praticamente todas as populações, o que é resultado

provavelmente de uma maior disponibilidade sazonal de recursos importados do ambiente

externo. Tais resultados também eram esperados, tendo em vista a dependência do

ecossistema cavernícola da importação de recursos e, da mesma forma, respostas

a

b c

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 158

Page 128: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

semelhantes são bem documentadas na literatura para invertebrados na superfície,

particularmente em ambientes com forte sazonalidade como a caatinga.

A lista de espécies da caverna do Trapiá, até o momento, conta com 47

morfoespécies e está na média da região (para o total de 47 cavernas amostradas, a riqueza

média observada foi de 44.21 ± 19,76 espécies por cavidade, sendo a caverna dos Crotes,

também em Felipe Guerra, com 101 espécies, a que apresentou a maior riqueza).

Com relação às espécies potencialmente troglóbias (exclusivamente cavernícolas),

foram encontradas uma minhoca (Annelida: Oligochaeta) e um colêmbolo (Collembola:

Entomobryomorpha), ambos em poças d´água de gotejamento com manchas de guano de

Diphylla na “cúpula dos bichos”. Embora o número de troglóbios não seja alto (a gruta dos

Troglóbios, também em Felipe Guerra, têm até o momento 11 espécies troglóbias e são

comuns na região cavernas com mais de duas espécies troglomórficas), tais espécies não

foram encontradas em nenhuma outra cavidade e são provavelmente novas para a ciência,

tendo sido encaminhadas a taxonomistas e estão em fase de descrição formal.

Espécies troglomórficas da caverna do Trapiá - minhocas (esquerda) e colêmbolos (direita). (Fotos:

Diego Bento/CECAV).

Outro aspecto que merece destaque é a abundância de duas das aranhas mais

peçonhentas no Brasil, Sicarius tropicus e Loxosceles sp. (ambas da família Sicariidae).

Sicarius tropicus foram observadas principalmente próximas à entrada, mas Loxosceles sp.

(aranha marrom) foram observadas em toda a extensão amostrada da caverna, sendo

particularmente abundantes no salão ao norte logo após a entrada (onde há as flores de

gipsita), mas também frequentes em todo o conduto Sul. Isso é preocupante principalmente

se levarmos em consideração a morfologia deste conduto, predominantemente teto baixo,

que obriga muitas vezes o espeleólogo a rastejar para avançar. Embora acidentes com essas

aranhas em cavernas sejam relativamente raros, tais aspectos devem ser levados em

consideração em eventuais trabalhos na caverna do Trapiá.

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 159

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 129: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Aranhas peçonhentas encontradas em abundância na caverna do Trapiá: Aranha marrom, Loxosceles sp. (esquerda) e Sicarius tropicus (direita) (Fotos: Diego Bento/CECAV).

Salienta-se, mais uma vez, que apenas cerca de ¼ da caverna foi amostrada, desta

forma levantamentos nas áreas após o sifão certamente acrescentarão novos dados. No

entanto, durante as expedições não foram observados quaisquer acúmulos de matéria

orgânica nessas áreas (a não ser onde a topografia foi interrompida, no restante da área

após o sifão toda a matéria orgânica é lixiviada na época chuvosa), o que leva a crer que a

maioria dos organismos está mesmo na área que foi amostrada.

Taxa encontrados na caverna do Trapiá, Felipe Guerra/RN, e abundâncias populacionais nas duas campanhas (final de estação seca e final da estação chuvosa)

Morfoespécie

Abundância

1ª Campanha (06/01/2010)

2ª Campanha (04/08/2010)

Acari Argasidae - Ornithodorus sp1 7 14 Laelapidae sp1 12 0 Melicharidae - Proctolaelaps sp1 0 72 Macronyssidae sp1 0 80 Sarcoptiforme sp1 0 14 Sarcoptiforme sp2 0 1 Sarcoptiforme sp3 0 1 Acaridae sp1 0 2 Anoetidae sp1 0 9 Amblypygi Phrinidae - Heterophrynus sp. 8 21 Charinidae - Charinus sp. 3 3 Araneae Ctenidae sp1 0 4 Gnaphosidae sp1 1 0 Pholcidae - Mesabolivar sp. 3 7 Pholcidae – Metagonia sp. 11 20 Salticidae sp1 0 1 Salticidae sp2 2 2

Scytodidae - Scytodes sp. 9 37

Sicariidae - Loxosceles sp. 35 125

Sicariidae - Sicarius tropicus 6 59

Theraphosidae sp1 1 2

Theridiidae - Theridion sp. 9 61

Opiliones

Gonyleptidae sp1 0 2

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 160

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 130: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Morfoespécie

Abundância

1ª Campanha (06/01/2010)

2ª Campanha (04/08/2010)

Pseudoscorpiones

Garypidae sp1 0 11

Schizomida

Hubardiidae - Rowlandius spn. 10 2

Diplopoda

Polydesmida - Chelodesmidae sp1 3 0

Isopoda

Isopoda sp1 0 1

Armadiliidae sp1 6 96

Plathyarthridae – Trichorhina sp. 9 117

Collembola

Collembola (entomobryomorpha) sp. 2 37

Paronellidae - Campylothorax sp. 375 419

Blattodea

Blattodea sp1 0 14

Coleoptera

Carabidae sp1 0 1

Carabidae sp2 1 0

Carabidae sp3 1 0

Nitidulidae sp1 0 1

Tenebrionidae – Zoophobas sp. 3 1

Ensifera

Ensifera sp1 0 2

Phalangopsidae - Endecous sp. 56 157

Hymenoptera

Formicidae - Myrmicinae - Acromyrmex sp. 1* 1*

Isoptera

Termitidae - Nasutitermitinae - Nasutitermes corniger 1* 1*

Lepidoptera

Lepidoptera sp1 0 6

Tineidae sp1 0 3

Psocoptera

Psyllipsocidae - Psyllipsocus sp. 21 183

Thysanura

Nicoletiinae sp1 0 68

Oligochaeta

Oligochaeta sp1 3 37

Gastropoda

Streptaxidae - Streptaxis sp. 6 6

* - colônia (contabilizada como um único indivíduo) Linhas destacadas correspondem aos taxa troglomórficos.

Assim, além das dimensões notáveis em extensão, área e volume e da presença de

espeleotemas únicos na região (flores de gipsita, helictites, “sóis”, estalagmites ativas e

jangadas), a caverna também é habitat essencial para preservação de espécies de troglóbios

raros e endêmicos. Não faltam atributos para sua classificação como de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO – Felipe Guerra 161

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 131: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO TRAPIÁ

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 132: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

5.1.2 Análise dos dados e definição das cavernas de relevância máxima

Conforme descrito no ítem 4.1, para efeito de comparação e representatividade,

frente à abrangência da unidade geológica, com vistas à definição das cavernas de relevância

máxima foram utilizados dados de levantamentos topográficos, caracterizações preliminares

e levantamentos bioespeleológicos de outras cavernas calcárias de Felipe Guerra e

municípios vizinhos componentes da Bacia Hidrográfica do Rio Apodi-Mossoró (apodi,

Governador Dix-Sept Rosado e Mossoró). Desta forma os dados provenientes das 33

cavernas topografadas e caracterizadas neste projeto foram complementados com dados de

outras 39 cavernas, ou seja, um universo amostral de 72 cavernas (tabela 2) para o total de

267 atualmente conhecidas na referida unidade geológica.

Tabela 2. Dados das cavernas cujas informações de levantamentos topográficos/ caracterizações preliminares (Top/Carac) e/ou inventários bioespeleológicos (Bio) foram utilizados.

No Caverna Município

Coordenadas UTM (Zona 24S; Datum WGS1984) Top/Carac Bio

Latitude Longitude

01 Caverna de Geilson Felipe guerra 9381057,592 645290,152 X X

02 Caverna do Marimbondo Felipe guerra 9381089,109 645308,133 X

03 Caverna das Folhas Felipe guerra 9381052,268 645296,324 X

04 Caverna do Pau Felipe guerra 9381641,984 645377,856 X X

05 Caverna Lapa I/Engano Felipe guerra 9385093,046 644539,467 X X

06 Caverna do Tejo (F9-B1-07) Felipe guerra 9385591,596 648056,534 X

07 Caverna da Craibeira (F9-A2-06) Felipe guerra 9385233,181 647894,975 X

08 Caverna do Jefferson (F9-B1-08) Felipe guerra 9385633,015 648102,094 X

09 Caverna Abissal Felipe guerra 9384804,311 647768,894 X X

10 Caverna da Catedral Felipe guerra 9384821,864 647766,403 X X

11 Caverna do Canyon dos Corredores Felipe guerra 9385068,364 648503,609 X

12 Caverna do Complexo Suiço Felipe guerra 9385066,025 648341,490 X X

13 Caverna do Chocalho Felipe guerra 9385241,930 648321,441 X X

14 Caverna da Tuberculosa (F9-C2-03) Felipe guerra 9385347,989 648567,170 X

15 Gruta do Filme Felipe guerra 9385750,038 648183,078 X

16 Furna de Dona Teresa (F9-B1-04) Felipe guerra 9385798,331 648218,651 X

17 Caverna da Rolinha (F9-C2-02) Felipe guerra 9385263,054 648588,953 X

18 Caverna do Desafio Felipe guerra 9384920,263 647774,369 X

19 Caverna das Paredes de Couve-Flor Felipe guerra 9385407,820 648061,885 X

20 Caverna de Ademar de Simão Felipe guerra 9386620,999 651093,118 X

21 Caverna de Chico de Simão Felipe guerra 9386433,767 651426,118 X

22 Gruta de Zé de Juvino Felipe guerra 9387265,111 651854,439 X X

23 Caverna do Arapuá Felipe guerra 9388563,824 653280,308 X X

24 Caverna do Sabonete Felipe guerra 9388940,565 652424,698 X X

25 Caverna da Bota Felipe guerra 9389098,612 653071,709 X X

26 Pequena Gruta do Arapuá Felipe guerra 9389173,978 653153,032 X

27 Dolina do Xavier Felipe guerra 9388707,052 652056,882 X

28 Dolina do Xavier II Felipe guerra 9388364,015 651626,267 X

29 Caverna do Trapiá Felipe guerra 9384965,742 652734,971 X X

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 164

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 133: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tabela 2. Continuação

No Caverna Município

Coordenadas UTM (Zona 24S; Datum WGS1984) Top/Carac Bio

Latitude Longitude

30 Caverna do Mangangá Felipe guerra 9384321,544 652441,864 X

31 Caverna Trapiá I Felipe guerra 9384452,249 652633,901 X

32 Caverna Beira-Rio Felipe guerra 9386136,054 651907,242 X X

33 Caverna do Mulungú Felipe guerra 9383869,386 648972,296 X

34 Caverna do Cote Felipe Guerra 9388966,974 657934,816 X X

35 Caverna dos Crotes Felipe Guerra 9385180,142 648562,039 X X

36 Caverna da Rumana Felipe Guerra 9384702,951 649312,035 X X

37 Caverna da Seta Felipe Guerra 9386971,846 651287,713 X X

38 Caverna do Buraco Redondo Felipe Guerra 9383205,854 649374,346 X X

39 Gruta dos Três Lagos Felipe Guerra 9381591,504 645408,384 X X

40 Gruta da Carrapateira Felipe Guerra 9385198,096 647984,047 X X

41 Gruta dos Troglóbios Felipe Guerra 9385626,064 648285,071 X X

42 Caverna da Rainha Felipe Guerra 9383245,117 650277,731 X X

43 Caverna da Descoberta Felipe Guerra 9384908,106 647824,068 X X

44 Caverna do Urubu Felipe Guerra 9383832,089 649247,923 X X

45 Caverna do Vale Felipe Guerra 9388480,102 653294,272 X

46 Gruta do Peninha Felipe Guerra 9385124,028 647980,076 X

47 Caverna das Abelhas Italianas Felipe Guerra 9381100,000 645534,000 X

48 Túnel dos Bodes Felipe Guerra 9385303,022 647982,171 X

49 Túnel das Pérolas Felipe Guerra 9385312,100 647931,056 X

50 F9-D3-16 Felipe Guerra 9384856,111 649106,150 X

51 F9-D3-14 Felipe Guerra 9384904,050 649031,034 X

52 F9-D3-12 Felipe Guerra 9384811,065 649207,052 X

53 F9-D3-11 Felipe Guerra 9384790,060 649169,814 X

54 F9-D3-10 Felipe Guerra 9384761,261 649221,307 X

55 F9-D3-09 Felipe Guerra 9384670,001 649449,731 X

56 F9-D3-07 Felipe Guerra 9384714,008 649411,374 X

57 F9-D3-03 Felipe Guerra 9384672,080 649347,041 X

58 Caverna da Boa Esperança Felipe Guerra 9390592,248 653673,082 X

59 Abrigo do Cipó Felipe Guerra 9392709,054 654357,144 X

60 Caverna da Passagem Estreita Felipe Guerra 9392561,053 654429,144 X

61 Buraco da Nega Apodi 9388344,285 627975,581 X X

62 Caverna do Urubu Apodi 9382170,072 629628,839 X X

63 Caverna do Roncador Apodi 9381132,053 629811,853 X

64 Caverna da Raiz Gov. Dix-Sept Rosado 9389968,449 662733,590 X

65 Capoeira de João Carlos Gov. Dix-Sept Rosado 9390123,997 663031,954 X X

66 Gruta Boca de Peixe Gov. Dix-Sept Rosado 9393579,509 659720,254 X X

67 Caverna do Lajedo Grande Gov. Dix-Sept Rosado 9396042,990 660358,951 X X

68 Caverna da Boniteza Gov. Dix-Sept Rosado 9390305,718 659960,883 X X

69 Marimbondo Caboclo/Água Gov. Dix-Sept Rosado 9392357,792 661175,551 X X

70 Poço Feio Gov. Dix-Sept Rosado 9393240,074 659603,199 X

71 Labirinto dos Angicos Gov. Dix-Sept Rosado 9392373,120 660660,765 X X

72 Caverna do Trinta Mossoró 9423604,769 692397,801 X X

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 165

Page 134: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

De acordo com as informações disponíveis, os critérios adotados pela legislação

vigente e a unidade geológica (enfoque regional) adotada, 27 cavernas em Felipe Guerra

apresentam atributos que justificam suas classificações como de relevância máxima. Dos 11

atributos presentes na IN MMA 2/2009, cinco foram identificados nas cavernas do

município: gênese única ou rara; dimensões notáveis em extensão, área ou volume;

espeleotemas únicos; habitat essencial para preservação de espécies de troglóbios

endêmicos ou relíctos; e habitat de troglóbio raro. Conforme será detalhado mais à frente e

tendo em vista que todas as populações troglomórficas identificadas podem ser

consideradas endêmicas (restritas a uma ou poucas cavidades próximas) e, ao mesmo

tempo, raras, para fins de análise no presente trabalho, os dois últimos critérios foram

unificados.

Cinco cavernas possuem gênese rara: a caverna de Zé de Juvino, originada em brecha

hidráulica/de colapso, e as cavernas das Abelhas Italianas, do Geilson, das Folhas e do

Marimbondo, todas em tufas calcárias (figura 12).

Figura 12. Cavernas de gênese rara no município de Felipe Guerra. Acima, entrada da caverna de Zé de Juvino e aspecto do interior da caverna formada em brecha; abaixo, paredão em tufa clacária com indicação da entrada da caverna das Abelhas Italianas (seta) e folha fossilizada junto aos sedimentos carbonáticos presentes no interior da caverna. Fotos: Diego Bento/CECAV (acima) e Rodrigo Lopes Ferreira/UFLA (abaixo).

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 166

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 135: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Duas cavidades apresentam dimensões notáveis: a caverna do Trapiá, maior caverna

do Estado com 2.330 metros de desenvolvimento linear, e a dolina do Xavier, maior dolina

do Estado com mais de 30 metros de diâmetro e 20 de profundidade (figura 13).

Quatro cavernas apresentam espeleotemas únicos, individualmente ou em conjunto:

a caverna do Trapiá, com o único registro de flores de gipsita no RN, além de estalagmites

ativas (o que é raro na região) e escorrimentos no teto em formato de “sol”; a caverna da

Rainha, com um conjunto único de estalagmites e estalactites, e a gruta da Catedral,

também pelo conjunto de espeleotemas, e o túnel das pérolas que, como o próprio nome

diz, apresentam um conjunto único de pérolas na área (figura 13).

Foram os atributos biológicos, no entanto, que elevaram a maioria das cavernas à

relevância máxima: 20 cavernas podem ser consideradas habitats de troglóbios raros,

endêmicos ou relictos: gruta dos Troglóbios, caverna dos Crotes, gruta dos Três Lagos,

caverna da Rainha, caverna Abissal, gruta da Carrapateira, caverna da Rumana, caverna do

Complexo Suiço, Lapa I/Engano, caverna da Seta, caverna do Chocalho, caverna do Urubú,

caverna do Pau, gruta do Geilson, caverna do Arapuá, caverna do Buraco Redondo, gruta da

Bota, caverna da Descoberta, caverna do Vale e caverna do Trapiá (tabela 3).

É importante frisar que, além das informações sobre a fauna cavernícola

apresentadas no inventário descritivo, dados completos sobre inventários bioespeleológicos

realizados em cavernas do Estado podem ser consultados nos trabalhos científicos anexos à

versão digital deste relatório.

Um total de 44 espécies troglomórficas foi encontrado nas 20 cavernas do município

com inventários biológicos realizados, merecendo destaque: a gruta dos Troglóbios (11

espécies), a caverna dos Crotes (8) e a gruta dos Três Lagos (7), sendo que as duas primeiras

estão no afloramento conhecido como Lajedo do Rosário. Tal região apresenta a maior

concentração de cavidades em um único afloramento do Estado, com mais de 70 cavernas

cadastradas (CECAV/ICMBio, 2011a) e diversas outras abrigam espécies troglóbias, sendo

que o lajedo como um todo abriga 25 das 44 espécies encontradas até o momento no

município. Algumas das espécies troglomórficas encontradas nas cavernas do município são

mostradas na Figura 14.

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 167

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 136: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 13. Cavernas com atributos de relevância máxima no município de Felipe Guerra/RN: dimensões notáveis: caverna do Trapiá (a) e dolina do Xavier (e); espeleotemas únicos: caverna do Trapiá, com flores de gipsita (b), estalagmites ativas (c) e “sóis” (d), túnel das pérolas (f), caverna da Rainha (g) e gruta da Catedral (h). Fotos: Daniel Menin/Meandros (a,d), Diego Bento/CECAV (b,e,f,h), Leda Zogbi/Meandros (c) e Jocy Cruz/CECAV (g).

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 168

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 137: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tabela 3. Invertebrados troglomórficos encontrados nas cavernas de Felipe Guerra/RN. CAP – caverna do Arapuá; CBR – caverna do Buraco Redondo; CCR – caverna dos Crotes; CLE – caverna Lapa I/Engano; CRM – caverna da Rumana; CST – caverna da Seta; CTR – caverna do Trapiá; CAB – caverna Abissal; CBA – caverna da Bota; CCA – caverna da Carrapateira; CCS – caverna do Complexo Suiço; CCH – caverna do Chocalho; CDB – caverna da Descoberta; CGE – caverna de Geilson; CPA – caverna do Pau; CRN – caverna da Rainha; CTL – caverna dos Três Lagos; TRO – caverna dos Troglóbios; CUR – caverna do Urubu; CVL – caverna do Vale.

C

A

P

C

B

R

C

C

R

C

L

E

C

R

M

C

S

T

C

T

R

C

A

B

C

B

A

C

C

A

C

C

S

C

C

H

C

D

B

C

G

E

C

P

A

C

R

N

C

S

B

C

T

L

T

R

O

C

U

R

C

V

L

ARTHROPODA

CHELICERIFORMES

Acari – Halacaridae - Limnohalacarus sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - X - - -

Araneae sp1 - - X - - - - - - - X X - - - - - - - - -

Araneae sp2 - - - - X - - - - - - - - - - - - - X - -

Araneae sp3 - - - - - - - - - - - - - - - X - - - - -

Pholcidae sp1 - - - - - - - - - - - - - - - X - - - - -

Pholcidae sp2 - - - - - - - - - - - - - - - X - - - - -

Metagonia sp3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Opiliones - Gonyleptidae sp1 - - - - - - - X - - - - - - - - - - - - -

Pseudoscorpiones - Chthoniidae sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

MYRIAPODA

Polydesmida sp1 - - - - - - - X - - - - - - - - - - - - -

Cryptodesmidae sp1 - - - - - - - - - - - - - - - X - - - - -

Geophilomorpha sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Lithobiomorpha sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Scolopendromorpha - Scolopocryptopidae sp1 - - - - - - - - - X - - - - - - - - - - -

CRUSTACEA

Amphipoda sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - X - - -

Amphipoda sp2 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Amphipoda sp3 - - X - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Isopoda - Cirolanidae sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - X - - -

Isopoda - Cirolanidae sp2 - - - - - - - - - - - - - - - - - X - - -

Isopoda - Cirolanidae sp3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Isopoda - Cirolanidae sp4 - - X - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Isopoda - Plathyarthridae - Trichorhina sp1 - - - - - - - - - - - - - - - X - - - - -

Isopoda - Styloniscidae sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Calabozoa sp1 - - X - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Copepoda sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - X - - -

Copepoda sp2 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Ostracoda sp1 - - - - - - - X - - - - - - - - - - - - -

HEXAPODA

Collembola – Entomobryomorpha sp1 - - - - - - X - - - - - - - - - - - - - -

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 169

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 138: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tabela 3. Continuação

C

A

P

C

B

R

C

C

R

C

L

E

C

R

M

C

S

T

C

T

R

C

A

B

C

B

A

C

C

A

C

C

S

C

C

H

C

D

B

C

G

E

C

P

A

C

R

N

C

S

B

C

T

L

T

R

O

C

U

R

C

V

L

Collembola – Cyphoderidae - Cyphoderus sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - X -

Collembola – Cyphoderidae - Cyphoderus sp2 - - - - - - - - - - - X - - - - - - - - -

Collembola – Paronellidae - Troglobius sp1 - - - - - - - - - - - - - - X - - X - - -

Collembola – Paronellidae -Troglobius sp2 - - - - - - - - - X - - - - - - - - - - -

Collembola – Arrhopalitidae - Arrhopalites aff. Coecus

- - - X - - - - - - - - - - - - - - - - -

Collembola – Arrhopalitidae - Arrhopalites sp1 - - X - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Collembola - Arrhopalitidae - Arrhopalites sp2 - - - - - X - - - - - - - - - - - - - - -

Collembola – Arrhopalitidae - Arrhopalites sp3 - - - - - - - X - - - - - - - - - - - - -

Diplura sp2 - - - - - - - - - - - - - - - X - - - - -

Diplura - Japygidae sp1 - - - - - - - - - - - - - X - - - - - - -

Coleoptera - Carabidae sp11 - - - - - - - - - - - - - - - - - - X - -

Hemiptera - Kinnaridae sp1 X X X X X X - - X - X - X - - - - - X - X

ANNELIDA

CLITELLATA

Oligochaeta sp1 - - - - - - X - - - - - - - - - - - - - -

Oligochaeta sp2 - - X - - - - - - - - - - - - - - - - - -

PLATYHELMINTHES

TURBELLARIA

Turbellaria sp1 - - - - - - - - - - - - - - - - - X - - -

Turbellaria sp2 - - X - - - - - - - - - - - - - - - - - -

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 170

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 139: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 14. Espécies troglomórficas encontradas nas cavernas da área de estudo: a, b e c – Cirolanidade (Isopoda); d - Arrhopalites (Collembola – Arrhopalitidae); e – Troglobius (Collembola – Paronellidae); f – Amphipoda; g – Oligochaeta (Annelida); h – Calabozoa, i – Kinnaridae (Hemiptera); j – Carabidae (Coleoptera); l – Scolopocriptopidae (Scolopendromorpha); m – araneae; n – Limnohalacarus (Acari – Halacaridae); o – Pholcidae (Araneae); p – Styloniscidae (Isopoda). Fotos: Rodrigo Lopes Ferreira/UFLA (a, b,c,f,h,i,j, p) e Diego Bento/CECAV (demais).

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 171

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 140: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

A maioria das cavernas (24) apresentou apenas um atributo necessário pra sua

classificação como de relevância máxima, no entanto a caverna da Rainha, com dois

atributos (espeleotemas únicos e habitat de troglóbios raros, endêmicos ou relictos), a

caverna do Geilson (gênese única ou rara e hábitat de troglóbios raros/endêmicos) e a

caverna da Trapiá, com três atributos (dimensões notáveis em extensão, área ou volume;

espeleotemas únicos e habitat de troglóbios raros, endêmicos ou relictos) foram exceções.

A quase totalidade das cavernas calcárias do RN é originada em processos de

carstificação por dissolução química da rocha matriz, notando-se um forte controle

estrutural onde os condutos principais têm a orientação das falhas e fraturas, bem como os

lineamentos de espeleotemas também são controlados por estas estruturas. A gênese de

cavernas em brechas (caverna de Zé de Juvino) e em tufas calcárias (caverna das Abelhas

Italianas, das Folhas e do Marimbondo), desta forma, pode ser considerada rara.

Cruz et al. (2010), com topografias em 149 cavernas (das 563 cavidades do RN

conhecidas à época), fizeram uma estimativa de que apenas 2,70% das cavernas do Estado

teriam desenvolvimento linear superior a 500 metros, assim a caverna do Trapiá, com seus

2.330 metros de DL, sendo a maior do Estado, apresenta extensão notável. Cruz et al (2010)

também levantaram que apenas quatro cavidades (0,71%) são dolinas, motivo pelo qual a

dolina do Xavier, sendo a maior delas, também apresenta dimensões notáveis.

Quanto aos espeleotemas, as cavernas da região são relativamente bem

ornamentadas, e os espeleotemas mais comuns são as estalactites, escorrimentos calcíticos,

cortinas, couve-flor e travertinos/microtravertinos. Estalagmites não são raras, no entanto

apresentam-se de maneira isolada e inativas. Desta forma, as flores de gipsita (único registro

em cavernas do RN), os “sóis” e as estalagmites ativas na caverna do Trapiá, o conjunto de

estalagmites na caverna da Rainha e as pérolas no túnel das Pérolas são considerados únicos

neste contexto. O conjunto de espeleotemas na caverna da Catedral (de onde vem seu

nome) deve também ser considerado único devido, entre outras coisas, à sua beleza cênica.

Existem inúmeros registros de espécies de invertebrados troglomórficos pelo país,

apesar de sobreposições entre estes registros. Em revisão sobre a fauna cavernícola

brasileira, Pinto-da-Rocha (1995) reuniu informações sobre 97 espécies de invertebrados

troglomórficos, dos quais apenas 20 espécies apresentavam-se oficialmente descritas.

Podemos citar como outros exemplos a ocorrência de 165 espécies para o estado de Minas

Gerais (Ferreira et al., 2009), 180 espécies para cavernas inseridas no bioma de Mata

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 172

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 141: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Atlântica (Souza-Silva, 2008) e 102 espécies para cavernas localizadas na Caatinga (Prous &

Ferreira, 2009). Desta forma, a riqueza de troglóbios observada no presente estudo, em um

único município, é bastante relevante. Nenhuma espécie encontra-se oficialmente descrita.

Com relação à fauna de invertebrados troglóbios no RN, Bento (2011) levantou dados

sobre a ocorrência de 62 espécies em 47 cavernas nos municípios de Baraúna, Mossoró,

Gov. Dix-Sept Rosado, Felipe Guerra e Apodi e até o momento apenas uma espécie

troglomórfica foi identificada em outros municípios (Ferreira et al., 2010). Assim, as 44

espécies encontradas representam 70% das ocorrências de troglóbios no Estado.

Atualmente o Sistema Areias com 20 espécies, localizado no Vale do Ribeira (SP)

(Trajano, 2007), e a Gruta Mina do Pico-08 com 15 espécies, localizada no quadrilátero

ferrífero (MG) (Ferreira, 2005), representam as maiores concentrações de espécies

troglomórficas conhecidas no país. Para a região Nordeste, Souza-Silva (2008) encontrou 18

espécies troglomórficas distribuídas em 10 cavernas na Pro-víncia Cárstica do Rio Pardo, 13

espécies em 12 cavernas na Chapada Diamantina e nove espécies em oito cavernas na Serra

do Ramalho, todas na Bahia. Em cavernas da Caatinga, a Toca do Gonçalo (município de

Campo Formoso/BA) tem a maior quantidade de espécies troglóbias (Ferreira, dados não

publicados), com 12 espécies. Desta forma, os resultados aqui apresentados, com destaque

para a gruta dos Troglóbios (11 espécies), caverna dos Crotes (oito espécies) e a gruta dos

Três Lagos (7 espécies), apresentam-se como de extrema relevância nesse contexto.

Em virtude de sua relevância, algumas espécies troglóbias merecem destaque. Os

isópodes da família Cirolanidae estão amplamente distribuídos na unidade espeleológica

(contexto regional) adotada, tendo sido identificados nos municípios de Felipe Guerra e

Governador Dix-Sept Rosado, além do município de Baraúna (as cavernas deste município,

no entanto, estão em outra bacia hidrográfica) e compreendem pelo menos dois novos

gêneros e provavelmente sete espécies distintas (Bento, 2011). Tais organismos podem ser

considerados relictos oceânicos, pois aparentemente evoluíram a partir de ancestrais

marinhos "aprisionados" em espaços subterrâneos após uma introgressão e posterior

regressão oceânica pretérita. Até então, não eram conhecidas no país quaisquer espécies

que correspondessem a relictos oceânicos (Ferreira et al., 2010). Estas espécies advêm de

grupos cuja distribuição é predominantemente marinha, e inúmeras espécies troglóbias são

conhecidas no mundo, sendo a maioria delas relictos oceânicos (Holsinger et al., 1994). Os

cirolanídeos encontrados em cavernas do RN compreendem os primeiros registros de

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 173

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 142: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

organismos troglóbios desta família no Brasil, e o segundo registro na América do Sul, o que

denota sua extrema importância (Ferreira et al., 2010). Além dos isópodes, anfípodes e

turbelários também podem compreender relictos oceânicos (Ferreira et al., 2010), devendo

ser considerados também relictos geográficos.

Outra população que merece destaque é a de Hemípteros Kinnaridae, que

compreendem o primeiro registro de organismos troglóbios desta família na América do Sul

(endêmicas, portanto) havendo somente quatro espécies troglóbias no mundo - três delas

na Jamaica e uma no México (Ferreira et al., 2010). As populações encontradas estão

amplamente distribuídas em cavernas dos municípios de Felipe Guerra e Gov. Dix-Sept

Rosado e são morfologicamente indistinguíveis, podendo ser consideradas como uma única

espécie amplamente distribuída, condição talvez explicada pela existência de uma alta

conectividade entre as cavernas da região que permita a circulação destes organismos pelo

ambiente subterrâneo, sendo provável que tal dispersão ocorra pelo Meio Subterrâneo

Superficial (MSS), como observado para várias espécies troglóbias em diferentes regiões do

mundo (Juberthie et al., 1980; Juberthie, 2000). Neste estudo adotamos uma posição mais

cautelosa e conservacionista (segundo o que diz o parágrafo único do Art. 19 da IN MMA

2/2009: “São vedados impactos negativos irreversíveis em cavidades que apresentem

ocorrência de táxons novos até que seja realizada a sua descrição científica formal.”) e

consideramos as cavernas com ocorrência de Kinnaridae como de relevância máxima

A maioria dos troglóbios encontrados apresentou um padrão comum de distribuição,

sendo endêmicas a uma caverna ou um sistema (Decu & Juberthie, 1998; Holsinger, 2000).

Até mesmo populações de espécies pertencentes a um mesmo gênero, como o Collembola

Troglobius sp. (Paronellidae), amplamente distribuídas em cavernas do Oeste potiguar,

foram identificadas por especialistas como espécies distintas, no caso seis espécies

(provavelmente todas novas para a ciência), cada uma endêmica de uma única caverna ou

duas cavernas próximas (ex.: as populações da caverna do Pau e da gruta dos Três Lagos, em

Felipe Guerra, pertencem a uma espécie diferente daquela presente nas cavernas Boniteza e

da Boca de Peixe, em Gov. Dix-Sept Rosado) (Bento, 2011).

A seguir é apresentado o mapa de sensibilidade ambiental quanto ao patrimônio

espeleológico do município de Felipe Guerra, com ênfase para as áreas identificadas como

de relevância máxima.

RESULTADOS ALCANÇADOS – Felipe Guerra 174

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 143: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL QUANTO AO

PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE FELIPE

GUERRA/RN

Page 144: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

5.2 Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes

5.2.1 Prospecção Exocárstica das áreas de alta potencialidade de ocorrência de

cavernas

A análise das imagens de satélite permitiu a identificação de aproximadamente 820

hectares de áreas de alta potencialidade espeleológica, afloramentos calcários (figura 12),

sendo que 80 já haviam sido prospectados (Cruz et al., 2008).

Figura 12. Áreas de afloramentos calcários do Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes (Reserva Legal do P.A. Maisa e imediações), identificadas a partir da análise de imagens de satélite.

Após a prospecção de todas as áreas de alta potencialidade espeleológica, foram

identificadas 148 novas cavernas. Assim, as três cavidades conhecidas em 2002 somadas às

50 identificadas entre 2002 e 2009 e às 145 identificadas em 2010, fazem da área a maior

concentração de cavernas do Estado atualmente, com 201 cavidades (figura 13, tabela 4),

cerca de 30% das 594 cavernas atualmente conhecidas no RN.

Notas: - Elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas, Base Avançada Compartilhada no Rio Grande do Norte (CECAV/RN); - Limites da Reserva Legal do P.A. Maisa e dos afloramentos calcários obtidos da Base de Dados do CECAV/RN; - Imagem de satélite Quick Bird, composição colorida das bandas 1,2 e 3.

RESULTADOS ALCANÇADOS – Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 177

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 145: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 13. As 201 cavernas atualmente conhecidas no Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes.

RESU

LTAD

OS A

LCA

AD

OS –

Sítio Esp

ele

oló

gico d

a Furn

a Feia e Á

reas Cársticas A

djacen

tes 17

8

RELA

TÓR

IO FIN

AL – P

RO

JETO K

AR

ST JAN

DA

ÍRA

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 146: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tabela 4. As 201 cavernas atualmente conhecidas no Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes. As cores identificam as cavernas conhecidas antes de 2002 (vermelho), as identificadas em prospecções do CECAV/RN entre 2002 e 2009 (azul) e as identificadas durante as atividades de prospecção exocárstica deste projeto, em 2010 (amarelo).

Caverna Coordenadas UTM (Zona 24S; Datum WGS1984)

Latitude Longitude

01 Furna Feia 9443120,631 659616,738 02 Abrigo do Letreiro* 9441716,154 662038,236 03 Gruta do Pinga* 9441377,743 661874,438 04 Furna Nova* 9443379,023 658405,370 05 Caverna da Lanchonete 9443380,970 658160,968 06 Caverna do Perdido* 9443343,752 658158,349 07 Abrigo 9443303,449 658167,566 08 Caverna do Azulão 9443288,156 658208,124 09 Caverna do Imbuá 9443347,746 658308,940 10 Caverna de Cima 9443336,372 658394,062 11 Abismo 02 9443313,018 658396,845 12 Abismo 03 9443297,911 658457,722 13 Abismo 04 9442997,697 658696,051 14 Abismo 05 9443287,660 658588,402 15 Abismo 06 9442812,536 658931,246 16 Abismo 08 9443119,986 658181,970 17 Abismo 09 9442884,526 657839,262 18 Abismo 10 9442826,910 657929,654 19 Abismo 11 9442842,769 657910,654 20 Abismo 12 9443118,164 658123,171 21 Caverna 01 9442714,862 659445,802 22 Caverna 02 9442714,729 659434,381 23 Caverna 03 9443345,543 658472,208 24 Caverna do Feijão Bravo* 9443221,592 658254,863 25 Caverna da Beija-Flor 9443199,541 658474,426 26 Caverna do Lago* 9443127,617 658429,432 27 Caverna do Contorno 9443138,052 658166,359 28 Caverna das 12 Pontas 9443114,658 658212,402 29 Abrigo 9443114,361 658198,454 30 Caverna da Emburana 9443119,230 658142,207 31 Caverna do Urubu Novo 9443101,275 658034,307 32 Caverna NoName 9443084,001 658073,607 33 Caverna do Lodo 9443065,176 658026,192 34 Caverna da Cruz 9443060,369 658102,741 35 Caverna do Vem-Vem 9443031,455 658039,653 36 Abrigo 9442928,814 657888,001 37 Caverna da Carolina 9442913,861 657878,240 38 Caverna Pequena 9442894,228 657838,860 39 Caverna do Peito* 9442895,417 657895,143 40 Caverna Teto-Baixo 9442856,588 657860,350 41 Caverna 13 9442832,997 657822,230 42 Caverna 14 9442791,699 657877,127 43 Caverna da Pedra Quebrada 9442921,731 658217,487 44 Caverna dos Macacos 9442810,584 658739,630 45 Caverna do Pau-Mocó* 9442598,875 658893,560 46 Caverna do M 9442643,318 659009,543 47 Gruta do Zóide 9442684,763 659179,256 48 Caverna do Teimoso 9442790,290 659360,526 49 Caverna dos Macacos/Esquecida* 9442866,272 659476,271 50 Dolina da Furna Feia/Caverna do Nilton* 9442955,646 659486,270

RESULTADOS ALCANÇADOS – Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 179

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 147: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

RESULTADOS ALCANÇADOS – Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 180

Tabela 4 - Continuação

Caverna Coordenadas UTM (Zona 24S; Datum WGS1984)

Latitude Longitude

51 Caverna da Tite 9443221,313 659388,547 52 Caverna do Sumidouro 9443243,326 659400,439 53 Abismo da Suindara 9443261,845 659442,355 54 Caverna da Nova Descoberta 9443033,280 659471,942 55 Caverna do Saburá* 9443225,130 659931,296 56 Caverna das Seis Entradas 9443222,998 659955,350 57 Caverna do Saburá 2 9443206,969 659932,293 58 Caverna da Pele de Cobra 9443199,049 660001,684 59 Caverna Escorregadia 9443179,198 659992,495 60 Caverna da Ravina dos Travertinos 9443462,601 659589,270 61 Caverna dos Blocos Caídos* 9443435,778 659656,064 62 Caverna da Braúna 9443399,975 659614,942 63 Caverna 9443369,437 659648,157 64 Caverna Pequena da Flor de Cera 9443350,598 659672,197 65 Caverna 9443317,563 659618,933 66 Caverna do Balão 9443257,627 659681,230 67 Caverna das Conchas 9443255,646 659651,001 68 Abrigo da Ubaia 9443214,836 659609,952 69 Caverna do Riacho 9443238,565 659562,622 70 Caverna 26 9443289,369 659472,042 71 Caverna do Falso Teto-Baixo 9443282,266 659443,902 72 Caverna da Suindara 2 9443265,842 659448,690 73 Pequena Caverna das Cabras 9443243,362 659455,211 74 Abrigão do Pé-de-Galinha 9442830,623 659345,263 75 Abrigo do Pé-de-Galinha 9442819,445 659332,886 76 Caverna do Gato 9442735,167 659123,649 77 Abrigão da Borda 9442764,192 659002,964 78 Caverna Bonita 9442774,217 658962,046 79 Caverna Frágil 9442739,990 658974,694 80 Abrigo da Baixa do Entalado 9442789,048 658889,743 81 Caverna da Tamiarana 9442583,222 658901,614 82 Caverna das Bolinhas 9442564,012 659068,967 83 Caverna das Abelhas 9443415,145 658202,032 84 Caverna 9443402,616 658188,630 85 Abrigo 9443358,034 658270,293 86 Caverna da Carol* 9443388,946 658472,285 87 Caverna do Gôgo 9443138,784 658665,120 88 Caverna das Quatro Bocas 9443255,942 658186,878 89 Caverna da Luz 9443257,954 658135,700 90 Caverna da Aroeira Morta 9442750,282 658491,435 91 Abismo 20 9442665,930 658027,022 92 Caverna da Corda 2 9442543,630 658039,060 93 Caverna 04 9442511,372 657744,165 94 Abismo 9442485,806 657733,412 95 Caverna da Abelha Limão* 9442419,776 657708,772 96 Caverna 9442405,356 657692,269 97 Caverna do Espinheiro 9442418,565 657810,257 98 Abismo 9442421,618 657906,029 99 Caverna da Homenagem 9442397,213 657928,123

100 Caverna do Cansado* 9442398,904 657995,477 101 Caverna da Arraia 9442343,286 657964,400 102 Caverna da Pele de Cobra 2 9442252,273 657968,737 103 Abismo do Poço 9442232,509 658021,734 104 Abrigo 009 9442351,806 657759,821

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 148: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tabela 4- Continuação

Caverna Coordenadas UTM (Zona 24S; Datum WGS1984)

Latitude Longitude

105 Abismo 9442349,140 657826,202 106 Caverna 9442338,319 657828,279 107 Caverna 9442340,219 657794,648 108 Caverna da Capela 9442281,607 657811,510 109 Caverna Apertada 9442244,832 657798,706 110 Caverna dos Cipós 9442246,246 657825,689 111 Caverna do Sufoco* 9442198,712 657823,514 112 Caverna Branca 9442195,434 657853,079 113 Caverna dos Travertinos da Furna Feia 9442210,153 657772,189 114 Caverna do Louro 9442087,071 657657,958 115 Abismo do Sopro 9442084,554 657834,444 116 Caverna 9442024,836 657729,933 117 Caverna do Apagão 9442020,966 657804,704 118 Caverna 9441856,980 657819,727 119 Abrigo 9441836,941 657879,629 120 Caverna das Moscas 9441821,421 657648,929 121 Caverna 9441793,699 657755,237 122 Caverna do Cipozal* 9441778,254 657684,823 123 Caverna dos Barbeiros 9441756,044 657724,875 124 Caverna da Ubaia 9441746,466 657811,381 125 Caverna das Duas Bocas 9441664,776 657769,612 126 Abrigo dos Geodos 9441712,009 657670,577 127 Abrigo 9441544,661 658475,591 128 Caverna da Queda 9441287,161 658523,409 129 Caverna Gêmea* 9441240,235 658562,333 130 Caverna da 51* 9441248,370 657721,289 131 Caverna do Cocô Seco 9441224,303 657717,179 132 Caverna do Entalado 9441220,252 657696,083 133 Abrigo do Toco Seco 9441189,190 657732,251 134 Caverna 9441094,917 657849,463 135 Abrigo da Carranca* 9441066,274 657893,787 136 Caverna da Chuva* 9440841,018 657759,229 137 Caverna Nova 9440799,924 657890,750 138 Abrigo 9440804,494 657932,694 139 Caverna 9440788,851 657948,840 140 Caverna da Presa* 9440756,566 657926,718 141 Caverna da Corda* 9440421,063 657923,935 142 Caverna Distante 9443694,114 660406,009 143 Caverna da Trança* 9443713,334 660377,927 144 Caverna 9444409,400 660706,173 145 Caverna 9444395,714 660800,936 146 Caverna da Cabeça de Touro* 9444468,769 660787,221 147 Caverna 9444474,546 660982,323 148 Caverna do Quixó* 9444501,252 660994,535 149 Caverna 9444546,208 661011,434 150 Caverna Desapercebida 9444523,126 661117,515 151 Caverna das Cortinas 9444512,933 661137,633 152 Caverna do Ovo de Urubu 9444609,314 661262,160 153 Abrigo 9444451,870 661443,357 154 Abrigo 9444405,116 661486,983 155 Caverna do Arrodeio* 9444279,285 661636,316 156 Caverna 9443817,269 661731,777 157 Caverna da Maisa 1 9443705,125 661486,055 158 Caverna do Mini-Complexo 9443692,738 661591,657

RESULTADOS ALCANÇADOS – Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 181

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 149: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tabela 4 – Continuação

Caverna Coordenadas UTM (Zona 24S; Datum WGS1984)

Latitude Longitude

159 Caverna do Tronco Seco 9443657,384 661527,466 160 Caverna Reta 9443644,420 661622,174 161 Abrigo 9443623,995 661608,624 162 Caverna do Cardeiro 9443573,242 661712,234 163 Caverna da Salvação* 9443720,503 661825,340 164 Abrigo do Paredão 9443287,609 662706,073 165 Caverna do Boné 9442261,136 662244,511 166 Dolina da Maisa 9442223,796 662260,348 167 Caverna do Apressado* 9442211,750 662212,146 168 Caverna do Porco do Mato I* 9442031,406 661900,126 169 Caverna do Porco do Mato II* 9441995,910 661871,210 170 Caverna do Porco do Mato III* 9441998,962 661840,535 171 Caverna do Bacuri* 9441997,310 661922,224 172 Dolina 9441894,798 661591,672 173 Abrigo do Viaduto 9441854,213 662070,755 174 Abrigo da Torre 9441850,240 662131,287 175 Abrigo da Couve-Flor 9441768,304 662046,593 176 Abrigo da Pedra do Viaduto 9441757,176 662057,850 177 Abrigo 9441642,187 661639,026 178 Gruta do Pinguinha 9441250,747 661645,063 179 Abrigo Camuflado 9441219,362 661658,990 180 Caverna do Chorró* 9441201,082 661514,351 181 Caverna do Pregado* 9441062,298 661399,978 182 Abrigo Grande 1 9441060,204 661350,288 183 Abrigo Grande 9440998,307 661446,759 184 Caverna da Ultrapassagem 9440770,471 661642,657 185 Caverna das Pedras Polidas 9440674,207 661321,960 186 Caverna Pequena 9440677,601 661288,165 187 Caverna dos Mini-Espeleotemas 9440640,578 661274,142 188 Caverna do Morcego Anão 9440644,367 661262,235 189 Caverna da Decepção 9440603,267 661243,732 190 Caverna do Cupinzeiro* 9440569,159 661226,852 191 Caverna das Duas Torres 9440552,012 661219,872 192 Caverna da Aroeira Grande* 9440429,630 661150,934 193 Caverna 9441426,807 662733,277 194 Caverna do Cedro* 9441517,287 662763,017 195 Abrigo da Dúvida 9441869,562 662676,104 196 Caverna 9442028,454 662636,822 197 Abrigo do Espinheiro 9442090,985 662629,407 198 Caverna da Pedra Lisa/Troglobento* 9442119,110 663860,216 199 Caverna da Falta de Opção* 9440762,484 663469,495 200 Caverna do Primo 9441891,095 667943,909 201 Caverna do Canto* 9441853,115 667937,750

*- Cavernas topografadas e caracterizadas neste projeto

5.2.2 Topografia e caracterização ambiental das cavernas selecionadas

Foram identificadas 41 cavernas prioritárias para a realização de levantamentos

topográficos e caracterizações ambientais (tabela 3; figura 14) - o que corresponde a pouco

mais de 20% do total de cavernas identificadas no Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas

Cársticas Adjacentes (201 cavidades), conforme previsto no Plano de Trabalho.

RESULTADOS ALCANÇADOS – Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 182

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 150: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 14. Cavernas topografadas e caracterizadas no Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes.

RESU

LTAD

OS A

LCA

AD

OS –

Sítio Esp

ele

oló

gico d

a Furn

a Feia e Á

reas Cársticas A

djacen

tes 18

3

RELA

TÓR

IO FIN

AL – P

RO

JETO K

AR

ST JAN

DA

ÍRA

Page 151: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Os resultados desta etapa são apresentados no inventário descritivo básico a seguir. Tal

inventário é composto pelos mapas topográficos e informações básicas levantadas durante os

mapeamentos, seguindo a ficha de caracterização de cavernas do CECAV (conforme descrito

anteriormente), além do levantamento topográfico e caracterização ambiental da Furna Feia,

realizados anteriormente a este projeto.

Quando disponíveis, informações constantes na Base de Dados do CECAV/RN, levantadas e

disponibilizadas por pesquisadores, são aqui apresentadas de forma resumida com o objetivo de

complementar as análises. Assim, informações detalhadas podem ser consultadas nos artigos e

dissertações que seguem anexas à versão digital deste relatório.

RESULTADOS ALCANÇADOS – Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 184

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 152: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

PROJETO KARST JANDAÍRA – INVENTÁRIO DESCRITIVO BÁSICO

SÍTIO ESPELEOLÓGICO DA FURNA FEIA E ÁREAS CÁRSTICAS ADJACENTES

Page 153: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CANTO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 140,3m 4m 11 WGS1984 24S 667937.750 9441853.115

Pequena caverna localizada no extremo Noroeste do Sítio Espeleológico da Furna

Feia e Áreas Cársticas Adjacentes, sendo uma das duas cavidades da área no município de

Mossoró (a outra é a caverna do Primo). O acesso é realizado por estreita estrada carroçável

que parte (na altura da agrovila Montana e comunidade de Coqueiros) da estrada que liga o

P.A. Maisa à cidade de Mossoró passando pela comunidade de Lagoinha. É necessária uma

pequena caminhada na mata de Caatinga densa e em lajedo.

A entrada da caverna fica no topo do afloramento, sendo necessário descer um

pequeno lance vertical para acessar o interior. A cavidade está completamente conservada e

apresenta desenvolvimento misto com padrão retilíneo de galerias. As dificuldades internas

são tetos baixos (à exceção dos espaços próximos à entrada, o restante da caverna é de teto-

baixo), rastejamento e lances verticais. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de

4,5m (predominantemente 3,2m) e 4,2m (1,6m de altura predominante). Há acúmulo de

argila úmida em pontos isolados, sendo o piso predominantemente de rocha e blocos

abatidos. Os espeleotemas observados, todos conservados, apresentando distribuição

localizada e porte centimétrico, foram couve-flor, cortinas, estalactites e travertino.

A fauna de invertebrados (não foram observados vertebrados) é composta por

aranhas (Pholcidae - Mesabolivar sp., Salticidae, Ochiroceratidae e Theridiidae), Schizomida

(Hubardiidae – Rowlandius sp.), cupins (Isoptera), baratas (Blattodea), Isopoda

(Plathyarthridae - Trichorhina sp.), Collembola (Entomobryomorpha), Archaeognatha,

Thysanura e caracóis (Gastropoda – Pulmonata). Não foram observados organismos

troglomórficos.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 186

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 154: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO CANTO

Page 155: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA FALTA DE OPÇÃO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 159,5m 2m 12m WGS1984 24S 663469.495 9440762.484

Pequena caverna isolada na porção Sudeste da área de Reserva Legal. Inclusive seu

nome vem da falta de opções para topografia e caracterização na área, tendo em vista os

critérios adotados na escolha das cavidades e a simplicidade da cavidade, que se resume a

um pequeno salão na entrada e a um conduto de teto baixo.

A única entrada fica no topo de um pequeno lajedo e é acessível após longa

caminhada na mata fechada a partir da estrada de terra que corta a Reserva Legal e liga a

comunidade de Juremal ao P.A. Maisa. A caverna apresenta-se conservada e tem

desenvolvimento misto, com padrão retilíneo de galerias, apresentando dificuldades

internas devido à presença de tetos baixos e necessidade de rastejamento. A largura e a

altura máxima são, respectivamente, de 3,5m (predominantemente 2m) e 2,3m (1,4m de

altura predominante). Não há solos e o piso da caverna é a própria rocha mãe com alguns

blocos abatidos. Os espeleotemas observados, todos conservados, de distribuição localizada

e porte centimétrico, resumem-se a couve-flor e cortinas.

Quanto à fauna foram observados morcegos (não identificados), além de aranhas

(Pholcidae - Mesobolivar sp.), cupins (Isoptera) e mariposas (Lepidoptera).

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 189

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 156: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA FALTA DE OPÇÃO

Page 157: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA PEDRA LISA/TROGLOBENTO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 117,4m 3m 12 WGS1984 24S 663860.216 9442119.110

Clarabóia 114m 3m 11 WGS1984 24S 663889 9442122

Saída 114m 3m 12 WGS1984 24S 663898 9442144

Caverna isolada na porção Centro-Norte da área de Reserva Legal. O acesso á feito

por estrada carroçável que leva ao açude do Virgílio, partindo da estrada de terra que liga a

comunidade de Juremal ao P.A. Maisa. É necessária longa caminhada na vegetação de

caatinga densa até chegar ao pequeno lajedo onde a cavidade se encontra.

A caverna possui três entradas, todas localizadas no topo do afloramento. A entrada

principal está parcialmente obstruída por blocos abatidos e há um pequeno lance vertical. A

caverna apresenta-se conservada e tem desenvolvimento misto, com padrão retilíneo de

galerias, apresentando dificuldades internas relacionadas a tetos baixos, rastejamentos,

blocos instáveis, trechos escorregadios, passagens em “quebra-corpo” e lances verticais. A

largura e a altura máxima são, respectivamente, de 5,4m (predominantemente 3,3m) e 5,1m

(1,8m de altura predominante).

A cavidade tem seus condutos fortemente alinhados a fraturas NO-SE e SO-NE, com

abundância de grandes blocos abatidos, além de salões moderadamente volumosos.

Há drenagem perene, na forma de um pequeno curso d´água que percorre um nível

inferior da cavidade (não acessível devido às dimensões) no sentido SO-NE. Há

predominância de solos argilosos em todo o nível principal, sendo que no maior salão há

abundância de argila seca, inclusive nas partes altas dos condutos chegando a cobrir grandes

blocos abatidos, o que sugere inundações periódicas no passado. Há abundância de blocos

abatidos tabulares e irregulares, estáveis e instáveis, com pilhas de diâmetros que

ultrapassam 4 metros. A caverna é muito ornamentanda, com diversidade e abundância de

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 192

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 158: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

espeleotemas principalmente no salão final do nível principal, próximo à saída,

apresentando travertinos, cortinas e escorrimentos calcíticos de porte métrico, além de

estalactites, estalagmites, colunas estalagmíticas e couve-flor de porte centimétrico. Todos

os espeleotemas estão conservados e apresentam distribuição localizada.

Quanto à fauna, esta é bastante diversificada. Entre os vertebrados foram

observados morcegos insetívoros (não foi encontrado guano), gias e calangos de lajedo

(estes sempre nas zonas fóticas próximas às entradas). Entre os invertebrados foram

observadas pequenas baratas (Blattodea), Grilos Endecous sp. (Ensifera: Phalangopsidae),

mariposas (Lepidoptera), cupins (Isoptera – Termitidae – Nasutitermes corniger), besouros

(Coloptera – Carabidae, Tenebrionidae), formigas (Hymenoptera – Formicidae), mosquitos

Lutzomyia sp. (Diptera: Psychodidae) e abundância de barbeiros (Heteroptera: Reduviidae),

além de Pseudoescorpiões, aranhas caranguejeiras (Mygalomorpha), Mesabolivar sp.

(Pholcidae) e Salticidae, carrapatos (Acari) e grande quantidade de Heterophrynus sp.

(Amblypygi: Phrynidae), além de poucos indivíduos de Charinus sp. (Amblypygi: Charinidae);

foram observados Collembola (Entomobrymorpha e Poduromorpha) e Isópodes Cirollanidae

troglóbios, no trecho de riacho acessível no maior salão da caverna.

A identificação de cirolanídeos troglóbios nesta caverna compõe mais um registro

destes crustáceos considerados relictos oceânicos. No Sítio Espeleológico da Furna Feia

haviam sido encontrados apenas na caverna do Lago, no entanto é preciso aguardar a

identificação formal dos espécimes enviados a especialistas, para sabermos se são

populações de uma mesma espécie ou duas (ou mais) espécies distintas. Assim, a caverna da

Pedra Lisa/Troglobento deve ser considerada habitat de troglóbios raros, endêmicos e,

portanto, de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 193

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 159: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA

CAVERNA DA PEDRA LISA/TROGLOBENTO

Page 160: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CEDRO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 152m 3m 9 WGS1984 24S 662763.017 9441517.287

Pequena caverna localizada na porção central da Reserva, acessível a partir da

estrada de terra que liga a comunidade de Juremal ao P.A. Maisa, na altura dos acessos para

a gruta do Pinga e abrigo do Letreiro, com posterior caminhada em mata de Caatinga

fechada e lajedo.

A única entrada (de pequenas dimensões) fica no topo de um pequeno lajedo e o

acesso ao interior da caverna é feito após vencer pequeno lance vertical. A caverna

apresenta-se conservada e tem desenvolvimento horizontal, com padrão retilíneo de

galerias, sendo formada por um único salão orientado no sentido SO-NE, parcialmente

ocupado por grandes pilhas de blocos abatidos. As dificuldades impostas à exploração

referem-se à presença de tetos baixos (embora o teto seja alto na maior parte da caverna) e

necessidade de rastejamento. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 5,4m

(predominantemente 4,2m) e 2,1m (1,3m de altura predominante). Não há solos e o piso da

caverna é a própria rocha mãe, além de grandes pilhas de blocos abatidos. Os espeleotemas

observados, todos conservados, de ampla distribuição e porte centimétrico, foram couve-

flor, cortinas, escorrimentos calcíticos e estalactites.

Quanto à fauna, observou-se pequenos morcegos insetívoros e, entre os

invertebrados, aranhas Mesobolivar sp. (Pholcidae), Amblypigi (Heterophrynus sp. -

Phrynidae), cupim (Isoptera, Termitidae – Nasutitermes corniger), mariposas (Lepidoptera -

Noctuidae, provavelmente) e barbeiros (Heteroptera – Reduviidae). Não foram observados

indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 196

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 161: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO CEDRO

Page 162: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA AROEIRA GRANDE

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 149,37m 2m 12 WGS1984 24S 661150.934 9440429.630

Pequena caverna localizada na Centro-Sul da área de Reserva Legal. O acesso é feito

a partir da estrada que liga a comunidade de Juremal ao P.A. Maisa, na altura dos acessos

para a gruta do Pinga e abrigo do Letreiro, com posterior caminhada em trilhas bem

definidas, sem dificuldades.

A única entrada fica na base de um pequeno afloramento e a caverna apresenta-se

conservada e com desenvolvimento horizontal, com padrão retilíneo de galerias,

apresentando dificuldades internas devido à presença de tetos baixos (maior parte da

cavidade) e necessidade de rastejamento. Os salões estão alinhados nos sentidos SO-NE e

NO-SE e a largura e a altura máxima são, respectivamente, de 10,7m (predominantemente

4m) e 1,8m (0,8m de altura predominante). Não há solos e o piso da caverna é a própria

rocha mãe com alguns blocos abatidos. Os espeleotemas observados, conservados, de

distribuição localizada e porte centimétrico, resumem-se a estalactites e cortinas.

Quanto à fauna de vertebrados, foram observados alguns morcegos (não

identificados) e restos de porcos do mato. Quanto aos invertebrados, observou-se mariposas

(Lepidoptera: Noctuidae), larvas de Neuroptera (Chrysopidae), larvas de Tineidae

(Lepidoptera), Endecous sp. (Ensifera: Phalangopsidae) e aranhas Loxosceles sp. (Aranae:

Sicariidae). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 199

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 163: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA AROEIRA GRANDE

Page 164: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CUPINZEIRO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 151,3m 3m 12 WGS1984 24S 661226.852 9440569.159

Pequena caverna localizada na Centro-Sul da área de Reserva Legal, próxima à

caverna da Aroeira Grande, de forma que os acessos e dificuldades externas são os mesmos.

A única entrada fica no topo de um pequeno afloramento e a caverna apresenta-se

conservada e com desenvolvimento horizontal, com padrão retilíneo de galerias (orientadas

nos sentidos L-O e N-S), apresentando dificuldades internas devido à presença de tetos

baixos (maior parte da cavidade) e necessidade de rastejamento. A largura e a altura

máxima são, respectivamente, de 6m (predominantemente 2m) e 1,4m (0,8m de altura

predominante). Não há solos e o piso da caverna é a própria rocha mãe com alguns blocos

abatidos. Os espeleotemas observados, conservados, de distribuição localizada e porte

centimétrico, foram couve-flor, estalactites e cortinas.

Quanto à fauna de vertebrados, foi observado um grupo de morcegos insetívoros e

algumas gias. Quanto aos invertebrados, observaram-se Moscas (Diptera), Aranhas

(Salticidae e Theridiidae) e Mariposas (Noctuidae, provavelmente, e larvas de Tineidae). Não

foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 202

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 165: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO CUPINZEIRO

Page 166: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PREGADO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 149,8m 3m 12 WGS1984 24S 661399.978 9441062.298

Pequena caverna também localizada na Centro-Sul da área de Reserva Legal, próxima

à caverna do cupinzeiro, de forma que os acessos e dificuldades externas são os mesmos

(exceto por caminhada um pouco maior sobre o lajedo).

A única entrada fica no topo de afloramento e a caverna apresenta-se conservada e

com desenvolvimento horizontal, com padrão retilíneo de galerias (fortemente alinhada no

sentido SO-NE, com pequeno conduto mais ao Sul), apresentando dificuldades internas

devido à presença de tetos baixos e necessidade de rastejamento. A largura e a altura

máxima são, respectivamente, de 6,4m (predominantemente 2,6m) e 2m (1,2m de altura

predominante). Não há solos e o piso da caverna é a própria rocha mãe com alguns blocos

abatidos. Os espeleotemas observados, todos conservados e de porte centimétrico, foram

couve flor, estalactites e cortinas, bem distribuídos, e estalagmite isolada.

A fauna aparentemente é pouco diversa, tendo sido observados entre os vertebrados

apenas morcegos (não identificados). Entre os invertebrados observou-se carrapatos (Acari,

Argasidae - Ornithodoros sp.), aranhas Mesabolivar sp. (Pholcidae) e Sicarius tropicus

(Sicariidae), formigas-leão (larvas de Neuroptera - Chrysopidae) e caracóis (Gastropoda –

Pulmonata). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 205

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 167: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PREGADO

Page 168: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CHORRÓ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 144m 3m 11 WGS1984 24S 661514.351 9441201.082

Caverna também localizada na porção Centro-Sul da área de Reserva Legal, próxima à

caverna do pregado, de forma que os acessos e dificuldades externas são os mesmos.

A caverna é originada na borda do lajedo e a única entrada fica na base do

afloramento, com início delimitado por fechamento do conduto por blocos abatidos

“cimentados” por escorrimentos calcíticos. Apresenta-se conservada e com

desenvolvimento horizontal, padrão retilíneo de galerias (alinhamento SO-NE), e

dificuldades internas devido à presença de tetos baixos, rastejamento e grande quantidade

de aranhas Sicarius tropicus (Sicariidae), peçonhentas. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 7,8m (predominantemente 2,1m) e 2,1m (1,2m de altura

predominante). O piso da caverna é a própria rocha mãe, com frequente acúmulo de argila

seca e blocos abatidos irregulares de dimensões menores que um metro. Os espeleotemas

observados estavam todos conservados. De distribuição ampla há escorrimentos calcíticos

de porte centimétricos e métricos, cortinas e couve-flor, de porte centimétrico. No salão

final há um travertino de porte métrico e algumas estalactites de porte centimétrico.

A fauna é diversificada. Entre os vertebrados apenas morcegos (aproximadamente

40) foram observados (não identificados). A fauna de invertebrados tem predominância de

aracnídeos: aranhas - Sicarius tropicus (abundante), Loxosceles sp. (ambas Sicariidae) e

algumas Metagonia sp. e Mesobolivar sp. (ambas Pholcidae) e Theridiidae; alguns

Heterophrynus sp. (Amblypigi: Phrynidae) e opiliões Gonyleptidae. Entre os insetos

observou-se mariposas (Noctuidae e larvas de Tineidae), formigas leão (larvas de Neuroptera

- Chrysopidae), grilos Endecous sp. (Ensifera - Phalangopsidae) e cupins (Isoptera, Termitidae

– Nasutitermes corniger). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 208

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 169: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO CHORRÓ

Page 170: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PORCO DO MATO I

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 152,5 3m 10 WGS1984 24S 661900.126 9442031.406

2a entrada 150m 3m 9 WGS1984 24S 661890 9442023

Clarabóia 1 158m 2m 11 WGS1984 24S 661893 9442019

Clarabóia 2 158m 2m 12 WGS1984 24S 661890 9442005

Clarabóia 3 150m 3m 11 WGS1984 24S 661907 9442000

Caverna localizada na porção central da área de Reserva Legal, próxima ao abrigo do

Letreiro. O acesso é feito a partir da estrada que liga a comunidade de Juremal ao P.A.

Maisa, na altura dos acessos para a gruta do Pinga e abrigo do Letreiro, além de longa

caminhada, em sua maior parte em trilhas bem definidas, em meio à vegetação de Caatinga

predominantemente arbustiva e lajedos. A caverna é a maior de um complexo, denominado

Porco do Mato, de quatro cavidades (o nome vem da abundância de ossadas de porco do

mato, ou cateto, encontrada nas cavidades, principalmente na Porco do Mato I).

A entrada principal fica na base de afloramento e as demais no topo de lajedo. A

caverna apresenta-se conservada e com desenvolvimento predominantemente horizontal,

com padrão retilíneo de galerias (estas alinhadas preferencialmente nos sentidos N-S e NO-

SE, além de alguns trechos SO-NE). As dificuldades internas são a presença de tetos baixos

(apesar de largas, as galerias são predominantemente de teto- baixo), rastejamento e

passagens em “quebra-corpo). Alguns pontos não puderam ser explorados devido ao teto

ser muito baixo para permitir a passagem.

A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 11m (predominantemente

3,8m) e 2,7m (1,1m de altura predominante). Há acúmulo de argila seca em alguns pontos,

mas na maior parte o piso da caverna é a própria rocha com acúmulo de blocos abatidos

irregulares e de dimensões variáveis (em sua maioria menores que um metro).

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 211

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 171: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Há abundância e diversidade de espeleotemas apenas no conduto Noroeste (próximo

à entrada principal), inclusive com a única ocorrência atualmente conhecida de helictites,

além de escorrimentos calcíticos, estalactites, estalagmites, colunas estalagmíticas e

travertinos, todos de porte centimétrico. Os únicos espeleotemas de ampla distribuição

foram couve-flor e cortinas, também de porte centimétrico.

A fauna é diversa. Entre os vertebrados foram observados morcegos insetívoros e

abundância de ossos de porco do mato (cateto). Quanto aos invertebrados, a predominância

é de aracnídeos: aranhas Mesabolivar sp. (Pholcidae), Scytodes sp. (Scytodidae), Loxosceles

sp. (Sicariidae) e caranguejeira (Mygalomorpha), além de amblipígeos (Phrynidae -

Heterophrynus sp.) e Pseudoescorpiões (Pseudoscorpiones – Chernetidae). Tambpem foram

observados piolho de cobra (Diplopoda). Os insetos estão representados com grilos

(Ensifera, Phalangopsidae - Endecous sp.), traças (Thysanura), cupins (Isoptera, Termitidae –

Nasutitermes corniger), formigas (Hymenoptera – Formicidae), Mariposas (Lepidoptera) e

percevejos (Heteroptera, Reduviidae – Zelurus sp.). Não foram observados indivíduos com

troglomorfismos evidentes.

Devido ao único registro conhecido de helictites na área do Sítio Espeleológico da

Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes, a caverna do Porco do Mato I apresenta

espeleotemas únicos e, portanto, deve ser considerada de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 212

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 172: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PORCO DO MATO I

Page 173: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PORCO DO MATO II

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 152,3m 3m 11 WGS1984 24S 661871.210 9441995.910

Abrigo 151m 3m 10 WGS1984 24S 661862 9442005

Clarabóia 152m 3m 12 WGS1984 24S 661856 9441996

Caverna localizada na porção central da área de Reserva Legal, sendo componente do

complexo Porco do Mato, de forma que os acessos e dificuldades externas são os mesmos

apresentados para a caverna do Porco do Mato I.

A caverna tem três entradas, sendo duas verticais (principal e claraboia), localizadas

no topo do lajedo, e um pequeno abrigo localizado na borda do afloramento, à meia altura.

Está conservada, tem desenvolvimento misto e padrão retilíneo de galerias (alinhadas nos

sentidos SE-NO e SO-NE), apresentando dificuldades internas devido à presença de tetos

baixos, rastejamento e passagens em “quebra-corpo”. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 5,5m (predominantemente 2,8m) e 2,4m (1,2m de altura

predominante). Há acúmulo de argila seca em alguns pontos, mas na maior parte o piso da

caverna é a própria rocha com acúmulo de blocos abatidos. Os espeleotemas observados,

todos conservados e de porte centimétrico, tem boa diversidade, mas baixa abundância e

distribuição localizada: escorrimentos calcíticos, cortinas, estalactites, estalagmites e

travertinos. Os únicos de ampla distribuição foram classificados como couve-flor.

Quanto à fauna, foram observados morcegos insetívoros, mocós e uma cobra preta

(provavelmente à procura de morcegos). Entre os invertebrados há carrapatos (Acari,

Argasidae – Ornithodorus sp.), Aranhas (Metagonia sp. – Pholcidae), formigas

(Hymenoptera: Formicidae), cupins (Isoptera, Termitidae – Nasutitermes corniger), besouros

(Coleoptera - Carabidae) e traças (Thysanura). Não foram observados indivíduos com

troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 215

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 174: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PORCO DO MATO II

Page 175: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PORCO DO MATO III

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 160,7m 2m 12 WGS1984 24S 661840.535 9441998.962

Clarabóia 154m 2m 12 WGS1984 24S 661842 9441989

Caverna localizada na porção central da área de Reserva Legal, sendo componente do

complexo Porco do Mato, de forma que os acessos e dificuldades externas são os mesmos

apresentados para as cavernas do Porco do Mato I e II.

As duas entradas ficam no topo do afloramento e exigem vencer pequeno lance

vertical. A caverna apresenta-se conservada e com desenvolvimento misto

(predominantemente horizontal), com padrão retilíneo de galerias (alinhadas nos sentidos

N-S, NO-SE e SO-NE). As dificuldades impostas à exploração são a presença de tetos baixos

(porção NE inteira, inclusive com alguns trechos inacessíveis), rastejamento e passagens em

“quebra corpo”. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 9m

(predominantemente 3,3m) e 2,6m (2,1m de altura predominante). Não há solos e o piso da

caverna é a própria rocha mãe com abundância de blocos abatidos. Os espeleotemas

observados foram cortinas, estalactites, estalagmites, colunas estalagmíticas, escorrimentos

calcíticos e travertino (todos conservados, de porte centimétrico e distribuição localizada),

sendo os únicos de ampla distribuição classificados como couve-flor.

A fauna observada apresentou baixa diversidade: entre os vertebrados apenas

morcegos insetívoros e entre os vertebrados há aranhas Mesabolivar sp. (Pholcidae),

mariposas (Lepidoptera) e formigas (Hymenoptera – Formicidae). Não foram observados

indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 218

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 176: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PORCO DO MATO III

Page 177: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO BACURI

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 152m 2m 12 WGS1984 24S 661922.224 9441997.310

Pequena caverna localizada na porção central da área de Reserva Legal, sendo a

menor cavidade entre as componentes do complexo Porco do Mato (daí sua denominação,

já que bacuri é como são chamados os filhotes de porcos). Os acessos e dificuldades

externas são os mesmos apresentados para as cavernas do Porco do Mato I, II e III.

A única entrada fica no topo do afloramento e exigem vencer pequeno lance vertical.

A caverna apresenta-se conservada e com desenvolvimento misto, com padrão retilíneo de

galerias. As dificuldades impostas à exploração são a presença de tetos baixos, rastejamento

e lances verticais. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 4,8m

(predominantemente 4m) e 2,5m (0,5m de altura predominante). Praticamente não há solos

e o piso da caverna é a própria rocha mãe com abundância de blocos abatidos.

Apesar de pequena, a caverna é bem ornamentada com espeleotemas (todos conservados,

bem distribuídos e de porte centimétrico) dos tipos cortinas, estalactites, escorrimentos e

couve-flor.

A fauna observada apresentou baixa diversidade. Não foram observados vertebrados e entre

os invertebrados foram observados apenas aranhas papa-moscas (Salticidae),

pseudoescorpiões (Pseudoescorpiones – Chernetidae) e mariposas (Lepidoptera). Não foram

observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 221

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 178: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO BACURI

Page 179: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO APRESSADO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 155m 3m 8 WGS1984 24S 662212.146 9442211.750

Clarabóia 157m 3m 11 WGS1984 24S 662211 9442209

Caverna também localizada na porção central da área de Reserva Legal, mas mais ao

Norte do complexo Porco do Mato. O acesso, da mesma forma, é feito a partir da estrada

que liga a comunidade de Juremal ao P.A. Maisa, na altura dos acessos para a gruta do Pinga

e abrigo do Letreiro, além de longa caminhada, em sua maior parte em trilhas bem

definidas, em meio à vegetação de Caatinga predominantemente arbustiva e lajedos.

As duas entradas ficam no topo do afloramento, sendo a principal entre blocos

abatidos. A caverna apresenta-se conservada e com desenvolvimento misto, com padrão

retilíneo de galerias (fortemente alinhadas no sentido NO-SE), sendo distinguíveis três níveis

de desenvolvimento. As dificuldades impostas à exploração são a presença de tetos baixos

(apenas o nível principal tem alturas que permitem ficar de pé), rastejamento e passagens

em “quebra-corpo”. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 8m

(predominantemente 2,8m) e 2,7m (1,2m de altura predominante). Com exceção do

conduto noroeste e do nível inferior, que têm sedimento (argila seca), os demais não o

possuem e há abundância de blocos abatidos no piso.

A caverna apresenta boa diversidade e abundância de espeleotemas. De forma bem

distribuída, há travetinos, cortinas e escorrimentos calcíticos de porte métrico, além de

estalactites e couve-flor de porte centimétrico, e estalagmites centimétricas isoladas.

A fauna é diversificada, sendo observados alguns morcegos insetívoros e gias. Entre

os invertebrados: Aracnídeos - aranhas Sicarius tropicus e Loxoceles sp. (Sicariidae),

Metagonia sp. e Mesabolivar sp. (Pholcidae), Salticidae e Theridiidae, Pseudoescorpiões

(Pseudoscorpiones – Chernetidae), opiliões (Opiliones – Gonyleptidae), carrapatos (Acari,

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 224

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 180: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Argasidae – Ornithodorus sp.), Amblipígeos (Amblypygi, Phrynidae – Heterophrynus sp.) e

Rowlandius sp. (Schizomida – Hubardiidae); Insetos: Besouros (Coleoptera - Carabidae e

Staphylinidae), formigas (Hymenoptera - Formicidae), Cupins (Isoptera, Termitidae –

Nasutitermes corniger) e mariposas (Lepidoptera - Noctuidae e larvas de Tineidae), grilos

Endecous sp. (Ensifera: Phalangopsidae), colêmbolos (Collembola- Entomobryomorpha) e o

crustáceo Venezillo sp. (Isopoda - Armadiliidae). Não foram observados indivíduos com

troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 225

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 181: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO APRESSADO

Page 182: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA SALVAÇÃO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 106,6m 3m 12 WGS1984 24S 661825.340 9443720.503

Pequena caverna localizada na porção Noroeste da área de Reserva Legal, sendo

acessível por estradas de terra que ligam a agrovila Vila Nova I à área de plantio conhecida

como Sabiá, com posterior caminhada atravessando mata de Caatinga fechada e lajedos.

A entrada fica no topo do afloramento e exigem vencer lance vertical. A caverna apresenta-

se conservada e com desenvolvimento misto, com padrão retilíneo de galerias (fortemente

alinhada ao longo de fraturas NO-SE e O-E). As dificuldades impostas à exploração são a

presença de tetos baixos, rastejamento e lances verticais. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 2,2m (predominantemente 1,6m) e 4,1m (1,3m de altura

predominante). Praticamente não há solos e o piso da caverna é a própria rocha mãe com

blocos abatidos. Os espeleotemas observados foram estalactites, estalagmites e travertinos,

de porte centimétrico e localizados, sendo os únicos espeleotemas amplamente distribuídos

classificados como couve-flor.

A fauna apresentou baixa diversidade. Não foram observados vertebrados e entre os

invertebrados há mariposas Tineidae (larvas) e provavelmente Noctuidae, além de moscas

(Diptera) e formigas leão (larvas de Neuroptera - Chrysopidae), além de aranhas Theridiidae

e um caramujo (Gastropoda: Pulmonata). Não foram observados indivíduos com

troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 228

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 183: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA SALVAÇÃO

Page 184: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO ARRODEIO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 99,15m 2m 12 WGS1984 24S 661636.316 9444279.285

Pequena caverna localizada na porção Noroeste da área de Reserva Legal, na mesma

região da caverna da Salvação, de forma que o acesso e dificuldades externas são os

mesmos descritos anterioremente.

A entrada fica no topo do afloramento e a caverna apresenta-se conservada, com

desenvolvimento horizontal e padrão retilíneo de galerias (fortemente alinhada ao longo de

fraturas N-S). As dificuldades impostas à exploração são a presença de tetos baixos e

rastejamento. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 4,5m

(predominantemente 2,3m) e 2m (1,4m de altura predominante). Praticamente não há solos

e o piso da caverna é a própria rocha mãe com alguns blocos abatidos. Os espeleotemas

observados foram estalactites, couve-flor e cortinas, todos apresentando distribuição

localizada e porte centimétrico.

Quanto à fauna foram observados morcegos (não identificados), formigas leão (larvas

de Neuroptera - Chrysopidae) e Aranhas Mesabolivar sp. (Pholcidae) e Salticidae. Não foram

observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 231

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 185: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO ARRODEIO

Page 186: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO QUIXÓ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 101,5m 3m 11 WGS1984 24S 660994.535 9444501.252

Caverna localizada na porção Noroeste da área de Reserva Legal, na mesma região

das cavernas da Salvação e do Arrodeio, de forma que o acesso e dificuldades externas são

os mesmos descritos anterioremente.

A entrada principal fica no topo do afloramento e exige vencer pequeno lance

vertical. A caverna apresenta-se conservada e com desenvolvimento misto, com padrão

retilíneo de galerias. As dificuldades impostas à exploração são a presença de tetos baixos,

rastejamento e lances verticais. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 8,6m

(predominantemente 1,8m) e 3,6m (1,2m de altura predominante). Praticamente não há

solos e o piso da caverna é a própria rocha mãe com alguns blocos abatidos. Os

espeleotemas (conservados, localizados e de porte centimétrico) são dos tipos cortinas e

couve-flor.

A fauna observada apresentou baixa diversidade. Não foram observados vertebrados

e entre os invertebrados foram observados apenas aranhas Mesabolivar sp. (Pholcidae),

mariposas (Lepidoptera) e grilos (Ensifera). Não foram observados indivíduos com

troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 234

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 187: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO QUIXÓ

Page 188: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA CABEÇA DE TOURO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 93,1m 3m 11 WGS1984 24S 660787.221 9444468.769

Caverna localizada na porção Noroeste da área de Reserva Legal, na mesma região

das cavernas da Salvação e do Arrodeio, de forma que o acesso e dificuldades externas são

os mesmos descritos anterioremente.

A entrada principal fica no topo do afloramento e exige vencer lance vertical

(necessidade de uso de técnicas verticais). A caverna apresenta-se conservada e com

desenvolvimento misto, com padrão retilíneo de galerias (desenvolvimento fortemente

alinhado a fratura NE-SO com diversas aberturas para o exterior). As dificuldades impostas à

exploração são a presença de tetos baixos, rastejamento e lances verticais. A largura e a

altura máxima são, respectivamente, de 3,7m (predominantemente 2,4m) e 6,75m (5m de

altura predominante). Praticamente não há solos e o piso da caverna é a própria rocha mãe

com alguns blocos abatidos. Os espeleotemas (conservados, localizados e de porte

centimétrico) são dos tipos cortina, estalactite e couve-flor.

Não foram observados vertebrados ou vestígios destes. Quanto aos invertebrados,

observou-se apenas dípteros (moscas) e aranhas Mesabolivar sp. (Aranae - Pholcidae) e

Salticidae. Não foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 237

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 189: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA CABEÇA DE TOURO

Page 190: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA TRANÇA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 98,7m 3m 12 WGS1984 24S 660377.927 9443713.334

Caverna localizada na porção Noroeste da área de Reserva Legal. O acesso pode ser

feito da mesma forma que para a caverna da cabeça de Touro, bem como a partir da estrada

de terra que leva à Furna Feia com posterior caminhada em meio à Caatinga fechada.

A entrada principal fica no topo do afloramento e a caverna apresenta-se

conservada, com desenvolvimento horizontal e padrão retilíneo de galerias. As dificuldades

impostas à exploração são tetos baixos e rastejamento. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 4,8m (predominantemente 1,9m) e 2,7m (0,8m de altura

predominante). O piso da caverna é a própria rocha mãe com alguns blocos abatidos e os

espeleotemas (conservados, localizados e de porte centimétrico) são dos tipos cortina e

couve-flor.

Quanto à fauna, foram observados alguns morcegos não identificados, além de

carrapatos (Acari, Argasidae – Ornithodorus sp.), aranhas Metagonia sp. e Mesabolivar sp.

(Aranae: Pholcidae), mariposas (Lepidoptera - Noctuidae), grilos (Ensifera) e ninfas de

cigarras (Heteroptera - Cixiidae). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos

evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 240

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 191: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA TRANÇA

Page 192: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA CORDA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 107,07m 3m 12 WGS1984 24S 657923.935 9440421.063

Saída 106m 2m 12 WGS1984 24S 657933 9440411

Pequena cavidade localizada no extremo Sul da área de Reserva Legal. O acesso é

feito a partir da estrada de terra que leva à Furna Feia com posterior caminhada em trilhas

bem definidas e pequeno trecho em meio à Caatinga fechada e lajedos.

A entrada principal fica no topo do afloramento, quase totalmente encoberta por

cipós (mofumbo), sendo necessário vencer pequeno lance vertical. A caverna apresenta-se

conservada, com desenvolvimento predominantemente horizontal e padrão retilíneo de

galerias (fortemente alinhada no sentido NO-SE com diversas claraboias). As dificuldades

impostas à exploração são tetos baixos e rastejamento. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 6m (predominantemente 2,5m) e 2m (1,2m de altura predominante). O

piso da caverna é recoberto com blocos abatidos tabulared e irregulares e os espeleotemas

(conservados, localizados e de porte centimétrico) observados foram estalactites, cortinas,

couve-flor e escorrimento calcítico.

Foram observados morcegos insetívoros e frugivoros em pequena quantidade, além

de manchas secas de guano de ambos os tipos. Quanto aos invertebrados observou-se

aranhas Sicarius tropicus. (Aranae: Sicanidae), Mesabolivar sp. (Aranae: Pholcidae) e

Salticidae. Além disso, foram vistos grilos (Ensifera), cupins (Isoptera), mariposas

(provavelmente Noctuidae) e Embuá (Diplopoda - Spirobolida). Não foram observados

indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 243

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 193: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA CORDA

Page 194: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA PRESA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 107,7m 3m 11 WGS1984 24S 657926.718 9440756.566

Pequena cavidade localizada na porção Sul da área de Reserva Legal. Como está

próxima à caverna da Corda, os acessos e dificuldades externas são os mesmos.

A entrada fica no topo do afloramento e a caverna apresenta-se conservada, com

desenvolvimento misto (predominantemente horizontal) e padrão retilíneo de galerias

(fortemente alinhadas nos sentidos SO-NE e NO-SE), possuindo um nível mais superior mais

volumoso e dois “níveis” inferiores formados por dissolução intra-acamamento. As

dificuldades impostas à exploração são tetos baixos (parte do nível principal e níveis

inferiores) e rastejamento. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 4m

(predominantemente 3m) e 4,5m (1,5m de altura predominante). No nível superior o chão é

basicamente de blocos abatidos, com algum acúmulo de argila seca na porção mais a Leste,

enquanto que no nível mais inferior há acúmulo de argila úmida, o que indica inundações

periódicas (empoçamento). Os espeleotemas (conservados, localizados e de porte

centimétrico) observados foram estalactites, cortinas e escorrimentos calcíticos.

Foram observados alguns morcegos insetívoros e restos de porcos do mato. Entre os

invertebrados foram observadas aranhas Mesabolivar sp. (Pholcidae), Salticidae e

Theridiidae, além de carrapatos (Acari, Argasidae – Ornithodorus sp.) e Amblipígeos

(Heterophrynus sp. – Phrynidae). Entre os insetos há cupins (Isoptera, Termitidae –

Nasutitermes corniger), grilos Endecous sp. (Ensifera: Phalangopsidae) e Collembola

(Entomobryomorpha). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 246

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 195: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA PRESA

Page 196: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA CHUVA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 101,4m 2m 11 WGS1984 24S 657759.229 9440841.018

Clarabóia 1 96m 3m 12 WGS1984 24S 657757 9440847

Clarabóia 2 96m 3m 11 WGS1984 24S 657768 9440840

Pequena cavidade localizada na porção Sul da área de Reserva Legal. Como está

próxima à caverna da Presa, os acessos e dificuldades externas são os mesmos.

Todas as entradas da cavidade ficam no topo do afloramento, sendo que é necessário

vencer pequeno lance vertical pela entrada principal. A caverna apresenta-se conservada,

com desenvolvimento predominantemente horizontal e padrão retilíneo de galerias

(fortemente alinhadas nos sentidos SO-NE e NO-SE). As dificuldades impostas à exploração

são tetos baixos (maior parte da caverna), rastejamento, lances verticais e passagens em

“quebra-corpo”. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 11m

(predominantemente 3,4m) e 3,7m (0,6m de altura predominante). O piso da caverna é

totalmente recoberto com blocos abatidos irregulares e os espeleotemas (conservados,

localizados e de porte centimétrico) observados foram estalactites, estalagmites, travertinos,

cortinas, couve-flor e escorrimento calcítico.

Foram observados morcegos insetívoros e, entre os invertebrados, Aranhas

Salticidae, moscas (Diptera) e traças (Thysanura e Archaeoguata), além de Pseudoescorpiões

(Pseudoscorpiones) e Collembola (Entomobryomorpha). Não foram observados indivíduos

com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 249

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 197: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA CHUVA

Page 198: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

ABRIGO DA CARRANCA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 106,83m 3m 10 WGS1984 24S 657893.787 9441066.264

Pequena cavidade localizada na porção Sul da área de Reserva Legal. É acessada após

curta caminhada na mata fechada e lajedo, a partir da estrada de terra que leva à Furna Feia.

Sua entrada está localizada a meia altura do afloramento e o abrigo apresenta-se

conservada, com desenvolvimento horizontal e padrão retilíneo de galerias. As dificuldades

impostas à exploração são tetos baixos (maior parte da caverna) e rastejamento. A largura e

a altura máxima são, respectivamente, de 9,3m (predominantemente 2,2m) e 1,2m (1,1m de

altura predominante). O piso da caverna é a própria rocha, com alguns blocos abatidos

irregulares e oacúmulo de argila em alguns pontos do nível inferior. Quanto aos

espeleotemas (conservados e de porte centimétrico), apresentam-se bem distribuídos

escorrimentos calcíticos, cortinas e couve-flor, enquanto estalactites apresentam-se

localizadas.

Quanto à fauna poucos grupos foram observados, com predominância de Aranhas

(Pholcidae – Mesabolivar sp., Sicariidae – Sicarius tropicus e Salticidae). Também foi

observado um pequeno percevejo (Heteroptera). Não foram observados vertebrados nem

tampouco indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 252

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 199: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DO ABRIGO DA CARRANCA

Page 200: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA 51

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 99m 2m 11 WGS1984 24S 657721.289 9441248.370

Abrigo 99m 2m 12 WGS1984 24S 657725 9441259

Cavidade localizada no Sudoeste da Reserva Legal. É acessada após caminhada entre

trilhas, mata fechada e lajedo, a partir da estrada de terra que leva à Furna Feia.

Sua entrada principal está no topo do lajedo (enquanto a outra à meia altura e na

borda do afloramento, em meio à vegetação e grandes blocos de calcário), sendo necessária

pequena escalada para vencer um lance vertical. A presenta depredações localizadas (latas

vazias de aguardente, daí o nome da cavidade, e pichações), mas encontra-se

predominantemente conservada. O desenvolvimento é misto e o padrãode galerias retilíneo

(forte orientação SO-NE e O-E). As dificuldades internas são tetos baixos, rastejamento,

lances verticais e passagens em “quebra-corpo”. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 9m (predominantemente 3m) e 5,4m (0,7m de altura predominante).

Há acúmulo de argila úmida em toda a porção inferior da caverna, com acúmulo de blocos

abatidos apenas próximo às entradas, no entanto no nível superior o piso é a própria rocha.

Quanto aos espeleotemas (conservados, localizados e de porte centimétrico), foram

observados apenas cortinas, escorrimentos calcíticos e couve-flor.

Quanto à fauna de vertebrados, somente gias foram observadas. Entre os

invertebrados foram observadas formigas (Hymenoptera - Formicidae), grilos Endecous sp.

(Ensifera - Phalangopsidae), cupins (Isoptera), além de Colêmbolos (Entomobrymorpha e

Podromorpha). Quanto aos aracnídeos, há amblipígeos Heterophrynus sp. (Phrynidae),

carrapatos (Acari), além de Pseudoescorpiões, aranhas salticidae, Mygalomorpha

(caranguejeira), Pholcidae (Mesobolivar sp.) e Schyzomida (Rowlandius sp.). Não foram

observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 255

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 201: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA 51

Page 202: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA GÊMEA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 113,5m 3m 11 WGS1984 24S 658562.333 9441240.235

Cavidade localizada no Sudoeste da Reserva Legal. É acessada após caminhada entre

trilhas, mata fechada e lajedo, a partir da estrada de terra que leva à Furna Feia.

A únida entrada está localizada no topo do lajedo e o acesso ao interior da caverna é

feito mediante a utilização de técnicas verticais. Há ainda um pequeno nível superior, ou

patamar, antes de chegar ao nível principal. Encontra-se completamente conservada e o

desenvolvimento é misto, com padrão de galerias retilíneo (orientação SE-NO) e

sinuoso/meandrante (conduto com orientação SO-NE). As dificuldades internas são tetos

baixos, rastejamento, lances verticais, passagens em “quebra-corpo” e blocos instáveis. A

largura e a altura máxima são, respectivamente, de 5,8m (predominantemente 2,2m) e

12,8m (1,4m de altura predominante). Há acúmulo de argila úmida em toda a porção

inferior da caverna, com grande acúmulo de blocos abatidos próximo à entrada e no salão

mais ao Sul. Foram observados indícios de hidrografia intermitente.

A caverna é ricamente ornamentada, com grande diversidade e abundância de

espeleotemas. Os espeleotemas bem distribuídos são travertinos, cortinas e escorrimentos

calcíticos, chegando ao porte métrico, e estalactites, estalagmites e couve-flor, de porte

centimétrico. De forma localizada também ocorrem colunas estalagmíticas e canudos. Um

conjunto de travertinos que se inicia no extremo Sul da caverna preenche praticamente todo

o salão e tem continuidade em todo o conduto com orientação SO-NE, com suas paredes

quase atingindo o teto. Trata-se de espeleotema único na região.

Quanto à fauna não foram observados vertebrados e os invertebrados

aparentemente também não são muito diversos, o que provavelmente reflete a baixa

disponibilidade de recursos no interior da caverna, sendo observados apenas grilos Endecous

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 258

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 203: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

sp. (Ensifera - Phalangopsidae), cupins (Isoptera, Termitidae – Nasutitermes corniger),

formigas (Hymenoptera – Formicidae) e aranhas caranguejeira (Mygalomorpha) e

Mesabolivar sp. (Pholcidae). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos

evidentes.

A caverna Gêmea, por apresentar espeleotema único (conjunto de travertinos

descrito anteriormente), deve ser considerada como de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 259

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 204: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA GÊMEA

Page 205: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CIPOZAL

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 103,2m 3m 11 WGS1984 24S 657684.823 9441778.254

Clarabóia 102m 2m 12 WGS1984 24S 657713 9441761

Cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal. É acessada após caminhada

entre trilhas, mata fechada e lajedo (bastante fraturado e com lapiezamento expressivo), a

partir da estrada de terra que leva à Furna Feia.

Ambas as entradas estão localizadas no topo do lajedo e o acesso exige tranpor

pequenos lances verticais (o que é facilitado pela presença de árvores nas entradas). A

caverna encontra-se completamente conservada e o desenvolvimento é misto, com padrão

de galerias retilíneo (orientação NO-SE). As dificuldades internas são teto baixo, blocos

instáveis, rastejamento, passagens em “quebra corpo” e lances verticais. A largura e a altura

máxima são, respectivamente, de 15,4m (predominantemente 10,2m) e 4,2m (3m de altura

predominante). As partes afóticas praticamente restringem-se à porção mais Noroeste, onde

também predominam os tetos baixos e sedimentos argilosos – ao contrário do restante da

caverna, que é aberta, iluminada, volumosa e com piso de rocha e blocos abatidos.

Os espeleotemas observados (todos conservados e de porte centimétrico) foram

travertinos e cortinas, localizados, e escorrimentos calcíticos, estalactites e couve-flor, bem

distribuídos.

A fauna é diversificada. Observou-se morcegos insetívoros, gias e vestígios de corujas

de igreja (Tyto alba) – guano e pelotas de regurgitação contendo minúsculos ossos de

pequenos mamíferos e répteis. Os invertebrados são mais diversificados e estão

representados pelos aracnídeos: aranhas Mesabolivar sp. (Pholcidae), Sicarius tropicus

(Sicariidae), Salticidae e Theridiidae, amblipígeos (Heterophrynus sp., Phrynidae) e

Pseudocorpiones (Chernetidae); insetos: larvas de Neuroptera (Chrysopidae), formigas

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 262

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 206: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

(Hymenoptera – Formicidae), besouros (Coleoptera) carabidae, cupins (Isoptera –

Nasutitermitinae), mariposas (larvas de Tineidae) e grilos Endecous sp. (Ensifera -

Phalangopsidae), Diplópodes (Pseudonannolenidae), moluscos (Gastropoda – Pulmonata) e

crustáceos (Isopodes – Thrichorina sp., Plathyarthidae, e Venezillo sp., Armadiliidae).Não

foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram observados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 263

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 207: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO CIPOZAL

Page 208: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO SUFOCO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 95,2m 2m 12 WGS1984 24S 657823.514 9442198.712

Cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal. É acessada após caminhada

entre trilhas, mata fechada e lajedo (bastante fraturado e com lapiezamento expressivo), a

partir da estrada de terra que leva à Furna Feia.

A entrada está localizada no topo do lajedo e a caverna encontra-se conservada. O

desenvolvimento é misto e o padrão de galerias retilíneo (dois condutos alinhados a fendas

paralelas em sentido NO-SE). As dificuldades internas são tetos baixos, rastejamento, lances

verticais e passagens em “quebra-corpo”. A largura e a altura máxima são, respectivamente,

de 6m (predominantemente 3,2m) e 9,7m (2,1m de altura predominante). O piso é de argila

(na época do mapeamento, bastante úmido), exceto onde há blocos abatidos e próximo à

entrada. Os espeleotemas resumem-se a couve-flor e cortinas localizadas (porte

centimétrico). No ponto mais profundo da caverna há empoçamento de água de percolação.

Entre os vertebrados, observou-se uma pequena colônia de morcegos insetívoros no

nível superior, calangos de lajedo próximos à entrada e gias. Quanto aos invertebrados,

verificou-se a presença de aranhas (caranguejeira – Mygalomorpha; Mesobolivar sp. e

Metagonia sp. – Pholcidae, e Theridiidae), Amblypygi (Heterophrynus sp., Phrynidae),

Neuroptera (Chrysopidae), cupins (Isoptera – Nasutitermitinae), grilos (Ensifera,

Phalangopsidae – Endecous sp.) e caracóis (Mollusca – Pulmonata). Não foram observados

indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 266

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 209: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO SUFOCO

Page 210: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO CANSADO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 104m 4m 10 WGS1984 24S 657995.477 9442398.904

Cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal, próxima à caverna do Sufoco,

de forma que os acessos e dificuldades externas são os mesmos já apresentados.

A entrada está localizada no topo do lajedo, sendo necessário vencer lance vertical, e

a caverna encontra-se conservada. O desenvolvimento é misto e o padrão de galerias

retilíneo (fortemente alinhada no sentido NO-SE, com três níveis principais de disolução,

sendo o intermediário mais volumoso). As dificuldades internas são tetos baixos,

rastejamento, lances verticais e passagens em “quebra-corpo”. A largura e a altura máxima

são, respectivamente, de 9m (predominantemente 2,6m) e 5,2m (3m de altura

predominante). O piso da caverna é a própria rocha mãe e não há acúmulo de solos.

Os espeleotemas são diversos e apresentam distribuição localizada. Com exceção de

um travertino próximo à entrada, de porte métrico, os demais (couve-flor, estalactites,

estalagmites, colunas estalagmíticas e escorrimentos calcíticos) apresentam porte

centimétrico. Algumas estalactites apresentam raízes descendo pelo canalículo central. O

nível inferior (representado no mapa como dois níveis independentes) provavelmente está

conectado, mas a passagem não é possível e isso não pôde ser confirmado.

A fauna é diversificada. Entre os vertebrados há morcegos, sapos, gias e calangos de

lajedo (vêm até o nível superior). Entre os invertebrados há abundância de aranhas

(Mesobolivar sp.; Metagonia sp. – Pholcidae; Salticidae, Ctenidae e Mygalomorpha), cupins

(Isoptera) e formigas (Formicidae), além de grilos Endecous sp. (Ensifera - Phalangopsidae),

moscas (Diptera), cigarras (Heteroptera - Cixiidae) e Amblypygi (Heterophrynus sp.,

Phrynidae). Também foram observados Collembola (Entomobryomorpha) e

Pseudoescorpiões. Não foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 269

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 211: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO CANSADO

Page 212: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA ABELHA LIMÃO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 107,5m 2m 12 WGS1984 24S 657708.772 9442419.776

Cavidade localizada no extremo Leste da Reserva Legal, próxima à caverna do

cansado, de forma que os acessos e dificuldades externas são os mesmos já apresentados. O

nome da cavidade vem da presença de uma colmeia de abelha limão (abelha nativa sem

ferrão, rara) próxima à entrada.

A grande entrada está localizada no topo do lajedo, e a caverna é basicamente um

amplo salão exposto pelo dolinamento do teto. A cavidade está conservada e apresenta

desenvolvimento horizontal e padrão de galerias retilíneo. As dificuldades internas

observadas são tetos baixos, rastejamento, blocos instáveis e passagens em “quebra-corpo”.

A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 15m (predominantemente 3,6m) e

3,8m (2m de altura predominante). O piso é formado por grandes blocos abatidos do teto e

há diversidade e abundância de espeleotemas, com cortinas, travertinos e escorrimentos

calcíticos bem distribuídos e de porte métrico, havendo ainda estalactites, estalagmites,

colunas estalagmíticas localizados e de porte centimétrico. Há inclusive um travertino com

ninhos de pérolas.

Em relação à fauna, foi observado um grupo de morcegos hematófagos não

identificados, bem como manchas úmidas de guano recente. Quanto aos invertebrados, há

moscas (Diptera), cupins (Isoptera) e grilos Endecous sp. (Ensifera: Phalangopsidae) e entre

os aracnídeos foram observados Heterophrynus sp. (Amblypygi - Phrynidae) e Mesabolivar

sp. (Aranae: Pholcidae). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 272

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 213: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA ABELHA LIMÃO

Page 214: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DA CAROL

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 99,86m 4m 11 WGS1984 24S 658472.285 9443388.946

Cavidade localizada no extremo Leste da Reserva Legal, próxima à Furna Nova. O

acesso é feito a partir de estrada de terra que liga o P.A. Maisa (agrovila Vila Nova II) à

cidade de Baraúna, seguindo por estrada carroçável em direção à reserva legal e posterior

caminhada entre vegetação de Caatinga de porte arbóreo e lajedo repleto de fendas e com

lapiezamento expressivo.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo, sendo necessário vencer

pequeno lance vertical. Há ainda outra entrada que fica na borda e à meia altura do

afloramento. A cavidade está conservada e apresenta desenvolvimento misto e padrão de

galerias retilíneo (alinhamento N-S e NE-SO). As dificuldades internas observadas foram

tetos baixos, rastejamento, blocos instáveis e lances verticais. A largura e a altura máxima

são, respectivamente, de 5m (predominantemente 3m) e 4,9m (1,4m de altura

predominante). O chão é predominantemente de blocos abatidos, mas com argila seca em

alguns pontos. Os espeleotemas observados, todos conservados e de porte centimétrico,

foram estalactites e cortinas (bem distribuídos), além de estalagmites, travertinos e couve-

flor (localizados).

A fauna aparentemente é pouco diversa. Entre os vertebrados foram observados

apenas alguns morcegos (não identificados) e gias. Quanto aos invertebrados, observou-se

aranhas Mesabolivar sp. (Aranae: Pholcidae) e larvas de Neuroptera (Chrysopidae). Não

foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 275

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 215: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DA CAROL

Page 216: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DOS BLOCOS CAÍDOS

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 93m 3m 12 WGS1984 24S 659656.064 9443435.778

Pequena cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal. O acesso é feito a

partir de estrada de terra que leva à Furna Feia, com posterior caminhada entre vegetação

de Caatinga e lajedo repleto de fendas e com lapiezamento expressivo.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo, sendo necessário vencer

pequeno lance vertical. A cavidade, que consiste basicamente em um pequeno salão (com

orientação SO-NE) repleto de blocos abatidos e um conduto totalmente fótico (alinhado em

sentido NO-SE), está conservada e apresenta desenvolvimento horizontal e padrão de

galerias retilíneo. As dificuldades internas observadas foram apenas blocos instáveis. A

largura e a altura máxima são, respectivamente, de 5,1m (predominantemente 2m) e 5,1m

(2,5m de altura predominante). O chão é predominantemente de blocos abatidos, mas com

argila seca em alguns pontos. Os espeleotemas observados, todos conservados e de porte

centimétrico, foram estalactites e cortinas (bem distribuídos), além de estalagmites,

travertinos e couve-flor (localizados).

A fauna aparentemente é pouco diversa. Entre os vertebrados foram observados

apenas alguns morcegos (não identificados) e gias. Quanto aos invertebrados, observou-se

aranhas Mesabolivar sp. (Aranae: Pholcidae) e larvas de Neuroptera (Chrysopidae). Não

foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 278

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 217: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DOS BLOCOS CAÍDOS

Page 218: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO SABURÁ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 91,3m 2m 12 WGS1984 24S 659931.296 9443225.130

Pequena cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal. O acesso é feito a

partir de estrada de terra que leva à Furna Feia, com posterior caminhada entre vegetação

de Caatinga e lajedo.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo, sendo necessário vencer pequeno

lance vertical. A cavidade está conservada e apresenta desenvolvimento misto e padrão de

galerias retilíneo (alinhamentos N-S e NO-SE). As dificuldades internas observadas foram

tetos baixos, rastejamento e lances verticais. A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 6m (predominantemente 3,1m) e 6m (2,2m de altura predominante). O

piso é coberto com argila seca e acúmulos de blocos abatidos irregulares. Os espeleotemas

observados, todos conservados, com distribuição restrita e de porte centimétrico,

resumiram-se a couve-flor e cortinas.

A fauna observada foi pouco diversa. Entre os vertebrados observou-se uma pequena

colônia de morcegos insetívoros e vestígios (pelotas de regugitação e guano) de coruja de

igreja (Tyto alba). Entre os invertebrados foram observadas apenas aranhas Metagonia sp.,

Mesabolivar sp. (Pholcidae) e Sicarius tropicus (Sicariidae), além de grilos Endecous sp.

(Ensifera – Phalangopsidae). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos

evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 281

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 219: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO SABURÁ

Page 220: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

DOLINA DA FURNA FEIA/CAVERNA DO NILTON

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 101,1m 2m 12 WGS1984 24S 659486.270 9442955.646

Clarabóia 103m 2m 12 WGS1984 24S 659485.937 9442989.080

Caverna localizada na porção Leste da Reserva Legal. O acesso é feito a partir de

estrada de terra que leva à Furna Feia, com posterior caminhada sobre o lajedo.

Era conhecida como duas cavidades distintas, no entanto foram conectadas durante

a topografia. A entrada principal (dolina da Furna Feia) está localizada no topo do lajedo,

podendo ser caracterizada como uma dolina de abatimento com projeção horizontal

irregular. A segunda entrada (claraboia de acesso à caverna do Nilton) também está

localizada no topo de lajedo. Ambas as estradas exigem transpor lances verticais.

A cavidade está conservada, apresenta desenvolvimento misto e padrão de galerias

retilíneo (alinhamento preferencial NO-SE). As dificuldades internas observadas foram tetos

baixos, rastejamento, blocos instáveis, passagens em “quebra-corpo” e lances verticais. A

largura e a altura máxima são, respectivamente, de 14,3m (predominantemente 5,2m) e

5,5m (3,1m de altura predominante).

As “duas” cavidades são completamente distintas: a dolina da Furna Feia é

completamente fótica e apresenta piso recoberto com blocos abatidos irregulares, havendo

ainda abundante acúmulo de folhiço devido à vegetação que cresce no seu interior; os

espeleotemas observados, exceto por alguns escorrimentos calcíticos, poucas estalagmites e

cortinas (bem distribuídos), concentram-se na porção Sudeste do conduto (cortinas,

escorrimentos calcíticos, couve-flor, estalactites e travertinos). A caverna do Nilton é

predominantemente afótica, há predominância de solos argilosos inclusive recobrindo

grandes pilhas de blocos abatidos e abundância e diversidade de espeleotemas: travertinos,

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 284

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 221: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

escorrimentos calcíticos, estalactites, estalagmites, cortinas e couve-flor, todos bem

distribuídos.

Entre os vertebrados há alguns morcegos hematófagos (com algumas manchas de

guano úmidas). Entre os invertebrados, foram observadas aranhas Mesabolivar sp.,

Metagonia sp. (Pholcidae), Ctenidae, Ochiroceratidae e Theraphosidae, Amblipígeos

(Phrynidae – Heterophrynus sp.), Pseudoescorpiões (Pseudoscorpiones), Olipiões (Opiliones),

Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), colêmbolos (Collembola – Entomobryomorpha),

baratas (Blattodea), grilos (Ensifera, Phalangopsidae – Endecous sp.), besouros (Coleoptera –

Carabidae e Tenebrionidae), percevejos (Heteroptera – Reduviidae), moscas e mosquitos

(Diptera), mariposas (Lepidoptera), minhocas (Oligochaeta) e caracóis (Gastropoda). Não

foram observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 285

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 222: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA

DOLINA DA FURNA FEIA/CAVERNA DO NILTON

Page 223: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DOS MACACOS/ESQUECIDA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 113,1m 3m 8 WGS1984 24S 659476.271 9442866.272

Clarabóia 112m 2m 12 WGS1984 24S 659485.155 9442865.755

Cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal, no lajedo conhecido como Pé-

de-Galinha (que é utilizado como ponto interpretativo no curso de campo Feições Cársticas

da Bacia Potiguar, oferecido pela Universidade Petrobrás). O acesso é feito a partir de

estrada de terra que leva à Furna Feia, com posterior caminhada entre vegetação de

Caatinga e lajedo.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo, sendo necessário vencer lance

vertical. A cavidade está conservada e apresenta desenvolvimento misto e padrão de

galerias retilíneo (alinhamentos SO-NE e O-E). As dificuldades internas observadas foram

tetos baixos, rastejamento, blocos instáveis e lances verticais. A largura e a altura máxima

são, respectivamente, de 13,4m (predominantemente 3,8m) e 4,6m (2,2m de altura

predominante). O piso é coberto com argila seca e há grandes pilhas de blocos abatidos

irregulares. Os espeleotemas observados foram escorrimentos calcíticos, cortinas, couve-flor

e estalactites, com distribuição restrita às proximidades da entrada e de porte centimétrico,

havendo também um travertino e algumas cortinas de porte métrico (também próximos à

entrada) e alguns escorrimentos e cortinas na porção mais Sudoeste da caverna.

Bento (2011) registra a ocorrência de 58 morfoespécies de invertebrados na

cavidade, em duas coletas realizadas no final dos períodos seco e chuvoso, pertencentes a

pelo menos 37 famílias das ordens Acari (Sphaerochitoniidae, Sarcoptiforme), Amblypygi

(Phrynidae – Heterophrynus sp.), Aranae (Ctenidae, Ochiroceratidae, Pholcidae –

Mesabolivar sp., Metagonia sp., Scytodidae – Scytodes sp., Sicariidae – Loxosceles sp.,

Sicarius tropicus, Theraphosidae, Theridiidae – Theridion sp.), Opiliones, Pseudoscorpiones

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 288

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 224: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

(Chthoniidae, Olpiidae), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda (Polydesmida

– Chelodesmidae, Pyrgodesmidae), Symphyla, Isopoda (Armadiliidae, Plathyarthridae –

Trichorhina sp.), Blattodea, Collembola (Paronellidae – Paronella sp., Campylothorax sp.,

Poduromorpha), Coleoptera (Coccinelidae, Histeridae), Diptera (Keroplatidae, Phoridae,

Psychodidae – Lutzomyia sp., Sciaridae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.),

Heteroptera (Reduviidae – Zelurus sp., Schizopteridae, Cixiidae), Hymenoptera (Formicidae –

Megalomyrmex sp., Heteroponera sp., Odontomachus sp.), Isoptera (Termitidae –

Nasutitermes corniger), Lepidoptera, Psocoptera (Psyllipsocidae – Psyllipsocus sp.),

Oligochaeta, Gastropoda (Solaropsidae - Solaropsis sp., Streptaxidae – Streptaxis sp.).

Destas, apenas uma espécie de aranha (Pholcidae) foi considerada troglóbia. Há

possibilidade de tratar-se da mesma espécie encontrada na Furna Feia, caverna do Lago e

gruta do Pinga, no entanto é necessário aguardar sua identificação formal (espécimes

encaminhados a especialistas para descrição). Assim, pelo menos até que a(s) espécie(s)

seja(m) oficialmente descrita(s), a caverna dos Macacos/Esquecida deve ser considerada

habitat de troglóbio raro e/ou endêmico, sendo, portanto, de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 289

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 225: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO

DA CAVERNA DOS MACACOS/ESQUECIDA

Page 226: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PAU MOCÓ

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 102,1m 3m 12 WGS1984 24S 658893.560 9442598.875

Pequena cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal. O acesso é feito a

partir de estrada de terra que leva à Furna Feia, com posterior caminhada entre vegetação

de Caatinga e lajedo.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo e a cavidade está conservada,

apresentando desenvolvimento horizontal e padrão de galerias retilíneo. As dificuldades

internas observadas foram tetos baixos (maior parte da caverna) e rastejamento. A largura e

a altura máxima são, respectivamente, de 5,8m (predominantemente 2,2m) e 3,25m (1,2m

de altura predominante). O piso é formado predominantemente pela rocha mãe e blocos

abatidos irregulares. Os espeleotemas observados, todos conservados e de porte

centimétrico, resumem-se a cortinas e couve-flor, bem distribuídos, e estalactites

localizadas.

A fauna observada foi pouco diversa. Entre os vertebrados apenas gias, e entre os

invertebrados há mosquitos (Diptera, Psychodidae - Lutzomyia sp.) e formigas leão (larvas de

Neuroptera - Chrysopidae). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos

evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 292

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 227: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PAU MOCÓ

Page 228: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PEITO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 100,3m 3m 11 WGS1984 24S 657895.143 9442895.417

Cavidade localizada no extremo Leste da Reserva Legal, nas próximidades da Furna

Nova. O acesso é feito a partir de estrada de terra que liga o P.A. Maisa (agrovila Vila Nova II)

à cidade de Baraúna, seguindo por estrada carroçável em direção à reserva legal e posterior

caminhada entre trilhas, vegetação de Caatinga e lajedo repleto de fendas e com

lapiezamento expressivo.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo, sendo necessário transpor um

lance vertical. A cavidade está conservada, apresentando desenvolvimento misto e padrão

de galerias retilíneo (alinhamento NO-SE, apresenta ainda alguns alargamentos de conduto

originados por dissolução intra-acamamento). As dificuldades internas observadas foram

tetos baixos (a maior parte da caverna é fótica e de teto alto, mas há porções intermediárias

com teto baixo e na porção mais a Noroeste), rastejamento, lances verticais e passagens em

“quebra-corpo”. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 15,6m

(predominantemente 6m) e 6,7m (3,2m de altura predominante). O piso é formado

predominantemente pela rocha mãe e blocos abatidos irregulares.

Os espeleotemas observados, todos conservados, foram couve-flor, cortinas,

estalactites, canudos, estalagmites, colunas estalagmíticas, escorrimentos calcíticos e

travertinos. A porção final da caverna (mais a Noroeste) é extremamente ornamentada,

inclusive com condutos aparentemente obstruídos por sedimentação química. Nela há um

belo conjunto de cortinas, colunas estalagmíticas, travertinos e escorrimentos calcíticos de

porte métrico, associados a estalactites, estalagmites e canudos de menor porte.

A fauna é mediana. Entre os vertebrados há morcegos (não determinados) e calangos

de lajedo. Entre os invertebrados, há aranhas (Pholcidae - Mesabolivar sp. e Metagonia sp.,

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 295

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 229: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Sicariidae - Sicarius tropicus., Loxosceles sp., Salticidae e Theridiidae), Amblipígeos

(Phrynidae - Heterophrynus sp.), Opiliões (Gonyleptidae), formigas leão (larvas de

Neuroptera – Chrysopidae), grilos Endecous sp. (Ensifera - Phalangopsidae), cupins (Isoptera:

Nasutitermitinae) e Colêmbolos (Entomobryomorpha). Não foram observados indivíduos

com troglomorfismos evidentes.

Apesar da rica ornamentação, não foram identificados atributos de relevância

máxima na caverna do Peito.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 296

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 230: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PEITO

Page 231: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO LAGO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 103,2m 2m 11 WGS1984 24S 658429.432 9443127.617

Cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal, nas próximidades da Furna

Nova. O acesso é feito a partir de estrada de terra que liga o P.A. Maisa (agrovila Vila Nova II)

à cidade de Baraúna, seguindo por estrada carroçável em direção à reserva legal e posterior

caminhada entre trilhas, Caatinga e lajedo repleto de fendas e com lapiezamento expressivo.

A única entrada está localizada no topo do lajedo, um abismo de 27 metros, sendo

necessário o uso de técnicas verticais (a caverna detém o maior desnível da área, até o

momento, -35,2m). A cavidade está conservada, apresentando desenvolvimento misto e

padrão de galerias retilíneo e sinuoso/meandrante (alinhamentos NO-SE e SO-NE). A

exploração da caverna do Lago apresenta alto risco, havendo dificuldades relacionadas a

lances verticais, tetos baixos, rastejamento, passagens em “quebra-corpo”, trechos

escorregadios, blocos instáveis e travessia em curso d´água. A maior parte da caverna ainda

está ativa e a exploração não é recomendada em períodos chuvosos.

A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 4,8m (predominantemente

2,1m) e 27,4m (4,5m de altura predominante). Há acúmulo de solos argilosos úmidos na

maior parte da caverna, no entanto há trechos onde o caminhamento é sobre a rocha mãe

e/ou blocos abatidos. Com relação à hidrografia, há um rio subterrâneo (pequeno calibre na

época seca) e lagos perenes, provavelmente o nível freático, além de acúmulos

(empoçamento) de água de gotejamento. Os espeleotemas estão quase que restritos à

entrada e ao salão adjacente, este com uma enorme cúpula. Foram observados couve-flor,

estalactites, estalagmites, cortinas, escorrimentos calcíticos, travertinos e pérolas.

Conforme já exposto, a exploração da caverna é bastante cansativa e perigosa, tendo

sido possível mapear apenas 125 metros em duas expedições e explorados

aproximadamente mais 200 metros do conduto mais ao Norte (sem topografia). Uma

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 299

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 232: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

terceira expedição foi planejada para Dezembro/2010, no entanto fortes chuvas na região

fizeram a equipe decidir por adiar a investida devido ao incremento dos riscos com a caverna

em período chuvoso. Desta forma a topografia da caverna do Lago encontra-se em

andamento e há potencial para a cavidade ultrapassar os 500 metros.

Foram encontrados vários fósseis, aparentemente de espécies de mamíferos

megafauna pleistocênica, além de algumas aves de grande porte. Com relação à fauna atual,

foram observadas colônias morcegos hematófagos (Dyphilla) com manchas úmidas de

guano, além de sapos, gias e vestígios de corujas de igreja (Tyto alba).

Bento (2011) registra a ocorrência de 49 morfoespécies de invertebrados na

cavidade, em duas coletas realizadas no final dos períodos seco e chuvoso, pertencentes a

pelo menos 37 famílias das ordens Acari (Tydeoidea, Sarcoptiforme), Amblypygi (Phrynidae –

Heterophrynus sp.), Aranae (Ochiroceratidae, Pholcidae – Metagonia sp., Scytodidae –

Scytodes sp.), Opiliones, Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda

(Polydesmida – Chelodesmidae, Oniscodesmidae), Chilopoda (Geophilomorpha –

Ballophilidae, Scolopendromorpha – Dinocryptops sp.), Isopoda (Armadiliidae, Cirolanidae,

Plathyarthridae – Trichorhina sp.), Amphipoda, Blattodea, Collembola (Cyphoderidae –

Cyphoderus sp., Entomobryidae – Pseudosinella sp, Isotomidae – Hemisotoma thermophyla,

Folsomia sp., Paronellidae – Campylothorax sp.), Coleoptera (Carabidae, Pselaphidae,

Staphylinidae), Diplura (Japygidae), Diptera (Ceratopogonidae, Phoridae, Psychodidae –

Lutzomyia sp., Sciaridae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Heteroptera (Ploiariidae,

Reduviidae), Hymenoptera (Formicidae – Acanthognathus sp., Pheidole sp., Anochetus sp.),

Thysanura, Archaeognatha, Oligochaeta, Gastropoda (Streptaxidae – Streptaxis sp.).

Cinco espécies foram consideradas troglóbias: uma aranha (Pholcidae), uma

centopéia (Scolopendromorpha: Dinocryptops sp.), um colêmbolo (Cyphoderidae -

Cyphoderus sp.), um isópode cirolanídeo (Cirolanidae) e um anfípode (Amphipoda), sendo

que os dois últimos podem ser considerados relictos oceânicos. À exceção da aranha, que

pode ser a mesma espécie encontrada na caverna dos Macacos/Esquecida, Furna Feia e

gruta do Pinga, e dos cirolanídeos, que podem ser da mesma espécie encontrada na caverna

da Pedra Lisa/Troglobento, as demais espécies só foram encontradas apenas nesta caverna.

Assim, a caverna do Lago deve ser considerada de relevância máxima por ser habitat de,

pelo menos, três espécies de troglóbios raros e endêmicos.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 300

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 233: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO LAGO

Page 234: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO FEIJÃO BRAVO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 98,2m 3m 11 WGS1984 24S 658254.863 9443221.592

Pequena cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal, nas próximidades da

Furna Nova. O acesso e as dificuldades externas são os mesmos já relatados para as cavernas

desta região.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo e a cavidade está conservada,

apresentando desenvolvimento horizontal e padrão de galerias retilíneo (alinhamentos NO-

SE e SO-NE). As dificuldades internas observadas foram tetos baixos (a cavidade tem

intercaladas áreas de teto alto e teto baixo), rastejamento e passagens em “quebra-corpo”.

A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 9m (predominantemente 2,2m) e 3,8m

(1,4m de altura predominante). O piso da caverna é de rocha com poucos blocos abatidos e

paredes lisas, quase sem espeleotemas - exceto próximo a claraboias, onde foram

observados couve-flor, cortinas e estalactites, todos centimétricos e conservados.

A fauna, aparentemente, é pouco diversificada. Não foram observados vertebrados e,

quanto aos invertebrados, observou-se opiliões (Opiliones – Gonyleptidae) e aranhas

marrons (Loxosceles sp., Aranae – Sicaridae), formigas (Hymenoptera: formicidae) e

caramujos (Gastropoda: Pulmonata). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos

evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 303

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 235: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO FEIJÃO BRAVO

Page 236: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CAVERNA DO PERDIDO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 100m 3m 10 WGS1984 24S 658158.349 9443343.752

Cavidade localizada na porção Leste da Reserva Legal, nas próximidades da Furna

Nova. O acesso e as dificuldades externas são os mesmos já relatados para as cavernas desta

região.

A entrada principal está localizada no topo do lajedo e a cavidade está conservada,

apresentando desenvolvimento horizontal e padrão de galerias retilíneo. As dificuldades

internas observadas foram tetos baixos, rastejamento, blocos instáveis e passagens em

“quebra-corpo”. A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 14,6m

(predominantemente 3,8m) e 4,5m (2,1m de altura predominante).

A caverna é formada basicamente por um amplo salão originado por um grande

dolinamento. Há grandes espaços vazios entre os blocos (alguns praticamente cimentados e

“camuflados” por escorrimentos calcíticos) que formam “condutos” e “salões” que foram

considerados como “níveis inferiores”, mas são parte de um mesmo grande ambiente (assim

considerado nos cálculos de Desenvolvimento Linear e Projeção Horizontal apresentados no

mapa topográfico). O piso é predominantemente de blocos abatidos, mas é possível

encontrar sedimento (argila úmida) nos “níveis inferiores”.

Há abundância e diversidade de espeleotemas. De porte apenas centimétrico são

encontrados couve-flor, estalactites e estalagmites; chegado ao porte métrico há colunas

estalagmíticas, escorrimentos calcíticos e cortinas. Todos os espeleotemos têm ampla

distribuição, com exceção de algumas pérolas encontradas apenas de forma localizada.

A fauna é diversa. Foram observados morcegos insetívoros e manchas secas de

guano. Entre os invertebrados há aracnídeos: Aranhas (Sicariidae - Loxosceles sp., Pholcidae -

Mesabolivar sp., Salticidae, Mygalomorpha, Ctenidae, Ochiroceratidae e Theridiidae);

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 306

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 237: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

amblipígeos (Phrynidae - Heterophrynus sp., Charinidae - Charinus sp.), opiliões

(Gonyleptidae); formigas (Hymenoptera – Formicidae), cupins (Isoptera – Nasutitermitinae),

mariposas (Lepidoptera – larvas de Tineidae, Noctuidae), grilos (Ensifera, Phalangopsidae –

Endecous sp.), formigas-leão (larvas de Neuroptera – Chrysopidae), colêmbolos

(Entomobryomorpha, Poduromorpha), diplópodes (Spirobolida e Spirostreptida –

Pseudonannolenidae), caramujos (Mollusca, Gastropoda – Pulmonata) e crustáceos –

tatuzinhos (Isopoda – Armadiliidae, Plathyarthridae - Trichorhina sp.). Não foram observados

indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Não foram identificados atributos de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 307

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 238: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA CAVERNA DO PERDIDO

Page 239: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

FURNA NOVA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 100,1m 3m 08 WGS1984 24S 658405.370 9443379.023

Caverna localizada na porção Leste da Reserva Legal. O acesso é feito a partir de

estrada de terra que liga o P.A. Maisa (agrovila Vila Nova II) à cidade de Baraúna, seguindo

por estrada carroçável em direção à reserva legal e posterior caminhada por trilha na

Caatinga de porte arbóreo. A caverna é utilizada como ponto interpretativo no curso de

campo Feições Cársticas da Bacia Potiguar, da Universidade Petrobrás.

A única entrada está localizada a meia altura do afloramento, um grande vão

formado pelo abatimento de parte do teto da caverna. A cavidade está conservada,

apresentando desenvolvimento misto e padrão de galerias retilíneo e sinuoso/meandrante

(alinhamentos SO-NE e NO-SE). A exploração apresenta risco moderado, principalmente no

nível inferior, havendo dificuldades relacionadas a lances verticais, tetos baixos,

rastejamento, passagens em “quebra-corpo”, trechos escorregadios e blocos instáveis.

A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 15,8m (predominantemente

3m) e 17,5m (3,2m de altura predominante). Há acúmulo de solos argilosos úmidos em todo

o nível inferior, sendo que no nível superior praticamente não há sedimentos e o

caminhamento é sobre enormes pilhas de blocos abatidos.

Há profusão de espeleotemas, principalmente no nível superior onde são

encontrados de forma bem distribuída e com porte métrico estalactites, estalagmites,

colunas estalagmíticas, escorrimentos calcíticos, couve-flor, travertinos, ninho de pérolas

(este localizado no acesso ao nível inferior) e cortinas (a Furna Nova apresenta a maior

cortina do Estado, atingindo mais de seis metros, além do maior ninho de pérolas). No nível

inferior são encontrados, embora de menor porte e praticamente restritos às imediações do

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 310

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 240: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

acesso ao nível superior, cortinas, estalactites, estalagmites, colunas estalagmíticas e

escorrimentos calcíticos.

A Furna Nova é atualmente a segunda maior caverna do Sítio Espeleológico (atrás

apenas da Furna Feia), no entanto sua topografia ainda encontra-se em andamento (após

duas expedições de mapeamento ainda há continuidade em dois condutos do nível inferior)

e há potencial para a cavidade ultrapassar os 500 metros.

A caverna apresenta bom potencial paleontológico, no entanto só foram

encontrados, até o momento, restos calcificados de cobras. Com relação à fauna atual,

foram observadas grandes colônias de morcegos hematófagos (Dyphilla) com abundantes

manchas úmidas de guano em toda a extensão da caverna (mais abundantes no nível

inferior).

Bento (2011) registra a ocorrência de 21 morfoespécies de invertebrados na cavidade

(no entanto foi realizada apenas uma coleta, e mesmo assim em menos de terço da

caverna), pertencentes a pelo menos 15 famílias das ordens Acari (Macronyssidae),

Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus sp.), Aranae (Pholcidae – Mesabolivar sp., Sicariidae

– Sicarius tropicus), Schizomida (Hubardiidae – Rowandius sp.), Diplopoda (Polydesmida,

Spirostreptida - Pseudonannolenidae), Isopoda (Armadiliidae, Plathyarthridae – Trichorhina

sp.), Collembola (Paronellidae – Campylothorax sp.), Coleoptera (Carabidae, Staphylinidae),

Diptera (Agromyzidae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.) e Oligochaeta. Não foram

observados indivíduos com troglomorfismos evidentes.

Desta forma, a Furna Nova contém espeleotemas únicos (maiores cortinas e ninhos

de pérolas do Sítio Espeleológico) e deve ser considerada de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 311

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 241: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA FURNA NOVA

Page 242: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

GRUTA DO PINGA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Única 154,9m 3m 11 WGS1984 24S 661874.438 9441377.743

Pequena caverna localizada na porção central da Reserva, acessível a partir da

estrada de terra que liga a comunidade de Juremal ao P.A. Maisa, com posterior caminhada

em trilhas e lajedo. A caverna possui esse nome em função do gotejamento perene e,

segundo relatos da comunidade, serviu como fonte de água para os antigos moradores da

região durante os períodos de seca.

A única entrada (de pequenas dimensões) fica no topo do lajedo e o acesso ao

interior da caverna é feito após vencer pequeno lance vertical. A caverna apresenta-se

conservada e tem desenvolvimento misto, com padrão retilíneo de galerias. As dificuldades

impostas à exploração referem-se à presença de tetos baixos (embora o teto seja alto na

maior parte da caverna), blocos instáveis, trechos escorregadios e lances verticais. A largura

e a altura máxima são, respectivamente, de 13,5m (predominantemente 6m) e 4,3m (4m de

altura predominante). Não há acúmulo de solo e o piso da caverna é a própria rocha mãe,

além de grandes pilhas de blocos abatidos. Os espeleotemas observados, todos conservados

e de porte centimétrico, foram estalactites, couve-flor, escorrimentos calcíticos e cortinas,

de ampla distribuição, além de outros localizados como estalagmites, colunas estalagmíticas

e um único travertino.

Com relação à fauna, Jurutis e outros colombídeos entram na caverna para beber a

água de gotejamento (o hábito é conhecido e caçadores tomam proveito disso, construindo

“tocaias” para abater as aves) e calangos de lajedo acessam o início da cavidade.

Bento (2011) registra a ocorrência de 36 morfoespécies de invertebrados na

cavidade, em duas coletas realizadas no final dos períodos seco e chuvoso, pertencentes a

pelo menos 26 famílias das ordens Acari (Ixodidae, Macronyssidae, Opilioacaridae),

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 314

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 243: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus sp., Charinidae – Charinus sp.), Aranae (Ctenidae,

Ochiroceratidae, Pholcidae – Mesabolivar sp., Scytodidae – Scytodes sp., Sicariidae –

Loxosceles sp.), Opiliones, Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda

(Polydesmida – Chelodesmidae, Polyxenida), Isopoda (Armadiliidae), Blattodea, Collembola

(Paronellidae – Campylothorax sp.), Coleoptera (Pselaphidae), Diptera (Cecidomyidae,

Sciaridae), Embioptera, Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.), Hymenoptera (Formicidae

– Crematogaster sp., Pheidole sp., Solenopsis sp.), Lepidoptera, Zygentoma e Oligochaeta.

Destas, apenas uma espécie de aranha (Pholcidae) foi considerada troglóbia. Há

possibilidade de tratar-se da mesma espécie encontrada na Furna Feia, caverna do Lago e

caverna dos Macacos/Esquecida, no entanto é necessário aguardar sua identificação formal

(espécimes encaminhados a especialistas para descrição). Assim, pelo menos até que a(s)

espécie(s) seja(m) oficialmente descrita(s), a gruta do Pinga deve ser considerada habitat de

troglóbio raro e/ou endêmico, sendo, portanto, de relevância máxima.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 315

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 244: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA GRUTA DO PINGA

Page 245: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

ABRIGO DO LETREIRO

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 154m 4m 10 WGS1984 24S 662038.236 9441716.154

Mulungú 156m 4m 10 WGS1984 24S 662041 9441730

Saída 154m 5m 12 WGS1984 24S 662051 9441748

Pequena caverna localizada na porção central da Reserva, acessível a partir da

estrada de terra que liga a comunidade de Juremal ao P.A. Maisa, com posterior caminhada

em trilhas e lajedo. A caverna possui esse nome em função da abundância de pinturas

rupestres nas paredes de suas galerias.

A entrada principal e a saída são localizadas na base do lajedo e a claraboia do

mulungú (árvore que cresceu dentro da cavidade) fica no topo do afloramento.

Frequentemente há marimbondos próximos às entradas.

A caverna apresenta-se predominantemente conservada (depredação localizada) e

tem desenvolvimento horizontal, com padrão retilíneo de galerias (alinhamentos SO-NE e

NO-SE). As dificuldades impostas à exploração referem-se à presença de tetos baixos

(embora o teto seja alto na maior parte da caverna). A largura e a altura máxima são,

respectivamente, de 16m (predominantemente 3,8m) e 2,4m (1,8m de altura

predominante). Com exceção de alguns pontos de acúmulo de argila seca, o piso da caverna

é a própria rocha mãe com alguns blocos abatidos. Os únicos espeleotemas observados são

pequenos coraloides (couve-flor), centimétricos e localizados.

Com relação à fauna, há uma colônia de morcegos insetívoros, com guano seco e

esparso. Além disso, há vestígios de mocós (fezes), punarés, rato-cachorro e rastros de

veado-catingueiro.

Entre os invertebrados foram observadas aranhas (Pholcidae – Metagonia sp.,

Mesabolivar sp., Ochiroceratidae, Scytodidae – Scytodes sp. e Salticidae), Pseudoscorpiones,

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 318

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 246: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

besouros (Coleoptera – Carabidae), formigas e marimbondos (Hymenoptera), cupins

(Isoptera, Termitidae – Nasutitermes corniger), mariposas (Lepidoptera – Noctuidae), grilos

(Ensifera, Phalangopsidae – Endecous sp.), moscas e mosquitos (Diptera) e percevejos

(Heteroptera – Reduviidae). Não foram observados indivíduos com troglomorfismos

evidentes.

Apesar dos vestígios arqueológicos únicos na região, tais atributos não são

considerados pela legislação suficientes para elevar o abrigo do Letreiro ao grau máximo de

de relevância.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 319

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 247: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DO ABRIGO DO LETREIRO

Page 248: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

FURNA FEIA

Entrada Altitude Erro GPS Satélites Datum Zona Longitude Latitude Principal 98,2m 2m 12 WGS1984 24S 659615.801 9443079.349

Clarabóia da estrada

104,3m 2m 12 WGS1984 24S 659762.437 9443062.010

Principal e maior caverna do Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas

Adjacentes, a Furna Feia encontra-se na porção Leste da Reserva, acessível a partir de

estrada de terra que ligava a antiga fazenda Maisa a Baraúna (tal estrada passa literalmente

por cima da caverna) e atualmente é conhecida como estrada da Furna Feia. Trata-se de

uma das cavernas mais conhecidas do Estado e, até 2009 (quando foi iniciada e concluída a

topografia da caverna do Trapiá), era a maior do RN. A Furna Feia foi declarada integrante

do patrimônio cultural, histórico, geográfico, natural, paisagístico e ambiental do Rio Grande

do Norte pela Lei Estadual nº 9.035/07.

Sua descoberta é incerta, havendo relatos de que teria sido encontrada por antigos

moradores da região, ainda na primeira metade do século passado, em busca de caça e

madeira. As primeiras explorações espeleológicas, no entanto, ocorreram apenas por volta

das décadas de 80/90 e o primeiro “mapa topográfico” foi feito por pioneiros da

espeleologia potiguar como Geraldo Gusso (Peninha), Eduardo Bagnoli (falecido

recentemente), David Hasset e Francisco da Cruz (Chico Bill).

A Furna Feia sempre recebeu visitação por parte de pessoas das comunidades

circunvizinhas e funcionários da antiga fazenda Maisa, no entanto, após a desapropriação e

implantação do Assentamento Maisa (à época P.A. Eldorado dos Carajás II), houve um

aumento significativo da visistação resultando em pichações, quebra de espeleotemas e

grande quantidade de lixo deixado no interior da caverna. Como resultado, a caverna

encontra-se atualmente com depredações intensas em toda sua extensão.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 322

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 249: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

A principal entrada da Furna Feia é a maior no estado, estando localizada na base de

afloramento, havendo pelo menos três outros acessos possíveis, no topo do afloramento,

sendo que o principal é um dolinamento próximo à estrada (necessário vencer pequeno

lance vertical para acessar a caverna). É comum haver colmeias de abelhas e marimbondos.

Conforme já mencionado a caverna apresenta depredações em toda sua extensão, mas em

função de suas dimensões está predominantemente conservada. Apresenta

desenvolvimento misto, com padrão de galerias retilíneo e sinuoso/meandrante (encaixadas

no faturamento regional Noroste, com deflexões Nordeste). A caverna apresenta condutos e

salões de grande volume para os padrões regionais e há pelo menos dois níveis principais,

sendo que o inferior está atualmente ativo e não recebe visitação.

As dificuldades impostas à exploração referem-se à presença de tetos baixos (embora

o teto seja alto na maior parte da caverna), blocos instáveis, trechos escorregadios, lances

verticais, passagens em “quebra-corpo” e em cursos d´água (nível inferior, na estação

chuvosa). A caverna encontra-se ainda com algumas partes inexploradas devido à baixa

concentração de oxigênio (ou à alta concentração de gás carbônico, ou algum outro gás

tóxico). A largura e a altura máxima são, respectivamente, de 34m (predominantemente

14m) e 18m (9m de altura predominante). O piso da caverna é recoberto por sedimento

argiloso, havendo acúmulo de blocos abatidos em alguns pontos.

Os espeleotemas são abundantes e diversificados, mas concentrados na porção final

da caverna (salão dos espeleotemas) com exceção de alguns escorrimentos calcíticos,

travertinos e outros de forma isolada. Antes de chegar ao salão dos espeleotemas, próximo

à claraboia da estrada, há o maior escorrimento do Estado. No salão dos espeleotemas há

profusão de estalactites, estalagmites, colunas estalagmíticas, escorrimentos calcíticos,

travertinos (inclusive o maior do Estado), “chão de estrelas” e algumas pérolas. Infelizmente

há muitas depredações (pichações e espeleotemas quebrados).

Com relação à fauna de vertebrados, há pelo menos duas grandes colônias de

morcegos na caverna, ambas no salão dos espeleotemas. A primeira, de morcegos

insetívoros, produz enorme depósito de guano que ocupa boa parte do início do salão; a

outra, de morcegos hematófagos (Diphylla ecaudata) está isolada no final do salão e

também produz considerável quantidade de guano. Também foram observados sapos,

pererecas, cobras e corujas de igreja (Tyto alba, com guano e pelotas de regurgitação).

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 323

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 250: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Bento (2011) registra a ocorrência de 88 morfoespécies de invertebrados na

cavidade, em duas coletas realizadas no final dos períodos seco e chuvoso, pertencentes a

pelo menos 59 famílias das ordens Acari (Argasidae – Ornithodorus sp., Mesostigmata,

Laelapidae – Stratiolaelaps sp., Macrochelidae, Melicharidae – Proctolaelaps sp.,

Opilioacaridae, Sarcoptiforme), Amblypygi (Phrynidae – Heterophrynus sp., Charinidae –

Charinus sp.), Aranae (Caponidae, Filistatidae, Ochiroceratidae, Oonopidae, Pholcidae –

Mesabolivar sp., Metagonia sp., Salticidae, Scytodidae – Scytodes sp., Sicariidae – Loxosceles

sp., Sicarius tropicus, Theraphosidae, Theridiidae – Theridion sp.), Opiliones,

Pseudoscorpiones (Chernetidae), Schizomida (Hubardiidae – Rowlandius sp.), Diplopoda

(Polydesmida – Chelodesmidae, Oniscodesmidae, Spirostreptida – Pseudonannolenidae),

Isopoda (Armadiliidae, Plathyarthridae – Trichorhina sp.), Blattodea, Collembola

(Dicyrtomidae – Dicyrtoma sp., Paronellidae – Campylothorax sp., Troglobius sp.,

Poduromorpha), Coleoptera (Alleculidae, Staphylinidae, Tenebrionidae, Trogidae – Trox sp.),

Diptera (Brachycera, Keroplatidae, Dolichopodidae, Milichidae, Mycetophilidae, Phoridae,

Psychodidae – Lutzomyia sp., Sciaridae), Ensifera (Phalangopsidae – Endecous sp.),

Heteroptera (Ploiariidae, Schizopteridae, Veliidae, Homoptera), Hymenoptera (Apidae,

Formicidae – Neivamyrmex sp., Acromyrmex sp., Pheidole sp., Odontomachus sp.), Isoptera

(Termitidae – Nasutitermes corniger), Lepidoptera (Tineidae), Neuroptera (Chrysopidae),

Psocoptera (Psyllipsocidae – Psyllipsocus sp.), Zygentoma, Archaeognata, Oligochaeta,

Turbellaria e Gastropoda (Bulimulidae – Tomigerus matthewsi). Trata-se da maior riqueza de

espécies de invertebrados entre as cavernas do Sítio Espeleológico.

Três espécies foram consideradas troglóbias: uma aranha (Pholcidae), um colêmbolo

(Paronellidae - Troglobius sp.) e um Turbellario, sendo que o último talvez seja um relicto

oceânico. À exceção da aranha, que pode ser a mesma espécie encontrada na caverna dos

Macacos/Esquecida, caverna do Lago e gruta do Pinga, as demais espécies só foram

encontradas nesta caverna.

Assim, a Furna Feia deve ser considerada de relevância máxima por apresentar

dimensões notáveis em extensão área e volume, espeleotemas únicos e ser habitat de, pelo

menos, duas espécies de troglóbios raros e endêmicos.

INVENTÁRIO DESCRITO BÁSICO - Sítio Espeleológico da Furna Feia 324

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 251: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA TOPOGRÁFICO DA FURNA FEIA

Page 252: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

5.2.3 Análise dos dados e definição das cavernas de relevância máxima

De acordo com os dados levantados, a legislação vigente e a unidade geológica

(enfoque regional) adotada, oito cavernas apresentam atributos que justificam sua

classificação como de relevância máxima (figuras 15 e 16). Dos 11 atributos presentes no

Decreto 6.640/2008 e na IN MMA No 2/2009, quatro foram identificados nas cavernas da

área: dimensões notáveis em extensão, área ou volume; espeleotemas únicos; habitat

essencial para preservação de espécies de troglóbios endêmicos ou relíctos; e habitat de

troglóbio raro.

A Furna Feia continua sendo a maior caverna do complexo, com seus 739 metros de

desenvolvimento linear, bem como a mais volumosa. Apresenta, portanto, dimensões

notáveis em extensão área e volume. No entanto, também apresenta espeleotemas únicos

(os maiores travertinos e escorrimentos calcíticos do complexo) e é habitat de troglóbios

raros: uma espécie de aranha (Pholcidae), uma de Colêmbolo (Paronellidae: Troglobius sp. )

e um platelminto (Turbellaria), este último provavelmente um relicto oceânico.

A caverna do Lago também apresenta dimensões notáveis: o maior desnível do

complexo (-35,2 metros até o momento; topografia em andamento) e é habitat de

troglóbios raros: uma espécie de aranha (Pholcidae), uma centopéia (Scolopendromorpha:

Dinocryptops sp.), um colêmbolo (Cyphoderidae - Cyphoderus sp.), um isópode cirolanídeo

(Cirolanidae) e um anfípode (Amphipoda), sendo que os dois últimos podem ser

considerados relictos oceânicos.

As demais cavernas apresentam apenas um atributo. Espeleotemas únicos: A Furna

Nova apresenta a maior cortina do Estado, atingindo mais de seis metros, além do maior

ninho de pérolas; a caverna do Porco do Mato I apresenta o único registro de helictites na

área; a caverna Gêmea contém um conjunto único de travertinos que se estende por

praticamente desde o salão final até o início do conduto inferior da caverna. As demais são

habitat de troglóbios raros: a caverna dos Macacos/Esquecida e a gruta do Pinga, cada uma

com uma espécie de aranha (mas ambas da família Pholcidae), e a caverna da Pedra

Lisa/Troglobento, com uma espécie de cirolanídeo troglóbio (Cirolanidae), considerado

relicto oceânico.

RESULTADOS ALCANÇADOS - Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 327

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 253: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 15. Cavernas de relevância máxima do complexo espeleológico da Furna Feia e áreas cársticas adjacentes.

RESU

LTAD

OS A

LCA

AD

OS – Sítio

Espe

leo

lógico

da Fu

rna Fe

ia e Á

reas C

ársticas Ad

jacente

s 328

RELA

TÓR

IO FIN

AL – P

RO

JETO K

AR

ST JAN

DA

ÍRA

Page 254: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 16. Algumas cavernas do Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes e seus atributos de relevância máxima. A Furna Feia (a) tem dimensões notáveis e espeleotemas únicos, como um enorme escorrimento calcítico (b). A caverna do Lago apresenta o maior desnível do complexo, 35,2m, sendo 27 apenas no abismo da entrada (c), além de troglóbios raros como anfípodes (d), cirolanídeos (e), colêmbolos (f), centopéias (g) e aranhas (h). Os anfípodes e cirolanídeos (também encontrados na caverna da Pedra Lisa/Troglobento) são considerados relictos oceânicos. Aranhas Pholcidae troglóbias (h) também foram encontradas na Furna Feia, caverna dos Macacos/Esquecida e gruta do Pinga. A furna Nova apresenta espeleotemas únicos - maior cortina do Estado (i) e ninhos de pérolas (j). Fotos: Jocy Cruz/CECAV (b) e Diego Bento/CECAV (demais).

De acordo com os resultados, a seguir é apresentado o mapa de sensibilidade

ambiental quanto ao patrimônio espeleológico do Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas

Cársticas Adjacentes, com ênfase para as áreas identificadas como de relevância máxima.

a

c

b

d

e

f

g h

i J

RESULTADOS ALCANÇADOS - Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 329

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 255: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MAPA DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL QUANTO AO

PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO DO SÍTIO ESPELEOLÓGICO DA

FURNA FEIA E ÁREAS CÁRSTICAS ADJACENTES

Page 256: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Cruz et al. (2010), com topografias em 149 cavernas (das 563 cavidades do RN),

fizeram uma estimativa de que apenas 2,70% das cavernas do Estado teriam

desenvolvimento linear superior a 500 metros, assim a furna Feia, com seus 739 metros,

sendo a maior do Sítio Espeleológico, apresenta extensão notável. Pelo menos duas outras

cavernas, a furna Nova e a caverna do Lago, têm potencial para ultrapassar os 500 metros

(topografias ainda em andamento).

Quanto aos espeleotemas, as cavernas da região são relativamente bem

ornamentadas, no entanto os espeleotemas têm pequenas dimensões. Dessa forma, os

enormes travertinos e escorrimentos calcíticos da furna Feia, da caverna Gêmea e a cortina

da furna Nova destacam-se não só na região como em todo o Estado.

Um total de 11 morfoespécies de invertebrados troglóbios foi identificado, sendo que

todas são provavelmente novas para a ciência e, embora todo o material já esteja com

especialistas, nenhuma espécie encontra-se oficialmente descrita. Assim, as espécies

troglomórficas encontradas representam 17,5% das ocorrências de troglóbios no Estado. A

caverna com o maior número de troglóbios no complexo foi a caverna do Lago, com cinco

espécies. Apesar da relevância regional, esses números ficam atrás dos encontrados para as

cavernas de Felipe Guerra e de cavernas com destaque nacional neste quesito.

Salienta-se, no entanto, que os levantamentos realizados foram preliminares na

maioria das cavidades. Somente cinco cavernas (Furna Feia, Furna Nova, caverna do Lago,

caverna dos Macacos/Esquecida e gruta do Pinga) apresentam inventários biológicos

abrangentes, de forma que a riqueza de espécies troglóbias na área está provavelmente

subestimada.

5.2.4 Encontros de educação ambiental com as comunidades

Em função das condições sociais da maioria das famílias assentadas no P.A. Maisa,

principalmente das agrovilas próximas da Reserva Legal, o imenso patrimônio natural presente na

área de reserva legal, ainda bem conservado, é visto como uma fonte de recursos para geração de

renda e lazer, infelizmente de forma irregular: Parte da vegetação foi suprimida e vendida na forma

de estacas e lenha, numa exploração imediatista e insustentável; a visitação à Furna Feia e as

conseqüentes pixações e retirada de espeleotemas aumentaram, a caça predatória de animais

silvestres também aumentou. O CECAV intensificou suas ações na área e, com o apoio do IBAMA,

realizou atividades de educação ambiental e fiscalização, com a apreensão de mais de 15 mil estacas;

com o apoio do INCRA cercou a estrada que corta a área de Reserva Legal e com o apoio da

PETROBRAS, sinalizou e cercou parte da Reserva e instalou mata-burros na estrada.

RESULTADOS ALCANÇADOS - Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 332

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 257: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tendo em vista o presente cenário, os esforços desprendidos na proposta de criação do

Parque Nacional da Furna Feia e a geração de novas informações em função das atividades deste

projeto, durante o mês de dezembro de 2010 foram realizadas reuniões de educação ambiental com

moradores do entorno da Reserva Legal do assentamento Maisa, conforme previsto no plano de

trabalho. Estas ações foram realizadas com o objetivo de melhorar a compreensão da comunidade

do entorno sobre a importância das cavernas e da preservação do ambiente no território onde

vivem, contribuindo para o engajamento destas populações na construção de mecanismos

sustentáveis de utilização dos recursos ambientais.

Foram apresentadas as atividades realizadas pelo CECAV na região, desde 2001, aspectos da

legislação ambiental referente ao patrimônio espeleológico, diversidade biológica na caatinga e nos

ambientes cavernícolas, riscos associados ao uso de cavernas e os impactos causados às cavernas da

região. Além disso, aprofundou-se a discussão com a comunidade, a respeito da transformação da

Reserva Legal do assentamento Maisa e áreas adjacentes em unidade de conservação federal,

focando principalmente nos novos argumentos gerados pelos resultados das atividades deste

projeto. Durante a discussão sobre a criação da UC, foi possível construir com as comunidades a

compreensão de um uso sustentável dos recursos naturais ali existentes, pelo uso indireto dos

mesmos, através de exploração turística de base comunitária. A discussão foi conduzida buscando

mudanças na forma de uso dos recursos naturais, ou seja, de um uso imediatista que explora

diretamente os recursos naturais, onde, uma vez terminados estes recursos, deve-se explorar uma

nova área, para um modelo onde os recursos possam ser usados de forma indireta, de forma

duradoura e sustentável.

Foram agendadas onze reuniões, uma por agrovila (onde foram convidadas comunidades

vizinhas como a Vila Maisa e Coqueiros) e uma na comunidade de Juremal, buscando maior

proximidade com todas as comunidades, devido a dificuldades de deslocamentos dos moradores. A

reunião prevista para o dia 08 de dezembro, marcada para a Vila Angelo Calmon de Sã, antiga vila da

Maisa, da qual participariam tambem o assentamento Oziel Alves e a agrovila Pomar, não se realizou,

uma vez que os presidentes das mesmas não mobilizaram os moradores. A tabela 4 abaixo

apresenta as reuniões realizadas com os participantes que assinaram as listas de presença (número

subestimado, tendo em vista que parte dos presentes não era alfabetizada):

RESULTADOS ALCANÇADOS - Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 333

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 258: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Tabela 4. Datas, locais e número de presentes que assinaram as listas das reuniões de educação ambiental com as comunidades do entorno do Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes.

DATA LOCAL PARTICIPANTES

07/12/2010 Agrovila Poço 10 37 09/12/2010 Agrovila Montana e comunidade de Coqueiros 28 10/12/2010 Agrovila Paulo Freire 19 13/12/2010 Agrovila Angicos 31 14/12/2010 Agrovila Vila Nova III 35 15/12/2010 Agrovila Vila Nova II 37 16/12/2010 Comunidade do Juremal 39 17/12/2010 Agrovila Vila Nova I 63 20/12/2010 Agrovila Real 29 21/12/2010 Agrovila Apodi-Apama 66

TOTAL 10 384

Em todas as reuniões realizadas, os participantes se mostraram surpresos com a riqueza do

patrimonio ambiental presente na Rserva Legal do assentamento e em seu entorno, especialmente

no tocante as cavernas. Em geral, manifestaram apoio à criação da Unidade de Conservação e,

iclusive, muitos se comprometeram a participar das audiencias publicas que discutirão a questão (o

que de fato ocorreu, principalmente na audiência realizada em Baraúna no dia 06/05/2011, onde

houve presença massiva dos assentados).

RESULTADOS ALCANÇADOS - Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 334

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 259: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

j

a b

c d

e f

g h

i

j

Figura 17. Reuniões de educação ambiental com as comunidades do entorno da Reserva Legal do P.A. Maisa: Agrovila Poço 10 (a), Montana e Coqueiros (b), Paulo Freire (c), Angicos (d), Vila Nova III (e),Vila Nova II (f), Juremal (g), Vila Nova I (h), Real (i) e Apodi-Apama (j). Fotos: arquivo CECAV/RN.

RESULTADOS ALCANÇADOS - Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cársticas Adjacentes 335

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 260: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE CONTINUIDADE

De acordo com os dados apresentados, as áreas objeto do presente projeto

apresentam um patrimônio espeleológico de extrema relevância. As informa-ções

disponíveis até o momento permitem identificar 27 cavernas com atributos de relevância

máxima em Felipe Guerra e oito no Sítio Espeleológico da Furna Feia e Áreas Cásticas

Adjacentes. Salienta-se, no entanto, que os dados avaliados para a maioria das cavidades

foram preliminares e que aqui se buscou apenas identificar, para o universo de informações

disponíveis até o momento, as cavernas de relevância máxima nas áreas propostas.

Contudo, de maneira alguma as cavernas para as quais não foram identificados atributos

que permitissem sua classificação como de relevância máxima não os tenham (tendo em

vista que não foram realizados todos os estudos exigidos pela legislação atual).

Por outro lado, como também prevê a legislação, a realização de novos estudos pode

levar à reavaliação da classificação de relevância, mesmo das cavernas classificadas como de

relevância máxima. Assim, o aumento do conhecimento sobre o patrimônio espeleológico

das áreas aqui estudadas, e da região como um todo, pode alterar o quadro aqui

apresentado.

Após a escolha das cavernas para topografia e caracterização ambiental em Felipe

Guerra (2008), diversas novas cavernas foram identificadas no município em função de

prospecções realizadas pelo CECAV/RN. Como não há informações sobre essas cavidades

(mapas topográficos e caracterizações) o mapa de sensibilidade aqui apresentado leva em

consideração apenas a localização de suas entradas. Assim, existem grandes lacunas de

informação no município (figura 18), de forma que ações visando gerar conhecimento sobre

o patrimônio espeleológico nessas áreas são de fundamental importância para ações de

manejo, conservação e direcionamento do uso e ocupação do solo no município.

O município vizinho de Governador Dix-Sept Rosado apresenta uma continuidade dos

afloramentos calcários de Felipe Guerra, assim como diversas cavernas atualmente

conhecidas e um imenso potencial para ocorrência de novas cavidades. Apesar de o

CECAV/RN e pesquisadores já desenvolverem estudos nas áreas cársticas do município, o

patrimônio espeleológico ali existente é ainda mais desconhecido que em Felipe Guerra, de

forma que ações visando gerar novas informações nas áreas cársticas de Governador Dix-

Sept Rosado são primordiais para o entendimento do patrimônio de toda a região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE CONTINUIDADE 336

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 261: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Figura 17. Lacunas de conhecimento sobre o patrimônio espeleológico no município de Felipe Guerra, devido à identificação de novas cavernas em ações de prospecção exocárstica do CECAV/RN após a realização das atividades do presente projeto.

Da mesma forma que em Felipe Guerra, a área atualmente proposta para a criação

do Parque Nacional da Furna Feia apresenta diversas áreas de alta potencialidade

espeleológica fora da reserva Legal do P.A. Maisa, inclusive com a identificação de 20 novas

cavernas. Tais áreas apresentam-se como lacunas de conhecimento sobre o patrimônio

espeleológico da região e ações de prospecção exocárstica e caracterização ambiental das

cavernas identificadas certamente auxiliarão o manejo da futura Unidade de Conservação.

Salienta-se que as atividades aqui sugeridas deverão atentar para a nova situação

apresentada pela recente mudança na legislação que normatiza o uso e conservação do

patrimônio espeleológico, gerando informações voltadas à correta classificação de

relevância das cavidades estudadas e buscando, entre outras coisas, nortear futuros estudos

de relevância, auxiliar a tomada de decisões de órgãos licenciadores e indicar áreas

prioritárias para ações de conservação do patrimônio espeleológico potiguar.

Principais áreas com ocorrência de cavernas sem

topografias e carcaterizações ambientais

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE CONTINUIDADE 337

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 262: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

Assim como a Furna Feia, outras cavidades apresentam depredações devido à

visitação desordenada. Atualmente existem técnicas adequadas para a restauração de

ambientes que podem ser adaptadas e aplicadas à remoção de pichações em cavernas.

Ações de restauração de cavernas degradadas, como a Furna Feia e abrigo do Letreiro, em

Baraúna, Poço Feio em Governador Dix-Sept Rosado e Casa de Pedra, em Martins,

associadas a atividades de conscientização e educação ambiental direcionadas às

comunidades do entorno dessas cavidades, podem contribuir para a recuperação da

qualidade ambiental destes ambientes e para um melhor relacionamento das pessoas com o

patrimônio natural de onde vivem, resultando no seu uso sustentável.

Assim, consideramos prioritários esforços com o objetivo de colocar em prática as

ações de continuidade aqui sugeridas e concluímos que os resultados aqui apresentados

atestam o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidas no presente projeto,

contribuindo de forma incisiva para o objetivo maior que é o pleno conhecimento e

conservação do patrimônio espeleológico potiguar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE CONTINUIDADE 338

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 263: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

7 REFERÊNCIAS

ALMEIDA NETTO, S.R..; CRUZ, J.; MEDEIROS, C.R.F.; CAMPOS, U.P.x. Metodologia de Prospecção de Cavidades no Município de Felipe Guerra/RN. Anais do 27.º Congresso Brasileiro de Espeleologia, SBE. Januária – MG. 2003. AULER, A., RUBBIOLI, E. & BRANDI, R. As grandes cavernas do Brasil. Belo Horizonte, Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, 228p, 2001. BARR, T.C. Cave ecology and evolution of troglobites. Evol. Biol. 2, 35-102, 1968. BENTO, D. M. Diversidade de invertebrados em cavernas calcárias do Oeste potiguar: subsídios para a determinação de áreas prioritárias para conservação. Dissertação de Mestrado em Ciências Biológicas, CB- UFRN. 160 p., 2011.

BERTANI, R. T.; COSTA, I. G.; MATOS, R.M.D. Evolução Tectono-Sedimentar, Estilo Estrutural e o Habitat do Petróleo na Bacia Potiguar. In. Raja Gabaglia, G. P.; Milani, E. J.. Origem e Evolução de Bacias Sedimentares. Rio de Janeiro, PETROBRÁS. p. 291-310. 1990.

BRASIL. Decreto Lei n.° 99.556, de 01 de outubro de 1990. Dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 02 out. 1990.

BRASIL. Decreto n. 6.640, de 7 de Novembro de 2008. Dá nova redação aos arts. 1º, 2º, 3º, 4º e 5º e acrescenta os arts. 5-A e 5-B ao Decreto nº 99.556, de 1º de outubro de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 nov. 2008.

CECAV/ICMBio - Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas. 2011a. Base de

Dados Geoespacializados de Cavidades Naturais Subterrâneas do CECAV, situação em 01/01/2011. Disponível em <http://www.icmbio.gov.br/cecav/ index.php?id_menu=228>. Acesso em 09 Fev. 2011a.

CECAV/ICMBio - Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas. Mapa das Regiões Cársticas do Brasil. Disponível em < http://www4.icmbio.gov.br/cecav/index.php?id_menu=362>. Acesso em 09 Fev. 2011b. COELHO, D. C. Fauna de morcegos no Carste de Felipe Guerra, RN. In: CRUZ, Jocy Brandão (Org.). Diagnóstico espeleológico do Rio Grande do Norte. Natal, ICMBIO, 78 p., 2008.

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. RESOLUÇÃO Nº 347, DE 10 DE SETEMBRO DE 2004. Dispõe sobre a proteção do patrimônio espeleológico. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 Set. 2004.

REFERÊNCIAS 339

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 264: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

CRUZ, J.B., BENTO, D. M., BEZERRA, F. H. R.,FREITAS, J. I., CAMPOS, U. P., SANTOS, D. J. Diagnóstico Espeleológico do Rio Grande do Norte. Revista Brasileira de Espeleologia 01: 01-24, 2010.

CULVER, D.C. Cave Life. Evolution and Ecology. Harvard University Press. Cambridge, Massachussets and London, England. 189 p., 1982. DAY, A. Cave Surveying [Cave Studies Series 11]. Buxton: British Cave Research Association. 40p., 2002. DECU, V.; JUBERTHIE, C. Coléoptères (Gereralités et synthese). In: JUBERTHIE, C.; DECU, V. (Ed.). Encyclopaedia biospeologica. Moulis: Societé Internationale de Biospéology. p. 835-1373. 1998. EDINGTON, M. Biological observation on the ogbuike cave system, Anambra state, Nigeria. Studies in Speleology, Buxton, v. 5, n. 1, p. 31-38, 1984. FERREIRA, R. L.; MARTINS, R. P. Diversity and distribution of spiders associated with bat guano piles in Morrinho cave (Bahia State, Brazil). Diversity and Distributions, Oxford, v. 4, n. 5-6, p. 235-241, 1998.

FERREIRA, R. L.; MARTINS, R. P. Trophic struture and natural history of bat guano invertebrate communities with special reference to brazilian caves. Tropical Zoology, Firenze, v. 12, n. 2, p. 231-259, 1999.

FERREIRA, R. L. A vida subterrânea nos campos ferruginosos. O Carste, Belo Horizonte, v. 17, n. 3, p. 106-115. 2005.

FERREIRA, R.L., PROUS, X., SOUZA-SILVA, M. & BERNARDI, L.F.O. Caracterização biológica de cavernas do Rio Grande do Norte. In: CRUZ, Jocy Brandão (Org.). Diagnóstico espeleológico do Rio Grande do Norte. Natal, ICMBIO, 78 p., 2008. FERREIRA, R. L.; SILVA, M. S.; BERNARDI, L. F. O. Contexto Bioespeleológico. In: DRUMMUND, G. M.; MARTINS, C. S.; GRECO, M. B.; VIEIRA, F. (Ed.). Biota Minas: diagnóstico do conhecimento sobre a biodiversidade no Estado de Minas Gerais, subsídios ao Programa Biota Minas. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. p. 622-638. 2009. FERREIRA, R.L.; PROUS, X.; BERNARDI, L.F.O.; SOUZA-SILVA, M. Fauna subterrânea do Estado do Rio Grande do Norte: Caracterização e impactos. Revista Brasileira de Espeleologia 01: 25-51, 2010.

FORD, D. C.; WILLIAMS, P. W. Karst hydrogeology and geomorphology. London: J. Wiley. 601 p., 2007. GILBERT, J.; DANIELPOL, D. L.; STANFORD, J. A. Groundwater ecology. New York: Academic. 571 p., 1994.

REFERÊNCIAS 340

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 265: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

GILLIESON, D. S. Caves: processes, development, management. Oxford: Blackwell. 324 p., 1996. GLAZEK, J. Karst Related Phenomena – The Problem of Proper Nomenclature. 9th International Symposium on Pseudokarst (Abstracts). Institute of Nature Conservation. p. 47-48, 2006. GNASPINI, P. Análise comparativa da fauna associada a depósitos de guano de morcegos cavernícolas no Brasil: primeira aproximação. Revista Brasileira de Entomologia, Curitiba, v. 33, n. 2, p. 183-192, 1989. HOLSINGER, J. R., HUBBARD, D. A, BOWMAN, T. E. Biogeographic and ecological implications of newly discovered populations of the stygobiont isopod crustacean Antrolana lira Bowman (Cirolanidae). Journal of Natural History 28, 1047—1058., 1994. HOLSINGER, J. R. Ecological derivation, colonization, and speciation. In: WILKENS, H. D. C. C. W. F. H. (Ed.). Ecosystems of the World: 30 subterranean ecosystems. Amsterdam: Elsevier Science. p. 399-415. 2000. HOWARTH, F. G. Ecology of cave arthropods. Annual Review of Entomology, Stanford, v. 28, p. 365-389, 1983. IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN. Atlas para o Desenvolvimento Sustentável do RN. 2005. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br/governo/secretarias/idema/atlasdes/atlas.zip>. Acesso em 01.Fev.2011. IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN. Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte. 2007. Disponível em: < ttp://www.idema.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/anuario/enviados/anuario07.asp> . Acesso em 01.Fev.2011. JUBERTHIE, C.; DELAY, B.; BOUIILON, M. Extension du milieu souterrain en zone non-calcaire: description d'un nouveau milieu et de son peuplement par les coleopteres troglobies. Mémoires de Biospéologie, Moulis, v. 7, p. 19-52. 1980. JUBERTHIE, C.; DECU, V. Structure et diversite du domaine souterrain: particularites des habitats et adaptations des especes. In: JUBERTHIE, C.; DECU, V. (Ed.). Encyclopaedia biospeleologica. Moulis:Sociétè de Biospéleologie p. 5-22, 1994. JUBERTHIE, C. B. The diversity of the karstic and pseudokarstic hypogean habitats in the World. In: WILKENS, H.; CULVER, D. C.; HUMPHREYS, W. F. (Ed.). Ecosystems of the world: 30, subterranean ecosystems. Amsterdan: Elsevier Science. p. 17-39. 2000. KOHLER, H. C. Geomorfologia Carstica. In: TEIXEIRA, A. J. G.; CUNHA, S. B. (Ed.). Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, p. 309-334, 2001.

REFERÊNCIAS 341

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA

Page 266: Projeto Karst Jandaíra: Relatório Técnico Final

MMA – Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa Nº 02, de 20 de agosto de 2009. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 ago. 2009. PALMER, A. N. Origin and morphology of limestone caves. Geological Society of America Bulletin, New York, v. 103, n. 1, p. 1-21, 1991. PRADO, D. As caatingas da América do Sul. In: I.R. Leal, M. Tabarelli & J.M.C. Silva (eds.). Ecologia e conservação da Caatinga. pp. 3-73. Editora Universitária, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil, 2003. PILÓ, L.B., AULER, A. Introdução à espeleologia. In: CECAV/ICMBio. Apostila do I Curso de Espeleologia e Licenciamento Ambiental. Brasília, DF, 177p., 2010. PINTO-DA-ROCHA, R. Sinopse da fauna cavernícola do Brasil (1907 - 1994). Papéis Avulsos de Zoologia, 39(6): 61-163., 1995. PROUS, X.; FERREIRA, R. L. Estrutura das comunidades cavernícolas na Caatinga: subsídios para a conservação. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE ESTUDOS DO CARSTE, 3. 2009, São Carlos. Resumos... São Carlos: Redespeleo Brasil. p. 62-63., 2009. RIZZINI, C.T., A.F. COIMBRA-FILHO & A. HOUAISS. 1988. Ecossistemas brasileiros/ Brazilian ecosystems. Enge-Rio Engenharia e Consultoria, S.A., Rio de Janeiro, Brasil, 1988. SILVA, F.J. Invertebrados de cavernas de Felipe Guerra. 2008. In: CRUZ, Jocy Brandão (Org.). Diagnóstico espeleológico do Rio Grande do Norte. Natal, ICMBIO, 78 p., 2008. SOUZA-SILVA, M. Dinâmica da disponibilidade de recursos alimentares em uma caverna calcária. Dissertação de Mestrado em Ecologia Conservação e Manejo da Vida Silvestre, ICB- UFMG. 77 p., 2003. SEMARH – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos Hídricos. 2011. Disponível em: <http://www.semarh.rn.gov.br/detalhe.asp?IdPublicacao=137>. Acesso em 07.Fev.2011 SILVA, J. M. C., M. TABARELLI, M. T. FONSECA, e L. LINS. Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 2004. TRAJANO, E. Sistema areias: 100 anos de estudos. São Paulo: Redespeleo Brasil. 128p., 2007. XAVIER NETO, P. Processamento e interpretação de dados 2D e 3D de GPR: Aplicações no imageamento de feições cársticas e estruturas de dissolução no campo de petróleo de Fazenda Belém-CE. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Tese de Doutorado, 176 pp, 2006.

REFERÊNCIAS 342

RELATÓRIO FINAL – PROJETO KARST JANDAÍRA