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1 PROJETO: “MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO NA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DA REFINARIA PREMIUM II (RPRE-II), DUTOVIA, ÁREA AUXILIAR E TERMINAL DO PECÉM (TECEM) - CE.” 2º RELATÓRIO (Dezembro 2013 a Fevereiro, 2014) Recife, Março de 2014.

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PROJETO: “MONITORAMENTO

ARQUEOLÓGICO NA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

DA REFINARIA PREMIUM II (RPRE-II), DUTOVIA,

ÁREA AUXILIAR E TERMINAL DO PECÉM

(TECEM) - CE.”

2º RELATÓRIO

(Dezembro 2013 a Fevereiro, 2014)

Recife, Março de 2014.

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SUMÁRIO

1. Apresentação ............................................................................................................03

2. Introdução .................................................................................................................04

3. Atividades e Procedimentos Realizados ...................................................................05

4. Monitoramento Arqueológico na Área do Cercamento da Refinaria Premium II ......07

5. Considerações Gerais ..............................................................................................19

6. Equipe Técnica .........................................................................................................20

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1. APRESENTAÇÃO

O processo de monitoramento realizado na área de implantação da Refinaria Premium

II, localizada entre os municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia no Ceará,

tem como finalidade o acompanhamento das possíveis intervenções no solo que

venham a ser realizadas durante atividades construtivas, que antecedem as

edificações.

Esse acompanhamento tem o objetivo de identificar, registrar e catalogar os possíveis

materiais arqueológicos que porventura se encontrem nas áreas impactadas pela obra,

com o intuito de arrolá-los juntamente aos demais materiais arqueológicos já

encontrados na área.

Neste relatório serão apresentados os resultados do período Dezembro de 2013 a

Fevereiro de 2014 de atuação da equipe de arqueologia na área, com o intuito de

salvaguardar quaisquer vestígios que possam ser destruídos por ocasião de

interferências dentro dos limites da área da Refinaria Premium II.

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2. INTRODUÇÃO

As atividades de Monitoramento deverão ocorrer quando houver qualquer atividade

que envolva a remoção, movimentação e escavação no terreno, implicando no

acompanhamento diário do desenvolvimento dos trabalhos dessas intervenções. O

principal objetivo do monitoramento compreende o acompanhamento da execução das

obras até o momento em que não haja mais movimentação de terras, ou seja,

remoção e escavação, aplicando ações educativas junto ao pessoal com ênfase nos

conceitos de valorização do patrimônio cultural, garantindo a proteção dos eventuais

sítios arqueológicos que porventura sejam encontrados.

O monitoramento das obras permite o acompanhamento e, se necessário, a realização

do resgate, seguindo os mesmos procedimentos do salvamento arqueológico

(identificação, delimitação da área dos vestígios com auxílio de GPS, desenho,

fotografia, preenchimento de ficha cadastral e acondicionamento dos vestígios).

Um sítio de menor extensão ou que esteja enterrado pode não ser evidenciado durante

o processo de prospecção intensiva, sendo importantes as atividades de

monitoramento, pois este proporcionará o suporte para que a construção de qualquer

empreendimento seja realizada de forma segura em relação à proteção do patrimônio

cultural, possibilitando tanto ao pesquisador quanto ao pessoal da engenharia a busca

de soluções conjuntas para minimizar os impactos.

O monitoramento arqueológico durante a instalação do empreendimento é

fundamental como medida de arqueologia preventiva para a execução do projeto de

engenharia, além de resguardar os resultados das prospecções em relação aos

achados eventuais de contextos arqueológicos não localizados nesta fase. Neste caso

o monitoramento se restringe apenas às intervenções feitas para o cercamento dos

limites da área da Refinaria Premium II.

É importante frisar que para o bom desenvolvimento dos trabalhos nesta etapa, é

necessário o entrosamento entre a equipe que realiza as obras e a equipe de

Arqueologia, pois o cronograma de ações deve ser disponibilizado para execução das

atividades de monitoramento.

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3. ATIVIDADES E PROCEDIMENTOS REALIZADOS

3.1. Procedimentos para acompanhamento das atividades de campo

Utilizaram-se os mesmos procedimentos aplicados durante a prospecção arqueológica

intensiva na área da Refinaria Premium II (identificação, delimitação da área dos

vestígios com auxílio de GPS, desenho, fotografia, preenchimento de ficha cadastral e

acondicionamento dos vestígios) quando se evidenciaram vestígios arqueológicos.

Essa fase dos trabalhos é usada como medida preventiva para a arqueologia, além de

resguardar os resultados das prospecções em relação aos achados eventuais de

contextos arqueológicos não localizados na fase de prospecção.

Procedimento adotado:

Realização do trajeto, acompanhando o cercamento, marcando os pontos de GPS em

distâncias regulares ou a cada ponto de deflexão, de modo a cobrir todo o perímetro da

área de intervenção. Realizaram, para isso, interferências nas frentes do trabalho,

sempre que julgadas necessárias, a fim de expandir a abrangência do trabalho de

monitoramento.

As operações seguiram o cronograma das atividades do cercamento através de:

1- Vistoria e observações diretas das atividades de intervenções realizadas

pelas equipes de implantação do cercamento do terreno da Refinaria

Premium II, evitando assim danos ao patrimônio arqueológico que se venha

encontrar;

2- Acompanhamento das escavações dos buracos para colocação das estacas;

3- Verificação e peneiramento dos sedimentos retirados dos buracos realizados

para a colocação das estacas;

4- Acompanhamento das decapagens da supressão da vegetação rasteira para

o acesso às áreas de estaqueamento e construção da faixa de servidão;

5- Isolamento das áreas relevantes para avaliação mais detalhada e, caso haja a

necessidade, realizar-se o resgate;

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6- Mapeamento da extensão da área revolvida proveniente processo de

cercamento;

7- Registro e coleta de evidências arqueológicas encontradas nas áreas de

intervenções e;

8- Acompanhamento dentro da área do sítio RPRE-II /02 (Área Administrativa) e

em toda a área do seu entorno (área de servidão), de modo a se acompanhar

qualquer movimentação de terra na área.

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4. MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO NA ÁREA DO CANTEIRO DA

REFINARIA PREMIUM II

Acompanhando as atividades realizadas no canteiro de obras, mais precisamente na

área onde funcionará o escritório da Petrobras, foi possível constatar a importância de

se realizar um acompanhamento arqueológico. Isso porque essa área apresenta uma

configuração estratigráfica bastante representativa, do ponto de vista sedimentológico,

pois em quase toda a área de construção do canteiro foram identificadas duas

camadas bastante distintas entre si.

A primeira se trata de um pacote sedimentar, cuja textura é arenosa, com coloração

creme, profundidade 1,2m, e com incidência de material arqueológico, identificada em

boa parte dos cortes acompanhados. Já a segunda camada apresentou uma coloração

avermelhada, com textura argilo-arenosa, com profundidade de 2,8m e estéril no que

diz respeito à incidência de material arqueológico.

Dando continuidade ao acompanhamento das atividades executadas no canteiro, foi

realizada a construção da central e dos pontos de energia, onde se escavou um

quadrado de 1,20m de largura, por 1m de profundidade, que corresponde à caixa de

interligação dos cabos advindos da central elétrica, a qual será descrita adiante. Além

dessa caixa, também foi escavada uma linha com aproximadamente 25m de

comprimento por 30 cm de largura e 40 cm de profundidade, por onde serão passados

os cabos que irão interligar a central e o prédio do canteiro.

Além desses cortes, também foram realizados mais dois cortes, com 3m² cada, com 40

cm de largura e aproximadamente 30 cm de profundidade, onde foram colocados

cabos de cobre, os quais funcionarão como aterramento da central elétrica que está

sendo instalada neste momento. Em nenhum desses dois cortes foi constatada a

presença de material arqueológico.

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Figura 7: Detalhe do corte realizado para inserção do encanamento por onde serão passados os cabos

elétricos.

Figura 8: Detalhe do corte onde será realizado o aterramento elétrico da central elétrica do canteiro.

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Outra interferência realizada na área do canteiro foi a construção do chamado

“sumidouro”, que são as fossas assépticas que serão interligadas ao canteiro. Nesse

caso foi realizado um corte com aproximadamente 10m de comprimento, 5m de largura

e 2,2m de profundidade.

Nesse corte foi possível identificar duas camadas estratigráficas bastante definidas. A

primeira camada composta por um pacote sedimentar de material areno-argiloso, de

coloração creme, e com a presença de poucas raízes, apresentou uma espessura de

aproximadamente 1,10m de profundidade, e em um dos pontos foi encontrado um

fragmento de sílex (uma lasca, com pontos de percussão).

Figura 9: Fragmento de sílex encontrado durante a escavação do sumidouro no canteiro de obras (face

1).

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Figura 10: Fragmento de sílex encontrado durante a escavação do sumidouro no canteiro de obras (face

2).

Figura 11: Perfil da parede onde foi identificada a ocorrência do sílex.

Foi realizado o acompanhamento da remoção do solo e da deposição do mesmo no

entorno do canteiro, o qual passou a ter um plano levemente rampado em todos os

seus lados.

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Sendo assim, no centro do corte do sumidouro, foram colocadas algumas manilhas de

concreto, as quais receberão o encanamento da parte hidráulica advinda do canteiro.

Em seguida o corte foi aterrado com sedimento retirado de outro ponto, no qual

possivelmente será construído o castelo d’água. Esse corte realizado tem

aproximadamente 5m² e 1m de profundidade. Neste local também não foi encontrado

nenhum vestígio arqueológico.

Figura 12: Estruturas associadas ao Sumidouro construído nos arredores do escritório

Foi desenhado um croqui para melhor evidenciar os cortes que foram realizados na

área do canteiro.

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Figura 13: Croqui dos cortes realizados para melhor visualização

Ainda nessa frente, foi acompanhado o enterramento da área onde foram postas as

manilhas para a criação do sumidouro, ou seja, da área onde será construída a fossa

do canteiro. Como se exigiu que fosse retirada terra não só da vertical, mas também da

horizontal para aterrar o sumidouro, foi realizado o acompanhamento desse

deslocamento de terra.

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Outra frente de trabalho também vistoriada pela equipe de Arqueologia foi a área cujos

limites estão entres as coordenadas 0519861/9596800; 0519871/9596835;

05197733/9596858; 0519763/959686; 0519671/9596848; 0519645/9596750;

0519837/9596701; 0519854/9596755, onde foi removida boa parte da vegetação para

depósito do material advindo do processo de desmatamento da faixa de servidão. Esse

material é composto basicamente de restos de madeiras que serão empilhados nesse

local (os mais grossos), e os mais finos serão triturados e também depositados em

parte dessa área, a qual foi denominada como “área de retolho”.

Figura 14: Tomada geral da área onde será depositada a madeira advinda da faixa de servidão (área de

retolho)

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Figura 15: Detalhe da área de retolho

Além dos pontos já discorridos, a equipe de Arqueologia também tem efetuado

algumas rondas dentro da área da refinaria, com o intuito de acompanhar as demais

frentes de trabalho, bem como entender as mudanças que vem sendo efetuadas

cotidianamente nas áreas impactadas pela obra. Sendo assim, algumas visitas foram

realizadas nas áreas de empréstimos onde estavam sendo retirados os saibros

utilizados na implantação da faixa de servidão.

Foi identificado nas coordenadas 0518621/9597455, que uma retroescavadeira estava

retirando o solo não só na vertical (aprofundando), mas também na horizontal

(ampliando as áreas do corte). Na vertical foi retirada uma faixa de aproximadamente

140m de comprimento, por 5m de largura e aproximadamente 7m de profundidade.

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Figura 16: Detalhe da ampliação do corte da área de empréstimo (Remoção horizontal de sedimento)

Figura 17: Tomada geral da área de empréstimo de saibro para faixa de servidão.

Nessa área não foi identificada a presença de material arqueológico, pois a camada de

material orgânico tinha aproximadamente 35 cm de profundidade, e o solo a partir

dessa profundidade já se apresentou argiloso e de coloração avermelhada. Dessa

forma, foi feito um croqui da evolução desse corte, com a delimitação do acero que é o

acesso constituído em meio de uma vegetação servindo como rota alternativa para

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movimentação de maquinários, veículos e pessoas, porém de pouco fluxo. Geralmente

é de barro, sem acostamento e que pode ser temporário ou permanente. Alguns aceros

podem se tornar vicinais ou até mesmo rodovias, enquanto outros acabam sendo

tomados pela vegetação por falta de utilização. Para melhor compreensão segue a

figura abaixo.

Figura 18: Croqui da área de empréstimo de saibro

Além das atividades já descritas, houve também a supressão da vegetação em dois

pontos que margeiam o escritório. O primeiro corresponde a uma faixa de

aproximadamente 70m de comprimento por 4m de largura, a qual fica na parte Oeste

do canteiro, por fora do cercado que delimita o canteiro. Essa faixa é uma via que

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possibilitará a realização das manobras dos caminhões pipa, que irão abastecer o

“castelo d’água”.

Figura 19: Tomada geral da faixa de servidão da área de abrangência da via de abastecimento do

castelo d’água.

O monitoramento também aconteceu durante as atividades de intervenção

paisagísticas feitas próximas ao canteiro de obras na sua parte norte onde se realizou

a raspagem do solo para então colocar uma camada de piçarra (aproximadamente 20

cm de espessura), e em seguida, em cima desta piçarra, foi colocada uma camada de

argamassa de “brita corrida” que é uma mistura de brita, com areia.

Esse material está sendo depositado numa faixa de aproximadamente 180m de

comprimento, por pelo menos 5m de largura. Essa faixa está sendo construída para

obter um caráter mais representativo, pois esta faixa será o acesso principal ao

canteiro de obras.

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Figura 20: Tomada geral da área de deposição da piçarra corrida, acesso principal ao escritório da

Petrobras.

Figura 21: Tomada geral das intervenções feitas na área para a construção do escritório da Petrobras.

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5. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Durante as atividades de Monitoramento Arqueológico na Área de Implantação da

Refinaria Premium II (RPRE-II), não foram realizadas atividades que pudessem

comprometer a integridade dos sítios identificados dentro dos limites do

empreendimento, nem foram encontradas estruturas ou vestígios de objetos que

denotassem ocupações pretéritas.

Foi registrado um fragmento de sílex (lasca) durante a escavação do sumidouro no

canteiro de obra, porém esse achado foi caracterizado como ocorrência fortuita. Os

trabalhos se desenvolveram de maneira tranquila, com uma parceria entre os

arqueólogos, os engenheiros da obra e os técnicos.

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6. EQUIPE TÉCNICA

Coordenação Geral e Pesquisa Arqueológica

Ana Lúcia do Nascimento Oliveira

Coordenação de Campo

Suely Cristina Albuquerque de Luna

Técnicos em Arqueologia

Josué Lopes dos Santos

Rodrigo Ibson da Silva Oliveira

Mobilizadora

Zuleida Maria do Nascimento Lima

Motorista

Francisco Ramon Viana de Andrade