Projeto Retrospectiva - Direito Constitucional

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    PROJETO RETROSPECTIVA 2015.1 Direito Constitucional

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    RETROSPECTIVA 2015.1 DIREITO CONSTITUCIONAL - PROF FLAVIA BAHIA I- Emendas Constitucionais EMENDA CONSTITUCIONAL N 85, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2015 Altera e adiciona dispositivos na Constituio Federal para atualizar o tratamento das atividades de cincia, tecnologia e inovao. EMENDA CONSTITUCIONAL N 86, DE 17 DE MARO DE 2015 Altera os arts. 165, 166 e 198 da Constituio Federal, para tornar obrigatria a execuo da programao oramentria que especifica. EMENDA CONSTITUCIONAL N 87, DE 16 DE ABRIL DE 2015 Altera o 2 do art. 155 da Constituio Federal e inclui o art. 99 no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, para tratar da sistemtica de cobrana do imposto sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao incidente sobre as operaes e prestaes que destinem bens e servios a consumidor final, contribuinte ou no do imposto, localizado em outro Estado. EMENDA CONSTITUCIONAL N 88, DE 7 DE MAIO DE 2015 Altera o art. 40 da Constituio Federal, relativamente ao limite de idade para a aposentadoria compulsria do servidor pblico em geral, e acrescenta dispositivo ao Ato das Disposies Constitucionais Transitrias. Smulas Vinculantes II - SMULAS VINCULANTES 38 a 53 SMULA VINCULANTE 38

    competente o Municpio para fixar o horrio de funcionamento de estabelecimento comercial. SMULA VINCULANTE 39 Compete privativamente Unio legislar sobre vencimentos dos membros das polcias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. SMULA VINCULANTE 40 A contribuio confederativa de que trata o art. 8, IV, da Constituio Federal, s exigvel dos filiados ao sindicato respectivo. SMULA VINCULANTE 41 O servio de iluminao pblica no pode ser remunerado mediante taxa. SMULA VINCULANTE 42 inconstitucional a vinculao do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a ndices federais de correo monetria. SMULA VINCULANTE 43 inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prvia aprovao em concurso pblico destinado ao seu provimento, em cargo que no integra a carreira na qual anteriormente investido. SMULA VINCULANTE 44 S por lei se pode sujeitar a exame psicotcnico a habilitao de candidato a cargo pblico. SMULA VINCULANTE 45 A competncia constitucional do Tribunal do Jri prevalece sobre o foro por prerrogativa de funo estabelecido exclusivamente pela constituio estadual. SMULA VINCULANTE 46 A definio dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento so da competncia legislativa privativa da Unio. SMULA VINCULANTE 47

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    Os honorrios advocatcios includos na condenao ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfao ocorrer com a expedio de precatrio ou requisio de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos crditos dessa natureza. SMULA VINCULANTE 48 Na entrada de mercadoria importada do exterior, legtima a cobrana do ICMS por ocasio do desembarao aduaneiro. SMULA VINCULANTE 49 Ofende o princpio da livre concorrncia lei municipal que impede a instalao de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada rea. SMULA VINCULANTE 50 Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigao tributria no se sujeita ao princpio da anterioridade. SMULA VINCULANTE 51 O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8622/1993 e 8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as eventuais compensaes decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais. SMULA VINCULANTE 52 Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituio Federal, desde que o valor dos aluguis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constitudas. SMULA VINCULANTE 53 A competncia da Justia do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituio Federal alcana a execuo de ofcio das contribuies previdencirias relativas ao objeto da condenao constante das sentenas que proferir e acordos por ela homologados.

    III - Informativos - 2015 1. Licena prvia para julgamento de governador em crime de responsabilidade e crime comum Por violar a competncia privativa da Unio, o Estado-membro no pode dispor sobre crime de responsabilidade. No entanto, durante a fase inicial de tramitao de processo por crime de responsabilidade instaurado contra governador, a Constituio estadual deve obedecer sistemtica disposta na legislao federal. Assim, constitucional norma prevista em Constituio estadual que preveja a necessidade de autorizao prvia da Assembleia Legislativa para que sejam iniciadas aes por crimes comuns e de responsabilidade eventualmente dirigidas contra o governador de Estado. Com base nesse entendimento, o Plenrio, em julgamento conjunto e por maioria, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados em aes diretas para declarar a inconstitucionalidade das expresses processar e julgar o Governador ... nos crimes de responsabilidade e ou perante a prpria Assembleia Legislativa, nos crimes de responsabilidade previstas, respectivamente, nos artigos 54 e 89 da Constituio do Estado do Paran. Declarou tambm a inconstitucionalidade do inciso XVI do art. 29, e da expresso ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de responsabilidade, contida no art. 67, ambos da Constituio do Estado de Rondnia, bem como a inconstitucionalidade do inciso XXI do art. 56, e da segunda parte do art. 93, ambos da Constituio do Estado do Esprito Santo. A Corte rememorou que a Constituio Estadual deveria seguir rigorosamente os termos da legislao federal sobre crimes de responsabilidade, por imposio das normas dos artigos 22, I, e 85, da CF, que reservariam a competncia para dispor sobre matria penal e processual penal Unio. Ademais, no seria possvel interpretar literalmente os dispositivos atacados de modo a concluir que o julgamento de mrito das imputaes

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    por crimes de responsabilidade dirigidas contra o governador de Estado teria sido atribudo ao discernimento da Assembleia Legislativa local, e no do Tribunal Especial previsto no art. 78, 3, da Lei 1.079/1950. Esse tipo de exegese ofenderia os artigos 22, I, e 85, da CF. ADI 4791/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 12.2.2015. (ADI-4791) ADI 4800/RO, rel. Min. Crmen Lcia, 12.2.2015. (ADI-4800) ADI 4792/ES, rel. Min. Crmen Lcia, 12.2.2015. (ADI-4792) (Informativo 774) 2. Competncia concorrente para legislar sobre educao Lei editada por Estado-membro, que disponha sobre nmero mximo de alunos em sala de aula na educao infantil, fundamental e mdia, no usurpa a competncia da Unio para legislar sobre normas gerais de educao (CF, art. 24, IX, e 3). Com base nessa orientao, o Plenrio julgou improcedente pedido formulado em ao direta de inconstitucionalidade ajuizada em face das alneas a, b e c do inciso VII do art. 82 da LC 170/1998 do Estado de Santa Catarina. A Corte destacou a necessidade de rever sua postura prima facie em casos de litgios constitucionais em matria de competncia legislativa, de forma a prestigiar as iniciativas regionais e locais, a menos que ofendam norma expressa e inequvoca da Constituio. Pontuou que essa diretriz se ajustaria noo de federalismo como sistema que visaria a promover o pluralismo nas formas de organizao poltica. Asseverou que, em matria de educao, a competncia da Unio e dos Estados-membros seria concorrente. Aduziu que, com relao s normas gerais, os Estados-membros e o Distrito Federal possuiriam competncia suplementar (CF, art. 24, 2) e a eles caberia suprir lacunas. Frisou a necessidade de no se ampliar a compreenso das denominadas normas gerais, sob pena de se afastar a autoridade normativa dos entes regionais e locais para tratar do tema. Enfatizou que o limite

    mximo de alunos em sala de aula seria questo especfica relativa educao e ao ensino e, sem dvida, matria de interesse de todos os entes da federao, por envolver circunstncias peculiares de cada regio. Ademais, a sistemtica normativa estadual tambm seria compatvel com a disciplina federal sobre o assunto, hoje fixada pela Lei 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Em seu art. 25, a lei federal deixaria ntido espao para atuao estadual e distrital na determinao da proporo professor e aluno dos sistemas de ensino. Possibilitaria, assim, que o sistema estadual detalhasse de que maneira a proporo entre alunos e professores se verificaria no mbito local. Sob o prisma formal, portanto, a Lei 9.394/1996 habilitaria a edio de comandos estaduais como os previstos nas alneas a, b, e c do inciso VII do art. 82 da LC 170/1998 do Estado de Santa Catarina. Sob o ngulo material, a lei catarinense ainda apresentaria evidente diretriz de prudncia ao criar uma proporo aluno-professor que se elevaria medida que aumentasse a idade dos alunos. ADI 4060/SC, rel. Min. Luiz Fux, 25.2.2015. (ADI-4060) (Informativo 775) 3. Imunidade parlamentar de vereador e exerccio do mandato Nos limites da circunscrio do Municpio e havendo pertinncia com o exerccio do mandato, garante-se a imunidade prevista no art. 29, VIII, da CF aos vereadores (Art. 29. O Municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os seguintes preceitos: ... VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opinies, palavras e votos no exerccio do mandato e na circunscrio do Municpio). Essa a concluso do Plenrio que, por maioria, proveu recurso extraordinrio em que se discutia o alcance da imunidade material de

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    vereador em discurso, supostamente ofensivo honra, proferido da tribuna da Casa Legislativa municipal. O Colegiado reputou que, embora as manifestaes fossem ofensivas, teriam sido proferidas durante a sesso da Cmara dos Vereadores portanto na circunscrio do Municpio e teriam como motivao questo de cunho poltico, tendo em conta a existncia de representao contra o prefeito formulada junto ao Ministrio Pblico portanto no exerccio do mandato. O Ministro Teori Zavascki enfatizou ser necessrio presumir que a fala dos parlamentares, em circunstncias como a do caso, teria relao com a atividade parlamentar. Do contrrio, seria difcil preservar a imunidade constitucional. O Ministro Gilmar Mendes sublinhou que, se o vereador tivesse de atuar com bons modos e linguagem escorreita, no haveria necessidade de a Constituio garantir a imunidade parlamentar. O Ministro Celso de Mello destacou que se o vereador, no obstante amparado pela imunidade material, incidisse em abuso, seria passvel de censura, mas da prpria Casa Legislativa a que pertencesse. Vencido o Ministro Marco Aurlio (relator), que desprovia o recurso. Considerava que a inviolabilidade dos vereadores exigiria a correlao entre as manifestaes e o desempenho do mandato, o que no teria havido na espcie. RE 600063/SP, rel. orig. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Roberto Barroso, 25.2.2015. (RE-600063) (Informativo 775) 4. Art. 27 da Lei 9.868/1999 e suspenso de julgamento Em ao direta de inconstitucionalidade, com a proclamao do resultado final, se tem por concludo e encerrado o julgamento e, por isso, invivel a sua reabertura para fins de modulao. Com base nesse entendimento, o Plenrio, por maioria, resolveu questo de ordem no sentido de afirmar que o exame da presente ao direta fora concludo e que no seria admissvel reabrir discusso aps o resultado ter sido proclamado. Na espcie, na data do

    julgamento estavam presentes dez Ministros da Corte, porm, no se teria obtido a maioria de dois teros (oito votos) para se modular os efeitos da deciso, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/1999 (Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razes de segurana jurdica ou de excepcional interesse social, poder o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois teros de seus membros, restringir os efeitos daquela declarao ou decidir que ela s tenha eficcia a partir de seu trnsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado) e o julgamento fora encerrado Na sesso subsequente, tendo em conta o comparecimento do Ministro ausente da sesso anterior, cogitou-se prosseguir no julgamento quanto modulao v. Informativos 481 e 776. A Corte destacou que a anlise da ao direta de inconstitucionalidade seria realizada de maneira bifsica: a) primeiro se discutiria a questo da constitucionalidade da norma, do ponto de vista material; e, b) declarada a inconstitucionalidade, seria discutida a aplicabilidade da modulao dos efeitos temporrios, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/1999. Assim, se a proposta de modulao tivesse ocorrido na data do julgamento de mrito, seria possvel admiti-la. Ressalvou que no teria havido erro material e, uma vez que a apreciao do feito fora concluda e proclamado o resultado, no se poderia reabrir o que decidido. Por conseguinte, estaria preclusa, luz do postulado do devido processo legal, a possibilidade de nova deliberao. Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Menezes Direito e Teori Zavascki, que admitiam a retomada do julgamento quanto modulao dos efeitos. Para o Ministro Teori Zavascki, teria havido error in procedendo. Apontava que, em caso de modulao, se no fosse alcanado o qurum e houvesse magistrado para votar, o julgamento deveria ser adiado. ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acrdo Min. Marco Aurlio, 8.4.2015. (ADI-2949) (Informativo 780)

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    5. Publicidade de bebidas alcolicas e omisso legislativa O Plenrio, por maioria, conheceu de ao direta de inconstitucionalidade por omisso, e, no mrito, julgou improcedente pedido formulado em face de alegada omisso legislativa parcial do Congresso Nacional, tendo em vista ausncia de regulamentao acerca da propaganda de bebidas de teor alcolico inferior a 13 graus Gay Lussac (13 GL), em desacordo com o comando constitucional previsto no art. 220, 4, da CF ( 4 - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcolicas, agrotxicos, medicamentos e terapias estar sujeita a restries legais, nos termos do inciso II do pargrafo anterior, e conter, sempre que necessrio, advertncia sobre os malefcios decorrentes de seu uso). O Tribunal, de incio, asseverou que estaria assentada na jurisprudncia do STF, com fundamento na interpretao dos princpios da harmonia e independncia entre os Poderes, a impossibilidade de, em sede jurisdicional, criar-se norma geral e abstrata em substituio ao legislador, reiterado o quanto decidido na ADI 1.755/DF (DJU de 18.5.2001). No entanto, no caso em comento, o primeiro item a ser considerado deveria ser a real existncia da alegada omisso inconstitucional em matria de propaganda de bebidas alcolicas. O legislador federal, no exerccio da atribuio a ele conferida pelo poder constituinte originrio, aprovara a Lei 9.294/1996, que dispe sobre as restries ao uso e propaganda de produtos fumgeros, bebidas alcolicas, medicamentos, terapias e defensivos agrcolas, nos termos do 4 do art. 220 da CF. Da anlise do trmite do projeto que dera origem referida lei constatar-se-ia que a matria teria sido amplamente debatida durante sete anos nas casas do Congresso Nacional. A elaborao da lei em anlise teria sido, inclusive, seguida de: a) aprovao do Decreto 2.018/1996, que a regulamenta; b) instituio da Poltica Nacional sobre o lcool que dispe sobre as medidas para reduo do uso indevido de lcool e

    respectiva associao com a violncia e criminalidade , aprovada pelo Decreto 6.117/2007; e c) regulamentao e fiscalizao implementadas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentao Publicitria - Conar. No se demonstraria, pois, omisso inconstitucional na espcie. ADO 22/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 22.4.2015. (ADO-22) (Informativo 782) 6. EC 88/2015 e aposentadoria compulsria O Plenrio, por maioria, deferiu pedido de medida cautelar em ao direta de inconstitucionalidade para: a) suspender a aplicao da expresso nas condies do art. 52 da Constituio Federal contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC 88/2015, por vulnerar as condies materiais necessrias ao exerccio imparcial e independente da funo jurisdicional, ultrajando a separao dos Poderes, clusula ptrea inscrita no art. 60, 4, III, da CF; b) fixar a interpretao, quanto parte remanescente da EC 88/2015, de que o art. 100 do ADCT no pudesse ser estendido a outros agentes pblicos at que fosse editada a lei complementar a que alude o art. 40, 1, II, da CF, a qual, quanto magistratura, a lei complementar de iniciativa do STF, nos termos do art. 93 da CF; c) suspender a tramitao de todos os processos que envolvessem a aplicao a magistrados do art. 40, 1, II, da CF e do art. 100 do ADCT, at o julgamento definitivo da ao direta em comento; e d) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que afastasse, ampliasse ou reduzisse a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base neste fundamento, assegurasse a qualquer outro agente pblico o exerccio das funes relativas a cargo efetivo aps ter completado 70 anos de idade. A norma impugnada introduzida no ADCT pela EC 88/2015 dispe que, at que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do 1 do art. 40 da Constituio Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do

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    Tribunal de Contas da Unio aposentar-se-o, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condies do art. 52 da Constituio Federal. Alegava-se, na espcie, que a expresso nas condies do art. 52 da Constituio Federal incorreria em vcio material por ofensa garantia da vitaliciedade (CF, art. 93, caput) e separao dos Poderes (CF, art. 2), exorbitando dos limites substantivos ao poder de reforma da Constituio (CF, art. 60, 4, III e IV). ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316) (Informativo 786) 7. Sistema majoritrio e fidelidade partidria A perda do mandato em razo de mudana de partido no se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritrio, sob pena de violao da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor. Essa a concluso do Plenrio, que julgou procedente pedido formulado em ao direta para declarar inconstitucional o termo ou vice, constante do art. 10, e a expresso e, aps 16 (dezesseis) de outubro corrente, quanto a eleitos pelo sistema majoritrio, constante do art. 13, ambos da Resoluo 22.610/2007 do TSE [Art. 10. Julgando procedente o pedido, o tribunal decretar a perda do cargo, comunicando a deciso ao presidente do rgo legislativo competente para que emposse, conforme o caso, o suplente ou o vice, no prazo de 10 (dez) dias. ... Art. 13. Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao, aplicando-se apenas s desfiliaes consumadas aps 27 (vinte e sete) de maro deste ano, quanto a mandatrios eleitos pelo sistema proporcional, e, aps 16 (dezesseis) de outubro corrente, quanto a eleitos pelo sistema majoritrio]. Ademais, conferiu interpretao conforme Constituio ao termo suplente, constante do citado art. 10, com a finalidade de excluir do seu alcance os cargos do sistema majoritrio. Preliminarmente, o Colegiado assentou o cabimento da ao direta. No ponto, assinalou que, embora a Resoluo

    22.610/2007 do TSE, j tivesse sido objeto de controle concentrado perante o STF [ADI 3.999/DF (DJe de 17.4.2009) e ADI 4.086/DF (DJe de 17.4.2009)], a Corte apenas se pronunciara sobre a constitucionalidade formal da norma. Alm disso, a questo da legitimidade constitucional da perda de mandato nas hipteses de cargos eletivos do sistema majoritrio no teria sido suscitada anteriormente, e no houvera deciso a respeito, muito embora a causa de pedir, na hiptese, fosse aberta. No mrito, o Plenrio comparou os sistemas eleitorais praticados no Brasil: majoritrio e proporcional. O majoritrio, utilizado para eleio de prefeito, governador, senador e do presidente da Repblica, contemplaria o candidato que obtivesse o maior nmero de votos, e os dos demais candidatos seriam desconsiderados. O proporcional, por sua vez, adotado para eleio de vereador, deputado estadual e deputado federal, contemplaria os partidos polticos. O nmero de cadeiras que cada um deles teria na Casa Legislativa estaria relacionado votao obtida na circunscrio. No sistema aqui adotado, de lista aberta, o eleitor escolheria um candidato da lista apresentada pelo partido, sem ordem predeterminada. A ordem de obteno das cadeiras seria ditada pela votao que os candidatos, individualmente, obtivessem. Porm, o sucesso individual dependeria impreterivelmente da quantidade de votos recebida pelo partido ao qual filiados (quociente partidrio). Esse sistema apresentaria vrias disfunes: o custo elevado de campanha, o fato de cerca de 7% dos candidatos, apenas, serem eleitos com votao prpria, e a criao de disputa direta e personalista entre candidatos de um mesmo partido. ADI 5081/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 27.5.2015. (ADI-5081) (Informativo 787) 8. Efeitos da declarao de inconstitucionalidade e ao rescisria A deciso do Supremo Tribunal Federal que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo

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    no produz a automtica reforma ou resciso das decises anteriores que tenham adotado entendimento diferente. Para que haja essa reforma ou resciso, ser indispensvel a interposio do recurso prprio ou, se for o caso, a propositura da ao rescisria prpria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Com base nessa orientao, o Plenrio negou provimento a recurso extraordinrio em que discutida a eficcia temporal de deciso transitada em julgado fundada em norma superveniente declarada inconstitucional pelo STF. poca do trnsito em julgado da sentena havia preceito normativo segundo o qual, nos casos relativos a eventuais diferenas nos saldos do FGTS, no caberiam honorrios advocatcios. Dois anos mais tarde, o STF declarara a inconstitucionalidade da verba que vedava honorrios. Por isso, o autor da ao voltara a requerer a fixao dos honorrios. Examinava-se, assim, se a declarao de inconstitucionalidade posterior teria reflexos automticos sobre a sentena anterior transitada em julgado. A Corte asseverou que no se poderia confundir a eficcia normativa de uma sentena que declara a inconstitucionalidade que retira do plano jurdico a norma com efeito ex tunc com a eficcia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa deciso. O efeito vinculante no nasceria da inconstitucionalidade, mas do julgado que assim a declarasse. Desse modo, o efeito vinculante seria pro futuro, isto , da deciso do Supremo para frente, no atingindo os atos passados, sobretudo a coisa julgada. Apontou que, quanto ao passado, seria indispensvel a ao rescisria. Destacou que, em algumas hipteses, ao declarar a inconstitucionalidade de norma, o STF modularia os efeitos para no atingir os processos julgados, em nome da segurana jurdica. RE 730462/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 28.5.2015. (RE-730462) (Informativo 787)

    9. Biografias: autorizao prvia e liberdade de expresso - 1 inexigvel o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biogrficas literrias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessria a autorizao de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes. Essa a concluso do Plenrio, que julgou procedente pedido formulado em ao direta para dar interpretao conforme Constituio aos artigos 20 e 21 do CC (Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessrias administrao da justia ou manuteno da ordem pblica, a divulgao de escritos, a transmisso da palavra, ou a publicao, a exposio ou a utilizao da imagem de uma pessoa podero ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuzo da indenizao que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Pargrafo nico. Em se tratando de morto ou de ausente, so partes legtimas para requerer essa proteo o cnjuge, os ascendentes ou os descendentes. Art. 21. A vida privada da pessoa natural inviolvel, e o juiz, a requerimento do interessado, adotar as providncias necessrias para impedir ou fazer cessar ato contrrio a esta norma), sem reduo de texto, em consonncia com os direitos fundamentais liberdade de pensamento e de sua expresso, de criao artstica, de produo cientfica, de liberdade de informao e de proibio de censura (CF, artigos 5, IV, V, IX, X e XIV; e 220). O Colegiado asseverou que, desde as Ordenaes Filipinas, haveria normas a proteger a guarda de segredos. A partir do advento do CC/1916, entretanto, o quadro sofrera mudanas. Ademais, atualmente, o nvel de exposio pblica das pessoas seria exacerbado, de modo a ser invivel reter informaes, a no ser que no fossem produzidas. Nesse diapaso, haveria de se compatibilizar a inviolabilidade da vida privada e a liberdade de pensamento e de sua expresso. No caso, no se poderia admitir, nos termos da Constituio, que o direito de outrem de se expressar, de

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    pensar, de criar obras biogrficas que dizem respeito no apenas ao biografado, mas a toda a coletividade, pelo seu valor histrico fosse tolhido pelo desejo do biografado de no ter a obra publicada. Os preceitos constitucionais em aparente conflito conjugar-se-iam em perfeita harmonia, de modo que o direito de criao de obras biogrficas seria compatvel com a inviolabilidade da intimidade, privacidade, honra e imagem. Assim, em suma, o Plenrio considerou: a) que a Constituio asseguraria como direitos fundamentais a liberdade de pensamento e de sua expresso, a liberdade de atividade intelectual, artstica, literria, cientfica e cultural; b) que a Constituio garantiria o direito de acesso informao e de pesquisa acadmica, para o que a biografia seria fonte fecunda; c) que a Constituio proibiria a censura de qualquer natureza, no se podendo conceb-la de forma subliminar pelo Estado ou por particular sobre o direito de outrem; d) que a Constituio garantiria a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa; e e) que a legislao infraconstitucional no poderia amesquinhar ou restringir direitos fundamentais constitucionais, ainda que sob pretexto de estabelecer formas de proteo, impondo condies ao exerccio de liberdades de forma diversa da constitucionalmente fixada. ADI 4815/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 10.6.2015. (ADI-4815) (Informativo 789)