14
902 Promoção da saúde no ensino superior: revisão sistemática Joana Coutinho 1 , Anabela Pereira 1 , Paula Vagos 1 , Inês Direito 1 , Hélder Castanheira 1 , Vânia Amaral 1 , Gustavo Vasconcelos 1 , Maria João Martins 1 , Paulo Chaló 1 , Carlos Albuquerque 2 , Madalena Cunha 2 , Graça Aparício 2 , & Cláudia Chaves 2 1. Universidade de Aveiro, CIDTFF 2. Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viseu Resumo: Este estudo pretende contribuir para o conhecimento na área da promoção da saúde com estudantes do ensino superior. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura de investigações publicadas entre os anos de 2000 e 2013, segundo critérios de seleção previamente definidos, com identificação de 24 artigos científicos. Os resultados focam-se maioritariamente na avaliação de fatores de risco e, embora em menor número, nos comportamentos associados a estilos de vida saudáveis e bem-estar e na promoção da saúde como ponto de partida, sendo estudadas as necessidades dos estudantes, exploradas as medidas tomadas no âmbito da promoção e referidas linhas de políticas e estratégias que podem ser implementadas nas instituições de ensino superior. Considera-se a existência de reduzidos estudos sobre o tema, bem como poucas publicações e resultados sobre este tipo de intervenção e o modo como é realizado, embora se verifique, em todos os estudos, a necessidade de intervenções baseadas na promoção da saúde com estudantes universitários. Palavras-chave: promoção da saúde; comportamentos de risco; ensino superior. INTRODUÇÃO Segundo a Carta de Otawa, de 1986, a promoção da saúde é definida como um processo que visa a capacitação das pessoas e das comunidades a fim de aumentarem o controlo sobre a sua saúde e de a melhorarem. A saúde é, assim, entendida como um recurso para a vida e não como uma finalidade. Este conceito aplica-se a todas as situações em que se pretende melhorar a saúde, quer em indivíduos que estão doentes, quer em indivíduos que não apresentam doença (Pais-Ribeiro, 2005). Associam-se a este processo a preocupação com a adoção ou manutenção de um estilo de vida saudável, o controlo do comportamento, a proteção contra os acidentes e a prevenção de doenças específicas (Bennett & Murphy, 1999). Os comportamentos de saúde são influenciados por atitudes, emoções e sentimentos, hábitos e crenças que caracterizam e definem o estilo de vida de cada pessoa (Pais-Ribeiro, 2005). Alguns destes conceitos desempenham um papel central em diversos modelos teóricos, que proporcionam explicações sobre o modo como as pessoas desenvolvem comportamentos de saúde. Alguns dos enquadramentos concetuais mais referidos no âmbito da investigação científica em saúde são o modelo de crenças da saúde, desenvolvido originalmente por Rosenstock (1966); teoria de motivação para a proteção Rogers (1975); modelo de autoregulação do comportamento de doença (Leventhal & cols., 1984); teoria da ação planeada(Ajzen & Madden, 1986); abordagem do processo de ação para a saúde (Schwarzer, 1992) e o modelo transteórico de mudança do comportamento (Prochaska & DiClement, 1982). O dilema ou desafio da promoção da saúde é saber como encorajar, persuadir ou coagir as pessoas para que adotem hábitos saudáveis e comportamentos protetores (isto é, que contribuem para a manutenção de um estilo de vida saudável), que se acredita serem bons para elas. As pessoas precisam de ser informadas sobre os riscos para a sua saúde no que respeita a adoção (ou não) de determinados comportamentos. Para uma melhor proteção e prevenção da saúde, depois de informadas, as pessoas podem decidir pela mudança de comportamentos (Pitts & Phillips, 1998). No que concerne à implementação de programas e projetos de promoção da saúde, estes devem incluir a transmissão de conhecimento, propostas e treino de competências com o objetivo de ajudar os indivíduos. Deve compreender o acesso à saúde, o fortalecimento do suporte social, a promoção de comportamentos e estratégias de coping apropriados e o aumento do conhecimento relacionado com a saúde (Pais-Ribeiro, 2005; Downie, Tannahill, & Tannahill, 1996). Por outro lado, as intervenções de promoção da saúde desenvolvem-se, frequentemente, no que respeita o trabalho em fatores de risco, sendo que a evidência sobre comportamentos de saúde manifesta que a maioria dos fatores de

Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

902

Promoção da saúde no ensino superior: revisão sistemática

Joana Coutinho1, Anabela Pereira1, Paula Vagos1, Inês Direito1, Hélder Castanheira1, Vânia Amaral1, Gustavo Vasconcelos1, Maria João Martins1, Paulo Chaló1, Carlos Albuquerque2,

Madalena Cunha2, Graça Aparício2, & Cláudia Chaves2 1. Universidade de Aveiro, CIDTFF

2. Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viseu

Resumo: Este estudo pretende contribuir para o conhecimento na área da promoção da saúde com estudantes do ensino superior. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura de investigações publicadas entre os anos de 2000 e 2013, segundo critérios de seleção previamente definidos, com identificação de 24 artigos científicos. Os resultados focam-se maioritariamente na avaliação de fatores de risco e, embora em menor número, nos comportamentos associados a estilos de vida saudáveis e bem-estar e na promoção da saúde como ponto de partida, sendo estudadas as necessidades dos estudantes, exploradas as medidas tomadas no âmbito da promoção e referidas linhas de políticas e estratégias que podem ser implementadas nas instituições de ensino superior. Considera-se a existência de reduzidos estudos sobre o tema, bem como poucas publicações e resultados sobre este tipo de intervenção e o modo como é realizado, embora se verifique, em todos os estudos, a necessidade de intervenções baseadas na promoção da saúde com estudantes universitários.

Palavras-chave: promoção da saúde; comportamentos de risco; ensino superior.

INTRODUÇÃO

Segundo a Carta de Otawa, de 1986, a promoção da saúde é definida como um processo que visa a capacitação das pessoas e das comunidades a fim de aumentarem o controlo sobre a sua saúde e de a melhorarem. A saúde é, assim, entendida como um recurso para a vida e não como uma finalidade. Este conceito aplica-se a todas as situações em que se pretende melhorar a saúde, quer em indivíduos que estão doentes, quer em indivíduos que não apresentam doença (Pais-Ribeiro, 2005). Associam-se a este processo a preocupação com a adoção ou manutenção de um estilo de vida saudável, o controlo do comportamento, a proteção contra os acidentes e a prevenção de doenças específicas (Bennett & Murphy, 1999).

Os comportamentos de saúde são influenciados por atitudes, emoções e sentimentos, hábitos e crenças que caracterizam e definem o estilo de vida de cada pessoa (Pais-Ribeiro, 2005). Alguns destes conceitos desempenham um papel central em diversos modelos teóricos, que proporcionam explicações sobre o modo como as pessoas desenvolvem comportamentos de saúde. Alguns dos enquadramentos concetuais mais referidos no âmbito da investigação científica em saúde são o modelo de crenças da saúde, desenvolvido originalmente por Rosenstock (1966); teoria de motivação para a proteção Rogers (1975); modelo de autoregulação do comportamento de doença (Leventhal & cols., 1984); teoria da ação planeada(Ajzen & Madden, 1986); abordagem do processo de ação para a saúde (Schwarzer, 1992) e o modelo transteórico de mudança do comportamento (Prochaska & DiClement, 1982). O dilema ou desafio da promoção da saúde é saber como encorajar, persuadir ou coagir as pessoas para que adotem hábitos saudáveis e comportamentos protetores (isto é, que contribuem para a manutenção de um estilo de vida saudável), que se acredita serem bons para elas. As pessoas precisam de ser informadas sobre os riscos para a sua saúde no que respeita a adoção (ou não) de determinados comportamentos. Para uma melhor proteção e prevenção da saúde, depois de informadas, as pessoas podem decidir pela mudança de comportamentos (Pitts & Phillips, 1998).

No que concerne à implementação de programas e projetos de promoção da saúde, estes devem incluir a transmissão de conhecimento, propostas e treino de competências com o objetivo de ajudar os indivíduos. Deve compreender o acesso à saúde, o fortalecimento do suporte social, a promoção de comportamentos e estratégias de coping apropriados e o aumento do conhecimento relacionado com a saúde (Pais-Ribeiro, 2005; Downie, Tannahill, & Tannahill, 1996). Por outro lado, as intervenções de promoção da saúde desenvolvem-se, frequentemente, no que respeita o trabalho em fatores de risco, sendo que a evidência sobre comportamentos de saúde manifesta que a maioria dos fatores de

Page 2: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

903

risco associados às doenças crónicas e agudas são de natureza comportamental, podendo, assim, haver uma redução dos fatores e das doenças através de intervenções planeadas para este efeito (Dias, Duque, Silva, & Durá, 2004). Neste âmbito, o conhecimento acerca do papel das crenças, atitudes e das normas sociais deve orientar o planeamento de projetos e programas.

Ainda, deve considerar-se uma atuação individual, grupal, comunitária e societal. Importa salientar que esta implica “o desenvolvimento de políticas de saúde pública, a criação de ambientes de suporte, a participação da comunidade, o desenvolvimento de capacidades pessoais e uma orientação dos serviços de saúde, para além da mera prestação de cuidados clínicos e curativos” (European Working Group on Concepts and Principals of Health Promotion, 1984, cit in Dias et al., 2004, p. 464). Neste sentido, compreende-se a importância das políticas sociais e o papel das comunidades e instituições como ferramentas e promotoras de saúde. Neste âmbito, a Organização Mundial de Saúde criou e desenvolveu o conceito de, primeiramente, escolas e, mais recentemente, universidades saudáveis (Tsouros et al.,1998).

Os estudantes são cada vez em maior número e a universidade é um contexto fundamental no processo de aquisição de estilos de vida (Rocha, 2008). Considera-se que alunos do ensino superior se situam, aproximadamente, na faixa etária entre os 17 e os 30 anos, o que corresponde ao fim da adolescência e à idade adulta. Neste contexto, surgem dificuldades e situações novas, que implicam aprendizagem e desenvolvimento da personalidade, nos domínios cognitivo, físico, afetivo, sexual, familiar e social (Campos, 2000).

Entre os acontecimentos de vida associados à vivência académica, podem considerar-se os seguintes: mudança do ensino secundário para o ensino superior e consequentes exigências cognitivas, de estudo e de relação com professores e colegas; diferenciação do indivíduo em relação à família de origem; afastamento físico da família e grupo de amigos; estabelecimento de novas amizades dentro e fora da instituição educativa; conquista de novos espaços (físicos, escolares, sociais, culturais); construção da autoestima na transição da adolescência para a idade adulta; capacidade para estabelecer relações íntimas; consolidação de valores, ideias e estilos de vida; concretização de um projeto de vida; gestão económica; gestão do tempo; atividades de diversão noturna; entrada no mundo do trabalho a curto ou médio prazo, numa época de desemprego à escala mundial; constituição de família a curto ou médio prazo (adaptado de Campos, 2000). Por outro lado, as oportunidades de desenvolvimento emocional, cognitivo e social podem associar-se a momentos stressantes para muitos adultos jovens (Howard, Schiraldi, Pineda, & Campanella, 2006). Podem surgir e manter-se dificuldades a nível pessoal, social, académico e comportamentos de risco.

Investigações que estudaram fatores de risco para a saúde de estudantes do ensino superior apontam que as necessidades destes se distribuem, essencialmente, entre adaptação à vida académica, comportamentos associados a estilos de vida e prestação de serviços de apoio (Vagos et al., 2010; Pereira, 2011; Pereira, 2009; Dunne & Somerset, 2004).

A vida académica corresponde, assim, a um tempo de mudanças e de adaptação, pelo que o ensino superior deve desenvolver recursos para ajudar e dar apoio a estudantes que experienciam dificuldades de saúde (Stanley & Manthorpe, 2002). É importante que as instituições de ensino superior não se centrem apenas em estratégias de remediação mas também de prevenção do desenvolvimento de perturbações e doenças e de promoção da saúde (McDonald, Pritchard, & Landrum, 2006).

METODOLOGIA

Nesta revisão sistemática, partimos da seguinte questão de investigação: O que é realizado e se encontra publicado, em Portugal e no resto do mundo, no âmbito da promoção da saúde no ensino superior? Assim, pretendemos aceder à investigação científica publicada nos últimos anos, tendo sido estabelecidos critérios nos permitiram selecionar os estudos mais relevantes. Como critérios de inclusão, os estudos deviam a) ter sido publicados entre o ano de 2000 e o ano de 2013; b) ter sido realizados em contexto universitário; c) ter texto completo; d) ter presentes, nos assuntos, as palavras/expressões procuradas, respeitando a promoção da saúde com estudantes universitários/do ensino superior. Os estudos que não respeitavam estes parâmetros foram considerados não relevantes e excluídos.

Neste sentido, As pesquisas foram efetuadas nas bases de dados: CINAHL (via EBSCO); Academic Search Complete (via EBSCO); Education Research Complete; (via EBSCO); MedicLatina (via EBSCO); Medline (via EBSCO); Psycarticles (via EBSCO); Psycbooks (via EBSCO); Psyccritiques (via EBSCO);

Page 3: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

904

Psychology and Behavioral Sciences Collection (via EBSCO); Psycinfo (via EBSCO); Socindex (via EBSCO); Teacher Reference Center (via EBSCO); Fonte Acadêmica (via EBSCO).

De seguida, apresentamos uma sistematização das pesquisas realizadas via EBSCO, com as expressões utilizadas, o número de estudos obtidos num primeiro momento e o número de estudos relevantes, após a aplicação dos critérios.

Tabela 1 Processo de pesquisa via EBSCO

Palavras/expressões pesquisadas via EBSCO Nº de resultados Nº de resultados relevantes

high education AND health promotion 468 4 high education (Abstract - AB) AND health promotion (AB) 125 5 high education (AB) AND health promotion (AB) AND lifestyles (AB)

12 1

high education (AB) AND health promotion (AB) AND mental health

9 1

health promoting universities (AB) 40 13 health promotion (AB), AND university students (AB) 295/153* 20

Total relevantes 20* *Resultados após duplicatas exatas removidas.

Recorremos também à pesquisa na base de dados Redalyc, com obtenção nula de resultados relevantes, e no Repositório Institucional da Universidade de Aveiro, pesquisando por "saúde mental" em todo o repositório, com os registos ordenados por relevância, em ordem descendente, até à página número 20, tendo sido encontrado quatro estudos, considerados todos relevantes.

No total, as pesquisas efetuadas permitiram a seleção de 24 estudos, que constituem os resultados da revisão sistemática.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 2, apresentam-se, resumidamente, os 24 artigos que foram sujeitos ao processo de análise. Designadamente, focamos os objetivos e metodologias de investigação, os instrumentos de recolha dos dados, a amostra, o país de origem e os respetivos autores e ano de publicação. Ainda, apresentamos os principais resultados das investigações que selecionámos.

Verificamos que a maioria dos estudos (15) se foca na avaliação de fatores que se apresentam de risco, concluindo que existe necessidade de programas e projetos de promoção da saúde nas instituições de ensino superior, tendo como público-alvo quer os estudantes universitários no geral, quer grupos de alunos que apresentam características e comportamentos de risco.

Os comportamentos de risco implementados por estes alunos associam-se a hábitos alimentares (avaliados em 8 estudos); consumo de álcool (avaliado em 8 estudos), tabaco (avaliado em 4 estudos) e drogas (avaliado em 3 estudos); atividade física (avaliada em 4 estudos); comportamento sexual (avaliado em 2 estudos); e hábitos de sono (avaliados em 2 estudos).

Outros artigos investigam, em detrimento dos riscos, variáveis relacionadas com um estado saudável dos estudantes. Duas investigações avaliam quais os comportamentos que se associam a estilos de vida saudáveis e promotores de bem-estar. Outra, avalia o bem-estar psicológico de estudantes, apresentando correlações negativas de aspetos associados ao bem-estar com dor física, doenças crónicas e tratamento de perturbações psiquiátricas. Outro estudo avalia o bem-estar de estudantes estrangeiros em programas de mobilidade.

Apenas quatro artigos se debruçam sobre a promoção da saúde no ensino superior como ponto de partida das investigações. Nestes, são estudadas as necessidades de saúde dos estudantes universitários, as suas representações sobre a promoção da saúde na universidade, são exploradas as medidas que têm vindo a ser tomadas para promover a saúde mental e física dos estudantes e são desenvolvidas algumas linhas acerca de políticas e estratégias de promoção da saúde que podem ser implementadas, com eficácia, no ensino superior.

Page 4: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

905

Compreende-se que as necessidades dos estudantes se distribuem entre comportamentos associados a estilos de vida, adaptação à vida académica, e prestação de serviços de apoio, nomeadamente, de saúde mental. Neste sentido, considera-se que os diretores das universidades, professores, outros funcionários e profissionais de saúde devem unir-se para o trabalho na estruturação de um ambiente mais saudável, com o desenvolvimento de programas de promoção da saúde (Aparício et al., 2012; Brandão, Pimentel, & Cardoso, 2011; Liu, 2010; Mello, Moysés, & Moysés, 2010; Oliveira, 2008; Rosenthal, Jean-Russell, & Thomson, 2008; Santos, 2011; Yager & O'dea, 2008; Lee, & Loke, 2005). Deve intervir-se nas políticas ideológicas das instituições de ensino superior, promover-se diversas atividades saudáveis no campus, sensibilizar-se e educar-se os alunos, implementar-se serviços de apoio (Oliveira, Feiteira, Ferreira, & Alho, 2010), com vista ao empoderamento que, ao limite, permitirá cumprir o grande objetivo dos projetos de promoção da saúde, isto é, a capacitação das pessoas para que possam controlar e melhorar a sua saúde. As universidades que se afirmem promotoras da saúde podem alcançar diversos benefícios, como a valorização da sua imagem pública, a sua importância para a saúde local, regional e nacional e a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos (Mello, Moysés, & Moysés, 2010).

Considera-se que existem reduzidos estudos sobre o tema investigado, verificando-se um predomínio de investigações sobre comportamentos de risco que, não obstante, apontam a emergência da necessidade de intervenções baseadas na promoção da saúde com estudantes universitários. Por outro lado, compreende-se a necessidade de mais estudos acerca da saúde mental, não só no que concerne às intervenções baseadas na promoção mas também, numa fase primária, sobre a caracterização da saúde mental dos estudantes e dos riscos associados. Por fim, a partir da pesquisa realizada, verificamos a existência de poucas publicações e resultados sobre o modo como é realizada a promoção da saúde no ensino superior, com os estudantes (e.g., em que modelos teóricos de baseia), considerando-se a necessidade de realização de investigações neste âmbito.

Apesar dos critérios inicialmente definidos, particularmente o facto de os artigos serem acessíveis em formato digital, temos conhecimento de várias publicações em livros de atas e/ou capítulos de livros nacionais que não apareceram na pesquisa. Salientam-se, por exemplo, os trabalhos realizados por Aparício e colaboradores, 2012, Melo e colaboradores (2012), Pereira (2011), Vagos e colaboradores (2010) e Pereira e colaboradores (2007). Importa, pois, realçar a necessidade de que os trabalhos realizados pelos investigadores na área da Psicologia, Saúde e Educação sejam disseminados através de formatos digitais, de preferência indexados às bases de dados reconhecidas cientificamente (ex.: ISIWeb, entre outras) de forma a podermos ter conhecimento do que tem sido feito em Portugal.

Page 5: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

906

Tabela 2 Artigos analisados e principais resultados Autores (Ano)

País Objetivos

Amostra

Método Resultados

Ansari, Stock, John, Deeny, Phillips, Snelgrove, Adetunji, Hu, Parke, Stoate, e Mabhala (2012). UK

Avaliar variados comportamentos de saúde e características de estilo de vida de estudantes de sete universidades de Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. Foram comparadas as diferenças entre sexos e entre universidades.

n = 3706

Quantitativo (análises estatísticas) - Transversal; Questionário com avaliação de nutrição, ingestão alimentar e os padrões de consumo de alimentos, importância de alimentação saudável, três níveis de atividade física, sono reparador, tabagismo, uso de drogas, frequência de consumo excessivo de álcool.

Enquanto o sexo feminino geralmente relatou menor uso de tabaco, álcool e drogas e maior consumo de frutas e verduras, o sexo masculino apresentou um maior nível de atividade física, consome menos doces e tem mais um sono reparador. Quando os resultados são comparados entre universidades, encontram-se clusters dos parâmetros de estudo, com práticas mais favoráveis em algumas universidades, bem como, ao contrário, práticas de maior risco exibidas noutros locais. Conclui-se que apenas uma minoria dos estudantes apresenta práticas positivas de saúde acima dos níveis recomendados e o nível de consumo excessivo de álcool é elevado; assim, são necessários programas de promoção da saúde.

Brandão, Pimentel, e Cardoso (2011) Portugal

Avaliar a influência da vida académica na saúde de estudantes universitários.

n = 154

Quantitativo (análises estatísticas) - Longitudinal Descritivo; Características sociodemográficas e comportamentais foram avaliadas por meio de questionários. Foram medidos peso, altura, pressão arterial, glicemia, perfil lipídico e os níveis séricos de homocisteína dos alunos.

Estudantes expostos à vida académica, quando comparados com aqueles de ingresso recente na universidade, apresentaram proporções mais elevadas de dislipidemia (44,0% versus 28,6%), sobrepeso (16,3% versus 12,5%) e tabagismo (19,3% versus 0,0%). No geral, foi observada uma alta proporção de sedentarismo (cerca de 80%). O colesterol total, lipoproteína de alta densidade, triglicérides, pressão arterial sistólica e níveis de atividade física apresentaram associação significativa com o género (p < 0,001). A exposição académica apresentou-se associada com o aumento dos níveis das lipoproteínas de baixa densidade (cerca de 1,12 vezes), e marginalmente com os níveis de colesterol total (p = 0,041). Os resultados podem servir de apoio às universidades no desenvolvimento de programas de prevenção e promoção da saúde.

Calabretto (2009) Austrália

Explorar os conhecimentos e atitudes de alunos do primeiro ano sobre a contraceção de emergência e o risco de gravidez.

n = 627

Quantitativo (análises estatísticas); Questionário criado pelo autor

Verificou-se um conhecimento reduzido sobre os efeitos da contraceção de emergência no que respeita o tempo em que deve ser utilizada, a acessibilidade e os seus efeitos secundários. Tal pode apresentar-se uma barreira para a sua utilização em caso de uma relação sexual desprotegida. Necessidade de campanhas de promoção da saúde para melhorar os conhecimentos da população.

Dunne e Somerset M. (2004) UK

Identificar as necessidades de saúde dos estudantes universitários e as suas representações sobre a promoção da saúde na Universidade.

n = 31

Qualitativo - Descritivo Exploratório; Focus group

As necessidades dos estudantes distribuem-se entre adaptação à vida académica, comportamentos associados a estilos de vida e prestação de serviços de apoio. Para promoção da saúde distinguem áreas como o consumo de álcool e drogas, alimentação saudável e saúde mental e o uso de campanhas de sensibilização.

Page 6: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

907

Autores (Ano) País

Objetivos Amostra

Método Resultados

Feitosa, Dantas, Andrade-Wartha, Marcellini, e Mendes-Netto (2010) Brasil

Avaliar os hábitos alimentares de estudantes de uma universidade pública do nordeste.

n = 718

Quantitativo (análises estatísticas); Questionário “Como está sua alimentação?”

A maioria dos estudantes apresentou um baixo consumo diário de frutas, verduras e legumes. O sexo feminino demonstra inadequação no consumo de fritos e doces e na troca de refeições principais por lanches. O sexo masculino apresenta menor preocupação com a retirada de gordura aparente das carnes e maior frequência do consumo de álcool. Necessidade de uma abordagem diferenciada e de elaboração de estratégias de promoção de saúde adequadas.

Ferreira (2008) Portugal

Identificar a existência ou não de consumo excessivo de bebidas alcoólicas pelos estudantes e avaliar os comportamentos de risco associados a este tipo de consumo.

n = 354

Quantitativo - Transversal Correlacional; Questionários Caracterização da Participação e Consumo de Álcool em Festas Académicas; Escala de Consumo de Álcool em Festas Académicas (ECAFA); Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) e Caracterização circunstancial

Verifica-se um consumo moderado de bebidas alcoólicas e poucos comportamentos de risco associados. Verificou-se um maior consumo por parte dos estudantes do sexo masculino. Existe uma correlação significativa positiva entre o consumo de álcool, festas académicas e alunos deslocados. Para além disso, os estudantes de Engenharia apresentam resultados de consumo de bebidas alcoólicas significativamente mais elevados em relação os estudantes de Humanidades e Ciências Socias e alunos de Saúde.

Hacýhasano, Yýldýrým, Karakurt, e Sag¢lam (2011) Turquia

Determinar o comportamento associado a um estilo de vida saudável dos estudantes

n = 981

Quantitativo (análises estatísticas); Health Promotion Life-Style Profile Scale

Os pontos médios de comportamentos associados a um estilo de vida saudável dos estudantes apresentaram-se no nível médio da escala. O ano de estudo dos alunos, o nível de escolaridade dos pais, o seu nível económico, o local de residência e hábitos tabágicos dos estudantes resultaram numa diferença significativa entre a pontuação média total da escala e na média da maioria das subescalas.

Hamdan-Mansour e Marmash (2007) Jordânia

Avaliar a relação entre a perceção de bem-estar psicológico e a informação geral de saúde de estudantes de seis universidades da Jordânia.

n = 1108

Quantivativo (análises estatísticas) - correlacional descritivo; Psychological Well-Being Scale, Health Screening Questionnaire

Os estudantes percecionam o seu bem-estar psicológico como moderado. As subescalas de bem-estar psicológico apresentam-se correlacionadas negativamente com relatos de dor física, infeções crónicas e tratamento anterior ou atual de uma doença psiquiátrica.

Ledo-Várela, Román, González-Sagrado, Jauregui, Vicente, e Fuente (2011) Espanha

Avaliar a situação antropométrica e o estilo de vida de uma amostra de universitários.

n = 111

Quantitativo (análises estatísticas) - Descritivo;Análise da impedância bioelétrica, questionário do estilo de vida (avaliando a atividade física, o consumo de álcool e o tabagismo)

6,4% das mulheres apresentou um peso menor do que as recomendações de saúde (não se verificando esta característica em homens) e 27,8% dos homens e 6,5% das mulheres apresentaram excesso de peso. Por outro lado, 67% dos estudantes indicaram praticar atividade física regular, 16,7% declararam ser fumadores e 55,6% afirmaram consumir álcool de grau elevado. Necessidade de projetos de promoção da saúde.

Page 7: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

908

Autores (Ano) País

Objetivos Amostra

Método Resultados

Lee e Loke (2005) China

Avaliar comportamentos promotores de saúde e bem-estar psicossocial de estudantes universitários em Hong Kong.

n = 247

Quantivativo (análises estatísticas) - transversal; Versão chinesa de Health Promotion Lifestyle Profile II

Relativamente poucos estudantes se sentem responsáveis pela sua saúde (27,1%), praticam atividade física (31,2%), ou exercício regular (13,8%). Menos da metade come frutas (35,2%) e legumes (48,9%) diariamente. Um crescimento pessoal positivo foi relatado por 50,6% dos alunos, sendo que 42,5% apresentam competência de gestão do stresse e 74,1% avaliam suas relações interpessoais como significativas e gratificantes. Estas informações podem ajudar os administradores de universidades, professores e profissionais de saúde a estruturar um ambiente mais saudável e a desenvolver programas de promoção da saúde.

Lemma, Gelaye, Berhane, Worku, e Williams (2012). Etiópia

Avaliar a qualidade do sono e os seus correlatos demográficos e psicológicos nos estudantes universitários.

n = 2551

Quantitativo (análises estatísticas) - Transversal; Pittsburgh Sleep Quality Index, Depression Anxiety Stress Scale-21, Perceived Stress Scale, alguns módulos da World Health Organization STEPS.

A prevalência de má qualidade do sono foi de 55,8%. Estudantes do sexo feminino, do segundo ou do terceiro ano apresentaram maiores probabilidades de sono pobre. Ainda, perceção de stresse e sintomas de depressão e de ansiedade apresentaram-se fortemente associados à qualidade do sono. Os programas de educação e promoção da saúde devem enfatizar a importância do sono e da saúde mental.

Liu (2010) China

Explicar o conceito de saúde mental e a importância de promover a dos estudantes universitários; analisar o estado atual de problemas psicológicos; e explorar as medidas tomadas para promover a saúde mental dos estudantes.

- Artigo teórico

O artigo cumpre uma descrição teórica dos objetivos propostos, analisando: a) a importância de promover a saúde mental dos estudantes universitários, sendo este um meio eficaz para melhorar a sua qualidade de vida geral e promover o seu potencial, apresentando-se a saúde mental uma força importante no desenvolvimento da personalidade; b) os problemas psicológicos dos estudantes; c) métodos efetivos de promoção da saúde - educação, variedade de atividades no campus, atividade física, política ideológica das instituições de ensino superior, empoderamento para a "autoeducação".

Mello, Moysés, e Moysés (2010) Brasil

Problematizar os pressupostos teóricos do debate contemporâneo sobre a educação, registando-se a proeminência da formação profissional em saúde.

- Artigo teórico

Universidades envolvidas com projetos de promoção da saúde podem obter muitos benefícios, desde a valorização da sua imagem pública, a sua importância para a saúde local, regional e nacional, a melhoria dos projetos institucionais e pedagógicos, incluindo a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos, e as condições de atividade e de permanência das pessoas que ali trabalham, estudam, vivem e socializam. As universidades possuem potencial para contribuir com a saúde em três áreas distintas: a) Criando ambientes de trabalho, aprendizagem e vivências saudáveis para estudantes e funcionários; b) Ampliando a importância da saúde, promoção da saúde no ensino e na pesquisa; c) Desenvolvendo alianças e parcerias para a promoção da saúde e atuação comunitária.

Page 8: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

909

Autores (Ano) País

Objetivos Amostra

Método Resultados

Oliveira (2008) Portugal

Intervir no stresse, construindo, implementando e avaliando um programa de desenvolvimento de competências de gestão de stresse para jovens adultos, estudantes da Universidade de Aveiro.

n = 23

Quantitativo (análises estatísticas) e Qualitativo - Exploratório e Descritivo; A implementação do programa decorreu em oito sessões, cinco presenciais e três online, com a duração de 90 minutos cada onde, com recurso a metodologias ativas.

Verificam-se melhorias significativas ao nível da sintomatologia depressiva, ansiosa e queixas psiquiátricas, sugerindo que o programa e a metodologia utilizados foram adequados e que deve ser dado maior relevo a intervenções desta natureza. Considera-se a necessidade de continuar a apostar no apoio prestado aos alunos pelos seus pares e a criação de um serviço de aconselhamento psicológico na Universidade de Aveiro.

Rosenthal, Jean Russell, e Thomson(2008) Austrália

Avaliar o bem-estar e a saúde de estudantes internacionais, isto é, de países estrangeiros, a estudar numa universidade da Austrália.

n = 979

Quantitativo (análises estatísticas); Questionário sobre saúde e bem-estar, nos aspetos de saúde física, mental, de risco para o próprio, experiências de abuso e angústia, comportamentos de risco, informação situacional.

A maioria dos estudantes avaliou sua saúde física e mental atual e anterior de forma positiva. Porém, comportamentos de risco como atividade sexual desprotegida, uso de drogas, tabaco e jogos de azar foram relatados por alguns alunos. Poucos avaliaram a experiência de estudar em um país estrangeiro prejudicial para o seu bem-estar. No entanto, para aqueles que encontram dificuldades ou estão em maior risco de resultados comprometedores para a saúde, devem garantir-se melhores serviços da educação e promoção da saúde, com acesso e utilização dos serviços de aconselhamento e serviços de saúde.

Sakamaki, Amamoto, Mochida, Shinfuku, e Toyama (2005) Japão e Coreia

Comparar os hábitos alimentares e preferências relativas à forma do corpo de estudantes do sexo feminino na Coreia do Sul e Japão, para explorar as perceções da forma corporal nestas populações.

n = 265; 141 da Coreia e 124 do Japão

Quantitativo (análises estatísticas); Questionário

A comparação das distribuições do IMC nos dois países mostrou valores mais altos nas categorias normais, juntamente com uma taxa baixa de obesidade. Os estudantes japoneses comem refeições mais regularmente (3x/dia) do que os coreanos (2x/dia) e ingerem mais vezes o pequeno-almoço. Embora a maioria dos E tenham um IMC normal, a sua classificação de IMC ideal pertence à categoria abaixo do peso. Necessidade de programas de promoção da saúde e nutrição, especialmente, que enfatizem o controlo do peso.

Page 9: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

910

Autores (Ano) País

Objetivos Amostra

Método Resultados

Santos (2011) Portugal

Caracterizar a saúde mental dos estudantes universitários, ao nível de sintomas depressivos, stresse e bem-estar; Identificar os seus padrões de consumo de álcool; Conhecer a prevalência de dois comportamentos de risco ligados a álcool, os comportamentos sexuais de risco e a condução sob o efeito de álcool; Analisar a relação entre saúde mental e consumo de álcool no ensino superior.

n = 666

Quantitativo (análises estatísticas) - Transversal;Ficha de Caracterização Sociodemográfica e Académica; Medida de Saúde Comportamental-20; Inventário da Depressão em Estudantes Universitários; Inventário de Stress em Estudantes Universitários; Questionário de Comportamentos de Risco em Estudantes Universitários.

32% dos estudantes encontram-se num patamar disfuncional quanto à sua saúde mental, 15% apresentam sintomatologia depressiva e 26% sofrem de níveis elevados de stresse, mas que apenas uma minoria destes alunos recebe apoio psicológico profissional. Os níveis de saúde mental foram inferiores nas mulheres, nos alunos do 1º e do 3º ano, da área de Saúde e de estatuto socioeconómico baixo. A maioria consome álcool e 41% tinha tido episódios de ingestão excessiva no último mês. O consumo de álcool foi superior nos homens, nos estudantes da área de Engenharias, de estatuto socioeconómico elevado e nos deslocados. Quanto a problemas ligados ao álcool, 13% dos estudantes sexualmente ativos admitiram ter tido relações sexuais decorrentes do consumo de álcool, no último ano, e 29% praticaram condução sob o efeito de álcool no último mês. Estes comportamentos foram mais frequentes em estudantes do sexo masculino e naqueles que tiveram episódios de ingestão excessiva. Necessidades de as instituições do ensino superior reforçarem a identificação e o tratamento de problemas existentes e apostarem na prevenção, tanto através de estratégias dirigidas a toda a comunidade, no âmbito da educação para a saúde e da literacia em saúde mental, como através de iniciativas destinadas aos grupos de risco identificados.

Silva e Petroski (2012) Brasil

Avaliar a prevalência e os fatores associados a comportamentos de risco para a saúde em estudantes do primeiro ano.

n = 738

Qualitativo - Descritivo; Entrevistas em profundidade, com questões semiabertas para avaliar as políticas, os recursos, os serviços, o ambiente físico e social, o conhecimento e o comportamento.

8,7% dos estudantes eram fumadores, 45,9% apresentavam abuso de álcool, 59,4% tinham alimentação inadequada e 18,5% eram fisicamente inativos. 20,2% não apresentaram comportamento de risco, 39,1% apresentaram um comportamento, 29,0% dois comportamentos de risco e 11,7% três e / ou quatro. Necessidade de intervenções de promoção da saúde para mudança de comportamentos.

Silva e Petroski (2011) Brasil

Analisar os fatores associados ao nível de participação de estudantes do primeiro ano em atividades físicas numa universidade pública no Sul do Brasil.

n = 738

Quantitativo (análises estatísticas); Questionário da Associação Canadense de Fisiologia do Exercício e Avaliação do IMC

Universitários do sexo feminino e com excesso de peso apresentaram maior risco de inadequação para participação em atividades físicas, devendo promover-se a saúde essencialmente junto de estudantes com estas características.

Smith e Wessel (2011) USA

Compreender as respostas dos alunos a questões sobre álcool e outras drogas e comportamento sexual relacionado com a utilização destas substâncias.

n = 1220

Quantitativo (análises estatísticas); National College Health Risk Behavior Survey

Conhecimento de dados básicos sobre os comportamentos de estudantes universitários que podem ajudar a determinar objetivos de cursos relacionados com a educação para a saúde e bem-estar, de promoção da saúde e de serviços prestados aos estudantes.

Page 10: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

911

Autores (Ano) País

Objetivos Amostra

Método Resultados

Xiangyang, Lan, Xueping, Tao, Yuzhen, e Jagusztyn (2003) China

Avaliar a implementação de estratégias para uma universidade de promoção da saúde, incluindo a reforma e criação de políticas saudáveis, a criação de um ambiente físico e social saudável, o desenvolvimento de competências pessoais de saúde, a reorientação dos serviços de saúde e a implementação de atividades de intervenção - um ano depois do lançamento do projeto.

n = 166 estudantes e 117 professores/funcionários

Qualitativo - Descritivo; Entrevistas em profundidade, com questões semiabertas para avaliar as políticas, os recursos, os serviços, o ambiente físico e social, o conhecimento e o comportamento.

Verificou-se uma mudança significativa observada tanto no ambiente como no conhecimento sobre a saúde e no comportamento, como resultado da implementação do projeto para universidades saudáveis. No entanto, mais estudos devem ser realizados para confirmar o efeito real, sendo não foram utilizados grupos de controlo nesta pesquisa.

Yager e O'dea (2008) Austrália

Revisão de 27 programas de educação e promoção da saúde para melhorar a insatisfação corporal, dieta e perturbações alimentares e comportamentos associados à atividade física de estudantes.

- Revisão da literatura de 27 programas

Em geral, os programas de educação e promoção da saúde com os objetivos referidos e no contexto académico têm sido limitados pelo tamanho reduzido das amostras e pela exclusão de estudantes do sexo masculino. Abordagens baseadas na transmissão de informação, cognitivo comportamentais e de psicoeducação apresentam-se as menos eficazes. Identificam-se elementos de sucesso para iniciativas futuras, como a adoção de uma literacia mediática e a dissonância na abordagem educacional, incorporando atividades de educação em saúde que desenvolvem a autoestima, e usando computadores e a internet como um meio de intervenção.

Yahia, Achkar, Abdallah, e Rizk (2008) Líbano

Avaliar a prevalência de excesso de peso e obesidade numa amostra de estudantes em Beirute e examinar os seus hábitos alimentares.

n = 220

Quantitativo (análises estatísticas); Questionário com perguntas sobre a alimentação, hábitos de tabágicos e de consumo de álcool. Medida do peso, altura, percentual de gordura corporal e IMC.

A maioria dos alunos tinha um peso normal e a prevalência de excesso de peso e de obesidade foi mais comum entre o sexo masculino do que feminino. Em contrapartida, 6,4% dos estudantes do sexo feminino estavam abaixo do peso, em comparação com 1% do sexo masculino. A maioria dos E relatou tomar refeições regularmente. O sexo feminino apresentou hábitos alimentares mais saudáveis, em termos de consumo de pequeno-almoço diário e frequência das refeições. O consumo de álcool e tabagismo não se apresentou comum. Os estudantes podiam possivelmente beneficiar de um programa de promoção de saúde e nutrição, especialmente entre os estudantes do sexo masculino.

Yahia, El-Ghazale, Achkar, e Rizk (2011) Líbano

Obter uma compreensão preliminar de que dieta praticam os estudantes de uma universidade de Beiture para atingirem o seu peso corporal desejável, e determinar a magnitude de insatisfação corporal em relação ao status de peso

n = 252

Quantitativo (análises estatísticas); Questionário que incluía perguntas sobre a dieta e prática de atividade física, "The body shape questionnaire (BSQ) e medida de peso, altura e percentagem de gordura corporal.

Os resultados indicam que as práticas não saudáveis de dieta são incomuns entre os estudantes. Metade dos alunos relatou a prática de atividade física regular. A maioria dos alunos não é preocupada com a sua perceção de imagem corporal, embora os resultados mais elevados de preocupação se associem ao sexo feminino. No entanto, o desenvolvimento de programas de promoção de saúde para promover uma boa autoimagem, dentro do conceito de um peso saudável e realista será benéfico, especialmente entre o sexo feminino.

Page 11: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

912

Page 12: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

913

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ajzen, I., & Madden, T. J. (1986). Prediction of goal-directed behavior: Attitudes, intentions, and perceived behavioral control, Journal of Experimental Social Psychology, 22, 453-474.

Ansari, W. E., Stock, C., John. J., Deeny, P., Phillips, C., Snelgrove, S., Adetunji, H., Hu, X., Parke, S., Stoate, M., & Mabhala, A. (2012). Health promoting behaviours and lifestyle characteristics of students at seven universities in the UK. Central European Journal of Public Health, 19(4), 197-204.

Aparício, G., Pereira, A.; Cunha, M. & Duarte, J. (2012). Early markers of cardiovascular and metabolic risk in Portuguese young adults. European Journal of Public Health, 22 (supplement 2), [Abstract], p. 289.

Bennett, P., & Murphy, S. (1999). Psicologia e Promoção da Saúde. Lisboa: Climepsi.

Brandão, M. P., Pimentel, F. L., & Cardoso, M. F. (2011). Impact of academic exposure on health status of university students. Revista de Saúde Pública, 45(1), 49-58.

Calabretto, H. (2009). Emergency contraception – knowledge and attitudes in a group of Australian university students. Australian and New Zealand Journal of Public Health, 33(3), 234-239.

Campos, M. C. S. F. (2000). Educação para a saúde no ensino superior. In J. Precioso, F. Viseu, L. Dourado, M. T. Vilaça, R. Henriques, & T. Lacerda (2000). Educação para a saúde (pp. 73-88). Minho: Departamento de Metodologias de Educação da Universidade de Minho.

Dias, M., Duque, A., Silva, M., & Durá, E. (2004). Promoção da saúde: O renascimento de uma ideologia. Análise Psicológica, 3(XXII), 463-473.

Downie, R. S., Tannahill, C., & Tannahill, A. (1996). Health promotion: models and values (2ª ed.). New York: Oxford University Press.

Dunne, C. & Somerset M. (2004). Health promotion in university: what do students want? Health Education, 104(6), 360-370.

Feitosa, E. P. S., Dantas, C. A. O., Andrade-Wartha, E. R. S., Marcellini, P. S., & Mendes-Netto, R. S. (2010). Hábitos alimentares de estudantes de uma universidade pública no nordeste, Brasil. Alimentos e Nutrição Araraquara, 21(2), 225-230.

Ferreira, A. P. S. (2008). O Consumo de Álcool e Comportamentos de Risco nos Estudantes do Ensino Superior. Tese de Mestrado. Aveiro: Departamento de Educação da Universidade de Aveiro.

Hacýhasano, R., Yýldýrým, A., Karakurt, P., Sag¢lam, R. (2011). Healthy lifestyle behaviour in university students and influential factors in eastern Turkey. International Journal of Nursing Practice,17, 43–51.

Hamdan-Mansour, A. M., & Marmash, L. R. (2007). Psychological Well-Being and General Health of Jordanian University Students. Journal of Psychosocial Nursing and, 45(10), 31-39.

Howard, Donna E., Schiraldi, Glenn, Pineda, Arlene, & Campanella, Randi (2006). Stress and mental health among college students: Overview and promising prevention interventions. In Landow, Mery V. (Ed.). Stress and mental health of college students. New York: Nova Science Publishers, pp. 91-124.

Ledo-Várela, M. T., Román, D. A. L., González-Sagrado, M., Jauregui, O. I., Vicente, R. C., & Fuente, R. A. (2011). Características nutricionales y estilo de vida en universitários. Nutrición Hospitalaria, 26(4), 814-818.

Lee, R. L. T, & Loke, A. J. T. Y. (2005). Health-Promoting Behaviors and Psychosocial Well-Being of University Students in Hong Kong. Public health Nursing 22(3), 209-220.

Lemma, S., Gelaye, B., Berhane, Y., Worku, A., & Williams, M. A. (2012). Sleep quality and its psychological correlates among university students in Ethiopia: a cross-sectional study. BMC Public Health, 12, 237-

Leventhal, H., Nerenz, D.R., & Steele, D. (1984). Ilness representation and coping with health threaths. In, Baum & Singer (Eds.). Handbook of Psychology and Health (pp. 219-252). New York: Erlbaum

Liu, Y. (2010). An Analysis of Promoting Mental Health Education of the University Students. Asian Social Science, 6(7), 192-195.

Page 13: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

914

Macdonald, Theodore W., Pritchard, Mary E., & Landrum, R. Eric (2006). Facilitating preventive menatal health interventions for college students: Institutional and individual strategies. In M. V. Landow (Ed.). Stress and mental health of college students (pp. 91-124). New York: Nova Science Publishers.

Mattarazzo, J. D. (1980). Behavioural health and behavioural medicine. Frontiers for a new health psychology. American Scientist, 35, 807-817.

Melo, A., Motta, E., Bernardino, O., Rodrigues, M., Rodrigues, M., J., Bronze, J., Oliveira, L., Marques, M., Martins, M., & Pereira, A., (2012). Como Lidar com Dificuldades Académicas - Aplicação e avaliação do Ciclo de Formação. In D. Vieira, A. Ferreira, C. Fernandes, I. Magalhães, I. Ardions, S.

Pinto, A. Pereira (Eds). Apoio psicológico no ensino superior: um olhar sobre o futuro. II Congresso Nacional RESAPES-AP, (pp. 53-59), ISBN: 978-989-97851-0-6.

Mello, A. L. S. F., Moysés, S. T., & Moysés, S. J. (2010). A universidade promotora de saúde e as mudanças na formação profissional. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 4(34), 683-692.

Odgen, J. (2004). Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi.

Oliveira, B., Feiteira, D., Ferreira, J., & Alho, L. (2010). Intervenção no Stress em Contexto Académico: Meta-análise reflexiva de estudos actuais. In A. Pereira, C. Hélder, A. C. Melo, A. I. Ferreira, & P. Vagos (Eds.), I Congresso Nacional da RESAPES-AP. Apoio psicológico no Ensino Superior: Modelos e práticas, Livro de atas. (pp. 532-538). Aveiro: Universidade de Aveiro.

Oliveira, T. C. (2008). “Stress em Linha”: Programa de intervenção no Ensino Superior. Tese de Mestrado. Aveiro: Departamento de Educação da Universidade de Aveiro.

Pais-Ribeiro, J. (2005). Introdução à Psicologia da Saúde (2ª ed.). Coimbra: Quarteto Editora.

Pereira, A. M. S. (2009). Psychological Counselling in Higher Education – An overview of Portuguese reality. Newsletter 16, International Association of Applied Psychology, Division of Counseling Psychology, 5(8), 17-20.

Pereira, A. M. S. (2011). Modelos de Desenvolvimento do Jovem Adulto e Promoção do Bem-Estar em Estudantes do Ensino Superior. In I. Gonçalves, Conselho Pedagógico & Gabinete de Apoio ao Tutorado do IST (Eds.), Programa de Monotorização e Tutorado: oito anos a promover a Integração do Sucesso Académico no IS (pp. 19-27). Lisboa: IST Press.

Pereira, A, Monteiro, S.; Santos, L.; Vagos, P. (2007). O Stresse do estudante: Identificar, treinar e optimizar. In Psicologia e Educação, Vol. VI, n.º 1, pp. 55-61

Pitts, M., & Phillips, K. (eds.) (1998). The psychology of health: an introduction (2ª ed.). New York: Routledge.

Prochaska, J. O., & DiClement, C. C. (1982). Transtheorectical therapy: towards a more integrative model of change. Psychoterapy: Theory, Research and Practice, 20, 161-173.

Rocha, E. (2008). Universidades Promotoras de Saúde [2]. Revista Portuguesa de Cardiologia, 27(1), 29-35.

Rogers, R. W. (1975). A protection motivation theory of fear appeals and attitudes change, Journal of Psychology, 91, 93-114.

Rosenstock, I. M. (1966). Why people use health services. Millbank Memorial Fund Quarterly, 44, 94.

Rosenthal, D. A., Jean Russell, J., & Thomson, G. (2008). The health and wellbeing of international students at an Australian university. Higher Education, 55, 51-67.

Sakamaki, R., Amamoto, R., Mochida, Y., Shinfuku, N., & Toyama, K. (2005). A comparative study of food habits and body shape perception of university students in Japan and Korea. Nutrition Journal, 4(31),

Santos, M. L. R. R. (2011). Saúde mental e comportamentos de risco em estudantes universitários. Tese de Doutoramento. Aveiro: Departamento de Educação da Universidade de Aveiro.

Schwarzer, R. (1992). Self-efficacy in the adoption and maintenance of health behaviours: Theoretical approaches and a new model. In R. Schwarzer (Ed.), Self-efficacy: Thought control of action (pp. 217-243), Washington: Hemisphere.

Page 14: Promoção da saúde no ensino superior revisão sistemática pdf

915

Silva, D. A. S, & Petroski, E. L. (2012). The Simultaneous Presence of Health Risk Behaviors in Freshman College Students in Brazil. Journal of Community Health, 37(3), 591-598.

Silva, D. A. S., & Petroski, E. L. (2011). Fatores associados ao nível de participação em atividades físicas em estudantes de uma universidade pública no sul do Brasil. Ciência e Saúde Colectiva, 16(10), 4087-4094.

Smith, T. M. E, & Wessel, M. T. (2011). Alcohol, drugs, and links to sexual risk behaviors among a sample of Virginia college students. Journal of Drug Education, 41(1), 1-16.

Stanley, N., & Manthorpe (2002) (Eds.). Student’s mental health needs: Problems and responses. London: Jessica Kinsley Publishers.

Tsouros, A. D., Dowding, G., Thompson, J., & Dooris, M. (Eds.) (1998). Health Promoting Universities: Concept, experience and framework for action. Copenhaga: World Health Organization Regional Office for Europe

Vagos, P., Santos, L., Monteiro, S., Vasconcelos, G., Amaral, V., & Pereira. A. (2010). Gestão do stress académico: Evidências do passado e desafios para o futuro. In A. Pereira, C. Hélder, A. C. Melo, A. I. Ferreira, & P. Vagos (Eds.), I Congresso Nacional da RESAPES-AP. Apoio psicológico no Ensino Superior: Modelos e práticas, Livro de atas. (pp. 74-81). Aveiro: Universidade de Aveiro.

World Health Organization (1986). Ottawa charter for health promotion. Canada: World Health Organization.

Xiangyang, T., Lan, Z., Xueping, M., Tao, Z., Yuzhen, S., & Jagusztyn, M. (2003). Beijing health promoting universities: practice and evaluation. Health Promotion International, 18(2), 107-113.

Yager, Z., & O'dea, J. A. (2008). Prevention programs for body image and eating disorders on University campuses: a review of large, controlled interventions. Health Promotion International, 23(2), 173-189.

Yahia, N., Achkar, A., Abdallah, A., & Rizk, S. (2008). Eating habits and obesity among Lebanese university students, Nutrition Journal, 7(32).

Yahia, N., El-Ghazale, H., Achkar, A., & Rizk, S. (2011). Dieting practices and body image perception among Lebanese university students. Asia Pacific Journal of Clinical Nutrition, 20(1), 21.