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Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golfe de Monte Rei – Resumo Não Técnico 1/7 RESUMO NÃO TÉCNICO DO ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO CAMPO DE GOLFE MONTE REI Outubro 2001 Introdução O projecto do Campo de Golfe Monte Rei é promovido pela VNC - Vila Nova de Cacela - Promoção Imobiliária e Investimentos Turísticos, Lda., e localiza-se na região do Algarve, concelho de Vila Real de Santo António, freguesia de Vila Nova de Cacela, lugar das Sesmarias (Desenho 1). O Projecto encontra-se previsto no Plano de Urbanização (PU) das Sesmarias, actualmente em fase de consulta pública após aprovação em Assembleia Municipal, com parecer positivo, ou positivo condicionado por parte das entidades competentes. O Projecto ocupa um espaço classificado como Núcleo de Desenvolvimento Turístico no Plano Director Municipal (PDM) de Vila Real de Santo António. O Projecto foi objecto do presente Estudo de Impacte Ambiental (EIA), do qual este relatório constitui o Resumo Não Técnico (RNT). O EIA teve início em 19 de Fevereiro de 2001, e concluiu-se em 18 de Outubro de 2001. Os EIA de campos de golfe em Portugal são obrigatórios, nos termos do Decreto-Lei nº 69/2000 de 3 de Maio, para projectos com mais de 18 buracos ou com mais de 45 ha de área. Uma vez que o Projecto ocupa uma área efectiva inferior a 45 ha, o EIA foi realizado por iniciativa voluntária do proponente, não estando sujeito ao procedimento legal de AIA. Com este projecto a VNC, Lda. procura incrementar a quantidade e a qualidade da oferta no domínio das infra-estruturas desportivas para a prática do golfe em Portugal, sobretudo na zona do sotavento algarvio. Com efeito, o número crescente de campos de golfe na região do Algarve vem-se localizando sobretudo na zona central (nomeadamente nos concelhos de Loulé e Albufeira). Este projecto pretende constituir uma alternativa no Sotavento Algarvio, associado a projectos de desenvolvimento turístico de baixa densidade em região de Serra Algarvia. Caracterização do Projecto Trata-se de um campo de golfe com 18 buracos, o qual, incluindo o campo de treino, ocupa efectivamente cerca de 43 ha dos 64 ha afectados à sua construção no VNC – VILA NOVA DE CACELA PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA E INVESTIMENTOS TURÍSTICOS, LDA

PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA E INVESTIMENTOS TURÍSTICOS DAsiaia.apambiente.pt/AIADOC/AIA1042/RNT1042.pdf · O relevo dobrado e o coberto vegetal dominante conferem à unidade de paisagem

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Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golfe de Monte Rei – Resumo Não Técnico 1/7

RESUMO NÃO TÉCNICO DO ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO CAMPO DE GOLFE MONTE REI

Outubro 2001

Introdução

O projecto do Campo de Golfe Monte Rei é promovido pela VNC - Vila Nova de Cacela - Promoção Imobiliária e Investimentos Turísticos, Lda., e localiza-se na região do Algarve, concelho de Vila Real de Santo António, freguesia de Vila Nova de Cacela, lugar das Sesmarias (Desenho 1). O Projecto encontra-se previsto no Plano de Urbanização (PU) das Sesmarias, actualmente em fase de consulta pública após aprovação em Assembleia Municipal, com parecer positivo, ou positivo condicionado por parte das entidades competentes. O Projecto ocupa um espaço classificado como Núcleo de Desenvolvimento Turístico no Plano Director Municipal (PDM) de Vila Real de Santo António.

O Projecto foi objecto do presente Estudo de Impacte Ambiental (EIA), do qual este relatório constitui o Resumo Não Técnico (RNT). O EIA teve início em 19 de Fevereiro de 2001, e concluiu-se em 18 de Outubro de 2001. Os EIA de campos de golfe em Portugal são obrigatórios, nos termos do Decreto-Lei nº 69/2000 de 3 de

Maio, para projectos com mais de 18 buracos ou com mais de 45 ha de área. Uma vez que o Projecto ocupa uma área efectiva inferior a 45 ha, o EIA foi realizado por iniciativa voluntária do proponente, não estando sujeito ao procedimento legal de AIA.

Com este projecto a VNC, Lda. procura incrementar a quantidade e a qualidade da oferta no domínio das infra-estruturas desportivas para a prática do golfe em Portugal, sobretudo na zona do sotavento algarvio. Com efeito, o número crescente de campos de golfe na região do Algarve vem-se localizando sobretudo na zona central (nomeadamente nos concelhos de Loulé e Albufeira). Este projecto pretende constituir uma alternativa no Sotavento Algarvio, associado a projectos de desenvolvimento turístico de baixa densidade em região de Serra Algarvia.

Caracterização do Projecto

Trata-se de um campo de golfe com 18 buracos, o qual, incluindo o campo de treino, ocupa efectivamente cerca de 43 ha dos 64 ha afectados à sua construção no

VNC – VILA NOVA DE CACELA

PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA E INVESTIMENTOS TURÍSTICOS, LDA

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PU das Sesmarias. Prevê-se uma utilização inicial do campo com cerca de 20.000 voltas/ano, crescendo para cerca de 42.000 voltas/ano nos primeiros 4 a 5 anos, com um número máximo diário de jogadores inferior a 200, no pico de utilização.

O Projecto desenvolve-se numa área classificada como sub-unidade golfes (SUG) 1, destinada para esse fim no PU das Sesmarias. Este PU propõe, para uma área com cerca de 800 ha, para além do projecto em análise, um projecto urbanístico com cerca de 5500 camas. Nesta perspectiva, o projecto em análise é apenas um dos elementos menores da intervenção proposta, que inclui mais dois campos de golfe, uma componente urbanística de tipo residencial/turístico e turístico (aldeamentos e apartamentos turísticos), com zonas de equipamento (clube de golfe, comércio e serviços) previstos no PU das Sesmarias, bem como os projectos hoteleiros previstos nas sub-zonas PU2 do mesmo PU.

A localização do Projecto encontra-se indicada no Desenho 2. O principal acesso à área de estudo efectua-se a oeste pela EM 509 que apresenta ligação com a EN 125, e a partir desta com a Via Longitudinal do Algarve (IP 1), ambas localizadas a sul. Além desta via principal, a rede viária local é constituída fundamentalmente por dois caminhos municipais, um que limita parcialmente o terreno a Sul e outro que o atravessa longitudinalmente a norte, ambos com ligação à EM 509.

O Projecto em si é constituído por áreas relvadas correspondentes às 18 linhas de jogo e respectivas áreas envolventes (ver Desenho 2), ocupadas com diversos tipos de relva consoante as áreas de jogo, cinco lagos e zonas de areia, designadas bunkers, que constituem obstáculos de jogo. Também deverão constituir obstáculos de jogo diversas alfarrobeiras, sobreiros e azinheiras que serão mantidas no campo, contribuindo deste modo para a preservação da vegetação natural.

O Projecto do Campo de Golfe Monte Rei (Desenho 2) integra projectos de infra-

estruturas associadas à construção do campo, que se encontram ainda em fase de concepção, e incluem o projecto paisagístico, projecto de plantações, sistema de irrigação, sistema de drenagem, construção de tanques de rega, construção de um acesso privado automóvel, clube de golfe, edifício de manutenção, construção de caminhos para carrinhos de golfe, designados buggies, condutas de água, colectores de águas residuais, central de bombagem do golfe, parques de estacionamento e outras estruturas e equipamentos necessários à prática do golfe.

Associado à construção do Projecto destaca-se, como mais relevante, a eventual construção de uma barragem de terra no rio Seco e respectiva obra de adução. Contudo, uma vez que se prevê para já a utilização de água para irrigação a partir do sistema de rega das Águas do Algarve, a construção deste projecto de barragem não se encontra ainda calendarizada.

No que se refere aos projectos complementares ao projecto do campo de golfe com maior relevância, estes encontram-se na sua maior parte previstos no Plano de Urbanização das Sesmarias, como descritos acima. Trata-se de projectos cuja iniciativa e licenciamento são independentes do Projecto em análise, mas que ocorrem na sua área de influência, e com o qual estabelecem diversas sinergias.

Não são consideradas alternativas de projecto ou de localização.

Os projectos de irrigação e de drenagem encontram-se ainda em fase de elaboração. Pode-se adiantar contudo que o sistema de irrigação deverá ser constituído por seis tanques de armazenamento ligados entre si por um sistema de auto-circulação, correspondendo a origem do sistema ao lago localizado a sul do Clube de Golfe. Para este será bombeada a água proveniente do sistema de rega das Águas do Algarve, recebendo ainda a água proveniente das drenagens do campo.

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Descrição da Situação Actual

A área em estudo encontra-se no Sotavento Algarvio, a cerca de 5,5 km da linha de costa.

O campo de golfe desenvolve-se numa vasta área de serra fracamente humanizada, que se caracteriza pela presença de alguns núcleos habitacionais dispersos ao longo da via rodoviária principal (EM 509) e, pontualmente, em montes. Grande parte do terreno é ocupada por um revestimento herbáceo arbustivo (esteva) conjugado com povoamento arbóreo disperso, denotando evidentes sinais de degradação. A restante área apresenta manchas significativas de pinheiro-manso, plantado nas encostas por iniciativa do proponente do Projecto, e manchas pontuais de alfarrobeira, sobreiro e azinheira.

O empreendimento insere-se numa área de relevo acidentado, com inclinação geral para nordeste, marcada por vales tortuosos. Os solos são esqueléticos, pouco espessos e pedregosos, sendo frequente a ausência de solo e a presença de afloramentos rochosos. O clima é característico de regiões mediterrânicas.

Apesar das condições descritas, existe um potencial de aproveitamento destes solos desde que beneficiados com mobilizações do solo e construção de terraços.

O Projecto desenvolve-se na bacia hidrográfica do rio Guadiana, sub-bacia do rio Seco, a sul do qual se localiza, aproximando-se apenas deste rio junto ao seu extremo norte. A rede de linhas de água é muito desenvolvida. Cerca de 82% da área de intervenção inclui-se na bacia hidrográfica de uma linha de água afluente do rio Seco onde se situa um tanque de retenção. A restante parte da área de intervenção, correspondente ao sector mais a norte, corre directamente para o rio Seco.

A área caracteriza-se por um forte carácter torrencial, apresentando em geral caudais médios insignificantes mas podendo, em situações extremas, registar caudais

apreciáveis. O próprio rio Seco apresenta secagem total do leito durante a estação seca, o que impossibilitou a realização de análises de qualidade da água superficial. De qualquer modo, não existem fontes de contaminação importantes a montante da localização do projecto. As águas a armazenar nos tanques de rega, e que terão origem no Reservatório de Água Bruta de Santo Estevão, apresentam boa qualidade de acordo com as exigências legais para águas de rega.

A permeabilidade do solo é muito baixa e portanto a drenagem da água é sobretudo superficial, sendo reduzida a importância das águas subterrâneas neste local (por exemplo, furos com profundidades próximas dos 50-60 metros têm-se revelado estéreis).

No que respeita à Ecologia, não ocorre qualquer tipo de habitat natural ou seminatural considerado prioritário a nível europeu. A diversidade encontrada é dominada pela extensão do montado de azinho (sobro, em menor grau), normalmente muito aberto, permitindo um bom desenvolvimento das comunidades arbustiva e herbácea, vegetação interessante mas muito bem representada na região. Nalgumas zonas o pinheiro-manso tem uma presença razoável mas sempre resultante de introdução relativamente recente. São também interessantes as comunidades ribeirinhas adaptadas a fluxos de água pouco abundantes e apenas durante parte do ano. A fraca disponibilidade de água, durante a maior parte do ano, a par com a monotonia do substrato xistoso, constituem os dois factores mais limitativos da diversidade de habitats naturais no sítio.

Quanto à Fauna, as comunidades de mamíferos e de aves são constituídas essencialmente por espécies bem distribuídas no nosso território e que, no caso dos mamíferos, não estão sujeitas a nenhum estatuto de conservação, nem em Portugal nem no espaço comunitário. No caso da avifauna correm três espécies (cegonha-branca, rôla-comum e corvo) classificadas como vulneráveis em Portugal, contudo qualquer destas espécies

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não possui nesta zona populações de importância nacional ou mesmo regional. Com estatuto comunitário há que referir a presença de cinco espécies, três das quais (cotovia-pequena, cotovia-montesina e carriça-do-mato) possuem distribuições muito alargadas no território nacional, enquanto que a cegonha-branca se encontra em expansão em toda a sua área de distribuição nacional. O caso da águia-cobreira é um pouco diferente, uma vez que se trata de uma espécie com uma população relativamente reduzida. Na área de afectação deverá existir apenas um casal desta espécie, o que representa menos de 1% da população nacional.

As características ecológicas da área não são especialmente favoráveis para os Anfíbios. Relativamente aos Répteis, embora embora existam melhores condições de ocorrência, apenas se registou a observação de populações pequenas e isoladas. No conjunto não se atribui à área de afectação nenhuma espécie vulnerável, rara ou em perigo, havendo, no entanto, a referir 4 espécies que estão protegidas por legislação comunitária, e requerendo por isso uma atenção especial no que respeita à sua conservação.

A Paisagem da área de implantação do Projecto caracteriza-se por uma razoável homogeneidade em relação aos factores que condicionam a definição das unidades de paisagem, constatando-se que esta área pertence a uma única unidade de paisagem: as “Faldas da Serra Algarvia”. Esta unidade de paisagem apresenta um relevo com acentuada variação de cota (aproximadamente 70 metros) mas de pequena altitude (cota máxima 125 metros). Tal como a generalidade da Serra Algarvia trata-se de uma unidade de paisagem com povoamento disperso e fracamente humanizada em contraste com a zona litoral que se inicia cerca de 2 km para sul.

O relevo dobrado e o coberto vegetal dominante conferem à unidade de paisagem um carácter visual relativamente fechado, com bacias visuais de pequena dimensão e bem delimitadas, embora ao

longo das cumeadas e dos pontos mais elevados se obtenham vistas um pouco mais amplas principalmente para sul. Considerou-se a qualidade visual baixa, e uma média a elevada capacidade de absorção visual das alterações que se possam vir a verificar.

Do ponto de vista do Património e Arqueologia, não ocorrem valores significativos no local.

Dando agora uma perspectiva socioeconómica e de ordenamento do território, o projecto situa-se na freguesia de Vila Nova de Cacela que reproduz a pequena escala a dualidade característica da região algarvia: uma densa ocupação do litoral e desertificação do interior. A Estrada Nacional 125, a linha de caminho de ferro, e a praia de Manta Rota constituíram os principais elementos estruturantes da ocupação do território. A norte da linha de caminho de ferro a ocupação humana começa a rarear, passando a ser pontual e dispersa na zona serrana. A área de implantação do Campo de Golfe Monte Rei localiza-se já em plena Serra.

O principal acesso é a EM 509, eixo rodoviário que liga à EN 125. Esta via delimita, por poente, a área do futuro campo de golfe, a qual é atravessada, na faixa norte, por um caminho municipal que liga a EM 509 e o CM 1132-1.

A ocupação edificada na área de implantação Projecto, e sua envolvente próxima, consiste em três edifícios de habitação rural, dois dos quais, com anexos agrícolas. Existe também um cercado para animais. Destes edifícios, apenas um constituía habitação permanente, encontrando-se os restantes em estado de degradação. O referido edifício de habitação encontrava-se, à data de elaboração deste Relatório, em fase de venda ao dono de obra. A restante área de estudo é fundamentalmente ocupada por vegetação arbustiva e arbórea (pinheiro manso, muitas vezes em povoamentos recentes, eucalipto e, de forma mais dispersa, sobreiro, azinheira, alfarrobeira e amendoeira).

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A zona de implantação do Campo de Golfe Monte Rei encontra-se localizada na área definida como Núcleo de Desenvolvimento Turístico pelo PDM de Vila Real de Santo António, e está integrada no Plano de Urbanização (PU) das Sesmarias, da autoria do município, o qual identifica o golfe como componente fundamental do modelo de desenvolvimento turístico sustantável. De acordo com a Carta de Ordenamento do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL), a área de intervenção do projecto encontra-se classificada como zona de ocupação turística.

Não ocorrem dentro dos limites da área de intervenção do projecto áreas classificadas como Reserva Agrícola Nacional. O concelho de Vila Real de Santo António não dispõe de delimitação da REN aprovada. No âmbito do PU das Sesmarias, são propostas como áreas de REN as áreas com mais de 30% de declive. No âmbito da aprovação do PU das Sesmarias não foram colocadas objecções àquela delimitação. Na área do projecto ocorrem zonas de REN coincidindo parcialmente com áreas de implantação de zonas de jogo.

Na área de estudo, ou na sua envolvente, não ocorrem fontes significativas de poluição atmosférica. Não se registam igualmente fontes significativas de ruído.

Considerando que o Projecto se encontra previsto no PU das Sesmarias, que o mesmo já se encontra aprovado em Assembleia Municipal e por diversos pareceres institucionais (alguns contudo com carácter condicional) e que se encontra de momento em fase de consulta pública, e admitindo que esse PU virá a ser adoptado com a solução urbanística que apresenta, a qual já prevê o presente projecto, considera-se que a evolução previsível na ausência de intervenção continuaria a ser semelhante à prevista ou quando muito, objecto de maior ocupação urbanística.

A evolução da área de forma diferente da prevista só poderá ser equacionada se se vier a verificar a não adopção do PU das

Sesmarias, ou a sua alteração com particular referência ao projecto proposto.

Impactes Ambientais

Será fundamentalmente ao nível da fase de construção do campo de golfe que se deverão verificar os impactes negativos mais significativos devido às operações de desmatação do terreno e alteração da modelação do campo. Estes impactes exercem-se sobretudo nas componentes Ecologia e Paisagem. A construção de infra-estruturas, e ainda a circulação de máquinas e equipamentos poderá aumentar a erosão, causando impactes na Qualidade da Água, aumentar a produção de resíduos provenientes da actividade de construção e ainda gerar impactes significativos na qualidade do ar e no ambiente sonoro.

Igualmente negativo e significativo é o impacte determinado pela localização deste Projecto na zona. Embora o campo de golfe não constitua, por si só, um impacte muito relevante, o desenvolvimewnto subsequente da área, que está associado ao Projecto por via do PU das Sesmarias, irá determinar uma profunda alteração da paisagem e usos tradicionais naquela zona de serra da região algarvia, o que vai determinar um processo cumulativo de impactes na Paisagem e no Ordenamento do Território, transformando definitivamente a natureza de ruralidade que ainda caracteriza o local.

Em fase de operação do projecto, os impactes mais significativos surgem normalmente associados à irrigação do campo e à aplicação de fertilizantes e fito-fármacos.

No projecto de um campo de golfe a componente Água surge normalmente como a dimensão com maior importância e susceptível de determinar um impacte mais significativo. O problema aqui é bastante menor uma vez que as águas subterrâneas são demasiado profundas nesta zona para serem afectadas, e as linhas de água superficial estão secas boa parte do ano.

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Prevê-se ainda que a água para irrigação tenha origem em fonte de água superficial, associada ao Sistema de Rega do Sotavento Algarvio, infra-estrutura ainda sub-utilizada, o que reduz igualmente as pressões sobre o consumo deste importante recurso e, pelo contrário, contribui para a viabilização de um investimento público já realizado.

A Ecologia revela uma situação de impacte negativo permanente, em virtude de operações de fertilização e tratamento fito-sanitário, que vão alterar a manutenção das comunidades florísticas e a viabilidade de algumas comunidades faunísticas. Do mesmo modo, a presença de outras actividades económicas que decorrerão de projectos associados, e previstos no PU das Sesmarias, irão gerar impactes cumulativos ao nível da destruição de habitas existentes.

O risco de contaminação química sobre os recursos hídricos, através da aplicação de produtos fitofármacos, é um impacte apesar de tudo moderado, devido às práticas de gestão ambiental que se prevêem venham a ser adoptadas, embora ainda não garantido, no âmbito de um sistema de gestão ambiental. Se tal sistema vier a ser adoptado, e funcionar de forma eficaz, então este impacte será desde logo minimizado, mesmo sobre as comunidades florísticas e faunísticas.

Para além da utilização da infra-estrutura de irrigação das Águas do Algarve, outros impactes positivos incluem uma melhoria da estabilização dos solos devido às sementeiras, bem como a protecção de habitats conseguida através da implementação da estrutura de vegetação natural que, como se prevê no Projecto, irá envolver as zonas de jogo.

Como impactes positivos significativos importa indicar ainda o cumprimento estrito das directrizes de ordenamento do território, bem como, ao nível da componente Sócioeconomia, o seu efeito atractivo sobre jogadores e visitantes da urbanização prevista, a criação directa e indirecta de emprego, o estímulo às actividades económicas e a contribuição

para as receitas municipais.

Medidas de minimização

São identificadas e descritas diversas medidas que passam a fazer parte do desenvolvimento do projecto nas suas fases de construção e exploração e que se destinam a evitar, reduzir ou compensar os possíveis impactes negativos do projecto.

Essas medidas, identificadas e justificadas no capítulo V do Relatório Síntese do EIA e também nos Anexos Técnicos sempre que relacionadas com a respectiva componente ambiental analisada, são classificadas em:

− fase de construção: Protecção do solo e das linhas de água; Ecologia e Paisagem; Património; Resíduos e Fitofármacos; Qualidade do Ar e Ambiente Sonoro

− fase de exploração: Protecção do solo e das linhas de água; Gestão da água; Gestão dos lagos; Resíduos, Fertilizantes e Fitofármacos; Ecologia e Paisagem; Qualidade do Ar e Ambiente Sonoro

Estão previstas medidas relativas: à perda de solo, sobretudo em fase de construção, e o seu arrastamento, em particular, para o rio Seco e afluente; à utilização de materiais inertes, em particular associados à modelação do terreno; à ausência de obstáculos aos sistemas de drenagem natural; à preservação de espécies locais, designadamente alfarrobeiras e azinheiras; à utilização de vegetação natural no arranjo paisagístico, evitando-se o uso de espécies exóticas, e criando-se condições para a existência de espaços ecológicos com maior diversidade, como são o caso da envolvente dos tanques de rega e zonas naturais entre linhas de jogo.

Apontam-se ainda outras medidas relativas ao acompanhamento integral dos trabalhos por arqueólogo residente, à gestão de resíduos e produtos perigosos (óleos e fitofármacos), bem como à qualidade do ar e ruído.

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Em fase de exploração as medidas de minimização preconizadas aproximam-se já da noção de medidas de gestão ambiental do Projecto, muitas das quais deverão ser integradas na prática quotidiana de gestão do campo de golfe se vier a ser implementado um Sistema de Gestão Ambiental.

De referir que existem uma série de medidas, destinadas a evitar ou minimizar os impactes negativos do projecto e melhorar a sua qualidade global, que foram sugeridas durante o desenvolvimento do EIA e integradas na concepção do projecto e das suas infra-estruturas. Esse facto permitiu uma concepção mais ambiental do projecto e um melhor resultado final, tal como descrito neste EIA.

Plano de monitorização

O Campo de Golfe Monte Rei não possui previsto nenhum sistema de gestão ambiental, embora seja uma hipótese em aberto por parte dos seus responsáveis.

O EIA indica um programa de monitorização que se preocupa sobretudo com: a qualidade dos solos; a qualidade da água subterrânea, quando exista água nos poços situados no perímetro do campo de golfe; a qualidade da água superficial no rio Seco (desde que corra); a reacção dos sistemas ecológicos, vegetação e fauna, à introdução deste projecto; o controlo dos resíduos e a evolução do ambiente sonoro, em fase de implementação do projecto.

Lacunas técnicas ou de conhecimento

Durante a realização do EIA encontravam-se diversos elementos de Projecto em fase de elaboração. Este facto permitiu a integração de recomendações ambientais no decurso da elaboração do Projecto mas naturalmente impediu que o Projecto, na sua concepção final, fosse integralmente avaliado do ponto de vista dos seus impactes ambientais.

As peças de projecto não disponíveis durante o decurso do EIA incluem: sistema de irrigação, sistema de drenagem, sistema de abastecimento de água potável e saneamento, projecto paisagístico, localização de elementos diversos (caminhos para carrinhos de golfe, estacionamentos e edifício de manutenção).

Folhas seguintes

Desenho 1 (escala 1:25 000) – Localização do Projecto

Desenho 2 (escala 1:6 000) – Plano de Linhas de jogo