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PROPOSTA DE DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE REABILITAÇÃO URBANA DE MATOSINHOS Ao abrigo da Lei 32/2012, de 14 de agosto Regime Jurídico da Reabilitação Urbana 2015

PROPOSTA DE DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE REABILITAÇÃO … · ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos MatosinhosHabit - Gabinete

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PROPOSTA DE DELIMITAÇÃO

DA ÁREA DE REABILITAÇÃO URBANA

DE MATOSINHOS Ao abrigo da Lei 32/2012, de 14 de agosto Regime Jurídico da Reabilitação Urbana

2015

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 2

ÍNDICE

Preâmbulo ............................................................................................................................. 6

I - Introdução ......................................................................................................................... 7

1. Âmbito Legal .................................................................................................................. 7

2. O Município e a Reabilitação Urbana – Enquadramento Histórico ................................. 8

II – Memória Descritiva e Justificativa da ARU Matosinhos .................................................. 13

1. Planta com a Delimitação ........................................................................................... 13

2. Identificação da Área .................................................................................................. 14

3. Critérios Subjacentes à Delimitação ........................................................................... 14

4. Caracterização Urbana e Socioeconómica ................................................................. 16

5. Objetivos Estratégicos a Prosseguir ........................................................................... 21

III – Quadro dos Benefícios Fiscais de Incentivo à Reabilitação Urbana .............................. 24

ANEXOS ................................................................................................................................ 27

Gráficos

Gráfico 1 - Número de Edifícios ........................................................................................... 16

Gráfico 2 - Número de Fogos ............................................................................................... 17

Gráfico 3 - Distribuição de Alojamentos/Tipologia de Regime .............................................. 17

Gráfico 4 - Edifícios e Estado de Conservação .................................................................... 18

Gráfico 5 - Alojamentos/Instalações ..................................................................................... 18

Gráfico 6 - População Residente/Sexo ................................................................................ 19

Gráfico 7 - População Residente/Grupo Etário .................................................................... 19

Gráfico 8 - População Residente/Habilitações Literárias ...................................................... 20

Gráfico 9 - População Residente/Desemprego e Situação perante a Atividade Económica........ 20

Gráfico 10 - População Residente/Setor de Atividade .......................................................... 21

Anexos

ANEXO I - Planta de Marcação de Quarteirões ................................................................... 28

ANEXO II - Planta Geral de Património ............................................................................... 30

ANEXO III - Planta do Uso ................................................................................................... 32

ANEXO IV - Planta de Equipamentos .................................................................................. 34

ANEXO V - Planta de Ocupação ......................................................................................... 36

ANEXO VI - Planta do Estado Geral de Conservação ......................................................... 38

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MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 3

Siglas Utilizadas

ACRRU – Áreas Críticas de Recuperação e Reconversão Urbanística

AM – Assembleia Municipal

AMP – Área Metropolitana do Porto

APDL – Administração dos Portos do Douro e Leixões

ARU – Área de Reabilitação Urbana

CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental

CM – Câmara Municipal

CMM – Câmara Municipal de Matosinhos

EBF – Estatuto dos Benefícios Fiscais

ESAD – Escola Superior de Arte e Design

EM – Empresa Municipal

GOP – Gabinete de Obras e Projetos

GRU – Gabinete de Reabilitação Urbana

IGESPAR - �Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico

IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis

IMT – Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

LEV – Literatura em Viagem

MH - MatosinhosHabit

NRJRU – Novo Regime Jurídico da Reabilitação Urbana

ORU – Operação de Reabilitação Urbana

PDM – Plano Diretor Municipal

PER – Programa Especial de Realojamento

RECRIA – Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis Arrendados

RJIGT – Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

RJRU – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana

SOLARH – Programa de Solidariedade de Apoio à Recuperação de Habitação

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MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 4

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 5

“A Reabilitação Urbana assume-se hoje como uma componente indispensável da

política das cidades e da política de habitação, na medida em que nela convergem os

objectivos de requalificação e revitalização das cidades, em particular das suas áreas

mais degradadas, e de qualificação do parque habitacional, procurando-se um

funcionamento globalmente mais harmonioso e sustentável das cidades e a garantia,

para todos, de uma habitação condigna.” (in Decreto-Lei 307/2009, de 23 de outubro)

“Quando o meio edificado, em que habitamos, em que trabalhamos ou que visitamos,

é atrativo, este aspecto facilita o desenrolar das funções que alberga e inspira dignidade

sendo muito provável que nos identifiquemos com estes espaços, apesar de públicos,

como sendo nossos. Esta sensação de pertença faz com que alteremos positivamente

os nossos comportamentos relativamente a esses espaços e também para com as

outras pessoas.” (In “Construção Sustentável, Soluções Eficientes Hoje, a Nossa Riqueza de Amanhã”, Livia

Tirone, Ken Nunes, 2008, Editora Tirone Nunes SA)

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MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 6

Preâmbulo

Este documento congrega toda a informação legalmente exigida para a aprovação da Delimitação da

Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos – ARU Matosinhos, a ser submetida pela Câmara

Municipal (CM) à Assembleia Municipal (AM), órgão com competência nesta matéria.

Não obstante a existência de outras áreas no Concelho de Matosinhos com características, identidade e

problemáticas merecedoras de particular atenção e intervenção coordenada e integrada por parte do

Município, esta foi considerada Área de Intervenção Prioritária para recuperar o edificado e qualificar

o espaço público, melhorar significativamente a qualidade de vida da população, potenciando a sua

atratividade.

A delimitação desta Área de Reabilitação Urbana - ARU terá como efeito imediato a realização de um

estudo aprofundado que permita a definição de estratégias e a inventariação/cativação de meios para a

sua revitalização e requalificação, mobilizando todos os atores interessados – concretização da respetiva

Operação de Reabilitação Urbana - ORU.

De salientar, ainda, que a delimitação aqui proposta e uma vez aprovada, poderá, à posteriori, sofrer

ajustes, no decurso do levantamento de campo e dos trabalhos que entretanto forem sendo

consolidados.

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MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 7

I - Introdução

1. Âmbito Legal

No que diz respeito à Reabilitação Urbana e em matéria legislativa, a 14 de Agosto de 2012 é publicada

a Lei 32/2012. Esta procede à primeira alteração ao Decreto-Lei 307/2009, de 23 de outubro, que

estabelece o Novo Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (NRJRU), que deixa de ser um regime

excecional, passando a fazer parte integrante da gestão urbanística dos Municípios. Esta legislação

define uma nova figura – Área de Reabilitação Urbana –�revogando o Decreto-Lei 104/2004 e a figura

das ACRRU (Áreas Críticas de Recuperação e Reconversão Urbanística).

No referido Decreto-Lei 307/2009 o legislador optou, aliás conforme o preâmbulo do diploma, por adotar

um conceito amplo de Reabilitação Urbana, que não se atem apenas a elementos da vertente

imobiliária ou patrimonial, mas que aponta antes para uma disciplina integrada, coordenada e dirigida,

que reclama uma intervenção estadual de âmbito nacional, regional e local para resolver fenómenos que

estão para além da degradação do edificado e que se revelam nos aspetos económicos, sociais, culturais

e ambientais das áreas a reabilitar.

As principais linhas de força desta reforma são as seguintes:

- “Articular o dever de reabilitação dos edifícios que incumbe aos privados com a responsabilidade pública

de qualificar e modernizar o espaço, os equipamentos e as infraestruturas das áreas urbanas a reabilitar”,

continuando os proprietários a ser os primeiros responsáveis pela reabilitação dos seus edifícios,

enquanto as autoridades públicas cuidarão dos espaços públicos com vista à sua qualificação e

modernização;

- “Garantir a complementaridade e coordenação entre os diferentes atores, concentrando recursos em

operações integradas de reabilitação nas Áreas de Reabilitação Urbana”, abrindo novas possibilidades

de intervenção aos proprietários e a outros parceiros privados;

- “Desenvolver novos instrumentos que permitam equilibrar os direitos dos proprietários com a

necessidade de remover os obstáculos à reabilitação associados à estrutura de propriedade nestas

áreas”, viabilizando um conjunto de instrumentos jurídicos.

Esta nova legislação estabelece ainda alguns conceitos fundamentais que importa reter:

• Área de Reabilitação Urbana – ARU – parcela de território delimitada pelo Município que justifica

uma intervenção integrada de reabilitação; a ARU tem por base de incidência “a área

territorialmente delimitada que, em virtude da insuficiência, degradação ou obsolescência dos

edifícios, das infraestruturas, dos equipamentos de utilização coletiva e dos espaços urbanos e

verdes de utilização coletiva, designadamente no que se refere às suas condições de uso,

solidez, segurança, estética ou salubridade, justifique uma intervenção integrada, através de

uma Operação de Reabilitação Urbana” (alínea b) do artigo 2.º).

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MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 8

• Operação de Reabilitação Urbana – ORU – “conjunto articulado de intervenções visando, de

forma integrada, a Reabilitação Urbana de uma determinada área” (alínea h) do artigo 2.º), sendo

que a cada ARU corresponde uma ORU (n.º 4 do artigo 7.º).

Assim a área de incidência de uma ARU deverá corresponder a escolhas estratégicas do Município -

determinação de onde importa intervir - em consonância com a ordem de prioridades previamente

identificadas, garantindo uma adequada articulação desta com o restante tecido urbano, perspetivando

a cidade como um todo.

Para a delimitação da ARU e de acordo com o artigo 13.º, a proposta de aprovação, devidamente

fundamentada, deve conter, entre outros, os seguintes elementos:

• Memória descritiva e justificativa, incluindo os critérios subjacentes à delimitação da área

abrangida e os objetivos estratégicos a prosseguir;

• Planta com a delimitação da área abrangida;

• Quadro dos benefícios fiscais associados aos impostos municipais.

A aprovação de uma ARU obriga o Município a definir os benefícios fiscais em sede de IMI e de

IMT e consequentemente confere aos proprietários o direito de acesso a esses mesmos benefícios (artigo

14.º) – cf. Capítulo III.

De facto esta legislação atribui elevada prioridade à Reabilitação Urbana como componente

indispensável e indissociável da política dos solos, recentemente reformada (Lei 31/2014, de 30 de Maio).

As intervenções nas ARUs não ocorrem, assim, de acordo com a programação dos particulares,

realizadas casuisticamente e desarticuladas entre si, mas de acordo com a ordem de prioridades e com

a programação definida pelo Município.

Neste contexto, políticas como a habitacional, de proteção e valorização do património cultural, do

ambiente, de apoio à juventude e à terceira idade, para referir apenas as mais relevantes, deverão

articular-se e contribuir para a qualificação do espaço urbano e para o bem-estar e qualidade de vida da

população.

2. O Município e a Reabilitação Urbana – Enquadramento Histórico

A compreensão das necessidades de Reabilitação Urbana num dado território passa necessariamente

pelo conhecimento integrado das suas diferentes componentes, aos níveis urbano, social, económico,

cultural e geográfico, entre outros. No caso específico do Concelho de Matosinhos, esta compreensão é

indissociável da sua histórica ligação ao mar.

Com efeito, a área urbana de Matosinhos e Leça da Palmeira desenvolveu-se sobre o antigo estuário do

Rio Leça que nesta zona se abria, formando uma enseada que permitia a navegação desde a sua foz

até à antiga ponte medieval de Guifões. As características naturais desta enseada, protegida das

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tempestades, tornaram-na, desde épocas remotas, num local ideal para a fixação de atividades

marítimas e portuárias. As escavações arqueológicas realizadas no centro histórico de Leça da Palmeira,

onde foram recolhidos bifaces paleolíticos, mostram a antiguidade da fixação humana nesta zona.

Durante a época do Império Romano esta área começa a ser percorrida por navios oriundos do

Mediterrâneo que aqui encontram um porto junto ao Castro de Guifões. A partir desta época

desenvolvem-se também outras atividades relacionadas com a exploração dos recursos marinhos, como

a pesca, a extração de sal, que irão ser particularmente importantes ao longo da Idade Média.

A estrutura de povoamento do território de Matosinhos e Leça da Palmeira apresentava a configuração

atual já no século XIII, onde são referenciadas as principais aldeias que vão estruturar os mais

importantes núcleos de povoamento, que se vão manter praticamente até aos séculos XIX/XX. Na

margem esquerda do Rio Leça aparecem referenciados os lugares de Matosinhos, Bouças, Sendim,

Carcavelos, Pinheiro, Linhares, Real de Baixo e Lavadores. Na margem direita existem os lugares de

Moroza, Vila Seca, Vila Nova, Camposinhos, Gonçalves e Rodão.

Os lugares de Matosinhos e Leça da Palmeira apresentam, a partir do século XIV e até ao século XVIII,

um notável incremento devido à importância das atividades marítimas e fluviais (pesca, navegação,

construção naval, salinas,…) que se concentram nas zonas ribeirinhas do Leça. Leça da Palmeira

albergava então um importante porto comercial e de pesca, atividade a que se dedicava a maioria da

população destes núcleos urbanos ribeirinhos. Navios de Matosinhos e Leça demandam com

regularidade os portos do Norte da Europa e do Mediterrâneo e existiram, nessa época, estaleiros para

a construção das caravelas que participarão no empreendimento dos Descobrimentos. O restante

território era essencialmente rural, com solos agrícolas de grande qualidade e abundância de água.

No início do século XV é construída uma ponte em pedra que ligará definitivamente as duas localidades

e posteriormente são construídos outros monumentos que testemunham a afirmação urbana das

localidades como, por exemplo, as igrejas paroquiais de Matosinhos e Leça da Palmeira (séc. XVI), a

Capela de Santa Catarina (séc. XV), a Capela do Corpo Santo (séc. XVI), o Convento da Conceição

(séc. XV), a Fortaleza de Nossa Senhora das Neves (séc. XVII) ou o Monumento ao Senhor do Padrão

(séc. XVII-XVIII).

O final do século XIX, com a construção do Porto de Leixões, marca a grande transformação da vila de

Matosinhos, tanto do ponto de vista económico como urbanístico. A sua construção implicou a demolição

de cerca de 2/3 do centro histórico de Matosinhos e de Leça da Palmeira, principalmente a partir de

1920, com a construção das docas nº1 e nº2. Por outro lado também atraiu uma numerosa população

migrante para trabalhar nas obras de construção, que acabou por se fixar no Concelho. Estas novas

estruturas portuárias, que criaram também condições para a instalação de novas indústrias, atraíram e

fixaram comunidades de pescadores de várias zonas do país.

Outra importante transformação foi a “Revolução dos Transportes”, de finais do século XIX, com a criação

de carreiras de transportes públicos (primeiro o “carro americano” e depois o “carro elétrico”) de ligação

à cidade do Porto, nomeadamente em 1881 a ligação a Matosinhos pela Rua do Juncal de Cima (atual

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 10

Brito Capelo). Vai ser ao longo destas vias que a zona urbana de Matosinhos se irá expandir para os

lugares do Areal, do Juncal e do Prado.

No final do século XIX surge a moda dos “banhos de mar”. A sua favorecida localização frente ao mar

cativou a burguesia endinheirada da região que sazonalmente “vinha a banhos”, sendo que no final do

referido século as praias de Leça da Palmeira e Matosinhos já se enquadravam no circuito turístico das

melhores praias a norte do país.

A construção do Porto de Leixões e as novas acessibilidades criadas pela instalação duma rede de

transportes públicos, juntamente com a grande disponibilidade de terrenos vagos, criaram condições

ideais para o surgimento, no início do século XX, duma vaga de instalação de grandes indústrias no

Concelho de Matosinhos (conserveiras, refinaria do açúcar, armazém da Real Vinícola, …), marcando a

fisionomia urbana de Matosinhos até ao final do século XX como um importante centro industrial.

A conjugação destes fatores determinou a procura de habitação por parte de um grande número de

famílias operárias com parcos rendimentos, originando o aparecimento de construções de génese ilegal

– conhecidas por “ilhas” - maioritariamente edificadas nos logradouros de casas unifamiliares, com os

problemas de insalubridade e sobrelotação ainda hoje existentes, não obstante o esforço municipal na

construção de habitação social, para dar resposta a este flagelo.

Fruto da sua proximidade à cidade do Porto, Matosinhos foi-se desenvolvendo sempre numa lógica de

continuidade territorial, afirmando-se como local de instalação de grandes infraestruturas socio

económicas, essenciais ao desenvolvimento da Área Metropolitana do Porto (AMP) - o já referido Porto

de Leixões, os Silos de Leixões, o Terminal TIR, a Exponor, Instituições de Ensino Superior, a Refinaria

da Petrogal, Parques Empresariais, o Aeroporto Dr. Francisco Sá Carneiro e a moderna e qualificada

rede de transportes, de que é exemplo a rede de Metro.

Nas últimas décadas Matosinhos foi-se adaptando ao abandono progressivo da indústria conserveira e

à conjuntura económica em geral, preservando a sua forte relação com o mar, através da exploração de

um conjunto de atividades económicas ligadas a este recurso natural e à gastronomia de qualidade,

reconhecida nacional e internacionalmente. A título de exemplo, refira-se a parceria que a Câmara

Municipal de Matosinhos (CMM) estabeleceu, em 2006, com restaurantes das artérias de Matosinhos e

de Leça da Palmeira, localizados nas imediações do Porto de Leixões, dando origem à iniciativa "Festa

do Mar”, caracterizada pelas esplanadas instaladas nas ruas durante o verão, podendo-se dessa forma

apreciar o melhor que o mar oferece.

Valorizando a sua costa, a histórica e natural apetência para o turismo de veraneio, a CMM levou

recentemente a cabo um projeto de requalificação urbanística e ambiental que permitiu a construção de

cerca de 12 km de passadiços, com ciclovias e passeios largos, parques de estacionamento, bares,

bibliotecas de apoio às praias, reforçando a tradicional abertura do Concelho à sua imensa costa

marítima, potenciando o turismo sazonal e a prática de modalidades desportivas tais como Vela,

Mergulho Subaquático, Surf, Kite-surf, entre outras.

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 11

Com o desígnio de manter vivo o seu património histórico e cultural, de que são exemplo o Mosteiro de

Leça do Balio, o Obelisco da Praia da Memória, a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, as Quintas de

Santiago e da Conceição, os Titans do Porto de Leixões, o Teatro Constantino Nery, o Forte de Nossa

Senhora das Neves, o Farol da Boa Nova e o Senhor do Padrão, entre outros, Matosinhos é hoje um

Concelho que se destaca também pelos seus símbolos urbanísticos e arquitetónicos de grande

relevância, da autoria de conceituados arquitetos portugueses, como Álvaro Siza Vieira, Alcino Soutinho,

Fernando Távora e Souto Moura, que, com a Piscina das Marés, o Museu Quinta de Santiago, a Casa

de Chá da Boa Nova, o Edifício dos Paços do Concelho, a Piscina e Campos de Ténis da Quinta da

Conceição e a Reconversão da Faixa Marginal de Matosinhos Sul, figuram nos destinos do turismo

cultural nacional e internacionalmente consagrados.

De facto, Matosinhos, terra de horizonte, memórias e tradições, é hoje palco de uma vasta programação

cultural da iniciativa da CMM, com as suas conhecidas Festas, Romarias e Recriações Históricas que

atraem anualmente milhares de visitantes, sendo disso amostra as recriações históricas “Os

Hospitalários no Caminho de Santiago”, junto ao Mosteiro de Leça do Balio, que transporta todos os que

a visitam para a época medieval, a “Lenda de Cayo Carpo”, que explica a famosa associação da concha

da vieira à devoção e aos caminhos de Santiago de Compostela e “Os Piratas”, que marca a ligação

histórica do Município ao mar, retratando a época em que a Coroa portuguesa contratava corsários para

fazer face às pilhagens e assaltos em alto mar.

Não se deixando ficar no passado, a cidade de Matosinhos é ainda referência de outros importantes

eventos culturais, já com várias edições muito apreciadas, de que é exemplo o festival “Matosinhos em

Jazz”, indissociável da sua Orquestra de Jazz. Para além deste, o “Festival Literatura em Viagem” – LEV,

na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, atrai vários escritores e personalidades, provenientes dos

quatro cantos do mundo, num encontro que promove o livro, a leitura e o diálogo intercultural.

Não obstante este património arquitetónico e cultural de relevo, não só histórico mas também

contemporâneo, e a sua localização privilegiada e singular tradição, Matosinhos também se ressente

com a crise estrutural que afeta o país. Com efeito, o Município tem assistido nos últimos anos ao

envelhecimento e degradação do seu casco urbano, agravado pela forte presença de construções

habitacionais de génese ilegal – vulgo “ilhas” – associado à falta/inadequação de programas de

reabilitação e regeneração urbana, a que acresce a incapacidade de adaptação do comércio tradicional

ao fenómeno das grandes superfícies comerciais.

Contudo e em resposta a esta problemática, a CMM foi-se socorrendo dos programas nacionais que em

cada época iam sendo disponibilizados, nomeadamente o PER, PER Famílias, Prohabita, Polis, Recria

e Solarh.

Apesar dos pequenos avanços e muitos recuos que se tem vivido nas últimas décadas em matéria de

Reabilitação Urbana em Portugal, e perante recursos que são cada vez mais escassos, o Município de

Matosinhos continua a valorizar o papel fundamental da Reabilitação Urbana na sustentabilidade

da cidade, como motor da economia, como forte potencial de inclusão social e participação cívica, sendo

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 12

singular exemplo desta última a muito recente iniciativa camarária “Renovar Matosinhos”, no âmbito do

Orçamento Participativo.

À data a autarquia continua a receber pedidos de apoio à reabilitação do edificado por parte de

particulares, sem que para isso disponha de programas de âmbito nacional capazes de dar resposta às

situações colocadas. Estas, na generalidade, dizem respeito a imóveis arrendados, degradados, sem

obras de conservação há muitos anos, consequência do congelamento da Lei das rendas, que

incapacitou financeiramente os senhorios e contribuiu para a falta de condições de salubridade e

segurança dos seus inquilinos.

Assim, as necessidades sociais, do edificado e do espaço urbano, justificam uma intervenção

integrada, para além dos referidos Programas (alguns dos quais suspensos desde dezembro de 2011),

e mais profunda, no âmbito da Reabilitação Urbana, no Concelho de Matosinhos.

É com este entendimento que se apresenta para aprovação a delimitação da primeira Área de

Reabilitação Urbana do Concelho de Matosinhos – ARU Matosinhos, salientando a indispensável

mobilização de todos os Serviços da autarquia para a promoção e desenvolvimento de uma estratégia

interdisciplinar e integrada que promova uma verdadeira e eficaz revitalização do tecido urbano.

Com efeito, a legislação mais recente sobre Reabilitação Urbana (Lei 32/2012, de 14 de agosto, que

altera o Decreto-Lei 307/2009, de 23 de outubro) confere elevada prioridade à Reabilitação Urbana e à

Criação das chamadas ARUs, parcelas do território delimitadas pelo Município, cujas características,

necessidades/potencialidades, justificam uma intervenção integrada de reabilitação e que correspondam

a escolhas estratégicas das áreas onde prioritariamente importa intervir – como ferramenta essencial na

revitalização das cidades e única forma de beneficiar dos apoios e incentivos previstos na Lei.

Importa referir que a estratégia de Reabilitação Urbana a concretizar no âmbito do NRJRU, deverá

salvaguardar os princípios da sustentabilidade ambiental, orientados para a promoção do bem-estar

humano, da qualidade de vida e da justiça social.

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 13

II – Memória Descritiva e Justificativa da ARU Matosinhos ���������������� �������������

Com base na legislação vigente, apresenta-se a proposta para Delimitação da Área de Reabilitação

Urbana de Matosinhos – ARU Matosinhos.

Esta proposta corporiza o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na área da Reabilitação Urbana

pela MatosinhosHabit, através do Gabinete de Reabilitação Urbana (GRU), no âmbito do NRJRU. Tem

por base o levantamento de terreno efetuado em toda a área aqui proposta que, tal como previsto na Lei,

pode sofrer ajustes no decurso do aprofundamento subsequente. O levantamento efetuado consistiu na

recolha e tratamento de informação, através da observação direta do edificado e do espaço urbano, e no

registo fotográfico.

Quer para o trabalho de levantamento de terreno, a montante, quer para a elaboração desta proposta

concreta de Delimitação da ARU Matosinhos, o Gabinete de Reabilitação Urbana contou com a

colaboração ativa dos colegas do Gabinete de Obras e Projetos (GOP) que, através de uma estreita e

sólida participação, foram indispensáveis para o caminho percorrido e para o resultado alcançado.

Sublinhe-se aqui, o contributo dos Serviços do Património, da Gestão Urbanística e Planeamento

Estratégico da CMM, na fundamentação para a delimitação da ARU Matosinhos e na orientação dos

objetivos estratégicos a prosseguir.

1. Planta com a Delimitação

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 14

2. Identificação da Área

A área proposta para delimitação como ARU Matosinhos localiza-se na União de Freguesias de

Matosinhos e Leça da Palmeira, concretamente na Freguesia de Matosinhos, integrando aquele que é,

a partir do século XIX, o centro cívico da cidade de Matosinhos.

Delimitada a norte pela Avenida do Eng.º Duarte Pacheco, fronteira com o Porto de Leixões, a nascente

pelas Ruas Álvaro Castelões e Mouzinho de Albuquerque, a sul pela Avenida da República e a poente

pela Rua Heróis de França, também ela limite do casco urbano com o Porto de Leixões, incluindo a área

envolvente ao Jardim do Senhor do Padrão, abrange aproximadamente 41hectares, compreende 27 vias,

entre avenidas, ruas e travessas, 39 quarteirões e 1.069 parcelas, cuja grande maioria se encontra

edificada (Anexo I – Planta Identificação dos Quarteirões).

Trata-se de uma zona urbana consolidada, de malha regular ortogonal, estruturada por vias de

referência, tais como a Rua Álvaro Castelões, Rua Brito Capelo, a Avenida de Serpa Pinto, a Rua Heróis

de França, a Avenida do Eng.º Duarte Pacheco e a Avenida da República.

A área aqui delimitada reúne um património histórico e arquitetónico de relevo (Anexo II – Planta

Geral de Património). Compreende o “Senhor do Padrão”, Monumento Nacional, 29 outros

Monumentos, o Mercado Municipal, imóvel em vias de classificação pelo IGESPAR, 2 Imóveis de

Interesse Municipal propostos para classificação e 455 imóveis a preservar, integrados em Conjunto de

Interesse Municipal.

3. Critérios Subjacentes à Delimitação

O território aqui proposto para delimitação, no qual se destacam as Ruas de Heróis de França, Serpa

Pinto, Brito Capelo e Álvaro Castelões, apresenta uma uniformidade urbana e socioeconómica que

o distingue da restante faixa litoral urbana da freguesia. De facto este território caracteriza-se

genericamente por uma dinâmica que foi progressivamente e ao longo dos tempos estagnando e até

regredindo, por confronto com a área que lhe está litoralmente adjacente, “Matosinhos Sul”, que

apresenta uma dinâmica de renovação, fruto da recente regeneração urbana.

Na área aqui delimitada como ARU Matosinhos, a norte concentram-se edifícios antigos de baixa cércea

(construção r/c+1), muitos dos quais degradados e até devolutos, contrastando com a zona sul adjacente,

de construção mais recente, com maior cércea, ladeada por vias ortogonais de maior dimensão. Ainda

naquela área, a sul da Rua Tomáz Ribeiro, denotam-se características morfológicas e urbanísticas

ligeiramente diferentes das atrás descritas: na cércea - mais alta, na dimensão dos eixos viários - mais

largos e ortogonais, e na forma dos quarteirões, assumindo-se esta como uma zona de transição entre

o “antigo centro cívico” e a zona urbana de “Matosinhos Sul”, separadas pela Avenida da República.

No que respeita aos eixos de referência, as Ruas de Heróis de França, Serpa Pinto, Roberto Ivens, Brito

Capelo e Álvaro Castelões, assumem ainda hoje, e apesar do forte abrandamento comercial, um papel

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 15

importante como referencial da antiga centralidade da cidade, onde ainda se concentra grande parte da

restauração e do comércio tradicional.

Contrastando, à medida que se avança para sul, os estabelecimentos comerciais são em menor número,

de maiores dimensões e orientados para um público-alvo de médio/alto estrato socioeconómico.

Verifica-se de um modo geral, na área aqui proposta, uma uniformidade morfológica, urbana e

económico-social, que correspondeu outrora a um centro “ativo” de negócio e vivência. Com o passar

dos tempos e à medida que a cidade cresceu e se reorganizou, perdeu dinâmica, envelheceu e colocou

em evidência as fragilidades que lhe estavam inerentes.

Na origem da explicação da clara diminuição da atividade comercial destas artérias, fatores como a

deslocação das instalações dos Paços do Concelho (que por sua vez “arrastou” consigo outros serviços,

designadamente a Banca), a retirada do elétrico e a abertura das grandes superfícies comerciais,

parecem ser consensuais.

No âmbito da atividade económica, a Avenida de Serpa Pinto em conjunto com a Rua Heróis de França

(onde está instalada a DocaPesca) concentram grande parte da restauração associada ao mar e venda

de congelados (peixe e marisco). De facto, a presença da Lota marca o espaço urbano que lhe está mais

próximo, pela atividade associada ao transporte e armazenagem de pescado e à restauração,

conferindo-lhe características particulares - estacionamento e ocupação indevida, circulação automóvel

e pedonal difícil e confusa.

À medida que se avança para nascente norte, junto ao Mercado Municipal, estas características vão-se

esbatendo, dando lugar a uma estrutura funcional em que predominam edifícios de uso residencial,

alguns dos quais totalmente devolutos, que coexistem com espaços de animação noturna e terrenos com

potencial de investimento.

Por sua vez, nas Ruas de Brito Capelo e Álvaro Castelões, encontram-se em maior número os

estabelecimentos de comércio a retalho, apresentando uma oferta importante em quantidade e

diversidade de artigos pessoais, sobressaindo lojas de roupa/vestuário, sapatarias e ourivesarias, com

um tempo de atividade elevado. Nestas ruas verifica-se igualmente uma dinâmica particular associada

ao comércio indiferenciado, de estabelecimentos com um tempo de atividade mais curto, o que promove

a rotatividade e rápida mudança na imagem destas artérias (Anexo III – Planta de Usos).

Ao contrário do que seria expectável e desejável, a obra de modernização dos estabelecimentos

comerciais em Brito Capelo a par da instalação do Metro de superfície, não contribuíram para o aumento

da atratividade comercial desta artéria. Estas duas intervenções tiveram lugar praticamente em

simultâneo, o que provocou a inutilização deste eixo por muito tempo, tendo “desviado” definitivamente

parte significativa dos reais e potenciais stakeholders para outros locais e centros de dinamização

comercial.

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 16

Para além disto, o facto da Metro do Porto não ter concretizado a totalidade dos investimentos

inicialmente previstos, do estacionamento de apoio ser demasiado caro, a par da ausência de uma

estratégia comercial proativa de modernização e markting por parte dos investidores do setor terciário,

vieram reforçar a falta de dinamismo comercial aí registada.

Por contraponto com as referidas fragilidades, este território encerra um conjunto de elementos

estratégicos que, potenciados numa lógica de conjunto e com base numa estratégia integrada de

Reabilitação Urbana, poderão constituir verdadeiras oportunidades para a sua regeneração e

revitalização urbana e socioeconómica. Destes, destacam-se: o projeto de Dinamização do Mercado

Municipal, os projetos de Desenvolvimento Integrado das Ruas Heróis de França, Brito Capelo, Álvaro

Castelões e suas envolventes, a Regularização do Tráfego na Rua Serpa Pinto e a Requalificação e

Dinamização do Teatro Constantino Nery enquanto espaço cultural da cidade. Na área de influência da

ARU Matosinhos, destacam-se ainda outros projetos/equipamentos, tais como a Construção do Terminal

de Cruzeiros e o novo Porto de Recreio, a DocaPesca e o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha

e Ambiental (CIIMAR), cuja importância assume um potencial efeito indutor positivo – “efeito spillover”

(Anexo IV – Planta dos Equipamentos).

O acima descrito, caracterizador da área proposta, serve de fundamento à sua delimitação como Área

de Reabilitação Urbana e legitima a concretização da Operação Integrada de Reabilitação Urbana a

implementar naquele território, isto é, a estruturação concreta das intervenções a efetuar na área.

4. Caracterização Urbana e Socioeconómica

No último Censo de 2011, a freguesia de Matosinhos possui um total de 4.010 edifícios, dos quais 1.084

(27%) se localizam na área aqui proposta.

Gráfico 1 - Número de Edifícios

33389

4010

1084

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Concelho Matosinhos Freguesia Matosinhos ARU Matosinhos

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 17

Ao número total de edifícios da freguesia corresponde um total de 15.053 fogos, dos quais 2.628 se

localizam na ARU Matosinhos.

Gráfico 2 - Número de Fogos

Do número total de fogos na ARU, cerca de 43% (1.118) são alojamentos próprios ocupados como

residência habitual e 362 estão vagos. O arrendamento habitacional assume, igualmente, um número

significativo, com 31% (822) do total dos alojamentos (Anexo V – Planta de Ocupação).

Gráfico 3 - Distribuição de Alojamentos/Tipologia de Regime

82235

15053

2628

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

Concelho Matosinhos Freguesia Matosinhos ARU Matosinhos

44511 77641118

18637 3829

822

8371 1471 362

10716 1989 326

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Concelho Matosinhos Freguesia Matosinhos ARU Matosinhos

Alojamentos Residência Habitual Proprietário Ocupante Alojamentos Residência Habitual Arrendados

Alojamentos Vagos Outros

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 18

Quanto ao estado de conservação, do total de 4.010 edifícios existentes na freguesia de Matosinhos,

150 encontram-se muito degradados, aos quais acrescem 733 que necessitam de médias e grandes

reparações.

Gráfico 4 - Edifícios e Estado de Conservação

Na ARU Matosinhos e de acordo com o levantamento efetuado, a informação referente ao estado de

conservação encontra-se registada com mais detalhe e atualizada a 2014, na Planta do Estado Geral

de Conservação – Anexo V.

Do total dos 2.619 alojamentos familiares existentes na ARU Matosinhos, 554 não têm retrete, 539 não

dispõem de água, 538 não têm esgotos e 606 estão desprovidos de banho.

Gráfico 5 - Alojamentos/Instalações

2171

956

476

257

150

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Freguesia de Matosinhos

Muito Degradado

Com necessidade de reparação -Grande

Com necessidade de reparação -Média

Com necessidade de reparação -Pequena

Sem necessidade de reparação

66913 66950 67017 65957

12300 12277 12307 12118

2080 2065 20812013

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

Alo

j. fa

mili

are

s d

e r

esi

ncia

ha

bitu

al c

om

ág

ua

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esi

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om

ba

nho

ARU Matosinhos

Freguesia Matosinhos

Concelho Matosinhos

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 19

Indíviduos residentes com idade entre 0 e 4 anos Indíviduos residentes com idade entre 5 e 9 anos

Indíviduos residentes com idade entre 10 e 13 anos Indíviduos residentes com idade entre 14 e 19 anos

Indíviduos residentes com idade entre 20 e 24 anos Indíviduos residentes com idade entre 25 e 64 anos

Indíviduos residentes com idade superior a 64 anos

Ainda com base nos dados do Censo 2011, e no que se refere à população, dos 30.984 residentes na

freguesia de Matosinhos, 16%, ou seja 4.859 pessoas, reside na ARU Matosinhos.

Gráfico 6 - População Residente/Sexo

Destas, 11% (535) pertencem à faixa etária dos 0 aos 13 anos de idade, 10% (509) são indivíduos dos

14 aos 24 anos, 56% (2.736) dos 25 aos 64 e os restantes 22% (1.079) pertencem a indivíduos com mais

de 64 anos de idade.

Gráfico 7 - População Residente/Grupo Etário

No que diz respeito às habilitações literárias, regista-se 193 pessoas “sem saber ler nem escrever”, ou

seja 5% do total da população residente na ARU Matosinhos, 775 com o ensino básico completo, 689

com o ensino secundário completo e 784 com curso superior completo, o que representa 18% do total,

em comparação com 22% na freguesia de Matosinhos.��

83444 14429 2266

92034 16555 2593

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Concelho Matosinhos Freguesia Matosinhos ARU Matosinhos

Homens Mulheres

5%5%

4%

6%

5%

59%

16%

Concelho Matosinhos

5%5%

4%

6%

5%

58%

17%

Freguesia Matosinhos

4%4% 3%

5%

5%

57%

22%

ARU Matosinhos

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 20

Indivíduos residentes sem saber ler nem escrever Indivíduos residentes com o 1º ciclo do ensino básico completo

Indivíduos residentes com o 2º ciclo do ensino básico completo Indivíduos residentes com o 3º ciclo do ensino básico completo

Indivíduos residentes com o ensino secundário completo Individuos residentes com o ensino pós-secundário

Indivíduos residentes com um curso superior completo

Indivíduos residentes desempregados à procura do 1º emprego Indivíduos residentes desempregados à procura de novo emprego

Indivíduos residentes empregados Indivíduos residentes pensionistas ou reformados

Indivíduos residentes sem actividade económica

Gráfico 8 - População Residente/Habilitações Literárias

� � �

Relativamente à situação perante a atividade económica, em 2011, dos residentes na ARU Matosinhos,

255 pessoas encontravam-se desempregadas à procura de emprego, 1.192 eram

pensionistas/reformados e 2.025 encontravam-se empregadas, sendo que 86% destas últimas exerciam

atividade no setor terciário.

Gráfico 9 - População Residente/Desemprego e Situação perante a Atividade Económica

� � �

3%

29%

15%18%

16%

1%

18%

Concelho Matosinhos

4%

27%

14%

17%

15%

1%

22%

Freguesia Matosinhos

5%

29%

13%18%

16%

1%

18%

ARU Matosinhos

1%6%

41%

19%

33%

Concelho Matosinhos

1%6%

40%

19%

34%

Freguesia Matosinhos

1%5%

37%

22%

35%

ARU Matosinhos

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 21

Indivíduos residentes empregados no sector primário Indivíduos residentes empregados no sector secundário

Indivíduos residentes empregados no sector terciário

Gráfico 10 - População Residente/Setor de Atividade

� �

5. Objetivos Estratégicos a Prosseguir

Os levantamentos realizados e os dados analisados fundamentam a delimitação da área aqui

proposta como ARU, com a finalidade de ser implementada uma Operação de Reabilitação Urbana

– ORU.

Os objetivos gerais previamente estabelecidos para esta área, aprovados em 15 de julho de 2014 em

reunião da CMM, são os seguintes:

- “Requalificar e reabilitar o património com interesse cultural;

- Promover a reabilitação dos edifícios degradados ou funcionalmente desadequados, bem como

do espaço urbano em geral;

- Promover a desocupação dos logradouros, excessivamente preenchidos com construção de

génese ilegal;

- Revitalizar a atividade económica tradicional, afirmando os fatores de identidade cultural local,

como elementos potenciadores de diferenciação e competitividade urbana;

- Promover o desenvolvimento socioeconómico na perspetiva da sustentabilidade ambiental.”

Nesta área identificam-se elementos/oportunidades estratégicos, isto é, elementos que devida e

oportunamente potenciados poderão constituir-se como verdadeiras oportunidades de revitalização

económica, social e urbanística deste espaço urbano. Pelo contrário, a existência desses elementos tal

como hoje se apresentam, sem qualquer intervenção, assumem-se como reais

constrangimentos/dificuldades naquele território e consequentemente reforçam fragilidades, extensíveis

1%

20%

79%

Concelho Matosinhos

1%

18%

81%

Freguesia Matosinhos

1%

13%

86%

ARU Matosinhos

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 22

a todo o espaço confinante, contribuindo para uma imagem negativa do conjunto e dificultando qualquer

ação de revitalização urbana que se venha a implementar.

Num espaço de grande concentração de atividades, como é o caso da área delimitada, é indispensável

considerar o tecido económico, seja pela sua importância em relação à produção de riqueza

(designadamente através da criação e manutenção de emprego), seja como fator essencial de atração

comercial, ou ainda pelo papel desempenhado pelas suas várias vertentes, na composição da imagem

de conjunto e vitalidade urbana.

Para além disto, o ambiente urbano deve ser orientado para a potenciação da qualidade de vida e bem-

estar que reforce a competitividade, coesão e sustentabilidade. Está-se assim, perante uma rede de

relações que atuam a diversos níveis, desde o económico, o social, o cultural… que só se poderão

desenvolver se articuladas entre si e equacionadas em conjunto.

Ainda no âmbito do desenvolvimento económico, a importância vital que o turismo assume na AMP e em

particular no Concelho de Matosinhos é consensual. Neste contexto, o novo Terminal de Passageiros de

Matosinhos deve ser considerado como uma importante “porta de entrada” de turismo, uma oportunidade

com impacto local e regional que pode/deve conviver com a envolvente urbana, que deve ser atrativa e

constituir-se como uma experiência em si mesma. Matosinhos, pela sua autenticidade, pela sua ligação

ao mar, pelo seu património, pela sua cultura, pela sua gastronomia, pode e deve tirar partido deste

“nicho de mercado”, criando condições para que os turistas aqui consumam e permaneçam.

Identificam-se, de seguida, aspetos que não sendo devidamente direcionados para o objetivo desejado,

poderão constituir-se como reais constrangimentos à revitalização e dinamismo aqui pretendidos:

• A estrutura morfológica e tipológica que esta área da cidade apresenta, com a ocupação e

consequente impermeabilização excessiva dos logradouros - o caso das ilhas/anexos;

• A existência de um número significativo de edifícios degradados, alguns dos quais devolutos;

• A falta de um projeto integrado que defina a relação da DocaPesca e atividades que lhe estão

associadas com a área envolvente;

• A ausência de um plano coordenado de revitalização económica da Rua de Heróis de França,

da Avenida de Serpa Pinto e das Ruas de Brito Capelo e Álvaro Castelões, que congrege e

articule os diversos projetos e iniciativas existentes para esta zona;

• A escassez de estacionamento público e o elevado custo do estacionamento privado,

regularmente subocupado, que não atraem um potencial público consumidor do comércio e dos

serviços ainda a funcionar nesta zona;

• A obsolescência do espaço público aliada à sua ocupação e utilização desadequada.

Igualmente se sinalizaram aspetos que poderão vir a constituir-se como potencialidades/oportunidades

estratégicas para a regeneração da área aqui delimitada:

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 23

• A sua proximidade com uma vasta orla marítima de inesgotável atratividade e possibilidade de

rentabilização, especialmente ligada às áreas da restauração e das atividades desportivas e de

lazer;

• A existência de uma atividade, ainda que remanescente, ligada à pesca artesanal;

• Os projetos para a orla marítima, em particular o novo Terminal de Cruzeiros e a Nova Marina,

promovidos pela APDL, e o impacto que estas novas infraestruturas turísticas poderão ter sobre

esta área da cidade, como “porta de entrada” de turistas, particularmente associados ao tecido

comercial e de restauração que aí se encontra instalado, à necessidade de requalificação das

estruturas coletivas e do espaço público, à criação de circuitos culturais/históricos, valorizando e

potenciando lugares, museus e obras de arquitetos de renome internacional;

• A predominância do comércio tradicional, área de negócio em valorização;

• A dinâmica comercial e logística associada ao Porto de Leixões e à DocaPesca;

• A existência de condições para a dinamização de atividades/iniciativas ligadas à indústria

criativa, de recreio e de lazer, como é o caso do cluster de empresas criado no edifício do

Mercado Municipal e do “Espaço Quadra”, em parceria com a Escola Superior de Arte e Design

- ESAD;

• A existência de edificado degradado e devoluto como potencial dinamizador do mercado de

arrendamento e meio de fixação de novos residentes;

• A localização privilegiada na AMP, reforçada pela fácil acessibilidade intermunicipal que acentua

a lógica de continuidade territorial que Matosinhos tem com os Concelhos limítrofes;

• A existência de Polos de Ensino, equipamentos, monumentos e edifícios de interesse histórico

e patrimonial;

• A presença de zonas de concentração de atividades que poderão vir a ser potenciadas na lógica

dos recentemente definidos “Vetores Estratégicos” previstos no modelo de organização

territorial, no quadro da última revisão do PDM de Matosinhos: vocação turística, gastronómica,

de lazer e de produção artística.

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 24

III – Quadro dos Benefícios Fiscais de Incentivo à Reabilitação Urbana

A par da Memória Descritiva e Justificativa e da Planta com a Delimitação da ARU Matosinhos, a

definição dos benefícios fiscais associados aos impostos municipais sobre o património, abaixo

propostos, decorre da lei e é obrigatória para a delimitação de uma área de reabilitação urbana

(alínea a) do artigo 14 da Lei 32/2012). De acordo com a referida Lei, “confere aos proprietários e titulares

de outros direitos, ónus e encargos sobre os edifícios ou frações nela compreendidos o direito de acesso

aos apoios e incentivos fiscais e financeiros à reabilitação urbana, nos termos estabelecidos na legislação

aplicável, sem prejuízo de outros benefícios e incentivos relativos ao património cultural.” – alínea b) do

artigo 14º da referida Lei.

Nos termos do artigo 12º da Lei das Finanças Locais, este regime excecional aplicado às áreas de

reabilitação urbana, no caso específico dos benefícios associados ao IMI e ao IMT, está dependente da

deliberação da Assembleia Municipal.

Sendo assim, com a aprovação da ARU Matosinhos, os proprietários cujos prédios urbanos sejam

abrangidos por esta delimitação e cuja obra de reabilitação se venha a concluir até dezembro de 2020,

passam a usufruir dos seguintes benefícios fiscais:

1. De Natureza Municipal

IMI – isenção nos prédios urbanos objeto de ações de reabilitação por um período de cinco anos, a

contar do ano, inclusive, da conclusão da mesma reabilitação (n.º 7 do Artigo 71º do EBF);

IMT – isenção nas aquisições de prédio urbano ou de fração autónoma de prédio urbano destinado

exclusivamente a habitação própria e permanente, na primeira transmissão onerosa do prédio

reabilitado (n.º 8 do Artigo 71º do EBF).

2. Da Competência da Administração Central

IRS – dedução à coleta de 30% dos encargos suportados pelo proprietário relacionados com a

reabilitação, até ao limite de 500€ (n.º 4 do Artigo 71º do EBF);

Mais-valias – tributação à taxa reduzida de 5%, quando estas sejam inteiramente decorrentes da

alienação de imóveis reabilitados localizados em ARU e recuperados nos termos das respetivas

estratégias de reabilitação de urbana (n.º 5 do Artigo 71º do EBF);

Rendimentos Prediais – tributação à taxa reduzida 5% quando os rendimentos sejam inteiramente

decorrentes do arrendamento de imóveis localizados em ARU e recuperados nos termos das

respetivas estratégias de reabilitação de urbana (n.º 6 do Artigo 71º do EBF);

IRC - Isenção para os rendimentos obtidos por Fundos de Investimento Imobiliário em reabilitação

urbana, desde que constituídos entre 1 de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2013 e pelo menos 75%

dos seus ativos sejam imóveis sujeitos a ações de reabilitação localizadas em ARU;

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 25

Tributação à taxa de 10% das unidades de participação nos Fundos de Investimento Imobiliário, em

sede de IRS e IRC, nos termos previstos nos n.ºs 2 e 3 do artigo 71 do EBF.

IVA - redução da taxa para 6% nas seguintes situações:

i. Empreitadas de reabilitação urbana, tal como definida em diploma específico, realizadas em

imóveis ou em espaços públicos localizados em áreas de reabilitação urbana delimitadas nos

termos legais, ou no âmbito de operações de requalificação e reabilitação de reconhecido

interesse público nacional.

ii. Empreitadas de beneficiação, remodelação, renovação, restauro, reparação ou

conservação de imóveis ou partes autónomas destes afetos à habitação, com exceção dos

trabalhos de limpeza, de manutenção dos espaços verdes e das empreitadas sobre bens imóveis

que abranjam a totalidade ou uma parte dos elementos constitutivos de piscinas, saunas,

campos de ténis, golfe ou minigolfe ou instalações similares.

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ARU Matosinhos – Proposta de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Matosinhos

MatosinhosHabit - Gabinete de Reabilitação Urbana Página 26

Principal Legislação em Vigor

• Decreto-Lei 53/2014, de 8 de Abril - Estabelece um regime excecional e temporário a aplicar à

reabilitação de edifícios ou de frações, cuja construção tenha sido concluída há pelo menos 30

anos ou localizados em áreas de reabilitação urbana, sempre que estejam afetos ou se destinem

a ser afetos total ou predominantemente ao uso habitacional.

• Decreto-Lei 266-B/2012, de 31 de dezembro - Estabelece o regime de determinação do nível

de conservação dos prédios urbanos ou frações autónomas, arrendados ou não, para os efeitos

previstos em matéria de arrendamento urbano, de reabilitação urbana e de conservação do

edificado, e revoga os Decretos-Lei 156/2006 e 161/2006, de 8 de agosto.

• Despacho 14574/2012, de 12 de novembro - Cria a Comissão Redatora do projeto de diploma

legal que estabelecerá as «Exigências Técnicas Mínimas para a Reabilitação de Edifícios

Antigos».

• Lei 32/2012, de 14 de agosto - Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei 307/2009, de 23 de

outubro, que estabelece o regime jurídico da reabilitação urbana, e à 54.ª alteração ao Código

Civil, aprovando medidas destinadas a agilizar e a dinamizar a reabilitação urbana.

• Decreto-Lei 115/2011, de 5 de dezembro - Primeira alteração ao Decreto-Lei 309/2009, de 23

de outubro, que estabelece o procedimento de classificação dos bens imóveis de interesse

cultural, bem como o regime das zonas de proteção e do plano de pormenor de salvaguarda.

• Decreto-Lei 46/2009, de 20 de fevereiro - Republicação do Decreto-Lei 380/99, de 22 de

setembro - Procede à 6.ª alteração ao Decreto-Lei 380/99, de 22 de setembro, que estabelece o

regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial (RJIGT).

• Decreto-Lei 307/2009, de 23 de outubro - No uso da autorização concedida pela Lei 95-A/2009,

de 2 de setembro, aprova o regime jurídico da reabilitação urbana (RJRU).

• Decreto-Lei 309/2009, de 23 de outubro - Estabelece o procedimento de classificação dos bens

imóveis de interesse cultural, bem como o regime das zonas de proteção e do plano de pormenor

de salvaguarda.

• Lei 67-A/2007, de 31 de dezembro ou o disposto no artigo 71.º do Estatuto dos Benefícios

Fiscais.

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ANEXOS

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ANEXO I PLANTA DE MARCAÇÃO DE QUARTEIRÕES

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ANEXO II PLANTA GERAL DE PATRIMÓNIO

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ANEXO III PLANTA DO USO

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ANEXO IV PLANTA DE EQUIPAMENTOS

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ANEXO V PLANTA DE OCUPAÇÃO

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ANEXO VI PLANTA DO ESTADO GERAL DE CONSERVAÇÃO

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