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FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA AMBIENTAL VINÍCIUS DE SOUZA SILVA PROPOSTA DE DESTINAÇÃO SUSTENTÁVEL PARA LATAS DE PICHE PROVENIENTES DA CONSTRUÇÃO CIVIL SÃO BERNARDO DO CAMPO 2013

PROPOSTA DE DESTINAÇÃO SUSTENTÁVEL PARA LATAS DE PICHE PROVENIENTES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Este projeto cujo tema é “Proposta de destinação sustentável para latas de piche provenientes da construção civil”, teve como objeto de estudo um resíduo da construção civil para o qual não é dada a devida atenção, (principalmente pelo fato de ser um resíduo de alta periculosidade): a “lata de piche”, que é um resíduo contaminado com material betuminoso utilizado como impermeabilizante.

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  • FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA AMBIENTAL

    VINCIUS DE SOUZA SILVA

    PROPOSTA DE DESTINAO SUSTENTVEL PARA LATAS DE PICHE

    PROVENIENTES DA CONSTRUO CIVIL

    SO BERNARDO DO CAMPO

    2013

  • VINCIUS DE SOUZA SILVA

    PROPOSTA DE DESTINAO SUSTENTVEL PARA LATAS DE PICHE

    PROVENIENTES DA CONSTRUO CIVIL

    Monografia apresentada Faculdade SENAI de Tecnologia Ambiental, dentro do Curso Superior de Tecnologia em Processos Ambientais SBC, como requisito da disciplina Projetos Ambientais, sob a Orientao do Prof Dr. Fernando Codelo Nascimento; Coorientao do Prof MSc Antonio Donizetti Giuliano e Coordenao Geral do Prof. Dr. Fernando Codelo Nascimento

    SO BERNARDO DO CAMPO

    2013

  • DEDICATRIA

    Primeiramente dedico este trabalho a Deus, que tm sido meu amparo todos os dias

    e tm me dado sade e fora para superar as dificuldades ao longo do caminho.

    Aos meus pais, Jos Carlos e Marisa, e ao meu irmo Gabriel que sempre torceram

    e me apoiaram para que este momento chegasse, me dando tudo que eu precisei e

    tudo que eles puderam me dar.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao Prof. Dr. Fernando Codelo Nascimento pela orientao, dedicao e

    pelo suporte necessrio para a realizao deste projeto.

    Agradeo ao Prof. MSc Antonio Donizetti Giuliano, por sua valiosa ajuda e por

    compartilhar o seu conhecimento com este trabalho.

    A todos os Professores que pela dedicao, sabedoria e experincia que nos foram

    passados nos ltimos trs anos, e que sempre me animaram e compartilharam toda

    sua trajetria profissional e pessoal.

    A todas aquelas pessoas que fazem parte da minha vida e que, direta ou

    indiretamente, contriburam para que este trabalho fosse realizado.

  • RESUMO

    A presente pesquisa, cujo tema Proposta de destinao sustentvel para latas de

    piche provenientes da construo civil, teve por objetivo propor uma destinao

    adequada para as latas de piche utilizadas no setor da construo civil, e as

    vantagens desta proposta. O objeto de estudo utilizado foi a lata de piche, resduo

    de construo e demolio - RCD. O objeto foi escolhido devido ao grande potencial

    poluidor que possui; possveis impactos ambientais que podem ser causados pela

    disposio irregular; a contribuio para a sustentabilidade nos processos de

    construo civil, minimizao dos impactos ao meio ambiente, alm de ser tambm

    um projeto inovador.

    A metodologia utilizada foi o estudo de campo. Os principais resultados obtidos na

    pesquisa foram as possibilidades do fabricante realizar a logstica reversa do

    resduo, e o co-processamento deste resduo em fornos de cimento. Levando em

    considerao que atualmente o resduo destinado inadequadamente como entulho

    de RCD, a cu aberto, conclui-se portanto que o projeto contribui para o meio

    ambiente propondo uma alternativa sustentvel, pois o resduo pode ser reutilizado

    como matria prima na indstria cimenteira, sem que afete a qualidade final do

    produto, auxiliando no atendimento da resoluo CONAMA n307:2002, que

    estabelece diretrizes, critrios e procedimentos para os resduos da construo civil.

    Palavras-chave: Lata de piche. Resduo de construo e demolio.

    Sustentabilidade.

  • ABSTRACT

    This study, which theme is "Proposal of sustainability destination for pitchs tin can

    proceeding from civil construction", had the objective to propose an appropriate

    destination for pitchs tin can used in the civil construction, and show the advantages

    of this proposal. The object of the study was the construction and demolition waste,

    "pitchs tin can". This object was chosen because its residue has a high potential

    polluter besides the irregular disposal can cause impacts. This proposal can

    contribute to sustainability, because minimizes the impact that the civil construction

    sector offers to the environment besides that is an innovative project.

    The methodology used was the field study. The main results obtained in the research

    were the possibilities for the manufacturer to perform the reverse logistics of waste,

    and this waste co-processing in cement kilns. Considering that currently the residue

    is inadequately designed as rubble, therefore we can conclude that the project

    contributes a lot to the environment, as well as the residue can be reused as a raw

    material in the cement industry, without affecting the quality of the final product, and

    thus assisting in the care of the CONAMA Resolution 307:2002, which establishes

    guidelines, criteria and procedures for construction waste.

    Keywords: Pitchs tin can. Construction and demolition waste. Sustainability

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 Vazadouro a cu aberto no morro do Bumba, Niteri..............................19

    FIGURA 2 Vazadouro a cu aberto no estado do Maranho....................................27

    FIGURA 3 Aterro sanitrio classe II A.......................................................................28

    FIGURA 4 Processo de co-processamento...............................................................32

    FIGURA 5 Vista parcial de uma Unidade de Dessoro Trmica..............................33

    FIGURA 6 Obra de construo de um estdio de futebol..........................................35

    FIGURA 7 Evoluo do mercado imobilirio no ABCDM...........................................37

    FIGURA 8 Construo da Arena Pernambuco..........................................................40

    FIGURA 9 Construo do Hospital de Clnicas em So Bernardo do Campo...........41

    FIGURA 10 Resduos da construo civil..................................................................44

    FIGURA 11 Pisos de cermica dispostos inadequadamente....................................45

    FIGURA 12 Caamba de entulho...............................................................................50

    FIGURA 13 Amostra de alcatro de hulha.................................................................52

    FIGURA 14 Pequena amostra de petrleo................................................................53

    FIGURA 15 Piche.......................................................................................................54

    FIGURA 16 Destilao fracionada do petrleo..........................................................57

    FIGURA 17 Pitch lake (Lago de Piche), em Trinidad e Tobago.................................59

    FIGURA 18 Fauna do rio Bambu impactada pelo gs sulfdrico................................62

    FIGURA 19 Caminho com piche pega fogo na rodovia...........................................65

    FIGURA 20 Tonis de piche abandonados e lagoa prxima.....................................65

    FIGURA 21 Arroio Barraco contaminado por piche.................................................66

    FIGURA 22 Gato sendo retirado de lata de piche...................................................67

  • FIGURA 23 Embalagem de impermeabilizante betuminoso......................................68

    FIGURA 24 Embalagem de 3,6 litros de impermeabilizante betuminoso..................69

    FIGURA 25 Celular Samsung Galaxy Ace.................................................................70

    FIGURA 26 Grfico de utilizao de impermeabilizante betuminoso........................76

    FIGURA 27 Grfico das principais aplicaes do material........................................77

    FIGURA 28 Embalagens de impermeabilizante.........................................................78

    FIGURA 29 Tipo de embalagem................................................................................79

    FIGURA 30 Destinao das embalagens de impermeabilizante...............................80

    FIGURA 31 EPIs disponibilizados.............................................................................81

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 Quantidade diria (t/dia) de resduos slidos (domiciliares e/ou pblicos)

    e coletados e/ou recebidos, por unidade de destino

    final.............................................................................................................................25

    TABELA 2 Evoluo do lanamento de imveis na regio do ABCDM.................35

    TABELA 3 Comparativo de lanamentos entre os municpios e os anos de 2010 e

    2011............................................................................................................................37

    TABELA 4 Total de resduos de construo e demolio - RCD coletados pelos

    municpios (milhes de toneladas/ano)......................................................................47

  • LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 Classificao dos resduos slidos quanto periculosidade.................21

    QUADRO 2 Classificao dos resduos slidos quanto origem..............................22

    QUADRO 3 Classificao dos resduos slidos quanto biodegradabilidade..........24

    QUADRO 4 Classificao dos materiais de construo conforme a origem.............42

    QUADRO 5 Classificao dos materiais de construo conforme a funo.............43

    QUADRO 6 Classificao dos resduos da construo civil......................................46

    QUADRO 7 Diferenas da classificao dos RCD pela NBR 15113:2004 para a

    resoluo CONAMA n 307/02...................................................................................47

    QUADRO 8 Classificao primria dos resduos da construo civil........................49

    QUADRO 9 Composio do piche.............................................................................55

    QUADRO 10 Principais propriedades do piche.........................................................58

    QUADRO 11 Toxicologia do piche.............................................................................61

    QUADRO 12 Toxidade do gs sulfdrico....................................................................63

    QUADRO 13 Ecotoxidade..........................................................................................64

    QUADRO 14 Equipamentos.......................................................................................70

    QUADRO 15 Softwares..............................................................................................71

    QUADRO 16 Diferena entre empreiteira e construtora............................................72

    QUADRO 17 Resultados da aplicao do questionrio.............................................75

    QUADRO 18 Destinaes para a lata de piche.........................................................83

  • LISTA DE SIGLAS

    ABCDM Santo Andr, So Bernardo, So Caetano, Diadema e Mau;

    ABCP Associao Brasileira de Cimentos Portland;

    ABDI Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial;

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas;

    ABRECON Associao Brasileira para Reciclagem de Resduos da Construo

    Civil e Demolio;

    ABRELPE Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos

    Especiais;

    ACIGABC Associao dos Construtores, Imobilirias e Administradoras do Grande

    ABC;

    ANDA Agncia de Notcias de Direitos de Animais;

    APIPA Associao Piauiense de Proteo e Amor aos Animais;

    ASTM American Society for Testing and Materials;

    CETRIC Central de Tratamento de Resduos Slidos Industriais;

    CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente;

    EPI Equipamento de Proteo Individual;

    FISPQ Ficha de Informao de Segurana de Produtos Qumicos;

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica;

    LEED Leadership in Energy & Environmental Design;

    NBR Norma Brasileira;

    PIB Produto Interno Bruto;

    PNRS Poltica Nacional de Resduos Slidos;

    PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico;

    RCD Resduos de Construo e Demolio;

    RFB Receita Federal do Brasil;

    USGBC United States Green Building Council.

  • SUMRIO

    INTRODUO .......................................................................................................... 15

    CAPTULO 1 RESDUOS SLIDOS ..................................................................... 17

    1.1. Conceito ............................................................................................................ 17

    1.2. Etimologia ......................................................................................................... 18

    1.3. Histrico ............................................................................................................ 18

    1.4. Tipos ................................................................................................................. 19

    1.4.1. Periculosidade ........................................................................................................................ 19

    1.4.2. Origem ..................................................................................................................................... 20

    1.4.3. Composio qumica ............................................................................................................. 23

    1.4.4. Biodegradabilidade ................................................................................................................ 23

    1.4.5. Caracterstica fsica ............................................................................................................... 24

    1.5. Destinaes ...................................................................................................... 24

    1.5.1. Vazadouro a cu aberto (Lixo) .......................................................................................... 25

    1.5.2. Vazadouro em rea alagada ou alagvel .......................................................................... 26

    1.5.3. Aterro controlado ................................................................................................................... 27

    1.5.4. Aterro sanitrio ....................................................................................................................... 27

    1.5.5. Compostagem ........................................................................................................................ 28

    1.5.6. Triagem de resduos reciclveis .......................................................................................... 28

    1.5.7. Incinerao ............................................................................................................................. 29

    1.5.8. Outros ...................................................................................................................................... 30

    1.5.8.1. Co-processamento .............................................................................................................. 30

    1.5.8.2. Aterro industrial ................................................................................................................... 31

    1.5.8.3. Dessoro trmica .............................................................................................................. 32

    CAPTULO 2 CONSTRUO CIVIL ..................................................................... 34

    2.1. Conceito ............................................................................................................ 34

  • 13

    2.2. Etimologia ......................................................................................................... 34

    2.3. Histrico ............................................................................................................ 35

    2.4. Tipos de construo civil ................................................................................... 38

    2.4.1. Construo pesada ............................................................................................................... 38

    2.4.2. Edificao ............................................................................................................................... 39

    2.5. Materiais ........................................................................................................... 40

    2.5.1. Classificao dos materiais .................................................................................................. 41

    2.6. Resduos ........................................................................................................... 42

    2.6.1. Classificao .......................................................................................................................... 44

    2.7. Sustentabilidade ............................................................................................... 49

    CAPTULO 3 PICHE .............................................................................................. 51

    3.1. Conceito ............................................................................................................ 51

    3.2. Etimologia ......................................................................................................... 52

    3.3. Histrico ............................................................................................................ 53

    3.4. Composio ...................................................................................................... 54

    3.5. Processo de fabricao .................................................................................... 55

    3.6. Propriedades..................................................................................................... 56

    3.7. Aplicaes ........................................................................................................ 58

    3.8. Toxicologia ........................................................................................................ 60

    3.9. Impactos ambientais ......................................................................................... 63

    CAPTULO 4 MATERIAIS E MTODOS ............................................................... 67

    4.1. Materiais ........................................................................................................... 67

    4.2. Mtodo .............................................................................................................. 70

    CAPTULO 5 ANLISE, DISCUSSO DOS RESULTADOS E PROPOSTAS ..... 74

    5.1. Resultados da aplicao do questionrio ......................................................... 74

    5.1.1. Utiliza algum material betuminoso como impermeabilizante?........................................ 74

  • 14

    5.1.2. Qual a aplicao do material impermeabilizante na obra? ............................................. 75

    5.1.3. Qual o volume/peso das embalagens do material betuminoso utilizado pela

    empresa? ............................................................................................................................................. 77

    5.1.4. Qual o tipo de embalagem utilizado? ................................................................................. 77

    5.1.5. Qual a destinao/tratamento do resduo contaminado com o material betuminoso

    aps o uso pela empresa? ................................................................................................................ 78

    5.1.6. Voc tem conhecimento dos riscos que o material betuminoso oferece ao meio

    ambiente? Se sim, quais so estes riscos? ................................................................................... 79

    5.1.7. Voc tem conhecimento dos riscos que o material betuminoso oferece sade? Se

    sim, quais so estes riscos? ............................................................................................................. 80

    5.2. Caracterizao do resduo ................................................................................ 81

    5.3. Propostas .......................................................................................................... 81

    CONCLUSES ......................................................................................................... 85

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 86

    APNDICE A ............................................................................................................ 97

  • 15

    INTRODUO

    Este projeto cujo tema Proposta de destinao sustentvel para latas de piche

    provenientes da construo civil, teve como objeto de estudo um resduo da

    construo civil para o qual no dada a devida ateno, (principalmente pelo fato

    de ser um resduo de alta periculosidade): a lata de piche, que um resduo

    contaminado com material betuminoso utilizado como impermeabilizante. O objeto

    em questo encontra-se delimitado geograficamente na cidade de So Bernardo do

    Campo, no estado de So Paulo. Temporalmente considera o perodo de abril at

    setembro de 2013.

    Dentre os principais motivos que justificaram a realizao dessa pesquisa citam-se

    que: foi um projeto inovador, trouxe benefcios ao meio ambiente, pois contribuiu

    para a sustentabilidade, porque este resduo impacta drasticamente o meio

    ambiente. O estudo ora apresentado relevante devido a inexistncia de destinao

    definida para este resduo, que impacta drasticamente o meio ambiente. Objetivou-

    se com essa pesquisa propor uma destinao sustentavelmente adequada para as

    latas de piche utilizadas no setor da construo civil.

    Para o desenvolvimento do estudo problematizou-se quais as possveis destinaes

    para a lata de piche usada? Como soluo para o problema apresentado adotou-se

    como hiptese o co-processamento do resduo. A metodologia adotada foi o estudo

    de campo, pois foi levantado o que feito hoje com o resduo.

    Artigos, teses, dissertaes, monografias, fotografias, vdeos, normas, requisitos

    legais, amostras, foram alguns dos instrumentos de pesquisa utilizados nesse

    projeto.

    Entre os principais referenciais utilizados que serviram para o embasamento terico

    da pesquisa encontram-se: Nascimento (2012), Oliveira (2006), NBR 10.004:2004,

    NBR 15.113:2004, Lei Federal n 12.305:2010 (Poltica Nacional de Resduos

    Slidos), Lei Estadual de So Paulo n12.300:2006 (Poltica Estadual de Resduos

    Slidos), Resoluo do CONAMA 307:2002, entre outros.

    A pesquisa encontra-se dividida em cinco captulos. O primeiro captulo abordou os

    resduos slidos. J o segundo a construo civil. E o terceiro o piche. Os materiais

  • 16

    e mtodos foram os assuntos tratados no quarto captulo. E no captulo final foi

    realizada anlise, discusso dos resultados e propostas.

  • 17

    CAPTULO 1 RESDUOS SLIDOS

    1.1. Conceito

    Resduos Slidos, vulgarmente conhecidos como lixo, so todos os restos slidos ou

    semi-slidos das atividades humanas, que embora possam no apresentar utilidade

    para a atividade de onde foram gerados, podem virar insumos para outras

    atividades.

    Segundo a Poltica Nacional de Resduos Slidos - PNRS, Lei n 12.305/2010

    resduo slido definido como:

    Material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se procede, se prope proceder ou se est obrigado a proceder, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel.

    A Poltica Estadual de Resduos Slidos de So Paulo, Lei n12.300/2006 conceitua

    os resduos slidos como: Os materiais decorrentes de atividades humanas em

    sociedade, e que se apresentam nos estados slido ou semi-slido, como lquidos

    no passveis de tratamento como efluentes, ou ainda os gases contidos.

    J para a NBR 10004:2004, esses podem ser conceituados como:

    Resduos nos estados slido e semi-slido, que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis em face melhor tecnologia disponvel.

    De acordo com Melhoramentos (2009) um dos significados de resduo o que resta,

    e outro remanescente. E ainda de acordo com o mesmo referencial slido o que

    tem forma prpria (contrape-se a lquido e gasoso) e o que consistente.

  • 18

    1.2. Etimologia

    Segundo Michaelis (2009) resduo vem do latim residuu que significa: que resta;

    restante, remanescente. E ainda conforme o mesmo referencial slido tambm vem

    do latim solidu que significa: firme, completo, inteiro.

    1.3. Histrico

    A partir do momento em que os homens deixaram de ser nmades e comearam a

    se estabelecer em determinados locais, preferindo se fixar novas situaes em

    relao aos resduos slidos produzidos pela atividade humana foram criadas pela

    alterao introduzida em seus hbitos de vida (PHILIPPI JNIOR, 1979, apud

    NAGASHIMA et al., 2011)

    O conceito de "lixo" pode ser considerado como uma inveno humana, pois em processos naturais no existe lixo. As substncias produzidas pelos seres vivos e que so inteis ou prejudiciais para o organismo, tais como as fezes e urina dos animais, ou o oxignio produzido pelas plantas verdes como subproduto da fotossntese, assim como os restos de organismos mortos so, em condies naturais, reciclados pelos decompositores. Por outro lado, os produtos resultantes de processos geolgicos como a eroso, podem tambm, a um escala de tempo geolgico, transformar-se em rochas sedimentares. (FRANCO, 2000, apud BEQUIMAM, et al.,s.d)

    Na Figura 1 observa-se resduos dispostos inadequadamente no Morro do Bumba,

    na cidade de Niteri no estado do Rio de Janeiro.

    FIGURA 1 Vazadouro a cu aberto no Morro do Bumba, Niteri

    Fonte: RESGALA; NASCIMENTO, 1977

  • 19

    Este vazadouro a cu aberto, popularmente conhecido como lixo, esteve ativo de

    1970 a 1986. possvel observar na Figura 1, resduos slidos dispostos de forma

    inadequada, e observam-se tambm os agora conhecidos como catadores de lixo ao

    redor, e a presena de animais como urubus. E mesmo com a desativao do local

    a populao foi construindo casas de alvenaria no local. Segundo Cudri (2010), em

    abril de 2010 o gs metano proveniente deste lixo causou uma exploso que

    soterrou diversas residncias da comunidade do local.

    Segundo o Instituto Ethos (2012), o debate sobre a destinao dos resduos foi

    ganhando adeptos a partir da dcada de 1980 e se tornou uma das grandes

    preocupaes socioambientais no encerramento do sculo XX.

    1.4. Tipos

    Os resduos slidos podem ser classificados de acordo com a periculosidade,

    origem, composio qumica, biodegradabilidade e caracterstica fsica.

    (NASCIMENTO, 2012)

    1.4.1. Periculosidade

    De acordo com a NBR 10004:2004, periculosidade a:

    Caracterstica apresentada por um resduo que, em funo de suas propriedades fsicas, qumicas ou infectocontagiosas, pode apresentar:

    a) risco sade pblica, provocando mortalidade, incidncia de doenas ou acentuando seus ndices; b) riscos ao meio ambiente, quando o resduo for gerenciado de forma inadequada.

    Portanto, entende-se periculosidade como uma caracterstica que pode apresentar

    perigo, para um ambiente, seja aqutico, terrestre ou areo, ou ainda apresentar

    algum tipo de perigo sade, podendo provocar doenas ou at mortalidade.

    Essa classificao definida pela ABNT na norma NBR 10004:2004 apresentada no

    Quadro 1.

  • 20

    QUADRO 1 - Classificao dos resduos slidos quanto periculosidade

    Classe Descrio Figura de exemplo

    Classe I (Perigosos)

    So aqueles que por suas caractersticas podem apresentar riscos para a sociedade ou para o meio ambiente. So considerados perigosos tambm os que apresentem uma das seguintes caractersticas: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade. Na norma esto definidos os critrios que devem ser observados em ensaios de laboratrio para a determinao destes itens. Os resduos que recebem esta classificao requerem cuidados especiais de destinao.

    Pilhas, baterias e lmpadas

    Fonte: SILVA, 2013

    Classe II - No

    Perigosos

    No apresentam nenhuma das caractersticas da Classe I acima, podem ainda ser classificados em dois subtipos, conforme linhas abaixo.

    Madeira

    Fonte: SILVA, 2013

    Classe II A No Inertes

    So aqueles que no se enquadram no item anterior, Classe I, nem no prximo item, Classe II B. Geralmente apresenta alguma dessas caractersticas: biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em gua.

    Papelo

    Fonte: SILVA, 2013

    Classe II B - Inertes

    Quando submetidos ao contato com gua destilada ou desionizada, temperatura ambiente, no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade da gua, com exceo da cor, turbidez, dureza e sabor.

    Isopor

    Fonte: SILVA, 2013

    Fonte: Adaptado da NBR 10004:2004

    1.4.2. Origem

    Nesta classificao os resduos so separados de acordo com o setor e/ou atividade

    em que so gerados, podendo variar em at 11 (onze) tipos. Essa classificao foi

    definida pela Poltica Nacional de Resduos Slidos (2010) conforme o Quadro 2.

  • 21

    QUADRO 2 - Classificao dos resduos slidos quanto origem

    Origem Definio Figura de exemplo

    Resduos Domiciliares Originrios de atividades domsticas em residncias urbanas.

    Lixo residencial

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos de Limpeza Urbana

    Originrios da varrio, limpeza de logradouros e vias pblicas e outros servios de limpeza urbana.

    Lixo de varrio

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos Slidos Urbanos

    Resduos Domiciliares e Resduos de Limpeza Urbana.

    Resduos domiciliares

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos de Estabelecimentos

    Comerciais e Prestadores de

    Servio

    Originrios em atividades comerciais e/ou prestao de servios, incluindo os Resduos de Limpeza Urbana, Resduos dos Servios Pblicos de Saneamento Bsico, Resduos de Servio de Sade, Resduos da Construo Civil e Resduos de Servios de Transportes.

    Caixas de papelo

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos dos Servios Pblicos de Saneamento Bsico

    Gerados em atividades de saneamento bsico incluindo os Resduos Slidos Urbanos.

    Meio frio

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos Industriais Gerados nos processos produtivos e

    instalaes industriais.

    Resduos industriais

    Fonte: SILVA, 2013

    Continua

  • 22

    Continuao do QUADRO 2 - Classificao dos resduos slidos quanto origem

    Origem Definio Figura de exemplo

    Resduos de Servio de Sade

    Gerados nos servios de sade, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos rgos do Sisnama

    1 e

    do SNVS2.

    Caixas de remdio

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos da Construo Civil

    Gerados nas construes, reformas, reparos e demolies de obras de construo civil, includos os resultantes da preparao e escavao de terrenos para obras civis.

    Caamba com entulho

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos Agrossilvopastoris

    Gerados nas atividades agropecurias e silviculturais, includos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades.

    Restos de galinhas mortas

    Fonte: JACUPE NOTCIAS, 2013

    Resduos de Servios de Transportes

    Originrios de portos, aeroportos, terminais alfandegrios, rodovirios e ferrovirios e passagens de fronteira.

    Pneus

    Fonte: SILVA, 2013

    Resduos de Minerao

    Gerados na atividade de pesquisa, extrao ou beneficiamento de minrios.

    Resduos de uma pedreira

    Fonte: BELTRO, 2013

    Fonte: Adaptado da Poltica Nacional de Resduos Slidos - PNRS, 2010

    1 Sisnama: Sistema Nacional do Meio Ambiente

    2 SNVS: Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria

  • 23

    1.4.3. Composio qumica

    Segundo Nascimento (2012), os resduos tambm podem ser classificados de

    acordo com a sua composio qumica em orgnicos e inorgnicos. Ainda de acordo

    com o mesmo referencial, orgnicos so os resduos compostos de cadeia

    carbnica, como por exemplo, madeira, papel, papelo, resto de alimentos, podas

    de rvores, entre outros. Os inorgnicos so os demais, ou seja, os que no so

    formados por cadeia carbnica, como por exemplo, vidro e metal entre outros.

    1.4.4. Biodegradabilidade

    A biodegradabilidade a caracterstica de algumas substncias qumicas poderem

    ser usadas como substratos por microrganismos, que as empregam para produzir

    energia por respirao celular e criar outras substncias como aminocidos, novos

    tecidos e novos organismos. (FORNASARI, BENVINDO, 2008).

    O Quadro 3 mostra as seguintes classes de acordo com a biodegradabilidade.

    QUADRO 3 - Classificao dos resduos slidos quanto biodegradabilidade

    Classificao Descrio Figura

    Facilmente degradvel

    Resduos formados por cadeias carbnicas simples

    Resto de alimentos

    Fonte: SILVA, 2013

    Pouco degradvel

    Resduos formados por cadeias carbnicas com complexidade baixa

    Papel de jornal

    Fonte: SILVA, 2013

    Continua

  • 24

    Continuao do QUADRO 3 - Classificao dos resduos slidos quanto biodegradabilidade

    Classificao Descrio Figura

    Dificilmente degradvel

    Resduos formados por cadeias carbnicas com alta complexidade

    Couro

    Fonte: SILVA, 2013

    No degradvel

    Resduos no formados por cadeias carbnicas (inorgnicos)

    Porcelana

    Fonte: SILVA, 2013

    Fonte: Adaptado de Nascimento, 2012

    1.4.5. Caracterstica fsica

    Segundo Nascimento (2012), os resduos tambm podem ser classificados de

    acordo com a sua caracterstica fsica em secos ou midos. Ainda segundo o

    mesmo referencial, secos so os resduos com baixo teor de umidade (at

    aproximadamente 5%), como os plsticos, papis, metais, vidros, dentre outros. E

    resduos midos so aqueles com o teor de umidade maior que 5%, como frutas,

    legumes, verduras, alimentos em geral, entre outros.

    1.5. Destinaes

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2008) afirma na Pesquisa

    Nacional de Saneamento Bsico - PNSB que so coletadas 259.547 t/dia de

    resduos slidos (domiciliares e/ou pblicos) no Brasil. A Tabela 1 a seguir apresenta

    a distribuio da destinao nacional destes resduos.

  • 25

    TABELA 1 - Quantidade diria (t/dia) de resduos slidos (domiciliares e/ou pblicos)

    e coletados e/ou recebidos, por unidade de destino final

    Unidade de destino final dos resduos slidos coletados e/ou recebidos

    Lixo

    Vazadouro em reas

    alagadas ou alagveis

    Aterro controlado

    Aterro sanitrio

    Compostagem Triagem de

    resduos reciclveis

    Incinerao Outra

    Qtde de resduos

    45.710 46 40.695 167.636 1.635 3.122 67 636

    Fonte: Adaptado do IBGE, 2008

    Observa-se na Tabela 1, que o aterro sanitrio a forma de destinao

    predominante para os resduos slidos (domiciliares e pblicos) no Brasil, pois

    representa cerca de 64,6% dos resduos coletados e/ou recebidos. E em segundo

    lugar vm os lixes, que segundo a Lei n 12.305:2010, a Poltica Nacional de

    Resduos Slidos - PNRS devem ser extintos at agosto de 2014. Visto que esta

    pesquisa realizada pelo IBGE referente ao ano de 2008, e a Poltica Nacional dos

    Resduos Slidos foi instituda em 2010, no possvel observar os impactos da

    Poltica Nacional. O aterro controlado figura na terceira colocao na quantidade de

    resduos recebidos e/ou coletados, seguido por unidade de triagem de resduos

    reciclveis e compostagem.

    1.5.1. Vazadouro a cu aberto (Lixo)

    O IBGE (2008) descreve vazadouro a cu aberto (ou lixo) como local utilizado para

    disposio do lixo, em bruto, sobre o terreno, sem qualquer cuidado ou tcnica

    especial. O vazadouro a cu aberto caracteriza-se pela falta de medidas de proteo

    ao meio ambiente ou sade pblica.

    Segundo Nascimento (2012) no lixo no h nenhum controle em relao aos tipos

    de resduos depositados quanto ao local de disposio. Portanto, resduos

    domiciliares e comerciais de baixa periculosidade so depositados juntamente com

    os industriais e hospitalares, de alto poder poluidor. E ainda segundo o mesmo

    autor, nos lixes pode haver outros problemas, como por exemplo, a presena de

    animais, a presena de catadores, alm de riscos de incndios causados pelos

  • 26

    gases gerados pela decomposio dos resduos. Concluindo ento, ainda segundo

    Nascimento (2012), lixo a disposio inadequada de resduos slidos. A Figura 2

    apresenta um vazadouro a cu aberto em funcionamento.

    FIGURA 2 Vazadouro a cu aberto no estado do Maranho

    Fonte: apud ROLNIK, 2012

    Na Figura 2 possvel observar uma rea em que foram despejados grande

    quantidade de resduos de diversas classificaes. Segundo Rolnik (2012) este lixo

    situa-se na cidade de Santa Luzia, no interior do Estado do Maranho. Nesta

    imagem fica evidente os problemas e perigos de um Lixo. Observa-se tambm a

    grande quantidade de urubus, e ao fundo da imagem um conjunto habitacional que

    segundo Rolnik (2012), do programa Minha Casa Minha Vida.

    1.5.2. Vazadouro em rea alagada ou alagvel

    A melhor definio encontrada para vazadouro em rea alagada ou alagvel foi

    descrita pelo IBGE (2008), atravs da Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico

    2008, que conceitua vazadouro em rea alagada como a disposio final do lixo

    pelo seu lanamento, em bruto, em corpos de gua.

  • 27

    1.5.3. Aterro controlado

    No que se refere ao aterro controlado o IBGE (2008), define como local utilizado

    para despejo do lixo coletado, em bruto, sendo que os resduos so cobertos,

    diariamente (aps a jornada de trabalho), com uma camada de terra, de modo a

    minimizar riscos sade pblica, e os impactos ambientais.

    1.5.4. Aterro sanitrio

    Segundo o IBGE (2008), aterro sanitrio a destinao final dos resduos slidos

    urbanos que atravs de sua adequada disposio no solo, sob controle tcnico e

    operacional, de modo que nem os resduos, nem seus efluentes lquidos e gasosos,

    venham a causar danos sade pblica e/ou ao meio ambiente. Para tanto, o aterro

    sanitrio dever ser localizado, projetado, instalado, operado e monitorado em

    conformidade com a legislao ambiental vigente.

    Na Figura 3 observa-se um aterro sanitrio classe II A em operao.

    FIGURA 3 - Aterro Sanitrio Classe II A

    Fonte: CORRA, 2012

    Os caminhes ao chegarem ao aterro so pesados, e em seguida seguem para o

    local onde o resduo ser desposto, conforme a NBR 10004:2004. Na Figura 3

  • 28

    possvel observar caminhes levando resduos at um aterro de Classe II A, e

    dispondo-os. Observa-se tambm na mesma Figura 3, a utilizao de

    retroescavadeiras para organizar a disposio dos resduos, formando pilhas de at

    6 metros de altura.

    1.5.5. Compostagem

    Segundo o IBGE (2008) unidade de compostagem :

    [...] o conjunto das instalaes, dotadas ou no de equipamentos eletromecnicos, destinadas ao processamento de resduos orgnicos facilmente biodegradveis, provenientes de poda de rvores e gramados, bem como da coleta diferenciada junto a centrais de abastecimento, mercados, estabelecimentos de venda a varejo de legumes e frutas, ou sacoles, supermercados e outros locais em que esse tipo de resduo gerado em maiores quantidades de modo a transform-los em composto orgnico, como fertilizante e condicionador de solos.

    1.5.6. Triagem de resduos reciclveis

    Conforme a IBGE (2008) unidade de triagem de resduos reciclveis :

    [...] o conjunto de instalaes, dotadas ou no de equipamentos eletromecnicos, onde so executados os trabalhos de: separao, por classes e/ou por tipos de resduos reciclveis resultantes da coleta seletiva; acondicionamento, usualmente em fardos aps prensagem, quando a granel; e estocagem, para posterior comercializao.

    Ainda conforme o mesmo referencial usina de reciclagem a instalao apropriada

    para separao e recuperao de materiais usados e descartados presentes no lixo

    e que podem ser transformados e reutilizados.

    De acordo com a resoluo CONAMA n275/01 a triagem realizada de acordo com

    o material do resduo, podendo ser papel/papelo, plstico, vidro, metal, madeira,

    resduos perigosos, resduos radioativos, resduos orgnicos, resduos ambulatoriais

    e de servio de sade e resduos gerais no reciclveis ou misturados, ou

    contaminados no passveis de separao.

  • 29

    1.5.7. Incinerao

    O IBGE (2008) conceitua incinerao como: o processo de reduo trmica da

    massa (geralmente, em at 70%) e do volume (usualmente, em at 90%) de

    resduos, por meio de combusto controlada a temperaturas elevadas, efetuada em

    incinerador.

    Ainda conforme o mesmo referencial incinerador um:

    Equipamento, ou conjunto de equipamentos e dispositivos eletromecnicos, destinado combusto controlada de resduos a temperaturas elevadas, usualmente variveis de 800C a 1200C, e necessariamente dotado de sistemas de reteno de materiais particulados e de tratamento trmico de gases poluentes. Os incineradores so, quase sempre, parte integrante de uma instalao complexa de tratamento de resduos, sujeita a licenciamento ambiental prvio e especfico pelo rgo competente; no devem ser confundidos com os fornos improvisados de qualquer tipo, normalmente construdos, ou adquiridos e instalados pelas prefeituras, com a finalidade de queima simples, ou descontrolada, de resduos de servios de sade. (IBGE, 2010).

    Nesta tecnologia ocorre a decomposio trmica via oxidao alta temperatura da

    parcela orgnica dos resduos, transformando-a em uma fase gasosa e outra slida,

    reduzindo o volume, o peso e as caractersticas de periculosidade dos resduos.

    (ESSENCIS SOLUES AMBIENTAIS, 2013)

    E ainda conforme Essencis Solues Ambientais (2013) so resduos passveis de

    incinerao:

    a) Resduos slidos, pastosos, lquidos e gasosos;

    b) Resduos orgnicos clorados e no-clorados (borra de tinta, agrodefensivos,

    borras oleosas, farmacuticos, resduos de laboratrio, resinas, entre outros);

    c) Resduos inorgnicos contaminados com leo, gua contaminada com

    solventes, entre outros;

    d) Resduos ambulatoriais (grupo B)3.

    3 Resduos ambulatoriais grupo B: conforme o Anexo I da resoluo n 358 do Conselho Nacional do

    Meio Ambiente CONAMA de 29 de abril de 2005, so: resduos contendo substncias qumicas que podem apresentar risco sade pblica ou ao meio ambiente, dependendo de suas caractersticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

  • 30

    1.5.8. Outros

    Ainda possvel abordar outras maneiras de disposio de resduos que no

    constam na Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico do IBGE (2008).

    1.5.8.1. Co-processamento

    Segundo a Associao Brasileira de Cimento Portland - ABCP (2013) o co-

    processamento foi: amplamente empregado na Europa, Estados Unidos e Japo h

    quase 40 anos, o co-processamento utilizado no Brasil desde o incio da dcada

    de 1990.

    Esta tecnologia consiste na destruio trmica de resduos em fornos de cimento,

    sendo uma tecnologia sustentvel, pois os resduos podem ser aproveitados

    energeticamente ou usado como matria prima na indstria cimenteira sem afetar a

    qualidade do produto final. Desta forma, poupa recursos naturais usados como fonte

    energtica. (ESSENCIS SOLUES AMBIENTAIS, 2013).

    Conforme o mesmo referencial:

    O co-processamento uma soluo aplicvel a uma ampla gama de resduos lquidos, slidos e pastosos originados em atividades industriais como petroqumica, qumica, montadoras, autopeas, eletroeletrnica, siderurgia, metalurgia, metal-mecnica, celulose e papel.

    Conforme a ABCP (2013) os seguintes resduos podem ser utilizados no co-

    processamento: substncias oleosas, equipamentos de proteo individual - EPIs

    contaminados, produtos fotogrficos, lodos de esgoto, pneus inservveis, solventes

    usados, embalagens de produtos qumicos como tintas, corantes e vernizes, entre

    outros. Segundo a resoluo CONAMA 264/1999 proibida a destinao via co-

    processamento de resduos domiciliares brutos, os resduos da sade, os

    radioativos, explosivos, organoclados, agrotxicos e afins.

  • 31

    Aps o processo de blendagem4 dos resduos, ocorre, em alta temperatura, a

    destruio trmica, com alto tempo de residncia dos gases, proporcionando a

    destruio total dos resduos. (CETRIC5, 2013).

    A Figura 4 ilustra como funciona o processo de co-processamento.

    FIGURA 4 - Processo de co-processamento

    Fonte: Votorantim Cimentos, 2013

    Observa-se na Figura 4 que a utilizao de resduos inservveis no co-

    processamento, alm de oferecer uma alternativa sustentvel de destinao a estes

    resduos, diminui a extrao de matrias-primas.

    1.5.8.2. Aterro industrial

    Segundo a Oca Ambiental (2013) aterro industrial :

    [...] um local adequado para destinao final de resduos slidos produzidos por indstrias. A instalao de um aterro industrial tem por objetivo diminuir os impactos ambientais decorrentes das atividades industriais. O aterro

    4 Blendagem: segundo a prpria CETRIC (2013), a mistura de resduos com o objetivo de

    homogeneizar os diversos resduos que sero utilizados, garantindo, assim, melhor desempenho operacional e qualidade do produto fabricado.

    5 CETRIC: Central de Tratamento de Resduos Slidos Industriais

  • 32

    industrial dever conter basicamente em sua estrutura fsica: a impermeabilizao das trincheiras, o tratamento de efluentes, o tratamento dos gases, a drenagem de guas pluviais e os barraces de reciclagem, armazenagem e manuteno.

    O aterro Industrial classificado como classe l, IIa e llb, de acordo com o tipo de

    resduo para o qual ele foi licenciado a receber.

    1.5.8.3. Dessoro trmica

    Essencis Solues Ambientais (2013) define dessoro trmica como:

    [...] um processo que tem o objetivo de tratar solos contaminados com hidrocarbonetos tais como gasolina, leo diesel, leo combustvel, querosene, entre outros. Reduzindo ou eliminando sua concentrao a nveis que permitam a disposio do solo em seu local de origem ou em uma nova utilizao.

    uma tecnologia de recuperao em favor da sustentabilidade, que usa energia trmica para separar fisicamente compostos volteis do solo visando a descontaminao para a reutilizao.

    Observa-se na Figura 5 a vista parcial de uma Unidade de Dessoro Trmica com

    capacidade de tratar 25 toneladas por hora, e que opera 55 horas por semana.

    Portanto tem capacidade de tratar 1.375 toneladas de solo contaminado por

    semana.

    FIGURA 5 - Vista parcial de uma Unidade de Dessoro Trmica

    Fonte: CORRA, 2012

  • 33

    Na Figura 5 observa-se o local onde o solo contaminado depositado, chegando

    esteira pelo qual transportado e levado at o forno rotativo com o objetivo de

    descontaminar o solo de hidrocarbonetos6, o forno rotativo no aparece nesta vista

    parcial da Unidade de Dessoro Trmica, porm possvel observar no canto

    inferior direito da ilustrao uma poro de terra tratada e descontaminada.

    Ao final do processo de dessoro trmica, o solo pode ter uma concentrao de at

    5% de contaminante, porm perde muitos nutrientes, tornando o solo infrtil.

    (CAMARGO FILHO, 2012)

    No Captulo 1 apresentou-se o conceito, etimologia, histrico dos resduos slidos.

    Estudaram-se tambm os diversos tipos de resduos de acordo com sua

    periculosidade, origem, composio qumica, biodegradabilidade e caracterstica

    fsica e foram apresentados diversos exemplos de cada tipo. Encerrou-se o captulo

    com a pesquisa de como os resduos so destinados, e conceituou-se cada um

    dessas formas de destinaes.

    O Captulo 2 trar o conceito de construo civil, e a sua etimologia e histrico, alm

    dos resduos gerados neste setor, e a sustentabilidade aplicada nesta rea.

    6 Hidrocarbonetos: segundo Feltre (1983) so compostos orgnicos formados exclusivamente por

    carbono e hidrognio.

  • 34

    CAPTULO 2 CONSTRUO CIVIL

    2.1. Conceito

    Segundo a Receita Federal do Brasil (2009) no artigo n 322 da Instruo Normativa

    n 971, obra de construo civil : a construo, demolio, reforma, ampliao de

    edificao ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo.

    Na Figura 6 tm-se um exemplo de obra de construo.

    FIGURA 6 - Obra de construo de um estdio de futebol

    Fonte: UOL, 2012

    A Figura 6 apresenta as obras da Arena So Paulo, como um exemplo de uma obra

    de construo civil. Segundo Ohata e Ducroquet (2011) a rea construda ser de

    148.620 m. possvel observar na figura alguns tratores e caminhes e muitos

    operrios trabalhando no levantamento de alicerces, e para isso fazendo o uso de

    muitos andaimes.

    2.2. Etimologia

    Segundo Michaelis (2009) construo vem do latim constructione. E civil tambm

    vem do latim civile.

  • 35

    2.3. Histrico

    A construo civil deu seus primeiros passos no Brasil, ainda no perodo colonial,

    com a construo de fortificaes e igrejas. Em 1549, durante o Governo Geral,

    foram construdos os muros ao redor da cidade de Salvador, capital brasileira na

    poca. Porm a criao de escolas voltadas para a Engenharia Civil s ocorreu, em

    1810, com o estabelecimento da Famlia Real ao Brasil (SILVA, 2013).

    Segundo Santos (2010):

    Na dcada de 1940, a construo civil teve seu auge no governo do ento presidente do Brasil, Getlio Vargas Dorneles, e este setor foi considerado uns dos mais avanados da poca. O Brasil era detentor importante da tecnologia do concreto armado. A partir da dcada de 1950 definiu-se a forma de trabalho por hierarquia. Na dcada de 1970 durante o regime militar predominou grande financiamento no setor visando diminuir o dficit de moradia. E as construtoras passaram somente a construir os prdios.

    J conforme Ayanna et al. (2011):

    Na dcada de 1980 comearam a diminuir os financiamentos e as construtoras voltam a comercializar suas unidades. Na dcada 1990 observam a melhor qualidade no produto final e as construtoras comeam a qualificar a mo de obra e com isso o produto final fica com uma qualidade melhor.

    Em 2000 mais intensa a preocupao e preservar para com o meio ambiente e temos maiores informaes sobre os impactos causados pelo entulho da construo civil e com isso vrias empresas comeam a se preocupar com polticas pblicas para reduzir este impacto o que observado pela reciclagem destes entulhos.

    A Tabela 2 a seguir apresenta a evoluo do nmero de lanamento de imveis na

    regio do ABCDM (regio do estado de So Paulo que engloba as cidades de Santo

    Andr, So Bernardo do Campo, So Caetano do Sul, Diadema e Mau), por

    trimestres dos anos de 2007 a 2011.

  • 36

    TABELA 2 - Evoluo do lanamento de imveis na regio do ABCDM

    2007 2008 2009 2010 2011

    1 Trimestre 1894 1750 706 2189 1589

    2 Trimestre 1970 1965 835 1641 2602

    3 Trimestre 836 4461 1716 2294 2528

    4 Trimestre 2179 943 1662 2763 2289

    Total 6879 9919 4919 8887 9008

    Fonte: Adaptado de ASSOCIAO DOS CONSTRUTORES, IMOBILIRIAS E

    ADMINISTRADORAS DO GRANDE ABC - ACIGABC, 2012

    Apesar de que a Tabela 2 no apresenta o nmero exato de obras de construo no

    grande ABCDM, pois os dados desta Tabela representam somente as obras de

    construo referentes aos imveis lanados, possvel ter-se uma base da evoluo

    do setor na regio, pois os lanamentos de imveis representam uma parte das

    obras na regio.

    A Figura 7 seguinte ilustra a Tabela 2 para melhor observao da evoluo do

    lanamento de imveis na regio.

    FIGURA 7 - Evoluo do mercado imobilirio no ABCDM

    Fonte: Adaptado de ACIGABC, 2012

    Segundo a empresa Indicador7 (2011) no perodo de 2004 a 2008 a taxa mdia de

    crescimento do PIB do pas foi de 4,8%. No mesmo espao de tempo, a construo

    7 A Indicador uma empresa de consultoria empresarial de Belo Horizonte, que prope solues

    especficas aos seus clientes, baseando-se em um estudo sistmico da empresa.

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    3500

    4000

    4500

    5000

    2007 2008 2009 2010 2011

    1 Trimestre 2 Trimestre 3 Trimestre 4 Trimestre

  • 37

    civil cresceu em uma taxa mdia de 5,1%, acima da taxa da economia nacional.

    Porm possvel observar na Figura 7 que o setor da construo civil, assim como

    todos os outros setores, sofreu os impactos da crise econmica mundial do ano de

    2009, pois o grfico deixa claro que o setor comeou a sentir os efeitos da crise no

    ltimo trimestre do ano de 2008, onde apresentou o menor ndice do perodo nestes

    cinco anos, e em seguida comparando o primeiro e segundo trimestre de 2009 com

    os dos demais anos tambm foi obtido o menor ndice. Somente no terceiro trimestre

    de 2009 que o setor comeou a esboar uma reao, mas mesmo assim apresentou

    ndice abaixo dos outros anos, com exceo somente de 2007.

    Com exceo somente do primeiro trimestre, os ndices de 2011 apresentaram uma

    evoluo quando comparados aos ndices de 2007, e quando comparados os

    ndices anuais a evoluo de 31%, e a tendncia que o nmero de lanamentos

    de imveis no ABCDM continue a evoluir.

    Trata-se de um setor de grande importncia para o desenvolvimento econmico e social do Pas, destacando-se pela quantidade de atividades que intervm em seu ciclo de produo, gerando consumo de bens e servios de outros setores, alm do fato de absorver grande parte da mo-de-obra brasileira no especializada do Pas. Nos ltimos quatro anos, o segmento de edificaes, em particular, vem passando por uma significativa transformao, saindo de um longo perodo com poucos investimentos, para um cenrio de crescimento com a disponibilidade de recursos em abundncia, com grandes obras em andamento e fortes investimentos imobilirios. (AGNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL ABDI, 2009)

    Na Tabela 3 apresentado um comparativo dos lanamentos de imveis em cada

    municpio do ABCDM nos anos de 2010 e 2011.

    TABELA 3 - Comparativo de lanamentos entre os municpios e os anos de 2010 e 2011

    2010 % 2011 %

    Santo Andr 2904 32,68% 1475 16,37%

    So Bernardo 2854 32,11% 3811 42,31%

    So Caetano 1306 14,70% 1739 19,30%

    Diadema 1823 20,51% 887 9,85%

    Mau 0 0% 1096 12,17%

    Total 8887 100% 9008 100%

    Fonte: Adaptado de ACIGABC, 2012

  • 38

    Observa-se na Tabela 3 que o setor imobilirio tm obtido um crescimento

    considervel no municpio de So Bernardo do Campo, pois do ano de 2010 para o

    de 2011 obteve um crescimento de 33,53% no nmero de lanamentos de imveis.

    E tambm possvel observar na Tabela 3 que So Bernardo do Campo lanou, em

    2011, cerca de 42,31% das unidades totais da regio. Porm importante ressaltar

    que este ndice no representa o panorama completo do setor da construo civil na

    cidade, pois s foram levados em considerao nesta pesquisa realizada pela

    ACIGABC os lanamentos de unidades verticais, ou seja, de apartamentos.

    Observa-se tambm na Tabela 3 que o ndice de Mau em 2011 foi de 1096 imveis

    lanados, e em 2010 o ndice foi igual a zero. Partindo destes dados conclui-se que

    no ano de 2010 no foram apurados dados no municpio de Mau.

    2.4. Tipos de construo civil

    Este subcaptulo aborda sobre os tipos de construo, que segundo Ribeiro (2013) o

    setor da construo civil dividido em duas atividades bsicas com caractersticas

    distintas. So elas: construo pesada e edificao.

    2.4.1. Construo pesada

    Englobam vias de transporte (pontes, viadutos, tneis, estradas entre outros), obras

    hidrulicas de saneamento, de irrigao/drenagem, de gerao e transmisso de

    energia eltrica, de sistemas de comunicaes e de infraestrutura de forma geral

    (RIBEIRO, 2013).

    A Figura 8 a seguir representa este tipo de construo no nordeste do pas, no

    estado de Pernambuco.

  • 39

    FIGURA 8 - Construo da Arena Pernambuco

    Fonte: UOL, 2013

    A Figura 8 uma imagem da Arena Pernambuco em fevereiro de 2013, quando as

    obras j estavam sendo finalizadas, pois segundo o governo estadual de

    Pernambuco a obra nesta imagem estava 90% concluda. O estdio foi inaugurado

    em maio de 2013, e segundo o UOL (2013) a rea construda do estdio de 128

    mil m.

    2.4.2. Edificao

    Engloba obras habitacionais, comerciais, industriais, obras do tipo social (escolas,

    creches e hospitais) e obras destinadas a atividades culturais, esportivas e de laser

    (RIBEIRO, 2013).

    A Figura 9 a seguir representa este tipo de construo, no municpio de So

    Bernardo do Campo, no estado de So Paulo.

  • 40

    FIGURA 9 - Construo do Hospital de Clnicas em So Bernardo do Campo

    Fonte: MAGO, 2012

    A Figura 9 apresenta o Hospital de Clnicas durante construo no bairro Alvarenga,

    na cidade de So Bernardo do Campo. A rea total do hospital ser de 36 mil m. A

    fotografia foi tirada em aproximadamente julho de 2012, data esta que o hospital j

    deveria ter sido inaugurado, pois segundo Oliveira (2013) o prazo de inaugurao

    do local estava previsto para o primeiro semestre de 2012, mas at agora

    [12/04/2013] essa entrega no aconteceu.

    2.5. Materiais

    Os materiais de construo so aqueles da fase de locao e infraestrutura da obra

    at a fase de acabamento, passando desde um simples prego at os mais

    conhecidos materiais, como o cimento (HAGEMANN, 2011). Para Silva (1985, apud

    HAGEMANN, 2011), o responsvel tcnico, responsvel pela escolha dos materiais

    que ser utilizado, deve analisar os materiais de acordo com seguintes aspectos:

    a) Condies tcnicas: O material deve possuir propriedades que o tornem adequado ao uso que se pretende fazer dele. Entre essas propriedades esto a resistncia, a trabalhabilidade, a durabilidade, a higiene e a segurana. b) Condies econmicas: O material deve satisfazer as necessidades de sua aplicao com um custo reduzido no s de aquisio, mas de aplicao e de manuteno, visto que muitas obras precisam de servios de

  • 41

    manuteno depois de concludas e que da manuteno depende a durabilidade da construo. c) Condies estticas: O material utilizado deve proporcionar uma aparncia agradvel e conforto ao ambiente onde for aplicado.

    2.5.1. Classificao dos materiais

    Os materiais de construo podem ser classificados de acordo com diferentes

    critrios. Entre os critrios apresentados por Silva (1985, apud HAGEMANN, 2011),

    podemos destacar como principais a classificao quanto origem (modo de

    obteno) e funo.

    2.5.1.1. Origem

    Uma das principais maneiras de classificar os materiais da construo civil, segundo

    Hagemann (2011), em relao origem dos materiais, ou seja, do modo de

    obteno. O Quadro 4 apresenta como podem ser classificados os materiais de

    construo a partir deste critrio.

    QUADRO 4 - Classificao dos materiais de construo conforme a origem

    Classe Definio Figura

    Naturais

    So aqueles encontrados na natureza, prontos para serem utilizados. Em alguns casos precisam de tratamentos simplificados como uma lavagem ou uma reduo de tamanho para serem utilizados. Como exemplo desse tipo de material, temos a areia, a pedra e a madeira.

    Areia

    Fonte: SILVA, 2013

    Artificiais So os materiais obtidos por processos industriais. Como exemplo, podem-se citar os tijolos, as telhas e o ao.

    Telhas

    Fonte: SILVA, 2013

    Combinados So os materiais obtidos pela combinao entre materiais naturais e artificiais. Concretos e argamassas so exemplos desse tipo de material.

    Blocos de concreto

    Fonte: SILVA, 2013

    Fonte: Adaptado de HAGEMANN, 2011

  • 42

    2.5.1.2. Funo

    Quanto funo onde forem empregados, os materiais de construo podem ser

    classificados como mostra o Quadro 5.

    QUADRO 5 - Classificao dos materiais de construo conforme a funo

    Classe Definio Figura

    Materiais de

    vedao

    So aqueles que no tm funo estrutural, servindo para isolar e fechar os ambientes nos quais so empregados, como os tijolos de vedao e os vidros.

    Vidro

    Fonte: SILVA, 2013

    Materiais de

    proteo

    So utilizados para proteger e aumentar a durabilidade e a vida til da edificao. Nessa categoria podemos citar as tintas e os produtos de impermeabilizao.

    Tintas

    Fonte: SILVA, 2013

    Materiais com

    funo estrutural

    So aqueles que suportam as cargas e demais esforos atuantes na estrutura. A madeira, o ao e o concreto so exemplos de materiais utilizados para esse fim.

    Concreto

    Fonte: SILVA, 2013

    Fonte: Adaptado de HANGEMANN, 2011

    2.6. Resduos

    A construo civil considerada a maior geradora de resduos de todos os setores

    produtivos e grande consumidora de recursos naturais. (JOAQUIM, 2011)

  • 43

    Segundo a ABNT NBR 15113:20048, resduos de construo civil so:

    Resduos provenientes de construes, reformas, reparos e demolies de obras de construo civil, e os resultantes da preparao e da escavao de terrenos, tais como tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfltico, vidros, plsticos, tubulaes, fiao eltrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, calia ou metralha.

    E conforme a Poltica Nacional de Resduos Slidos (2010), resduos da construo

    civil so: os gerados nas construes, reformas, reparos e demolies de obras de

    construo civil, includos os resultantes da preparao e escavao de terrenos

    para obras civis.

    A Figura 10 a seguir ilustra alguns resduos da construo civil.

    FIGURA 10 - Resduos da construo civil

    Fonte: ABRECON, 2013

    8 ABNT NBR 15113:2004 - Resduos slidos da construo civil e resduos inertes - Aterros -

    Diretrizes para projeto, implantao e operao

  • 44

    E na Figura 11 resduos da construo civil dispostos inadequadamente.

    FIGURA 11 - Pisos de cermica dispostos inadequadamente

    Fonte: SILVA, 2013

    2.6.1. Classificao

    Os resduos de construo e demolio - RCD podem ser classificados de acordo

    com a norma tcnica ABNT NBR 15113:2004 que est em conformidade com a

    resoluo CONAMA n 307/02, porm esta resoluo foi alterada por outras

    resolues9, e a NBR 15113:2004 no contempla estas alteraes.

    A classificao de acordo com a resoluo CONAMA n 307/02 e as suas alteraes

    apresentada no Quadro 6 a seguir.

    9 Resoluo CONAMA n 307/2002 alterada pelas Resolues 348, de 2004, n 431, de 2011, e n

    448, de 2012.

  • 45

    QUADRO 6 - Classificao dos resduos da construo civil

    Classificao Caractersticas

    Classe A

    Resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados, tais como:

    a) de construo, demolio, reformas e reparos de pavimentao e de outras

    obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

    b) de construo, demolio, reformas e reparos de edificaes: componentes

    cermicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, entre outros),

    argamassa e concreto;

    c) de processo de fabricao e/ou demolio de peas pr-moldadas em

    concreto (blocos, tubos, meios fios, entre outros) produzidas nos canteiros de

    obras.

    Classe B So os resduos reciclveis para outras destinaes, tais como: plsticos, papel,

    papelo, metais, vidros, madeiras e gesso.

    Classe C

    So os resduos para os quais no foram desenvolvidas tecnologias ou

    aplicaes economicamente viveis que permitam a sua reciclagem ou

    recuperao.

    Classe D

    So resduos perigosos oriundos do processo de construo, tais como tintas,

    solventes, leos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais sade

    oriundos de demolies, reformas e reparos de clnicas radiolgicas, instalaes

    industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que

    contenham amianto ou outros produtos nocivos sade.

    Fonte: Adaptado da Resoluo CONAMA n 307/02 e das suas alteraes.

    De acordo com o que se pode notar no Quadro 6, nem todo tipo de resduo

    proveniente da construo civil reaproveitvel, ou tem tecnologia disponvel para

    tal. Os resduos para reciclagem ou reaproveitamento so aqueles que se

    enquadram como Classe A e B.

    O Quadro 7 a seguir mostra quais so as diferenas da classificao dos resduos

    conforme a NBR 15113:2004 para a resoluo do CONAMA que est em vigor.

  • 46

    QUADRO 7 - Diferenas da classificao dos RCD pela NBR 15113:2004 para a resoluo CONAMA n307/02

    Classificao Caractersticas (conforme a NBR 15113:2004) Diferenas

    Classe A

    Resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados,

    tais como:

    a) de construo, demolio, reformas e reparos de

    pavimentao e de outras obras de infraestrutura,

    inclusive solos provenientes de terraplanagem;

    b) de construo, demolio, reformas e reparos de

    edificaes: componentes cermicos (tijolos, blocos,

    telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e

    concreto;

    c) de processo de fabricao e/ou demolio de peas

    pr-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios fios etc.)

    produzidas nos canteiros de obras.

    -

    Classe B

    So os resduos reciclveis para outras destinaes, tais

    como: plsticos, papel, papelo, metais, vidros, madeiras

    e outros.

    A NBR 15113:2004 no classifica o gesso como resduo classe B.

    Classe C

    So os resduos para os quais no foram desenvolvidas

    tecnologias ou aplicaes economicamente viveis que

    permitam a sua reciclagem ou recuperao, tais como os

    produtos oriundos do gesso.

    A NBR 15113:2004 classifica o gesso e os produtos oriundos deste como resduo classe C.

    Classe D

    Resduos perigosos oriundos do processo de construo,

    tais como tintas, solventes, leos e outros, ou aqueles

    contaminados oriundos de demolies, reformas e

    reparos de clnicas radiolgicas, instalaes industriais e

    outros.

    A NBR 15113:2004 no classifica como resduo classe D os resduos prejudiciais sade, telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto.

    Fonte: Adaptado da NBR 15113:2004

    Embora o gesso tenha sido reclassificado como resduo classe B pela resoluo

    CONAMA 307/02 e as suas alteraes, este ainda necessita ser depositado em

    recipiente prprio, no sendo permitido a sua mistura com os demais resduos

    Classe B, muito menos com os das outras classes. (CABRAL, MOREIRA, 2011)

    Nesta pesquisa foi levada em considerao as classificaes definidas pela

    resoluo CONAMA n 330/02 por ser mais atual, j que a NBR 15113 de 2004, e

    a ltima alterao da resoluo CONAMA n 330/02 ocorreu em 2012.

  • 47

    Segundo a Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos

    Especiais ABRELPE (2013) atravs da publicao do documento: Panorama dos

    Resduos Slidos no Brasil 2012 os municpios brasileiros coletaram mais de 35

    milhes de toneladas de Resduos de Construo e Demolio RCD em 2012, ou

    seja, um aumento de 5,3% em relao ao ano de 2011. A quantidade total desses

    resduos bem maior, pois a pesquisa abrange somente os resduos coletados

    pelos municpios, ou seja, aqueles lanados em logradouros pblicos e os gerados

    em obras sob a sua responsabilidade.

    Na Tabela 4 observa-se o ndice de Resduos de Construo e Demolio RCD

    coletado por ano e por regio geogrfica do Brasil.

    TABELA 4 - Total de resduos de construo e demolio RCD, coletados pelos municpios (milhes de toneladas/ano)

    2010 2011 2012 Evoluo

    2010-2011 2011-2012

    NORTE 1.098 1.218 1.279 10,9% 5%

    NORDESTE 5.614 6.129 6.531 9,2% 6,6%

    CENTRO-OESTE

    3.596 3.816 4.003 6,1% 4,9%

    SUDESTE 16.094 17.415 18.439 8,2% 5,9%

    SUL 4.598 4.666 4.771 1,5% 2,3%

    TOTAL 30.998 33.244 35.022 7,2% 5,3%

    Fonte: ABRELPE (2011, 2012)

    Na Tabela 4 possvel observar que a maior concentrao de RCD coletados pelos

    municpios brasileiros so na regio sudeste e nordeste. Com isso conclui-se que

    estas regies so as que tem maior concentrao de obras de construo civil do

    Brasil, devido ao grande investimento e crescimento da regio nordeste, e ao fato de

    as maiores metrpoles brasileiras, como So Paulo, Belo Horizonte e Rio de

    Janeiro, situarem-se na regio sudeste.

    No Quadro 8, possvel identificar, de acordo com cada tipo de resduo que compe

    o entulho, suas caractersticas fsicas e qumicas, alm de seus potenciais de

    degradabilidade, classificao de acordo com a NBR 10004:2004 e de acordo com a

    resoluo CONAMA n307/02 e as suas alteraes.

  • 48

    QUADRO 8 - Classificao primria dos resduos da construo civil

    Resduo Caracterstica

    Fsica Caracterstica

    Qumica Potencial de

    degradabilidade NBR

    1004:2004 CONAMA n307/02

    Alvenaria Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A

    Argamassa Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A

    Cermica Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A

    Concreto Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A

    Solo Seco Inorgnico No degradvel Classe II A Classe A

    Madeira Seco Orgnico Dificilmente degradvel

    Classe II A Classe B

    Gesso Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe B

    Embalagens metlicas de

    produtos qumicos

    Seco Inorgnico No degradvel Classe I Classe D

    Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2006)

    No Quadro 8 foram analisadas as principais caractersticas dos resduos para

    realizar o levantamento. importante conhecer estas caractersticas dos materiais

    para dar a disposio mais adequada.

    E como possvel observar, a maioria dos resduos da construo civil no se

    degradam na natureza, inclusive as embalagens metlicas de produtos qumicos,

    que onde a lata de piche enquadrada. Fato este que contribui para a

    significncia deste projeto.

    Segundo Oliveira (2006), na maioria das vezes, o entulho retirado da obra e

    disposto clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e de

    ruas. E ainda conforme o mesmo referencial: percebe-se a degradao da

    qualidade de vida urbana em aspectos como transportes, enchentes, poluio visual,

    proliferao de vetores de doenas, entre outros.

    Na Figura 12 possvel observar uma caamba de entulho na rua, na cidade de So

    Bernardo do Campo.

  • 49

    FIGURA 12 - Caamba de entulho

    Fonte: SILVA, 2013

    Porm, na Resoluo CONAMA n 307/02 fica estabelecido que todas as pessoas,

    jurdicas ou fsicas, so responsveis pelo resduo que geram. A resoluo define

    responsabilidades e prazos para que as prefeituras e construtoras elaborem,

    aprovem e coloquem em prtica planos de gerenciamento integrado, que incluam

    coleta, triagem, armazenamento, transporte e destinao final do resduo de

    construo civil.

    2.7. Sustentabilidade

    Construir sustentavelmente significa reduzir o impacto ambiental, diminuir o

    retrabalho e desperdcio, garantir a qualidade do produto com conforto para o

    usurio final, favorecer a reduo do consumo de energia e gua, contratao de

    mo de obra e uso de materiais produzidos formalmente, reduzir, reciclar e reutilizar

    os materiais (LEITE, 2011).

    Segundo Barros (2009), um empreendimento sustentvel deve ser: ecologicamente

    correto, economicamente vivel, socialmente justo e culturalmente aceito.

  • 50

    Ainda conforme o mesmo referencial, na fase de projeto tem de ser levado em

    considerao: a eficincia energtica, aproveitamento da luz e ventilao natural,

    uso racional e reaproveitamento da gua e uso de materiais certificados, reciclados

    e de menor impacto. E na fase de construo, um fator importante o

    gerenciamento dos resduos gerados na obra, separando-os e visando

    primeiramente, reutilizar os resduos, ou ento recicla-los, ou ento se no houver

    alternativa, tratar ou dar a destinao mais adequada ao resduo.

    Ao se falar em sustentabilidade na construo civil, a certificao LEED (Leadership

    in Energy & Environmental Design) que foi desenvolvida pelo USGBC (U.S. Green

    Building Council) lembrada, instituio que busca a promover edifcios

    sustentveis e lucrativos, bem como lugares saudveis para se viver e trabalhar.

    (LEITE, 2011)

    E de acordo com o mesmo referencial, Leite (2011):

    O sistema LEED baseado num programa de adeso voluntaria e visa avaliar o desempenho ambiental de um empreendimento. Leva em considerao o ciclo de vida e pode ser aplicado em qualquer tipo de empreendimento. O selo uma confirmao de que os critrios de desempenho em termos de energia, gua, reduo de emisso de CO2, qualidade do interior dos ambientes, uso de recursos naturais e impactos ambientais foram atendidos satisfatoriamente.

    No Captulo 2 apresentou-se o conceito, etimologia, histrico da construo civil.

    Outro tema abordado foi a classificao dos resduos deste setor segundo requisitos

    legais, e os principais resduos. E foi estudado tambm o conceito de

    sustentabilidade dentro da construo civil.

    O Captulo 3 trar o conceito de piche, e a sua etimologia e histrico, alm da

    composio, principais propriedades, os processos de fabricao, principais

    aplicaes, toxicologia, os impactos ambientais e a classificao do resduo: lata de

    piche.

  • 51

    CAPTULO 3 PICHE

    3.1. Conceito

    De acordo com Melhoramentos (2009) o conceito de piche, que tambm pode ser

    chamado de betume, : massa preta viscosa, produto da destilao de alcatro. J

    o dicionrio Michaelis (2009) conceitua o piche como: resduo da destilao

    fracionada de diversos alcatres, principalmente do de hulha e como massa preta

    viscosa que se usa na construo de estradas, ou para impermeabilizao de

    papeles ou outros materiais semelhantes; tambm empregada na fabricao de

    materiais isolantes.

    Na Figura 13 ilustrada uma amostra de alcatro de hulha que o mais conhecido

    e comercializado.

    FIGURA 13 - Amostra de alcatro de hulha

    Fonte: TUNHEIM, 2006

  • 52

    Porm, o piche no pode ser obtido somente atravs da destilao de alcatro, mais

    tambm pode ser obtido atravs da destilao do petrleo. (DUTRA, ANDRADE,

    CASTRO, 2008)

    E a Figura 14 ilustra uma pequena amostra de petrleo na mo de um homem.

    FIGURA 14 - Pequena amostra de petrleo

    Fonte: BURGIERMAN, 2008

    3.2. Etimologia

    Segundo Michaelis (2009) vem do ingls pitch que significa: piche, breu; resina de

    pinheiro.

    Na Figura 15 possvel observar uma pequena amostra do piche.

  • 53

    FIGURA 15 - Piche

    Fonte: THOMPSON, 2010

    3.3. Histrico

    Antigamente os egpcios faziam o uso de piche na construo de pirmides e

    conservao de mmias. Os gregos e romanos embebiam lanas incendirias com

    betume, para atacar as muralhas inimigas. Aps o declnio do Imprio Romano, os

    rabes tambm o empregaram com a mesma finalidade (CANUTO, 2002).

    Muito antes da descoberta do Novo Mundo, os indgenas das Amricas do Norte e

    Sul, serviam-se do petrleo ou de alguns de seus derivados naturais para inmeras

    aplicaes, entre elas a pavimentao das estradas do imprio inca (SERVIO DE

    RELAES PBLICAS DA PETROBRS, 1975 apud CNEO, 2013).

    Na Bblia, Deus manda No construir uma arca, e tambm que revista-a de piche

    por dentro e por fora (Gnesis 6:14). E o piche foi usado na tentativa frustrada de

    construo da torre de Babel: Eles usavam tijolos em vez de pedras, e piche em

  • 54

    lugar de argamassa (Gnesis 11:3), e segundo a da Bblia de Estudo Almeida: O

    tijolo e o betume (ou asfalto) [piche] eram os materiais de construo tpicos da

    Mesopotmia.

    3.4. Composio

    O Quadro 9 a seguir destaca a composio do piche comercializado por 4 (quatro)

    fabricantes diferentes, e foi elaborado a partir das Fichas de Informao de

    Segurana de Produtos Qumicos (FISPQs), destes quatro fabricantes.

    QUADRO 9 - Composio do piche

    Fabricante A Fabricante B Fabricante C Fabricante D

    Natu

    reza

    qum

    ica

    Alcatro de hulha

    Hidrocarbonetos Hidrocarbonetos Hidrocarbonetos

    Tip

    o d

    e

    pro

    duto

    Preparado - Preparado Preparado

    Sin

    n

    imo

    Tinta base de alcatro de hulha

    Betume diludo com querosene. Asfalto diludo de petrleo

    Asfalto diludo de petrleo - CM30, betume diludo com

    querosene

    Betume diludo com

    hidrocarbonetos alifticos

    Com

    pone

    nte

    s

    princip

    ais

    Alcatro de hulha (100%)

    Hidrocarbonetos saturados (varivel),

    hidrocarbonetos aromticos (varivel),

    resinas (varivel), asfaltenos (varivel) e

    querosene 40 a 60% v/v como solvente.

    Hidrocarbonetos saturados (varivel); hidrocarbonetos

    aromticos (varivel); resinas (varivel); asfaltenos (varivel);

    querosene (CAS 8008-20-6) (40 - 60 %), como solvente

    Hidrocarbonetos saturados (varivel);

    resinas (varivel); alifticos

    Fonte: Adaptado das FISPQs dos fabricantes, 2013

    Observa-se que na maioria dos piches estudados a natureza qumica do produto so

    os hidrocarbonetos, e predominantemente o produto preparado, e os seus

    componentes principais predominantes nos 4 (quatro) produtos pesquisados so:

    hidrocarbonetos saturados, aromticos e resinas.

  • 55

    3.5. Processo de fabricao

    Segundo Dutra, Andrade e Castro (2008), o piche de alcatro de hulha gerado nas

    coquerias das usinas siderrgicas, a partir do carvo mineral, pelo processo de

    destilao. No entanto, segundo Souza, Castro e Dutra (2011), problemas

    ambientais incentivaram o desenvolvimento de produtos a partir de matrias-primas

    provenientes do processamento de petrleo. E de acordo com Dutra, Andrade e

    Castro (2008), o piche de petrleo produzido a partir da destilao de um leo

    decantado, resultante do craqueamento cataltico do petrleo pesado.

    Este leo decantado, tambm conhecido como resduo aromtico, usualmente

    reprocessado nas unidades de refino para a produo de coque ou utilizado como

    diluente de leo combustvel. Ele apresenta elevado teor de aromticos, com BMCI10

    superior a 120 (SOUZA, CASTRO, DUTRA, 2011).

    Ainda segundo Souza, Castro, Dutra (2011):

    Na destilao de um leo decantado a temperaturas de at 470C, observam-se mecanismos concorrentes de reao dos constituintes da carga, incluindo: craqueamento trmico, reticulao, polimerizao, policondensao e oxidao. Estas reaes acarretam o aumento da massa molecular mdia dos constituintes do piche de petrleo produzido, e, consequentemente, contribuem para as propriedades fsico-qumicas diferenciadas do produto.

    Na Figura 16 mostrado um esquema que representa o processo de destilao

    fracionada e os produtos que so obtidos atravs desta tcnica.

    10

    BMCI (Bureau of Mines Correlation Index) Segundo Azevedo, Binotto e Oliveira (2002) BMCI o ndice calculado a partir da densidade e viscosidade do leo, e este ndice que caracteriza a aromaticidade de um leo.

  • 56

    FIGURA 16 - Destilao fracionada do petrleo

    Fonte: Adaptado de MOTA, 2013

    A Figura 16 apresenta o processo para a produo dos diferentes produtos da

    destilao do petrleo. O petrleo colocado em um forno, fornalha ou caldeira, e

    ligado a uma torre de destilao que possui vrios nveis, tambm chamados de

    pratos ou bandejas. Conforme vai aumentando a altura da torre, a temperatura de

    cada bandeja vai diminuindo. O petrleo aquecido at a sua ebulio, ento os

    vapores dos compostos vo subindo pela torre. Os hidrocarbonetos com molculas

    maiores permanecem lquidos na base da torre. Os mais leves so vaporizados e

    vo subindo pela coluna at atingirem nveis de temperaturas menores que o seu

    ponto de ebulio, e assim se condensam e saem da coluna.

    3.6. Propriedades

    O Quadro 10 a seguir ilustra as principais propriedades do piche, e foi elaborado a

    partir das FISPQs de quatro fabricantes do resduo.

  • 57

    QUADRO 10 - Principais propriedades do piche

    Propriedade Fabricante A Fabricante B Fabricante C Fabricante D

    Estado Fsico Lquido Lquido

    (temperatura ambiente)

    Lquido (temperatura

    ambiente)

    Lquido (temperatura

    ambiente)

    Cor Preta Marrom escuro a

    preto Marrom escuro Marrom escuro

    Odor Caracterstico Caracterstico Caracterstico Caracterstico

    pH No aplicvel

    Caracterstica no significativa para as propriedades fsico-qumicas deste produto.

    - -

    Ponto de fulgor 60 C Mnimo 38 C

    (vaso fechado) Maior que 38 C (vaso fechado)

    27 C (vaso fechado)

    Densidade 1,18 g/mL Relativa 0,93 a

    20/4 C - -

    Solubilidade Aguarrs

    Na gua: Insolvel.

    Em solventes orgnicos: solvel em clorofrmio,

    ter, cetona, dissulfeto de

    carbono.

    Na gua: Insolvel. Em solventes

    orgnicos: solvel em clorofrmio, ter, acetona, dissulfeto

    de carbono.

    Na gua: Insolvel. Em solventes

    orgnicos: solvel em clorofrmio, ter, acetona, dissulfeto de

    carbono.

    Ponto de fuso/

    congelamento -

    27 C (vaso fechado)

    - -

    Ponto de Ebulio inicial

    - 25 C - -

    Faixa de temp. de ebulio

    - 25 a 93 C - -

    Viscosidade - 45 Cst @ 60 C; Mtodo: ASTM D2170 (MB826)

    45 Cst @ 60 C; Mtodo: ASTM D2170 (MB826)

    380 Cst @ 60 C; Mtodo: ASTM

    D2170 (MB 826)

    Fonte: Adaptado das FISPQs dos fabricantes, 2013

    Conforme observado no Quadro 10 h algumas propriedades do piche que so

    predominantes independente do fabricante. Como por exemplo, o estado fsico que

    sempre lquido na temperatura ambiente; a cor que escura, podendo variar do

    marrom ao preto; o odor em todos os casos caracterstico; o piche insolvel na

    gua, porm solvel em alguns solventes como o ter, clorofrmio, aguarrs, cetona

    e dissulfeto de carbono.

  • 58

    Na Figura 17 a seguir possvel observar um lago natural de piche situado na regio

    de San Fernado, em Trinidad e Tobago.

    FIGURA 17 - Pitch lake (lago de piche), em Trinidad e Tobago

    Fonte: BISELLI, 2011

    Observa-se na Figura 17 que o piche realmente possui uma colorao escura, que

    varia de marrom at preto, o aspecto viscoso. De acordo com a figura em questo,

    o material est to espesso que possvel ficar de p neste lago. O lago possui

    cerca de 400.000 m de superfcie e 80 metros de profundidade, onde h certas

    reas em que o piche est mais lquido. Estima-se que esta reserva natural possui

    cerca de 6 milhes de toneladas de piche, e que vem sendo muito explorada, porm

    clculos feitos indicam que, se manter o ritmo da explorao, sero precisos 400

    anos para esgotar o lago.

    3.7. Aplicaes

    Segundo Dutra, Andrade e Castro (2008) o piche matria prima rica em carbono e

    essencial para a produo de uma srie de materiais. Ele tem sido usado:

    a) Como impregnante para a fabricao de eletrodos de grafite (com aplicao na fabricao de ao);

  • 59

    b) Como aglutinantes para a fabricao de pasta de eletrodos Soderberg (utilizados na fabricao do alumnio);

    c) Na produo de coque para a indstria siderrgica e de alumnio;

    d) Na produo de grafites especiais largamente empregados da indstria biomdica;

    e) Nos reatores nucleares;

    f) Para a produo de fibras de carbono de alto mdulo de Young (alta rigidez) e de fibras de carbono de baixo custo.

    De acordo com os fabricantes do material, o piche tambm pode ser utilizado na

    pintura e impermeabilizao de madeiras, concretos e metais; devido ao seu alto

    poder bactericida e fungicida, proporcionando proteo contra chuva e sol, evitando

    a infiltrao de gua, portanto dentre as principais aplicaes do piche, destacam-se

    a utilizao:

    a. Como protetor de muros e paredes externas, impermeabilizando e isolando as

    mesmas da umidade e da chuva;

    b. Na pintura de barrancos e taludes, ajudando na conteno dos mesmos,

    evitando assim o deslizamento da terra;

    c. Na impermeabilizao e proteo de calhas e similares, evitando o

    enferrujamento das mesmas;

    d. Na pintura e impermeabilizao da parte inferior dos moures de cerca,

    protegendo-os contra a umidade natural do solo;

    e. Na pintura e impermeabilizao de madeiras em geral, tais como: cercas,

    barraces, celeiros, tapumes, estacas, dormentes, postes, galpes, entre outros;

    f. Na pintura e impermeabilizao de barcos, canoas, entre outros;

    g. Na pintura interna e/ou externa de manilhas cermicas.

    Conforme Nascimento (2013) o material tambm pode ser utilizado em metais,

    tubulaes enterradas e plataformas martimas.

    Porm o uso em pavimentao um dos mais importantes entre todos e um dos

    mais antigos tambm. Na maioria dos pases do mundo, a pavimentao asfltica

    a principal forma de revestimento. No Brasil, cerca de 95% das estradas

  • 60

    pavimentadas so de revestimento asfltico, alm de ser tambm utilizado em

    grande parte das ruas (BERNUCCI et al., 2006).

    3.8. Toxicologia

    Segundo Antunes (2013) toxidade aguda aquela produzida por uma nica dose,

    seja por via oral, dermal ou pela inalao dos vapores ainda de acordo com o

    mesmo referencial toxidade crnica aquela que resulta da exposio contnua a

    um defensivo, sendo que este no pode causar no causa toxicidade aguda por

    apresentar-se em baixas c