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PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MANUTENÇÃO EM UMA EMPRESA CERÂMICA Leydja Dayane Dantas Medeiros (UNP) [email protected] Jackson Toscano Dantas de Andrade (UNP) [email protected] Debora Cristina de Araujo Medeiros (UFERSA) [email protected] Thamara Queiroz de Andrade (UFERSA) [email protected] BRUNO PACELLI APRIGIO DE SOUZA PINTO (UFERSA) [email protected] A gestão da manutenção permite a realização de práticas que possam garantir que uma máquina ou equipamento possam desempenhar as funções que estão designadas a realizar. Neste contexto, o presente trabalho realiza um estudo da atual situação da gestão da manutenção em uma cerâmica situada no interior do Rio Grande do Norte, cujo objetivo principal é a elaboração de um plano de manutenção para uma propondo melhorias para a empresa. Foram utilizadas ferramentas e conceitos como tagueamento, manutenção preventiva, e definição de equipes de manutenção, possibilitando a sugestão de melhorias. A adoção de metodologias de coleta e armazenamento de dados (não praticada pela empresa), com o objetivo de gerar índices de desempenho, foi um dos resultados obtidos que possibilitará uma análise e acompanhamento da real situação dos processos produtivos e utilização de seus recursos. Palavras-chave: manutenção, cerâmica vermelha, plano de manutenção. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DE UM

PLANO DE MANUTENÇÃO EM UMA

EMPRESA CERÂMICA

Leydja Dayane Dantas Medeiros (UNP)

[email protected]

Jackson Toscano Dantas de Andrade (UNP)

[email protected]

Debora Cristina de Araujo Medeiros (UFERSA)

[email protected]

Thamara Queiroz de Andrade (UFERSA)

[email protected]

BRUNO PACELLI APRIGIO DE SOUZA PINTO (UFERSA)

[email protected]

A gestão da manutenção permite a realização de práticas que possam

garantir que uma máquina ou equipamento possam desempenhar as funções

que estão designadas a realizar. Neste contexto, o presente trabalho realiza

um estudo da atual situação da gestão da manutenção em uma cerâmica

situada no interior do Rio Grande do Norte, cujo objetivo principal é a

elaboração de um plano de manutenção para uma propondo melhorias para

a empresa. Foram utilizadas ferramentas e conceitos como tagueamento,

manutenção preventiva, e definição de equipes de manutenção, possibilitando

a sugestão de melhorias. A adoção de metodologias de coleta e

armazenamento de dados (não praticada pela empresa), com o objetivo de

gerar índices de desempenho, foi um dos resultados obtidos que possibilitará

uma análise e acompanhamento da real situação dos processos produtivos e

utilização de seus recursos.

Palavras-chave: manutenção, cerâmica vermelha, plano de manutenção.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

O setor de cerâmica vermelha principalmente, o de tijolos e telhas, apresenta uma

deficiência em dados estatísticos e indicadores específicos, ferramentas que são necessárias

para acompanhar o desenvolvimento atual do setor.

As indústrias cerâmicas têm seus processos produtivos baseados principalmente por

equipamentos e acessórios mecânicos, esses sistemas mecânicos estão sujeitos a desgaste por

diferentes causas, tais como fadiga, erosão, corrosão e impacto, sendo que, normalmente,

estes processos se manifestam de modo combinado. Assim, é necessário realizar uma gestão

de manutenção das máquinas para poder manter o processo operando em condições seguras,

de modo produtivo, mantendo as características da qualidade e desempenhando as funções

requeridas.

A missão da manutenção é garantir a disponibilidade dos equipamentos de modo a

atender a um processo de produção com confiabilidade, segurança e custos adequados, sendo

assim uma gestão de manutenção realizada de maneira eficiente assegura o funcionamento

correto das máquinas e equipamentos, reduzindo as paradas, desperdícios de tempo dentre

outros prejuízos.

Tendo em vista a necessidade iminente da manutenção no setor industrial escolhido

como objeto dessa pesquisa e conhecendo a importância de avaliar sob diversos aspectos tais

como a situação dos equipamentos, o processo produtivo, o controle de paradas, fez-se um

levantamento de como a empresa realizava a gestão da manutenção para poder propor a

elaboração de um plano de manutenção para promover melhorias para a empresa.

2. Referencial Teórico

2.1. Cerâmica Vermelha

Nos últimos anos, a fabricação e comercialização dos produtos cerâmicos, em especial

os produtos de cerâmica vermelha, passaram por grandes modificações. O que era feito de

maneira artesanal, vem ganhando técnica e confiabilidade, porém mesmo diante de um

crescimento expressivo, o setor necessita de adequações para melhoria.

De acordo com ABDI – Agência Brasileira do Desenvolvimento Industrial (2013), o

setor responde por 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e é responsável por 293 mil

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empregos diretos, gerados por cerca de 7,4 mil empresas. Com faturamento de R$ 18 bilhões,

o setor tem grande margem para crescimento, desde que consiga vencer os desafios que

afetam diretamente sua competitividade.

Carvalho (2001) argumenta que a cerâmica estrutural ou cerâmica vermelha abrange

um grupo de materiais cerâmicos constituído por tijolos, telhas, tubos, lajotas, vasos

ornamentais, agregados leves de argila expandida, entre outros; geralmente fabricados

próximos dos centros consumidores, utilizando matérias-primas locais.

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, a região Nordeste tem uma

produção de aproximadamente 21% da nacional, mas consome cerca de 22%, revelando ser

um pequeno importador de produtos de cerâmica vermelha (BEZERRA, 2010). No Nordeste,

os principais produtores são os Estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

A SINDICER-RN (2001), - Sindicato da Indústria Ceramista para construção do Rio

Grande do Norte – realizou levantamentos com relação ao investimento no setor que indicam

que nos últimos 10 anos, a indústria cerâmica no Rio Grande do Norte tem crescido

significativamente. Segundo o SEBRAE (2012), a fabricação de blocos de vedação, telhas,

lajotas, tijolos e outros produtos proporcionam um faturamento anual de mais de R$ 208

milhões para a indústria ceramista do Rio Grande do Norte, que possui 186 empresas em

funcionamento. O setor lança todo mês no mercado mais de 111 milhões de peças e tem

demonstrado sinais de avanço. Na última década, registrou crescimento de 17%.

No estado, este setor é constituído principalmente por microempresas de gestão

familiar ou associativa, que apresentam baixa aplicação de tecnologia (SENAI, 2001). Sabe-

se que, por ser uma atividade que se utiliza de tecnologias arcaicas, não eficientes, porém

suficientes, tal segmento apresenta carência de profissionalismo, organização e

principalmente de planejamento.

“A cerâmica vermelha tem uma forte relação com o setor primário e isso se confirma,

principalmente, pelo uso de recursos naturais tais como, lenha e a argila” (SANTANA, 2008,

p. 34). Segundo a fonte, o processo produtivo pode ser caracterizado da seguinte forma:

Processo da matéria-prima: coleta, sazonamento, estoque e mistura;

Processo de beneficiamento: misturador, laminador e misturador;

Processo de fabricação: extrusão, corte e prensa;

Processo de queima e inspeção.

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Pode-se observar o processo produtivo da cerâmica na Figura 1.

Figura 1: Processo produtivo da cerâmica

Fonte: Adaptado de VILLAR (1998), CAVALIERE et al. (1997), MAFRA (1999) .

2.2. Manutenção

De acordo com Kardec e Nascif (2013), a manutenção deve ter como principal

objetivo priorizar a eliminação das falhas que ocorrem de forma potencial, por meio da

análise das causas básicas, atreladas ao esforço do reparo com qualidade, associado à

operação e a engenharia na busca das soluções definitivas. O mesmo autor continua que, é

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necessário a manutenção dar ênfase à forma preditiva que funciona interligada aos softwares

de diagnóstico e à engenharia de manutenção.

Este mesmo autor comenta a Missão da Manutenção de uma forma ultrapassada, como

tentativa para reestabelecer as condições originais dos equipamentos/sistemas, porém muitas

empresas ainda vivem nesta situação. E conceitua à Missão da Manutenção atual como, a

tentativa de “Garantir a Disponibilidade da função dos equipamentos e instalações de modo a

atender a um processo de produção ou de serviço com Confiabilidade, segurança, preservação

do meio ambiente e custo adequado.” (Kardec e Nascif, 2013, p. 26).

De modo geral, Paskocimas (2010), menciona as três formas distintas em que a Gestão

da Manutenção pode atuar, são elas:

2.2.1. Manutenção Corretiva

Segundo Paskocimas (2010), só é necessário realizar alguma manutenção corretiva nos

equipamentos, quando há o aparecimento de falhas, que podem ser catastróficas, e necessitem

parar a produção, prejudicando toda a produção, como é o caso das indústrias cerâmicas.

Apesar de seus custos iniciais serem baixos, sempre resulta em altos gastos, pois para retornar

ao processo normal de produção da fábrica, é necessária uma manutenção mais extensa e

complexa. Em sua grande maioria os prejuízos com a paralisação da produção superam os

custos diretos com a manutenção. Obrigando a empresa a trabalhar sempre com estoques,

máquinas reservas, equipes de funcionários que reajam a situações de emergência, e ainda a

pagar mais caro pela pronta entrega de componentes e peças para reparo. Portanto, esta forma

de gestão, é considerada três a quatro vezes mais caras do que a manutenção programada.

2.2.2. Manutenção Preventiva

Para Paskocimas (2010), a manutenção preventiva é baseada na programação de

manutenções regulares, analisando através de um histórico o comportamento das falhas dos

equipamentos e peças, ou seja, uma vez realizada a projeção de falha, a manutenção é feita

antes que haja uma parada catastrófica. Já Kardec e Nascif (2013), diz que a Manutenção

Preventiva deve ser efetuada em intervalos pré-estabelecidos, de modo que consiga diminuir e

prevenir a probabilidade de falhas ou a deterioração do funcionamento de um item.

2.2.3. Manutenção Preditiva

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Conforme Paskocimas (2010), a manutenção preditiva consiste no monitoramento e

controle contínuo do processo ou das condições mecânicas reais das máquinas, permitindo

antecipar a ocorrência de uma falha específica, de forma que proporcione o aumento do

intervalo entre as manutenções, além de evitar a ocorrência de uma parada catastrófica. Este

processo ocorre através da coleta e análise das informações obtidas por meio das técnicas de

monitoramento baseadas na instalação de sensores de vibração mecânica, sensores térmicos,

medidas tribológicas, avaliação do rendimento operacional das máquinas, levantamento de

espectros de corrente e outros indicadores, permitindo que as atividades de manutenção sejam

programadas com base em dados que expressam a condição real e não em projeções de vida

média. Esta gestão permite a redução dos custos com a manutenção, e evoluir a qualidade do

processo, aumentar a disponibilidade das máquinas, equipamentos e sistemas influenciando

diretamente de forma positiva a produtividade, tornando as operações mais segura.

3. Metodologia

Segundo Yin (2001), os estudos de caso vão além de uma estratégia meramente

explanatória. O autor define "Estudo de Caso, como outras estratégias de pesquisa, representa

uma maneira de se investigar um tópico empírico seguindo-se um conjunto de procedimentos

pré-especificados". Já para Gil (2002), o estudo de caso consiste no estudo profundo e

exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado

conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.

No presente estudo foi observado o processo produtivo bem como os equipamentos da

cerâmica em estudo e percebeu-se que na empresa não há nenhum controle ou procedimento

documentado de paradas, manutenção corretiva ou preventiva. Sendo assim após a análise do

processo sugeriu-se a elaboração de um plano de manutenção.

3.1. Estudo de caso

Para a fabricação dos produtos cerâmicos, as matérias-primas necessárias são a argila,

para a preparação da massa. A argila é extraída nas jazidas, nas lagoas ou várzeas da região, e

armazenadas em lotes (amontoado de matéria prima) descansando nas dependências da

empresa onde passa o tempo preciso para adquirir as propriedades necessárias e depois seguir

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para o processo de produção, tempo esse que pode ser de no mínimo 6 meses até anos. É

necessário também a madeira para a queima nos fornos.

Figura 2 - Extração e mistura de argila

Fonte: PASKOCIMAS 2010, p. 44.

A figura 2 mostra escavadeiras retirando o minério bruto do local de origem (jazida).

Após o tempo de descanso da argila, ela é retirada para um local onde se faz a mistura da

argila “magra” com argila “gorda”. Segundo relatório desenvolvido pelo SEBRAE - Estudo

de Mercado de cerâmica vermelha (2008), o termo argila magra, se refere a argilas ricas em

quartzo e menos plástica, podendo ser caracterizada também como material redutor de

plasticidade. Já a argila gorda, é de alta plasticidade, granumetria fina, e composição

essencialmente de argilominerais.

Posteriormente, a mistura calculada do material, é depositada em um caixão

alimentador, onde passa por mais um processo de mistura da “argila magra” e “argila gorda”.

A Figura 3 mostra o caixão alimentador que distribuirá a mistura de barro para o processo.

Figura 1 - Caixão alimentador

Após o caixão alimentador, as esteiras depositarão a argila no primeiro laminador,

onde o barro será compactado, sendo a compactação finalizada no segundo laminador. O

primeiro laminador irá quebrar os torrões de argila, já o segundo irá deixar o barro em

formato de lâminas.

Figura 2 - Esteiras levando o barro para o laminador

Fonte: Autores, 2014.

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Fonte: Autores, 2014.

Após os laminadores, o material segue para a maromba, aonde será conformado o

produto final. Através da maromba, Figura 5 ocorre o processo de conformação. Após a

conformação as peças cerâmicas são cortadas.

Figura 3- Maromba fazendo a conformação do tijolo

Fonte: Autores, 2014.

Na Figura 6 pode ser observada uma síntese do processo de conformação do produto.

Figura 6: Equipamentos utilizados no processo produtivo dos materiais cerâmicos

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Fonte: Adaptado de Bonfanti (2008).

Depois do processo de conformação os produtos são colocados em carrinhos que são

direcionados para os galpões. Nesta etapa, a secagem é feita de forma natural, onde se passa

três dias para a secagem e a arrumação do material proporcionará maior eficiência para a

secagem. O processo de secagem consiste na eliminação, por evaporação da água contida nas

peças. Segundo Andrade (2009), as peças cerâmicas são consideradas tecnicamente secas, se

ainda restar 2% da umidade residual.

Figura 7 - Tijolos secando nos galpões

Fonte: Autores, 2014.

Depois da secagem dos tijolos, os mesmos irão passar por um tratamento térmico, a

queima. Esta etapa é considerada a mais importante diante deste estudo, pois o forno é o

gargalo do processo.

Figura 8- Colaborador colocando tijolos no forno

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Fonte: Autores, 2014.

Após a queima os produtos são retirados dos fornos e colocados pra expedição. Os

fornos utilizados atualmente pela empresa consomem bastante lenha para a queima, matéria-

prima que encarece o produto final, além de ser mais agressivo ao meio ambiente, por isso

sugere-se que a empresa adquira fornos do tipo contínuo em câmara pois eles serão mais

econômicos, já que o calor de uma câmera é passado para outra através de um exaustor.

4. Resultados e Discussões

A empresa, objeto de estudo, não possui uma gestão de manutenção bem estrutura,

sendo possível observar várias lacunas deixadas pela falta da mesma. A partir do estudo feito

foi possível propor algumas ferramentas para auxiliar na organização, estruturação e

implantação da manutenção na cerâmica.

No primeiro momento foram identificados os equipamentos e as máquinas envolvidas

no setor produtivo da organização. Logo que identificados, todos esses itens foram

“etiquetados” seguindo o conceito de tagueamento. Três níveis foram definidos, onde: o

primeiro refere-se à numeração da fábrica, que é 001, possibilitando que futuras filiais abertas

possam ser identificadas com outro número de tag, diferenciando-as; o segundo faz referência

às fases da produção, se diferencia do nível anterior por possuir códigos, como CRG

(Carregamento), PRO (Produção), SEC (Secagem) e QEM (Queima). Como explicitado na

Quadro 1.

Quadro1: Tagueamento das etapas de produção.

UP TAG ÁREA

1 CRG-0001 Carregamento

2 PRO-0001 Produção

3 SEC-0001 Secagem

4 QEM-0001 Queima

Fonte: Autoria Própria (2014).

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O terceiro nível refere-se aos equipamentos que necessitam de manutenção. Para cada

uma das 13 (treze) máquinas que participam do processo de produção dos tijolos. Fazendo a

diferenciação de qual fase cada uma dessas máquinas se encontram no processo produtivo.

No setor de secagem as maquinas que necessitam de manutenção são carroças e moto,

que fazem o transporte dos tijolos, que não possuem nenhum tarugo, para os galpões onde

ocorrerá a secagem.

No setor de queima os equipamentos que necessitam e manutenção não são máquinas,

são cinco fornos que necessitam de vistoria e reparos periódicos. Dentre as formas de

manutenção se encontram limpeza e remoção de cinzas.·.

No último nível há mais detalhamento das máquinas, onde podemos identificar

máquinas especificas como é o caso das esteiras, ventulões e boquilhas. Nesse nível há uma

espécie de tag extra, onde identifica uma determinada máquina. O Tagueamento completo

esta explicitado no Quadro 2.

Quadro 2: Tagueamento da Cerâmica

UP TAG PEÇA EQUIPAMENTO

001 CRG-0001-0001-0001 Cabine

Enchedeira 001 CRG-0001-0001-0002 Pá

001 CRG-0001-0001-0003 Motor

002 PRO-0001-0001-0001 Lâminas

Caixão Alimentador

002 PRO-0001-0001-0002 Correias

002 PRO-0001-0001-0003 Rolamentos

002 PRO-0001-0001-0004 Engrenagens

002 PRO-0001-0001-0005 Graxetas

002 PRO-0001-0001-0006 Caixas de

armazenagem

002 PRO -0001-0002-0001 Mancal

Laminador Destorreador 002 PRO-0001-0002-0002 Rolamentos

002 PRO-0001-0002-0003 Correias

002 PRO-0001-0002-0004 Polias

002 PRO-0001-0003-0001 Palhetas Misturador Horizontal

002 PRO-0001-0003-0002 Pirulitos

002 PRO-0001-0004-0001 Mancal

Laminador Refinador 002 PRO-0001-0004-0002 Rolamentos

002 PRO-0001-0004-0003 Correias

002 PRO-0001-0004-0004 Polias

002 PRO-0001-0005-0001 Encalcador

Maromba à Vácuo 002 PRO-0001-0005-0002 Helicoide

002 PRO-0001-0005-0003-BOQ 0001 Boquilha-Tijolo 1

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Equipamento Componentes do equipamento Marca Modelo

CABINE

MOTOR

LÂMINAS

CORREIAS

ROLAMENTOS

ENGRENAGENS

GRAXETAS

CAIXA DE ARMAZENAGEM

MANCAL

ROLAMENTOS

CORREIAS

POLIAS

PALHETAS

PIRULITOS

MANCAL

ROLAMENTOS

CORREIAS

POLIAS

ENCALCADOR

HELICÓIDE

BOQUILHA - TIJOLO 1

BOQUILHA - TIJOLO 2

BOQUILHA - LAJOTA

CORDOALHOS

ROLETES

CORREIAS TRANSPORTADORAS 1

CORREIAS TRANSPORTADORAS 2

CORREIAS TRANSPORTADORAS 3

ROLETES

MANCAL

Informações gerais

Este equipamento é antigo e possui cerca de 20 anos, porém, entrou em

funcionamento em 2010. Possui manutenção preventiva geralmente a

cada 20 dias, onde na sexta-feira é encaminhado para a retífica, e

devolvido aos sábados ou domingos, para funcionar na segunda. É

necessário lubrificar 2 vezes por semana.

MAROMBA À VÁCUO NATREB 3

Esta máquina foi adquirida recentemente, e fabricada em 2013. O

equipamento que ainda possui manual. É a responsável por dá o

formato ao tijolo por meio da compressão do barro. A boquilha (uma

espécie de fôrma) precisa de manutenção a cada 3 meses, os helicóides

a cada 6 meses. Como a maromba é um equipamento novo sua primeira

lubrificação será daqui a 10 meses. Depois dessa primeira lubrificação

Esta máquina foi fabricada em 2011, e adquirida em 2012 (ano que

entrou em funcionamento). Contantemente é feita a lubrificação da

mesma, pois ela possui um conta gotas que lubrifica direto com óleo.

Quando seca, são necessários 2 meses pra abastecê-la, podendo

utilizar qualquer tipo de óleo.

LAMINADOR DESTORREADOR Fabricado em Assu, realiza somente a manutenção corretiva.

ESTEIRAS

CORTADOR

LAMINADOR REFINADOR BONFANTI 600

MISTURADOR HORIZONTAL BONFANTI 2500

Este equipamento é antigo, pois possui cerca de 20 anos, porém foi

colocado em funcionamento em 2010. Sua manutenção possui duração

de 3 à 4 meses, portanto, mensalmente este equipamento é verificado. É

necessário ter atenção com os pirulitos (lâminas). Precisa-se colocar

graxa a cada dois anos.

CAIXÃO ALIMENTADOR KROMAQ

ENCHEDEIRA CASE 621 D

A máquina é nova, foi adquirida em 2011. Realiza a troca de óleo.

Possui plano de manutenção, onde a primeira é feita com 100 horas de

uso e a segunda com 500 horas de uso.

002 PRO-0001-0005-0003-BOQ 0002 Boquilha-Lajota

002 PRO-0001-0005-0003-BOQ 0003 Boquilha-Tijolo 2

002 PRO-0001-0006-0001 Cordoalhas Cortador

002 PRO-0001-0006-0002 Roletes

002 PRO-0001-0007-0001-EST 0001 Esteira 1

Esteiras

002 PRO-0001-0007-0001-EST 0002 Esteira 2

002 PRO-0001-0007-0001-EST 0003 Esteira 3

002 PRO-0001-0007-0002 Roletes

002 PRO-001-0007-0003 Mancal

003 SEC-0001-0001 Moto

003 SEC-0001-0002- CAR 0001

Carroça 003 SEC-0001-0002- CAR 0002

003 SEC-0001-0002- CAR 0003

003 SEC-0001-0002- CAR 0004

004 QEM-0001-0001-FOR-0001

Fornos

004 QEM-0001-0001-FOR-0002

004 QEM-0001-0001-FOR-0003

004 QEM-0001-0001-FOR-0004

004 QEM-0001-0001-FOR-0005

004 QEM-0001-0002-0001- VENT-

0001 Correias

Ventulões

004 QEM-0001-0002-0001- VENT-

0002

004 QEM-0001-0002-0002- VENT-

0001 Motor

004 QEM-0001-0002-0002- VENT-

0002

004 QEM-0001-0002-0003- VENT-

0001 Rolamentos

004 QEM-0001-0002-0003- VENT-

0002 Fonte: Autoria Própria, 2014.

Com o tagueamento concluído foram descritas e documentadas as características dos

equipamentos. Tudo isso para que se possa fazer a identificação das informações importantes

dos equipamentos de forma rápida e clara.

Quadro 3: Características dos equipamentos.

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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Fonte: Autoria Própria, 2014.

O plano de manutenção fica mais fácil quando se têm as características dos

equipamentos bem organizados. Logo que elaborada essa tabela de características foi

elaborado um plano onde foram identificados onde, quando e o que deve ser feito na

manutenção, auxiliando as manutenções preventivas. A limpeza dos fornos só é feita quando

há barro endurecido nos equipamentos. Na maromba deve-se estar atento quanto ao acumulo

de barro endurecido que se acumula devido aos maquinários que não são limpos

adequadamente.

Um plano de inspeções visuais, onde são analisadas temperatura, ruído, limpeza e

lubrificação, foi proposto. Considerando-se também as quantidades de homens utilizados para

cada máquinas, horas de trabalho por dia e as inspeções que são efetuadas diariamente. Nesse

mesmo plano pode-se identificar cada peça da máquina que fora inspecionada e identificar a

conformidade e não conformidade das mesmas.

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Outro plano elabora foi o roteiro de lubrificação das máquinas, onde se identifica os

equipamentos, a forma de lubrificação efetuada, a frequência que ela ocorre, seguido do dia,

responsável, horas de início e fim da manutenção e atividade. Para este também foi elaborada

um cronograma semanal de lubrificação.

Ainda foi elaborado um plano de manutenção preventiva, no qual estão discriminados

os equipamentos, a forma de manutenção, a frequência, o dia a ser realizada essa manutenção,

responsável, horas de início e fim da manutenção e atividade. Para este também foi elaborada

um cronograma semanal para a realização dessa manutenção, com duração de 1 (um) ano.

Foi observado que alguns equipamentos tem avaliação em um determinado período e alguns

componentes do mesmo requer avaliação em outro período, como no caso do Laminador

Destorreador, que tem uma avaliação quinzenal e os mancais, do mesmo, requer uma avalição

semanal.

Foi proposto, ainda, um modelo a ser seguido para a manutenção corretiva, onde para

que essa seja efetuada deve-se primeiramente identificar o problema, abrir uma solicitação de

serviço, essa solicitação deve ser avaliada, caso ela seja aceita abre uma ordem de

manutenção, logo em seguida há a programação dessa ordem de manutenção, depois essa

ordem é executada e encerrada.

Também foram identificados alguns itens de sacrifício, que são aqueles que sofrem

desgaste. Esses itens foram cordoalhos (fios utilizados no corte) e engrenagens. Esses

geralmente só são trocados quando quebram.

Os estoques de materiais para realizar a manutenção também foram definidos, assim

como as equipes de manutenção que são formadas por 5 (cinco) profissionais, nos quais 2

(dois) são executantes, 1 (um) é planejador, 1 (um) é supervisor de manutenção e 1 (um) é

gerente de manutenção. Todos eles necessitem ter uma formação técnica para tais funções.

A ordem de serviço proposta segue o modelo abaixo.

Figura 9. Ordem de manutenção

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Fonte: Autoria Própria (2014).

Esse modelo é bem genérico e uma alternativa para o melhoramento da manutenção

preventiva da organização.

Outro modelo proposto foi quanto ao modelo de paradas do processo produtivo. Esse

também é um modelo genérico, que serve para auxiliar no relatórios das manutenções feitas

no equipamentos da empresa.

Figura 10 - Registro de Paradas

Fonte: Autoria Própria(2014).

5. Conclusões

A gestão de manutenção ainda é um fator desconhecido por muitos gestores do setor

de Cerâmica Vermelha, portanto, ela ainda é um fator que gera vantagem competitiva entre as

empresas que atuam nesse mercado.

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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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O artigo formulou um plano de manutenção, utilizando os conceitos de manutenção

preventiva e corretiva, tentando abranger todos os setores da empresa estudada. Tudo isso

para, possivelmente, auxiliar o gestor na redução de custos e aumento da capacidade

produtiva e, ainda, servir como base para estudos futuros.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BEZERRA, F.D. ; REINALDO FILHO, L.L. Informe Setorial Cerâmica Vermelha, Escritório Técnico de

Estudos Econômicos do Nordeste, ETENE, 2010.

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CARVALHO, O.O. de. Perfil industrial da cerâmica vermelha no Rio Grande do Norte. FIERN/SENAI.

Natal, 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

KARDEC, A.; NASCIF, J.; Manutenção - Função Estratégica. 4ª edição. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora,

2013.

PASKOCIMAS, C. A.; Projeto cerâmico: módulo 3 / Carlos Alberto Paskocimas. – Brasília:

SENAI/Departamento Nacional, 2010.

SANTANA, A. Estudo de Mercado de Cerâmica Vermelha/ ESPM. Relatório completo – Serviço Brasileiro

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 2008.

YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,2001.