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1 IBEAS - Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO E AUDITORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL EM UMA MICROEMPRESA DE CONFECÇÃO DE ROUPAS, EM GOIÂNIA (GO) Fábio da Cunha Rabelo (*), Simone Gonçalves Sales Assunção, Fernando Ernesto Ucker * Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho tem como objetivo propor a auditoria e implantação do sistema de gestão ambiental (SGA) em uma microempresa do ramo de confecções de roupas femininas no município de Goiânia, Goiás. Os dados foram levantados por meio de revisão bibliográfica e pesquisa in loco. A microempresa em questão gera 16 kg/hab/dia de resíduo não inerte; 49 m 3 de resíduos líquidos de pias, banheiro, limpeza e tinturaria são lançados diretamente na rede coletora pública; resíduos gasosos, plumas e ruídos não recebem tratamento devido a onerosidade dos equipamentos apropriados; os funcionários, na maioria do sexo feminino, apresentam idade entre 31 a 65 anos, classe média baixa, baixa escolaridade e pouco profissionalismo. Evidenciou-se desperdícios e ausência de programas de promoção de ergonomia laboral. Diante dos aspectos e riscos evidenciados propõe-se o SGA e a auditoria, com ênfase na melhoria na organização interna, no aspecto motivacional do trabalho em equipe e logística reversa, na promoção da destinação adequada de matérias e insumos desnecessários e preservação dos recursos naturais, controlando e prevenindo desperdícios e poluição na mitigação gradativa e setorial de riscos e impactos socioeconômicos e ambientais negativos. PALAVRAS-CHAVE: Risco socioeconômico, Risco ambiental, Microempresa Confecção, Auditoria, SGA. ABSTRACT This work aims to propose the audit and implementation of the environmental management system (EMS) in a micro- enterprise of women clothes sector in the city of Goiânia, Goiás. Data were collected through bibliographic review and in loco research. The micro-enterprise in question generates 16 kg / inhab / day of non-inert waste. Forty-nine m 3 of liquid waste from sinks, bathroom, cleaning, and dyeing are launched directly into the public collecting network. Gaseous waste, feathers, and noise are not treated due to the cost of the appropriate equipment. The majority of employees are female, between 31 and 65 years of age, low middle class, little schooling, and lack of professionalism. There was evidence of wastage and lack of programs to promote work ergonomics. Given the evidenced aspects and risks, the EMS and the audit are proposed, with emphasis on the improvement of internal organization, the motivational aspect of teamwork and reverse logistics. Additional focuses are the promotion of appropriate allocation of unnecessary materials and inputs, and preservation of natural resources, controlling and preventing waste and pollution in the gradual and sectoral mitigation of risks, and adverse socioeconomic and environmental impacts. KEYWORDS: Socioeconomic risk, Environmental risk, Microenterprise Clothing, Audit, EMS INTRODUÇÃO O desenvolvimento industrial decorrente da globalização e do atendimento às necessidades da população mundial, cada vez mais numerosa, desequilibra a relação entre crescimento populacional e disponibilidade de recursos naturais, surgindo a necessidade de as empresas produzirem de forma social, econômica e ambientalmente sustentável (ROMEIRO, 2012). A confecção de roupas é um dos tipos de empresas mais comuns no Brasil. Iniciou sua era propriamente dita com a primeira revolução industrial, nos finais do século XIX, com o uso de tear a máquinas a vapores. O desafio atual é aliar tecnologia, desenvolvimento econômico, crescimento populacional com sustentabilidade socioeconômica e ambiental. Evidencia-se, na atualidade, a ausência de capital por parte, principalmente das microempresas, para acompanhar o desenvolvimento tecnológico da produção, fator muito visível no setor microempresarial confeccionista, acarretando obsolescência e aumento da poluição por parte do maquinário. Assim, a empresa parte em busca de facções, originando problemas sociais como mão de obra desqualificada, assistência precária às famílias participantes do ramo e informalidade aliada à insegurança no mercado de trabalho. E ainda, os desafios da reciclagem de resíduos gerados neste setor, o alto custo de cumprimento dos requisitos para alcançar o tão sonhado certificado das ISO 14001( ABNT, 2015), ambiental e 9001(ABNT, 9001), qualidade, com relação à sua responsabilidade social (facção), econômica (processo produtivo mais eficaz) e ambiental (ambientes de trabalho e maquinários menos poluentes), a concorrência do mercado e a falta de

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PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO E AUDITORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL EM UMA MICROEMPRESA

DE CONFECÇÃO DE ROUPAS, EM GOIÂNIA (GO) Fábio da Cunha Rabelo (*), Simone Gonçalves Sales Assunção, Fernando Ernesto Ucker * Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: [email protected]

RESUMO Este trabalho tem como objetivo propor a auditoria e implantação do sistema de gestão ambiental (SGA) em uma microempresa do ramo de confecções de roupas femininas no município de Goiânia, Goiás. Os dados foram levantados por meio de revisão bibliográfica e pesquisa in loco. A microempresa em questão gera 16 kg/hab/dia de resíduo não inerte; 49 m3 de resíduos líquidos de pias, banheiro, limpeza e tinturaria são lançados diretamente na rede coletora pública; resíduos gasosos, plumas e ruídos não recebem tratamento devido a onerosidade dos equipamentos apropriados; os funcionários, na maioria do sexo feminino, apresentam idade entre 31 a 65 anos, classe média baixa, baixa escolaridade e pouco profissionalismo. Evidenciou-se desperdícios e ausência de programas de promoção de ergonomia laboral. Diante dos aspectos e riscos evidenciados propõe-se o SGA e a auditoria, com ênfase na melhoria na organização interna, no aspecto motivacional do trabalho em equipe e logística reversa, na promoção da destinação adequada de matérias e insumos desnecessários e preservação dos recursos naturais, controlando e prevenindo desperdícios e poluição na mitigação gradativa e setorial de riscos e impactos socioeconômicos e ambientais negativos. PALAVRAS-CHAVE: Risco socioeconômico, Risco ambiental, Microempresa Confecção, Auditoria, SGA. ABSTRACT This work aims to propose the audit and implementation of the environmental management system (EMS) in a micro-enterprise of women clothes sector in the city of Goiânia, Goiás. Data were collected through bibliographic review and in loco research. The micro-enterprise in question generates 16 kg / inhab / day of non-inert waste. Forty-nine m3 of liquid waste from sinks, bathroom, cleaning, and dyeing are launched directly into the public collecting network. Gaseous waste, feathers, and noise are not treated due to the cost of the appropriate equipment. The majority of employees are female, between 31 and 65 years of age, low middle class, little schooling, and lack of professionalism. There was evidence of wastage and lack of programs to promote work ergonomics. Given the evidenced aspects and risks, the EMS and the audit are proposed, with emphasis on the improvement of internal organization, the motivational aspect of teamwork and reverse logistics. Additional focuses are the promotion of appropriate allocation of unnecessary materials and inputs, and preservation of natural resources, controlling and preventing waste and pollution in the gradual and sectoral mitigation of risks, and adverse socioeconomic and environmental impacts. KEYWORDS: Socioeconomic risk, Environmental risk, Microenterprise Clothing, Audit, EMS INTRODUÇÃO O desenvolvimento industrial decorrente da globalização e do atendimento às necessidades da população mundial, cada vez mais numerosa, desequilibra a relação entre crescimento populacional e disponibilidade de recursos naturais, surgindo a necessidade de as empresas produzirem de forma social, econômica e ambientalmente sustentável (ROMEIRO, 2012). A confecção de roupas é um dos tipos de empresas mais comuns no Brasil. Iniciou sua era propriamente dita com a primeira revolução industrial, nos finais do século XIX, com o uso de tear a máquinas a vapores. O desafio atual é aliar tecnologia, desenvolvimento econômico, crescimento populacional com sustentabilidade socioeconômica e ambiental. Evidencia-se, na atualidade, a ausência de capital por parte, principalmente das microempresas, para acompanhar o desenvolvimento tecnológico da produção, fator muito visível no setor microempresarial confeccionista, acarretando obsolescência e aumento da poluição por parte do maquinário. Assim, a empresa parte em busca de facções, originando problemas sociais como mão de obra desqualificada, assistência precária às famílias participantes do ramo e informalidade aliada à insegurança no mercado de trabalho. E ainda, os desafios da reciclagem de resíduos gerados neste setor, o alto custo de cumprimento dos requisitos para alcançar o tão sonhado certificado das ISO 14001( ABNT, 2015), ambiental e 9001(ABNT, 9001), qualidade, com relação à sua responsabilidade social (facção), econômica (processo produtivo mais eficaz) e ambiental (ambientes de trabalho e maquinários menos poluentes), a concorrência do mercado e a falta de

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incentivos do governo e agências de financiamento, agravam a situação das empresas de pequeno e médio porte do setor de confecções no Brasil. A viabilidade socioeconômica e ambiental da implantação e auditoria do sistema de gestão ambiental (SGA) nas confecções de médio e pequeno porte levanta problemas e suas soluções para o setor industrial em questão. O processo produtivo deve ser econômico, ambiental e socialmente viável para a empresa melhorar continuamente ao ponto de obter certificados e se destacar no mercado. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é propor a implantação e auditoria do SGA em uma microempresa do ramo de confecções de roupas femininas no município de Goiânia, Goiás, no intuito de analisar a viabilidade socioeconômica e ambiental, focando seus respectivos problemas e suas soluções para o setor industrial em questão. E ainda, abordar tópicos do sistema e auditoria de gestão ambiental que viabilizem sua implantação numa microempresa, buscando crescer sem poluir o meio ambiente; propor medidas ambientais economicamente viáveis que melhorem continuamente o processo produtivo do setor confeccionista. Mostrar a realidade do processo produtivo do setor industrial em questão, com intenções de combater desperdícios, almejar melhoria na saúde e qualidade do trabalho (prevenção de riscos de acidente de trabalho) e promover a valorização sustentável da mão de obra e dos agentes socioambientais como facção, catadores de retalhos (demonstrar a preocupação ambiental no mercado), promover a facilidade na obtenção de financiamentos, aumento da competitividade e da produtividade e melhor aproveitamento dos recursos naturais. METODOLOGIA

Essa pesquisa fundamenta-se em normas de auditoria e SGA. Foram realizadas entrevistas com os 20 funcionários diretos do processo produtivo, obtendo resultados sobre os aspectos meio ambiente e risco ambiental (físico, químico, biológico e ergonômico), como minimizar o desperdício de recursos financeiros, materiais e outros dentro e fora do processo produtivo e, contribuições para a organização do espaço interno e melhoria da produtividade. As questões abordadas nas entrevistas são: nome, endereço, sexo, data, local de nascimento e estado civil; as três últimas profissões exercidas, importância, obstáculos e pontos positivos, treinamento, remuneração e sua relação com a saúde e o meio ambiente; renda familiar, escolaridade, fonte e frequência de informação; noções de risco e impacto ambiental gerados pela sua profissão e possíveis formas de mitigação; noções de incômodo, desperdício de recursos (matéria-prima, energia, água e geração de resíduos gasosos, líquidos ou sólidos) no local de trabalho; uso de equipamentos de proteção individual ou coletivo (EPI e EPC); noções do ciclo de PDCA (planejar, fazer ou executar, verificar e ações preventivas e corretivas para melhoria contínua), ciclo de vida do produto do berço (extração da matéria-prima) ao túmulo (destino adequado do resíduo que seu consumidor final pode gerar), regra dos 5’s (utilização, ordenamento, cuidados pessoais, salubridade do meio e autodisciplina). Discutiu-se o processo produtivo da microempresa, os impactos socioeconômicos e ambientais encontrados na indústria e nas facções e soluções mais viáveis. Foi elaborado um layout sugestivo para melhoria o processo produtivo. Os dados foram tabulados, analisados e discutidos para levantar a realidade socioeconômica e ambiental dos colaboradores externos e internos da microempresa, apontando os impactos ambientais e medidas mitigadoras para melhoria contínua no processo produtivo. A metodologia seguiu o seguinte fluxograma (Figura 1).

Figura 1: Fluxograma da metodologia

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RESULTADOS A microempresa localiza-se na região leste de Goiânia (GO), no bairro Jardim Novo Mundo e produz 2400 peças/mês, durante 8 horas diárias, 5 dias por semana, contando com 20 funcionários internos, 4 balconistas e 11 facções. Desde 1982 atua no setor de moda feminina. Sempre teve aparatos necessários para melhorar seu processo produtivo, ressaltando um grande avanço no setor de enfestagem e cortes de tecidos. Porém, demais partes do processo produtivo deixam a desejar devido ao alto custo do maquinário moderno e da falta de organização do espaço interno. As Figuras 2 e 3 demonstram o processo produtivo da microempresa, com suas respectivas entradas, processos e saídas. A matéria-prima (papel, tecidos e aviamentos) é recepcionada e expedida para os demais setores produtivos. A roupa é modelada, o tecido é enfestado para receber o papel com a impressão da matriz executada utilizando programa CAD e parte dos tecidos são silkados em prensas térmicas ou tingidos em panelas comuns. Em seguida, as peças cortadas vão para a costura interna e externa (facções) e recebem bordados e acabamentos. Logo após elas passam por um processo de verificação de erros e possíveis correções e são expedidas para lojas e representantes para venda.

Figura 2: Fluxograma do processo produtivo da indústria de confecções de roupas femininas

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Legenda Entrada de matérias-primas, insumos e outros recursos auxiliares do processo produtivo Processo de transformação das entradas em produtos finais e resíduos. Saída de produto acabado de cada etapa e seus respectivos resíduos gerados.

Figura 3: Fluxograma de entradas e saídas do processo produtivo da indústria de confecções de roupas femininas A média de resíduos sólidos gerados pelo processo produtivo durante três meses (maio, julho e setembro/2017) foi de aproximadamente 16 kg/mês, conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Média mensal de resíduos sólidos gerados pela indústria

Tecidos (em kg)

Papel (em kg)

Plástico (em kg)

Orgânico (em kg)

Rejeitos (em kg)

Total por setor (em kg)

Porcentagem de resíduos gerados (%)

Modelagem 0,1 0,35 0,07 0,52 3,2% Corte 7,41 1,2 0,4 9,01 55,08% Costura 1,2 0,6 0,2 0,01 2,01 12,29% Acabamento 0,04 0,14 0,16 0,01 0,35 2,1% Expedição 0,12 0,3 0,42 2,5% Escritório 0,15 0,078 0,228 1,4% Cozinha 0,9 2,4 3,3 20,2% Sanitário 0,52 0,52 3,2% Total Geral (em kg) 8,75 2,56 2,108 2,42 0,52 16,358

100%

Os setores de corte, costura e cozinha são os maiores geradores de resíduos sólidos classe II-B (não inertes). A maior parte dos tecidos é de renda ou tule e são parcialmente catados pela vizinhança para fabricação de tapete e, o restante, segue com demais resíduos para o aterro sanitário de Goiânia. A microempresa gasta, mensalmente, 49 m3 de água para abastecer quatro sanitários e três caldeiras de ferro a vapor. Na tinturaria, como as tintas possuem material a base de cloreto de sódio e dispersantes, é diluída em água e após a tintura (feita em panela e fogão industrial), é despejada na rede coletora de esgoto, gerando aproximadamente, 60 litros/dia de efluentes. Materiais particulados compostos de pluma carecem de exaustores, devido ao elevado custo para amenizar o clima local. São utilizados climatizadores. A intenção deste equipamento é umidificar o ambiente de trabalho e fazer com que as gotículas d’água em contato com a pluma, aumentem o peso deste e, em queda, possam ser removidos durante a limpeza diária que é realizada na microempresa.

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Foi constatada geração de ruído de 48 dB na circunvizinhança e 50 dB, no ambiente interno, durante o período em que o compressor estava desligado. Quando ligado, o compressor chega a elevar o nível de ruído para 98 dB. As análises foram realizadas durante as primeiras semanas dos meses de agosto, setembro e outubro, às 7h, 9h, 11h30, 13h30, 15h e 17h15. Os maiores geradores de ruídos na microempresa são: vibrações das máquinas de cortes e o compressor, que alimenta, principalmente a prensa do processo de silk e a máquina de pregar botão. O nível mais alto de ruído ocorre quando o compressor está alimentando as máquinas de ar para, posteriormente, serem utilizadas. A maioria dos funcionários é do sexo feminino (65% dos entrevistados); apresentam entre 31 a 63 anos, 60% casadas, 60% goianas e constantemente tentam se mudar para locais mais próximos do ambiente de trabalho. Ajudam no sustento de suas famílias cuja fonte de renda está entre 1 a 3 salários mínimos; possuem média a baixa escolaridade – só 35% tem ensino médio completo e/ou curso superior. Sem treinamento e novas oportunidades, elas sobrevivem da mesma profissão por muitos anos e, pela experiência que vão adquirindo com o tempo, acabam permanecendo na profissão. Estas características socioeconômicas e profissionais são marcantes principalmente entre as faccionistas. Estas, por sua vez, vivem de sua renda e a dos parceiros e precisam costurar muitas horas em casa para garantir um salário digno de um trabalhador formal. Toda profissão oferece seu risco físico, químico, biológico ou ergonômico independente do seu modo de realização. A profissão exercida pelos funcionários entrevistados oferece risco de gerar resíduos sólidos, pluma, poluição sonora e, em sua maioria, riscos ergonômicos (por exemplo: lesão por esforço repetitivo, problemas de vistas, dores e/ou outras lesões causadas por má postura ou medidas antropométricas inadequadas, etc). A intensidade de risco pode ser alta, média ou baixa. Para prevenir ao máximo os riscos presentes no ambiente de trabalho é necessário o uso de equipamentos de proteção individual como bota, avental, touca, protetor auricular, luva, capacete, roupas e proteções adequada para o calor e as plumas (máscaras), independentemente de haver ou não incômodo ao funcionário. A Figura 4 apresenta o layout da microempresa com o respectivo mapa de riscos físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho.

Legenda Do Mapa de Riscos

Gravidade do Risco TIPO DE RISCO Alto Risco RISCO FÍSICO Médio Risco RISCO QUÍMICO Baixo Risco RISCO BIOLÓGICO RISCO DE ACIDENTE

Figura 4: Layout da microempresa com o respectivo mapa de riscos físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho

ACAB

AMEN

TO E

CO

NFER

ÊNCI

A

ALMOXARIFADO (MAQUINÁRIOS, ESTANTES E

BALCÕES), CORTE E SILK

COSTURA GARAGEM

RECEPÇÃO CAD E MODELAGEM

COZINHA TINTURARIA

ESCRITÓRIO 1

ESCRITÓRIO 2

SANITÁRIO

EXPEDIÇÃO ALMOXARIFADO (INSUMOS E MATÉRIAS-PRIMAS)

REFEITÓRIO

EXPEDIÇÃO

Compressor localizado ao lado

do sanitário

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Os desperdícios mais comuns evidenciados na microempresa são de tecido, papel, energia, embalagens e alimentos. Apesar de as noções sobre meio ambiente pelos funcionários ficarem aquém do esperado, as notas para a qualidade de alguns parâmetros foram bem satisfatórias. A logística reversa e a ISO 9001 não são conhecidas pelos funcionários. Segue-se a proposta de implantação do SGA para a microempresa, com base na análise de Swot (MACROPLAN, 2007), de acordo com os pontos positivos e negativos evidenciados e tendo como missão a fabricação de roupas femininas com qualidade, duração, conforto e atualização segundo as tendências da moda; e, visão, servir à comunidade nacional com roupas modernas, com alta qualidade e economica, social e ambientalmente sustentáveis. Melhoria da qualidade do produto, do atendimento e da assistência e garantia ao consumidor final, investindo numa produção sustentável e socialmente aceitável, visando segurança, conforto, beleza, qualidade e conveniência para com a comunidade local; Redução da emissão de ruídos, promoção de bazares, geração de emprego e renda na comunidade (caráter socioambiental) e no intuito de promover melhor convivência com vizinhos e catadoras de retalhos; Investir em projetos simples, porém, ambientalmente, socialmente e economicamente viáveis; Dar preferência para compra de fornecedores que garantam produto ecológico e de qualidade, pois, entidades do governo e do ramo confeccionista criam parceria para criação do ICMS ecológico e descontos em taxas e impostos federais, estaduais e municipais para o setor produtivo que usar matéria-prima natural, empregar mão de obra local, reduzir sua pegada ecológica e consumo de recursos naturais e financeiros e atender, na medida do possível, aos requisitos legais e aos requisitos exigidos pelas atividades, produtos e serviços do setor; Conscientização, sensibilização e mobilização dos empregados perante economia e preservação de recursos (matéria-prima, insumos, água, energia, etc), organização interna e produtividade; Incentivo, por parte do empregador, da produtividade e consumo local, economia e preservação de recursos envolvidos no processo produtivo, treinamento de facções no próprio bairro ou em suas proximidades, de forma a garantir maior qualidade do produto final. Propõe-se ainda, estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente o SGA, baseado no atendimento legal aos requisitos, na questão social com a circunvizinhança, e processo produtivo economicamente viável. Em termos operacionais, a direção da microempresa realizará a implantação gradativa do SGA em todos os setores da organização, a fim de tornar suas atividades, produtos e serviços legal, financeira e ambientalmente sustentáveis. O escopo do SGA está detalhado na Figura 5.

Figura 5: Escopo do SGA da Microempresa de Confecção

O Quadro 1 resume as responsabilidades, papéis e autoridades organizacionais. Todas as competências são definidas pela direção, promovendo mudanças de cultura, atitude e conscientização dos recursos humanos. A responsabilidade de monitoramento e desempenho ambiental é delegada ao assistente administrativo e engenheiro ambiental responsável pelo assunto na microempresa. Tais resultados deverão ser repassados periodicamente à direção. A coordenação de meio ambiente e assuntos extra produtivos planeja, aprova e mantem o levantamento e mitigação de aspectos e impactos ambientais.

CONTEXTO ORGANIZACIONAL

ATIVIDADES PRODUTOS E SERVIÇOS

CICLO PDCA

ENTRADA (IN) CICLO

PDCA

ESCOPO SISTEMA

SAÍDA (OUT)

PLANEJAMENTO DO SGA

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Quadro 1 – Matriz de responsabilidade e autoridade do SGA

Requisitos do SGA

Responsabilidade e autoridade Representante da Administração (Direção)

Coordenação de Meio Ambiente ou assuntos extraprodutivos

Gerente do departamento produtivo

Política Ambiental A, M P, A, M M Ações de abordagem de riscos e oportunidades P, A, M A, M A, M Identificação/Avaliação de aspectos e impactos ambientais

A, M P, A, M A, M

Requisitos legais e outros requisitos P, A, M P, A, M M Plano de ação P, A, M P, A, M M Objetivos e Metas P, A, M P, A, M A, M Programa de Gestão Ambiental A, M P, A, M M Recursos P, A, M P, A, M M Estrutura e responsabilidade P, A, M P, A, M A, M Competência (Treinamento) P, A, M M M Comunicação P P, A, M A, M Informação documentada A P, A, M M Criação da informação documentada A P, A, M M Atualização da informação documentada P, A, M P, A, M M Controle da informação documentada A, M A, M M Controle Operacional P, A, M P, A, M A, M Planejamento a atendimentos á emergências P, A, M P, A, M A, M Monitoramento, medição, análise e avaliação do desempenho ambiental

P, A, M P, A, M M

Avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros requisitos

P, A, M P, A, M M

Auditoria interna P, A, M P, A, M A, M Auditoria externa P, A P, A, M M Análise crítica A, M P, M A, M Ação corretiva de não conformidades P, A, M P, A, M A, M Melhoria Contínua P, A, M P, A, M P, A, M Legenda: P= Planejar; A – Aprovar e; M – Manter

A microempresa atenderá aos requisitos legais no aspecto trabalhista (CLT e nova lei trabalhista), saúde ocupacional e aspectos ambientais (legislação federal, estadual e municipal referente ao destino correto de efluentes e resíduos sólidos gerados na compra de matéria-prima, fabricação de seu produto e destinação adequada de resíduos sólidos pelo seu consumidor final), atendendo, assim, aos objetivos e metas ambientais, descritos no Quadro 2. Os recursos são estabelecidos pela direção para melhoria contínua e desempenho ambiental: recursos humanos - habilidade, conhecimento especializado, etc), natural, infraestrutura – edifício, equipamento, tanque subterrâneo, sistema de drenagem, etc, tecnológico e financeiro. São viabilizados, por exemplo, sistema de reúso das águas das chuvas, pias e lavatórios, caixas de separação de água e óleo; aquisição de instrumentos de economia de energia como placa solar, energia fotovoltaica, tratamento compacto e viável de efluentes para microempresas, implantação de PGRS (prioridade de aplicação de 3 R’s - reduzir, reutilizar e reciclar, logística reversa e venda de resíduos e/ou maquinários o e outros equipamentos não mais utilizados). A detecção de qualquer anomalia no processo produtivo ou produto fabricado deve ser avisada ao gerente de produção e, este, à direção, para ambos tomarem as devidas providências. As ações para o controle operacional estão descritas no Fluxograma da Figura 6. É necessário realizar treinamento dos funcionários perante medidas de controle, prevenção e correção a serem tomadas diante de anormalidades no processo produtivo ou acidentes de trabalho, como: Plano de Atendimento à Emergências (PAE), primeiros socorros, entre outros. Verificação e registro dos resultados do estabelecimento, da implantação e manutenção do SGA através de instrumentos de medição, monitoramento, análise e avaliação das providências a serem

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tomadas. É necessário ainda datar, registrar e comparar resultados obtidos na verificação da qualidade do produto, atividade ou serviço em diferentes períodos e fases do processo produtivo.

Quadro 2. Objetivos e metas ambientais a serem alcançados pela microempresa Foco Objetivo Meta Programa Ação Indicadores

I – Fornecimento gradativo de recursos: destinar parte dos recursos adquiridos nas vendas para preservação do meio ambiente e, pelo menos 5% dos funcionários, para coordenar tais ações II – Conservação de recursos naturais

Reduzir o consumo de água

Em 5% a.m.

Reutilização de água

Instalação de reaproveitamento de águas das pias de lavabos p/ limpeza de pisoas e maquinários

=.

86400

Q (m3/s ou l/s) = vazão de água consumida; P(hab) = População atendida; q(l/hab.dia) = consumo per capta

Responsabilidade: funcionários ligados à direção monitorarão, mensalmente, a conta de água e possíveis vazamentos ou usos desnecessários de água e incentivarão campanha de redução de desperdícios de água III – Consumo de recursos naturais

Reduzir consumo de energia

Em 5% a.a.

Usando o mínimo possível de energia

Instalação de placas solares; Desligamento da chave geral nos intervalos; Organização do layout p melhorar a ventilação e diminuir o consumo de energia de maquinários pela liberação de calor no ambiente de trabalho; Conscientização e sensibilização dos funcionários

E = P.Δt Custo = tarifa x E E = energia consumida em quilowatt-hors (kwh); P = potência de cada equipamento (W); Tarifa cobrada pela concessionária local de energia – em Goiás é, em média, R$0,30/kwh

Responsabilidade: funcionários ligados à direção monitorararão, mensalmente, a conta de energia e possíveis fontes perigosas ou em mal estado de conservação ou sem necessidade de uso e incentivarão campanha de redução de desperdícios de energia IV – Geração de efluentes

Reduzir a quantidade de produtos químicos consumida

Em 10% a.m.

Tratamento de efluentes

Implantação de um sistema compacto de tratamento de efluentes; Concordância com a legislação ambiental (resolução CONAMA 357/2005); Campanhas de educação ambiental entre funcionários e clientes

=.

86400

Responsabilidade: a direção buscará incentivos do governo e bancos, entre outros entidades público/privada do ramo para investimento em instalação hidrossanitária para reaproveitamento/tratamento das águas de lavatórios, vasos sanitários e reservação e tratamento da água de tinturaria V – Geração de resíduos sólidos

Redução do consumo e da geração de resíduos sólidos

Em 10% a.m.

Implantação do PGRS

Diminuir a compra e entrada de produtos extra produtivo; Instalação da política dos 3R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) e da logística reversa; Redução do desperdício no decorrer da cadeia produtiva; Campanha de Educação Ambiental com funcionários e clientes. Venda de resíduos p/ empresas reaproveitamento.

=.

M (kg de lixo/hab.dia) = quanto de lixo um funcionário gera por dia; P (hab) = População geradora de resíduos sólidos; m (kg) = quantos quilos de resíduos sólidos são gerados por dia; t (dias) = quantidade mensal de dias trabalhados

A direção terá prazo de um ano para instalação de PGRS, ressalvando difícil atendimentos a requisitos tais como compradores de materiais a serem reciclados e ausência de pontos de entrega voluntários (PEVs) nas proximidades do empreendimento

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Figura 6: Ações do controle operacional

O programa de auditoria interna é um planejamento (equipe, critérios, períodos, objetivos) de auditoria de uma não conformidades em questão e descrição das medidas a serem tomadas (ações corretivas). Os auditores internos da empresa (pessoas que conhecem a empresa há pelo menos um ano) tem atribuições profissionais e treinamento adequado à implantação e acompanhamento do sistema de gestão ambiental e atendimento de requisitos legais e outros requisitos. A auditoria pública deve ocorrer pelo menos uma vez ao ano para a documentação registrada e o processo de produção relacionados à melhoria contínua. São deveres dos auditores da empresa: localizar a atividade, produto ou serviço em que a continuidade do SGA enfrenta obstáculos; identificar e promover mudanças internas e relação com as partes interessadas a respeito dos aspectos e riscos ambientais, oportunidades, objetivos, informações, ações corretivas da não conformidade, atendimentos a requisitos legais e outros requisitos e resultados de monitoramentos, medições e de auditorias; elaboração de documentos de identificação de anomalias, registro de ocorrência; verificação da abrangência das principais causas, correções das ações, aprovação dos recursos, acompanhamento e verificação da eficácia das ações e alterações nas instruções de trabalho. As ações preventivas a serem tomadas são: aplicação de campanhas de educação ambiental e palestras sobre segurança do trabalho e incentivar interações intersetoriais para discussão e solução dos problemas e anomalias no decorrer do processo produtivo. Após realizar a auditora do SGA, o empreendimento será criticamente analisado pela administração averiguando-se suas políticas, objetivos e outros elementos. A direção deve analisar se o SGA está satisfazendo e beneficiando o empreendimento, se o sistema é adequado à sua realidade e ao exato momento e, se suas eficácias são viáveis, ou seja, produzem resultados positivos e estão atingindo os objetivos e metas. CONCLUSÕES

Foram consideráveis os aspectos ambientais desconformes evidenciados na microempresa de confecções, o que vem causando riscos socioeconômicos e ambientais. Os mais significativos são a alta emissão de ruídos, o despejo de tintura na rede pública de esgoto, o consumo excessivo de água e energia, geração de grande quantidade de materiais particulados compostos de pluma, ausência de uso de EPI’s por parte dos funcionários, dentre outros. Considera-se ainda a atual situação financeira das micro e pequenas empresas no Brasil, diante dos desafios econômicos e ambientais, altos impostos e dificuldades para adquirir financiamentos. Tornam-se, desta forma, as medidas mitigadoras, bastante onerosas, o que faz com que as empresas cometam atos indiscriminados como o de lançamento de efluentes de tinturaria na rede pública.

EM ALTA (É VANTAJOSA A SUA REALIZAÇÂO): MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS (REDUÇÃO NA FONTE);

MLHORIA NO DESIGN DO PRODUTO E NO PROCESSO OPERACIONAL; SUBSTITUIÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA;

RECICLAGM-REUSO DENTRO DO PROCSSO; ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS LIMPAS;

USO EFICIENTE DE ÁGUA E ENERGIA; REDUÇÃO DE USO DE TÓXICOS

EM BAIXA (TENDÊNCIAS ONEROSAS E/OU MAIS DESVANTAJOSAS): MEDIDAS DE CONTROLE

(VANTAGEM AMBIENTAL RELATIVA): RECICLAGEM-REUSO FORA DO PROCESSO

TRATAMENTO DISPOSIÇÃO FINAL

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS

CONTROLE OPERACIONAL (SISTEMA FIM DE TUBO)

PREVENÇÃO X CONTROLE DA POLUIÇÃO

ENTRADA

INSTALAÇÃO, EQUIPMENTO, MAQUINÁRIO, OBRA, OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO,

MÃO-DE-OBRA, MATÉRIA-PRIMA, INSUMO, ÁGUA, ENERGIA, OUTROS RECURSOS HUMANOS,

TECNOLÓGICOS, FINANCEIROS, NATURAIS, MATERIAIS, ENTRE OUTROS.

PROCESSO SAÍDA

SISTEMA DE TRATAMENTO (SIST. DE TTº).

PRODUTO NÃO INTENCIONAL (POLUENTE OU NÃO?).

+ RESÍDUOS

PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO (GESTÃO PRÓ-ATIVA)

CONTROLE DA POLUIÇÃO (GESTÃO REATIVA)

SIST. DE TTº DE RS., RL., RG(RPG)

EX: ETA, ETE, INCINERAÇÃO, ATERRO SANITÁRIO,

COMPOSTAGEM, CO-PROCESSAMENTO, ETC.

Page 10: PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO E AUDITORIA DO SISTEMA DE … · 2018. 6. 25. · Saída de produto acabado de cada etapa e seus respectivos resíduos gerados. Figura 3: Fluxograma de entradas

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Assim, a implantação da auditoria e do SGA na microempresa em questão torna-se uma ferramenta de direcionamento teórico e prático para sua melhor estruturação em todos os sentidos: infraestruturais, físicos, patrimoniais, socioeconômicos, ambientais e financeiros. Há que se investir em sistemas de tratamento de efluentes, de reúso de água, de diminuição de emissão de ruídos e plumas, em qualificação e conscientização da mão de obra. Entretanto, esses sistemas são, na maioria das vezes dispendiosos e fora da realidade financeira das microempresas, que pretendem se adequar aos paradigmas contemporâneos sustentáveis. Assim, sugere-se a criação e facilitação de linhas de crédito direcionadas às microempresas, de forma a promover a inclusão das mesmas.

Empregabilidade e treinamento da mão de obra local sinalizam a responsabilidade social da empresa. Motivação do trabalho em equipe, organização do layout e sua respectiva logística reversa e venda de resíduos e materiais não mais utilizáveis, possibilitam o crescimento econômico da empresa. Prevenção da poluição, redução da carga tributária, melhoria do processo produtivo e crescimento econômico da empresa no ramo da atividade analisada também suavizam seus aspectos ambientais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Associação Brasilieira de Normas Técnicas – ABNT. 2008. NBR ISO 9001: Sistemas de Gestão de qualidade –

Requisitos com orientações para uso; Rio de Janeiro. 52p. 2. _______ ABNT. 2015. NBR ISO 14001: Sistemas de Gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso; Rio

de Janeiro. 40p. 3. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Resolução no 357, 17 de março de 2005. Estabelece normas e

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mimeo. 5. Romeiro, A. R. Desenvolvimento Sustentável: uma perspectiva econômico-ecológica. Texto para discussão da

revista Estudos Avançados 2012, nº 26 (74). PUC-GO.