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Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) Nº 6 Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/ 1 Proposta de pré-projeto para construção de um aterro sanitário para o Município de Viana (MA)¹ Katia Maria Souza de Carvalho² Prof. Dr. Claudemir Gomes de Santana³ RESUMO: Os resíduos sólidos urbanos tem se tornado um grande problema para muitas cidades brasileiras, a falta de recursos, a falta de gestão pública unindo-se a falta de consciência ecológica da população tem justificado a incorreta disposição final dada ao lixo verificada em muitos dos municípios brasileiros. De forma a se amenizar os impactos no meio ambiente, a construção de aterros sanitários tem se mostrado uma alternativa eficiente na questão do tratamento do lixo, o presente trabalho visa à elaboração de proposta de um pré-projeto para construção de um aterro sanitário no município de Viana (MA). PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos Urbanos; Projeto; Aterro Sanitário. INTRODUÇÃO É notório que, a globalização tem potencializado o crescimento das cidades brasileiras, como consequência disto, o consumo de bens materiais tem aumentado e refletido negativamente no descarte incorreto dos mais variados tipos de resíduos sólidos no meio ambiente, tal consumo que se faz de maneira desenfreada, tem gerado enormes problemas sociais e ambientais com sérios danos aos ecossistemas existentes bem como afetado a saúde pública de um modo geral. Diante deste cenário, é dever do Estado por meio de políticas públicas e normas, zelar pela conservação do meio ambiente para as próximas gerações e desenvolver políticas sustentáveis quanto ao consumo de bens materiais. A lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem sido um importante exemplo da responsabilidade do Estado em proporcionar a diminuição da degradação do

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Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/

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Proposta de pré-projeto para construção de um aterro sanitário para o Município de Viana (MA)¹

Katia Maria Souza de Carvalho² Prof. Dr. Claudemir Gomes de Santana³

RESUMO: Os resíduos sólidos urbanos tem se tornado um grande problema para muitas cidades brasileiras, a falta de recursos, a falta de gestão pública unindo-se a falta de consciência ecológica da população tem justificado a incorreta disposição final dada ao lixo verificada em muitos dos municípios brasileiros. De forma a se amenizar os impactos no meio ambiente, a construção de aterros sanitários tem se mostrado uma alternativa eficiente na questão do tratamento do lixo, o presente trabalho visa à elaboração de proposta de um pré-projeto para construção de um aterro sanitário no município de Viana (MA).

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos Urbanos; Projeto; Aterro Sanitário.

INTRODUÇÃO

É notório que, a globalização tem potencializado o crescimento das

cidades brasileiras, como consequência disto, o consumo de bens materiais

tem aumentado e refletido negativamente no descarte incorreto dos mais

variados tipos de resíduos sólidos no meio ambiente, tal consumo que se faz

de maneira desenfreada, tem gerado enormes problemas sociais e ambientais

com sérios danos aos ecossistemas existentes bem como afetado a saúde

pública de um modo geral.

Diante deste cenário, é dever do Estado por meio de políticas

públicas e normas, zelar pela conservação do meio ambiente para as próximas

gerações e desenvolver políticas sustentáveis quanto ao consumo de bens

materiais. A lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 que instituiu a Política

Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem sido um importante exemplo da

responsabilidade do Estado em proporcionar a diminuição da degradação do

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meio ambiente por meio de políticas que visam à prevenção e a redução na

geração de resíduos sólidos.

A lei nº 12.305 exige, por exemplo, que os resíduos gerados por

uma cidade devem ter como destino final, os aterros sanitários, que são locais

onde há uma compactação dos resíduos no solo, colocando-os assim em

camadas que devem ser periodicamente cobertas com terra. A disposição final

dos resíduos sólidos se realizada da forma correta, contribuirá de forma

significativa para o desenvolvimento sustentável urbano, haja vista que, o

descarte de forma inadequada, gera poluição afetando diretamente o meio

ambiente e a saúde das pessoas, um exemplo disto é a contaminação de

lençóis freáticos e a proliferação de insetos transmissores de doenças.

Diante desta problemática, o objetivo geral do trabalho é propor

como estudo de caso, a formulação de um pré-projeto de um aterro sanitário

para que o município de Viana (MA) possa estar em condições de atender as

regulamentações estabelecidas pelas políticas nacionais de resíduos sólidos

urbanos. E seus objetivos específicos são descrever sobre os conceitos

relacionados aos resíduos sólidos urbanos e aos aterros sanitários como

disposição final, analisar o cenário de disposição de resíduos sólidos pré-

existente a proposta de pré-projeto de construção de um aterro sanitário para o

município de Viana (MA) e analisar a viabilidade local para implantação do

referido pré-projeto.

O presente estudo se justifica pela importância do gerenciamento

dos resíduos sólidos nas cidades e a necessidade do cumprimento da política

nacional de resíduos sólidos urbanos, lei nº 12.305/10, contribuindo com uma

proposta de pré-projeto para construção do aterro sanitário no município de

Viana (MA), sendo este então um novo local para o encaminhamento final de

resíduos sólidos da região propiciando assim um desenvolvimento urbano

sustentável e a melhoria na saúde da população local, pois o município

estudado conta ainda com o inadequado descarte de resíduos que assim

degradam o meio ambiente. O trabalho desta forma apresenta certa relevância

social por estar contribuindo com o desenvolvimento sustentável do planeta, e

na área acadêmica, com trabalho técnico especializado com conceitos e

abordagens de engenharia civil na área de saneamento básico.

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1 PRÉ-PROJETO DE ATERRO SANITÁRIO

1.1 Resíduos sólidos urbanos

Pode-se afirmar que os resíduos sólidos constituem-se como lixo,

seja ele de origem urbana, agrícola, radioativa ou outros, ou seja, qualquer

sólido que descartado não apresente valor agregado ao material descartado.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, através da

NBR 10.004/04, conceitua resíduos sólidos urbanos como:

“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam das atividades da comunidade de origem: urbana, agrícola, radioativa e outros (perigosos e/ou tóxicos). Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face às melhores tecnologias disponíveis.” (ABNT, 2004, p.1).

Variados tipos de resíduos sólidos são gerados no dia a dia pelas

mais variadas atividades, entre elas domésticas, industriais, comerciais ou

públicas, tal produção se for analisada em termos de números, poderá variar

de uma região a outra, isso dependerá de fatores, como: renda, estilo de vida,

utilização de embalagens não retornáveis, período do ano, entre outros.

Segundo o levantamento de dados do panorama de 2014 dos

resíduos sólidos no Brasil realizado pela Associação Brasileira de Empresas de

Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, a geração de resíduos

sólidos urbanos (RSU) no Brasil contabilizou cerca 78,6 milhões de toneladas

em 2014, o que representou um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior,

isso reflete um índice superior à taxa de crescimento populacional no país no

período, que foi de 0,9%.

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Figura 1 – Geração de RSU em 2013 e 2014

Fonte: ABRELPE (2014)

Os dados da geração ao ano e da geração per capita em 2014,

comparados com 2013 apresentados na figura 1 mostram que o brasileiro no

ano de 2014 gerou cerca de 387,63 kg de resíduos sólidos, o que representa

um aumento de 2,02% em relação ao ano anterior.

O correto gerenciamento dos resíduos sólidos requer a classificação

dos mesmos conforme agrupamento por características similares. Para a

ABNT, através da NBR 10.004/04:

“A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser criteriosa e estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que lhe deu origem.” (ABNT, 2004, p.2).

Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias maneiras,

RECESA (2008, p.17) classifica de acordo com:

a) Composição química: orgânico (resto de alimentos, frutas) e

inorgânico (vidro);

b) Riscos potenciais ao meio ambiente: Perigosos e não perigosos

(não inertes e inertes);

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c) Origem: Público (ruas, avenidas, praças, praias), comercial,

doméstico, especiais (hospitais, aeroportos, terminais rodoviários,

ferroviários e portuários, resíduos da construção civil) e agrícolas.

Para efeitos da NBR 10.004/04, os resíduos sólidos são

classificados em duas classes, conforme os potenciais riscos ao meio

ambiente:

a) Classe I - Perigosos

b) Classe II – Não Perigosos (A – Não inertes, B – Inertes)

1.1.1 Aspectos legais no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos

Os principais marcos legais na história do Brasil para a questão dos

resíduos sólidos se originam desde a Constituição de 1988 e vão até meados

de 2014 com o prazo de encerramento dos lixões regulamentados através da

Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS no ano de 2010.

Figura 2 - Linha do tempo com os principais marcos legais

Fonte: SELUR (2011)

Em janeiro de 2007 foi instituída a Lei nº 11.445 que representa a

Política Nacional de Saneamento Básico – PNSB, considerada até então um

grande marco nas diretrizes nacionais de saneamento, inaugurando uma fase

nova no desenvolvimento social brasileiro relacionado à cultura e consciência

sanitária (SELUR, 2011).

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Consequentemente em 2 de agosto de 2010, através da PNSB foi

criada a Lei nº 12.305 referente a Política Nacional de Resíduos Sólidos –

PNRS, que marcou a história do gerenciamento de resíduos sólidos no país.

Jacobi e Besen (2011, p.137) afirmam que:

“Os aspectos relacionados aos marcos legais da limpeza urbana, em especial da gestão e manejo dos resíduos sólidos no Brasil, são definidos na Política Nacional de Saneamento Básico, Lei n. 11.445, de 2007, na qual o plano de resíduos sólidos deve integrar os planos municipais de Saneamento (PNSB) e na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei n. 12.305, de 2010, regulamentada por meio do Decreto n. 7.404, de 2010, que após vinte anos de tramitação no Congresso Nacional estabeleceu um novo marco regulatório para o país”. (JACOBI E BESEN, 2011, p.137)

A PNRS tem como objetivo fortalecer os princípios de gestão

integrada e sustentável dos resíduos sólidos urbanos, desta forma possui

princípios básicos como a “prevenção, precaução, redução, reutilização e

reciclagem, metas de redução de disposição final de resíduos em aterros

sanitários e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos em

aterros sanitários”. (JACOBI; BESEN, 2011, p. 137).

1.2 Projeto de aterro sanitário

O aterro sanitário é uma técnica na construção civil que possibilita a

correta disposição dos resíduos sólidos urbanos. A ABNT em sua NBR

8.419/92 define o aterro sanitário como:

“Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar o resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los a menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou intervalo menores, se necessário.” (ABNT, 1992, p.1).

O aterro sanitário consiste desta forma, na compactação do RSU no

solo, dispondo-o em camadas que periodicamente devem ser cobertas com

terra ou então algum outro material inerte, formando determinadas células de

lixo de um modo que se tenha certa alternância entre o RSU e o material da

cobertura. (MURGO; RIBEIRO; RAFAEL, 2010).

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Figura 3– Seção em corte de um aterro sanitário

Fonte: PORTAL RESIDUOS SOLIDOS (2013)

O corte da seção de um aterro sanitário (figura 3) mostra as áreas

em preparo, execução e conclusão, observa se que na etapa de preparo, é

necessário que o terreno esteja preparado com uma camada

impermeabilizante para a não infiltração de poluentes no lençol freático e que o

mesmo em sua base, possua um sistema de drenagem do chorume, para que

seja executadas, células de lixo de verão ser formadas com camada de solo na

cobertura, todo este sistema deverá estar assegurado por drenagens

superficial e interna, destinadas ás águas de chuva e ao chorume, e ainda pela

drenagem dos gases. Para o setor concluído recomenda-se a cobertura com

grama, é importante frisar que todo o chorume drenado deverá ser

encaminhado a uma estação de tratamento.

1.2.1 Apresentação do projeto

Por se tratar de uma obra de engenharia, o aterro sanitário deverá

ter um projeto executivo, a NBR 8419/92 – Apresentação de projetos de aterros

sanitários de RSU define que o projeto deve conter as seguintes partes:

a) Memorial descritivo;

b) Memorial técnico;

c) Cronograma físico-financeiro (execução e estimativa de custos);

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d) Desenhos ou plantas;

e) Eventuais anexos.

Para o memorial descritivo, o projeto deve conter informações

relacionadas ao cadastro, resíduos a serem dispostos, caracterização do local

de destino, concepção e justificativa do projeto, especificações dos elementos

de projeto, a metodologia operacional do aterro e o seu uso futuro. (ABNT,

1992).

O memorial técnico reúne informações a respeito de cálculos dos

elementos e suas metodologias utilizadas bem como vida útil do aterro e ainda,

informações dos demais sistemas constituintes (drenagem superficial, remoção

do percolado, drenagem de gás).

Deverá ser apresentado um cronograma de execução do aterro

sanitário assim como uma estimativa de custos da implantação, operação e

manutenção do mesmo. Os desenhos deverão mostrar através de plantas,

detalhes de corte, vistas superiores, localização, levantamentos

planialtimétricos, edificações ao entorno, vias internas e demais sistemas em

escalas adequadas. Licenças ambientais ou outras licenças necessárias

poderão ser anexadas ao projeto executivo. (ABNT, 1992).

2 METODOLOGIA

A presente pesquisa teve como proposta a elaboração de um pré-

projeto para construção de um aterro sanitário para o município de Viana

(MA),em relação a sua natureza, a pesquisa, é classificada de acordo com o

seu objetivo como sendo exploratória, segundo Gil (2010, p.41), estes tipos de

pesquisa:

“[...] têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.” (GIL, 2010, p.41).

Lakatos (2003) afirma que os estudos exploratórios descrevem

completamente um determinado fenômeno de modo a se realizar análises

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empíricas e teóricas. A abordagem qualitativa e quantitativa da pesquisa é

realizada mediante os procedimentos técnicos de embasamento através da

revisão bibliográfica e estudo de caso, sendo que este último, segundo Gil

(2010, p.55) proporcionará assim, uma visão global do problema, identificando

possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados.

A metodologia do trabalho se dá através de um estudo de caso com

fundamentação teórica, abordando conceitos relativos aos resíduos sólidos

urbanos e aterros sanitários, pesquisa realizada em campo com coleta de

dados para caracterização da região de estudo, bem como a situação da

disposição de resíduos no local e posterior a isto, o tratamento dos dados para

a apresentação da proposta de pré-projeto de construção do aterro sanitário

para o município analisado.

2.1 Local de estudo

A pesquisa foi realizada no município de Viana (MA), localizado na

microrregião da Baixada Maranhense, no estado do Maranhão. Esta região

possui cerca de 51.503 habitantes segundo a estimativa do IBGE para 2016,

distribuídos em uma área de 1.168 km². (IBGE, 2016).

Figura 4 - Localização do município de Viana (MA)

Fonte: Adaptado pelo Autor de Google Maps (2016). Coordenadas: latitude 03° 13'

12"sul e uma longitude 45°00' 14" oeste.

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Viana está localizada a uma latitude 03° 13' 12"sul e uma longitude

45° 00' 14" oeste, limita-se com os municípios de Penalva, Monção, Cajari,

Pedro do Rosário, Matinha e Vitória do Mearim, o município encontra-se a uma

distância de 214 km da capital São Luís, sua localização em mapa pode ser

vista na figura 4.

2.2 Instrumentos de coleta de dados

Para a coleta de dados do município em estudo (população, área,

taxa de crescimento populacional, produção diária de resíduos, peso específico

do resíduo), contou-se com informações disponibilizadas em banco de dados

de órgãos competentes ao assunto proposto como o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE e o Sistema Nacional de Informações sobre a

Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR.

Para a verificação do problema exposto na pesquisa, utilizou-se a

pesquisa de campo com a verificação in loco de informações junto a Secretaria

Municipal de Meio Ambiente e registro fotográfico do cenário pré-existente para

comprovação da hipótese apresentada.

2.3 Análise e tratamento dos dados

A partir do embasamento teórico e dos dados coletados, a análise e

tratamento dos dados será feita utilizando-se metodologias de cálculo

específicas no que tange ao dimensionamento do aterro sanitário.

Para a tratativa dos dados, considerou-se o dimensionamento do

aterro com uma previsão de 20 anos de vida útil.

Foram utilizados como metodologia para elaboração da proposta do

pré-projeto para construção de um aterro sanitário no município de Viana (MA),

as seguintes normas técnicas:

1 - A norma NBR 15.849/2010 – Resíduos sólidos urbanos – Aterros

sanitários de pequeno porte que estabelece as diretrizes para localização,

projeto, implantação, operação e encerramento de aterro sanitário. Esta norma

foi usada para estabelecer os critérios do dimensionamento do pré-projeto;

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2 - Apresentação de projetos de aterros sanitários de RSU conforme

a NBR 8419/1992, que estabelece os procedimentos para elaboração do

projeto fixando as condições mínimas para o referido pré-projeto;

3 - A norma NBR 13.896/1997 que estabelece procedimentos e

critérios de projeto, implantação e operação para aterros de resíduos

perigosos;

4 - A norma NBR 10.157/1987 que estabelece procedimentos e

critérios para projeto, construção e operação para aterros de resíduos não

perigosos.

A elaboração dos desenhos do projeto foi realizada utilizando-se o

software profissional da Auto Desk, AutoCAD 2016.

3 DISCUSSÃO

A implantação do aterro sanitário consiste na adoção de uma

solução técnica que possibilite a correta disposição de RSU no município de

Viana (MA), atualmente disposto em lixão e assim enquadre o município no

atendimento a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.

A concepção do pré-projeto fundamentou-se em critérios técnicos de

engenharia e em normas específicas operacionais de forma a minimizar os

impactos ambientais e sociais oriundos pela disposição de RSU no município.

A vida útil estimada para o aterro de Viana foi de 20 anos com uma média de

recebimento de RSU de 39 t/dia e volume acumulado no seu encerramento de

312.032 m³.

O projeto considera que o aterro de Viana receberá resíduos do tipo

Classe II A, ou seja, “os não perigosos”, não inertes (material orgânico), os da

Classe II B, inertes (rochas, tijolos, solos) e alguns resíduos de saúde, grupo A

(sobras de amostras de laboratório).

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Figura 5 - Vista superior do aterro em planta

Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)

Figura 6 - Seção transversal simétrica do aterro em corte

Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)

Foi utilizada a metodologia executiva de trincheira para o aterro, em

camadas de altura de 3,00m (abaixo do nível do solo) e 5,00m (acima do nível

do solo) (figura 6) totalizando uma altura final de 8 metros e área superficial de

55.275 m² (figura 5).

Estima-se que a população de Viana em 20 anos esteja na faixa dos

59.449,32 mil habitantes, o custo estimado foi de R$ 72,07/hab, o que

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corresponde a R$ 4.284.512,00 milhões conforme trabalho realizado por Neto

et. al (2010) para a primeira etapa de escavação do aterro referente a um

volume de 3 anos.

CONCLUSÃO

O presente trabalho embasado pelo referencial teórico apresentou o

uso do aterro sanitário como alternativa eficiente para o município de Viana

(MA), a partir da observação exploratória, observou-se que o local oferece

estrutura inadequada onde os resíduos sólidos urbanos coletados são

dispostos em lixões causando inúmeros danos ao meio ambiente.

Conforme trabalho realizado por Silva, C.C. (2016) escolheu-se a

área de implantação do pré-projeto do aterro sanitário baseada em critérios

técnicos, que resultou em um local distante 18 km do centro do município as

margens da rodovia MA-216. A área total disponível para o projeto totaliza

336.138,00m² ou 33,61 ha com um perímetro de cerca de 2.350,00 metros.

Com os dados coletados para o município como população, taxa de

crescimento populacional, geração per capita de resíduos, massa específica do

resíduo procedeu-se ao dimensionamento do aterro de Viana para 20 anos de

vida útil, o volume estimado de resíduos calculado foi de 312.031 m³ com uma

média de recebimento de 39 t/dia.

A trincheira para o aterro foi dimensionada em camadas de altura de

3,00 m (abaixo do nível do solo) e 5,00m (acima do nível do solo) totalizando

uma altura final de 8,00 metros, com volume de 343.775 m³ e área superficial

de 55.275 m².

Apresentou-se no trabalho o dimensionamento e a especificação dos

demais sistemas pertencentes ao aterro como drenagem, remoção e

tratamento de percolado, drenagem dos gases, drenagem superficial e

impermeabilização de fundo. As etapas de operação, manutenção,

monitoramento, encerramento e uso futuro, assim como as instalações de

apoio, mão de obra e equipamentos necessários foram também descritos no

memorial descritivo do trabalho.

Para complementação e finalização do pré-projeto elaborou-se um

cronograma de execução e uma estimativa de custos para o aterro sanitário do

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município de Viana, indicando ainda os necessários procedimentos ao

licenciamento ambiental.

O trabalho desenvolvido foi de grande valia acadêmica e social, haja

vista que conhecimentos técnicos de engenharia, atendimento a normas

específicas foram exigidas na etapa de dimensionamento e especificação. A

importância social se deu pela questão ecológica do futuro sustentável,

minimizando impactos ambientais com o uso do aterro e fazendo a triagem e o

reaproveitamento do material reciclável que chega ao mesmo.

Recomenda-se para futuros trabalhos, a construção de aterros para

municípios adjacentes que necessitem conforme a demanda, uma disposição

correta para os seus resíduos sólidos e que ainda necessitem atender as

legislações vigentes quanto ao gerenciamento de resíduos.

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Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/

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