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Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Curso de Engenharia Automotiva ANÁLISE EXPERIMENTAL E NUMÉRICA DE MODELOS DE PLASTICIDADE, BASEADOS NA INFLUÊNCIA DO TERCEIRO INVARIANTE DO TENSOR DESVIADOR Autor: João Vitor Sahadi Orientador: Lucival Malcher Brasília, DF 2013

PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃObdm.unb.br/bitstream/10483/7380/1/2013_JoaoVitorSahadi.pdf · 2015-09-02 · triaxialidade, ensaios para cisalhamento puro, e ensaios

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Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA

Curso de Engenharia Automotiva

ANÁLISE EXPERIMENTAL E NUMÉRICA DE MODELOS DE PLASTICIDADE, BASEADOS NA INFLUÊNCIA DO TERCEIRO INVARIANTE DO

TENSOR DESVIADOR

Autor: João Vitor Sahadi Orientador: Lucival Malcher

Brasília, DF 2013

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JOÃO VITOR SAHADI

ANÁLISE EXPERIMENTAL E NUMÉRICA DE MODELOS DE PLASTICIDADE, BASEADOS NA INFLUÊNCIA DO TERCEIRO INVARIANTE DO TENSOR

DESVIADOR

Monografia submetida ao curso de graduação em Engenharia Automotiva da Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Automotiva.

Orientador: Prof. Lucival Malcher, D.Sc.

Brasília, DF 2013

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CIP – Catalogação Internacional da Publicação*

Sahadi, João Vitor.

Análise Experimental e Numérica de Modelos de

Plasticidade, Baseados na Influência do Terceiro

Invariante do Tensor Desviador / João Vitor Sahadi.

Brasília: UnB, 2013. 103 p. : il. ; 29,5 cm.

Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília

Faculdade do Gama, Brasília, 2013. Orientação: Lucival

Malcher.

1. Plasticidade. 2. Terceiro Invariante. 3. Triaxialidade I.

Malcher, Lucival. II. Título.

CDU Classificação

A ficha catalográfica oficial deverá ser solicitada à Biblioteca pelo

aluno após a apresentação.

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ANÁLISE EXPERIMENTAL E NUMÉRICA DE MODELOS DE PLASTICIDADE, BASEADOS NA INFLUÊNCIA DO TERCEIRO INVARIANTE DO TENSOR

DESVIADOR

João Vitor Sahadi

Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Automotiva da Faculdade UnB Gama - FGA, da Universidade de Brasília, em 09/12/2013 apresentada e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Prof. D.Sc.: Lucival Malcher, UnB/ FT Orientador

Prof. Dr.Eng.: Maria Alzira de Araújo Nunes, UnB/ FGA Membro Convidado

Prof. M.Sc.: Saleh Barbosa Khalil, UnB/ FGA Membro Convidado

Brasília, DF 2013

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Aos meus queridos familiares e amigos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer ao meu orientador e amigo Dr. Lucival Malcher pela oportunidade e privilégio de trabalharmos juntos, muito obrigado por toda sabedoria, ajuda e apoio recebidos durante todos esses anos de parceria.

Aos meus pais por todo carinho e apoio, vocês são parte fundamental de todas as minhas conquistas e realizações.

À minha irmã e afilhado por terem acreditado no meu potencial e me motivado tanto.

Especialmente à minha avó por sempre me mostrar o melhor caminho. Obrigado por tudo, meu Deus.

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Os engenheiros utilizam a ciência para resolver seus problemas, caso ela esteja disponível. Porém, disponível ou não, o problema ainda assim deve ser resolvido, e, independentemente da forma como a solução se apresente sob tais condições, ela é denominada engenharia. (Shigley et al.)

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RESUMO

A formulação de modelos constitutivos que melhor descrevem o comportamento mecânico de materiais dúcteis é uma problemática que vem sendo abordada desde o século passado. A necessidade de uma predição cada vez mais precisa para a fratura dúctil é um enfoque de grande importância para os setores de alta performance da indústria e vem sendo pesquisado tanto no ramo acadêmico quanto profissional. Neste trabalho de conclusão de curso, busca-se fazer um estudo dos modelos de plasticidade desenvolvidos com base na influência do terceiro invariante do tensor desviador. Tal influência, para muitos pesquisadores, é responsável pelo controle da forma da superfície de escoamento do material, o que provocaria uma maior precisão na descrição do comportamento mecânico de materiais dúcteis, quando se considera largas faixas de triaxialidade. Desta forma, para o desenvolvimento do trabalho, inicialmente propõe-se um estudo detalhado do conceito e definição do chamado terceiro invariante, bem como o estudo de modelos que incorporem tal efeito, como os modelos de Tresca, Hosford, Bai & Wierzibicki e Gao. Como segunda etapa, propõe-se a elaboração dos modelos de integração numérica implícita, baseados na metodologia de decomposição do operador, de tais formulações e suas implementações em uma ferramenta acadêmica de elementos finitos. Como última etapa desse trabalho, simulações numéricas são realizadas para os modelos em estudo, utilizando resultados experimentais disponíveis na literatura. Utilizam-se resultados para: ensaios de tração pura com altos níveis de triaxialidade, ensaios para cisalhamento puro, e ensaios para tração e cisalhamento combinados. Após tais simulações, são analisados parâmetros como: curva força versus deslocamento e nível de deformação plástica equivalente na fratura. Palavras-chave: Plasticidade, Terceiro Invariante, Triaxialidade.

.

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ABSTRACT

The formulation of constitutive models that best describe the mechanical behavior of ductile materials is an issue that has been addressed since the last century. The need for more accurate predictions of ductile fractures is an approach of great importance to sectors of high performance in the industry and has been studied in both academic and professional fields. In this thesis, a study of elasto-plastic models developed regarding the influence of the third invariant of the deviatoric stress tensor is proposed. According to several researchers, this influence is responsible for controlling the shape of the yield surface of the material and can lead to a greater accuracy in describing the mechanical behavior of ductile materials when large ranges of triaxiality are considered. Thus, in order to build up this paper, initially a detailed study regarding the concepts and definitions of the so-called third invariant, as well as the models that incorporate such effect, as Tresca, Hosford, Bai & Wierzbick and Gao, is carried out. After that, the elaboration of implicit numerical integration algorithm for each model, based on the operator splitting methodology, is suggested. Then, the numerical models are implemented in an “in house” academic finite element environment. Finally, in the last part of the paper, numerical simulations using the presented models are performed, and the obtained numerical results are compared to experimental data available in the literature. The results are used for: pure tensile tests with high levels of triaxiality, pure shear tests, and tensile and shear combined tests. After the mentioned simulations, a few parameters are assessed, as: the reaction versus displacement curve and level of the equivalent plastic strain at fracture. Keywords: Plasticity, Third Invariant, Triaxiality.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplos do uso de modelos constitutivos para descrição do comportamento elasto-plástico de estruturas e componentes mecânicos. Adaptado de Malcher, 2011. ....................................2

Figura 2 - Contribuição do efeito do terceiro invariante e triaxialidade no comportamento mecânico de materiais dúcteis. Adaptado de Bai, 2008. ...............................................................................................4

Figura 4. Representação esquemática do vetor tensão no plano das tensões principais e (b) definição do ângulo de Lode no plano- . Adaptado de Bai (2008). ...................................................... 12

Figura 5 - Endurecimento isotrópico. Teste uniaxial e representação no plano- . Adaptado de Souza Neto (2008). ........................................................................................................................................... 14

Figura 6. Superfícies de escoamento dos critérios de Tresca e von Mises no espaço das tensões principais. (Souza Neto et al. 2008) ...................................................................................................... 19

Figura 7. (a) Plano- no espaço das tensões principais, (b) representação das superfícies de escoamento de Tresca e von Mises no plano- . (Souza Neto et al. 2008) .......................................... 19

Figura 8. Comparação das superfícies de escoamento no plano- dos modelos de von Mises, Tresca e Hosford. (M.H.H. Meuwissen, 1998) .................................................................................................. 22

Figura 9 - Superfície de escoamento de Tresca em comparação com o modelo de von Mises. ......... 43

Figura 10 - Superfície de escoamento de Hosford com variação do parâmetro ............................... 44

Figura 11 - Superfície de escoamento de Bai & Wierzbicki em diferentes configurações. .................. 45

Figura 12 - Superfície de escoamento de Gao em duas configurações. .............................................. 46

Figura 13 - Comparação das superfícies de escoamento dos quatro modelos dependentes do terceiro invariante, . .......................................................................................................................................... 47

Figura 14 - Comparação das superfícies de escoamento de Hosford con e de Gao para

e - . ........................................................................................................................................ 48

Figura 15 – Geometria do corpo de prova “Butterfly” Fonte: Bai. (2008).............................................. 49

Figura 16 - Corpo de prova cilíndrico liso, utilizado para o processo de calibração. Fonte: Bai. (2008). ............................................................................................................................................................... 50

Figura 17 – Malha de elementos finitos tridimensional para o corpo de prova “Butterfly” .................... 50

Figura 18 - Malha de elementos finitos para o corpo de prova cilíndrico liso. ...................................... 51

Figura 19 - Procedimento de calibração e curva Força-Deslocamento. ............................................... 52

Figura 20 - Curva de reação para condição de cisalhamento puro. ..................................................... 54

Figura 21 - Evolução da deformação plástica equivalente para cisalhamento puro. ....................... 54

Figura 22 - Curva de reação para condição de cisalhamento a ................................................... 55

Figura 23 - Evolução da deformação plástica equivalente para cisalhamento a ..................... 55

Figura 24 - Curva de reação para condição de cisalhamento a .................................................... 57

Figura 25 - Evolução da deformação plástica equivalente para cisalhamento a ...................... 57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros materiais para aço ................................................................................... 48 Tabela 2 - Erros associados à predição dos modelos elasto-plásticos. ............................................... 54

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Modelo de von Mises com endurecimento isotrópico...........................................................14 Quadro 2 - Modelo de Tresca com endurecimento isotrópico .............................................................. 20 Quadro 3 - Modelo de Hosford com endurecimento isotrópico ............................................................ 22 Quadro 4 - Modelo de Bai & Wierzbicki com endurecimento isotrópico. .............................................. 26 Quadro 5 - Modelo de Gao com endurecimento isotrópico. ................................................................. 28 Quadro 6 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de von Mises. .................................................................................................................................................... 33 Quadro 7 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de Tresca. ............................................................................................................................................................... 34 Quadro 8 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de Hosford. ................................................................................................................................................. 35 Quadro 9 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de Bai & Wierzbicki............................................................................................................ 37 Quadro 10 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de Gao. ............................................................................................................................................................... 38 Quadro 11 - Algoritmo para resolução do sistema linear através do método de Newton-Raphson. .... 40

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LISTA DE SÍMBOLOS

Ângulo de Lode.

Ângulo de Lode normalizado.

Ângulo elevador.

Componentes da taxa de deformação plástica.

, , e Constantes materiais. Gao.

Contribuição elástica distorcional.

Contribuição elástica volumétrica.

Deformação plástica equivalente.

Densidade do material.

Diferença entre limites de escoamento.

Domínio elástico.

Energia de deformação elástica armazenada.

Força termodinâmica associada ao endurecimento isotrópico.

Função de endurecimento plástico do material.

Função de escoamento do material.

Função do ângulo de Lode.

Incremento de deformação.

Incremento de deformação plástica.

Incremento do multiplicador plástico.

Lei de endurecimento do material.

Lei de endurecimento do material.

Lei de fluxo plástico/Taxa de deformação plástica.

Limite de escoamento sob cisalhamento puro.

Limite de escoamento sob tração pura.

Máxima tensão cisalhante.

Módulo de cisalhamento.

Módulo de elasticidade.

Módulo de endurecimento isotrópico.

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Módulo volumétrico.

Multiplicador plástico.

Operador tangente elasto-plástico consistente.

Parâmetro de endurecimento do material.

( ) Parâmetro do ângulo de Lode.

, e Parâmetros experimentais, Bai & Wierzbicki.

Parcela desviadora.

Parcela elástica do tensor deformação.

Parcela hidrostática.

Parcela plástica do tensor deformação.

Potencial de fluxo plástico.

Pressão hidrostática.

Pressão hidrostática no pseudo-tempo .

Pressão hidrostática tentativa.

Primeiro, segundo e terceiro invariantes do tensor tensão.

Primeiro, segundo e terceiro invariantes do tensor tensão desviador

Referência da razão de triaxialidade.

Taxa de evolução da deformação plástica equivalente.

Taxa de evolução do multiplicador plástico.

Tempo.

Tensão de cisalhamento maxima.

Tensão de escoamento cisalhante.

Tensão efetiva generalizada. Hosford.

Tensão equivalente de von Mises.

Tensão equivalente. Gao.

e Tensões máxima e mínima do tensor tensão.

, e Tensões principais do tensor desviador.

Tensões principais do tensor tensão.

Tensor constitutivo elástico.

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Tensor das deformações elásticas.

Tensor das deformações elásticas no pseudo-tempo .

Tensor das deformações elásticas tentativa.

Tensor das deformações plásticas.

Tensor das deformações plásticas no pseudo-tempo .

Tensor das deformações plásticas tentativa.

Tensor das tensões desviadoras.

Tensor das tensões desviadoras no pseudo-tempo.

Tensor das tensões desviadoras tentativa.

Tensor deformação.

Tensor elasticidade isotrópico.

Tensor identidade de quarta ordem.

Tensor identidade de segunda ordem.

Tensor tensão.

Tensor tensão no pseudo-tempo.

Tensor tensão tentativa.

Terceiro invariante alternativamente definido por Bai.

Terceiro invariante normalizado.

Triaxialidade.

𝑅 Valor crítico para von Mises.

Variável interna associada ao endurecimento do material.

Vetor de fluxo plástico.

Vetor tensão

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................................ 1 1.2. OBJETIVO DO TRABALHO ......................................................................................................... 7 1.3. ESCOPO DO TRABALHO ........................................................................................................... 8

2. ASPECTOS TEÓRICOS .................................................................................... 9 2.1. DEFINIÇÕES PRELIMINARES .................................................................................................... 9 2.2. ENDURECIMENTO ISOTRÓPICO ............................................................................................ 13 2.3. MODELO CONSTITUTIVO DE VON MISES ............................................................................. 15 2.4. MODELO CONSTITUTIVO DE TRESCA ................................................................................... 18 2.5. MODELO CONSTITUTIVO DE HOSFORD ............................................................................... 21 2.6. MODELO CONSTITUTIVO DE BAI & WIERZBICKI .................................................................. 23 2.7. MODELO CONSTITUTIVO DE GAO ......................................................................................... 27

3. ESTRATÉGIA NUMÉRICA .............................................................................. 29 3.1. ALGORITMO DE ATUALIZAÇÃO DAS TENSÕES E VARIÁVEIS INTERNAS ......................... 30 3.2. MODELO DE TRESCA .............................................................................................................. 34 3.3. MODELO DE HOSFORD ........................................................................................................... 35 3.4. MODELO DE BAI & WIERZBICKI .............................................................................................. 36 3.5. MODELO DE GAO ..................................................................................................................... 38 3.6. MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON .......................................................................................... 39 3.7. OPERADOR TANGENTE CONSISTENTE ................................................................................ 41

4. RESULTADOS NUMÉRICOS .......................................................................... 43 4.1. ANÁLISE DAS SUPERFÍCIES DE ESCOAMENTO ................................................................... 43 4.2. METODOLOGIA NUMÉRICA ..................................................................................................... 49

4.2.1. Geometria dos corpos de prova. ................................................................... 49 4.2.2. Discretização espacial dos corpos de provas. .................................................... 50 4.2.3. Procedimento de calibração e parâmetros materiais ............................................ 51

4.3. ANÁLISE DAS CURVAS DE REAÇÃO ...................................................................................... 53

5. CONCLUSÕES ................................................................................................ 59

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 61

ANEXOS .............................................................................................................. 63

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Ao longo dos últimos anos, a importância e aplicação de modelos elasto-

plástico que apresentem uma melhor e mais precisa previsão do início da fratura em

materiais dúcteis vem crescendo de forma acentuada dentro dos setores

competitivos das indústrias aeroespacial, automotiva, bélica, naval, e entre outras.

(Malcher, 2011). Com o intuito de manter uma certa vantagem competitiva, esses

setores de performance do meio industrial vem aplicando cada vez mais métodos

científicos que possam otimizar o desenvolvimento de seus produtos e respectivos

processos de fabricação. Garantindo a devida funcionalidade do produto a um

menor custo de produção.

Como exemplo, Malcher (2011) aponta a busca pela redução de peso e

quantidade de material empregada em determinadas estruturas veiculares, como

chassis e carrocerias, sem que haja uma redução de sua características mais

importantes como rigidez, performance e competitividade. Para que tal redução seja

possível, faz-se uso de critérios e modelos elasto-plástico cada vez mais precisos

quanto a descrição do comportamento mecânico de materiais dúcteis, partindo do

correto local e instante para o início de uma trinca.

A figura da página seguinte apresenta alguns exemplos de aplicação de

modelos elasto-plásticos. São ilustradas, respectivamente, nas imagens abaixo: a

caracterização de um material, através da análise das tensões em componentes

mecânicos, simulação da falha de uma estrutura, otimização de um processo de

fabricação e otimização de um processo industrial.

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2

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

Figura 1 - Exemplos do uso de modelos constitutivos para descrição do comportamento elasto-plástico de estruturas e componentes mecânicos. Adaptado de Malcher, 2011.

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3

Uma das formulações mais comumente utilizadas para descrever o

comportamento mecânico de materiais dúcteis durante o regime elasto-plástico é

baseada na teoria do segundo invariante do tensor das tensões desviadores, ,

mais conhecida como modelo constitutivo de von-Mises. Segundo esse modelo, o

escoamento plástico do material se inicia quando o segundo invariante, , atinge um

valor crítico. Além disso, a formulação de von Mises é tomada como insensível à

pressão, uma vez que negligencia os efeitos da tensão hidrostática na evolução de

fluxo plástico do material. No geral, a tensão hidrostática é um parâmetro

responsável pelo controle do tamanho da superfície de escoamento do material

(Bardet, 1990; Bai, 2008). Além disso, na formulação de von Mises, o efeito do

terceiro invariante do tensor das tensões desviadoras (normalmente denotado por )

também é ignorado. Tal parâmetro, , é utilizado na definição do ângulo de Lode ou

ângulo Azimutal, responsável pelo formato da superfície de escoamento (Bardet,

1990; Bai, 2008).

A importância desses dois parâmetros, tensão hidrostática e ângulo de Lode,

na descrição do comportamento mecânico de materiais dúcteis têm recebido uma

grande atenção ao longo dos últimos cinco anos e estudos detalhados acerca da

influência desses parâmetros na formulação constitutiva de modelos elasto-plásticos

e da mecânica do dano foram propostos por diversos autores (Bai et al., 2007; Bai,

2008; Driemeier et al., 2010; Mirone et al., 2010; Gao et al., 2011; Khan e Liu, 2012;

Brünig et al., 2013; Malcher et al., 2013 e 2014).

A Figura 2 mostra o efeito de ambos os parâmetros elasto-plásticos no

comportamento mecânico de materiais dúcteis (ver Bai, 2008). Segundo Bai (2008),

o efeito do terceiro invariante é mais severo que o efeito do nível de triaxialidade,

através da qual a pressão hidrostática é comumente introduzida no critério de

escoamento do material. Por esse motivo, o presente trabalho foca no estudo de

modelos elasto-plásticos que contemplam o efeito do terceiro invariante do tensor

desviador em sua formulação.

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4

(a)

(b)

(c)

Figura 2 - Contribuição do efeito do terceiro invariante e triaxialidade no comportamento mecânico de materiais dúcteis . Adaptado de Bai, 2008.

A Figura 2 ilustra as curvas de reação da simulação numérica do modelo

proposto por Bai & Wierzbicki em três configurações distintas: sem correções, o qual

se iguala ao modelo de von Mises, configuração com correção do efeito da pressão

hidrostática e configuração com correção dos efeitos da pressão e do terceiro

invariante do tensor desviador. Os resultados da simulação de três tipos de corpos

de provas, que variam a dependência quanto à pressão hidrostática e ao ângulo de

Lode, ilustra que a medida que se têm uma maior componente de cisalhamento,

maior é a dependência do ângulo de Lode.

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5

Desta forma, a Fig. 2(c) ilustra o ganho de precisão que se tem na descrição

do comportamento mecânico através da introdução do efeito do terceiro invariante

(implementado no modelo através do ângulo de Lode), o qual é claramente mais

expressivo que o ganho apresentado pela introdução da pressão hidrostática.

Inúmeras outras análises experimentais foram realizadas por um grande

número de pesquisadores, como Richmond & Spitzing (1980) que foram os primeiros

a estudar os efeitos da pressão no escoamento de ligas de alumínio. Em seguida,

Bardet (1990) propôs uma metodologia para descrever a dependência do ângulo de

Lode em alguns modelos constitutivos. Wilson (2002) por sua vez, utilizou barras de

alumínio 2024-T351 entalhadas sob condições de tração para conduzir seus estudos

e verificar a importância desses efeitos. Brünig et al. (1999) propuseram um modelo

constitutivo, contendo três invariantes, que pudesse ser aplicado à plasticidade e

fratura metálica.

De acordo com Mirone et al. (2010), o fenômeno da fratura dúctil é

influenciado pela relação com as variáveis de caracterização do estado de tensão-

deformação e a predição da falha é melhor descrita pelos parâmetros de deformação

plástica, ângulo de Lode e triaxialidade. Um programa experimental para se estudar

a influência dos invariantes do tensor tensão em fratura dúcteis foi apresentado por

Driemeier et al. (2010). Esta metodologia representa uma eficiente ferramenta para a

investigação dos efeitos da intensidade de carga, da triaxialidade e do ângulo de

Lode. Recentemente, Gao et al. (2011) propuseram um modelo elasto-plástico cuja

formulação é apresentada em função da tensão hidrostática e também do segundo e

terceiro invariante do tensor das tensões desviadoras.

Com o intuito de estabelecer um critério empírico universal, preciso e eficiente

para fratura de metais dúcteis e aplicações de engenharia, Khan e Liu (2012)

realizaram em seu trabalho uma série de ensaios experimentais com a liga Al 2024-

T351 com o intuito de propor um modelo que correlaciona a magnitude do vetor

tensão com a pressão hidrostática para, dessa forma, aumentar a precisão na

previsão do comportamento do material na fratura.

Através de uma extensa revisão bibliográfica dos últimos cinquenta anos

acerca de diferentes critérios para a fratura dúctil realizada em seus estudos, Khan e

Liu (2012) constatam que a mesma é uma manifestação macroscópica da evolução

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6

e acúmulo de defeitos microscópicos e assume que a aparição, crescimento e

coalescência de micro vazios são os responsáveis pela fratura em metais dúcteis.

Em conseguinte, relacionando a triaxialidade e o efeito do ângulo de Lode na

formulação de critério para a fratura dúctil, ressaltam quem a maior dificuldade de se

determinara as constantes materiais nesses critérios de falha se encontra na

obtenção com precisão dos valores da tensão, razão de triaxialidade e da

deformação plástica equivalente no momento da falha.

A hipótese acerca da dependência do envelope de fratura nos parâmetros do

ângulo de Lode e da pressão hidrostática ainda é muito difícil de ser verificado

experimentalmente, Khan e Liu (2012). Contudo Brünig et al. (2013) relacionam um

decréscimo da ductilidade do material a um aumento da razão de triaxialidade e

apontam que além da intensidade da tensão, a razão de triaxialidade e o ângulo de

Lode representam os fatores mais importantes que controlam o início e a evolução

do dano e da fratura dúctil.

Ainda segundo Brünig et al. (2013), atualmente sofisticados modelos de

fratura e de dano incorporam o efeito da triaxialidade que, no entanto, é

frequentemente utilizado como único parâmetro adicional para se levar em conta o

efeito do estado de tensão tridimensional no dano e falha dúctil. Porém, devido à

possibilidade de múltiplos estados de tensão, com diferentes valores de tensões

principais, apresentarem a mesma razão de triaxialidade, a intensidade de tensão e

a triaxialidade sozinhas não são capazes de descrever completamente o estado de

tensão tridimensional e o seu efeito na falha dúctil. Desta forma, o ângulo de Lode

deve ser levado em consideração para que se possa distinguir de forma inequívoca

diferentes estados de tensão que apresentem uma mesma razão de triaxialidade.

Assim, o efeito desses três parâmetros (intensidade de tensão, razão de

triaxialidade, e ângulo de Lode) no dano e falha dúctil devem ser levados em

consideração em modelos contínuos realísticos e precisos, assim como em suas

correspondentes simulações numéricas.

Malcher et al. (2013) incluíram, por sua vez, o efeito do ângulo de Lode dentro

do modelo micro-mecânico de Gurson e Malcher et al. (2014) também incluíram

esse parâmetro em suas formulações, contudo nesse caso, acrescentaram dentro

do modelo de dano contínuo de Lemaitre. Com isso, a previsão numérica tanto do

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7

deslocamento quanto do local potencial para início da fratura se comportaram mais

próximos das observações experimentais.

A fratura dúctil é um fenômeno local cujo estado de tensão e deformação no

local esperado da falha deve ser determinado com grande precisão. O início da

fratura é comumente precedido por uma grande deformação plástica e por

consideráveis gradientes de tensão e deformação ao redor do ponto de fratura.

Nesses casos, a teoria baseada no segundo invariante, von Mises, não é precisa o

suficiente para capturar os efeitos físicos do escoamento do material. Desta maneira,

o desenvolvimento de modelos mais acurados para a aplicação em faixas maiores

de condições de carregamento se tornou necessário. Seguindo a tendência dos

últimos cinco anos, modelos constitutivos sensíveis à pressão hidrostática e

dependentes do ângulo de Lode serão amplamente estudados neste trabalho de

conclusão de curso de Engenharia Automotiva, levando em consideração a

contribuição de ambos os parâmetros (ângulo de Lode e pressão hidrostática) na lei

de fluxo plástico de materiais dúcteis.

1.2. OBJETIVO DO TRABALHO

O presente trabalho tem como objetivo um estudo dos modelos de

plasticidade desenvolvidos com base na influência do terceiro invariante do tensor

desviador, pois segundo vários pesquisadores, esse seria responsável pelo controle

da forma da superfície de escoamento do material. Ao incorporar esse efeito na

formulação do modelo constitutivo, aumenta-se a precisão do mesmo para descrição

do comportamento mecânico de materiais dúcteis, quando considerado largas faixas

de triaxialidade.

Desta forma, o presente trabalho propõe uma revisão bibliográfica de alguns

modelos que contemplam tal efeito, como Tresca (1868), Hosford (1972), Bai &

Wierzbicki (2008) e Gao (2011), bem como as suas devidas implementações

numérica para uma análise da influência dos parâmetros elasto-plásticos e seus

efeitos na precisão da descrição do comportamento mecânico de materiais dúcteis.

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8

1.3. ESCOPO DO TRABALHO

O presente trabalho está dividido em cinco capítulos, onde no primeiro faz-se

uma breve contextualização do assunto, mostrando a importância de se estudar o

efeito de parâmetros elasto-plásticos como o nível de triaxialidade e o terceiro

invariante do tensor desviador.

No capítulo 2 é feita uma revisão acerca dos apectos teóricos do assunto,

mostrando a definição de inúmeros parâmetros elasto-plásticos, bem como uma

apresentação das formulações matemáticas de von Mises, Tresca, Hosford, Bai &

Wierzbicki e Gao.

Já no capítulo 3, descreve-se as estratégias de implementação numérica dos

cinco modelos constitutivos. Mostra-se a abordagem de decomposição do operador,

bem como a estratégia usada para resolução dos sistemas não-lineares

encontrados.

Resultados comparativos entre os cinco modelos, abordando principalmente o

formato das superfícies de escoamento, a convexidade dos modelos e as suas

respectivas curvas de reação versus deslocamento são apresentado no capítulo 4.

Por fim, no capítulo 5, são apresentadas as conclusões deste estudo seguidas

pelos anexos.

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9

2. ASPECTOS TEÓRICOS

2.1. DEFINIÇÕES PRELIMINARES

Diversos fatores têm sido constantemente analisados no estudo de fraturas

dúcteis, contudo, existem três fatores que vêm despertando um maior interesse dos

pesquisadores da área de plasticidade, são eles: a tensão hidrostática ( ),

triaxialidade ( ), e o ângulo de Lode ( ). (Brünig et al., 2008; Bai & Wierzbicki, 2008;

Zadpoor et al., 2009; Tvergaard, 2008; Nahshon et al., 2008; Khan e Liu, 2012;

Brünig et al., 2013 e Malcher et al., 2013 e 2014).

Levando-se em conta a formulação constitutiva de modelos elasto-plástico,

muitas vezes é conveniente se realizar a divisão do tensor tensão, , em duas

partes: uma componente esférica e outra desviadora, as quais são representadas

por:

, (1)

onde o termo é um escalar que representa a tensão hidrostática, definida por:

( )

( ), (2)

sendo ( ) o traço do tensor tensão. A componente é o tensor desviador ou

tensor das tensões desviadoras, cujo traço é nulo.

[

] , (3)

o termo e representam o tensor identidade de segunda ordem e o tensor

identidade de quarta ordem, respectivamente. Onde a operação “ ” representa a

dupla contração entre tensores. O tensor tensão esférico por sua vez, pode ser

determinado de acordo com a seguinte operação:

( ) , (4)

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10

Uma vez definida a divisão do tensor tensão, , é possível se determinar os

outros dois parâmetros que vêm atraindo grande atenção dos pesquisadores da

área. A razão de triaxialidade e o ângulo de Lode, respectivamente:

(5)

{

√ [ (

) ]} (6)

onde √ ⁄ é a tensão equivalente de von Mises. , e são as

componente do tensor das tensões desviadoras no plano principal.

Segundo Holzapfel (2000), os invariantes são definidos como quantidades

cujos valores não se alteram de acordo com o sistema de coordenadas adotado.

Normalmente, os invariantes do tensor tensão são representados pela letra “ ”, Eq.

7, enquanto os invariantes do tensor das tensões desviadoras são representados

pela letra “ ”, Eq. 8. Desta maneira, o primeiro, segundo e terceiro invariante destes

tensores podem ser determinados de acordo com as seguintes equações:

( ),

[ ( ) ( )], (7)

( ).

, (8)

( ).

Por se tratar de um tensor que por definição apresenta traço nulo, é

importante mencionar que o primeiro invariante do tensor das tensões desviadoras,

, também é necessariamente nulo.

O ângulo de Lode apresentado na Eq. 6, pode também ser representado

como uma função do chamado terceiro invariante normalizado do tensor das tensões

desviadores, como apresentado a seguir:

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11

( ) (9)

onde representa o terceiro invariante normalizado, o qual pode ser

matematicamente determinado por uma razão entre o terceiro invariante e a tensão

equivalente de von Mises:

(

)

(10)

O termo representa o terceiro invariante, alternativamente definido por Bai et

al. (2007) e definido por:

[

]

[

( )]

(11)

Onde , como já apresentado, é o terceiro invariante do tensor das tensões

desviadoras, . O ângulo de Lode também pode ser normalizado ( ), recebendo o

nome de ângulo de Lode normalizado (Bai & Wierzbicki, 2008).

(12)

O intervalo entre o qual o ângulo de Lode normalizado, , se situa é dado

por: . De acordo com o apresentado anteriormente e segundo diversos

autores, a contribuição do efeito do terceiro invariante na lei de fluxo plástico se dá

de maneira mais severa do que a contribuição do efeito da triaxialidade. (Bai et al,

2008 e Gao, 2011). A definição do ângulo de Lode, , pode ser melhor

compreendida através da análise da representação do vetor tensão, , no espaço

das tensões principais. Conforme ilustrado na figura a seguir.

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12

(a) (b)

Figura 3. Representação esquemática do vetor tensão no plano das tensões principais e (b) definição do ângulo de Lode no plano - . Adaptado de Bai (2008).

O vetor tensão representado na figura acima pode ser decomposto em duas

partes, uma parcela desviadora e outra hidrostática . A razão entre a parte

hidrostática e a parte desviadora é, por definição, a triaxialidade, a qual é associada

com o ângulo , que representa o ângulo obtido entre o vetor tensão e o plano- .

Tal ângulo, nomeado ângulo elevador, é responsável pelo tamanho da superfície de

escoamento do material. O ângulo de Lode é definido sobre o plano- ou plano

desviador, conforme a Fig. (1b), e é o menor ângulo formado entre a projeção do

tensor tensão no plano desviador e o eixo das tensões principais. Bardet (1990)

conduziu diversos estudos acerca da influência do ângulo de Lode sobre o formato

da superfície de escoamento e concluiu, por sua vez, que o modelo de Drucker-

Prager é independente do ângulo de Lode e que os modelos de Tresca e Mohr-

Coulomb, por outro lado, são dependentes do ângulo de Lode. (Figura 1b).

Dentro do contexto das fraturas dúcteis, alguns pesquisadores propuseram a

introdução do efeito do ângulo de Lode tanto na formulação do modelo constitutivo

elasto-plástico de von Mises quanto em algumas leis de evolução do dano. Em

particular Brünig et al. (2000), Bao et al. (2004) e Bai & Wierzbicki (2008)

propuseram novos modelos elasto-plásticos que contemplam os três invariantes do

tensor das tensões desviadoras na definição da superfície de escoamento do

material. Por outro lado, novos mecanismos de corte na lei de evolução do dano

Cisalhamento puro Vetor tensão desviadora

Plano-

Drucker-Prager Mohr-Coulomb

Bai&Wierzbicki

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13

foram introduzidos por Barsoum & Faleskog (2007), Nahshon & Hutchinson (2008) e

Xue (2008) para o modelo de Gurson, o qual é dependente do ângulo de Lode.

Esses mecanismos visam aprimorar a evolução da porosidade obtida através da

teoria de Gurson para baixos níveis de triaxialidade.

Dentro desse contexto, o presente trabalho propõe uma revisão bibliográfica e

análise de um modelo baseado na teoria do e de quatro modelos elasto-plásticos

baseados tanto na teoria do quanto do : von Mises (1913), Tresca (1868),

Hosford (1972), Bai & Wierzibick (2008) e Gao (2011).

2.2. ENDURECIMENTO ISOTRÓPICO

Materiais elasto-plásticos podem vir a apresentar um aumento do seu limite

de escoamento após um histórico de deformação plástica ao qual foram submetidos,

tal fenômeno é conhecido como endurecimento do material. De acordo com o

conceito apresentado por Souza Neto (2008), para os casos multi-axiais, o

endurecimento é representado por mudanças na força termodinâmica associada ao

endurecimento, A, durante o escoamento plástico. Tais mudanças podem, em geral,

afetar o tamanho, formato e orientação da superfície de escoamento, definida por

( ) .

Um modelo de plasticidade apresenta endurecimento isotrópico quando a

evolução de sua superfície de escoamento é tal que uma expansão uniforme

(isotrópica) de sua superfície inicial é observada, independente do nível de

endurecimento apresentado. Ao contrário do que ocorre com modelos que

comtemplam endurecimento cinemático, o endurecimento isotrópico não translada a

superfície de escoamento, apenas a expande.

Levando em consideração um modelo de plasticidade multiaxial cuja

superfície de escoamento é obtida através da formulação de von Mises (exposta em

detalhes no tópico em sequência), o efeito apresentado pelo endurecimento

isotrópico corresponde a um aumento do raio do cilindro de escoamento de von

Mises, representado a seguir no plano das tensões principais (plano- ) ao lado de

uma curva do tipo tensão-reação, ilustrando em detalhes a expansão da superfície

de escoamento causada pelo endurecimento do material.

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14

Figura 4 - Endurecimento isotrópico. Teste uniaxial e representação no plano- . Adaptado de Souza Neto (2008).

Na curva de reação, à direita na figura acima, representa o módulo de

elasticidade do material e é o módulo de endurecimento isotrópico.

Ainda segundo Souza Neto (2008), a escolha de um conjunto adequado de

variáveis internas associadas ao endurecimento (denotado por ) deve depender de

uma série de características específicas do material considerado. Na plasticidade de

metais, por exemplo, a variável interna associada ao endurecimento está

intrinsecamente relacionada com a densidade de deslocamentos na micro-estrutura

cristalográfica que causam o crescimento isotrópico da resistência do material ao

escoamento plástico. Tal conjunto , no caso do endurecimento isotrópico,

apresenta normalmente uma única variável escalar que determina o tamanho da

superfície de escoamento.

Neste trabalho, adota-se a deformação plástica equivalente de von Mises,

também conhecida como deformação plástica acumulada, , como a variável

associada ao endurecimento isotrópico do material.

(13)

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15

2.3. MODELO CONSTITUTIVO DE VON MISES

Modelado com o intuito de descrever o escoamento plástico em metais, o

critério de von Mises foi proposto em 1913 (Souza Neto 2004). Segundo o qual, o

escoamento plástico se inicia quando o segundo invariante do tensor das tensões

desviadoras, , atinge um valor crítico. (R. Hill, 1950; Souza Neto, 2008). Tal

condição pode ser matematicamente representada por:

𝑅( ), (14)

onde 𝑅 representa o valor crítico, formulado como uma função da variável interna de

endurecimento do material, , a ser definida posteriormente.

Assumindo como linear elástico o comportamento elástico do material. A

energia de deformação elástica armazenada em um estado genérico de tensão pode

ser decomposta através da seguinte adição de contribuições:

, (15)

sendo uma contribuição distorcional,

, (16)

e uma contribuição volumétrica,

. (17)

Onde e são as constantes de Lamé, respectivamente denominadas de

módulo de cisalhamento e módulo volumétrico e é a densidade do material. Tendo

em vista a Eq. 16, a interpretação física do critério de von Mises implica que o

escoamento plástico se inicia quando a energia de distorção elástica atinge um valor

crítico (Souza Neto 2008, R. Hill 1950).

O valor crítico correspondente da energia de distorção é dado por:

𝑅. (18)

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16

É importante frisar que o modelo de von Mises é insensível à pressão

hidrostática e ao efeito do terceiro invariante, uma vez que estes não são

contemplados em sua formulação matemática. Portanto, sua formulação é

apresentada neste trabalho apenas como uma revisão bibliográfica e com intuito de

ser comparado aos demais modelos que serão apresentados em seguida, visto que

a teoria do é uma das mais aplicadas no ambiente de engenharia.

Com o intuito de comparar uma certa magnitude do estado de tensão com a

propriedade material do limite de escoamento, von Mises propôs a chamada tensão

equivalente de von Mises, formulada como se segue:

√ ( )

[( ) ( ) ( ) ] (19)

Desta forma, uma função de escoamento é definida através da comparação

entre a tensão equivalente de von Mises e a lei de endurecimento do material:

( ) , (20)

onde ( ) é o segundo invariante do tensor desviador , representa a tensão de

escoamento inicial do material, é o módulo de endurecimento isotrópico e

representa a deformação plástica equivalente e que faz papel de variável interna

associada ao endurecimento isotrópico, apresentada anteriormente como .

O quadro a seguir resume o modelo matemático de von Mises.

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17

Quadro 1 - Modelo de von Mises com endurecimento isotrópico .

(i) Divisão elasto-plástica do tensor de deformação

(ii) Lei elástica

(iii) Função de escoamento

( )

onde é a tensão equivalente de von Mises √ ( ).

(iv) Fluxo plástico e lei de evolução para

onde é o multiplicador plástico.

(v) Critério de carregamento/descarregamento. Regra de complementariedade.

.

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18

2.4. MODELO CONSTITUTIVO DE TRESCA

Tresca propôs em 1868 um dos mais famosos critérios de escoamento que

contempla a presença do terceiro invariante do tensor das tensões desviadoras, .

Tal critério assume que o escoamento plástico se inicia quando a máxima tensão

cisalhante ( ) atinge um valor crítico. Por esse motivo, o modelo de Tresca

também é conhecido como critério da máxima tensão cisalhante. Define-se a tensão

de cisalhamento máxima como:

( )

(21)

onde e representam, respectivamente, as tensões máxima e mínima do

tensor tensão ( ). Segundo o critério de Tresca, o escoamento plástico se inicia

quando a seguinte condição é satisfeita:

( ) ( )

(22)

onde é a tensão de escoamento cisalhante e uma função da variável interna de

endurecimento do material .

A função de escoamento associada ao critério de escoamento de Tresca é

representada pela equação a seguir:

( )

( ) ( )

(23)

Conforme já apresentado, o início do escoamento plástico é caracterizado

por ( ) . Desta maneira, o domínio elástico para o critério de Tresca pode ser

definido como:

{ | ( ) } (24)

Devido a sua definição, exclusivamente em termos da tensão de

cisalhamento, o critério de Tresca é definido como insensível a pressão. Isto é, a

componente de pressão hidrostática ( ) não interfere na superfície de escoamento

do material. Outro aspecto muito importante desse modelo é a sua isotropia,

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19

rotações do estado de tensão não afetam o valor da função de escoamento. A

superfície de escoamento do critério de Tresca é representada na figura a seguir:

Figura 5. Superfícies de escoamento dos critérios de Tresca e von Mises no espaço das tensões principais. (Souza Neto e t al. 2008)

Figura 6. (a) Plano- no espaço das tensões principais, (b) representação

das superfícies de escoamento de Tresca e von Mises no plano - . (Souza Neto et al. 2008)

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O quadro a seguir resume o critério de escoamento proposto por Tresca.

Quadro 2 - Modelo de Tresca com endurecimento isotrópico

( )

(i) Divisão elasto-plástica do tensor de deformação

(ii) Lei elástica

(iii) Função de escoamento

( )

( ) ( ),

ou ( ) ( ) ( )

(iv) Fluxo plástico e equação de evolução para

onde é o multiplicador plástico.

(vi) Critério de carregamento/descarregamento

.

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2.5. MODELO CONSTITUTIVO DE HOSFORD

Outro modelo insensível à pressão e dependente do terceiro invariante do

tensor desviador foi proposto em 1972 por Hosford. Sua formulação é uma

generalização do modelo de von Mises, a equação a seguir apresenta o critério de

Hosford em seu formato mais fundamental:

( ) (25)

onde é a “tensão efetiva generalizada”.

( )

[( ) ( )

( ) ]

(26)

onde é adotado como um inteiro. Desta maneira, a superfície de

escoamento do material obtida depende do valor escolhido para . Entretanto, para

o caso de carregamento uniaxial, todas as superfícies de escoamento se coincidem.

Quando , o critério de escoamento de Hosford se reduz ao critério de

von Mises representado em termos das tensões principais, isto é, para ,

. Onde é a tensão equivalente de von Mises.

√ [( )

( ) ( )

]

(27)

Por outro lado, quando ou a formulação de Hosford resgata o

critério de escoamento de Tresca:

( ) (28)

assumindo que .

A Figura 6, a seguir, apresenta a comparação entre os três critérios de

escoamento citados nesta seção e suas respectivas superfícies de escoamento.

(Hosford, von Mises e Tresca). Resume-se o modelo proposto por Hosford no

Quadro 3.

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Figura 7. Comparação das superfícies de escoamento no plano- dos modelos de von Mises, Tresca e Hosford. (M.H.H. Meuwissen, 1998)

Quadro 3 - Modelo de Hosford com endurecimento isotrópico

( ) (

)

(i) Divisão elasto-plástica do tensor de deformação

(ii) Lei elástica

(iii) Função de escoamento

Onde

[ ]

[( ) ( )

( ) ]

(iv) Fluxo plástico e equação de evolução para

onde

( )

[( )

( ) ( )

]

sendo:

( ) ( ),

( ) ( ),

( ) ( ).

onde é o multiplicador plástico.

(vii) Critério de carregamento/descarregamento

.

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23

2.6. MODELO CONSTITUTIVO DE BAI & WIERZBICKI

Bai & Wierzbicki (2007) propuseram um modelo elasto-plástico que inclui tanto o

efeito da pressão hidrostática quanto o efeito do terceiro invariante do tensor

desviador. Para tal, a lei de endurecimento do material foi redefinida, adicionando o

efeito da pressão hidrostática, através da razão de triaxialidade, e o efeito do terceiro

invariante através do ângulo de Lode. No caso do clássico modelo de von Mises, a

lei de endurecimento do material é apenas uma função da deformação plástica

acumulada, ( ), e no caso do modelo de Bai & Wierzbicki, a lei de endurecimento

é uma função da deformação plástica acumulada, da razão de triaxialidade e do

parâmetro ( ), que é uma função do ângulo de Lode, ( ). Desta maneira, a

lei de endurecimento do material redefinida por Bai & Wierzbicki pode ser obtida de

acordo com a seguinte equação:

( ) ( ) [ ( )] [ (

) (

)] (29)

onde ( ) é a função de endurecimento plástico do material,

, e são

parâmetros obtidos experimentalmente, representa a razão de triaxialidade.

Conforme apresentado anteriormente, a triaxialidade é a razão entre a pressão

hidrostática e a tensão equivalente de von Mises, ⁄ . é o valor de referência

da razão de triaxialidade. Por fim, é um parâmetro definido como uma função do

ângulo de Lode, conforme a equação:

( ⁄ )

( ⁄ )[

( ⁄ ) ] [ ( ⁄ ) ] (30)

onde representa o ângulo de conforme apresentado na Eq. (6) e novamente a

seguir:

{

√ [ (

) ]} (31)

De acordo com Bai (2008), o efeito da triaxialidade e do ângulo de Lode são

introduzidos na lei de endurecimento do material através dos parâmetros [

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( )] e [ (

) (

)], respectivamente. Esse novo critério de

escoamento proposto substitui a lei de endurecimento padrão da teoria do (von

Mises) de ( ) para ( ).

A Equação (29) pode ser reescrita de uma maneira mais compacta através da

definição dos parâmetros ( ) e ( ), conforme as equações a seguir:

( ) [ ( )], (32)

( ) [ (

) (

)]. (33)

Desta forma, substituindo a lei de endurecimento do material proposta por Bai &

Wierzbicki, em sua forma compacta, na função de escoamento de von Mises, Eq.

(20), obtém-se a seguinte função de escoamento:

( ) ( ) ( ). (34)

A influência de cada um dos parâmetros experimentais (

)

introduzidos na lei de endurecimento do material e que afetam o comportamento do

modelo constitutivo podem ser analisados individualmente, como se segue. O

parâmetro é uma constate material que precisa ser calibrada experimentalmente,

esse parâmetro descreve o efeito da tensão hidrostática na plasticidade do material.

Para o caso de , o modelo de Bai & Wierzbicki se limita ao comportamento do

modelo de von Mises, extraindo a dependência da razão de triaxialidade ou o efeito

da pressão hidrostática.

A triaxialidade de referência, , depende do tipo de teste aplicado e da geometria

do corpo de prova. Para o caso de um corpo de prova cilíndrico liso sob

carregamento de tração, o parâmetro . Em contrapartida, para o caso do

corpo de prova cilíndrico sob condição de compressão, ⁄ . Para os casos

de testes de torção e cisalhamento, . Bai & Wierzbicki introduziram o efeito da

tensão hidrostática através de uma função linear, contudo, alguns pesquisadores

(Karr et al, 1989) alegam que tal efeito é não linear para alguns materiais, como é o

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25

caso do gelo. Levando em consideração o efeito do terceiro invariante, o parâmetro

experimental pode assumir uma das duas formas a seguir, dependendo to tipo

de carregamento (tração/compressão) aplicado:

{

(35)

Por sua vez, o parâmetro também depende do tipo de ensaio. Para o caso

de um corpo de prova cilíndrico liso submetido a um ensaio de tração , no

caso de um ensaio de torção , e na situação do corpo de prova cilíndrico ser

solicitado em um ensaio de compressão . A convexidade da superfície de

escoamento é controlada através da razão desses parâmetros.

O intervalo do parâmetro é entre . , corresponde ao plano de

deformação ou a uma condição de cisalhamento, quando , tem-se um

problema axissimétrico. A introdução do termo ⁄ é feita para garantir a

continuidade da superfície de escoamento e sua diferenciabilidade com respeito ao

ângulo de Lode em volta de . Maiores detalhes acerca da calibração dos

parâmetros materiais podem ser verificados em Bai et al. (2007).

No quadro seguinte, o modelo matemático de Bai & Wierzbicki apresentado

nesta seção é resumido.

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26

Quadro 4 - Modelo de Bai & Wierzbicki com endurecimento isotrópico .

( )

(

)

( )

( )

( )

(

)

[

( ( )

( )

)]

(

)

(

)( ) ( ⁄ )

( ⁄ )

( ⁄ )

( ⁄ )

(i) Divisão elasto-plástica do tensor de deformação

(ii) Lei elástica

(iii) Função de escoamento

com e dados por:

[ ( )] ; [

(

) (

)]

e, ( ⁄ )

( ⁄ )[

( ⁄ ) ]

(iv) Fluxo plástico e evolução da equação para

com , e :

(viii) Critério de carregamento/descarregamento

.

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27

2.7. MODELO CONSTITUTIVO DE GAO

Em seus estudos, Gao (2011) propôs o seguinte critério de escoamento como

uma função dos invariantes , , and :

( ) (36)

onde é o parâmetro de endurecimento. De acordo com esse modelo, durante o

escoamento plástico a parcela inelástica da deformação é definida segundo a lei de

fluxo:

( )

(37)

onde

representa as componentes da taxa de deformação plástica e é um

escalar positivo chamado de multiplicador plástico.

A função a seguir representa o critério de escoamento de Gao:

(

)

(38)

onde , , e são constantes materiais. A função de escoamento definida na Eq.

(36) é uma função homogênea da tensão de primeira ordem. Através dessa função,

uma tensão equivalente é definida:

(

)

, (39)

ao se aplicar a condição uniaxial à Eq. (39), obtém-se o valor da constante :

(

)

(40)

Quando o material está sujeito a uma tensão uniaxial , o valor de dado

pela Eq. (40) garante .

O potencial de fluxo assume uma forma similar, isto é,

(

) (41)

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28

onde ( )

Quadro 5 - Modelo de Gao com endurecimento isotrópico.

O quadro anterior encerra o presente capítulo que teve como objetivo introduzir

os conceitos e formulações matemáticas empregadas neste trabalho de conclusão

de curso.

(

)

(i) Divisão elasto-plástica do tensor de deformação

(ii) Lei elástica

(iii) Função de escoamento

(iv) Fluxo plástico e equação de evolução para

{[

(

)]

( )},

onde:

sendo o tensor identidade de segunda ordem e o primeiro invariante de .

,

onde representa o segundo invariante de .

( ) (

),

onde representa o tensor identidade de quarta ordem e representa o terceiro

invariante de .

onde é o multiplicador plástico.

(ix) Critério de carregamento/descarregamento

.

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29

3. ESTRATÉGIA NUMÉRICA

Neste capítulo, apresenta-se a estratégia de solução numérica adotada no

presente trabalho para a realização das simulações numéricas. O uso de modelos

constitutivos dependentes da trajetória, como é o caso dos modelos aqui

apresentados, invariavelmente leva à necessidade de formular algoritmos para

integração numérica das equações de evolução das variáveis de estado. O

problema então consiste em formular procedimentos de integração numérica que

sejam capazes de atualizar as variáveis internas conhecidas, geralmente

denominadas por , no instante de tempo , para se obter as variáveis internas

no tempo , onde o incremento de deformação se assume conhecido.

Além disso, a discretização das equações constitutivas dentro do chamado

pseudo-tempo [ , ] é aplicada a todos esses modelos, baseado no esquema de

Euler implícito (Simo e Hughes, 1998). Uma vez que os modelos são implementados

em um programa acadêmico de elementos finitos para um carregamento quase-

estático, é necessário também se derivar a matriz tangente consistente com o

algoritmo de integração.

O procedimento de atualização das tensões, o qual é baseado na chamada

metodologia da decomposição do operador (Simo e Hughes, 1998; De Souza Neto

et al., 2008), é especialmente adequado para a integração numérica do problema de

evolução e têm sido amplamente utilizados na plasticidade computacional. Esse

método consiste em dividir o problema em duas partes: um preditor elástico, onde o

problema é assumido como completamente elástico e um corretor plástico, no qual

um sistema de equações residuais formado pela lei elástica, a função de

escoamento e as equações de evolução é resolvido, tomando os valores obtidos na

construção do preditor elástico como valores iniciais do problema.

Caso a função de escoamento seja violada, o chamado corretor plástico é

então inicializado e o método de Newton-Raphson é utilizado para se resolver o

conjunto de equações não lineares discretizado. O método de Newton-Raphson é

escolhido para solucionar o problema por atingir uma taxa quadrática de

convergência para a solução, o que resulta em um algoritmo de atualização

computacionalmente eficiente (veja Simo & Hughes, 1998; De Souza Neto et al.,

2008).

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30

3.1. ALGORITMO DE ATUALIZAÇÃO DAS TENSÕES E VARIÁVEIS

INTERNAS

Na plasticidade computacional, o algoritmo de atualização é também

comumente chamado de algoritmo de mapeamento de retorno e a sua construção

requer os seguintes passos: conhecidos os valores da deformação elástica, e do

conjunto das variáveis internas , no inicio do intervalo do pseudo-tempo [ , ],

e dado também o incremento de deformação prescrito, , para este intervalo, o

chamado estado tentativa elástico pode ser então construído, como:

,

(42)

,

,

, ( ),

onde representa o tensor das tensões tentativa,

é o tensor das

deformações plásticas tentativa, é a variável interna associada ao

endurecimento isotrópico tentativa e é o limite de escoamento do material, que

passa a ser uma função da variável interna associada ao endurecimento isotrópico,

( ). No caso do modelo de von Mises, a chamada deformação plástica

equivalente, , é tomada como variável interna associada ao endurecimento

isotrópico. Desta forma, o limite de escoamento do material será então uma função

de .

O tensor das tensões tentativas pode ser então decomposto em uma parte

desviadora e outra hidrostática:

(43)

onde e

representam, respectivamente a componente desviadora e a

hidrostática do tensor das tensões tentativas. As constantes e representam as

constantes de Lamé e são denominadas de módulo de cisalhamento e módulo

volumétrico, respectivamente. Os termos e

representam as

componentes desviadoras e volumétrica do tensor das deformações elásticas

tentativa.

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31

O próximo passo então está em verificar se o estado tentativa construído

acima, se encontra dentro ou fora do limite elástico do material. Para isso, a função

de escoamento é determinada com base nos termos definidos acima. Para o modelo

de von Mises, a função de escoamento é então determinada como:

( ) (44)

onde o termo representa a tensão equivalente tentativa de von Mises que é

definida em função da contribuição desviadora do tensor das tensões tentativa

. A lei de endurecimento do material é aqui representada pelo

termo ( ) que passa a ser uma função da variável de endurecimento isotrópico,

. A expressão que define a evolução do limite de escoamento do material em

função de é escrita como:

( )

(45)

onde representa o módulo de endurecimento isotrópico, o qual é uma

propriedade material e é o limite de escoamento inicial do material.

Caso seja menor ou igual a zero, isso significa que o incremento de

deformação prescrito inicialmente é realmente totalmente elástico e o estado

tentativa construído passa então a ser considerado o estado real do material,

( ) ( ) . Porém, caso seja maior que zero então é possível constatar

que o material se encontra dentro do regime plástico e que o incremento de

deformação prescrito, que inicialmente foi considerado como totalmente elástico,

possui na realidade uma parcela plástica. Desta forma, há a necessidade de se

corrigir o estado tentativa construído acima.

A correção do estado tentativa é feita a partir da remoção do incremento de

deformação plástica de dentro da deformação elástica tentativa, que pode ser então

expresso por:

(46)

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32

Para o modelo original de von Mises, o incremento de deformação plástica é

então definido através da Lei de Fluxo Plástico. Assim, substituindo essa expressão

na equação acima, temos:

(47)

onde representa o multiplicador plástico.

A atualização das variáveis de estado pode ser obtida através das equações a

seguir:

(48)

(49)

onde representa o incremento da deformação plástica equivalente, definido pela

Eq. (47).

Por fim, a função de escoamento atualizada é então determinada através do

estado real no pseudo-tempo , de acordo com a expressão:

(50)

Verifica-se então, analisando as Eq. (47), (48) e (49) que para se determinar o

estado real do material, há a necessidade de se resolver um sistema não-linear de

equações, onde se tem como variáveis ,

e .

O sistema não-linear formado pelas Eq. (47), (48) e (49) pode ser

considerado, para um estado geral de tensão (problema tridimensional), como um

sistema com oito variáveis e oito equações. Pode-se também reescrever a Eq. (47)

em termos do campo de tensão, como se segue:

(51)

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33

Desta forma, o sistema de equações não-lineares a ser resolvido passa a ter

como variáveis ,

e e pode ser representado na forma de equações

residuais:

{

𝑅

𝑅

𝑅 √

}

{ }. (52)

Assim, o Quadro a seguir mostra de forma resumida o modelo numérico

desenvolvido para o modelo matemático de von Mises.

Quadro 6 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de von Mises.

{

𝑅

𝑅

𝑅

i) Determinar o estado tentativa: Dado um incremento deformação, .

ii) Verificar a admissibilidade Plástica:

Se , então (passo elástico): ( ) ( ) ;

Caso contrário, então (passo plástico): Algoritmo de retorno:

iii) Algoritmo de retorno: resolver o sistema de equações não-lineares (Newton-

Raphson), tendo como variáveis: ,

e .

iv) Atualizar outras variáveis internas.

v) Fim.

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34

3.2. MODELO DE TRESCA

Semelhante ao realizado com o modelo de von Mises, o Quadro a seguir

apresenta o modelo numérico desenvolvido para o critério de Tresca e o seu sistema

de equações não-lineares a ser resolvido, tendo como variáveis ,

e :

{

𝑅

𝑅

𝑅 (

)

}

{ }. (53)

O Quadro a seguir resume o modelo numérico para o critério de Tresca.

Quadro 7 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de Tresca.

(

)

{

𝑅

𝑅

𝑅 (

)

i) Determinar o estado tentativa: Dado um incremento deformação, .

ii) Verificar a admissibilidade Plástica:

Se , então (passo elástico): ( ) ( ) ;

Caso contrário, então (passo plástico): Algoritmo de retorno:

iii) Algoritmo de retorno: resolver a equação não-linear (Newton-Raphson), tendo

como variável: .

iv) Atualizar outras variáveis internas.

v) Fim.

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35

3.3. MODELO DE HOSFORD

Para o caso do modelo de Hosford, o seguinte sistema de equações residuais

deve ser resolvido (tendo como variáveis ,

e )

{

𝑅

𝑅

𝑅

( )

[(

)

(

)

(

) ]

}

{ } (54)

O Quadro com o modelo numérico resumido para o critério de Hosford é

apresentado a seguir.

Quadro 8 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de Hosford.

( )

{

𝑅

𝑅

𝑅

( )

[( ) ( )

( )

]

i) Determinar o estado tentativa: Dado um incremento deformação, .

ii) Verificar a admissibilidade Plástica:

Onde

[ ]

[( ) ( )

( ) ]

Se , então (passo elástico): ( ) ( ) ;

Caso contrário, então (passo plástico): Algoritmo de retorno:

iii) Algoritmo de retorno: resolver o sistema de equações não-lineares (Newton-

Raphson), tendo como variáveis: ,

e .

iv) Atualizar outras variáveis internas.

v) Fim.

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36

3.4. MODELO DE BAI & WIERZBICKI

Para o modelo de Bai, um sistema não-linear com uma equação tensorial e

duas equações escalares é resolvido, tendo como variáveis ,

e .

{

𝑅

( )

𝑅

𝑅 (

) ( ) ( ) }

{ } (55)

onde os parâmetros , , e são definidos de acordo com as equações:

(

),

(

)

( ),

(

)

[

( (

) ( )

)],

(

)

,

(

)( )

( ⁄ )

( ⁄ )

( ⁄ )

( ⁄ )

.

(56)

Em resumo, o modelo numérico de Bai & Wierzbicki é apresentado na

próxima página.

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37

Quadro 9 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas

associado ao modelo de Bai & Wierzbicki .

( )

{

𝑅

( )

𝑅

𝑅

( ) (

) ( )

i) Determinar o estado tentativa: Dado um incremento deformação, .

ii) Verificar a admissibilidade Plástica:

com e dados por:

[ ( )] ; [

(

) (

)],

( ⁄ )

( ⁄ )[

( ⁄ ) ] e (

)

Se , então (passo elástico): ( ) ( ) ;

Caso contrário, então (passo plástico): Algoritmo de retorno:

iii) Algoritmo de retorno: resolver o sistema de equações não-lineares (Newton-

Raphson), tendo como variáveis: ,

e .

iv) Atualizar outras variáveis internas.

v) Fim.

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38

3.5. MODELO DE GAO

Semelhante ao apresentado para os modelos de Hosford e Bai & Wierzbicki,

para o critério de Gao deve-se também resolver um sistema não linear onde as

variáveis são ,

e .

{

𝑅

𝑅

𝑅 (

)

}

{ } (57)

A seguir, um resumo do modelo numérico de Gao é representado no Quadro.

Quadro 10 - Algoritmo de atualização das tensões e variáveis internas associado ao modelo de Gao.

(

)

{

𝑅

𝑅

𝑅 (

)

i) Determinar o estado tentativa: Dado um incremento deformação, .

ii) Verificar a admissibilidade Plástica:

Se , então (passo elástico): ( ) ( ) ;

Caso contrário, então (passo plástico): Algoritmo de retorno:

iii) Algoritmo de retorno: resolver o sistema de equações não-lineares (Newton-

Raphson), tendo como variáveis: ,

e .

iv) Atualizar outras variáveis internas.

v) Fim.

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39

3.6. MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON

Na resolução dos sistemas não-lineares descritos nos quadros acima, o

método de Newton-Raphson é adotado. Como ponto de partida, tal sistema

necessita ser escrito na forma linearizada de acordo com a expressão a seguir:

[ 𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

]

[

]

[

𝑅

𝑅

𝑅

]

(58)

Assim, com o intuito de se resumir a aplicação do método de Newton-

Raphson para resolução do sistema linear exposto acima, Eq. (58), o quadro a

seguir é apresentado tomando o estado tentativa como parâmetro inicial do

problema.

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40

Quadro 11 - Algoritmo para resolução do sistema linear através do método de Newton-Raphson.

Os resultados das derivadas para a composição do sistemas de equações

residuais dos modelos aqui exposto são apresentadas em anexo à esse trabalho.

[ 𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

]

[

]

[

𝑅

𝑅

𝑅

]

( )

[ ( )

]

i) Tomado o estado tentativa como parâmetros iniciais:

( )

( )

( )

ii) Resolver o sistema de equações para: ,

e .

iii) Calcular:

( )

( )

( )

( ) ( ) ( )

( )

( )

( )

iv) Verificar convergência:

v) Fim.

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41

3.7. OPERADOR TANGENTE CONSISTENTE

Tomando como base a implementação implícita do modelo descrito acima em

um desenvolvimento de elementos finitos, o operador tangente consistente com o

algoritmo de integração é requerido para se construir a chamada matriz de rigidez.

Considerando um caso elástico, ou seja, quando o fluxo plástico é igual a zero

dentro de um passo específico, o operador tangente no tempo passa a ser

simplesmente o operador elástico danificado, descrito por:

(59)

Por outro lado, em um caso elasto-plástico, ou seja, quando se assume a

existência do fluxo plástico, o operador tangente, escrito por é definido como:

(60)

onde representa a função algorítmica constitutiva implícita para a atualização das

tensões, definida pela algoritmo de retorno descrito acima. Para o modelo de von

Mises, a metodologia aplicada para determinação do operador tangente consistente

com o algoritmo de atualização de tensões é escrito a partir da Equação (58) escrita

na forma inversa:

[

] [

] [

] (61)

onde:

[

]

[ 𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

]

(62)

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42

Os termos , , e representam escalares. , , e

representam tensores de segunda ordem e representa um tensor de quarta

ordem. Assim, a partir da Equação 3.24, pode-se escrever que:

(63)

onde a operação ( ) representa a composição entre o tensor de quarta ordem

e o tensor de quarta ordem , dado pela matriz de elasticidade.

Este capítulo encerra a primeira etapa deste trabalho de conclusão de curso,

constituída da formulação matemática e numérica. A partir dos algoritmos

apresentados para cada um dos modelos elasto-plásticos estudados neste trabalho,

foram feitas simulações numéricas cujos resultados serão abordadas no próximo

capítulo.

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43

4. RESULTADOS NUMÉRICOS

4.1. ANÁLISE DAS SUPERFÍCIES DE ESCOAMENTO

Como já apresentado, o foco deste trabalho está na comparação de quatro

modelos constitutivos distintos que apresentam dependência do terceiro invariante

do tensor das tensões desviadoras, , tomando como referência a clássica teoria do

. Nesta seção, propõem-se uma comparação entre os resultados numéricos,

obtidos neste estudo, e resultados experimentais disponíveis na literatura. (Bai &

Wierzbicki, 2008, Driemeier et al, 2010)

Primeiramente nesta seção, propõe-se uma breve comparação acerca das

superfícies de escoamento de cada um desses modelos. Para tal, todos os critérios

de escoamento aqui apresentados foram implementados em uma rotina de Matlab

utilizando como referência um material hipotético com tensão de escoamento inicial

de , conforme Anexos I a V, onde os principais parâmetros de cada uma

dessas formulações foram alterados de acordo com as proposições de seus autores,

uma vez que parte desses modelos apresenta a possibilidade de se resgatar o

clássico critério de escoamento de von Mises dependendo dos parâmetros

adotados. (Hosford, Bai & Wierzbicki e Gao).

A figura a seguir ilustra a superfície de escoamento do modelo de Tresca, e

apresenta uma comparação com o modelo de von Mises, teoria do .

Figura 8 - Superfície de escoamento de Tresca em comparação com o modelo de von Mises.

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44

Como se pode observar na figura acima, o critério de Tresca se iguala ao de

von Mises nas condições de tração e compressão pura. Contudo para os casos de

cisalhamento puro e carregamento combinado, o modelo de Tresca se mostra mais

conservativo que o de von Mises. Ainda segundo a superfície de escoamento de

Tresca, há a presença de singularidades nos vértices de seu hexágono, o que

representa uma não linearidade do efeito do terceiro invariante, . Contudo,

desconsiderando essas singularidades, o efeito do ângulo de Lode, , é linear para

esse modelo.

Dependendo do valor adotado para o parâmetro em sua formulação, o

modelo de Hosford é capaz de resgatar os modelos de Tresca ou de von Mises,

conforme apresentado anteriormente e comprovado na figura a seguir. Para , o

modelo de Hosford resgata a teoria de von Mises e para ou , o modelo

se reduz ao critério de escoamento de Tresca.

Figura 9 - Superfície de escoamento de Hosford com variação do

parâmetro .

Comparando as Fig.7 e Fig. 8 não restam dúvidas de que para , a

superfície apresentada pelo modelo de Hosford se iguala à apresentada por von

Mises. Por outro lado, ao se aumentar este parâmetro para , obtém-se uma

superfície idêntica ao do modelo de Tresca, provando que quando o modelo

é capaz de resgatar o critério de Tresca. Já quando se utiliza um parâmetro

intermediário, como na Fig.8 onde , a superfície apresentada pelo modelo de

Hosford se encontra entre a de von Mises e de Tresca. Isto é, para , o critério

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de escoamento de Hosford é mais conservativo que o de von Mises, porém é mais

otimista do que o de Tresca. É importante salientar que mesmo quando o modelo de

Hosford resgata a superfície de escoamento de Tresca, não há a presença de

singularidades em sua superfície.

Semelhante ao que ocorre com o modelo de Hosford. A adoção de diferentes

valores para os parâmetros da função de escoamento de Bai & Wierzbicki irá

resultar em uma alteração na superfície de escoamento do modelo. Para esse

modelo, é possível fazer uso de uma formulação dependente do terceiro invariante e

da pressão hidrostática (apresentada na figura a seguir como Bai & Wierzbicki

completo), uma formulação sem a dependência desses parâmetros (configuração 1)

a qual recupera o modelo de von Mises, e por fim uma terceira configuração que

implementa apenas o efeito da pressão no modelo, através da razão triaxialidade

(configuração 2).

Figura 10 - Superfície de escoamento de Bai & Wierzbicki em diferentes configurações.

Quando em sua configuração completa, isto é, contemplando ambos os

efeitos da pressão hidrostática e do terceiro invariante, o modelo de Bai & Wierzbicki

se mostra mais conservativo do que o modelo de von Mises (resgatado pelo modelo

de Bai & Wierzbicki na configuração 1).

A formulação apresentada por Gao, por sua vez, também é capaz de

recuperar o critério de escoamento de von Mises. A figura a seguir ilustra esse

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efeito, que ocorre quando . Contudo quando esses parâmetros materiais

são ajustados, obtém-se uma superfície de escoamento semelhante à apresentada

por Tresca, também mais conservativa que a de von Mises. Porém, assim como o

que ocorre com o modelo de Hosford, elimina-se a presença de singularidades nos

vértices da superfície.

Figura 11 - Superfície de escoamento de Gao em duas configurações.

A figura a seguir compara todas as proposições apresentadas neste trabalho

e suas respectivas superfícies de escoamento, sendo a de Bai & Wierzbicki a mais

conservativa entre elas e a de von Mises a mais otimista.

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Figura 12 - Comparação das superfícies de escoamento dos quatro modelos dependentes do terceiro invariante, .

É importante salientar que o tamanho e formato de cada uma das superfícies

aqui apresentadas estão diretamente relacionado com os parâmetros de seus

respectivos modelos. Portanto, dependendo dos valores adotados para esses

parâmetros é possível que essas superfícies coincidam.

Da mesma forma que alguns desses modelos podem resgatar a superfície de

escoamento de von Mises, também é possível que haja coincidência entre eles

mesmo. Pode-se dar o exemplo dos modelos proposto por Gao e por Hosford,

quando os parâmetros e (Gao) e (Hosford) suas

respectivas superfícies de escoamento quase coincidem. A figura a seguir ilustra tal

exemplo.

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Figura 13 - Comparação das superfícies de escoamento de Hosford com e de Gao para e .

Ao se observar a figura a cima, apesar da exacerbada proximidade entre as

duas superfícies de escoamento, o modelo de Hosford é ligeiramente mais

conservativo. Uma análise mais profunda a respeito das capacidades preditivas

desses modelos será feita na seção 4.3.

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49

4.2. METODOLOGIA NUMÉRICA

Nesta seção são apresentados os resultados obtidos através da simulação

numérica de cada um dos modelos anteriormente propostos. Inicialmente são

descritas as geometrias e dimensões dos copos de provas ensaiados, bem como as

suas respectivas discretizações espaciais. Em seguida, a estratégia de calibração e

os parâmetros materiais são apresentados. Fechando a seção, uma análise dos

resultados numéricos é feita.

4.2.1. Geometria dos corpos de prova.

Com o intuito de demonstrar as diferentes predições e níveis de performance

apresentadas por cada um dos modelos descritos anteriormente sob variadas

condições de carregamento, foram propostos ensaios numéricos em um aço

na forma de dois corpos de provas distintos. A opção pelo chamado corpo de prova

“Butterfly” é feita para representar as condições de simulação dentro de uma faixa de

baixa triaxialidade ( ), com carregamento cisalhante puro ( ), e

combinações de carregamento cisalhante e tração a e a . Por outro lado,

para condições de alta triaxialidade ( ), optou-se pelo corpo de prova

cilíndrico liso. A figura a seguir ilustra a geometria e as dimensões do espécime

“Butterfly”.

Figura 14 – Geometria do corpo de prova “Butterfly” Fonte: Bai. (2008).

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A figura a seguir ilustra a geometria e dimensões do corpo de prova cilíndrico

liso. Utilizado na calibração dos modelos numéricos com as diferentes funções de

escoamento, como será abordado no próximo tópico desta seção.

Figura 15 - Corpo de prova cilíndrico liso, utilizado para o processo de calibração. Fonte: Bai. (2008).

4.2.2. Discretização espacial dos corpos de provas.

Ambos os corpos de provas selecionados foram simulados utilizando uma

ferramenta acadêmica de elementos finitos. Para a discretização do corpo de prova

“Butterfly”, definiu-se uma malha de elementos finitos tridimensional com 2432

elementos de vinte nós, seguido por 12681 nós, como apresentado na figura abaixo.

Para esse caso, a malha é definida em uma estratégia de integração reduzida com

nove pontos de Gauss.

Figura 16 – Malha de elementos finitos tridimensional para o corpo de prova “Butterfly”

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Com relação ao corpo de prova cilíndrico liso, a sua malha foi criada com

elementos finitos de oito nós, totalizando 1800 elementos e 5581 nós. O

comprimento da seção de ensaio utilizada neste caso foi de . Devido à

simetria dos problemas, apenas ¼ dos corpos de provas foram simulados

envolvendo condições bidimensionais. A próxima figura ilustra a malha de elementos

finitos para o corpo de prova cilíndrico liso.

Figura 17 - Malha de elementos finitos para o corpo de prova cilíndrico liso.

4.2.3. Procedimento de calibração e parâmetros materiais

As calibrações dos modelos numéricos aqui propostos são feita através de

uma simulações do clássico corpo de prova cilíndrico liso submetido à uma condição

de carregamento de tração pura. Sob essa condição de calibração, a curva de

endurecimento do material, ( ), é determinada.

O procedimento para se determinar os parâmetros materiais do aço 1045

utiliza uma abordagem de otimização inversa, na qual um teste experimental para o

corpo de prova cilíndrico liso sujeito à tração pura é tomado como referência no

início do processo. Em sequência, o método de otimização inversa é usado até que

a curva força-deslocamento obtida numericamente seja a mais próxima possível da

curva de reação obtida experimentalmente. Uma vez completa a otimização, o

conjunto dos parâmetros materiais obtidos ao fim do processo são utilizados como

parâmetros de entrada para os modelos constitutivos a serem simulados.

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O quadro a seguir apresenta os valores dos parâmetros materiais para o aço

1045. A Figura 17, por sua vez, ilustra a curva de endurecimento após a calibração

do modelo ter sido realizada e otimizada.

Tabela 1 -Parâmetros materiais para aço 1045.

Descrição Símbolo Valor

Módulo de Elasticidade [ ]

Coeficiente de Poisson

Tensão de escoamento inicial [ ]

Curva de endurecimento ( ) ( )

Parâmetro Hosford

Parâmetros Gao

Parâmetros Bai & Wierzbicki

Figura 18 - Procedimento de calibração e curva Força-Deslocamento.

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4.3. ANÁLISE DAS CURVAS DE REAÇÃO

Nesta seção faz-se a análise dos resultados numéricos obtidos na simulação

do corpo de prova “Butterfly” em três condições distintas de carregamento:

cisalhamento puro ( ), e combinações de carregamento cisalhante e tração a e

a . Como já descrito anteriormente, os cinco modelos foram simulados em uma

ferramenta acadêmica de elementos finitos, para os modelos de Hosford, Bai &

Wierzbicki e Gao foram utilizados os parâmetros apresentados na Tabela 1. Em

todas as três simulações não foram feitas quaisquer alterações nesses parâmetros

pré-definidos.

A opção por , para o caso do modelo de Hosford, foi feita justamente

para se analisar se a predição do comportamento mecânico apresentado pelo

modelo seria próxima à apresentada pelo modelo de Gao com e ,

uma vez que ambas as superfícies se mostraram extremamente próximas (Fig. 12).

Contudo, como é apresentado na figura a seguir, houveram disparidades entre todos

os modelos entre si e entre os modelos e a curva experimental (representada em

marrom).

Analisando as curvas de reação, força vs deslocamento, apresentadas na Fig.

18, a diferença entre a curva apresentada por um dado modelo e a curva

experimental foi calculada no ponto do deslocamento crítico e encontrou-se, para

esse ensaio sob cisalhamento puro, um erro de aproximadamente para o modelo

de von Mises, para o modelo de Tresca, para o modelo de Bai &

Wierzbicki e aproximadamente para o modelo de Gao. O modelo que mais se

aproximou da curva experimental foi o de Hosford com um erro menor que .

Nessa primeira simulação, todos os modelos apresentaram uma capacidade

preditiva aproximada, sem grandes erros. Contudo a pior performance foi

apresentada pelo modelo de von Mises, o que demonstra que a introdução do

terceiro invariante, , e da pressão hidrostática, , na formulação elasto-plástica

otimiza o desempenho do modelo, aumentando a sua precisão na hora de predizer o

comportamento mecânico do material.

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Figura 19 - Curva de reação para condição de cisalhamento puro.

Figura 20 - Evolução da deformação plástica equivalente para cisalhamento puro.

A figura acima apresenta a evolução da deformação plástica equivalente no

nó central do corpo de prova. O modelo de von Mises foi o que apresentou uma

maior taxa de crescimento das variáveis internas, isto é, uma taxa de crescimento

acelerada. O modelo de Tresca por sua vez apresentou a evolução mais lenta das

variáveis internas.

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Figura 21 - Curva de reação para condição de cisalhamento a

Figura 22 - Evolução da deformação plástica equivalente para cisalhamento a

Similar ao resultado apresentado para a condição de cisalhamento puro, as

curvas de reação vs deslocamento apresentadas pelos modelos elasto-plásticos

através da simulação numérica de um cisalhamento a , também se mostram

bastante próximos à curva experimental. Contudo nesse caso, onde há uma

componente de tração no carregamento, o modelo de Tresca foi o que apresentou o

pior resultado, com um erro próximo a . O modelo de von Mises foi o segundo

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pior com cerca de de erro, já os modelos de Bai & Wierzbicki e de Gao

apresentaram um erro por volta de . Novamente o modelo que mais se aproximou

da curva experimental foi o de Hosford, com erro inferior a 1%, praticamente

coincidindo com a curva experimental durante o regime plástico.

A taxa da evolução da deformação plástica equivalente apresentada para a

condição de cisalhamento a (Fig. 21) repete o ocorrido para o caso anterior.

Novamente o modelo de von Mises apresenta uma taxa mais acelerada, e o de

Tresca uma evolução mais lenta das variáveis internas.

Como último ensaio, foi feita a simulação desses modelos sob uma condição

de cisalhamento a . Desta vez, os resultados ilustrados através das curvas de

reação mostram uma maior disparidade entre cada um dos modelo e também com

relação à curva experimental. O maior erro apresentado foi de cerca de , pelo

modelo de Tresca que fugiu da tendência dos demais modelos, seguido de

aproximadamente do modelo de von Mises. O modelo de Bai & Wierzbicki, por

sua vez, apresentou um erro próximo a . Novamente o modelo de Hosford

apresentou o melhor resultado, com um erro de . Com essa simulação ficou

evidente que mesmo com uma superfície de escoamento bastante próxima a do

modelo de Gao, a precisão na descrição do comportamento mecânico desses dois

modelos foi distinta, uma vez que o erro apresentado pelo modelo de Gao ficou

próximo a . A Figura 22 apresenta as curvas de reação vs deslocamento obtidas

através da simulação numérica do aço sob um cisalhamento a .

A figura em seguida, Fig 23, ilustra a evolução da deformação plástica

equivalente, , repetindo o já observado nas demais simulações. O modelo de von

Mises novamente apresenta uma evolução das variáveis internas mais acelerada e a

formulação de Tresca apresenta a mais lenta.

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Figura 23 - Curva de reação para condição de cisalhamento a

Figura 24 - Evolução da deformação plástica equivalente para cisalhamento a

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O quadro a seguir resume os erros apresentados por cada um dos modelos

aqui estudados e em cada uma das condições de carregamento simuladas

numericamente.

Tabela 2 - Erros associados à predição dos modelos elasto-plásticos.

Erros [%] von Mises Tresca Hosford Bai & Wierzbicki Gao

Tração Pura 4.17 2.41 0.39 0.99 1.69

Cisalhamento a 4.17 7.73 0.15 2.52 2.06

Cisalhamento a 19.35 30.02 2.04 7.84 11.07

É importante frisar que todas as simulações aqui apresentadas consideraram

como ponto de parada o deslocamento crítico experimental na fratura. Para se fazer

uma análise da capacidade preditiva dos modelos, com relação ao deslocamento

crítico na fratura, pode-se inserir indicadores de dano em uma etapa de pós

processamento. (Bai & Wierzbicki, 2008, Malcher et al. 2012.).

O resultado apresentado por essa análise deixa claro que a introdução do

terceiro invariante, , e da pressão hidrostática, , refletem diretamente na

capacidade preditiva do modelo elasto-plástico. O material aqui ensaiado, aço ,

é considerado pela literatura como um material que apresenta uma baixa

dependência dos efeitos do ângulo de Lode, , e da triaxialidade. Contudo ainda

assim, nos modelos que contemplam tais efeitos pode-se notar uma melhor predição

do comportamento mecânico. Outra ligas de engenharia mais modernas, como ligas

de Alumínio, Cromo-Molibdênio e Magnésio são, por sua vez, fortemente

dependentes da pressão hidrostática e do ângulo de Lode e portanto a melhoria

apresentada pela introdução desses efeitos é ainda mais acentuada. (Bai et al.

2008, Malcher et al., 2012, Brünig et al., 2013).

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5. CONCLUSÕES

Neste trabalho foram apresentadas as formulações matemáticas de von

Mises, a clássica teoria do , e dos modelos de Tresca, Hosford, Bai & Wierzbicki e

Gao, que têm como base a introdução do efeito do terceiro invariante do tensor das

tensões desviadoras na lei de fluxo plástico do material. Além disso, foi proposta a

implementação numérica dos modelos elasto-plástico, com base na metodologia de

decomposição do operador. Para cada um desses modelos foi deduzido um sistema

linear de oito equações para um problema em três dimensões e seis equações para

duas dimensões, tendo como variáveis o tensor tensão ( ), a deformação

plástica equivalente (

) e o multiplicador plástico ( ).

Analisou-se inicialmente o formato das superfícies de escoamento dos

modelos em estudo, onde para o modelo de Tresca, observou-se uma superfície

hexagonal com singularidades nos vértices e mais conservativa em relação à de von

Mises, representada por uma elípse. Para o modelo de Hosford, observou-se que

quando , o modelo resgata a superfície de von Mises e para ou ,

o modelo se reduz à superfície de Tresca, contudo pode-se ajustar o critério de

escoamento através dos valores de a fim de se obter uma superfície de

escoamento intermediária a esses outros dois modelos (Tresca e von Mises).

Com relação ao modelo de Bai & Wierzbicki, também é possível resgatar o

modelo da teoria do dependendo dos valores adotados para os seus parâmetros

materiais, contudo na formulação de Bai & Wierzbicki pode-se introduzir o efeito da

pressão hidrostática e o efeito do terceiro invariante através da redefinição da lei de

endurecimento do material, o resultado é a superfície mais conservativa dos

modelos aqui estudados.

O modelo de Gao, por sua vez, também torna possível o resgate do modelo

de von Mises, contudo quando seus parâmetros materiais são ajustados, introduz-se

o efeito do terceiro invariante e se obtém uma superfície de escoamento mais

conservativa e similar à de Tresca. Porém não há a presença das singularidades nos

vértices da superfície.

A análise das curvas de reação vs deslocamento mostraram mais uma vez

que o modelo de von Mises é mais otimista que os demais, e que apresenta grande

disparidade entre as suas curvas e as curvas experimentais. Por outro lado, foi o

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modelo de Tresca que se mostrou o mais conservativo em todos as simulações

realizadas, chegando a apresentar os maiores erros de predição em dois dos três

casos simulados.

O modelo que apresentou os melhores resultados e curvas de reação mais

próximas às experimentais foi a formulação de Hosford, mesmo com uma superfície

de escoamento muito próxima à apresentada pelo modelo de Gao, a predição do

comportamento mecânico realizada pelo modelo de Hosford chegou a apresentar

um erro dezesseis vezes menor do que o apresentado pelo modelo de Gao para a

simulação sob carregamento cisalhante a . Contudo é importante mencionar que

a resposta desses modelos podem ser melhoradas através da otimização de seus

parâmetros.

Por fim, a análise da deformação plástica equivalente no nó central do corpo

de prova mostrou que o modelo de von Mises apresenta uma taxa de crescimento

mais acelerada que os demais modelos, em todos os casos simulados. Por outro

lado, o modelo de Tresca apresentou as menores taxas de crescimento das

variáveis internas em todas as três simulações.

Pode-se concluir ao fim deste trabalho que os parâmetros elasto-plásticos do

terceiro invariante, normalmente introduzido na formulação através do ângulo de

Lode, , e da pressão hidrostática, inserida através da triaxialidade, , não devem

ser ignorados e sim levados em conta na lei de fluxo plástico de modelos que

tenham o objetivo de melhor descrever o comportamento mecânico de materiais

dúcteis.

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Runesson, K., Steinmann, P.,Ekh, M., Menzel, A., 2006. Constitutive Modeling of Engineering Materials: Theory and Computation. Volume I General Concepts and Inelasticity.

Simo, J.C., & Hughes, T.J.R. (1998). Computational Inelasticity. New York: Springer- Verlag.

Tvergaard, V. (2008). Shear deformation of voids with contact modeled by internal pressure. International Journal of Mechanical Sciences, 50:1459–1465.

Wilson, C., D., (2002), A critical re-examination of classical metal plasticity. Journal of Applied Mechanics, Transactions ASME, 69(1):63–68, ISSN 0021-8936.

Xue, L. (2007). Ductile Fracture Modeling – Theory, Experimental Investigation and Numerical Verification, Ph.D Thesis, Massachusetts Inst. of Technology. 300

Xue, L. (2008). Constitutive modeling of void shearing effect in ductile fracture of porous materials. Engineering Fracture Mechanics, 75: 3343–3366.

Zadpoor, A.A., Sinke, J., Benedictus, R. (2009). Formability prediction of high strength aluminum sheets, International Journal of Plasticity, 25:2269–2297.

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63

ANEXOS

Pág.

Anexo I Rotinas em Matlab para as superfícies de escoamento 60

Anexo II Modelo de von Mises em Matlab 61

Anexo III Modelo de Tresca em Matlab 62

Anexo IV Modelo de Hosford em Matlab 63

Anexo V Modelo de Bai & Wierzbicki em Matlab 64

Anexo VI Modelo de Gao em Matlab 65

Anexo VII Derivadas Tensoriais 66

Anexo VIII Publicações Realizadas 71

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64

ANEXO I: Rotinas em Matlab para as superfícies de escoamento

clear all clc close all figure(1) hold on grid on %% Nesta rotina escolhe-se as superfícies de escoamento a serem plotadas. %% Basta remover o comentário antes do modelo.

%Superfície de escoamento de von Mises: % ezplot(@(x,y)vonMises(x,y),[-500 500],[-500 500])

%Superfície de escoamento de Tresca: % ezplot(@(x,y)Tresca(x,y),[-500 500],[-500 500])

%Superfície de escoamento de Hosford: % ezplot(@(x,y)Hosford1(x,y),[-500 500],[-500 500])

%Superfície de escoamento de Bai & Wierzbicki: % ezplot(@(x,y)Bai1(x,y),[-500 500],[-500 500])

%Superfície de escoamento de Gao: % ezplot(@(x,y)GaoF(x,y),[-500 500],[-500 500])

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65

ANEXO II: Modelo de von Mises em Matlab

function vonMises=vonMises(x,y) % PRETENDE-SE NESTE SCRIPT REPRESENTAR A FUNCAO DE ESCOAMENTO DE VON MISES % ESCRITA NO ESTADO PLANO DE TENSÃO --> S3=0 %% % NOTA: S1, S2 E S3 CONSISTEM NAS TENSOES PRINCIPAIS DO TENSOR SIGMA!! %%

% Tensão de escoamento: yield0=360;

% Pressão Hidrostática: p=(1/3)*(x+y);

% : sx=x-p;

% :

sy=y-p;

% : sz=-p;

% Tensão equivalente de von Mises: q=sqrt(3/2)*sqrt(sx*sx + sy*sy + sz*sz);

% Critério de escoamento de von Mises: vonMises=q - yield0;

end

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66

ANEXO III: Modelo de Tresca em Matlab

function Tresca=Tresca(x,y) % PRETENDE-SE NESTE SCRIPT REPRESENTAR A FUNCAO DE ESCOAMENTO DE TRESCA % ESCRITA NO ESTADO PLANO DE TENSÃO --> S3=0 %% % NOTA: S1, S2 E S3 CONSISTEM NAS TENSOES PRINCIPAIS DO TENSOR SIGMA!! %%

% Tensão de escoamento: yield0=360;

%Tensões Principais: vec=[x y 0];

%Tensão máxima: smax=max(vec);

%Tensão mínima: smin=min(vec);

% Critério de Escoamento de Tresca: Tresca=(smax-smin) - yield0;

end

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67

ANEXO IV: Modelo de Hosford em Matlab

function Hosford=Hosford(x,y) % PRETENDE-SE NESTE SCRIPT REPRESENTAR A FUNCÃO DE HOSFORD % ESCRITA DE ACORDO COM O ESTADO PLANO DE TENSÃO --> S3=0 %% % NOTA: S1, S2 E S3 CONSISTEM NAS TENSOES PRINCIPAIS DO TENSOR SIGMA!! %%

% Tensão de escoamento: yield0=360;

% Pressão Hidrostática: p=(1/3)*(x+y);

% : sx=x-p;

% : sy=y-p;

% : sz=-p;

% Escolhe-se o valor de n conforme o desejado, onde n=2 resgata o efeito de

von Mises, e n=1 ou n= o criterio de Tresca.

n=2;

% Tensão efetiva generalizada: q=(1/(2^(1/n)))*(((y^n)+(x^n)+(x-y)^n)^(1/n));

% Critério de escoamento de Hosford. Hosford=q - yield0;

end

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68

ANEXO V: Modelo de Bai & Wierzbicki em Matlab

function Bai=Bai(x,y)

% PRETENDE-SE NESTE SCRIPT REPRESENTAR A FUNCÃO DE Bai & Wierzbicki

% ESCRITA NO ESTADO PLANO DE TENSÃO --> S3=0

% NOTA: S1, S2 E S3 CONSISTEM NAS TENSOES PRINCIPAIS DO TENSOR SIGMA!!

% Tensão de escoamento:

yield0=360;

% Pressão Hidrostática:

p=(1/3)*(x+y);

% :

sx=x-p;

% :

sy=y-p;

% :

sz=-p;

% Tensão equivalente de von Mises:

q=sqrt(3/2)*sqrt(sx*sx + sy*sy + sz*sz);

% Razão de Triaxialidade

eta=p/q;

% Parâmetro ( ) da forma compacta do modelo de Bai & Wierzbicki: a=1-0.09*(eta-(1/3));

% Parâmetro experimental

cs=0.855;

% m representa um dos parâmetros experimentais do modelo:

m=6;

% Calculo do determinante do tensor das tensões desviadoras

% Também conhecido como seu terceiro invariante, : dets=sx*sy*sz;

%Terceiro invariante alternativamente definido por Bai & Wiezbicki:

ksi=(27/2)*dets/(q*q*q);

%Calculo do angulo de Lode:

lode=acos(ksi)/3;

%Calculo do angulo de Lode normalizado:

lodeN=1-(6*lode/pi);

%Função do angulo de Lode, sendo cat um parâmetro experimental:

ni=6.4641*(sec(lode-(pi/6))-1);

if lodeN<0

cat=1.0;

else

cat=0.9;

end

% Parâmetro ( ) da forma compacta do modelo de Bai & Wierzbicki: b=cs+(cat-cs)*(ni-((ni^(m+1))/(m+1)));

% Função de escoamento de Bai & Wierzbicki:

Bai=q - yield0*a*b;

end

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69

ANEXO VI: Modelo de Gao em Matlab

function GaoF=GaoF(x,y) % PRETENDE-SE NESTE SCRIPT REPRESENTAR A FUNCAO DE ESCOAMENTO DE GAO % ESCRITA NO ESTADO PLANO DE TENSÃO --> S3=0 %% % NOTA: S1, S2 E S3 CONSISTEM NAS TENSOES PRINCIPAIS DO TENSOR SIGMA!! %%

% Tensão de escoamento: yield0=360;

% Primeiro invariante do tensor tensão, : i1=(x+y);

% Pressão Hidrostática: p=(1/3)*(x+y);

% : sx=x-p;

% :

sy=y-p;

% : sz=-p;

% Segundo invariante do tensor das tensões desviadoras, : j2=(1/2)*(sx*sx + sy*sy + sz*sz);

% Terceiro invariante do tensor das tensões desviadoras, : j3=sx*sy*sz;

% a1, b1 e c1 são constantes materiais: a1=0; b1=-60.75; c1=(a1+(4/729)*b1+1)^(-1/6);

% Tensão equivalente de Gao: q=c1*((a1*(i1^6)+27*(j2^3)+b1*(j3^2))^(1/6));

% Critério de escoamento de Gao: GaoF=q - yield0;

end

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70

ANEXO VII: Derivadas Tensoriais

Neste apêndice as principais derivadas necessárias para a formulação dos

modelos elasto-plásticos e de seus respectivos sistemas linearizados são

apresentadas a seguir:

(I)

(II)

(III)

[ ]

( )

( )

( )

( )

[ ]

(IV)

[ ]

[ ( )]

[ ]

(V)

[ ]

[( )

]

(

[ ]

[ ]

)

(VI)

[ ]

[√

( )]

[ ( )]

(VII)

[ ]

[ ( )]

[ ( )]

( )

(VII)

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71

[ ]

[ ]

[ ]

(VIII)

[ ]

(IX)

[ ( )]

[

] [

]

(X)

[ ( )]

[(

)

[

( ) ]

(XI)

Método de Newton-Raphson.

No método de Newton-Raphson o seguinte sistema é resolvido:

[ 𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

𝑅

]

[

]

[

𝑅

𝑅

𝑅

]

(XII)

Desta forma, as derivadas utilizadas para cada um dos modelos aqui

descritos são apresentada.

Para o sistema linear de von Mises, Tresca, Hosford e Gao:

𝑅

(XIII)

𝑅

(XIV)

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72

𝑅

(XV)

𝑅

(XVI)

𝑅

(XVII)

𝑅

(XVII)

𝑅

(XIX)

𝑅

(XX)

𝑅

(XXI)

Onde representa o vetor de fluxo de cada uma das formulações

apresentadas.

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73

Para o sistema linear de Bai & Wierzbicki:

𝑅

(XXII)

𝑅

(XXIII)

𝑅

(XXIV)

𝑅

√( )

(XXV)

𝑅

√( )

(XXVI)

𝑅

√( )

(XXVII)

𝑅

(XXVIII)

𝑅

(XXIX)

𝑅

(XXX)

Onde √( ) √

, e

( )

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74

ANEXO VIII: Publicações Realizadas

O presente apêndice apresenta algumas publicações realizadas como

resultado dos estudos sobre o tema da elasticidade e plasticidade durante a

graduação.

MALCHER, L.; MAMIYA, E. N.; CASTRO, F. C.; SAHADI, J.V.. 2013. A Simple and Accurate Elastoplastic Model Dependent on the Third Invariant and Applied to a Wide Range of Stress Triaxiality. MecSol 2013. Porto Alegre – Brasil.

SAHADI, J. V.; MALCHER, L.. 2012. Mechanical Behavior of Ductile Materials Based on an Elasto-plastic Model Dependent on the Second and Third Invariants. ESMC 2012. Graz - Áustria.

SAHADI, J. V.; MALCHER, L.. 2012. Avaliação Quantitativa de Indicadores de Dano Aplicados a Materiais Dúcteis. Congresso de Iniciação Científica. Brasília - Brasil

SAHADI, J. V.; MALCHER, L.; Neves, R. S.; Seiko, N.. 2011. Influência do Terceiro Invariante no Comportamento Mecânico de Materiais Dúcteis. ECT 2011. Gama – Brasil.

SEIKO, N. ; MALCHER, L. ; SAHADI, J. V. ; NEVES, R. S.. 2011. Determinação do Início da Fratura Dúcteis, Baseado no Modelo de Gurson acoplado com Mecanismos de Corte. ECT 2011. Gama – Brasil.

NEVES, R. S. ; MALCHER, L. ; SAHADI, J. V. ; SEIKO, N.. 2011. Influência do Ponto de Calibração na Predição da Fratura Dúctil, Baseado no Modelo de Dano de Lemaitre. COBEM 2011. Natal – Brasil.

SAHADI, J. V. ; MALCHER, L. ; NEVES, R. S. ; SEIKO, N. ; DOCA, T. C. ; ANDRADE, F.C.X. ; REIS, F. J. P. . 2011. Influence of the Third Invariant, by the Lode Ange, On theMechaniacl Behavior of Ductile Materials. COBEM 2011. Natal – Brasil.

SEIKO, N. ; MALCHER, L. ; SAHADI, J. V. ; NEVES, R. S. ; REIS, F. J. P. ; DOCA, T. C. ; ANDRADE, F.C.X. . 2011. Determination of the Fracture Initiation in Ductile Materials, Based on Gurson's Model Coupled With Shear Mechaninsms. COBEM 2011. Natal – Brasil.

NEVES, R. S. ; MALCHER, L. ; SAHADI, J. V. ; SEIKO, N. ; REIS, F. J. P. ; DOCA, T. C. ; ANDRADE, F.C.X.. 2011. Influence of the Calibration Point in the Prediction of The Fracture Location, Based on The Lemaitre's Model. COBEM 2011. Natal – Brasil.