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Proposta N°7167 Situação do APC: Rascunho Autor: NILZA MARIA HOINATZ SCHMITZ Estabelecimento: MARIA MARGARIDA, C E IRMA - E MEDIO NORM Ensino: ENSINO MEDIO Disciplina: HISTORIA Conteúdo: RELACÕES DE PODER Cor do conteúdo: Paraná Título: Disputas em torno das terras do Sudoeste do Paraná Texto: A história do sudoeste do Paraná é permeada pelas ações da CANGO e do GETSOP e entrecruzadas pelo Levante dos Posseiros, ocorrido em 1957, o qual resulta da ação de outras companhias de terra, como a CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Ltda) que, em 1950, instalou-se na região e a Comercial e Apucarana, suas subsidiárias, que foram instaladas em 1956, as quais entre 1956/7 intensificaram suas ações, o que acabou resultando no Levante dos Posseiros. Além destas, a já citada CANGO, embora com linha de atuação diferenciada, já estava presente. Portanto, a nosso ver, o processo de ocupação da região sudoeste do Paraná teve três momentos significativos: a criação da CANGO em 1943 e sua atuação; a ação da CITLA que, agindo como grileira entre 1950/7 e suas subsidiárias tumultuaram a região; o funcionamento do GETSOP que, entre 1962/73 transformou mais de 50.000 posseiros em proprietários. Intrigava-nos o fato de a região ser de colonização muito recente quando da eclosão do movimento, por esta razão decidimos aprofundar as leituras e por conseguinte, as pesquisas, buscando entender essa rápida gestação e exaltação dos ânimos que culminaram com o Levante de 1957. Aliás, falar da região sudoeste, sem falar do levante, é quase inviável, pois tamanha foi a repercussão e implicância desse processo na estruturação da região. Contudo, não se pode perder de vista que isto trata-se de um desdobramento do processo inicial. Em virtude disso, achamos importante a realização de leituras mais amplas, que insiram a região sudoeste no contexto. A esse respeito, faremos breves considerações a seguir. A 5ª Comarca de Curitiba, até 1853 pertencia à São Paulo que, percebendo a possibilidade de sua emancipação, retirou de seus domínios Iguape e Cananéia, que respondiam por boa parte das receitas no final do século XIX, sem contar que eram áreas de costa marítima. Não fosse pela brilhante atuação de Rio Branco, o sudoeste do Estado teria passado a pertencer para a Argentina. Tratando-se de disputa internacional, foi confiada ao arbitramento do Presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland, que dá ganho de causa ao Brasil em 1895, o que fica conhecida como “Questão de Palmas ou Missiones”. Já a Guerra do Contestado, que envolvia os Estados de Paraná e Santa Catarina, só se resolveu em 1916 quando o Presidente da República Wenceslau Braz, interfere e propõe acordo que foi assinado por Afonso Camargo, do Paraná e Felipe Schmidt, de Santa Catarina. Entre 1943/46, Getúlio Vargas criou o Território Federal do Iguaçu, em boa parte das terras paranaenses por se tratar de área fronteiriça com Argentina e Paraguai. Idéia que volta a tona em 1991, quando Edi Siliprandi, Deputado Federal pelo Paraná e Décio Knop, Deputado Federal por

Proposta N°7167 Situação do APC: Rascunho Autor: NILZA ... · Entre 1943/46, Getúlio Vargas criou o Território Federal do Iguaçu, em boa parte das terras ... Programa “Marcha

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Proposta N°7167

Situação do APC: Rascunho

Autor: NILZA MARIA HOINATZ SCHMITZ

Estabelecimento: MARIA MARGARIDA, C E IRMA - E MEDIO NORM

Ensino: ENSINO MEDIO

Disciplina: HISTORIA

Conteúdo: RELACÕES DE PODER

Cor do conteúdo:

Paraná

Título: Disputas em torno das terras do Sudoeste do Paraná

Texto: A história do sudoeste do Paraná é permeada pelas ações da CANGO e do GETSOP e entrecruzadas pelo Levante dos Posseiros, ocorrido em 1957, o qual resulta da ação de outras companhias de terra, como a CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Ltda) que, em 1950, instalou-se na região e a Comercial e Apucarana, suas subsidiárias, que foram instaladas em 1956, as quais entre 1956/7 intensificaram suas ações, o que acabou resultando no Levante dos Posseiros. Além destas, a já citada CANGO, embora com linha de atuação diferenciada, já estava presente. Portanto, a nosso ver, o processo de ocupação da região sudoeste do Paraná teve três momentos significativos: a criação da CANGO em 1943 e sua atuação; a ação da CITLA que, agindo como grileira entre 1950/7 e suas subsidiárias tumultuaram a região; o funcionamento do GETSOP que, entre 1962/73 transformou mais de 50.000 posseiros em proprietários. Intrigava-nos o fato de a região ser de colonização muito recente quando da eclosão do movimento, por esta razão decidimos aprofundar as leituras e por conseguinte, as pesquisas, buscando entender essa rápida gestação e exaltação dos ânimos que culminaram com o Levante de 1957. Aliás, falar da região sudoeste, sem falar do levante, é quase inviável, pois tamanha foi a repercussão e implicância desse processo na estruturação da região. Contudo, não se pode perder de vista que isto trata-se de um desdobramento do processo inicial. Em virtude disso, achamos importante a realização de leituras mais amplas, que insiram a região sudoeste no contexto. A esse respeito, faremos breves considerações a seguir. A 5ª Comarca de Curitiba, até 1853 pertencia à São Paulo que, percebendo a possibilidade de sua emancipação, retirou de seus domínios Iguape e Cananéia, que respondiam por boa parte das receitas no final do século XIX, sem contar que eram áreas de costa marítima. Não fosse pela brilhante atuação de Rio Branco, o sudoeste do Estado teria passado a pertencer para a Argentina. Tratando-se de disputa internacional, foi confiada ao arbitramento do Presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland, que dá ganho de causa ao Brasil em 1895, o que fica conhecida como “Questão de Palmas ou Missiones”. Já a Guerra do Contestado, que envolvia os Estados de Paraná e Santa Catarina, só se resolveu em 1916 quando o Presidente da República Wenceslau Braz, interfere e propõe acordo que foi assinado por Afonso Camargo, do Paraná e Felipe Schmidt, de Santa Catarina. Entre 1943/46, Getúlio Vargas criou o Território Federal do Iguaçu, em boa parte das terras paranaenses por se tratar de área fronteiriça com Argentina e Paraguai. Idéia que volta a tona em 1991, quando Edi Siliprandi, Deputado Federal pelo Paraná e Décio Knop, Deputado Federal por

Santa Catarina, propõem que 44.000 km2 do Paraná e 21.000 km2 de Santa Catarina voltassem a compor o território que se tornaria uma nova unidade da federação: o Estado do Iguaçu. Porém, no dia 21 de março de 1993, a Câmara dos Deputados rejeitou o projeto. O sudoeste do Paraná, até por volta de 1940, resumia-se a um único município Clevelândia que, localizado no 3º Planalto, na margem esquerda do Rio Iguaçu, possuía muita erva-mate, pinheiro e outras madeiras de lei. Sendo uma região muito rica e fértil, foi disputada, resultando conflitos políticos, sociais e jurídicos: Brasil e Argentina, Paraná e Santa Catarina; CEFSPRS e Governo do Paraná; Governo Federal e Estadual; Companhias de Terra e Posseiros. A revolta dos posseiros ocorrida no sudoeste, é na verdade, mais uma luta por terra no território paranaense, tendo como data símbolo 10 de outubro, quando os posseiros, armados com o que tinham (espingardas e revólveres velhos, foices, facões, paus, pedras) tomaram a cidade de Francisco Beltrão, havendo reações também em Santo Antônio, Capanema e Pato Branco. Conforme apontado acima, o fato de as terras estarem sub-judice devido às disputadas em torno das mesmas, tornava todos posseiros, já que ninguém possuía titulo definitivo de propriedade. Contudo, em 1962, com a criação do GETSOP, as terras passaram a ser tituladas em favor dos mesmos. As considerações feitas, são resultantes de várias leituras e muitos anos de pesquisa em torno do tema, por essa razão, neste espaço não há uma referência especifica de bibliografia, uma vez que domino bem o tema em questão. Contudo apresento sugestões de leitura e mesmo de outros recursos como som e video nos links especificos, os quais poderão ser utilizados por outros professores que queiram conhecer mais a respeito do Levante dos Posseiros e/ou mesmo desejem trabalhar em suas respectivas Escolas.

Relato

Chamada para o Relato: O Levante dos Posseiros ocorrido no Sudoeste do Paraná teve seu ápice em 1957, portanto em 2007, completa seu Cinqüentenário.

Texto: LEVANTE DOS POSSEIROS Ao que nos parece, este foi um episódio de luta pela terra, ocorrido na região sudoeste do Paraná, que atingiu repercussão e implicâncias amplas. Contudo, não se deve desconsiderar que, atualmente, as lutas por terra continuam existindo, nesta e nas demais regiões do Estado e do país, sob a égide do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Há que se lembrar ainda que o território correspondente ao sudoeste paranaense foi alvo de disputas nacionais e internacionais, como a que ocorreu entre Brasil e Argentina, conhecida como Questão de Palmas ou Missiones, sobre uma área de 30.621 km2.. Foi necessário arbitramento do Presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland, que em 06 de fevereiro de 1895 deu ganho de causa ao Brasil. Em 1853, quando foi criada a Província do Paraná, os limites entre este e Santa Catarina não estavam definidos, pois a Província de São Paulo se estendia até o Rio Grande do Sul. Ocorre nova disputa, envolvendo estas terras, conhecida como Guerra do Contestado, que referia-se a 48.000 km2 e só foi resolvida em 1916, quando o Presidente Wenceslau Braz interfere, determinando que 28.000 km2 pertenceriam para Santa Catarina, área conhecida como Contestado Norte, correspondente as vertentes do Rio Uruguai e 20.000 km2 ficariam para o Paraná, abrangendo os territórios de Palmas e Clevelândia. Aos poucos a ocupação do sudoeste vai se efetuando. Até 1940, é considerada extensiva, pois correspondia a economia cabocla. Após essa data, passa a ser intensiva, caracterizada pela fixação de gaúchos, catarinenses e também paranaenses vindos de outras regiões, sendo o objetivo maior, a expansão da fronteira agrícola e guarnecimento das fronteiras internacionais, para o que, foi criado o Programa “Marcha para Oeste”, pelo governo Vargas. Em virtude disso, fazia-se intensa propaganda, especialmente no norte do Rio Grande do Sul e oeste de

Santa Catarina, onde as terras encontravam-se totalmente ocupadas e, sendo as famílias bastante numerosas, significava que teriam problemas no momento de repassá-la para os filhos. Diante disso, o jeito era migrar. Destaque-se que, os deslocamentos populacionais sempre existiram, desde os primórdios e, de modo geral, motivados pela mesma causa: busca de melhores condições de vida. E, neste caso, não foi diferente, uma vez que migrar para o Sudoeste significava lutar para sobreviver como pequeno produtor familiar. (GOMES, 1986:10). Acontece que, além de pequenos produtores, a partir de 1950, chegam à região Companhias Imobiliárias que se apresentam como verdadeiras donas das terras. Instaura-se um clima de desconfiança e insegurança. Com o passar do tempo e o desenrolar dos acontecimentos, isso evolui para a coerção e violência. O que, só começa a se resolver quando os posseiros unem-se e resolvem reagir. Após isso, é criado o Grupo executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná (GETSOP), cuja incumbência era legalizar as terras em favor dos seus ocupantes, ou seja, os posseiros. Em 2007, ao comemorarmos o cinqüentenário do Levante dos Posseiros não se pode deixar de refletir sobre o passado conflituoso, do qual o sudoeste foi palco e, de modo especial, olharmos para esse momento histórico como um legado deixado pelas famílias que viviam na região, sobretudo no que diz respeito a união e organização em defesa do bem mais precioso de que dispunham: a família e a terra. BIBLIOGRAFIA GOMES, Iria Zanoni. 1957: a revolta dos posseiros. Curitiba: Criar, 1987. GOMES, Roberto. Os dias do demônio. Curitiba: Criar, 2001. LAZIER, Hermógenes. Análise histórica da posse da terra no sudoeste paranaense. Francisco Beltrão: Grafit, 2ª ed. 1997. LAZIER, Hermógenes. Paraná: terra de todas as gentes e de muita história. Francisco Beltrão. Grafit, 2003. MARTINS, Rubens. Entre jagunços e Posseiros. Curitiba. 1986. NADÁLIN, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do território, população e migrações. Curitiba: SEED, 2001. VOLTOLINI, Sittilo. Retorno 2. Pato Branco. 2 ed. FATEX, 2003. WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. 10ª ed. Curitiba; Imprensa Oficial do Paraná, 2002. (Colação Brasil Diferente). WACHOWICZ, Ruy. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. Curitiba, Lítero Técnica. 1985. (Estante Paranista).

Sugestão de Leitura

Categoria: Livro

Sobrenome: Gomes

Nome: Iria Zanoni

Título do Livro: 1957: A revolta dos Posseiros

Edição: 2

Local da Publicação: Curitiba

Editora: CRIAR

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 1987

Comentários:

Obra disponível em todas as bibliotecas das escolas que ofertam Ensino Médio (Temas e autores paranaenses).

É resultado da Dissertação de Mestrado em Sociologia, feito pelo Professora Iria, no Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Publicado inicialmente em 1986 pela CRIAR edições e , em 1987 feita sua 2ª edição.

Livro de entendimento fácil, pois a autora utiliza linguagem agradável e portanto a leitura flui de forma tranquila resultando no entendimento dos acontecimentos.

Recorre a outros autores e entrevistas para ir apresentando suas considerações em torno do tema, o que explicita sua preocupação em fundamentar suas afirmações.

Compõe-se de 3 capitulos, sendo que no 1º a autora procura caracterizar a ocupação da região sudoeste do Estado, destacando o papel desempenhado pela CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório) na consolidação da estrutura produtiva regional, enfatizando a relação comerciante/colono. No 2º capitulo, apresenta uma retrospectiva histórica em torno da disputa das terras da região, destacando a indefinição judicial a respeito do assunto, o que permite que a CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Ltda

Categoria: Periódico

Sobrenome: Voltolini

Nome: Sittilo

Nome do Periódico: 50 anos: Revolta dos Posseiros (1957 - 2007)

Local da publicação: Pato Branco

Volume:

Número: 1

Disponível em (endereço WEB):

Data de Publicação (mês.ano): Julho/2007

Comentários:

O resgate Histórico desta publicação foi realizado pelo Professor Patobranquense, Sittilo Voltolini e contou com a participação dos municípios que integram a 14ª Regional de Cultura, coordenada por Jair Dilceu Weich; teve os seguintes apoios: Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer e Departamento de Cultura de Pato Branco; AMSOP (Associação de

Municipios do Sudoeste do Paraná), presidida por Élson Munaretto; Secretária de Estado da Cultura, dirigida por Vera Maria Haj Mussi Augusto e, Governo do Estado do Paraná Roberto Requião de Mello e Silva.

O objetivo central de tal publicação: "Resgatar o passado de lutas, para valorizar a liberdade do

presente", ilustra a importância das lutas empreendidas pelos posseiros na década de 1950, especialmente no que tange a tranquilidade e liberdade que as gerações atuais que habitam o sudoeste do Estado podem desfrutar.

Publicação rica em informações e que conta com uma série de fotografias históricas sobre os acontecimentos além de mapas que facilitam a localização das terras envolvidas na disputa.

Resta reafirmar que vale a pena ser lida esta publicação, pois de forma suscinta nos possibilita a compreensão dos acontecimetnos que tiveram como palco as terras do sudoeste do Estado e, como atores, os posseiros que aqui viviam.

Categoria: Outros

Sobrenome: Cordeiro

Nome: Adelino

Título: À quem pertenciam as terras do Sudoeste do Paraná

Disponível em (endereço WEB):

Data de Publicação (mês.ano): /

Comentários:

Poesia que retrata, ao longo de seus versos, a História da região Sudoeste do Estado. Escrita por Adelino Cordeiro, morador na Comunidade de Alto Bela Vista, município de Enéas Marques - Sudoeste do Paraná. Segue a letra da mesma.

À QUEM PERTENCIA AS TERRAS DO SUDOESTE DO PARANÁ

A ocupação do sudoeste do Paraná Quero contar em versos rimados.

Para entender o presente Tem que falar do passado.

Do Uruguai a Foz do Iguaçu Tinha três interessados.

Esta grande área de terra

Era de interesse da Argentina. Houve Também uma luta forte Do Estado de Santa Catarina. Os paranaenses lutaram muito

Por esta área sudoestina.

Existiam índios e brancos, Mas não cultivavam a terra. Os brancos viam os índios

Como se fossem feras. Para livrar-se dele,

Matavam na tocaia e na espera.

Os brancos diziam que os índios Impediam o progresso.

Os brancos eram “heróis”, Os índios eram perversos. Nas coisas boas da vida, O índio não tinha acesso.

O Brasil negociava com a Argentina As terras dessa região.

Com a intermediação dos americanos, O Brasil ganhou a questão.

Entre Santa Catarina e Paraná Não havia demarcação.

Em mil novecentos e dezesseis Os limites foram respeitados,

Paraná e Santa Catarina Tiveram os terrenos marcados.

Na época o sudoeste Era pouco habitado.

Existia só o município de Palmas Em toda a região.

Era a porta principal De entrada da população.

Os índios faziam trincheiras Para evitar a invasão.

No inicio esta região Era muito contestada.

De Mariópolis até a fronteira Quase não era habitada.

Somente umas 6.000 famílias Construíram suas moradas.

Na década de 40 Aumentou a população, Começaram a produzir

Suíno, milho, feijão. A partir de 1950

Iniciou os conflitos na região.

A Companhia CITLA Instalou-se em Francisco Beltrão. Para colonizar a Gleba Missões,

Obrigava o povo comprar Ou fazer desocupação.

Na época também veio A CANGO para Francisco Beltrão.

Um órgão federal Para defender a região. Evitando que o sudoeste Sofresse alguma invasão.

A CITLA tumultuou O processo de colonização.

Começou atemorizar Os moradores da região.

Quem não aceitou a proposta Sofreu muita humilhação.

A CITLA contratou jagunços Para pressionar os posseiros

A assinar os contratos. Deixou todos no desespero. O preço das terras era alto

E o pessoal, não tinha dinheiro.

O grande problema da CITLA Foi encontrar as terras ocupadas.

Os sitiantes não tinham para onde ir. A confusão estava armada.

O povo viu que, era só unido Para enfrentar a jagunçada.

O povo foi se organizando. Não agüentava o clima violento.

Os jagunços saqueavam e matavam Sem nenhum constrangimento.

Quando alguém queria enfrentar Partiam pro espancamento.

A CITLA contratou mais ou menos Cem bandidos profissionais.

Aqueles mais ferozes, Ganhavam um pouco mais.

Os posseiros não tinham saída, Ninguém vivia em paz.

Seviciaram mulheres, Mataram muitas crianças.

Os fatos acontecendo, Ninguém tinha segurança.

Começou a organização do povo Através de algumas lideranças.

Os jagunços contratados Tinham um arsenal de armamentos.

Tinham jipes e caminhonetes, Para praticar atos violentos. Incendiavam casas e galpões Com tudo o que tinha dentro.

Um farrapo resolveu resistir. Não agüentava mais tanta crueldade.

Os jagunços irados, mataram suas filhas De nove e onze anos de idade.

Seviciaram sua esposa, Castraram o homem sem piedade.

Esta foi mais uma gota d’água Para acontecer a revolução.

O povo foi convidado Para se reunir em Francisco Beltrão.

Mais de seis mil pessoas Vieram de toda a região.

Enquanto Walter Pecóits As negociações fazia,

Trezentos homens armados Foram até a Companhia. Vendo aquela multidão,

O pessoal da CITLA fugia.

Em outubro de 1957,

Foi que este fato aconteceu. Logo veio o governo Ney Braga

E o pedido do povo atendeu. Quem queria tomar as terras

Nunca mais apareceu.

Categoria: Livro

Sobrenome: Lazier

Nome: Hermógenes

Título do Livro: Análise histórica da posse da terra no sudoeste paranaense

Edição: 2

Local da Publicação: Francisco Beltrão

Editora: Grafit

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 1997

Comentários:

Livro muito significativo para quem busca compreender o que aconteceu na região.

Resulta da pesquisa de Mestrado desenvolvida pelo Professor Hermógenes Lazier, durante o curso na Universidade Federal do Paraná, nos anos de 1979/80, cuja 1ª edição foi publicada em 1986 com patrocinio da Secretária de Estado da Cultura e Esporte do Paraná. a 2ª edição, lançada no ano seguinte, foi patrocinada por Wilmar Reichembach, proprietário da Livraria Fonte Nova, de Francisco Beltrão

Apresenta várias fotos e documentos anexados que complementam as informações apresentadas ao longo do livro, de forma bem fundamentada pela autor, cuja preocupação central era historicizar a respeito da posse da terra, as lutas em torno disso até finalmente serem expedidos os documentos em favor dos posseiros.

Trata-se de uma obra que, com toda certeza, não pode faltar no estudo do assunto "Levante dos

Posseiros". O autor, além das fotos e documentos referidos, apresenta mapas que permitem a localização da região disputada, no caso, o Sudoeste do Estado. Vários quadros e gráficos com informações que permitem a percepção do crescimento populacional, lugares de origem da mesma, aumento da produção, principais produtos produzidos, comercialização dos mesmos, etc. ou seja, o autor traça um panorama da região.

Caracteriza a região, o povoamento, e trata da criação e ações realizadas pela CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório), CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Ltda) e GETSOP (Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná).

Categoria: Periódico

Sobrenome: Lazier

Nome: Hermógenes

Nome do Periódico: Gente do Sul

Local da publicação: Francisco Beltrão

Volume:

Número: 41

Disponível em (endereço WEB):

Data de Publicação (mês.ano): Outubro/1997

Comentários:

Publicação especial sobre o tema: A Revolta dos Posseiros. Realizada em comemoração aos 40 anos do movimento.

Traz informações sobre a sucessão de fatos que desencadearam o Levante dos Posseiros, além de uma série de fotos que contém em si outras tantas informações.

Organizada no formato de entrevista com o Professor e Historiador beltronense Hermógenes Lazier, o

qual tem uma maneira bem peculiar de apresentar o assunto, sempre assumindo o importante papel de trazer à tona as informações.

Destina-se a qualquer tipo de leitor que busque informações sobre o ocorrido.

Categoria: Outros

Sobrenome: Hoinatz

Nome: Pedro

Título: Sou Sudoestino

Disponível em (endereço WEB):

Data de Publicação (mês.ano): /

Comentários:

Poesia feito pelo Sr. Pedro Hoinatz, morador do município de Salto do Lontra, por ocasião das comemorações dos 50 anos do Levante.

Segue a letra da poesia, a qual retrata, de forma sucinta, os acontecimentos que atingiram a região:

SOU SUDOESTINO Faço alguma poesia

Quando o povo me convence Me pediram pra escrever

Pro povo paranaense Aonde eu moro desde menino

Como um bom sudoestino Sou morador lontrense.

Já fiz outras poesias Falando do meu Estado

Nesta eu quero falar De meio século passado

Quando a imigração chegava No sudoeste encontrava

Jagunço e bandido armado.

Os colonos iam chegando Trazendo muita esperança No sudoeste encontravam

Grande conflito e lambança Pois muitos pais de família Morreram em armadilha

Deixando órfãs as crianças.

Eu era ainda menino Mal me lembro como era A colonização do sudoeste

Se transformou numa guerra Entre jagunço e posseiro

Muitas pessoas morreram Por um pedaço de terra.

O Sudoeste foi palco De uma grande confusão Precisou raça e coragem Pra enfrentar a situação Perdendo noites de sono Foi assim que o colono Defendeu este torrão.

Muitos colonos perderam As terras para os grileiros

Outros morreram em tocais Na mira dos pistoleiros

Foi muito triste esta história Graças a deus a vitória

Foi em nome dos posseiros.

Categoria: Livro

Sobrenome: Gomes

Nome: Roberto

Título do Livro: Os dias do demônio

Edição:

Local da Publicação: Curitiba

Editora: CRIAR

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 2001

Comentários:

Os Dias do Demônio é um livro que, na condição de romance histórico, procura apresentar os acontecimentos da região de forma agradável e por vezes recorrendo ao humor, o que só torna sua leitura mais atraente, despertando a imaginação.

Como dito, trata-se de romance histórico, ou seja, o autor preocupa-se em apresentar os acontecimentos da região, não com o rigor exigido pela história, mas de forma romanceada, o que respalda a indicação da obra entre as leitura do tema, uma vez que torna sua leitura mais "leve' e agradável.

Os fatos, nomes, locais e datas são preservados e referenciados de forma adequada ao longo da obra. E, o mais interessante, dá a impressão, por vezes nítida, de que o autor consegue penetrar na alma do leitor e dar vida a seus personagens, os quais não são totalmente fíticios, pois como afirmei, os nomes, locais, fatos e datas são mantidos.

Categoria: Livro

Sobrenome: Wachowicz

Nome: Ruy Crhistovam

Título do Livro: Paraná, Sudoeste: ocupação e Colonização

Edição:

Local da Publicação: Curitiba

Editora: Lítero Técnica

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 1985

Comentários:

Livro que merece ser estudado, não apenas lido!

Digo isto em virtude da gama de conhecimentos que o autor apresenta ao longo obra.

Trata-se de uma obra especifica a respeito do Sudoeste do Paraná, por esta razão, não há como falar da região sem o amparo desta obra de WACHOWICZ. Aliás, este autor escreveu outras obras que podem ser consultadas a respeito.

Como afirmado anteriormente, trata-se de um livro específico sobre a região, pondo em evidência os fatos ocorridos, dos quais destacamos os seguintes capítulos: O Território Federal do Iguaçu, o Estado do Iguaçu, o grilo Missões, O levante dos posseiros, nos quais o autor discute a tragetória histórica da região.

Lembrando que, para a compreensão não ficar prejudicada é necessário a leitura completa da obra.

Categoria: Livro

Sobrenome: Martins

Nome: Rubens da Silva

Título do Livro: Entre jagunços e Posseiros

Edição: 1

Local da Publicação: Curitiba

Editora: Não identificada

Disponível em (endereço WEB):

Ano da Publicação: 1986

Comentários:

Livro que não pode faltar entre as leituras sobre o tema "Levante dos Posseiros".

Contém uma quantidade grande de fotos e informações relevantes sobre o assunto, o que só auxilia na compreensão dos acontecimentos, pois todas as versões apresentadas a respeito do tema devem ser consideradas e sobretudo, apresentadas ao leitor, cabendo a este uma análise criteriosa a respeito.

O autor, Rubens Martins, procura ao longo de sua obra, problematizar os fatos, ou seja, possibilitar que o leitor faça uma análise ampla, fornecendo-lhe elementos para isso, uma vez que sua obra "destoa" da grande maioria da literatura do tema.

Traz informações sobre fatos e pessoas, que na maioria dos escritos sobre o tema são "acusados" e nesta obra os mesmos são "explicados", se é que se pode fazer uma referência deste modo, pois o autor procura demonstrar com sua argumentação que a falta de clareza atingia a todos da região e também os "grileiros", como são comumente chamados os que comercializavam as terras da região, também estes foram lesados, em maior ou menor proporção.

Imagens

Comentários e outras sugestões de Imagens:

Sobre o Levante dos Posseiros, existem muitas imagens, sobretudo fotos da época e que podem ser utilizadas. Recomendamos que isso seja feito, especialmente ao ser trabalhado o tema.

Nossa opção por esta imagem tem um significado especial, uma vez que reporta as comemorações do cinquentenário do Levante, comemorado no ano de 2007, uma vez que o Levante ocorreu em 1957.

No caso da região Sudoeste do Estado do Paraná, as mãos firmes e fortes dos posseiros não tiveram receio de deixar de lado os instrumentos de trabalho e pegar em armas quando a integridade da família corria perigo. Infelizmente nisso, muita gente morreu. Contudo, o saldo foi positivo e hoje, está provado que as mãos que lutaram e defenderam seu pedaço de chão e sua família, na verdade são mãos que semeiam a paz e querem que, também as gerações vindouras assim vivam.

Os rostos representados na Logomarca Oficial do Levante, imagem que escolhemos para ilustrar o presente OAC, na verdade representam todos os rostos dos posseiros do Sudoeste do Estado do Paraná, os quais deixam às gerações atuais e futuras um legado de luta permeado de trabalho.

Pensamos que a imagem escolhida, expressa com clareza isso.

Sítio

Título do Sítio: As disputas pela terra no Sudoeste do Paraná: os conflitos fundiários dos anos 50 e 80 do século XX

Disponível em (endereço web): http://www.campoterritorio.ig.ufu.br

Acessado em (mês.ano): Setembro/2007

Comentários: Trata-se de um artigo publicado na Revista de Geografia Agrária, V.1, n.2, p.65-91,em agosto de 2006, de autoria do professor Elir Battisti, no qual ele discute as disputas por terra ocorridas na região sudoeste do Paraná e a forma como os fatos foram se somando e se agravando. Aponta ainda para a continuidade da luta pelo direito a terra que se processa atualmente sob a égide do MST e a participação feminina nesse processo.

Título do Sítio: Revolta dos Posseiros: era chegada a hora de ir para o mato e prender os jagunços

Disponível em (endereço web): http://www.aquisudoeste.com.br

Acessado em (mês.ano): Setembro/2007

Comentários: Destaca a atuação de Jácomo Trento, conhecido como Porto Alegre, nas ações de organização do levante e auxilio na prisão de jagunços, quando do término das ações dos posseiros no que se refere a expulsão das companhias grileiras de terra instaladas na região. Inclui trechos de depoimentos de Jácomo, podendo ser considerado um relato sucinto dos acontecimentos de que foi palco o Sudoeste do Estado. De leitura rápida e sobretudo de entendimento fácil, por esta razão pode perfeitamente ser utilizado para trabalhos de sala de aula, uma vez que suscita a discussão em torno do assunto "Levante dos Posseiros".

Título do Sítio: Revolta de posseiros, e não de colonos (1)

Disponível em (endereço web): http://www.jornaldebeltrao.com.br/

Acessado em (mês.ano): Setembro/2007

Comentários: Texto de autoria do Professor e Historiador Hermógenes Lazier, no qual, o mesmo esclarece que não foram apenas colonos que participaram do levante, uma vez que ninguém possuia titulo definitivo de propriedade da terra, sendo, portanto todos posseiros, independente da atividade que exerciam quer fosse no comércio, na agricultura ou como profissionais liberais. Possui arquivo com outros textos do autor citado,dos quais destacamos os seguintes: 27/04/07: A Citla, desde 1951, atuava ilegalmente. 04/05/07: "O sacríficio é o apanágio que santifica os sonhadores". 15/06/07: Revolta de 1957, debate necessário. Tratam-se de textos curtos e esclarecedores, por isso recomenda-se a leitura.

Sons e Vídeos

Categoria: Vídeo

Título: 1957: a conquista do Sudoeste

Direção: Lu Rufalco

Produtora: Secretaria de Estado da Cultura

Duração (hh:mm): 00:50

Local da Publicação: Curitiba

Ano: 2007

Disponível em (endereço web):

Comentário:

DVD produzido pela Secretaria de Estado da Cultura, com apoio do Governo do Estado.

Conta com a participação de vários agricultores e agricultoras, pessoas do comércio, radialistas, jornalistas e autoridades, que vivenciaram os acontecimentos na época e dão sua versão, a qual é complementada pela participação de vários pesquisadores do tema.

Apresenta ainda, diversidade de fotos, o que enriquece o relato apresentado.

É de fácil entendimento pois utiliza linguagem simples, por esta razão pode ser utilizado também por outras pessoas, na certeza de compreender os fatos relatados e, de modo especial, recomenda-se que seja visto e discutido nas Escolas.

Disponível no acervo de: Secretaria de Estado da Cultura e Secretarias Municipais de Educação da região sudoeste

Categoria: Áudio-CD/MP3

Título da Música: A história do Sudoeste

Intérprete: Zé e Nóca

Título do CD: Terra e Campo em Canto

Número da Faixa: 6

Número do CD: 1

Nome da Gravadora: Estúdio Naja Aúdio Digital

Ano: 2003

Disponível em (endereço web):

Local:

Comentário: Destacamos esta música, por sua letra representar de forma documental, alguns fatos ocorridos no Sudoeste do Estado do Paraná. Trata-se de uma letra que possibilita realizar trabalhos em sala de aula que vão desde a interpretação até a busca maior de informações. Os autores e intérpretes, JOSÉ COELHO DA SILVA e RUFINO FRANZ, conhecidos como Zé e Nóca, respectivamente, residem no município de Salto do Lontra - PR, e autorizaram a divulgação da letra na íntegra, sem ônus algum, conforme documento assinado no dia 24 de maio de 2008.

Texto (ex: letra da música): HISTÓRIA DO SUDOESTE

(Zé e Nóca)

A história do sudoeste como lema de uma prece pra vocês eu vou contar, De um povo humilde e sério enfrentar esse mistério sem pensar em recuar, Homens, mulheres e crianças, juventude com esperança nesta terra se arrumar, Sem pensar que atrás do muro, gente de coração duro viesse pra atacar. Jagunços e pistoleiros, homens feios e forasteiros sem ter pena de ninguém, Matava criança com espada e a mãe sem falar nada ia pra espada também, Quantas famílias destruídas, malvados tirando a vida de quem só fazia o bem, Mas como tudo termina está escrito suas cinas, pagar com a morte também.

O povo se reunia com jagunços combatiam foi isso que aconteceu, Com a vitória dos colonos das terras ficaram donos a força foi Deus quem deu. A luta foi dura e forte enfrentaram a vida e a morte pra defender o que é seu, A batalha foi sucesso hoje existe o progresso de um povo que venceu. Das mulheres surgiu a idéia, decidiram em uma assembléia deste fato relembrar De uma história verdadeira manchou de sangue a poeira difícil de acreditar, Foi lá nos anos 50 que esta luta sangrenta abalou o Paraná, Mudaram a Constituição e os conflitos da Nação não sei quando vai parar. Oh! Deus todo poderoso nosso Pai que é tão bondoso abençoa esta Nação, Faz o povo brasileiro mais sincero e mais ordeiro uma família de irmãos, A batalha foi vencida que ninguém mais perca a vida por um pedaço de chão, Que os sem terra e os fazendeiros seja um pouco mais ordeiro, Com amor se dêem as mãos.

Disponível no acervo de: Particular e ASSESOAR

Notícias

Categoria: Jornal

Sobrenome:

Nome:

Comentários:

Conta com entrevista do Sr. Arduíno Cavalli, concedida a Ivo Pegoraro, do Jornal de Beltrão, na qual esclarece a respeito da tocaia do Km 17, ocorrida no ano de 1957. Ocasião em que se divulgou sete mortes, ficando porém a dúvida: Não teriam sido seis? Já que o próprio Arduíno fora dado como morto?

Este, após o término da matança e a retirada do pessoal, mesmo ferido, conseguiu fugir.

Esta entrevista encontra-se ilustrada com fotos.

Vale a pena ser lida. Para os que desejam fazê-lo, o endereço eletrônico do Jornal é: www.jornaldebeltrao.com.br/

Categoria: Jornal

Sobrenome:

Nome:

Comentários:

O texto da reportagem traz dados importantes sobre a região sudoeste na época do Levante, como povoamento, disputa judicial, produção e outros. O que respalda a inclusão da mesma e por

conseguinte, sugere-se que seja feita a leitura e análise.

A publicação original foi feita na Revista Manchete pelo repórter Carlos Lemos e as fotos utilizadas para ilustrar a reportagem são de Francisco Klava.

Não consta data, da publicação inicial - deduz-se que foi no ano de 1957, e agora é novamente publicada no dia 8/8/2007 pelo Jornal de Beltrão, Coluna Revolta dos Posseiros - 27.

Por considerarmos relevante para o estudo do tema é que sugerimos a leitura da mesma, a qual poderá ser acessado no endereço do jornal: www.jornaldebeltrao.com.br/

Curiosidades

Título: Homem que ajudou a matar seu próprio pai, na tocaia, não falava pros filhos sobre a Revolta

Fonte: Jornal de Beltrão (2.10.2007 - p. 10)

Texto:

"A tocai do Km 17, de 14 de setembro de 1957, foi um dos episódios mais marcantes, primeiro porque em

vez de matar somente jagunços, como haviam planejado, os posseiros mataram dois funcionários das

companhias e quatro colonos; sendo, que um dos colonos da tocaia ajudou matar seu próprio pai. A imprensa nacional noticiou que um dos mortos chamava-se Paulo “Ambros”, mas o correto é Paulo

“Ambrust”. Quem atirou foi o filho Oscar Ambrust". O trecho acima foi transcrito da reportagem e dá uma idéia da relevância das informações contidas. A entrevista completa com Líria Ambrust Furtado, filha de Oscar, foi publicada no Jornal de Beltrão, do dia 10.10.2007, coluna 32. Aqui transcrevemos apenas um trecho, mas vale a pena conferir a entrevista completa e ainda as outras publicações que o Jornal citado tem feito a respeito do assunto. Para os que desejam fazê-lo o endereço eletrônico do Jornal é: www.jornaldebeltrao.com.br/

Curiosidades

Título: O tempo da Revolta - Lembranças de quem viveu

Fonte: Jornal de Beltrão -Suplemento Especial (10/10/2007)

Texto:

Trata-se de um Suplemento Especial do Jornal de Beltrão, publicado em 10 de outubro de 2007, com 44 páginas.

Publicado em comemoração ao Cinquentenário da Revolta ocorrida em 1957, a qual tem como data

oficial o dia 10 de outubro, data em que ocorreu a tomada da cidade de Francisco Beltrão pelos posseiros resultando na expulsão das companhias e jagunços. E, posteriormente, o Governo Federal cria o GETSOP (Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná), cuja finalidade era medir, demarcar e titular as terras em favor dos ocupantes, no caso, os posseiros.

Traz uma série de entrevistas e reportagen especiais com quem vivenciou os acontecimentos e teve participação destacada nos mesmos. Por esta razão, a sua inclusão neste OAC como "Destaque", pois a intenção de sua indicação é a possibilidade de ser lido por todos os interessados no asssunto.

Também reiteramos, que a contribuição do Jornal de Beltrão tem sido grande no sentido de preservar não apenas a História, mas também a Memória de quem viveu e sentiu na pele os embates do conflito ocorrido no sudoeste do Estado.

Para os que desejam ter acesso ao conteúdo do Suplemento, o site do Jornal de Beltrão é: www.jornaldebeltrao.com.br e o telefone: 46 3520 40 00

Investigando

Título: ILEGALIDADE E CONFUSÃO

Texto: O presente OAC tem por finalidade trazer o tema LEVANTE DOS POSSEIROS à tona, possibilitando discussões e reflexões a cerca do mesmo, sobretudo porque temos convicção da sua relevância para a configuração atual da região sudoeste do Estado. Tendo o Levante ocorrido no ano de 1957, pensamos ser, seu cinqüentenário, um momento propício para isso, inclusive para uma análise a respeito do caminho percorrido pela população sudoestina, especialmente no que tange a avanços, conquistas, desenvolvimento. E isso se aplica a questões sociais, econômicas, políticas, culturais, etc. Resta saber: Como isso se processou? Povoar o sudoeste era uma estratégia para ocupar os “espaços vazios”, implícita no Programa Marcha para Oeste. Tarefa que tinha ainda, caráter patriótico, objetivando nacionalizar e garantir as fronteiras, dando segurança interna ao país. Então, fica a pergunta: Vargas teve êxito em tais propósitos? Que problemas derivaram disso? Nesse contexto foram criadas a CANG (Colônia Agrícola 0Nacional de Góias) em 1941; e em 1943, a CAND (Colônia Agrícola Nacional de Dourados, MS) e CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório, sede Francisco Beltrão). Em cumprimento as metas estabelecidas pelo Programa Marcha para Oeste, o Governo fez várias concessões de terra, a respeito das quais Manoel Ribas, Interventor Federal, constatou irregularidades e envia relatório à Getúlio Vargas, referente ao período 1932/9, que resulta na anulação de uma série delas. Foi nesse contexto de intervenção federal, é que se processou a colonização da região, levada a cabo pela CANGO, criada pelo Decreto Federal Nº. 12.417, de 12 de maio de 1943, nos seguintes termos: (...) fica criada a Colônia Nacional General Osório, no Estado do Paraná, na faixa de 60 km da fronteira,

na região Barracão-Santo Antônio em terras a serem demarcadas pela Divisão de Terras e Colonização do

Departamento Nacional de Produção Vegetal do Ministério da Agricultura. Paragráfo único: a área a ser demarcada não será inferior a 300 mil hectares. (in LAZIER, 1997: 34/5). A esse respeito, Wachowicz, assim se manifesta: Acontece, porém que a criação da CANGO foi um ato juridicamente arbitrário. O território da CANGO foi

localizado em grande parte em terrenos que outrora pertenceram a BRAVIACO. Com o Decreto 300 do

interventor Mario Tourinho, essas terras voltaram ao domínio do Estado do Paraná. A Brazil Railway Co.,

inconformada, entrou na justiça com processo de reintegração de posse. Estavam, portanto esses terrenos

sub judice. A justiça não havia ainda decidido quem era o legitimo proprietário: a Brazil Railway Co. ou o

Estado do Paraná. O governo federal também se julgou com o direito de ser proprietário dessas terras e

criou na região a CANGO. Como em 1943 era a época de plena ditadura do Estado Novo, esses

acontecimentos passaram despercebidos, e sem maiores comentários. Mas, o caso jurídico foi criado.

Grandes foram os aborrecimentos e as tensões geradas posteriormente. Nenhuma parte envolvida tinha

condições de passar escritura legal aos colonos, que foram estabelecendo-se nos limites da

colônia.(WACHOWICZ, 1985:150). Em função da disputa jurídica entre CEFSPRS, Governo do Estado e Governo Federal, os primeiros habitantes, trazidos pela CANGO, apenas recebiam um protocolo, mas havia ainda os que se embrenhavam nas matas ou que tinham comprado a posse em troca de um revólver, espingarda, cavalo, etc, o que era comum já que as terras eram muito abundantes e por conseguinte, tinham pouco valor. Isso significa que, sem documentação, todos eram posseiros, independente de serem agricultores ou profissionais liberais, ninguém era dono da terra que ocupava. Sendo assim, o LEVANTE não envolveu apenas colonos, mas também comerciantes e profissionais liberais, uma vez que ninguém tinha tranqüilidade e segurança para trabalhar e cuidar da família. No entender de WACHOWICZ, O legislador que redigiu o decreto nº. 12.417 sabia perfeitamente da ilegalidade da fundação da Colônia.

Não definiu os limites da mesma e sim apenas a sua extensão, a qual não poderia ser inferior a 300 mil

hectares, mas não estabelecia o máximo. Por sinal, os limites da Colônia nunca foram demarcados. O

objetivo prático foi atrair o excedente de mão de obra agrícola do Rio Grande do Sul, a fim de dar inicio a

colonização do Território Federal do Iguaçu, criado no ano de 1943 também. (WACHOWICZ, 1985: 181/2). Diante do exposto, nos cabe a seguinte análise: Se esta situação surgisse nos dias de hoje, que encaminhamentos seriam dados? Haveria maior agilidade na resolução da mesma? Como foi possível tantos supostos “donos” disputarem a mesma área e, pior, disporem de argumentos para isso? Quem será que obteria ganho de causa? Se você fosse incumbido de julgar isso, qual seria seu veredicto? Em que se basearia para a tomada de decisão?

Propondo Atividades

Título: Análise, Discussão e Seminário

Texto: Propomos a análise e discussão a respeito do tema "Levante dos Posseiros", o qual deverá culminar com a socialização das idéias através da realização de Seminário. Tais atividades tem por objetivo: Aprofundar o conhecimento sobre o Levante dos Posseiros ocorrido em 1957 no Sudoeste do Paraná A fim de dar cumprimento as atividades propostas, os textos, sobretudo dos jornais, livros e periódicos indicados, serão fundamentais. A leitura e análise inicial será realizada em pequenos grupos para posteriormente serem socializadas com a turma toda através de seminário. Pensou-se esta atividade para ser desenvolvida por turmas de Ensino Médio, as quais tem em média 40 alunos. Ao final, esta atividade deverá ser avaliada, levando-se em contra sobretudo o empenho no desenvolvimento das leituras, análise e discussão dos acontecimentos que forem sendo levantados a partir de leituras realizadas. A realização do seminário constitui outro momento rico e passivel de avaliação, especialmente no que se refere a clareza da exposição das idéias levantadas, abordagens feitas e discussão em torno das mesmas. Observar para que todos, mesmo os mais timidos possam se expressar. Faz-se necessário esclarecer, que inicialmente, o professor fará uma apresentação do tema, explanando

sobre o mesmo. Após isso, propor algumas leituras discussão e análise sobre o assunto. Atividade a ser feita em pequenos grupos, dando-lhes tempo para isso e, na data marcada organizar e realizar o seminário de socialização dos dados colhidos. Para concluir, propor o desenvolvimento das atividades que seguem, as quais serão posteriormente discutidas com a turma toda e ficará a critério do professor a avaliação em torno do desenvolvimetno das mesmas. 1. Procure saber mais a respeito do povoamento das outras áreas do Estado. 2. No sudoeste, os posseiros enfrentaram muitas dificuldades até obterem a documentação das terras, entre as quais, represálias que sofreram por parte dos grileiros. Discuta com os colegas e professor como funciona a grilagem de terras e o que vem ocorrendo no Pará e parte da Amazônia. 3. Procure saber o tamanho das concessões feitas na época da colonização do Estado e os motivos pelos quais o governo as fazia. 4. Trace um paralelo entre as armas que são utilizadas atualmente, discutindo as situações em que são usadas e as que os posseiros possuíam na época do Levante. Lembrando que algumas eram instrumentos de trabalho. Procure saber: Chegaram a ser utilizadas? Em que situações? 5. Por ocasião do Levante em Francisco Beltrão, os presos foram liberados, tiveram seus nomes anotados em cadernos e pelo rádio foram comunicados quando deveriam retornar. E de fato retornaram. Diante disso, o que se pode concluir? Por que razões será que estavam presos? Pode-se afirmar que até os presos, nessa época, eram mais honestos? Quais eram as infrações mais comuns nesse período? Que valor se atribuía à palavra empenhada? 6. Pesquise alguns termos comuns ao vocabulário daquele período, bem como os idiomas falados na região, especialmente o alemão, italiano e polonês, buscando saber a razão de terem caído em desuso. 7. Converse com pessoas que vivenciaram tais acontecimentos e faça um relatório das informações obtidas. Se possível, convide-os para virem contar aos demais colegas da turma. 8. Procure com o auxílio de mapas, refazer os caminhos percorridos nos deslocamentos populacionais que impulsionaram o povoamento da região sudoeste, buscando conhecer as razões de tais deslocamentos e as dificuldades enfrentadas. Isso com relação aos deslocamentos internos (migrações), podendo ainda, a critério do professor, evoluir para a compreensão do processo imigratório, especialmente europeu e as motivações disso. 9. Aponte o que seria diferente, caso o Paraná tivesse perdido a área de terra correspondente ao sudoeste para a Argentina. E se Santa Catarina tivesse ficado com toda a área disputada na Guerra do Contestado? 10. Discuta a questão diplomática que se criou entre Brasil e Argentina, em razão das cerca de 1.200 pessoas que se refugiaram naquele país, fugindo dos conflitos de 1957 e como isso foi resolvido. 11. Desenvolva levantamento do tamanho das propriedades que as famílias possuíam em seus locais de origem e a que conseguiram na região sudoeste, debatendo a diminuição do número de filhos por família e as relações disso com os meios de produção e o mercado de trabalho. 12. Promova discussão referente à importância dos documentos pessoais ou outros como era o caso da luta dos posseiros para obter a titulação das terras. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA GOMES, Iria Zanoni. 1957: a revolta dos posseiros. Curitiba: Criar, 1987. GOMES, Roberto. Os dias do demônio. Curitiba: Criar, 2001. LAZIER, Hermógenes. Análise histórica da posse da terra no sudoeste paranaense. Francisco Beltrão: Grafit, 2ª ed. 1997. LAZIER, Hermógenes. Paraná: terra de todas as gentes e de muita história. Francisco Beltrão. Grafit, 2003. MARTINS, Rubens. Entre jagunços e Posseiros. Curitiba. 1986. NADÁLIN, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do território, população e migrações. Curitiba: SEED,

2001. VOLTOLINI, Sittilo. Retorno 2. Pato Branco. 2 ed. FATEX, 2003. WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. 10ª ed. Curitiba; Imprensa Oficial do Paraná, 2002. (Colação Brasil Diferente). WACHOWICZ, Ruy. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. Curitiba, Lítero Técnica. 1985. (Estante Paranista). Anteriormente, descrevemos passo a passo como desenvolveremos as atividades, iniciando com explanação do professor sobre o tema, seguindo para as leitura sugeridos, realização de seminário das idéias e informações levantadas e por fim realização de atividades. Diante disso, ao final espera-se que todos tenham se envolvido com o tema em questão ficando a critério do professor fazer ou não avaliação individual a respeito do assunto. Caso o professor, opte por isso, sugere-se que solicite uma produção de texto, pois assim fica "aberta" maior possibilidade de expressão por parte do aluno quanto ao que aprendeu sobre o tema discutido. Quanto aos recursos necessários para a realização de tais atividades, vão desde: quadro e giz, material para leitura (livros, jornais, revistas e outras publicações sobre o tema). Sugere-se que o professor organize apresentação de fotos históricas sobre o assunto para a apresentação inicial e a partir das fotos vá fazendo a explanação do tema. As fotos podem facilmente ser conseguidas nas publicações sobre o assunto, quer seja em jornais, revistas, livros e outros periódicos.

Contextualizando

Título: ORIGENS DO PROBLEMA

Texto: As implicações desse processo vinham desde o império, quando em 10 de novembro de 1889, D. Pedro II, pelo Decreto Nº 10.432, concede ao engenheiro João Teixeira Soares, 30 km de terras devolutas para cada lado da linha, em troca da construção da estrada de ferro Itararé-Uruguai. Serviços que serão realizados pela CEFSPRS, do grupo Brazil Railway Company. Após o serviço recebe parte da concessão e pretendendo receber o restante, entra com recursos que o Ministério da Viação, julga em maio de 1908 procedentes e, em 1917 apresenta o cálculo de 2.100.000 hectares. Em virtude disso, o Paraná teve que fazer o pagamento, em terras devolutas, pois pela Constituição Republicana, estas haviam passado para o domínio dos Estados, correspondente a 30 km de cada lado da via. Todavia, algumas áreas estavam ocupadas, então se negociou a titulação de trechos fora do eixo da ferrovia, sobretudo nos sertões dos Rios Uruguai, Iguaçu e Piquiri. No ano de 1920, ocorre novo acordo entre CEFSPRS e o Paraná para a construção do ramal Guarapuava-Foz do Iguaçu. A Companhia recebe em 1º de outubro de 1920 a titulação das glebas Santa Maria, Silva Jardim, Riozinho e Missões, totalizando 514.355 hectares. Acontece que, esta repassou o serviço para a BRAVIACO, mas não passou a Gleba Missões. Com a intervenção federal no Estado, Mario Tourinho, através do Decreto Nº 300, de 30 de novembro de 1930, alegando o não cumprimento de cláusulas contratuais por parte da BRAVIACO, declara nulos os domínios de terras obtidos pela construção, ainda não concluída. A BRAVIACO, por sua vez, recorre e pressionado, o Governo Federal substitui o interventor, nomeando Manoel Ribas. O Paraná queria manter sob seu domínio a Gleba Missões, porém, pela Constituição de 1937, o Governo Federal cria a faixa de fronteira, numa extensão de 150 km, tirando-a do domínio do Estado e, em 1940, incorpora ao patrimônio da União todos os bens da CEFSPRS, incluindo esta gleba. Finalizada a disputa entre esta Companhia e o Estado do Paraná, abriu-se outra, agora, entre União e Estado. Questão que não havia sido julgada quando em 1943, Getúlio Vargas cria o Território Federal do Iguaçu na faixa de 150 km de fronteira (extinto em 1946) e, pior, cria a CANGO, nas mesmas terras. Para piorar as coisas, em fins do século XIX, José Rupp conseguiu do Governo de SC, contrato de arrendamento de terras devolutas para explorar erva mate e madeiras. Tais terras, por Decreto,

pertenciam a CEFSPRS, a qual requer judicialmente, e apreende grande quantidade de madeira e erva mate, mais tarde, estranhamente, “extraviadas”. Quando da anulação da medida em favor da CEFSPRS, José Rupp entra com ação indenizatória e obtém a penhora das glebas Missões e Chopim. A União tenta embargar. Veja que haviam se passado 18 anos e Rupp tinha ajuizado na 1ª Vara Civil Federal ação para fixar o valor que a CEFSPRS lhe devia pelos prejuízos causados quanto a perda da madeira e erva e a interrupção das atividades. Em 11 de janeiro de 1945 a ação é julgada e a Companhia condenada a pagar à Rupp o equivalente a Cr$ 4.720.000,00 + juros a serem calculados desde 1938. Como os bens da Companhia haviam sido incorporados ao patrimônio da União, o Poder Público Federal é que deveria fazer o pagamento. Nos anos seguintes, Rupp fez várias tentativas e como não conseguia receber, em 26 de junho de 1950, vende seus direitos à Companhia Industrial e Territorial Ltda (CITLA – situacionista, ligada ao PSD, detentora do poder a nível Estadual e Federal), que passa a requerer o pagamento da indenização. O último indeferimento à Rupp foi assinado pelo Superintendente Antônio Vieira de Melo, em 1º de julho de 1950. Em 17 de novembro de 1950, apenas 4 meses depois, o mesmo superintendente titula para a CITLA a gleba Missões e parte da gleba Chopim, abrangendo uma área de 198.000 alqueires, incluindo faixa de fronteira com a Argentina, o território da CANGO, propriedades particulares de cerca de 3.000 famílias e as sedes distritais de Francisco Beltrão, Santo Antônio e Capanema. Para que essa transação tivesse validade precisava ser registrada em Cartório. Então o INIC (Instituto Nacional de Imigração e Colonização) e CSN (Conselho de Segurança Nacional) comunicam todos os cartórios do Paraná e Santa Catarina para que não o fizessem. Contudo, foi instalado novo Cartório em Santo Antônio do Sudoeste, que fez as transações e, em seguida, foram instalados escritórios da CITLA ali e em Francisco Beltrão. A titulação das Glebas Missões e Chopim em favor da CITLA é considerado imoral porque representava 80% a mais do que esta tinha direito e ilegal porque o Senado e o CSN não haviam se pronunciado sobre o assunto, considerando que se tratava de região de fronteira. Bento Munhoz da Rocha Neto substitui Lupion no poder estadual, governando entre 1951/55 e proíbe, em meados de 1952, as coletorias estaduais de recolher a “Sisa” (atualmente chamado ITBI: Imposto sobre Transação de Bens e Imóveis), em todas as transações da CITLA. O que a impossibilitava de fazer negócios, por vias legais. Acontece que, da instalação da CITLA (1950) até a portaria proibindo recolhimento da Sisa, transcorreu cerca de 1 ano e meio de liberdade para esta atuar, usando de muita propaganda, churrascadas com convites a todos os moradores, discursos e muito foguetório, sempre anunciando sua legalidade – para garantir a continuidade e a credibilidade da comercialização que fazia usava contrato particular de compra e venda. Mesmo a escritura da CITLA tendo sido transcrita em cartório em Santo Antônio, o Tribunal de Contas da União não lhe concedeu registro e encaminha o processo ao Senado. Em janeiro de 1953, o Supremo Tribunal Federal dá ganho de causa à União, sendo nova escritura feita no Registro de Imóveis de Palmas e Clevelândia. Quando isso ocorre a CITLA já comercializava as terras e, pior, usava de coerção e violência. A confusão reinante favorecia os exploradores que, após a retirada da madeira, vendiam a terra na condição de “posse”. Nas eleições de 1955, a principal acusação do PSD e da CITLA era a de que o governo Bento não pretendia resolver o problema da terra no Sudoeste e, se Lupion ganhasse concederia as escrituras. Resultado: elegeu-se e o seu partido, PSD, passou a controlar todas as prefeituras do Sudoeste, havendo liberação do recolhimento da Sisa. Agora a CITLA, podia fornecer escritura para os que comprassem e pagassem pela terra. Foi então, organizada uma grande campanha de venda, entrando em janeiro de 1957 duas subsidiárias da

CITLA: Companhia Comercial e Agrícola Paraná Ltda (COMERCIAL – liderada por João Simões e Lino Marchetti, com 21.000 alqueires na região de Verê) e a Companhia Colonizadora Apucarana Ltda (APUCARANA – dirigida por Amim Maia, com 6.000 alqueires na região da fronteira com a Argentina). A CITLA fazia ameaças, espancava, saqueava, matava, incendiava galpões, matava animais, praticava violências sexuais contra moças e mulheres, impedia que se fizesse enterro daqueles que seus jagunços assassinavam sob alegação de que era para servir de exemplo, impedia que fosse feito roças, enfim usava de muita violência. Somando a tudo isso a conivência de autoridades policiais e administrativas e omissão do Governo Federal, alguns colonos, inicialmente optaram por uma posição de neutralidade, porém com o suceder dos fatos, acabaram reagindo. A Rádio Colméia, instalada em Pato Branco e Francisco Beltrão, teve importante papel na divulgação de informações e organização do levante. O Senador Othon Mäder vinha fazendo constantes denúncias no Senado e, quando apresenta provas do que vinha ocorrendo, jornais e revistas de todo o país começam a se voltar para a região e divulgar os fatos. Isso põe o Governo em alerta. Políticos da UDN, oposicionista, aproveitam para tentar derrubar Lupion. Esse movimento é conhecido como Levante Branco, cuja estratégia era rebelar os colonos contra as companhias. Em reunião ocorrida em 03 de outubro, com as lideranças, ficou definida a tomada da região, que fora dividida em três centros: Pato Branco, Francisco Beltrão e Santo Antônio. Em fim de agosto, Cândido Machado de Oliveira Neto, do PSD, líder do Governo na Assembléia, lidera viagem de prefeitos do Sudoeste ao Rio de Janeiro, para solicitar extinção da CANGO, pois segundo eles, era a causadora de desordem e rebelação dos colonos contra o poder e autoridades constituídas. Após a tomada das cidades, fechamento dos escritórios das Companhias e expulsão dos jagunços, foi instituída uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), sob presidência do Deputado João Machado (PTB - Rio de Janeiro), mas não levou a cabo as investigações. Contudo foi aprovada anistia ampla e

irrestrita a todos que se envolveram em conflitos de terra, no período de 1º de janeiro a 31 de outubro de 1957, através de projeto apresentado pelo Deputado Luiz Carlos Tourinho-PSP. Ney Braga, dirige-se à Jânio Quadros que baixa em 27 de março de 1961, o Decreto Federal Nº 50.379, obrigando a desapropriação das terras do Sudoeste do Paraná por utilidade pública. Com a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart assume, e em 17 de março de 1962, juntamente com Ney Braga e outras autoridades estiveram em Pato Branco, para inteirar-se da situação. Em 19 de março, pelo Decreto Federal Nº 51.431 é criado o Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná (GETSOP), para executar os serviços de desapropriação das terras da região, em favor das 200.000 pessoas que ali residiam. Para isso, Estado e União tiveram que renunciar seus argumentos jurídicos. O GETSOP deveria respeitar as indicações de comum acordo dos posseiros, sem levar em consideração irregularidades na divisão dos lotes, quer fossem urbanos ou rurais, embora, na divisão dos lotes urbanos procurasse seguir uma lógica mais adequada. Suas atividades foram encerradas em 11 de dezembro 1973, pelo Decreto Federal Nº 73.292 e destituído em solenidade ocorrida em janeiro de 1974, após regularizar e expedir 13.383 títulos, correspondente a 56.936 lotes, dos quais 12.413 eram urbanos e 30.970 rurais. O município que obteve mais títulos foi Francisco Beltrão: 7.550, seguido de Dois Vizinhos: 6.492. Foram divididos e demarcados 30 povoados, num total de 545.249,64 hectares entre as glebas Chopim e Missões. Transformou 50.000 posseiros em proprietários.

Perspectiva Interdisciplinar

Título: INTERAGINDO

Texto:

Considerando a abrangência do tema trabalhado neste OAC, propomos a realização de algumas atividades, as quais podem evidentemente sofrerem alterações e/ou adaptações conforme outros colegas professores acharem necessário, ao trabalharem a mesma temática. De qualquer maneira, apresentamos as atividades interdisciplinares, nas disciplinas de Língua Portuguesa, Geografia, Matemática, Sociologia e Artes.

Na disciplina de Língua Portuguesa, propomos a leitura de livros, revistas, jornais e outros materiais de circulação na época e publicações recentes, vários dos quais se encontram indicados neste OAC, para, obtenção de conhecimento dos fatos ocorridos bem como discussão dos mesmos. Achamos que o desenvolvimento de pesquisa de alguns termos comuns ao vocabulário daquele período, bem como os idiomas falados na região, especialmente, o alemão, italiano e polonês, buscando saber a razão de terem caído em desuso, tornar-se-à outra atividade significativa e prazerosa. Discutir ainda, o porquê~e de tais idiomas (além de outros), terem caído em desuso, tanto que se quisermos aprender um destes idiomas precisamos fazer curso. Em razão de ser um fato que se pode considerar recente, há muitas pessoas que vivenciaram tais acontecimentos, portanto, sugere-se conversas e se possível, organizar um dia de “contação de fatos” ocorridos, convidando essas pessoas para virem até a Escola. Em Geografia, além de procurar com o auxílio de mapas, refazer os caminhos percorridos nos deslocamentos populacionais que impulsionaram o povoamento da região sudoeste, pensamos que, buscar conhecer as razões de tais deslocamentos e as dificuldades enfrentadas, seja uma boa tarefa. Várias informações poderão ser conseguidas junto aos moradores mais antigos do Sudoeste do Paraná. Sugere-se ainda, a realização de entrevistas gravadas, para assim poder montar um acervo de informações. Tal atividade, pode ainda, evoluir para a compreensão do processo imigratório, especialmente europeu e as motivações disso. Como sabemos, o sudoeste foi palco de amplas disputas, a nível nacional e até internacional. Em virtude disso, sugere-se um debate a respeito do que seria diferente, caso o Paraná não tivesse conseguido garantir o domínio sobre essa área de terra. Discutir ainda, a questão diplomática que se criou entre Brasil e Argentina, em razão das cerca de 1.200 pessoas que se refugiaram naquele país, fugindo dos conflitos de 1957, ocorridos na região sudoeste do Estado. Propõe-se que a disciplina de Matemática, desenvolva levantamento do tamanho das propriedades que as famílias possuíam em seus locais de origem e a que conseguiram na região sudoeste, comparando esses dados com o número de filhos que as famílias tinham na época, procurando traçar um comparativo em relação ao desemprego, tão comum atualmente e as dificuldades de sobrevivência encontradas naquele período e nos dias de hoje. Pode-se utilizar tais dados, no cálculo de outros conteúdos que estejam sendo desenvolvidos bem como na montagem de gráficos e tabelas. A disciplina de Sociologia poderá desenvolver debate referente a diminuição do número de filhos por família e as relações disso com os meios de produção e o mercado de trabalho, traçando um paralelo entre dificuldades enfrentadas pelas famílias na época e as dificuldades enfrentadas atualmente, discutindo as diferenças. Promover ainda, discussão referente a importância dos documentos, quer sejam pessoais ou outros como era o caso da luta dos posseiros para obter a titulação das terras. Sabe-se ainda que muitas famílias acolhiam os que chegavam, ajudavam a se instalar e as vezes até doavam pedaços de terra, sinal de solidariedade. Quanto a esse aspecto proceder levantamento de outras características da sociedade da época, comparando com a atualidade e procurando apontar as causas de tais mudanças e as implicações resultantes. Ao final realizar seminário de socialização e discussão dos pontos levantados. Na disciplina de Artes, propor a produção de poesias, coreografias com músicas sobre o tema, paródias, peças teatrais, entrevistas com pessoas que vivenciaram tais acontecimentos e busca de fotos

sobre o levante para montar painel e expor. Ao final, organizar evento aberto a comunidade para que essas apresentações e exposição de painéis possam ser realizadas. Isso pode ser feito juntamente com a “contação de fatos”, sugerida para a disciplina de Língua Portuguesa. Espera-se com a realização das atividades sugeridas, maior integração entre as disciplinas apontadas e outras que forem sendo agregadas ao debate e pesquisa a serem realizados, bem como, socialização de conhecimentos entre professores, alunos, pais, pioneiros e comunidade em geral. Pensamos também, que seja uma boa oportunidade para a Escola "abrir-se" à comunidade, ou seja, que ultrapasse os muros escolares e essa aproximação se solidifique e fortaleça os laços educacionais e sociais, pois dessa maneira a educação estará de fato cumprindo o papel que verdadeiramente lhe cabe.

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