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D D i i o o c c e e s s e e d d o o P P o o r r t t o o PROPOSTA DE DINAMIZAÇÃO DA QUARESMA 2012 NÚCLEOS CONVIVAS Fevereiro, 2012

Proposta para a Quaresma de 2012

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Proposta de Dinamização dos Núcleos de Convivas para a Quaresma de 2012 - Diocese do Porto

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Page 1: Proposta para a Quaresma de 2012

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PROPOSTA DE DINAMIZAÇÃO DA QUARESMA

2012

NÚCLEOS CONVIVAS

Fevereiro, 2012

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Quaresma 2012

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A equipa de evangelização do Movimento dos Convívios Fraternos do Porto apresenta

esta proposta de reflexão e trabalho que os núcleos convivas podem realizar, como forma de

se prepararem para a celebração da Páscoa.

Depois da euforia do Carnaval, somos convidados a parar e iniciar uma nova

caminhada. Uma caminhada de reflexão, mudança e crescimento individual que nos ajudará

a reconhecer o Amor de Cristo na sua morte e ressurreição.

À semelhança do que aconteceu no Advento, a equipa de evangelização do

Movimento dos Convívios Fraternos, diocese do Porto (Zona Sul), apresenta a todos os

núcleos de grupos de jovens convivas, uma proposta de trabalho para esta Quaresma. Essa

proposta é feita atendendo a cada semana da Quaresma e está relacionada com as leituras

de cada uma delas.

I Domingo – Proposta de Deserto

II Domingo – Dinâmica de grupo

III Domingo – Dinâmica de grupo

IV Domingo – Via Sacra

V Domingo – Sessão prática

VI Domingo – Encontro final de reflexão e partilha

Perante esta proposta, cada núcleo/grupo de jovens tem liberdade para seleccionar

que dinâmicas realizar e de que forma. Salientamos a última semana da Quaresma para a

qual a equipa de evangelização, de animação pastoral e de apoio espiritual vos convidam a

participar num encontro conjunto para celebrar, ao jeito dos Convivas Fraternos, esta festa

Cristã que é a Páscoa.

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II DDoommiinnggoo:: DDeesseerrttoo

“O tempo já se cumpriu e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e acreditai na Boa Notícia.”

Mc. 1, 12-15

Para iniciar a Quaresma, tal como Jesus o fez, propomos que os núcleos proporcionem

a oportunidade de cada um dos seus elementos fazer deserto. Assim, o animador do grupo

deve introduzir o encontro com estas palavras ou com outras semelhantes:

INTRODUÇÃO: Começamos, esta semana, o Tempo Quaresmal, tempo de reflexão e de

encontro connosco e com os outros. Por isso, a proposta é para que, à semelhança de Jesus,

façamos deserto interior, pois a experiência do deserto é fecunda, embora dolorosa.

Confrontemo-nos connosco, com as nossas “feras” interiores, com aquelas situações que

nos afastam, mas também com o amor e a felicidade que queremos encontrar.

O deserto é o momento de libertação das amarras que criamos para nós mesmos. Essas

situações interiores que nos prendem, faz-se necessário deixá-las, se queremos caminhar.

Portanto, o deserto é lugar do confronto e do amadurecimento.

ORIENTAÇÕES PARA O ANIMADOR: Cada elemento do grupo, deve levar a folha com os textos e as

questões, deve dirigir-se a um local que considere o ideal para o recolhimento interior, onde

consiga criar um ambiente de total deserto, sem nada que possa causar distracção. O

animador deve estabelecer o horário para o regresso dos elementos do grupo à sala onde a

reunião se realiza (duração proposta 45mn/ 60mn). No final, se se achar conveniente, pode

propor-se a partilha da experiência de deserto.

TEXTO: TEMPO QUARESMAL = TEMPO DE JEJUM (na página seguinte)

PISTAS DE REFLEXÃO:

De que forma vivem os cristãos, tradicionalmente, o Jejum?

E eu, de que forma o pratico no tempo quaresmal e na minha vida?

O que me pede Jesus quando me propõe o jejum?

Como me comprometo a viver o jejum nesta quaresma?

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É coisa bem antiga e universal: as religiões sempre deram muita importância às

questões da Comida. Muitas delas, ainda hoje, têm códigos alimentares cheios de normas,

obrigatoriedades e restrições. Os cristãos, pelo menos, ainda podem comer de tudo…

Mas não estamos a salvo destas preocupações religiosas em relação à comida. Basta

pensar na questão dos jejuns, dos dias marcados para isso e da velha história do jejum

eucarístico, como se Cristo fosse para o estômago dos crentes e não fosse educado misturá-

lo lá com o cozido do almoço. As religiões tocam sempre na questão da comida em termos

de O QUE comer ou não comer e QUANDO comer ou não comer.

Depois, apareceu Jesus, e a revolução do Evangelho: para Jesus, a comida também era

uma linguagem da sua relação com Deus e com os Homens, mas a questão não era O QUE

era a comida nem QUANDO, mas sim COM QUEM. Por isso, no centro não está a questão da

comida mas, bem dito, da Comensalidade, que é outra coisa.

É claro que o jejum, como outras técnicas ancestrais de exercício espiritual, podem ter

uma vivência positiva, pode significar uma pedagogia riquíssima de procurar o essencial, mas

o problema está em que, muito depressa, o que exercício pedagógico e tarefa do espírito, se

torna ritual sem significado e norma exterior.

Jesus libertou-nos destas coisas, não para ficarmos aquém delas, mas para podermos

viver mais profundamente algo maior, para o qual nenhuma religião tornada lei é capaz de

apontar: a Comensalidade, a Mesa como lugar de restauração da Comunhão e da Vida

Fraterna, a Comida Partilhada como ponto de cozedura de elementos humanos rasgados,

separados. Já dizia Paulo: O Reino de Deus não é questão de comida nem bebida, mas

Justiça, Paz e Alegria no Espírito Santo…

O que está por baixo destas prescrições religiosas do jejum? No fundo, é a imagem do

Rosto de Deus!

É muito comum em todas as religiões a ideia, quase inconsciente, de que Deus se

alegra quando nos vê em privação, que Lhe damos um virtuoso contentamento quando

estamos tristes ou sofredores. E mais ainda se for de maneira voluntária. Isto está mais nas

nossas cabeças do que, talvez, tenhamos a lucidez de reconhecer…

E depois aparece Jesus e a revolução do Evangelho: dá-nos a conhecer uma imensa

novidade, a alegria de Deus quando os seus filhos estão felizes, o contentamento do coração

do nosso Deus quando os seus filhos fazem festa, cantam e dançam de alegria e vivem

contentes a abundância partilhada e gozosa.

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Vêm falar a Jesus de jejum e ele responde falando de umas bodas, uma festa de

casamento, em que todos somos amigos do noivo. Esses são os que, na festa das bodas, mais

se divertem, montam a tenda da festa e armam a barraca da amizade. O nosso Deus gosta

de nos ver contentes, adora ouvir-nos cantar e sorri das nossas danças, goza com a nossa

alegria e quer ver-nos felizes.

Quando Jesus proclama Felizes os pobres, e os que choram e sofrem perseguição, não é

para serem felizes por causa disso; Jesus está a anunciar um Deus que está empenhado a

entrar nas vidas de todos, sobretudo dos que sofrem, para os resgatar para a felicidade e a

alegria de viver, a leveza da Festa e a Beleza do convívio.

Deus quer que nós sejamos felizes.

Deus gosta de nos ver alegres.

Ponto final.

Pe. Rui Santiago

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IIII DDoommiinnggoo:: DDiinnââmmiiccaa ddee ggrruuppoo

“Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias.”

Mc. 9, 2-10

Depois de uma sessão de reflexão interior e de silêncio, a proposta para assinalar a

semana seguinte passa pela construção de algo material, transformando esta sessão num

momento mais de expressão pessoal e diálogo entre os membros do grupo. Assim, a

proposta é:

INTRODUÇÃO: Nesta semana fala-se na transfiguração como sinal da ressurreição. De facto, o

caminho de Jesus é cheio de desafios, não sendo fácil segui-Lo. Não obstante é necessário e

transformador!

ORIENTAÇÕES PARA O ANIMADOR: É em relação a esta transformação que esta proposta se baseia.

Passam por nós, quotidianamente, objectos aos quais damos tão pouco valor que

usualmente metemo-los no lixo. Pretende-se que antes da reunião sejam recolhidos pelos

vários membros do grupo alguns desses objectos, por exemplo: uma ou duas latas, jornais,

garrafas, etc. (Eventualmente será necessário algum material que una os vários objectos, tal

como fita-cola, fio ou arame.)

O que se pretende é que, com esses objectos, se construa algo na forma de uma tenda ou de

uma casa com não mais de 30 centímetros de altura, transformando assim os objectos que

considerávamos inúteis em algo representativo da morada de Deus em nós.

Assim, a sessão deve começar com uma introdução ao tema que pode ser conseguida a

partir do momento que se pergunta aos elementos presentes qual a sua morada e qual a

morada de Deus. Em seguida, face à dúvida, ou não, da morada de Deus, o Animador deve

“encaminhá-los” no sentido de concluírem que a morada de Deus é cada um de nós.

A ponte para a construção da tenda/casa pode ser feita, pedindo ao grupo que traduzam na

sua construção a maneira, a forma com que acham que acolhem Deus dentro de si mesmos.

Durante a construção seria produtivo colocar uma música ambiente para que não se

esqueça o objectivo da actividade e aquilo que se pretende transmitir.

O animador deve orientar a actividade no sentido de ser realizada em grupo ou

individualmente atendendo ao tempo que tem disponível para a sessão. No entanto,

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idealmente a tarefa devia ser realizada individualmente, para que cada um, como que

materializasse a morada de Deus dentro de si.

Quando todos tiverem construído, deve ser criado um clima de confiança e seriedade para

que cada grupo/pessoa se sinta confortável a falar sobre a sua peça e aquilo que quis

transmitir com a mesma.

É fundamental guardar esta construção para a dinamização da sessão seguinte.

Aconselhamos ainda que se leia a proposta da sessão do III Domingo da Quaresma, por

estarem muito relacionadas.

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IIIIII DDoommiinnggoo:: DDiinnââmmiiccaa ddee ggrruuppoo

“Destruí este Templo e em três dias Eu o levantarei.” Jo. 2, 13-25

No terceiro domingo da Quaresma o convite que nos é feito é em descobrir este Templo de

Deus que Jesus se propõe a construir em três dias. O conjunto de ideias que se pretendem

transmitir nesta sessão é destruir/”por ordem na nossa casa” para (re)construir o nosso

templo (corpo/vida) onde habita Deus; purificar a nossa relação com Deus; consciência de

que somos as pedras vivas do Templo do Senhor.

ORIENTAÇÕES PARA O ANIMADOR: Esta sessão é toda orientada no seguimento da sessão anterior,

sendo que se pretende voltar a utilizar a casa/tenda construída no contexto do II Domingo

da Quaresma. Em baixo é apresentada a estrutura da sessão passo-a-passo.

INTRODUÇÃO:

- Projectar/Ouvir/Cantar a música “Faz Parte” –

(http://www.youtube.com/watch?v=kbRoX58qah0&feature=related); “Um pouco de

Céu” (http://www.youtube.com/watch?v=UD2HznjUVog&feature=related); ou

“Balançar” (http://www.youtube.com/watch?v=BcE6DsfacCc)

- Breve “brainstorming” sobre a música, conduzindo para o diálogo para

destruir/desmontar/balançar/recomeçar/ fazer parte de/ir mais longe…

LEITURA DO TEXTO BÍBLICO: Purificação do Templo (Jo 2, 13-25)

DESENVOLVIMENTO: Convém dar uma breve explicação do texto de Jo 2,13-25:

- A cena situa-nos no Templo de Jerusalém. Trata-se desse Templo majestoso,

construído por Herodes para demonstrar as suas boas disposições para com o culto a

Jahwéh(Deus) e para conseguir a benevolência dos Judeus.

- João situa o episódio nos dias que antecedem a festa da Páscoa. Era a época em que

as grandes multidões se concentravam em Jerusalém para celebrar a festa principal

do calendário religioso judaico. O comércio relacionado com o Templo sofria um

espantoso aumento.

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IDENTIFICAR:

- O que é para nós a casa do Senhor (Templo)?

(A casa do Senhor, é uma casa de oração e adoração. Muitos fazem da igreja um

lugar de conseguir status social, aparecer perante as outras pessoas, negociar. Jesus

condena isso. A sua casa é uma casa para orarmos e orarmos com o coração,

humildemente.)

- O sentido da resposta de Jesus “destruí este Templo e Eu o reconstruirei em três

dias” (Jo 2,19)

(Jesus não se referia ao Templo de pedra onde Israel celebrava os seus ritos litúrgicos

(vers. 20), mas a um outro “Templo” que é o próprio Jesus (“Jesus, porém, falava do

Templo do seu corpo” – vers. 21). O que é que isto significa? Jesus desafia os líderes

que O questionaram a suprimir o Templo que é Ele próprio, mas deixa claro que, três

dias depois, esse Templo estará outra vez erigido no meio dos homens. Jesus fala da

sua ressurreição. – Jesus apresenta-se como o “novo Templo”. O Templo

representava, no universo religioso judaico, a residência de Deus, o lugar onde Deus

Se revelava e onde Se tornava presente no meio do seu Povo. Jesus é, agora, o lugar

onde Deus reside, onde Se encontra com os homens e onde Se manifesta ao mundo.

É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida. Aquilo que

a antiga Lei já não conseguia fazer – estabelecer relação entre Deus e os homens – é

Jesus que, a partir de agora, o faz.)

COMPROMETER:

- Destruir o templo/tenda/casa construída no encontro anterior simbolizando, o

recomeçar/ o erguer do “novo templo” em nós – sermos/tentarmos ser como o

“novo Templo” de que forma? Neste momento da sessão, o objecto construído na

sessão anterior deve ser literalmente destruído. O animador deve orientar este

momento de forma a garantir que ninguém se magoa fisicamente ou fica melindrado

com o facto de ser destruído o que construiu e que reflecte a sua relação com Deus.

- Sair do nosso comodismo e da nossa auto-suficiência para termos uma vida vivida

na escuta das propostas de Deus e traduzida em gestos concretos de doação,

entrega, serviço simples- ir ao encontro do outro/do irmão. (proposta: visita aos

doentes, ajudar na distribuição de alimentos…). Isto é o verdadeiro culto que Deus

espera de cada um de nós, não espera ritos solenes e pomposos vazios.

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- Somos pedras vivas desse novo Templo onde Deus Se manifesta ao mundo e vem ao

encontro dos homens para lhes oferecer a vida e a salvação. Esta realidade supõe,

para nós, uma grande responsabilidade… Aqueles com quem dividimos as horas do

nosso dia têm de ver em nós o rosto bondoso e terno de Deus; têm de experimentar,

pelos nossos gestos de partilha, de perdão, a vida nova de Deus; têm de encontrar,

na nossa preocupação com a justiça e com a paz, o anúncio desse mundo novo que

Deus quer oferecer a todos os homens. Talvez o facto de Deus parecer tão ausente

da vida, das preocupações e dos valores dos homens do nosso tempo tenha a ver

com o facto de os discípulos de Jesus se demitirem da sua missão e da sua

responsabilidade…

O nosso testemunho pessoal é um sinal de Deus para os irmãos que caminham ao

nosso lado? Lembra-te tu és o novo discípulo! Tu és templo onde habita Deus! Tu és

pedra viva do Templo do Senhor.

TEXTO ADICIONAL: Caso o animador considere pertinente, pode distribuir este texto aos

restantes elementos.

Um amigo propôs-me que não deixasse recolher o dinheiro do ofertório no dia em que se lê o

Evangelho dos vendilhões no Templo. Porém, mais importante que eliminar o tilintar do dinheiro,

é extirpar a nossa mentalidade de negociantes até mesmo de géneros espirituais ou afins. Dou um

exemplo:

Num campo, estavam a trabalhar 3 homens. Um estava lá porque era obrigado. Era escravo, tinha

medo do castigo. Outro, era mercenário, trabalhava porque queria ganhar. Fazia troca: toma lá

mas dá cá. Entre eles encontrava-se outro homem, mais novo. Este trabalhava, não por

imposição, nem por interesse mas pelo simples facto de ser filho do patrão e era natural que

ajudasse o seu pai.

Nas coisas de Deus podemos ter atitudes semelhantes. Podemos rezar ou ir à igreja como

escravos, por imposição ou com medo do castigo eterno. Ou então por interesse, como

negociantes, querendo comprar um pedacinho do Céu com a missa dominical ou algumas

orações.

A operação limpeza do templo quer purificar a nossa relação com Deus e fazer de nós seus filhos.

Se me comporto como escravo estou a fazer de Deus um carrasco. Se perante Deus sou um

negociante, quero que Ele seja igual a mim. Sejamos apenas filhos na Casa do Pai.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

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IIVV DDoommiinnggoo –– VViiaa SSaaccrraa CCoonnvviivvaa

“Deus amou de tal forma o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele acredita não morra, mas tenha a vida eterna.”

Jo. 3, 14-21

Para assinalar o IV domingo da Quaresma, propomos a participação de todos os núcleos e

grupos de jovens convivas na Via Sacra organizada pelo Movimento dos Convívios Fraternos

no dia 17 de Março, em local a definir.

ORIENTAÇÕES PARA O ANIMADOR: Habitualmente, as várias estações da vida de Jesus que são

retratadas nesta Via Sacra são da responsabilidade dos núcleos e grupos que se oferecem

para tal. Neste contexto, deixamos algumas reflexões relativas à importância e sentido de

continuarmos a representar a Via Sacra, enquanto Cristãos. A nossa proposta vai no sentido

de se lerem ou discutirem essas reflexões aquando do ensaio da respectiva estação ou em

outro momento que o animador considere pertinente.

VIA SACRA: O CAMINHO DA MORTE À VIDA

Entre os exercícios de piedade com que os fiéis veneram a Paixão do Senhor poucos

são tão amados como a Via Sacra. Através deste exercício de piedade, os fiéis

repercorrem com afecto participante o último trajecto da caminhada percorrida por

Jesus durante a sua vida terrena: desde o Monte das Oliveiras, onde numa

«propriedade chamada Getsérnani» (Mc 14,32), o Senhor ficou «cheio de angústia»

(Lc 22, 44), até ao Monte Calvário, onde foi crucificado entre dois malfeitores (cf. Lc

23,33), ao jardim onde foi deposto num sepulcro novo, escavado na rocha (cf. /o

19,40-42).

A Via sacra, ou Caminho da Cruz, é um caminho de oração muito importante, pois

tem como objectivo principal levar as pessoas a meditarem naquilo que é mais

fundamental no Cristianismo: o mistério pascal de Jesus Cristo, a sua morte e

ressurreição. Os últimos passos de Jesus na terra são representados por uma série de

imagens da sua Paixão, morte e sepultura, denominados estações. Esta devoção

nasceu, possivelmente, em Jerusalém. Segundo uma lenda, transmitida oralmente

pelos primeiros cristãos, Maria percorreu várias vezes o caminho que Jesus seguiu

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desde a casa de Pilatos até ao lugar do Santo Sepulcro. Começaram a juntar-se a

Maria alguns dos primeiros cristãos, durante o primeiro século do cristianismo. A

devoção foi certamente adoptada pelos peregrinos, que ao visitarem Jerusalém,

passaram a percorrer piedosamente a Via Dolorosa, que vai da casa de Pilatos ao

Calvário e ao Santo Sepulcro. Percorrer este caminho converteu-se num hábito que

qualquer peregrino devia cumprir, a partir do séc. IV. Devido à ocupação da Terra

Santa pelos muçulmanos e às grandes distâncias que era necessário percorrer, este

costume passou, no século XIII da cidade Santa para as comunidades cristãs dispersas

pelo mundo. Os frades franciscanos foram, como guardiães dos Lugares Santos, os

grandes divulgadores desta devoção. Foi adquirindo diversas formas, segundo os

lugares. A Via sacra estendeu-se a toda a Igreja latina, sobretudo no século XV. No

entanto, o número de estações era ainda variável. Só no século XVIII, o Papa Bento

XIV fixou definitivamente em catorze as estações da Via sacra e, ao mesmo tempo,

convidou todos os sacerdotes a enriquecer as suas igrejas com as suas

representações. Apareceram, entretanto (nomeadamente com o Papa João Paulo II),

algumas Via sacras com uma décima quinta estação: a que valoriza a ressurreição de

Jesus, complemento imprescindível da sua morte.

Seguindo, de preferência a caminhar, as sucessivas estações da Via sacra, tomamos

mais consciência da nossa condição cristã: seguir a Cristo.

MEDITAÇÃO: Seguindo Jesus no caminho de sua Paixão, vemos não só a Paixão de

Jesus, mas também vemos todos os que sofrem no mundo. E esta é a profunda

intenção da oração da Via Sacra: abrir nossos corações, ajudar-nos a ver com o

coração.

ORAÇÃO: Rezemos neste momento ao Senhor por todos os que sofrem no mundo, por

todas as necessidades e contingências do dia-a-dia; peçamos ao Senhor para que esta

vivência do caminho doloroso de Cristo nos dê realmente um coração de carne, que

nos torne mensageiros de seu amor não só com palavras, mas com toda a nossa vida.

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VV DDoommiinnggoo –– SSeessssããoo PPrrááttiiccaa

“Garanto-vos: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas, se morre, produz muito fruto”

Jo. 12, 20-33

Neste dia, propõe-se aos núcleos uma actividade prática reflectindo no Evangelho

(Jo.12, 20-33). Propomos a cada pessoa, semear feijões num copo com terra, ou algodão,

posteriormente levá-lo para casa e reflectir sobre os que nascerem, ou não. O que se

pretende é facilitar a consciência de que, tal como acontece com um grão de trigo, um

feijão, ou outra semente, que só morrendo, produzirá fruto, também os cristãos precisam

dar-se por completo para atingir a verdadeira felicidade.

ORIENTAÇÕES PARA O ANIMADOR: face a esta proposta, aqui ficam algumas indicações práticas.

Duração prevista: entre 35 a 45 minutos.

Material necessário: Feijões (poderá ser 1 por pessoa, ou mais), 1 copo por pessoa

(puderão ser de vidro ou plástico, até mesmo de iogurte), terra (também puderá ser

usado algodão em rama) e água.

LEITURA DO TEXTO BÍBLICO: Depois de reunidas as pessoas que participarão nesta sessão,

propomos a leitura do Evangelho, seguida da respectiva reflexão.

MOMENTO DE REFLEXÃO: Esta reflexão deve ser orientada pelo animador no sentido de

transmitir que este Evangelho leva-nos, entre outras coisas, a pensar na questão da

vida e da morte. Na morte que gera vida e na forma como a vida é vivida. Uma vida

de medo e de opressão, que é infecunda não vale a pena ser vivida. Ao contrário,

quem é totalmente livre do medo, quem se esquece dos seus próprios interesses e

seguranças e se compromete com a luta pela justiça, pelos direitos, pela dignidade e

liberdade do homem, quem ama tanto os outros que entrega a sua vida por eles,

esse dará frutos de vida e viverá uma vida plena, que nem a morte calará. É esta vida

que tem sentido e que leva o homem à realização plena.

Jesus viveu esta dinâmica da vida dada por amor, sem medo de enfrentar o “mundo”

– isto é, sem medo de enfrentar esse sistema de opressão e de injustiça que pensava

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poder manter os homens escravos através do medo da morte. Jesus está livre desse

medo e, portanto, está livre para amar totalmente. Àqueles que querem “ver Jesus” e

conhecer o seu projecto, Ele propõe o mesmo caminho – o caminho do amor e da

entrega total. Ser discípulo é colaborar com Jesus na libertação dos homens que

ainda são escravos, mesmo que isso signifique enfrentar as forças de opressão do

“mundo” e enfrentar a própria morte.

A morte de Jesus não é um momento isolado, mas o culminar de um processo de

doação total de Si mesmo, que se iniciou quando “o Verbo Se fez carne e montou a

sua tenda no meio dos homens” (Jo 1,14); é o último acto de uma vida de entrega

total aos projectos de Deus, feita amor até ao extremo. Durante toda a sua existência

terrena, Jesus procurou, em cada palavra e em cada gesto, tornar o homem livre de

todas as opressões, dotá-lo de dignidade, dar-lhe vida em plenitude. Dessa forma,

despoletou o ódio do sistema opressor, interessado em manter o homem escravo.

Sem se assustar com a perspectiva da morte, cumprindo até ao fim o projecto

libertador de Deus em favor do homem, Jesus levou avante a sua luta pela libertação

da humanidade. A sua morte é a consequência do seu confronto com as forças da

morte que dominavam o mundo.

REALIZAÇÃO DA ACTIVIDADE:

- Distribuição dos copos e dos feijões pelos participantes.

- Cada um coloca um pouco de terra (ou rama de algodão) no fundo do copo,

introduz o/os feijões e rega com um pouco de água.

- No final cada pessoa levará o copo consigo para casa e aguardará pela germinação

das sementes.

- A mensagem que pode ser transmitida aos novos é que devem acompanhar dia-a-

dia o nascimento da sua plantinha, colocando, diariamente, um pouco de água na

mesma. Mas, que não se devem entristecer por aqueles que não germinam pois

enriquecem a terra em que foram colocados preparando-a para que outras sementes

que sejam colocadas no mesmo copo possam germinar.

Quando a actividade estiver quase finalizada, propomos que seja ouvida a canção

"Restolho" de Mafalda Veiga, ou outra que achem conveniente, convidando os

presentes a meditarem sobre a letra.

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- Em jeito de conclusão, propomos ainda a visualização dos seguintes vídeos ou de

um deles que considerem mais pertinente:

-http://www.youtube.com/watch?v=LLmH-9mxoUs&feature=related

-http://www.youtube.com/watch?v=c7jNdJTL4sU

-http://www.youtube.com/watch?v=2pPBN9MZhfk&feature=related

-http://www.youtube.com/watch?v=aEzt_S455yk

- Outra forma de concluir a actividade pode ser, cantarem a música "Não fiques na

praia" e/ou "Estrela Polar".

- Nos encontros seguintes será bom trocar impressões sobre a germinação e o

crescimento, ou não das sementes.

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VVII DDoommiinnggoo –– EEnnccoonnttrroo FFiinnaall

“ Ide à cidade. Um homem transportando um jarro de água virá ao vosso encontro.” Mc. 14, 1-15.47

Como forma de terminar esta caminhada de preparação para a Celebração da Páscoa

enquanto Ressureição de Jesus, tal como já foi referido, as equipas de evangelização e

formação, de apoio espiritual e a de animação pastoral estão a trabalhar em conjunto no

sentido de dinamizar um Encontro de reflexão e partilha sobre as aprendizagens feitas ao

longo da Quaresma. Queremos ainda criar um momento para que, à boa maneira Conviva…

com alegria, muita energia e muita fé, possamos assinalar o momento em que Jesus

ressuscita para a vida eterna, dando o exemplo que a todos nos inspira.

O programa e conteúdo deste encontro ainda está no segredo dos anjos, mas

garantimos que vale a pena reservarem já a sexta-feira, dia 30 de Março nas agendas dos

núcleos e grupos. Pretendemos que seja uma verdadeira festa conviva em que, todos que

fizeram ou desejam fazer um convívio fraterno, na diocese do Porto ou qualquer outra,

possam estar presentes e participar activamente.

O programa e local deste Encontro ser-vos-á enviado atempadamente por e-mail, em

jeito de convite, ao qual esperamos que respondam positivamente. Mas, considerem-se

desde já convidados. Se tiverem alguma questão quanto a este Encontro, não deixem de nos

contactar através do endereço electrónico: [email protected].

Tal como os discípulos seguiram o que Jesus lhes disse quando lhes pediu que fossem à

cidade, aceitem também este desafio e venham ao encontro deste homem que transporta o

jarro de água.