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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS EDER VITOR SCHMITT PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL EM UMA CÉLULA DE MÁQUINAS INJETORAS JOINVILLE – SC - BRASIL 2008

Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

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Proposta para Aplicação da Manutenção Produtiva Total em uma Célula de Máquinas Injetoras

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Page 1: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

EDER VITOR SCHMITT

PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL EM UMA CÉLULA DE MÁQUINAS INJETORAS

JOINVILLE – SC - BRASIL

2008

Page 2: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

EDER VITOR SCHMITT

PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL EM UMA CÉLULA DE MÁQUINAS INJETORAS

JOINVILLE – SC - BRASIL

2008

Trabalho apresentado a Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Dr. Lírio Nesi Filho

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EDER VITOR SCHMITT

PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA

TOTAL EM UMA CÉLULA DE MÁQUINAS INJETORAS

Trabalho aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro, no Curso de Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Banca Examinadora

_________________________________________

Professor Lírio Nesi Filho, Dr.

_________________________________________ Professor Nélvio Dal Cortivo, Dr.

_________________________________________ Professor Régis Kovacs Scalice, Dr.

JOINVILLE – SC - BRASIL

02 de junho de 2008

Page 4: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, pela motivação, saúde e fé, que

me iluminaram durante toda a jornada acadêmica.

A todos os meus familiares, especialmente aos meus pais Pedrinho Afonso Schmitt e

Maria Inês Schmitt, e meus irmãos Fábio, Tati, Vivian, além dos meus sobrinhos, que

desprendem incondicionalmente um grande e valioso amor por mim, dando-me força e

carinho para que eu pudesse conquistar mais esta vitória em minha vida.

Em especial, dedico a minha namorada Marliene, que esteve presente em todos os

momentos da minha vida acadêmica com o seu amor, e que contribuiu com muita dedicação e

compreensão para que este momento se concretizasse.

Aos professores e funcionário do Centro de Ciências Tecnológicos da UDESC que se

empenharam em ensinar e auxiliar-me, afim de atingir este objetivo. Em especial, ao

professor Lírio Nesi Filho, pela ajuda, paciência e dedicação na orientação desta pesquisa.

Pela organização na qual atuo profissionalmente e aos meus amigos de trabalho, que

com muita competência, confiança e entusiasmo colaboraram para o meu desenvolvimento

profissional e pessoal.

Enfim, a todas as pessoas que estiveram sempre presentes ao meu lado, contribuindo

direta ou indiretamente com sua amizade e apoio, para a obtenção do êxito em mais esta

etapa.

Page 5: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados,

capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende

de nossa vontade e perseverança.

Albert Einstein

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EDER VITOR SCHMITT

PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA

TOTAL EM UMA CÉLULA DE MÁQUINAS INJETORAS

A idéia de encontrar novas técnicas, métodos e procedimentos de trabalho e gestão no mundo das organizações torna-se, cada vez mais, uma prática fundamental e indispensável para a perenidade íntegra e economicamente viável das empresas, que pretendem, por sua vez, posicionar-se na nova realidade vislumbrada. Regras e tendências são estabelecidas pelas leis de mercado, e sendo este cada vez mais competitivo e globalizado, a lucratividade passa a ser significativamente afetada e dependente dos custos de produção. Esta premissa faz com que as organizações caminhem para uma nova concepção dos sistemas produtivos, que busque a melhoria dos processos com a eliminação dos desperdícios, minimizando os impactos dos custos de produção ao produto final, e garantindo desta forma uma maior rentabilidade a sua atividade. Nesta conjuntura, o presente estudo caracteriza o Sistema Toyota de Produção, com foco na Manutenção Produtiva Total - vertente da consciência Lean Manufacturing - como técnica eficiente de gestão nas organizações. Sendo assim, a principal idéia da pesquisa é apresentar uma proposta para aplicação da Manutenção Produtiva Total em uma célula de máquinas injetoras. Ressalta-se que as ações específicas para o desenvolvimento efetivo da proposta conferem grande influência sobre o Índice de Rendimento Global dos equipamentos, caracterizando portanto uma enorme oportunidade de contabilizar ganhos tangíveis.

PALAVRAS-CHAVE: Custos de Produção, Sistema Toyota de Produção, Manutenção.

Page 7: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

SUMÁRIO

RELAÇÃO DE FIGURAS .................................................................................................. 8

RELAÇÃO DE QUADROS................................................................................................. 9

RELAÇÃO DE ABREVIATUAS...................................................................................... 10

INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 11

1. MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL COMO TÉCNICA DO STP....................... 15

1.1. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO ........................................................................ 15 1.1.1. Custos de Produção .................................................................................................... 16 1.1.2. Perdas no Processo de Produção................................................................................. 18 1.1.3. Mecanismo do Pensamento Científico ........................................................................ 19 1.1.4. Técnicas do Sistema Toyota de Produção ................................................................... 21 1.1.4.1. Just-in-time e kanban .............................................................................................. 22 1.1.4.2. Autonomação .......................................................................................................... 23 1.1.4.3. Controle de qualidade “zero defeitos” e dispositivos poka yoke ............................... 24 1.1.4.4. Projeto de layout e multifuncionalidade................................................................... 24 1.1.4.5. Troca rápida de ferramentas e o tempo de setup....................................................... 25 1.1.4.6. A melhoria dos processos pela engenharia de valor e análise de valor...................... 26 1.1.4.7. Padronização das operações e operação-padrão ....................................................... 27 1.1.4.8. Manutenção produtiva total ..................................................................................... 28

1.2. EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO.............................................................................. 30 1.2.1. Formas de Manutenção............................................................................................... 32 1.2.1.1. Manutenção corretiva .............................................................................................. 32 1.2.1.2. Manutenção preventiva............................................................................................ 33 1.2.1.3. Manutenção preditiva .............................................................................................. 33 1.2.1.4. Engenharia de manutenção (pró-ativa)..................................................................... 34

1.3. MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL: FOCO NA REDUÇÃO DAS PERDAS....... 34 1.3.1. Sustentação da TPM – 8 Pilares.................................................................................. 36 1.3.1.1. Pilar da manutenção autônoma ................................................................................ 37 1.3.1.2. Pilar da manutenção planejada................................................................................. 39 1.3.1.3. Pilar da melhoria específica..................................................................................... 40 1.3.2. Indicadores de Performance ....................................................................................... 41 1.3.2.1 Índice de eficiência global (OEE – overall equipment effectiveness) ......................... 42

2. METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL.............................. 44

2.1. METODOLOGIA APRESENTADA POR TONELOTTO ............................................ 45 2.1.1. Fase de Preparação..................................................................................................... 46 2.1.2. Fase de Introdução ..................................................................................................... 49 2.1.3. Fase de Implementação .............................................................................................. 50 2.1.4. Fase de Consolidação ................................................................................................. 54

2.2. OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES .................................................................... 54

3. METODOLOGIA DE PESQUISA................................................................................ 55

Page 8: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

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4. PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DA TPM................................................................ 58

4.1. METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO MÉTODO........................................... 59

4.2. FASES DO MÉTODO PROPOSTO ............................................................................. 61 4.2.1. Fase de Preparação – 30 dias ...................................................................................... 64 4.2.2. Fase de Introdução – 30 dias....................................................................................... 67 4.2.3. Fase de Implementação – 180 dias.............................................................................. 67 4.2.3.1. Fase de implementação – manutenção autônoma (MA) ........................................... 69 4.2.3.2. Fase de implementação – manutenção planejada (MP) ............................................ 73 4.2.3.3. Fase de implementação – melhoria específica (ME)................................................. 78 4.2.4. Fase de Consolidação – 30 dias .................................................................................. 81

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 86

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RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 1: Evolução da Manutenção ...................................................................................... 31

Figura 2: Estrutura das perdas nos equipamento e instalações .............................................. 36

Figura 3: Iceberg representando as causas das quebras ou falhas visíveis. ............................ 36

Figura 4: Diagrama da Relação entre as grandes perdas e o Rendimento Global do

Equipamento........................................................................................................................ 42

Figura 5: Célula Conexões com Inserto metálico.................................................................. 61

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RELAÇÃO DE QUADROS

Quadro 1: 12 Etapas de Implantação da TPM....................................................................... 45

Quadro 2: Status de desenvolvimento dos 8 pilares na organização. ..................................... 60

Quadro 3: Equivalência da Metodologia de Tonelotto X Método Proposto........................... 62

Quadro 4: 10 Etapas para desenvolvimento da TPM na organização estudada...................... 63

Quadro 5: Índices de manutenção das máquinas Injetoras. ................................................... 65

Quadro 6: Ocupação da célula produtiva das conexões com inserto metálico. ...................... 66

Quadro 7: Fase de Implementação – duração das etapas para cada pilar ............................... 68

Quadro 8: Fase de Implementação – cronograma planejado para execução das etapas.......... 68

Quadro 9: Fase de Implementação – pilar Manutenção Autônoma ....................................... 70

Quadro 10: Fase de Implementação – pilar Manutenção Planejada....................................... 73

Quadro 11: Fase de Implementação – pilar Melhoria Específica........................................... 78

Page 11: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

RELAÇÃO DE ABREVIATUAS

CBM – Manutenção Baseada nas Condições.

CQZD – Controle da Qualidade Zero Defeitos.

JIPM – Instituto Japonês de Planejamento de Manutenção.

LUP – Lição de um Ponto.

MA – Manutenção Autônoma.

ME – Melhoria Específica.

MP – Manutenção Planejada.

MTBF – Tempo Médio de Bom Funcionamento.

MTTR – Tempo Médio de Reparo.

OEE – Eficiência Global do Equipamento.

PM – Prevenção da Manutenção.

RBM – Manutenção Baseada na Confiabilidade.

RCM – Manutenção Centrada em Confiabilidade.

STM – Mecanismo do Pensamento Científico.

STP – Sistema Toyota de Produção.

TBM – Manutenção Baseada no Tempo.

TPM – Manutenção Produtiva Total.

TRF – Troca Rápida de Ferramentas.

Page 12: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

INTRODUÇÃO

Desde o final da Segunda Guerra Mundial até os dias atuais, a sociedade vive um

momento bastante peculiar na história da humanidade, relacionado a aspectos culturais, sócio-

econômicos e geopolíticos das sociedades e nações. De certo modo, este fenômeno se deve

em grande parte aos elevados níveis de desenvolvimento e evolução tecnológica e humana

atribuídos pelo homem à sua própria existência, caracterizando de forma bastante clara e ao

mesmo tempo ampla, os impactos e benefícios que tal fenômeno nos impulsiona a crer e

viver.

Foram décadas de acelerada metamorfose em regras, costumes e mecanismos

mercadológicos, amparados pela quebra constante de paradigmas que regiam toda uma

sistemática, e que ao longo da evolução vão sendo substituídos ou simplesmente

ultrapassados por novos conceitos.

Esta idéia torna-se bastante evidente quando observamos o contexto produzido pelas

mudanças sócio-políticas ocorridas em determinadas nações, como é o caso por exemplo do

acrônimo BRIC – grupo dos 4 (quatro) principais países emergentes do mundo, Brasil,

Russia, Índia e China – que foram caracterizados por estudiosos como sendo um grupo de

grande influência na força econômica mundial. Especula-se que até o ano de 2050, este grupo

deve ultrapassar o poderio econômico dos G6 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França,

Itália), e deter mais de 40% da população mundial.

Com a instituição desta nova conjuntura econômica mundial, bastante acirrada e

globalizada, estamos vivendo uma conseqüente e intensa concorrência de mercado, amparada

principalmente pela nova ótica de alianças comerciais evolutivas, preocupadas com a

diversificação, pronto atendimento e qualidade econômica e de serviços, independentemente

de qualquer credo, raça ou nação. Trata-se de uma desenfreada evolução nas dinâmicas de

mercado, em busca da sobrevivência pela melhoria contínua de suas operações.

Como alternativa para alcançar os níveis de excelência desejados, as organizações

buscam a realização de técnicas cada vez mais arrojadas que incrementem sua

competitividade. Neste sentido os princípios e técnicas de gestão da produção, desenvolvidas

a partir da segunda metade do século XX, como o Sistema Toyota de Produção (STP) no

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Japão, se difundiram, sendo atualmente estudados e adaptados por organizações de todo o

mundo, tendo em vista a manutenção de sua competitividade a níveis globais.

Ohno (1997) é conhecido como criador do Sistema Toyota de Produção que consagrou

o Japão como a maior potência econômica mundial dos anos 70 e 80. O STP, que

revolucionou a gestão da produção, foi construído com base na mudança de paradigma da

função produção e no principio da subtração do custo. O estudo dos Sistemas de Produção,

buscando a implementação de melhorias nos processos e não nas operações, priorizando a

redução dos custos de produção e eliminação de desperdícios, resultou no surgimento de

princípios e técnicas revolucionárias da Engenharia de Produção.

Com base nestes conceitos, Shingo e Ohno (1997) construíram o STP, dando origem a

novas técnicas que se tornaram mundialmente conhecidas e difundidas no meio industrial.

Dentre estas técnicas, podemos citar como uma de suas vertentes, o objeto principal de estudo

desta pesquisa: a Manutenção Produtiva Total.

Apresentando-se como técnica do Sistema Toyota de Produção – ou Lean

Manufacturing - a Manutenção Produtiva Total busca a mesma eliminação dos desperdícios

com realizações priorizadas à melhoria dos processos de manutenção. Tendo como foco

principal o processo de manutenção tradicional, objetiva a minimização dos efeitos

ocasionados pela própria manutenção, através da qualificação dos profissionais e pelas

melhorias introduzidas nas máquinas e equipamentos.

Tendo como premissa a necessidade de viabilizar o aumento da eficiência de máquinas

e equipamentos, juntamente com a redução dos custos na manutenção, o objetivo geral do

presente estudo é apresentar um método de implementação da TPM em uma célula de

máquinas injetoras, embasado principalmente na consciência Lean Manufacturing.

Para isso, faz-se necessário indicar os objetivos específicos:

� Apresentar a técnica TPM, embasada no Sistema Toyota de Produção – LEAN

THINKING;

� Elaborar um método de aplicação da TPM para um grupo de máquinas injetoras,

baseada na adaptação e combinação de um modelo pré-existente;

� Apresentar os resultados esperados com a aplicação do método proposta para a TPM;

� Identificar as dificuldades na implementação da TPM.

Desde que a empresa japonesa Toyota desenvolveu o Sistema Toyota de Produção, e

obteve êxito em suas aspirações, desenvolveu-se no âmbito industrial uma consciência de

pensamento enxuto e abordagem holística em relação aos processos, gerando um senso crítico

Page 14: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

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bastante apurado a fim de evitar desperdícios. Não há mais espaço para as perdas ou falhas

que podem ser evitadas.

É justamente ao encontro disto que a TPM se apresenta, pois baseia-se na eliminação

de desperdícios materiais e humanos inerentes à manutenção. Trata-se de um robusto sistema

de manutenção capaz de gerar lucro e enorme diferencial competitivo, atribuindo às

organizações que o adotam como ferramenta de trabalho uma nova concepção de

confiabilidade e eficiência de manutenção.

A função Manutenção, na sua forma tradicional, possui papel decisivo e estratégico

dentro das organizações, pois é esta quem estabelece estreita relação de disponibilidade e

confiabilidade dos equipamentos produtivos com a demanda de sua atividade mestre –

produzir. Onde há produção, há também o faturamento, fato este que justifica todo o esforço

por garantir o máximo de rendimento da atividade de Manutenção para as organizações.

Por este motivo, pretende-se apresentar, em foco, a TPM como ferramenta para

alcançar a redução dos desperdícios provenientes da manutenção tradicional.

O presente estudo foi idealizado para a aplicação da TPM num grupo de quatro

máquinas injetoras, pertencentes a célula de produção das conexões com inserto metálico, por

representar uma produção com alta demanda e bom índice de rentabilidade na organização

estudada. Portanto, o estudo se limita a apresentar um método para aplicação da Manutenção

Produtiva Total, com a proposta de implementação de 3 (três) pilares da TPM nos

equipamentos selecionados.

O método adotado deve condizer com a expectativa da organização justificada nos

benefícios propostos pela aplicação da ferramenta. Desta forma, fica bastante clara e evidente

a relação íntima que se estabelece desde o início entre a cultura organizacional e o

desdobramento da teoria à prática deste projeto, pois há, neste e em qualquer caso afim, uma

conseqüente adaptação da ferramenta à esfera empresarial em questão, dispensando portanto

uma definição padrão para a ferramenta.

Na prática, buscou-se primeiramente identificar quais seriam os equipamentos pilotos

(foco de atuação) e definir o método de aplicação da TPM capaz de gerar bons resultados para

este grupo de máquinas, juntamente com a simplificação dos elementos básicos do projeto,

tornando-o por sua vez bastante coeso, afim de minimizar ao máximo as situações subjetivas

que poderiam dificultar a sua aplicação para a organização. Sucintamente, o presente estudo

apresenta as seguintes etapas:

� Fase de Diagnóstico: diagnóstico situacional, demandas para aplicação de novas

técnicas de gestão da Manutenção;

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� Fase de Pesquisa Aprofundada: estudo de metodologias de implantação da TPM já

existentes;

� Fase de Ação: apresentação de método TPM específico e adaptado para as

necessidades da organização;

� Fase de Avaliação: apresentação dos resultados esperados com a TPM.

O trabalho está estruturado em cinco capítulos. A presente pesquisa inicia

apresentando os conceitos e as principais características da Manutenção Produtiva Total, vista

como técnica de gestão do Sistema Toyota de Produção.

O segundo capítulo descreve metodologias propostas para implantação da TPM,

apontando uma metodologia que servirá de embasamento teórico para elaboração de um

método de implantação da Manutenção Produtiva Total na célula produtiva de máquinas

injetoras estudada.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia de pesquisa utilizada no presente trabalho,

detalhando as etapas deste estudo.

O quarto capítulo consiste em apresentar o método prático proposto para aplicação da

TPM na célula produtiva em questão, detalhando as fases do estudo e suas inúmeras etapas de

atividades.

Por último são apresentadas as considerações finais e as referências bibliográficas

utilizadas.

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1. MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL COMO TÉCNICA DO STP

1.1. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

A globalização e a revolução das relações comerciais permitem que as organizações

ampliem seu acesso a novos conhecimentos, buscando constantemente a inovação tecnológica

pelo uso de novas técnicas. Contudo, este fato eleva a concorrência entre as organizações,

obrigando-as a eliminarem desperdícios e reduzirem os seus custos de produção para a

obtenção de uma produção mais enxuta e competitiva.

A partir da década de 90, tida a queda das barreiras alfandegárias por muitas nações, a

abertura das fronteiras dos países ao mercado internacional provocou uma mudança radical

para as organizações: novos produtos e tecnologias surgiam ocasionando o desaparecimento

de outros produtos tradicionais; organizações consagradas se pulverizaram enquanto que

outras, virtuais, expandiram-se. Neste caminho, o Sistema Toyota de Produção (STP) se

difundiu como uma solução para a gestão da produção eficaz, proveniente de uma

necessidade real e tangível.

Conforme Ohno (1997), ao final da Segunda Guerra Mundial, o presidente da Toyota

Motor Company afirmou: “Precisamos alcançar os Estados Unidos em três anos. Caso

contrário, a industria automobilística japonesa não irá sobreviver”. De certo modo, o

presidente da empresa era capaz de assimilar a gravidade do assunto, pois naquele momento

histórico um trabalhador americano produzia quase nove vezes mais que um trabalhador

japonês, baseado nos métodos de produção em massa dos americanos.

Ohno (1997) fala que após a 2º Guerra Mundial, a indústria japonesa estava totalmente

abalada e sem condições econômicas para se desenvolver. Somente com os conceitos da

produção em massa o Japão não conseguiria se recuperar.

Era sabido pelos japoneses que a ênfase na produção industrial massificada gerava

significativas reduções dos custos de produção. Desde que o Japão adotou o sistema de

produção em massa até a crise do petróleo de 1973, este sistema prevalecia como unânime

entre as organizações das grandes potencias mundiais.

No entanto, a realidade japonesa era um pouco diferente. Inicialmente, sua demanda

por tais produtos massificados era demasiadamente reduzida. Tendo esta adversidade, Ohno

Page 17: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

16

(1997) deu início a uma série de pesquisas sobre quais aspectos poderiam ser alterados na

linha tradicional de produção.

Com a chegada dos anos 70, as relações comerciais foram profundamente modificadas

com a crise do petróleo daquela década, em função da mudança percebida na relação entre a

oferta e demanda. A realidade mercadológica antes deste momento era de produção em

massa, com o mercado altamente consumidor de tudo o que se produzia. No entanto, após a

traumática modificação, a oferta extrapolou a demanda substancialmente, resultando num

mercado mais exigente e ansioso por produtos diferenciados e variados. Eis a chave para o

sucesso do Sistema Toyota de Produção: produzir pequenas quantidades de muitos modelos.

Por conseqüência, os fabricantes de bens de consumo que querem sobreviver no

mercado atual devem reduzir os seus custos de produção. Isto porque, tendo grande

crescimento econômico de um mercado, qualquer fabricante pode conseguir custos menores

ampliando a sua produção. No entanto, com um baixo crescimento, como aqueles vividos na

crise do petróleo e até mesmo recentemente, os méritos da produção em massa são reduzidos,

pois a própria produção em massa gera o desperdício na sua essência.

O Sistema Toyota de Produção é baseado, por sua vez, na eliminação total do

desperdício, sustentado pelas técnicas do Just-in-time e Autonomação, e pela produção de

itens de alta qualidade e preços baixos, conseguidos através de excelência em manufatura.

1.1.1. Custos de Produção

Vista a atual conjuntura da economia mundial, a nova ordem requer o atendimento e a

satisfação do cliente pelo bem e pela perenidade da organização. Os custos de produção, por

sua vez, estão intimamente relacionados à satisfação do cliente, uma vez que tendo este custo

de produção reduzido, é possível à organização incrementar a qualidade do produto final e

conquistar a preferência do cliente, principal motivo da sua existência. Além disto, o cliente

possui papel de decisão pela compra de um determinado produto, analisando para ele próprio

quais os benefícios que receberá em contrapartida ao preço pago pelo produto.

Antunes (1998) relata que a preocupação central do STP consiste na redução de custos

em todas as etapas do processo de produção, desde o desenvolvimento de novos produtos e

respectivos projetos até as atividades diretamente relacionadas com a produção no nível

operacional, através de um sistema de gerenciamento total de custos.

Page 18: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

17

Originalmente, as organizações encaravam os seus custos de produção como sendo um

componente do preço de venda. Desta forma:

Preço de Venda = Custo de Produção + Lucro

Esta equação indicava que o preço de venda era passível de eventuais aumentos nos

custos de produção, afim de garantir uma margem de lucro previamente tida.

Segundo Ohno (1997) a aplicação desta equação faz com que o consumidor seja

responsável por todo o custo. A questão, conforme afirma Shingo (1996), é se o mercado

tolerará ou não a lógica proposta por esta equação.

No entanto, devido a mudança na relação entre oferta e a demanda, o preço de venda

passou a ser definido pelo mercado, e não mais pelos produtores. Sendo anteriormente a

demanda maior do que a oferta, o mercado sujeitava-se a adquirir todos os produtos;

atualmente a oferta supera a demanda e possibilita ao consumidor estabelecer a relação entre

preço e qualidade dos produtos ofertados pelos produtores. Desta forma:

Lucro = Preço de Venda - Custo de Produção

Neste caso, fica evidente que o agente decisivo para o preço de venda é o próprio

mercado, e o lucro é obtido pela subtração dos custos de produção.

Shingo (1996) afirma que aplicando esta fórmula, que pressupõe que são os

consumidores que decidem o preço da venda, o lucro é o que resta depois de subtrair o custo

deste preço final. Portanto, a única forma de aumentar o lucro, consiste em reduzir custos.

O STP foi desenvolvido sob esta idéia – a redução dos custos de produção. Ohno

(1997) afirma que a redução de custos deve ser objetivo dos fabricantes de bens de consumo

que busquem sobreviver no mercado atual.

Shingo (1996) destaca que esta abordagem implica na realização de esforços

implacáveis para cortar custos, sem os quais a empresa não sobrevive.

Reagir a um mercado globalizado significa ser competitivo pela redução dos custos de

produção, sem comprometer aspectos qualitativos da produção, tratando-se da nova ordem na

qual as organizações devem ser gerenciadas.

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18

1.1.2. Perdas no Processo de Produção

Conforme Shingo (1996), o Sistema Toyota de Produção é um sistema que visa a

eliminação total das perdas.

De fato, a partir do momento em que o mercado define por meio das leis

mercadológicas de oferta e demanda, qual será o preço de venda dos produtos, e a

rentabilidade da operação fica associada diretamente aos custos de produção, tem-se

evidenciado o grande impacto das perdas realizadas na manufatura sobre a lucratividade do

negócio. Desta forma, evidencia-se que quanto menores forem as perdas no processo de

produção, menores também serão os custos de produção, e maior a lucratividade.

Conforme Ohno (1997), existem 7 grandes tipos de perdas na produção:

• Perdas por superprodução: As perdas por superprodução são aquelas devidas à

produção antecipada de produtos, imobilizando-se recursos antes do necessário ou

devido à produção excessiva, nas quais se produz mais do que a demanda, com

objetivo de “compensar” a produção de produtos defeituosos ou fazer estoque. Em

ambos os casos há o desperdício.

• Perdas por transporte: Transportar é uma operação que nunca agregará valor ao

produto, uma vez que este estará da mesma forma no inicio e no fim do ciclo.

Portanto, deve-se buscar a eliminação desta operação pela mudança do layout das

instalações. Mecanizar idealmente um transporte, por exemplo, pode eventualmente

melhorar a eficiência desta operação mas no máximo ocasionará uma redução dos

custos de transporte.

• Perdas por processamento em si: No processamento em si, inúmeras atividades

podem ser realizadas sem que contribuam para a melhoria da qualidade do produto

sendo, desta forma, desnecessárias. É preciso um trabalho de investigação e análise,

afim de identificar as potenciais perdas e eliminá-las do processo.

• Perdas por fabricar produtos defeituosos: A produção de produtos defeituosos, ou

seja, que não atendem às especificações de qualidade projetadas, constituem um

desperdício que só faz aumentar os custos de produção. Para a sua eliminação deve-se

realizar uma inspeção visando identificar e prevenir a ocorrência destes produtos. A

simples identificação destes produtos não irá resolver o problema, uma vez que a

fabricação de refugos tenderá a se repetir.

• Perdas por espera: A falta de balanceamento no processo de produção ocasiona a

paralisação de postos de trabalho resultando em baixas taxas de ocupação de

Page 20: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

19

equipamentos e paralisação das atividades humanas, caracterizando as perdas por

espera. Elas podem ocorrer, também, quando temos o setup dos equipamentos. O

estudo da redução deste, através da Troca Rápida de Ferramentas – TRF - por

exemplo, tem por finalidade a redução deste tipo de perda.

• Perdas por estoques: Um dos paradigmas derrubados pelo STP é o de que havia

necessidade de formação de estoques no processo produtivo ou no almoxarifado. O

desenvolvimento do Just-in-time comprovou que a existência de estoques apenas

encobre imperfeições no processo, constituindo-se em desperdício. A eliminação de

estoques tanto no almoxarifado como nos produtos em fabricação ou acabados deve

ser perseguida.

• Perdas no movimento: As perdas no movimento são aquelas relacionadas com os

movimentos feitos pelos trabalhadores sem que estes sejam realmente necessários. A

idéia neste caso seria focar as energias operacionais aos trabalhos que realmente

agregam valor ao objetivo final do processo.

A eliminação das perdas no processo produtivo envolve o aprimoramento deste

através da realização de técnicas contínuas de gestão da produção, amparadas por métodos

científicos de identificação de problemas, como o Mecanismo de Pensamento Científico.

1.1.3. Mecanismo do Pensamento Científico

Shingo (1996) afirma que a aplicação deste método possibilita a atuação sobre a causa

raiz dos problemas, de forma a solucioná-los definitivamente.

O Mecanismo do Pensamento Científico (Scientific Thinking Mechanism- STM), foi

desenvolvido durante a construção do STP. Para uma melhor compreensão do mesmo,

primeiramente apresenta-se o seguinte fluxo de pensamento:

Observação => Formulação da Idéia => Julgamento =>Sugestão => Execução

Observado este fluxo, a quebra de paradigmas proposta por Shingo (1996) para a

análise e solução de um problema se apóia na “lógica dedutiva”, já que a solução de um

problema é encontrada observando fatos e dados existentes, permitindo determinar

relacionamentos do tipo causa e efeito de um dado problema analisado.

Shingo (1996) propõe a contestação do statu quo, contrapondo-o firmemente com a

melhoria contínua dos processos. Pessoas satisfeitas, por suas vezes, não têm motivos para

Page 21: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

20

encontrar problemas, pela dificuldade de enxergá-los. Contudo, o verdadeiro problema é

justamente pensar que não há problemas.

A identificação exata do problema nos permite determinar as tarefas que realmente

agregam e aquelas que somente ocasionam custos, e que devem ser eliminadas ou

minimizadas. Shingo (1996) afirma também que devemos entender completamente as

condições atuais antes de tentar apresentar soluções.

Uma das técnicas que auxiliam no entendimento dos fatos é a denominada 5W1H.

Conforme a mesma, um fenômeno é perfeitamente conhecido ao determinarmos o objeto

(what), o sujeito (Who), o método (how), o lugar (where), e o tempo (when). Ao

questionarmos o por quê (why) em todos estes componentes, o fenômeno estará perfeitamente

caracterizado.

A lógica utilizada na construção do STP enfatiza a necessidade de se perguntar “Por

quê?” cinco vezes como forma de identificar a real causa de um fenômeno. Este procedimento

faz com que não se observe apenas as causas superficiais, visíveis, e que numa primeira visão,

parecem ser as responsáveis pelo fenômeno.

Como exemplo de problema, Ohno (1997) cita uma máquina parou de funcionar:

1. Por que a máquina parou? Porque houve sobrecarga e o fusível queimou.

2. Por que houve uma sobrecarga? Porque o mancal não estava suficientemente

lubrificado.

3. Por que não estava suficientemente lubrificado? Porque a bomba de lubrificação não

estava bombeando o suficiente.

4. Por que não estava bombeando o suficiente? Porque o eixo da bomba estava gasto e

vibrando.

5. Por que o eixo estava gasto? Porque não havia uma tela acoplada e entrava limalha

Adotando a lógica dedutiva, a análise do mecanismo da função produção para

identificar as atividades que realmente agregam valor ao produto e eliminar as atividades que

só geram desperdícios, sem agregar valor ao produto, viabilizou a identificação dos 7 tipos de

perdas, sobre as quais foram construídos o Just-in-time e a Autonomação.

Uma vez observado e identificado um problema, a etapa seguinte na busca de

melhorias vem a ser a formulação de idéias. Uma das práticas adotadas é o brainstorming, que

se resume na coleta do maior número de idéias possíveis, tomando-se o cuidado de, nesta

fase, não formular julgamentos a respeito das mesmas.

Afirma Shingo (1996) que o processo de formular e avaliar idéias é repetitivo até se

chegar a uma idéia de melhoria verdadeiramente útil. Não é necessário dizer que, durante a

Page 22: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

21

etapa de avaliação, é vital envolver-se em julgamentos que tragam vida. Os julgamentos que

trazem vida são aqueles que contribuem para a adoção de um plano de melhoria específico,

que esteja inserido no contexto da empresa e que considere a eficiência do investimento, isto

é, que seja um plano de melhorias factível.

O último passo do Método do Pensamento Científico é a ação do plano de melhorias,

que deve ser buscada com a participação das pessoas envolvidas no processo. Evidentemente

que haverá confronto de idéias, mas a discussão responsável e democrática permite a criação

de uma cooperação mútua fundamental para o sucesso da melhoria.

Conforme menciona Klippel (1999) em uma empresa há dois tipos de problemas: o

problema técnico e o problema humano, O primeiro é resolvido com o auxílio da experiência,

com a análise dos dados e dos fatos, enfim, com o “conhecimento técnico”. O segundo é

resolvido pelas relações humanas praticadas entre as pessoas que trabalham na empresa e o

bom relacionamento, e que deve ser praticado por todos, independente de grau hierárquico.

Neste sentido é importante que seja formada uma equipe de melhorias,

multidisciplinar, diretamente comprometida com a implementação destes princípios e que

tenha o apoio da alta gerência.

1.1.4. Técnicas do Sistema Toyota de Produção

O STP, com sua nova abordagem sobre os sistemas de manufatura, revolucionou a

administração da produção, baseado principalmente na mudança de paradigma da subtração

dos custos de produção.

O Just-in-time, que busca a sincronização exata da produção, e a Autonomação, que

refere-se a automação dos processos de manufatura ajudada pela versatilidade humana,

constituem os dois pilares mestre do Sistema Toyota de Produção.

Tendo como premissa estes conceitos, Ohno (1997) desenvolve o STP, originando

algumas técnicas de gestão da produção, capazes de viabilizar nos mais variados aspectos, a

eficácia do Sistema Toyota de Produção. São elas:

� Controle de qualidade Zero Defeitos e dispositivos poka yoke;

� Projeto de layout e Multifuncionalidade;

� Troca Rápida de Ferramentas (TRF) e o tempo de setup;

� A melhoria dos processos pela Engenharia de Valor/ Análise de Valor;

� Padronização das operações e a operação-padrão;

� Manutenção Produtiva Total;

Page 23: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

22

1.1.4.1. Just-in-time e kanban

O Just-in-time origina-se nos supermercados americanos, que foram objeto de estudos

realizados por Ohno em 1956.

Ohno (1997) constatou nos supermercados que o cliente pode obter (1) o que é

necessário, (2) no momento em que é necessário, (3) na quantidade necessária. Esta

observação fez com que Ohno (1997) visualiza-se uma analogia semelhante para uma linha de

produção.

Ainda para Ohno (1997), a linha de produção poderia absorver o mesmo raciocínio das

lojas, de forma que o processo final (cliente) vai até o processo inicial (supermercado) para

adquirir as peças necessárias (gêneros) no momento e na quantidade que precisa. O processo

inicial imediatamente produz a quantidade recém retirada (reabastecimento das prateleiras).

Ohno (1997) observa, ainda, que para produzir usando o Just-in-time de forma que

cada processo receba o item exato, quando ele for necessário, e na quantidade necessária, os

métodos convencionais de gestão não funcionam bem.

Verificando os métodos de gestão tradicionais, que enfatizam as operações em

detrimento do processo total, compromete o sincronismo necessário para que o Just-in-time

funcione. Haveria desperdícios em função da perda por superprodução, por estoques

intermediários desnecessários, e pela produção excessiva ou antecipada de produtos

integrantes das ditas lojas.

Afim de nivelar a produção, de forma a haver uma interação eficiente entre as

operações, e balancear o fluxo do processo, criou-se o método kanban. Ohno (1997)

menciona que o método kanban é o meio pelo qual o STP flui suavemente.

O método kanban é regrado por seis princípios básicos descritos por Antunes (1998):

� O processo subseqüente retira do processo precedente a quantidade necessária de itens

� O processo precedente produz itens na quantidade e seqüência indicada pelo kanban;

� Impedir a produção e os transportes excessivos;

� O kanban funciona como uma ordem de fabricação afixada diretamente nos itens

(mercadorias).

� Produtos com defeito não devem ser enviados ao processo seguinte;

� O número de kanbans deve ser continuamente reduzido para aumentar a sensibilidade

dos problemas existentes.

O kanban representa para o Just-in-time um sistema logístico de puxar, representando

por meio de cartões específicos para o controle da produção e para a movimentação do

Page 24: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

23

material em processo, indicando visualmente: o que produzir, em que momento, em que

quantidade, onde colocar o produzido, a seqüência de fabricação, a operação anterior e

posterior.

Um dos requisitos fundamentais para o funcionamento do Just-in-time é de que as

matérias-primas e os materiais, quando colocados no processo, têm a qualidade assegurada de

acordo com suas especificações técnicas, garantindo que o fluxo não interrompa e ocasione

em perdas.

Hay (1992) menciona que o envolvimento dos operários é um dos componentes do

Just-in-time, sendo um dos pré-requisitos para a eliminação do desperdício. Cada membro da

organização - desde os que ocupam cargos mais modestos até a administração – tem seu papel

no esforço de eliminação de desperdício e na solução dos problemas de produção que causam

perdas.

A mudança comportamental, neste caso, é requerida por parte de todos os funcionários

de uma organização, da alta direção aos operários. Ohno (1997) evidencia a necessidade de

envolvimento da alta direção ao afirmar que “isso requer aquilo que eu chamo de revolução

da consciência, uma mudança de atitude e ponto de vista por parte dos empresários”.

1.1.4.2. Autonomação

A autonomação, definida como a automação composta pela versatilidade humana,

consiste na instalação de dispositivos de inspeção dotados de “inteligência” ao longo do fluxo

de produção, de forma que estes interrompam automaticamente a produção no final do

processamento, ou não possibilitam a produção de itens defeituosos ao eliminar

automaticamente a causa que gera o defeito.

Conforme Ghinato (1996), a idéia central da Autonomação é impedir a geração e

propagação de defeitos e eliminar qualquer anormalidade no processamento e fluxo de

produção.

Ohno (1997) afirma que a Autonomação também muda o significado da gestão. Não

será necessário um operador enquanto a máquina estiver funcionando normalmente. Apenas

quando a máquina pára devido a uma situação anormal é que ela recebe atenção humana.

De fato, a Autonomação possibilitou que um funcionário se desvinculasse de seu

equipamento, passando a controlar um maior número de máquinas simultaneamente.

Desta forma, há uma sinergia entre o Just-in-time e a Autonomação: uma linha de

produção é muito mais eficiente ao unir a habilidade individual dos funcionários com a

Page 25: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

24

Autonomação, juntamente com o trabalho coletivo de equipe, envolvendo a todos pelo Just-

in-time.

1.1.4.3. Controle de qualidade “zero defeitos” e dispositivos poka yoke

Conforme Antunes (1998), no Japão a terminologia zero não tem um significado de

nulidade, ao contrário do Ocidente, mas sim na busca da perfeição. De qualquer forma, no

Controle da Qualidade Zero Defeitos – CQZD - por conceito, a significância do mesmo é

atingir a meta zero defeitos.

A total ausência de defeitos é assegurada com a utilização de dispositivos de detecção

automática, que viabilizem a função mais importante da Autonomação: paralisar a linha de

produção assim que alguma anormalidade seja identificada, para que ela seja prontamente

corrigida. Para isto, faz-se necessário introduzir nos processos dispositivos a prova de erros,

denominados poka yoke, que substituam efetivamente à inspeção humana.

Os dispositivos poka yoke podem evitar erros pelo método de controle e por

advertência. Pelo método de controle, a linha de produção paralisa sempre que houver o

problema, e tendo-se esta paralisação da linha, corrigi-se o erro e este não se repete. Já o

método da advertência funciona por meio de emissão de sinais sonoros e/ou luminosos,

alertando a ocorrência de um problema, para que sejam tomadas as providências cabíveis para

a sua solução.

Para a construção dos dispositivos poka yoke é necessário o conhecimento detalhado

da operação, para efetuar uma análise das relações efeito-causa-efeito que ocasionam um

problema, e é preciso que haja criatividade para a construção de dispositivos eficientes e

baratos, e que eliminem definitivamente a(s) causa(s) origem do problema em questão.

1.1.4.4. Projeto de layout e multifuncionalidade

Contrariando os princípios gerais da administração científica desenvolvidos por Taylor

(1995) no início do século, que defendia a divisão do trabalho a partir da lógica de que à cada

homem deveria ser providenciado uma tarefa individual distinta, a Autonomação vem a favor

disto quando desvincula o homem da máquina. Tendo este raciocínio desmistificado, surge o

conceito de multifuncionalidade, onde há a possibilidade de um operador realizar mais de

uma tarefa simultaneamente.

Page 26: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

25

A multifuncionalidade reduziu a perda por espera do trabalhador, pois a máquina

passa a ser supervisionada por dispositivos poka yoke que sinalizam qualquer ocorrência de

anormalidade, e este trabalhador pode exercer simultaneamente outras atividades da cadeia

produtiva.

Ela possibilita também o surgimento de nagara. Segundo Ghinato (1996), nagara é a

“execução simultânea de operações secundárias ou selecionadas e a operação principal,

utilizando-se os tempos de folga existentes”.

Shingo (1996) afirma haver um aumento de produtividade correspondente a 30-50%

nas operações multi-máquinas e 50-100% nas operações multi-processos, quando comparado

ao paradigma da Divisão de Trabalho – um homem/um posto/uma tarefa.

Porém, para a Multifuncionalidade ser efetiva na prática, é preciso qualificar os

operadores para executar diversas tarefas, aumentando a sua produtividade: enquanto as

máquinas realizam a operação principal (processamento), ele pode realizar paralelamente

operações auxiliares, como o setups, movimentações e ajustes de produção.

Outro fator importante refere-se a mudança de layout dos equipamentos e instalações

possibilitando ao operador um acesso mais fácil as mesmas. A mudança de layout faz-se

necessário para aproximar as máquinas do operador, de forma que este se movimente o menos

possível. A partir desta premissa, surgiram os modelos de layout em V, L ou U que

consideram nas suas abordagens o fluxo de pessoas e o fluxo dos produtos.

Como afirma Shingo (1996), a abordagem de um problema de layout é reduzir o

transporte a zero. Neste caso, a terminologia “zero” significa buscar a perfeição e não a

nulidade conforme já citado, uma vez que a eliminação total do transporte em um processo

produtivo não seja possível.

1.1.4.5. Troca rápida de ferramentas e o tempo de setup

A importância desta técnica desenvolvida no STP, conhecida como Troca Rápida de

Ferramenta – TRF - é evidenciada por Shingo (1996) no prefácio da edição japonesa de seu

livro “O Sistema Toyota de Produção do ponto de vista da Engenharia de Produção”, quando

ele afirma que qualquer um que analise cuidadosamente o STP chegará a seguinte conclusão:

a redução dos tempos de setup, obtida com a ajuda do sistema TRF é essencial.

Na Toyota, em função da variabilidade dos itens produzidos, buscou-se encontrar uma

maneira capaz de reduzir os tempos de setup, com um potencial incremento na produtividade

e capaz de viabilizar o funcionamento do Just-in-Time.

Page 27: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

26

A idéia levou Shingo (1996) a supor de que qualquer tempo de setup pudesse ser

realizado em tempo não superior a dois dígitos, ou seja, no máximo em nove minutos e

cinqüenta e nove segundos, originando o conceito de TRF.

Deste modo, Antunes (1998) apresenta 4 vantagens do TRF:

1. A redução dos tempos de preparação possibilita a produção econômica em pequenos

lotes;

2. A redução dos tempos de preparação possibilita a redução dos estoques em processo e

dos estoques de produtos acabados;

3. Visto a conseqüente simplificação das preparações, minimiza-se a possibilidade da

existência de erros na regulagem de ferramentas e instrumentos;

4. As técnicas de conversão rápidas podem ser usadas para tornar disponível uma

capacidade adicional de máquina.

Por sua vez, Shingo (1996) lista algumas etapas básicas que conduzem à melhoria do

setup:

� etapa preliminar: setups internos e externos não estão separados. Isto ocasiona com

que algumas preparações, externas ao equipamento, e que portanto poderiam ser

realizadas sem a paralisação do mesmo, sejam feitas com o equipamento parado;

� primeira etapa: setup interno é claramente separado do setup externo. Nesta etapa é

possível identificar as atividades que podem ser realizadas com o equipamento em

operação e quais as atividades que necessitam a parada do equipamento;

� segunda etapa: elementos previamente considerados parte do setup interno são

convertidos em setup externo. Com isto, o tempo de preparação com a paralisação do

equipamento torna-se menor;

� terceira etapa: cada operação elementar de setup interno e externo é incansavelmente

melhorada.

1.1.4.6. A melhoria dos processos pela engenharia de valor e análise de valor

Outra técnica surgida na construção do STP para melhoria dos processos é a

Engenharia de Valor, cujo objetivo é reduzir os custos desnecessários durante a fase de

execução de projeto de um produto.

Shingo (1996), afirma que o primeiro estágio na melhoria de um processo é feito

através da seguinte pergunta: como este produto pode ser redesenhado para manter a

qualidade, e ao mesmo tempo, reduzir os custos de fabricação?

Page 28: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

27

O segundo estágio, de acordo com Shingo (1996), advém da pergunta: como a

fabricação deste produto pode ser melhorada?

A Engenharia de Valor é o nome dado à fase do projeto correspondente a 1ª pergunta,

enquanto que a Análise de Valor é a denominação dada ao mesmo processo, porém, após a

elaboração do produto, que se refere a 2ª pergunta.

Desta forma, todos os itens que não agreguem valor a um produto devem ser

eliminados. Esta situação pode ser ilustrada com o exemplo do fogão: se ele foi projetado com

quatro bocas, sendo que apenas duas seriam necessárias para uma determinada demanda, a

análise de valor irá detectar esta possibilidade e a Engenharia de Valor, através de um novo

projeto e protótipo, desenvolverá um fogão de duas bocas eliminando este desperdício com

material, horas de fabricação ou custos de mão-de-obra.

1.1.4.7. Padronização das operações e operação-padrão

A partir do momento em que a qualidade se instalou como uma realidade e

preocupação constante nas organizações, a padronização das atividades passa a ser

considerada um fator determinante para a sua sustentação.

Segundo Campos (1992), manter sob controle é saber localizar o problema, analisar o

processo, padronizar e estabelecer itens de controle de tal forma que o problema nunca mais

ocorra.

De fato, é de fundamental importância manter o controle permanente das atividades

para que a qualidade seja assegurada.

No entanto, a padronização de um processo deve ser estabelecida após a realização de

melhorias como forma de assegurar que elas sejam mantidas. Para isso, Campos (1992)

apresenta algumas etapas para a solução de problemas de qualidade:

1. Identificação do problema: definir claramente o problema e reconhecer sua

importância;

2. Observação: investigar as características específicas do problema com uma visão

ampla sob vários pontos de vistas.

3. Análise: descobrir as causas dos problemas;

4. Plano de Ação: conceber um plano para bloquear as causas;

5. Ação: bloquear as causas;

6. Verificação: verificar se o bloqueio foi efetivo;

7. Padronização: prevenir o reaparecimento do problema;

Page 29: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

28

8. Conclusão: recapitular todo o processo de solução do problema para posteriormente

padronizar.

Com vistas à padronização, afirma Ohno (1997) que na Toyota Motor Company foram

afixadas folhas de trabalho padrão, em locais bem visíveis, com informações do STP,

desempenhando um papel importante no controle visual da empresa.

Ohno (1997) afirma que a folha de trabalho combina eficazmente materiais, operários

e máquinas para produzir eficiência.

1.1.4.8. Manutenção produtiva total

A autonomação, separando o homem da máquina, elimina a ocorrência de problemas

ocasionados pelo erro humano. No entanto, além dos problemas manuais existem os

problemas relativos às máquinas e equipamentos, tais como a falta de manutenção e quebra de

componentes, entre outros que, devido a sua gravidade, podem tornar eventuais estoques

intermediários insuficientes para a não paralisação da linha de produção.

Face a isto, o STP, buscando a quebra “zero”, modificou a manutenção tradicional,

buscando minimizar os efeitos ocasionados pela mesma: ao invés de um grande departamento

de manutenção centralizada, optou pela criação de diversos setores ou áreas de manutenção,

com o envolvimento de todo o pessoal relacionado com os equipamentos da área, dando

resposta mais rápida e ágil, como forma de assegurar a continuidade operacional. Este

conceito foi definido como Manutenção Produtiva Total (TPM), objeto da presente pesquisa.

Ghinato (1996) cita que a TPM pode ser definida como uma abordagem de parceria

entre todas as funções organizacionais, mas particularmente entre a produção e a manutenção,

para melhoria contínua da qualidade do produto, eficiência da operação, garantia da

capacidade de segurança.

Os objetivos básicos da TPM, definidos pela Japan Institute for Plant Maintenance,

conforme Antunes (1998) são os seguintes:

� Maximização do rendimento global dos equipamentos;

� Desenvolver um sistema de manutenção produtiva que leve em consideração toda a

vida útil do equipamento;

� Envolver todos os departamentos, planejamento, projeto, utilização e manutenção na

implantação da TPM;

� Envolver, ativamente, todos os empregados – desde a alta gerência até os

trabalhadores de nível operacional;

Page 30: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

29

� Tornar a TPM um movimento visando à motivação gerencial, através do

desenvolvimento de atividades autônomas de melhorias em pequenos grupos.

A parceria entre o setor de manutenção e o setor de produção, conforme citado por

Ghinato (1996), possibilita que serviços como lubrificação, limpeza de máquinas, serviços

básicos de manutenção elétrica e mecânica, possam ser feitos pelos operadores, liberando os

mecânicos e eletricistas para serviços de maior complexidade.

Esta parceria ocorre no sentido do gerenciamento por processo: o pessoal de ambos os

setores se volta para a eficácia da operação de produção, deixando de se preocupar com a

eficiência de cada setor e eliminando, desta forma, uma área tradicional de atrito em uma

organização.

Para Nakajima (1989), "os Estados Unidos sempre desempenharam papel de destaque

na inovação tecnológica". No campo da manutenção das máquinas, os Estados Unidos foram

os pioneiros na adoção da manutenção preventiva, e evoluiu para Manutenção do Sistema de

Produção, incorporadas a Prevenção de Manutenção, além dos tópicos oriundos da engenharia

de confiabilidade.

O Japão assimilou todos estes conhecimentos, que se cristalizaram com a TPM - Total

Productive Maintenance, ou seja, a "Manutenção com a participação de todos."

A Palavra "Total" de Manutenção Produtiva Total refere-se que toda a fábrica deve

estar envolvida na cultura e nas atividades da TPM, desde a alta direção aos operadores. A

implantação de um programa TPM necessita do envolvimento de todos, e depende

essencialmente da aceitação da direção da fábrica, que por sua vez deve difundir seus

conceitos e dar suporte para que o programa evolua positivamente.

Nakajima (1989) afirma que a TPM representa uma forma de revolução, pois

conclama a integração total do homem x máquina x empresa, onde o trabalho de manutenção

dos meios de produção passa a constituir a preocupação e a ação de todos.

Xenos (2004) afirma que a TPM é uma metodologia de aplicação dos diversos tipos de

manutenção, para garantir a melhor utilização e produtividade dos equipamentos. Uma

estratégia simples e prática de envolvimento dos operadores dos equipamentos nas atividades

de manutenção diária, tais como a inspeção, limpeza e lubrificação, com o objetivo de evitar a

deterioração dos equipamentos, detectando e tratando suas anomalias num estágio inicial

antes que resultem em falhas.

De modo geral, a Manutenção Produtiva Total constitui-se numa importante

ferramenta do STP, proposta para a gestão estratégica e diferenciada da manutenção

tradicional. Uma vez concebida como vertente da Mentalidade Enxuta, a TPM pode oferecer

Page 31: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

30

soluções inovadoras que permitam enxergar o processo manutenção como parceiro ativo das

metas propostas à equipe de produção, criando desta forma uma consciência voltada para a

eficiência dos equipamentos e da operação.

1.2. EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Viana (2002) afirma que a palavra “Manutenção” é derivada do latim manus tenere,

que significa manter o que se tem. Com a Revolução Industrial ocorrida no final do século

XVIII, aumentou-se substancialmente a capacidade de produção de bens de consumo com a

criação de equipamentos e máquinas que dinamizavam alguns processos de produção,

automatizando muitas técnicas que eram essencialmente manuais. As máquinas passaram aos

poucos ao patamar de indispensáveis e fundamentais para as pessoas e para suas vidas, fato

este que acarretou e continua acarretando, ao longo de anos de história, numa mudança

cultural para a sociedade.

Viana (2002) destaca também que a manutenção está presente na história da sociedade

desde que se começou a manusear instrumentos de produção. Tendo como realidade o

aumento da produção dos bens de consumo manufaturados, era considerada de extrema

importância a disponibilidade dos equipamentos, visto a permanente carência dos mesmos

perante a sua real demanda de trabalho. A indisponibilidade ou ociosidade dos equipamentos,

por qualquer motivo, tornou-se sinônimo de elevados custos. Pelas adversidades apresentadas,

a utilização dos equipamentos de forma produtiva, eficiente e racional, tornou-se inevitável, e

esta circunstância enraizou de forma definitiva a necessidade de manter os equipamentos em

perfeitas condições de trabalho.

A função manutenção firmou-se como uma necessidade durante a Segunda Guerra

Mundial, pois a constante operacional de homens e materiais de guerra era questão estratégica

para o sucesso nos combates.

Conforme Pinto & Xavier (2001), o termo Manutenção significava manter todo e

qualquer máquina, ferramenta ou dispositivo em nível de funcionamento adequado. Originada

efetivamente na década de 1950, a manutenção tradicional firmou-se no Brasil com a abertura

dos portos, que necessitavam atribuir aos seus serviços índices de qualidade e atendimento

global.

Pinto & Xavier (2001) afirmam que, além de todos os custos por uma produção parada

por quebra de equipamento, as falhas também podem gerar sérias conseqüências na segurança

Page 32: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

31

e no meio ambiente, em um momento onde os padrões exigidos nestas áreas estão

aumentando rapidamente.

De modo geral, a manutenção tradicional passou por várias etapas distintas no

decorrer de sua evolução, caracterizadas de forma bastante singular. Pinto & Xavier (2001)

dividem a manutenção em três gerações:

� Geração 1 – Período antes da Segunda Guerra Mundial

Característica: Fundamentalmente corretiva;

� Geração 2 – Após Segunda Guerra Mundial até anos 60

Característica: Surge o conceito de manutenção preventiva;

� Geração 3 – Anos 70 até atualmente

Característica: Manutenção preditiva (detectiva).

Por fim, é possível visualizar no diagrama destacado na figura 1 o papel de desfecho

que a TPM ocupa na evolução da manutenção tradicional, amparada por sua vez na premissa

de manutenção baseada nas condições dos equipamentos.

Figura 1: Evolução da Manutenção Fonte: Tonelotto, (2002, I-3)

Page 33: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

32

1.2.1. Formas de Manutenção

Dentro do âmbito manutenção, há várias formas de exercer manutenção sobre um

determinado equipamento. Segundo Policarpo (2003), as intervenções de manutenção podem

ser classificadas em quatro grandes tipos:

� Manutenção Corretiva;

� Manutenção Preventiva;

� Manutenção Preditiva;

� Engenharia de Manutenção (pró-ativa)

Afim de viabilizar e maximizar o rendimento de cada forma de manutenção, as

ferramentas a seguir são destacadas como sendo de grande utilização para se alcançar os

níveis de excelência na manutenção, principalmente na manutenção pró-ativa: Manutenção

Produtiva Total (TPM); Manutenção Centrada em Confiabilidade (RCM); Manutenção

Baseada na Confiabilidade (RBM).

1.2.1.1. Manutenção corretiva

Pinto & Xavier (2001) definem como manutenção corretiva aquela não planejada, e

que corrige a falha de maneira aleatória.

Policarpo (2003) afirma que a manutenção corretiva consiste em substituir peças ou

componentes que se desgastaram ou falharam e que levaram a máquina ou equipamento a

uma parada, por falha ou pane num ou mais componentes, ou seja, é o conjunto dos serviços

executados nos equipamentos com falha.

Trata-se do conserto ou reforma realizada quando o objeto, máquina ou equipamento

já estão quebrados ou em falha.

Vantagens:

� não exige acompanhamentos e inspeções nas máquinas.

Desvantagens:

� as máquinas podem quebrar-se durante os horários de produção;

� as empresas utilizam máquinas de reserva;

� há necessidade de se trabalhar com estoques.

Page 34: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

33

1.2.1.2. Manutenção preventiva

Para Policarpo (2003), é uma intervenção prevista, preparada e programada antes da

data provável do aparecimento de uma falha, ou seja, é o conjunto de serviços e inspeções

sistemáticas, ajustes, conservação e eliminação de defeitos, visando evitar falhas.

Caracteriza-se pela manutenção que evita a quebra e paradas das máquinas por

providências antecipadas e sistematizadas, introduzindo o fator qualidade na manutenção.

Vantagens:

� assegura a continuidade do funcionamento das máquinas, só parando para consertos

em horas programadas;

� a empresa terá maior facilidade para cumprir seus programas de produção.

Desvantagens:

� requer um quadro (programa) bem montado;

� requer uma equipe de mecânicos eficazes e treinados;

� requer um plano de manutenção.

1.2.1.3. Manutenção preditiva

Define-se pelo ato de acompanhar a vida útil das máquinas efetuando-se inspeções

periódicas, medições, leituras, sondagem. Observa-se o comportamento das máquinas,

verificando falhas ou detectando mudanças nas suas condições, podendo-se prever com

precisão o risco de quebra, permitindo assim a manutenção programada.

Xenos (2004) comenta que a manutenção preditiva é um dos elementos da manutenção

preventiva, através da análise dos equipamentos com técnicas sofisticadas capazes de prever o

momento em que é necessária uma intervenção da equipe de manutenção.

Conforme Policarpo (2003), trata-se do monitoramento de máquinas e equipamentos

em serviço. Sua finalidade é predizer falhas e detectar mudanças no estado físico que exijam

serviços de manutenção, com a antecedência necessária para evitar quebras.

Vantagens:

� aproveita-se ao máximo a vida útil dos elementos da máquina, podendo-se programar

a reforma e substituição somente das peças comprometidas.

Desvantagens:

� requer inspeções periódicas, através de instrumentos específicos de monitoração;

� requer profissionais especializados.

Page 35: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

34

1.2.1.4. Engenharia de manutenção (pró-ativa)

Busca a melhoria dos padrões por meio de técnicas modernas e eficazes para a

modificação de situações permanentes de má performance. Em posse dos dados coletados na

manutenção, são efetuadas análises, estudos e proposição de melhorias. Para a existência de

uma Engenharia de Manutenção são imprescindíveis estas análises.

É definida por Policarpo (2003) como sendo o conjunto de atividades que permite que

a confiabilidade seja aumentada e a disponibilidade garantida.

Vantagens:

� Refere-se a uma análise qualitativa da manutenção, incidindo diretamente nas causas

de falhas, reduzindo os custos e impactos da manutenção.

Desvantagens:

� Requer dispositivos adequados para o serviço de Engenharia;

� Requer profissionais especializados.

Tendo observado o desenvolvimento das formas de manutenção, percebe-se que a

evolução deste processo nas suas mais variadas formas e características, até o alcance da

técnica TPM, exerce enorme influência para as empresas que buscam a redução contínua das

suas perdas, já que a Manutenção desempenha papel fundamental e estratégico nas

organizações, justamente pela função de manter a integridade, operacionalidade e segurança

das máquinas e equipamentos dos sistemas produtivos.

1.3. MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL: FOCO NA REDUÇÃO DAS PERDAS

Para garantir a sobrevivência no mercado, cabe às empresas atuarem no sentido de

identificar as potenciais melhorias a serem implementadas, com o intuito de aumentar a

produtividade e, especialmente, a rentabilidade do negócio. Tonelotto (2002) coloca que a

TPM visa redução de custos, treinamento do pessoal e do aprimoramento contínuo dos

processos, e por isso caracteriza-se por viabilizar esta expectativa de aumento de

rentabilidade, pois permite obtê-la pela eliminação progressiva das perdas identificadas e

quantificadas nos sistemas produtivos, aperfeiçoando e desenvolvendo novas e mais eficientes

tecnologias.

Segundo Nakajima (1989), a manutenção de equipamentos é um importante

componente em qualquer estratégia eficaz que busca a redução de custos. Defeitos e avariais

em equipamentos reduzem a produtividade, gerando perdas significativas ao processo. As

Page 36: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

35

perdas podem ser divididas em seis tipos distintos, denominadas como as Seis Grandes

Perdas:

1. Quebra:

Perdas que interrompam ou deterioram as funções do equipamento; exigem a

substituição de peças ou reparos, para recobrar as funções iniciais;

2. Setups, ajustes e mudanças de ferramental:

Perdas relativas ao tempo entre o final da produção de um produto e o início da

produção do próximo produto em velocidade normal, livre de defeitos, após todas as

alterações necessárias no processo;

3. Ociosidade e pequenas paradas:

Perdas de tempo devido a pequenas paradas e inatividade do equipamento em função

de problemas temporários, tais como obstrução dos produtos na alimentação, defeitos

mecânicos do alimentador e sistemas de transporte;

4. Redução de velocidade:

Perdas por velocidade abaixo da velocidade do projeto, ritmo abaixo do estimado;

5. Defeitos e retrabalhos:

Perdas na operação com matéria-prima, mão-de-obra, insumos e outros recursos

desperdiçados ao produzirem peças com defeitos.

6. Perdas de início de produção:

Perdas com aquecimento, funcionamento e condições de estabilizem na inicialização.

Graficamente, as Seis Grandes Perdas estão ilustradas na figura 2 que traz uma

situação de plena disponibilidade do equipamento ou instalação, subtraída pelas potenciais

perdas, até obter-se o tempo de operação com valor agregado.

O objetivo da TPM pode ser descrito como a busca por uma Manutenção Produtiva o

mais rentável possível, ou seja, que não somente evite e previna as falhas, mas que o faça de

forma efetiva e econômica.

Através da aplicação de seus conceitos, a TPM torna os profissionais conhecedores

dos processos e equipamentos que operam, tornando-os aptos a identificar, minimizar e até

eliminar a causa das quebras ou falhas visíveis, conforme mostra a figura 3. Tendo este senso

crítico presente no profissional, a tendência é de que o mesmo se sinta responsável pelo bom

funcionamento do processo, tornando de fato apto a combater efetivamente as perdas do

processo produtivo, além de maximizar os níveis de motivação.

Page 37: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

36

Figura 2: Estrutura das perdas nos equipamento e instalações Fonte: Tonelotto, (2002, III-16)

Figura 3: Iceberg representando as causas das quebras ou falhas visíveis. Fonte: Yamaguchi, (2005, pág. 17) 1.3.1. Sustentação da TPM – 8 Pilares

De acordo com Nakajima (1989), a TPM é sustentada por uma estrutura de oito

pilares, que oferecem o embasamento teórico para a sua implantação e manutenção. O

alicerce da ferramenta é justamente o conhecimento, maturidade e participação ativa das

pessoas, que adotam portanto uma função chave para o sucesso do sistema. Neste caso, o

perfeito planejamento das atividades que compreendem a implantação da TPM é apenas um

Page 38: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

37

primeiro passo, que é completado posteriormente pela motivação, direcionamento de equipe e

estreitamente de relações entre os subordinados e gestores em prol da mudança cultural.

De modo geral, os oitos pilares da TPM sugerem ações para melhoria da qualidade,

produtividade, atendimento de prazos, garantia da integridade, saúde e motivação dos

profissionais e redução de custos. Seguem os 8 pilares da TPM citados por Nakajima (1989),

definidos por seus contornos específicos:

• Manutenção Autônoma: elaboração de uma estrutura de manutenção autônoma do

operador;

• Manutenção Planejada: elaboração de uma estrutura de manutenção planejada do

departamento de manutenção;

• Melhorias Específicas: melhoria individual dos equipamentos para elevar a eficiência;

• Educação e Treinamento: treinamento para capacitação técnica do operador e do

profissional de manutenção;

• Manutenção da Qualidade: manutenção com vistas na melhoria da qualidade;

• Saúde, Segurança e Meio Ambiente – Higiene, segurança e eco-eficiência;

• Controle Inicial – elaboração de uma estrutura de controle inicial do equipamento;

• TPM Office: elaboração de uma estrutura para gerenciamento efetivo e eficaz dos

processos;

Direta ou indiretamente, todos os pilares exercem forte influência entre si, pois

possuem uma significativa interdependência de conceitos e ações de contenção. Porém, para

uma boa aplicação da TPM, evidentemente que cada pilar atribui um nível de aprofundamento

e ênfase na sua abrangência temática para a organização interessada na aplicação da técnica.

1.3.1.1. Pilar da manutenção autônoma

Takahashi e Osada (1993) afirmam que a manutenção autônoma passou por algumas

etapas distintas na sua evolução. Num primeiro momento, a área de manutenção apesar de

contar com equipe e estrutura voltadas para os reparos, não interagia com as áreas produtivas,

fazendo com que os atendimentos somente fossem realizados mediante uma solicitação

formal, inclusive para os casos emergenciais. Esta situação, por sua vez, estimulou a criação

de uma área própria de reparo por parte da produção, que apesar de comprometida, não

possuía a fundamentação técnica adequada para tais ações, e os resultados não atingiam sua

eficácia esperada.

Page 39: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

38

No segundo momento, em função do aumento significativo do número de

equipamentos instalados e da necessidade de aumentar a produtividade fabril, ocorreu uma

força tarefa que visava a divisão e padronização das atividades. Neste momento, a equipe de

reparos criada pela produção foi transferida para a manutenção, e a área de produção passou a

concentrar-se em produzir. Os equipamentos passaram a ser considerados como meras

ferramentas de trabalho, que quando apresentam problemas necessitam ser reparadas,

elevando nível de responsabilidade da área de manutenção, e surgindo daí a implementação

da manutenção preventiva.

No terceiro período, o aperfeiçoamento técnico voltado aos equipamentos e técnicas

de manutenção, juntamente com a contínua evolução da manutenção preventiva, gerou um

distanciamento ainda maior das equipes de manutenção e produção, já que esta última estava

cada vez mais focada em maximizar os níveis de produtividade e qualidade, afastando-se em

definitivo das atividades da manutenção.

Tomada esta lição, e acrescido que os dias presentes apresentam um ambiente

altamente competitivo e instável, a manutenção autônoma passa a ser fruto de um quarto

período, distinto dos demais, onde busca-se o uso pleno e eficaz dos equipamentos visando a

redução dos custos de produção pelo incremento da manutenção preventiva, atribuindo a

equipe de produção uma preocupação com a operação eficaz e a redução do número de

avarias. Para isto, seria necessário conscientizar o usuário do equipamento quanto ao cuidado

e conservação das máquinas e ferramentas.

Conforme Xenos (2004), a forma tradicional de visualizar a manutenção está

gradativamente sendo alterada para uma visão mais abrangente, onde a responsabilidade do

equipamento passa a ser dividida entre a manutenção e produção, e a figura do operador de

produção ganha destaque, pois também assume o papel de responsável pelo equipamento.

A manutenção autônoma é uma estratégia simples utilizada no sentido de envolver os

operadores dos equipamentos em atividades de rotina da manutenção. Como tais atividades,

estão listadas os serviços de limpeza, lubrificação e inspeção, que evitam a deterioração dos

equipamentos e conseqüentemente evitam potenciais falhas, já que atuam diretamente na

causa ou fase inicial do problema. Além disto, através deste acompanhamento exercido pelos

operadores, é possível identificar desvios nas atividades dos equipamentos, por ruídos,

vibrações ou super aquecimento anormais. Em alguns casos, quando previamente capacitado,

o operador pode executar reparos mais simples no equipamento, desenvolvendo neste

profissional um maior interesse pelo “seu próprio equipamento”.

Page 40: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

39

Segundo Tonelotto (2002), existem três tesouros na manutenção autônoma: as

reuniões, pois todo o trabalho é desenvolvido com a participação da equipe; a lição de um

ponto (LUP), que é um método eficiente de transmissão de conhecimento aos membros dos

grupos autônomos, com ilustrações e pouca escrita representando a situação, tornando os

conhecimentos básicos de fácil compreensão e transmissão; e o quadro de atividades, que é o

instrumento instalado no local onde se executa o pilar, que estão registradas todas as

atividades realizadas pela manutenção autônoma, tais como cronogramas, desenvolvimento de

etapas, casos de melhorias e índices de manutenção.

Conforme Kardec e Ribeiro (2002), a manutenção autônoma deve ser apoiada e

liderada pela alta administração, pois qualquer tentativa no contrário implicará em fracasso,

haja vista a necessidade da integração deste processo com todas as outras atividades da

empresa comandadas por diferentes gestores. Isto sugere inclusive que a alta administração

nomeie um gestor responsável pela manutenção autônoma, sendo o mesmo responsável por

fomentar as atividades entre as diversas áreas.

De fato, o que se busca com a manutenção autônoma é desenvolver no operador um

alto nível de conhecimento técnico e comprometimento sobre o seu equipamento, apoiado

pela liderança efetiva da alta gestão, de forma que o mesmo possa usar sua autonomia como

um “sensor”, detectando falhas com antecedência e atuando prontamente no equipamento, por

intermédio próprio ou com o apoio da manutenção sempre que necessário.

1.3.1.2. Pilar da manutenção planejada

Ao longo de sua evolução, por muito tempo a manutenção foi tida como uma atividade

altamente onerosa dos sistemas produtivos que envolvem ferramentas ou equipamentos.

Inicialmente, a manutenção era exclusivamente corretiva, isto é, executada somente com a

falha já ocorrida no equipamento, e nos momentos menos oportunos de alta demanda por

produtividade.

A fim de minimizar os impactos gerados pelo processo manutenção aos sistemas

produtivos, devido a alta indisponibilidade das máquinas, elevados índices de custos e

estoques necessários, buscou-se desenvolver um tipo de manutenção capaz de anteceder a

quebra propriamente dita, apresentando-se como solução para minimizar ou até mesmo evitar

que ocorram quebras imprevistas. Esta é chamada de manutenção planejada.

Conforme Xenos (2004), manutenção planejada é um método que tem como propósito

permitir a máxima disponibilidade, confiabilidade e desempenho dos equipamentos e sistemas

Page 41: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

40

por ele abrangidos, através da otimização dos recursos disponíveis para a manutenção dentro

de uma sistemática abrangente. A Manutenção Planejada é constituída por instruções, listas e

detalhamento de tarefas e de recursos necessários ao seu cumprimento, que nada mais é do

que o escopo da manutenção preventiva.

Antes de elaborar um plano de Manutenção é preciso entender porque as quebras

ocorrem. Pinto & Xavier (2001) afirmam que os principais motivos de quebras de

equipamentos são o esforço adicional, sobrecarga, desgaste ou deterioração, aumento da

temperatura, trancos e batidas. E estes motivos são conseqüências de outros fatores, como a

falta de lubrificação adequada, presença de sujeira, poeira, impurezas, filtros deficientes,

sistemas de troca de calor e de resfriamento deficientes, além da operação incorreta da

máquina ou ferramentas em más condições de uso.

Grande parte destes problemas podem ser evitados pela elaboração, execução e

documentação de um Plano de Manutenção onde devem ser contemplados o Plano de

Lubrificação (rotinas, trocas, especificação), rotina de limpeza, verificação de desgastes e

troca de componentes (filtros, correias, correntes, rolamentos, componentes elétricos). Cada

componente, por sua vez, tem uma vida útil determinada pelo fabricante que lhe confere

maior confiabilidade.

Finalmente, com relação a operação ou manutenção incorreta, a melhor solução é o

treinamento dos operadores e técnicos de manutenção. Rotinas e procedimentos detalhados de

operação e manutenção da máquina, com destaque aos cuidados essências para desempenhar

tais tarefas, facilitam os trabalhos que compõem a manutenção planejada.

1.3.1.3. Pilar da melhoria específica

O contexto dos sistemas produtivos em conjunto com a própria Manutenção Produtiva

Total, evidencia que a maximização da eficiência dos processos depende da eliminação de

suas perdas. De fato, toda e qualquer perda significa um pequeno decréscimo nos resultados

tangíveis da organização e, por este motivo, revelam-se como possíveis oportunidades de

melhorias capazes de reverter o quadro para um acréscimo nos resultados.

As oportunidades de melhorias são atividades que, por sua vez, potencializam a

maximização nos resultados da organização, seja pelo provimento de melhores técnicas e

competências ao equipamento, mão-de-obra, processo ou insumos, eliminando ou

minimizando as perdas provenientes de um sistema produtivo ineficiente. Este é exatamente o

propósito do pilar da melhoria específica.

Page 42: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

41

Conforme Tonelotto (2002), a melhoria específica é um dos principais pilares de

sustentação da TPM, que inclui todas as atividades que maximizam a efetividade global do

equipamento, processos e da planta como um todo, através da eliminação efetiva e sistemática

das perdas identificadas na empresa.

Tonelotto (2002) diz também que as melhorias quotidianas, na prática, não funcionam

exatamente como as melhorias específicas, pois os resultados não são consolidados em sua

plenitude. A argumentação é de que não há tempo e que as melhorias são difíceis de serem

implantadas, além da falta de recursos financeiros. Como resultado disto, os problemas

difícies permanecem sem resolução, e a perda e o desperdício continuam a se acumular,

fazendo a possibilidade de melhoria parecer ainda mais remota.

No caso das melhorias específicas, portanto, não basta apenas levantar e solucionar

temporariamente uma perda sem sua consolidação científica e prática, mas sim garantir que a

solução apresentada seja efetiva e permanente, eliminando ou minimizando definitivamente

esta perda para o sistema produtivo.

1.3.2. Indicadores de Performance

A Manutenção Produtiva Total possui uma série de configurações que permitam medir

e acompanhar os resultados tangíveis das atividades e seus impactos nos valores operacionais

e monetários da organização. Como exemplo, há os índices de produtividade (produtividade,

quebras), qualidade (defeitos, refugos, reclamações de clientes), custos, inventário (estoque de

produtos, giro de estoque), segurança (acidentes, níveis de poluição), moral (questionários,

sugestões), entre outros. O presente estudo, por sua vez, apresenta como técnica para medir os

resultados da TPM o Índice de Eficiência Global (OEE) dos equipamentos de processo

seriado.

Conforme Tonelotto (2002), o indicador OEE possui relação direta com o conceito da

eliminação das seis grandes perdas. A partir dessas perdas, é possível calcular três índices

independentes: o Índice de Disponibilidade, o Índice de Performance e o Índice de Qualidade,

que irão compor a fórmula do cálculo do OEE. Os três índices são obtidos da seguinte forma:

Índice de Disponibilidade = Horas Disponíveis / Horas Planejado

Índice de Performance = Horas Produtivas / Horas Disponíveis

Índice de Qualidade = Horas Peças Boas / Horas Produtivas

Page 43: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

42

1.3.2.1 Índice de eficiência global (OEE – overall equipment effectiveness)

Tonelotto (2002) diz que o cálculo da eficiência global do equipamento é obtido pela

multiplicação simples dos três índices, de Disponibilidade, Performance e Qualidade:

OEE = Disponibilidade x Performance x Qualidade

A figura 4 esclarece este cálculo matemático, apresentando exatamente em quais

situações é possível obter ganhos efetivos no rendimento global do equipamento. Os índices

geradores do OEE estão diretamente combinados, e em função das perdas ou oportunidades

de melhorias ilustradas. Sinteticamente, são estabelecidas as seguintes relações entre as

grandes perdas e os índices que compõem o rendimento global do equipamento:

� ÍNDICE DE DISPONIBILIDADE

Perdas Impactantes: Quebras; Set-ups e Ajustes; Troca de Ferramental; Start-up;

� ÍNDICE DE PERFORMANCE

Perdas Impactantes: Pequenas Paradas; Redução de velocidade;

� ÍNDICE DE QUALIDADE

Perdas Impactantes: Perda por defeitos e retrabalhos;

Figura 4: Diagrama da Relação entre as grandes perdas e o Rendimento Global do Equipamento Fonte: Tonelotto, (2002, III-17)

As perdas denominadas como impactantes para cada um dos índices que compõem o

rendimento global do equipamento, estão justamente agrupadas e definidas nas Seis Grandes

Page 44: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

43

Perdas focadas pela Manutenção Produtiva Total. Visto que o grande objetivo da TPM é

buscar reduzir as seis (6) grandes perdas nas máquinas e processos, aumentando

conseqüentemente o Índice OEE, o delineamento da pesquisa torna-se claro e concreto,

justificando a apresentação de um método prático para aplicação da TPM, visando “zerar” as

perdas em uma célula de máquinas injetoras.

Para o desenvolvimento deste método prático, evidencia-se a necessidade de explorar

três metodologias existentes para a implantação da Manutenção Produtiva Total, de forma que

estas possam nortear o processo de elaboração de um método proposto para aplicação da

técnica, capaz de atingir as expectativas da organização, e atento as particularidades da

empresa.

Page 45: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

2. METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL

O material apresentado na presente pesquisa pretende apresentar um método de

aplicação da Manutenção Produtiva Total para uma célula de máquinas Injetoras. Para a

elaboração deste método, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o tema, buscando

pesquisar e interpretar conceitos sobre o Sistema Toyota de Produção, Manutenção, TPM e

por fim, as metodologias existentes para a implantação da Manutenção Produtiva Total.

Considerando o elevado número de literaturas técnicas encontradas acerca do tema

Manutenção Produtiva Total, fica clara a sua real importância dentro do contexto da gestão

industrial. Os dados e fatos levantados a respeito deste assunto possuem abordagens

semelhantes, apresentando metodologias comuns no que diz respeito a implantação da TPM

para as organizações. As metodologias para implantação da Manutenção Produtiva Total

estão embasadas basicamente sobre a análise exposta por uma das maiores autoridades

mundiais do tema Manutenção, o Instituto Japonês de Planejamento de Manutenção - JIPM

(Japan Institute of Plant Maintenance), que define como sendo doze as etapas de implantação

da TPM. Desde 1981, o Instituto Japonês de Planejamento de Manutenção vem

desenvolvendo e difundindo a TPM, dando suporte à implantação da técnica de gestão da

manutenção nas empresas japonesas e de diversos outros países, dos mais variados portes.

Os autores Tavares (2001), Tonelotto (2002) e Yamaguchi (2005) defendem este

mesmo raciocínio aplicado, apontando como suas metodologias para implantação da

Manutenção Produtiva Total a própria analogia proposta pelo Instituto Japonês de

Planejamento de Manutenção.

Desta forma, considerando que o objetivo principal de cada autor é a eficácia da

implantação da técnica, e que as metodologias propostas para implantação expostas por cada

um fazem referência a uma mesma exposição, evidencia-se neste caso a necessidade de expor

apenas uma única metodologia, argumentada por um autor da área, por ser a mesma

metodologia adotada pelos demais autores verificados.

Visto isto, a metodologia utilizada como referência para o desenvolvimento do método

de aplicação da TPM da presente pesquisa é a de Tonelotto (2002), que descreve claramente o

passo a passo de desenvolvimento das etapas da metodologia.

Page 46: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

45

2.1. METODOLOGIA APRESENTADA POR TONELOTTO

Tonelotto (2002) estima, por toda a sua vivência no ramo de manutenção, que para

uma efetiva implantação da TPM leva-se de três a seis meses na fase de preparação, e de dois

a três anos para implementação e consolidação, considerando que o desenvolvimento da TPM

seja feito fielmente segundo as doze etapas sugeridas.

O quadro 1 ilustra as fases e respectivas etapas:

FASES ETAPAS ELEMENTOS BÁSICOS 1. Decisão da alta administração (Diretoria)

Comprometimento da alta administração

2. Treinamento Inicial Cursos/palestras para todos os níveis hierárquicos

3. Estrutura organizacional da TPM

Formação de comitês e pequenos grupos

4. Estabelecer diretrizes

Objetivos Indicadores e metas

Preparação

5. Plano diretor Planejamento para implantação

Introdução 6. Partida do TPM Comunicação formal das diretrizes (convite a empresas afiliadas, fornecedores e clientes)

7. Estruturação dos pilares para a confiabilidade do sistema produtivo

Busca a máxima eficiência produtiva dos equipamentos

7.1. Melhoria Específica.

Eliminar perdas através de equipes multifuncionais

7.2. Manutenção Autônoma. Aumento da capacidade técnica do operador

7.3. Manutenção Planejada

Quebra/falha zero Restauração e confiabilidade

7.4. Educação e Treinamento.

Elevar os níveis de conhecimento Mudanças culturais - reeducação

8. Controle Inicial

Minimização da ineficiência de novos produtos, processos e equipametos

9. Manutenção da Qualidade

Eliminar os defeitos em produtos

10. TPM Office Maximização da eficiência administrativa

Implementação

11. Segurança, Higiene e meio-ambiente

Zero acidentes, Zero poluição

Consolidação 12. Aprimoramento.

Corrigir os desvios e estabelecer novas metas

Quadro 1: 12 Etapas de Implantação da TPM Fonte: Tonelotto, (2002, I-14)

Page 47: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

46

Tonelotto (2002) divide as etapas de implantação em quatro (4) grandes fases:

Preparação, Introdução, Implementação e Consolidação. Cada uma das quais, são compostas

por várias etapas que delimitam os passos exatos para a implantação da Manutenção

Produtiva Total nas organizações.

2.1.1. Fase de Preparação Etapa 1 – Decisão da alta administração (Diretoria).

A decisão da alta direção de adotar a TPM deverá ser divulgada para todos os

funcionários, pois todos deverão se preparar psicologicamente para colaborar na consecução

das expectativas e metas a serem atingidas com o programa em questão.

Em reunião de diretoria ou com as gerências a alta direção deverá declarar sua decisão

pela introdução da TPM.

A organização de eventos, como seminários e encontros sobre TPM, direcionados para

todos os executivos e o pessoal de chefia da empresa deve ser levada a efeito, e nestas

oportunidades, se deve afirmar novamente a decisão de introduzir a TPM. A publicação desta

declaração deve ser feita nos boletins internos da empresa.

É recomendável que a TPM seja desenvolvido na empresa como um todo, contudo,

quando se tratar de uma empresa de grande porte, e que possua muitas divisões em vários

locais, deve-se selecionar algumas áreas ou localidades como modelos, e efetuar nestes a

introdução piloto da TPM. A partir dos resultados obtidos nestas áreas-piloto pode-se passar a

difundir a TPM por toda a empresa.

Etapa 2 - Treinamento Inicial.

A TPM é um movimento para o aperfeiçoamento da empresa através do

aprimoramento das pessoas e dos equipamentos. Assim, à medida que se faz treinamento para

a introdução da TPM em todos os níveis hierárquicos, consegue-se maior compreensão sobre

o assunto por todos, que além disso, passarão a utilizar uma linguagem comum, aumentando

sua vontade para enfrentar o desafio proposto pela TPM.

Recomenda-se que a mídia a ser utilizada na campanha interna seja através de

"posters" e "slogans".

O simples fato de o executivo principal ter decidido colocar em prática a TPM não é

suficiente que o programa se desenvolva por si só. Tal desenvolvimento será possível somente

após a realização de treinamentos adequados.

Page 48: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

47

Nesta etapa, não apenas o setor de produção, mas todos os demais setores, como

pesquisa e desenvolvimento, projetos, área técnica de produção, vendas, compras,

contabilidade, pessoal, administração e outros, deverão também receber treinamento

introdutório, o qual nada mais é que um esclarecimento e conscientização sobre a TPM.

Etapa 3 - Estrutura organizacional da TPM.

O objetivo desta etapa é criar uma estrutura matricial para promover a TPM, que junte

a estrutura horizontal formada por comissões e equipes de projetos com a estrutura formal,

hierárquica e vertical. Além disso, deve-se gerenciar participativamente através de pequenos

grupos multifuncionais.

Ao se desenvolver o programa de TPM na empresa como um todo, deve-se constituir

uma comissão de TPM de toda e empresa, que se preocupará em promover a implantação do

programa de forma global.

Igualmente, será necessário estabelecer uma comissão de promoção da TPM em cada

divisão ou filial.

Sugere-se criar uma secretaria administrativa de promoção da TPM e designar uma

pessoa dedicada, que será responsável pelo programa.

Dependendo da necessidade, pode-se estabelecer, ainda, grupos de estudo ou equipes

de projetos visando melhorias individualizadas nas áreas de divulgação, treinamento,

manutenção espontânea, manutenção programada e controle dos equipamentos na fase inicial,

entre outras.

Deve-se, também, criar e desenvolver, dentro da estrutura formal, pequenos grupos

voltados para a TPM, que terão como líderes os responsáveis de primeira linha da empresa.

O sucesso ou insucesso do programa de TPM dependerá enormemente de quem for

escolhido para presidente da comissão de implantação de TPM.

Os executivos deverão comparecer assiduamente às reuniões da comissão e liderá-las

de forma positiva e efetiva.

Etapa 4 - Estabelecer Diretrizes.

A TPM deve ser parte integrante das diretrizes básicas da administração da empresa,

bem como dos seus planos de médio e longo prazos. Além disso, as metas da TPM devem

fazer parte das metas anuais da empresa e sua promoção deve ser feita de acordo com as

diretrizes e metas da empresa.

Page 49: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

48

É importante definir claramente a postura que se deseja para cada nível hierárquico,

decorridos 3 a 5 anos após a introdução da TPM. Deve-se também estabelecer metas para a

incorporação dos conceitos e das principais sugestões para execução, obtendo o consenso de

toda a empresa sobre estas questões.

Deve-se fazer uma previsão do tempo necessário para alcançar um nível que permita à

empresa concorrer ao prêmio PM (Prevenção da Manutenção), assim como definir os

objetivos a serem alcançados nessa época (tais como metas relativas à redução de quebras,

aumento do rendimento geral dos equipamentos)

Para isso, é necessário efetuar um levantamento criterioso de cada item da meta, dos

índices atualmente verificados, e monitorá-los.

Recomenda-se fazer comparações entre a situação atual e o objetivo visado, ou seja,

quando se atingir o nível de concorrer ao prêmio PM, fazendo uma previsão dos resultados e

alocando recursos adequados para tal execução.

Ao se introduzir a TPM deve-se buscar, sem dúvida, a conquista do prêmio PM.

Entretanto, o prêmio no mínimo deve ser um meio para melhorar os resultados, mas não um

fim, pois o que realmente importa é a realização de melhorias.

Como meta para a TPM alcançar um nível que permita o recebimento do prêmio PM,

devem-se propor metas ambiciosas, como a redução do índice de defeitos de 10 para 1, ou a

elevação da produtividade em 50 %. Além disso, é importante a criação de um "slogan" que

eleve o moral de todos os funcionários e seja facilmente compreendido. Inclusive por pessoas

de fora da empresa.

Etapa 5 - Plano Diretor.

Elaborar um plano de metas (Plano Diretor) que englobe desde os preparativos para a

introdução da TPM, até a etapa de avaliação para o prêmio PM. Durante o desenvolvimento

do Plano Diretor deve-se medir sua promoção tendo em mente o propósito de alcançar o nível

esperado de avaliação, em base anual.

Inicialmente deve-se elaborar um cronograma contendo as etapas previstas no

programa de desenvolvimento da TPM, especialmente o proposto nos pilares básicos da TPM,

e indicando claramente o que deve ser feito e até quando. O cronograma, estabelecido a nível

da empresa como um todo ou de suas divisões ou filiais, é denominado Plano Diretor.

Baseando-se nesse Plano Diretor, cada departamento, seção ou unidade deverá

elaborar o seu próprio cronograma.

Page 50: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

49

Anualmente efetua-se a comparação entre o previsto e o real, fazendo-se uma

avaliação do progresso conseguido e introduzindo correções de acordo com a necessidade.

Como a TPM visa o aprimoramento das pessoas e dos equipamentos, se não houver

tempo suficiente não se alcançará a melhora desejada. A elaboração do Plano Diretor deve

considerar um espaço de tempo suficiente para que surjam resultados.

Para o desenvolvimento de cada um dos pilares básicos deve-se elaborar um manual

que possibilite a qualquer pessoa a compreensão do desenvolvimento do programa de TPM.

A comissão deve reunir-se mensalmente para verificar o progresso e avaliar a

evolução do programa.

2.1.2. Fase de Introdução

Etapa 6 – Partida da TPM.

Encerrada a fase preparatória, terá início a implantação do programa. Trata-se, nesta

etapa, de fazer frente ao desafio de "zerar" as seis grandes perdas dos equipamentos,

procurando que cada funcionário da empresa compreenda as diretrizes da Diretoria,

conseguindo assim elevar a motivação moral de todos para participar, desafiando as condições

limites atuais, e atingir as metas visadas.

É preciso programar uma cerimônia para lançar o desafio de eliminar as seis grandes

perdas, com garra e disposição, e conseguir o apoio de todos os funcionários às diretrizes

emanadas da Diretoria.

A cerimônia deve ser um encontro de todos os funcionários, no qual:

• é reafirmada a decisão da Diretoria de implantar a TPM;

• o procedimento de promoção da TPM é explicado, bem como as diretrizes básicas do

programa, suas metas, o Plano Diretor e outros aspectos;

• é feita, por um representante dos funcionários, uma declaração solene de aceitação do

desafio de conquistar o prêmio PM;

• são recebidas manifestações de incentivo por parte de visitantes presentes ao evento;

Para esse encontro deverão ser convidados os clientes, empresas fornecedoras e

empresas coligadas.

Até a data de início do programa propriamente dito, o treinamento visando à

introdução à TPM, para todos os funcionários da empresa, já deverá estar concluído.

Page 51: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

50

2.1.3. Fase de Implementação

Etapa 7.1 – Estrutura dos pilares - Melhoria Específica.

Selecionando-se um equipamento piloto e formando-se uma equipe de projeto,

composta por pessoal da engenharia de processo e da manutenção, supervisores de linha de

produção e operários, é possível efetuar as melhorias individualizadas destinadas a elevar o

rendimento dos equipamentos e comprovar os efeitos positivos da TPM.

Como equipamento piloto, deve ser escolhido aquele que seja um gargalo de

produção, ou onde estejam ocorrendo perdas crônicas nos últimos 3 meses, pois assim, após a

introdução das melhorias pretendidas, será possível obter resultados altamente positivos.

Dentre os temas para melhoria, deve-se escolher qual das 6 grandes perdas (quebras,

"setup" e ajustes, perdas devidas ao ferramental, operação em vazio e paradas momentâneas,

redução da velocidade, defeitos no processo e início de produção, e queda no rendimento), é

aquela que melhor atende à necessidade de redução de perdas.

Ao demonstrar melhorias individualizadas através de equipes de projeto com temas

específicos, é possível demonstrar as reais habilidades do pessoal de engenharia de processo e

de manutenção. Ao disseminar a melhoria individualizada lateralmente, cada líder de grupo

poderá realizar as melhoria nos equipamentos do seu próprio local de trabalho, através de

pequenos grupos.

Para as melhorias individuais é necessário utilizar todos os métodos relevantes, tais

como a engenharia industrial, o controle de qualidade, engenharia de confiabilidade, ou

outros. Para eliminar perdas crônicas em um equipamento pode-se utilizar uma das

metodologias da engenharia de confiabilidade mais eficazes, que é o método de análise de PM

- Prevenção da Manutenção.

Cada setor ou seção deve selecionar um único equipamento piloto, pois não se deve

atuar sobre muitos ao mesmo tempo.

É sempre recomendável que se inclua, como membro da equipe, alguma pessoa que

domine o processo manutenção.

Etapa 7.2 – Estrutura dos pilares - Manutenção Autônoma.

O objetivo desta etapa é fazer com que a atitude segundo a qual, cada pessoa se

encarrega de cuidar efetivamente de seus próprios equipamentos, seja definida para todos os

trabalhadores da empresa. Ou seja, a habilidade de executar uma manutenção espontânea deve

ser adotada por cada operador.

Page 52: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

51

Para o desenvolvimento da manutenção espontânea deve-se proporcionar treinamento

a cada passo, executar as manutenções, e as chefias devem avaliar os resultados que, uma vez

aprovado, permitirá prosseguir para o passo subseqüente.

No primeiro passo (limpeza inicial) deve-se, juntamente com a limpeza, identificar

pontos onde haja defeitos e efetuar o reparo dos mesmos, ou seja, aprender que fazer a

limpeza é efetuar a inspeção.

No segundo passo (medidas contra fontes geradoras de problemas e locais de difícil

acesso), deve-se inicialmente providenciar ações contra fontes geradoras de problemas e

proceder à melhoria do acesso a pontos normalmente difíceis. Com isso será possível reduzir

o tempo gasto para efetuar a limpeza e a lubrificação.

No terceiro passo (elaboração de normas para limpeza e lubrificação) as normas que

serão seguidas devem ser elaboradas pelo próprio usuário.

No quarto passo (inspeção geral) faz-se o treinamento nas técnicas específicas de

inspeção (por exemplo, os ajustes de parafusos e porcas). Executando-se a inspeção geral

pequenos defeitos nos equipamentos são detectados, procedendo-se em seguida ao efetivo

reparo, até que os equipamentos atinjam o estado que deveriam ter.

No quinto passo (inspeção espontânea) efetua-se a inspeção espontânea com a

finalidade de manter as condições de performance originalmente concebidas para o

equipamento.

No sexto passo (arrumação e limpeza) definem-se as ações necessárias ao controle das

estações de trabalho e sua manutenção.

No sétimo passo (efetivação do autocontrole) as habilidades adquiridas nas etapas 1 a

6 serão utilizadas para dar continuidade à manutenção espontânea e às atividades de melhoria

dos equipamentos.

O passos 1 a 4 referem-se à parte fundamental do aprimoramento das pessoas e dos

equipamentos. Ao realizá-las com paciência e perseverança certamente serão alcançados os

resultados esperados.

Deve-se evitar pintar corredores e equipamentos sem que antes sejam eliminadas as

sujeiras, ferrugens, lixo, vazamentos de óleo e outros.

Etapa 7.3 – Estrutura dos pilares - Manutenção Planejada.

Nesta etapa a produção e a manutenção buscam complementar-se, com a adoção da

manutenção autônoma ou voluntária pela produção, enquanto a área de manutenção se

encarrega da condução do planejamento da manutenção.

Page 53: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

52

O departamento de manutenção se desloca para uma nova modalidade de trabalho que

é o da incorporação de melhorias.

O planejamento da manutenção é a prática tradicional recomendada para a preservação

de máquinas e equipamentos, através da preparação dos calendários de trabalho e a definição

das normas e padrões para a sua condução, não se tratando, portanto, de algo inédito.

Etapa 7.4 – Estrutura dos pilares - Educação e Treinamento.

Desenvolver novas habilidades e conhecimentos, tanto para o pessoal de produção

quanto para o de manutenção, é o que preconiza esta etapa.

Não se trata do mesmo programa estabelecido na fase inicial, a segunda etapa, que se

baseia na conscientização, mas sim, busca a obtenção dos conhecimentos suplementares e

habilidades necessárias, através de aulas teóricas e práticas, desenvolvidas nos centros de

treinamento das empresas, constituindo-se como parte integrante do programa de formação

profissional, visando à boa performance no trabalho.

Portanto, nesta etapa, a empresa deve encarar este programa de educação e

treinamento como um investimento, no qual não se deve economizar, visto que apresenta um

retorno garantido.

Etapa 8 – Controle Inicial.

Esta é uma etapa designada aos órgãos de engenharia da empresa, tanto no que se

refere aos processos, como no que se refere à determinação ou construção de máquinas,

buscando o máximo rendimento operacional global.

É nesta fase, que os levantamentos das inconveniências, imperfeições e a incorporação

de melhorias são efetivadas, mesmo nas máquinas novas, onde os conhecimentos adquiridos

possibilitam o desenvolvimento de projetos onde estejam presentes os conceitos de PM -

Prevenção da Manutenção, destinada a conquista de resultados de máquinas com Quebra

Zero/Falha Zero.

A aquisição de uma nova máquina deve levar em conta também estes conceitos de

PM, além dos fatores econômicos e financeiros, variáveis que, em função dos equipamentos

atualmente disponíveis no mercado, nem sempre são atendidas satisfatoriamente.

Etapa 9 – Manutenção da Qualidade

A manutenção da qualidade consiste em realizar atividades que garantem nos

equipamentos as condições para que não se produzam defeitos de qualidade. Estes defeitos

Page 54: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

53

são prevenidos por verificação e medição das condições dos equipamentos periodicamente.

Os defeitos de qualidade potenciais são diagnosticados pelo exame das tendências dos valores

medidos, e são evitados tomados medidas antecipadamente.

Para isto, identificam-se os pontos corretos de verificação para todas as condições do

equipamento e do processo que podem afetar a qualidade, e efetua-se medições periódicas

freqüentes e, quando diagnosticada a necessidade, são tomadas as ações apropriadas.

Etapa 10 – TPM Office

Departamentos como o de planejamento e desenvolvimento, técnico e administrativo,

não produzem um valor direto como o departamento de produção. Estes departamentos devem

processar informações em campos funcionais do sistema de produção e fornecer orientações

necessárias e apoio às atividades de produção e outros departamentos, de forma a reduzir os

custos e reforçar o poder de concorrência.

Esta etapa visa justamente melhorar a função das áreas administrativas e de apoio, de

dois modos: melhorando a eficiência, de modo que cada departamento realize

satisfatoriamente sua função; desenvolvendo as pessoas, que são capazes de sustentar e

melhorar continuamente os sistemas produtivos.

As atividades no departamento de produção são iniciadas através de informações

provenientes dos departamentos de engenharia e administração. Portanto, a qualidade,

exatidão e pontualidade das informações afetam profundamente as atividades da Produção.

Por isso, o TPM Office sugere mudanças no processamento das informações, de modo que

torne esta atividade mais eficiente, organizada, rentável e qualitativa para a organização.

Etapa 11 – Segurança, Higiene e Meio Ambiente

Assegurar a confiabilidade do equipamento, evitar erros humanos, e eliminar os

acidentes e a poluição são alguns dos objetivos deste pilar. A prática da TPM, por si só, cria

segurança na execução das tarefas e também contribui consideravelmente na criação de um

ambiente limpo e confortável.

A perfeita segurança e limpeza do ambiente são requisitos básicos para uma produção

de excelência. Entretanto, na prática, sempre há uma possibilidade de que as instalações ou

equipamentos provoquem acidentes ou poluição. Por isso, devem-se analisar criteriosamente

os riscos potenciais presentes na fábrica, estudando formas de combatê-los com eficiência e

segurança como um processo de melhoria contínua.

Page 55: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

54

2.1.4. Fase de Consolidação

12a etapa - Aprimoramento

Esta é a etapa da consolidação da TPM onde se dá o incremento do nível geral da sua

performance. Com a conquista desse marco a empresa estaria habilitada a inscrever-se ao

Prêmio PM de Excelência em Manutenção, concedido pelo JIPM. Além disto, esta etapa deve

servir também para visualizar quais os desvios observados ao longo do processo de

implantação da TPM, e de que forma é possível corrigir estas falhas, a fim de se estabelecer

novas metas para os processos.

2.2. OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

Uma vez estudadas e analisadas as metodologias para implantação da Manutenção

Produtiva Total, alicerces de referência para o desenvolvimento deste presente trabalho,

verificou-se que embora sejam vários os autores que refletem sobre o tema, a metodologia

adotada pelos autores pesquisados é comum, baseada na metodologia proposta pelo JIPM

(Japan Institute of Plant Maintenance).

Desta forma, observando a metodologia exposta e argumentada por Tonelotto (2002),

será apresentado um novo método de aplicação da técnica, capaz de atender as expectativas da

organização em estudo com foco numa célula de máquinas Injetoras. Com este intuito,

apresenta-se a metodologia de pesquisa utilizada para a elaboração do método proposto para

aplicação da Manutenção Produtiva Total.

Page 56: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo é apresentada a metodologia da pesquisa utilizada para elaboração do

método de aplicação da Manutenção Produtiva Total em uma célula de máquinas Injetoras.

A metodologia abrange a definição e classificação de problema, pesquisa, forma de

abordagem do problema, procedimentos técnicos, objetivos, além da técnica utilizada para

coleta e análise de dados.

Para Gil (2002), problema é uma questão não resolvida e que é objeto de discussão,

em qualquer domínio do conhecimento. Campos (1992) afirma que problema é o resultado

indesejado de um processo.

Fachin (2001), afirma que um problema é algo que inicialmente não possui resposta,

solução nem explicação. Para isso justifica-se a pesquisa, que terá como objetivo principal

encontrar a solução do problema.

Ainda segundo Gil (2002), a formulação de um problema científico não é algo simples

de ser feito. No entanto, existem algumas dicas que facilitam a explicitação de um problema:

o problema deve ser claro e preciso, o problema deve ser empírico, o problema deve ser

suscetível de solução e deve ser delimitado a uma dimensão viável.

O problema tratado nesta presente pesquisa é a carência de um método efetivo e capaz

de atender a demanda pela aplicação da Manutenção Produtiva Total em uma célula de

máquinas injetoras, considerando as expectativas e particularidades da organização em que o

estudo se aplica.

Fachin (2001), afirma que a pesquisa é um conjunto de investigações, operações e

trabalhos intelectuais que objetivam a descoberta de novas idéias e soluções, não atribuindo

verdades absolutas, pois as descobertas sempre são renovadas e implicam em ações

apreciativas e analíticas.

Com base nos objetivos gerais da pesquisa, Gil (2002) classifica as pesquisas em três

grupos distintos:

1. Pesquisa explicativa: busca identificar os fatores determinantes ou que contribuem

para a ocorrência dos fatos;

2. Pesquisa exploratória: objetiva aprofundar-se no entendimento do problema, a fim

de torná-lo mais explícito ou de elaborar hipóteses;

Page 57: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

56

3. Pesquisa descritiva: preocupa-se com a descrição das características de determinado

contexto ou fenômeno ou, então, a identificação de relações entre variáveis.

No caso de pesquisa exploratória, Koeche (1999) coloca que esta tem como objetivo

fundamental explanar a natureza das variáveis que se quer conhecer, e permite identificar e

entender a real importância do problema, bem como a situação em que as informações sobre o

tema se encontram, revelando ao pesquisador fontes novas de informação.

Considerando as metodologias apresentadas, dentro do ponto de vista dos objetivos

gerais, o presente estudo desenvolve-se dentro de uma pesquisa exploratória, pois realiza, por

intermédio de referências bibliográficas, análise de contextos que facilitam a compreensão do

problema, e viabilizam o entendimento aprofundado do mesmo a fim de apresentar uma

solução proposta.

Quanto aos procedimentos técnicos, esta pesquisa classifica-se como sendo de

natureza bibliográfica, uma vez que esta foi a principal fonte utilizada para a realização da

pesquisa.

Segundo Gil (2002), a principal vantagem da pesquisa bibliográfica está no fato de

permitir ao investigador a amplitude de cobertura dos fenômenos, comparada as pesquisas

diárias, já que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em materiais previamente

elaborados, como livros e artigos científicos.

Caracterizado este estudo como sendo método de pesquisa bibliográfica, as etapas

adotadas para a elaboração da pesquisa foram: identificação do tema, formulação do

problema, coleta e análise dos dados e finalmente o desenvolvimento de uma solução para o

problema.

Como tema, a escolha foi da aplicação Manutenção Produtiva Total em uma célula de

máquinas injetoras.

A formulação do problema se deu pela dificuldade encontrada em aplicar a

Manutenção Produtiva Total, no que diz respeitos aos desdobramentos da técnica que

permitam a efetiva aplicação. Considerando esta dificuldade, a questão aponta a necessidade

de desenvolver um método específico para aplicação da TPM na célula de produção da

organização estudada.

Tendo o problema delineado, iniciou-se a coleta de dados através do levantamento

bibliográfico. Das mais diversas fontes foram utilizadas, tais como obras de autores da área,

livros, publicações periódicas, internet, teses e dissertações.

Posteriormente a revisão bibliográfica, constatou-se que as metodologias apresentadas

para implantação da TPM são comuns, baseadas em um raciocínio padronizado, e por

Page 58: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

57

conseqüência são passivas de adaptação a realidade e expectativas das organizações que

buscam a aplicação da técnica em questão.

Como referências foram utilizados três autores acerca da metodologia para

implantação da Manutenção Produtiva Total, além da explanação da TPM como técnica do

STP para redução das seis grandes perdas, alicerçadas pela aplicação dos pilares da TPM.

Tendo esta estrutura de pesquisa abordada, juntamente com a revisão bibliográfica

realizada, apresenta-se o método proposto para aplicação da TPM na organização estudada.

Page 59: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

4. PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DA TPM

O método proposto para aplicação da TPM a seguir busca ser prático e objetivo, e se

baseia nos conceitos e abordagens pertinentes a Manutenção Produtiva Total apresentados na

presente pesquisa, levando em consideração as peculiaridades da empresa e o nível de

desenvolvimento já encontrado na organização estudada no que diz respeito aos pilares da

TPM. Como técnica do Sistema Toyota de Produção, a importância da TPM se deve aos

benefícios tangíveis gerados no Rendimento Global dos equipamentos com o desdobramento

da técnica.

Nakajima (1989) diz que sem a TPM o Sistema Toyota de Produção não poderia

funcionar. O fato de que as companhias relacionadas a Toyota tenham implantado

rapidamente a TPM confirma a importância desta no Sistema Toyota de Produção.

Ao longo dos últimos vinte anos, importantes empresas de todo o mundo vêm

aplicando a metodologia TPM como técnica de gestão. Inicialmente o desenvolvimento da

TPM esteve vinculado à indústria automobilística japonesa, envolvendo empresas como

Toyota, Nissan e Mazda e seus fornecedores e filiais. Posteriormente, com sua capacidade de

redução de perdas reconhecida na manufatura, a metodologia foi introduzida em outros ramos

industriais, tais como de eletrodomésticos, microeletrônica, máquinas ferramentas, plásticos,

fotografia.

Segundo Nakajima (1989), os principais objetivos da TPM são o aumento da

confiabilidade dos equipamentos, a eliminação das perdas e a melhoria do índice de

disponibilidade das máquinas. Estes parâmetros citados podem ser sintetizados no cálculo do

OEE (Overall Equipment Effectiveness), que refere-se ao Rendimento Global do

Equipamento. Para atingir a maximização deste índice, a TPM visa justamente a eliminação

das perdas que prejudicam o rendimento global, corrigindo as deficiências do equipamento,

operador, materiais e métodos.

Nakajima (1989) apontou seis grandes perdas responsáveis pela redução do

rendimento global dos equipamentos, foco de atuação da TPM. Este grupo de perdas é uma

tradução particular das sete grandes perdas do STP, definidas por Ohno (1997).

Page 60: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

59

Deste modo, Nakajima (1989) propôs a aplicação de oito pilares que compreendem o

desenvolvimento da Manutenção Produtiva Total, a fim de combater sistematicamente as

perdas impactantes no rendimento global dos equipamentos.

Para o desenvolvimento dos oito pilares, faz-se necessário a aplicação de um método

prático, capaz de atender as expectativas da organização interessada na técnica TPM.

A organização onde foi abordado o método proposto para aplicação da Manutenção

Produtiva Total é uma indústria de fabricação e comercialização de tubos e conexões para a

construção civil. Com sede em São Paulo, a organização conta com mais de 1500

colaboradores e dispõe de quatro fábricas localizadas nas cidades de Joinville – SC, Sumaré –

SP e Suape – PE. Obteve faturamento próximo a 600 milhões de reais em 2007, atuando em

patamares internacionais de qualidade e produtividade, sendo reconhecida pelas certificações

ISO 9001, ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental) e OSHAS 18001 (Sistema de Gestão da

Saúde e Segurança no Trabalho).

Com presença marcante no mercado, a empresa traz tecnologia de ponta para o Brasil,

e vem conquistando ao longo dos últimos três anos a preferência do consumidor e de

profissionais da construção civil, infra-estrutura e agropecuária em todo o território nacional.

Por fim, apresenta-se a metodologia para elaboração do método para aplicação da

Manutenção Produtiva Total na organização em estudo.

4.1. METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO MÉTODO

Conforme evidenciado no capítulo 2, as metodologias acerca da Manutenção

Produtiva Total estão baseadas na análise exposta pelo Instituto Japonês de Planejamento de

Manutenção - JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance), que define como sendo doze as

etapas de implantação da TPM.

Visto que o objetivo neste momento é elaborar um método prático e eficaz para a

aplicação da técnica TPM na célula de máquinas injetoras em questão, buscou-se

primeiramente o entendimento da metodologia já existente, abordada por Tonelotto (2002).

Com o conhecimento adquirido sobre a Manutenção Produtiva Total como vertente do STP,

apresentado no capítulo 1, e combinado com a metodologia de Tonelotto (2002), foi possível

identificar qual o status real de desenvolvimento de cada pilar de sustentação da ferramenta na

organização, conforme consta no quadro 2.

Page 61: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

60

Pilar Status de desenvolvimento do pilar

Manutenção Autônoma Não desenvolvido, oportunidade de melhoria.

Manutenção Planejada Parcialmente desenvolvido, oportunidade de melhoria.

Melhorias Específicas Parcialmente desenvolvido, oportunidade de melhoria.

Educação e Treinamento Desenvolvido, requerendo a melhoria contínua.

Manutenção da Qualidade Desenvolvido, requerendo a melhoria contínua.

Saúde, Segurança e Meio Ambiente Desenvolvido, requerendo a melhoria contínua.

Controle Inicial Desenvolvido, requerendo a melhoria contínua.

TPM Office Desenvolvido, requerendo a melhoria contínua.

Quadro 2: Status de desenvolvimento dos 8 pilares na organização. Fonte: Primária (2008).

Dentro deste aspecto, remete-se novamente aos oito pilares da TPM, observando

sinteticamente como ocorrem os desdobramentos de cada um na organização:

× Manutenção Autônoma: não há uma estrutura formalizada de manutenção autônoma

desenvolvida na organização;

× Manutenção Planejada: há uma configuração parcial de manutenção planejada, que

contempla manutenção preventiva e algumas técnicas de manutenção preditiva

aplicadas para o grupo de equipamentos estudado;

× Melhorias Específicas: evidencia-se a atuação em melhorias individuais nas injetoras,

no entanto carecendo de formalização e consolidação das mesmas;

� Educação e Treinamento: os treinamentos para capacitação técnica do operador e do

profissional de manutenção ocorrem de forma efetiva e contínua;

� Manutenção da Qualidade: manutenção atenta aos quesitos de qualidade do processo,

com acompanhamento contínuo sobre os parâmetros de velocidade, curso, pressão e

calibração da temperatura das injetoras;

� Saúde, Segurança e Meio Ambiente – Higiene, segurança e eco-eficiência como um

dos focos de atuação da organização, comprovada pelas certificações da qualidade

ISO 14001 e OSHAS 18001.

� Controle Inicial – os equipamentos são previamente analisados e avaliados, por

profissionais multidisciplinares, quanto a aplicação de novas técnicas de trabalho ou

aprimoramento do processo existente de fabricação;

� TPM Office - estrutura desenvolvida para gerenciamento eficaz dos processos.

Page 62: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

61

Observados os desdobramentos de cada pilar na organização, evidencia-se que a

empresa já possui bem desenvolvida e madura parte dos conceitos apresentados nos pilares da

TPM, bem como programas específicos de qualidade funcionando em pleno domínio. Visto

isto, há neste caso a oportunidade de adaptar a metodologia apresentada por Tonelotto (2002)

com uma abordagem mais direcionada às maiores deficiências encontrada nas técnicas já

existentes de gestão da produção e manutenção.

Considerando o status de desenvolvimento de cada pilar da TPM na organização,

percebe-se por fim que as oportunidades de melhorias são identificadas, na sua maioria, nos

pilares de Manutenção Autônoma, Manutenção Planejada e Melhorias Específicas. Visto isto,

o método proposto pretende apresentar uma proposta focando estes três pilares.

4.2. FASES DO MÉTODO PROPOSTO

O método proposto para aplicação da TPM na organização em pauta, focou-se em uma

célula produtiva de máquinas injetoras como piloto para o método. Máquinas Injetoras nada

mais são do que equipamentos utilizados para a transformação de materiais poliméricos, pelo

processo de aquecimento e conformação do material. A Figura 5 ilustra esta célula,

responsável pela fabricação de nove produtos caracterizados como conexões com inserto

metálico, e que é composta por quatro máquinas Injetoras de 200 toneladas de fechamento.

Figura 5: Célula Conexões com Inserto metálico Fonte: Primária (2008)

Page 63: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

62

Na metodologia apresentada por Tonelotto (2002), há quatro fases distintas para a

implantação da TPM, que assim estão denominadas: Preparação, Introdução, Implementação

e Consolidação.

No método proposto, as quatro fases permanecerão como diretrizes macro para a

aplicação da técnica, e também estão denominadas como Preparação, Introdução,

Implementação e Consolidação.

Embora as fases permaneçam as mesmas para ambos os métodos, as etapas que

compreendem o método proposto comparadas as etapas da metodologia de Tonelotto (2002)

apresentam abordagens diferenciadas em alguns aspectos, visto principalmente que parte dos

pilares propostos por Tonelotto (2002) não se aplicam na metodologia proposta. O quadro 3

ilustra a equivalência da metodologia de Tonelotto (2002) com o método proposto para

aplicação da TPM na célula de máquinas injetoras.

Quadro 3: Equivalência da Metodologia de Tonelotto X Método Proposto. Fonte: Primária (2008).

Page 64: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

63

O quadro 3 mostra que grande parte das etapas propostas pela metodologia de

Tonelotto estão representadas também no método proposto, com denominações semelhantes e

equivalentes. As setas localizadas entre as duas tabelas identificam as derivações de cada uma

das etapas do método proposto.

Visto isto, o quadro 4 apresenta o método proposto para aplicação da TPM, abordando

detalhadamente as fases para aplicação da técnica na célula de máquinas Injetoras, bem como

suas respectivas etapas para alcançar a efetiva consolidação da Manutenção Produtiva Total.

FASES ETAPAS ELEMENTOS BÁSICOS

1. Divulgação da TPM

Promover palestra esclarecedora sobre o tema para a alta direção da organização, com o intuito de vender a idéia e buscar o incentivo dos gestores para a aplicação da TPM.

2. Treinamento sobre a técnica TPM

Treinar as áreas envolvidas no projeto piloto para aplicação da TPM.

3. Seleção dos equipamentos pilotos.

Selecionar a célula piloto para aplicação, com base nos valores de rentabilidade dos produtos e nível de ocupação dos equipamentos.

Preparação (30 dias)

4. Plano de Ação – objetivos e metas propostas

Desenvolver Plano de Ação de longo prazo, observando as oportunidades e obstáculos para a aplicação.

Introdução (30 dias)

5. Apresentação do Plano de Ação – projeto TPM

Apresentar o Plano de Ação com a proposta para aplicação do projeto TPM na célula produtiva das conexões com inserto metálico ao grande grupo da manufatura.

6. Estruturação do pilar (ME, MA, MP)

Etapa de análise e diagnóstico situacional, observando aspectos e características para a estruturação dos pilares.

7. Planejamento do pilar (ME, MA, MP)

Atividades que regem o planejamento para a aplicação dos pilares de Manutenção Autônoma, Manutenção Planejada e Melhoria Específica.

8. Aplicação do pilar (ME, MA, MP)

Ação efetiva para a aplicação dos pilares de Manutenção Autônoma, Manutenção Planejada e Melhoria Específica.

Implementação (180 dias)

9. Consolidação do pilar (ME, MA, MP)

Consolidação dos pilares, com avaliação dos resultados obtidos.

Consolidação (30 dias)

10. Consolidação da TPM na organização

Formalizar, divulgar e promover a difusão da técnica TPM na organização.

Quadro 4: 10 Etapas para desenvolvimento da TPM na organização estudada Fonte: Primária (2008)

Page 65: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

64

4.2.1. Fase de Preparação – 30 dias

A fase de Preparação consiste em delimitar o foco e a forma de atuação da

Manutenção Produtiva Total na organização, além de promover treinamento específico sobre

a técnica para a equipe de trabalho. Estas ações caracterizam-se principalmente pela definição

dos equipamentos pilotos que serão sujeitos ao programa TPM, quais os planos de ação que

serão desenvolvidos em longo prazo pelo projeto, e pelo esclarecimento da técnica de gestão

ao grande grupo da manufatura. Nesta fase, é de fundamental importância estabelecer quais os

objetivos, metas e expectativas de prazos e resultados tangíveis estabelecidos pela alta

direção, tornando claro aos profissionais envolvidos o apoio e incentivo dos gestores para

com o projeto de aplicação da TPM, e consequentemente capacitando e motivando-os para a

execução das atividades propostas.

Etapa 1: Divulgação da TPM

Inicialmente, para a aplicação da Manutenção Produtiva Total, a alta gerência é

convidada para participar de palestra sobre a técnica de gestão TPM. Trata-se de um primeiro

contato formal com os gestores, que objetiva esclarecer e promover a ferramenta, buscando o

incentivo e apoio da gerência para a aplicação da técnica na fábrica. Nesta divulgação, será

fornecido um material didático sintetizado que contém esclarecimentos sobre a técnica.

Etapa 2 - Treinamento Inicial.

Tendo o incentivo e apoio da gerência para a aplicação da Manutenção Produtiva

Total, busca-se a introdução da TPM em todos os níveis hierárquicos, a fim de nivelar as

informações e compreensão sobre o assunto por todos, que por sua vez, passarão a utilizar

uma linguagem comum, aumentando sua vontade para enfrentar o desafio proposto pela TPM.

Como ponto primordial, o desenvolvimento eficaz da TPM só será possível após a

realização de treinamentos adequados, sendo que estes não devem se restringir apenas ao

setor de produção, mas aos demais setores que participarão do projeto piloto da célula

produtiva de máquinas injetoras, como as áreas técnica de produção, manutenção, qualidade e

engenharia, que serão esclarecidos e conscientizados sobre a TPM.

Etapa 3: Seleção dos equipamentos pilotos

A seleção dos equipamentos pilotos é de fundamental importância para o sucesso dos

desdobramentos posteriores do projeto. Isto porque, para justificar a aplicação da técnica

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nesta fase inicial - de quebra de paradigmas - é de extrema validade selecionar o(s)

equipamento(s) mais críticos ao processo, seja por índices de indisponibilidade, custos ou

rentabilidade. Nestes equipamentos, indispensáveis para a estratégia da organização, qualquer

pequena eliminação de perdas reflete em grandes e tangíveis resultados operacionais.

Para a seleção dos equipamentos neste projeto piloto na organização em estudo, foi

adotado como índices comparativos os valores de demanda de produção e rentabilidade,

apresentados pelos produtos de cada célula produtiva. A célula produtiva de conexões com

inserto metálico, que é composta pelas máquinas 2152, 2153, 2154 e 2155, apresenta o maior

índice de rentabilidade da Unidade, combinado com uma das maiores demandas de produção

da fábrica, conforme quadro 5. Os índices de manutenção também apresentam dados

expressivos, conforme aponta o quadro 6. Seguem os dados referentes as máquinas e produtos

da célula produtiva de conexões com inserto metálico, sugerida para a aplicação da técnica:

Célula Produtiva: Conexões com inserto metálico

Máquinas: Injetora 2152 - SANDRETTO OTTO 790/200

Injetora 2153 – SANDRETTO OTTO 790/200

Injetora 2154 – SANDRETTO OTTO AT 790/200

Injetora 2155 – SANDRETTO OTTO AT 790/200

Rentabilidade 1ºsem.2007: Aproximadamente R$ 1 milhão.

Dados de Manutenção: 01/04/2007 até 31/03/2008 (*célula do inserto em destaque)

Equip. Denomin.equipamento Horas

paradas Nº

Ocorr. INDI (%) MTBF (h) MTTR (h) Despesa Manut.

2013 SANDRETTO OTTO AT 2054/360-2013 1.589,80 93 1º - 18,05 77,62 17,09 20.960,79

2027 ENGEL ES 2550/300 HL - 2027 1.364,23 177 2º - 15,49 42,06 7,71 16.343,75

2029 ENGEL ES 2550/300 HL - 2029 1.299,45 98 3º - 14,75 76,62 13,26 28.825,05

2035 FERBATE BKT 4500/4500 - 2035 1.210,62 157 4º - 13,74 48,39 7,71 17.014,33

2111 ENGEL ES 1050/200 HL - 2111 1.192,48 46 5º - 13,54 165,55 25,92 13.947,43

2155* SANDRETTO OTTO AT 790/200-2155 987,77 67 6º - 11,21 116,72 14,74 9.655,78

2154* SANDRETTO OTTO AT 790/200-2154 441,5 50 13º - 5,01 167,33 8,83 22.954,08

2152* SANDRETTO OTTO 790/200 - 2152 171,03 79 33º - 1,94 109,33 2,16 2.600,34

2153* SANDRETTO OTTO 790/200 - 2153 90,4 45 46º - 1,03 193,72 2,01 1.294,48

Quadro 5: Índices de manutenção das máquinas Injetoras. Fonte: Primária (2008).

Horas Planejadas: 2240,00 hs por mês / 100% (560 hs por máquina – regime 3T)

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Ocupação Atual: 3268,73 hs por mês / 145,93%

Código Descrição do Produto Ocupação (hs) Ocupação (%)

10421 JOELHO BUC LAT 25X1/2 1151,97 51,43

10419 JOELHO BUCHA LATÃO 20X1/2 380,52 16,99

10420 JOELHO BUCHA LATÃO 25X3/4 344,92 15,40

10413 LUVA BUCHA LATÃO 20X1/2 168,87 7,54

10415 LUVA BUCHA LATÃO 25X1/2 173,93 7,76

10414 LUVA BUCHA LATÃO 25X3/4 451,97 20,18

10422 TE BUCHA LATÃO 20X1/2 116,94 5,22

10424 TE BUCHA LATÃO 25X1/2 280,07 12,50

10423 TE BUCHA LATÃO 25X3/4 199,54 8,91

Todos Todos 3268,73 145,93

Quadro 6: Ocupação da célula produtiva das conexões com inserto metálico. Fonte: Primária (2008).

Etapa 4: Plano de Ação – Objetivos e Metas propostas

O Plano de Ação consiste, basicamente, em definir os objetivos e metas, além dos

conceitos e padrões que contribuirão efetivamente para a aplicação da TPM. Objetivamente,

trata-se de um planejamento com vistas a longo prazo, que permite antecipar as

oportunidades, melhorias, problemas e obstáculos futuros, sintetizando as grandes ações

práticas a serem desenvolvidas e distribuindo-as para as áreas previamente responsáveis.

Para esta etapa, é necessário contar com o engajamento e participação efetiva dos

coordenadores e monitores de manutenção e produção, que fornecerão os subsídios

necessários para definir as grandes ações do plano, além dos conceitos e padrões dos

equipamentos. A indicação das pessoas responsáveis pela Manutenção Produtiva Total, para

que possa por fim ser definido o Comitê TPM (grupo multidisciplinar de líderes de fábrica e

equipe de apoio, que tratará do tema) juntamente com os responsáveis de cada atividade,

também cabe aos coordenadores e monitores inicialmente.

Neste momento são identificados os planos para desdobramento dos três pilares

definidos e os indicadores de acompanhamento e avaliação dos resultados. O indicador geral

para a TPM sugerido é o índice OEE – Rendimento Global dos Equipamentos.

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4.2.2. Fase de Introdução – 30 dias

A fase de Introdução caracteriza-se por apresentar ao grande grupo da manufatura os

conceitos e o plano de ação estruturado de aplicação da Manutenção Produtiva Total. Além de

repassar os objetivos e metas propostas, suprimidos no plano de ação, a verdadeira

importância desta etapa está justamente em “vender a idéia” da TPM. São os profissionais da

manufatura que efetivamente farão todo o planejamento tornar-se realidade prática e tangível

na fábrica. De fato, a habilidade gerencial em reunir o grande grupo numa única corrente,

argumentar e justificar a quebra de paradigmas com a aplicação da Manutenção Produtiva

Total, e a motivação das pessoas envolvidas neste processo – líderes e grupo de apoio - para

que o mesmo seja incorporado na cultura organizacional, é de importância indiscutível.

Etapa 5: Apresentação do Plano de Ação

Nesta etapa de número 5, propõe-se uma nova palestra sobre a Manutenção Produtiva

Total. Contando agora com a presença do grande grupo da manufatura – mecânicos,

eletricistas, ferramenteiros, operadores de produção, monitores e coordenadores de produção -

e tendo estes já previamente esclarecidos sobre a técnica na etapa de treinamento inicial, a

idéia é solicitar e motivar as suas adesões à aplicação, e apresentar-lhes o Plano de Ação

como o marco norte esperado pela organização para a técnica TPM. A oportunidade de

perguntar e sugerir alterações no plano deve ser dada aos profissionais, uma vez que esta ação

lhes confere maior confiança, motivação e sentimento de contribuição para com o projeto.

Em conjunto com a apresentação da TPM para o grande grupo da manufatura, deverão

ser providenciadas campanhas de divulgação por meio de cartazes e slogans sobre a TPM

espalhados pela fábrica, com esclarecimentos e dados pertinentes ao projeto piloto, a fim de

atrair a atenção de todos os profissionais e atribuir àqueles participantes do projeto – líderes e

grupo de apoio - certo “prestígio” por fazer parte do Comitê TPM.

Esta etapa caracteriza-se por apresentar o desafio de "zerar" as seis grandes perdas da

TPM, buscando a compreensão de cada profissional sobre as diretrizes do Plano de Ação,

conseguindo assim elevar a motivação moral dos funcionários para a participação. Até a data

de início da TPM, a apresentação visando à introdução à TPM, para todos os profissionais da

manufatura, já deverá estar concluída.

4.2.3. Fase de Implementação – 180 dias

A fase de Implementação consiste em colocar em prática o projeto TPM propriamente

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dito, sustentado pelos três pilares propostos para este método: Manutenção Autônoma,

Manutenção Planejada e Melhorias Específicas.

Esta fase é dividida em quatro grandes etapas, e cada uma destas etapas sugerem ações

distintas para cada um dos pilares. Visto que cada pilar possui portanto o seu plano específico

de ações durante toda a fase, as ações que regem os planos ocorrerão simultaneamente para os

três pilares, viabilizando desta forma que os três pilares comecem e terminem juntos a Fase de

Implementação. O quadro 7 apresenta as 4 etapas da Fase de Implementação, com suas

devidas durações para cada pilar, e o quadro 8 mostra o cronograma planejado para a

execução das etapas num horizonte de 180 dias.

Etapa Atividade MANUTENÇÃO

AUTÔNOMA (MA) MANUTENÇÃO

PLANEJADA (MP) MELHORIA

ESPECÍFICA (ME)

6 Estruturação do pilar 45 dias 75 dias 15 dias

7 Planejamento do pilar 45 dias 15 dias 30 dias

8 Aplicação do pilar 30 dias 75 dias 75 dias

9 Consolidação do pilar 60 dias 15 dias 60 dias

Quadro 7: Fase de Implementação – duração das etapas para cada pilar Fonte: Primária (2008).

Cronograma (dias) 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 6 - ESTRUTURAÇÃO DO PILAR

Manutenção Autônoma ma ma ma

Manutenção Planejada mp mp mp mp mp

Melhoria Específica me

7 - PLANEJAMENTO DO PILAR

Manutenção Autônoma ma ma ma

Manutenção Planejada mp

Melhoria Específica me me

8 - APLICAÇÃO DO PILAR

Manutenção Autônoma ma ma

Manutenção Planejada mp mp mp mp mp

Melhoria Específica me me me me me

9 - CONSOLIDAÇÃO DO PILAR

Manutenção Autônoma ma ma ma ma

Manutenção Planejada mp

Melhoria Específica me me me me

Quadro 8: Fase de Implementação – cronograma planejado para execução das etapas Fonte: Primária (2008).

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A Implementação inicia-se com a aplicação da etapa 6 do projeto TPM sendo que ao

final desta etapa, o equipamento e os planos de ação passam por uma avaliação, para verificar

se todas as atividades daquela etapa foram cumpridas. Caso não se tenha atingido o requisito

mínimo para esta etapa, um plano de ação é gerado e uma nova data de avaliação é

programada. Somente após cumprir todas as atividades, o equipamento irá para as ações da

próxima etapa. Esta sistemática se segue até o final da etapa 9, sempre com uma criteriosa

avaliação ao final de cada etapa exercida pelo comitê TPM, a fim de garantir a execução

eficaz da mesma.

4.2.3.1. Fase de implementação – manutenção autônoma (MA)

Com foco no homem de operação, a Manutenção Autônoma deve objetivar a mudança

na concepção sobre as rotinas de trabalho deste profissional, habilitando-o para a

administração autônoma de seu equipamento. Como requisitos, esta autonomia sobre o

equipamento solicita que os operadores tenham pleno domínio sobre as máquinas,

conseguindo desta forma prever tanto os “sinais de defeitos” quanto tomar as devidas

providências para evitar que estes sinais se desenvolvam e se transformem em problemas.

Este trabalho deve ser realizado passo a passo, através das atividades conduzidas pelo comitê

TPM, e resume-se em transpassar aos operadores a consciência de que “da minha máquina

cuido eu”.

Para alcançar este domínio, busca-se desenvolver quatro capacidades no operador de

produção:

• Capacidade de detectar defeitos nos equipamentos (ruídos, vazamentos, sujeiras);

• Capacidade de compreender os mecanismos e funções dos equipamentos;

• Capacidade de compreender a correlação entre equipamento e qualidade;

• Capacidade de efetuar inspeções e pequenos reparos, prevenindo a deterioração.

A fase de Implementação do pilar Manutenção Autônoma, descrita no quadro 9, está

composta por quatro etapas e seus devidos tempos para que sejam totalmente concluídas.

Cada etapa define algumas ações práticas a serem realizadas dentro da Manutenção

Autônoma, e o andamento destas ações reflete na evolução da implementação de cada etapa

do pilar.

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Etapa Duração MANUTENÇÃO AUTÔNOMA (MA)

Ação 1: Limpeza inicial, Inspeção e Etiquetagem; Ação 2: Medidas contra as fontes de contaminação e locais de difícil acesso; Ação 3: Elaboração de padrões - check-list provisório;

6 45 dias

Ação 4: Inspeção geral do equipamento;

7 45 dias

Ação 5: Inspeção autônoma;

8 30 dias

Ação 6: Padronização e sistematização da manutenção autônoma; Ação 7: Consolidação do controle autônomo.

9 60 dias

Quadro 9: Fase de Implementação – pilar Manutenção Autônoma Fonte: Primária (2008).

Etapa 6: Estruturação do pilar (MA)

Ação 1: Limpeza inicial, Inspeção e Etiquetagem

Nesta ação, o objetivo é observar os pontos falhos das injetoras, e estimular os

integrantes do grupo de apoio a manter um contato manual com o equipamento,

primeiramente através de uma limpeza inicial da máquina com foco na inspeção dos pontos

falhos por meio dos sentidos do operador (tato, olfato, audição, visão). Os principais pontos

de limpeza e inspeção inicial do equipamento são:

• Partes móveis, sistemas de pressão hidráulica e pneumática, sistemas elétricos, onde

ficam acumulados materiais e sujeiras diversas, que ocasionam em entupimentos,

desgastes excessivos e prematuros, vazamentos e quebras indesejadas.

• Sistema de lubrificação quanto ao funcionamento e acumulo de sujeira, pois o

comprometimento deste pode ocasionar no trancamento e quebra dos componentes

móveis.

• Elementos de fixação – parafusos, porcas e arruelas – devem ser observados no

tocante a sua falta, folga ou ruptura, pois esta situação poderia causar vazamentos,

vibrações e quebras.

Em conjunto com a limpeza e inspeção, todos os pontos falhos identificados devem ser

prontamente etiquetados e caracterizados sob responsabilidade do operador (etiqueta

vermelha) ou do técnico de manutenção (etiqueta azul), onde a 1ª via da etiqueta fica presa na

injetora e a 2ª via fica em poder do Comitê TPM.

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Ação 2: Medidas contra as fontes de contaminação e locais de difícil acesso

Estando com a injetora limpa e com seus pontos falhos identificados, a ação 2

resume-se em eliminar as origens das contaminações e tornar acessíveis os locais de atuação

com difícil acesso. As alterações devem visar facilitar e reduzir o tempo de limpeza, alterando

as áreas atingidas pela contaminação, instalando janelas de inspeção, visores de nível para o

óleo, mudanças no bocal do tanque de óleo e organização geral dos itens periféricos do

equipamento como fiações elétricas e mangueiras hidráulicas.

Tendo observado a influência da contaminação no funcionamento do equipamento e

na qualidade do produto, devemos identificar as possíveis melhorias para redução das perdas.

Ação 3: Elaboração de padrões – check-list provisório

Tendo como objetivo o perfeito funcionamento da máquina, as atividades de

inspeção, limpeza e lubrificação são de fundamental importância. Com base nas experiências

adquiridas nas ações anteriores, deve-se criar um check-list provisório de inspeção, limpeza e

lubrificação, elaborado pelo Comitê TPM em conjunto com quem vai executar os serviços

listados. Neste documento, devem constar pequenas ilustrações com os pontos a serem

trabalhados, descrição da peça, método e padrão.

Nesta ação, deve-se dotar as injetoras de controles visuais simplificados, que permitam

a interpretação do conteúdo em um único relance de olhos. Como exemplo, podemos citar a

faixa de operação ideal e os desvios permitidos de um manômetro, além do sentido do fluxo

dos fluídos e a posição aberta/fechada das válvulas para determinados serviços.

Etapa 7: Planejamento do pilar (MA)

Ação 4: Inspeção geral do equipamento

Como objetivo principal, esta ação propõe que os líderes e equipe de apoio do projeto

TPM passem a compreender com maior propriedade a função e a estrutura das injetoras

selecionadas para a TPM, conforme os seguintes passos:

• Preparação do material didático e elaboração do plano de treinamento são

fundamentais, inclusive com a utilização da “lição de um ponto”;

• Tendo desenvolvido o material e o plano de treinamento, os monitores de produção e

manutenção transmitem este o conhecimento aos líderes da TPM;

• Os líderes da TPM vão multiplicar o conhecimento recebido para a equipe de apoio,

certificando-se que todo o comitê TPM realmente absorveu este aprendizado;

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72

• Colocar em prática estes conhecimentos adquiridos, utilizando-se inicialmente de

dispositivos de simulação, como bancadas de teste hidráulico e elétrico;

• Realizar a revisão do check-list provisório, com base nos novos conhecimentos e

habilidades adquiridas pelo comitê TPM.

Etapa 8: Aplicação do pilar (MA)

Ação 5: Inspeção autônoma

Nesta ação, deve-se rever em conjunto com a equipe de manutenção o check-list

provisório elaborado na ação 3, e melhorado na ação 4, afim de elaborar os padrões

definitivos de inspeção, limpeza, segurança e lubrificação para a manutenção autônoma.

Ao fim desta etapa, o ambiente de trabalho e os equipamentos estão livres dos

problemas identificados, bem como a assimilação de um grande volume de conhecimento

referente ao grupo de injetoras da Manutenção Produtiva Total, para então viabilizar a

inspeção autônoma das máquinas da célula do inserto metálico.

Etapa 9: Consolidação do pilar (MA)

Ação 6: Padronização e sistematização da manutenção autônoma

Deve-se assegurar nesta ação a manutenção e o controle das atividades, ampliando

definitivamente a função e responsabilidade da equipe de apoio – constituída por operadores

de produção 1 e 2 – em relação ao equipamento e ao ambiente, incentivando a realização de

melhorias continuas sobre as perdas identificadas.

Ação 7: Consolidação do controle autônomo

Reconhecer as capacidades individuais e o espírito de participação adquirido ao longo

das ações anteriores, tendo clara a idéia de fazer parte de um processo de melhoria contínua,

são aspectos fundamentais para melhorar cada vez mais os diagnósticos e soluções das perdas.

A capacitação e o reconhecimento humano devem ser prioridades para a consolidação do

controle autônomo, uma vez que o perfeito andamento do pilar dependerá principalmente da

motivação e comprometimento das pessoas.

É importante destacar que todas as atividades realizadas, juntamente com seus

resultados projetados e alcançados, devem estar devidamente registradas e atualizadas no

quadro de atividades da manutenção autônoma, juntamente com a evolução do Índice OEE,

com o monitoramento sistemático de todo o processo por parte dos líderes.

Page 74: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

73

4.2.3.2. Fase de implementação – manutenção planejada (MP)

A estreita cooperação entre os departamentos de manutenção e produção é o fator

primordial para assegurar o cumprimento da manutenção planejada. Isto porque, a

manutenção planejada depende da consciência de retorno em longo prazo, pois se trata de um

custo – ou investimento, melhor dizendo - atual, gerador de certa indisponibilidade para o

equipamento naquele momento, para a obtenção de ganhos futuros.

Visto isto, no quadro 10 serão apresentadas ações que regem o objetivo deste pilar:

planejar e pôr sistematicamente em prática as diversas atividades da manutenção planejada na

célula de máquinas injetoras. Assim como na manutenção autônoma, quatro etapas

compreendem a Fase de Implementação da manutenção planejada, com seus devidos tempos

para que sejam totalmente concluídas. Cada etapa define suas ações práticas a serem

realizadas dentro da Manutenção Planejada, e o andamento destas ações reflete na evolução

da implementação do pilar.

Etapa Duração MANUTENÇÃO PLANEJADA (MP)

Ação 1: Avaliação do equipamento e levantamento da situação atual; Ação 2: Restauração das deteriorações e melhoria dos ptos deficientes;

6 75 dias

Ação 3: Estruturação do controle de informações e dados;

7 15 dias

Ação 4: Estruturação da manutenção preventiva; Ação 5: Estruturação da manutenção preditiva;

8 75 dias

Ação 6: Avaliar o sistema de manutenção planejada;

9 15 dias

Quadro 10: Fase de Implementação – pilar Manutenção Planejada Fonte: Primária (2008).

Etapa 6: Estruturação do pilar (MP)

Ação 1: Avaliação do equipamento e levantamento da situação atual

Nesta ação, o objetivo é observar o estado de conservação e formas de manutenção

utilizadas nas injetoras da célula produtiva selecionada, como premissa inicial para estimular

a criatividade e consciência de planejamento no comitê TPM, relacionando as possíveis

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oportunidades de sistematização aplicadas às perdas que podem ser estudadas e difundidas

para, posteriormente, serem agregadas a um plano elaborado de manutenção planejada.

Este desenvolvimento ocorre primeiramente pela classificação das máquinas da célula,

que determina a seqüência correta de aplicação do pilar Manutenção Planejada. Deve-se

avaliar cada máquina nos aspectos de segurança, qualidade, operacionalidade e

manutenabilidade. Os equipamentos são classificados por ordem de importância, que por sua

vez determinarão quais serão os equipamentos e qual será a amplitude da manutenção

planejada adotados para cada um. Os departamentos de manutenção, produção, engenharia e

segurança devem cooperar para avaliar cada aspecto.

Da mesma forma, para priorizar os trabalhos que serão realizados nas manutenções

planejadas, as quebras serão classificadas como graves, médias ou leves, dependendo do grau

do efeito sobre o equipamento. E em ordem crescente, serão selecionadas medidas práticas

colocadas no plano de manutenção para prevenir sua reincidência, dando ênfase as quebras

graves e médias. As quebras leves serão tratadas pela manutenção autônoma.

Para acompanhar a evolução deste processo, organiza-se os dados referentes ao

número de quebras, freqüências, tempo médio entre falhas (MTBF), tempo médio de reparo

(MTTR), custos de manutenção, e em seguida se estabelecem metas para reduzir as perdas

nestes índices, através da prática da Manutenção Planejada. É possível obter com a

Manutenção Planejada, por exemplo, a redução do índice de quebras num espaço de tempo,

para uma determinada máquina onde o pilar foi implantado, comparando este índice com uma

meta previamente estabelecida.

Ação 2: Restauração das deteriorações e melhorias dos pontos deficientes

Considerando que a fase anterior foi de diagnóstico situacional das injetoras, a mesma

certamente sugere ao longo do seu desenvolvimento muitas oportunidades de melhoria,

incremento ou recondicionamento da máquina ou do processo. Esta ação consiste justamente

nisto: focar os pontos de deteriorações e disfunção e restabelecê-los a uma condição adequada

de uso; e melhorar os pontos deficientes da máquina ou processo, a fim de incrementá-los

melhorando o aspecto funcional da máquina.

De forma prática, seguem as diretrizes de apoio aos operadores para o restauro das

injetoras:

• Tratar imediatamente qualquer deterioração ou irregularidades descobertas pelos

operadores, e que não podem ser resolvidas por eles mesmos;

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75

• Aproveitar o momento para ensinar os operadores sobre a estrutura e funções da

injetora, evitando novas restaurações e incentivando a criação de novas soluções;

• Instruir, no local de trabalho, os operadores sobre inspeção, restauração e realização de

pequenas melhorias nos equipamentos.

Além de deteriorações forçadas, os equipamentos podem sofrer também por

debilidades inerentes geradas em seu projeto, fabricação e instalação, ou mesmo quando

funcionam fora de suas condições projetadas – regime forçado, desqualificado. Nesta etapa, a

equipe pode investigar estas quebras/falhas e questioná-las objetivando a sua correção. Buscar

a verdadeira causa de uma falha e resolvê-la com eficácia, significa livrar a operação de mais

esta perda, constituindo-se portanto numa melhoria.

Estas ações são de fundamental importância para este pilar, pois atribui para a célula

piloto o patamar de viabilidade à aplicação não somente da manutenção planejada, mas

também completando a própria manutenção autônoma.

Etapa 7: Planejamento do pilar (MP)

Ação 3: Estruturação do controle de informações e dados

Diante da necessidade de implantar a Manutenção Planejada na organização, se faz

necessário o uso de estruturas de banco de dados capazes de armazenar, controlar e processar

as informações e dados numéricos de forma organizada. Neste caso, a sua aplicação no

controle da sistemática que rege a manutenção planejada é fundamental, e evidenciada visto a

real necessidade de controle de trabalhos e ordens de serviços altamente diversificados, datas,

horários, custos, listas e instruções de atividades, detalhamento de tarefas, periodicidade dos

trabalhos, controle dos recursos necessários para o cumprimento dos serviços planejados.

Além disto, para uma gestão eficaz da manutenção, é necessário desenvolver uma

sólida base de dados, capaz de fornecer aos gestores, coordenadores e monitores os índices

necessários e apropriados para subsidiar as tomadas de decisões – tais como Indicadores de

Indisponibilidade, Índice OEE, Tempo médio de bom funcionamento (MTBF), Tempo médio

entre falhas (MTTR), entre outros.

Etapa 8: Aplicação do pilar (MP)

Ação 4: Estruturação da manutenção preventiva

Na manutenção preventiva (ou baseada no tempo), a consciência que precisa ser

difundida é que tudo começa com a preparação antecipada da mão de obra especializada,

peças de reposição, equipamentos e ferramentas para inspeção, lubrificantes e a informação

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76

técnica necessária (planos, lista de tarefas, desenhos). Trata-se do primeiro e fundamental

passo para a estruturação da manutenção planejada baseada no tempo.

De fato, pode-se realizar manutenção preventiva desnecessária no equipamento se o

trabalho for programado sem uma criteriosa análise, em intervalos rigidamente fixos.

Portanto, para este início de processo, assim que um trabalho de manutenção preventiva for

realizado em uma determinada injetora, é preciso reconsiderar se o intervalo estipulado e o

trabalho realizado são apropriados àquela máquina, observando os seus resultados. Além

disso, nos casos onde o equipamento falhar momentos antes que transcorra a manutenção

preventiva, se faz necessário investigar as razões desta ocorrência para revisar o intervalo de

tempo da manutenção e as tarefas que devem ser realizadas, antes da próxima preventiva.

Com a lista dos equipamentos designados à manutenção planejada, selecionam-se os

equipamentos que serão submetidos a manutenção preventiva pelos seguintes critérios:

• Equipamentos que, por lei, requerem inspeção periódica;

• Equipamentos com intervalos de manutenção determinados pela experiência;

• Equipamentos que requerem inspeções regulares como conseqüência de sua

importância no processo;

• Equipamentos com intervalos de substituição preestabelecidos em função da vida útil

de seus componentes;

• Equipamentos tais como trocadores de calor, cujos rendimentos são comprometidos

depois de um período conhecido, como resultado do aumento das incrustações;

• Equipamentos importantes para os quais é difícil ou impossível detectar ou corrigir

anomalias durante a operação.

Para assegurar a precisão e eficiência da manutenção preventiva, deve-se elaborar

padrões previsíveis de trabalho, descrevendo as técnicas de manutenção, ferramentas e

materiais utilizados para o serviço de forma detalhada. Como por exemplo, os motores

hidráulicos das injetoras: procedimento de montagem e desmontagem; substituição de peças;

troca de rolamentos; ajustes e alinhamento; reposição de lubrificantes.

Ação 5: Estruturação da manutenção preditiva

Apesar da obtenção de significativa redução das quebras inesperadas com a aplicação

da manutenção preventiva nas injetoras, pode ocorrer que esta nova filosofia de trabalho

acarrete em aumento dos custos de manutenção num primeiro momento. Isto ocorre

principalmente pelo fato de que a manutenção preventiva é baseada no tempo, e assume uma

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77

taxa hipotética de deterioração dos equipamentos, já que a mesma estabelece intervalos de

manutenção sem medir a extensão da deterioração real.

Para resolver este agravante, apresenta-se a manutenção preditiva baseada nas

condições, no qual o intervalo de tempo e a natureza dos materiais necessários se baseiam na

deterioração real confirmada através de diagnósticos. Sua viabilidade depende, no entanto, da

possibilidade de medir características que indiquem a deterioração com confiabilidade. Eis

algumas características possíveis de mensurar: temperatura, pressão, vibração, propriedades

do óleo, medição dimensional, medição de isolação, resistência elétrica.

Com estes diagnósticos, é possível observar o comportamento de determinado

equipamento pelas suas características controladas pela manutenção preditiva, intervindo no

mesmo somente quando o nível de deterioração diagnosticado indicar esta necessidade,

tornando mais eficiente a manutenção do equipamento.

Etapa 9: Consolidação do pilar (MP)

Ação 6: Avaliar o sistema de manutenção planejada

O objetivo da manutenção planejada nas indústrias não é meramente planejar os

calendários e técnicas de manutenção, mas também, planejar os métodos para manter de

forma eficaz a funcionalidade e confiabilidade esperada dos equipamentos. Basicamente, a

manutenção planejada sistematiza as técnicas de manutenção mais eficazes para eliminar as

falhas que conduzem à degradação ou perdas das funções das máquinas e instalações.

O sistema de manutenção, tendo pleno apoio da manutenção autônoma, apóia-se em

dois pontos básicos: o departamento de manutenção é responsável pela manutenção

preventiva e preditiva, utilizando de técnicas específicas de manutenção e diagnósticos; e o

departamento de produção é responsável por manter os equipamentos em condições ideais,

mediante inspeção diária dos exercidas pelos operadores.

Por fim, para avaliar a eficiência do sistema de manutenção planejada, utiliza-se o

valor de Rendimento Global do equipamento (OEE), comparando os valores de antes e após a

criação ou incremento do planejamento de manutenção, visto que este índice expressa com

exatidão onde e quanto foram os ganhos obtidos com a implementação do pilar Manutenção

Planejada. Na prática, percebe-se estes ganhos em dois aspectos distintos no Índice OEE: no

aumento do próprio Tempo Planejado, a partir do momento que a manutenção preditiva e

preventiva sem parada substituem efetivamente as preventivas com paradas; e na conseqüente

redução das perdas por defeitos, pequenas paradas ou quebras específicas.

Page 79: Proposta Para Aplicação Da Manutenção Produtiva Total Em Uma Célula de Máquinas Injetoras

78

4.2.3.3. Fase de implementação – melhoria específica (ME)

O pilar da Melhoria Específica compreende as realizações pontuais que aumentam a

eficiência global dos equipamentos ou processos, pela eliminação sistemática e efetiva das

perdas identificadas. Neste pilar, o envolvimento das pessoas com características

multidisciplinares selecionadas para auxiliar o comitê TPM, e em especial, os operadores

envolvidos no processo, é de fundamental importância, pois agrega para aproximar as

propostas de melhoria à realidade prática vivenciada pelo operador na injetora.

Outro fator importante na Melhoria Específica é a divulgação dos trabalhos e dos

resultados obtidos com as melhorias, em quadros de atividades do comitê TPM expostos na

fábrica, para que possam ser apreciados por toda a equipe da manufatura, elevando a moral do

comitê e instigando os demais profissionais a também buscar a implementação da TPM nas

“suas” máquinas.

As quatro etapas estão divididas em dez ações específicas, para a implementação do

Pilar de Melhoria Específica, conforme apresentado no quadro 11.

Etapa Duração MELHORIA ESPECÍFICA (ME)

Ação 1: Seleção do tema de melhoria; Ação 2: Formação da equipe de projeto ;

6 15 dias

Ação 3: Diagnóstico da situação atual; Ação 4: Levantamento das anomalias e eliminação de pequenas deficiências; Ação 5: Identificação da causa do problema;

7 30 dias

Ação 6: Planejamento da Implementação; Ação 7: Implementação da melhoria; Ação 8: Análise dos resultados;

8 75 dias

Ação 9: Ações contra reincidência e consolidação da solução; Ação 10: Replicação horizontal.

9 60 dias

Quadro 11: Fase de Implementação – pilar Melhoria Específica Fonte: Primária (2008).

Etapa 6: Estruturação do pilar (ME)

Ação 1: Seleção do tema de melhoria

Para a seleção do tema de melhoria, são levantadas quais as perdas mais impactantes

para o processo, nos tocantes indisponibilidade de máquina e rentabilidade do produto

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79

fabricado naquele processo. Tendo com isto focalizado o problema, é verificado se há grandes

possibilidades de replicação horizontal de uma possível solução do problema, de forma que

torne oportuno todo o desenvolvimento da melhoria específica. Além disto, inicialmente

deve-se enfatizar para a pesquisa a injetora onde esta perda é mais recorrente, para daí por

diante realizar o estudo detalhado somente para esta máquina.

Ação 2: Formação da equipe de projeto

Na formação da equipe para o desenvolvimento da melhoria específica, recomenda-se

sempre que possível contar com o apoio de pessoas das mais variadas especialidades, e

pertinentes com os possíveis desdobramentos da melhoria, tornando o entendimento da perda

muito mais amplo e cercado. Juntamente com o comitê TPM, a equipe deve eleger um líder

para mediar todas as ações da implementação.

Etapa 7: Planejamento do pilar (ME)

Ação 3: Diagnóstico da situação atual

Nesta ação, é diagnosticada a situação atual e compara-se a mesma a condição ideal de

trabalho desejada, definindo consequentemente a meta ou objetivo a ser alcançado. O

problema, por sua vez, é abordado com o auxílio da técnica 5W1H, a fim de definir os

contornos gerais para o desenvolvimento da melhoria específica.

Ação 4: Levantamento das anomalias e eliminação de pequenas deficiências

Tendo o diagnóstico da situação estratificado, busca-se detectar e detalhar

minuciosamente quais as anomalias decorrentes no equipamento, que podem estar gerando

grande problema, diagnosticado na ação 3. A técnica brainstorming pode ser adotada para

listar as anomalias influentes no problema.

Este momento deve ser aproveitado para restaurar as deteriorações identificadas, além

de corrigir as pequenas deficiências encontradas nas Injetoras, estabelecendo uma condição

apropriada básica para o equipamento.

Ação 5: Identificação da causa do problema

Relacionadas as causas superficiais, efetua-se o aprofundamento da temática em busca

da causa raíz ou fundamental do problema levantado. A técnica analítica sugerida para esta

ação é o método dos 5 Porquês, que vai de encontro a causa fundamental conforme a sua

evolução nas indagações.

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80

Constatada a causa raíz do problema, o grupo multidisciplinar verifica a autenticidade

dos dados e define quais as ações que serão tomadas para solucionar e eliminar a reincidência

do problema inicial.

Ação 6: Planejamento da implementação

Visualizado o panorama de combate ao problema, o grupo planeja a implementação da

solução proposta para a prática, na máquina estudada. Esta ação contempla alocar os recursos

necessários para implantar a melhoria, de mão de obra e materiais, e estipular o cronograma

detalhado das ações previstas, de forma que a ação possa ser previamente qualificada para

solucionar a causa identificada do problema.

Etapa 8: Aplicação do pilar (ME)

Ação 7: Implementação da melhoria

Esta ação resume-se na execução do plano de ação definido no cronograma detalhado.

O acompanhamento das atividades, quanto a qualidade dos trabalhos e prazos de execução,

deve ser realizado no mínimo semanalmente, a fim de agilizar a tratativa para o problema o

quanto antes para a eliminação imediata das perdas resultante daquele problema. Ao final de

cada ação, se faz necessário executar testes de performance e de aceitação de cada melhoria

concluída.

Ação 8: Análise dos resultados

Com a implementação concluída, deve-se confirmar os efeitos obtidos em relação a

todos os tipos de perdas, analisando individualmente o resultado de cada medida

implementada. Caso as metas não tenham sido atingidas, retornar a ação 3 e aprofundar o

diagnóstico.

Etapa 9: Consolidação do pilar (ME)

Ação 9: Ações contra reincidência e consolidação da solução

Implementar padronização e medidas necessárias para evitar futuras recorrências, tais

como padrões e procedimentos de trabalho, produção, compras e manutenção. Juntamente a

isto, deve-se elaborar um descritivo técnico e de diagnóstico, detalhando todo o processo

realizado no pilar, para viabilizar a replicação horizontal da melhoria.

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81

Ação 10: Replicação horizontal

Mapear todas as demais injetoras similares, capazes de assimilar a mesma melhoria

com êxito, priorizando os equipamentos por ordem de criticidade ao processo. Executar o

plano detalhado no descritivo técnico e de diagnóstico, replicando horizontalmente as

melhorias específicas propostas.

4.2.4. Fase de Consolidação – 30 dias Etapa 10: Consolidação da TPM na organização

Esta é a etapa da consolidação da TPM, onde se dá o incremento do nível geral da sua

performance, com a aplicação formalizada e permanente dos três pilares propostos na célula

produtiva das conexões com inserto metálico. Este momento sugere a realização de um

cerimonial informando ao grande grupo da manufatura os resultados obtidos com a aplicação

da técnica de gestão da Manutenção, apresentando a todos os níveis hierárquicos os novos

índices de manutenção e de rendimento global dos equipamentos (OEE). Deve ser enfatizado

o papel fundamental das pessoas em todo este processo, motivando o comitê TPM e as demais

pessoas de buscar continuamente a eliminação das perdas, ou até mesmo, a criarem novos

comitês TPM que permitam estender o programa as demais células de produção, replicando-o

horizontalmente por toda a organização.

Por fim, o presente método proposto para exercer a Manutenção Produtiva Total,

esclarece as fases e suas devidas etapas para aplicação da ferramenta na célula produtiva dos

produtos com inserto metálico de forma simples e eficiente, detalhando uma abordagem

distinta daquela apresentada pelos autores da área verificados, buscando focar

especificamente os três pilares com maiores oportunidades de redução das perdas. Os pilares

Melhoria Específica, Manutenção Autônoma e Manutenção Planejada – focados no método –

conferem grande influência sobre o Índice de Rendimento Global dos equipamentos,

caracterizando portanto uma enorme oportunidade de contabilizar ganhos tangíveis com a

aplicação do método proposto.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta presente pesquisa teve como objetivo elaborar uma proposta prática e simples

para aplicação da Manutenção Produtiva Total em uma célula produtiva de máquinas

Injetoras, a fim de que este material possa ser utilizado para o entendimento da TPM como

técnica do Sistema Toyota de Produção, capaz de viabilizar novos conceitos de gestão da

manutenção para as organizações.

Tendo identificado o problema e os objetivos perseguidos, a pesquisa buscou o

alicerce teórico a partir de levantamentos bibliográficos realizados. Como conceitos

apresentados sobre a temática que rege a Manutenção Produtiva Total, foram abordados a

contextualização sobre custos de produção, conceito de perdas no processo de produção, a

caracterização da TPM como uma das técnicas apresentadas pelo STP, as formas de

manutenção existentes, a Manutenção Produtiva Total e suas características gerais, além de

formas de mensurar os ganhos obtidos com a aplicação da técnica. Além disto, foram

utilizadas as metodologias propostas por três autores da área, e uma destas metodologias foi

selecionada como referência para a definição do método proposto para aplicação da TPM.

Delineadas as idéias sobre a TPM, buscou-se desenvolver uma proposta para aplicação

da Manutenção Produtiva Total, com foco na redução das perdas da célula produtiva em

questão. Identificado o nível de desenvolvimento dos pilares da TPM na organização,

constatou-se que muitos deles já estavam em pleno domínio e funcionamento, o que

conseqüentemente simplificaria o método proposto comparado à metodologia utilizada como

parâmetro de referência. Desta forma, a proposta limitou-se a elaborar atividades sobre três

pilares da TPM: Manutenção Autônoma, Manutenção Planejada e Melhoria Específica.

De forma detalhada, cada um dos pilares foi criteriosamente estudado e explanado

dentro do método proposto para aplicação da TPM, apontando ações específicas para o

desenvolvimento efetivo de cada um deles, e que resultassem na maximização do Índice OEE

– Overall Equipment Effectiveness – ou Índice de Eficiência Global dos equipamentos.

Como resultados tangíveis esperados, podem-se citar, para cada um dos pilares

propostos para aplicação no método, situações que tendem a apresentar ganhos efetivos de

Disponibilidade, Performance e Qualidade – índices que compõem o cálculo do OEE dos

equipamentos – na célula produtiva selecionada para a aplicação da Manutenção Produtiva

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Total. Seguem os resultados tangíveis esperados da aplicação dos pilares propostos no método

abordado.

Manutenção Autônoma:

� Drástica redução na indisponibilidade do equipamento, gerada pela limpeza,

lubrificação e inspeção das máquinas (check-list) exercidas pelo operador, estreitando

desta forma a relação entre o mesmo e a injetora e eliminando as causas das falhas no

início da deterioração da máquina (Impacto no Índice de Disponibilidade);

� Agilidade (redução de tempo) na detecção e atendimento das pequenas paradas nos

equipamentos, pela capacitação do operador de solucionar falhas menores, viabilizada

no programa de manutenção autônoma (Impacto no Índice de Performance);

� Incremento na produtividade da célula, uma vez que tendo o operador interado na

correlação entre os mecanismos e funções dos equipamentos com a qualidade do

produto, reduz-se a probabilidade e incidência de produtos com defeito ou retrabalhos

no processo (Impacto no Índice de Qualidade).

Manutenção Planejada:

� Substituição parcial das quebras e falhas inesperadas por uma manutenção planejada,

com a oportuna antecipação da manutenção para momentos de ociosidade fabril – e

imediatamente antes da quebra - garantindo desta forma maior disponibilidade da

Injetora no tempo planejado, com atuação sistemática de contenção às causas das

falhas (Impacto no Índice de Disponibilidade);

� Maximização do rendimento das Injetoras na célula de produção proposta, visto o grau

de condicionamento e confiabilidade agregados ao equipamento pelo emprego da

manutenção planejada (Impacto no Índice de Performance);

� Redução das perdas ocasionadas por retrabalho, considerando que a manutenção

planejada potencializa a estabilização dos processos, evidenciada nos serviços

realizados previamente a falha, de forma periódica e padronizada (Impacto no Índice

de Qualidade).

Melhoria Específica:

� Atuação específica e focada nas perdas mais recorrentes e impactantes à

disponibilidade das injetoras, com vistas de uma equipe multidisciplinar a solucionar o

problema diretamente na causa, de forma detalhada e criteriosa, refletindo desta forma

na minimização ou até mesmo eliminação da determinada perda ao processo produtivo

(Impacto no Índice de Disponibilidade);

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84

� Aperfeiçoamento do processo produtivo por intermédio de melhorias específicas,

capazes de reduzir a incidência das pequenas paradas ou maximização do rendimento

das injetoras da linha no seu ciclo produtivo (Impacto no Índice de Performance);

� Geração de dispositivos e técnicas de melhoria específica capazes de extinguir ou

impedir as ocorrências de refugo nas peças produzidas pelas injetoras, viabilizados

pela eficácia e robustez inseridas nos mecanismos da máquina (Impacto no Índice de

Qualidade).

Observados os resultados tangíveis, evidencia-se que a aplicação da proposta da TPM

invariavelmente alcançaria resultados de destaque, particularmente nos seguintes aspectos:

redução das quebras dos equipamentos, minimização dos tempos ociosos e pequenas paradas,

redução de defeitos de qualidade e conseqüentes reclamações de clientes, elevação da

produtividade, redução dos custos de estoque e acidentes. Além destes resultados

mensuráveis, há também os resultados intangíveis esperados com a aplicação do método

proposto da Manutenção Produtiva Total:

� Auto-gestão plena, onde os operários assumem maiores responsabilidade sobre o

equiapamento, sem recorrer a outros departamentos;

� As quebras e defeitos eliminados inspiram confiança no operador a promover novas

mudanças – processo de melhoria contínua inerente a cultura organizacional;

� O ambiente de trabalho sujo e desagradável, é convertido a uma nova condição, de

limpeza permanente, brilho e cor;

� Elevados níveis de motivação dos operadores, devido à sua efetiva contribuição no

processo de manutenção e melhorias atribuídas à Injetora – sentimento saudável de

propriedade e zelo pela máquina.

� Interatividade entre as áreas de manufatura – principalmente Produção e Manutenção

– garantindo um maior nível de entrosamento e compromisso entre as partes.

Vistos os resultados tangíveis e intangíveis esperados, constatou-se que para alcançar

estes objetivos, existem dificuldades em potencial para a obtenção do êxito do método, que

devem ser combatidas habilmente por toda a equipe envolvida no projeto. As dificuldades

esperadas para a aplicação da proposta são:

• Consolidação da ferramenta como técnica de gestão na organização;

• Liberação dos profissionais para atuação na TPM e nos cursos de capacitação;

• Paralisação dos equipamentos para solucionar falhas, devido a alta demanda;

• Rotatividade dos Operadores;

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85

• Comprometimento da liderança, no decorrer da aplicação;

• Disponibilização dos equipamentos para o desenvolvimento de melhorias específicas;

• Mão-de-obra reduzida e estreitamente dimensionada nos níveis operacionais;

• Recursos financeiros;

• Manutenção da equipe capacitada e qualificada;

Percebe-se que os problemas citados são, praticamente em unanimidade, devido a

questões culturais no que diz respeito à falta de entendimento do benefício proposto pelo

método, tanto por parte dos níveis operacionais quanto da alta direção da organização.

Considerando esta causa singular, é preciso disseminar os conceitos e premissas da TPM de

forma hábil, e capaz de esclarecer definitivamente que a Manutenção Produtiva Total, embora

acarrete em custo e indisponibilidades iniciais, promove ganhos com a eficiência dos

equipamentos e com o comprometimento dos operadores muito significativos e

definitivamente superiores aos pequenos custos de sua aplicação. Os ganhos neste caso, são

evolutivos e cumulativos, enquanto que as despesas para sua aplicação são únicas e definidas.

Algumas limitações deste trabalho devem ser levadas em consideração. A principal é

de que a proposta não foi aplicada na prática, tratando-se portanto de uma pesquisa de caráter

bibliográfico, conforme já citado. Esta limitação se impôs devido ao tempo disponibilizado

para a elaboração da presente pesquisa, inviabilizando portanto a sua aplicação em campo.

No entanto, esta proposta serve como referência para a efetiva aplicação da

Manutenção Produtiva Total, nas mesmas máquinas sugeridas no trabalho, e num futuro

próximo será possível enxergar na prática a eficácia do método, identificando possíveis falhas

a fim de que estas possam ser ajustadas e corrigidas. Além das máquinas citadas na pesquisa

como referência para aplicação da técnica, a proposta permite a replicação horizontal da

ferramenta em toda a organização, vista a próxima similaridade das atividades que

compreendem o processo, e tendo uma vez tendo obtido o êxito na aplicação da TPM nas

máquinas pilotos.

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