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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ARTHUR NUNES SANTANA PROPOSTA PARA ESTIMAÇÃO DO TEMPO DE CICLO DO PEDIDO (ORDER LEAD TIME) PARA IMPORTAÇÃO DE COMPONENTES PARA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PONTA GROSSA 2016

PROPOSTA PARA ESTIMAÇÃO DO TEMPO DE CICLO DO …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/7433/3/PG_DAENP... · processo de tempo de trânsito através do modal marítimo

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS PONTA GROSSA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ARTHUR NUNES SANTANA

PROPOSTA PARA ESTIMAÇÃO DO TEMPO DE CICLO DO PEDIDO

(ORDER LEAD TIME) PARA IMPORTAÇÃO DE COMPONENTES

PARA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PONTA GROSSA

2016

ARTHUR NUNES SANTANA

PROPOSTA PARA ESTIMAÇÃO DO TEMPO DE CICLO DO PEDIDO

(ORDER LEAD TIME) PARA IMPORTAÇÃO DE COMPONENTES

PARA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Luis Maurício Resende

PONTA GROSSA

2016

Dedico este trabalho à minha família, que jamais desistiu de me apoiar, aos meus amigos, que em meio a tantas brincadeiras e piadas, sempre apostaram na conclusão do meu curso e à Deus, por toda resiliência e força de vontade, quando sozinho eu já não tinha mais ânimo.

AGRADECIMENTOS

Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que

fizeram parte dessa importante fase de minha vida. Desde o início desta caminhada,

em 2003 na verdade, início do ensino médio no CEFET-PR, quando conheci vários

dos professores e amigos que ainda me acompanham. Então passando pelos cursos

de Tecnologia em Processo de Fabricação Mecânica, Engenharia de Computação,

um intercâmbio ali na Austrália pelo Ciência sem Fronteiras até chegar aqui, é muito

gostoso perceber a quantidade de gente que completa essa linha de chegada

comigo, carregando este bastão.

Agradeço a minha família pelos imensos esforços para que este dia

chegasse.

Aos meus amigos do Ensino Médio do CEFET-PR, da Primeira Igreja

Presbiteriana de Ponta Grossa, da UTFPR Curitiba, UTFPR Ponta Grossa, do

Ciência sem Fronteiras, do estágio (Chefe, Mi, Paty, Gabriel, Cames, Mateus e os

demais), do trabalho e todos aqueles espalhados ao redor do mundo, que sempre

me apoiaram, me fizeram rir e me divertir com a demorada, mas tão aguardada data

que é este dia.

Agradeço ao meu amigo e orientador Prof. Dr. Luís Maurício, quem me fez

olhar além do horizonte lá em 2006, me encorajando a ir mais longe, alguém que faz

toda diferença na minha vida, sempre me incentivando, guiando e compartilhando

momentos excepcionais.

Aos meus colegas de sala, vocês morarão para sempre no meu coração.

Agradeço também aos professores de todos os cursos pelos quais passei e

também por aqueles que não fui aluno de forma direta, por todo ensino, aprendizado

e momentos de descontração. As noites de estudo não foram perdidas.

A Secretaria do CEFET-PR/UTFPR, pela cooperação ao longo desses 12

anos como aluno e os vários requerimentos analisados.

Enfim, a todos os que por algum motivo contribuíram para a realização desta

pesquisa.

Portanto, desde já peço desculpas àquelas que não estão presentes entre

essas palavras, mas elas podem estar certas que fazem parte do meu pensamento,

gratidão e orações. Este dia nunca teria chego sem a força de cada um de vocês.

Muito obrigado a todos vocês.

“De novo, você não pode ligar os pontos olhando para o futuro, você só pode ligá-los olhando para o passado. Então você tem que confiar que os pontos vão, de alguma maneira se ligar no futuro. Você tem que confiar em alguma coisa, seu Deus, destino, vida, karma, qualquer coisa. Porque acreditar que os pontos vão se ligar em algum momento vai te dar confiança para seguir seu coração, mesmo que te leve para um caminho diferente do previsto. E isso fará toda a diferença. (JOBS, Steve, 2005)

RESUMO

SANTANA, A. N. Proposta de mensuração do tempo de ciclo do pedido (order lead time) para importação de componentes para uma indústria automotiva. 2016. 79 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2016.

A determinação dos fatores que possam intervir no bom desempenho dos processos industriais é crucial para sobrevivência de qualquer empresa. Com isso faz-se necessário o desenvolvimento de métricas, indicadores e modelos que possam prever determinadas situações. Neste trabalho, foi desenvolvido uma metodologia que pudesse através de cartas de controle estatístico de processo, mensurar o tempo de ciclo de pedido para uma cadeia de suprimentos imediata, ou seja, desde o momento da realização do pedido ao fornecedor internacional localizado no continente europeu, passando por todos os processos de transporte logístico, até a entrega na porta do cliente final, neste caso, a própria indústria importadora, localizada no estado do Paraná, Brasil. Com mais de 800 amostras fornecidas por uma empresa da região, foi possível determinar um tempo de ciclo do pedido com média de 47,20 dias com desvio padrão de 5,662 dias. Palavras-chave: Cadeia de Suprimentos Imediata. Tempo de ciclo do pedido. Importação Europa. Indústria Automotiva. Transporte Logístico.

ABSTRACT

SANTANA. A. N. Proposal for measuring importation process order lead time for an automotive industry. 2016. 79 pages. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2016.

Determining the factors that may intervene in the good performance of a industrial processes it is critical for any company survive. Thus it is necessary to develop metrics, indicators and models that can predict certain situations. In this work aim to developed a methodology that could through statistical control charts process, measure the order lead time for an immediate supplie chain, that is, from the time which the order is placed to international supplier, in this case located in Europe, going through all the logistical transport processes, to the delivery at the end client, in this case, the importing industry, which is located in the state of Parana, Brazil. Through more than 800 samples from a company located in the área, it was possible to determine a order lead time of mean of 47,20 days and standard deviation of 5,662 days. Keywords: Immediate Supply chain. Order lead time. Importation process Europe. Automotive industry. Logistic transportation.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Classificação da cadeia de suprimentos em três níveis ........................ 16 Figura 2 – Malha ferroviária do estado do Paraná .................................................. 22 Figura 3 – Comparativo de capacidade de transporte de carga entre diferentes modais ..................................................................................................................... 24 Figura 4 – Maior navio cargueiro do mundo ............................................................ 25 Figura 5 – Comparativo do consumo de combustível entre diferentes modais ...... 26 Figura 6 - Fluxograma do processo de importação brasileiro ................................. 29 Figura 7 – Elementos que compõe o tempo total do ciclo do pedido ...................... 34 Figura 8 – Elementos que compõe o tempo total do ciclo do pedido ...................... 35 Figura 9 – Gráfico de Distribuição Normal em forma de sino ................................. 40 Figura 10 – Gráfico de Distribuição Normal e Desvios Padrão ............................... 40 Figura 11 – Gráfico de Distribuição Normal e Limites de Especificação ................. 43 Figura 12 – Etapas que compõe o processo de importação Rotterdam – Paranaguá ........................................................................................................................ 48 Figura 13 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de coleta de remessas no fornecedor ..................................................... 50 Figura 14 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de coleta de remessas no fornecedor após remoção de causas especiais ........................................................................................................................ 51 Figura 15 – Teste de normalidade de Anderson-Darling no processo de coleta das remessas no fornecedor. ......................................................................................... 52 Figura 16 – Histograma do processo de Recebimento da Remessa e Aprovação pelo Despachante Aduaneiro. ......................................................................................... 53 Figura 17 – Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de embarque das cargas. ........................................................................ 55 Figura 18 – Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de embarque das cargas após remoção de causas especiais ................ 56 Figura 19 – Teste de normalidade de Anderson-Darling no processo de de embarque das cargas após remoção de causas especiais ...................................................... 57 Figura 20 – Gráfico resumo para análise de tempo de trânsito através do modal marítimo ................................................................................................................... 58 Figura 21 – Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de tempo de trânsito através do modal marítimo .................................... 59 Figura 22 – Gráfico resumo para análise de tempo de trânsito através do modal marítimo após a remoção das causas especiais .................................................... 60 Figura 23 – Teste de normalidade de Anderson-Darling do processo de de tempo de trânsito através do modal marítimo após remoção de causas especiais ............... 60 Figura 24 – Gráfico de no processo de de tempo de trânsito através do modal marítimo .................................................................................................................. 61 Figura 25 – Gráfico resumo do processo de tempo de trânsito através do modal aéreo ....................................................................................................................... 62 Figura 26 - Gráfico resumo do processo de Recebimento da Remessa até Registro do Numerário e da DI ............................................................................................. 63 Figura 27 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de Recebimento da Remessa até Registro do Numerário e da DI ......... 64

Figura 28 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de Alfândega e Canal de Parametrização ............................................... 65 Figura 29 - Gráfico de Pareto do Canal escolhido pela Receita Federal ................ 65 Figura 30 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de Parametrização somente do Canal Verde .......................................... 66 Figura 31 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de transporte até o destino final .............................................................. 67

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características de desempenho no transporte logístico ........................ 20 Tabela 2 – Razões para reprovação da documentação no processo de Recebimento da Remessa e Aprovação ....................................................................................... 54 Tabela 3 – Média e desvio padrão em dias para cada etapa ................................. 68 Tabela 4 – Média e desvio padrão em dias das etapas necessários para o processo de importação até o Porto de Paranaguá ............................................................... 70 Tabela 5 – Média e desvio padrão em dias das etapas necessários para o processo de importação até o Santos .................................................................................... 71

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS

LISTA DE ABREVIATURAS

PNG RTM

Porto de Paranaguá Porto de Rotterdam

SAN

Porto de Santos

LISTA DE SIGLAS

CSCMP DI IC ICMS LI

Council of Supply Chain Managemetn Professional Declaração de Importação Intervalo de Confiança Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços Licença de Importação

LIC LC LSC SCM SPC

Supply Chain Management Statistics Process Control

LISTA DE ACRÔNIMOS

CEP Controle Estatístico do Processo

SUMÁRIO

1.1PROBLEMA ...................................................................................................... 131.2MOTIVAÇÃO ..................................................................................................... 141.3OBJETIVO ........................................................................................................ 141.3.1Objetivos Específicos ...................................................................................... 141.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 142 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 142.1GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SCM) .......................................... 162.2TRANSPORTE LOGÍSTICO ............................................................................. 182.2.1Modais de Transporte ..................................................................................... 192.2.1.1Transporte Ferroviário ................................................................................. 212.2.1.2Transporte Rodoviário ................................................................................. 222.2.1.3Transporte Aquaviário ................................................................................. 232.2.1.4Transporte Aeroviário .................................................................................. 262.2.1.5Transporte Dutoviário .................................................................................. 272.2.1.6Serviços Intermodais ................................................................................... 272.3ATUADORES NO PROCESSO DE IMPORTAÇÃO ......................................... 282.3.1Processo Alfandegário .................................................................................... 282.3.1.1Parametrização ........................................................................................... 302.3.1.1.1Canal Verde .............................................................................................. 302.3.1.1.2Canal Amarelo .......................................................................................... 302.3.1.1.3Canal Vermelho ........................................................................................ 302.3.1.1.4Canal Cinza .............................................................................................. 312.3.2Despachante Aduaneiro: Customs Broker ...................................................... 312.3.3Agente de Carga: Freight Forwarder .............................................................. 312.4LEAD TIME ....................................................................................................... 322.5FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS .................................................................... 362.5.1Média .............................................................................................................. 372.5.2Desvio Padrão ................................................................................................ 372.5.3Distribuição Normal ......................................................................................... 392.5.3.1Teste de Normalidade de Anderson-Darling ............................................... 412.5.4Intervalo de Confiança .................................................................................... 412.5.5Propagação do Erro ........................................................................................ 422.5.6Cartas de Controle .......................................................................................... 422.5.6.1Carta I-AM ................................................................................................... 433.1CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO ................................................ 463.2DADOS DESCRITIVOS .................................................................................... 463.2.1Construção da metodologia de mensuração de tempo de ciclo do pedido .... 464.1TEMPO TOTAL DE CICLO DO PEDIDO .......................................................... 684.2CENÁRIOS PROPOSTOS ................................................................................ 695 CONCLUSÃO ................................................................................................................6826 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 69

13 1 INTRODUÇÃO

Em um mundo cada vez mais competitivo e globalizado, é contínua a busca

pela redução dos custos nos mais variados processos de manufatura e de prestação

de serviços. Dia após dia, as corporações buscam melhorar seus resultados e indicadores.

Para melhor aproveitamento de seus recursos e na busca de uma melhor

margem de lucro, tem sido prática comum de várias empresas a terceirização de

serviços. Esta terceirização pode aparecer na realização de algumas atividades, bem como a manufatura de componentes em outros continentes.

Como resultado, uma cadeia de empresas passa a trabalhar junto, na busca

de um melhor posicionamento no mercado. Porter (1985) identificou que os valores

dos clientes e os custos para os clientes são fatores cruciais para as empresas

criarem vantagens competitivas. Portanto a boa gestão desta cadeia de empresas,

fornecedores, suprimentos é uma realidade cada vez mais significativa para empresas que buscam ampliar seus resultados com base na redução de custos.

Um dos fatores críticos da otimização da gestão de uma cadeia de

suprimentos, é a determinação confiável de prazos e tempos de movimentação e

entrega de produtos. E esse fator se mostra mais sensível quando envolve diferentes modais de transporte e processos de importação.

Baseado nestas operações de cadeia de suprimentos, o desenvolvimento de

modelos de referência possibilita estabelecerem-se métricas mais confiáveis, que

otimizem a eficiência e eficácia, garantindo a confiabilidade e previsibilidade de todo

o processo de movimentação de cargas e produtos envolvidos em uma cadeia de

suprimentos.

1.1 PROBLEMA

Como determinar o tempo de ciclo do pedido para o processo de importação

entre os portos de Rotterdam e Paranaguá, no modal marítimo, considerando a

cadeia de suprimentos imediata, garantindo assim sua eficácia?

14 1.2 MOTIVAÇÃO

Após ser detectado que este indicador estava mal mensurado, buscou-se

encontrar uma solução para o problema. Então, como não foi encontrado literatura

uma metodologia que determinasse o tempo de ciclo do pedido processo de

importação marítimo entre a Europa e o Brasil, auxiliando assim na tomada de

decisão, bem como programação da produção, este trabalho fez-se necessário.

1.3 OBJETIVO

Propor uma metodologia para medir o tempo de ciclo do pedido (order lead

time) para importação de componentes para uma indústria automotiva através os

portos de Rotterdam e Paranaguá, considerando as variáveis que são inerentes a

este processo.

1.3.1 Objetivos Específicos

• Identificar as principais variáveis envolvidas no processo de importação marítima;

• Investigar os elementos que compõem o tempo de ciclo do pedido (order lead

time);

• Utilização de ferramentas estatísticas para definição do tempo de ciclo do pedido (order lead time).

1.4 JUSTIFICATIVA

Vários elementos ou variáveis compõem o processo de importação no modal

marítimo. Logo, deve ser considerado todos estes no momento em que uma ordem

de pedido é emitida para um fornecedor internacional. Em processos de importação

de componentes para cadeias de suprimentos, muitas vezes variáveis como

diferenças de fuso-horário entre o fornecedor e o importador, horário de embarque

15 no porto de origem, horário de fechamento de pedidos, tempo necessário para o

desembaraço aduaneiro, entre outras, são esquecidas, ou quantificadas de maneira

um tanto quanto negligente, afetando assim o tempo previsto de entrega da mercadoria.

Um tempo de ciclo de pedido mal estimado, pode acarretar diversos

problemas em uma rede de distribuição. Estas divergências podem provocar desde

atrasos na produção, pagamento de fretes emergenciais, bem como elevação no

volume de estoque. Lopez e Gama (2008) destacam alguns resultados em lead

times mal estipulados como: prejuízo de imagens; necessidade de manter um nível

de estoque mais alto; os custos operacionais derivados de maiores trabalhos

burocráticos, despesas de armazenamento e de transporte ao longo do ciclo e de

desgaste de pessoal e custos financeiros mais elevados por conta de giro de estoque mais lento.

Porém, como existem diversas variáveis um tanto quanto intangíveis da perspectiva do importador, o uso de cartas estatísticas de controle, permitem uma melhor compreensão dos atrasos ou não em um processo como este. Através da análise do desvio-padrão, pode-se perceber se o tempo de atividades de transporte da mercadoria estão de acordo com o tempo previamente estipulado, levando assim, a uma melhor acurácia nos níveis de estoque e programação da produção.

Este trabalho tem como propósito construir uma metodologia que sirva para

qualquer empresa que já exista ou pretenda se instalar na região dos Campos Gerais, ou ainda, qualquer empresa em território nacional.

No capítulo 2 será apresentado um breve referencial teórico para melhor compreensão dos modais de transporte utilizados nos processos logísticos, além dos atuadores no processo de importação, definição de tempo de ciclo e as ferramentas estatísticas utilizadas na definição do tempo de ciclo de pedido deste trabalho.

No capítulo 3 o leitor poderá encontrar os dados que descrevem este trabalho bem como a metodologia utilizada, fluxograma, etapas do processo, além de dados do estudo de caso.

E por fim no capítulo 4 serão apresentados os resultados obtidos.

16 2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SCM)

Uma Cadeia de Suprimentos caracteriza-se por qualquer rede ou cadeia que

englobe todas as empresas participantes, interagindo de maneira direta na

concepção do bem ou serviço, a qual será entregue a um cliente final. Essas

empresas podem ser das mais variadas naturezas e com diferentes níveis de

responsabilidade.

Pires (2004) define Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) como o resultado

de todos os esforços envolvidos na produção e liberação de um produto final, desde o (primeiro) fornecedor do fornecedor até o (último) cliente do cliente.

Slack (2003) classifica a Cadeia de Suprimentos em três níveis (rede interna, rede imediata e rede total) conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – Classificação da cadeia de suprimentos em três níveis Fonte: Slack (2003)

1. Rede interna: composta pelos fluxos de informações e de materiais entre departamentos, células ou setores de operação internos à própria empresa.

2. Rede imediata: formada pelos fornecedores e clientes imediatos de uma

empresa.

17

3. Rede total: composta por todas as cadeias imediatas que compõem

determinado setor industrial ou de serviços.

Ao gerenciamento destas operações deu-se o nome de Gestão da cadeia de

Suprimentos ou Supply Chain Management (SCM) em inglês. É definida como “o

planejamento e a gestão de todas as atividades associadas à logística interna e

inter-organizacional, bem como a coordenação e colaboração entre todos os

parceiros da cadeia, sejam eles fornecedores, prestadores de serviço ou

consumidores” pelo Conselho de Profissionais da Gestão da Cadeia de Suprimentos

(em inglês, Council of Supply Chain Management Professional - CSCMP).

A Gestão da Cadeia de Suprimentos significa “a integração dos

processos-chaves de negócio desde o usuário final até o fornecedor original que

provei produtos, serviços, e informações que agregam valor para os clientes e

outras partes interessadas” (LAMBERT et al., 1998). A SCM foca no gerenciamento

do processo além das limitações organizacionais. Desta maneira, quando busca-se

controlar o fluxo de informações e materiais, percebe-se melhoria significativa em

termos de velocidade, confiabilidade, flexibilidade, custos e qualidade (SLACK et al,

1996).

Para Harrington (1997, p. 53-8)

"As medidas são essenciais. Se você não pode medir algo, não será capaz de controlá-lo. Se não puder controlá-lo, não poderá gerenciá-lo. Se não puder gerenciá-lo, não poderá melhorá-lo. Sem melhorias, todo resultado será uma surpresa. As medições são o ponto de partida para as melhorias, porque lhe possibilitam entender onde você se encontra e fixa metas que o ajudem a chegar onde deseja. Sem elas as mudanças e melhorias necessárias ao processo são severamente prejudicadas"

Mentzer e Konrad (1991) afirmam que a medição de desempenho é a

avaliação da eficácia e eficiência de uma tarefa completa. Eficácia é a medida que

os objetivos são alcançados. A eficiência é uma medida de como os recursos são

utilizados. Neste contexto, o relapso ou a negligência no controle e

acompanhamento desses indicadores tem sido reconhecido como os maiores

problemas no gerenciamento de operações (DAVENPORT et al., 1996) e na SCM

(DREYER, 2000).

18

De acordo com modelos de alinhamento estratégico, o sucesso da estratégia

de uma organização é dependente diretamente do alinhamento das incertezas

ambientais, estratégicas e de tecnologias adotadas, práticas ou sistemas

(HENDERSON E VENKATRAMAN, 1993; LUFTMAN, LEWIS E OLDACH, 1993).

Como existem variadas perspectivas de quais variáveis devem compor os

indicadores para medir a performance da cadeia de suprimentos, muitas empresas

têm encontrados dificuldade em praticar a SCM de forma eficaz (BEAMON, 1999).

Este problema é significativamente complexo, pois as diferentes

organizações com diferentes interesses, encontram dificuldade em avaliar a

eficiência de atividades em suas cadeias de suprimentos num cenário macroscópico

(COOPER et al., 1997). Consequentemente, as organizações tendem a colocar

maior esforço para melhoras as atividades que são de seus interesses. Superar

esses entraves, significa uma melhor e mais profunda compreensão das atividades

que compõe essas cadeias de suprimentos e o impacto que os resultados podem

trazer para os seus participantes (KEE-HUNG LAI et al., 2002).

2.2 TRANSPORTE LOGÍSTICO

Com uma cadeia de suprimentos tão ramificada e extensa, muitas vezes

diferentes modais de transporte necessitam ser utilizados. O transporte pode

representar o elemento mais significativo do custo logístico, chegando a representar

em média 60% dos mesmos, além de extremamente crítico para o prosseguimento do processo, na maior parcela das organizações (FLEURY et al., 2000).

O transporte logístico é geralmente o agente intermediador que facilita o

bom fluxo dos materiais “porta-a-porta”, ou seja, de um ponto de origem, por

exemplo um porto, até um destino final, o cliente (COYLE et al., 1996). O objetivo na

prestação deste serviço é a satisfação do cliente, tanto em direção ao início da

cadeia de suprimentos (upstream) quanto ao cliente final (downstream), tendo

melhor eficiência e eficácia que seus concorrentes.

Por exemplo, definir apenas a variável 'custo' como principal indicador, essa

pode até servir na escolha de um despachante aduaneiro, mas pode não ser o mais

19 indicado ao contratar agentes de consolidação ou navios de carga, onde premissas

como qualidade e confiabilidade, possam nortear com mais profundidade essa

decisão. Portanto, analisar indicadores de eficiência ou eficácia de forma isolada,

pode refletir um resultado um tanto quanto superficial (K.H. LAI et al, 2002). Logo,

estes indicadores devem incorporar não apenas operações que envolvam o fator

eficiência, mas também a eficácia destes serviços, para que sejam satisfeitas todas

as partes envolvidas ao longo da cadeia de suprimentos (KLEINSORGE et al.,

1991).

Para que um sistema logístico de transporte possa ser definido, faz-se

necessário uma visão completa do sistema todo, a capacidade do mesmo, o nível do

serviço atual, e parâmetros como carga, peso, quantidade, além dos recursos e

equipamentos disponíveis (ALVARENGA E NOVAES, 2000).

2.2.1 Modais de Transporte

A palavra modal, do latim modālis, significa 'de ou relativo a modo’, ou seja,

é relativo ao modo particular por que se deve executar ou cumprir algo. No

transporte logístico são definidas cinco maneiras diferentes pelo qual a carga pode

ser transportada: rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário e aéreo. Cada um,

possuindo características específicas, tornando-os mais apropriados ou não para determinado tipo de cadeia de suprimentos.

Em um estudo desenvolvido por Jeff e Hills (1990) na Grã-Bretanha,

percebeu-se que 64% das decisões tomadas por gestores foram impactadas pelo

fator ‘urgência do cliente’. Isto acontece, pois atrasos podem gerar além da

insatisfação do cliente, multas e atrasos na manufatura em uma cadeia produtiva.

Em meio a diversas atividades e operações que aparecem na prestação de um

serviço de transporte, muitas delas pouco tangíveis, a percepção do cliente quanto a

qualidade destes serviços, é norteada por cinco dimensões:

20

1. Tempo de entrega médio (velocidade);

2. Variabilidade do tempo de entrega (consistência);

3. Capacitação;

4. Disponibilidade;

5. Frequência.

Todas estas dimensões devem ser necessariamente aliadas ao fator custo (COYLE et al., 1994; BOWERSOX E CLOSS,1996).

Fleury (2003) afirma que a ordem decrescente dos diferentes modais de

transporte baseado no critério ‘custo’ são as mesmas tanto nos EUA quanto no

Brasil: aéreo (maior), rodoviário, ferroviário, dutoviário e aquaviário (menor),

conforme a Tabela 1.

Tabela 1 - Características de desempenho no transporte logístico

Fonte: Ballou (2005, p. 127)

No caso brasileiro, é extremamente custosa a situação em que se encontram

os portos e rodovias, visto que nos últimos anos tem se dado atenção especial aos

aeroportos, deixando os outros modais ao relento, elevando assim consideravelmente o tempo de transporte bem como o preço do frete.

21 2.2.1.1 Transporte Ferroviário

Aparece frequentemente associado ao transporte de longos cursos,

principalmente no deslocamento de granéis, minérios, carvões, madeira ou outras

matérias primas.

Existem dois tipos de serviços oferecidos, o de carga completa (CL -

carload), que se aplicam a cargas dedicadas ou completas, e também o serviço de

carga fracionada (LCL - less than carload), onde os vagões compartilham outros

volumes. Estes dois serviços de transporte logístico, aparecem para todos os

modais de transportes (BALLOU, 2005).

O Brasil atualmente sofre com uma malha ferroviária pouco ramificada,

cobrindo apenas uma pequena parcela do território nacional. Infelizmente, pequenos

investimentos são feitos neste tipo de transporte, que tem por característica custo

razoável e baixa velocidade, em média 75 km por hora (ROSALYN, 2000). Segundo

Telles et al. (2007, p. 5),

A malha ferroviária brasileira possui uma extensão de 29.489 quilômetros, sendo que 28.225 quilômetros estão distribuídos em sete concessionárias. A frota ferroviária possui: 83.700 vagões, 3.100 carros e 2.500 locomotivas. Essa estrutura coloca o Brasil na 10a posição do ranking de países com maior malha ferroviária, que tem os Estados Unidos na liderança por ter uma malha ferroviária de 227.736 quilômetros. No caso especifico da soja, o transporte ferroviário de carga movimentou aproximadamente 29 milhões de toneladas, correspondente a 7,9% do total das cargas transportadas por essa modalidade.

De acordo com a Agência Curitiba de Desenvolvimento (ACD S/A), a malha

ferroviária no estado do Paraná compreende um total de 2.287 quilômetros de

extensão. Destes 2039 quilômetros operados pela América Latina Logística (ALL), e

outros 248 quilômetros atendidos pela Ferrovias do Paraná S/A. A Figura 2

apresenta às áreas atendidas no estado. Nela, pode-se perceber que a malha

ferroviária paranaense não atende boa parte do estado do Paraná, implicando em

um aumento de custo para escoar a produção através de outro modal, além de

onerar as condições das rodovias do estado pela super utilização de caminhões

transportando mercadorias importadas ou para o Porto de Paranaguá.

22

Figura 2 – Malha ferroviária do estado do Paraná Fonte: ACD S/A (2010)

O baixo investimento em infraestrutura no que tange este modal é um

complicador altamente significativo no nível de competitividade da indústria

brasileira, já que o escoamento da produção nacional bem como a entrada de

produtos importados sofre substanciais atrasos devido à antiga e curta malha

ferroviária.

2.2.1.2 Transporte Rodoviário

É o transporte efetuado por caminhões e carretas, normalmente fazendo

ligações entre países limítrofes. Para viagens de curta e média distâncias, este é o

modal mais utilizado no transporte de mercadorias.

O diferencial neste serviço está na maneira simples como organiza-se o

transporte rodoviário, pois não exige procedimentos burocráticos em demasia e

encontra-se sempre disponível para embarques urgentes, sejam elas cargas

23 dedicadas ou fracionadas (compartilhadas). Algumas das vantagens são (DEMARIA,

2004):

• As vendas podem ser realizadas na condição de entrega porta a porta

com mais comodidade e segurança.

• Menos manuseio de carga, já que o caminhão é lacrado no local de

carregamento e aberto no local de entrega.

• Rapidez na entrega de cargas em curta distância.

• Não existe a necessidade do comerciante ir até um local apropriado para

retirar a carga.

• Redução de despesas com embalagens.

Como as cargas rodoviárias sempre possuem porte menor que as cargas

ferroviárias (BALLOU, 2003), este tipo de transporte possui vantagens inerentes a

sua modalidade, como uma maior flexibilidade e agilidade, acesso à carga, entrega

na porta do destino final, frequência, disponibilidade, não existindo a necessidade de

transbordo, entre outros.

2.2.1.3 Transporte Aquaviário

O transporte aquaviário é a denominação moderna do setor em que estão

inseridos o transporte marítimo, fluvial e lacustre.

O transporte marítimo, aquele realizado por navios a motor, de grande porte,

em mares e oceanos, é o grande ator na movimentação de mercadorias no comércio

exterior. Segundo Mendonça e Keedi, (1997), estas embarcações podem apresentar

diversas conFigurações como os navios cargueiros convencionais, de carga geral,

os de carga frigorífica, graneleiros, navios-tanque, roll-on roll-of, porta- containers,

entre outros, para adaptação dos mais variados tipos de carga.

Pode ser encarado como um serviço razoavelmente lento, se comparado ao

transporte aéreo, porém possui capacidade para transportar grandes e pesados

volumes por grandes distâncias. Neste seguimento, é comum encontrar um grande

volume no transporte de commodities em geral, como grãos, bem como cargas

líquidas, carvão, areia e cimento (BALLOU, 2003).

24

O transporte fluvial e lacustre, que é o realizado através dos rios e lagos, é

uma modalidade de transporte ainda pouco empregada no Brasil, porém com grande

potencial. Se considerar as bacias hídricas brasileiras, muitos problemas e atrasos

devidos ao deslocamento rodoviário, poderiam ser solucionados se existisse um

melhor incentivo e infraestrutura para este tipo de transporte.

Com uma fraca malha ferroviária, o transporte através de rios,

principalmente na região Centro-Oeste, poderia ajudar no escoamento dos grãos e outros produtos agrícolas, reduzindo consideravelmente o custo do transporte.

Na Bacia Amazônica, é comum encontrar o transporte de madeira; porém,

em decorrência da Zona Franca de Manaus também existe o transporte de produtos

manufaturados. Nesta região o transporte se realiza até mesmo, de forma

internacional, ligando diversos portos brasileiros no Amazonas, Pará, Amapá, Roraima a portos no Peru e Colômbia.

Nesse tipo de transporte os equipamentos utilizados são as balsas, chatas e

pequenos barcos, também aparecem navios de médio porte (MENDONÇA E KEEDI,

1997).

Figura 3 – Comparativo de capacidade de transporte de carga entre diferentes modais

Fonte: Revista Tecnologistica (2015)

25

Segundo o engenheiro Adriano Murgel Branco, secretário da Habitação e

secretário dos Transportes do estado de São Paulo nos anos 80, um navio em

transporte fluvial chega a ter capacidade de 4400 toneladas, o que equivale à 110

vagões ferroviários de 40 toneladas ou 220 caminhões de 20 toneladas. Além disto,

acrescenta-se o fato que estes 220 caminhões, com 20 metros de comprimento e 80

metros de espaçamento entre eles, ocupam 22 quilômetros de rodovia, dados do

ano de 2015. Esse comparativo pode ser melhor observado através da Figura 3.

Como comparativo, pode-se notar na Figura 4 o navio o CSCL Globe,

fabricado pela Hyundai Heavy Industries, operado pela China Shipping, tem 400

metros de comprimento, 58,6 metros de largura e pesa 183 mil e 800 toneladas.

Este cargueiro tem capacidade para transportar 19 mil contêineres de 20 pés (6,05m

x 2,43m x 2,59m).

Figura 4 – Maior navio cargueiro do mundo

Fonte: Hyundai Heavy Industries (2014)

Ademais, o gasto com combustíveis fosseis é imperativo na decisão do

modal de transporte, quando este fator impacta diretamente no valor final do frete,

conforme ilustra a Figura 5.

26

Figura 5 – Comparativo do consumo de combustível entre diferentes modais

Fonte: Revista Tecnologistica (2015)

Desta maneira seria ideal utilizar o modal marítimo sempre que possível,

seguido pelo ferroviário. Somente após estes, o transporte rodoviário é ótimo para o transporte através de uma perspectiva de custos.

2.2.1.4 Transporte Aeroviário

É uma operação, que com determinada facilidade, envolve diversos países,

especialmente pela velocidade do meio utilizado. Decisivo para operações de

urgência no comércio exterior, influenciados pelas altas demandas, é muito utilizado

quando países ou determinadas regiões encontram-se em situação de emergência,

pela agilidade e autonomia de rotas o qual pode usufruir.

A confiabilidade, disponibilidade e velocidade, são o diferencial nesse

serviço. Ainda, a variabilidade no tempo de entrega é muito pequena quando comparada a outros modais.

O tempo nesse modal deve ser contabilizado não apenas em função da

velocidade e tempo de vôo, pois ainda existem os tempos de manobras e coletas e

entregas, que devem estar incluídos. Todos esses elementos precisam estar

combinados para gerar o tempo real de entrega.

27

A grande limitação nesse modal ainda está no seu custo, que é muito mais

elevado em comparação aos outros modais. Isso faz com que o seu uso justifique-se

principalmente quando envolve-se grandes distâncias e a variável tempo é bastante

relevante (BALLOU, 2003).

2.2.1.5 Transporte Dutoviário

Sua capacidade é bem minimizada se comparado à outros modais. O

transporte dutoviário é aquele que se utiliza de dutos para o transporte das mercadorias.

Os principais produtos que utilizam esse modal são os derivados de

petróleo, refinados de grãos (óleo), gases e álcool. A movimentação por dutos é

lenta, não ultrapassando os 15 quilômetros por hora. Porém, o serviço conta com

alta disponibilidade, operando 24 horas por dia e sete dias por semana, além de

extrema confiabilidade, já que não existem quase interrupções que possam causar variabilidades no tempo de entrega (BALLOU, 2003).

No Brasil, a Lei N. 7.029, de 13/09/1982, é a única que dispõe sobre esse

modal e trata do transporte dutoviário de álcool.

2.2.1.6 Serviços Intermodais

A grande vantagem encontrada na utilização de mais de um modal, está na

utilização das características, melhor nível de serviço e custo, que cada um é capaz

de entregar. Através da combinação destes, é possível encontrar um menor custo e

tempo de entrega porta a porta, equilibrando o trade-off entre preço e qualidade de

serviço (BALLOU, 2005).

Operações de longa distância e a logística corporativa popularizaram dois

termos, que embora sejam utilizados com frequência um pelo outro, possuem

diferenças fundamentais em seu modo de operação. A multimodalidade e a

intermodalidade são operações que se realizam pela utilização de mais de um modal

de transporte. Isto quer dizer transportar uma mercadoria do seu ponto de origem até a entrega no destino final por modalidades diferentes (KEEDI, 2002).

28

A grande diferença aparece na forma que os contratos são firmados. A

intermodalidade é caracterizada pela emissão individual de documento de transporte

para cada modal, além da divisão de responsabilidade entre os transportadores. Na

multimodalidade existe a emissão de apenas um documento de transporte, um único

contrato é celebrado, sendo este vigente para o transporte do trajeto total (da origem

ao destino final) da mercadoria, não importando qual seja o modal utilizado. Este

documento é emitido pelo Operador de Transporte Multimodal (OTM), que figura como corresponsável integral pela carga sob sua custodia.

Porém, ambos os conceitos, intermodalidade e multimodalidade, nas literaturas encontradas (NAZÁRIO, 2000), divergem em suas definições.

2.3 ATUADORES NO PROCESSO DE IMPORTAÇÃO

2.3.1 Processo Alfandegário

No fornecimento de componentes entre diferentes países, principalmente

intercontinentais, mais de um processo alfandegário muitas vezes faz-se necessário.

Para um melhor entendimento dos trâmites legais neste procedimento, um

fluxograma com os passos básicos de uma importação é ilustrado, conforme Figura 6.

29

Figura 6 - Fluxograma do processo de importação brasileiro

Fonte: Rechenmacher, M.J.W., Dorr, H. A (2015)

Após o registro da Declaração de Importação (DI) no Siscomex1, a

Secretaria da Receita Federal - SRF mediante o despacho aduaneiro, submete a DI

à uma análise fiscal e seleciona-a para um dos canais de conferência. Tal

procedimento de seleção recebe o nome de parametrização. Portanto, segundo

Bizelli (2011), “[...] o desembaraço aduaneiro é um ato distinto da conferência

aduaneira, mediante o qual será registrada a sua conclusão e permitindo a entrega

da mercadoria ao importador”.

1 Siscomex é o Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX, instituído pelo Decreto nº 660/1992, é um sistema informatizado responsável por integrar as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através de um fluxo único e automatizado de informações.

30 2.3.1.1 Parametrização

Segundo informações retiradas da página eletrônica da Receita Federal, os

canais de parametrização funcionam da seguinte maneira:

2.3.1.1.1 Canal Verde

No canal verde, “o sistema registra o desembaraço automático da

mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação física da mercadoria.

A DI selecionada para canal verde, no Siscomex, poderá ser objeto de conferência

física ou documental, quando forem identificados elementos indiciários de

irregularidade na importação”.

2.3.1.1.2 Canal Amarelo

No canal amarelo, “pelo qual deve ser realizado o exame documental e, não

sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a

verificação física da mercadoria. Na hipótese de descrição incompleta da mercadoria

na DI, que exija verificação física para sua perfeita identificação com vistas a

confirmar a correção da classificação fiscal ou da origem declarada, o auditor fiscal

da Receita Federal do Brasil pode condicionar a conclusão do exame documental à

verificação física da mercadoria”.

2.3.1.1.3 Canal Vermelho

No canal vermelho, “pelo qual a mercadoria somente é desembaraçada

após a realização do exame documental e da verificação física da mercadoria”.

31 2.3.1.1.4 Canal Cinza

No canal cinza, “pelo qual deve ser realizado o exame documental, a

verificação física da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle

aduaneiro, para verificar indícios de fraude, inclusive no que se refere ao preço

declarado da mercadoria”.

2.3.2 Despachante Aduaneiro: Customs Broker

É o responsável em providenciar os documentos necessários para efetuar a

importação. Este representante garantirá o procedimento fiscal, verificando a

exatidão dos dados declarados pelo importador em relação aos volumes que foram

importados, a documentação apresentada e sua compatibilidade com a legislação

(Ludovico, 2010). Esta Figura atua entre os clientes e o terminal de carga e atua

também junto a receita federal, cuja instituição normatiza e controla toda importação.

Segundo Sousa (2010, p. 19), despacho aduaneiro é definido como:

“O conjunto de procedimentos aduaneiros que consiste na verificação da consistência e exatidão dos dados declarados pelo exportador ou importador, relativamente às mercadorias exportadas ou importadas, às declarações e aos documentos apresentados e a legislação vigente, com vistas ao seu desembaraço”.

O processo do despacho aduaneiro inicia-se no momento em que a

mercadoria chega ao porto, o seu transbordo ou descarregamento até o momento

da ao importador.

2.3.3 Agente de Carga: Freight Forwarder

Os agentes de carga, freight forwarder, ou ainda, transitários, são as

pessoas ou entidades, prestadores de serviço no transporte de mercadorias,

atuando de maneira intermediária entre o exportador e o importador.

32

Keedi e Mendonça (2000) caracterizam este tipo de prestador de serviço

como aquele que está habilitado a realizar desde a retirada da mercadoria pelo

exportador, até a entrega na porta do importador, providenciando assim serviços

como reserva de espaço em veículos transportadores, embarque, desembarque,

emissão de documentos, negociação bancária de documentos, contratação de

câmbio, ação junto as repartições públicas, agências governamentais, agências

marítimas, etc., bem como operações de liberação e despacho da carga, ou seja,

executando também as funções de comissária de despachos.

O agente de carga possui diversas funções, entre elas: contratação de

serviço terceirizado de transporte, intermediando a relação entre o usuário e a

empresa transportadora, recepção das mercadorias no porto e sua entrega ao

transportador terrestre, atendimento dos trâmites e formalidades administrativas,

além de consolidação e desconsolidação de cargas (VIEIRA, 2006).

2.4 LEAD TIME

O lead time é um dos conceitos mais importantes da logística, pois mede em

unidade de tempo, o período entre o início de uma atividade, produtiva ou não, e o

seu término. A definição mais convencional para lead time em Gestão da cadeia de

Suprimentos é o tempo entre o momento de entrada do material até à sua saída do

inventário (LAMBERT et al., 1998). As atividades que compõe o lead time não

necessitam agregar valor obrigatoriamente.

“O lead time total é composto pelo tempo dedicado ao processamento de

pedidos, à busca de fornecimento e manufatura dos itens e ao transporte dos itens

entre os diversos estágios da cadeia de suprimentos” (SIMCHI-LEVI, KAMINSKY,

2003).

Comumente é o utilizado o termo “Tempo Porta-a-Porta”, pois mede o tempo

necessário para o produto percorrer todos os processos de um processo ou fluxo de valor, do início até o fim.

33

Segundo Gilberto Kosaka (2007), diretor-presidente do Jornal São Paulo

Shimbun, entende o Lead Time como um componente do planejamento e, por isso,

diferencia as práticas do Lead Time em áreas.

“(...) na área de Compras, as pessoas envolvidas nos processos devem saber claramente qual é o lead time, o intervalo de tempo para comprar os materiais necessários para a sua produção, desde a emissão do pedido até realmente o material estar a sua disposição para uso. Na produção, o lead time é o intervalo de tempo necessário para que o material passe pela fabricação – do primeiro até o último processo e estar pronto para outra etapa. Ou ainda, o lead time de entrega, intervalo de tempo necessário desde o momento que o cliente adquiriu a mercadoria até realmente ele tê-las em suas mãos”.

Tão logo, para que um bem ou serviço possa ser entregue ao seu cliente

final, é necessário um esforço da organização para obtenção de todos os recursos

para manufatura do mesmo. Este indicador é chamado ‘order lead time’ ou ’total

order cycle time’ (CHRISTOPHER, 1992), que é a medida referente ao tempo gasto

desde o recebimento de ordem de pedido do cliente até a entrega do produto no seu

destino final. Este processo inclui os seguintes elementos, ilustrados na Figura 7.

34

Figura 7 – Elementos que compõe o tempo total do ciclo do pedido

Fonte: Christopher (1992)

Lambert (1998) define em seis etapas o ciclo do pedido: “O ciclo do pedido

consiste dos seguintes componentes: (1) preparação e transmissão do pedido; (2)

recebimento e entrada do pedido; (3) processamento do pedido, (4) resgate no

estoque e embalagem; (5) expedição do pedido e (6) entrega e descarregamento no

cliente.

Ballou (2005) ilustra o tempo total do ciclo do pedido em 4 elementos,

conforme pode-se perceber na Figura 8. É interessante perceber que nesta Figura já

aparecem entregas emergenciais, resultando de urgentes demandas, em um mundo

onde a produção é cada vez mais enxuta e organizações trabalhando com o seu

estoque em um nível mínimo.

Total order cycle time ou tempo total de ciclo do pedido inclui os seguintes

passos, porém não limitados a esses:

1. Tempo de entrada do pedido (através de previsões ou ordem direta do

cliente);

35

2. Tempo de planejamento do pedido (Projeto + Comunicação + tempo de

planejamento ou scheduling);

3. Tempo de preparação, montagem e acompanhamento tempo;

4. Tempo de entrega de produtos acabados.

Os três autores convergem suas definições de tempo de ciclo do pedido

como todos os tempos necessários entre a medida referente ao tempo gasto desde

o recebimento de ordem de pedido do cliente até a entrega do produto no seu

destino final. Christopher (1992) dividi o processo em várias etapas, as quais na

visão do autor são necessárias para execução do processo. E seguindo exatamente

esta perspectiva, em que esse trabalho foi desenvolvido, apresentando as variáveis

que compõe cada etapa e medindo o tempo que cada uma leva para ser executada.

Figura 8 – Elementos que compõe o tempo total do ciclo do pedido

Fonte: Ballou (2005)

36

A previsibilidade e confiabilidade de um processo é fator crucial para o

sucesso e eficiência do mesmo (NILS HORCH, 2009), portanto uma redução no

tempo total de ciclo do pedido resultará numa melhora no lead time do processo,

esta diminuição no tempo influencia diretamente no nível de satisfação do cliente

(TOWILL, 1997).

2.5 FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS

A utilização de métodos quantitativos oferece inúmeros benefícios nas áreas

da indústria e negócios, tanto através da identificação de áreas problemáticas

existentes e alertando gestão e pessoal técnico a potenciais problemas.

De fato, o gerenciamento da qualidade desempenha função crucial para o

desenvolvimento humano, que remota desde civilizações antigas até os processos

mais corriqueiros dos nossos dias. A qualidade e sua boa administração é condição

indispensável para o desenvolvimento de uma sociedade tecnológica.

A padronização foi reconhecida como o primeiro passo para o controle da

qualidade. Na Roma antiga, um sistema de medição uniforme foi introduzido para

fabricação de tijolos e tubos; e regulamentos para construção civil foram

implementados. Relógios d’água e relógios de sol foram usados no antigo Egito e

Babilônia (século 15 a.C.), embora fossem estes imprecisos. A dinastia chinesa

Song (século 10), controlava a forma, tamanho, comprimento, entre outros fatores

em produtos de fabricação artesanal os quais utilizavam ferramentas de medição,

como réguas e esquadros (JURAN, 1995).

A revolução industrial começou no Reino Unido durante o século XVIII sendo

estendida posteriormente aos EUA e outros países. A partir disso a qualidade

tornou-se mais difícil de se gerir devido à produção em massa. Porém, esta

produção em massa só foi possível ser atingida através da divisão do trabalho e o

uso de máquinas. Na linha de produção, os trabalhadores passaram a realizar

tarefas repetitivas, divididos em departamentos, utilizando máquinas. Isto resultou

em enormes ganhos de produtividade. Causas de variação começavam a ser mais

cautelosamente analisadas. E uma das ferramentas mais básicas e amplamente

37 utilizada até os nossos dias no controle da qualidade, a média, começava a ser

implementada em todos os processos.

2.5.1 Média

Para um determinado conjunto de números x1, x2,..., xn, a medida mais

utilizada e mais útil em diversas situações para o centro deste conjunto, é a média. A

média aritmética pode também ser chamada de média amostral.

A média amostral pode ser dada através da Equação 1:

(1)

Onde “x” é o valor de cada dado do conjunto estudado e “n” representa o

número de dados do conjunto.

A média pode induzir alguns resultados, sendo considerada assim uma

ferramenta básica da probabilidade e estatística, mas que necessita de algumas

outras para um melhor julgamento dos mais variados resultados apresentados. Por

exemplo, o conjunto de dados A (99, 100, 101) e conjunto de dados B (0, 100, 200)

têm a mesma média, que é 100, no entanto, eles a variabilidade do conjunto B é

muito maior.

Variabilidade é a mais importante característica para a estatística. Os

resultados variam de indivíduo para indivíduo, de grupo em grupo, de cidade em

cidade, de momento a momento. Variação sempre existe dentro de um conjunto de

dados, independentemente de qual característica seja medida. Sem variabilidade

não é possível comparar dois conjuntos de dados de forma eficaz (MILONE, 2000)

2.5.2 Desvio Padrão

É a medida mais utilizada para medição da variabilidade. O desvio padrão

de um conjunto de dados representa a distância a partir de qualquer ponto no

38 conjunto de dados para o centro. É aproximadamente a distância média a partir do

centro, e, neste caso, o centro é a média.

Em estatística, o desvio padrão, também representada pela letra grega σ

(sigma) ou S, é uma medida usada para quantificar a quantidade de variação ou

dispersão de um conjunto de valores de dados. Um desvio padrão com um valor

baixo, indica que os pontos de dados tendem a estar próximo da média (também

chamado o valor esperado) do conjunto. Por conseguinte, um elevado valor para o

desvio padrão indica que os dados estão distribuídos ao longo de uma ampla gama

de valores (DEVORE, 2014).

O desvio padrão de uma variável aleatória, de uma população estatística, de

um conjunto de dados ou distribuição de probabilidade é a raiz quadrada de sua

variância. É algebricamente mais simples, embora na prática menos robusta, que o

desvio absoluto médio. Uma propriedade útil do desvio padrão é que, ao contrário da

variância, é expresso na mesma unidade de medida do conjunto de dados.

O desvio padrão é utilizada para medir a confiança nas conclusões

estatísticas. É bastante popular sua aparição no cotidiano quando envolve pesquisas

de opinião. Ou seja, é o erro esperado nos resultados se a mesma pesquisa fosse

executada várias vezes. O desvio padrão é também importante em finanças, onde o

desvio padrão da taxa de retorno de um investimento é uma medida da volatilidade do investimento. Seu cálculo é feito conforme a Equação 2:

(2)

O valor do desvio padrão jamais poderá ser negativo, sendo o menor valor

possível para este, zero. O desvio padrão tem seu valor afetado pelas causas

especiais de variação. Além de possuir a mesma unidade de medida do conjunto

analisado (MONTGOMERY, 2004).

39 2.5.3 Distribuição Normal

A distribuição normal, também conhecido como distribuição de Gauss, a

distribuição mais comumente encontrada na natureza para valores independentes e

aleatórios. Em probabilidade e estatística, Figura como a distribuição mais

importante de todas. Significativas populações numéricas podem ser ajustadas

através de distribuições que se aproximam de uma curva normal. Como exemplo

temos: pesos, alturas, pontuações em testes, indicadores econômicos, etc. Mesmo

quando a distribuição tem característica discreta, suas médias e somas, geralmente

fornecem resultados que podem ser aproximados por uma curva normalmente

distribuída (DEVORE, 2014).

A distribuição normal é produzida pela função densidade de probabilidade

conforme a Equação 3:

(3)

Notação:

O gráfico de uma distribuição normal que recebe o formato de um sino, é

caracterizado por dois parâmetros: média, a qual é o ponto máximo do gráfico e

onde o mesmo aparece simétrico; e o desvio padrão, o qual determina quão

distantes os dados estão da média. Um pequeno desvio padrão em relação a média,

produz um gráfico com inclinação acentuada, enquanto um desvio padrão maior em

relação a média produz um gráfico mais planificado. A Figura 09 ilustra uma

distribuição normal típica.

40

Figura 9 – Gráfico de Distribuição Normal em forma de sino

Fonte: Montgomery (2004)

Valores grandes de σ geram gráficos com grande dispersão, enquanto

valores pequenos de σ geram gráficos com picos altos. Em análises estatísticas,

quando mais íngreme a curva normal, mais confiável, refinado e previsível se tornam

as populações analisadas, conforme ilustra a Figura 10.

Figura 10 – Gráfico de Distribuição Normal e Desvios Padrão

Fonte: Montgomery (2004)

Esta distribuição tem por finalidade medir a frequência relativa em relação a

probabilidade da ocorrência de um determinado evento em chance real. Na Figura

10 pode-se afirmar que quanto mais distante do centro da curva normal ou média,

maior será a área coberta pela curva ou maior será o desvio padrão utilizado.

Quando existe dados a uma distância de um desvio padrão do centro, 68,26% dos

dados estão contidos nesse intervalo. Quando existem dois desvios padrão de

distância, 95,44% estão compreendidos neste intervalo. Quando existem três

desvios padrão, 3σ, 99,73% dos dados estarão contidos neste intervalo. Logo, se

41 tomados valores específicos, pode-se determinar a proporção da área sob a curva entre estes valores.

Os dados que seguem uma distribuição normal necessitam estar distribuídos

uniformemente em torno de um valor representativo (MONTGOMERY, 2014).

2.5.3.1 Teste de Normalidade de Anderson-Darling

A suposição de normalidade dos dados amostrais ou experimentais é uma

condição exigida para a realização de muitas inferências válidas a respeito de

parâmetros populacionais. Vários testes podem ser realizados, dependendo da

característica dos dados, para verificação da normalidade dos mesmos.

A regra de decisão para atestar a normalidade dos dados define que toda

vez que o valor de P-Value for maior que o nível de significância, os dados

apresentam distribuição normal. É bastante comum que o valor de P-Value adotado

seja 0,05, ou seja, os dados apresentaram normalidade pelo Teste de Anderson-

Darling ao nível de 5% de significância (NELSON, 1998).

2.5.4 Intervalo de Confiança

Uma estimativa aleatória e particular, por ser expressada através de um único

número, não fornece nenhuma precisão ou confiabilidade sobre a mesma. O

intervalo de confiança (IC) é utilizado justamente para esta finalidade, a de calcular

um parâmetro para população (um número único que descreve uma população)

através de estatísticas garantindo assim um grau de confiabilidade no seu resultado.

Ou seja, como os resultados da amostra variam, faz-se necessário adicionar uma

medida para mensurar de que a variabilidade em sua estimativa. Esta medida de

variabilidade é chamada de margem de erro, o coração de um intervalo de confiança.

É bastante frequente definir um intervalo com nível de confiança em 95%, ou

seja, este número representa a probabilidade da média verdadeira da população

inteira ocorrer, e apenas 5% de todas as amostras dariam valor errôneo. Quanto

42 maior o nível de confiança, maior a certeza que o valor do parâmetro em questão,

esteja dentro do intervalo esperado (DEVORE, 2014; MONTGOMERY, 2004).

2.5.5 Propagação do Erro

Erro é a diferença entre o valor de uma certa medida e o seu valor

verdadeiro. Em probabilidade e estatística, a propagação do erro ou propagação da

incerteza, é o efeito de incertezas das variáveis sobre a incerteza de uma função,

usando essas próprias incertezas como valores base. Ou seja, como essas variáveis

são provenientes de medições experimentais e possuem uma incerteza, quando

submetidas à operações matemáticas, estas incertezas devem ser consideradas para uma melhor estimativa e confiabilidade de um determinado conjunto de dados.

Na adição e na subtração do desvio padrão, o erro de propagação deverá ser considerado respeitando a Equação 4:

(4)

Onde “x” e “y” representam diferentes desvios padrão e “z” a soma dos

mesmos (FANTNER, 2011).

2.5.6 Cartas de Controle

As cartas de controle são ferramentas estatísticas utilizadas em diversos meios produtivos com o objetivo do controle estatístico de seus processos (CEP).

Indiscutivelmente a ferramenta de CEP de maior sucesso é o gráfico de

controle ou carta de controle, originalmente desenvolvido por Walter Shewhart no

início de 1920. Um gráfico de controle ajuda a registrar dados, possibilitando assim a

clara visualização quando um evento incomum, muito distante da média central do

processo ocorre, por exemplo. Estas cartas, compostas por gráficos, são utilizadas

para acompanhar o processo e garantir que seu desempenho esteja sob uma faixa

43 de controle aceitável. Estas ferramentas fornecem mecanismos para reconhecer situações aceitáveis ou não, causas especiais e padrões de variação.

As cartas de controle são compostas por uma linha central (LC), que

representa o valor médio da característica a ser observada, possui um limite inferior

de controle (LIC) e um limite superior de controle (LSC). Ambos os limites estão

situados a uma distância de três desvios padrão da média central (μ ± 3σ). Ou seja, 99,73% dos dados do conjunto analisado. A Figura 11 ilustra essas situações.

Figura 11 – Gráfico de Distribuição Normal e Limites de Especificação

Fonte: Montgomery (2004)

Os gráficos de controle apresentam, portanto, o desempenho do processo

ao longo do tempo. O processo está sob controle quando todos os pontos do gráfico

estão dentro dos limites de controle (LIC e LSC) e a a disposição dos pontos dentro

dos limites é aleatória. Diferentes gráficos serão utilizados se os dados tiverem

características de atributos (estudam o comportamento de números e proporções)

ou variáveis (referem-se a aspectos como peso, comprimento, densidade,

concentração, etc.) (MONTGOMERY, 2004).

2.5.6.1 Carta I-AM

As cartas de controle I-AM representam graficamente observações

individuais (gráfico I) e amplitudes móveis (gráfico AM) ao longo do tempo para

dados de variáveis. Os gráficos de controle utilizados para amostras de tamanho n =

1 são denominados gráficos para medidas individuais. Isto acontece quando não é

possível obter amostras de tamanho maior que um, como por exemplo neste

trabalho, onde os dados são coletados individualmente em processos singulares.

Para o desenvolvimento deste gráfico, faz-se necessário estimar a variabilidade

44 através da amplitude móvel (moving range, em inglês, MR) de duas observações

consecutivas.

Esta carta é recomendada para monitorar o centro e a variação do processo

quando não for possível agrupar os dados ou medições em subgrupos. Isto ocorre

quando as medições têm um custo elevado, apenas uma amostra por lote está

disponível, o volume de produção é baixo ou os produtos têm um tempo de ciclo

longo. Não havendo repetições, não é possível estimar a variabilidade através da

amplitude ou do desvio padrão de cada medição. Logo, faz-se necessário o uso da

amplitude móvel de duas observações sucessivas como estimativa de variabilidade,

definida pela Equação 5:

AMi = |xi –xi−1| (5)

Amplitude móvel é definida como o valor absoluto da diferença entre dois

valores sucessivos de um subgrupo (MONTGOMERY, 2004).

Através da utilização destas ferramentas estatísticas foi possível

desenvolver este trabalho.

45 3 METODOLOGIA

A metodologia adotada no presente trabalho tem por objetivo mensurar o

tempo de ciclo do pedido através da análise da cadeia de suprimentos imediata e

suas variáveis, que inclui diferentes modais de transporte, leva em consideração

dias úteis e dias consecutivos, finais de semana, diferenças de fuso-horário,

elementos esses que impactam o tempo de ciclo final.

Para medir estes tempos, foram utilizadas planilhas eletrônicas

disponibilizadas pela empresa analisada (estudo de caso) e com estes dados,

análises estatísticas e gráficos de controle foram desenvolvidas no software Minitab.

Os resultados aparecem sempre com três desvios padrão em relação a média

central. Sempre que causas especiais são detectadas e não são inerentes ao

processo, procurou-se removê-las para obter-se um resultado menos tendencioso.

Quanto a natureza deste trabalho, o mesmo apresenta-se como pesquisa

aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à

solução de problemas específicos com o objetivo de “contribuir para fins práticos”,

visando solucionar os problemas encontrados no mundo físico (BARROS e

LEHFELD, 2000). Appolinario (2004) salienta que pesquisas aplicadas têm como

motivação a necessidade de “resolver problemas ou necessidades concretas e

imediatas”.

Da perspectiva de abordagem do problema, pode-se definir como um

trabalho quantitativo, pois informações e procedimentos foram analisados através de

uma perspectiva numérica, e com o uso de recursos e de técnicas estatísticas, é

possível gerar conclusões.

Quanto aos objetivos, o presente trabalho é identificado como pesquisa

descritiva, que observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos

(variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a

frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e suas características.

46

A pesquisa se fundamenta na metodologia documental, pois um histórico de

dados previamente existente será analisado afim de gerar, e após informações relevantes e confiáveis para construção de um modelo genérico.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO

O presente estudo foi realizado a partir de dados coletados em uma

indústria do setor automotivo localizada no estado do Paraná, na região dos

Campos Gerais. A região dos Campos Gerais vem crescendo notoriamente ano

após ano, com forte aceleração nos últimos anos, se comparado a média nacional.

A região que possui um parque industrial com grande presença de indústria metal-

mecânica, além de escolas técnicas e universidades públicas, federal quanto

estadual, e privadas, vem sendo alvo e destino de muitas multinacionais na última década.

Com este cenário, empresas satélites começam a ser instalar nas

proximidades para abastecer outras empresas da região, diminuindo assim o tempo e custo de transporte.

3.2 DADOS DESCRITIVOS

3.2.1 Construção da metodologia de mensuração de tempo de ciclo do pedido

Para o desenvolvimento deste trabalho foram consideradas diversas

variáveis neste processo, como o tempo de: transporte rodoviário, consolidação de

carga, transbordo, trânsito marítimo, processo alfandegário, despacho aduaneiro,

transporte rodoviário nacional, e qualquer outros fatores que se julguem necessários

para o desenvolvimento de um modelo que se aproxime o mais próximo possível da

realidade, sendo este suficiente para a proposição de tempos de ciclo do pedido nas mais variadas indústrias.

Para a definição desta metodologia, foram analisados mais de 800

processos de importação dentro desta cadeia de suprimentos imediata em

47 particular, a partir de dados da própria empresa estudada, do ano de 2014, a fim de

definir os tempos de importação. E através de análises estatísticas, espera-se gerar

cartas de controle estatístico para as atividades e operações inerentes deste

processo, bem como estimar o tempo gasto ao final do processo.

Para que este modelo fosse criado, foi necessário desenvolver um fluxo,

envolvendo todas as etapas do processo de importação para o Brasil e suas peculiaridades, conforme ilustrado na Figura 12.

Para a melhor determinação dos tempos do processo todo, esse foi dividido

em sete etapas para melhor análise dos dados. As análises do tempo de ciclo de

pedido, para cada etapa foi definido como a diferença entre o último processo menos o primeiro processo.

As três primeiras (Coleta no fornecedor na Europa; Recebimento da

remessa e aprovação pelo despachante aduaneiro; Embarque) acontecem na sua

totalidade na região de origem do produto. Para determinar-se de maneira mais

adequada e equilibrada, dados de diversos clientes no próprio continente europeu

foram recolhidos a partir de diversas empresas, permitindo assim a possibilidade de

generalização deste processo, o qual é vital para o desenvolvimento deste modelo.

O porto de origem dessas embarcações é o Porto de Rotterdam (RTM), principal

porto no continente europeu. Portanto estas etapas são inerentes para que ocorra a

exportação.

As quatro etapas subsequentes (Tempo de trânsito; Recebimento da

remessa até registro do numerário e da DI; Alfândega e canal de parametrização;

Transporte até o destino final), acontecem no Brasil. Nesse contexto, é considerado

exclusivamente o Porto de Paranaguá (PNG) como porto de destino. Vale lembrar

que para casos onde destino final é o Porto de Santos (SAN), a diferença no tempo

de trânsito no oceano é subtraída em apenas um dia em média, em relação ao de

Paranaguá. A última etapa refere-se ao tempo de transporte entre o Porto de

Paranaguá e o destino final. Este valor será alterado conforme a distância do cliente

final em relação ao porto.

48

Figura 12 – Etapas que compõe o processo de importação entre os

Portos de Rotterdam e Paranaguá

Fonte: Autoria Própria

Início Remessa pronta para coleta

Remessa coletada e entregue ao agente de cargas em RTM

Agente de cargas em RTM recebe a

remessa

Despachante Aduaneiro em RTM

confere a documentação

Despachante Aduaneiro em RTM

faz requisição da classificação fiscal e verifica necessidade

de Licença de Importação (LI)

Classificação fiscal executada pelo

cliente importador

Contêiner carregado é

transportado para o Porto de RTM

Terminal Portuário de RTM carrega

contêiner no navio

Navio em trânsito de RTM para PNG

Terminal Portuário de PNG descarrega

navio e faz verificação por

avarias

Despachante Aduaneiro no Brasil executa registro da

Declaração de Importação (DI)

Despachante Aduaneiro no Brasil

libera DI com assinatura do

cliente importador

Contêiner é carregado

Despachante Aduaneiro no Brasil

envia documentação Para

Receita Federal

Receita Federal executa

parametrização

Canal – Receita Federal

Despachante Aduaneiro no Brasil define pagamento

para armazenamento

após liberação do ICMS

Despachante Aduaneiro no Brasil

comunica cliente importador que a

carga está liberada para coleta

Despachante Aduaneiro no Brasil

envia Nota Fiscal para o cliente

importador

Despachante Aduaneiro no Brasil

encaminha DI e outros documentos

para Receita Federal

Cliente importador agenda entrega

Remessa é entregue para o

cliente importador; destino final

Cliente Importador providencia Nota Fiscal de Entrada

Fim

49 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a proposição da metodologia de tempo de ciclo do pedido, foram

extraídos dados de uma planilha eletrônica, os quais foram coletados ao decorrer do

ano de 2014, referentes as datas e tempos para cada uma das etapas necessárias

no processo de importação, no que se refere a cadeia de suprimentos imediata de

fornecimento de componentes da Europa, através do porto de Rotterdam (RTM), até o destino, através do Porto de Paranaguá (PNG).

Para que fosse determinado o templo de ciclo de pedido de cada etapa deste

processo, com base nos dados obtidos durante o ano de 2014, algumas variáveis

foram levadas em consideração. As informações a seguir foram obtidas

especificamente com o Agente de Cargas e pelo Despachante Aduaneiro na

Europa, neste caso, serviços prestados pela mesma empresa. Para a determinação

de outros ciclos de importação, em outros continentes, essa etapa do processo deve ser adaptada para tal realidade.

Como apresentado no Capítulo 3, as análises do tempo de ciclo de pedido

dos processos de importação foram divididas em sete etapas:

1. Coleta no fornecedor na Europa;

2. Recebimento da remessa e aprovação pelo despachante aduaneiro;

3. Embarque;

4. Tempo de trânsito;

5. Recebimento da remessa até registro do numerário e da DI;

6. Alfândega e canal de parametrização;

7. Transporte até o destino final.

Tendo essas premissas definidas, analisou-se cada um dos itens, conforme

discutido a seguir.

50 ETAPA 1 - COLETA NO FORNECEDOR NA EUROPA

A coleta no fornecedor no continente europeu acontece aproximadamente a

cada cinco dias, além de mais um dia para o recebimento no centro de coleta. Uma

parcela pouco significativa de coletas ocorre nos fins de semana, logo pode-se concluir que as coletas são efetuadas apenas em dias úteis (working days).

A partir de 79 amostras de ordens de pedido, sendo estes pedidos

provenientes de 41 diferentes fornecedores, constatou-se que o tempo médio foi de

7,75 dias média, conforme ilustrado na Figura 13.

Figura 13 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de

coleta de remessas no fornecedor Fonte: Dados internos da empresa (2015)

Ao analisar-se a Figura 13, percebe-se a presença de três causas especiais

de variação aleatórias ou outliers. Estas causas especiais representam remessas

que não haviam chego ao destino, neste caso o centro de recebimento,

Início Remessa pronta para coleta

Remessa coletada e entregue ao agente de cargas em RTM

736557494133251791

48

36

24

12

0

Observation

Indi

vidu

al V

alue

_X= 7,75

UCL= 16,00

LCL= - 0,50

736557494133251791

40

30

20

10

0

Observation

Mov

ing

Rang

e

__MR= 3,10

UCL= 10,14

LCL= 0

11

1

1

1

I-MR Chart of Pickup-Receipt

51 permanecendo assim com status “em aguardo” por vários dias. Estas remessas

foram encontradas eventualmente, porém em um período significativamente maior

que o esperado. Como estas situações são raras exceções neste processo, estes

três dados foram retirados.

Logo, quando analisados apenas 76 remessas, a média para o tempo de

coleta até o recebimento no centro de distribuição passa a ser 6,25 dias com desvio

padrão de 2,894, conforme ilustrado na Figura 14.

Figura 14 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de

coleta de remessas no fornecedor após remoção de causas especiais Fonte: Dados internos da empresa (2015)

Faz-se interessante notar que existem dois pontos que estão fora de

controle neste processo, levando o processo todo a estar fora de controle. No

entanto, com uma análise mais detalhada dos dados, detectou-se que apenas a

coleta destas duas remessas em específico foram efetuadas por uma outra

empresa, além da origem da coleta ser em localidades mais distantes. Estas

situações não são extraordinárias neste processo. Exemplo dessas situações

ocorrem quando o fornecedor possui mais de uma planta e o produto pode ser

encontrado apenas em uma planta localizada à uma distância significativamente

736557494133251791

16

12

8

4

0

Observation

Indi

vidu

al V

alue

_X= 6,25

UCL= 12,28

LCL= 0,22

736557494133251791

10,0

7,5

5,0

2,5

0,0

Observation

Mov

ing

Rang

e

__MR= 2,27

UCL= 7,41

LCL= 0

11

1

1

1

I-MR Chart of Pickup-Receipt

52 maior do que o esperado. Feriados, recessos, férias também são complicadores

nestas situações, obrigando assim o cliente final a efetuar o pedido da mercadoria em outras localidades.

Logo, estes dados não foram retirados da análise, justamente por ser uma

situação recorrente e esperada no processo, particularmente em coletas feitas em

localidades mais afastadas do centro de recebimento e efetuadas por uma empresa

transportadora terceirizada do agente de cargas na Europa. Esta terceirização do

serviço implica na utilização de rotas diferentes e processos de consolidação de

cargas coletadas de maneira diferente da esperada.

Na Figura 15 é possível perceber como a grande maioria de dados nestas

amostras convergem para aproximadamente 6 dias como tempo médio entre a

coleta no fornecedor e o recebimento. Porém o processo não segue uma distribuição

normal dos dados quando analisado através do teste de Anderson-Darling. Isto

aparece indicado pelo valor P Value, menor que 0,05, quando escolhido um intervalo

de confiança de 95%.

Figura 15 – Teste de normalidade de Anderson-Darling no processo de coleta das remessas no

fornecedor. Fonte: Dados internos da empresa (2015)

53 ETAPA 2 - RECEBIMENTO DA REMESSA E APROVAÇÃO PELO DESPACHANTE

ADUANEIRO

Nesta etapa foram analisadas 147 remessas de 66 fornecedores diferentes.

Destes, 50 ordens de pedido obtiveram a documentação aprovada no mesmo dia do

recebimento, outras 36 foram aprovados no máximo com um dia de espera e o

restante levou mais de um dia para que fossem autorizados seus respectivos

embarques.

Ou seja, em 41% dos casos levou mais de um dia para aprovação ou

reprovação da carga para que o embarque fosse efetivado, contra 59% com

aprovação quase que imediata, conforme ilustrado na Figura 16. Tais desvios e

diferenças podem ocorrer desde o momento em que o documento é entregue,

podendo haver atrasos simplesmente pela ocorrência de finais de semana até falta de documentação ou seu incorreta preenchimento.

Figura 16 – Histograma do processo de Recebimento da Remessa e Aprovação pelo

Despachante Aduaneiro. Fonte: Dados internos da empresa (2015)

Agente de cargas em RTM recebe a

remessa

Despachante Aduaneiro em RTM

confere a documentação

Despachante Aduaneiro em RTM

faz requisição da classificação fiscal e verifica necessidade

de Licença de Importação (LI)

Classificação fiscal executada pelo

cliente importador

54

No entanto, dos dados analisados, 38 remessas foram reprovadas para

embarque. As três principais razões estão listadas na tabela 2.

Tabela 2 – Razões para reprovação da documentação no processo de Recebimento da Remessa e Aprovação

Fonte: Dados internos da empresa (2015)

Como existem discrepâncias entre as remessas e a documentação

necessária para o processo aduaneiro, isso leva à reprovação da mesma pelo

despachante aduaneiro, impossibilitando o embarque. Ainda, em muitas situações

necessita-se de uma averiguação mais profunda, resultando em um tempo mais

longo, para que a remessa seja finalmente aprovada. Logo, todas as ações

possíveis devem ser tomadas para mitigar a reprovação dessas remessas. Sem

problemas com a documentação, este processo leva em média 1,94 dias, ou seja, o próprio dia do recebimento e o seguinte, com desvio padrão de 2,448.

ETAPA 3 - EMBARQUE

Nesta etapa foi analisado o tempo necessário desde embarque das remessas

nos navios cargueiros até o início da viagem efetivamente, logo após a autorização

do embarque das cargas pelo despachante aduaneiro. Para tal, 140 amostras de

embarques foram analisadas, resultando em uma média de 6,52 dias, com desvio padrão de 3,240, conforme ilustrado na Figura 17.

Contêiner carregado é transportado para

o Porto de RTM

Terminal Portuário de RTM carrega

contêiner no navio

Contêiner é carregado

Razão para reprovação Quantidade de

Remessas %

Diferenças no peso 2 5

Documentação incorreta 32 84

Requer Licença de Importação (LI) 4 11

55

Figura 17 – Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de

embarque das cargas. Fonte: Dados internos da empresa (2015)

Esses números vêm apenas ratificar o esperado, pois os embarques para o

Brasil, tendo destino final o Porto de Paranaguá, pelo agente de cargas em questão, acontece apenas uma vez na semana, toda sexta-feira.

O gráfico mostra que o processo está fora de controle. Mas as respectivas

causas especiais correspondem a remessas que haviam sido perdidas durante o

processo, mas encontradas com um tempo significativamente superior ao esperado.

Quando desconsideradas essas causas especiais, o processo apresenta uma média de 6,25 dias com desvio padrão de 2,677, conforme ilustra a Figura 18.

141127113998571574329151

20

15

10

5

0

Observation

Indi

vidu

al V

alue

_X= 6,52

UCL= 13,30

LCL= - 0,26

141127113998571574329151

20

15

10

5

0

Observation

Mov

ing

Rang

e

__MR= 2,55

UCL= 8,33

LCL= 0

1

1

1

11

11

1

I-MR Chart of Approval-Vessel Departed

56

Figura 18 – Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de

embarque das cargas após remoção de causas especiais Fonte: Dados internos da empresa (2015)

A análise dos dados, a partir da Figura 18, permite avaliar que este processo

pode ser controlado, uma vez que os navios partem uma vez na semana, não apresentando assim tempo de espera maior que duas semanas.

Conforme pode-se perceber na Figura 19, esse processo também não segue

uma distribuição normal dos dados quando analisado através do teste de Anderson-

Darling. Isto aparece indicado quando valor P Value é menor que 0,05, para um

intervalo de confiança de 95%.

127113998571574329151

10,0

7,5

5,0

2,5

0,0

Observation

Indi

vidu

al V

alue

_X= 6,25

UCL= 11,67

LCL= 0,84

127113998571574329151

8

6

4

2

0

Observation

Mov

ing

Rang

e

__MR= 2,036

UCL= 6,654

LCL= 0

11

111111

I-MR Chart of Approval-Vessel Departed_1

57

Figura 19 – Teste de normalidade de Anderson-Darling no processo de de embarque das

cargas após remoção de causas especiais Fonte: Dados internos da empresa (2015)

ETAPA 4 - TEMPO DE TRÂNSITO

Esta etapa é a mais longa do processo, pois é quando acontece justamente o

transporte entre a Europa e o Brasil. Para tal foram analisados 877 envios, sendo

357 no modal marítimo e 520 aéreos. Estes números são importantes do ponto de

vista da programação, corroborando com a afirmação que uma subestimação do

tempo de ciclo do pedido levará a um aumento nos custos, deixando assim

nenhuma alternativa a não ser o transporte emergencial no modal aéreo, já que

essa etapa é a mais longa do processo, caracterizando-se como o gargalo no processo todo.

Navio em trânsito de RTM para PNG

58

Calculando a média de tempo de transporte nos 357 embarques analisados,

chegou-se a um valor médio de 23,14 dias com um desvio padrão de 3,486 dias, conforme ilustrado na Figura 20.

Figura 20 – Gráfico resumo para análise de tempo de trânsito através do modal marítimo

Fonte: Autoria própria (2015)

Ao analisar-se a Figura 21, pode-se notar que o processo está claramente

fora de controle. Uma das causas que pode ser encontrada, é justamente as

remessas que perderam sua rastreabilidade durante o trânsito para o Brasil. Por

outros motivos diversos, causados por forças externas, o processo foi retardado, levando assim a serem desconsiderados para uma melhor análise.

59

Figura 21 – Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis no processo de

tempo de trânsito através do modal marítimo Fonte: Autoria própria (2015)

Após 9 amostras serem desconsideradas neste processo, causas especiais

devido a remessas que perderam sua rastreabilidade durante o processo e apenas

sendo notado após a mercadoria já entregue, logo, obteve-se uma média de 22,76

dias para tempo de trânsito com 2,298 de desvio padrão, conforme ilustrado nas Figuras 22 e 23.

60

Figura 22 – Gráfico resumo para análise de tempo de trânsito através do modal marítimo após

a remoção das causas especiais Fonte: Autoria própria (2015)

Figura 23 – Teste de normalidade de Anderson-Darling do processo de de tempo de trânsito

através do modal marítimo após remoção de causas especiais Fonte: Autoria própria (2015)

61

Através do gráfico de pareto, demonstrado na Figura 24, pode-se perceber

que 89,9% das remessas tem tempo de trânsito de até entre 21 dias e 25 dias,

garantindo assim uma boa estimativa para o tempo despendido pela embarcação no

oceano. Esta etapa embora simples e praticamente sem ações que possam ser

tomadas pelo cliente final, acaba interferindo de maneira extremamente significativa

no processo, sendo gargalo quando a variável é a urgência da entrega.

Figura 24 – Gráfico de no processo de de tempo de trânsito através do modal marítimo

Fonte: Autoria própria (2015)

Foram feitas algumas comparações com o modal aéreo, porém de maneira

breve, assim como algumas causas especiais foram encontradas, porém não foram

tratados pois o objetivo deste trabalho não está em se ater ao processo aéreo.

Pode-se constatar uma média de 1,62 dias com desvio padrão de 1,352 em uma

amostra contendo 454 dados, conforme ilustra a Figura 25. Um contraste imenso

quando comparado aos 22,75 dias do modal marítimo.

62

Figura 25 – Gráfico resumo do processo de tempo de trânsito através do modal aéreo

Fonte: Autoria própria (2015)

Logo, é ratificada a hipótese de gargalo no processo na etapa do tempo de

trânsito, uma vez que ocorra falha ou atrasos no procedimento burocrático efetuado

no continente europeu, não há opção alguma ao cliente final se não este modal,

para que a produção não sofra atrasos significativos. A etapa 4 é onde a remessa passa a maior parte do tempo.

ETAPA 5 - RECEBIMENTO DA REMESSA ATÉ REGISTRO DO NUMERÁRIO E DA DI

Para os cálculos desta etapa foi considerado o somatório do tempo de ciclo

de várias etapas, englobando desde o recebimento da remessa, o pagamento do numerário, descarga até o registro da Licença de Importação.

Terminal Portuário de PNG descarrega

navio e faz verificação por

avarias

Despachante Aduaneiro no Brasil executa registro da

Declaração de Importação (DI)

Despachante Aduaneiro no Brasil

libera DI com assinatura do

cliente importador

Despachante Aduaneiro no Brasil

envia documentação Para

Receita Federal

Despachante Aduaneiro no Brasil

encaminha DI e outros documentos para Receita Federal

63

Ao chegar ao Porto de Paranaguá, faz-se necessário que a mercadoria

percorra algumas etapas até que seja de fato analisada pela Receita Federal, ou

seja, desde o recebimento dos documentos pelo despachante aduaneiro até o

Registro da DI. Através da análise de 358 amostras, chegou-se a uma média de

1,90 dias com um desvio padrão de 1,887. É interessante perceber que o terceiro

quartil tem como resultado 2 dias, enfatizando a hipótese de causas especiais incomuns ao processo, conforme ilustrado na Figura 26.

Figura 26 - Gráfico resumo do processo de Recebimento da Remessa até Registro do

Numerário e da DI Fonte: Autoria própria (2015)

Ao analisar-se a Figura 27, percebe-se que o processo está claramente fora

de controle, e isto deve-se ao fato de problemas que podem ter acontecido durante

o processo de recebimento ou atrasos por causas variadas. Logo, o que parecem

ser causas especiais não podem ser desconsideradas, pois estes atrasos ou problemas são inerentes ao processo e continuarão a ocorrer invariavelmente.

64

Figura 27 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de

Recebimento da Remessa até Registro do Numerário e da DI Fonte: Autoria própria (2015)

Um trabalho intenso deve ser executado para que possa ser evitado a falta

da documentação necessária ou outros tipos de incidentes de formas a mitigar a ocorrências dessas variâncias no processo.

ETAPA 6 - ALFÂNDEGA E CANAL DE PARAMETRIZAÇÃO

Quanto às remessas que chegam na alfândega brasileira, através da análise

pelo Canal da Receita Federal, constatou-se que 355 amostras, apresentaram

média equivalente à 0,84 com desvio padrão de 2,521 para completar o processo

iniciado na parametrização até o pagamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços), para que assim seja possível posterior liberação para coleta e entrega no destino final.

Receita Federal executa

parametrização

Canal – Receita Federal

Despachante Aduaneiro no Brasil define pagamento

para armazenamento

após liberação do ICMS

65

Ao analisar-se a Figura 28, percebe-se que o processo esteja fora de

controle. Isso se dá justamente pelos processos que não seguiram pelo Canal

Verde, passando assim pelo Canal Amarelo ou Vermelho, para uma análise mais

criteriosa da documentação, conforme ilustrado na Figura 29.

Figura 28 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de

Alfândega e Canal de Parametrização Fonte: Autoria própria (2015)

Figura 29 - Gráfico de Pareto do Canal escolhido pela Receita Federal

Fonte: Autoria própria (2015)

66

Dessas 355 entradas, 338 delas, ou 95,5%, obtiveram sucesso na

parametrização, percorrendo assim o Canal Verde da Receita Federal, com média

de 0,54 dia e desvio padrão de 0,922. Um contraste significativo em relação aos

2,521 de desvio padrão, se considerado todas as possibilidades de canal de

parametrização, pois representa uma redução de 63% no tempo total, conforme

ilustram os dados da Figura 30. Este é um resultado expressivo, pois com a

documentação correta as remessas são liberadas no mesmo dia ou em dia útil

imediatamente após a análise pelo Canal da Receita Federal.

Figura 30 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de

Parametrização somente do Canal Verde Fonte: Autoria própria (2015)

Quando as documentações referentes ao processo de importação

apresentam distorções, torna-se difícil estabelecer prazos limites para liberação das

remessas, uma vez que a Receita Federal solicitará os documentos necessário para dar-se continuidade no processo.

67 ETAPA 7 - TRANSPORTE ATÉ O DESTINO FINAL

Após a liberação do ICMS para trânsito no estado do Paraná, a mercadoria

poderá ser entregue no seu destino final. Nota-se que o tempo de entrega está

diretamente relacionado à distância do destino ao Porto de Paranaguá.

Neste caso em específico, obteve-se uma média de 1,56 dias e desvio

padrão de 0,94 dia após uma análise de 355 amostras, conforme ilustrado na Figura

31.

Figura 31 - Gráfico de controle para valores individuais e amplitudes móveis do processo de

transporte até o destino final. Fonte: Autoria própria (2015)

Nesta etapa como não houveram causas especiais no que tange a entrega do pedido, com isto o gráfico não aparece fora de controle.

Despachante Aduaneiro no Brasil

comunica cliente importador que a

carga está liberada para coleta

Despachante Aduaneiro no Brasil

envia Nota Fiscal para o cliente

importador

Cliente importador agenda entrega

Remessa é entregue para o cliente

importador; destino final

Cliente Importador providencia Nota Fiscal de Entrada

Fim

68 4.1 TEMPO TOTAL DE CICLO DO PEDIDO

O tempo total de ciclo do pedido, para o caso proposto, foi realizado através

do somatório das sete etapas previstas no modelo proposto, considerando suas

médias, desvios padrão, além de considerar a propagação do erro na somatória desses valores, como pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3 – Média e desvio padrão em dias para cada etapa

Etapa Média (dias) Desvio Padrão (dias) 1 6,25 2,894 2 1,94 2,448 3 6,25 2,677 7 1,56 0,934 5 1,90 1,887 6 0,54 0,922 SOMA 18,44 dias

consecutivos 5,175

26 dias úteis 4 22,76 2,298 SOMA TOTAL 47,20 5,662

Fonte: Autoria própria (2015)

Para o cálculo do tempo final de transporte, foi considerado a somatória das

médias das etapas 1, 2, 3, 5, 6 e 7 primeiramente, visto que estas ocorrem por

prestadores de serviços ou serviços públicos, logo, apenas funcionam em horário

comercial, diferentemente da etapa 4.

A soma das médias destas respectivas etapas totalizou 18,44 dias

consecutivos (calendar days). A conversão de dias consecutivos para dias úteis

resultou em 26 dias. Feito isto, este valor é somado a etapa número 4, pois esta

etapa em particular refere-se ao tempo de trânsito da embarcação no trajeto Europa

– Brasil. Esta é a única etapa a qual é percorrida em dias consecutivos, já que as

69 embarcações não deixam de trafegar durante os finais de semana. Portanto, obteve-se uma média de 47,20 dias.

Para minimizar a propagação do erro nas médias, foi efetuada a raiz

quadrada da somatória do quadrado do desvio padrão de cada etapa. O desvio

padrão da soma de cada etapa é de 5,952.

Logo, o resultado do tempo de ciclo do pedido para o caso analisado foi de

47,20 dias ± 5,662 dias.

4.2 CENÁRIOS PROPOSTOS

Para o desenvolvimento de uma metodologia genérica e replicável, foram

consideradas todas as etapas que são inerentes da localidade do importador,

deixando apenas esta a ser deduzida pelo cliente final, pois é justamente o tempo

de trânsito entre o Porto e o destino final.

Para tal foram desenvolvidos dois cenários, pois referem-se ao dois maiores e mais movimentados portos do Brasil, Santos e Paranaguá respectivamente.

Cenário 1 – Porto de Paranaguá, PR

O Porto de Paranaguá apenas aparece por primeiro nesta ocasião, visto que é tema central deste trabalho. Neste cenário foram consideradas as etapas 1, 2, 3, 4, 5 e 6, suas respectivas médias e desvios padrão, porém sempre considerando dias úteis e dias consecutivos quando se fez necessário. A tabela 4 apresenta em detalhes essas informações.

70 Tabela 4 – Média e desvio padrão em dias das etapas necessários para o processo

de importação até o Porto de Paranaguá.

Etapa Média (dias) Desvio Padrão (dias) 1 6,25 2,894 2 1,94 2,448 3 6,25 2,677 5 1,90 1,887 6 0,54 0,922 SOMA 22,88 dias

consecutivos 5,094

4 22,76 2,298 SOMA TOTAL 45,64 5,588

Fonte: Autoria própria (2015)

O somatório das médias das etapas 1, 2, 3, 5 e 6 foram convertidas de dias consecutivos para dias úteis, ou seja, uma média de 22,88 e desvio padrão de 5,094. Esta média foi então somada ao tempo de trânsito, etapa 4, totalizando um valor de 45,64 dias e desvio padrão de 5,588 dias para que seja efetuado todo o processo de importação desde a coleta no fornecedor na Europa, envio através do Porto de Rotterdam com destino ao Porto de Paranaguá e posterior análise pela Receita Federal e liberação da Nota Fiscal.

Logo, conclui-se que para empresas que desejam importar através do porto localizado no estado do Paraná, serão necessários 45,64 dias em média, com desvio padrão de 5,588 dias além do tempo de trânsito até o destino final, o qual é diretamente proporcional a distância até o porto. Deve-se sempre levar em consideração a raiz quadrada da soma dos quadrados do desvio padrão no cálculo do mesmo, para minimização da propagação dos erros.

Um outro fator de extrema importância é a previsão de liberação da Nota Fiscal, no que diz respeito ao dia útil da semana. Pois deverá sempre ser considerado os finais de semana quando aplicados, em caso de o prestador de serviço de transporte até o destino final operar somente em dias úteis.

71 Cenário 2 – Porto de Santos, SP

O Porto de Santos, SP, maior porto em atividade no país, obteve valores muito semelhantes, principalmente devido a proximidade dos dois estados. Em média, o tempo de trânsito da embarcação desde o Porto de Rotterdam até o Porto de Santos, é em apenas um dia a menos em relação ao Porto de Paranaguá. Portanto, para o desenvolvimento desta etapa foi o utilizado média com valor de 21,76 dias e desvio padrão de 2,298.

Neste cenário foram consideradas as etapas 1, 2, 3, 4, 5 e 6, suas respectivas médias e desvios padrão, porém sempre considerando dias úteis e dias consecutivos quando se fez necessário, conforme pode-se analisar na tabela 5.

Tabela 5 – Média e desvio padrão em dias das etapas necessários para o processo

de importação até o Santos.

Etapa Média (dias) Desvio Padrão (dias) 1 6,25 2,894 2 1,94 2,448 3 6,25 2,677 5 1,90 1,887 6 0,54 0,922 SOMA 22,88 dias

consecutivos 5,094

4 21,76 2,298 SOMA TOTAL 44,64 5,588

Fonte: Autoria própria (2015)

O somatório das médias das etapas 1, 2, 3, 5 e 6 foram convertidas de dias consecutivos para dias úteis, ou seja, uma média de 22,88. Esta média foi então somada ao tempo de trânsito, etapa 4, totalizando um valor de 44,64 dias e desvio

72 padrão de 5,558 dias para que seja efetuado todo o processo de importação desde a coleta no fornecedor na Europa, envio através do Porto de Rotterdam com destino ao Porto de Santos e posterior análise pela Receita Federal e liberação da Nota Fiscal.

Conclui-se então que para empresas que desejam importar através do porto localizado no estado de São Paulo, serão necessários 44,64 dias em média, com desvio padrão de 5,558 dias além do tempo de trânsito até o destino final, o qual é diretamente proporcional a distância até o porto. Deve-se sempre levar em consideração a raiz quadrada da soma dos quadrados do desvio padrão no cálculo do mesmo, para minimização da propagação dos erros.

As mesmas considerações a despeito dos finais de semana deverão ser consideradas em casos os quais o transportador não opere em tais dias.

73 5 CONCLUSÃO

Os resultados apresentados neste trabalho comprovaram de fato a subestimação do tempo de ordem de ciclo no processo de importação pela empresa analisada. A subestimação dos mesmos provocava o atraso da produção e um custo extremamente elevado em fretes aéreos emergenciais. Logo, foi possível estabelecer um tempo médio e desvio padrão para o tempo de ciclo do pedido.

Este trabalho é relevante em uma perspectiva acadêmica, já que não foi encontrado trabalhos semelhantes que abordem o tempo de ciclo de da ordem do pedido de importação da Europa para o Brasil. Além disto, abre uma prerrogativa para que outros trabalhos possam ser elaborados a partir deste, já que a base de dados utilizadas na elaboração dos cálculos é extremamente rica, com centenas de amostras, com grande lastro já que se passa durante um ano todo.

Da ótica industrial, este trabalho foi capaz de solucionar uma problema do cotidiano do departamento logístico além de sanar dúvidas preciosas e críticas no que diz respeito ao tempo de ciclo para o processo de importação. Especialmente em meio à crise econômica em que passa o país, a previsibilidade dos custos é vital para a sobrevivência do setor produtivo no país. As validações destes dados foram constatadas pela própria empresa em questão, já que considerando o desvio padrão, o processo proposto neste trabalho ratificou o que era percebido no cotidiano da empresa.

É imperativo a boa e equilibrada estimativa para qualquer processo, e neste em específico, existem diversas variáveis que podem limitar ou promover atrasos nas variadas etapas que o compõe. Faz-se então necessário o uso das mais diversas ferramentas para mitigação de problemas que possam impactar de maneira negativa essas variáveis. Buscando sempre um fluxo contínuo desde a coleta das ordens de pedido, o correto preenchimento da documentação, para que não haja interrupções e atrasos no processo, permitindo assim que a carga percorra o Canal Verde na parametrização, garantindo assim a entrega dentro do tempo previsto.

A cooperação na parceria com o agente de cargas e despachante aduaneiro é fundamental para que o processo ocorra da forma mais rápida possível.

74 Investimentos no sistema do Siscomex pode ser decisivo para melhor competição do setor produtivo o qual importar de fornecedores ou outras plantas localizadas em outros continentes, além de diminuição substancial da documentação necessária, em um processo que é essencialmente e fortemente burocrático.

Com uma rica planilha de dados disponibilizada pela empresa estudada, foi possível desenvolver este trabalho, porém a falta de um conhecimento maior na área do comércio exterior foi um impeditivo significativo na elaboração desta metodologia. Seria extremadamente interessante a continuidade deste trabalho, especialmente nas etapas que acontecem em solo europeu, com uma maior quantidade de amostras, análises e comparações. Além deste, um estudo sobre este processo no que diz respeito ao Porto de Santos, maior porto do Brasil, contribuiria largamente com a área da Logística e Cadeia de Suprimentos.

75

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