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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
INSTITUTO DO ALGODÃO DE MOÇAMBIQUE
PLANO DE GESTÃO E QUADRO DE MONITORIA AMBIENTAL
PARA AS REGIÕES ALGODOEIRAS DE MOÇAMBIQUE
Elaborado por:
2007
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
ii
FICHA TÉCNICA
Coordenação:
Prof Doutor António José Cumbane – Faculdade de Engenharia, UEM.
Autores:
Prof Doutor Engº António José Cumbane – Faculdade de Engenharia, UEM.
Engª Amélia Jorge Sidumo – Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, UEM.
Doutor Engº Vasco José da Gama Júnior – Faculdade de Engenharia, UEM.
Maputo, Dezembro de 2007
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
iii
AGRADECIMENTOS
Este trabalho não teria sido possível sem a clarividência e a sensibilidade da Direcção do
Instituto de Algodão de Moçambique (IAM) em relação às questões ambientais do ciclo
produtivo do algodão. Os autores desejam, em nome do Centro de Estudos de
Engenharia – Unidade de Produção, manifestar o seu profundo agradecimento ao IAM
pela confiança depositada na equipa que realizou o estudo e pela contínua colaboração
prestada ao longo do mesmo, em especial as seguintes individualidades:
Engº. Norberto Mahalambe (Chefe do Departamento de Estudos e Projectos do IAM);
eng. Nordino Ticongolo ( Ponto Focal do Ambiente no IAM);
Engª . Licínia Cossa (Chefe do Departamento de Apoio as Associações Camponesas do IAM);
Engª. Eulália Macome (Coordenadora da Unidade de Ambiente do MINAG);
As Delegações do IAM em Montepuez, Beira e Nampula;
Ao Banco Mundial pelo Financiamento do Estudo.
Os agradecimentos são extensivos a todos aqueles que directa ou indirectamente
contribuiram para a realização deste trabalho nomeadamente:
Empresas algodeiras de Moçambique a saber:
o SAN-JFS: Sociedade Algodoeira do Niassa – João Ferreira dos Santos
o PLEXUS: .....
o SANAM: Sociedade Algodoeira do Namialo
o DUNAVANT:.......
o Novos Operadores
o CNA: Companhia Nacional Algodoeira
o EAVZ-GPZ: Empresa Algodoeira do Vale do Zambeze – Gabinete do Plano
do Zambeze
Direcções Distritais de Agricultura, Saúde e Ambiente dos distritos de Cuamba,
Montepuez, Monapo, Meconta, Morrumbala, Mutarara, Maríngue e Mossurize,
Pessoal médico afecto nos hospitais rurais e centros de saúde dos povoados
abrangidos pelo estudo,
Técnicos e extensionistas das empresas algodoeiras que acompanharam a equipa
de consultores nos trabalhos de campo,
Chefes de postos administrativos e líderes comunitários dos povoados abrangidos,
Camponeses que se disponibilizaram a participar no inquérito,
Técnicos do Laboratório de Águas do Ministério da Saúde (MISAU) pelo apoio
prestado na realização de análises de amostras de águas,
Técnicos do laboratório de solos do Instituto Investigação Agrária de Moçambique
e da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal pela análise de amostras de
solos.
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
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ÍNDICE DE CONTEÚDOS
FICHA TÉCNICA ................................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... iii
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... vii
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... viii
ACRÓNIMOS ....................................................................................................................... x
SUMÁRIO EXECUTIVO ..................................................................................................... xi
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
2. BREVE CARACTERÍZAÇÃO BIOFÍSICA E SÓCIO ECONÓMICA DAS REGIÕES
ALGODOEIRAS ................................................................................................................... 4
2.1. Caracterização Biofísica ........................................................................................ 4
2.1.1. Regiões agro-ecológicas ................................................................................ 4
2.1.2. Aptidão dos solos ........................................................................................... 5
2.1.3 Recursos hídricos ........................................................................................... 8
2.2. Caracterização Sócio-económica .......................................................................... 9
3. PRINCIPAIS CONSTATATAÇÕES NAS REGIÕES DE ESTUDO ............................. 10
3.1. Introdução ........................................................................................................... 10
3.2. Breve descrição das regiões de estudo ............................................................... 13
3.3. Constatações sobre a biofísica das áreas de estudo .......................................... 24
3.3.1. Análise de solos ........................................................................................... 24 3.3.1.1 Textura do solo ..................................................................................... 25 3.3.1.2. Soma de bases ..................................................................................... 26 3.3.1.3. Capacidade de troca catiónica .............................................................. 27 3.3.1.4. Percentagem de alumínio trocável ........................................................ 28 3.3.1.5. Percentagem de sódio trocável ............................................................. 28 3.3.1.6. Condutividade eléctrica ......................................................................... 29 3.3.1.7. Acidez ou pH em água .......................................................................... 29 3.3.1.8. Disponibilidade de Fósforo .................................................................... 30 3.3.1.9. Nitrogénio total ...................................................................................... 31
3.3.2. Erosão e degradação de solos ..................................................................... 32
3.3.3. Avaliação do grau de desmatação ............................................................... 33 3.3.3.1 Perspectiva de produção de algodão na campanha seguinte ............... 34 3.3.3.2. Evolução das áreas de cultivo de algodão ............................................ 34 3.3.3.3. Constatações sobre o grau da desmatação .......................................... 36
3.3.4. Caracterização da poluição dos recursos hídricos ....................................... 38
3.3.4.1. Lavagem do equipamento após pulverização ........................................... 38
3.3.4.2. Caracterização das fontes de água nas regiões de estudo ...................... 39
3.3.5. Impacto sobre o ar ....................................................................................... 41
3.3.5.1. Contaminação ambiental nas unidades de processamento...................... 41
3.4. Constatações sócio-económicas ......................................................................... 43
3.4.1. Contribuição do algodão na economia local ................................................. 43
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
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3.4.1.1. Razões para a produção de algodão na campanha seguinte ................... 43
3.4.1.2. Contribuição do algodão na renda ............................................................ 44
3.4.1.3. Evolução do capital humano ..................................................................... 45
3.4.1.4. Melhoria nas condições de vida ................................................................ 46
3.4.1.5. Principal actor na produção ...................................................................... 46
3.4.1.6. Decisão sobre a renda .............................................................................. 47
3.4.1.7. Percepção dos Líderes comunitários ........................................................ 48
3.4.2. Problemas de saúde .................................................................................... 49
3.4.2.1. Percepção dos centros/postos de saúde .................................................. 49
3.4.2.2. Sobre o uso de pesticidas nas áreas de estudo ....................................... 52
3.4.2.3. Tipo de pesticidas usados ........................................................................ 52
3.4.2.4. Doenças e sintomas relacionadas com a exposição aos grupos de
pesticidas.....................................................................................................................55
3.4.2.5. Problemas de saúde devido ao uso de pesticidas .................................... 56
3.4.2.6. Principais problemas de saúde ................................................................. 56
3.4.2.7. Distribuição de pesticidas ......................................................................... 57
3.4.2.8. Assistência técnica ................................................................................... 58
3.4.2.9. Equipamento de pulverização ................................................................... 59
3.4.2.10. Frequência de aplicação de pesticidas ..................................................... 60
3.4.2.11. Dosagens aplicadas na preparação de pesticidas .................................... 60
3.4.2.12. Equipamentos de protecção ..................................................................... 61
3.4.2.13. Saúde e segurança ocupacional nas unidades de processamento .......... 62
3.4.3. Práticas culturais .......................................................................................... 64
3.4.3.1. Prática de queimadas após a colheita ...................................................... 64
3.4.3.2. Rotação de culturas .................................................................................. 65
3.4.3.3. Culturas usadas na rotação ...................................................................... 66
4. AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL NO SECTOR DO ALGODÃO ...................... 70
4.1. Convenções internacionais e legislação nacional sobre ambiente e
biodiversidade ................................................................................................................ 70
4.2. Mapeamento dos Impactos Ambientais ............................................................... 71
4.3. Impactos Biofísicos da cultura do algodão .......................................................... 72
4.3.1. Impactos no Solo .......................................................................................... 73 4.3.1.1. Degradação dos solos ........................................................................... 73 4.3.1.2. Erosão dos solos ................................................................................... 73 4.3.1.3. Poluição dos solos ................................................................................ 74
4.3.2. Impacto nos recursos hídricos ...................................................................... 75
4.3.3. Impacto na qualidade do ar .......................................................................... 76
4.4. Impactos Sócio-económicos do algodão ............................................................. 77
4.4.1. Impacto na saúde ......................................................................................... 77
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4.4.1.1 Risco de toxicidade, doenças respiratórias e doenças da pele .................... 77 4.4.1.2. Risco de stress, aspectos ergonómicos e vibração .............................. 77
4.4.2. Impacto económico ...................................................................................... 78 4.4.2.1. Criação do emprego .............................................................................. 78 4.4.2.2. Crescimento da economia local ............................................................ 78 4.4.2.3. Impacto na economia nacional .............................................................. 79 4.4.2.4. Mudança nas fontes tradicionais de geração de rendimentos .............. 80
4.5. Levantamento e avaliação de aspectos ambientais ............................................ 80
4.5.1 Critérios de avaliação ................................................................................... 81
4.6. Medidas de mitigação .......................................................................................... 86
5. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL DAS ZONAS ALGODOEIRAS ............................ 89
6. MONITORIZAÇÃO E MEDIÇÃO ............................................................................... 93
6.1. Registos .............................................................................................................. 94
6.2. Auditoria do sistema de gestão ambiental ........................................................... 95
6.3. Factores críticos de sucesso ............................................................................... 95
7. PROPOSTA DE PROGRAMAS, PROJECTOS E ACÇÕES ...................................... 97
7.1. Estratégia de consciencialização em HSO no sector do algodão........................ 97
7.2. Programa de gestão de solos .............................................................................. 97
7.3. Programa de gestão de recursos hídricos ........................................................... 98
7.4. Programa de reaproveitamento de subprodutos ................................................. 98
7.5. Programa de gestão de recipientes plásticos ...................................................... 99
7.6. Programa de potenciação de benefícios aos produtores .................................. 100
7.7. Programa de gestão de emissões de poeiras e fibrilha ..................................... 100
7.8. Programa de optimização do consumo de pesticidas ....................................... 101
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÃOES ................................................................ 102
8.1. Conclusões ........................................................................................................ 102
8.1.1. Sobre os sistemas de produção ................................................................. 102
8.1.2. Sobre o ambiente biofísico ......................................................................... 102
8.1.3. Sobre o ambiente sócio-económico ........................................................... 105
8.2. Recomendações ................................................................................................ 106
9. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 113
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição das empresas fomentadoras pelas áreas concessionárias…………………………………………………..……...............11
Tabela 2 Lista de povoados abrangidos pelo estudo...................................................22
Tabela 3. Categorias de intervenientes.........................................................................24
Tabela 4. Alguns indicadores de medição do impacto ambiental providos pelas DDA’s ......................................................................................................................35
Tabela 5. Frequência de problemas de saúde nas comunidades................................51
Tabela 6. Principais pragas e medidas de controlo …..................................................52
Tabela 7. Tipo de pesticidas usados nos últimos 5 anos………………….....................53
Tabela 8. Mapeamento dos aspectos ambientais.........................................................68
Tabela 9a. Critérios de avaliação dos impactos ambientais...........................................81
Tabela 9b. Matriz de classificação dos impactos ambientais..........................................81
Tabela 9c. Chave de classificação dos impactos ambientais.........................................82
Tabela 10a. Levantamento e avaliação de aspectos ambientais – Cultivo de algodão ......................................................................................................................83
Tabela 10b. Levantamento e avaliação de aspectos ambientais– Processamento do algodão..........................................................................................................84
Tabela 11a. Objectivos e metas – Cultivo de algodão......................................................86
Tabela 11b. Objectivos e metas – Processamento do algodão........................................87
Tabela 12a. Plano de gestão ambiental – Cultivo de algodão..........................................90
Tabela 12b. Plano de gestão ambiental-processamento do algodão...............................91
Tabela 13a. Plano de monitorização-Processamento de algodão....................................93
Tabela 13b. Plano de monitorização-cultivo de algodão...................................................94
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição de produção do algodão em Moçambique..................................1
Figura 2. Evolução da produção do algodão em Moçambique de 1931 a 2006............3
Figura 3: Zonas agro-ecológicas de Moçambique (INIA, 2000).....................................5
Figura 4. Aptidão agro-climática para o cultivo do algodão de sequeiro .......................6
Figura 5a. Rendimento das variedade de sementes em uso em Moçambique ............12
Figura 5b. Percentagem produzida das variedade de sementes em uso em
Moçambique.................................................................................................13
Figura 6. Divisão administrativa do distrito de Cuamba...............................................14
Figura 7. Divisão administrativa do distrito de Montepuez...........................................15
Figura 8. Divisão administrativa do distrito de Meconta...............................................16
Figura 9. Divisão administrativa do distrito de Monapo................................................17
Figura 10. Divisão administrativa do distrito de Morrumbala..........................................18
Figura 11. Divisão administrativa do distrito de Mutarara..............................................19
Figura 12. Divisão administrativa do distrito de Mossurize............................................20
Figura 13. Divisão administrativa do distrito de Maríngue..............................................21
Figura 14. Mapeamento dos pontos de recolha de amostras de água e solos..............23
Figura 15. Textura de solos nas regiões de estudo.......................................................26
Figura 16. Soma de bases.............................................................................................27
Figura 17. Capacidade de troca catiónica......................................................................28
Figura 18. Percentagem de Alumínio trocável...............................................................28
Figura 19. Percentagem de Sódio trocável....................................................................29
Figura 20. Condutividade eléctrica.................................................................................29
Figura 21. Acidez ou pH em água..................................................................................30
Figura 22. Disponibilidade de Fósforo em ppm..............................................................31
Figura 23. Nitrogénio total..............................................................................................31
Figura 24 Exemplos de erosão de solos devido a cultura do algodão..........................32
Figura 25 Prevalência da produção de algodão............................................................33
Figura 26 Perspectiva de produção de algodão na próxima campanha.......................34
Figura 27. Evolução de áreas de cultivo de algodão nos últimos 5 anos.......................34
Figura 28. Conservação de espécies nativas nas zonas algodoeiras........................... 36
Figura 29. Percepção dos Líderes comunitários sobre mudanças na vegetação..........37
Figura 30. Percepção sobre mudanças na diversidade faunística.................................37
Figura 31. Caracterização dos locais de lavagem de equipamentos de
pulverização..................................................................................................38
Figura 32. Potabilidade de amostras de água nas zonas de estudo…………………….40
Figura 33. Proporção de amostras dentro dos parâmetros de potabilidade……………41
Figura 34. Contaminação ambiental devido à inceneração de resíduos do
processamento do algodão...........................................................................42
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Figura 35. Porquê da pretensão de produzir algodão na próxima campanha...............44
Figura 36. Contribuição do algodão na renda familiar....................................................44
Figura 37. Evolução do capital humano.........................................................................45
Figura 38. Melhoria nas condições de vida....................................................................46
Figura 39. Principal actor na produção do algodão nas diferentes regiões...................47
Figura 40. Poder de decisão sobre as receitas..............................................................48
Figura 41. Percepção dos Líderes comunitários em relação ao custo dos insumos…..48
Figura 42. Problemas de saúde devido ao uso de pesticidas........................................55
Figura 43. Tipo de problemas de saúde derivados do uso de pesticidas......................56
Figura 44. Esquema de distribuição de insumos nas fomentadoras..............................57
Figura 45. Assistência técnica aos camponeses............................................................58
Figura 46. Tipo de pulverizador usado...........................................................................58
Figura 47. Frequência da aplicação de pesticidas………………………….....................59
Figura 48. Preparação dos pesticidas............................................................................60
Figura 49. Uso de equipamento de protecção durante a aplicação de pesticidas.........60
Figura 50. Aspectos de segurança no trabalho. Inapropriada utilização dos meios de
protecção disponíveis....................................................................................62
Figura 51. Aspectos de segurança no trabalho. Operário sem meios de protecção
adequados.....................................................................................................62
Figura 52. Prática de queimadas após a colheita..........................................................63
Figura 53. Preparação de solos para nova campanha..................................................63
Figura 54. Prevalência da rotação de culturas...............................................................65
Figura 55. Tipo de culturas usadas para a rotação........................................................65
Figura 56. Percepção dos líderes comunitários sobre prática de rotação de culturas...66
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ACRÓNIMOS
CANAM. Companhia Algodoeira de Nampula
CNA. Companhia Nacional Algodoeira
DUNAVANT
EAVZ-GPZ. Empresa Algodoeira do Vale do Zambeze- Gabinete do Plano do Zambeze
DPI Dispositivos de Protecção Individual
HSO Higiene e Segurança Ocupacional
IAM. Instituto de Algodão de Moçambique
MIP Maneio Integrado de Pragas
Mocotex
PLEXUS, Lda
Novos Operadores
PVC Cloreto de Polivinilo
SAAN Sociedade Algodoeira do Alto-Molócue
SANAM Sociedade Algodoeira do Namialo
SAN-JFS. Sociedade Algodoeira do Niassa- João Ferreira dos Santos
MINAG. Ministério da Agricultura
MICOA. Ministério para Coordenação da Acção Ambiental
DDA. Dircção Distrital da Agricultura
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SUMÁRIO EXECUTIVO
Uma avaliação do sistema de produção do algodão caroço em Moçambique foi levada a
cabo com o propósito de estabelecer as bases para elaboração do sistema de gestão e
quadro de monitoria ambiental em Moçambique, uma das competências do Instituto do
Algodão de Moçambique em tanto que instituição credenciada pelo governo pelo decreto
nº 7/91, Artigo 2. O estudo foi encomendado pelo Instituto do Algodão de Moçambique,
tendo como objectivo principal contribuir para a implementação da estratégia do
PROAGRI para endereçamento de aspectos ambientais no desenvolvimento agrário, com
o sector do algodão como piloto. A avaliação foi realizada em oito distritos identificados
dentro das sete províncias potenciais produtoras de algodão em Moçambique
nomeadamente Cuamba no Niassa, Montepuez em Cabo Delgado, Monapo e Meconta
em Nampula, Morrumbula na Zambézia, Mutarara em Tete, Maríngue em Sofala e
Mossurize em Manica.
A elaboração do sistema de gestão e quadro de monitoria ambiental em Moçambique foi
com base na norma ISO 14001, em fase de adopção.
A metodologia de trabalho adoptada com vista a alcançar os objectivos especificados, a
equipa de trabalho subdividiu e implementou 3 fases distintas do estudo, nomeadamente:
(i) revisão bibliográfica e preparação de um relatório sumário das principais constatações;
(ii) recolha de dados e,
(iii) Análise de dados, elaboração dos planos de gestão e monitoria ambiental e
elaboração do relatório.
A fase de revisão bibliográfica e preparação de um relatório sumário das principais
constatações consistiu na recolha da informação existente sobre programas e projectos
do sector do algodão e destinou-se, essencialmente, para familiarizar os consultores com
as características do sector e identificar potenciais problemas. Esta consulta abrangeu os
relatórios existentes sobre as regiões algodoeiras de Moçambique, a estratégia do
desenvolvimento do sector do algodão, as várias convenções internacionais sobre
biodiversidade, mudanças climáticas e uso de pesticidas, a legislação ambiental e o uso
de pesticidas e de recursos hídricos. Ainda nesta fase, a equipa de consultores
desenvolveu inquéritos semi-estruturados para os vários actores envolvidos no ciclo
produtivo do algodão. Assim, nas empresas de fomento foram preparados inquéritos para
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os gestores e os técnicos e/ou extensionistas. Ao nível das instituições do governo foram
desenvolvidos inquéritos para as direcções distritais de saúde, agricultura e coordenação
da acção ambiental e, postos de saúde. Foram também incluidos inquéritos para as
autoridades dos postos administrivos nas regiões abrangidas e produtores a nível familiar
e/ou associativo. Efectuou-se igualmente nesta fase a recolha de mapas cartográficos
para identificação e escolha dos locais de amostragem. Esta fase permitiu, entre outros
aspectos, familiarizar os consultores com as características agrícolas e sócio-económicas
das regiões de estudo bem como com as práticas culturais das populações e o papel das
empresas de produção e fábricas de descaroçamento do algodão. O culminar desta fase
foi a elaboração de um relatório preliminar.
A recolha de dados consistiu na ida ao campo. O trabalho de campo foi realizado pelos
consultores e permitiu o contacto in loco com os vários aspectos relacionadas com as
actividades de produção e processamento do algodão bem como os impactos associados.
Para o trabalho de campo, a equipe foi dividida em 3 brigadas alocadas a 3 regiões, de
acordo com as facilidades de acesso. Assim, houve uma brigada que trabalhou nos
distritos de Cuamba, Meconta, Monapo e Montepuez, uma segunda brigada para os
distritos de Mutarara e Morrumbala e uma terceira brigada para os distritos de Mossurize
e Maríngue.
Os consultores contaram nestes trabalhos com o apoio dos técnicos do IAM, MINAG
afectos nas direcções distritais e/ou provinciais e de técnicos das empresas
fomentadoras. Os trabalhos de campo permitiram observar a ocorrência da erosão de
solos, prática de queimadas descontroladas, problemas de saúde e segurança
ocupacional dos trabalhadores das empresas de descaroçamento bem como nos
produtores a nível familiar, através de entrevistas no sector de saúde sobre incidências de
doenças que podem ser derivadas de agentes activos de pesticidas. No campo, foram
também recolhidos dados sobre o tipo de pesticidas em uso, e amostras de solos em
regiões produtoras e não produtoras de algodão. A recolha de amostras visava
determinação do nível de empobrecimento dos solos quer devido a práticas de queimadas
nos campos ou devido a não rotatividade de culturas que é exigida numa situação de
agricultura familiar. Nesta fase também foram realizados entrevistas com os fomentadores
e produtores bem como com os provedores dos insumos agrícolas.
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Finalmente, na terceira fase, análise de dados e elaboração do relatório, foram colhidos
dados do tipo qualitativo e quantitativos de acordo com a metodologia proposta. Para
análise dos dados foram usados os pacotes informáticos EXCEL e ArcView. Da análise
de dados, foram produzidos gráficos que mostram a distribuição geográfica e o grau de
significância de cada impacto em cada região agro-ecológica. Para os impactos negativos
revelados pelo estudo foram desenvolvidas medidas de mitigação convenientes.
As principais constatações do estudo permitiram notar que o cultivo do algodão estimula o
desenvolvimento económico das regiões rurais e contribui significativamente na economia
nacional. Contudo, esta actividade traz consigo problemas ambientais tais como
degradação e erosão de solos, poluição de solos e de recursos hídricos e problemas de
saúde ocupacional. A avaliação destacou os seguintes aspectos:
a) Quanto aos sistemas de produção:
A produção do algodão caroço em Moçambique é feita maioritariamente por
camponeses do sector familiar a título individual ou organizados em pequenas
associçãoes,
A existência de empresas licenciadas para o fomento da produção do algodão,
com monpólio nas respectivas zonas de influência
b) Impactos positivos
A produção do algodão não contribui para queimadas descontroladas
A não existência de acúmulo de substâncias activas derivadas de pesticidas, e o
uso de pesticidas nas regiões algodoeiras sem substâncias proibidas e com
componentes de fácil degradação
A importante contribuição do algodão na economia nacional como produto de
exportação
A significativa contribuição do algodão na geração de renda, criação de
autoemprego e empreendedorismo nas zonas rurais
c) Impactos negativos
O manuseio de pesticidas sem o uso de dispositivos de protecção individual
A existência de um potencial para o surgimento de problemas ambientais derivados
do manuseio inadequado de recipientes pós-pulverizações e de pilhas
acumuladoras
O uso intensivo de áreas de produção sem obediência às boas práticas tais como
rotação de culturas, conssocição e agricultura de conservação tem conduzido a
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uma acentuada degradação de solos que se manifesta pela perda de fertilidade e
acidez elevada
A inadequada assistência técnica em algumas regiões tem por consequência o
manuseio inapropriado de pesticidas por parte de camponeses
A falta ou o inapropriado uso de DPI nas unidades de processamento cria o cenário
apropriado para o surgimento de problemas de saúde a longo termo
A emissão de poeiras nas unidades de processamento concorre para a poluição do
ar nas comunidades circunvizinhas
O uso intensivo de pesticidas conduz à perda de biodiversidade faunística e
consequente redução de algumas fontes de renda
A deficiente prática de armazenamento e/ou conservação de pesticidas por parte
dos agricultores concorre para problemas de saúde pública. Por outro lado, a má
aplicação de pesticidas como na captura de peixe e homicídios constituem
exemplos flagrantes de impactos negativos associados à aspectos sócio-culturais.
Em relação ao Plano de Gestão e Monitoria Ambiental, o presente estudo permitiu um
melhor conhecimento do meio biofísico e sócio-económico do sector do algodão. Com
base nas constatações produzidas, e usando a metodologia de certificação com base na
norma ISO 14001, foi desenvolvido um Plano de Gestão Ambiental (PGA) no qual estão
identificadas as responsabilidades de cada interveniente desde os produtores, líderes
comunitários, empresas de fomento e associações de produtores. Associado a este PGA
foi desenvolvido um programa de monitoria que será da responsabilidade do IAM/MINAG
em parceria com o MICOA e o Ministério do Trabalho.
Com o objectivo de elevar a consciência dos principais actores na cadeia de produção do
algodão sobre higiene e saúde ocupacional foi elaborada uma estratégia de
consciencialização em HSO no sector do algodão. A minimização de problemas de
empobrecimento de solos é abordada no contexto de um programa de gestão de solos.
Um programa de gestão de recursos hídricos cuida da preservação da qualidade da água
e do problema de contaminação por pesticidas e nitratos. A redução da acidez de solos e
o melhoramento da retenção de nutrientes e o combate da erosão dos solos é abordada
no programa de calagem de solos. Faz ainda parte deste pacote um programa de
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reaproveitamento de subprodutos e resíduos que visa promover o reaprovetamento da
semente do algodão na produção de farinhas de alto valor protéico para alimentação
humana e animal e potenciar o reaproveitamento de resíduos para a criação de produtos
de valor acrescentado. Para implementar uma gestão moderna de resíduos que gere
benefícios e aumente a competitividade das empresas do sector algodoeiro e abra novos
mercados onde a qualidade ambiental é uma vantagem tanto para empresa como para
sociedade foi elaborado um programa de reaproveitamento de subprodutos e resíduos. A
problemática da poluição causada por pilhas e acumuladores é tratada no programa de
gestão de pilhas e acumuladores. Um programa de gestão de emissões de poeiras e
fibrilha contendo planos de monitorização com vista a acompanhar as diferentes fases do
processamento de algodão cuidará da qualidade do ar, qualidade da água, bio-ecologia,
ruído, vigilância da saúde humana, níveis de risco e psicologia social. Finalmente, a
redução do desperdício de materiais plásticos e a reciclagem destes materiais plásticos é
a temática contida no programa de gestão de recipientes plásticos.
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1
1. INTRODUÇÃO
O algodão em Moçambique como em outros países do terceiro mundo revela-se
importante porque é concebido como um produto de exportação e de aprovisionamento
em matéria-prima às indústrias nacionais de téxteis, óleo alimentar e sabões. Nesses
países, o cultivo do algodão é dominado pelo sector familiar principalmente nas zonas
rurais.
Historicamente, aponta-se que antes do século XVI já se semeava algodão em
Moçambique, cuja espécies eram oriundas da Asia (6). Contudo, só a partir de 1930 que o
cultivo de algodão começou a se expandir tendo tido o seu maior incremento entre as decadas
50 a 70. O algodão é produzido com mais proeminência nas províncias de Nampula, Cabo
Delgado e Sofala (Figura 1). Contudo, também é produzido, embora em menor proporções,
nas outras províncias do país, a saber, as províncias de Niassa, Zambézia, Tete, Manica,
Gaza e Inhambane. A cultura é praticamente toda conduzida em sequeiro onde cerca de 75%
da sua produção concentra-se na metade norte do Pais. Os dados de que se dispõem referem-
se à distribuição de produção de algodão referentes ao ano agrícola 2005/2006
Figura 1. Distribuição da produção do algodão em Moçambique na campanha 2005/6
por províncias (5)
-
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
50,000
C.Delgado Nampula Sofala Tete Niassa Zambézia Manica I'bane
P R O V Í N C I A S
( T
on
ela
da
s )
_____________________________________________________________________________
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2
A figura 1 acima mostra que, de facto, as províncias Cabo-delgado, Nampula e Sofala são
as que mais produzem o algodão. A produção de algodão em Moçambique em 1971 (6)
foi de 106 000 toneladas de algodão-caroço. O que representava 0,4% da produção
mundial. O rendimento médio de algodão-caroço, no mesmo ano, era de 277 kg/ha. Foi em
1973 o ano que se atingiu o maior pico na produção de algodão, tendo se situado em 144 061
toneladas, e o rendimento médio de cerca de 468 kg/ha. A área ocupada pela cultura algodoeira
(330 000 ha) representava 7,3% da área total cultivada no país. Dedicavam-se a esta
cultura 376 007 produtores, ou seja, 24,8% dos 1 504 028 agricultores existentes. Até 1975,
ano da independência, cerca de 7% de fibra do algodão foi utilizada na indústria local e o
remanescente foi exportada. A Figura 2 que se segue, mostra a evolução de produção, em
toneladas, de algodão de 1931 a 2007.
Figura 2 Evolução da produção do algodão em Moçambique de 1931 a 2006
Desta tabela se pode ler que na história de produção de algodão no país, o ano de 1973 foi
o que mais se produziu enquanto o de 1985 o que menos se produziu. As perespectivas de
2007 indicam estar a baixo da produção de 1973.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1931
1933
1935
1937
1939
1941
1943
1945
1947
1949
1951
1953
1955
1957
1959
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007(*
)
( A N O S )
( 1000 T
on
s)
+ Alta =144.061
+ Baixa = 5.200
Independência Nacional
= 122. 287 Tons
(*) Estimativa
121.000 Tons
98/99
116.716
Tons
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3
As estatísticas recentes de 2005 (5) indicam que a produção de algodão caroço em
Moçambique foi de 78 683 toneladas, cultivados numa área de cerca de 185 465 hectares.
O rendimento médio foi de cerca de 420 toneladas/hectares, sendo que toda a fibra de
algodão foi exportada. O número de camponeses envolvidos foi de cerca de 250 204 sendo
94% destes do sector familiar, 5% associações e os restantes produtores autónomos. Em
2006 a produção do algodão foi de cerca de 122 287 toneladas, cultivados numa área de
233 200 hectares e envolvendo cerca de 308 000 famílias o que representa um recorde no
período pós independência.
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4
2. BREVE CARACTERÍZAÇÃO BIOFÍSICA E SÓCIO ECONÓMICA DAS
REGIÕES ALGODOEIRAS
A descrição das características biofísicas e sócio-económicas é feita de uma forma
meramente restrita e pretende servir de base para o conhecimento da diversidade da
paisagem, dos recursos hídricos e das principais actividades económicas das regiões
abrangidas pelo presente estudo.
As características biofísicas e sócio-económicas, incluindo os culturais, são suportes
fundamentais para se implementar um sistema de gestão e monitoria ambiental do mais
alto valor dado os desequilíbrios ecológicos que tem vindo a sofrer devido à acção
humana.
2.1. Caracterização Biofísica
2.1.1. Regiões agro-ecológicas
Segundo o IIAM (7) o país encontra-se dividido em 10 regiões agro-ecológicas
diferenciadas em função do clima, solos e acesso ao mercado (Figura 3). Das principais
regiões produtoras de algodão, o distrito de Montepuez na província de Cabo Delgado,
grande parte do distrito de Monapo e uma pequena parte do distrito de Meconta em
Nampula, o distrito de Cuamba na província do Niassa, e grande parte do distrito de
Morrumbala na província da Zambézia estão situadas na zona agro-ecológica R7, que é
caracterizada pela altitude situada entre os 200 a 1000m e precipitação anual variando de
1000 a 1400mm. A textura dos solos varia de arenosa a lamacenta. É nestas regiões
onde se produz cerca de 60% do algodão caroço em Moçambique, de acordo com os
dados estatísticos da campanha 2004-2005 (4).
Os distritos de Mutarara em Tete, e parte do distrito de Marringue em Sofala estão
situados na zona agro-ecológica R6, caracterizada por altitudes abaixo de 200m e
precipitação média anual da ordem de 500 a 800mm. Nesta zona, produz-se cerca de
15% da produção nacional do algodão caroço.
Grande parte do distrito de Mossurize em Manica está situada na região agro-ecológica
R4, caracterizada por altitudes médias entre 200 a 1000m; a precipitação média anual
varia entre 1200 a 1400mm. Mais de 60% da área do distrito de Maríngue em Sofala está
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situado na zona agro-ecológica R6.
Figura 3: Regiões agro-ecológicas de Moçambique (7)
2.1.2. Aptidão dos solos
Segue-se a indicação da aptidão agroclimática para o cultivo de algodão em Moçambique
Figura 4 (6).
R10
R2
R3
R1
R5
R5
R4
R4
R10
R7
R6
R6
R7
R10
R8
R7
R8
R9
R10
R7
R8
PembaLichinga
Tete
Quelimane
Nampula
Chimoio
Beira
Inhambane
Xai-Xai
Maputo
Mazeminhama
Umbeluzi
Ricatlha
Maniquenique
Chokwe
Chobela
Mazimechopes
Nhacoongo
Sussundenga
Chemba
Angonia
Mocuba
Nametil
RibaueMutuali
Rio
Limpopo
RioSave
Zambeze
Rio
Ligonha
Rio
Rio Lurio
Lug
enda
Rio
42º38º34º30º
42º38º34º30º
12º
16º
20º
24º
Compilou: Marcos Jossefa Ruco
Z A M B I A M
A L
A W
I
T A N Z A N I A
Z
I M
B A
B W
E
R. A
. S.
SWAZILANDIA
R. A. S.42º38º34º30º
42º38º34º30º
12º
16º
20º
24º
Compilou: Marcos Jossefa Ruco
Z A M B I A M
A L
A W
I
T A N Z A N I A
Z
I M
B A
B W
E
R. A. S.
Scale 1: 8 000 000
MOCAMBIQUE
N
R10
R2
R3
R1
R5
R5
R4
R4
R10
R7
R6
R6
R7
R10
R8
R7
R8
R9
R10
R7
R8
PembaLichinga
Tete
Quelimane
Nampula
Chimoio
Beira
Inhambane
Xai-Xai
Maputo
Mazeminhama
Umbeluzi
Ricatlha
Maniquenique
Chokwe
Chobela
Mazimechopes
Nhacoongo
Sussundenga
Chemba
Angonia
Mocuba
Nametil
RibaueMutuali
Rio
Limpopo
RioSave
Zambeze
Rio
Ligonha
Rio
Rio Lurio
Lug
enda
Rio
42º38º34º30º
42º38º34º30º
12º
16º
20º
24º
Compilou: Marcos Jossefa Ruco
Z A M B I A M
A L
A W
I
T A N Z A N I A
Z
I M
B A
B W
E
R. A
. S.
SWAZILANDIA
R. A. S.42º38º34º30º
42º38º34º30º
12º
16º
20º
24º
Compilou: Marcos Jossefa Ruco
Z A M B I A M
A L
A W
I
T A N Z A N I A
Z
I M
B A
B W
E
R. A. S.
Scale 1: 8 000 000
MOCAMBIQUE
N
R1 - The Inland Maputo and South Gaza Region
R2 - The Coastal Region South of the Save River
R3 - Center and North of Gaza and the West Inhambane Region
R4 - Medium Altitude Region of Central Mozambique
R5 - Low Altitude Region of Sofala and Zambezia
R6 - Semi-arid Region of the Zambeze Valley and Southern Tete Province
R7 - Medium Altitude Region of Zambezia, Nampula, Tete, Niassa and Cabo Delgado
R8 - Coastal Litoral of Zambezia, Nampula and Cabo Delgado
R9 - North Interior Region of Cabo Delgado- Mueda Plateau
R10- High Altitude Region of Zambezia, Niassa, Angonia and Manica
LEGENDA
Laboratorios Provinciais de Veternaria (LPV) ....
Estacao Zootecnica ... ..... .... .... ..... .... .... ..... .... ..... ...
Estacao Agraria ..... .... .... ..... .... ..... .... .... ..... .... ..... ...
Posto Agronomico ..... .... ..... .... ..... .... .... ..... .... ..... ..
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6
Cabo Delgado – Nos Distritos de Ancuabe, Chiúre e regiões de menor altitude de
Namuno, principalmente junto ao rio Lúrio, regiões de média altitude dos distritos de
Montepuez, Namuno e Meluco, a fisiografia dos solos desta região caracteriza-se por
solos aluvionares nos vales dos rios, escuros, profundos, de textura média a pesada,
moderadamente a mal drenados, sujeitos a inundações regulares. Nas encostas
encontram-se solos hidromorfos de textura variada, desde arenosos de cores cinzentas,
arenosas sobre argilas a solos argilosos extratificados de côr escura. Nos topos das
encostas superiores predominam solos vermelhos e alaranjados apresentando textura
média a pesada sendo profundos e moderadamente bem drenados.
Figura 4. Aptidão agro-climática para o cultivo do algodão de sequeiro (6)
Niassa – Nos Distritos de Cuamba, Mecanhelas, Mandimba, até as regiões de média
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7
altitude de Majune, Maúa e Marrupa; os solos são argilosos vermelhos e profundos, com
uma boa permeabilidade e bem drenados, fertilidade baixa e susceptíveis a erosão. Os
solos predominantes nos vales de rios são predominantemente aluvionais, escuros,
profundos, de textura pesada e média, moderadamente a mal drenados, os de topo e as
encostas são moderadamente bem drenados.
Nampula – Nos Distritos de Nampula, Mecuburi, Muecate, Eráti, Memba, Monapo,
Mossuril, Mongicual, Angoche, Meconta, Mogovolas, Murrupula, Malema e Ribáue (região
7) e Moma (região 8), os solos são arenosos lavados e moderadamente lavados,
predominantemente amarelos a castanho-acinzentados, tanto os da cobertura arenosa do
interior como os das dunas arenosas costeiras e ainda pelos solos da faixa do grés
costeiro, de textura arenosa a franco argiloso arenosa de cor alaranjada.
Zambezia - Em Gilé, Ile, Alto Molócuè e parte norte de Morrumbala, as regiões mais baixas
de Gurue, Milange, Lugela e Namarrói, Mocuba, Maganja da Costa, Pebane e zona mais arida
de Morrumbala, ao longo do vale do Chire; os solos correspondem a um complexo de
características variáveis, com solos vermelhos, alaranjados e cinzentos. Os primeiros
ocupam as cotas mais elevadas, estendendo-se os pardo-acinzentados e os cinzentos pela
zona baixa ao longo dos terrenos dos rios. Os solos pardo alaranjados, pardo-avermelhadas
e amarelas ocorrem na parte intermediárias dos declives e nas encostas apresentando uma
drenagem moderadamente boa.
Tete - Distritos de Mágoe, Cahora Bassa, Macanga, Moatize, Mutarara e Changara.
Esta região apresenta diversos tipos de solos, sendo frequente as formações de solos
vermelhos, variando de arenosos francos a argilosos, intercalados por solos que variam de
ferralíticos, hidromórficos, aluvionares a solos profundos. Estes solos são derivados, na sua
maioria, de rochas metamórficas e eruptivas do pre-cámbrio, em particular do complexo
gneisso-granítico do Moçambique Belt. São solos de textura variável profundos a localmente
pouco profundos, sendo ligeiramente lixiviados, excessivamente drenados e por vezes
localmente mal drenados.
Sofala - Chemba, Caia, Gorongoza, Dondo, Búzi e Maríngue. Os solos desta região
são de textura variável, profundo a muito profundos, localmente pouco profunods, castanho-
avermelhados sendo ainda ligeiramente lixiviados, excessivamente drenados ou
moderadamente bem drenados. Existe também predominância de solos aluvionares e
hidromórficos ao longo de linhas de drenagem natural associados ao vale da bacia do rio
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8
Zambeze.
Manica - Guro, Tambara, Mossurize, Bárue, Sussundenga e regiões da periferia e mais
baixas de Chimoio. Segundo a carta nacional de solos, predominam nesta região solos
desenvolvidos nas rochas vulcânicas destacando-se os argilosos vermelhos, profundos e
férteis, os basálticos vermelhos de textura argilosa de profundidades variáveis e aptos para a
cultura do algodão e os liticos de textura franco-arenosa, pouco profundos sobre rocha alterada.
2.1.3 Recursos hídricos
A rede hidrográfica do distrito de Cuamba é constituído pelos rios Luleio e Muanda ambos
afluentes da bacia do rio Lúrio. O rio Muanda tem ainda como afluentes os rios
Namutimbua, Ruace, Massequece, Massange, Recuembe e Zicemunda. Estes rios são
de regime periódico e podem ser considerados riachos.
O distrito de Montepuez possui uma rede hidrográfica pouco significativa com a excepção
da bacia do rio Lugenda que serve de fronteira entre este distrito e o de Metarica na
Província do Niassa.
O distrito de Monapo é atravessado por dois importantes cursos de água, o rio Monapo e
o Ampuesse. Existem ainda pequenos rios secundários tais como Natete, Mugica,
Mussinete, Mecuco, Napai, Nicupa, M´pitocuiri e outros.
A rede hidrográfica do distrito de Morrumbala é constituído pelos rios Chire, Lualua,
Lumba, Muelide, Missongue, Thambe, Luó e Bualizo afluentes da bacia do Zambeze. A
maioria destes rios e de regime periódico.
As principais bacias hidrográficas que atravessam distrito de Maríngue são os rios
Nhamapadza, Fudja, Nhamazuanzua, Pundza e Mupa todos localizados no interior do
distrito. Todos os rios são de regime periódico, podendo alguns ser considerados riachos.
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O distrito de Mossurize possui dois importantes rios o Búzi e o Mossurize, para além de
outros rios de importância secundária tais como Chicambue, Dacata, Muchenedzi, Zona,
Chinica, Rupice, Mucurumadzi, Lucite, Mavuaze e Mussassa. Existem ainda pequenos
riachos que são praticamente afluentes dos rios principais.
2.2. Caracterização Sócio-económica
Os tipos de sistema agrícola mais comuns, na região agroecológica R4 são a
conssociação milho/mapira. Verifica-se também nesta região agroecológica o uso
intensivo das margens dos rios para a produção comercial da banana, hortícolas e
fruticultura. Produção pecuária semi-comercial e comercial. A principal cultura nesta
região é a mapira, sendo o algodão a principal cultura de rendimento. Quanto ao uso e
cobertura da terra, o tipo de cobertura predominante são as florestas aberta e fechadas,
sendo o miombo e o mopane os principais ecossistemas. As principais áreas de
conservação destaca-se a reserva de Chimanimani, as coutadas 9, 13 e 18. Os principais
problemas são o alto risco de erosão de solos, sistema de mercados incipiente, incidência
de doenças animais como a mosca tse-tsé, competição entre agricultura, exploração
madeireira, actividades faunísticas e de conservação.
A mapira é a principal cultura nas zonas áridas e nas outras zonas temos outras culturas
como os casos da mexoeira e da mandioca. Nesta região agroecológica o algodão é a
principal cultura de rendimento e é produzido nas zonas médias do Zambeze. Ao longo
dos riachos, produz-se arroz, batata doce e vegetais. Os principais ecossistemas são o
mopane, e floresta fechada. Os principais problemas nesta região agroecológica são as
infraestruturas agrícolas inadequadas, elevada incidência de doenças animais como a
mosca tsé-tsé, a falta de serviços básicos, erosão de solos, competição entre o uso
florestal, faunístico, agrícola, mineiro e actividades de conservação e finalmente, a zona
agro-ecológica R8 cobre também parte das áreas algodoeiras, estando parte das áreas
dos distritos de Meconta e Monapo inseridos nesta zona.
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3. PRINCIPAIS CONSTATATAÇÕES NAS REGIÕES DE ESTUDO
3.1. Introdução
O presente estudo foi realizado nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula,
Zambézia, Tete, Sofala e Manica. Nestas regiões designadas para o estudo, são
geralmente caracterizados por boa fertilidade e queda regular de chuvas. A agricultura é a
principal actividade económica nestas regiões e existe uma combinação entre culturas de
rendimento e as alimentares, complementados pela criação de pequenos animais
domésticos tais como galináceos, caprinos e suínos.
O tipo de agricultura mais predominante é a do sector familiar e fundamentalmente virado
para a subsistência. A mão de obra depende basicamente do agregado familiar. Contudo,
verifica-se em algumas regiões grandes agricultores com áreas acima dos 5 ha. Estes
agricultores tem merecido um tratamento diferenciado por parte das empresas
fomentadoras, as quais disponibilizam maquinaria para a lavoura bem como crédito para
financiar o recrutamento de mão-de-obra para a sacha e colheita. Tratamento especial
têm tido também as associações de camponeses em algumas regiões, muito em especial
nas áreas concessionadas à empresa PLEXUS, a qual aplica um preço bonificado aos
agricultores organizados em associações. Nestes casos, a empresa concessionária tem
promovido uma gradual autonomia das associações
De acordo com os dados fornecidos pelo IAM, existem actualmente 12 empresas
fomentadoras cujas áreas concessionárias estão indicadas na Tabela 1. Em Moçambique
estão sendo produzidas seis variedades de algodão, nomeadamente, (i) CA-324, (ii) REMU-
40, (iii) ISA-205, (iv) Chureza, (v) Albar-sz9314 e (vi) STAM-42. A Figura 5a, que se segue,
mostra a percentagem de rendimentos médios por cada variedade de semente e a Figura 5b
percentagem da área cultivada.
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Tabela 1 Distribuição das empresas fomentadoras pelas áreas concessionárias
(IAM 2005/6)
Empresa fomentadora Província Distritos
SAN-JFS Niassa Cuamba, Nipepe, e Metarica
Nampula Malema
PLEXUS, Lda Cabo Delgado Montepuez, Ancuabe,
Namuno, Meluco, Balama,
Chiúre, Quissanga e Metuge
Nampula Erati e Namapa
SANAM Nampula Monapo, Meconta
IAM Nampula Memba
CANAM Nampula Ribaúe, Mogovolas,
Malema, Nametil e Memba
Novos Operadores Nampula Meconta
Zambézia Gilé, Alto-Molócue, Mocuba
DUNAVANT-Cottco Zambézia Morrumbala
Tete Mutarara
CNA-Cottco Manica Mossurize
Sofala Maríngue, Chemba
Mocotex Zambézia Mocuba
SAAM Zambézia Alto-Molócue
EAVZ-GPZ Zambézia e Tete Vale do Zambeze
Manica Mossurize
AgriMoz Inhambane Homoíne
Gaza Chibuto
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12
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
CA-324 ISA-205 ALBAR SZ-
9314
REMU-40 CHUREZA STAM-42
To
nela
das/h
a
Figura 5a. Variedade de sementes em uso em Moçambique (IAM 2005/6)
Segundo os dados da campanha 2005/6 as variedades CA-324, STAM 42 e ALBAR SZ
9314, são as que apresentaram os maiores rendimentos. As variedades CA-34 e REMU-
40 representaram cerca de 54% e 25%, respectivamente (veja a Figura 4), da produção
total do algodão, constituindo cerca de 79% do total de variedades de algodão produzido
em Moçambique.
Os sistemas de produção do algodão a nível familiar, para além de conduzir a um rápido
empobrecimento de solos, erosão, caracterizam-se por baixos índices de rendimento por
hectare, o que torna imprescindível a existência de um plano de gestão e monitoria
ambiental do processo de cultivo e processamento de algodão.
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13
54%
13%3%
25%
2% 3%
CA-324
ISA-205
ALBAR SZ-9314
REMU-40
CHUREZA
STAM-42
Figura 5b. Percentagem produzida por variedade de semente (IAM 2005/6)
3.2. Breve descrição das regiões de estudo
Na província do Niassa, o trabalho foi levado a cabo no distrito de Cuamba. Este distrito é
constituído por três postos administrativos nomeadamente Lúrio, Cuamba-sede e Etatara
(Figura 6). No posto administrativo de Cuamba-sede estão em formação algumas
associações de agricultores. Neste distrito, existe uma empresa concessionária para o
fomento da cultura do algodão, a Sociedade Algodoeira do Niassa (SAN) – João Ferreira
dos Santos. A amostragem dos produtores para realizar o inquérito foi feito nos seguintes
povoados: Mokhola e Quimar no posto administrativo de Etatara, Mortuela no posto
administrativo de Lúrio e nos povoados de Nawawane e João 1 no posto administrativo de
Cuamba-sede. Em cada povoado foram entrevistados 5 produtores e um líder
comunitário.
As constatações acima apresentadas indicam que a variedade de semente mais
cultivada actualmente apresenta baixos rendimentos. Há que estabelecer programas
visando o melhoramento da variadade de sementes com rendimentos ao nível dos
obtidos com a variedade ALBAR SZ 9314 de cerca de 970 kg/ha, entretanto
representando apenas 2% da produção total. Esses programas colocariam
Moçambique num patamar semelhante ao de outros países que praticam a agricultura
de sequeiro que apresentam rendimentos de 900 a 1300 kg/ha. Conforme o previsto
no Artigo 2, alínea b) do Decreto nº7/91, cabe ao IAM cooperar com instituições de
investigação na melhoria da qualidade e rendimento da produção.
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14
Figura 6. Divisão administrativa do distrito de Cuamba
Na província de Cabo Delgado, o trabalho foi realizado no distrito de Montepuez. Este
distrito está divido em cinco postos administrativos nomeadamente Mapupulo, Mirate,
Nairoto, Namanhumbir e Montepuez-sede (Figura 7). A empresa concessionária operando
neste distrito é a PLEXUS. A amostragem dos produtores para realizar o inquérito foi feita,
sob recomendação do Delegado do IAM neste distrito em conjunto com o Director de
Operações da PLEXUS. Assim foram recomendados os seguintes povoados: Nceue no
posto administrativo de Namanhumbir, Mapupulo-sede e Nanere em Mapupulo, Namoro
em Nairoto e Nacuca em Mirate.
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Figura 7. Divisão administrativa do distrito de Montepuez
Na província de Nampula, o trabalho foi realizado nos distritos de Meconta e Monapo. A
província de Nampula é a maior produtora de algodão ao nível nacional e a que também
apresenta os maiores problemas ambientais. O distrito de Meconta compreende os postos
administrativos de Namialo, Corrane, 7 de Abril e Meconta-sede (Figura 8). O distrito de
Monapo compreende três postos administrativos nomeadamente Itoculo, Netia e Monapo
(Figura 9).
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16
Figura 8. Divisão administrativa do distrito de Meconta
A empresa concessionária para o fomento do algodão no distrito de Monapo é a SANAM,
enquanto que no distrito de Meconta são os Novos Operadores. A selecção dos povoados
para amostragem dos produtores foi feito em Monapo por recomendação da empresa
concessionária enquanto que no distrito de Meconta por recomendação da direcção
distrital em conjunto com um técnico do IAM que acompanhou os trabalhos. Assim, no
distrito de Monapo o trabalho foi realizado em 8 povoados nomeadamente Munhavara-
topuara, Munhavara-Jagaia, Metocheria-Mutauanhe, Metocheria-Nacololo e Metocheria-
Caserna no posto administrativo de Monapo (Canacue) e povoados de Eduardo
Mondlane, Namacopa e Ofensiva no posto administrativo de Itoculo. No distrito de
Meconta o trabalho foi realizado apenas no posto administrativo de Corrane considerado
o maior produtor do distrito, nos povoados de Varua, Mucapera, Metucuro e Metala.
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17
Figura 9. Divisão administrativa do distrito de Monapo
Na província da Zambézia, o trabalho foi realizado no distrito de Morrumbala. Este distrito
compreende os postos administrativos de Nauela, Megaza, Chire e Derre (Figura 10). A
empresa concessionária e fomentadora do algodão neste distrito é a DUNAVANT. A
selecção dos povoados para amostragem dos produtores foi primeiramente por
recomendação da empresa fomentadora e posteriormente de forma aleatória. Assim,
realizou-se o trabalho nos povoados de Boroma, Muandiua e Morrumbala-sede.
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18
Figura 10. Divisão administrativa do distrito de Morrumbala
Na província de Tete, o distrito recomendado pelo IAM foi o de Mutarara. Este distrito
compreende os postos administrativos de Nyamayabwe, Doa, Chire e Inhangoma (Figura
11). A empresa concessionária para o fomento de algodão neste distrito é a DUNAVANT.
Para a realização do trabalho, a selecção dos produtores foi por recomendação da
empresa concessionária e posteriormente de forma aleatória. Assim o trabalho foi
realizado nos povoados de Inhangoma e Mafunga em Inhangoma, Sinjal em
Nyamayabwe, Doa-Dzimira em Doa e Chire em Chire.
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
19
Figura 11. Divisão administrativa do distrito de Mutarara
Na província de Manica, o trabalho foi realizado no distrito de Mossurize. Este distrito
compreende os postos administrativos de Chiuraire, Espungaberra (Chikwekwete) e
Dacata (Chirera) (Figura 12). A empresa concessionária para o fomento do algodão neste
distrito é a EAVZ-GPZ. Para a realização do trabalho neste distrito foram seleccionados
os povoados de Chiuraire, Chikuekuete e Chirera, por recomendação do técnico da DDA.
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20
Figura 12. Divisão administrativa do distrito de Mossurize
Finalmente, na província de Sofala, o trabalho foi realizado no distrito de Maríngue. Este
distrito compreende os postos administrativos de Maríngue-sede, Canxixe e Súbue
(Figura 13). A empresa concessionária para o fomento do algodão é a CNA (Companhia
Nacional Algodoeira). Para a realização do trabalho, a selecção dos produtores foi por
recomendação do técnico da DDA, delegação da Beira em coordenação com o técnico da
empresa concessionária. Assim, o trabalho foi realizado nos povoados de Canxixe,
Súbuè, Maringue-sede e Gubalatsai.
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
21
Figura 13. Divisão administrativa do distrito de Maríngue
A Tabela 2 abaixo indicada dá uma descrição resumida das áreas de estudo e o mapa
ilustrado na Figura 14 sua localização.
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Tabela 2- Lista de povoados abrangidos pelo estudo
Província Distrito Posto administrativo
Localidade Povoado
Niassa Cuamba
Etatara Etatara Mokhola
Etatara Quimar
Lúrio Lúrio Mortuela
Cuamba-sede Cuamba-sede Nawawane
Cuamba-sede João 1
Cabo Delgado Montepuez
Mirate Mararanja Nacuca
Mapupulo Mputo Nanere
Mapupulo-sede Mapupulo
Nairoto Nairoto-sede Namoro
Namanhumbiri Namanhumbiri-sede Nceue
Nampula
Meconta Corrane
Corrane-sede Varua
Mucapera
Japir Metala
Mecua Metacuro
Monapo
Ituculo
Muruto Ed. Mondlane
Muruto Namacopa
Muruto Ofensiva
Canacue
Metocheria Nacololo
Munhavara Topuara
Munhavara Jakaya
Metocheria Caserna
Metocheria Mutauanhe
Zambézia Morrumbala Morrumbala
Navela Boroma
Navela Morrumbala-sede
Navela Muandiua
Tete Mutarara
Nhamayabue Sinjal Chirua
Chire Chire Chire
Inhangoma Inhangoma Mafunga
Doa Doa Dzimira
Manica Mossurize
Chiurairue
Inhacufera Mafuia
Chiomo Chiomo
Chiurerue sede Mude
Cita Cita
Chirera (Dacata)
Chinguno Chinguno
Nhatsanga Nhatsanga
Chaiva Chaiva
Chikwekwete (Espungabera)
Chikepe Chikepe
Pande Macuo Pande Macuo
Nhabanga Nhabanga
Macuo 2 Macuo 2
Sofala Maríngue
Súbue
Nhazuazua Nhazuazua
Gueza Gueza
Maneto Maneto
Gravata Gravata
Daimond Daimond
Nhamunho Nhamunho
Gubulatsai
Pangue Pangue
Medge Medge
Maríngue-sede
Marringue
Chowende
Nhamitalala
Nhachire
Mapangapanga
Canxixe Ntacuta Ntacuta
Palame Palame
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23
Figura 14. Mapeamento dos pontos de recolha de amostras de água e solos.
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
24
3.3. Constatações sobre a biofísica das áreas de estudo
A recolha de informação para a avaliação dos impactos biofísicos da produção do algodão
foi feita a diferentes níveis de intervenção. Neste contexto, o presente trabalho distinguiu
cinco categorias de intervenientes como ilustra a tabela 3. Para cada categoria foram
administrados inquéritos específicos preparados pela equipa de pesquisa.
Tabela 3. Categorias de intervenientes
Categoria Interveniente Descrição Nº de inquiridos
1 Produtores de algodão Famílias que se dedicam a
produção do algodão 164
2 Comunidades
Líderes comunitários,
líderes de associações. 30
3 Entidades ligadas á
saúde
Direcções distritais e
postos de saúde locais 7
4
Empresas fomentadoras
da cultura
Empresas fomentadoras 8
Operários 6
Extensionistas 16
5
Instituições
Governamentais ligadas
à produção do algodão,
saúde e ambiente
DDA’s e DDCAAs 7
Os resultados obtidos das entrevistas realizadas com os vários intervenientes bem como
da análise de amostras de solos e água, para a avalição dos impactos biofísicos e sócio-
económicos são apresentados e discutidos de seguida.
3.3.1. Análise de solos
A principal finalidade de uma análise de solos é verificar a condição de fertilidade das
terras, indicando a disponibilidade de nutrientes para as culturas e recomendar a
aplicação racional e económica de correctivos e adubos. Assim, baseando-se no uso de
padrões da terminologia universal para classificação da aptidão de solos (ILACO 1981),
amostras de solos recolhidas nas áreas concessionadas às diferentes empresas
algodoeiras, foram quantitativamente analisadas e comparadas tanto com os padrões
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25
internacionais de aptidão de solos, como entre si para determinação das diferenças
existentes. Para todos os indicadores, o ponto médio é considerado o óptimo em termos
de aptidão de solos para agricultura no geral.
No total 194 amostras de solos foram colhidas e analisadas para os parâmetros de
aptidão, das quais 25 em Montepuez –área de concessão da PLEXUS, 56 em Monapo-
área de concessão da SANAM, 29 em Meconta - área de concessão dos Novos
Operadores, 33 em Cuamba - área de concessão da San-JFS, 15 em Mossurize - área de
concessão da EAVZ-GPZ, e 26 em Marríngue - área de concessão da CNA. Por motivos
de constrangimentos operacionais e de orçamento, amostras colhidas na área de
concessão da DUNAVANT (Mutarrarra e Morrumbala), não foram analisadas.
Os parâmetros analisados incluíram a soma de bases (Na, Mg, K e Ca), capacidade de
troca catiónica (CTC), conductividade eléctrica, acidez em água, disponibilidade de
fósforo, nitrogénio total e textura.
3.3.1.1 Textura do solo
A textura do solo refere-se à proporção da argila, limo e areia do solo. Destas fracções a
argila é a que possue maior superfície específica e por isso é a que caracteriza a
capacidade de adsorção de nutrientes como o fósforo e a troca de catiões. Assim,
dependendo das proporções dos componentes do solo, podem ser classificados como
argilosos, arenosos, franco-argilosos, franco arenosos, franco argilo-arenosos e franco-
arenoso argiloso.
A Figura 15 ilustra as várias características que constituem a natureza de solos das
regiões estudadas.
Foram encontrados nas diferentes zonas textura de solos variando de arenoso a argiloso,
tendo sido a classe textural mais predominante a franco arenoso perfazendo 39.7% dos
solos. Foi mencionado no primeiro capítulo do presente trabalho que a cultura do algodão
se adapta ou se desenvolve satisfatoriamente em solos de textura desde arenoso a
argiloso. Nesse contexto, em termos de textura de solo todas as áreas produtoras
inventariadas reúnem condições de textura de solo aceitáveis para o desenvolvimento da
cultura.
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0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Monte
puez
Monap
o
Mec
onta
Cuam
ba
Morr
/Mut
Mar
ingue
Moss
urize
TOTA
L
Textura dos Solos
G-Argiloso GA-Argilo Arenoso FG-Franco Argiloso FGA-Franco Argilo Arenoso A-Arenoso AF-Areia Franca FA-Franco Arenoso F-Franco
Figura 15. Textura de solos nas regiões de estudo
3.3.1.2. Soma de bases
De acordo com Landon (34) e Ilaco (33) denomina-se soma de bases, à soma de bases
trocáveis (Ca, Mg, K e Na). A soma de bases dá uma indicação da acidez do solo bem
como a capacidade de assimilação de nutrientes como o fósforo.
A soma de bases de 81,15% das amostras totais apresentou um valor acima da média,
sendo que 56.1% apresentaram um valor alto e 25.35% com valor muito alto, i.é, acima
de 16 cmol/kg de solo (Figura 16). Apenas 16.5% das amostras totais apresentaram um
intervalo óptimo (médio), em quanto que 2% da amostra apresentaram uma baixa soma
de bases. O destaque em termos de solos com elevada soma de bases foi para as áreas
dos distritos de Maríngue e Mossurize que não apresentaram nenhuma amostra com
níveis médios ou baixos. O distrito de Monapo, área sob concessão da SANAM é a que
maior percentagem de solos com a soma de bases dentro dos padrões requeridos
apresentou, 28.6% das amostras de solo das áreas de concessão desta empresa.
No cômputo geral pode-se afirmar que os solos das regiões algodoeiras estudadas
apresentam uma boa capacidade de assimilação de nutrientes, com a excepção de uma
pequena porção de solos das regiões de Montepuez, Monapo e Meconta, que por sinal
são as maiores produtoras de algodão, apresentando níveis baixos de assimilação que é
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já um indicativo da sua degradação.
0%10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mar
ingu
e
Mos
suriz
eTot
al
Soma de bases (cmol(+)/kg de solo)
>16 muito alto
8-16 alto
4-8 medio
1-4 baixo
<1 muito baixo
Figura 16. Soma de bases de amostras de solos das regiões de estudo
3.3.1.3. Capacidade de troca catiónica
A capacidade de troca de catiões é um indicativo de perda de nutrientes em solos por
lixiviação. No presente estudo, 50% das amostras totais de solos apresentaram uma
capacidade de troca catiónica dentro dos padrões requeridos (CTC entre 4-8cmol/kg de
solo). Dentre os vários distritos, os de Montepuez e Cuamba são os que apresentaram
maior percentagem de solos dentro dos padrões aceitáveis para este parâmetro, 65.7% e
63.3% respectivamente (Figura 17). A área dos Novos Operadores, o distrito de Meconta,
apresentou maior percentagem dos seus solos com baixa capacidade de troca catiónica
(58.5% das amostras) tornando-os susceptíveis à perca de nutrientes por lixiviação,
enquanto que a área da EAVZ-GPZ apresentou 53.3% das suas amostras com elevada
capacidade de troca catiónica. Estes dados estão em consonância com os dados de
soma de bases embora aqui com ligeiro aumento de solos com indícios de degradação.
0%
10%20%
30%40%
50%60%
70%80%
90%100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mar
ingu
e
Mos
suriz
eTot
al
Capacidade de Troca Catiónica (cmol(+)/kg de solo)
> 40 Muito alta
20-40 Alta
10-20 Média
4-10 Baixa
<4 Muito baixa
Figura 17. Capacidade de troca cationíca das amostras de solos das regiões de estudo
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
28
3.3.1.4. Percentagem de alumínio trocável
Em relação a percentagem de alumínio trocável, todos os distritos apresentaram muito
baixa capacidade de troca, 99.5% das amostras colhidas, conforme ilustrado na Figura
18. O Alumínio é um indicativo do aumento da acidez de solos embora não seja o
responsável. Em situações de acidez elevada, o alumínio aparece em solução na forma
de catião Al+3 tornando-se desta forma livre na solução do solo e tornando-se tóxico para
as plantas. Os níveis de alumínio aceitáveis numa análise de solos é até 5%. Das
análises feitas no presente estudo pode-se observar que a presença de Al está abaixo de
níveis de toxidade.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mar
ingu
e
Mos
suriz
eTot
al
Percentagem de Aluminio trocavel
>85 Muito alta
60-85 Alta
30-60 Moderada
5-30 Baixo
<5 muito baixo
Figura 18. Percentagem de Alumínio trocável
3.3.1.5. Percentagem de sódio trocável
O sódio é um dos nutrientes que estimula o crescimento das plantas. A sua abundância é
muito benéfica para a fertilidade dos solos. Assim, do total das amostras colhidas em
todas as áreas de estudo 78,4% apresentaram uma percentagem de sódio trocável muito
baixa, tendo se destacado para este nível os solos do distrito de Montepuez, área de
concessão da PLEXUS e do distrito de Mossurize da EAVZ-GPZ que tiveram cada uma
100% das amostras com muito baixa percentagem de sódio trocável, seguidas dos solos
do distrito de Maríngue área de concessão da C. N. A com 96.55, Cuamba, SAN-JFS com
90.9, Meconta, novos operadores com 75.9%, e finalmente Monapo da SANAM com
44.6% das amostras com muito baixa percentagem de sódio trocável. Apenas 7.73% das
amostras totais apresentaram uma percentagem de sódio trocável dentro dos padrões
recomendados (moderada 10-25% de sódio trocável), tendo se destacado nesta
categoria, os solos da área de concessão da SANAM com 19.6% das amostras, seguidas
_____________________________________________________________________________
CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
29
da área dos novos operadores, com 13.8% das amostras nesta categoria.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mos
suriz
e
Mar
ingu
e
Total
Percentagem de sódio trocavel
>25 Muito alta
15-25 Alta
10-15 Moderada
5-10 Baixa
<5 Muito baixa
Figura 19. Percentagem de Sódio trocável das amostras de solos da regiões de estudo
3.3.1.6. Condutividade eléctrica
De acordo com alguns autores, existe uma estreita relação entre o rendimento da cultura
do algodão e a conductividade eléctrica dos solos. 194 Amostras de solo foram
analisadas para este parâmetro, tendo todas apresentado uma condutividade eléctrica
muito baixa (CE<2 ds/m). Os resultados são ilustrados na Figura 20.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mar
ingu
e
Mos
suriz
eTot
al
Conductividade electrica (dS/m)
>15 Muito alta
8-15 Alta
4-8 Média
2-4 Baixa
<2 muito baixa
Figura 20. Conductividade eléctrica das amostras de solos das regiões de estudo
3.3.1.7. Acidez ou pH em água
A reacção do solo ao crescimento das plantas é avaliado através do pH determinado em
água ou soluções salinas. O pH condiciona o crescimento das plantas, a actividade dos
microorganismos e a disponibilidade de nutrientes. Em solos ácidos pode ocorrer a
toxidade de Alumínio e Manganésio e os níveis de Cálcio, Magnésio, Fósforo e Potássio
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
30
baixos. Em solos alcalinos, surgem deficiências em Fósforo e micronutrientes tais como
Ferro, Zinco, Manganésio e Boro. Das análises conduzidas para apuramento da acidez
dos solos, 44% do total das amostras apresentaram uma acidez neutra (recomendada
para a maioria das culturas). Dentre as diferentes áreas de concessão, as da C.N.A e da
EAVZ-GPZ é que apresentaram maiores percentagens de solos com o pH nesta
categoria, 76.9% e 66.7% respectivamente. A categoria de pH de solos predominante,
após a neutra, foi a de solos moderadamente ácidos com 37.5 porcento das amostras de
todas as regiões. Nesta categoria destacaram-se os solos da SAN-JFS com 51.5% das
amostras, seguida dos solos da área da PLEXUS, com 48% das amostras nesta
categoria. Foram verificados ainda 17.4% das amostras com pH ácido, tendo nesta
categoria mais uma vez se destacado os solos da área de concessão da SAN-JFS
seguidos dos solos da área da PLEXUS, com 27.3 e 24.5 porcento respectivamente.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mos
suriz
e
Mar
ingu
eTo
tal
Acidez ou pH em Água
> 9 Fortemente alcalino
8-9 Alcalino
7.5-8 Moderadamente alcalino
6-7.5 Neutro Muito alta
5.5-6 Moderadamente ácido
5-5.5 Ácido
4-5 Fortemente ácido
<4 Extremamente ácido
Figura 21. Acidez ou pH em água das amostras de solos das regiões de estudo
Estes dados de análises de solos uma vez mais vem corroborar os dados anteriores nos
quais se verificou que os solos da região norte, ou seja Cuamba, Montepuez, Monapo e
Meconta apresentam indícios de degradação devido à cultura do algodão.
3.3.1.8. Disponibilidade de Fósforo
O Fósforo é o segundo nutriente que limita o crescimento das plantas. A disponibilidade
de fósforo é dividida em 3 categorias: alta, média e baixa. Do total das amostras
analisadas, 64.4% apresentaram uma baixa disponibilidade de fósforo, tendo se
destacado os distritos a seguir apresentados em ordem decrescente de baixa
disponibilidade ( Monapo – 83.9%, Montepuez – 77.1%, Meconta – 75.9%, e Cuamba –
70% das amostras). As categorias de alta e média disponibilidade de fósforo foram muito
pouco predominantes, com apenas 24.2% das amostras com alta disponibilidade e 11.3%
_____________________________________________________________________________
CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
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das amostras com disponibilidade média. Com alta disponibilidade destacaram-se os
solos do distrito de Maríngue (84.61%) e com disponibilidade média destacaram-se os
solos do distrito de Mossurize (46.7%).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mos
suriz
e
Mar
ingu
e
Total
Disponibilidade de fosforo ppm (Ohlsen)
> 15 Alta
5-15 Média
<5 Baixa
Figura 22. Disponibilidade de Fósforo em ppm das amostras de solos das regiões de
estudo.
3.3.1.9. Nitrogénio total
O Nitrogénio é um dos nutrientes dos solos assimilado pelas plantas na forma de
amoníaco. Em termos de percentagem de nitrogénio total, 59% do total das amostras de
solos apresentaram muito baixa percentagem de nitrogénio total, onde se destacaram os
solos da área de concessão da SAN-JFS com 93.9%, seguido da PLEXUS com 71.4%, e
da SANAM com 64.3% dos solos nesta categoria. Solos com percentagem de nitrogénio
total moderada perfizeram 14.4% das amostras totais, tendo os solos das áreas da EAVZ-
GPZ e N. Operadores se destacado nesta categoria, com 40% e 35.7% das amostras
nesta categoria.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mos
suriz
e
Mar
ingu
eTo
tal
Nitrogénio Total (%)
>0.30 Muito alta
0.23-0.30 Alta
0.13-0.23 Média
0.10-0.13 Baixa
<0.10 Muito baixa
Figura 23. Percentagem de Nitrogénio total das amostras de solos das regiões de
estudo
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32
3.3.2. Erosão e degradação de solos
A erosão de solos ocorre geralmente quando se cultiva o algodão em áreas com declive
acentuado acima de 12%. Em algumas das localidades, nas regiões de estudo das três
províncias do Norte do país, cultiva-se o algodão em áreas planas daí não haver grandes
problemas de erosão. Entretanto na província de Nampula nos distritos de Meconta e
Monapo foi observada a ocorrência de erosão de solos como ilustrado na Figura 24, bem
como compactação.
Das regiões de estudo, a região de Nampula é a que apresentou problemas graves de
erosão e degradação de solos.
Figura 24 Exemplos de erosão de solos devido a cultura do algodão
Com base nos vários parâmetros analisados pode-se concluir que a cultura do
algodão é levada a cabo em solos recomendados de acordo com a sua textura.
Contudo, devido ao uso intensivo nos últimos anos, alguns solos têm deficiências de
nutrientes tais como Fósforo e Nitrogénio e acidez moderadamente alta. Tais solos
necessitam de medidas correctivas.. Assim, recomenda-se que as empresas
concessionárias implementem programas de gestão de solos. Um programa de
calagem de solos é uma possível solução para a correcção da acidez dos solos. Esta
prática é muito comum em países como o Brazil. A correcção de disponibilidade de
nitrogénio far-se-ia através do uso de matéria orgânica ou da aplicação de um
programa de rotação e/ou consociação de culturas como milho e leguminosas.
_____________________________________________________________________________
CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
33
Outro aspecto relevante que contribui para a degradação dos solos tem a ver com
práticas culturais, tais como a não observância dos períodos de rotação de culturas.
Como forma de avaliar a intensidade de uso de solos foram incluídas diversas questões
tais como a prevalência do cultivo do algodão nos últimos 5 anos, perspectiva de
produção na campanha seguinte e evolução das áreas de cultivo.
Em relação à prevalência do cultivo de algodão nos últimos 5 anos foi constatado que do
total de entrevistados mais de 70% produz algodão há mais de 5 anos. Nas áreas
concessionadas à EAVZ-GPZ verifica-se menor proporção de produtores com mais de 5
anos e cerca de 50% dos produtores tem menos de 3 anos, tal como ilustrado na Figura
25.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
A
g
r
I
c
u
l
t
o
r
e
s
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
/Mut
Mos
suriz
e
Mar
ingu
e
Total
Anos sucessivos de produção de algodão
5 Anos
4 Anos
3 Anos
2 Anos
1 Ano
0 Anos
Figura 25 Prevalência da produção de algodão nos últimos cinco anos nas regiões de
estudo.
3.3.3. Avaliação do grau de desmatação
Como forma de avaliar o grau de desmatamento devido à cultura do algodão, avaliou-se a
perspectiva de produção do algodão na campanha seguinte, a evolução das áreas de
cultivo desta cultura bem como a percepção das direcções distritais de Agricultura e/ou
direcções distritais para Coordenação da Acção Ambiental. Foram colhidas imagens
ilucidativas da situação e também avaliada a percepção dos líderes comunitátios sobre o
_____________________________________________________________________________
CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
34
efeito da desmatação na alteração da biodiversidade.
3.3.3.1 Perspectiva de produção de algodão na campanha seguinte
Do total de entrevistados, mais de 98 % dos produtores afirmaram que continuariam a
produzir algodão na campanha seguinte à do presente estudo que foi realizado em 2006.
Apenas nas áreas sob concessão da EAVZ-GPZ e CNA é que alguns produtores
afirmaram que não iriam produzir algodão na campanha seguinte. Isto se deve à
introdução nessas áreas de fomento de outras culturas de rendimento como a paprika e
um certo grau de descontentamento dos agricultores com relação a certos procedimentos
das empresas concessionárias, especialmente no que concerne à falta de assistência
técnica.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
% de
camponeses por
área
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
/Mut
Mar
ingu
e
Mos
suriz
eTot
al
Pretende produzir algodão na campanha seguinte
Não vai produzir
Vai produzir
Figura 26 Perspectiva de produção de algodão na campanha seguinte
3.3.3.2. Evolução das áreas de cultivo de algodão
Os resultados são ilustrados na Figura 27. Como pode se observar o distrito de Monapo,
apresenta maiores aumentos de área de cultivo de algodão nos últimos 5 anos. O
aumento na área de cultivo nos últimos 5 anos nas áreas de concessão das diferentes
empresas de fomento variou de 0.5 a 4 hectares, tendo os maiores aumentos sido
verificados nos distritos de Morrumbala de fomento da DUNAVANT, e as maiores
reduções, no distrito de Mossurize, área de fomento da EAVZ-GPZ.
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35
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Mon
tepu
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Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
/Mut
Mar
ingu
e
Mos
suriz
eTot
al
Evolução da área de cultivo do algodão
Redução
Manutenção
Aumento
Figura 27. Evolução de áreas de cultivo de algodão nos últimos 5 anos
Como forma de complementar a informação obtida dos produtores, foram feitos inquéritos
aos DDA bem como aos líderes comunitários para obter a percepção destes sobre o
fenómeno de degradação de solos devido ao cultivo do algodão.
Tabela 4. Alguns indicadores de medição do impacto ambiental providos pelas
DDA’s
Distrito
Factores
Desmatamento Mudança
na fauna/flora
Registo de erosão
Problemas de
fertilidade
Contaminação de fontes de
água Montepuez Sim Sim Sim Não Não
Monapo Não Não Sim Sim Não
Meconta Não Não Não Sim Não
Cuamba Não Não Não Sim Não
Morrumbala Sim Não Não Sim Não
Maríngue Não Não Não Não Não
Mossurize Não Não Não Não Não
Na maioria das áreas onde se cultiva algodão pode se observar que a cultura é praticada
em terrenos planos sem risco de ocorrência de erosão. Adicionalmente, a prática dos
agricultores de deixar os restolhos sobre os campos até a campanha seguinte, protege de
certa forma o solo do impacto directo das chuvas, diminuindo desse modo a possibilidade
de erosão dos mesmos, apesar desta prática trazer problemas na perpetuação da lagarta
rosada que fica dormente nos restolhos da cultura até a campanha seguinte.
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Problemas de fertilidade do solo foram reportados em 4 distritos, em que os DDA’s
atribuíram o fenómeno ao cultivo contínuo de culturas. Para minimizar o problema,
algumas DDA’s tem estado a trabalhar com os camponeses em coordenação com o IAM
e com as empresas concessionarias no sentido do introduzir sistemas de poisio, rotação
de culturas e conssociação do algodão com leguminosas para garantir a recuperação dos
solos. Caso concreto dos distritos de Montepuez em Cabo Delgado e Cuamba no Niassa.
3.3.3.3. Constatações sobre o grau da desmatação
A avaliação do grau de desmatação decorrente da cultura do algodão, foi feita à base do
grau de abertura de novas áreas para a produção do algodão. De acordo com análise
anteriormente feita, é nas províncias de Nampula e Zambézia onde se verificou um
aumento das áreas de cultivo do algodão. Em Nampula, o aumento das áreas não está
relacionado com abertura de novas áreas mas sim o aumento das áreas disponíveis para
a cultura do algodão.
O desmatamento segundo os líderes comunitários ocorreu ainda na altura em que a
produção do algodão era feita no sistema empresarial. Um importante aspecto está
relacionado com a preocupação que se teve na conservação de algumas espécies
florestais, conforme ilustrado na Figura 28.
Em relação aos índices usados para medição do impacto ambiental do cultivo do
algodão, a visão da maioria das DDA’s, com excepção de Montepuez e Morrumbala, é
a de que não se pode associar a desmatação ao cultivo do algodão sabido que os
camponeses tendem a usar as mesmas áreas já disponíveis para o cultivo desta
cultura.
Em relação à mudança da fauna e flora, a maioria das DDA’s é de opinião de que
grande parte da mudança na fauna e flora verificada nos últimos anos deveu-se à
guerra. Importa igualmente referir que as DDA’s reconhecem a incidência cada vez
maior de pragas nas culturas agrícolas, em particular na cultura do algodão, que
podem ser causadas pelo desbalanço ecológico da população de pragas e seus
inimigos naturais resultante do uso de pesticidas.
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Figura 28. Conservação de espécies nativas nas regiões algodoeiras
Em relação a mudança na vegetação:
45.2% dos lideres comunitários entrevistados afirmaram ter havido mudança de
vegetação nas suas comunidades devido a abertura de novas áreas para o cultivo.
Porem, afirmaram que a abertura de áreas não foi exclusivamente para o cultivo do
algodão, mas também para o cultivo de outras culturas alimentares e de rendimento.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
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Mon
apo
Mec
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Cua
mba
Mor
rum
bala
Mos
suriz
e
Mar
ingu
e
TOTAL
Percepção dos lideres comunitários sobre
mudanças na vegetação
Sem mudanças
Com mudanças
Figura 29. Percepção dos Líderes comunitários sobre mudanças na vegetação
Uma maior percentagem de líderes afirmando observar mudanças foi obtida nos distrito
de Montepuez, enquanto que menores percentagens foram obtidas no distrito de
Mossurize. É preciso contudo ser cauteloso na interpretação destes resultados uma vez
que por exemplo nos distritos de Monapo e Meconta, a mudança ocorreu já á bastante
tempo.
Em relação à mudanças na diversidade faunistica, cerca de 80% dos lideres comunitários
não apontaram haver mudanças devido pratica do cultivo de algodão. Grande parte
afirmou que as mudanças faunisticas que ocorreram foram devido a guerra e não a
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
38
abertura de novas áreas para o cultivo de algodão ou a qualquer actividade relacionada
com o processo produtivo desta cultura.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
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Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mos
suriz
e
Mar
ingu
e
TOTAL
Percepção dos lideres comunitários sobre a mudança
na diversidade faunistica
Sem mudanças
Com mudanças
Figura 30. Percepção dos líderes comunitários sobre mudanças na diversidade
faunística
3.3.4. Caracterização da poluição dos recursos hídricos
Para a caracterização da poluição sobre os recursos hídricos foi avaliado o processo de
manuseio de pesticidas incluindo aspectos do treinamento ou assistência técnica
providenciada pelas empresas fomentadoras aos produtores, frequência de aplicação de
pesticidas, dosagens aplicadas, e local de lavagem dos equipamentos de pulverização.
3.3.4.1. Lavagem do equipamento após pulverização
Dos camponeses entrevistados 73.9% afirmaram proceder a lavagem dos equipamentos
após a pulverização, dos quais 22% fazem a lavagem nas margens dos rios, 5.7%
próximo do poço, 4.1% nas margens da lagoa, 51.6% na machamba, 13.95% em casa, e
2.5% em covas abertas para o efeito.
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0%
20%
40%
60%
80%
100%
Pro
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Cuamba
Mor/M
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Marin
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Local de lavagem de equipamentos
Cova
Casa
Machamba
Lagoa
Poço
Rio
Figura 31. Caracterização dos locais de lavagem de equipamentos de pulverização
A percentagem dos camponeses que lavam os equipamentos em casa reflecte a
realidade observada no terreno uma vez que alguns dos campos agrícolas de produção
do algodão estão próximas das zonas residenciais, especialmente nos distritos de
Monapo, Meconta e Cuamba.
3.3.4.2. Caracterização das fontes de água nas regiões de estudo
De maneira simples a contaminação da água pode ser definida como a adição de
substâncias estranhas que deterioram sua qualidade. A qualidade da água se refere à sua
aptidão para usos benéficos, como abastecimento, irrigação, recreação, etc.
As principais fontes de contaminação aquática são as indústrias, a agricultura e os
despejos domésticos. A decomposição natural da matéria orgânica, acumulada em
excesso, causa mudanças drásticas na concentração de oxigênio e nos valores de pH,
que podem ser, às vezes, mortais para os seres vivos.
Várias são as classes de substâncias que podem contaminar a água. Algumas podem
causar turbidez na água (diminuição da transparência), outras aumentar a salinidade ou a
temperatura. Para a caracterização da qualidade da água recorre-se a vários testes tais
como: pH, condutividade, sólidos suspensos, dureza e a cromatografia gasosa.
No total 43 amostras de água foram colhidas nas áreas próximas de áreas de cultivo de
algodão. Destas amostras, 19 foram colhidas em poços e 24 em rios. Para analisar os
níveis de contaminação das águas, as amostras foram submetidas a análise de
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40
potabilidade e presença de substâncias activas no laboratório do Ministério da Saúde, que
consistiu em determinar: o pH, a condutividade (uS/cm), a turvação (NTU), a cor, a
presença de depósitos, a presença de Nitratos (mg/l de NO3), a presença de Nitritos (mg/l
de NO2), a presença de cloretos (mg/l de Cl), a presença de amoníaco (mg/l de NH4) a
Dureza total (mg/l Ca2CO3) e a presença de pesticidas. 39.53% das amostras analisadas
resultaram em água não potável, enquanto que os restantes 60.47% mostraram ser de
água potável. Contudo, é importante referir que as amostras de água colhidas durante o
trabalho foram menores do que as que se desejaria pelo facto de a colecção de amostras
ter sido conduzida na época seca, em que maior parte das fontes de água se encontrava
seca.
De entre as áreas de concessão das diferentes empresas, o distrito de Cuamba da
empresa San-JFS, Morrumbala e Mutarara da DUNAVANT e Maríngue da CNA, tiveram
todas amostras de água potável, em quanto que os distritos de Montepuez e Meconta
áreas da PLEXUS e Novos Operadores, respectivamente, apresentaram maiores índices
de água não potável, 65% e 55% respectivamente.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Mon
tepu
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Mon
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Mec
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Cua
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Mor
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Mut
arara
Mos
suriz
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Mar
ingu
e
TOTAL
Potabilidade das amostras de água colhidas nas
zonas de produção de algodão
Não potável
Potável
Figura 32. Potabilidade de amostras de água nas regiões de estudo
De entre os parâmetros usados para a determinação da potabilidade, os que se
apresentaram mais críticos foram a presença de depósitos, onde 100% das amostras
registou a presença de depósitos.
Para as diferentes amostras houve variação na presença de parâmetros fora do
recomendado, onde para cada um dos parâmetros analisados, as percentagens de
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41
amostras fora dos padrões foram: 2.33% para o pH fora, 9.3% para a condutividade,
25.58% para a coloração, 25.58% para a turvação, 100% para a presença de depósitos,
0% para a presença de nitratos e nitritos, 4.65% para a presença de cloretos e amoníaco,
e 32.56% para a dureza, o que resultou numa percentagem de potabilidade de 60.47% no
geral.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
PH
Con
duct
ivid
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Turv
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or
Dep
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3
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H4
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l mg/
l...
Pot
abilid
ade
Proporção de amostras dentro dos parametros definidos para
potabilidade
Amostras dentro dos
intervalos admitidos
Amostra for a dos
intervalos admitidos
Figura 33. Proporção de amostras dentro dos parâmetros de potabilidade nas regiões
de estudo
As amostras foram também submetidas à cromatografia gasosa com vista a determinação
da presença de substâncias activas derivados de pesticidas.
3.3.5. Impacto sobre o ar
Os impactos sobre o ar decorrentes da produção do algodão ocorrem na sua maioria
durante o descaroçamento do algodão.
3.3.5.1. Contaminação ambiental nas unidades de processamento
A contaminação ambiental decorrente do acondicionamento do algodão resulta da
Das análises feitas não se detectou a presença de substâncias activas derivadas
de pesticidas. Este facto está em conssonância com os dados relativos ao tipo de
pesticidas em uso nas regiões algodoeiras que se degradam muito rapidamente,
facto que não possibilita a ocorrência de acúmulo.
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emissão de poeiras, e da poluição sonora (Figura 34). O condicionamento do algodão visa
fundamentalmente a separação entre a semente e a fibra, filtrando nisto partículas de
areia e outros contaminantes, fazendo também a selecção de fibras que não satisfazem
os requisitos de qualidade, o que resulta em disperdício.
Figura 34. Contaminação ambiental devido à inceneração de resíduos do
processamento do algodão
Assim, a localização das unidades de processamento deveria ser fora das zonas
residenciais, devido às poeiras que resultam do processamento do algodão. A Figura 33
ilustra uma chaminé de extracção poeiras de uma unidade de processamento de algodão
e mostra poeiras produzidas pela unidade de processamento, e por conseguinte a
poluição atmosférica.
Das visitas realizadas a algumas unidades de processamento foi observado que algumas
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43
unidades não disponibilizam para seus operários os devidos meios de protecção
individual. Contudo em outras unidades onde esses meios são disponibilizados tem se
verificado o seu uso indevido por parte dos operários (desleixo), sem que medidas sejam
tomadas para forçá-los.
3.4. Constatações sócio-económicas
3.4.1. Contribuição do algodão na economia local
Como forma de conhecer a contribuição da cultura do algodão na economia local, foram
incluídos nos questionários perguntas referentes a aspectos sócio económicos cujos
resultados são a seguir analisados.
3.4.1.1. Razões para a produção de algodão na campanha seguinte
Dos entrevistados que responderam positivamente a questão sobre a pretensão de
produção do algodão na campanha seguinte foram questionados sobre as razões para a
produção do algodão. Mais de 90% dos entrevistados afirmaram que iriam produzir
algodão como forma de aumentar a renda familiar, 5% devido à melhoria no preço do
algodão e cerca de 2% devido a baixa renda das outras culturas.
Como forma de ultrapassar problemas de poluição do ar há que incentivar o uso pelas
empresas de meios de retenção de partículas contidas nas emissões como por
exemplo a instalaçao de bag-filters nos extractores de poeiras do processamento
algodão. Em relação à segurança ocupacional dos operários, há que criar programas
de consciencialização de trabalhadores e gestores e treinar os supervisores das linhas
de processamento para monitorar os trabalhadores no uso de dispositivos de
protecção individual.
As empresas devem estar dotadas de pessoal médico treinado para diagnosticar e
tratar problemas de saúde derivados da inalação de substâncias contidas nas poeiras
no ambiente de trabalho. Recomenda-se que nas unidades de processamento se
realizem exames médicos semestrais.
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Figura 35. Razão da pretensão de produzir algodão na campanha seguinte.
3.4.1.2. Contribuição do algodão na renda
Para a maioria das famílias, com excepção da área da EAVZ-GPZ, a cultura do algodão é
a que mais contribui na renda familiar, com uma contribuição acima dos 75% conforme
ilustrado na Figura 36.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
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EAVZ-G
PZ
C.N
.ATot
al
Contribuição do algodão na renda familiar
>75%
50-75%
25-50%
<25%
Figura 36. Contribuição do algodão na renda familiar.
Cerca de 90% da população mostra-se ligada por razões económicas, históricas e
culturais ao cultivo do algodão. Esta importante faixa da população não é
necessáriamente reactiva à volatilidade do preço do algodão nem do das outras
culturas. Estes dados são um importante indicador da importância que a cultura do
algodão desempenha na renda familiar dos camponeses nas regiões produtoras desta
cultura.
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Em todas as áreas visitadas, a prática da cultura do algodão, a venda de animais
domésticos a prática de outras culturas e a carpintaria, apresentadas em ordem
decrescente de importância, constituem as principais fontes de rendimento para as
comunidades. Em algumas comunidades a pesca é outra actividade que garante renda a
família. No grupo das outras culturas praticadas para venda destacam-se o gergelim, o
milho, o amendoim, a mandioca, o girassol, e o tabaco. Contudo, os lideres comunitários
afirmaram que tem enfrentado dificuldades na comercialização das outras culturas e
outros produtos por estes não possuírem um mercado garantido, constrangimento que
não é observado com a cultura do algodão.
3.4.1.3. Evolução do capital humano
No presente estudo, a evolução do capital humano sub-entende a evolução do nível de
escolaridade a membros de um agregado familiar como resultado dos rendimentos desta
cultura. Do total dos entrevistados cerca de 25% não observou evolução do capital
humano como resultado directo dos rendimentos obtidos pela cultura do algodão. Tendo
sido a situação mais grave encontrado nas regiões sob fomento da EAVZ-GPZ com
apenas 20% de evolução e nas regiões da SAN-JFS com cerca de 50%.
0%10%
20%30%40%
50%60%70%
80%90%
100%
Percentagem
de famílias por
área
Plexu
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San-J
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DUNAVANT
EAVZ-GPZ
C N A
Total
Evolução do capital humano nas famílias dos
camponeses
Não houve
evolução
Houve
evolução
Figura 37. Evolução do capital humano
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3.4.1.4. Melhoria nas condições de vida
Mais de 90% dos entrevistados acredita que a produção do algodão tem contribuído para
a melhoria das condições de vida, reflectidas na construção de habitação melhorada com
cobertura com chapas de zinco, aquisição de meios de locomoção como bicicletas e
motorizadas, roupa e utensílios domésticos. Contudo nas regiões sob fomento da EAVZ-
GPZ 40% dos entrevistados acha que a cultura do algodão não traz benefícios
significativos na sua vida. Estes dados estão em perfeita concordância com as respostas
dadas no tocante à perspectiva de produção do algodão na campanha seguinte, na qual
encontrou-se nestas regiões uma certa proporção de camponeses que não iria produzir o
algodão. Isto pode estar relacionado com a falta de assistência técnica por parte do
fomentador ou outras razões estruturais a serem sanadas por todo sistema, para que a
cultura não seja prejudicada.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
% de
familias por
área
Plexu
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Sanam
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DUNAVA
NT
EAVZ-G
PZ
C N
ATot
al
Melhoria nas condições de vida das famílias
Não houve
melhorias
Houve
melhorias
Figura 38. Melhoria nas condições de vida
3.4.1.5. Principal actor na produção
60% dos entrevistados afirmaram que o homem é o principal actor na produção do
As constatações acima apresentadas mostram que os camponeses nas zonas
produtoras do algodão usam parte dos rendimentos para o financiamento da
educação dos filhos e, consequentemente, para o desenvolvimento do capital humano
nas regiões algodoeiras. Associado a este aspecto, está também o desenvolvimento
de iniciativas de empreendedorismo alicerçado na cultura do algodão.
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algodão, com particular ênfase no processo de aplicação de pesticidas para o qual
mesmo nas machambas possuídas por mulheres, para as pulverizações sempre solicita-
se a ajuda de um membro de família-homem ou outros camponeses de sexo masculino
para o fazerem.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
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Principal actor na produção do algodão
Homem e
MulherTodos
Criaças
Mulher
Homem
Figura 39. Principal actor na produção do algodão nas diferentes regiões
3.4.1.6. Decisão sobre a renda
A decisão sobre os destinos da receita resultante da produção varia de região para
região. Nas regiões de Cabo Delgado e Nampula, na sua maioria o homem é quem
decide sobre o destino dos proveitos. Enquanto que no Niassa, econtramos uma certa
proporção de mulheres que decidem sobre os proveitos. Isto acontece geralmente para
casos em que a mulher é a chefe de família (viúvas).
O uso de mão de obra infantil não é prática comum, mas das entrevistas levadas a
cabo com os líderes comunitários, ficou evidente que as crianças contribuem na
cultura do algodão geralmente no período em que estão de férias ou aos fins de
semana, isto é, quando as crianças não vão à escola, elas ajudam os pais nas
machambas. Contudo, houve relatos de casos em que crianças foram obrigadas a
paralisar a actividade escolar para ajudar na actividade agrícola em especial na época
da colheita. Em algumas regiões, crianças dos 14 a 16 anos têm suas próprias
machambas que produzem algodão e elas próprias fazem a gestão de seus
rendimentos. Neste caso o algodão é modo de vida e de desenvolvimento de
empreendedorismo.
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48
0%20%40%60%80%
100%
% p
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Plexu
s
Sanam
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s
San-J
FZ
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NT
EAVZ-G
PZ
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ATot
al
Poder de decisão sobre as receitas
Todos
Mulher
Homem
Figura 40. Poder de decisão sobre as receitas
3.4.1.7. Percepção dos Líderes comunitários
Em relação a percepção dos líderes comunitários sobre o processo de produção de
algodão nas suas comunidades, várias foram as respostas; tendo se destacado os custos
dos insumos, benefícios da produção de algodão para a comunidade, e apoio prestado
pela empresa concessionaria ou pelo governo aos produtores de algodão. Resultados
sobre a percepção dos líderes comunitários em relação aos custos de insumos estão
representados na Figura 42.
0%
10%20%30%
40%50%60%70%
80%90%
100%
Mon
tepu
ez
Mon
apo
Mec
onta
Cua
mba
Mor
rum
bala
Mar
ingu
e
Mos
suriz
e
TOTAL
Percepção dos lideres comunitários em
relação ao custo dos insumos
Alto
Médio
Baixo
Figura 41. Percepção dos Líderes comunitários em relação ao custo dos insumos.
Dos líderes comunitários entrevistados em todas as áreas de estudo, 53.1% afirmaram
que os custos dos insumos providenciados pelas empresas fomentadoras são bastante
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elevados, chegando em alguns casos a colocar o produtor com dívidas incapazes de ser
cobertas no final da campanha. Casos destes foram reportados em Mapupulo-Montepuez,
na área de concessão da PLEXUS em que alguns produtores foram obrigados pela
empresa a vender outros bens como animais para poder cobrir a divida de insumos para
com a empresa.
Contudo, ao analisar estas constatações com os rendimentos que se verificam nestas
regiões, verifica-se que nas regiões de Maríngue e Mossurize, os rendimentos por hectare
são mais elevados, portanto compensando o esforço feito pelos produtores. Mas por outro
lado, nas regiões de Monapo e Meconta usam uma variedade de semente com
rendimentos baixos, associado com o facto dos solos estarem relativamente esgotados
conforme constatações da análise de solos.
3.4.2. Problemas de saúde
Para a avaliação dos problemas de saúde nas regiões algodoeiras foram realizados
inquéritos aos centros de saúde, às direcções distritais de saúde bem como à percepção
dos produtores e líderes comunitários.
3.4.2.1. Percepção dos centros/postos de saúde
Em relação aos problemas de saúde prevalecentes nas áreas de produção destacam-se:
as diarreias, problemas respiratórios particularmente em crianças, e problemas da pele
(sarnas). Problemas de vista e HIV-Sida, aparecem com uma incidência média, e
finalmente os envenenamentos voluntários resultantes basicamente de problemas sociais.
Neste aspecto, no distrito de Meconta por exemplo foram reportados no ano passado 6
casos de envenenamento que resultaram em óbitos.
É importante referir que na maioria dos casos as doenças mencionadas como
prevalecentes nas áreas produtoras do algodão podem ter outras causas diferentes da
exposição a agrotóxicos usados no processo produtivo.
Para além dos problemas já mencionados, foram reportados casos de mal nutrição nas
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50
áreas da SANAM, derivados do facto de as terras pertencerem a empresa concessionária
e esta não permitir a produção de culturas alimentares.
Para além da intoxicação com pesticidas, tem se observado em algumas áreas
intoxicação por medicamentos tradicionais, caso de Montepuez. Este aspecto foi
corroborado pelos DDA que também relataram o uso de pesticidas para a captura de
peixe, tendo resultado em alguns casos de intoxicações fatais nos distritos de Cuamba no
Niassa e Mossurize em Manica.
Adicionalmente, foi mencionado nos postos de saúde que os problemas de saúde são
mais relacionados com problemas de saneamento e falta de água. Em algumas
comunidades, como é o caso de Namoro em Montepuez, as senhoras são obrigadas a
percorrer grandes distâncias e a ficar horas nas filas à espera de água. Devido a este
problema, a comunidade tem estado a reunir-se e fazer contribuições com vista a abertura
de poços. Em Nceue por exemplo foi mencionado que as populações tem que percorrer
cerca de 10 km para obter água.
Em algumas regiões, as empresas fomentadoras têm contribuido para a abertura de vias
de acesso para o escoamento da produção. Seria de recomendar que as empresas de
fomento no quadro de suas obrigações socias pudessem contribuir para melhoria da
situação de saúde, através de abertura de furos de água. Isto permitiria o tempo que os
produtores gastam com a procura de água, dedicando-se mais às actividades de
produtivas.
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51
Tabela 5. Frequência de problemas de saúde nas comunidades
Problemas de saúde (frequência)
Local Diarreias Respiratórios Pele Vista Febres HIV Envenenamentos
Voluntários
Mossurize Alta Baixa Alta Baixa Alta Média Baixo
Marringue Alta Alta Alta Baixa Alta Médio Baixo
Montepuez Alta Alta Alta Baixa Alta Médio Baixo
Meconta Alta Média Alta Baixa Alta Médio Baixa
Monapo Alta Médio Alta Baixa Alta Médio Baixo
Mutarara Alta Média Alta Baixa Alta Médio Baixo
Morrumbala Alta Médio Alta Baixa Alta Médio Baixo
Cuamba Alta Alta Media Média Alta Média Baixa
Causas Falta de água de boa qualidade
Mau manuseio de pesticidas
Falta de água de boa qualidade.
Mau manuseio de pesticidas
Viroses e Mau manuseio de pesticidas
Problemas sociais
Problemas sociais
Soluções aplicadas
Sais de hidratação
Banho diário de hexacloreto de benzeno
Vários antibióticos
Sensibilização Indução de vómito com sabão
Soluções propostas pela equipa
Investimento no saneamento
Educação e consciencialização
Higiene Educação e consciencialização
Cuidados de saúde
Sensibilização Medidas de segurança no uso, armazenamento e manuseio de pesticidas
Nota: frequência baixa (0 a 40%), média (40 a 70%) e alta acima de 70%.
_____________________________________________________________________________
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52
3.4.2.2. Sobre o uso de pesticidas nas áreas de estudo
Conhecem-se mais de um milhar de espécies de insectos e outras pragas que atacam o
algodão. Cerca de uma centena foram já identificadas em Moçambique (6). Se a maioria
não tern importância de vulto, outras são responsáveis por grandes prejuízos na cultura do
algodão. As principais pragas, além de enfraquecerem as plantas, destroem muitos botões
florais e cápsulas, depreciam a fibra, assim como a semente, cujo teor de óleo e poder
germinativo são muito afectados. Isto significa reduções de produção que se calcula entre 50
e 70% da capacidade potencial do algodão (6), e bem como a desvalorização da fibra, cuja
qualidade é muito prejudicada.
Para o controle destas e de outras pragas, não se deve lançar mão de métodos isolados,
mas sim, utilizar, em conjunto, as diversas estratégias de que se dispõe: a isto se chama
maneio integrado de pragas.
No Maneio Integrado de Pragas – MIP, não se recomenda aplicar piretróides nos
primeiros 70 dias da cultura, visto que, devido à baixa seletividade apresentada por esses
produtos, os mesmos eliminam os inimigos naturais, que são insectos ou aracnídeos
(joaninhas, aranhas, lixeiro, tesourinha, etc.) que se encontram na natureza e atuam
alimentando-se de pragas, parasitando ou devorando os diferentes estágios de seu
desenvolvimento (ovos, larvas, pupas, ninfas ou adultos). Com a eliminação desses
inimigos, as pragas tendem a ter sua população elevada, acima dos níveis de controle
recomendados, aumentando a necessidade de pulverizações.
Segue-se uma indicação e breve descrição das principais pragas, orgaõs da planta que
atacam, medidas de sanidade cultural e produtos químicos recomendados para o seu controlo,
tabela 6. Para cada praga menciona-se o nome vulgar e o nome científico.
3.4.2.3. Tipo de pesticidas usados
Todos os produtores entrevistados mencionaram usar pesticidas, variando o tipo de
pesticidas em função da região e da empresa concessionaria. A tabela 7 descreve de
uma forma sumária o tipo de pesticidas em uso nos últimos 5 anos por empresa
fomentadora.
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De referir que a legislação em vigor em Moçambique recomenda o uso de pestecidas do
grupo toxicológico III (moderadamente tóxicos). A maioria dos pestecidas encontradas
nas zonas algodoeiras pertencem a esta classe toxicológica.
Tabela 6. Principais pragas e medidas de controlo
Nome da Praga Órgão da planta
Medidas de controlo
Grupo de pesticida Vulgar Científico
Nematodos Meloidogyne spp Raízes Rotação Piretroide
Gafanhoto elegante
Zonocerus elegans Folhas Pulverização Piretróides
Siagrus Siagrus spp. Raízes Tratamento pré-sementeira
Piretróides
Formiga branca Microtermes spp. Raízes Tratamento pré-sementeira
Organofosforado
Helopelte Helopeltis schoutedeni Caule e cápsulas
Pulverização Organofosforado
Jassídeo Empoasca facialis Folhas Usar variedades resistentes
Acetamidinas, Organofosforados e piretróides
Afídeo Aphis gossypii Folhas Pulverização Organofosforados e piretróides
Manchadores de fibra
Dysdercus spp. Cápsulas Pulverização Acetamidinas ou piretróides
Percevejos da semente
Oxycarenus spp. Cápsulas Pulverização Acetamidinas ou piretróides
Mosca branca Bemisia tabaci Folha de algodão
Pulverização Organofosforado
Ácaro vermelho Tetranychus spp. Folhas Pulverização Organofosforados
Lagartas Spodoptera littoralis, Xanthodes graellsii
Folhas Pulverização Organofosforados e piretróides
Lagarta vermelha Diparopsis castanea Frutos Pausa cultural Acetamidinas e piretróides
Lagarta americana Heliothis armigera Frutos e flores
Pulverização Organofosforados, piretróides
Lagarta espinhosa Earias biplaga Flores e cápsulas
Pulverização Organofosforado
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Tabela 7. Tipo de pesticidas usados nos últimos 5 anos
Provedor Nome comercial Substancia activa Grupo de pesticida
DUNAVANT
Karate Lambda-Cyhalothrin Piretroide
Fortis xtra Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Volamipride Acetamiprid 222g/l Acetamidine
Endófio 47,5 Endossulfão 35mg/l Organofosforado
Cyper pro Cipermetrina 200g/l Piretroide
Polytrin Cipermetrina 200g/l Piretroide
Dursban Chlorpyrifos 750g/kg Organofosforado
Karate EC Lambda-Cyhalothrin Piretroide
Karate ED Lambda-Cyhalothrin Piretroide
Novos operadores
Volamipride Acetamiprid 222g/l Acetamidine
Fortis c Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Cyper pro Cipermetrina 200g/l Piretroide
Cypermetrina Cipermetrina 200g/l Piretroide
Cyhalon Lambda-Cyhalothrin Piretroide
Karate Lambda-Cyhalothrin Piretroide
Zipper pro Cipermetrina 200g/l Piretroide
Zacanaca Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
SAN/JFS
Monocrofotos 40% Monocrofotos 400g/l Organofosforado
Monopec 40% Monocrofotos 400g/l Organofosforado
Endopec EC Endossulfao 35g/l Organofosforado
Zipper Super 28% EC Cipertrina 30g/l Piretroide
Dimetec 40% Dimetoato 400g/l Organofosforado
Polytrin C440 EC Cypermetrin 4% Organofosforado
Ciclor EC Clorpirifos 600g/l Organofosforado
Volcano cypermethrin 20% EC Cipertrina 125g/l Piretroide
Zipper 20% EC Cipermetrina 200g/l Piretroide
Fortis K 5% EC Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Monosten 25% UL Monocrotofos 250g/l Organofosforado
Volamiprid 22,2% Acetamiprid 222g/l Acetamidine
SANAM
Fortis C Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Fortis K 5% EC Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Volamiprid Acetamiprid 222g/l Acetamidine
Cyper pro Cipermetrina 200g/l Piretroide
Zacanaca 5% Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Karate Lambda-Cyhalothrin Piretroide
PLEXUS
Zacanaca 5% Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Zacanca 10% Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Zacanaca 68,8% Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Zacanaca 8.8% Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Zacanaca 6% Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
C.N.A
Endopec EC Endossulfao 35g/l Organofosforado
Supercal 70% EC Sem informação Sem informação
Volamiprid Acetamiprid 222g/l Acetamidine
Fortis K 5% EC Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
EAVZ-GPZ
Fenikill 20% EC Fenvalerate 200g/l Piretroide
Mospilan Acetamiprid 30g/l Acetamidina
Fortis K 5% EC Lambda Cyhalothrin 50g/l Piretroide
Kerate Lambda-Cyhalothrin Piretroide
Volcano cypermethrin 20% EC Cipertrina 125g/l Piretroide
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3.4.2.4. Doenças e sintomas relacionadas com a exposição aos grupos de
pesticidas
Organofosforados
Organofosfatos são substancias neurotóxicas que reagem de uma forma irreversível com
a enzima acetylcholinesterase, que é responsável por desactivar a acetil colina nas
junções neuromusculares e em algumas synapses no sistema nervoso central e
periférico. Os organofosfatos degradam-se facilmente no ambiente, e por isso seu
acumulo no ambiente é raramente um problema. Não se acumulam nos tecidos dos
animais e por isso a biomagnificação também não constitui problema. Contudo, os
seguintes sintomas podem ser observados em caso de exposição contínua:
• Depressão e insónia • Falta de concentração • Perda de memória • Ansiedade • Irritabilidade • Teratogenicidade (deformação e anomalias do embrião) • Danos no fígado • Efeitos mutagénicos causada por intoxicação aguda • Entorcimento muscular involuntário • Convulsões • Contracção das pupilas dos olhos • Contracção muscular • Dores nas articulações • Fraqueza generalizada • Hipertensão, • Hiper glicemia • Secreção acentuada a partir dos ductos lacrimais, • Transpiração intensa, • Hiper salivação, • Secreções bronqueais acentuadas (cianoses, náuseas, vómitos, dores abdominais
e diareias.
Piretroides
Atacam o sistema nervoso periférico e central, afectando a transmissão de impulsos
eléctricos ao nível do axónio. Inicialmente estimulam as células nervosas a produzir
descargas repetitivas que se traduzem progressivamente em perda de coordenação dos
movimentos, prostração, convulsões e morte.
Acetamidinas
Membros da familia dos neonicotinoides. Agem sobre o sistema nervosa central,
causando um bloqueio irreversível dos receptores de acetil colina nicotinergicos.
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Toxicidade em humanos em caso de exposição contínua pode incluir:
efeitos carsinogénicos,
efeitos na reprodução (má formação do feto),
efeitos no desenvolvimento (Perda generalizada de peso, acompanhada de um
aumento do tamanho do fígado), e
perda de apetite
3.4.2.5. Problemas de saúde devido ao uso de pesticidas
Em relação aos problemas de saúde predominantes nas regiões produtoras de algodão,
os lideres afirmaram que as doenças mais prevalecentes nas comunidades que podem
estar associadas às praticas culturais do algodão são: problemas de pele, irritações à
vista, diarreias, dores de cabeça, para alem dos envenenamentos voluntários devido a
problemas sociais e, envenenamentos involuntários devido a consumo de alimentos
contaminados como é o caso do peixe, em que alguns pescadores usam produtos
químicos para a sua captura.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
% de
agricultores
por empresa
Plexu
s
Sanam
N. o
pera
dore
s
San-J
FZ
DUNAVA
NT
EAVZ-G
PZ
C N
ATot
al
Agricultores com problemas de saude causados
pelo uso de pesticidas
Não tem
Tem
Figura 42. Problemas de saúde associados ao uso de pesticidas
3.4.2.6. Principais problemas de saúde
Dos agricultores que afirmaram observar problemas de saúde nas suas famílias devido ao
uso de pesticidas, grande parte, em todas as áreas, reportaram dores de cabeça, enjoos
e tonturas como os que eram observados logo após ou ainda durante a aplicação de
pesticidas. Problemas na pele foi o segundo grande grupo de problemas reportados pelos
agricultores.
Tal como nos centros de saúde, os lideres comunitários afirmaram que as doenças mais
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prevalecentes nas comunidades, que podem estar associadas ao do cultivo do algodão
são problemas de pele, irritações da vista, diarreias, dores de cabeça, para além dos
envenenamentos voluntários devido a problemas sociais e envenenamentos involuntários
devido a consumo de alimentos contaminados como é o caso do peixe.
Figura 43. Tipo de problemas de saúde derivados do uso de pesticidas
Foi difícil relacionar a ocorrência das diferentes enfermidades observadas nas áreas de
estudo, com a exposição à pesticidas. Contudo, através dos sintomas típicos de
intoxicação pelos diversos grupos de pesticidas actualmente em uso na produção do
algodão é possível relacionar a ocorrência de algumas das infermidades predominantes
nas diversa regiões, à utilização destes.
3.4.2.7. Distribuição de pesticidas
Os pesticidas em uso nas regiões algodoeiras variam dependendo do fomentador.
Entretanto a nível nacional, a Agrifocus é a principal importadora de pesticidas, que
depois são vendidas às empresas fomentadores. Alguns fomentadores recebem
agroquímicos da Hygrotech e Agroquímicos. As empresas fomentadores dispõem de
esquema de distribuição de insumos, incluíndo naturalmente os pesticidas, que passa
pelo Director de Operações, Supervisores de área, os Chefes de Zona e no fim os
extensionistas que são os que lidam directamente com os produtores.
Em todas as áreas de estudo, verifica-se a existência de esquema de controlo dos
pesticidas. O único senão que se verifica é o controlo da sua aplicação uma vez nas mãos
dos produtores. Foram relatados casos de agricultores que recebendo quantidades de
0%
20%
40%
60%
80%
100%
% de familias
por área
Plexu
s
Sanam
N. O
pera
dore
s
San-J
FS
Dun
avan
t
EAVZ-G
PZCNA.
Total
Problemas de saude nas famílas, derivados do
uso de pesticidas
Outros
Pele
Respiratórios
_____________________________________________________________________________
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58
pesticidas superiores aos necessários para as áreas cultivadas optam por armazenar em
suas casas para uso nas campanhas seguintes. Esta situação resulta em alguns casos da
falsa declaração de área de cultivo e eleva o risco do uso de pesticidas para outros fins.
O presente organigrama (Figura 44) ilustra o circuito de distribuição de insumos e
provimento de treinamento para uso de pesticidas em particular, e a assistência à todo
ciclo produtivo. Este esquema permite que os produtores recebam as quantidades de
pesticidas estritamente necessárias. Acredita-se que devido ao custo dos pesticidas o
sistema não permite que haja acúmulo dos mesmos tanto do lado das empresas
fomentadoras como da dos produtores.
Figura 44. Esquema de distribuição de insumos nas fomentadoras
3.4.2.8. Assistência técnica
Dos camponeses entrevistados 94.3% afirmaram receber assistência técnica das
empresas concessionárias. Os 5.7% que afirmaram não receber assistência técnica
encontram-se maioritariamente na área de concessão da EAVZ-GPZ (61.5% dos
camponeses desta área), havendo contudo uma pequena porção de camponeses que
Director de Operações
Chefes de supervisores
Supervisores
Chefes de supervisores
Chefes de Área
Extensionistas
Produtores
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não recebem assistência técnica nas áreas de concessão dos Novos Operadores (5.3%
dos camponeses desta área) e da SAN-JFS (8% dos camponeses desta área).
0%
20%
40%
60%
80%
100%%
de c
am
po
neses
po
r co
ncessio
nári
a
Plexus
Sanam
N. operadores
San-JFZ
DUNAVANT
EAVZ-GPZ
C N A
Total
Assistencia técnica
Não recebe
Recebe
Figura 45. Assistência técnica aos camponeses
3.4.2.9. Equipamento de pulverização
O equipamento de aplicação de pesticidas usado pelos agricultores é também
influenciado pela empresa fomentadora no local. Contudo, a maioria das empresas
fomentadoras usam a Micro-Ulva, resultando numa percentagem de 92.41% de
produtores que usam Micro-ulva contra apenas 7.59% que usam pulverizadores de dorso.
Os pulverizadores de dorso foram encontrados em Mossurize, nas áreas de fomento da
EAVZ-GPZ.
Percentagem de camponeses em função do
equipamento de aplicação de pesticidas usado
92.41
7.59
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
Micro-Ulva Pulverizador de dorso
Equipamento
%
Figura 46. Tipo de pulverizador usado
As micro-ulvas para sua operação usam energia fornecida na forma de pilhas secas. As
pilhas normalmente têm um tempo de vida curto e são depois descartadas para o
ambiente. No ciclo produtivo do algodão não existe nenhum programa de recolha destes
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60
materiais residuais. Sabendo-se que as pilhas na sua composição contém metais
pesados e tóxicos como o chumbo, estas constituem um perigo para a saúde das
comunidades.
3.4.2.10. Frequência de aplicação de pesticidas
Os resultados dos inquéritos mostram claramente dois polos opostos. Enquanto na JFS-
SAN regra geral aplica-se entre duas a quatro vezes, nas áreas concessionadas à
fomentadora EAVZ-GPZ aplica-se pesticidas duas vezes por semana, dando assim cerca
de 28 tratamentos por campanha. Nas áreas sob a jurisdição da SANAM verifica-se uma
certa dispersão com o número de aplicações variando de 3 a 8. Estas variações podem
estar a reflectir o facto de em algumas áreas distribuir-se semente tratada o que reduz a
aplicação de pesticidas logo após a germinação por as sementes estarem protegidas
contra os fungos e sugadores nas primeiras fases.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Plexu
s
Sanam
Nov
os o
perad
ores
San-J
FZ
DUNAVA
NT
EAVZ-G
PZ
C.N
.ATot
al
Frequencia de aplicação de pesticidas28
20
18
15
10
9
8
7
6
5
4
3
2
Figura 47. Frequência da aplicação de pesticidas
Área de acção da EAVZ-GPZ é a mais critica em termos de vezes em que os pesticidas
são aplicados no campo (até 28 vezes por campanha).
3.4.2.11. Dosagens aplicadas na preparação de pesticidas
Em relação a este aspecto, a maioria dos produtores, 89% segue as dosagens
recomendadas nos rótulos dos frascos contendo os pesticidas. Isto pode estar a reflectir
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61
um aspecto bastante positivo que é a experiência acumulada pelos camponeses na
produção do algodão, conforme mostrado no ponto 3.3.1. Mas este aspecto não deverá
descurar a responsabilidade das empresas de darem assistência técnica no manuseio de
pesticidas, especialmente quando se trata de introdução de novos pesticidas.
Independentemente da concessionária e da dosagem usada, 78.8 % dos agricultores
afirmaram que as quantidades de pesticidas por eles aplicadas nos seus campos são
satisfatórias pois eliminam com sucesso os problemas de pragas que tem enfrentado.
Recomendação sobre dose usada
89.0
7.5 3.4
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
Recomendação
do rótulo
Recomendação
de outros
agricultores
Recomedação
de
extensionistas
% d
e c
am
poneses p
or
cate
goria
Figura 48. Preparação dos pesticidas
3.4.2.12. Equipamentos de protecção
91.7 % dos camponeses entrevistados afirmaram não usar qualquer equipamento de
protecção durante a aplicação de pesticidas. A maioria destes alegam limitação financeira
para aquisição desses mesmos equipamentos. Apenas 8.3% reconheceram usar algum
equipamento, que se resume apenas no uso de mascaras, estando a maioria dos
agricultores deste grupo na área de concessão da DUNAVANT.
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Figura 49. Uso de equipamento de protecção durante a aplicação de pesticidas
3.4.2.13. Saúde e segurança ocupacional nas unidades de processamento
Para a avaliação dos problemas de saúde foram entrevistados operários nas unidades de
processamento. Aspectos sobre horários de trabalho, equipamentos de protecção foram
anotados. Regra geral, na época da comercialização do algodão, as unidades de
processamento operam 24 horas por dia em turnos de 8 horas cada. Devido ao aumento
do volume de trabalho nesta altura, as empresas contratam trabalhadores sazonais.
É aqui onde reside a diferença nas condições de trabalho. Enquanto os trabalhadores
efectivos geralmente tem equipamentos de protecção como botas, uniforme e máscaras.
Os eventuais não dispõem desses meios de protecção. Os maiores perigos para os
operários têm a haver com quedas durante o descarregamento de sacos de algodão,
inalação de poeiras e fibrilha de algodão, manuseio do equipamento de descaroçamento
e fardos.
No processo de acondicionamento do algodão caroço, poeiras e fibrilha são libertados
para o ambiente. Estas partículas do algodão podem ser fonte de doenças pulmonares
para as populações circunvizinhas bem como para os operários quando expostos a
longos períodos, sem uso de equipamentos de protecção como máscaras.
As poeiras podem conter fibras de algodão, fungos, bactérias, areia, pesticidas e outros
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contaminantes. A exposição a partículas do algodão pode causar sérios problemas de
saúde. Os primeiros sintomas são as dificuldades de respiração. Os limites de exposição
médio – também conhecidos como limite de exposição permissíveis – por períodos de 8
horas, estão estimados em 200μg por metro cúbico, de acordo com as normas da OMS.
O processamento da fibra do algodão também pode, por isso, provocar problemas de
saúde ocupacionais devido a não observância de aspectos de segurança e protecção do
trabalhador.
Figura 50. Aspectos de segurança no trabalho. Inapropriada utilização dos meios de
protecção disponíveis.
Assim, nas unidades de processamento visitadas foi possível constatar a existência de
um tratamento diferenciado dos trabalhadores eventuais e efectivos. Regra geral os
trabalhadores efectivos da unidade de processamento dispõem de meios de protecção
como máscaras, capacetes e em alguns casos auriculares.
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Figura 51. Aspectos de segurança no trabalho. Operário sem meios de protecção
adequados.
3.4.3. Práticas culturais
3.4.3.1. Prática de queimadas após a colheita
Regra geral, os camponeses não praticam queimadas descontroladas quer para a
abertura de novas machambas quer para queima de restolhos após a colheita do algodão.
A prática corrente é o corte dos restolhos para depois proceder à queima, conforme ilustra
a Figura 53.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
% de
camponeses
por empresa
Plexu
s
Sanam
N. o
pera
dore
s
San-J
FZ
DUNAVA
NT
EAVZ-G
PZ
C N
ATot
al
Queima de restolhos após a colheita
Não queima
Queima
Figura 52. Prática de queimadas após a colheita
_____________________________________________________________________________
CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
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Figura 53. Preparação de solos para nova campanha
Esta prática não está no entanto em sintonia com o previsto na legislação sobre o ciclo
produtivo do algodão. A legislação para o processo produtivo do algodão exige que os
restolhos da cultura sejam queimados logo após a colheita, para quebrar o cilco de
algumas pragas, em particular da lagarta rosada que tem a capacidade de ficar dormente
nos restolhos até a campanha seguinte, podendo servir de reservatório para infestar a
cultura seguinte. Foi observado no campo que o corte e queima dos restolhos é feita
durante a preparação da área para a sementeira seguinte. Esta prática não favorece o
controlo de pragas como a da lagarta rosada.
3.4.3.2. Rotação de culturas
A rotação de culturas além dos benefícios na produtividade, é uma prática que promove a
redução de pragas, tanto no algodão como nas demais culturas que entram no esquema
de rotação, auxilia no controle de ervas daninhas, reduz a erosão e mantém a matéria
orgânica no solo. As culturas que normalmente são usadas em rotação com o algodão
são: gergelim, milho e feijão; soja, amendoim, e sorgo. Exemplos de uma sequência
aconselhável para a rotação: feijão-algodão, milho-algodão, e gergelim ou amendoim-
algodão. O sistema de consociação pode ser vantajoso desde que obsevados os
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66
aspectos sobre a configuração de plantio a fim de se obter um sistema agrícola eficiente e
mais estável que a monocultura.
Do total de camponeses entrevistados apenas 20% respondeu não fazer a rotação de
culturas, ocorrendo mais nas regiões de Morrumbala e Mossurize onde actuam as
empresas DUNAVANT e EAVZ-GPZ nas quais cerca de 60% dos entrevistados afirma
não fazer a rotação de culturas.
Em Nampula estas práticas foram também observadas em algumas áreas de cultivo que,
pelo Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT), pertencem à empresas
fomentadoras. Nessas áreas a própria empresa autoriza que os camponeses cultivem
apenas o algodão. Caso se verifique baixos rendimentos os camponeses têm de deixar as
áreas em poisio e abrir novas áreas ou explorar as que estavam em poisio, sendo
portanto, esta uma situação lamentável.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
% de
agricultores
por empresa
Plexu
s
Sanam
N. o
pera
dore
s
San-J
FZ
DUNAVA
NT
EAVZ-G
PZ
C N
ATot
al
Rotação de culturas
Não faz Rotação
Faz rotação
Figura 54. Prevalência da rotação de culturas
3.4.3.3. Culturas usadas na rotação
Dentre os agricultores que praticam rotação de culturas, várias são as culturas usadas na
rotação, destacando-se a rotação com cereais nas áreas da EAVZ-GPZ, CNA e PLEXUS.
A mistura de cereais e leguminosas é outra alternativa no processo de rotação, destacada
na área da SAN-JFS. O uso exclusivo de leguminosas nas rotações, é mínimo. Nas áreas
da SANAM e Novos Operadores 65% e 85% dos agricultores, respectivamente, praticam
a rotação usando mandioca.
_____________________________________________________________________________
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67
0%
20%40%
60%80%
100%
% de
camponeses
por área
Plexu
s
Sanam
N. O
pera
dore
s
San-JF
S
Dun
avant
EAVZ-GPZ
C N
ATota
l
Culturas usadas na rotação
Outras culturas e
misturas
Mistura de cereais
e leguminosas
Leguminosas
Cereais
Figura 55. Tipo de culturas usadas para a rotação
Em relação as praticas culturais predominantes na zona, todos os lideres comunitários
afirmaram que as comunidades praticam corte e queima controlada de restolhos após a
colheita do algodão. Também afirmaram não haver registos de queimadas descontroladas
resultantes de abertura de áreas para o cultivo do algodão. As queimadas descontroladas
tem geralmente outros motivos, como a caça e etc.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
PLEXU
S
SANAM
N. O
pera
dore
s
San-J
FS
DUNAVA
NT
EAVZ-G
PZ
C.N
.A
TOTAL
Percepção dos líderes comunitários sobre a
prática da rotação de culturas
Não
Sim
Figura 56. Percepção dos líderes comunitários sobre prática de rotação de culturas
Em relação as rotações, todos os lideres comunitários das áreas da PLEXUS e da San-
JFS afirmaram que as comunidades praticam a rotação de culturas. Contrariamente, os
líderes comunitários da área da DUNAVANT afirmaram que esta pratica não é comum
nesta região.
De seguida é apresentado um resumo das principais constatações dos aspectos
ambientais e sua localização.
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68
Tabela 8. Mapeamento dos aspectos ambientais
Aspectos ambientais Localização
Cuamba Montepuez Meconta Monapo Morrumbala Mutarara Maríngue Mossurize
Manuseio
de
pesticidas
Poluição de
recursos hídricos
media alta baixa alta media media nulo baixa
Poluição de solos media media media media alta alta alta alta
Assistência
técnica
alta alta baixa alta alta alta baixa baixa
Riscos de doenças médio médio médio médio baixo baixo alto alto
Poluição por
embalagens e
pilhas
sim sim sim sim sim sim sim sim
Cultivo de
algodão
Fertilidade de
solos
média média baixa baixa média média alta alta
Erosão média média média elevada baixa baixa baixa baixa
Queimadas após
colheita
não não não não não não não não
Rotação de
culturas
baixa média baixa baixa média média média média
Degradação da
biodiversidade
média média média baixa baixa baixa média média
Cenário natural Pouco
preservado
perda Pouco
preservado
Pouco
preservado
perda Pouco
preservado
Pouco
preservado
relativa
preservação
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Aspectos ambientais Localização
Cuamba Montepuez Meconta Monapo Morrumbala Mutarara Maríngue Mossurize
Qualidade de
semente
baixa média baixa média baixa baixa alta baixa
Reaproveitamento
de resíduos
não não não sim não não não não
Processam
ento do
algodão
Emissão de
poeiras e fibrilha
rejeitada
sim sim não
existe
sim sim sim sim sim
Uso de DPI fraco fraco fraco fraco médio médio fraco fraco
Aspectos
ergonómicos
sim sim sim sim sim sim sim sim
Problemas de
saúde
ocupacionais
sim sim não sim sim sim sim sim
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70
4. AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL NO SECTOR DO ALGODÃO
A avaliação do impacto ambiental efectuada neste trabalho tem como principal objectivo
estabelecer procedimentos para a mitigação de impactos ambientais negativos e
potenciar os impactos positivos identificados durante o presente Estudo do Impacto
Ambiental (EIA), assim como identificar as acções, responsabilidades e medidas de
monitoramento de forma a garantir uma maior sustentabilidade no ciclo produtivo do
algodão tanto do ponto de vista ambiental como sócio-económico.
4.1. Convenções internacionais e legislação nacional sobre ambiente e
biodiversidade
O cumprimento de requisitos legais é um dos objectivos essenciais na definição da
política ambiental. O desenvolvimento da estratégia de gestão ambiental para as regiões
de produção de algodão adoptada no presente trabalho baseia-se em acordos e
convenções internacionais. Em primeira instância, são tomadas em conta as
Convenções de Estocolmo e Roterdão. A convenção de Roterdão é particularmente
relevante neste contexto, já que cria oportunidades para que os países sejam informados
da experiência de outros países com produtos químicos perigosos. As ferramentas e os
instrumentos da política para a gestão de risco e os instrumentos da política para a
redução dos mesmos podem ser implementados em Moçambique à luz desta Convenção.
Em Moçambique a questão ambiental começou a ser discutida com mais profundidade
somente a partir de meados da década de 1980. No aspecto legal, Moçambique
estabeleceu desde então legislações ambientais específicas, tratando de assuntos como:
recursos hídricos, recursos minerais, áreas marinhas, pesca e caça, recursos florestais,
turismo, produtos químicos e poluição atmosférica. Criaram-se leis específicas
regulamentando temas como a obrigatoriedade de execução dos EIA (Estudos de
Impacto Ambiental) e dos EAS (Estudos Ambientais Simplificados) através do decreto
45/2004 – Regulamento sobre o Processo da Avaliação do Impacto Ambiental e o
Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissões de Efluentes –
Decreto 18/2004 de 2 de Junho. O decreto 45/2004 é particularmente omisso na
categorização das fábricas de processamento do algodão e regula apenas aspectos à
montante e à jusante do objecto do presente trabalho como o fabrico de pesticidas
(inserido no quadro das indústrias químicas) e a pulverização aérea ou no terreno em
áreas, individuais ou cumulativas, superiores a 100 ha. Uma abordagem do programa de
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gestão ambiental virado para o futuro requer a utilização de ferramentas credíveis a nível
internacional como seja o ISO 14001. A série ISO 14001 constitui a pedra basilar deste
trabalho porque não só está em processo de adopção em Moçambique como também
porque constitui a base para obtenção da certificação ambiental a nível internacional que
o IAM terá papel determinante. Conseguir-se-á assim ter empresas com a mais valia de
estarem certificadas e a produzir com qualidade e em conformidade com as regras
ambientais.
A "International Standartization Organization" (ISO) é uma organização, sediada em
Genebra (Suíça), reconhecida e aceite internacionalmente no estabelecimento de normas
técnicas. O INNOQ é o organismo de certificação Moçambicano que lida com a
certificação de sistemas de garantia de qualidade e de produtos no país. Um aspecto
importante salvaguardado na série ISO 14001 refere-se ao facto de o conceito de
qualidade abarcar todas as vertentes da actividade das empresas, entre as quais se inclui
a protecção do ambiente. É importante que o sector algodoeiro Moçambicano se guie por
estas normas porquanto:
as empresas podem encontrar na certificação ambiental um instrumento eficaz
para a melhoria de imagem, para uma melhor integração em termos da
comunidade e da opinião pública e mesmo de acesso a novos mercados;
as empresas certificadas por esta norma a nível internacional solicitarão
seguramente aos seus fornecedores que implementem um sistema de gestão
ambiental ao nível daquele exigido por lei nos seus Países; e
as empresas multinacionais e nacionais voltadas para o mercado externo
introduzem paulatinamente sistemas de gestão ambiental com base na norma
ambiental ISO 14001.
4.2. Mapeamento dos Impactos Ambientais
O cultivo do algodão estimula a economia das regiões rurais bem como a economia
nacional, contudo, tem potencial de trazer consigo problemas ambientais tais como
redução da biodiversidade, degradação e erosão dos solos, poluição dos solos e de
recursos hídricos e problemas de saúde ocupacional das comunidades.
O impacto de uma actividade é uma estimativa do valor que a sociedade atribui aos
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efeitos ou mudanças nas condições ambientais. As várias etapas da produção do algodão
têm um certo potencial de criar diferentes impactos de significância variados. Os impactos
dependem da sensibilidade dos solos locais, o grau de consciencialização dos produtores
bem como dos extensionistas das empresas fomentadoras, a capacidade de monitoria e
da observância dos regulamentos ambientais.
Existem os impactos directos que resultam da própria actividade do algodão tais como o
desmatamento na abertura de novas áreas. Os impactos indirectos são os impactos
gerados pelos impactos directos, tais como a extinção da biodiversidade que existia na
floresta. Os impactos podem ser também cumulativos como os decorrentes do mau
manuseio de pesticidas e consequente acumulação no corpo humano.
Por outro lado, os impactos podem ser reversíveis ou irreversíveis. Os impactos
reversíveis são por exemplo os provocados pelo ruído nas unidades de processamento.
Este impacto termina quando a fábrica não estiver em operação. Os impactos
irreversíveis incluem a extinção da biodiversidade florestal e faunística nas regiões
algodoeiras.
4.3. Impactos Biofísicos da cultura do algodão
Impactos biofísicos são aqueles que afectam o ambiente biofísico. A degradação biofísica
é quase inevitável no cultivo do algodão, contudo, o objectivo deverá ser sempre procurar
minimizar a extensão dos impactos. Na avaliação dos impactos da cultura do algodão no
ambiente biofísico, é importante tomar em consideração que os ecossistemas estão
interligados e não isolados no tempo e no espaço. Por exemplo a pulverização dos
campos de algodão pode resultar na contaminação dos recursos hídricos na vizinhança.
Estes por sua vez são o habitat de mariscos que são a base da alimentação das
populações dessas regiões. A exposição por longo tempo poderá resultar em doenças
tais como crianças com deficiências, mau desenvolvimento psico-motor. Por outro lado a
abertura de áreas de cultivo em terrenos com declive acentuado, acima de 12%, sem
obedecer às curvas de níveis, pode contribuir para erosão acelerada dos solos.
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73
4.3.1. Impactos no Solo
O cultivo do algodão, abertura de novas áreas, envolve quase que inevitávelmente a
desmatação. A destronca de áreas para o cultivo do algodão, resulta na perda do cenário
natural. E a desmatação está associado com a perda de espécies florestais e faunísticas,
enquanto as florestas contribuem para o equilíbrio dos gases de estufa na atmosfera e o
seu desaparecimento pode resultar no aumento do acúmulo de gases de estufa na
atmosfera contribuindo deste modo para as mudanças climáticas.
4.3.1.1. Degradação dos solos
Impacto normal, negativo, directo e significativo
A desmatação decorrente do preparo dos solos para o cultivo do algodão deixa os solos
expostos. Quando o cultivo do algodão não é feito usando boas práticas, pode resultar na
degradação do solo por perda da fertilidade, devido à quebra do ciclo dos nutrientes bem
como a perda da vegetação e erosão devido às águas pluviais.
De acordo com as constatações no ponto 3 do presente estudo, sobre as práticas
culturais, verifica-se que existe uma grande percentagem, cerca de 50% que não pratica a
rotação de culturas, chegando mesmo a produzir algodão por mais de cinco anos no
mesmo solo. Considerando que os resultados de análise de solos indicam algum nível de
acidez, teores de nitrogénio e fósforo bastante baixos e baixa capacidade de troca de
catiões e conductividade eléctrica, isto poderá de alguma forma, estar associado à
prevalência de práticas culturas nocivos aos solos.
4.3.1.2. Erosão dos solos
Impacto normal, negativo, directo e significativo
A perda de vegetação resultante do cultivo do algodão, deixa os solos expostos aos
agentes de erosão tais como vento e água da chuva. As mudanças na estrutura dos solos
A situação actual deste impacto ambiental nas regiões de estudo é normal, enquanto
a sua classificação é negativa e de efeito directo sobre o ambiente biofísico. O
impacto resultante é significativo.
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devido à perda de vegetação pode aumentar a velocidade de erosão dos solos.
A erosão observada em algumas áreas, com especial ênfase para a região de Monapo
em Nampula, decorre do facto de estes solos terem sido palco a muitos anos sucessivos
de produção de algodão, expondo-os aos agentes de erosão. Como consequência, estes
solos apresentam baixos teores de nitrogénio e fósforo, acidez abaixo de 5.5 e fraca
capacidade de troca de catiões. A acidez elevada contribui para o aumento da velocidade
de lixiviação de nutrientes e consequentemente susceptibilidade a erosão.
4.3.1.3. Poluição dos solos
Impacto normal, negativo, directo e pouco significativo
O cultivo intensivo do algodão pode resultar na necessidade de cada vez maiores
volumes de pesticidas e agroquímicos. Tal aplicação intensiva de pesticidas pode resultar
na contaminação dos solos devido a substâncias residuais e na alteração do pH. Assim,
no presente estudo, observou-se que existe uma alteração da acidez devido ao cultivo do
algodão. As zonas mais afectadas estão localizados nos distritos de Cuamba e
Montepuez onde se verifcam índice de acidez abaixo de pH 6 em mais de 70% de solos.
Cerca de 50% dos solos nos distritos de Meconta e Monapo apresentam índices de
acidez com pH abaixo de 6. Contudo, contráriamente ao que acontence em Monapo em
que foram identificados casos de erosão de solos, os distritos de Cuamba e Montepuez a
situação ainda não se faz sentir na produção.
Esta situação de elevada acidez dos solos está associada ao facto de em algumas destas
regiões não haver práticas de rotação de culturas. A poluição de solos devido a pesticidas
não tem efeito cumulativo tal como referenciado no capítulo 3 devido à natureza dos
pesticidas actualmente em uso que, fácilmente se degradam no meio ambiente, apesar
das práticas de lavagem dos dispositivos de pulverização nas machamabas.
A situação actual deste impacto é normal sendo classificado como negativo, de efeito
directo e significado.
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Para além do aspecto de possível poluição de solos por lavagem de equipamentos de
pulverização existe o perigo de poluição devido aos vasilhames de pesticidas. Sendo
estes fabricados por PVC um material não degradável e perigoso por ser uma fonte de
compostos organoclorados.
O ciclo-de-vida do PVC apresenta uma oportunidade tanto para a formação como para a
descarga de organoclorados e outras substâncias perigosas no ambiente. Quando o ciclo-
de-vida é considerado por inteiro, torna-se claro de que este plástico aparentemente tão
inócuo é um dos produtos de consumo produzido mais perigosos, sob o aspecto
ambiental, por gerar enormes quantidades de organoclorados tóxicos e persistentes,
libertando-os tanto nos espaços internos como externos onde estiverem presentes. O
PVC contribui com uma porção significativa dos níveis mundiais de poluentes orgânicos
persistentes e alteradores do sistema endócrino, incluindo dioxinas e ftalatos, que hoje
estão presentes universalmente tanto no ambiente como nos organismos das populações
humanas. Fora de quaisquer dúvidas, o PVC é causador de consideráveis doenças
ocupacionais e um profundo contaminador dos ambientes locais.
4.3.2. Impacto nos recursos hídricos
Impacto normal, negativo, directo e pouco significativo
O cultivo do algodão contribui para a poluição da água devido à adição de substâncias
activas de pesticidas. Estas substâncias podem contribuir para redução da qualidade da
água, tornando-a imprópria para os seres vivos de que dela dependem. A contaminação
dos peixes por substâncias activas pode se tornar indirectamente num problema de saúde
pública, com sérios impactos sócio-económicos.
Como se pôde constatatar, no presente estudo, o manuseio de pesticidas e alguns
aspectos sócio-culturais constituem um problema de saúde pública. Os casos reportados
em algumas regiões de uso de pesticidas para a captura de mariscos bem como de
Deste modo, pode se considerar que a poluição de solos é causado por vários factores,
desde à alteração do seu pH, o descarte de embalagens de pesticidas e equipamento
de pulverização e também das pilhas usadas como fonte de energia para os
equipamentos de pulverização, sendo sua classificação negativa e com efeito directo.
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envenenamentos voluntários, constituem sérios problemas que devem merecer uma
abordagem que permita reduzir ou eliminar tais práticas através de monitoramento, na
fase de aplicação dos mesmos, de modo a evitar a manutenção de stocks por parte dos
camponeses.
Entretanto, devido à natureza dos pesticidas mais frequentemente usados nas regiões
algodoeiras (a sua rápida degradação no ambiente), não foi possível encontrar vestígios
dos mesmos nos cursos de água na época em que o presente estudo foi levado a cabo.
Contudo foi possível constatar que a maioria das fontes de águas usadas pelos
camponeses não é própria para o consumo humano, o que se reflecte pela dureza dureza
total elevada, o que pode estar relacionado com a degradação dos solos devido a elevada
acidez que leva à lixiviação de catiões e consequente concentração nos lençóis freáticos
e nos rios.
4.3.3. Impacto na qualidade do ar
Impacto normal, negativo, directo e significativo
As unidades de processamento do algodão caroço podem ter uma gama variada de
impactos sobre o ambiente, um dos quais é a qualidade do ar nas redondezas das
unidades fabris. A poluição do ar é originada pela emissão de poeiras e de fibra de
algodão rejeitado. Ambas tem impactos negativos na qualidade do ar e na saúde das
pessoas expostas.
As poeiras e partículas de fibra do algodão com tamanho abaixo dos 10 mm são
particularmente perigosas para a saúde humana uma vez que entram nos alvéolos dos
pulmões afectando a respiração. O efeito das partículas na saúde depende do seu
tamanho, composição química, massa inalada e forma de exposição.
Para além do impacto na qualidade do ar, as unidades de processamento geralmente
quando em operação produzem ruído por vezes de grande intensidade que pode ser
prejudicial para a saúde dos trabalhadores expostos a este impacto.
A situação deste impacto é normal sendo classificado como negativo e de efeito
directo.
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4.4. Impactos Sócio-económicos do algodão
Os impactos do cultivo do algodão no ambiente sócio-económico podem ser positivos e
negativos. Os impactos positivos têm a ver com o aumento da renda familiar, melhoria
nas condições de vida, criação de auto-emprego e emprego formal nas unidades de
processamento. Contudo também origina impactos negativos tais como o aumento do
risco e vulnerabilidade aos problemas de saúde, o uso de mão de obra infantil, a mudança
das formas tradicionais de renda familiar, segurança alimentar e outros. Um dos
objectivos da avaliação ambiental nas regiões algodoeiras é de encontrar soluções para
minimizar os impactos negativos enquanto se optimizam os positivos.
4.4.1. Impacto na saúde
4.4.1.1 Risco de toxicidade, doenças respiratórias e doenças da pele
Impacto normal, negativo, directo/indirecto e significativo
A saúde ambiental se refere à todas as condições do bem estar da população, ou do
ambiente, que é definido por parâmetros tais como características demográficas,
doenças, nutrição, saúde reprodutiva e exposição a substâncias perigosas no ambiente
físico. Por exemplo, o mau manuseio de pesticidas pode causar doenças respiratórias,
doenças de pele e diarreias ou mesmo óbitos. O manuseio de pesticidas sem os devidos
meios de protecção, pode causar doenças nas pessoas que estão expostas a eles.
Conforme foi possivel constatar durante os inquéritos, os agricultores estão expostos aos
pesticidas devido ao não uso de equipamentos de protecção.
Um estudo mais detalhado envolvendo pessoal médico usando metodologias de
diagnóstico directo do efeito de pesticidas na saúde é de se recomendar.
4.4.1.2. Risco de stress, aspectos ergonómicos e vibração
Impacto normal, negativo, directo e significativo
A situação actual deste impacto é normal sendo classificado como negativo e de
impacto directo
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As unidades de processamento tem sempre níveis elevados de perigos tais como ruídos,
calor, movimento de máquinas pesadas e os perigos ergonómicos. Por exemplo na época
da comercialização, a não observância da altura da carga nas viaturas que transportam o
algodão caroço constitui um perigo de acidentes não só para os ajudantes como para os
outros utilizadores das vias públicas.
A falta de consciencialização sobre a importância do uso dos meios de protecção como
máscaras, capacetes, auriculares e luvas para os operários ligados às unidades de
descaroçamento do algodão, constitue perigo na segurança e saúde ocupacional dos
operários.
As fábricas de processamento localizadas próximos das zonas residenciais,
principalmente se não tomam as medidas de precaução necessárias, também constituem
perigo para a saúde pública das comunidades circunvizinhas devido a emissão de
poeiras.
4.4.2. Impacto económico
4.4.2.1. Criação do emprego
Impacto normal, positivo, directo e significativo
O cultivo do algodão tem um grande impacto no emprego, tanto em termos de emprego
para a população local como na atracção de mão-de-obra de outras regiões. A produção
do algodão cria emprego e oportunidades de emprego. Em muitos casos as empresas
fomentadoras oferecem emprego aos locais que não requere nenhuma qualificação e,
consequentemente auferem salários baixos e aos imigrantes de outras regiões com
qualificações específicas, que ocupam posições técnicas ou mesmo de chefia.
4.4.2.2. Crescimento da economia local
Impacto normal, positivo, directo e significativo
A produção do algodão cria oportunidades de emprego temporários e permanentes, o que
O não uso de meios de protecção constitue potencial perigo na saúde e segurança
ocupacional. A situação do impacto é potencial, sendo classificado como negativo e
significativo.
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é benéfico para a economia local. A população local é recrutada e treinada para
desempenhar o papel de extensionistas. Isto permite aumentar o número de pessoas
capacitadas sobre produção agrícola a nível local.
Algumas empresas contribuem para a abertura de vias de acesso para o escoamento da
produção e outras vezes participam na abertura de fontes de água potável contribuindo
deste modo no provimento de infraestruturas básicas às comunidades locais.
O cultivo do algodão muitas vezes cria oportunidades para emergência de negócios de
fornecedores locais de bens e serviços, tais como agroquímicos, factores de produção
(enxadas, catanas e outros). Isto impulsiona a economia local pois garante que o dinheiro
obtido da comercialização do algodão circula a nível local. Cria oportunidade para o início
de pequenenos negócios como lojas e outros. As empresas fomentadoras podem
contratar empresários locais para o transporte do algodão caroço dos campos de
produção para as fábricas de descaroçamento.
4.4.2.3. Impacto na economia nacional
Impacto normal, positivo, directo/indirecto e significativo
A produção do algodão contribui para as exportações o que ajuda na balança de
pagamentos, especialmente para países em desenvolvimento como Moçambique. Deste
modo a produção do algodão joga um papel crucial como actividade básica para o
desenvolvimento e crescimento económico. O cultivo do algodão também pode servir
para motivar o surgimento da indústria téxtil nacional, sector que é reconhecido a nível
global como maior empregador do país, onde desempenhou papel histórico de segunda
fonte de divisas depois do camarão, posição que perdeu nos últimos anos com o
surgimento do alumíno, energia, gás natural e tabaco e o crescimento sector do açúcar.
Mesmo assim matem-se estável entre a quinta e sexta posição ao nível nacional.
O cultivo do algodão tem um impacto directo/indirecto significativo e positivo sobre a
economia nacional.
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4.4.2.4. Mudança nas fontes tradicionais de geração de rendimentos
Impacto normal, positivo, directo e significativo
O cultivo do algodão contribui para geração de rendimentos que não seria fácil obter de
forma segura à base de outras culturas alimentares de rendimento ou mesmo
comercializando produtos naturais. Contudo as comunidades rurais poderão ser
negativamente afectados nos casos em que não praticam a diversificação de culturas, e a
escassez de alimentos os possa afectar, e nesses caso de dependerem totalmente da
cultura do algodão, podem aumentar a sua vulnerabilidade à pobreza.
Para além do sector agrícola, pela natureza do cultivo do algodão exigir elevados níveis
de aplicação de pesticidas, este pode afectar outras actividades como a produção de mel,
devido ao impacto que os pesticidas podem ter sobre a população dos insectos.
4.5. Levantamento e avaliação de aspectos ambientais
A metodologia adoptada para a identificação dos impactos ambientais nas regiões
algodoeiras foi baseada numa análise qualitativa e quantitativa (visitas ao local, recolhas
de amostras para identificação e entrevistas aos stakeholders) e consistiu:
No levantamento de todas as actividades susceptíveis de gerar impactos nos
diferentes meios.
Na identificação dos impactos resultantes de cada actividade.
Para tal, a identificação dos impactos foi efectuada com base no estudo de documentos,
mapas, relatórios e dados recolhidos aquando da fase de estudo de gabinete,
complementados com a fase de estudos de campo, na qual foram recolhidos todos os
elementos e analisados todos os dados que permitiram a identificação dos impactos
ambientais.
Para tanto utilizou-se uma listagem qualitativa e uma matriz bidimensional, que relaciona
acções a serem implementadas com factores ambientais, aos quais foram atribuídas
escalas quantitativas/qualitativas de acordo com a magnitude do impacto no meio
ambiente, bem como a sua significância.
A magnitude se refere à extensão da alteração provocada pela acção sobre o factor
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ambiental e ainda pode apresentar conotações positivas ou negativas. Já a significância
dimensiona a interferência que o factor causa no meio ambiente.
A magnitude e a significância também foram avaliadas considerando-se aspectos como
temporalidade, duração e abrangência dos impactos. A temporalidade é o parâmetro que
regista a relação entre a data da acção dos impactos por ela gerados e se caracteriza
pela acção. A duração avalia o tempo de permanência do impacto, após concluída a
acção que o gerou, caracterizando-se pelos efeitos provocados. Já a abrangência refere-
se à área envolvida pelo impacto.
4.5.1 Critérios de avaliação
Para a avaliação dos impactos ambientais foram considerados os seguintes parâmetros:
situação operacional, classificação de acordo com o efeito, incidência do impacto,
frequência ou probabilidade, severidade e abragência. Estes parêmtros estão resumidos
na Tabela 9a. Para a classificação, foi utilizada uma matriz, apresentada na Tabela 7c,
cuja coordenada da frequência tem cinco categorias, desde “Extremamente remota” até
“Contínua”. A coordenada da severidade, que tem em consideração critérios ambientais,
económicos e de saúde e segurança ocupacional, possuindo quatro categorias, de
“Negligível” a “Alta”. A classificação resultante tem três categorias: Pouco Significativo,
Significativo e Muito Significativo.
Tabela 9a: Critérios de avaliação dos impactos ambientais.
Parâmetro
Descrição
Designaçao
Situação operacional
Normal No
Pontual Po
Emergência E
Classificação Negativo N
Positivo P
Incidência do impacto
Directa D
Indirecta I
Frequência
Contínua -
Frequente -
Ocasional -
Remota -
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Parâmetro
Descrição
Designaçao
Extremamente remota -
Severidade
Negligível -
Baixa -
Média -
Alta -
Abragência
Local -
Regional -
Global -
Significância
Pouco Significativo PS
Significativo S
Muito Significativo MS
Tabela 9b: Matriz de classificação dos impactos ambientais.
Probabilidade Anual Frequência
> 1.0 Contínua
0.1 – 1.0 Frequente
0.01 - 0.1 Ocasional
0.0001 - 0.01 Remota
0.000001 a 0.0001 Extremamente remota
Negligível Baixa Média Alta
Severidade
Tabela 9c: Chave de classificação dos impactos ambientais.
Chave da Classificação
Pouco Significativo
Significativo
Muito Significativo
Os aspectos ambientais mais relevantes resultantes do levantamento efectuado são
apresentados na tabela seguinte:
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83
Tabela 10a. Levantamento e Avaliação de Aspectos Ambientais – Cultivo do Algodão
Localização Aspecto
ambiental Nº
Impacto ambiental Tipo
Caracterização
Factor
ambiental Situação Classificação Significância
Cam
pos d
e a
lgo
dão
Utilização de
água 1 Biofísico Consumo de recursos hídricos Água No N,D PS
Armazenagem
e aplicação de
pesticidas
2
Bio
físic
o
Contaminação de recursos
hídricos Água Po N,D PS
3 Poluição de solo Solo No N,D PS
4 Ocupação de espaços em
aterros com embalagens Solo No N,D PS
5
Socio
Econó
mic
o Doenças respiratórias,
doenças de pele e diarreias Saúde No N, D S
6 Risco de toxicidade Saúde No N, D & I S
Abertura de
novos campos
de algodão
7
Bio
físic
o
Degradação do solo Solo No N,D S
8 Erosão do solo Solo No N,D S
9 Alteração da biodiversidade Recursos
naturais No N, D S
10 Perda de cenário natural Qualidade
de vida No N, D S
_____________________________________________________________________________
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84
Tabela 10a. Levantamento e Avaliação de Aspectos Ambientais – Cultivo do Algodão (continuação)
Localização Aspecto
ambiental Nº
Impacto ambiental
Tipo Caracterização
Factor
ambiental Situação Classificação Significância
Cam
pos d
e a
lgo
dão
Cultivo do
algodão
11
Socio
Eco
nóm
ico
Aumento da renda familiar
Qualid
ade d
e v
ida
No P, D S
12 Melhoria nas condições de
vida No P,D S
13 Criação de auto-emprego No P,D S
14
Mudança nas fontes
tradicionais de geração de
rendimentos
No P,D S
15 Biofísico Produção de resíduos sólidos Solo No N, D S
Transporte do
algodao e
insumos
agrícolas
16
Socio
Econó
mic
o
Consumo de combustíveis,
óleos e peças Recursos No N, D S
17 Biofísico Poluição do ar Atmosfera No N, D S
_____________________________________________________________________________
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85
Tabela 10b. Levantamento e Avaliação de Aspectos Ambientais – Processamento do Algodão
Localização Aspecto
ambiental Nº Impacto ambiental
Tipo Caracterização
Factor ambiental Situação Classificação Significância
Unid
ades d
e p
rocessam
en
to
Processamento do algodão
18
Bio
físic
o
Emissão de poeiras e de fibras de algodão rejeitado
Atmosfera No N, D S
19 Produção de resíduos
Solo e Atmosfera No N, D S
20 Consumo de energia Energia No N, D S
21
Socio
Econó
mic
o Poluição sonora Ambiente sonoro No N; D MS
22 Risco de stress Saúde ocupacional No N, D S
23
Criação de emprego formal
Socioeconómico No P,D S
Movimento de máquinas pesadas
24
Socio
Eco
nóm
ico
Poluição sonora Saúde ocupacional No N,D S
25 Aspectos ergonómicos
Saúde ocupacional No N,D S
26 Vibração Saúde ocupacional No N, D & I S
27
Bio
físic
o Consumo de
combustíveis, óleos e peças
Recursos No N, D S
28 Poluição do ar Atmosfera No N, D S
Utilização de água
29 Biofísico Consumo de recursos hídricos
Água No N,D PS
No – normal, N – negativo, D – directo, S – significativo, PS – pouco sgnificativo, I – indirecto, P – positivo, MS – muito significativo
_____________________________________________________________________________
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86
4.6. Medidas de mitigação
Após a identificação dos impactos mais significativos, procedeu-se à definiçao de
objectivos e metas a alcançar, de acordo com os requisitos legais e com a política
ambiental, de modo a tornar mais eficaz a utilização dos recursos e a minimizar os
impactos ambientais no processo e cadeia de produção e de valor do algodão.
A definição dos objectivos e metas a atingir no ciclo produtivo do algodão é baseada na
quantificação prévia dos impactos ambientais através da utilização de indicadores
(inicialmente os significativos e, a posteriori, os não significativos). Esta quantificação
possibilitará o acompanhamento e avaliação do cumprimento das metas.
Em termos institucionais, as entidades a envolver na gestão ambiental e socioeconómica
e no monitoramento do cultivo e processamnto do algodão incluem os seguintes
intervenientes:
- Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental a nível Central e Provincial
- Ministério da Agricultura – IAM, DPA e DDA
- Direcções Provincial e Distrital do Trabalho
- Direcções Provincial e Distrital para Coordenação da Acção Ambiental
- Estruturas Administrativas e comunitárias a nível local
Estes intervenientes participarão de forma activa na implementação do Plano de Gestão
Ambiental e nas acções de fiscalização e monitoramento da sua implementação,
conforme as responsabilidades definidas neste estudo e apresentadas na tabela resumo
abaixo detalhada. As actividades descritas nesta tabela sao as que produzem impactos
significativos na cadeia produtiva do algodao.
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TABELA 11a. OBJECTIVOS E METAS - Cultivo do Algodão ACTIVIDADES NO ALGODÃO AMBIENTAL
Nº OBJECTIVO METAS INDICADOR DE DESEMPENHO
Armazenagem e aplicação de
pesticidas
1 Preservar os recursos hídricos
Minimizar os efeitos adversos da contaminação
m3/ha/ano
2 Preservar os solos
Reduzir em 50% a contaminaçao mg/L/ano
3
Reduzir o risco de doenças respiratórias, doenças de pele e diarreias
Minimizar a necessidade de cuidados médicos e poupar recursos
número de casos reportados
4 Optimizar o uso de pesticidas
Maximizar a eficiência das aplicações e poupar recursos
L/ha/ano
5 Reduzir o risco de toxicidade
Criar condições seguras de uso e armazenagem
número de casos reportados
6 Eliminar aterros de embalagens
Reciclar 100% das embalagens de pesticidas
Quantidade/ano
Maneio de Solos
7 Reduzir a degradação do solo
Preservar os solos
ha/ano
8 Reduzir a erosão do solo
Minimizar os efeitos da erosao ha/ano
9 Reduzir a degradação da biodiversidade
Preservar espécies
número de espécies reportado
10 Evitar a perda de cenário natural
Preservar a natureza
número de casos reportados
11
Implementar um modelo de gestao multi-sectorial
Minimizar os efeitos adversos da desmatação
ha/ano
Cultivo de algodão
12
Potenciar o aumento da renda dos produtores
Implementar programas de fomento melhorados
Mt/ano
13 Incentivar o reaproveitamento de resíduos
Implementar a reutilização de resíduos
kg/ano
Transporte do algodão e insumos agrícolas
14
Implementar um modelo eficiente de gestao da frota automóvel
Poupar recursos e evitar danos ambientais
Mt/ano
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TABELA 11b. OBJECTIVOS E METAS - Processamento do Algodão
ACTIVIDADE NO ALGODÃO
Nº OBJECTIVO METAS INDICADOR DE DESEMPENHO
Processamento do algodão
16
Reduzir a emissão de poeiras e fibras de algodão rejeitado
Minimizar a contaminaçao atmosférica
mg/L/ano
17 Reclicar os resíduos
Implementar a reutilização de resíduos
kg/ano
18
Reduzir os problemas de saúde ocupacional
Implementar um programa de conscielizaçao e monitoria
nº de casos reportados
19 Promover a utilização de DPI
Assegurar a utilização em 100% de DPI
nº de trabalhadores usando DPI adequados
20 Optimizar o uso da energia
Maximizar a eficiência do processo produtivo; Implementar auditoris energéticas
kWh/ano
21 Eliminar aterros de resíduos sólidos
Implementar a reutilização de resíduos
Quantidade/ano
22 Reduzir o risco de stress
Implementar métodos de trabalho adequados
nº de casos reportados
23 Melhorar os aspectos ergonómicos
Implementar sistemas de trabalho adequados
nº de casos reportados
Movimento de máquinas pesadas
24 Atenuar os efeitos da vibração
Evitar danos na saúde dos trabalhadores
nº de casos reportados
25
Racionalizar o consumo de combustíveis, óleos e peças
Poupar recursos e evitar danos ambientais
Mt/ano
26 Reduzir a poluição do ar
Reduzir a contaminaçao atmosférica
mg/L/ano
27 Reduzir a poluição sonora
Eliminar o desconforto nos corredores de circulação
dB
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5. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL DAS ZONAS ALGODOEIRAS
Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) são uma metodologia construída a partir de
instrumentos de gestão e de actividades ambientais. Têm como objectivo a melhoria
contínua do comportamento ambiental das organizações através da implementação de
acções de prevenção e de remediação de possíveis problemas ambientais, da avaliação
sistemática, objectiva e periódica dos aspectos ambientais da organização, da prestação
de informações ao público e outras partes interessadas, e da participação activa dos
trabalhadores.
A implementação de um SGA é um processo que visa trazer benefícios para as regiões
algodoeiras, dentre esses benefícios se destaca:
poupança de recursos (água, energia, materiais);
redução de custos;
melhoria das condições de higiene e segurança;
prevenção de acidentes ambientais; e
conformidade com a legislação ambiental.
A elaboração do SGA compreendeu as seguintes etapas:
Identificação de aspectos ambientais relevantes e definição de uma política que
estabeleça o compromisso de redução e prevenção dos impactos ambientais.
Análise da legislação vigente aplicável e definição de objectivos e metas. Em
função destes, estabeleceu-se o programa de gestão ambiental, o qual contêm
acções a executar para fazer face aos aspectos ambientais identificados,
salientando as responsabilidades e funções de stakeholders para cada uma das
acções.
A criação do programa nacional para uma sólida gestão ambiental assenta no
desenvolvimento de actividades integradas, ligando todos os aspectos do ciclo de
produção do algodão incluindo preparação dos solos, rotação das culturas, uso de
agroquímicos e seu ciclo de vida que inclui a importação, o armazenamento, o transporte,
a distribuição, o uso e a eliminação dos mesmos, a colheita, transporte, descaroçamento
e condicionamento das fibras e das sementes. Os aspectos ligados à erosão de solos
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90
devido ao desmatamento, contaminação dos cursos de água e de ambiente bem como
aspectos sócio-económicos serão integrados no plano de gestão ambiental com vista a
garantir a sustentabilidade do ciclo de produção do algodão.
O plano de gestão ambiental toma em conta e particularmente a difícil situação de
Moçambique caracterizada pela:
Falta de informação detalhada de tipos e volumes de pesticidas que estão sendo
trazidos para o país.
Fraco conhecimento por parte dos produtores de algodão sobre como estes devem
ser usados, armazenado e eliminados.
Conhecimento limitado da ameaça que determinados pesticidas representam para
os produtores de algodão.
Ausência de facilidades para a eliminação de pesticidas.
O presente plano de gestão ambiental consiste assim num plano de acção estruturado de
modo a conciliar os objectivos propostos com a sua implementação activa.
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TABELA 12a. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL - Cultivo do Algodão
OBJECTIVOS METAS ACÇÕES RESPONSABILIDADES ACTIVIDADES PRAZO (TRIMESTRES)
1 2 3 4 5 6 7 8
Preservar os recursos hídricos
Minimizar os efeitos adversos da contaminação por pesticidas
Programa de gestao de recursos hídricos; Plano de formação
IAM; Fomentadores; Produtores; Associações; DPA
Monitoramento dos níveis de contaminação por pesticidas
Preservar os solos Minimizar o empobrecimento de solos
Programa de gestão de solos e calagem
IAM; Fomentadores; Produtores; Associações; DPA
Agricultura de conservação, Rotação de culturas e calagem
Reduzir o risco de doenças respiratórias, doenças de pele e diarreias
Melhoria da qualidade de saúde dos agricultores
Sensibilização e treinamento sobre manuseio adequado de pesticidas
IAM; Fomentadores, DPS
Palestras e/ou cursos de treinamento para os utilizadores
Reduzir o consumo de pesticidas
Maximizar a eficiência das aplicações e poupar recursos
Programa de gestão integrada de pragas
IAM; Fomentadores; Produtores; Associações.
Implementação de programas de maneio integrado de pragas
Eliminar aterros de embalagens, pilhas e equipamentos obsoletos
Reciclar 100% das embalagens, pilhas e equipamentos obsoletos
Programa de gestão de recipientes plásticos e pilhas
IAM; Fomentadores; Produtores; Associações.
Programa de recolha de embalagens, pilhas e equipamentos obsoletos
Reduzir a degradação do solo (compactação)
Evitar a compactação do solo
Programa de desenvolvimento do uso da tracção animal no algodão
IAM; Fomentadores; Produtores; Associações; DPA; DPCOA, e empresas de reclicagem de plasticos
Fomento de tração animal
Reduzir a erosão do solo
Minimizar os efeitos da erosão
Implementar práticas agrícolas anti-erosão
IAM; Fomentadores; Produtores; Associações; DPA; DPCOA
Cultivo em curvas de nível para áreas de declive acentuado, Agricultura de conservação
Evitar a perda de cenário natural
Preservar a natureza
Promover a manutenção de espécies nativas na abertura de novas áreas
IAM; Fomentadores
Programas de consciencialização sobre a importancia da preservação das espécies nativas e ou raras
Potenciar o aumento da renda dos produtores
Implementar programas de fomento melhorados
Melhoria e regulação dos programas de fomento das empresas algodoeiras
IAM; Fomentadores
Melhoria no provimento de insumos, assistencia tecnica aos agricultores e no processo de comercialização
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TABELA 12b. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL - Processamento do Algodão
OBJECTIVOS METAS ACÇÕES RESPONSABILIDADES Actividades PRAZO (TRIMESTRES)
1 2 3 4 5 6 7 8
Reduzir a emissão de poeiras e fibras de algodão rejeitado
Reduzir a contaminação atmosférica
Implementar o uso de ciclones e filtros de ar
IAM; Fomentadores; Associações; DPCOA
Montagem de ciclones e filtros de ar nas fábricas de descaroçamento
Reduzir os problemas de saúde ocupacional
Utilização em 100% de DPI
Formar quadros nas empresas para a área de saúde ocupacional.
Fomentadores; Associações; DPT
Admissão de pessoal treinado em HST, Estabelecimento de politicas de HST na empresa, Implementar dispositivos legais vigentes
Eliminar aterros de resíduos sólidos (fibra rejeitada)
Reduzir em 100% os resíduos gerados no acondicionamento da fibra
Re-aproveitameto ou incineração da fibra rejeitada
Fomentadores
Identificar mercados para a fibra reciclada, Montagem de esquemas de incineração
Melhorar os aspectos ergonómicos
Implementar sistemas de trabalho adequados
Programa de treinamento e Programa de sensibilização
IAM; Fomentadores; Associações; DPT
Implementação de política de higiene e saúde no trabalho
Incentivar o reaproveitamento de subprodutos
Implementar a reutilização de subprodutos (semente)
Programa aproveitamento de subproductos
IAM; Fomentadores
Construção de unidades anexas de extracção de óleos, produção de farinhas e rações
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6. MONITORIZAÇÃO E MEDIÇÃO
Durante a implementação das acções, é necessário verificar se este processo decorre
conforme o definido e, caso contrário, proceder a acções correctivas. Esta tarefa utiliza a
monitorização, os registos e as auditorias como ferramentas de apoio.
A monitorização dos impactos mais significativos ´no ciclo produtivo do algodao é uma
etapa crucial para o sucesso do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Para o efeito é
neste trabalho proposto um plano de monitorizaçao sumariamente apresentado na tabela
abaixo.
Tabela 13a. PLANO DE MONITORIZAÇÃO - Processamento do Algodão
OBJECTIVO INDICADOR MÉTODO PERIODICIDADE RESPONSABILIDADE
Reduzir a emissão
de poeiras e fibras
de algodão rejeitado
Unidades de despoeiramento
e de incineração nas
fabricas
Avaliação do
programa Anual IAM, DPCA's
Reduzir os
problemas de saúde
ocupacional
Tecnicos
formados em
HST, Politicas
de HST
Avaliação de
programa Anual IAM, DPT's
Eliminar aterros de
resíduos sólidos
(fibra rejeitada)
Volume de fibra
rejeitada em
aterros
Avaliação do
Programa Anual IAM, DPCA's
Melhorar os
aspectos
ergonómicos
nº de casos
reportados
Avaliação de
programa Semestral
IAM; Empresas de
processamento do
algodão; DPT
Potenciar o
reaproveitamento de
sementes e
subprodutos
Kg/ano Avaliação de
programa Anual
IAM; Empresas de
processamento do
algodão
Uma efectiva implementação dos planos acima propostos tem como pressuposto básico a
criação da necessária competência técnica a nível institucional. Para o efeito está previsto
um plano de treinamento e formação de recursos humanos para a a gestão integrada dos
programas propostos no presente trabalho (ver Capítulo 7).
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Tabela 13b. PLANO DE MONITORIZAÇÃO - Cultivo do Algodão
OBJECTIVO INDICADOR MÉTODO PERIODICIDADE RESPONSABILIDADE
Preservar os recursos hídricos m
3/ha/ano
Análise laboratorial
Semestral IAM; DPA
Preservar os solos Nível de
fertilidade Análise
laboratorial Semestral IAM; Fomentadores
Optimizar o uso de pesticidas L/ha/ano
Avaliação de programa
Semestral IAM; Fomentadores
Reduzir o risco de doenças respiratórias, doenças de pele e diarreias
Número de doentes
registados
Colheita de informação sobre casos
registados nos postos de
saude e na comunidade
Anual IAM; DDS's
Potenciar a utilização de DPI
Trabalhadores usando DPI adequados
Avaliação de programa
Trimestral IAM; Empresas de
processamento do algodão
Eliminar aterros de embalagens, pilhas e equipamentos obsoletos
Volume de material recolhido
Avaliação de programa
Semestral IAM; Empresas de
processamento do algodão
Reduzir o risco de compactação de solos
Número de agricultores praticando
agricultura de conservação e/ou usando
tracção animal
Avaliação de programa
Anual IAM, Fomentadores
Reduzir a erosão de solos ha/ano
Avaliação de programa
Anual IAM; Fomentadores;
Extensionistas
Evitar a perda de cenário natural
Alteração da paisagem
natural e do número de espécies
Avaliação de programa
Anual IAM, DPCA's
Potenciar os benefícios dos produtores Mt/ano
Avaliação de programa
Anual IAM, Fomentadores
6.1. Registos
O funcionamento do Sistema de Gestão Ambiental proposto neste trabalho será baseado
na criaçao de registos de procedimentos, dados de monitorização, resultados de
auditorias, requisitos legais, entre outros documentos. O objectivo destes registos é o de
permitir a verificação da conformidade das actividades de cultivo e processamento do
algodão com os pressupostos estabelecidos no presente trabalho. Neste tipo de sistemas
é frequente a produção excessiva de documentação em papel, que dificulta a sua
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95
manutenção e controlo dos registos. Por isso, é aqui proposta a utilização de registos
informáticos, sempre que possível.
6.2. Auditoria do sistema de gestão ambiental
As auditorias são a base de um SGA, pois permitem aferir o funcionamento do sistema,
detectar ineficiências e sugerir correcções. Propõe-se neste trabalho um programa de
auditorias que proporcione aos responsáveis do IAM as informações necessárias à
avaliação do comportamento ambiental do sector do algodão e da eficácia do SGA.
Assim, propõe-se a efectivação de auditorias internas pelo menos numa base anual. Para
o efeito, o IAM deve contratar uma empresa externa para a realização da auditoria, ou
solicitar a colaboração de associações de agricultores e de instituições de ensino e
investigação abalizadas. Após a auditoria, deverá ser realizado um relatório onde devem
constar diversas informações sobre a mesma, nomeadamente os aspectos auditados e os
resultados da auditoria. Os resultados destas auditorias deverão ser comunicados às
estruturas provinciais e ao operador e as recomendações implementadas pelo proponente
com base nos requisitos incluídos nos relatórios de auditoria. Propõe-se igualmente que o
IAM proceda ao envio dos relatórios de auditoria, no mínimo, para as seguintes
instituições:
MICOA, MINAG, DPA, DPS, MISAU, ONG´s Ambientais e DDA.
6.3. Factores críticos de sucesso
A actividade agrícola e de processamento do algodão têm uma dimensão espacial e uma
dependência dos factores ambientais intrínseca. Este facto dificulta a implementação e o
controlo de um SGA. No entanto, estas características possibilitam a criação de sinergias
entre as várias actividades, e a resolução de problemas através da sua
complementaridade.
Um dos problemas ambientais básicos da actividade agrícola é a poluição difusa,
causada, entre vários factores, pela contaminação por pesticidas. O controlo destes passa
por capacitação e educação pública. Adicionalmente, esta monitorização pode apenas
mostrar resultados a longo prazo, devido à lenta capacidade de recuperação dos
ecossistemas. Nestas situações, é aconselhável a utilização de indicadores de
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96
desempenho operacional.
A implementação de um SGA não tem sucesso a longo prazo se os stakeholders não
tiverem consciência da consequência das suas acções e dos motivos de tomar
determinadas medidas. Deste modo, a formação é um factor crítico neste processo,
reforçado pelo facto de, geralmente, a formação dos colaboradores das explorações agro-
pecuárias ser muito baixa.
As questões legais constituem outro aspecto crucial na implementação de um SGA,
constituindo o cumprimento dos requisitos legais um pressuposto base destes sistemas. A
participação activa dos parceiros constitui uma força motriz na implementação de um
SGA, sendo por isso uma condição prévia e um recurso fundamental para uma melhoria
ambiental contínua bem sucedida. A visão comum deste processo, bem como as suas
linhas gerais, deverão ser decididas e conhecidas por todos os stakeholders, para que a
implementação do SGA seja apoiada por todos, e as suas atitudes diárias sejam
coerentes em torno desse objectivo comum.
Outros factores essenciais para o sucesso deste processo são: a confiança entre os
stakeholders (que deve ser estabelecida cedo); tempo (para participar, estabelecer
relações de confiança, aprender, resolver conflitos e gerar soluções); informação efectiva
e de boa qualidade; e comunicação efectiva.
_____________________________________________________________________________
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7. PROPOSTA DE PROGRAMAS, PROJECTOS E ACÇÕES
7.1. Estratégia de consciencialização em HSO no sector do algodão
Objectivo geral
Elevar a consciência dos principais actores na cadeia de produção do algodão sobre HSO
e, assim fazendo, levar os intervenientes a participar activamente na redução de impactos
negativos das actividades de produção e processamento do algodão na saúde humana e
no meio ambiente.
Acções
Potenciar o uso de Dispositivos de Protecção Individual (DPI) quer no manuseio de
pesticidas quer nas unidades de condicionamento do algodão.
Implementar medidas tendentes a melhorar os aspectos ergonómicos nas
unidades de processamento.
Reduzir a poluição sonora e minimizar os impactos do movimento de equipamentos
pesados.
Implementar medidas de segurança no transporte de fardos de algodão.
Adopção de políticas de HST
Educação em matérias de HST
7.2. Programa de gestão de solos
OBJECTIVOS
Os principais objectivos deste programa são os de minimizar os problemas de
empobrecimento de solos, minimizar os problemas de compactação de solos e reduzir a
erosão de solos.
Acções:
Estimular as empresas algodoeiras a incluir nos seus programas de treino e
sensibilização dos agricultores programas de divulgação de boas práticas
agrícolas, como é o caso da rotação de culturas para reduzir o risco de
empobrecimento de solos.
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Potenciar a utilização de planos apropriados de rotação de culturas em função do
tipo de solos.
Calagem de solos para reduzir a acidez
Uso de tração animal para reduzir a compactação de solos
Formação em técnicas de cultivo em curvas de nível para reduzir riscos de erosão
Fomento pecuário
Treinamento no uso da tracção animal na lavoura de campos de cultivo
7.3. Programa de gestão de recursos hídricos
OBJECTIVOS
Preservar a qualidade da água e minimizar o risco de contaminação por pesticidas e
nitratos.
Acções:
Aumentar o nível de conhecimentos sobre os cuidados que os agricultores devem
ter no manuseamento de pesticidas, nomeadamente, local e forma de
armazenagem, local de mistura dos produtos e local de lavagem dos equipamentos
de aplicação e protecção.
Reduzir ou eliminar uso de pesticidas para a captura de peixe.
Melhorar a gestão de pesticidas através de um plano eficiente de armazenagem,
distribuição, uso e controle de pesticidas.
Para as empresas concessionárias, elaboração de um plano mais eficiente de
controlo, e distribuição de pesticidas que garanta o não acúmulo destes a nível dos
agricultores
7.4. Programa de reaproveitamento de subprodutos
OBJECTIVOS
O objectivo deste programa é o de promover o reaprovetamento da semente do algodão
na produção de farinhas de alto valor protéico para alimentação humana (na ausência do
gossipol) e animal.
_____________________________________________________________________________
CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
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Acções:
Implementar programas de inovação e investigação tendentes a aumentar o nível
de conhecimentos sobre a obtenção de subprodutos do algodão tais como farinhas
de alto valor proteico, óleo refinado, torta e farelo.
Reduzir os problemas de malnutrição nas regiões algodoeiras através da inclusão
de farinhas de elevado valor proteico na formulação de pão e outros alimentos, na
ausência do gossipol.
Diversificar os rendimentos do algodão através do reprocessamento de
subprodutos para produtos de elevado valor comercial e protéico.
7.5. Programa de gestão de recipientes plásticos
Objectivo geral:
O sector do algodão implementará programas que visam reduzir o desperdício de
materiais plásticos e reciclar esses materiais na sua totalidade.
Acções:
Criar um sistema de informação dos utilizadores sobre materiais plásticos.
Standardização dos recipientes de plástico para uma única aplicação
As principais responsabilidades dos fomentadores são as seguintes:
Condicionar a disponibilização de insumos à devolução de recipientes da
campanha anterior.
Recolher, condicionar e encaminhar esses materiais plásticos para unidades de
reciclagem
Criar um espaço com condições técnicas e de segurança para recepção e
armazenagem temporária de embalagens de pesticidas e dos resíduos de
embalagens;
Disponibilizar aos produtores sacos de plástico para recolha de embalagens de
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pesticidas e dos resíduos de embalagens;
Receber as embalagens de pesticidas e os resíduos de embalagens provenientes
dos produtores;
Certificar-se de que só as embalagens de pesticidas são recolhidas;
Garantir, tanto quanto possível, que as embalagens recebidas estão limpas e
secas;
Emitir um comprovativo da entrega das embalagens vazias, com identificação do
utilizador final, data e quantidade de resíduos entregues, se solicitado pelo
produtor.
Servir de veículo de comunicação e distribuição de informação ao produtor; e
Prestar informações ao IAM sobre a actividade de recolha de recipientes plásticos
realizada.
7.6. Programa de potenciação de benefícios aos produtores
Objectivo geral:
O principal objectivo deste programa é o de potenciar o aumento da renda aos produtores
Acçoes:
Propor melhorarias e monitorar o sistema de provimento de insumos
Estabelecer padrões de assistência técnica aos agricultores
Estimular o provimento de semente melhorada
Dotar de capacidade humana formada para acompanhamento do processo de
comercialização
7.7. Programa de gestão de emissões de poeiras e fibrilha
Objectivo geral:
Implementar planos de monitorização com vista a acompanhar as diferentes fases do
processamento de algodão. O programa de monitorização a efectuar deverá abranger de
forma interligada a qualidade do ar, qualidade da água, bio-ecologia, ruído, vigilância da
saúde humana, níveis de risco e psicologia social.
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101
Acções:
Implantar os seguintes sistemas em todas as unidades de processamento do algodão:
Sistema de redução de emissões de Nox;
Sistema de despoeiramento ou retenção de partículas;
Chaminé para emissão dispersiva de gases tratados.
Identificar mercados para a fibra reciclada
Sistemas de incineração de fibrilha.
7.8. Programa de optimização do consumo de pesticidas
Objectivo:
O objectivo principal deste programa é o de implementar técnicas visando o maneio
integrado de pragas e redução do consumo de pesticidas, de modo a aumentar os
rendimentos do cultivo do algodão.
Acções
Optimizar a eficiência das aplicações de pesticidas
Promover a aplicação de pesticidas mais eficientes e mais benignos em relação ao
ambiente
Implementação de programas de maneio integrado de pragas
Monitorar o processo de queima de restolhos no fim de cada campanha.
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
102
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÃOES
8.1. Conclusões
O cultivo do algodão estimula a economia das regiões rurais bem como a economia
nacional. Contudo, as várias etapas da produção do algodão têm um certo potencial de
criar diferentes impactos de significância variada. Os impactos dependem, de entre outros
factores, da sensibilidade dos solos locais, do grau de conscientização dos produtores
bem como dos extensionistas das empresas fomentadoras, da capacidade de monitoria e
da observância dos regulamentos ambientais e de saude ocupacional.
8.1.1. Sobre os sistemas de produção
O sistema de produção do algodão caroço em Moçambique é caracterizado por uma
produção a nível familiar cobrindo cerca de 95% da produção total, através de fomento
realizado por empresas concessionárias. Existem actualmente 7 empresas fomentadoras
com monopólio nas zonas de influência conforme descrito na tabela 1. Este modus
operandi, está de acordo com o previsto na Estratégia para o Desenvolvimento do
Algodão aprovado pelo Conselho de Ministros em Setembro de 1998.
Da análise dos estatísticos da produção de algodão nas campanhas de 2005/6 pode se
constatar que a qualidade de semente usada apresenta baixos rendimentos. Existe uma
necessidade de se fazer um trabalho de melhoramento da qualidade e variedade da
semente de modo a elevar os índices de produção dos actuais 400 a 500kg/ha para as
médias mundiais de 900 a 1200 kg/ha.
8.1.2. Sobre o ambiente biofísico
Nos campos agrícolas
Os solos das regiões estudadas são adequados para a cultura de algodão, variando a sua
textura desde solos argilosos a solos arenosos. A abertura de novas áreas de cultivo não
obedece a um planeamento específico, resultando daí alguns problemas constatados
quanto à gestão de solos. Das análises de solos realizadas, constatou-se que existe uma
proporção significativa de solos com acidez fora dos padrões recomendados para garantir
um normal crescimento de espécies vegetais. Esta elevada acidez associada ao problema
de não rotações de culturas para a recuperação de nutrientes tem levado a uma
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CEE/UP –Plano de Gestão Ambiental para as Regiões Algodoeiras - IAM
103
acentuada degradação de solos caracterizada pela perda de fertilidade e sua
vulnerabilidade à erosão.
A falta de meios adequados para o preparo de solos, especialmente os argilosos, tem
levado a uma acentuada compactação dos mesmos, dificultando deste modo o melhor
desenvolvimento reticular das plantas. Isto tem como consequências baixos rendimentos
devido a incapacidade das plantas de encontrar nutrientes que se encontram mais
profundos. As práticas culturais correntes nas regiões algodoeiras estudadas quer para
abertura de novas machambas quer para remoção de restolhos do algodão, são na base
de queimadas controladas. Contudo observações feitas nas várias regiões, mostram que
tem havido práticas de queimadas descontroladas. As entrevistas aos líderes
comunitários bem como aos DDA indicam que estas práticas estão relacionados com a
caça de animais para alimentação dos camponeses. Há indícios claros de que a prática
de queimadas descontroladas não está relacionada com abertura de novas áreas para a
cultura do algodão.
O uso intensivo de pesticidas, em algumas regiões, tem afectado algumas espécies
faunísticas da mesma família que as pragas que atacam o algodão como o caso de
abelhas.
A actividade algodoeira também provoca impactos negativos sobre os recursos hídricos.
Conforme foi discutido no capítulo 3 sobre locais de lavagem dos equipamentos de
pulverização, algumas das práticas correntes podem provocar a contaminação de
recursos hídricos. A contaminação de recursos hídricos não é decorrente do processo de
pulverização. O maior perigo é o da lixiviação dos minerais das argilas dada a elevada
acidez que foi encontrada poder levar a um aumento de turvação da água tornando-a
imprópria para o consumo. Este aspecto foi detectado na maioria das amostras de águas
analisadas.
Para além do aspecto de lavagem dos equipamentos de pulverização junto aos recursos
hídricos, existe o problema do uso de pesticidas para a captura de peixe relatado em dois
distritos (Cuamba e Mossurize). Fora desta situação, o tipo de pesticidas em uso nas
regiões algodoeiras, são de fácil degradação no ambiente, não constituíndo perigo em
termos de acúmulo a longo termo e sem potencial para impactos ambientais.
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Foi possível constatar no presente estudo que os recipientes são descartados nas
machambas. O mesmo acontecendo com as pilhas usadas nos equipamentos de
pulverização. Tendo em conta os volumes anuais de pesticidas que o sector do algodão
manuseia, é de esperar que haja muitos recipientes e pilhas usadas espalhados nos
campos agrícolas. Estes materiais ao sofrerem a degradação no solo libertam substâncias
perigosas e que a longo termo poderão entrar na cadeia alimentar constituindo perigo
para as populações.
As práticas culturais no que concerne ao tratamento que se dá aos restolhos no fim da
campanha não está de acordo com a legislação e nem com a estratégia de fomento do
algodão. O presente estudo foi realizado no mês de Outubro e nos campos ainda existiam
restolhos o que pressupõe que os restolhos ficaram no campo por mais de três meses
contribuindo negativamente para o maneio de pragas.
Uma das práticas culturais prevista na legislação sobre o fomento do algodão, é o de
incentivar a rotação de culturas como forma de proporcionar o melhor maneio de pragas
bem como uma melhor conservação de solos, reduzindo a sua susceptibilidade à perda
de fertilidade. O presente estudo constatou que em algumas regiões em que os
agricultores não tem o DUAT, as empresa fomentadoras recomendam apenas o poisio,
quando constatam reduções significativas de rendimento.
Nas unidades de processamento
O presente estudo concluiu que as unidades de processamento tem impacto no ambiente
biofísico decorrente da emissão de poeiras e de fibrilha. Estas emissões tem impactos
significativos uma vez que a maioria das unidades de processamento encontram-se
próximo de zonas residencias com uma elevada densidade da população.
As fábricas não dispõe de meios adequados para minimizar o impacto destas emissões
tais como filtros nas chaminés. Para além de que a fibrilha libertada é depositada em
aterros sem as míninas condições de segurança, exposta às chuvas que aceleram a sua
degradação e consequente emissão de mau cheiro. As poeiras podem conter fibras de
algodão, fungos, bactérias, areia, pesticidas e outros contaminantes. A exposição a
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partículas do algodão pode causar sérios problemas de saúde.
8.1.3. Sobre o ambiente sócio-económico
No presente estudo foi possível constatar que a cultura do algodão contribui para a
melhoria da renda e do capital humano das comunidades. O estudo pemitiu concluir
também que a cultura do algodão constitue uma forma de empreendedorismo de jovens
em idade escolar que se envolvem na produção, usando as receitas para auto
financiamento quer na sua educação quer na aquisição de bens pessoais. Tem se
verificado, de forma limitada, o uso de mão de obra infantil na produção do algodão
durante os períodos em que os mesmos não tem actividades escolares.
A distribuição da receita e o principal actor na produção do algodão são factores
associados a aspectos culturais. Nas regiões de Monapo, Meconta, Montepuez e Cuamba
o homem é o principal decisor sobre a renda enquanto nos distritos de Morrumbala,
Mutarara, Maríngue e Mossurize a mulher tem papel na decisão sobre os rendimentos. É
de notar que no caso em que as mulheres são viúvas, elas é que decidem sobre os
rendimentos sem ter que envolver outros membros da família.
Em relação aos problemas de saúde nas regiões produtoras de algodão o presente
estudo constatou que a maioria das doenças são derivadas de saneamento do meio e
falta de água potável. O presente estudo constatou uma má utilização de pesticidas para
resolução de problemas sociais (homicídios voluntários e para uso na captura do peixe).
Quanto ao tipo de pesticidas usados, o presente estudo não constatou o uso de
substâncias proibidas quer pela legislação ambiental nacional quer pelas várias
convecções internacionais de que Moçambique é parte. Devido ao actual sistema de
fomento do algodão, este não permite que haja acúmulo de pesticidas pois os custos de
tal prática incidem directamente sobre a estrutura de custos das empresas fomentadoras.
Um outro aspecto sócio económico importante consiste na abertura de vias de acesso
para o escoamento do algodão, mas de uso generalizado das populações circunvinhas.
Contudo, as empresas fomentadoras não tem contribuído para solução dos problemas
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básicos da população em termos de saneamento do meio e fornecimento de água
potável.
8.2. Recomendações
Nos campos de cultivo
O uso inadequado de áreas para o cultivo do algodão, tem sido referenciado como
principal factor de degradação de solos. Por isso, antes do desbravamento deve-se
proceder a um planeamento racional da capacidade de uso dos solos. Os principais
factores a serem levados em consideração, são: o relevo actual da superfície,
profundidade, drenagem, textura e fertilidade do solo. Deve-se escolher áreas planas e de
relevo não acidentado. Terras com declive acima de 12% devem ser deixadas com sua
vegetação nativa ou exploradas com culturas perenes, pois o algodoeiro é uma das
culturas que mais expõem o solo aos agentes erosivos, sobretudo as águas das chuvas.
Porque o algodão é exigente em nutrientes minerais, a cultura requer solos profundos e
de média a alta fertilidade. Quanto à textura, o algodão se desenvolve satisfatoriamente
em solos a partir dos arenosos até argilosos, desde que existam condições de equilíbrio
entre nutrientes, humidade e aeração. Os solos arenosos são geralmente pobres em
nutrientes e de baixo poder de retenção de água, o que pode ser melhorado com a adição
de matéria orgânica. Os muito argilosos, apesar de ricos em nutrientes, podem prejudicar
o desenvolvimento das plantas, por falta de oxigenação. No entanto, há solos argilosos
bem estruturados, que permitem boa circulação de ar. Isto significa que o algodão pode
ser cultivado em solos de textura variável, porém bem estruturados, com boa drenagem,
fertilidade de média a alta, profundos e relevo plano a pouco ondulado.
Contudo, os de textura mediana, com pH entre de 5,5 e 7,0 são os mais indicados para o
cultivo do algodão, principalmente devido à facilidade de seu maneio. Solos rasos e/ou
com afloramento de rochas, e/ou relevo acentuado (acima de 12%) não devem ser
usados para o algodão, devendo ser ocupados por pastagens, culturas perenes ou
vegetação nativa, de forma que se obtenha o equilíbrio do meio ambiente com a situação
económica da região, visando a proteção ambiental e a sustentabilidade dos sistemas
agrícolas.
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Antes do desmatamento de uma área e, por conseguinte, do preparo do solo, deve-se
efectuar um planeamento racional do uso do solo, para evitar problemas que venham
causar sua degradação. Relevo, pedregosidade, afloramento de rochas, profundidade e
textura do solo são os aspectos que devem merecer mais atenção.
Nas áreas novas, após o desmatamento, destronca e retirada da lenha, os restos da
vegetação cortada devem ser enleirados em nível, com distância de 20 a 30m entre
fileiras. Havendo pedras soltas na superfície, estas poderão ser apanhadas e distribuídas
junto às margens, de maneira que formem muretas de pedra o que deve ser feito,
também, em áreas já trabalhadas. Outras práticas simples de controle da erosão podem
ser usadas como a utilização de terraceamento, que pode controlar mais de 70% da
erosão.
O uso de capinas alternadas e a sementeira de algumas linhas de uma cultura mais
densa (exemplos: gergelim, cana-de-açúcar, capim, sorgo ou feijão) formando faixas de
retenção de água a cada 20m ou 30m, dependendo da declividade, seriam outras
alternativas.
A melhor preparação de solos é aquela que proporciona as melhores condições para
germinação, emergência e desenvolvimento do sistema radicular das culturas, com o
mínimo de operações e sempre conservando o solo. O teor de humidade do solo, no
momento do preparo, é de grande importância. O solo deve ser trabalhado com sua
consistência friável, ou seja, na prática seus torrões podem ser facilmente rompidos em
frações menores, quando comprimidos entre os dedos, sem aderir aos mesmos. Com
esta umidade, qualquer máquina opera com o mínimo esforço, consequentemente
realizando melhores serviços, menos onerosos e com menor risco de compactação do
solo.
O estabelecimento adequado do algodoeiro é a chave do sucesso no empreendimento.
Tarefa das mais importantes, que requer cuidados do qual depende todo o processo
produtivo, compreende a época de sementeira, espaçamento adequado, conssociação
com outras culturas (se for o caso) adubação e sementeira.
A época da sementeira refere-se ao período do ano mais recomendado para se iniciar o
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cultivo de qualquer espécie vegetal, considerando-se que, ao longo do ciclo das plantas, e
em cada estágio de desenvolvimento, devem ocorrer condições ambientais favoráveis.
Assim, se a época de sementeira é determinada directamente pelos fatores climáticos, o
zoneamento determina a época de sementeira. Para o cultivo do algodão, a melhor época
de sementeira é de acordo com o zoneamento sendo muito importante em virtude da
sensibilidade que a espécie possui em relação aos factores ambientais, em especial para
a água, que é o factor mais escasso.
O algodão é uma cultura que não necessita de grandes volumes de água durante seu
ciclo. Deve-se programar a época de sementeira, de forma que a colheita ocorra no
período seco, evitando-se o comprometimento da qualidade da fibra colhida. A época de
sementeira varia de acordo com a região concentrando-se, de Novembro a Maio. O teor
de humidade do solo é de grande significado no momento da sementeira, por facilitar as
operações com o solo, favorecer a germinação das sementes e o desenvolvimento inicial
das plantas, e ainda formar um quadro adequado, razão por que se recomenda a
sementeira nas primeiras chuvas.
Uma prática de importância ímpar é a consciencialização dos produtores de uma mesma
área e dentro de uma mesma região, para que procedam a sementeira na mesma época,
para facilitar o controle de pragas, não devendo ultrapassar 30 dias de uma sementeira
para a outra.
O espaçamento e a densidade de sementeira são aspectos tecnológicos, que definem a
população e o arranjo de plantas, podendo interferir no rendimento e nas operações a
serem realizadas em uma lavoura.
Há contudo necessidade de haver uma conscientização das populações para reduzir
práticas de queimadas.
Das análises de águas realizadas no Laboratório de Água, Higiene e Alimentos do
Ministério da Saúde, não foi detectada a presença de substâncias activas. Contudo existe
uma recomendação da necessidade de realizar uma monitoria durante os períodos de
aplicação de pesticidas como forma de avaliar a quantidade de pesticidas que chegam às
fontes de água.
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Uso de agroquímicos
Muitas vezes, para se obter boa produtividade na actividade agrícola, necessita-se lançar
mão a agroquímicos, seja para o controle de pragas, doenças, plantas daninhas ou para
regular os processos fisiológicos das plantas. Neste caso, deve-se tomar os devidos
cuidados, tanto para comprar, transportar, armazenar como para aplicar esses produtos,
visto que, quando mal manuseados, podem causar graves danos ao ambiente e ao ser
humano. Os principais cuidados que devem ser observados são:
Aquisição - Na aquisição de agroquímicos, o produtor deve consultar um técnico
agrónomo que deverá fazer um diagnóstico adequado e recomendar, se
necessário, o melhor método de controle, modo de aplicação, época, produto e
dosagem necessária, sem danos ao ambiente nem ao homem. Embalagens
danificadas ou com vazamento, não devem ser comercializadas nem adquiridas.
Transporte - Deve ser realizado em camionetas ou tractores mas nunca em carro
fechado e muito menos junto de alimentos, pessoas, animais, medicamentos e
rações.
Armazenamento - Deve ser realizado num edifício próprio para este fim, sinalizado
com placa, com os dizeres “Cuidado, Veneno” , feito de alvenaria , com boa
ventilação e iluminação natural, devendo possuir piso de concreto e ficando
protegido do acesso de crianças e animais.
Manuseio - Após a compra dos produtos, estes devem ser transportados para a
empresa e armazenados em local adequado. A sua aplicação no campo deverá ser
com uso de dispositivos de protecção individual (DPIs), compreendendo,
basicamente, calça e avental impermeáveis, botas de cloreto de polivinilo (PVC),
máscara com carvão ativado para evitar a inalação do produto, óculos para
proteção dos olhos, boné de algodão hidrorrepelente, com abas que protejam o
couro cabeludo e o pescoço, além de luvas de neoprene.
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Aplicação de pesticidas
Na aplicação dos pesticidas há que obedecer às seguintes recomendações:
Vento com velocidade entre 3,2 a 6,5 km/h.
Verificar a ocorrência de vazamentos, bicos entupidos, gastos ou danificados.
Pulverizar na velocidade, com pressão e no horário recomendados pelos
fabricantes.
Utilização de misturas podem ocasionar fitotoxidade, mau funcionamento dos
produtos ou entupimento dos equipamentos.
O desentupimento dos bicos não deve ser feito com a boca. A melhor maneira é
com uma escova de dentes, usada. A utilização de arame pode danificar os bicos.
Após a aplicação, respeitar o intervalo de segurança dos produtos (período entre a
aplicação e a colheita) o que evita a contaminação aos colhedores, assim como o
período de reentrada na área.
Deve-se fazer a lavagem das embalagens três vezes, com vista a possibilitar sua
reciclagem, através de um programa de recolha de embalagens lavadas.
A água a ser utilizada na pulverização, deve ser limpa e de boa qualidade, pois
quando suja pode ocasionar o entupimento dos bicos do pulverizador e prejudicar a
ação dos produtos.
A preparação das misturas (diluição dos pesticidas) deve ser feita em local
específico, com todo cuidado, para evitar derramar o produto no ambiente,
utilizando-se equipamento para dosagem exclusiva para tal fim.
Deve-se exigir, do aplicador, a utilização desses equipamentos, pois em geral
estes não gostam de utilizá-los devido ao desconforto térmico que os
equipamentos proporcionam.
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Antes da compra de pesticidas, deve-se fazer um levantamento dos stocks da
propriedade e consultar um técnico sobre a possibilidade de sua utilização, ao
invés de comprar novos produtos, para evitar a acumulação de produtos que levam
à obsolência destes.
Após a aplicação, lavar os DPls separadamente das roupas da família e tomar
banho logo após a aplicação, com água abundante e sabão.
Parcerias
Com o objectivo de elevar a consciência dos principais actores na cadeia de produção do
algodão sobre higiene e saúde ocupacional foi elaborada uma estratégia de
consciencialização em HSO no sector do algodão. Um possível parceiro para a
implementação deste programa é a Suécia que vem já financiando algumas actividades
deste âmbito na UEM.
A minimização de problemas de empobrecimento de solos é abordada no contexto de um
programa de gestão de solos. Um possível parceiro seria o Fundo Nacional do Ambiente.
Um programa de gestão de recursos hídricos cuida da preservação da qualidade da água
e do problema de contaminação por pesticidas e nitratos. Possível parceiro é o Fundo
Nacional do Ambiente.
A redução da acidez de solos e o melhoramento da retenção de nutrientes e o combate
da erosão dos solos é abordada no programa de calagem de solos. Possível parceiro
Fundo de Fomento Mineiro.
Faz ainda parte deste pacote um programa de reaproveitamento de subprodutos e
resíduos que visa promover o reaprovetamento da semente do algodão na produção de
farinhas de alto valor protéico para alimentação humana e animal e potenciar o
reaproveitamento de resíduos para a criação de produtos de valor acrescentado. Possível
parceiro é a França através do IRD.
Para implementar uma gestão moderna de resíduos que gere benefícios e aumente a
competitividade das empresas do sector algodoeiro e abra novos mercados onde a
qualidade ambiental é uma vantagem tanto para empresa como para sociedade foi
elaborado um programa de reaproveitamento de subprodutos e resíduos. A problemática
da poluição causada por pilhas e acumuladores é tratada no programa de gestão de
pilhas e acumuladores. Um programa de gestão de emissões de poeiras e fibrilha
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contendo planos de monitorização com vista a acompanhar as diferentes fases do
processamento de algodão cuidará da qualidade do ar, qualidade da água, bio-ecologia,
ruído, vigilância da saúde humana, níveis de risco e psicologia social. Finalmente, a
redução do desperdício de materiais plásticos e a reciclagem destes materiais plásticos é
a temática contida no programa de gestão de recipientes plásticos. Possíveis parceiros
são o Fundo Nacional de Ambiente, o Centro Nacional de Produção Mais Limpa e o
Forúm Empresarial para o Meio Ambiente.
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9. REFERÊNCIAS
1. Decreto nº 7/91 de 23 de Abril de 1991
2. Diploma Ministerial nº 91/94, Regulamento para a cultura do algodão
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Algodão de Moçambique, Maputo.
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Algodão de Moçambique, Maputo.
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8. Avaliação Ambiental Estratégica do PROAGRI, Maputo, Abril de 2004
9. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Cuamba, província do Niassa.
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10. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Montepuez, província de Cabo
Delgado. ACNUR/PNUD, Maputo, 1997 e 2005
11. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Monapo, província de Nampula.
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12. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Meconta, província de Nampula.
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13. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Morrumbala, província da Zambézia.
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14. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Mutarara, província de Tete.
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15. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Maríngue, província de Sofala.
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16. Perfis de desenvolvimento distrital, distrito de Mossurize, província de Manica.
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