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PROPOSTAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM INFRAESTRUTURA PARA DATA CENTER Thiago Gomes Vasconcelos Oliveira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários a obtenção de grau de Engenheiro Eletricista. Orientador: Jorge Nemésio Sousa, M.Sc. Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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PROPOSTAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM

INFRAESTRUTURA PARA DATA CENTER

Thiago Gomes Vasconcelos Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários a obtenção de

grau de Engenheiro Eletricista.

Orientador: Jorge Nemésio Sousa, M.Sc.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

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I

PROPOSTAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM

INFRAESTRUTURA PARA DATA CENTER

Thiago Gomes Vasconcelos Oliveira

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DE GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Aprovada por:

__________________________________________

Prof. Jorge Nemésio Sousa, M.Sc

(Orientador)

__________________________________________

Prof. Sergio Sami Hazan, Ph.D

(Examinador)

__________________________________________

Eng. Darlan Seleri Hardy de Moura

(Examinador)

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II

Oliveira, Thiago Gomes Vasconcelos

Propostas de Eficiência Energética em infraestrutura para Data Center/ Rio de Janeiro: UFRJ

/ Escola Politécnica / Departamento de Engenharia Elétrica, 2017.

XIII, 50 p.: il.; 29,7cm

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Departamento de Engenharia Elétrica,

2017.

Referências Bibliográficas: p. 48-50.

1. Eficiência Energética. 2. Data Center.

I. Nemésio Sousa, Jorge. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Departamento de Engenharia Elétrica. III. Título

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III

“Paciência, persistência e transpiração fazem uma

combinação imbatível para o sucesso. ”

Napoleon Hill

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IV

Dedicatória

Dedico este trabalho integralmente aos meus pais, Octávio Luiz e Olga Cristina, ao meu

irmão Alan Oliveira e a minha noiva Lívia Nyaradi por me motivarem constantemente e me

apoiarem nos momentos mais difíceis e que sem esse suporte nada seria possível.

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V

Agradecimentos

Agradeço aos meus avós paternos Oscar e Elvira Oliveira por me apresentar o

verdadeiro valor do estudo e por seus exemplos de vida.

Agradeço com igual intensidade aos meus avós maternos Gilson (in memoriam) e

Dalva Gomes Vasconcelos pelos incentivos e por acreditarem em mim mesmo diante de

situações adversas.

À minha eterna namorada Lívia Nyaradi, que lutou ao meu lado durante todo esse

processo, pelo carinho e por ter sido paciente e me aconselhado da melhor maneira possível

quando os níveis de estresse estavam na iminência da loucura.

Aos meus amigos Caio Brum, Erick Barros, Maurício Dias e Teodoro Guarinello pela

amizade e pelas longas conversas que me proporcionaram momentos de distração e

ensinamentos.

Aos meus familiares, primos (as) e tios (as), que criaram alicerces até a chegada desse

momento.

Aos meus colegas de trabalho pelo suporte e ensinamentos diários durante o período de

estágio.

Ao professor Sergio Sami Hazan que, sempre solícito, aceitou participar desta banca e

contribuiu imensamente para o desenvolvimento do trabalho.

Ao professor Jorge Nemésio pela disponibilidade, paciência e pelas contribuições que

foram essenciais para a elaboração deste estudo.

Por fim, agradeço aos demais professores do DEE/UFRJ que me fizeram enxergar a

beleza dessa engenharia necessária para toda a humanidade.

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VI

Resumo do Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica da

Escola Politécnica – UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de

Engenheiro Eletricista.

PROPOSTAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM

INFRAESTRUTURA PARA DATA CENTER

Thiago Gomes Vasconcelos Oliveira

Fevereiro de 2017

Orientador: Prof. Jorge Nemésio Sousa, M.Sc.

Data Centers são ambientes de missão crítica que são projetados para permanecerem em

funcionamento interruptamente. É previsível, portanto, perceber que são grandes consumidores

de energia elétrica, uma energia que é gerada, na grande maioria dos países, através de

combustíveis fósseis. Como são ambientes essenciais para o atual modelo de negócio da

sociedade moderna, o presente estudo irá analisar diferentes técnicas de como otimizar a

infraestrutura dos Data Centers com a finalidade de obter resultados satisfatórios na redução

do consumo e alcançar a eficiência energética desejada.

Como o objetivo de contextualizar a importância dos Data Centers e fornecer uma visão geral,

a revisão bibliográfica destaca de modo prático e direto os principais componentes necessários

para esse ambiente crítico funcionar de maneira adequada mesmo quando falhas venham a

ocorrer. A partir dessa fundamentação será possível entender as soluções propostas no estudo

e como elas contribuem para a redução do consumo de energia elétrica nos Data Centers, sem

que para isso seja colocado em risco a segurança da informação e seu bom desenvolvimento.

Palavras-chave: Data Centers, Energia, Eficiência Energética.

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VII

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

PROPOSALS FOR ENERGY EFFICIENCY IN INFRASTRUCTURE

FOR DATA CENTER

Thiago Gomes Vasconcelos Oliveira

February 2017

Advisor: Prof. Jorge Nemésio Sousa, M.Sc.

Data centers are critical mission environments that are designed to work uninterruptedly. It is

therefore obvious that they are large consumers of electricity, energy that is generated in most

of the countries through fossil fuels. As they are essential environments for the current business

model of the modern society, this project will analyze different techniques of how to optimize

the infrastructure of the Data Centers in order to obtain satisfactory results in the reduction of

consumption and to achieve the desired energy efficiency.

In order to contextualize the importance of Data Centers and provide a general overview, the

bibliographic review highlights in a practical and direct way the main components needed for

this critical environment. From this foundation it will be possible to understand the solutions

proposed in this project and how they contribute to the reduction of the electric energy

consumption in the Data Centers, without putting the information security as well as its good

development at risk.

Keywords: Energy efficiency, Data Center, Energy.

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VIII

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. X

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... XII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................... XIII

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1 Motivação .................................................................................................................... 2

1.2 Objetivos do Estudo .................................................................................................... 3

1.3 Limitações do Estudo .................................................................................................. 3

1.4 Organização / Descrição do trabalho .......................................................................... 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 4

2.1 Introdução.................................................................................................................... 4

2.2 Data Center ................................................................................................................. 4

2.3 Tipos de Data Centers................................................................................................. 5

2.4 Projetos de Data Centers............................................................................................. 6

2.5 The Uptime Institute .................................................................................................... 7

2.6 Classificação de um Data Center ................................................................................ 7

2.6.1 Data Center tier I ................................................................................................. 8

2.6.2 Data Center tier II ............................................................................................... 8

2.6.3 Data Center tier III .............................................................................................. 9

2.6.4 Data Center tier IV .............................................................................................. 9

2.7 Parâmetros ................................................................................................................... 9

2.7.1 Total Cost of Ownership – TCO ........................................................................ 10

2.7.2 Disponibilidade .................................................................................................. 12

2.7.3 Downtime ........................................................................................................... 13

2.8 Sistema Elétrico......................................................................................................... 14

2.8.1 Equipamentos Elétricos ..................................................................................... 14

2.8.1.1 Grupo Motor-Gerador - GMG .................................................................... 14

2.8.1.2 Baterias ....................................................................................................... 17

2.8.1.3 Uninterruptible Power Supplies – UPS ...................................................... 19

2.8.1.4 Fontes de Corrente Contínua ...................................................................... 21

2.8.1.5 Sistema de Proteção de Descargas Atmosféricas (SPDA) e de surtos da rede

elétrica 23

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IX

2.9 Sistema de Climatização ........................................................................................... 26

2.9.1 Circuito de Climatização.................................................................................... 26

2.10 Proteção Contra Incêndio ...................................................................................... 27

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................................................. 30

4 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ................................................................. 34

4.1 Eficiência na Climatização ........................................................................................ 38

4.1.1 Verificar e Controlar o Layout ........................................................................... 39

4.1.2 Torre de Termoacumulação ............................................................................... 40

4.1.3 Free Cooling ...................................................................................................... 41

4.1.4 Aumentar o Set Point de Temperatura ............................................................... 43

4.2 Eficiência no Sistema Elétrico .................................................................................. 44

4.3 Virtualização ............................................................................................................. 44

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 46

5.1 Trabalhos Futuros ...................................................................................................... 47

6 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 48

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X

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1-1 – MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL 2013. ................................................... 1

FIGURA 2-1 – ITENS TÍPICOS DE CUSTOS NO TCO. ...................................................... 11

FIGURA 2-2 – DIVISÃO EM CATEGORIAS DO TCO POR RACK PARA UM DATA

CENTER COM REDUNDÂNCIA 2N. [6] ...................................................................... 12

FIGURA 2-3 – DIAGRAMA DE BLOCOS DO CAMINHO DA ENERGIA ELÉTRICA ... 15

FIGURA 2-4 – GRUPOS DE GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA. ........................... 16

FIGURA 2-5 - GERADOR DE ENERGIA ELÉTRICA CARENADO. ................................ 16

FIGURA 2-6 - BANCO DE BATERIAS DA FCC. ................................................................ 17

FIGURA 2-7 – BANCO DE BATERIAS DE UMA UPS TÍPICA. ....................................... 18

FIGURA 2-8 - DIAGRAMA DE BLOCO DE UM SISTEMA UPS. ..................................... 20

FIGURA 2-9 – UPS DELTA. .................................................................................................. 21

FIGURA 2-10 - DIAGRAMA SIMPLIFICADO DA INTERLIGAÇÃO DA FCC. .............. 22

FIGURA 2-11 - SISTEMA DE RETIFICADORES DELTA 2400 A .................................... 23

FIGURA 2-12 - COMPONENTES TÍPICOS DE UM SISTEMA SPDA. ............................. 25

FIGURA 2-13 - GAIOLA DE FARADAY. ............................................................................ 25

FIGURA 2-14 - CICLO DE CLIMATIZAÇÃO TÍPICO. ...................................................... 26

FIGURA 2-15 – SISTEMA FIXO DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO. ........................ 28

FIGURA 2-16 - DIAGRAMA DE BLOCO DO SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO

SIMPLIFICADO.............................................................................................................. 29

FIGURA 4-1 – CICLOS DE MELHORIAS CONTÍNUAS. ................................................. 35

FIGURA 4-2 - CICLOS DE MELHORIAS CONTÍNUAS PDCA. ...................................... 36

FIGURA 4-3 - CICLOS DE MELHORIAS CONTÍNUAS PDCL. ....................................... 36

FIGURA 4-4 – SUBSISTEMAS A SEREM MONITORADOS. ........................................... 38

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XI

FIGURA 4-5 – CIRCULAÇÃO DO AR ................................................................................. 39

FIGURA 4-6 - TORRE DE TERMOACUMULAÇÃO. ......................................................... 41

FIGURA 4-7 – SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO SEM FREE COOLING. .......................... 42

FIGURA 4-8 - SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO COM FREE COOLING. .......................... 42

FIGURA 4-9 - ARQUITETURA TRADICIONAL VERSUS ARQUITETURA COM

VIRTUALIZAÇÃO ......................................................................................................... 45

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XII

LISTA DE TABELAS

TABELA 2-1 – REQUISITOS DE DISPONIBILIDADE POR CLASSIFICAÇÃO TIER DE

DATA CENTER ................................................................................................................ 13

TABELA 2-2 – RESUMO DAS CLASSIFICAÇÕES TIER .................................................. 13

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XIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC Alternating Current

ASHRAE American Society of Heating & Refrigeration & AC Engineering

CPU Central Processing Unit

DC Direct Current

EDC Enteprise Data Center

GMG Grupo Motor-Gerador

IDC Internet Data Center

IEA International Energy Agency

PUE Power Usage Effectiveness

TCO Total Cost of Ownership

TI Tecnologia da Informação

UPS Uninterruptible Power Supplies

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1

Capí tulo 1

1 INTRODUÇÃO

Segundo dados do Key World Energy Statistics 2015, relatório produzido pelo International

Energy Agency (IEA) ou, em português, Agência Internacional de Energia, a composição da

matriz energética mundial em 2013 é predominantemente formada por óleo, carvão e gás

natural com mais de 80% em todo o mundo, conforme visto na Figura 1-1.

Figura 1-1 – Matriz Energética Mundial 2013.

Fonte: IEA [21]

Esses três combustíveis fósseis, majoritariamente na Figura 1-1, são altamente perigosos para

o meio ambiente, emitindo um grau elevado de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera e

contribuindo em larga escala para o aquecimento global.

Data Centers são espaços onde se concentram equipamentos de processamento e

armazenamento de dados, ou seja, informações cruciais para qualquer negócio ou empresa. E,

Óleo, 31.1%

Carvão, 28.9%

Gás Natural, 21.4%

Biocombustíveis, 10.2%

Nuclear, 4.8%

Hidro, 2.4% Outros, 1.2%

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2

hoje em dia, devido às novas tecnologias esses ambientes tiveram um crescimento vertiginoso

e sua importância é altamente progressiva.

Data Centers são espaços de missão crítica que permanecem ligados 24h por dia. Então é de

se imaginar o seu alto consumo de energia elétrica que, muitas vezes, é gerada a partir de

componentes fósseis.

Nesses ambientes, além da energia entregue para as cargas de TI (Tecnologia da Informação),

uma grande parte alimenta equipamentos de infraestrutura como climatizadores e

equipamentos de backup.

Portanto, estudos estão sendo feitos a fim de se reduzir esse consumo e melhorar a eficiência

energética dos Data Centers.

1.1 Motivação

Segundo estudos realizados pela Universidade Stanford o consumo dos Data Centers, nos

Estados Unidos, representa 1,2% de todo o consumo de eletricidade no país.

De acordo com Peter Gross, projetista de Data Centers, entrevistado no artigo do The New

York Times (2012) [10], um único Data Center pode demandar mais energia do que uma cidade

de tamanho médio.

Desse modo, novas formas de se reduzir o consumo de energia e torná-los mais eficiente veem

sendo estudadas.

A motivação desse trabalho surge, indiscutivelmente, daí. Como podemos tornar esses

ambientes, que são tão importantes para a sociedade atual e indispensáveis, eficientes e

alinhados com a sustentabilidade do planeta?

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3

1.2 Objetivos do Estudo

O presente trabalho mostrará as principais características dos Data Centers, seus equipamentos

e, além disso, como objetivo principal vai propor soluções para serem implementadas nesses

ambientes, com o objetivo de aumentar sua eficiência energética e, por consequência, reduzir

os gastos com eletricidade e a emissão de CO₂.

1.3 Limitações do Estudo

Sendo Data Centers ambientes controlados e de difícil acesso, quaisquer soluções indicadas

no estudo fica difícil de ser implementadas a curto prazo.

Assim sendo, necessitaríamos então, de um ambiente de testes para implementar as soluções e

verificar sua real efetividade, sem comprometer o bom andamento operacional do Data Center.

1.4 Organização / Descrição do trabalho

O presente trabalho está dividido em seis capítulos. Neste primeiro é possível entender a

necessidade de se propor práticas para reduzir o consumo de eletricidade de um Data Center.

O capítulo dois está destinado ao referencial teórico, no qual será possível entender

basicamente os seus principais componentes. O capítulo três indicará a metodologia da

pesquisa utilizada no desenvolvimento do estudo. Já no capítulo quatro pode-se ver as soluções

propostas e as práticas recomendadas para o objetivo do estudo. O cinco traz a conclusão final

sobre o tema e sugestões para trabalhos futuros. E para fechar, o capítulo seis mostra as fontes

consultadas para a elaboração desse texto.

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4

Capí tulo 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Introdução

Neste capítulo será analisado o Data Center, seus principais componentes, suas características

intrínsecas e toda a infraestrutura necessária para atendê-lo.

2.2 Data Center

O Data Center é a evolução natural dos antigos centros de processamento de dados dos anos

1970. É um ambiente de missão crítica que abriga os equipamentos de TI e devem ser

projetados para operação ininterrupta.

De acordo com VERAS (2009) [4], Data Center é um conjunto integrado de componentes de

alta tecnologia que permite fornecer serviços de infraestrutura de valor agregado, tipicamente

processamento e armazenamento de dados, em larga escala, para qualquer tipo de organização.

Segundo MARIN (2011) [3], Data Center se refere não só a sala que abriga os computadores,

mas também toda a infraestrutura necessária do site. Assim, o Data Center compreende os

seguintes sistemas:

Sala de computadores

Ar condicionado e controle ambiental

Distribuição elétrica e UPS

Automação do edifício

Detecção e supressão de incêndio

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5

Segurança e controle

Espaços de suporte, entre outros

2.3 Tipos de Data Centers

Conforme VERAS (2009), habitualmente os Data Centers podem ser categorizados pelo porte

ou pela posse - propriedade do Data Center.

Pela categorização de porte, eles podem ser enquadrados na seguinte classificação:

Empresarial

De médio porte

Local

Sala de servidores

Armário de servidores

Já pela categorização de posse são divididos em duas modalidades [4]:

Enterprise Data Center - EDC

Pertence e é operado por corporações privadas, instituições ou agências

governamentais, com o propósito principal de armazenar dados resultantes de

operações de processamento interno e processar dados de aplicações voltadas para a

internet.

Internet Data Center - IDC

Pertence e é operado por um provedor de serviços de telecomunicações, por operadoras

de telefonia ou por outros tipos de prestadores de serviços de telecomunicações e tem

como principal meio de comunicação a internet. O seu objetivo principal é prover

diversos tipos de serviços de conexão, processamento, armazenamento e hospedagem

para os equipamentos das organizações.

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6

2.4 Projetos de Data Centers

Apesar de Data Centers serem espaços comerciais, o seu projeto difere de um ambiente

tradicional comercial.

VERAS (2009) afirma que as metas de um projeto de Data Center são obter resiliência1,

reduzir o TCO - Total Cost of Ownership, ou, Custo Total de Propriedade e tornar o negócio

flexível.

Os critérios necessários a serem considerados em um projeto de Data Center para o

atingimento destas metas empresariais são [4]:

Desempenho

Disponibilidade

Escalabilidade2

Segurança

Gerenciabilidade3

De acordo com MARIN (2011), um projeto tradicional de infraestrutura de espaços comerciais

é normalmente desenvolvido por um arquiteto e começa pela definição de espaços com base

no fluxo de pessoas. Já um projeto da infraestrutura de um Data Center começa pela

identificação dos requisitos de tecnologia, é desenvolvido por um engenheiro e o foco está nos

requisitos de engenharia e não em arquitetura do site.

Os requisitos básicos de engenharia em um projeto de Data Centers são [3]:

Distribuição elétrica

1 Resiliência: em TI significa atender a demanda de negócios de maneira efetiva. 2 Escalabilidade: capacidade de um sistema de atender suas necessidades de crescimento sem perder qualidade,

e com baixo aumento de custos. 3 Gerenciabilidade: uma medida informal de quão fácil e eficaz um serviço de TI ou outro componente pode ser

gerenciado.

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7

Climatização

Cabeamento de rede e telecomunicação

Sistemas de controle do site

Sistemas de segurança dos sites

2.5 The Uptime Institute

O The Uptime Institute é uma organização de origem norte-americana, fundada em 1993 por

Kenneth G. Brill.

Seu objetivo é melhorar o desempenho, eficiência e confiabilidade da infraestrutura crítica de

negócio através da inovação, colaboração e certificações independentes.

É conhecido mundialmente por ter criado as classificações em quatro níveis, chamados de tier

(camadas), que levam em conta a redundância de componentes e a tolerância às falhas do site.

Foram desenvolvidas quatro classificações tier para a infraestrutura de um Data Center

considerando a operação satisfatória e a eficiência, ou seja, a disponibilidade do site e a

confiabilidade dos sistemas.

2.6 Classificação de um Data Center

A principal norma a ser seguida para a elaboração de projetos de Data Centers é a ANSI/TIA-

942 [5]. Ela é baseada em um conjunto de normas que incluem todos os aspectos técnicos

necessários para um bom projeto como a refrigeração e o cabeamento estruturado, por exemplo.

Para a classificação de um Data Center a ANSI/TIA-942 considera quatro classificações tiers

de infraestrutura de Data Centers.

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8

São considerados apenas os sistemas de distribuição elétrica e climatização do site para

conformidade com classificações tier. Ao contrário do que alguns profissionais da área

acreditam, nenhum outro sistema contribui para a classificação tier de um dado site [3].

Em MARIN (2011), o autor indica que o objetivo da classificação tier de um Data Center é

oferecer aos projetistas, bem como aos seus operadores, uma meta para a identificação do

desempenho das suas topologias de projetos de infraestruturas de distribuição elétrica e de

climatização.

2.6.1 Data Center tier I

Um Data Center tier I é do tipo básico. Não possui redundância nos sistemas de distribuição

elétrica e de ar condicionado, nem em componentes.

Se ocorrer a queda de energia, fornecida pela concessionária, ou um desligamento para

manutenção, mesmo que planejada, isso implicará no desligamento do site.

2.6.2 Data Center tier II

Um Data Center tier II possui redundância de componentes, mas não da infraestrutura de

distribuição elétrica e de ar condicionado, que são únicas para atender a carga de TI do site.

Por ter redundância de alguns componentes, alguma atividade de manutenção, planejada ou

emergencial, pode ser executada sem que para isso o site precise ser desligado.

Porém, para uma manutenção no sistema de distribuição elétrica ou até uma queda de energia

provinda da concessionária, será necessário desligar o site.

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9

2.6.3 Data Center tier III

Um Data Center tier III é aquele que tem manutenção e operação simultâneas. Para que isso

seja possível, ele possui redundâncias em componentes que podem ser desligados sem

interromper a operação do site.

Todos os equipamentos críticos de TI devem ter fontes de alimentação duplas, adequadamente

instaladas para serem compatíveis com a topologia e a arquitetura do site [3].

Tem pelo menos uma redundância nos sistemas de distribuição elétrica (N+1) e deve ter dois

encanamentos de ar condicionado sendo que, cada um deles, deve ser capaz de suportar toda a

carga quando o outro estiver fora.

2.6.4 Data Center tier IV

Um Data Center tier IV possui uma infraestrutura tolerante a falhas, ou seja, tem sistemas

isolados fisicamente e redundantes.

É capaz de manter a normalidade da operação mesmo quando elementos importantes sejam

retirados para manutenção ou por alguma causa não prevista.

Em MARIN (2011), o autor define um Data Center tier IV como sendo um site onde todos os

equipamentos críticos de TI devem ter fontes de alimentação dupla corretamente instaladas

para atender a toda sua topologia e arquitetura, além de possuir um sistema de climatização

contínua e totalmente tolerante a falhas.

2.7 Parâmetros

Parâmetros são métricas importantes porque fornecem oportunidades para que o projetista e

gestores entendam o comportamento do sistema gerando assim, um robusto padrão e controle.

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10

Para verificar a eficiência das propostas sugeridas no capítulo 4 é necessário definir indicadores

com o objetivo de comparar o antes com o depois.

2.7.1 Total Cost of Ownership – TCO

TCO é uma estimativa financeira projetada para consumidores e gerentes de empresas para

avaliar os custos diretos e indiretos relacionados ao investimento, além do gasto inerente de

tais produtos para mantê-los em funcionamento.

Prever e mensurar o TCO para a infraestrutura física de Data Centers é importante para uma

análise do retorno do investimento feito, e outras decisões de negócios decorrentes, podendo

surgir, dessa análise, soluções de otimização dos recursos e sua alocação mais apropriada.

A Figura 2-1 mostra os principais itens de custo referentes ao TCO.

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11

Figura 2-1 – Itens típicos de custos no TCO. [4]

A Figura 2-2 mostra a divisão em categorias do TCO para um típico rack de alta disponibilidade

em um Data Center redundância 2N, ou seja, que possui duas unidades adicionais, módulos,

encaminhamentos de distribuição e, portanto, não é afetado por falhas ou manutenção de uma

unidade completa.

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12

Figura 2-2 – Divisão em categorias do TCO por rack para um Data Center com redundância 2N

Fonte: The Uptime Institute. [6]

2.7.2 Disponibilidade

A disponibilidade é um parâmetro importante na classificação de Data Center devido à missão

crítica desses ambientes.

Para garantir a operação ininterrupta os Data Centers devem operar com níveis de

disponibilidade próximos de 100%.

MARIN (2011), define a disponibilidade de um determinado sistema como sendo o tempo

durante o qual ele está em operação em relação ao tempo em que ele deve estar em operação.

𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑀𝑇𝐵𝐹

𝑀𝑇𝐵𝐹+𝑀𝑇𝑇𝑅=

𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑒𝑚 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠

𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑎𝑠 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠

No qual,

MTBF (Mean Time Between Failures) - Tempo Médio entre Falhas (TMEF)4.

MTTR (Mean Time To Repair) - Tempo Médio de Reparo (TMPR)5.

4 TMEF: Para um período estabelecido de tempo, é o valor médio do espaço de tempo entre falhas consecutivas. 5 TMPR: Para um período estabelecido de tempo, é o valor médio do tempo necessário para reparo do defeito ou

falha.

Project Management, 5%

Power Equipment, 18%

Cooling Equipment, 6%

Engineering & Installation, 18%

Electricity, 20%

Service, 15%

Racks, 2%

Space, 15%

System Monitoring, 1%

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13

2.7.3 Downtime

Usualmente é medido em horas/ano e se refere ao tempo que o sistema de TI fica inativo seja

por manutenção ou por qualquer causa imprevista. Logo, o downtime é o tempo que decorre

entre a falha e a recuperação do sistema.

Portanto, ele é inversamente proporcional ao investimento em infraestrutura redundante e em

tecnologias que permitem a recuperação do site.

As tabelas 2-1 e 2-2 exemplificam as condições para que um determinado site possa receber a

certificação tier de acordo com a norma ANSI/TIA-942, com base nas classificações do The

Uptime Institute.

Tabela 2-1 – Requisitos de disponibilidade por classificação tier de Data Center[3]

Classificação Paradas por ano Total anual Disponibilidade Custo por kW (US$)

Tier 1 2 x 12h para manutenção

28,8h 99,67% 10.000

Tier 2 3 x 2h para manutenção 22h 99,75% 11.000

Tier 3 - 1,6h 99,98% 20.000

Tier 4 - 0,4h 99,99% 22.000

Tabela 2-2 – Resumo das classificações tier

Fonte: adaptado pelo autor de [3]

Tier I Tier II Tier III Tier IV

Encaminhamento de distribuição elétrica

1 1 1 normal + 1 alternativo

2 simultâneos

Redundância N N+1 N+1 N+1 (mínimo)

Espaços Separados Não Não Sim Sim

Manutenção Ativa Não Não Sim Sim

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14

2.8 Sistema Elétrico

O sistema elétrico é um dos componentes mais críticos em um Data Center. Precisa ser

cuidadosamente projetado para cada fim específico.

Para diminuir o downtime, a distribuição elétrica necessita de equipamentos redundantes, em

função das características de disponibilidade e/ou confiabilidade.

Nas próximas seções serão analisados os principais equipamentos elétricos que compõe um

Data Center.

2.8.1 Equipamentos Elétricos

2.8.1.1 Grupo Motor-Gerador - GMG

Devido aos diferentes tipos de projetos, de acordo com sua classificação tier, um típico

equipamento para garantir a energia elétrica de modo contínuo é o GMG - Grupo Motor-

Gerador de energia elétrica.

Sua função principal é manter o fluxo de energia para o Data Center quando a rede da

concessionária sofrer uma parada que pode ser proposital, para manutenção, ou não.

O GMG é formado por um motor a combustão, alimentado geralmente por combustíveis fósseis

como o diesel, gás ou gasolina, acoplado a um gerador elétrico - máquina síncrona.

Especificamente na área de telecomunicações, os geradores precisam ter alguns requisitos

analisados antes da escolha do equipamento mais adequado.

Os geradores necessitam fornecer energia com tensão e frequência estáveis, além de baixos

fatores de interferência. Apenas GMGs com alternadores especialmente fabricados podem

atender essa demanda.

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15

Conforme CHAGAS (2014) [8], outras especificações, como nível de ruído, capacidades,

possibilidades de operação em paralelo com a rede, partida/parada automática, controle a

distância etc., são exigências inerentes aos projetos a serem atendidos pelo equipamento.

Figura 2-3 – Diagrama de blocos do caminho da energia elétrica

Fonte: Autor.

Na Figura 2-3 é possível identificar como funciona o sistema de backup da rede elétrica. Em

caso de falha no fornecimento de energia por parte da distribuidora o GMG é partido,

automaticamente ou manualmente, e assim a energia elétrica flui para as cargas.

As figuras 2-4 e 2-5 representam modelos de geradores existentes. A Figura 2-4 destaca que

geradores necessitam de uma infraestrutura adequada para o funcionamento, pois os mesmos

não apresentam proteções para chuva e poeira, por exemplo. Já o gerador da Figura 2-5 é um

modelo carenado, podendo ficar exposto ao tempo.

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16

Figura 2-4 – Grupos de geradores de energia elétrica.

Fonte: SDMO-Maquigeral [12]

Figura 2-5 - Gerador de energia elétrica carenado.

Fonte: SDMO-Maquigeral [12]

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2.8.1.2 Baterias

As baterias são equipamentos acumuladores de energia elétrica e funcionam a partir de

princípios eletroquímicos.

Um banco de baterias é um conjunto de baterias ligadas em série ou paralelo, umas com as

outras, até formar a especificação desejada.

O banco de baterias, como visto na Figura 2-6, é formado a partir da associação em série de 24

baterias, cada uma com 2 volts de tensão. Isso para que o conjunto fique na mesma tensão das

Fontes de Corrente Contínua (FCC), isto é, 48 Volts, o que será explicada no item 2.8.1.4.

Figura 2-6 - Banco de Baterias da FCC.

Fonte: Acervo do autor.

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18

Outro banco de baterias que é importante para o sistema é o da Uninterruptible Power Supplies

(UPS), que terá seus componentes detalhados no item 2.8.1.3, e pode ser visto na Figura 2-7.

Ele contém 240 baterias com uma tensão total de 480 Volts, a mesma da UPS.

Com a finalidade de aumentar a autonomia do conjunto, outro banco de baterias pode ser

interligado em paralelo com o primeiro, tanto no banco da FCC, quanto para o da UPS.

O banco de baterias tem como função principal ser mais um tipo de backup de energia para o

sistema. Em caso de falha na rede da concessionária, o banco deve atuar, suprindo energia

elétrica para o Data Center até a partida e estabilização do gerador.

Figura 2-7 – Banco de Baterias de uma UPS típica.

Fonte: Acervo do autor.

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2.8.1.3 Uninterruptible Power Supplies – UPS

Equipamentos de TI classificados como de ‘missão crítica’, alimentados em AC, não podem

sofre nenhum tipo de interrupção nem ficar à mercê da qualidade da rede de energia elétrica da

concessionária e por isso são usados dispositivos que mantêm o fornecimento de energia em

caso de falha na distribuidora.

Para não sofrer interrupções (nem por frações de segundo), variações ou conteúdo harmônico,

as cargas críticas precisam ser alimentadas pelas UPSs. Esses equipamentos são capazes de

corrigir essas anomalias da rede elétrica e direcionar a energia condicionada nas baterias para

as cargas.

Em CHAGAS (2014), o autor descreve duas tecnologias, já estudadas pela literatura

especializada, que estão por trás do princípio de funcionamento das UPSs, que são:

1. A retificação da energia AC e o posterior chaveamento, em alta frequência, da energia

DC para AC de boa qualidade, trazem solução aos transitórios agregados à corrente

alternada da rede elétrica.

2. A utilização de acumuladores de energia (bancos de baterias), mesmo com suas

limitações, resolve o problema do armazenamento de energia para posterior utilização

nos momentos de falta.

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20

Figura 2-8 - Diagrama de bloco de um sistema UPS.

Fonte: Autor.

O diagrama de bloco de um sistema de Uninterruptible Power Supplies é mostrado na Figura

2-8.

A energia elétrica proveniente da concessionária alimenta o retificador que converte a energia

AC, monofásica ou trifásica, em energia DC, alimentando as baterias e mantendo seu ciclo de

carga. Através de um inversor, a energia DC é novamente transformada em AC, conduzida

para um filtro que, então, alimenta a carga crítica a ele conectada.

Em caso de falha na entrada, o banco de baterias fornece energia para a carga crítica, pelo

tempo especificado.

A Figura 2-9 exibe uma UPS comercial.

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21

Figura 2-9 – UPS Delta.

Fonte: Delta Electronics Inc [13]

2.8.1.4 Fontes de Corrente Contínua

Devido ao grande número de equipamentos que devem ser alimentados exclusivamente em

corrente contínua, surge um equipamento que converte a energia AC da concessionária ou do

gerador, em energia DC, que são chamados de FCCs - Fontes de Corrente Contínua.

Na Figura 2-10 tem se o diagrama simplificado do caminho da energia através de uma FCC. A

energia provinda em AC, da rede ou do gerador, é retificada em DC para alimentar os

consumidores. Em caso de queda da rede, o banco de baterias alimenta a carga até a partida do

gerador.

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Nas FCCs existem três equipamentos básicos para cumprir sua função: retificadores, unidade

de supervisão de corrente contínua e bancos de baterias [8].

A capacidade operacional de corrente contínua é obtida multiplicando-se a quantidade de

unidades retificadoras pela capacidade de cada retificador.

Figura 2-10 - Diagrama simplificado da interligação da FCC.

Fonte: Autor.

A Figura 2-11 apresenta os detalhes de construção de uma FCC.

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23

Figura 2-11 - Sistema de retificadores Delta 2400 A [8]

2.8.1.5 Sistema de Proteção de Descargas Atmosféricas (SPDA) e de surtos da rede

elétrica

Um sistema SPDA protege estruturas, nesse trabalho o Data Center, contra descargas

atmosféricas e surtos da rede elétrica.

CHAGAS (2014), descreve a importância dos sistemas de proteção para telecomunicações.

Entre as diferentes fontes de perturbação eletromagnética que podem afetar a operação de

sistemas de telecomunicações (descargas atmosféricas, surtos de rede, sobretensões induzidas

etc.), os raios certamente representam a mais importante de todas. Esse fato se deve às

características distintas das instalações de telecomunicações, principalmente a grande altura

das antenas e a localização remota dos sites. Tais propriedades contribuem para que os sistemas

de telecomunicação se tornem muito sensíveis às perturbações provocadas pelas descargas

atmosféricas. Com o objetivo de diminuir, ou até mesmo anular os efeitos destrutivos e

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24

interferentes provocados pelos surtos atmosféricos e de manobra, a infraestrutura dos sites de

telecomunicações deve ser provida dos seguintes componentes:

Sistemas de pára-raios e seus cabos de descida

Gaiola de Faraday6

Eletrodo de aterramento

Sistemas de equipotencialização7

Dispositivo de proteção contra surtos elétricos (DPS)8

A Figura 2-12 mostra um diagrama esquemático de um sistema SPDA e como ele protege um

prédio contra a descarga atmosférica, conduzindo a corrente descarregada em segurança para

o aterramento. Uma haste de metal atrai as descargas elétricas através de sua ponta e desvia a

corrente seguramente para o solo, através de um cabo de baixa resistência.

Por sua vez, a Figura 2-13 - Gaiola de Faraday mostra o prédio protegido por um sistema

conhecido como gaiola de Faraday.

6 Gaiola de Faraday: nome dado a um experimento conduzido por Michael Faraday (1836) para demonstrar que

uma superfície condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu interior, dado que as cargas se distribuem

de forma homogênea na parte mais externa da superfície condutora. 7 Equipotencialização: ato de tomar-se medidas para fazer com que dois ou mais corpos condutores de

eletricidade possuam a menor diferença de potencial elétrico entre eles. Usada como forma de proteção elétrica

de equipamentos e, principalmente, de pessoas. 8 DPS: dispositivo de proteção contra surtos, uma espécie de disjuntor que se desliga (desarma) quando é

percorrido pela descarga elétrica produzida por um raio.

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25

Figura 2-12 - Componentes típicos de um sistema SPDA.

Fonte: Teleco – Inteligência em Telecomunicações [14]

Figura 2-13 - Gaiola de Faraday. [14]

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26

2.9 Sistema de Climatização

Segundo MARIN (2011), o projeto de climatização de um Data Center é tão importante e

crítico quanto o projeto do seu sistema de alimentação e distribuição elétrica.

Esta seção será destinada a fornecer informações sobre como o calor gerado pelos

equipamentos de TI são retirados das salas de computação para manter o seu bom

funcionamento.

2.9.1 Circuito de Climatização

Figura 2-14 - Ciclo de climatização típico.

Fonte: Escola Politécnica da USP [16]

A Figura 2-14 apresenta o conceito simplificado de climatização que é usado para resfriar o ar

dentro de um Data Center ou qualquer outro ambiente.

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O sistema de ar condicionado retira o ar quente de um local especificado e o leva para outro,

além de controlar a umidade do ambiente.

MARIN (2011), descreve esse conceito. “No evaporador acontece o processo de transferência

de calor à pressão e temperatura constantes. Nessa etapa do processo, o calor transferido ao

refrigerante não altera a temperatura do refrigerante, apenas seu estado. O evaporador é

atravessado pelo ar quente de retorno, coletado pelo exaustor, que é forçado a passar por ele e

por ventiladores. Nessa etapa do processo, o agora gás refrigerante transporta o calor para fora

do ambiente”.

“O refrigerante ingressa no compressor à pressão do evaporador e é então comprimido até

atingir a pressão de condensação, estando agora aquecido a uma temperatura maior que a

temperatura de condensação. O gás comprimido tem a propriedade de aumentar sua

temperatura; esse aumento de temperatura resultante da compressão é que permite que o calor

retirado do ambiente seja transportado para fora dele”.

“No condensador acontece o processo de rejeição do calor do refrigerante pela diminuição da

temperatura para a temperatura de condensação. Nessa etapa, o condensador transfere calor

para o ambiente externo, no qual o condensador é instalado”.

“O último passo do ciclo de refrigeração é a expansão do líquido refrigerante, o que é feito ao

passar pela válvula de expansão”.

2.10 Proteção Contra Incêndio

Outro componente importante em um Data Center é o projeto de segurança contra incêndio,

devido ao alto custo dos equipamentos ali instalados.

Segundo MARIN (2011), o projetista deve levar em consideração os seguintes tópicos, no que

diz respeito à segurança, automação e proteção contra incêndio em Data Centers:

Automação do edifício

Sala de controle

Monitoramento

Sistema de controle e gerenciamento elétrico

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Gerenciamento de cabeamento

Sensores de vazamento e fumaça

Detecção e alarme de incêndio, entre outros

Um sistema de proteção de incêndio deve ter, basicamente, os seguintes elementos [3]:

Detecção: que pode ser de fumaça, calor e fogo.

Supressão: sistemas de extinção de fogo, que para combate em Data Center, são compostos

por gases inertes não inflamáveis, como, por exemplo, o FM-200, nome comercial do gás

Heptafluorpropano.

Sistema: inclui os sistemas de detecção, bem como meios de ativar avisos sonoros e visuais,

além de notificar o setor pertinente e acionar sistemas automáticos de contenção do incêndio.

Figura 2-15 – Sistema fixo de proteção contra incêndio. [14]

É possível observar na Figura 2-15 os cilindros de gás (1), o painel de controle (2), o coletor

de gás (3), o circuito de extinção (4), o circuito de detecção de incêndio (5), os detectores de

incêndio (6), e os difusores de gás (7).

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Figura 2-16 - Diagrama de bloco do sistema de combate a incêndio simplificado. [14]

Após a detecção da fumaça pelos sensores espalhados pelo ambiente monitorado, um comando

é enviado para a sinalização, que pode ser tanto luminosa quanto sonora, outro é enviado

diretamente para os sistemas de supressão de fogo, além de enviar um comando para o painel

de controle, onde acontece o gerenciamento dessa sinalização. Essa análise pode ser entendida

verificando a Figura 2-16.

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30

Capí tulo 3

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia desse estudo se baseia em SILVA e MENEZES (2005) [19], bem como em GIL

(2002) [18].

GIL (2002) define pesquisa como “um projeto racional e sistemático com objetivo de

proporcionar respostas aos problemas que são propostos, através da utilização cuidadosa de

métodos, técnicas e outros procedimentos científicos até a satisfatória apresentação dos

resultados”.

A partir dessa definição de pesquisa, o primeiro passo foi definir o objetivo do estudo e a

situação problema. A seguir foi feito um levantamento de revisão bibliográfica e levantamento

de critérios e, então, foi possível realizar uma apreciação e a compreensão de cada critério para,

posteriormente, analisá-los comparativamente.

Assim, com dados robustos, foi possível compreender o real problema e propor soluções

pertinentes.

De acordo com SILVA e MENEZES (2005), do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa

pode ser classificada como:

Pesquisa Básica: tem por objetivo gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da

ciência sem aplicação prática prevista.

Pesquisa Aplicada: tem por objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática e

dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.

Segundo GIL (2002), quanto aos objetivos, uma pesquisa pode ser classificada como:

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Exploratória: pretende proporcionar maior familiaridade com o problema, com o

intuito de torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas

pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de

intuições, assumindo na maioria dos casos a forma de pesquisa bibliográfica ou de

estudo de caso.

Descritiva: visa a descrição das características de determinada população ou

fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Utiliza técnicas

padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação.

Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a

ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a

razão, o porquê das coisas, porém é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de

cometer erros aumenta consideravelmente.

A pesquisa também pode ser classificada quanto aos seus procedimentos técnicos e GIL

(2002) define a pesquisa como:

Bibliográfica: é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos, além de materiais disponíveis na

internet.

Documental: elaborada com base em materiais que não recebem ainda um tratamento

analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa.

Experimental: consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis

que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos

efeitos que a variável produz no objeto.

Levantamento: é caracterizada pela interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer.

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32

Estudo de caso: consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de

maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.

Ex post facto: o estudo foi realizado após a ocorrência de variações na variável

dependente no curso natural dos acontecimentos, ou seja, foi realizado depois dos

fatos.

Ação: é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou

participativo.

Participante: caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das

situações investigadas.

Segundo SILVA e MENEZES (2005), quanto à forma de abordagem do problema, a pesquisa

pode ser:

Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em

números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de

recursos e de técnicas estatísticas

Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito

que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição

de significados são básicas e não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas.

A pesquisa apresentada neste estudo, quanto à sua natureza, de acordo com os critérios

expostos, pode ser classificada como pesquisa aplicada, pois possui como finalidade analisar e

comparar critérios práticos utilizados pelas empresas.

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33

Quanto aos objetivos, é uma pesquisa exploratória dado que visa uma análise de um tema pouco

avaliado em termos comparativos, descrevendo como cada empresa adota métodos diferentes

para o mesmo assunto.

Com relação aos procedimentos técnicos essa pesquisa é classificada como bibliográfica e de

levantamento, pois foi elaborada usando livros e artigos científicos disponibilizados no

mercado e realizada consulta diretamente com pessoas qualificadas da área da pesquisa, que

foram perguntadas sobre procedimentos adotados e para retirada de dúvidas.

O estudo atual se baseia em interpretação e análise dos critérios pesquisados, sendo assim é

classificado, quanto à forma de abordagem do problema, como uma pesquisa qualitativa.

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Capí tulo 4

4 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Com a finalidade de verificar a real economia no consumo de potência elétrica é fundamental

definir parâmetros para a avaliação da eficiência.

Eficiência de um modo geral para qualquer sistema é quanto da parcela de energia que entra

será convertida no resultado útil. Para a infraestrutura física do Data Center, a entrada é a

energia entregue pela concessionária e a saída útil é a energia que é consumida pelos

equipamentos instalados.

Conforme visto no Capítulo 2, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, para o funcionamento de um

Data Center são imprescindíveis equipamentos, que não são os dispositivos de TI, mas que

consomem energia elétrica como, por exemplo, transformadores, UPSs, sistemas de

climatização e iluminação.

Logo, numa primeira iniciativa para melhorar a eficiência é indispensável identificar quais são

os equipamentos de TI e os seus equipamentos de suporte que consomem energia elétrica. Em

seguida é possível usar parâmetros para quantificar a eficiência.

Para definir essa eficiência usa se como métrica o PUE - Power Usage Effectiveness, ou, em

português, Eficiência de Uso de Energia.

𝑃𝑈𝐸 =𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝐷𝑎𝑡𝑎 𝐶𝑒𝑛𝑡𝑒𝑟

𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑇𝐼

Na equação acima, o numerador se refere a quantidade total de energia que o Data Center

consome e o denominador, somente o consumo dos equipamentos de TI.

No campo da teoria, um Data Center tem o PUE perfeito quando este é igual a 1, ou seja, toda

a energia elétrica que entra é para alimentar as cargas de TI. Porém, no mundo real isso não

acontece. Então quanto mais próximo de 1 for o PUE mais eficiente será esse Data Center.

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Para aumentar a eficiência é de suma importância fazer um rigoroso monitoramento.

Não é possível controlar o que não pode ser medido e tudo que pode ser controlado pode ser

melhorado, gerando um ciclo de melhorias contínuas.

Figura 4-1 – Ciclos de melhorias contínuas.

Fonte: Adaptado pelo autor do Ciclo PDCA.

A Figura 4-1 representa graficamente o ciclo de melhorias proposto e pode se perceber que é

uma adaptação do ciclo PDCA9.

O ciclo de PDCA (Figura 4-2) é método iterativo de gestão utilizado para controle e melhorias

contínuas de processos ou produtos.

Adequando o ciclo PDCA com uma perspectiva de aprendizado, é possível chegar no ciclo

PDCL (Figura 4-3), onde o ‘A’ de Action foi substituído pelo ‘L’ de Learn ou aprender, com o

intuito de enfatizar o passo de aprender e assim melhorar o processo em função dos resultados

passados, em aplicação de sucessivos ciclos PDCL.

9 PDCA: Plan, Do, Check, Action, ou em português, Planejar, Executar, Checar e Agir.

Medir

Monitorar

Melhorar

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Figura 4-2 - Ciclos de melhorias contínuas PDCA. [25]

Figura 4-3 - Ciclos de melhorias contínuas PDCL. [26]

Para ter uma maior eficiência nesse aprimoramento contínuo é preciso que as informações

reflitam fielmente a realidade e possuam o maior grau de precisão possível.

Portanto, a medição deve ser baseada em três abordagens típicas.

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Medição simplificada

São realizadas medições com equipamentos portáteis e, para algumas informações,

podem ser usados dados fornecidos pelos fabricantes.

O investimento é baixo e não necessita de alteração na infraestrutura. É adequada a

instalações pequenas.

Medição avançada

São necessárias pequenas alterações na infraestrutura a fim de acomodar os medidores

instalados permanentemente, nos quais os dados são registrados automaticamente. Não

necessita, obrigatoriamente, de ferramenta on-line.

Medição Automatizada

As medições são feitas de modo automático e em tempo real, necessitando de corpo

técnico para a análise dos dados. Tem um maior investimento e são necessárias

modificações na infraestrutura.

Para uma análise do consumo de energia com um alto grau de eficiência, devem haver

pontos de monitoração (info nodes) suficientes para isso, e esses devem servir para

monitorar os subsistemas mais importantes. A Figura 4-4 mostra quais são os principais

pontos que precisam de monitoramento, tanto na parte de infraestrutura (Geradores,

UPS, Chillers10, Free Cooling11) quanto na parte dos equipamentos de TI.

10 Chiller: equipamento que faz parte do sistema de climatização, resfriando à água até uma temperatura baixa

para que ela seja levada, através de dutos, até o trocador de calor. 11 Free cooling: método econômico de utilizar baixas temperaturas de ar para auxiliar na refrigeração da água e

que pode ser usada em processos industriais para economia de energia. Ver item 4.1.3.

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Figura 4-4 – Subsistemas a serem monitorados.

Fonte: ASHRAE [24]

Definido isso, soluções podem ser proposta para a redução do consumo de energia elétrica.

Uma vez que já se sabe quais os equipamentos que ‘desperdiçam’ energia que poderia

alimentar as cargas de TI.

O monitoramento, além de informar o real consumo de energia pelo Data Center, também

ajuda na identificação de equipamentos ociosos. Assim, será possível melhorar o

balanceamento das cargas e retirar esses equipamentos, reduzindo o consumo de energia.

4.1 Eficiência na Climatização

O sistema de climatização pode ser responsável por até 50% do consumo total de energia em

salas de servidores e Data Centers [2].

Um importante primeiro passo para reduzir gastos com o consumo de energia elétrica derivado

dos equipamentos de climatização, é adotar boas práticas de gestão do ambiente e

dimensionamento correto dos componentes.

Diferentes metodologias visando a eficiência energética podem ser adotadas dependendo da

localização do Data Center, ou seja, as técnicas a serem implementadas devem considerar as

condições climáticas locais para um melhor aproveitamento.

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A seguir serão apresentadas propostas que podem ser adotadas de maneira imediata, sem

custos, que são exploradas nos itens 4.1.1 e 4.1.4. Além dessas, outras que vão depender de

tempo e algum investimento, e estão explicadas nos itens 4.1.2, 4.1.3 e 4.2 e em 4.3.

4.1.1 Verificar e Controlar o Layout

Um dos pontos chaves de quem trabalha com infraestrutura de Data Center é saber gerir a

ocupação dos espaços. Pode parecer uma medida simples e, não deixa de ser; mas, na prática

tem um resultado significante.

Com uma procura cada vez maior por equipamentos para aumentar a demanda do serviço, o

espaço pode ficar extremamente apertado, prejudicando a circulação do ar, necessitando de

uma maior potência do sistema de climatização e assim, aumentando o consumo de energia. A

retirada de equipamentos obsoletos também ajuda a equilibrar o espaço e o consumo de energia.

Outra técnica que deve ser usada e mantida, é alinhar os racks em corredores quentes e frios.

Figura 4-5 – Circulação do Ar [14]

Conforme é explicitado na Figura 4-5, é proveitoso manter um espaçamento mínimo entre os

racks e configurá-los para que os corredores quentes e frios fiquem alinhados. Assim, o ar frio

é ‘puxado’, pelas ventoinhas, entra pela parte frontal dos equipamentos e é expulso numa

temperatura maior na parte traseira dos racks.

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Dessa maneira o ar quente ascende e encontra a tubulação para ser novamente resfriado, pelas

máquinas de ar condicionado, e voltar para continuar o ciclo de refrigeração.

4.1.2 Torre de Termoacumulação12

Sendo a água usada como fluido de resfriamento, é interessante para se diminuir o consumo de

energia elétrica a acumulação de água gelada em torres de térmicas.

A vantagem de usar esse sistema é que a água é resfriada, em um horário no qual a energia

elétrica seja mais barata, e depois, quando tiver no horário de ponta onde a energia fica mais

cara, os chillers são desligados e então passa-se a usar a água já resfriada e estocada

isotermicamente13 nas torres (Figura 4-6).

Porém, essa medida precisa de um investimento inicial relativamente alto para adequação da

infraestrutura necessária, além de espaço suficiente para sua fundação. Porém, segundo a

bibliografia, a “termoacumulação pode gerar uma economia de até 70% dependendo do

segmento e horários de funcionamento do empreendimento” [22].

Torna-se indispensável uma análise econômica alicerçada em indicadores de rentabilidade e

níveis de risco ao se investir em projeto desse porte.

12 Termoacumulação: produção e acumulação de água gelada em tanques, eliminando a dependência entre a

oferta e a demanda, o que permite operar os sistemas de condicionamento de ar de forma mais eficiente. Trata-se

de uma alternativa tecnológica para eficiência energética. 13 Isotermicamente: uma transformação termodinâmica na qual a temperatura é mantida constante.

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Figura 4-6 - Torre de termoacumulação.

Fonte: Mayekawa [23]

4.1.3 Free Cooling

O free cooling é outra técnica proposta para reduzir o consumo de energia elétrica em um Data

Center.

Consiste em utilizar o ar e/ou água, à temperatura ambiente externa, para refrigeração do Data

Center.

Ao contrário do que se imagina, essa técnica não é só utilizada em ambientes frios, mas em

locais onde a temperatura ambiente média, ao longo do ano, é mais baixa que as condições

internas necessárias.

Outro fator importante é que não precisa operar o free cooling sempre, mas sim na época ou

no horário onde as circunstâncias são favoráveis à aplicação.

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Figura 4-7 – Sistema de climatização sem free cooling. [17]

Figura 4-8 - Sistema de climatização com free cooling. [17]

A Figura 4-7 mostra o sistema operando sem utilizar a técnica de free cooling. Já na Figura 4-8

é possível observar a técnica em exercício, onde o chiller (resfriador) é mantido desligado. Em

ambas as figuras a linha tracejada representa os ramais de água sem escoamento. Além de

economizar no consumo de energia, devido aos desligamentos do chiller, também contribui

para a manutenção e prolongamento da sua vida útil.

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4.1.4 Aumentar o Set Point de Temperatura

Para retirar o calor da sala de computadores usa-se, como visto na seção 2.9, o sistema de

climatização. Ele atua para manter a temperatura e a umidade em níveis aceitáveis e não

comprometer os equipamentos de TI.

Em cada site é definido um set point para a temperatura que o sistema de climatização deve

refrigerar o ambiente. Normalmente os sites são operados com temperatura entre 18º e 20º

Celsius [3].

Porém para aumentar a eficiência do Data Center, ou seja, levar o PUE para o mais próximo

de 1,0 possível, os engenheiros estão estudando o efeito do aumento do set point de temperatura

no Data Center, sem deixar esse incremento danificar os equipamentos de TI. Isso, porque com

uma temperatura de trabalho mais elevada, o sistema de climatização demandará menos

potência, reduzindo o consumo e tornando o Data Center mais eficiente.

A Sociedade Americana de Engenheiros de Climatização - American Society of Heating,

Refrigeration and Air Conditioning Engineers (ASHRAE), é uma entidade americana fundada

em 1984 focada nos sistemas de construção, eficiência energética, qualidade do ar interior,

refrigeração e sustentabilidade, criando normas para este setor que são seguidas por projetistas

de todo o mundo.

A ASHRAE realizou um estudo onde alterou faixa de temperatura de 20° a 25°C para 18° a

27°C, sem alterar os requisitos de garantia dos equipamentos. Com isso foi possível perceber

que a cada grau Celsius pode-se reduzir aproximadamente de 4 a 6% no custo de eletricidade.

Em um relatório, a Microsoft divulgou que aumentando a temperatura de um de seus Data

Centers de dois a quatro graus foi possível economizar 250.000 dólares em custo de

eletricidade durante um ano [11].

Porém, novos estudos continuam sendo executados para comparar o efeito colateral dessas

mudanças, se tiver, nos equipamentos.

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4.2 Eficiência no Sistema Elétrico

Outro ponto crítico para a eficiência no Data Center é a distribuição elétrica. Muitos

equipamentos estão interligados consumindo energia e se tornando focos de desperdícios.

Primeiramente é preciso se ater a data de fabricação dos equipamentos. Dispositivos de TI

construídos com uma tecnologia moderna são em geral mais eficientes que os antigos. As

fontes de corrente contínua, por exemplo, possuem tecnologia que ativa somente o número de

retificadores necessários de acordo com a carga ligada no momento, fazendo uma economia de

energia quando cargas baixas estão conectadas.

Já as UPSs mais novas são capazes de operar em modo digital imperativo, ou seja, elas

alimentam a carga de TI por by-pass direto da rede da concessionaria e, ao mesmo tempo,

monitoram a qualidade da rede para só então, se estiver em qualidade inferior a aceitável, entrar

em modo de operação normal. Assim, de maneira simples, economizam energia elétrica de um

modo geral.

4.3 Virtualização

Uma técnica que ajuda na eficiência energética otimizando o consumo de energia é a

virtualização. Com esse método é possível dividir os recursos de um servidor físico em alguns

servidores virtuais, ou seja, o servidor físico é capaz de rodar diversas aplicações em diferentes

sistemas operacionais.

Resumindo, um servidor atual tem diversos recursos que os softwares são projetados para usar.

Logo, recursos como CPU e memória ficam ociosos. Portanto a virtualização oferece uma

oportunidade de se usar esses equipamentos ociosos rodando máquinas virtuais.

Então, fazendo a consolidação de vários servidores físicos e subutilizados em um único

servidor, é possível obter economia de energia com a climatização do ambiente, já que será

menor a dissipação do calor.

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Figura 4-9 - Arquitetura tradicional versus arquitetura com virtualização [15]

Analisando-se a Figura 4-9, observa-se que na arquitetura tradicional (imagem da esquerda)

tem-se executável apenas um sistema operacional e uma única aplicação. Já na arquitetura

usando a técnica de virtualização (imagem à direita) tem-se que, para um mesmo hardware, é

possível executar diversos sistemas operacionais para diversas aplicações.

Dessa maneira fica claro que o espaço físico do Data Center não será ocupado com muitas

máquinas para aplicações específicas, necessitando de um aumento na refrigeração. Um único

hardware é capaz de realizar diversas funções economizando assim energia elétrica com

climatização e tornando o Data Center mais eficiente.

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Capí tulo 5

5 CONCLUSÃO

Nesse trabalho foi possível entender qual a função dos Data Centers e como funcionam esses

ambientes que, cada vez se tornam mais imprescindíveis para os novos modelos de negócio. A

evolução é constante e o seu crescimento deve estar sustentado pelas diretrizes de economia de

energia focado em eficiência energética e redução da emissão de CO₂.

Primeiramente, foi realizada uma pesquisa focada no referencial teórico adotado nos Data

Centers atuais, e com isso foi possível entender seu modo de funcionamento e onde de certa

forma estaria mais suscetível o aprimoramento para a redução de energia e ou eficiência

energética.

Baseado na infraestrutura utilizada por esses ambientes, foi feita uma investigação de como

cada elemento se comporta no conjunto total, o Data Center, e então parâmetros foram

estabelecidos para se conseguir comparar práticas adotadas por diferentes empresas.

Em resumo, para se obter uma redução da energia elétrica é preciso que o operador do Data

Center implemente procedimentos de monitoramento do sistema elétrico e de climatização,

com o objetivo de identificar pontos críticos e tomar as providências necessárias, além de

efetuar trocas de equipamentos antigos por novos modelos, estudar o comportamento do site

frente ao aumento do set point e programar a virtualização dos equipamentos que suportam

essa técnica.

O objetivo desse trabalho, conforme item 1.2, era mostrar as principais características dos Data

Centers, seus equipamentos e propor soluções para serem implementadas nesses ambientes,

com o objetivo de aumentar sua eficiência energética e, por consequência, reduzir os gastos

com eletricidade e a emissão de CO₂.

Ficou claro que esse objetivo foi alcançado e foi possível concluir que existem diversos pontos

de melhorias onde são viáveis aplicar as técnicas propostas nesse estudo, para se obter o

aumento da eficiência energética, reduzindo custos sem comprometer a segurança do Data

Center.

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5.1 Trabalhos Futuros

Os Data Centers são ambientes vitais para a sociedade atual, portanto, sua evolução é

constante. Assim sendo, novas tecnologias surgem rapidamente para torná-los mais produtivos,

porém alinhados com a sustentabilidade.

Para a elaboração de trabalhos futuros é sugerido que as soluções propostas sejam testadas e

monitoradas num longo prazo em um Data Center real com o objetivo de verificar a verdadeira

economia de energia elétrica.

Para uma melhor à análise da eficiência é necessário, também, estudar a influência dos sistemas

periféricos, como, por exemplo, a iluminação no consumo de energia elétrica em um Data

Center.

Outro ponto interessante que surgiu durante a pesquisa é como se comporta a variação da carga

de TI versus a eficiência do site. Com o passar dos anos, novos equipamentos de TI são

adicionados e outros removidos, provocando mudanças no Data Center e afetando a sua

eficiência energética. Uma sugestão de estudo relevante é analisar essa influência.

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Capí tulo 6

6 BIBLIOGRAFIA

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[19] SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e

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[23] MAYEKAWA. Em http://mayekawa.com.br/produtos/reservatorio-de-termoacumulacao/

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[24] ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers.

Em https://www.ashrae.org/ Acesso 15/02/2017. 16h33min.

[25] PERIARD, Gustavo. O Ciclo PDCA e a melhoria contínua. 2011. Em

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[26] AQUINO, Roberta. Ciclo PDCA/L ou Ciclo de Deming. 2010. Em

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