103
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ANTIPROLIFERATIVA DE GALACTANAS SULFATADAS DA ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E

ANTIPROLIFERATIVA DE GALACTANAS SULFATADAS DA

ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V.

Lamouroux

NATAL 2011

Page 2: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E

ANTIPROLIFERATIVA DE GALACTANAS SULFATADAS DA

ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V.

Lamouroux

Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Orientadora: Dra. Edda Lisboa leite

NATAL

2011

Page 3: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 4: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E

ANTIPROLIFERATIVA DE GALACTANAS SULFATADAS DA ALGA

VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux

Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica.

Aprovada em: 18/07/2011

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Dra. Edda Lisboa Leite

Departamento de Bioquímica – UFRN

Orientadora

_________________________________________________

Dr. Eduardo Henrique Cunha de Farias

1º Examinador

_________________________________________________

Dr. Roberto Dimenstein - UFRN

2º Examinador

Page 5: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Dedico esta obra

A minha orientadora Profª Dra. Edda Lisboa Leite pela sua

paciência e ensinamentos constantes.

A minha mãe Vera, por todo apoio e carinho incondicional na

minha jornada de vida.

Page 6: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me permitir está aqui hoje.

Aos meus pais Vera e Jorge, e ao meu irmão Beto, por estarem sempre ao

meu lado compartilhando momentos, e por todo carinho e apoio recebido.

Á minha família por está sempre presente na minha vida.

Á minha orientadora Edda pelos seus ensinamentos constantes,

companheirismo, e por entender como ninguém cada um dos seus orientandos.

Por se preocupar não somente com nossa vida acadêmica, mas também com a

nossa vida pessoal. Muito obrigada por ter me aceitado no laboratório e ter

acreditado no meu futuro acadêmico.

Aos professores do Departamento de Bioquímica que contribuíam para minha

formação.

A professora Helena Nader do INFAR (UNIFESP) por permitir a realização de

experimentos em seu laboratório na cidade de São Paulo-SP.

Aos meus amigos da graduação pela amizade e que desde sempre

acreditaram no meu “potencial” e me apoiaram muito.

Aos meus amigos do laboratório de Glicobiologia Vegetal que participaram

diretamente da minha jornada acadêmica, e que se tornaram não somente

colegas de trabalho, mas sim, verdadeiros amigos.

A Maria Emília (Mila), a primeira pessoa que me mostrou como se comportar e

como trabalhar no laboratório de pesquisa. Muito obrigada por tudo.

A Celina, uma pessoa que aprendi a gostar, e passamos a compartilhar muitos

momentos juntas, fazendo experimentos, discutindo resultados, viajando. E

como ela mesma disse uma vez, “nos damos muito bem pois somos

parecidas”, e isso é verdade mesmo.

Page 7: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

A Marília, uma pessoa muito especial que com o passar do tempo foi possível

conhecer a verdadeira mulher que ela é, e que apesar do preconceito com os

pobres ICs, é uma pessoa extremamente atenciosa e prestativa.

A Adriane, também minha companheira de experimento, pela ajuda e amizade

a mim dedicadas.

A Allisson, que me aguentava sem nunca reclamar. Que sempre estava perto

quando eu precisava de uma palavra amiga, sensata e inteligente. Obrigada

por está sempre disponível para mim, a qualquer momento.

A Almino, pelas ótimas conversas que sempre tivemos no laboratório, fossem

estas de caráter bioquímico, acadêmico ou sobre a nossa profissão.

A Thiago, Leonardo, Luíza, Joedyson, Thuane, Kahena e Hugo, pela constante

amizade, carinho, atenção e auxílio.

Aos colegas da minha turma de mestrado, Alexandre, Paulo, Fernanda,

Raquel, Daniel, Joycelane, Sara, Adilson, Jethe, Luciana, Ayrton por

compartilharmos e superarmos juntos tantos momentos de dificuldades,

sempre com muita preocupação uns com os outros.

Aos colegas do laboratório do professor Eliseu, que sempre me ajudaram e que

com certeza contribuíram para a realização deste trabalho. Obrigada a

Norberto, Rafael Russi, Paula, Luciana...

Aos colegas do laboratório de Biopolímero que contribuíram de forma direta ou

indireta para a realização do trabalho, obrigada a Sara, Jailma, Leonardo,

Nednaldo, Mariana, Rafael...

Aos colegas do INFAR (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP) pela

acolhida quando da minha estada em São Paulo para a realização dos

experimentos e pelo grande auxílio e atenção que recebi. Obrigada

especialmente a Valquíria, Renan e Gioconda.

Aos funcionários e aos responsáveis pela limpeza do departamento de

Bioquímica, pelo companheirismo de todo dia, especialmente a Creuza que me

ajudou muito desde o início, e a Ângela pelos muitos cafés da manhã.

Page 8: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Emancipate yourself from mental slavery,

None but ourselves can free our minds.

Bob Marley

“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu

tamanho original”

Albert Einstein

Page 9: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

RESUMO

Algas marinhas são uma das principais fontes de compostos biologicamente ativos. Na matriz extracelular desses organismos existem os polissacarídeos sulfatados que funcionam como componente estrutural prevenindo-a contra desidratação. A fração 1,0 (F1,0) rica em galactanas sulfatadas obtida da alga vermelha Hypnea musciformis foi caracterizada fisicoquimicamente e avaliada quanto a atividade farmacológica por meio de ensaios de atividade antioxidante, ação citotóxica sobre hemácias, atividade anticoagulante, ação estimulatória sobre a síntese de heparam sulfato antitrombótico e seus efeitos na proliferação e progressão do ciclo celular. Os principais componentes da F1,0 foram carboidratos (49,70 ± 0,10%) e sulfato (44,59 ± 0,015%), apresentando compostos fenólicos (4,79 ± 0,016%) e baixa contaminação protéica (0,92 ± 0,001%). F1,0 mostrou perfil polidisperso e sinais na análise de infravermelho em 1262, 1074 e 930, 900 e 850 cm-1

atribuídos a ligações S=O de ésteres de sulfato, presença de ligação C-O de 3,6-anidrogalactose, β-D-galactose não sulfatada e ligação C-O-SO4 no C4 da galactose, respectivamente. A fração rica em galactanas sulfatadas exibiu forte ação antioxidante sobre o ensaio de peroxidação lipídica com IC50 de 0,003 mg/mL. Além da alta inibição da hemólise induzida por H2O2 em hemácias humanas tratadas com F1,0, esta fração não promoveu citotoxicidade significativa sobre a membrana de hemácias. F1,0 exibiu baixa atividade anticoagulante, causando moderada inibição direta da atividade enzimática da trombina. Esta fração promoveu estimulação de cerca de 4,6 vezes na síntese de heparam sulfato (HS) pelas células endoteliais da aorta de coelho (RAEC), em cultura, quando comparadas com as células não tratadas com F1,0. A fração dessa alga mostrou atividade antiproliferativa sobre as células RAEC, causando aumento no número de células na fase S, impedindo a progressão do ciclo celular. Assim, F1,0 apresentou ação citostática e não citotóxica sobre esta linhagem celular. Esses resultados sugerem que F1,0 de H. musciformis tem potencial antioxidante, efeito importante para um composto utilizado como alimento e na indústria alimentícia, podendo ser uma alternativa na indústria alimentícia para a prevenção do decaimento da qualidade dos alimentos contendo lipídio devido a peroxidação lipídica, uma vez que a fração em estudo exibiu forte ação inibitória sobre a peroxidação lipídica. Além disso F1,0 apresenta forte ação antitrombótica promovendo a estimulação da síntese de HS antitrombótico pelas células endoteliais, sendo útil na prevenção da trombose, devido também a sua ação inibitória sobre as espécies reativas do oxigênio (ROS) em alguns sistemas in vitro, estando envolvidos na promoção de estado de hipercoagulabilidade.

Palavras-chave: Galactanas sulfatadas; Alga vermelha; Hypnea musciformis;

Anticoagulante; Antitrombótica; Atividade antioxidante; Proliferação celular.

Page 10: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

ABSTRACT

Marine algae are one of the major sources of biologic compounds. In extracellular matrix of these organisms there are sulfated polysaccharides that functions as structural components and provides protection against dehydration. The fraction 1.0 (F1.0) rich in sulfated galactans obtained from red seaweed Hypnea musciformis was physicochemical characterized and evaluated for pharmacologic activity through antioxidant activity, cytotoxic action on erythrocytes, anticoagulant, stimulatory action under antithrombotic heparan sulfate synthesis and their effects on cell proliferation and cycle cell progression. The main components of F1.0 were carbohydrates (49.70 ± 0.10%) and sulfate (44.59 ± 0.015%), presenting phenolic compounds (4.79 ± 0.016%) and low protein contamination (0.92 ± 0.001%). Fraction 1.0 showed polidisperse profile and signs in infrared analysis in 1262, 1074 and 930, 900 and 850 attributed to sulfate esters S=O bond, presence of a 3,6-anidrogalactose C-O bond, non-sulfated β-D-galactose and a C-O-SO4 bond in galactose C4, respectively. The fraction rich in sulfated galactans exhibited strong antioxidant action under lipid peroxidation assay with IC50 of 0.003 mg/mL. Besides the inhibition of hemolysis induced by H2O2 in erythrocytes treated with F1.0, this fraction did not promote significant cytotoxity under erythrocytes membranes. F1.0 exhibited low anticoagulant activity causing moderate direct inhibition of enzimatic activity of thrombin. This fraction promoted stimulation around of 4.6 times on this synthesis of heparan sulfate (HS) by rabbit aortic endothelial cells (RAEC) in culture when was compared with non treated cells. The fraction of this algae displayed antiproliferative action under RAEC cells causing incresing on cell number on S fase, blocking the cycle cell progression. Thus F1.0 presented cytostatic and no cytotoxic action under this cell lineage. These results suggest that F1.0 from H. musciformis have antioxidant potential which is a great effect for a compound used as food and in food industry which could be an alternative to food industry to prevent quality decay of lipid containing food due to lipid peroxidation. These polysaccharides prevent the lipid peroxidation once the fraction in study exhibited strong inhibitory action of this process. Furthermore that F1.0 present strong antithrombotic action promoting the stimulation of antithrombotic HS synthesis by endothelial cells, being important for thrombosis preventing, by its inhibitory action under reactive oxygen species (ROS) in some in vitro methods, being involved in promotion of hypercoagulability state.

Keywords: Sulfated galactans; Red seaweed; Hypnea musciformis;

Anticoagulant; Antithrombotic; Antioxidant activity; Cell proliferation.

Page 11: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Árvore diagramática representando a organização dos

eucariotos em seis grupos principais......................................

21

Figura 2 Estrutura química das carragenanas........................................ 24

Figura 3 Unidade dissacarídica da carragenana kappa......................... 25

Figura 4 Representação esquemática da ativação das vias intrínseca,

extrínseca e comum da coagulação sanguínea.......................

29

Figura 5 Representação esquemática dos complexos procoagulantes. 31

Figura 6 Formação do coágulo no local de lesão tecidual...................... 32

Figura 7 Esquema da ação dos ROS sobre os componentes da

hemostasia...............................................................................

37

Figura 8 Redução do oxigênio molecular (O2) na mitocôndria até a

formação de água.....................................................................

39

Figura 9 Hypnea musciformis................................................................. 42

Figura 10 Esquema de extração e fracionamento dos polissacarídeos

sulfatados de H. musciformis....................................................

48

Figura 11 Esquema do teste de tempo de tromboplastina parcial

ativada (aPTT)..........................................................................

57

Figura 12 Esquema do teste de tempo de protrombina (PT).................... 58

Figura 13 Eletroforese em gel de agarose das frações de

polissacarídeos sulfatados de H. musciformis obtidas do

fracionamento com acetona.....................................................

65

Figura 14 Cromatografia descendente em papel da F1,0 com solvente

butanol:piridina: água...............................................................

67

Page 12: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Figura 15 Cromatografia de gel filtração da F1,0 de H. musciformis

monitorada pela determinação de açúcares totais e

identificação de compostos aromáticos....................................

68

Figura 16 Espectro de infravermelho da F1,0 rica em galactanas

sulfatadas da alga Hypnea musciformis...................................

70

Figura 17 Poder redutor de concentrações diferentes da F1,0 de

Hypnea musciformis.................................................................

74

Figura 18 Inibição da peroxidação lipídica de concentrações diferentes

da F1,0 de Hypnea musciformis...............................................

75

Figura 19 Inibição da hemólise induzida por H2O2 promovida pela F1,0

de H. musciformis.....................................................................

76

Figura 20 Ação citotóxica da F1,0 de H. muscifomis sobre eritrócitos de

diferentes grupos sanguíneos ABO e Rh positivo e negativo..

78

Figura 21 Tempo de tromboplastina parcial ativada de pool de plasma

tratado com F1,0 em diferentes massas..................................

79

Figura 22 Tempo de protrombina de pool de plasma tratado com F1,0

em diferentes massas...............................................................

80

Figura 23 Ação da F1,0 rica em galactanas sulfatadas da alga Hypnea

musciformis na síntese de glicosaminogicanos sulfatados

pelas células endoteliais da aorta de coelho (RAEC)...............

84

Figura 24 Efeito da F1,0 isolada de H. musciformis na proliferação de

células endoteliais da aorta de coelho (RAEC).......................

85

Figura 25 Análise de citometria de fluxo com dupla marcação para

anexina V-FITC e PI em células endoteliais da aorta de

coelho (RAEC)..........................................................................

87

Page 13: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Figura 26 Padrão de viabilidade de células endoteliais da aorta de

coelho avaliada por citometria fluxo.........................................

88

Figura 27 Análise da distribuição no ciclo celular das células endoteliais

da aorta de coelho (RAEC).......................................................

89

Page 14: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atividade farmacológica de polissacarídeos sulfatados de

algas vermelhas......................................................................

26

Tabela 2 Rendimento (% do peso seco) das frações de Hypnea

musciformis obtidas do fracionamento com acetona..............

64

Tabela 3 Composição química (% peso seco) da F1,0 extraída de

Hypnea musciformis................................................................

66

Tabela 4 Resumo dos sinais de espectroscopia de infravermelho da

F1,0 rica em galactanas sulfatadas da alga vermelha H.

musciformis.............................................................................

71

Tabela 5 Ensaios de atividade antioxidante........................................... 73

Tabela 6 Ensaio do substrato cromogênico da trombina....................... 81

Tabela 7 Ensaio do substrato cromogênico do FXa.............................. 82

Tabela 8 Distribuição das células endoteliais da aorta de coelho

(RAEC) no ciclo celular...........................................................

90

Page 15: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

µCi/mL

Micro Curie por mililitro

µl Microlitros

µM Micromolar

35S

Sulfato radioativo

aPTT Tempo de tromboplastina parcial ativada

ATP Adenosina trifosfato

A- Hemácias do grupo sanguíneo A negativo

A+ Hemácias do grupo sanguíneo A positivo

AB+ Hemácias do grupo sanguíneo AB positivo

BHA Hidroxianisol butilado (Butylated hydroxyanisole)

BHT Hidroxitolueno butilado (Butylated hydroxytoluene)

B+ Hemácias do grupo sanguíneo B positivo

C4 Carbono 4

cm Centímetros

cm-1

por cm

CS

Condroitim sulfato

DMSO Dimetilsulfóxido

DS Dermatam sulfato

EDTA Etileno diamino tetraacetato de sódio

EGF

Fator de crescimento epidérmico

F0,3 Fração precipitada com 0,3 volume de acetona

F0,5

Fração precipitada com 0,5 volume de acetona

F1,0 Fração precipitada com 1,0 volume de acetona

F1,5

Fração precipitada com 1,5 volume de acetona

Page 16: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

F2,0 Fração precipitada com 2,0 volume de acetona

F3,0 Fração precipitada com 3,0 volume de acetona

FITC

Isotiocianato de flurosceína

FIX Fator IX – Fator B anti-hemofílico (Fator de Christmas)

FV

Fator V- Pró acelerina

FVII Fator VII – Pró convertina

FVIII Fator VIII – Fator A anti-hemofílico

FX Fator X- Fator de Stuart-Prower

FXI Fator XI- Antecedente da Tromboplastina plasmática

FXII Fator XII – Fator de Hageman

GAGs Glicosaminoglicanos

GLC Cromatografia gás - líquido

h Hora

HS

Heparam sulfato

IU/mL Unidades internacionais por mililitros

kDa Quilo Dáltons

LDL Lipoproteína de baixa densidade

M

Molar

mg

Miligramas

mg/mL Miligramas por mililitro

min

Minutos

mL

Mililitro

mM Milimolar

N Normal

NADH Nicotinamida adenina dinucleotídeo na forma reduzida

Page 17: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato na forma reduzida

NIH/mL

Unidades de trombina por mililitro

nm Nanômetro

p/v

Peso/volume

oxLDL Lipoproteína de baixa densidade oxidada

O+ Hemácias do grupo sanguíneo O positivo

PBS Solução tampão (Phosphate buffered saline)

PDGF

Fator de crescimento derivado de plaqueta

pH

Potencial hidrogeniônico

PI Iodeto de propídio

PT

Tempo de protrombina

RAEC Célula endotelial da aorta de coelho (Rabbit aortic endothelial cell)

RNase

Ribonuclease A de pâncreas bovino

ROS Espécies reativas do oxigênio

rpm

Rotações por minuto

SFB

Soro bovino fetal

TBHQ

tert-Butylhydroquinone

TF Fator tecidual

TFPI Inibidor da via do fator tecidual

UV Ultravioleta

V

Voltagem

v Volume

v/v Volume/ volume

VEGF Fator de crescimento endotelial vascular

Page 18: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................... 20

1.1 ALGAS MARINHAS.................................................................. 20

1.1.1 Algas vermelhas...................................................................... 21

1.2 CARRAGENANAS.................................................................... 22

1.3 HEMOSTASIA........................................................................... 26

1.4 PAPEL DA CÉLULA ENDOTELIAL NA HEMOSTASIA............ 32

1.5 HEPARINA - COMPOSTO ANTICOAGULANTE/

ANTITROMBÓTICO.................................................................

34

1.6 RELAÇÃO ENTRE COAGULAÇÃO E ESPÉCIES REATIVAS

DO OXIGÊNIO..........................................................................

35

1.7 ESPÉCIES REATIVAS DO OXIGÊNIO.................................... 38

1.8 COMPOSTOS ANTIOXIDANTES............................................. 40

2 OBJETIVO GERAL................................................................... 41

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................... 41

3 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................ 42

3.1 MATERIAIS............................................................................... 42

3.1.1 Alga marinha............................................................................ 42

3.1.2 Materiais químicos e aparelhos............................................. 43

3.2 MÉTODOS................................................................................ 47

3.2.1 Extração e fracionamento dos polissacarídeos sulfatados 47

3.2.2 Caracterização dos polissacarídeos sulfatados obtidos

de H. musciformis...................................................................

49

3.2.2.1 Eletroforese em gel de agarose................................................ 49

3.2.2.2 Análises químicas..................................................................... 49

Page 19: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

3.2.2.2.1 Dosagem de açúcares totais.................................................... 49

3.2.2.2.2 Dosagem de sulfato.................................................................. 50

3.2.2.2.3 Dosagem de proteínas.............................................................. 50

3.2.2.2.4 Dosagem de compostos fenólicos........................................... 50

3.2.2.3 Cromatografia descendente em papel...................................... 50

3.2.2.4 Determinação da massa molecular........................................... 51

3.2.2.5 Análise de infravermelho........................................................... 51

3.2.3 Avaliação da Atividade Biológica.......................................... 51

3.2.3.1 Ensaios de atividades antioxidantes......................................... 51

3.2.3.1.1 Seqüestro de radicais hidroxila................................................. 51

3.2.3.1.2 Ação quelante de ferro.............................................................. 52

3.2.3.1.3 Sequestro de radicais DPPH.................................................... 52

3.2.3.1.4 Sequestro de radicais superóxido............................................. 53

3.2.3.1.5 Poder redutor............................................................................ 53

3.2.3.1.6 Peroxidação lipídica.................................................................. 54

3.2.3.1.7 Inibiçao de hemólise induzida por H2O2.................................... 54

3.2.3.2 Avaliação da ação citotóxica sobre hemácias de grupos

sanguíneos ABO e Rh positivo e negativo (Hemólise direta)...

55

3.2.3.3 Atividade anticoagulante........................................................... 56

3.2.3.3.1 Tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT)..................... 57

3.2.3.3.2 Tempo de protrombina (PT)...................................................... 58

3.2.3.3.3 Atividade enzimática de fatores da coagulação (Ensaio do

substrato cromogênico).............................................................

58

3.2.3.3.3.1 Ensaio de atividade da trombina............................................... 58

3.2.3.3.3.2 Ensaio de atividade do FXa...................................................... 59

Page 20: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

3.2.3.4 Atividade estimulatória sobre a síntese de heparam sulfato

antitrombótico em células endotelais em cultura......................

60

3.2.3.4.1 Manutenção das culturas.......................................................... 60

3.2.3.4.2 Ensaio da ação da F1,0 na síntese de glicosaminoglicanos

pelas células endoteliais...........................................................

60

3.2.3.4.2.1 Marcação dos glicosaminoglicanos sulfatados......................... 60

3.2.3.4.2.2 Análise dos glicosaminoglicanos sulfatados sintetizados....... 60

3.2.3.5 Ação da F1,0 na proliferação celular in vitro (Ensaio de MTT). 61

3.2.3.6 Ensaio de apoptose (Anexina V-FITC /PI) e distribuição do

ciclo celular nas células endoteliais da aorta de coelho

(RAEC).......................................................................................

62

3.2.3.6.1 Ensaio de apoptose (Anexina V-FITC /PI)................................. 62

3.2.3.6.2 Ensaio da distribuição das células no ciclo celular................... 63

3.2.3.7 Análise estatística..................................................................... 63

4 RESULTADOS.......................................................................... 64

4.1 EXTRAÇÃO E FRACIONAMENTO DOS

POLISSACARÍDEOS SULFATADOS.......................................

64

4.2 ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE............................. 65

4.3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA F1,0........................................... 66

4.4 CROMATOGRAFIA DESCENDENTE EM PAPEL................... 67

4.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR.......................... 68

4.6 ANÁLISE DE ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO... 69

4.7 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA................................ 72

4.7.1 Ensaios de atividade antioxidante......................................... 72

4.7.1.1 Sequestro de radicais hidroxila................................................. 72

Page 21: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

4.7.1.2 Ação quelante de ferro.............................................................. 72

4.7.1.3 Sequestro de radicais DPPH..................................................... 72

4.7.1.4 Sequestro de radicais superóxido............................................. 72

4.7.1.5 Poder redutor............................................................................ 74

4.7.1.6 Peroxidação lipídica.................................................................. 75

4.7.1.7 Inibição de hemólise induzida por H2O2.................................... 76

4.7.2 Avaliação da ação citotóxica da F1,0 sobre hemácias de

grupos sanguíneos ABO e Rh positivo e negativo..............

77

4.7.3 Atividade anticoagulante........................................................ 79

4.7.3.1 Tempo de tromboplastina parcial ativada e tempo de

protrombina...............................................................................

79

4.7.3.2 Ensaios de atividade de fatores da coagulação........................ 81

4.7.3.2.1 Ensaio de atividade da trombina............................................... 81

4.7.3.2.2 Ensaio de atividade do FXa...................................................... 82

4.7.4 Investigação da atividade estimulatória da F1,0 extraída

de H. musciformis sobre a síntese de heparam sulfato

antitrombótico por células endoteliais da aorta de coelho

(RAEC)......................................................................................

83

4.7.5 Ação da F1,0 na proliferação celular (Ensaio de MTT)........ 85

4.7.6 Ensaio de anexina V/PI e distribuição do ciclo celular em

células endoteliais da aorta de coelho (RAEC)....................

86

5 DISCUSSÃO............................................................................. 91

6 CONCLUSÕES......................................................................... 103

REFERÊNCIAS......................................................................... 104

Page 22: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 20

1. INTRODUÇÃO

1.1. Algas marinhas

As algas são organismos avasculares cujas células formam

aglomerações na forma de fios ou de lâminas finas. Elas podem ser

classificadas em três grupos de cores: verde (Chlorophyta), marrom

(Phaeophyta) e vermelha (Rhodophyta) (PÁDUA, FONTOURA, MATHIAS,

2004). Encontram-se distribuídas por oceanos, corpos de água doce, solos,

rochas, sobre a neve e superfície de vegetais, desde que disponham de luz e

umidade suficientes (VIDOTTI, ROLLEMBERG, 2004). Estão confinadas as

estreitas faixas de litoral e sublitoral do ambiente marinho e requerem certas

condições do ambiente para crescimento adequado e estabelecimento em

diferentes regiões da linha costeira. A ocorrência de alterações na distribuição

e abundância de diferentes tipos de algas é devida as flutuações na topografia,

natureza física do substrato, salinidade, corrente, ação das marés e outros

fatores do ambiente marinho na costa litorânea. O substrato marinho ou algal é

utilizado como superfície de ancoragem com papel chave no crescimento, pois

este crescimento depende bastante da disponibilidade de substratos nas áreas

litorais e sublitorais da linha costeira (RAO, 1970).

De acordo com o sistema proposto por Whittaker, (1969) as espécies

dos organismos vivos foram classificadas em cinco reinos: Animalia (Metazoa),

Plantae, Fungi e Protista (eucariotos), e Monera (procariotos). Pela

classificação desse autor, as algas vermelhas (Filo Rhodophyta) pertencem ao

reino protista, que compreende algas que apresentam pigmentos organizados

em organelas (plastos) que permitem a fotossíntese (VIDOTTI, ROLLEMBERG,

2004).

Anteriormente, foi adquirido um maior conhecimento no entendimento

das relações evolucionárias dos organismos devido a avanços na filogenética

molecular. Atualmente os eucariotos podem ser divididos em seis grupos

principais: Opisthokonta, Amoebozoa, Plantae, Chromalveolata, Rhizaria,

Excavata. As algas vermelhas, nesta nova divisão, encontram-se inseridas no

grupo Plantae, que compreende organismos fotossintéticos que possuem

Page 23: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 21

cloroplastos originados por endossimbiose primária (SIMPSON, ROGER,

2004).

Figura 1. Árvore diagramática representando a organização dos eucariotos em seis

grupos principais. O grupo Plantae que compreende as algas vermelhas está destacado por

uma seta vermelha. Fonte: adaptado de Simpson, Roger, (2004).

1.1.1.Algas vermelhas

As algas vermelhas são algas quase que exclusivamente pluricelulares e

marinhas que vivem fixadas em substratos. A principal característica desse

grupo de algas é a presença do pigmento ficoeritrina em suas células, o qual

confere a coloração característica que apresentam. Além deste pigmento, as

algas vermelhas apresentam clorofilas a e d, carotenóide e amido como

material de reserva. Possuem grande importância econômica, uma vez que são

utilizadas como alimento (homem e gado), na extração de ágar utilizado como

meio de cultura para bactérias, para fabricação de laxantes, gomas e na

extração de carragenanas. Estas são hidrocolóides amplamente utilizadas nas

Page 24: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 22

indústrias alimentícias (VIDOTTI, ROLLEMBERG, 2004), de tintas, têxteis e

perfumes, como na indústria farmacêutica (ARMISEN, 1995).

O gênero Hypnea J. V. Lamour compreende aproximadamente 67

espécies descritas, e está representada em litorais tropicais e subtropicais ao

redor do mundo, sendo economicamente importante como alimento

(MSHIGENI, CHAPMAN, 1994; GERALDINO et al., 2009). Este gênero foi

estabelecido por Lamouroux (1813) baseado em seis espécies e é tipificado

por H. musciformis (Wulfen) J. V. Lamour (KYLIN, 1930; PAPENFUSS, 1958)

apresentando distribuição cosmopolita e considerável variação morfológica

(GERALDINO et al., 2010).

O gênero Hypnea é caracterizado por um talo muito ramificado com

pequenos ramos laterais, cistocarpos globulosos e tetrasporângia em laterais

curtas (LAMOUROUX, 1813; MSHIGENI, 1978; WOMERSLEY, 1994). A

principal característica desta espécie é a presença de processos em forma de

ganchos nas porções terminais dos eixos principais, que apresentam como

função a fixação da alga sobre outras algas suportes ou outros substratos

(FRITSCH, 1965).

A alga Hypnea musciformis é consumida como alimento em geléias

adoçicadas com ou sem leite de coco e também como sopa de legumes na

costa de Warambadi, Ilha de Sumba, Indonésia (ANGGADIREDJA, IKN 78 –

IKN 89). Espécies de Hypnea são algumas das algas comestíveis encontradas

em diferentes localidades ao longo da Costa da Índia (RAO, 1970).

1.2.Carragenanas

Na matriz extracelular das algas marinhas encontram-se os

polissacarídeos sulfatados que formam mucilagens e parecem apresentar

capacidade protetora contra a desidratação em períodos de maré baixa. Ainda,

fornecem flexibilidade a estrutura da alga, facilitando o processo de captura de

luz e nutrientes por estes organismos (PERCIVAL, MCDOWELL, 1967).

Estes polissacarídeos sulfatados expressam estrutura heterogênea e

complexa, e são componentes estruturais da matriz extracelular destes

Page 25: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 23

organismos marinhos (POMIM, MOURÃO, 2008). Percival e McDowell, (1967)

relataram que os polissacarídeos sulfatados encontrados nas algas vermelhas

podem estar na forma de galactanas sulfatadas, que são polissacarídeos

sulfatados, geralmente de alta massa molecular (≥ 100 KDa), que possuem alta

eletronegatividade, devido aos ésteres sulfatados em sua estrutura, o que os

torna bastante aniônicos, possibilitando interação eletrostática com proteínas

específicas, o que concorre para as suas ações biológicas observadas

(POMIN, 2010).

A variação estrutural pode ocorrer em galactanas sulfatadas de

diferentes espécies de algas vermelhas e nas amostras coletadas em

diferentes ambientes ou em diferentes estações do ano (PEREIRA et al.,

2005). As interações intermoleculares entre as galactanas sulfatadas e

determinadas proteínas estão diretamente relacionadas com as características

estruturais dos glicanos como a configuração anomérica, padrão de sulfatação,

posição da ligação glicosídica e sua conformação (POMIN, 2009).

As galactanas sulfatadas apresentam estrutura linear alternante de

resíduos de β-D-galactopiranose 3- ligadas e α-galactopiranose 4-ligadas, os

quais estão na configuração D em carragenanas e na configuração L em ágar.

Alguns resíduos estão na forma de anidrogalactose (KNUTSEN et al., 1994).

A origem do nome carragenana é proveniente de uma pequena vila na

costa da Irlanda chamada Carragheen (BIXLER, 1994). Carragenanas são

galactanas sulfatadas produzidas por algas vermelhas de várias famílias de

Rhodophyta (FALSHAW et al., 1996), com estrutura linear e solúveis em água.

As preparações de carragenana podem conter além de galactose e

sulfato, outros resíduos de carboidratos como, por exemplo, xilose, glicose e

ácidos urônicos, e ainda substituintes como metil e piruvato. As carragenanas

são tradicionalmente classificadas por um prefixo grego de acordo com o grau

de sulfatação e a presença de ponte 3,6- anidro na α-D-galactose 4-ligada

(VAN DE VALDE, PEREIRA, ROLLEMA, 2004).

Page 26: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 24

Figura 2. Estrutura química das carragenanas. Unidades dissacarídicas das principais

carragenanas que diferem em padrões de sulfatação (A-D) e na substituição da α-D-galactose

por 3,6-anidro-α-D-galactose (A e D). R: grupo substituinte. Letras gregas são referentes a

tipos de carragenanas. β: beta; κ: kappa; ι: iota; μ: mu; ν: nu; λ: lambda; θ: teta; δ: zeta. Fonte:

adaptado de Pomin, (2010).

Estes polímeros possuem ampla aplicação na indústria de alimentos,

uma vez que apresentam a capacidade de formar géis aquosos, tratando-se de

hidrocolóides (LAHAYE, 2001) e são utilizados, portanto, como agentes

texturizantes, com propriedades gelificantes espessantes (MC HUGH, 2003), e

como estabilizadores. No mercado de carnes processadas como de presunto e

peito de peru, as carragenanas funcionam como um agente ligante de água

que previne a perda da umidade durante o cozimento, evitando, uma textura

seca indesejável da carne (BIXLER, PORSE, 2010). A solução de

carragenanas, normalmente exibe coloração translúcida e quando incorporada

em outras soluções, não causam alteração no gosto nem na coloração original

destas soluções (RIBIER, GODINEAU, 1984; CRAIGIE, 1990). Tais

propriedades são bastante apreciadas pelas indústrias alimentícias.

As carragenanas são tradicionalmente divididas em seis formas básicas:

iota (ι), kappa (κ), lambda (λ), Mu (μ) e Nu (ν) e teta (ө) carragenana, e esta

divisão é importante para a classificação química e produção comercial desde

Page 27: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 25

que diferentes subtipos de carragenanas são obtidos de diferentes fontes de

algas (CAMPO et al., 2009).

A alga vermelha, objeto deste estudo, Hypnea musciformis é uma fonte

natural de carragenana kappa, um galactana sulfatada importante

comercialmente e por isso bastante explorada na costa nordeste do Brasil

(OLIVEIRA, 1998). A carragenana kappa é composta por unidade dissacarídica

de β-D-galactopiranose 1,3-ligada e 3,6-anidro-α-D-galactopiranose 1,4-ligada,

podendo formar géis termorreversíveis, influenciados pela presença e

concentração de certos íons (ROCHAS, RINAUDO, 1980; GRASDALEN,

SMIDSROD, 1981; BELTON, MORRIS, TANNER, 1985).

Figura 3. Unidade dissacarídica da carragenana kappa.

(A) Projeção de Haworth. (B) Conformação em cadeira.

Fonte:http://www.cienciaviva.pt/rede/oceanos/1desafio/Artigosintesesobrecarragenanas.pdf

Segundo O´Sullivan et al., (2010), as algas marinhas vermelhas são

fontes de compostos biologicamente ativos na natureza, e entre eles estão as

galactanas sulfatadas, que apresentam atividade reconhecida também por

outros autores conforme demonstrado na Tabela 1.

Page 28: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 26

Tabela 1. Atividade farmacológica de polissacarídeos sulfatados de algas vermelhas.

Atividade

farmacológica Alga marinha (Referência)

Antiproliferativa Gracilaria caudata (COSTA et al., 2010)

Antioxidante

Porphyra haitanensis (ZHANG et al., 2003; ZHANG et

al., 2004), Porphyra yezoensis (LIU et al., 2007),

Gracilaria caudata (COSTA et al., 2010), Schizymenia

binderi (BARAHONA et al., 2011)

Antitumoral Champia feldmannii (LINS et al., 2009); Chondrus

ocellatus (ZHOU et al., 2004)

Anticoagulante Gigartina skottsbergii (CARLUCCI et al., 1997);

Botryocladia occidentalis (FARIAS et al., 2000)

Antiviral Gigartina skottsbergii (CARLUCCI et al., 1997)

Imunoestimulatória Chondrus ocellatus (ZHOU et al., 2004)

Devido à presença de atividades antioxidante e anticoagulante de

polissacarídeos sulfatados de algas marinhas, é importante entender a

hemostasia e de que forma as espécies reativas de oxigênio podem interferir

neste processo, assim como, a importância da proteção antioxidante para o

organismo e manutenção da qualidade dos alimentos.

1.3.Hemostasia

A hemostasia é uma resposta fisiológica protetora ao dano vascular

resultando na exposição de camadas subendoteliais da parede do vaso aos

componentes sanguíneos (MACKMAN, TILLEY, KEY, 2007), funcionando

como um processo dinâmico que tem como objetivo a interrupção do

sangramento em local de lesão tecidual, no qual a coagulação do sangue é

Page 29: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 27

iniciada e terminada de forma rápida e bastante regulada (NATHAN et al.,

2003). O sistema hemostático mantém o sangue em estado fluido sobre

condições normais, e responde com rápida formação de um coágulo quando há

lesão vascular (MACKMAN, TILLEY, KEY, 2007). No local de lesão são

necessários mecanismos que restrinjam a formação de agregados plaquetários

e o coágulo de fibrina, visando à manutenção da fluidez do sangue

(HOFFBRAND, CATOVSKY, TUDDENHAM, 2005). Assim os mecanismos

hemostáticos são regulados para contrapor-se a perda excessiva de sangue e

evitando por outro lado, a formação de trombos intravasculares decorrentes de

formação excessiva de fibrina (ZAGO, FALCÃO, PASQUINI, 2004).

O sistema hemostático é constituído por plaquetas, vasos sanguíneos,

proteínas da coagulação, anticoagulantes naturais e o sistema de fibrinólise. O

equilíbrio funcional da hemostasia é garantido por vários mecanismos

envolvendo interações entre proteínas, respostas celulares complexas e

regulação do fluxo sanguíneo (ZAGO, FALCÃO, PASQUINI, 2004).

A resposta primária da hemostasia envolve o endotélio vascular e

plaquetas, formando o trombo plaquetário (de efeito transitório), este que é

reforçado pela fibrina gerada pelas proteínas da coagulação. O sistema

fibrinolítico dissolve o trombo, gradualmente, visando à restauração do fluxo

sanguíneo normal (ZAGO, FALCÃO, PASQUINI, 2004) promovendo a

degradação da fibrina mediada pela plasmina. Este sistema é composto por

várias proteínas que regulam a formação da plasmina, gerada a partir do

plasminogênio e de seus ativadores (COLLEN, 1999). A inibição do sistema

fibrinolítico pode ser realizada em nível dos ativadores do plasminogênio

mediada por inibidores específicos, os denominados inibidores dos ativadores

do plasminogênio (PAIs), e diretamente sobre a plasmina exercida pela α2

antiplasmina (BAJZAR, 2000).

No estado fisiológico não ocorre à formação e deposição de fibrina no

compartimento intravascular devido às propriedades anticoagulantes do

endotélio, à forma inativa das proteínas da coagulação e à presença de

inibidores fisiológicos. No entanto, a perda do equilíbrio dinâmico das reações

da coagulação conduz a distúrbios hemorrágicos ou trombóticos (COLMAN et

al., 2001a).

Page 30: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 28

A coagulação sanguínea é controlada por anticoagulantes que sob

condições normais prevalecem sobre as forças procoagulantes (DAHLBACK,

VILLOUTREIX, 2005). As reações bioquímicas da coagulação devem ser

reguladas para evitar a ativação excessiva, formação inadequada de fibrina e a

oclusão vascular. Os inibidores fisiológicos da coagulação (anticoagulantes

naturais) de maior relevância fisiológica são antitrombina, TFPI (inibidor da via

do fator tecidual), proteína C (PC) e proteína S (PS) (COLMAN et al., 2001a).

Vários fatores de coagulação foram descobertos ao longo dos anos de

1940 e 1950, sendo designados com algarismos romanos de acordo com a

sequência de descoberta (JR et al., 2007).

Em 1964, foi introduzido o modelo de ativação da coagulação através de

uma série de passos, em que cada fator de coagulação conduz a ativação de

outro fator, culminado na geração de trombina que converte o fibrinogênio

solúvel em fibrina insolúvel. Este modelo da cascata de coagulação

(cascade/waterfall model) foi proposto por dois grupos independentes de

bioquímicos, e os artigos tratando deste modelo foram publicados na revista

Nature por MacFarlane, (1964) (cascade model) e na revista Science por Davie

e Ratnoff, (1964) (waterfall model).

A teoria da cascata de coagulação organiza a seqüência de eventos

bioquímicos nas vias extrínseca, intrínseca e comum, considerando que o fator

tecidual inicia a via extrínseca enquanto que a iniciação da via intrínseca é

mediada pelo colágeno (MACFARLANE, 1964; DAVIE, RATNOFF, 1964).

Desta forma, a sequência da coagulação está dividida em duas vias, a via

intrínseca, uma vez que todos os componentes estão presentes no sangue, e a

via extrínseca, em que além dos componentes circulantes do sangue, há a

necessidade da presença do fator tecidual, proteína de membrana do

subendotélio. A iniciação de cada via culmina na ativação do FX (Fator de

Stuart-Prower) em FXa (ativado) e geração do coágulo de fibrina através da via

comum (LUCHTMAN-JONES, BROZE, 1995).

A via extrínseca do sistema de coagulação é ativada pelo fator tecidual

(TF), que é exposto ao sangue. O fator VII ativado (FVIIa) circulante se liga ao

TF e o complexo gerado FVIIa–TF converte o fator IX e fator X em enzimas

ativas, fator IX ativado (FIXa) e fator X ativado (FXa), respectivamente

Page 31: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 29

(MORRISSEY, 2001; HOFFMAN, 2003; SCHENONE, FURIE, FURIE, 2004;

DAHLBACK, 2005). O fator tecidual é expresso por células epiteliais,

macrófagos e outros tipos celulares que estão, normalmente, separados do

sangue e dos fatores da coagulação (OSTERUD, 1998; GIESEN et al., 1999).

Segundo a teoria cascata, a via intrínseca é iniciada quando o fator XII

entra em contato com cargas negativas do endotélio subjacente, gerando o

FXa através de uma cascata de ativação de zimogênios. Este processo é

denominado “ativação por contato” e necessita da presença da pré-calicreína

(serina protease) e cininogênio de alto peso molecular (cofator não enzimático)

(JENNY, MANN, 1998; COLMAN et al., 2001b).

Figura 4. Representação esquemática da ativação das vias intrínseca, extrínseca e

comum da coagulação sanguínea. Fonte: adaptado de Franco, (2001).

Page 32: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 30

A divisão da coagulação do sangue em via extrínseca, intrínseca e

comum é inadequada do ponto de vista fisiológico, uma vez que a separação

dos processos hemostáticos não ocorre in vivo (JENNY, MANN, 1998;

COLMAN et al., 2001b). Porém, esta divisão em vias é utilizada para

interpretação de testes laboratoriais que avaliam a coagulação sanguínea,

como o teste de tempo de protrombina (PT) e tempo de tromboplastina parcial

ativada (aPTT), que detectam distúrbios nos fatores da coagulação que

compõem as vias extrínseca e intrínseca, respectivamente (MARTINI et al.,

2008).

Devido a esta constatação, foi desenvolvido um novo modelo para

ativação da coagulação sanguínea baseado em células, no qual estão

envolvidos três complexos procoagulantes: complexo tenase extrínseco,

complexo tenase intrínseco e complexo protrombinase (Figura 5), que

compreendem serinoproteases dependentes de vitamina K (fatores II, VII, IX e

X) e cofatores (V e VIII), localizados em uma superfície de membrana contendo

fosfolipídeos (JENNY, MANN, 1998; COLMAN et al., 2001b).

Page 33: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 31

Figura 5. Representação esquemática dos complexos procoagulantes. A ligação do VIIa

ao TF (fator tecidual) promove a ativação dos fatores IX e X, conduzindo a geração de

trombina, em pequenas quantidades. O complexo IXa/VIIIa (complexo tenase intrínseco)

ativam o X com maior eficiência. O Xa juntamente com o Va, converte a protrombina (II) em

trombina (IIa). Os complexos tenases ativam o fator X, convertendo em Xa (forma ativada) e o

complexo protrombinase converte a protrombina (II) em trombina (IIa). Todas essas reações

ocorrem na superfície de membrana celular. A trombina também promove a ativação dos

fatores V e VIII, cofatores da coagulação que uma vez ativados, eles participam do complexo

tenase intrínseco e complexo protrombinase. Fonte: adaptada de Jenny, Mann, (1998).

A descoberta de que a exposição do sangue a células que expressam

fator tecidual na sua superfície é necessária e suficiente para iniciar a

coagulação sanguínea in vivo, levou a conclusão que a via intrínseca não tem

papel fisiológico verdadeiro na hemostase (HOFFBRAND, CATOVSKY,

TUDDENHAM, 2005). O complexo FVIIa–TF é tradicionalmente referido como

a via extrínseca e é proposto ser o ativador primário da coagulação in vivo

(MACKMAN, TILLEY, KEY, 2007).

Page 34: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 32

As quatro fases da coagulação que compreendem este modelo são

iniciação, amplificação, propagação e terminação. Em linhas gerais, a fase de

iniciação tem início com a perturbação do endotélio vascular e células

sanguíneas circulantes, ocorrendo interação do TF com FVIIa plasmático,o que

leva a produção de pequena quantidade de trombina. A amplificação ocorre

pela ação da trombina, esta proteína que ativa plaquetas e cofatores (FVa e

FVIIIa) e FXI nas superfícies plaquetárias. Como resultado da ação da

trombina, existe a produção e consequente atividade de nível significante da

trombina, geração de tampão estável no local da lesão tecidual e interrupção

do sangramento (fase de propagação). A fase de terminação é importante para

que o processo de coagulação seja limitado a fim de evitar oclusão trombótica

em áreas normais do vaso ao redor da lesão (JR et al., 2007).

Figura 6. Formação do coágulo no local de lesão tecidual. A lesão induz rápida associação

de plaquetas ao subendotélio e ativação da cascata de coagulação pelo fator tecidual. A

propagação do trombo envolve o recrutamento adicional de plaquetas e amplificação da

cascata de coagulação pela via intrínseca. A deposição de fibrina estabiliza o coágulo.

Fonte: Mackman, Tilley, Key, (2007).

1.4. Papel da célula endotelial na hemostasia

Trombose é uma causa importante de morte no mundo todo, gerando

complicações em doença aterosclerótica, falha cardíaca, câncer, cirurgia e

gestação (BAILEY, SCANTLEBURY, SMYTH, 2009).

Page 35: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 33

Colburn e Buonassisi (1982), nos anos 80, relataram que a superfície

das células endoteliais tem atividade antitrombótica. Quando esta superfície

muda, há possibilidade de formação de trombo.

A camada intacta de células endoteliais fornece uma superfície não

trombogênica que ajuda a prevenir hemostasia indesejável (MICHIELS, 2003),

uma vez que se apresentam cobertas de proteoglicanos de heparam sulfato,

que são capazes de potencializar a ação da antitrombina (CINES et al., 1998),

promovem a síntese de substâncias como a trombomodulina (envolvida com a

ativação da proteína C), TFPI (inibidor da via do fator tecidual), prostaciclina,

ativador do plasminogênio tecidual, que ou inibem a cascata de coagulação e

função plaquetária ou ativam a fibrinólise (AMBROSIO, TRITTO, GOLINO,

1997). Além, de sintetizar a proteína S (cofator da proteína C) e produzir

vasodilatadores como o óxido nítrico (NO) (CINES et al., 1998). No entanto, a

perturbação da integridade endotelial conduz ao desenvolvimento de superfície

aderente e formação de lacunas intercelulares que permitem a passagem de

plasma solúvel e células sanguíneas para fora do lúmen vascular para o tecido

subjacente (MICHIELS, 2003).

Na superfície e na matriz extracelular das células endoteliais encontra-se

presente o heparam sulfato, um glicosaminoglicano que tem mostrado possuir

atividade antitrombótica em vários modelos. Sugere-se que a atividade

antitrombótica da heparina e de outros agentes antitrombóticos esteja, pelo

menos em parte, relacionada com a ação destes nas células endoteliais

estimulando a síntese de heparam sulfato antitrombótico (NADER et al., 2001).

Heparam sulfato é um polímero linear polidisperso que compartilha

características estruturais com a heparina, sendo composto por unidades

alternantes de α-D-glucosamina (GlcN) e ácido urônico, ou β-D-ácido

glicurônico (GlcA) ou α-L-ácido idurônico (IdoA), unidos por ligação glicosídicas

(1→ 4). Uma diferença importante entre o heparam sulfato e a heparina é o

grau de sulfatação, em que a heparina apresenta grau de sulfatação superior

ao heparam sulfato (DREYFUSS et al., 2009). O heparam sulfato é encontrado

na superfície da maioria das células eucarióticas e na matriz extracelular,

ancorados a superfície celular pelo cerne do seu proteoglicano. Células

endoteliais em cultura sintetizam heparam sulfato. Cerca de 1% a 10% dessas

Page 36: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 34

moléculas apresentam atividade anticoagulante, pois contém resíduos de

glicosamina 3-0-sulfatadas que é a região do pentassacarídeo de ligação à

antitrombina (HALLGREN, SPILLMANN, PEJLER, 2001). A ligação do

pentassacarídeo à antitrombina induz alteração conformacional na

antitrombina, acelerando de 2 a 3 ordens de magnitude a taxa de inibição da

antitrombina sobre alguns fatores de coagulação (WEITZ, 2003).

1.5. Heparina - Composto anticoagulante/ antitrombótico

A heparina, o primeiro componente utilizado como agente anticoagulante

e antitrombótico, foi isolado de fígado de cachorro em 1916 por McLean no

Canadá. A heparina comercial, introduzida na prática clínica há 60 anos, era

proveniente de mucosa intestinal bovina e de porco, e de pulmão bovino

(SILVA, DIETRICH, 1975). A heparina atua como anticoagulante, pois forma

um complexo ternário com a antitrombina e diferentes serinaproteases da

cascata de coagulação. Quando a heparina se associa a antitrombina, a

inibição da trombina mediada pela antitrombina é acelerada por mais de 1000

vezes (NADER et al., 2001). Um local específico da estrutura da heparina

composta pela sequência pentassacarídica, com padrão específico de

composição de açúcar e sulfatação, é necessário para promover a ativação

conformacional da antitrombina (THUNBERG, BÄCKSTRÖM, LINDAHL, 1982;

LINDAHL, BACKSTRÖM, THUMBERG, 1983).

A heparina também promove potencialização da ação de uma serpina

denominada de cofator da heparina II, que inibe especificamente a trombina, e

este glicosaminoglicano ainda conduz a liberação e aumento da síntese de

TFPI pelas células endoteliais. Entretanto, são observados alguns efeitos

adversos no uso da heparina como a necessidade de monitoramento freqüente

do tempo de tromboplastina parcial ativada, efeitos anticoagulantes variáveis,

incapacidade de inibir a trombina ligada ao coágulo e ocorrência de

trombocitopenia (diminuição do número de plaquetas) (NADER et al., 2001). Há

a possibilidade de contaminação da heparina por príons e vírus (ROCHA et al.,

2005) já que a mesma é extraída de fontes de mamíferos como mucosa

Page 37: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 35

intestinal de porco ou pulmão bovino. Assim, a heparina apresenta limitações

quanto ao uso, devido a efeitos colaterais, limitada fonte do material, e

ocorrência de contaminação. Os polissacarídeos sulfatados marinhos oferecem

baixo nível de contaminação por vírus e príons pelo fato de serem extraídos de

fonte exclusivamente marinha (MOURÃO, 2004). Por essa razão, é necessária

a busca por novos compostos anticoagulantes e antitrombóticos de fontes

naturais.

1.6. Relação entre coagulação e espécies reativas do oxigênio

Coagulação exacerbada e trombose estão ligadas a várias doenças

metabólicas, cardiovasculares e câncer. Muitas dessas doenças estão

associadas a níveis aumentados de espécies reativas do oxigênio (ROS)

causando citotoxicidade e funcionam também, como moléculas de sinalização

em várias células. Algumas evidências mostram que os ROS e o estado redox

são importantes no controle da coagulação do sangue e trombose (GÖRLACH,

2005). As ROS são capazes de afetar o equilíbrio delicado entre os sistemas

procoagulante, anticoagulante e fibrinolítico, e por essa razão estão envolvidos

em doenças trombóticas (GÖRLACH, KIETZMANN, HESS, 2002; HERKERT et

al., 2004; GÖRLACH, 2004). As ROS interferem adicionalmente, no processo

de formação do trombo em múltiplos passos, nas plaquetas, parede do vaso e

fatores da coagulação (AMBROSIO, TRITTO, GOLINO, 1997).

As reações de oxidação-redução (redox) e as ROS têm papel importante

no metabolismo intermediário e no controle da regulação gênica por fatores de

transcrição, interação proteína-proteína e síntese de DNA (DROGE, 2002).

As plaquetas possuem papel principal na formação do trombo e são

alvos principais para oxidantes produzidos ou liberados no lúmen vascular, e

também são capazes de gerar oxidantes endogenamente (DEL PRINCIPE et

al., 1991; FINAZZI-AGRO‟ et al., 1992). As plaquetas, uma vez ativadas, são

capazes de secretar alguns fatores como fator de crescimento derivado de

plaqueta (PDGF), fator de crescimento epidérmico (EGF) e fator de

crescimento endotelial vascular (VEGF). Estes fatores podem estimular a

produção de ROS dentro da parede do vaso principalmente pela ativação da

Page 38: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 36

NADPH oxidase vascular (GÖRLACH, KIETZMANN, HESS, 2002; ANITUA et

al., 2004). A geração aumentada de ROS promove a adesão e ativação de

plaquetas e leucócitos, e também conduz a proliferação de células endoteliais e

células musculares lisas (GÖRLACH et al., 2000).

A produção vascular de ROS tem sido associada com sistemas como a

cadeia transportadora de elétrons mitocondrial, lipooxigenases,

ciclooxigenases, xantina e glicose oxidase, NADPH oxidases, óxido nítrico

(NO) sintase, as citocromos P450, peroxidases e várias hemeproteínas

(DROGE, 2002; CAI, GRIENDLING, HARRISON, 2003). A enzima NADPH

oxidase catalisa a redução de um elétron do oxigênio usando o NADH ou

NADPH como doador de elétron, promovendo a geração de radical superóxido

(O2-), e tem sido identificada como provavelmente a fonte mais proeminente de

geração de ROS nas células vasculares e em plaquetas (KROTZ et al., 2002;

CAI, GRIENDLING, HARRISON, 2003; LASSEGUE, CLEMPUS, 2003).

As ROS podem levar a formação de trombos intravasculares uma vez

que também interferem nos inibidores das vias de coagulação. Estudos

mostram que peróxidos lipídios podem aumentar a quantidade de trombina

produzida e retardar a taxa de decaimento da trombina (BARROWCLIFFE,

GUTTERIDGE, DORMANN, 1975). Esses dois efeitos são devido à inibição da

antitrombina promovida pelo peróxido lipídio (GRAY, BARROWCLIFFE, 1985).

Outros fatores antitrombóticos sofrem inativação mediada por oxidantes como

o ativador do plasminogênio (LAWRENCE, LOSKUTOFF, 1986) e

trombomodulina (GLASER et al., 1992), proteína de membrana associada com

ativação do sistema da proteína C ativada, um anticoagulante que inibe os

fatores V e VIII ativados (Va e VIIIa) (FRANCO, 2001).

Células endoteliais são uma fonte e um possível alvo de agentes

oxidantes liberados no vaso (ZWEIER et al., 1994). Após breve exposição a

radicais de oxigênio exógenos, estas células mostram um aumento significativo

nos níveis de mRNA de TF (fator tecidual) acompanhado de grande atividade

procoagulante induzida por este fator (GOLINO et al., 1996). Além disso,

células endoteliais expostas a ROS exibem uma diminuição nos níveis de TFPI

a níveis quase indetectáveis (GOLINO et al., 1995). O TFPI, inibidor da via do

Page 39: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 37

fator tecidual, é uma proteína sintetizada pelas células endoteliais e que inibe a

via extrínseca da coagulação (GÖRLACH, 2005).

Outro mecanismo demonstrando como o ambiente oxidante conduz a

estado protrombótico (GÖRLACH, 2005) ocorre quando a lipoproteína de baixa

densidade (LDL) encontra-se oxidada (oxLDL). Observou-se interação direta

entre os fosfolipídeos oxidados e a proteína TFPI, de forma que a atividade

anticoagulante deste inibidor estaria prejudicada (OHKURA et al., 2004).

A trombina também pode ativar produção de ROS em células vasculares

pela estimulação da NADPH oxidase (GÖRLACH, KIETZMANN, HESS, 2002),

contribuindo para uma geração prolongada de ROS no local de lesão vascular.

De forma que esta proteína teria ação indutora e ativadora o sob o TF em uma

forma dependente de ROS envolvendo a NADPH oxidase (HERKERT et al.,

2004).

Figura 7. Esquema da ação das ROS sobre os componentes da hemostasia. ROS:

espécies reativas do oxigênio; TF: fator tecidual; TFPI: inibidor da via do fator tecidual; oxLDL:

lipoproteína de baixa densidade oxidada; NADH: nicotinamida adenina dinucleotídeo na forma

reduzida; NADPH: nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato na forma reduzida.

Page 40: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 38

1.7.Espécies reativas do oxigênio

Ao mesmo tempo em que os organismos foram evoluindo para utilizar o

oxigênio, houve em paralelo, a evolução da defesa antioxidante para proteção

contra os efeitos tóxicos causados pelo oxigênio. Desta forma, a evolução dos

organismos aeróbios multicelulares e os mecanismos de defesa antioxidante

estão intimamente relacionados (ARUOMA, 1998).

Radical livre é uma espécie química que possui um ou mais elétrons

desemparelhados, no qual um elétron desemparelhado está sozinho em um

orbital. Geralmente, os radicais são menos estáveis e uma vez formados

podem interagir de várias formas com outros radicais ou com outras moléculas.

A taxa e seletividade dos tipos de interação dependem da concentração dos

radicais, na deslocalização do elétron sozinho, e ausência de ligações fracas

nas moléculas que irão interagir com o radical. Entre os radicais livres de

importância para os organismos vivos estão o radical hidroxila (OH.),

superóxido (O2.-), no entanto o peróxido de hidrogênio (H2O2) e oxigênio singlet

(O2) não são radicais livres, mas podem conduzir a reações de radicais livres

nos organismos. O termo espécies reativas do oxigênio é frequentemente

utilizado para radicais (OH., O2.-) e não radicais livres (H2O2, O2) (ARUOMA,

1998).

As espécies reativas do oxigênio (ROS) são metabólitos fisiológicos

formados durante o metabolismo celular aeróbio (FERREIRA, MATSUBARA,

1997), para a geração de ATP na cadeia transportadora de elétrons localizada

na membrana mitocondrial interna (MURAVCHICK, LEVY, 2006). As ROS são

gerados como subprodutos da interação entre elétrons livres e oxigênio, e

embora somente pequena quantidade do oxigênio metabolicamente consumido

seja convertida em ROS, estas moléculas de vida curta e altamente reativas

podem causar dano ou destruir complexos enzimáticos mitocondriais,

membranas e outros componentes estruturais da arquitetura celular através de

contato direto ou por peroxidação lipídica (KELSO et al., 2002). O oxigênio

molecular (O2) sofre redução tetravalente (Figura 8), resultando na geração de

H2O, no entanto, durante este processo são formados os intermediários

Page 41: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 39

reativos do oxigênio como os radicais superóxido, hidroperoxila, hidroxila e

peróxido de hidrogênio (FERREIRA, MATSUBARA, 1997).

Figura 8. Redução do oxigênio molecular (O2) na mitocôndria até a formação de água.

Fonte: Ferreira, Matsubara, (1997).

Proteínas, membranas celulares, DNA e outros constituintes celulares

são sítios alvos de processos de degradação induzidos por ROS, e

consequentemente conduzem a doenças como artrite reumatóide, distrofia

muscular, catarata, algumas desordens neurológicas, alguns tipos de câncer,

assim como também o envelhecimento e aterosclerose (KOVATCHEVA et al.,

2001; RUBERTO et al., 2001). A aterosclerose, presença de placas de ateroma

a partir de acúmulo de LDL no espaço subendotelial, que se tornam alvo das

espécies reativas do oxigênio, sendo oxidadas a oxLDL (LDL oxidada) e

levando a ativação dos macrófagos que expressam moléculas inflamatórias e

induzem a expressão de moléculas de adesão, fatores tissulares, quimiocinas

nas plaquetas, células sanguíneas, células endoteliais e da parede arterial,

conduzindo ao recrutamento, retenção e ativação de células inflamatórias na

parede vascular e conseqüentemente para o crescimento do ateroma (LIBBY,

2002).

Page 42: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Introdução 40

1.8. Compostos Antioxidantes

Devido o espectro de ação das espécies reativas do oxigênio no corpo

humano e em relação aos alimentos, os agentes antioxidantes são necessários

no sistema corporal a fim de evitar danos a biomoléculas, e também para

estender o tempo de estocagem dos alimentos (HEO et al., 2005).

Os agentes antioxidantes retardam ou previnem a oxidação de

substratos celulares oxidáveis, promovendo a inibição da geração ou o

sequestro das espécies reativas do oxigênio. Alguns agentes antioxidantes

sintéticos como BHA (hidroxianisol butilado), BHT (hidroxitolueno butilado) e

TBHQ (tert-Butylhydroquinone) são normalmente utilizados em alimentos

processados, no entanto devido a preocupações de segurança do uso destes,

há um crescente interesse na busca de antioxidantes naturais (FORMANEK et

al., 2001). Em seu habitat natural, as algas marinhas são expostas a

concentrações de oxigênio e luminosidade de forma combinada, o que

promove a geração de radicais livres como também de outros agentes

oxidantes. No entanto, as algas não sofrem dano fotodinâmico, o que sugere a

presença de componentes e mecanismos antioxidantes nestes organismos

(MATSUKAWA et al., 1997).

Tendo em vista o amplo espectro de atividades atribuídas aos

polissacarídeos sulfatados das algas marinhas, é de interesse o estudo desses

compostos quanto a sua atividade antioxidante, anti-hemostática e

antiproliferativa da alga vermelha Hypnea musciformis, objeto deste estudo.

Page 43: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Objetivos 41

2. OBJETIVO GERAL

Avaliar o potencial antioxidante, anticoagulante, antitrombótico e ação sobre a

proliferação celular de galactanas sulfatadas da alga vermelha Hypnea

musciformis.

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar fisicoquimicamente a fração 1,0 (F1,0) rica em galactanas

sulfatadas da alga vermelha H. musciformis;

Avaliar a atividade antioxidante in vitro da F1,0 por meio de

metodologias diferentes;

Determinar a ação citotóxica desta fração sobre hemácias humanas de

grupos sanguíneos ABO e Rh positivo e negativo;

Avaliar in vitro a influência desta fração nas vias intrínseca e extrínseca

da coagulação;

Analisar a ação direta da F1,0 sobre a atividade enzimática da trombina

e do FXa;

Investigar a ação estimulatória da F1,0 sobre a síntese de heparam

sulfato antitrombótico pelas células endoteliais em cultura;

Verificar a ação desta fração sobre a proliferação celular em linhagem de

células RAEC (células endoteliais da aorta de coelho) e determinar se a

F1,0 provoca apoptose ou necrose celular, ou se interfere na progressão

do ciclo celular desta linhagem.

Page 44: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 64

4. RESULTADOS

4.1. Extração e fracionamento dos polissacarídeos sulfatados

O cru de polissacarídeos obtido da alga vermelha Hypnea

musciformis (295 mL) foi submetido a fracionamento com concentrações

crescentes de acetona (0,3 – 3,0 v), do qual foi obtida a fração 1,0 (F1,0),

precipitada com 1volume de acetona. A fração 1,0 foi a escolhida para a

realização do estudo devido ao seu maior rendimento conforme a tabela 2. O

rendimento da F1,0 em relação ao peso inicial da alga seca foi de 1,74%. A

fração total (FT) não consta na tabela do rendimento, uma vez que a mesma foi

adquirida a partir de uma alíquota separada do cru de polissacarídeos (10 mL).

Tabela 2. Rendimento (% do peso seco) das frações de Hypnea musciformis obtidas do

fracionamento com acetona.

Frações de H. musciformis Rendimento (%)

F0,3 16,73

F0,5 7,13

F1,0 59,76

F1,5 8,10

F2,0 3,91

F3,0 4,37

Page 45: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 65

4.2. Eletroforese em gel de agarose

Um composto rico em sulfato demonstra coloração azul arroxeada

característica em presença de azul de toluidina (NEWTON, SCOTT,

WHITEMAN, 1974). A eletroforese das frações de Hypnea musciformis obtidas

do fracionamento com acetona mostra que estas frações são constituídas por

polissacarídeos sulfatados, sendo comprovado pela metacromasia

apresentada, o que indicaria a possível presença de sulfato nas frações.

Conforme a figura 13, a F1,0 exibe perfil polidisperso comum a polissacarídeos

de algas, com uma população de alto peso que permanece na origem da

corrida eletroforética.

Figura 13. Eletroforese em gel de agarose das frações de polissacarídeos sulfatados de

H. musciformis obtidas do fracionamento com acetona. Eletroforese em gel de agarose

0,6% em tampão PDA. 5 L das frações (10 mg/mL) foram aplicadas em poços no gel e

submetidas à corrente elétrica por volta de 1 h e 30 min a 100 V, em cuba resfriada a 4oC.

Origem: referente ao ponto da aplicação das amostras testes; +: pólo positivo; -: pólo negativo.

Page 46: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 66

4.3. Composição química da F1,0

A composição química da F1,0 é dada na tabela 3. Os resultados

mostram que a F1,0 é composta principalmente por carboidratos (49,70 ±

0,10%), apresentando alto conteúdo de sulfato (44,59 ± 0,015%). A fração

possui baixa contaminação protéica (0,92 ± 0,001%) e baixo conteúdo de

compostos fenólicos (4,79 ± 0,016%).

Tabela 3. Composição química (% peso seco) da F1,0 extraída de Hypnea musciformis.

F1,0 (%)

Açucares totais a 49,70 ± 0,10

Sulfato b 44,59 ± 0,015

Proteínas c 0,92 ± 0,001

Compostos fenólicos d 4,79 ± 0,016

a. Dubois et al., (1956). b. Dodgson, Price (1962). c. Bradford, (1976). d. Swain, Hills, (1959).

Page 47: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 67

4.4. Cromatografia descendente em papel

Conforme pode ser observado na Figura 14 abaixo, a cromatografia

descendente em papel dos hidrolisados ácidos da F1,0 em solvente butanol:

piridina: água, mostra que esta fração é composta principalmente pelo

monossacarídeo galactose, definindo a presença de uma homogalactana. A

F1,0 não apresenta em sua estrutura qualquer outro monossacarídeo utilizado

como padrão nesta cromatografia.

Figura 14. Cromatografia descendente em papel da F1,0 com solvente

butanol:piridina:água. Monossacarídeos utilizados - Fuc: fucose; Xil: xilose; Man: manose;

Glc: glicose; Gal: galactose; GlcA: ácido glicurônico. F1,0: fração 1,0 precipitada com 1 v de

acetona. Origem: referente ao ponto de aplicação da F1.0 e dos monossacarídeos. A seta se

refere à direção da corrida cromatográfica.

Page 48: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 68

4.5. Determinação da massa molecular

A cromatografia de gel filtração da F1,0 monitorada pela dosagem de

açúcares totais (DUBOIS et al., 1956) e identificação de compostos aromáticos

que usualmente absorvem em 280 nm/ UV (DAHMANE, LASIA, ZHAO, 2008),

mostra um perfil polidisperso da F1,0, a qual é constituída por duas populações

de polissacarídeos de massas moleculares diferentes (> 150 kDa e 147 kDa),

evidenciados pelos dois picos visualizados na Figura 15 abaixo. A F1,0 exibiu

picos coincidentes para carboidratos e compostos aromáticos, estes que

podem ser devido a presença de proteína ou ainda de pigmentos associados a

parte polissacarídica da F1,0.

Figura 15. Cromatografia de gel filtração da F1,0 de H. musciformis monitorada pela

determinação de açúcares totais e identificação de compostos aromáticos. A F1,0 foi

submetida a cromatografia de gel filtração em sephadex G-100 (140 x 1 cm) utilizando 0,2 M de

ácido acético + 0,15 M de cloreto de sódio para eluição. Linha azul: referente a absorbância de

carboidratos; Linha vermelha: referente a absorbância de compostos aromáticos.

Page 49: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 69

4.6. Análise de Espectroscopia de Infravermelho

Análise de infravermelho da fração 1,0 extraída da alga H. musciformis

mostrou sinais em 3423, 2930, 1653, 1415, 1262, 1156, 1074, 930, 900, 850,

770, 740 cm-1, como pode ser visto na Figura 16 e na Tabela 4. Sinais

observados em 3423 e 2930 cm-1 são referentes a vibração do H-O existente

na ligação de hidrogênio das moléculas e vibração do -CH, respectivamente

(SUN et al., 2009). O sinal em 1653 cm-1 indica apresença de água associado

ao composto teste (KIM et al., 2006) e em 1413 cm-1 estaria associado com

vibração simétrica devido a grupos carboxila (VAN HOOGMOED, BUSSCHER,

DE VOS, 2003). O sinal em 1262 cm-1 ´comprovou a ligação S=O de ésteres

de sulfato, relacionado a presença de sulfatação na amostra (PEREIRA et al.,

2009). Sinais em cerca de 1156 cm-1 demonstram vibrações C-O do anel de

piranose, comum a todos os polissacarídeos (GÓMEZ-ORDÓÑEZ, RUPÉREZ,

2011). Os sinais obtidos a 1074 e 930 cm-1 revelam a presença de ligação C-O

da 3,6-anidrogalactose. Em 900 e 850 cm-1 foram sinais atribuídos a β-D-

galactose não sulfatada e a ligação C-O-SO4 no C4 da galactose,

respectivamente (PEREIRA et al., 2009). Os sinais em 770 e 740 cm-1 são

referentes ao esqueleto de flexão do anel piranose (MATSUHIRO, 1996).

Sinais entre 537 – 606 cm-1 estão associados a bandas características de

ligação peptídica, sendo referente a flexão C=O fora do plano, designada como

amida VI (KONG, YU, 2007).

Page 50: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 70

Figura 16. Espectro de infravermelho da F1,0 rica em galactanas sulfatadas da alga

Hypnea musciformis. Em foco a região de 500 – 1000 cm-1

.

Page 51: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 71

Tabela 4. Resumo dos sinais de espectroscopia de infravermelho da F1,0 rica em

galactanas sulfatadas da alga vermelha H. musciformis.

Sinais

(cm-1)

Descrição do sinal Referência

3423 Vibração do H-O existente na ligação de

hidrogênio das moléculas

SUN et al., 2009

2930 Vibração do -CH SUN et al., 2009

1653 Presença de água associado ao

composto teste

KIM et al., 2006

1413 Vibração simétrica devido a grupos

carboxila

VAN HOOGMOED,

BUSSCHER, DE

VOS, 2003

1262 Ligação S=O de ésteres de sulfato,

relacionado a presença de sulfatação na

amostra

PEREIRA et al., 2009

1156 Vibrações C-O do anel de piranose,

comum a todos os polissacarídeos

GÓMEZ-ORDÓÑEZ,

RUPÉREZ, 2011

1074, 930 Presença de ligação C-O da 3,6-

anidrogalactose

PEREIRA et al., 2009

900 β-D-galactose não sulfatada PEREIRA et al., 2009

850 Ligação C-O-SO4 no C4 da galactose, PEREIRA et al., 2009

770, 740 Esqueleto de flexão do anel piranose MATSUHIRO, 1996

537 – 606 Ligação peptídica, referente a flexão C=O

fora do plano, designada como amida VI

KONG, YU, 2007

Page 52: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 72

4.7. Avaliação da Atividade Biológica

4.7.1. Ensaios de atividade antioxidante

4.7.1.1. Sequestro de radicais hidroxila

A F1,0 mostra ação sequestradora de radicais hidroxila dose

dependente nas concentrações testadas (0,08 – 5,0 mg/mL) variando de 2,08 ±

0,72% a 32,50 ± 1,77%, promovendo o seqüestro da ordem de 32,5% desses

radicais quando a F1,0 foi utilizada a 5 mg/mL, conforme tabela 4. O EC50 foi

de 13,68 mg/mL.

4.7.1.2. Ação quelante de ferro

Nas concentrações testadas (0,08 – 5,0 mg/mL), a F1,0 exibe baixa

ação quelante do metal ferro, de forma dose dependente, com atividade

quelante de 1,03 ± 0,09% a 8,03 ± 0,13%, como mostrado na tabela 4. O EC50

observado foi de 56,19 mg/mL.

4.7.1.3. Sequestro de radicais DPPH

Pode ser observado na tabela 4, a ação seqüestradora dose dependente

de concentrações variadas da F1,0 (0,08 – 5,0 mg/mL) sobre radicais DPPH

oscilando entre 4,49 ± 0,32% e 9,88 ± 0,09%, com EC50 de 37,46 mg/mL.

4.7.1.4. Sequestro de radicais superóxido

Conforme tabela 4, a F1,0 apresenta baixa atividade sequestradora dos

radicais superóxido dose dependente nas concentrações testadas (0,08 – 5,0

mg/mL), exibindo uma ação sequestradora que variava de 7,73 ± 0,41% a

15,39 ± 1,34%, com EC50 de 19,61 mg/mL.

Page 53: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 73

Tabela 5. Ensaios de atividade antioxidante

Ensaios de atividade antioxidante

Concentração da F1,0 (mg/mL)

Percentual de atividade (%)

Sequestro de radicais hidroxila

0,08 2,08 ± 0,72 0,16 3,75 ± 1,77 0,31 6,88 ± 0,88 0,63 15,00 ± 3,54 1,25 23,75 ± 1,77 2,5 26,88 ± 2,65 5,0 32,50 ± 1,77

Ação quelante do Fe+2

0,08 1,03 ± 0,09 0,16 1,25 ± 0,43 0,31 1,34± 0,06 0,63 1,42 ± 0,24 1,25 3,25 ± 0,54 2,5 3,46 ± 0,98 5,0 8,03 ± 0,13

Sequestro de radicais DPPH

0,08 4,49 ± 0,32 0,16 4,49 ± 1,30 0,31 4,89 ± 1,01 0,63 5,60 ± 1,44 1,25 5,98 ± 0,96 2,5 6,05 ± 0,26 5,0 9,88 ± 0,09

Sequestro de radicais superóxido

0,08 7,73 ± 0,41 0,16 7,44 ± 1,24 0,31 9,56 ± 1,34 0,63 10,21 ± 0,21 1,25 11,31 ± 0,72 2,5 12,11 ± 0,21 5,0 15,39 ± 1,34

Valores foram expressos por médias ± desvio padrão (n=3).

Page 54: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 74

4.7.1.5. Poder redutor

A Figura 17 mostra que o poder redutor da F1,0 foi dose dependente,

e quanto maior a concentração da fração maior foi a absorbância observada.

Pelo método estudado, na presença das concentrações testadas (0,08 – 5,0

mg/mL) da F1,0 a absorbância a 700 nm oscilou entre 0,031 e 0,145. O BHT,

antioxidante utilizado como padrão, a 4 mg/mL tem alta ação redutora com

absorbância de 0,790 (dados não mostrados). Utilizando a equação reta, foi

possível inferir que a concentração de F1,0 necessária para atingir a

absorbância de 0,790 foi de 33,4 mg/mL, mostrando o baixo poder redutor da

F1,0.

Figura 17. Poder redutor de concentrações diferentes da F1,0 de Hypnea musciformis.

Valores foram expressos por médias ± desvio padrão (n=3).

Page 55: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 75

4.7.1.6. Peroxidação lipídica

Pelo sistema de peroxidação lipídica induzida em gema de ovo, as

concentrações variadas (0,08 – 5,0 mg/mL) da F1,0 promoveram inibição em

cerca de 57,92% a 0,08 mg/mL, mostrando alto poder de inibição sobre o

método utilizado, no entanto atinge um platô, com inibição da peroxidação de

66,98% quando utilizada na concentração de 5 mg/mL, com IC50 de 0,0030

mg/mL, de acordo com a Figura 18 abaixo.

Figura 18. Inibição da peroxidação lipídica de concentrações diferentes da F1,0 de

Hypnea musciformis. Valores foram expressos por médias ± desvio padrão (n=3).

Page 56: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 76

4.7.1.7. Inibição de hemólise induzida por H2O2

A Figura 19 exibe a ação protetora da F1,0 sobre as hemácias humanas

no modelo de hemólise induzida por H2O2. As concentrações testadas (0,08 –

5,0 mg/mL) da F1,0 promoveram a inibição da hemólise variando entre 39,43 ±

4,93% (na concentração de 0,08 mg/mL) e 67,89 ± 0,70% a 5 mg/mL, e com

IC50 de 0,375 mg/mL. Esses dados mostram que a F1,0 apresentou alta ação

protetora da hemólise induzida por H2O2 quando comparado com o controle

positivo reativo (100% de hemólise).

Figura 19. Inibição da hemólise induzida por H2O2 promovida pela F1,0 de H.

musciformis. Valores foram expressos por médias ± desvio padrão (n=3).

Page 57: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 77

4.7.2. Avaliação da ação citotóxica da F1,0 sobre hemácias de grupos

sanguíneos ABO e Rh positivo e negativo

Pelo método utilizado, podemos verificar que a F1,0 não apresentou

ação citotóxica sobre as hemácias, uma vez que nas massas testadas (50, 100

e 150 µg) da F1,0, não foi detectada hemólise significativa nas hemácias de

diferentes grupos sanguíneos ABO (A+, B+, AB+ e O+) e Rh (A+ e A-).

Demonstrou assim, maior ação citotóxica com 0,57 ± 0,033% de hemólise

sobre hemácias A- tratadas com 50 µg de F1,0 por 6 h. O menor percentual de

hemólise (0,035 ± 0,00%) provocado pela F1,0 foi visualizado quando as

hemácias AB+ foram incubadas com 50 µg da fração por 1 h.

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes

(p>0,05) entre as hemácias dos grupos Rh positivo e negativo entre todas as

massas testadas da F1,0 (50, 100 e 150 µg), quando foi avaliado o mesmo

tempo de incubação (1h ou 6 h) . Isto demonstra que não existe influência do

fator Rh na ação que a F1,0 exerce sobre as hemácias. Também, não foram

detectadas diferenças estatisticamente significativas entre as hemácias dos

grupos B+, AB+ e O+ (p>0,05). Porém, a F1,0 promove hemólise

estatisticamente diferente (p<0,05) sobre hemácias do grupo A+ quando

comparada com o percentual de hemólise provocado pela fração em estudo

sobre as hemácias dos outros grupos ABO testados (B+, AB+ e O+). Assim,

F1,0 não provocou danos significativos nas membranas de hemácias dos

grupos sanguíneos ABO e Rh como pode ser visualizado na Figura 20.

Page 58: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 78

Figura 20. Ação citotóxica da F1,0 de H. musciformis sobre eritrócitos de diferentes

grupos sanguíneos ABO e Rh positivo e negativo. (A) Hemólise direta em eritrócitos A+ e

A-. Não há diferença estatisticamente significante entre os grupos Rh positivo e negativo

(p>0,05). (B) Hemólise direta em eritrócitos de grupos sanguíneos A+, B+, AB+ e O+ incubados

por 1 hora com 50 μg de F1,0. Não há diferença estatisticamente significante entre os

eritrócitos B+, AB+ e O+. ( ) p> 0,05; (*)=p<0,05. Valores foram expressos por médias ± desvio

padrão (n=3).

Page 59: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 79

4.7.3. Atividade anticoagulante

4.7.3.1. Tempo de tromboplastina parcial ativada e tempo de protrombina

Os resultados obtidos pelo ensaio de tempo de tromboplastina parcial

ativada, conforme Figura 21, demonstraram que a F1,0 apresentou atividade

anticoagulante (p<0,001) quando comparada com o controle negativo (30 s).

As diferentes massas testadas (5, 10, 25, 50, 100, 150, 200, 250, 350 µg)

causaram aumento no tempo para a formação do coágulo, com exceção das

massas de 5 e 10 µg de F1,0 nas quais não foi visualizado diferença

estatisticamente significante no tempo de formação do coágulo comparando-se

com o controle (p>0,05).

Figura 21. Tempo de tromboplastina ativada de pool de plasma tratado com F1,0 em

diferentes massas. Nível de significância em relação ao controle: ( ) p>0,05; (***)

p<0,001.Valores foram expressos por médias ± desvio padrão (n=3).

Page 60: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 80

Os resultados adquiridos no ensaio de tempo de protrombina

demonstraram que todas as massas testadas (50, 75, 100, 150, 200 µg) da

F1,0 apresentaram menor tempo de formação do coágulo em relação ao grupo

controle (p< 0,05), de acordo com a Figura 22. No entanto, não há diferença

estatisticamente significante entre as massas testadas (p>0,05), quando

comparadas entre si.

Figura 22. Tempo de protrombina de pool de plasma tratado com F1,0 em diferentes

massas. Nível de significância em relação ao controle: (*) p<0,05; (**) p<0,01. Valores foram

expressos por médias ± desvio padrão (n=3).

Page 61: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 81

4.7.3.2. Ensaios de atividade de fatores da coagulação

4.7.3.2.1. Ensaio de atividade da trombina

Utilizando-se o ensaio do substrato cromogênico da trombina, pode-se

observar que a F1,0 de H. musciformis quando utilizada a massa de 150, 250 e

350 µg mostrou ação inibitória sobre a atividade enzimática da trombina de

cerca de 40,00 ± 2,26%, 50,67 ± 2,64% e 45,73 ± 6,60%, respectivamente,

conforme tabela 6. Assim, a trombina exibiu atividade enzimática remanescente

de 60,00 ± 2,26%, 49,33 ± 2,64% e 54,27 ± 6,60% para 150, 250 e 350 µg de

F1,0, respectivamente. Não há diferença estatisticamente significante (p>0,05)

entre as massas testadas, comparando-se entre elas. Esse resultado mostrou

que a F1,0 apresentou moderada ação inibitória sobre a trombina.

Tabela 6. Ensaio do substrato cromogênico da trombina. Atividade inibitória da F1,0 sobre

a atividade enzimática da trombina. Valores foram expressos por médias ± desvio padrão

(n=3). Nível de significância em relação ao controle (100% de atividade enzimática).

F1,0 (μg) Inibição da atividade enzimática da trombina (%)

Nível de significância

0 0,00 ± 0,00 -

150 40,00 ± 2,26 p<0,01

250 50,67 ± 2,64 p<0,001

350 45,73 ± 6,60 p<0,001

Page 62: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 82

4.7.3.2.2. Ensaio de atividade do FXa

Utilizando o ensaio do substrato cromogênico do FXa, podemos

observar que F1,0 de H. musciformis quando utilizada a massa de 150, 250 e

350 µg mostrou ação estimulatória de 8,51%, 4,93% e 9,70% sobre a atividade

enzimática do FXa, respectivamente, uma vez que o FXa mostrou atividade

enzimática de 108,51 ± 1,48%, 104,93 ± 3,17% e 109,70 ± 3,59%,

respectivamente, conforme tabela 7. Não há diferença entre a massa de 150 µg

e as massas de 250 e 350 µg (p>0,05). No entanto, as massas de 250 e 350

µg apresentaram diferenças de atividade (p<0,05).

Tabela 7. Ensaio do substrato cromogênico do FXa. Atividade estimulatória da F1,0 sobre a

atividade enzimática do FXa. Valores foram expressos por médias ± desvio padrão (n=3). Nível

de significância em relação ao controle (100% de atividade enzimática).

F1,0 (μg) Atividade enzimática do FXa (%)

Nível de significância

0 100,00 ± 0,00 -

150 108,51 ± 1,48 p<0,01

250 104,93 ± 3,17 p<0,05

350 109,70 ± 3,59 p<0,001

Page 63: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 83

4.7.4. Investigação da atividade estimulatória da F1,0 extraída de H.

musciformis sobre a síntese de heparam sulfato antitrombótico por

células endoteliais da aorta de coelho (RAEC)

As investigações sobre a influência da F1,0 na síntese de heparam

sulfato e condroitim sulfato pelas células endoteliais da aorta de coelho (RAEC)

demonstraram que a F1,0 causou aumento na quantidade de heparam sulfato

liberada no meio pelas células endoteliais quando comparadas ao grupo

controle de células não tratadas com F1,0 (p<0,001). Isto pode ser verificado

pela forte estimulação na produção e liberação de heparam sulfato para o meio

sendo de 4,6 vezes maior que o expresso pelo controle (células não tratadas

com F1,0), conforme mostra a Figura 23A.

As células endoteliais, às quais foram adicionadas F1,0, apresentaram

menor quantidade de heparam sulfato em seu interior quando comparadas com

o controle de células não tratadas com F1,0 (p<0,001), como pode ser

visualizado na Figura 23B. O perfil das células endoteliais utilizadas no estudo

quanto a presença de glicosaminoglicanos mostrou que, as células não

tratadas com F1,0 exibiram uma maior quantidade de heparam sulfato no seu

interior quando comparado com o meio em que se encontravam. Inversamente,

as células endoteliais tratadas com F1,0 mostraram quantidades superiores de

heparam sulfato, encontrando-se este no meio celular.

A F1,0 rica em galactanas sulfatadas não apresentou ação estimulatória

sobre a síntese de condroitim sulfato quando foi avaliada a quantidade deste

glicosaminoglicano no interior das células e no meio, sem diferença em relação

ao controle com p>0,05 (Figura 23A e 23B).

Page 64: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 84

Figura 23. Ação da F1,0 rica em galactanas sulfatadas da alga Hypnea musciformis na

síntese de glicosaminogicanos sulfatados pelas células endoteliais da aorta de coelho

(RAEC). Células RAEC foram tratadas com 100 μg/mL da F1,0 na presença de 150 μCi/mL de

[35

S]-sulfato de sódio e mantidas por 22 h a 37ºC sob tensão de 2,5% de CO2. (A) Efeito de

F1,0 na síntese de glicosaminogicanos sulfatados pelas células endoteliais e liberados no

meio. (B) Efeito de F1,0 na síntese de glicosaminogicanos sulfatados presente no interior das

células endoteliais. HS – heparam sulfato; CS – condroitim sulfato. Nível de significância em

relação ao controle: ( ) p> 0,05; (***) p<0,001. Valores foram expressos por médias ± desvio

padrão (n=3).

Page 65: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 85

4.7.5. Ação da F1,0 na proliferação celular (Ensaio de MTT)

A F1,0 mostrou ação antiproliferativa sob as células endoteliais da aorta

de coelho (RAEC), quando estas células foram tratadas por 24 horas com 25,

50 e 100 µg, exibindo inibição da proliferação celular de 33,06 ± 2,51%, 32,26±

2,41% e 29,81± 6,37% respectivamente (Figura 24), e com EC50 de 132,2 µg.

Não existe diferença estatisticamente significante entre as concentrações

testadas (p>0,05).

Figura 24. Efeito da F1,0 isolada de H. musciformis na proliferação de células endoteliais

da aorta de coelho (RAEC). Células RAEC tratadas com 25, 50 e 100 µg de F1,0 por 24

horas. Nível de significância em relação ao controle: (***) p<0,001. Valores são médias ±

desvio padrão (n=3).

Page 66: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 86

4.7.6. Ensaio de Anexina V/ PI e distribuição do ciclo celular em células

endoteliais da aorta de coelho (RAEC)

As figuras 25 e 26 mostram os resultados obtidos da análise por

citometria de fluxo das células RAEC tratadas e não tratadas com F1,0 para

marcação de anexina V e PI. Utilizando esta metodologia é possível afirmar

que as células viáveis apresentam marcação anexina V (-) e PI (-), células em

apoptose precoce são anexina V (+) e PI (-), células em apoptose tardia são

anexina V (+) e PI (+) e células necróticas exibem marcação anexina V (-) e PI

(+) (ZHAO et al., 2009). As células tratadas com a F1,0 apresentaram

marcação similar às células do grupo controle não tratadas com F1,0, com

pequena diferença não estatisticamente significante (p>0,05), indicando que a

F1,0 rica em galactanas sulfatadas de H. musciformis não provoca morte

celular por apoptose ou necrose.

Page 67: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 87

Figura 25. Análise de citometria de fluxo com dupla marcação para anexina V-FITC e PI

em células endoteliais da aorta de coelho (RAEC). As células foram tratadas com 100 µg de

F1,0 por 24 horas. (A) e (B): controle negativo (sem tratamento com F1,0); (C) e (D): células

tratadas com 100 µg de F1,0 por 24 horas. Quadrante superior esquerdo: marcação negativa

para anexina V-FITC e positiva para PI (células não viáveis – necrose); quadrante superior

direito: marcação positiva para anexina V-FITC e PI (células não viáveis – apoptose tardia);

quadrante inferior esquerdo: marcação negativa para anexina V-FITC e PI (células viáveis);

quadrante inferior direito: marcação positiva para anexina V-FITC e negativa para PI (células

não viáveis – apoptose precoce).

Page 68: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 88

Figura 26. Padrão de viabilidade das células endoteliais da aorta de coelho avaliada por

citometria de fluxo. Células não tratadas: sem tratamento com F1,0; Células tratadas com 100

µg de F1,0 por 24 horas. Células viáveis: marcação negativa para anexina V-FITC e PI; Células

não viáveis: marcação positiva para anexina V-FITC e negativa para PI (células em apoptose

precoce); marcação negativa para anexina V-FITC e positiva para PI (células em necrose);

marcação positiva para anexina V-FITC e PI (células em apoptose tardia). ( ) p>0,05 em

relação ao grupo de células não tratadas. Valores foram expressos por médias ± desvio padrão

(n=2).

Page 69: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 89

A análise da influência da F1,0 na progressão do ciclo celular das

células RAEC tratadas por 24 h avaliada por citometria de fluxo mostrou que a

fração estudada de H. musciformis promoveu alteração na proporção de

células em algumas fases do ciclo celular. A Tabela 8 e Figura 27 mostra que a

proporção das células não tratadas com F1,0 em cada fase do ciclo celular se

referem a G1: 83,79 ± 0,00%; G2: 7,81 ± 0,00%; S: 8,41 ± 0,00%; G2/G1: 2,00

± 0,00%; enquanto que as células tratadas com F1,0 apresentaram distribuição

de G1: 64,47 ± 3,68%; G2: 5,06 ± 1,48%; S: 30,48 ± 2,21%; G2/G1: 2,00 ±

0,00%. Assim, podemos demonstrar que a F1,0 causou aumento no número de

células que se encontram na fase S do ciclo, uma vez que 8,41% das células

não tratadas com F1,0 foram detectadas na fase S do ciclo celular enquanto

que 30,48% das células estavam nesta fase após o tratamento com F1,0,

impedindo a progressão do ciclo celular da fase S para fase G2. Há também

uma diminuição na proporção de células tratadas com F1,0 nas fases G1 e G2

quando comparado com as células do grupo controle não tratadas.

Figura 27. Análise da distribuição no ciclo celular das células endoteliais da aorta de

coelho (RAEC). (A): distribuição do ciclo celular das células não tratadas com F1,0 (células

controle); (B): distribuição do ciclo celular das células tratadas com 100 µg de F1,0 por 24

horas.

Page 70: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Resultados 90

Tabela 8. Distribuição das células endoteliais da aorta de coelho (RAEC) no ciclo celular.

Células endoteliais da aorta de coelho tratadas ou não tratadas com 100 µg de F1,0 por 24

horas. Valores foram expressos por média (n=2). Fases do ciclo celular - G1: gap 1; G2: gap 2;

S: fase de síntese.

Fase do ciclo

celular

Células não tratadas

com F1,0 (%)

Células tratadas com

F1,0 (%)

G1 83,79 ± 0,00 64,47 ± 3,68

G2 7,81 ± 0,00 5,06 ± 1,48

S 8,41 ± 0,00 30,48 ± 2,21

G2/G1 2,00 ± 0,00 2,00 ± 0,00

Page 71: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....91

5. DISCUSSÃO

No presente estudo, a F1,0 rica em galactanas sulfatadas foi extraída da

alga vermelha Hypnea musciformis por precipitação em diferentes

concentrações de acetona, e submetidas de forma prévia a delipidação e

proteólise para a remoção de contaminantes. As análises químicas da F1,0 (1v

de acetona) apresentaram carboidratos da ordem de 49,70 ± 0,10%, altos

teores de sulfatos (44,59 ± 0,015%) e baixa contaminação protéica (0,92 ±

0,001%). Aziza et al., (2008), em um estudo realizado com carragenanas de

Hypnea musciformis da costa Atlântica do Marrocos, e extraídas de acordo

com método adaptado de Craigie e Leigh, (1978) observaram que a fração

polissacarídica obtida desta alga com 3 v de isopropanol continha 67,7% de

açúcares totais e 17% de sulfato, determinado por cromatografia de gás –

líquido (GLC).

O teor de sulfato da fração 1,0 (F1,0) observada neste estudo (44,59 ±

0,015%) é diferente dos encontrados por Saito e Oliveira (1990), que relataram

baixos teores de sulfato na mesma espécie de alga. Os níveis de sulfato

encontrados para carragenanas comerciais citados por Souza et al., (2007)

para lambda, iota e kappa foram respectivamente 33,38 ± 0,06%, 27,60 ±

0,12% e 17,90 ± 0,05%. Adicionalmente, os dados obtidos por De Ruiter e

Rudolph, (1997) também mostraram conteúdos de sulfato variando de acordo

com o tipo da carragenana (lamba: 38%, iota: 32%, e kappa: 22%). Tais

estudos demonstraram que a carragenana kappa exibiu menor grau de

sulfatação em relação às demais. Sabe-se que variações nestas análises

químicas seriam decorrentes de diferenças existentes entre espécies de algas,

lotes e forma de extração (DE RUITER, RUDOLPH, 1997).

A cromatografia descendente em papel observada nos mostrou que a

F1,0 seria composta de galactose. A espectroscopia de infravermelho

confirmou estes dados demonstrando sinais indicando que F1,0 apresentou

absorções características da presença de ésteres de sulfato em 1262 cm-1 (HU

et al., 2010). Tais dados foram confirmados pelo método de Dodgson, Price,

(1962) indicando a presença de sulfato no polímero. Sinais em 1074 e 930 cm-1

foram referentes à ligação C-O da 3,6-anidrogalactose (PEREIRA et al., 2009),

Page 72: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....92

o que demonstrou a presença de galactanas sulfatadas, tipo carragenanas, na

fração estudada.

Estudos de Silva et al., (2010) com carragenanas comerciais, mostraram

que o espectro de infravermelho da carragenana kappa exibiu sinais a 1250

cm-1 correspondendo a grupos de ésteres de sulfato. Sinais encontrados em

930 cm-1 corresponderiam a 3,6-anidrogalactose e 845 cm-1 referentes a

galactose-4-sulfato também foram detectados por esse espectro, mostrando

sinais similares ao espectro de infravermelho da F1,0 rica em galactanas

sulfatadas de H. musciformis. Estudos de Aziza et al., (2008) afirmaram que

carragenanas extraídas de H. musciformis exibiram espectro de infravermelho

semelhante ao espectro de carragenanas kappa. Todos esses dados nos

levam acreditar que a F1,0, extraída em nosso estudo, seja constituída por

carragenana kappa.

A cromatografia de gel filtração mostrou que a F1,0 exibiu duas

populações polissacarídicas de massas moleculares aproximadas (> 150 kDa e

147 kDa). A existência de proteínas e pigmentos, em baixo níveis, associados

a F1,0 foram observadas. A espectroscopia de infravermelho confirmou estes

dados demonstrando um sinal relacionado ao grupo amida característico de

proteínas (KONG, YU, 2007).

A eficiência de um agente antioxidante é determinada pela sua estrutura

química e pode variar de acordo com a concentração, temperatura, tipo de

substrato, oxidação e estado físico do meio do sistema. Além da presença de

agentes que funcionariam como antagonistas ou em sinergia (YANISHLIEVA-

MASLAROVA, 2001).

Algumas pesquisas têm sugerido uma relação entre atividades

antioxidantes, massa molecular e o grau de sulfatação de polissacarídeos

sulfatados de algas (ZHAO et al., 2004; QI et al., 2005). Esta correlação foi

observada por Tannin-Spitz et al., (2005), estudando polissacarídeos de

Porphyridium, os quais mostraram que as frações de polissacarídeos com

maior teor de sulfato (4,5%) apresentavam atividade antioxidante 20% superior

a outro grupo de polissacarídeos que possuíam 3% de sulfato, quando avaliada

pelo método de FOX (WOLF, 1994). No entanto, neste mesmo estudo, a

carragenana lambda (10 mg/mL) com grau de sulfatação de cerca de 40%

Page 73: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....93

mostrou baixo efeito antioxidante (30% de inibição) quando comparado com os

polissacarídeos de Porphyridium na mesma concentração (10 mg/mL) que

exibiram ação antioxidante de cerca de 90% de inibição.

A F1,0 rica em galactanas sulfatadas de Hypnea musciformis apresentou

duas populações de polissacarídeos que juntas exibem alto grau de sulfatação,

ainda, não podemos afirmar qual população é a mais sulfatada e qual delas

encontra-se em maior concentração. Uma vez que não podemos correlacionar

o conteúdo de sulfato da F1,0 com sua ação antioxidante. Existe portanto, a

necessidade de mais estudos para esclarecer a relação entre o conteúdo de

sulfato com a sua ação antioxidante. A fração 1,0 (F1,0) mostrou alta massa

molecular com duas populações, uma de 147 kDa e a outra >150 kDa.

Carragenanas comerciais possuem estruturas de alta massa molecular

variando de 100 a 1000 kDa (VAN DE VELDE et al., 2002).

A remoção de radicais hidroxilas é muito importante para a defesa

antioxidante em células e em sistemas alimentares (ARUOMA, 1998). Os

compostos podem apresentar mecanismos antioxidantes diferentes em relação

aos radicais hidroxilas, suprimindo a geração desses radicais ou seqüestrando

os radicais já gerados (UEDA et al., 1996). A geração destes radicais ocorreria

pela reação do Fe+2 e H2O2. Estudos mostraram que o grupo sulfato dos

polissacarídeos poderia reduzir a formação de radicais hidroxilas pela ação

quelante de Fe+2 (ZOU et al., 2008). Uma vez que os íons metálicos participam

da geração dos radicais hidroxilas, os agentes quelantes de íons promoveriam

a inibição da geração destes radicais (UEDA et al., 1996). No presente estudo,

encontramos resultados diferentes dos encontrados por Zou et al., (2008) pois

a fração F1,0 (5 mg/mL) rica em sulfato apresentou moderada ação

antioxidante sobre radicais hidroxila promovendo o seu seqüestro em 32,50% e

baixa ação quelante de Fe+2 (8,03%), quando utilizada na mesma concentração

(ver Tabela 4). A F1,0 (1,5 mg/mL) mostrou atividade quelante de ferro de

cerca de 3,25%, sendo inferior à atividade de uma fração da alga vermelha

Gracilaria caudata precipitada com 2 volumes de etanol, que exibiu ação

quelante de cerca de 40,2% quando avaliada pela mesma metodologia e

utilizada na mesma concentração (COSTA et al., 2010).

Page 74: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....94

A atividade antioxidante de um dado composto é expressa como

habilidade de seqüestrar o radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH)

(WANG et al., 2010). Em nosso estudo, a F1,0 apresentou baixa ação

antioxidante sobre radicais DPPH, na concentração de 2,5 mg/mL promovendo

6,05±0,26% de atividade sequestradora sobre esses radicais. Yangthong,

Hutadilok-Towatana, Phromkunthong, (2009) estudando extratos aquosos de 4

algas marinhas comestíveis do sudeste da Tailândia, mostram que em relação

à atividade seqüestradora de radicais DPPH, o extrato aquoso da alga verde

Ulva lactuca exibiu EC50 de 103,73±0,59 mg/mL, sendo este 2,8 vezes superior

ao EC50 da F1,0 (37,5 mg/mL). A F1,0 exibiu baixa ação antioxidante pelo método de seqüestro de

radicais superóxidos, com atividade seqüestradora de 15,39% na concentração

de 5 mg/mL. Estudos de Liu et al., (2007) mostram que polissacarídeos

purificados da alga vermelha Porphyra yezoensis exibem ação seqüestradora

de radicais superóxidos cerca de 80% quando utilizado na concentração de

160 µg/mL.

O poder redutor apresentado por um composto pode funcionar como um

indicador do seu potencial antioxidante (SUN et al., 2009). Podemos observar

que a F1,0 de H. musciformis nas concentrações testadas apresentou baixo

poder redutor quando comparado ao BHT (0,790). No entanto, a F1,0 a 2,5

mg/mL mostrou poder redutor (0,080) similar à fração polissacarídica F2

extraída de Laminaria japonica eluída de coluna de cromatografia quando

utilizada na mesma concentração (WANG et al., 2008) e poder redutor inferior

quando comparada a um extrato aquoso-quente proveniente da alga

Sargassum hemiphyllum, que na concentração de 1 mg/mL exibiu absorbância

de cerca de 1,2 a 700 nm (HWANG et al., 2010).

Em nosso estudo, podemos observar que a F1,0 exibiu forte ação

inibitória sobre a peroxidação lipídica induzida em gema de ovo, pois na

concentração de 0,08 mg/mL promoveu inibição de 57,92% da peroxidação,

com IC50 de 0,003 mg/mL. Estudos de Sun et al., (2009) avaliando a atividade

antioxidante de polissacarídeos purificados do fungo marinho Penicillium sp.

F23-2 mostraram que os polissacarídeos PS1-1, PS1-2 e PS2-1 a 0,8 mg/mL,

em uma concentração 10 vezes maior que a F1,0 de H.musciformis, exibem

Page 75: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....95

ação inibitória da peroxidação lipídica induzida em gema de ovo similar a F1,0

(42,32%, 53,58% e 64,70%, respectivamente). Entretanto, neste mesmo de

Sun et al., (2009) o BHT, um conhecido agente antioxidante, na concentração

de 0,8 mg/mL mostrou inibição da peroxidação de 81,32%, ou seja, de cerca de

23,40% superior a inibição provocada pela F1,0 quando utilizada a 0,08 mg/mL

(concentração 10 vezes inferior).

A alga vermelha Hypnea musciformis poderia ter grande importância na

indústria alimentícia, pois como é rica em galactanas sulfatadas (carragenanas)

que além de possuírem propriedades texturizantes, espessantes, gelificantes e

estabilizantes para os alimentos, exibem ação protetora contra a peroxidação

lipídica. Isto é uma questão preocupante na indústria de alimentos onde os

fabricantes minimizam a oxidação de alimentos contendo lipídios pelo uso de

antioxidantes durante o processo de produção (ARUOMA, 1998). As espécies

reativas de oxigênio são as causas predominantes de decaimento na qualidade

de alimentos, gerando rancidez, toxicidade e destruição de biomoléculas

importantes no metabolismo fisiológico (HEO et al., 2005).

A exposição das hemácias aos ROS pode causar peroxidação lipídica,

dano a proteínas e hemólise (SROUR, BILTO, JUMA, 2000). O peróxido de

hidrogênio é uma espécie reativa de oxigênio que apresenta relativamente alta

estabilidade, difusão e envolvimento em cascatas de sinalização, e por isso é

considerado como um atrativo modelo oxidante (UGARTONDO et al., 2009), de

forma que consegue atravessar membranas e oxidar um grande número de

compostos (ARUOMA, 1998). A hemólise induzida por H2O2 é um processo no

qual o H2O2 reage com o Fe+2 nos eritrócitos formando radical hidroxila, este

que substancialmente promove a hemólise. Podemos observar que a F1,0 de

H. musciformis mostrou alta ação inibitória da hemólise induzida por H2O2 em

hemácias humanas atingindo o IC50 na concentração de 0,3750 mg/mL.

Zhang et al., (2003) mostraram que frações de polissacarídeos

sulfatados da alga Porphyra haitanensis apresentaram ação protetora contra a

hemólise induzida por H202 em eritrócitos de ratos inferior a da F1,0 de H.

musciformis, em hemácias humanas, causando inibição de cerca de 30% da

hemólise quando as frações foram utilizadas a aproximadamente 8 mg/mL.

Page 76: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....96

Além desta ação protetora sobre a hemólise induzida por H2O2, a F1,0

não apresentou qualquer ação danosa significativa sobre a membrana dos

eritrócitos humanos dos diferentes grupos sanguíneos ABO e Rh positivo e

negativo, uma vez que pelos ensaios de atividade hemolítica direta, não foi

visualizada atividade hemolítica significativa da F1,0 sobre as hemácias

humanas. A hemólise direta se refere à hemólise causada diretamente por um

dado composto sem qualquer participação do sistema complemento (CHAVES-

MOREIRA et al., 2009).

A ação citotóxica direta sobre a membrana das hemácias foi mais

pronunciada (0,57 ± 0,033%) quando as hemácias A- foram tratadas com a

menor massa da F1,0 (50 µg) por 6 h, enquanto que o menor percentual de

hemólise (0,035 ± 0,00%) foi detectado quando as hemácias AB+ foram

tratadas com mesma massa (50 µg) por 1 h, o que pode ser visualizado pelo

fato de existir diferença estatisticamente significante entre a ação da F1,0 sobre

a membrana de hemácias dos grupos ABO acima citados. Esta diferença pode

ser explicada pela constituição monossacarídica diferente dos grupos

sanguíneos ABO, em que o antígeno A apresenta na extremidade da sua

estrutura a N-acetilgalactosamina (ZAGO, FALCÃO, PASQUINI, 2004), que

poderia provocar uma maior interação entre suas cargas positivas com as

cargas negativas da F1,0.

A teoria do paradoxo polar ilustra o comportamento paradoxal de

agentes antioxidantes em diferentes meios, na qual os antioxidantes polares

são mais efetivos em meios menos polares como bulk oils, enquanto que

antioxidantes não polares são mais efetivos em meios relativamente mais

polares como emulsões de óleo em água ou lipossomas (PORTER, 1993). Os

antioxidantes adicionados a uma emulsão e a bulk oils exibem diferentes

eficiências devido à natureza física diferente desses dois sistemas (FRANKEL,

2001). Emulsões óleo em água consistem em três partes: gotas lipídicas, uma

fase aquosa contínua e a interface óleo-água. Os componentes lipídicos e não

lipídicos adicionados a uma emulsão se encontram em uma parte em particular

de acordo com a sua solubilidade e superfície de atividade, estas que são

determinadas pela estrutura química e polaridade do composto (CHAIYASIT et

al., 2007).

Page 77: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....97

Antioxidantes não polares apresentam alta eficiência em emulsões

devido a sua grande afinidade a interface óleo-água, formado uma membrana

protetora ao redor da gota lipídica, enquanto que antioxidantes polares são

predominantemente dissolvidos na fase aquosa da emulsão (FRANKEL et al.,

1994; COUPLAND, MCCLEMENTS, 1996). Os nossos dados não corroboram

com a teoria do paradoxo polar, uma vez que a F1,0 apresentou polaridade

devido à presença do sulfato na fração, e exibiu ação antioxidante pelo sistema

da peroxidação lipídica induzida em gema de ovo, o que consiste em uma

suspensão de fosfolipídios em tampão PBS.

Segundo a teoria do paradoxo polar, os antioxidantes de diferentes

polaridades apresentam comportamento diferente frente aos diferentes meios

lipídicos, o que pode nos levar a imaginar que assim como em meios lipídicos,

os agentes antioxidantes possam apresentar tal atividade variável em meios

aquosos de acordo com as condições do sistema em que se encontram,

podendo estas condições ser favoráveis ou desfavoráveis para a eficiência

deste agente. Isto pode explicar porque F1,0 de H. musciformis apresentou

ação antioxidante variável de acordo com o sistema in vitro utilizado.

Com relação à atividade anticoagulante, as galactanas sulfatadas

fornecem grande vantagem como alternativa para terapia anticoagulante

realizada com a heparina (FAREED, HOPPENSTEADT, BICK, 2000).

Entretanto, nem todos os polissacarídeos sulfatados mostram ação

anticoagulante, e a ação antitrombótica exibida por estes polissacarídeos é

importante uma vez que causa inibição indireta na formação do trombo, como

observado por Rocha et al., (2005), estudando uma galactofucana de

Spatoglossum schroederi.

Estudos dos mecanismos envolvidos na atividade anticoagulante das

galactanas sulfatadas e fucanas, realizados por Melo et al., (2004), com a alga

vermelha Botryocladia occidentalis e invertebrados como Echinometra lucunter,

Herdmania monus e Strongylocentrotus franascanus, mostraram que

exigências estruturais para a interação de galactanas sulfatadas com inibidores

da coagulação e proteases alvos não são, simplesmente, uma conseqüência

da densidade de carga e do conteúdo de sulfato, mas que estas conferem

esteroespecíficidade às mesmas. A base estrutural da interação é complexa

Page 78: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....98

porque envolve polissacarídeos heterogêneos, mas depende da distribuição de

grupos sulfato no polímero e da composição monossacarídica. As galactanas

sulfatadas possuem cadeias significativamente mais longas que a heparina

para realizar a atividade anticoagulante. Por outro lado, galactanas sulfatadas e

a heparina se ligam em lugares diferentes na antitrombina e são menos

efetivas na promoção da ativação conformacional da antitrombina quando

comparada com a heparina.

Rodrigues et al., (2009), estudando a alga vermelha Halymenia

pseudofloresia, demonstraram que seus polissacarídeos sulfatados

apresentaram surpreendentemente efeito na coagulação 4,6 vezes mais

potente que o padrão de heparina , interferindo na via intrínseca ou comum da

coagulação.

A ação anticoagulante da F1,0 de Hypnea musciformis no ensaio de

tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT) estaria corroborando com o

estudo de Rodrigues et al., (2009), no qual galactanas sulfatadas de algas

vermelhas apresentaram atividade anticoagulante sobre a via intrínseca e

comum da coagulação. Observamos ainda, que a F1,0 possui alto conteúdo de

sulfato, demonstrando baixa atividade anticoagulante, estando de acordo com

estudos de Melo et al., (2004) que afirmam que a ação anticoagulante não é

apenas uma consequência da densidade de carga e do conteúdo de sulfato.

Estudos anteriores feitos em nosso laboratório mostraram que heparinas

comerciais (heparina padrão – liquemine e heparina de baixo peso molecular -

enoxeparina) apresentaram tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT) de

>240 s com 5 µg para a enoxeparina (dados não mostrados). Esses dados

demonstraram que a baixa atividade anticoagulante da F1,0 nas concentrações

testadas sobre a via intrínseca e comum da coagulação. Entretanto a heparina,

um glicosaminoglicano obtido de origem animal, apresenta riscos à saúde

humana, conforme citado por Nader et al., (2001).

Os inibidores diretos da trombina e do FXa exercem sua inibição sobre

serino proteases individuais, e oferecem uma metodologia avançada para

profilaxia e tratamento da trombose, uma vez que esses inibidores diretos tem

como alvo produtos finais da cascata de coagulação (ANSELL, 2007; WEITZ,

2007). Segundo Pereira, Mulloy e Mourão, (1999), os polissacarídeos

Page 79: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....99

sulfatados de algas poderiam apresentar ação inibitória direta sobre os fatores

da coagulação, e não somente, uma ação inibitória indireta através da

antitrombina ou do cofator de heparina II. Este mesmo estudo sugere que esta

inibição direta pelas fucanas sulfatadas não é dependente da massa molecular,

uma vez que os polissacarídeos obtidos das espécies de Laminaria brasiliensis

e Fucus vesiculosus diferem na massa molecular e ambos são inibidores

diretos da trombina.

Podemos observar que a F1,0 promoveu moderada inibição direta da

atividade enzimática da trombina causando também baixa estimulação da

atividade enzimática do FXa. A atividade anticoagulante da F1,0 determinada

pelo teste aPTT, que avalia a influência dos compostos testes nos fatores nas

vias intrínseca e comum da coagulação pode ser devido à moderada ação

inibitória direta provocada pela fração estudada sobre a atividade enzimática da

trombina.

Estudos de Farias et al., (2000) mostraram que frações F2 e F3 de

galactanas sulfatadas extraídas da alga vermelha Botryocladia occidentalis

exibem potente atividade anticoagulante devido à inibição aumentada da

trombina (IIa) e do FXa provocada pela antitrombina e cofator II da heparina.

Entretanto, a F1,0 mostrou tempo menor para a formação do coágulo no

teste de tempo de protrombina (PT) quando comparado ao controle (ausência

de F1,0), o que pode ser explicado pelo fato da F1,0 promover baixa

estimulação da atividade enzimática do FXa, enzima que compõe a via comum

da coagulação, e que por esta razão levaria a diminuição do tempo de

formação do coágulo detectado por este teste, que avalia a via extrínseca e

comum da coagulação. Porém há a necessidade de mais estudos que

comprovem tal hipótese.

Os nossos dados quanto à influência da F1,0 na atividade enzimática da

trombina e do FXa estão de acordo com estudo de Farias, (2011) mostrando

que galactanas sulfatadas extraídas da alga verde Codium isthmocladum

exibem ação inibitória sobre a trombina e ação estimulatória sobre a atividade

enzimática do FXa, quando avaliada em sistema purificado pelo método do

substrato cromogênico na presença de antitrombina, mostrando que galactanas

Page 80: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....100

sulfatadas podem interagir diretamente com a trombina e FXa, e/ ou com a

antitrombina.

Estudos mostraram que a heparina previne a trombose devido a sua

atividade anticoagulante e ação indutora da síntese de heparam sulfato

antitrombótico pelas células endoteliais, ou seja, pela sua atividade

antitrombótica, sendo muito difícil distinguir esses dois efeitos (ROCHA et al.,

2005). Estudos de Leite et al., (1998), com uma xilofucoglucuronana da alga

marrom Spatoglossum schroederi, mostraram que este polissacarídeo

promoveu estimulação de cerca de 2,7 vezes na produção e liberação do

heparam sulfato para o meio, sendo esta ação comparável a atividade

estimulatória provocada pela heparina, neste mesmo estudo.

A F1,0 rica em galactanas sulfatadas de H. musciformis apresentou

ação estimulatória na síntese de heparam sulfato antitrombótico, induzindo um

aumento na síntese e liberação deste glicosaminoglicano para o meio pelas

células endoteliais da aorta de coelho em cultura tratadas com F1,0.

Observou-se que a F1,0 não causou estimulação na síntese de condroitim

sulfato pelas células endoteliais. Esses resultados corroboram com os dados

de Leite et al., (1998) e Rocha et al., (2005), uma vez que a fração estimulou a

produção de heparam sulfato e não causou qualquer efeito estimulatório sobre

a produção de condroitim sulfato. A heparina tem também, ação estimulatória

sobre a síntese de heparam sulfato sem apresentar qualquer efeito

estimulatório sobre a síntese de condroitim sulfato.

Nader et al., (2001), avaliando a ação estimulatória de vários agentes

antitrombóticos sobre a síntese de heparam sulfato antitrombótico pelas células

endoteliais em cultura, mostraram que a heparina quando é N-dessulfatada

perde completamente sua ação estimulatória sobre a síntese de heparam

sulfato. Este dado sugere que o sulfato possa ter importância na atividade

estimulatória da síntese de heparam sulfato pelas células endoteliais, o que

poderia explicar a forte atividade estimulatória provocada pela F1,0 (4,6 vezes),

a qual apresenta alto conteúdo de sulfato (44,59 ± 0,015%).

Inibição da proliferação celular foi observada através do ensaio de MTT

quando as células endoteliais da aorta de coelho foram incubadas com a F1,0,

demonstrando que a fração estudada neste trabalho promoveu alteração no

Page 81: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....101

metabolismo das enzimas mitocondriais que são responsáveis pela conversão

do reagente MTT a formazan, que é o composto detectado no ensaio em

questão.

A anexina V se associa a fosfatidilserina, um marcador de células

apoptóticas, mas que também marca células necróticas. O iodeto de propídio

(PI) pode ser internalizado por células que apresentam a integridade da

membrana comprometida, ou seja, em células necróticas ou em apoptose

tardia (FERGUSON et al., 2004). Pela análise de citometria de fluxo, as células

RAEC tratadas com a F1,0 de Hypnea musciformis apresentaram marcação

para anexina V e iodeto de propídio (PI) semelhante a marcação das células do

grupo controle não tratadas. Portanto, pela citometria de fluxo a F1,0 não

causou alteração significativa no percentual de células viáveis e não viáveis

determinado por este teste.

De acordo com os resultados obtidos no nosso estudo, a F1,0 de H.

musciformis promoveu alteração do metabolismo das enzimas mitocondriais

sem causar morte das células, seja por apoptose ou necrose, por essa razão a

F1,0 poderia está causando um desvio do metabolismo mitocondrial e

direcionando o metabolismo das células endoteliais da aorta de coelho para a

síntese do heparam sulfato antitrombótico. Estas células quando incubadas

com a F1,0, exibiram um aumento na síntese do heparam sulfato

antitrombótico.

Em relação à influência da F1,0 na progressão do ciclo celular, podemos

observar uma diminuição na proporção de células endoteliais da aorta de

coelho nas fases G1 e G2, sendo visualizado um aumento no percentual de

células que se encontravam na fase S do ciclo celular, quando estas células

foram tratadas com a F1,0, sugerindo a ocorrência de impedimento da

progressão do ciclo da fase S para a fase G2, assim como foi demonstrado por

Lazzè et al., (2004). Estes autores estudando a influência de uma antocianina

aglicona, a delfinidina (DP) em células NHF (fibroblastos embrionários

humanos normais), mostraram que este composto promoveu o acúmulo de

células na fase S do ciclo celular, sugerindo um bloqueio na transição da fase S

para G2. Conclui-se que, a fração estudada promoveu inibição da proliferação

celular como visto no ensaio de MTT, apresentando ação citostática por causar

Page 82: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Discussão....102

uma parada no ciclo celular, já que foi visualizado um acúmulo de células na

fase S. O que nos leva a sugerir que a F1,0 tenha como possíveis alvos de

ação as quinases dependentes de ciclina, ciclinas ou inibidores de quinases

dependentes de ciclina relacionadas com a fase S do ciclo celular, como a

ciclina A e CDK2 (quinase dependente de ciclina 2) (VERMEULEN, VAN

BOCKSTAELE, BERNEMAN, 2003).

Assim, a F1,0 rica em galactanas sulfatadas da macroalga marinha

vermelha Hypnea musciformis, composta principalmente de carboidratos e

sulfato, apresenta forte potencial contra a ocorrência de trombose, uma vez

que pode apresentar vigorosa ação antitrombótica pela alta estimulação da

síntese de heparam sulfato antitrombótico pelas células endoteliais da aorta de

coelho em cultura, assim como também pela sua ação inibitória sobre os ROS

em alguns sistemas in vitro, que como já discutido, os ROS estão envolvidos

na promoção do estado de hipercoagulabilidade. A F1,0 também não exibiu

ação citotóxica sobre as células endoteliais da aorta de coelho, apresentando

ação citostática sobre esta linhagem, uma vez que causou impedimento da

progressão do ciclo celular. Além disso, a F1,0 pode ser uma alternativa na

indústria alimentícia para a prevenção do decaimento da qualidade dos

alimentos contendo lipídio devido a peroxidação lipídica, pois a fração em

estudo exibiu forte ação inibitória da peroxidação lipídica pelo método utilizado.

Page 83: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Conclusões 103

6. CONCLUSÕES

A F1,0 rica em galactanas sulfatadas obtida da alga vermelha Hypnea

musciformis foi a fração com melhor rendimento proveniente do fracionamento

com acetona.

A fração possui alta concentração de açúcares totais e sulfato, com

baixo teor de compostos fenólicos e baixa contaminação protéica. Sendo

composta pelo monossacarídeo galactose, tratando-se da presença de

galactanas sulfatadas na fração estudada de H. musciformis.

F1,0 mostrou sinais referentes a ligações S=O de ésteres de sulfato,

presença de ligação C-O de 3,6-anidrogalactose, β-D-galactose não sulfatada e

ligação C-O-SO4 no C4 da galactose.

A F1,0 exibiu ação antioxidante significativa sobre o ensaio da

peroxidação lipídica e no modelo de hemólise induzida por H2O2.

F1,0 apresentou baixa atividade anticoagulante nas concentrações

testadas, atuando sobre a via intrínseca e comum, não apresentando atividade

anticoagulante sobre a via extrínseca da coagulação.

A fração estudada promoveu moderada inibição direta sobre a atividade

enzimática da trombina e baixa estimulação da atividade enzimática do FXa.

A F1,0 exibiu ação estimulatória significativa na síntese de heparam

sulfato antitrombótico (4,6 vezes) pelas células endoteliais em cultura quando

comparadas com o controle.

F1,0 apresentou ação citostática uma vez que inibiu a proliferação de

células da aorta de coelho pelo ensaio de MTT, o que pode ter sido ocasionado

pela parada do ciclo celular (não progressão da fase S para fase G2)

promovida pela fração estudada. No entanto, a F1,0 não causou morte celular

por apoptose ou necrose, ou seja, não mostrou ação citotóxica, quando

avaliada por citometria de fluxo.

Page 84: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 104

REFERÊNCIAS

ALGAEBASE:http://www.algaebase.org/search/images/view/?img_id=34225/ Visitado em 09 nov 2009. AMBROSIO, G., TRITTO, I., GOLINO, P. Reactive oxygen metabolites and arterial thrombosis Cardiovascular Research 34, 445–452, 1997. ARMISEN, R. World-wide use and importance of Gracilaria. Journal of Applied Phycology, v. 7, p. 231 -243, 1995. ANGGADIREDJA, J. T. Ethnobotany study: seaweed and its utilization in Warambadi, Panguhalodo areas of east Sumba District. Prosiding Seminar Riptek Kelautan Nasional TPSA-BPPT, IKN 78 – IKN 89. ANITUA, E., ANDIA, I., ARDANZA, B., NURDEN, P., NURDEN A.T. Autologous platelets as a source of proteins for healing and tissue regeneration. Thromb Haemost, v. 91, p. 4 – 15, 2004. ANSELL J. Factor Xa or thrombin: Is factor xa a better target? J Thromb Haemost, v. 5(S1), p. 60-64, 2007. ARUOMA, O. I. Free radicals, oxidative stress, and antioxidants in human health and disease. Journal of the American Oil Chemists Society, v. 75, p. 199–212, 1998. AZIZA, M., GIVERNAUD, T., CHIKHAOUI-KHAY, M., BENNASSER, L. Seasonal variation of the growth, chemical composition and carrageenan extracted from Hypnea musciformis (Wulfen) Lamouroux harvested along the Atlantic coast of Morocco. Scientific Research and Essay, v. 2 (10), p. 509-514, 2008. BAILEY, A. L., SCANTLEBURY, D. C., SMYTH, S. S. Thrombosis and Antithrombotic Therapy in Women. Arterioscler Thromb Vasc Biol, v.29, p. 284-288, 2009. BAJZAR L. Thrombin activatable fibrinolysis inhibitor and an antifibrinolytic

pathway. Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 20, p. 2511-2518, 2000.

Page 85: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 105

BARAHONA, T., CHANDÍA, N. P., ENCINAS, M. V., MATSUHIRO, B., ZÚÑIGA, E. A. Antioxidant capacity of sulfated polysaccharides from seaweeds. A kinetic approach. Food Hydrocolloids, v. 25, p. 529-535, 2011. BARROWCLIFFE, T.W., GUTTERIDGE, J.M.C., DORMANN, T.L. The effects of fatty acid autoxidation products on blood coagulation. Thromb Diath Haemorrh, v. 23, p. 271–277, 1975. BELOKONEVA, O. S., VILLEGAS, E., CORZO, G., DAI, L., NAKAJIMA, T. The hemolytic activity of six arachnid cationic peptides is affected by the phosphatidylcholine-to-sphingomyelin ratio in lipid bilayers. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1617, p. 22– 30, 2003. BELTON, P.S., MORRIS, V.J., TANNER, S.F. Interaction of group I cations with iota, kappa and lambda carrageenans studied by multinuclear n.m.r. Int J Biol Macromol, v. 7, p.53 - 56, 1985. BISHOPMUSEUM:http://www2.bishopmuseum.org/dargis/esri/images/Hypnea%20musciformis.jpg Visitado em 06 nov. 2009. BIXLER, H. J., PORSE, H. A decade of change in the seaweed hydrocolloids industry. Journal of Applied Phycology, 2010. DOI 10.1007/s10811-010-9529-3. BIXLER, H.J. The carrageenan connection IV. Brit. Food. J, v. 96, p. 12– 17, 1994. BRADFORD, M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v. 72, p. 248-254, 1976. CAI, H., GRIENDLING, K.K., HARRISON, D.G. The vascular NAD(P)H oxidases as therapeutic targets in cardiovascular diseases. Trends Pharmacol Sci, v. 24, p. 471–478, 2003. CAMPO, V.L., KAWANO, D.F., JR. D.B.S., CARVALHO, I. Carrageenans: Biological properties, chemical modifications and structural analysis – A review. Carbohydrate Polymers, v. 77, p. 167–180, 2009.

Page 86: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 106

CARLUCCI, M.J., PUJOL, C.A., CIANCIA, M., NOSEDA, M.D., MATULEWICZ. M.C., DAMONTE, E.B., CEREZO, A.S. Antiherpetic and anticoagulant properties of carrageenans from the red seaweed Gigartina skottsbergii and their cyclized derivatives: correlation between structure and biological activity. International Journal of Biological Macromolecules, v. 20, p. 97-105, 1997. CHAVES-MOREIRA, D., CHAIM, O.M., SADE, Y.B., PALUDO, K.S., GREMSKI, L.H., DONATTI, L., MOURA, J., MANGILI, O.C., GREMSKI, W., SILVEIRA, R.B., SENFF-RIBEIRO, A., VEIGA, S.S. Identification of a Direct Hemolytic Effect Dependent on the Catalytic Activity Induced by Phospholipase-D (Dermonecrotic Toxin) From Brown Spider Venom. Journal of Cellular Biochemistry, v. 107, p. 655–666, 2009. CHAIYASIT, W., ELIAS, R. J., MCCLEMENTS, D. J., DECKER, E. A. Role of physical structures in bulk oils on lipid oxidation. Crit. Rev. Food Sci. Nutr, v. 47, p. 299–317, 2007. CINES, D. B., POLLACK, E. S., BUCK, C. A., LOSCALZO, J., ZIMMERMAN, G.A., MCEVER, R.P., POBER, J.S., WICK, T.M., KONKLE, B.A., SCHWARTZ, B.S., BARNATHAN, E.S., MCCRAE, K.R., HUG, B.A., SCHMIDT, A-M., STERN, D.M. Endothelial cells in physiology and in the pathophysiology of vascular disorders. Blood, v. 91, p. 3527-3561, 1998. COLBURN, P., BUONASSISI, V. Anticlotting activity of endothelial cell cultures and heparan sulfate proteoglycans. Biochemical and Biophysical Research Comunications, v. 104, p. 220-227, 1982. COLLEN D. The plasminogen (fibrinolytic) system. Thromb Haemost, v. 82, p.

259-270, 1999.

COLMAN, R. W., CLOWES, A.W., GEORGE, J.N., HIRSH, J., MARDER, V.J. Overview of hemostasis. In: COLMAN RW; HIRSH J; MARDER VJ; CLOWES AW & GEORGE JN, eds. Hemostasis and thrombosis. Basic principles and clinical practice, 4th ed, Lippincott; Williams & Wilkins, Philadelphia, p. 3-16, 2001b. COLMAN, R. W., HIRSH, J., MARDER, V. J., CLOWES, A. W. Overview of coagulation, fibrinolysis, and their regulation. In: COLMAN RW; HIRSH J; MARDER VJ; CLOWES AW & GEORGE JN, eds. Hemostasis and thrombosis. Basic principles and clinical practice, 4th ed, Lippincott; Williams & Wilkins, Philadelphia, p. 17-20, 2001a.

Page 87: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 107

COSTA, L. S., FIDELIS, G. P., CORDEIRO, S. L., OLIVEIRA, R. M., SABRY, D. A., CÂMARA, R. B. G., NOBRE, L. T. D. B., COSTA, M. S. S. P., ALMEIDA-LIMA, J., FARIAS, E. H. C., LEITE, E. L., ROCHA, H. A. O. Biological activities of sulfated polysaccharides from tropical seaweeds. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 64, p. 21–28, 2010. COUPLAND, J. N., MCCLEMENTS, D. J. Lipid oxidation in food emulsions. Trends Food Sci. Technol, v. 7, p. 83–91, 1996. CRAIGIE, J.S. Cell Walls. Cap. 10. Biology of the Red Algae. Cambridge University Press, p. 221 – 257, 1990. CRAIGIE, J.S., LEIGH, C. Carrageenans and agars. In: Hellebust JA, Craigie JS (eds) Handbook of Phycological Methods. Physiological and Biochemical Methods. Cambridge Univ. Press, London, pp 110-131, 1978. DAHLBACK, B. Blood coagulation and its regulation by anticoagulant pathways: Genetic pathogenesis of bleeding and thrombotic diseases. J. Intern. Med, v. 257, p. 209–223, 2005.

DAHLBACK, B., VILLOUTREIX, B. O. The anticoagulant protein C pathway. . FEBS Lett, v. 579, n. 15, Jun 13, p. 3310-6, 2005. DAHMANE, S., LASIA, A., ZHAO, Y. Electrochemically Active Block Copolymer Micelles Containing Coumarin Moieties. Macromol. Chem. Phys., v. 209, p. 1065–1072, 2008. DAVIE, E. W., RATNOFF, O. D. Waterfall sequence for intrinsic blood clotting. Science, v. 145, p. 1310-1312, 1964. DE RUITER, G. A., RUDOLPH, B. Carrageenan biotechnology. Trends in Food Science & Technology, v. 8, p. 389–395, 1997. DEL PRINCIPE, D., MENICHELLI, A., DE MATTEIS, W., DI GIULIO, S., GIORDANI, M., SAVINI, I., FINAZZI-AGRO‟, A. Hydrogen peroxide is an intermediate in the platelet activation cascade triggered by collagen, but not by thrombin. Thromb Res, v. 62, p. 365–375, 1991.

Page 88: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 108

DIETRICH, C. P., DIETRICH, S. M. Electrophoretic behaviour of acidic mucopolysaccharides in diamine buffers. Analytical Biochemistry, v. 70, p. 645-647,1976. DIETRICH, C. P., FARIAS, G. G. M., ABREU, L. R. D., SILVA, L. F., LEITE, E. L., NADER, H. B. A new approach for characterization of polysaccharides from algae: Presence of four main acidic polysaccharides in three species of the class Phaeophyceae. Plant Science, v. 108, p. 143-153, 1995. DODGSON, K. S., PRICE, R. G. A note on the determination of ester sulphate content of sulphated polysaccharides. Biochemical Journal, v. 84, p. 06-110, 1962. DREYFUSS, J.L., REGATIERI, C.V., JARROUGE, T.R.,. CAVALHEIRO, R.P., SAMPAIO, L.O., NADER, H.B. Heparan sulfate proteoglycans: structure, protein interactions and cell signaling. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.81, n.3, p. 409-429, 2009. DROGE, W. Free radicals in the physiological control of cell function. Physiol Rev, v. 82, p. 47–95, 2002. DUBOIS, M., GILLES, K. A., HAMILTON, J. K., REBERS, P. A., SMITH, F. Colorimetric method for determination of sugars and related substances. Analytical Chemistry, v. 28(3), p. 350-356, 1956. EXTRACÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DAS CARRAGENANAS, LeonelPereira.http://www.cienciaviva.pt/rede/oceanos/1desafio/Artigosintesesobrecarragenanas.pdf Visitado em 10 maio 2011. FALSHAW, R., FURNEAUX, R. H., WONG, H., LIAO, M. L., BACIC, A., CHANDRKRACHANG, S. Structural analysis of carrageenans from Burmese and Thai samples of Catenella nipae Zanardini. Carbohydrate Research, v. 285, p. 8I-98, 1996. FAREED, J. W., HOPPENSTEADT, D., BICK, R. L. An update of heparins at the beginning of the new millennium. Sem Thromb Haemost, v. 26, p. 5–21, 2000. FARIAS, Eduardo Henrique Cunha de. Homogalactanas sulfatadas da macroalga verde Codium isthmocladum: Aspectos estruturais e

Page 89: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 109

farmacológicos. Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, São Paulo, 2011. FARIAS, W.R.L., VALENTEI, A.P., PEREIRA, M.S., MOURÃO, P.A.S. Structure and Anticoagulant Activity of Sulfated Galactans. The Journal of Biological Chemistry, v. 275, n. 38 (22), p. 29299–29307, 2000. FERNANDES, J.C., EATON, P., NASCIMENTO, H., GIÃO, M.S., RAMOS, O.S., BELO, L., SANTOS-SILVA, A., PINTADO, M.E., MALCATA, F.X. Antioxidant activity of chitooligosaccharides upon two biological systems: Erythrocytes and bacteriophages. Carbohydrate Polymers, v. 79, p. 1101–1106, 2010. FERGUSON, P.J., KUROWSKA, E., FREEMAN, D.J., CHAMBERS, A.F., KOROPATNICK, D.J. A Flavonoid Fraction from Cranberry Extract Inhibits Proliferation of Human Tumor Cell Lines. The Journal of Nutrition, v. 134, p. 1529–1535, 2004. FERREIRA, A. L. A., MATSUBARA, L. S. Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 43(1), p. 61-68, 1997. FINAZZI-AGRO‟, A., MENICHELLI, A., PERSIANI, M., BIANCINI, G., DEL PRINCIPE, D. Hydrogen peroxide release from human blood platelets. Biochim Biophys Acta, v. 718, p. 21–25, 1992. FORMANEK, Z., KERRY, J. P., HIGGINS, F. M., BUCKLEY, D. J., MORRISSEY, P. A., FARKAS, J. Addition of synthetic and natural antioxidants to -tocopheryl acetate supplemented beef patties: effects of antioxidants and packaging on lipid oxidation. Meat Science, v. 58(4), p. 337–341, 2001. FRANCO, R.F. Fisiologia da coagulação, anticoagulação e fibrinólise. OVERVIEW OF COAGULATION, ANTICOAGULATION AND FIBRINOLYSIS. Simpósio: HEMOSTASIA E TROMBOSE, Medicina, Ribeirão Preto, v. 34, p. 229-237, jul./dez. 2001. FRANKEL, E. N. Interfacial lipid oxidation and antioxidation. J. Oleo Sci., v. 50, p. 387–391, 2001.

Page 90: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 110

FRANKEL, E., HUANG, S. W., KANNER, J., GERMAN, J. B. Interfacial phenomena in the evaluation of antioxidants: Bulk oils vs emulsions. J. Agric. Food Chem, v. 42, p. 1054–1059, 1994. FRITSCH, F.E. The structure and reproduction of the algae. Cambridge University Press, Cambridge, 1965. GASPAR, A.R.M.D., CRAUSE, J.C., NEITZ, A.W.H. Identification of anticoagulant activities in the salivary glands of the soft tick, Ornithodorus sa_ignyi. Exp. Appl. Acarol, v. 19, p. 117-126, 1995. GERALDINO, P. J. L., YANG, E. C., KIM, M. S., BOO, S. M. Systematics of Hypnea asiatica sp. nov. (Hypneaceae, Rhodophyta) based on morphology and nrDNA SSU, plastid rbcL, and mitochondrial cox1. Taxon, v. 58, p. 606–616, 2009. GERALDINO,P.J.L., RIOSMENA-RODRIGUEZ, R., LIAO, L.M., BOO, S.M. Phylogenetic relationships within the genus Hypnea (Gigartinales, Rhodophyta), with a description of H. Caespitosa sp. nov. Journal of Applied Phycolology, v. 46, p. 336–345, 2010. GIESEN, P.L.A., RAUCH, U., BOHRMANN, B., KLING, D., ROQUE, M., FALLON, J.T., BADIMON, J.J., HIMBER, J., RIEDERER, M.A., NEMERSON, Y. Blood-borne tissue factor: another view of thrombosis. Proc. Natl Acad. Sci. USA, v. 96, p. 2311–2315, 1999. GLASER, C.B., MORSER, J., CLARKE, J.H., BLASKO, E., MCLEAN, K., KUHN, I., CHANG, R.J., LIN, J.H., VILANDER, L., ANDREWS, W.H., LIGHT, D.R. Oxidation of a specific methionine in thrombomodulin by activated neutrophil products blocks cofactor activity. A potential rapid mechanism for modulation of coagulation. J Clin Invest, v. 90, p. 2565–2573, 1992. GOLINO, P., AMBROSIO, G., RAGNI, M., CIRILLO, P., SCOGNAMIGLIO, A., CONDORELLI, M., CHIARIELLO, M. Oxygen radicals induce a procoagulant state in cultured coronary endothelial cells by inducing tissue factor synthesis and by inhibiting tissue-factor pathway inhibitor. Circulation, v. 92, p. I354, 1995. GOLINO, P., RAGNI, M., CIRILLO, P., AVVEDIMENTO, V.E., FELICIELLO, A., ESPOSITO, N., SCOGNAMIGLIO, A., TRIMARCO, B., IACCARINO, G., CONDORELLI, M., CHIARIELLO, M., AMBROSIO, G. Effects of tissue factor

Page 91: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 111

induced by oxygen free radicals on coronary flow during reperfusion. Nature Med, v. 2, p. 35–40, 1996. GÓMEZ-ORDÓÑEZ, E., RUPÉREZ, P. FTIR-ATR spectroscopy as a tool for polysaccharide identification in edible brown and red seaweeds. Food Hydrocolloids, v. 25, p. 1514 -1520, 2011. GÖRLACH, A. Redox control of blood coagulation. Antioxid Redox Signal, v. 6, p. 687 – 690, 2004. GÖRLACH, A. Redox Regulation of the Coagulation cascade. Antioxidants & Redox signaling, v. 7 (9, 10), p.1398 – 1404. 2005. GÖRLACH, A., BRANDES, R.P., BASSUS, S., KRONEMANN, N., KIRCHMAIER, C.M., BUSSE, R., SCHINI-KERTH, V.B. Oxidative stress and expression of p22phox are involved in the up regulation o tissue factor in vascular smooth muscle cells in response to activated platelets. FASEB J, v. 14, p. 1518 – 1528, 2000. GÖRLACH, A., KIETZMANN, T., HESS, J. Redox signaling through NADPH oxidases: involvement in vascular proliferation and coagulation. Ann NY Acad Sci, v. 973, p. 505 – 507, 2002. GRASDALEN, H., SMIDSROD, O. Cesium-133 NMR in the sol-gel states of aqueous carrageenan. Selective site binding of cesium and potassium ions in kappa.-carrageenan gels. Macromolecules, v. 14, p. 229 - 231, 1981. GRAY, E., BARROWCLIFFE, T.W. Inhibition of antithrombin III by lipid peroxides. Thromb Res, v. 37, p. 241–250, 1985. HALLGREN, J., SPILLMANN, D., PEJLER, G. Structural requirements and mechanism of heparin-induced activation of a recombinant mouse mast cell tryptase, mouse mast cell protease- 6: formation of active tryptase monomers in the presence of low molecular weight heparin. Journal of Biological Chemistry, v. 276, p. 42774–42781, 2001. HEO, S. J., PARK, E. J., LEE, K. W., JEON, Y. J. Antioxidant activities of enzymatic extracts from brown seaweeds. Bioresource Technology, v. 96, p. 1613-1623, 2005.

Page 92: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 112

HERKERT, O., DJORDJEVIC, T., BEL AIBA, R.S., GÖRLACH, A. Insights into the redox control of blood coagulation: role of vascular NADPH oxidase-derived reactive oxygen species in the thrombogenic cycle. Antioxid Redox Signal, v. 6, p. 765 – 776, 2004. HOFFBRAND, V. A., CATOVSKY, D., TUDDENHAM, E. (Eds.). Postgraduate haematology (5th ed.). Malden, MA: Blackwell, 2005. HOFFMAN, M. Remodeling the blood coagulation cascade. J. Thromb. Thrombolys, v. 16, p. 17–20, 2003. HU, T., LIU, D., CHEN, Y., WU, J., WANG, S. Antioxidant activity of sulfated polysaccharide fractions extracted from Undaria pinnitafida in vitro. International Journal of Biological Macromolecules, v. 46, p. 193–198, 2010. HWANG, P-A., WU, C-H., GAU, S-Y.,CHIEN, S-Y.,HWANG, D-F. Antioxidant and immune-stimulating activities of hot-water extract from seaweed Sargassum hemiphyllum. Journal of Marine Science and Technology, v. 18, n. 1, p. 41-46, 2010. JENNY, N. S., MANN, K. G. Coagulation cascade: an overview. In: LOSCALZO J & SCHAFER AI, eds. Thrombosis and hemorrhage, 2nd ed, Williams & Wilkins, Baltimore, p. 3-27, 1998. JR. J. P. R., AOUIZERAT, B. E., MIASKOWSKI, C., LILLICRAP, D. P. Theories of Blood Coagulation. Journal of Pediatric Oncology Nursing, v. 24, n. 3, p. 123-131, (May-June), 2007. KELSO, G.F., PORTEOUS, C.M., HUGHES, G., LEDGERWOOD, E. C., GANE, A.M., SMITH, R.A.J., MURPHY, M.P. Prevention of mitochondrial oxidative damage using targeted antioxidants. Ann N Y Acad Sci, v. 959, p. 263–274, 2002. KIM, G-Y., LEE, J-Y., LEE, J.O., RYU, C.H., CHOI, B.T., JEONG, Y-K., LEE, K-W., JEONG, S-C., CHOI, Y.H. Partial Characterization and Immunostimulatory Effect of a Novel Polysaccharide--Protein Complex Extracted from Phellinus linteus. Biosci. Biotechnol. Biochem., 70(5), 1218-1226, 2006.

Page 93: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 113

KNUTSEN, S. H., MYSLABODSKI, D. E., LARSEN, B., USOV, A. I. A modified system of nomenclature for red algal galactans. Botanica Marina, v. 37, p. 163-169, 1994. KONG, J., YU, S. Fourier Transform Infrared Spectroscopic Analysis of Protein Secondary Structures. Acta Biochimica et Biophysica Sinica, v. 39(8), p. 549–559, 2007. KOVATCHEVA, E. G., KOLEVA, I. I., ILIEVA, M., PAVLOV, A., MINCHEVA, M., KONUSHLIEVA, M. Antioxidant activity of extracts from Lavandula vera MM cell culture. Food Chemistry, v. 7, p. 1069-1077, 2001. KROTZ, F., SOHN, H.Y., GLOE, T., ZAHLER, S., RIEXINGER, T., SCHIELE, T.M., BECKER, B.F., THEISEN, K., KLAUSS, V., POHL, U. NAD(P)H oxidase-dependent platelet superoxide anion release increases platelet recruitment. Blood, v. 100, p. 917– 924, 2002. KYLIN, H. U¨ ber die Entwicklungsgeschichte der Florideen. Acta Univ. Lund, v. 26, p. 1–104, 1930. LAHAYE, M. Developments on gelling algal galactans, their structure and physico-chemistry. Journal of Applied Phycology, v. 13, p. 173–184, 2001. LAMOUROUX, J. V. F. Essai sur les genres de la famille dês thalassiophytes non articule´es. Ann. Mus. Hist. Nat. Paris 20:21–47, 115–39, 267–93, 1813. LASSEGUE, B., CLEMPUS, R.E. Vascular NAD(P)H oxidases: specific features, expression, and regulation. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol, v. 285, p. R277–R297, 2003. LAWRENCE, D.A., LOSKUTOFF, D.J. Inactivation of plasminogen activator inhibitor by oxidants. Biochemistry, v. 25, p. 6351–6355, 1986. LAZZÈ, M.C., SAVIO, M., PIZZALA, R., CAZZALINI, O., PERUCCA, P., SCOVASSI, A.I., STIVALA, L.A., BIANCHI, L. Anthocyanins induce cell cycle perturbations and apoptosis in different human cell lines. Carcinogenesis, v.25, n.8, p.1427-1433, 2004.

Page 94: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 114

LEITE, E.L., MEDEIROS, M.G.L., ROCHA, H.A.O., FARIAS, G.G.M., SILVA, L.F., CHAVANTE, S.F., ABREU, LD., DIETRICH, C.P., NADER, H.B. Structure and pharmacological activities of a sulfated xylofucoglucuronan from the alga Spatoglossum schro¨ederi. Plant Science, v.132, p. 215–228, 1998. LIBBY, P. Inflammation in atherosclerosis. Nature, v. 420, p. 868-874, 2002. LINDAHL, U., BACKSTRÖM, G., THUMBERG, L. The antithrombin-binding sequence in heparin. Identification of an essential 6-O-sulfate group. J. Biol. Chem. v. 258, p. 9826–9830, 1983.

LINS, K. O. A. L., BEZERRA, D. P., ALVES, A. P. N. N., ALENCAR, N. M. N., LIMA, M. W., TORRES, V. M., FARIAS, W. R. L., PESSOA, C., MORAES, M. O., COSTA-LOTUFO, L. V. Antitumor properties of a sulfated polysaccharide from the red seaweed Champia feldmannii (Diaz-Pifferer). Journal of Applied Toxicology, v. 29, p. 20–26, 2009. LIU, F., LIU, J., GU, J., ZHANG, L., SHEN, W.,GUO, T.,LIU, C.,HE, P. Ex vivo anti-oxidation activity of polysaccharides from red alga Porphyra yezoensis. Research Journal of Pharmacology, n.1 (3), p. 61 -66, 2007. LUCHTMAN-JONES, L., BROZE, J. The current status of coagulation. Annals of Medicine, v. 27(1), p. 47-52, 1995. MACFARLANE, R. G. An enzyme cascade in bood clotting mechanism, and its function as a biochemical amplifier. Nature, v. 202, p. 498-499, 1964. MACKMAN, N., TILLEY, R. E., KEY, N. S. Role of the extrinsic pathway of blood coagulation in hemostasis and thrombosis. Arterioscler. Thromb. Vasc. Biol, v. 27, p. 1687-1693, 2007. MARTINI, W. Z., CORTEZ, D.S., DUBICK, M. A., PARK, M.S., HOLCOMB, J.B. Thrombelastography is better than PT, aPTT, and activated clotting time in detecting clinically relevant clotting abnormalities after hyporthermia, hemorrhagic shock and resuscitation in pigs. Journal of Trauma-Injury Infection & Critical Care, v.65, n. 3, p.535 – 543, 2008. MATSUHIRO, B. Vibrational spectroscopy of seaweed galactans. Hydrobiologia, v. 326-327, p. 481-489, 1996.

Page 95: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 115

MATSUKAWA, R., DUBINSKY, Z., KISHIMOTO, E., MASAK, K., MASUDA, Y., TAKEUCHI, T., CHIHARA, M., YAMAMOTO, Y., NIKI, E., KARUBE, I. A comparison of screening methods for antioxidant activity in seaweeds. Journal of Applied Phycology, v. 9, p. 29-35, 1997. MC HUGH, D. J. A guide to the seaweed industry. Food & Agriculture Organisation of the United Nations (FAO) Fisheries Technical Paper, (441 ed.). FAO, Rome, 2003. MELO, F. R., PEREIRA, M. S., FOGUEL, D., MOURÃO, P. A. S. Antithrombotic – mediated anticoagulant activity of sulfated polysaccharides. J Biol Chem, v. 279(20), p. 20824-20835, 2004. MICHIELS, C. Endothelial cell functions. J Cell Physiol, v. 196, p. 430 – 443, 2003. MORRISSEY, J. H. Tissue factor: An enzyme cofactor and a true receptor. Thromb. Haemost, v. 86, p. 66–74, 2001. MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to proliferation and cytotoxicity assays. Journal of Immunological Methods, v. 65, p. 55–63, 1983. MOURÃO, P. A. S. Use of sulfated fucans as anticoagulant and antithrombotic agents: future perspectives. Curr Pharm Des, v. 10, p. 967–981, 2004. MSHIGENI, K. E. The biology and ecology of benthic marine algae with special reference to Hypnea (Rhodophyta, Gigartinales). A review of the literature. Bibl. Phycol. v. 37, p. 1–168, 1978. MSHIGENI, K. E., CHAPMAN, D. J. Hypnea (Gigartinales, Rhodophyta). In Akatsuka, I. [Ed.] Biology of Economic Algae. SPB Academic Publishing, The Hague, the Netherlands, p. 245–281, 1994. MURAVCHICK, S., LEVY, R.J. Clinical implications of mitochondrial dysfunction. Anesthesiology, v. 105, p. 819–837, 2006. NADER, H. B., BUONASSISI, V., COLBURN, P., DIETRICH, C. P. Heparin stimulates the synthesis and modifies the sulfation pattern of heparan sulfate

Page 96: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 116

proteoglycan from endothelial cells. Journal of Cellular Physiology, v. 140, p. 305 -310, 1989. NADER, H.B., PINHAL, M.A.S., BAÚ, E.C., CASTRO, R.A.B., MEDEIROS, G.F., CHAVANTE, S.F., LEITE, E.L., TRINDADE, E.S., SHINJO, S.K., ROCHA, H.A.O., TERSARIOL, I.L.S., MENDES, A., DIETRICH, C.P. Development of new heparin-like compounds and other antithrombotic drugs and their interaction with vascular endothelial cells. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v.34, p. 699-709, 2001. NADER, H. B., TOMA, L., PINHAL, M. A. S., BUONASSISI, V., COLBURN, P., DIETRICH, C.P. Effect of heparin and dextran sulfate on the synthesis and structure of heparan sulfate from cultured endothelial cell. Semin Thromb Hemost, v. 17, p. 47-56, 1991. NATHAN, D. G., ORKIN, S. H., GINSBURG, D., LOOK, T. A. Nathan and Oski’s hematology of infancy and childhood (6th ed.). Philadelphia: Saunders, 2003. NEWTON, D. J., SCOTT, J. E., WHITEMAN, P. The estimation of acid glycosaminoglycan-alcian blue complexes eluted from electrophoretic strips. Anal Biochem, v. 62, p. 268-273, 1974. OHKURA, N., HIRAISHI, S., ITABE, H., HAMURO, T., KAMIKUBO, Y., TAKANO, T., MATSUDA, J., HORIE, S. Oxidized phospholipids in oxidized low-density lipoprotein reduce the activity of tissue factor pathway inhibitor through association with its carboxy-terminal region. Antioxid Redox Signal, v. 6, p. 705 – 712, 2004. OLIVEIRA, E. C. The seaweeds resources of Brazil. In: Critchley AT & Ohno M (eds) Seaweeds resources of the world. Japan International Cooperation Agency, Japan, p. 366-371, 1998. O´SULLIVAN, L., MURPHY, B., MCLOUGHLIN, P., DUGGAN, P., LAWLOR, P. G., HUGHES, H., GARDINER, G. E. Prebiotics from Marine Macroalgae for Human and Animal Health Applications. Marine Drugs, v. 8, p. 2038 – 2064, 2010. OSTERUD, B. Tissue factor expression by monocytes: regulation and pathophysiological roles. Blood Coag. Fibrin, v. 9(Suppl. 1), p. S9–S14, 1998.

Page 97: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 117

PÁDUA, M.; FONTOURA, P. S. G.; MATHIAS, A. L. Chemical composition of Ulvaria oxysperma (Kützing) Bliding, Ulva lactuca (Linnaeus) and Ulva fasciata (Delile). Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 47, n. 1, p. 49-55, 2004. PAPENFUSS, G. F. Notes on algal nomenclature. IV. Various genera and species of Chlorophyceae, Phaeophyceae and Rhodophyceae. Taxon, v. 7, p. 104–9, 1958. PERCIVAL, E., MCDOWELL, R. H. Chemistry and enzymology of marine algal polysaccharides. New York:Academic Press 219 p., 1967. PEREIRA, L., AMADO, A. M., CRITCHLEY, A. T., VAN DE VELDE, F., RIBEIRO-CLARO, P. J. A. Identification of selected seaweed polysaccharides (phycocolloids) by vibrational spectroscopy (FTIR-ATR and FT-Raman). Food Hydrocolloids, v. 23(7),p. 1903-1909, 2009. PEREIRA, M. G., BENEVIDES, N. M., MELO, M. R., VALENTE, A. P., MELO, F. R., MOURÃO, P. A. S. Structure and anticoagulant activity of a sulfated galactan from the red alga, Gellidum crinale. Is there a specific structural requirement for the anticoagulant action? Carbohydr Res, v. 340(12), p. 2015-2023, 2005. PEREIRA, M.S., MULLOY, B., MOURÃO, P.A.S. Structure and Anticoagulant Activity of Sulfated Fucans. The Journal of Biological Chemistry, v. 274, n. 12, Issue of March 19, p. 7656–7667, 1999. POMIM, V. H., MOURÃO, P. A. S. Structure, biology, evolution, and medical importance of sulfated fucans and galactans. Glycobiology, v. 18, p. 1016-1027, 2008. POMIN, V. H. Structural and functional insights into sulfated galactans: a systematic review. Glycoconj. J, v. 27, p. 1-12, 2010. POMIN, V. P. An overview about the structure-function relationship of marine sulfated homopolysaccharides with regular chemical structures. Biopolymers, v. 91, p. 601–609, 2009. PORTER, W. L. Paradoxical behavior of antioxidants in food and biological systems. In Antioxidants: Chemical, Physiological, Nutritional and

Page 98: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 118

Toxicological Aspects; Williams, G. M., Ed.; Princeton Scientific: Princeton, NJ, pp 93-122. 1993. PRIETO, P., PINEDA, M., AGUILAR, M. Spectrophotometric Quantitation of Antioxidant Capacity through the Formation of a Phosphomolybdenum Complex: Specific Application to the Determination of Vitamin E1. Analytical Biochemistry, v. 269, p. 337–341, 1999. QI, H., ZHANG, Q., ZHAO, T., CHEN, R., ZHANG, H., NIU, X., LI, Z. Antioxidant activity of different sulfate content derivatives of polysaccharide extracted from Ulva pertusa (Chlorophyta) in vitro. International Journal of Biological Macromolecules, v. 37, p. 195–199, 2005. RAO, M. U. The Economic Seaweeds of India. Bulletin of the Central Marine Fisheries Research Institute (Abbr: Bull. Cent. Mar. Fish. Res. Inst.). Marine Fisheries P.O. Mandapam Camp, Ramanathapuram District, India, n. 20, September, 1970. RIBIER, J., GODINEAU, J-C. Les Algues. La Maison Rustique, Flammarion, p. 15 – 26, 1984. ROCHA, H. A. O., MORAES, F. A., TRINDADE, E. S., FRANCO, C. R. C., TORQUATO, R. J. S., VEIGA, S. S., VALENTE, A. P., MOURÃO, P. A. S., LEITE, E. L., NADER, H. B., DIETRICH, C. P. Structural and hemostatic activities of a sulfated galactofucan from the brown alga Spatoglossum schroederi. An ideal antithrombotic agent? J Biol Chem, v. 280, p. 41278-41288, 2005. ROCHAS, C., RINAUDO, M. Activity coefficient of counterions and

conformation in-carrageenan system. Biopolymers, v. 19, p.1675- 1678, 1980. RODRIGUES, J. A. G., TORRES, V. M., ALENCAR, D. B., SAMPAIO, A. H., FARIAS, W. R. L. Extração e atividade anticoagulante dos polissacarídeos sulfatados da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia. Revista Ciência Agronômica, v. 40(2), p. 224-231, 2009. RUBERTO, G., BARATTA, M. T., BIONDI, D. M., AMICO, V. Antioxidant activity of extracts of the marine algal genus Cystoseira in a micellar model system. Journal of Applied Phycology, v. 13, p. 403-407, 2001.

Page 99: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 119

SAITO, R. M., OLIVEIRA, E. C. Chemical screening of Brazilian algae producing carrageenans. Hydrobiologia, v. 204/205, p. 585-588, 1990. SALTARELLI, R., CECCAROLI, P., LOTTI, M., ZAMBONELLI, A., BUFFALINI, M., CASADEI, L., VALLORANI, L., STOCCHI, V. Biochemical characterisation and antioxidant activity of mycelium of Ganoderma lucidum from Central Italy. Food Chemistry, v. 116, p. 143–151, 2009. SCHENONE, M., FURIE, B.C., FURIE, B. The blood coagulation cascade. Curr. Opin. Hematol, v. 11, p. 272–277, 2004. SILVA, F.R.F., DORE, C.M.P.G.,. MARQUES, C.T., NASCIMENTO, M.S., BENEVIDES, N.M.B., ROCHA, H.A.O., CHAVANTE, S.F., LEITE, E.L. Anticoagulant activity, paw edema and pleurisy induced carrageenan: Action of major types of commercial carrageenans. Carbohydrate Polymers, v. 79, p. 26–33, 2010. SILVA, M.E., DIETRICH, C.P. Structure of heparin. Characterization of the products formed from heparin by the action of a heparinase and a heparitinase from Flavobacterium heparinum. Journal of Biological Chemistry, v, 250, p: 6841-6846, 1975. SIMPSON, A.G.B., ROGER, A.J. The real „kingdoms‟ of Eukaryotes. Current Biology, v. 14, n. 17, p. R693-R696, 2004. SMIRNOFF, N., CUMBES, Q. J. Hydroxyl radical scavenging activity of compatible solutes. Phytochemistry, v. 28, p. 1057–1060, 1989. SOUZA, M. C. R., MARQUES, C. T., DORE, C. M. P. G., SILVA, F. R. F., ROCHA, H. A. O., LEITE, E. L. Antioxidant activities of sulfated polysaccharides from brown and red seaweeds. Journal of Applied Phycology, v. 19, p. 153–160, 2007. SROUR, M. A., BILTO, Y. Y., JUMA, M. Evaluation of different methods used to measure malonyldialdehyde in human erythrocytes. Clinical Hemorheology and Microcirculation, v. 23(1), p. 23–30, 2000. SUN, H. H., MAO, W. J., CHEN, Y., GUO, S. D., LI, H. Y., QI, X. H., CHEN, Y. L., XU, J. Isolation, chemical characteristics and antioxidant properties of the

Page 100: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 120

polysaccharides from marine fungus Penicillium sp. F23-2. Carbohydrate Polymers, v. 78, p. 117–124, 2009. SWAIN, T., HILLS, W. E. The phenolic constituents of Prunus domestica. I. The quantitative analysis of phenolic constituents. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 10(1), p. 63-68, 1959. TANNIN-SPITZ, T., BERGMAN, M., VAN-MOPPES, D., GROSSMAN, S., ARAD, S. M. Antioxidant activity of the polysaccharide of the red microalga Porphyridium sp. Journal of Applied Phycology, v. 17, p. 215–222, 2005. THUNBERG, L., BÄCKSTRÖM, G., LINDAHL, U. Further characterization of the antithrombin- binding sequence in heparin. Carbohydrate Research, v. 100, p. 393–410, 1982. TREVELYAN, W. E., PROCTER, D. P., HARRISON, J. S. Detection of sugars on paper chromatograms. Nature, v. 166, p. 444 – 445, 1950. UEDA, J.-I., SAITO, N., SHIMAZU, Y., OZAWA, T. A Comparison of Scavenging Abilities of Antioxidants against Hydroxyl Radicals. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 333, p, 377–384, 1996. UGARTONDO, V., MITJANS, M., TORRES, J. L., VINARDELL, M. P. Biobased Epicatechin Conjugates Protect Erythrocytes and Nontumoral Cell Lines from H2O2-Induced Oxidative Stress. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 57, p. 4459–4465, 2009. VAN DE VALDE, F., PEREIRA, L., ROLLEMA, H.S. The revised NMR chemical shift data of carrageenans. Carbohydrate Research, v. 339, p. 2309-2313, 2004. VAN DE VELDE, F., KNUTSEN, S. H., USOV, A. L., ROLLEMA, H. S., CEREZO, A. S. 1H and 13C high resolution NMR spectroscopy of carrageenans: Application in research and industry. Trends in Food Science & Technology, v. 13, p. 73–92, 2002. VAN HOOGMOED, C.G., BUSSCHER, H.J., DE VOS, P. Fourier transform infrared spectroscopy studies of alginate-PLL capsules with varying compositions. J. Biomed. Mater. Res.Part A, v. 67A, p. 172–178, 2003.

Page 101: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 121

VERMEULEN, K., VAN BOCKSTAEL, D.R., BERNEMAN, Z.N. The cell cycle: a review of regulation, deregulation and therapeutic targets in cancer. Cell Prolif, v. 36, p. 131–149, 2003. VIDOTTI, E. C., ROLLEMBERG, M. C. E. Algas: da economia nos ambientes aquáticos à biorremediação e à química analítica. Química Nova, v. 27, n. 1, p. 139-145, 2004. WANG, J., ZHANG, Q., ZHANG, Z., LI, Z. Antioxidant activity of sulfated polysaccharide fractions extracted from Laminaria japonica. International Journal of Biological Macromolecules, v. 42, p. 127–132, 2008. WANG, X., WANG, J., ZHANG, J., ZHAO, B., YAO, J., WANG, Y. Structure–antioxidant relationships of sulfated galactomannan from guar gum. International Journal of Biological Macromolecules, v. 46, p. 59–66, 2010. WEITZ JI. Factor Xa or thrombin: Is thrombin a better target? J Thromb Haemost, v. 5(S1), p. 65-67, 2007. WEITZ, J.I. Heparan sulfate: Antithrombotic or not? J. Clin. Invest., v.111, p. 952–954, 2003. doi:10.1172/JCI200318234. WOLF, S. P. Ferrous ion oxidation in presence of ferric ion indicator xylenol orange for measurment of hydroperoxides. In: Packer L (ed.), Methods in Enzymology, Academic Press Inc., p. 182–189, 1994. WOMERSLEY, H. B. S. The Marine Benthic Flora of Southern Australia – Part IIIA – Bangiophyceae and Florideophyceae (Acrochaetiales, Nemaliales, Gelidiales, Hildenbrandiales and Gigartinales sensu lato). Australian Biological Resources Study, Canberra, ACT, Australia, 508 pp. Womersley, H. B. S. 1994. The Marine Benthic Flora of Southern Australia – Part IIIA – Bangiophyceae and Florideophyceae (Acrochaetiales, Nemaliales, Gelidiales, Hildenbrandiales and Gigartinales sensulato). Australian Biological Resources Study, Canberra, ACT, Australia, 508 pp, 1994. YANGTHONG, M., HUTADILOK-TOWATANA, N., PHROMKUNTHONG, W. Antioxidant Activities of Four Edible Seaweeds from the Southern Coast of Thailand. Plant Foods Hum Nutr, v. 64, p. 218–223, 2009.

Page 102: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 122

YANISHLIEVA-MASLAROVA, N.V. Inhibiting oxidation. In Antioxidants in Food. Practical Applications; Pokorny, J., Yanishlieva, N. V., Gordon, M., Eds.; Woodhead Publishing, Ltd.: Cambridge, U.K., p 22-70, 2001. YE, H., WANG, K., ZHOU, C., LIU, J., ZENG, X. Purification, antitumor and antioxidant activities in vitro of polysaccharides from the brown seaweed Sargassum pallidum. Food Chemistry, v. 111, p. 428–432, 2008. YUAN, Y. V., CARRINGTON, M. F., WALSH, N. A. Extracts from dulse (Palmaria palmata) are effective antioxidants and inhibitors of cell proliferation in vitro. Food and Chemical Toxicology, v. 43, p. 1073–1081, 2005. ZAGO, M. A., FALCÃO, R. P., PASQUINI, R. Hematologia Fundamentos e Prática. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. p.732 ZHANG, E. X., YU, L. J. Studies on polysaccharide from Sargassum Thumberg II for is ability to scavenge active oxygen species. The Chinese Journal of Marine Drugs, v. 3, p. 1-4, 1997. ZHANG, Q., YU, P., LI, Z., ZHANG, H., XU, Z., LI, P. Antioxidant activities of sulfated polysaccharide fractions from Porphyra haitanesis. Journal of Applied Phycology, v. 15, p. 305-310, 2003. ZHANG, Q., LI, N., LIU, X., ZHAO, Z., LI, Z., XU, Z. The structure of a sulfated galactan from Porphyra haitanensis and its in vivo antioxidant activity. Carbohydrate Research, v. 339, p. 105 – 111, 2004. ZHAO, X., XUE, C. H., LI, Z. J., CAI, Y. P., LIU, H. Y., QI, H. T. Antioxidant and hepatoprotective activities of low molecular weight sulfated polysaccharide from Laminaria japonica. Journal of Applied Phycology, v. 16, p. 111–115, 2004. ZHAO, J., BOLTON, E.M., BRADLEY, J.A., LEVER, A.M.L. Lentiviral-mediated Overexpression of Bcl-xL Protects Primary Endothelial Cells From Ischemia/Reperfusion Injury–induced Apoptosis. The Journal of Heart and Lung Transplantation, v. 28, n. 9, p. 936 – 943, 2009. ZHOU, G., SUNC, Y.P., XIN, H., ZHANG, Y., LI, Z., XU, Z. In vivo antitumor and immunomodulation activities of different molecular weight lambda-carrageenans from Chondrus ocellatus. Pharmacological Research, v. 50, p. 47–53, 2004.

Page 103: PROPRIEDADES ANTIOXIDANTE, ANTI-HEMOSTÁSTICA E ...€¦ · ALGA VERMELHA Hypnea musciformis (Wulfen) J. V. Lamouroux NATAL 2011 . MONIQUE GABRIELA DAS CHAGAS FAUSTINO ALVES PROPRIEDADES

Referências 123

ZOU, C., DU, Y., LI, Y., YANG, J., FENG, T., ZHANG, L., & KENNEDY, J. F. Preparation of lacquer polysaccharide sulfates and their antioxidant activity in vitro. Carbohydrate Polymers, v. 73, p. 322–331, 2008. ZWEIER, J.L., BRODERICK, R., KUPPUSAMY, P., THOMPSON-GORMAN, S., LUTTY, G.A. Determination of the mechanism of free radical generation in human aortic endothelial cells exposed to anoxia and reoxygenation. J Biol Chem, v. 269, p. 24156–24162, 1994.