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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas em Saúde MARLON MOHAMUD VILAGRA PROTOCOLO DE CAPACITAÇÃO DE DOR TORÁCICA REDUZ O TEMPO PORTA-ECG EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Vassouras 2017

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas em Saúde

MARLON MOHAMUD VILAGRA

PROTOCOLO DE CAPACITAÇÃO

DE DOR TORÁCICA REDUZ O TEMPO

PORTA-ECG EM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

Vassouras

2017

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MARLON MOHAMUD VILAGRA

PROTOCOLO DE CAPACITAÇÃO

DE DOR TORÁCICA REDUZ O TEMPO

PORTA-ECG EM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

Trabalho Final apresentado a Pró-reitoria

de Pesquisa e Pós-graduação e Pesquisa /

Coordenação do Mestrado em Ciências

Aplicadas em Saúde da Universidade

Severino Sombra, como requisito parcial

à obtenção do título de Mestre em

Ciências Aplicadas em Saúde.

Orientador:

Prof. Dr. Eduardo Tavares Lima Trajano USS Doutor pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro,

Brasil)

Vassouras

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2017

MARLON MOHAMUD VILAGRA

PROTOCOLO DE CAPACITAÇÃO

DE DOR TORÁCICA REDUZ O TEMPO

PORTA-ECG EM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

Trabalho Final apresentado a Pró-reitoria

de Pesquisa e Pós-graduação e Pesquisa /

Coordenação do Mestrado em Ciências

Aplicadas em Saúde da Universidade

Severino Sombra, como requisito parcial

à obtenção do título de Mestre em

Ciências Aplicadas em Saúde.

Banca Examinadora sugerida:

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Tavares Lima Trajano-USS Doutor pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro – RJ, Brasil)

Prof. Dr. João Carlos de Souza Cortês Jr-USS Doutor pela FIOCRUZ (Instituto Oswaldo Cruz-Rio de Janeiro, Brasil)

Prof. Dr. Esmeralci Ferreira, UERJ Doutor pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro – RJ, Brasil)

Vassouras

2017

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DEDICATÓRIA

A Deus pelas lágrimas enxugadas, pelos sorrisos compartilhados e pelo caminho iluminado.

Ao meu pai, Milton Vilagra (in memorian), pelas longas jornadas de trabalho em prol de sua

família e por me ensinar que o silencio é a maior sabedoria de um homem.

A minha mãe, Bascma Mohamud Vilagra, pelo exemplo de esforço, amor, persistência,

superação e pelos valores humanos e de dignidade ensinados.

A minha esposa, Sandra Maria Barroso Werneck Vilagra, pela construção de uma família;

pela dedicação, amor e companheirismo eterno.

Aos meus filhos: Lahis Werneck Vilagra e Henrik Werneck Vilagra, os motivos de alegria e

estímulo para a minha vida.

Ao meu sogro João Batista Werneck e a minha sogra Maria José Barroso Werneck pelo

carinho fraternal com que me acolheram em seu lar.

Aos anjos da guarda que fazem a minha vida acontecer mais suavemente: Jambres Marília,

Adriane, Patrícia, Roselane e Vera.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Eduardo Tavares Lima Trajano, pela paciência com a minha ignorância

científica e pelo apoio em busca de fazer o melhor.

Aos mestres e exemplos de grandes profissionais: Prof. Paulo Dias da Costa, Profa Ing Borg

Christa Laun, Prof. Elói Pereira Serra (in memorian) e a Dra Thaís Maria Niemeyer.

Ao pró-reitor de ciências da saúde, Dr. João Carlos de Souza Cortês Jr., pela oportunidade

oferecida de se realizar o mestrado em ciências da saúde na USS.

A toda equipe de coordenação do mestrado pelos ensinamentos e por construir uma nova

história do ensino na USS.

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EPÍGRAFE

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,

seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e

conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal

que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a

minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser

queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o

amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta

com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com

a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor

nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo

ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando

vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava

como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser

homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas

então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou

conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior

destes é o amor

Bíblia Sagrada; Tradução CNBB: 1 Corintios 13/Hino ao Amor e Caridade

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RESUMO

INSERÇÃO DE PROTOCOLO DE CAPACITAÇÃO DE DOR TORÁCICA NA

UNIDADE DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE VASSOURAS

(HUV)

Contexto: A dor torácica (DT), um dos sintomas mais frequentes nas emergências de todo

o mundo, apresenta-se como um desafio diagnóstico para o emergencista em virtude da sua

múltipla abrangência diagnóstica, variando entre doenças de baixo e elevado risco. O

treinamento da equipe de emergência é condição crucial para minimizar os riscos inerentes ao

retardo hospitalar no atendimento da DT. Objetivo: Avaliar o impacto da inserção de um

protocolo de treinamento na redução do retardo do Tempo Porta-ECG (TP-ECG) na

emergência do HUV. Método: Foi avaliado o TP-ECG antes e depois da inserção de

protocolo de treinamento na abordagem da DT. O protocolo consistiu-se em demarcar os

riscos inerentes a DT, a necessidade de realizar o ECG rapidamente e a instituição de um

novo fluxo de entrada do paciente no HUV. Trabalho aprovado pelo comitê de ética

(1.843.401). Resultados/produtos: Foram verificados 199 boletins de atendimento médico

no qual foi identificado o horário de chegada do paciente na sala de espera da emergência

com DT e o horário que foi realizado o ECG (TP-ECG). O tempo médio de espera foi de 62

min, 64 min no plantão diurno e 58 min no plantão noturno. Após a capacitação verificamos

uma redução significativa de 50% no tempo de espera geral (p<0,001), 51% (p<0,001) no

plantão diurno e 49% (p<0,001) no plantão noturno. Conclusão: A inserção de um novo

protocolo na emergência do HUV reduziu o TP-ECG, contribuindo assim para acurácia

diagnóstica, rápido início da terapêutica e redução da mortalidade nos pacientes com DT.

Palavras-chave: dor torácica; infarto agudo do miocárdio; eletrocardiografia.

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ABSTRACT

INSERTION OF PROTOCOL OF CHEST PAIN TRAINING IN THE EMERGENCY

UNIT OF THE VASSOURAS UNIVERSITY HOSPITAL (HUV)

Context: Chest pain (CP), one of the most frequent symptoms in emergencies around the

world, presents itself as a challenge for the emergency room due to its multiple coverage,

logos and diseases. The training of the emergency team is a crucial condition to minimize the

risks inherent in hospital care in CP care. Objective: To evaluate the impact of the insertion

of a training protocol in the reduction of the Door-ECG Time (D-ECGT) delay at HUV time.

Method: The D-ECGT was evaluated before and after the application of training protocol in

the CP approach. The protocol consisted of demarcating the risks inherent to CP, the need to

perform the ECG quickly and the institution of a new inflow of the on HUV patient. Work

approved by the ethics committee (1,843,401). Results/Products: 199 medical newsletters

were checked, without which the patient's time of arrival in the emergency waiting room with

the timetable that was performed on the ECG (D-ECGT) was identified. The mean waiting

time was 62 min, 64 min without day plantation and 58 min without night shift. After a

training session we observed a significant reduction of 50% without general waiting time (p

<0.001), 51% (p <0.001) without day shift and 49% (p <0.001) at night shift. Conclusion:

The insertion of protocol in the emergency of the HUV reduced the D-ECGT, thus

contributing to diagnostic accuracy, rapid onset of therapy and reduction of mortality in

patients with TD.

Key words: chest pain; acute myocardial infarction; electrocardiography

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SUMÁRIO

1. CONTEXTO...................................................................................................................... 10

2. OBJETIVOS....................................................................................................................... 20

3. MÉTODO........................................................................................................................... 21

4. RESULTADOS E PRODUTOS......................................................................................... 25

5. DISCUSSÃO...................................................................................................................... 33

5.1. APLICABILIDADE.......................................................................................................... 36

5.2. IMPACTO PARA A SOCIEDADE................................................................................. 38

6. CONCLUSÕES.................................................................................................................... 40

7. REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 41

8. ANEXOS............................................................................................................................. 46

8.1. APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA....................................................................... 46

8.2 FORMALIZAÇÃO DO NOVO FLUXO...........................................................................47

8.3.CONTRATO DE PARCERIA UNIMED..........................................................................48

8.4.TCLE MÉDICO HUV........................................................................................................49

8.5 PROTOCOLO DE TREINAMENTO: AS DIFERENTES VERSÕES.............................50

8.6.ROTEIRO TEATRALIZAÇÃO PSF.................................................................................51

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1. CONTEXTO

1.1. A DOENÇA CARDIOVASCULAR

O envelhecimento da população mundial é um fato marcante para o

planejamento de novas políticas de saúde, o aumento de indivíduos com idade acima dos 60

anos vem ocorrendo acentuadamente nas últimas décadas em todo o mundo, com projeções

indicando que em 2050 esse grupo contará com cerca de 1 bilhão e 900 milhões de pessoas

(BETHESDA 2007). No Brasil, essa faixa da população apresentou um crescimento de

33,65% no período de 2000 a 2009, e com isso as doenças crônicas não transmissíveis

passaram a ser predominantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE

2017) com um destaque especial para as doenças cardiovasculares (DCV).

As DCV são as principais causas de óbitos em todo o mundo, tanto nos países

desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. De acordo com a Organização Mundial de

Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 17 milhões de mortes em

2011, o que representa três em cada dez óbitos (SOARES GP et al, 2015). No Brasil, as DCV

também representam as principais causas de óbitos, correspondendo a 28,6% de todas as

causas de mortalidade no ano de 2011, fato observado tanto nas regiões mais desenvolvidas,

como nas mais pobres do país (SOARES GP et al, 2015).

Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

(DATASUS) demostram que no período de 2004 a 2014, as DCV foram responsáveis por

3.493.459 óbitos, 29% do total, uma morte a cada 40 segundos em nosso meio (DATASUS

2017). Até meados de outubro de 2017 esse número chegou a um total de 274.210 mortes,

representando 13.150 mortes ao mês e 720 mortes dia. As DCV causam o dobro de mortes

que aquelas devidas a todos os tipos de câncer juntos, 2,3 vezes mais que as todas as causas

externas (acidentes e violência), 3 vezes mais que as doenças respiratórias e 6,5 vezes mais

que todas as infecções incluindo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA). O alerta,

os projetos educacionais para prevenção e o tratamento adequados podem reverter essa grave

situação (DATASUS, 2017; WHO, 2017).

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No Brasil, apesar da redução de mortalidade, a DCV representava um terço de

todos os óbitos e quase 30% do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos de idade no ano

de 2006, atingindo a população adulta em plena fase produtiva (SOARES GP et al, 2010).

A DCV em suas diferentes apresentações clínicas: acidente vascular cerebral

(AVE) e Isquemia Miocárdica Aguda (IMA) representada pela Síndrome Coronariana Aguda

(angina instável e infarto sem supradesnivelamento do ST (IAMSSST) e pelo IAM com

supradesnivelamento do ST (IAMCSST) apresenta-se como um verdadeiro desafio para os

projetos de saúde pública nos diferentes continentes.

A SCA e o IAMCSST são as principais causas de morte em todo o mundo,

responsável por 7,4 milhões de óbitos anuais, correspondendo a 13,2% de todas as mortes

(PASSOS LC et al 1997). No Brasil, elas também são a principal causa de óbito, sendo

responsável por 31% das mortes cardiovasculares, ultrapassando a taxa de morte por acidente

vascular cerebral, estimada em 30% (PIEGAS LS et al, 2015; NICOLAU JC et al, 2014).

1.2. A DOR TORÁCICA

A Dor Torácica (DT) é o principal sintoma guia no diagnóstico da IMA, um dos

sintomas mais frequentes nas unidades de emergência (UE) do mundo todo, 10-15% do total

de atendimentos dentro de uma emergência, um de cada 3 atendimento clínico dentro das

salas de emergência correspondem a DT e um em cada cinco pacientes que chegam a UE com

DT apresentam IAM, motivos mais do que consistentes para que médicos emergencistas e

suas equipes estejam prontos para o atendimento desse sintoma (PIEGAS LS et al, 2015;

BASSAN R et al, 2002).

A variedade de diagnósticos possíveis e também de gravidade do paciente com

DT faz com que seja primordial que toda a equipe esteja envolvida em um processo de

diagnóstico rápido e preciso de suas causas, evitando ao máximo os retardos na abordagem

desses pacientes devido ao alto potencial de letalidade nos casos de isquemia miocárdica

aguda (IMA). Esta diferenciação entre as doenças que oferecem risco de vida (dor torácica

com potencial de fatalidade), ou não, é um ponto crítico na tomada de decisão do médico

emergencista para definir sobre a liberação ou admissão hospitalar do paciente, adequando

prontamente a terapia para cada caso (PIEGAS LS et al, 2015).

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Estima-se que cinco a oito milhões de indivíduos com DT ou outros sintomas

sugestivos de IMA sejam vistos anualmente nas salas de emergência nos Estados Unidos,

como a maioria desses pacientes são internados para avaliar uma possível SCA, isto gera um

custo médio estimado de 3 a 6 mil dólares por paciente (NICOLAU JC et al, 2014). Ao final

desse processo diagnóstico, cerca de 1,2 milhão de pacientes recebem o diagnóstico de IAM e

outro tanto de angina instável. Por conseguinte, cerca da metade a 2/3 dos pacientes com DT

internados acabam não confirmando uma causa cardíaca para os seus sintomas, resultando

num gasto desnecessário de 5 a 8 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos (BASSAN R

et al, 2000)

No Brasil, não existem números ou estimativas da quantidade de atendimentos por

DT nas salas de emergência. Baseado no número de atendimentos anuais por DT nos EUA e

na proporção populacional entre esse país e o Brasil, e assumindo a mesma prevalência de

doença coronariana, poderíamos estimar um quantitativo de 4 milhões de atendimentos anuais

por DT no Brasil (MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999). Diversos estudos indicam que 5

a 15% dos pacientes atendidos com DT nas salas de emergência norte-americanas têm IAM, o

quantitativo de IAM esperado no nosso País seria de aproximadamente 400 mil por ano, um

número quase 10 vezes maior do que o apresentado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

(BASSAN R et al, 2002). A dificuldade diagnóstica imposta às equipes de emergência na

abordagem da DT pode fazer com que uma média de 2 a 3% dos pacientes com DT que

realmente possuam IAM sejam liberados involuntariamente das UE nos Estados Unidos,

número que pode subir até 11% em alguns centros (BASSAN R e GLIBER RB, 2001). Isso

equivale a cerca de 40 mil indivíduos por ano. Em países como o Brasil em que os médicos de

emergência têm menor experiência na abordagem do pacientes com DT ou são menos

agressivos ao admitir o paciente no hospital, essa taxa pode atingir 20% (BASSAN R, 2000) .

1.3. A ISQUEMIA MIOCÁRDICA AGUDA (IMA)

Na linha do tempo de evolução da IMA até chegar ao diagnóstico final de IAM

em 70% dos casos os pacientes apresentavam, por duas a três semanas antes, um quadro

angina instável em crescendo, mais brando, de menor risco, em progressão e sem lesão ou

morte da musculatura cardíaca, portanto uma espécie de pródromo de que situações piores

virão (BAHR R 2002). Em alguns casos, por várias vezes o paciente procura as UE, com idas

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ao hospital e volta para casa até retornar em uma condição mais grave em que o IAM já se

instalou. Essa situação de aviso ou pródromo de que o IAM está próximo, habitualmente é

negligenciada pelo paciente protelando a sua chegada ao hospital e também pelas equipes de

emergência retardando a sua abordagem dentro do ambiente hospitalar.

O pródromo é interpretado como uma janela de oportunidade para a instituição

terapêutica e para salvar vidas nos casos da IMA, haja vista representar menor risco e por não

existir concomitantemente a lesão muscular definitiva como no IAM, fator determinante na

mortalidade aguda e tardia nos pacientes com infarto. KANNEL traduziu a angústia de agir

precocemente na IMA ao afirmar que o diagnóstico de IAM, em um futuro próximo, não teria

a conotação de uma oportunidade terapêutica ideal mas seria o retrato de uma falha em

impedir precocemente que isso aconteça.(KANNEL WB ET AL, 1987)

No IAM a maioria das mortes ocorrem nas primeiras horas de manifestação da

doença, sendo 40 a 65% na primeira hora e, aproximadamente 80%, nas primeiras 24 horas

(PIEGAS LS et al, 2015). Dessa forma, a maior parte das mortes por IAM acontece fora do

ambiente hospitalar e geralmente desassistida pelos médicos (O`GARA PT et al, 2013).

Apesar da significativa redução da mortalidade hospitalar do IAM nas últimas décadas

(MYEBURG RJ e CASTELLANOS A, 2015), ainda existe pouco avanço no conhecimento

sobre a epidemiologia e o tratamento na fase pré-hospitalar.

O atendimento pré-hospitalar tem como principal objetivo reduzir o tempo entre o

início do evento isquêmico e a progressão da morte muscular, oportunizando uma chegada

rápida ao hospital para que o tratamento seja efetivo ao restaurar a perfusão miocárdica. Além

disso, é nesse momento que se pode reduzir a morte nas primeiras horas intervindo, por

exemplo, no mecanismo mais frequente de morte que é a Fibrilação Ventricular (FV) e cuja

única forma de reversão é por meio da desfibrilação (O`GARA PT et al, 2013).

O período pré-hospitalar compreende dois momentos: (1) do início dos sintomas

(DT aguda) até a decisão de procurar atendimento; (2) da decisão de procurar atendimento até

a chegada ao hospital. No IAM, o tempo demandado entre o início dos sintomas (oclusão da

artéria coronária) até a instituição do tratamento (reperfusão química ou mecânica) é

diretamente proporcional à ocorrência de eventos clinicamente relevantes. Esse tempo é fator

fundamental para o benefício do tratamento, tanto imediato quanto tardio (TUNSTALL PH et

al, 1994). No entanto, sabe-se que a fase pré-hospitalar (em ambos os momentos descritos) é

caracterizada por ser demorada, especialmente em pacientes idosos, do sexo feminino e

naqueles com baixa condição socioeconômica (MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999).

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Alguns fatores estão relacionados ao aumento desse precioso tempo: a falta de

conhecimento por parte da população sobre gravidade pertinente a queixa de DT e os

benefícios pertinentes a ida rápida para o hospital ao iniciar os sintomas. O componente pré-

hospitalar no atraso do atendimento ao paciente com DT é de tal magnitude que, na prática

clínica, apenas cerca de 20% desses pacientes chegam ao setor de emergência com até 2 horas

após o início dos sintomas, período no qual cerca de 65% das mortes já ocorreram como

descrito anteriormente (TIMERMAN A e FEITOSA GA, 2003).

Um dos grandes desafios na linha do tempo da terapêutica do IAM não está

exatamente atrelada a terapia medicamentosa, mas a estratégias que permitam, por meio da

população, a identificação precoce do IAM, fazendo com que o paciente com DT chegue ao

hospital em um tempo mais curto e hábil para uma terapia adequada, reduzindo,

consequentemente, a mortalidade decorrente do retardo extra hospitalar. (MESQUITA ET e

MESQUITA CT, 1999)

A estratégia de identificação precoce dos sintomas do IAM pela população foi

muito bem desenhada pelo Programa de Cuidados Precoces contra o Ataque Cardíaco -EHAC

(Early Heart Attack Care) como pilar fundamental na abordagem extra-hospitalar da DT e de

grande responsabilidade das estratégias de política de saúde pública (BAHR R, 2002).

A inserção precoce da terapia trombolítica na primeira hora do início da DT,

resulta para o IAM em uma redução de mortalidade de 50% segundo o estudo GISSI

(ROVELLI F et al, 1987), benefício que permanece com este efeito mesmo após 10 anos de

terapêutica. São 70 vidas salvas para cada 1000 pacientes tratados adequadamente quando da

alta hospitalar e 90 vidas salvas para cada 1000 pacientes tratados após o seguimento de 10

anos (ROVELLI F et al, 1987). Esses dados demostram de uma maneira contundente a

importância da instituição precoce de uma terapêutica adequada para o IAM, mas também

demostra o quanto é importante o paciente com DT chegar precocemente ao hospital para que

a estratégia terapêutica seja rapidamente iniciada. Colher bons resultados no tratamento de DT

está diretamente relacionado a uma estratégia de política de saúde pública baseada na

informação sobre os sinais do IAM, amplamente divulgada para a toda a população, assim

como é feito nos EUA com o EHAC, o que poderá acarretar um potencial de salvar até

150.000 vidas por ano em pacientes com DT e IAM. (ROVELLI F et al, 1987)

1.4. AS UNIDADES DE DOR TORÁCICA

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Diante dos desafios pertinentes a abordagem da DT, Raymod Bahr, em 1989, no

Hospital Saint Aguines, Baltimore -USA, criou um fluxo sistematizado de avaliação dos

pacientes com DT permitindo assim a identificação correta e rápida dos pacientes mais graves

(BAHR RD 1995; BAHR RD, 1996). Através deste fluxo, foi possível otimizar os cuidados

nos pacientes graves de forma a minimizar os seus riscos, cabendo aos pacientes de baixo

risco uma terapêutica adequada e alta hospitalar segura para o seu domicílio. Surgia e

disseminava-se pelo mundo as Unidades de Dor Torácica (UDT), com a ideia de implantar

fluxos de abordagem de DT nas UE (BAHR RD, 1992).

Em 1995, o Hospital Pró-Cardíaco no Rio de Janeiro, foi o pioneiro na

implantação de uma UDT no Brasil, com foco na inserção de fluxos e protocolos discutidos

com o corpo clínico e respaldados pela medicina baseada em evidência (MESQUITA ET e

MESQUITA CT, 1999).

As UDTs podem ser fisicamente acopladas ou adjacentes à UE, habitualmente

disposta apenas como um processo de trabalho dentro do centro de emergência. O essencial é

que se tenha uma equipe multidisciplinar bem treinada, envolvendo médicos, enfermeiros,

técnicos de enfermagem e de bioquímica, bem como os recepcionistas do hospital, todos

atuando em sincronia ao receber um paciente com dor torácica para alcançar os seguintes

objetivos: avaliação rápida e eficiente, identificação precoce da causa da DT, cuidados

terapêuticos específicos de alta qualidade e direcionados para cada situação diagnóstica

(GRAFF L et al, 2012).

O diferencial de uma emergência com Unidades de Dor Torácica é o uso de

algoritmos de diagnóstico sistemáticos, protocolos de gerenciamento específicos e o intensivo

e permanente treinamento da equipe voltado em otimizar os tempos de atendimento do

paciente com DT (BASSAN R e GLIBER WB, 2001). O atraso pré-hospitalar (retardo dos

pacientes com DT em relação achegada na UE) é um problema mundial e responsável por

cerca de 50% de mortes no IAM. (STOROW AB e GLIBER WB, 2000) Estudos

demonstraram que o intervalo de tempo médio entre o início dos sintomas e a chegada

hospitalar em pacientes com IAM é de 2 a 3 horas (BAHR RD, 2000). Esta é uma das razões

da inelegibilidade para terapia trombolítica em muitos pacientes com IAM. (BASSAN RD e

GLIBER WD, 2001) Unidades de Dor Torácica podem ser um instrumento para a educação

dos pacientes, particularmente para aqueles que precisam de modificação de fatores de risco

ou reconhecimento de sintomas desde a fase domiciliar, colaborando assim com uma chegada

mais rápida ao hospital e uma pronta instituição terapêutica adequada para o caso,

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minimizando assim os riscos decorrentes principalmente nos casos de IAM. (BASSAN RD e

GLIBER WD, 2001)

O retardo hospitalar, intervalo de tempo entre chegada ao hospital, realização de

cadastro até o diagnóstico com iniciação de terapia específica, é um problema grave que afeta

a grande maioria dos hospitais em todo o mundo, mesmo em países desenvolvidos (GLIBER

WB, 1994). Este período de tempo é de aproximadamente uma hora em média e as Unidades

de Dor Torácica desempenham um papel importante e único na redução desse atraso através

de sua ação para priorizar indivíduos de alto risco e usar protocolos para avaliar e tratar

pacientes conforme recomendado pelo Programa Nacional de Alerta de Ataque Cardíaco.

(SELKER HP et al, 1997)

1.5. OS INDICADORES DE QUALIDADE

Melhorar a qualidade do cuidado com saúde é tentar reduzir a distância ou

estabelecer uma ponte no vazio existente entre o cuidado ideal e o praticado53. Nos EUA,

entre 1980 e 2000, foi constatada uma queda de mais de 40% na mortalidade cardiovascular a

custa de melhora no controle dos fatores de risco e no tratamento do IAM e da doença arterial

coronariana, com alicerce na medicina baseada em evidência. Apesar disso, muitos

americanos não recebem o cuidado ideal. Desse modo, é essencial a existência de indicadores

do processo de cuidado com a saúde dos pacientes para comparação entre as instituições de

saúde. A monitoração desses indicadores fornece às instituições a possibilidade de análises,

em longo prazo, do processo de cuidado e o estabelecimento de medidas corretivas para

melhorá-lo (ROCHA ASC et al, 2010).

No Brasil, ainda é incipiente a cultura para investigar se estratégias diagnósticas

ou terapêuticas melhoram a saúde ou o bem-estar da população, ou se estão sendo conduzidas

de acordo com as melhores práticas, evidências científicas ou diretrizes. Nos países

desenvolvidos, agências governamentais estão desenvolvendo há décadas indicadores de

qualidade para o cuidado com a saúde (IQS) que podem ser utilizados pelas instituições no

sentido de melhorar este cuidado. No Brasil, onde as doenças cardiovasculares são as

principais causas de mortalidade e morbidade, organizações governamentais e não

governamentais também estão promovendo programas de acreditação institucional, que visam

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melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população. Dentro desse contexto, o

IAM, a maior causa isolada de mortalidade em nosso país, é uma condição ideal para essa

iniciativa, por conta dos benefícios reais e potenciais que as medidas diagnósticas e

terapêuticas podem trazer aos pacientes. (ROCHA ASC et al, 2010).

Na tríade convencional para o diagnóstico da causa da DT e de um possível IAM,

obter uma história clínica rápida e direcionada, associado ao registro de um eletrocardiograma

(ECG) e a dosagem dos marcadores de necrose miocárdica se faz necessário16. Quando dois

de três desses indicadores sinalizam para o diagnóstico de IAM, a terapêutica direcionada

deve ser instituída. A história clínica e o ECG são os dois dos três indicadores que mais

rapidamente conseguimos obter para agilizar o diagnóstico ou o descarte do IAM portanto, a

agilidade em adquirir essas informações é crucial para otimizar o diagnóstico, a instituição da

terapia ideal e a redução dos riscos ao pacientes (PIEGAS LS et al, 2015; NICOLAU JC et al,

2014)

1.6. O ELETROCARDIOGRAMA (ECG)

Associado a queixa de DT o ECG é o instrumento propedêutico de mais rápido

acesso pela equipe médica para compor o diagnóstico e a gravidade da IMA, informação que

deve estar disponível ao médico o mais rápido possível, sem retardos, pois é ele, em conjunto

com a clínica, que irá habilitar o início mais rápido da terapêutica adequada nos casos de

IAM, situações em que o tempo é vida, quando mais tempo perdido na abordagem inicial

mais atraso no início da terapêutica e mais aumentamos o risco de mortalidade aguda e a

longo prazo destes pacientes (PIEGAS JC et al, 2015). Realizar um ECG rápido na abordagem

da DT é papel de qualquer membro de uma equipe da UE, o fluxo de entrada do paciente com

DT deve estar otimizado e acelerado de tal maneira que o eletrocardiograma seja feito em um

tempo curto, a equipe deve estar treinada e preparada para realizá-lo rapidamente, permitindo

um pronto diagnóstico e início imediato da terapêutica. (NICOLAU JC et al, 2014)

1.7. O TEMPO PORTA- ECG (TP-ECG)

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A filosofia de uma UDT exerce um importante papel certificador do processo de

qualidade na abordagem do paciente com DT, utilizando-se de índices que demarcam os

tempos sequenciais desde a chegada do paciente com DT na recepção do hospital, até a

instituição da terapia ideal (MACCARTHY BD et al, 1993). O TP-ECG é um desses índices,

uma medida que avalia o tempo entre a chegada do paciente à recepção do hospital para

preenchimento do protocolo de registro até a realização do seu primeiro eletrocardiograma.

Índice que avalia a agilidade da equipe em executar o protocolo de identificação diagnóstica

nos casos de DT, promovendo em sequência um rápido início da terapêutica ideal

(MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999).

Na sequência lógica da abordagem do paciente com DT, o TP-ECG é primeiro

índice de validação de qualidade de uma UDT, outros índices como o tempo Porta-Agulha

para trombólise química e o Porta-Balão para a angioplastia primária, também participam

desse processo sequenciado de avaliação e qualificação na abordagem do paciente com DT. O

TP-ECG considerado ideal ou ouro é de 10 minutos, um verdadeiro desafio de agilidade para

as equipes de emergência diante do cenário caótico que encontramos nas emergências do

nosso pais (O`GARA PT et al, 2013; AMESTERDAN EA et al, 2014).

A minimização do TP-ECG, considerado o de maior retardo nos hospitais

inclusive no primeiro mundo, envolve um processo de treinamento multidisciplinar

contemplando todos os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e técnicos de

enfermagem e de bioquímica), bem como os recepcionistas da UE, todos envolvidos no passo

a passo de avaliação do paciente com DT. A informação e a sensibilização de um a um dos

membros da equipe sobre a importância de ser ágil, e a implicância que essa informação tem

sobre a mortalidade neste grupo de pacientes é chave para que a equipe se sinta pertinente ao

processo. A reconstrução de um fluxo de entrada rápida ao hospital nos casos de DT, alinhado

com as necessidades locais, também é de suma importância à fim de tornar real a otimização

dos índices temporais. O processo contínuo de treinamento e aprendizagem é outro pilar

pertinente ao constante reavivamento da informação de ser rápido na abordagem do paciente

com DT (MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999).

Diante do desafio de um atendimento rápido e seguro para o paciente com DT,

faz-se necessário uma equipe treinada e focada na execução do seu papel em encurtar os

tempos de atendimento do paciente na sala de emergência. Entretanto, esse objetivo somente

poderá ser atingido diante da inserção de um protocolo de treinamento envolvendo os

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diferentes profissionais participantes desse processo com foco específico na função individual

exercida por cada um dos componentes da equipe (BAHR R, 2002).

A otimização do TP-ECG deve ser trabalhada em treinamento como primeira

meta a ser atingida após a inserção de um protocolo de Dor Torácica, buscando a agilidade no

diagnóstico que resulta em terapêutica específica e adequada para cada caso e consequente

minimização de riscos para o paciente. No processo de acelerar os tempos no atendimento da

DT no ambiente hospitalar, torna-se importante rever os fluxos praticados, analisar junto a

equipe multidisciplinar os pontos de retardo, estabelecer uma nova rota de entrada que

associada a um processo de educação permanente atingir o alvo real de encurtar tempos e

salvar vidas. (MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999; BAHR R, 2002)

1.8. A INFORMAÇÃO, A TECNOLOGIA E A SAÚDE

O mundo hoje vive a informação, a informação rápida e ligada a tecnologia disponível

em qualquer lugar e a qualquer momento. A arte de saber utilizar as ferramentas de

informação em seus diferentes caminhos pode melhorar e fazer com que os objetivos sejam

atingidos em um número vultoso e muito mais rápido do que se atingia nos anos 80. A saúde

é um dos caminhos em que informar o maior número de pessoas qualifica o conhecimento da

população e melhora a qualidade de vida das pessoas. (CAVALCANTE MTL e

VASCONCELLOS MM, 2007)

Vivenciam-se hoje, no Sistema Único de Saúde (SUS), iniciativas voltadas para a

Educação na Saúde, que colocam na agenda dos centros de formação e das instituições

acadêmicas questões como a reorientação do ensino, a reorganização curricular, a revisão de

modalidades de oferta de cursos, de práticas pedagógicas e de conteúdos. (CAVALCANTE

MTL e VASCONCELLOS MM, 2007)

Podem ser de pronto enumeradas iniciativas em curso ou em proposição, nos termos

definidos pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na

Saúde (SGTES) , a saber: a Política de Educação Permanente e a Formação de Formadores e

Sensibilizadores de Políticas de informação em saúde comunitária, que visam a superação das

concepções tradicionais de educação e que incorporam como estratégia modalidades de

educação a distância e a inserção de novas tecnologias na oferta de informação como os

celulares além de estabelecer parcerias de apoio ao processo de informação junto a empresas

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privadas que detenham um envolvimento social em sua proposta e missão estratégica.

(CAVALCANTE MTL e VASCONCELLOS MM, 2007).

Como o objetivo de ampliar a rede de cidadãos informados, as diferentes estratégias de

informação deveram ser utilizadas para estabelecer novos objetivos e índices de qualidade em

saúde.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Implementar um novo protocolo de abordagem ao paciente com DT na unidade de

emergência do Hospital Universitário de Vassouras (HUV).

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Capacitar o corpo médico e técnico a fim de reduzir o tempo porta-ECG;

• Criar, inserir e avaliar os resultados da implementação de um novo protocolo de DT na

emergência do HUV;

• Elaborar e divulgar palestras para leigos e profissionais de saúde sobre DT

• Produzir um aplicativo para celular com informações sobre DT

• Propor e estabelecer parceria com objetivo de captação de fomento.

• Desenvolver instrumento pedagógico/ informativo sobre DT para leigos dos PSFs

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3. MÉTODOS

3.1 DELINEAMENTO DO PROJETO

O estudo foi realizado na Unidade de Emergência do Hospital Universitário de

Vassouras (HUV). Os sujeitos da pesquisa foram divididos em dois grupos: os profissionais

da área de saúde (médicos, alunos do internato da faculdade de medicina da Universidade

enfermeiros e técnicos de enfermagem) e os profissionais da área técnica de suporte de

atendimento (recepcionistas do hospital). O tempo da chegada dos pacientes com DT até o

mesmo ser submetido ao ECG foi mensurado antes e depois das capacitações e

implementação do novo fluxo de atendimento.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o número de liberação

(1.843.401). Todos os envolvidos na capacitação assinaram um termo de consentimento livre

esclarecido (TCLE) no qual autorizavam sua participação.

Em um momento inicial, foi realizado um estudo de intervenção no qual foi feito

avaliação de prontuários médicos, restrospectivamente, implementou-se um novo fluxograma

após a capacitação da equipe de saúde na abordagem da DT na UE e foi avaliado

prospectivamente os resultados da intervenção.

Em segundo momento, com a previsão de resultados favoráveis, após a

implementação do novo fluxograma, foi planejado a elaboração de instrumentos de

informação (palestras, folders, apps, roteiro de teatralização e parcerias com empresa

privadas) para ao público leigo e profissionais de saúde, no qual objetivou-se melhorar o

entendimento sobre os riscos e diminuição do retardo extra hospitalar nos casos de DT.

3.2 A AVALIAÇÃO DO TEMPO PORTA-ECG

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Foi mensurado o tempo entre a chegada do paciente com DT a UE (sistema de

cadastro eletrônico do HUV) até o mesmo ser submetido ao ECG (registro eletrônico de data

e hora pelo eletrocardiógrafo). Esses tempos foram coletados antes (agosto a setembro de

2016) e depois da capacitação e inserção do novo fluxo de atendimento (abril e maio de

2017).

3.3 O PROTOCOLO DE CAPACITAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA UE

Foram desenvolvidos quatro protocolos de capacitação e sensibilização dos

funcionários da UE que abordaram o mesmo tema, DT. Os quatro protocolos apresentavam

conteúdos semelhantes porém, utilizando uma linguagem diferenciada e sintonizados com o

papel que cada colaborador exercia dentro da UE e no processo de abordagem do paciente

com DT.

Para capacitação foi confecciona um material didático na forma de Power Point

composto por chamadas curtas sobre o assunto atrelado a imagens pertinentes ao tema. A

temática do protocolo de treinamento foi constituída pelos seguintes tópicos: 1) Número de

atendimentos de pacientes com DT nas UE; 2) Diagnóstico diferencial da DT; 3) Risco

inerente ao paciente com DT; 4) IMA como diagnóstico de elevada incidência e alta

mortalidade; 5) Implicações no retardo hospitalar; 6) O tempo ouro para avaliação clínica e

realização do primeiro ECG; 7) Tempos praticados na UE do HUV antes do treinamento; 8)

Discussão junto à equipe do fluxo ideal para reduzir o tempo porta-ECG; 9) Papel de cada

segmento da equipe no fluxo proposto.

Durante o período de capacitação foram sensibilizados 15 profissionais médicos,

6 enfermeiros, 8 técnicos de enfermagem e 8 recepcionistas, tanto nas equipes diurnas como

noturnas. O treinamento foi desenvolvido simultaneamente com no máximo de 2 indivíduos

pertinentes a um mesmo grupo de profissionais, respeitando os dias de plantões de cada um,

foi necessário apenas uma sessão de treinamento com duração máxima de 20 minutos, com

auxílio de um tablet, dentro do ambiente da UE do HUV entre os meses de fevereiro a março

de 2017.

3.4 INSERÇÃO DO NOVO FLUXO DE ATENDIMENTO DE DT

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A Unidade de Emergência do HUV utilizava como protocolo padrão de triagem o

sistema de gravidade sinalizado por cores, proposto pelo protocolo de Manchester Modificado

(JONES KM et al, 1997). Após a realização do registro hospitalar com a equipe de

recepcionistas, o paciente era encaminhado ao enfermeiro para uma triagem de avaliação de

sua gravidade e riscos, só então a sua ficha cadastral chegava ao saguão de atendimento da

UE para então ser avaliado pelo médico.

Diante dos tempos praticados na triagem do paciente com DT foi proposto junto à

equipe da UE do HUV uma mudança no circuito de entrada do paciente desde o seu cadastro

na recepção até a realização do seu primeiro ECG (Tempo Porta-ECG) conforme a figura 1. A

proposta foi de que ao fazer o cadastro, o recepcionista, previamente treinada, identificaria o

boletim de atendimento do paciente com um carimbo de cor vermelha com o seguinte dizer:

“DT Atendimento Rápido”. Esse documento então seria entregue prontamente ao enfermeiro

responsável pela triagem que, diferentemente do sistema de Manchester, não realizaria os

procedimentos convencionais de triagem, e sim conduziria o paciente para o técnico de

enfermagem para que realizasse o ECG. Somente após o ECG é que o paciente era

encaminhado ao médico com prioridade de atendimento por se tratar de uma situação com

elevado potencial de risco, o equivalente a sinalização vermelha do protocolo de Manchester.

O novo fluxo foi oficialmente aprovado e deliberado para execução pela direção médica do

HUV.

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Figura 1. Protocolo de Fluxo Rápido na abordagem da DT na unidade de

emergência no HUV.

3.5 O TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Inicialmente foi realizado um estudo piloto constituído de 30 registros antes e

depois da capacitação e implementação do novo fluxo, para mensuração do desvio padrão

populacional e posteriormente o cálculo amostral. Definido o número mínimo de amostras foi

verificada a distribuição normal dos dados através do teste de Kolmogorov-Smirnov.

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Confirmada a distribuição normal foi aplicado o teste t de Student com pós-teste de Tukey.

Os dados foram expressos em média ±desvio padrão da média e foi considerado um valor de

p significativo <0,05.

3.6 A INFORMAÇÃO PARA A COMUNIDADE

Buscando estender a informação sobre DT ao maior número possível de pessoas,

realizou-se palestras sobre DT direcionada a leigos com uma estratégia pedagógica aberta do

tipo “Brain Storm” guiada pela informação visual formatada em Power Point, com uma

linguagem acessível à população.

O público envolvido consistia em alunos do ensino fundamental, do ensino médio

das escolas privadas e municipais de Vassouras, alunos do curso técnico de enfermagem do

Colégio de Aplicação da Universidade Severino Sombra e alunos do Curso de Medicina. A

intensão do processo de treinamento teve como finalidade tornar os participantes como

agentes disseminadores da informação em ambientes menores como vizinhos e familiares,

estendendo assim a rede de informação sobre a DT.

Utilizando-se de ferramentas com linguagens diferentes e objetivando sensibilizar

o maior número de pessoas possível, foi criado junto à equipe de suporte de informática,

alunos do curso de informática da USS, dois APPs um para plataforma Android® e outro para

IOS® com cunho instrutivo sobre a abordagem de DT voltado para leigos e para profissionais

da área de saúde.

O PSF também foi incluído como um novo cenário do processo de disseminação

da informação sobre DT, a linguagem criada para esse objetivo foi uma teatralização,

seguindo um roteiro básico adequada aos frequentadores do PSFs do município de Vassouras

e apresentado pelos acadêmicos de medicina do internato da USS.

4. RESULTADOS/PRODUTOS

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4.1 QUANTO A IMPLEMENTAÇÃO DO NOVO FLUXO E CAPACITAÇÃO DA

EQUIPE DA UE DO HUV

Figura 2. Boletim de atendimento médico após a implementação do novo

fluxo.

Foram analisados 199 boletins de atendimento médico referentes à queixa de DT

entre agosto de 2016 e maio de 2017, nos quais foram verificados o horário de chegada do

paciente na recepção da emergência e simultaneamente os ECGs dos pacientes registrados

com DT, tendo como foco o tempo de realização do primeiro ECG; TP-ECG. Foram

avaliados 105 boletins e seus respectivos ECGs pré-inserção do protocolo de fluxo rápido no

HUV entre agosto e setembro de 2016, observamos que o tempo médio entre a chegada do

paciente com DT na emergência do HUV até ser submetido ao ECG; TP-ECG era de 63

minutos, sendo que no período diurno esse tempo era de 65 minutos e no período noturno de

59 minutos, todos os tempos acima do recomentado. Após a inserção do novo protocolo de

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fluxo rápido e a capacitação da equipe multidisciplinar realizada em fevereiro e março de

2017, novos dados foram colhidos para mensuração do TP-ECG em abril e maio de 2017

sendo então verificados 94 boletins, nos quais observamos uma redução significativa do

tempo médio Porta-ECG para 23,31 minutos em todos os turnos, uma redução geral de (figura

1a) 63% (p<0,001), o período diurno (figura 1b) reduziu 61% (p<0,001) e o período noturno

(figura 1c) reduziu 63% (p<0,001).

Figura 3. Os dados foram expressos em média ± desvio padrão. O símbolo *** refere-se ao

valor de p<0,001.

4.2 PRODUTO DE INFORMAÇÃO A COMUNIDADE

Em detrimento da otimização do novo fluxo, e a necessidade de informar a

população nas comunidades sobre a DT, foi produzido material didático (produto) para

execução de palestras de divulgação e informação para a comunidade.

A divulgação da informação sobre DT envolveu 145 leigos, alunos de escolas do

ensino médio da rede privada do município de Vassouras, inclusive o colégio de Aplicação da

USS, 255 alunos de escola técnica de enfermagem da USS e 60 alunos do Curso de Medicina

da USS, um total de 460 indivíduos, escolhidos estrategicamente por fazerem parte de um

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grupo da sociedade como potencial de se tornar propagadores em seu ambiente de vida social

(comunidade, trabalho e família) da informação de como identificar a DT que representa risco

de vida e a necessidade de chegar o mais rápido possível ao hospital. A abordagem apresentou

tempo de execução livre para suprir as necessidades de informação do grupo e, ao seu final,

Um Folder (produto) foi elaborado como produto e oferecido com o conteúdo

básico desenhado na palestra, conforme figura abaixo.

Figura 4. Palestras na comunidade sobre DT.

4.3 DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL INFORMATIVO

A produção de material didático de informação (anexo 3) foi desenvolvido

um material didático de autoinstrução, utilizado para divulgar ao público leigo a informação

sobre a gravidade da DT, os seus riscos e a necessidade de chegar ao hospital o mais rápido

possível diante de uma situação de DT conforme figura 5. O material foi utilizado como

reforço didático das informações sobre DT, entregue aos participantes ao final das palestras.

Houve também divulgação do material na recepção de clínicas de atendimento médico, no

saguão de espera da UE do HUV na unidade de atendimento ambulatorial do HUV.

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Figura 5. Material didático.

4.4 APLICATIVO SOBRE DT

Um aplicativo (produto) para celular na plataforma Android®, cuja linguagem

pedagógica aplicada para a abordagem do tema DT foi o questionário rápido,tanto no APP

desenvolvido para leigos quanto no APP desenvolvido para os profissionais da área de saúde.

O APP foi nominado para ambas as plataformas como: “INFARTO/ Um passo antes”. As

perguntas desenvolvidas para o aplicativo tanto na versão leigos quando na versão dos

profissionais, foram desenvolvidas passo a passo com progressão no conteúdo do tema DT e

cada pergunta consta de três opções sendo apenas uma delas a correta em que o usuário terá

um tempo específico para respondê-las. Caso a opção marcada for a correta, o usuário

receberá uma palavra de estímulo e em caso de errada ele receberá uma pequena explicação

sobre a opção correta. Como o intuito é instruir divertindo, o processo de passo a passo toma

uma conotação de jogo com seguinte mensagem inicial; “Você tem 40 segundos para

responder as 10 questões abaixo antes que o coração pare”; ao final das dez questões

propostas, em ambas as versões, o usuário receberá uma porcentagem nos seus acertos e erros

e uma mensagem de estímulo pelo feito (Figura 6)

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Figura 6. Aplicativo sobre DT.

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4.5 DESENVOLVIMENTO DE INSTRUMENTO PEDAGÓGICO PARA O PSF

O município de Vassouras, pela sua condição especial de ser pequeno e com uma

forte vertente acadêmica, oferece condições favoráveis para que esse conteúdo seja levado

pelos acadêmicos de medicina, pelos residentes do programa de Saúde da Família e pelos

residentes do programa de residência multiprofissional até os membros de suas respectivas

comunidades. Essa ferramenta valiosa de proximidade entre a academia e sua população, pelo

simples fato de informar, encurta as distâncias, torna os caminhos mais rápidos e salva vida (

BAHR R, 2002).

Diante da necessidade de informar a população que frequenta o Programa de

Saúde da Família (PSF) sobre os cuidados com a DT, foi criado um instrumento pedagógico

utilizando a linguagem de teatralização para ser aplicado pelos acadêmicos e residentes que

dos PSFs do município de Vassouras-RJ, direcionado aos leigos. O tema do instrumento

desenvolvido foi intitulado “Converso entre duas vizinhas” (anexo 16), a ser teatralizado

pelos acadêmicos e residentes do PSF. A abordagem foi feita no saguão e recepção dos PSFs,

com duração de 20 minutos, com dez minutos para a teatralização e dez minutos para a

Feedback, seguido de uma discussão aberta sobre o assunto. Os resultados esperados são de

autocuidado e empoderamento da população sobre as informações e entendimento dos riscos

de DT.

Ao final da exposição e feedback será oferecido um folder contendo as

informações básicas sobre a identificação e como proceder diante de uma DT de risco.

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Figura 7. Jornal Folha Verde de divulgação da Cooperativa Unimed Centro Sul Fluminense

aos seus cooperados

5. DISCUSSÃO

Considerando a frequência do sintoma DT no dia a dia de nossos hospitais e a sua

correlação com elevada mortalidade, faz-se necessário entender em que momento da cadeia

de atendimento o sistema de saúde falha e permite um cenário ainda letal para indivíduos na

sua maioria em fase produtiva de sua vida (MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999). Atentar

para os pontos de falha no circuito de abordagem do paciente com DT e consequentemente do

IAM salva vidas, a qualificação multidisciplinar dos profissionais, a educação permanente e a

utilização de índices de qualidade deve fazer parte do processo de uma unidade de emergência

de excelência. A esse processo de qualificação o nomeamos como projeto de ideologia, de

fluxo e entendimento das necessidades locais e não apenas de um espaço físico como é

difundido em inúmeras emergências nos cinco continentes.(MESQUITA ET e MESQUITA

CT, 1999)

Na busca por qualificação da abordagem da DT, acelerar o tempo até o

atendimento hospitalar é que resultará na instituição da terapêutica específica que salva vidas.

O acelerar os tempos no atendimento do paciente ou o encurtar os retardos na abordagem são

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os reais indicadores no processo de qualificação no atendimento da DT (BASSAN R e

GLIBER WB, 2001; STEG PG et al, 2012).

Na condição atual da medicina cardiovascular exercida pelo Sistema Único de

Saúde (SUS) dentro município de Vassouras e sua macro região, os recursos terapêuticos de

ponta estão disponíveis, permitindo um acesso à tecnologia avançada porém, existe um

grande retardo na chegada do paciente com DT ao hospital (retardo extra-hospitalar) e

também dentro do hospital (retardo intra-hospitalar) (POPE JH et al, 2000). Que benefício

existe em abrir uma coronária de um paciente infartado há 5 horas se o músculo

correspondente a coronária ocluída já está todo perdido? Enquanto não houver ações de

política de saúde para acelerar o tempo de chegada do paciente ao hospital e treinar as equipes

para acelerar o tempo perdido no circuito intra-hospitalar, de nada adiantará a tecnologia, as

distâncias temporais precisam ser encurtadas para que os gastos não sejam em vão e a

essência de salvar vidas não fique perdida. (MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999;

PIEGAS LS et al, 2015)

Acelerar os tempos e reduzir os retardos no âmbito intra-hospitalar passa

obrigatoriamente por repensar os fluxos de abordagem da DT vigente em nossas instituições.

Segundo MISAGLIA (2013) a aplicação do protocolo de fluxo na abordagem da DT em uma

Unidade de Emergência, agiliza e direciona o atendimento do paciente, encurta o tempo de

reconhecimento da origem da DT e otimiza a inserção de uma terapêutica adequada, com

consequente impacto imediato na mortalidade destes pacientes nas primeiras 12h de

atendimento; período de tempo em que a mortalidade chega a 60% no IAM (MISAGLIA MT

et al, 2013).

No contexto de acelerar os tempos, o TP-ECG é o considerado o grande “vilão”

no retardo intra-hospitalar ao atender o paciente com DT, responsável por 25% nos atrasos da

instituição da terapia fibrinolítica ou a angioplastia primária, duas modalidades terapêuticas

consideradas padrão-ouro para os pacientes que chegam com DT por infarto agudo do

miocárdio (DIECKERS DB ET AL, 2006; PHELAN MP 2009). Por esse motivo, o TP-ECG,

é considerado um item inicial de grande valor a ser qualificado em todos os passos do

processo de abordagem dos pacientes com DT, envolvendo a qualificação de todos os

profissionais pertinentes ao seu fluxo. Com retardos no TP-ECG não existe uma terapia ideal

e os riscos dos pacientes aumentam deliberadamente além do já pertinente a sua doença.

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A percepção de um grande retardo na abordagem da DT no HUV com TP-ECG

médio de 63 minutos em 2016 levou a equipe da UE a repensar o fluxo tradicional de entrada

desses pacientes dentro do HUV. O fluxo tradicional, segundo o protocolo de Manchester,

contribuiu em muito para aumentar o retardo no atendimento dos pacientes. Segundo

ATZEMA (2011), cerca de um terço de todos os pacientes com IAM receberam uma baixa

classificação pelos protocolos tradicionais de avaliação de risco e triagem, fato que foi

associado a um significativo retardo no TP-ECG e consequentemente no tempo de porta-balão

(angioplastia), levando-o a reestruturar o fluxo do paciente com DT em sua instituição,

criando para a DT uma categoria à parte, sinalizada sempre como situação de alto risco até

que a sua avaliação inicial provasse o contrário (ATZEMA CL et al, 2011).

Diante do questionamento dos tempos praticados no HUV, fruto do retardo intra-

hospitalar, o fluxo foi reestudado, discutido com os profissionais da UE e modificado

seguindo as necessidades locais, passando a ser utilizado então um protocolo de fluxo de

entrada mais rápido, resultando em um impacto positivo quanto a otimização do Tempo

Porta-ECG, uma queda média de 63% no tempo entre a chegada na recepção do hospital até a

realização do seu primeiro eletrocardiograma (ECG). PHELAN (2015) também observou uma

queda no Tempo Porta-ECG em 72 pacientes com infarto, redução de 21,3 minutos pré

inserção de protocolo rápido para 9,5 minutos na fase posterior, queda de 55% no Tempo

Porta ECG obtida com o treinamento de um novo fluxo de entrada do paciente (PHELAN et

al, 2015). O mesmo foi encontrado no trabalho de COYNE (2015) que, objetivando encurtar o

tempo porta-balão (chegada ao hospital até a realização de angioplastia), índice qualificador

da velocidade em que se institui a resposta terapêutica, utilizou como instrumento principal

para atingir esse objetivo, uma mudança no fluxo de recebimento e triagem de paciente com

DT focado em encurtar o TP-ECG dentro da EU (COYNE ET AL, 2015). Para COYNE

(2015), não se pode chegar a um tempo de excelência na terapêutica se não antes atingirmos a

excelência na triagem. Em sua análise 232 pacientes que chegaram com suspeita de IAM,

atingiram uma redução média de 43 para 30 minutos. Outro estudo documentou uma queda de

10 a 6,3 minutos, 63% de encurtamento no Tempo Porta-ECG (DIECKERS DB et al, 2006)

Portanto, apesar de longe da proposta de meta ideal de 10 minutos segundo os

protocolos do American College of Cardiology (DIECKERS DB ET AL, 2006), o

encurtamento do retardo no TP-ECG atingido no HUV foi fruto do entendimento da equipe

multidisciplinar de que a qualidade do atendimento da DT deveria ser melhor, desencadeando

a discussão para uma nova formatação, um novo caminho de chegada para o paciente com

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DT, tornando o acesso, o diagnóstico e a terapêutica mais rápidos e perspectiva futura de

tempos ainda menores.

5.1 APLICABILIDADE

5.1.1. A REDUÇÃO DO RETARDO EXTRA HOSPITALAR

A relevância de que o atendimento de DT deve ser agilizado em âmbito hospitalar

passa inicialmente por acelerar os retardos existentes no tempo extra-hospitalar pois, só assim,

teremos o paciente de risco dentro do hospital em um tempo curto e hábil para o melhor

tratamento, minimizando os riscos maiores pertinentes à primeira hora de dor. A

sensibilização da comunidade escolar e acadêmica do município de Vassouras, público alvo

da sensibilização neste trabalho, tem por objetivo utilizar um indivíduo culturalmente

diferenciado como instrumento disseminador da seguinte informação sobre DT: “como

reconhecer a queixa que representa risco de vida e consequentemente o motivo da necessidade

de precocemente vir para o hospital”. Este indivíduo, ciente dos riscos e da necessidade de vir

para o hospital, ao final da sensibilização, é convidado e estimulado a comprometer-se com o

processo de disseminação dessa informação, agindo como um elo replicador da sensibilização

em seus diferentes meios de convivência: escolas, universidade, ambiente religioso, parentes e

vizinhos. A informação é de suma importância e, para surtir o efeito de salvar vidas, a

sensibilização teve como objetivo fazer como ela transpusesse o muro da academia e chegasse

às comunidades; a grande beneficiária desta ação.

Outro instrumento proposto para atingir a população e de outra forma reduzir o

retardo extra hospitalar foi a criação de um texto, roteiro básico de uma teatralização, para ser

executado por acadêmicos e residentes aplicado à população dos seus respectivos PSFs

(anexo 6).

O desenvolvimento de um APP contendo as informações do risco da DT em uma

forma de QUIZ, assemelhando-se a um game, também é uma proposta interessante por se

tratar de mais um meio de acessar a população e que, de uma forma diferente, atinge milhões

de indivíduos, encurtando as distâncias físicas. A ideia é atingir tanto leigos como

profissionais de saúde em maior quantidade possível.

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5.1.2. A REDUÇÃO DO RETARDO INTRA-HOSPITALAR

Em um segundo momento, a ação de relevância e aplicabilidade foi, após verificar

o longo tempo de retardo no atendimento inicial da DT praticados no HUV, sensibilizar e

capacitar a equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, técnicos, acadêmicos de medicina

e recepcionistas) dos riscos impostos ao paciente a curto e à longo prazo quando retardamos

o atendimento de DT, informando-lhe o que se pratica de ideal (TP-ECG Ouro) em todo

mundo e quais as propostas de mudanças que cada um membro da equipe sugeria para

reduzirmos esse retardo.

Em decorrência da discussão gerada pelo processo de sensibilização, os pontos de

retardo foram identificados e um novo fluxo de entrada do paciente com DT foi proposto e

construído em consenso com toda a equipe, validando a adesão dos membros pelo simples

fato de se sentirem pertinentes a construção do processo. Após uma mudança concreta

estabelecida no fluxo, mais do que praticar um novo fluxo por praticar, todos entenderam a

necessidade vital de se acelerar o processo de abordagem, e todos entenderam o seu papel no

processo de otimização dos tempos.

A aplicabilidade do processo de treinamento no HUV e a inserção de um novo

fluxo não encontrou barreiras e, as que existiram, foram totalmente quebradas após o

colaborador da equipe entender os riscos e a necessidade de mudar. O processo de

treinamento foi de fácil execução a não ser a disponibilidade de ser levado à cada plantão

pois, do contrário, não atingiríamos a totalidade da equipe, condição necessária para validação

da mudança no âmbito da prática do dia a dia. O processo de criação e implemento de um

novo fluxo rápido na abordagem da DT é fácil e perfeitamente factível em qualquer ambiente

hospitalar, desde que o treinamento e o entendimento da sua necessidade seja levada a todos

os profissionais que fazem parte do fluxo de abordagem do paciente com DT. Como resultado

de relevância decorrente desse processo, houve um aceleramento do tempo hospitalar de

abordagem da DT, com consequente atenuação dos riscos inerentes ao processo de retardo.

5.1.3. O IMPACTO PARA A SOCIEDADE

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Em 1929 Samuel Levine inicia as primeira ações no tratamento do IAM à base de

morfina, seguida nos anos 60 anos com o advento das unidades coronarianas de um

importante redução na mortalidade advinda da redução das complicações elétricas, com a

mortalidade reduzida para 50% do que era praticado antes deste advento (MESQUITA ET e

MESQUITA CT, 1999). A partir dos anos 80, com a minimização da morte elétrica em

ambiente hospitalar, o dano do miocárdio, quantidade de músculo morto em decorrência da

obstrução coronariana por trombo passou a ser a grande preocupação no tratamento

hospitalar. Abrir a coronária passou a ser o grande objetivo para reduzir a mortalidade

hospitalar e permitir que a qualidade de vida do paciente com IAM no futuro fosse a melhor

possível e livre de insuficiência cardíaca. A redução da mortalidade com a terapia

trombolítica caiu de 15 % para 6% com o advento da streptoquinase (Trombolíticos) que,

quando feita na primeira hora de IAM promove uma redução da mortalidade para 1,6% (THE

GUSTO INVESTIGATORS, 1993).

A partir dos anos 90 as estratégias para a abertura das coronárias já estavam bem

estabelecidas, a preocupação agora era estendê-las para o maior número de pacientes

possíveis, evitando a morte elétrica no retardo extra hospitalar. A palavra com poder de salvar

vidas e melhorar a qualidade de vida futura para os pacientes infartados agora era reduzir os

retardos, tanto para chegada ao hospital quanto no atendimento hospitalar (MESQUITA ET e

MESQUITA CT, 1999). Nos tempos atuais a tecnologia e a qualidade de materiais para abrir

uma coronariana em muito melhorou porém, o encurtar tempos e a redução dos pontos de

retardos continua sendo o grande desafio, a informação com maior poder de salvar vidas

(DIECKERS DB et al, 2006). Não se pode abrir uma coronária se o paciente não chega ao

ambiente hospitalar, o atendimento rápido na primeira hora do IAM (Golden Hour) com a

abertura da coronária utilizando um trombolítico promove uma redução de mortalidade de

50% segundo o GISSI (1996), somente 11,5 % dos pacientes chegam com esse tempo dentro

de uma unidade de emergência, a abertura da coronária nesse intervalo de tempo contabiliza

72 vidas salvas em 1000 até a alta hospitalar e o efeito se prolonga por 10 anos, com 90 vidas

salvas em 1000 (GISSI, 1996).

A mudança do fluxo de abordagem da DT na UE do HUV não se trata de um

movimento isolado de executar um protocolo de agilidade, é peça fundamental na

qualificação do atendimento da DT e do IAM, o seu aceleramento tem repercussão direta na

redução da mortalidade, porém, o processo vai além dos muros do hospital, a luta contra o

contra o tempo deve ser um movimento pensado, envolvendo a educação da comunidade do

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município de Vassouras, um município pequeno que em um intervalo de no máximo 30

minutos a maioria dos seus moradores poderão estar dentro do hospital em caso de DT. Em

assim sendo, a abordagem da DT passa a ser muito mais segura tendo como ferramenta um

novo fluxo de abordagem rápida intra-hospitalar. Uma vez o paciente entrando rápido, toda a

equipe está pronta para acelerar os seus tempos promovendo um tratamento mais eficaz e em

tempo ideal para os casos graves como o IAM, e algumas horas de avaliação e alta, nos casos

em que não existir riscos. Segundo BAHR (2002) , estatisticamente devemos reforçar que a

terapia medicamentosa por si, isoladamente, não tem o poder de reduzir tanto a mortalidade

quanto chegar rápido a UE para aí sim, em condições ideais, aplicarmos a terapia

medicamentosa proposta e conseguirmos reduzir a mortalidade. O processo de educação da

comunidade utilizando a bandeira da necessidade de chegar rápido ao hospital em caso de DT

tem o potencial mágico de salvar 150.000 vidas por ano quando implementado, ativo e pleno.

(MESQUITA ET e MESQUITA CT, 1999; GISSI, 1986)

Ainda há nos dias de hoje um grande atraso na chegada do paciente ao hospital e

também no atendimento hospitalar, a solução para a redução da mortalidade do IAM não está

apenas na tecnologia; apesar dela, não conseguimos reduzir os valores de mortalidade

encontrados nos anos 90. A extensão dos benefícios da terapia de abertura da coronária no

IAM somente será possível se estiver contida em um processo educativo multidisciplinar

envolvendo leigos, profissionais da área de saúde, política pública de saúde, interação com a

comunidade, reavaliação das estratégias de abordagem hospitalar, novos fluxos, rotinas

redimensionadas e muito esforço educativo por parte das entidades políticas e o meio

acadêmico.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2017) o IAM é a doença que

mais mata no mundo, mais que câncer, mais que doenças infecciosas e mais que acidentes de

trânsito, e a DT, por conseguinte, o sintoma mais frequentes em todas as unidades de

emergências, sinal de alerta para o diagnóstico do IAM portanto, precisamos de novas

lideranças e nova direção para mudar esse curso pois, somente a educação tem o poder de

realizar a mudança na história de mortalidade do IAM, um grande desafio da medicina

preventiva para os novos tempos. Não foi gasto uma linha se quer dessa dissertação para falar

em medicamentos revolucionários e caros, não foi gasto uma linha se quer dessa dissertação

para falar sobre dispositivos tecnológicos sofisticados, foi falado tão somente de informação,

instrumento mágico, totalmente disponível para qualquer local do Brasil e associada a uma

valiosa capacidade de salvar milhões de vidas pelo mundo (GISSI, 1986).

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6. CONCLUSÕES

Concluímos que tanto a capacitação quanto a implementação de um novo fluxo de

entrada do paciente com DT na Unidade de Emergência do HUV contribuiu de forma

marcante para redução no tempo de retardo intra-hospitalar (TP-ECG) em um curto espaço de

tempo.

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of a chest pain diagnostic protocol to exclude acute cardiac ischemia in the emergency

department. Arch Intern Med. 1997;157: 1085-1091.

8. ANEXOS

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ANEXO 1. COMITÊ DE ÉTICA

ANEXO 2. FORMALIZAÇÃO DO FLUXO PELO HUV.

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ANEXO 3. CONTRATO DE PARCERIA COM A UNIMED CENTRO SUL FLUMINENSE

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ANEXO 4. TCLE – MÉDICO DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA DO HUV

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ANEXO 5. PROTOCOLO DE TREINAMENTO: AS DIFERENTES VERSÕES

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ANEXO 6. ROTEIRO TEATRALIZAÇÃO NOS PSF

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“Conversa entre Duas Vizinhas”

D. Maria: Sabe Ana, tenho sentido uma coisa muito estranho no meu peito, toda vez que eu

vou varrer o quintal de casa eu fico com uma dor no peito forte, a sorte é que ela passa rápido.

D. Ana: Maria, tome cuidado com isso, esses dias vi um dotô de coração falando na TV, ele

disse que dor no peito é pra procura o médico.

D. Maria: agora preocupei Ana!!

D. Ana: como é a tal dor, Maria?

D. Maria: é uma sensação de aperto no meio do peito, é forte (fazer o sinal de Levine) como

se tivesse algo pesando no meio do peito, corre para o meu braço e minhas costas, as vezes dá

falta de ar e vontade de vomitar, teve um dia que ficou mais forte e eu até suei frio.

D. Ana: Nossa da Roça Maria!!! Essa dor é exatamente a dor que ele disse ser a dor coração.

Não dá mole nisso não Maria.

Ele disse também que essa dor é um aviso ruim de que coisa pior, como o tal do infarto pode

chegar. Como se fosse um mal agoro, entende.

D. Maria: ai minha Nossa Senhora Aparecida me protege!

D. Ana: outra coisa que ele disse Maria é que a hora que sentir essa dor é pra ir pra

emergência e não pro postinho pois, só lá tem recurso pra acudir. A coisa pode piorar e a

pessoa apagar, desmaiar mesmo, então é melhor ir para lá, é mais seguro.

D. Maria: num me assusta com isso não Ana. Afinal, você não é minha amiga?

D. Ana: Por ser sua amiga é que eu tô te falando isso.

No final o dotô disse assim: dor no peito é pra ir pra emergência e rápido, pois é comum a

coisa complicar e ficar feia. Não enrole, quanto mais rápido chegar no hospital mais segura a

coisa fica. Parece que ficar rápido salva vida.

D. Maria: ihhhh! vou então procurar o médico hoje mesmo.

D. Ana: Huumm! Então Maria acho que temos a obrigação de passar esse recado pra todos os

nossos vizinhos e pra família também. Assim como serviu pra te ajudar, servirá pros outros.

Fui Maria, o papo tá bão mas o feijão tá queimando.