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Língua Portuguesa Provas FCC Profª. Flávia Rita www.prolabore.com.br 1 PROVA 1 FCC/TRF/1ªR/TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMINISTRATIVA/2011 Nesta prova, considera-se uso correto da língua portuguesa o que está em conformidade com o padrão culto escrito. Atenção: Para responder às questões de números 1 a 8, considere o texto abaixo. 1 5 10 15 20 25 30 35 De dezembro de 1951 a abril de 1974, a aventura brasileira de Elizabeth Bishop estendeu-se por 22 anos – alguns deles, os anos finais, vividos em Ouro Preto, sobretudo após a morte de Lota de Macedo Soares, sua companheira, em 1967. A cidade não tomou conheci- mento da grande escritora americana, cujo centenário de nascimento se comemorou dias atrás. Nós, os então jovens escritores de Minas, também não. Hoje leitor apaixonado de tudo o que ela escreveu, carrego a frus- tração retroativa de ter cruzado com Elizabeth em Ouro Preto sem me dar conta da grandeza de quem ali esta- va, na sua Casa Mariana - estupenda edificação por ela batizada em homenagem à poeta Marianne Moore, sua amiga e mestra. Consolam-me as histórias que saltam de seus livros e, em especial, da memória de seus (e meus) amigos Linda e José Alberto Nemer, vinhetas que juntei na tentativa de iluminar ainda mais a perso- nagem retratada por Marta Goes na peça Um Porto para Elizabeth. Algumas delas: * Ela adorava aquela casa, construída entre 1698, dois anos após a descoberta do ouro na região, e 1711, quando Ouro Preto foi elevada à condição de vila. Comprou-a em 1965 e não teve outra na vida, a não ser o apartamentinho de Boston onde morreria em 1979. Tinha, dizia, “o telhado mais lindo da cidade”, cuja forma lhe sugeria “uma lagosta deitada de bruços”. Bem cui- dada, a casa, agora à venda, pertence aos Nemer des- de 1982. * “Gosto de Ouro Preto”, explicou Elizabeth ao poeta Robert Lowell, “porque tudo lá foi feito ali mesmo, à mão, com pedra, ferro, cobre e madeira. Tiveram que inventar muita coisa - e tudo está em perfeito estado há quase 300 anos”. (Humberto Werneck. “Um porto na Montanha”. O Estado de S. Paulo. Cidades/Metrópole. Domingo, 13 de fevereiro de 2011, C10) 1. É correto afirmar que interessa a Humberto Werneck a) retratar a vivência de Elizabeth Bishop em Ouro Preto, durante os 22 anos em que morou na cidade mineira. b) enaltecer a obra da escritora Elizabeth Bishop, cujos poemas o entusiasmaram desde quando era um jovem escritor. c) mostrar que, embora tardiamente, privou da intimidade da poeta, tendo tido acesso, inclusive, a cenas da vida privada de Elizabeth Bishop. d) proporcionar, por meio de breves registros, ângulos de observação que possam mais revelar sobre Elizabeth Bishop, além do que uma peça já expõe sobre a poeta. e) fazer um balanço da vida e obra da escritora Elizabeth Bishop, com base em cenas que ele presenciou ou que lhe foram narradas por quem as vivenciou junto à poeta.

Prova 1

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PROVA 1 FCC/TRF/1ªR/TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMINISTRATIVA/ 2011 Nesta prova, considera-se uso correto da língua portuguesa o que está em conformidade com o padrão culto escrito. Atenção: Para responder às questões de números 1 a 8, considere o texto abaixo.

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De dezembro de 1951 a abril de 1974, a aventura brasileira de Elizabeth Bishop estendeu-se por 22 anos – alguns deles, os anos finais, vividos em Ouro Preto, sobretudo após a morte de Lota de Macedo Soares, sua companheira, em 1967. A cidade não tomou conheci- mento da grande escritora americana, cujo centenário de nascimento se comemorou dias atrás. Nós, os então jovens escritores de Minas, também não. Hoje leitor apaixonado de tudo o que ela escreveu, carrego a frus- tração retroativa de ter cruzado com Elizabeth em Ouro Preto sem me dar conta da grandeza de quem ali esta- va, na sua Casa Mariana − estupenda edificação por ela batizada em homenagem à poeta Marianne Moore, sua amiga e mestra. Consolam-me as histórias que saltam de seus livros e, em especial, da memória de seus (e meus) amigos Linda e José Alberto Nemer, vinhetas que juntei na tentativa de iluminar ainda mais a perso- nagem retratada por Marta Goes na peça Um Porto para Elizabeth. Algumas delas: * Ela adorava aquela casa, construída entre 1698, dois anos após a descoberta do ouro na região, e 1711, quando Ouro Preto foi elevada à condição de vila. Comprou-a em 1965 e não teve outra na vida, a não ser o apartamentinho de Boston onde morreria em 1979. Tinha, dizia, “o telhado mais lindo da cidade”, cuja forma lhe sugeria “uma lagosta deitada de bruços”. Bem cui- dada, a casa, agora à venda, pertence aos Nemer des- de 1982. * “Gosto de Ouro Preto”, explicou Elizabeth ao poeta Robert Lowell, “porque tudo lá foi feito ali mesmo, à mão, com pedra, ferro, cobre e madeira. Tiveram que inventar muita coisa − e tudo está em perfeito estado há quase 300 anos”.

(Humberto Werneck. “Um porto na Montanha”. O Estado de S. Paulo. Cidades/Metrópole. Domingo, 13 de fevereiro de 2011, C10)

1. É correto afirmar que interessa a Humberto Werneck a) retratar a vivência de Elizabeth Bishop em Ouro Preto, durante os 22 anos em que morou na cidade mineira. b) enaltecer a obra da escritora Elizabeth Bishop, cujos poemas o entusiasmaram desde quando era um jovem

escritor. c) mostrar que, embora tardiamente, privou da intimidade da poeta, tendo tido acesso, inclusive, a cenas da vida

privada de Elizabeth Bishop. d) proporcionar, por meio de breves registros, ângulos de observação que possam mais revelar sobre Elizabeth

Bishop, além do que uma peça já expõe sobre a poeta. e) fazer um balanço da vida e obra da escritora Elizabeth Bishop, com base em cenas que ele presenciou ou que

lhe foram narradas por quem as vivenciou junto à poeta.

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2. É correta a seguinte afirmação: a) (linha 3) as expressões alguns deles e os anos finais remetem ao mesmo intervalo de tempo. b) (linha 4) sobretudo equivale a “ainda que”. c) (linhas 5 e 6) outra redação para não tomou conhecimento da grande escritora estaria também correta assim

“não deu importância a grande escritora”. d) (linha 7) a substituição de dias atrás por “fazem dias” mantém a correção original. e) (linha 7) o emprego de então sinaliza que os jovens não atuam mais em Minas. 3. Hoje leitor apaixonado de tudo o que ela escreveu, carrego a frustração retroativa de ter cruzado com Elizabeth em Ouro Preto sem me dar conta da grandeza de quem ali estava, na sua Casa Mariana − estupenda edificação por ela batizada em homenagem à poeta Marianne Moore, sua amiga e mestra.

Considerado o fragmento acima transcrito, entende-se corretamente que Humberto Werneck a) lastima não ter tido a oportunidade de encontrar-se numa rua de Ouro Preto com a grande escritora Elizabeth

Bishop. b) se queixa de ter sido sempre imaturo, como leitor, para dar o devido valor à produção poética de Elizabeth

Bishop. c) admite que, no momento de sua fala, reconhece o grande valor de Elizabeth, o que o faz, então, considerar uma

perda o fato de ter feito essa constatação tão tarde. d) faz confissão de culpa por falha do passado, quando ele e outros jovens de Ouro Preto não deram apoio a

Elizabeth, principalmente quando teve grande perda afetiva. e) confessa admiração entusiasmada pela grandeza atual de Elizabeth e, fazendo uma retrospectiva, lastima que o

talento da poeta tenha permanecido muito tempo incubado. 4. Consolam-me as histórias que saltam de seus livros e, em especial, da memória de seus (e meus) amigos Linda e José Alberto Nemer, vinhetas que juntei na tentativa de iluminar ainda mais a personagem retratada por Marta Goes na peça Um Porto para Elizabeth. Algumas delas:

Levando em conta o trecho acima transcrito, é correto afirmar: a) o segmento Consolam-me as histórias que saltam de seus livros apresenta verbo em voz passiva. b) retirando-se a vírgula depois do e − em e, em especial, −, a correção da frase fica preservada. c) a palavra vinhetas remete, exclusivamente, às histórias contadas pelos amigos Linda e José. d) a expressão na tentativa de exprime apenas um vago desejo, não uma finalidade. e) o emprego de ainda mais permite que se subentenda a ideia de que Marta Goes muito elucidou sobre Elizabeth

Bishop. 5. No segundo parágrafo, a forma verbal que designa um evento posterior à época em que a poeta viveu no Brasil é: a) (linha 21) adorava. b) (linha 23) foi elevada. c) (linha 24) Comprou-a. d) (linha 25) morreria. e) (linha 26) Tinha. 6. É correto afirmar: a) o contexto evidencia inquestionavelmente que apartamentinho (linha 25) foi empregado em sentido pejorativo,

denotando desprezo pela vida americana. b) as aspas (linhas 26 e 27) indicam que os segmentos foram empregados com sentido irônico. c) o pronome lhe (linha 27), em cuja forma lhe sugeria, poderia ser deslocado para depois do verbo, sem

comprometer a correção. d) a substituição de à venda (linha 28) por “a ser vendida” mantém a correção da frase. e) a substituição de Bem cuidada (linhas 27 e 28) por “Mau cuidada” preserva a correção do segmento. 7. Considere a frase original e a frase que a reformula.

Tinha, dizia, “o telhado mais lindo da cidade”, cuja forma lhe sugeria “uma lagosta deitada de bruços”.

Ela dizia que tinha o telhado mais lindo da cidade, pois a forma dele lhe sugeria uma lagosta deitada de bruços. Na nova redação, a) nenhuma informação se perdeu, considerado o texto original. b) o emprego de “Ela” foi necessário, pois é o único modo de se saber quem é o falante. c) um traço descritivo do texto original foi apresentado como o “motivo” da apreciação de Elizabeth. d) constitui erro a palavra “pois” não vir seguida de uma vírgula. e) a vírgula poderia ser substituída por um ponto e vírgula, sem interferência alguma no fluxo da leitura.

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8. “Gosto de Ouro Preto”, explicou Elizabeth ao poeta Robert Lowell...

No segmento acima, o verbo “gostar” está empregado exatamente com a mesma regência com que está empregado o verbo da seguinte frase: a) Os manifestantes de todas as idades desfilaram pelas ruas da cidade. b) Não junte este líquido verde com aquele abrasivo. c) A casa pertence aos Nemer desde 1982. d) Patrocinou o evento do último sábado. e) Encontraram com um comerciante essas anotações. Atenção: Para responder às questões de números 9 a 11, considere o texto abaixo.

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Os pais zelosos costumam fazer grandes esforços pela educação de seus filhos e buscam, de muitas ma- neiras, ajudar na sua aprendizagem. O mais importante que podem fazer, porém, está dentro de casa, diuturna- mente. O acesso e o apreço a bens culturais, especial- mente livros, são fundamentais. A quantidade de livros que o aluno tem em casa é apontada, em diversos es- tudos, como uma das mais importantes variáveis expli- cativas para seu desempenho. É claro que não basta ter livros: é preciso lê-los, e viver em ambiente em que o conhecimento é valorizado. Alunos que leem mais têm desempenho melhor, importando pouco o que leem: a correlação é observada para livros, jornais e revistas. Alunos que tiveram pais que leram para eles na tenra in- fância têm melhor desempenho. Pais envolvidos com a vida escolar dos filhos e que os incentivam a fazer o de- ver de casa têm impacto positivo (curiosamente, o em- volvimento dos pais no ambiente escolar tem-se mos- trado irrelevante). Porém, pais que fazem o dever de ca- sa com (ou pelo) seu filho provocam piora no desempe- nho acadêmico, por melhores que sejam as intenções.

(Adap. de Gustavo Ioschpe. “Como os pais podem ajudar na aprendizagem dos filhos”. VEJA . ed. 2204, ano 44, n. 7, 16 de fevereiro de 2011, p. 94-95)

9. Compreende-se corretamente do texto: a) as orientações paternas são de grande valia para o futuro dos filhos, se forem dadas no estrito espaço do

ambiente familiar. b) a existência, dentro de casa, de uma grande biblioteca a que o jovem possa recorrer quando tiver alguma

curiosidade assegura seu futuro bom desempenho como leitor. c) a aprendizagem de um aluno pode ser significativamente facilitada, se seus pais determinarem período − diurno

ou noturno − para que se entretenha com livros em casa. d) pais que propiciam o convívio de seu filho com livros e, também, por exemplo, com as artes plásticas e a

música, favorecendo o reconhecimento do valor dessas manifestações, contribuem para o desempenho positivo do jovem.

e) pode haver variações de competência, mas os jovens que leem em ambiente especialmente preparado para tarefas do conhecimento − como a biblioteca − valorizam as atividades culturais e buscam desempenhá-las melhor.

10. O texto legitima o seguinte entendimento: a) livros, jornais e revistas equivalem-se no estabelecimento da equação “mais leitura, melhor desempenho”, que

expressa a atuação de alunos. b) a quantidade de livros efetivamente lidos por um aluno é, na realidade, o fator determinante do bom

desempenho, pouco implicando a qualidade da leitura realizada. c) alunos que foram alfabetizados na tenra infância, pelos pais, revelam melhor desempenho no processo de

aprendizagem. d) as boas intenções dos que coordenam o processo de aprendizagem não bastam para garantir o futuro bom

desempenho do aluno, sendo útil, então, a interferência dos pais. e) a presença dos pais tanto em casa, durante a realização das tarefas do aluno, quanto na escola, durante o

período de aulas, é fator prejudicial ao rendimento.

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11. A alteração que preserva o sentido original do texto é a de a) (linhas 2 e 3) de muitas maneiras por “diversamente”. b) (linha 4) porém por “portanto”. c) (linha 5) O acesso e o apreço por “A posse”. d) (linha 7) apontada por “recomendada”. e) (linha 19) irrelevante por “pouco influente”. 12. As palavras estão corretamente grafadas na seguinte frase: a) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros

nos aeroportos. b) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade, mas nada que ponha em cheque sua reputação de

pessoa cortês. c) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de descançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio. d) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa pode estar sendo o grande impecilho na superação dessa

sua crise. e) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de

privilégios ilegítimos. 13. A palavra destacada está empregada corretamente em: a) Ele é o guardião dos reptis que estão sendo estudados. b) Com esse cálculo financeiro, o banco aleja os clientes. c) Se eu me abster, haverá empate na votação. d) Os guarda-noturnos serão postos na formalidade. e) Essa máquina mói todos os detritos. 14. Dentre as frases abaixo, a que está redigida de modo claro e correto é: a) Do mar de queixas emergiu a relativa aos anciãos, e houve senhoras que se insurgiram contra o prefeito, dado o

flagrante ultraje a que são submetidos no atendimento. b) Eles estão chegando perto à solução do problema que incessantemente demoli tantos projetos, por isso é

importante que todos nós, sem exceção, fazemos a nossa parte. c) Sobre as questões raciais, educacionais, gênero e de prevenção de doenças que compõe o rol, ele nada disse,

para que ninguém supusesse algum interesse próprio. d) Dentre as ideias que o texto apresenta, uma que eu considero mais significativo é aquela de que se tratam as

reinvindicações dos funcionários mais mal remunerados. e) Se as pessoas desde a infância, for conscientizada que somos todos iguais, não tinham tantas formas de

exclusão social que existe no meio da adolescência. 15. É clara e correta a seguinte redação: a) Na seção em que passou a trabalhar, o cenário de intrigas e favorecimentos vários, que o incomoda e quase o

enlouquece, pois lhe parecem infernal. b) Ela sempre duvidou que o marido compusesse uma canção de tal fascínio, mas ele o fez exatamente para

surpreender a esposa, à qual muito devia de sua trajetória artística. c) É o relato de um passeio que o pretenso advinho fez com dois amigos, o qual, no momento em que passavam

por uma ponte, o céu cobriu-se de nuvens negras. d) Não há dúvidas de que têm-se um avanço tecnológico e científico nessa área, mas os professores e alunos até

chegam a temer esse mundo que os cercam. e) São muitas as entidades que militam nesse âmbito para qual prestei assessoria, mas não tenho a presunsão de

ter conquistado algum prestígio em alguma delas.

RESPOSTAS

001 - D 003 - C 005 - D 007 - C 009 - D 011 - E 013 - E 015 - B 002 - A 004 - E 006 - D 008 - C 010 - A 012 - A 014 - A

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PROVA 2 FCC/TRF/1ªR/ANALISTA JUDICIÁRIO ÁREA JUDICIÁRIA/201 1 Nesta prova, considera-se uso correto da língua portuguesa o que está em conformidade com o padrão culto escrito. Atenção: Para responder às questões de números 1 a 6, considere o texto abaixo.

Assim como os antigos moralistas escreviam máximas, deu-me vontade de escrever o que se poderia chamar de mínimas, ou seja, alguma coisa que, ajustada às limitações do meu engenho, traduzisse um tipo de experiência vivida, que não chega a alcançar a sabedoria mas que, de qualquer modo, é resultado de viver.

Andei reunindo pedacinhos de papel em que estas anotações vadias foram feitas e ofereço-as ao leitor, sem que pretenda convencê-lo do que penso nem convidá-lo a repensar suas ideias. São palavras que, de modo canhestro, aspiram a enveredar pelo avesso das coisas, admitindo-se que elas tenham um avesso, nem sempre perceptível mas às vezes curioso ou surpreendente.

C.D.A. (Carlos Drummond de Andrade. O avesso das coisas [aforismos]. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 3)

1. Nas palavras que prefaciam sua obra, Carlos Drummond a) compara-se aos antigos moralistas por também preconizar, em seus escritos, normas de comportamento. b) desqualifica a produção de antigos moralistas ao chamar de “mínimas” o que eles denominavam

“máximas”. c) assume, bem humorado, não ter a sabedoria de traduzir em palavras a sua experiência, que, em si, gera

conhecimento elevado. d) deixa entrever seu entendimento de que qualquer vivência produz justo conhecimento, até as tímidas ou

desajeitadas, até as não convencionais. e) defende a exploração de ângulos obscuros da vida, lugar em que, de modo secreto, se agasalham as

verdades que constituem a legítima sabedoria. 2. Está traduzida corretamente a seguinte expressão do texto: a) os antigos moralistas escreviam máximas / os filósofos da Antiguidade compunham poemas didáticos. b) alguma coisa que, ajustada às limitações do meu engenho / algo que se ajustasse exclusivamente à minha

capacidade criativa. c) em que estas anotações vadias foram feitas / nos quais estes breves e casuais escritos foram registrados. d) sem que pretenda convencê-lo do que penso / negando que ele aceite meus pensamentos. e) São palavras que [...] aspiram a enveredar pelo avesso das coisas / são termos que concretizam o desejo

de desnudar só o lado nocivo das coisas. 3. Sobre o que se tem no texto, afirma-se com correção: a) o emprego de Andei colabora para que se imprima à frase um aspecto durativo, tal como ocorre em “Anda

a reclamar de tudo, depois que ele viajou”. b) a expressão ou seja introduz explicação acerca do que seria a vontade de escrever. c) o segmento o que se poderia chamar de mínimas expressa possibilidade bastante improvável, dado o

caráter aleatório do nome proposto. d) se a expressão pedacinhos de papel fosse substituída por uma única palavra, estaria correto o emprego de

“papelzinhos”. e) reorganizando a frase ajustada às limitações do meu engenho, ela estaria correta assim “ajustada à mim,

se for levado em conta as limitações do meu engenho”. 4. ... que não chega a alcançar a sabedoria mas que, de qualquer modo, é resultado de viver. Iniciando o segmento acima com “que, de qualquer modo, é resultado de viver”, a sequência que preserva o sentido original e a correção é: a) porém não chega a alcançar a sabedoria. b) ainda que não chegue a alcançar a sabedoria. c) e não chega assim a alcançar a sabedoria. d) considerando que não chega a alcançar a sabedoria. e) sendo o caso que não chegue a alcançar a sabedoria.

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5. ...em que estas anotações vadias foram feitas... Observando o contexto em que a frase acima foi empregada, a sua transposição para a voz ativa produz corretamente a seguinte forma verbal: a) fizeram-se. b) tinha feito. c) fiz. d) faziam. e) poderia fazer. 6. ...admitindo-se que elas tenham um avesso... Respeitando a situação em que foi empregada a frase acima, a ÚNICA reformulação INCORRETA para o segmento destacado é: a) no caso de se admitir que. b) caso se admita que. c) tomando-se como pressuposto que. d) visto que é patente que. e) aceitando como hipótese que. Atenção: As composições a seguir estão entre as “anotações” de Carlos Drummond de Andrade na mesma obra de que se extraiu o texto anterior. Considera-as para responder às questões de números 7 e 8.

Rei O rei nunca está nu no banho; cobre-se de adjetivos.

* Ao tornar-se carta de baralho, e não o baralho inteiro, o rei propicia o advento da República.

(Carlos Drummond de Andrade. O avesso das coisas [aforismos]. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 193) 7. Sobre as composições acima, é plausível a seguinte interpretação: a) a palavra Rei, que significa “ chefe de Estado investido de realeza; príncipe soberano de um reino;

monarca”, sinaliza que as sentenças do autor, exclusivamente de sentido literal, expressam pensamentos restritos a esse tipo de soberano.

b) o emprego de cobre-se impõe o entendimento de que o rei é sempre o agente da ação em que está envolvido, cabendo à corte contemplá-lo, inclusive na intimidade.

c) a palavra adjetivos remete às qualificações elogiosas que revestem a figura dos que detêm o poder, sugerindo tanto que o poderoso se afasta de sua real natureza, quanto a prática da bajulação.

d) a consideração da carta de baralho, em oposição ao baralho inteiro, conduz ao entendimento de que a renúncia à realeza é encarada como a perda máxima da dignidade.

e) a frase o rei propicia o advento da República é de teor hipotético, equivalendo a forma verbal a “propiciaria”, visto que Ao tornar-se corresponde a “Caso se tornasse”.

8. Contribuem para que as “anotações” de Carlos Drummond enunciem observação de valor geral o emprego a) do presente do indicativo e dos artigos “o” e “a”. b) dos artigos “o” e “a” e do plural, em adjetivos. c) do plural, em adjetivos, e do mesmo título para duas distintas composições. d) do mesmo título para duas distintas composições e da formulação breve − duas pequenas linhas em cada

composição. e) da formulação breve − duas pequenas linhas em cada composição − e do plural, em adjetivos.

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Atenção: Para responder às questões de números 9 a 13, considere o texto abaixo.

A aproximação das duas Américas

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Ufano-me de falar nesta instituição, digna da cidade que, pelo seu crescimento gigantesco, vem assombrando o mundo como a mais avançada de todas as estações experimentais de americanização. Em Chicago, melhor do que em qualquer outro ponto, pode-se acompanhar o processo sumário que usais para conseguir, de plantas alienígenas, ao fim de curto estágio de aclimação, frutos genuinamente americanos. Aqui estamos em frente de uma das cancelas do mundo, por onde vêm entrando novas concepções sociais, novas formas de vida e que é uma das fontes da civilização moderna. O tributo à ciência do qual nasceu esta universidade foi o mais benfazejo emprego de uma fortuna dedicada à humanidade. Aumentar a velocidade com que cresce a ciência é de longe o maior serviço que se poderia prestar à raça humana. A própria religião não teria o poder de trazer à terra o reino de Deus sem o auxílio da ciência, na época de progresso que se anuncia e de que não podemos ainda fazer ideia. Aumentando o número de homens capazes de manejar os delicados instrumentos da ciência, de compreender-lhes as várias linguagens e de aproveitar-lhes os mais altos sentidos, as universidades trabalham mais depressa que qualquer outro fator para esse dia de adiantados conhecimentos que, no futuro, hão de transformar por completo a condição humana.

(Conferência pronunciada por Joaquim Nabuco a 28 de agosto de 1908 na Universidade de Chicago. Essencial Joaquim Nabuco. Organização e introdução de Evaldo Cabral de Mello. São Paulo: Penguin Classics, Companhia das Letras, 2010, p. 548)

9. Em seu discurso, Joaquim Nabuco a) dá sequência à ideia inicial − Ufano-me de falar nesta instituição − pela minuciosa descrição dos

sentimentos que o consternam naquele momento. b) ressalta os aspectos que, segundo seu julgamento, motivam o fato de Chicago, naquele momento, vir

assombrando o mundo. c) faz um enérgico tributo à ciência, objeto principal de suas considerações, sem conseguir disfarçar certo

ressentimento de americano do sul. d) atribui à religião o adequado encaminhamento da ciência, de que resultam as propícias possibilidades

deste campo de conhecimento. e) expressa temor pelos futuros aspectos negativos do progresso, de que dependeriam as transformações da

condição humana. 10. Na organização do texto, é apresentado como causa o seguinte segmento: a) (linha 1) pelo seu crescimento gigantesco. b) (linha 1) vem assombrando o mundo. c) (linha 3) pode-se acompanhar o processo sumário. d) (linha 4) Aqui estamos em frente de uma das cancelas do mundo. e) (linhas 4 e 5) por onde vêm entrando novas concepções sociais. 11. O autor, ao empregar o segmento a) às estações experimentais de americanização, revela entender que o norte-americano, à época, ainda não

tinha desenvolvido o sentimento de nacionalidade. b) melhor do que em qualquer outro ponto, nega a possibilidade de que haja mais de uma estação americana

em que se produzam frutos genuinamente nacionais. c) pode-se acompanhar o processo sumário, insinua crítica ao processo citado, por não respeitar o necessário

protocolo. d) para conseguir, de plantas alienígenas, ao fim de curto estágio de aclimação, frutos genuinamente

americanos, exemplifica o que concebe por americanização. e) estamos em frente de uma das cancelas do mundo, advoga para Chicago a legítima autoridade para acatar

ou condenar uma conquista científica americana. 12. Sobre o que se tem no texto, afirma-se com correção: a) (linha 7) O emprego de própria torna mais decisivo o argumento a favor do auxílio prestado pela ciência. b) (linhas 8 e 9) Em de que não podemos ainda fazer ideia, o termo destacado equivale a “ao menos”, tal

como se nota em “Ainda se aceitassem me receber, poderia justificar-me”. c) (linha 9) É aceitável o entendimento de que Aumentando equivale a “Se aumentassem”. d) (linhas 9 e 10) Em de compreender-lhes as várias linguagens, o pronome remete a homens capazes. e) (linha 11) O segmento qualquer outro fator é legitimado pelo padrão culto escrito, como também o é a

seguinte estrutura: “quaisquer que seja os fatores”.

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13. Em Chicago, melhor do que em qualquer outro ponto, pode-se acompanhar o processo sumário que usais para conseguir, de plantas alienígenas, ao fim de curto estágio de aclimação, frutos genuinamente americanos. Na frase acima, a) um deslocamento que alteraria substancialmente o sentido original seria este: “Melhor do que em qualquer

outro ponto, pode-se acompanhar, em Chicago...” b) o emprego da forma verbal usais confirma que, em seu discurso, Joaquim Nabuco dirige-se ao interlocutor

com o pronome de tratamento “Vossa Excelência”. c) o segmento para conseguir estaria corretamente substituído por “para que seja conseguido”. d) a preposição de, em de plantas alienígenas, expressa ideia de procedência. e) substituindo ao fim de curto estágio de aclimação por “finalizando a fase probatória da aclimatação”, a

correção e o sentido originais estariam preservados. 14. Dentre as frases abaixo, a única clara e correta é: a) Ao promover e colaborar com a compreenção desses problemas associados a aspectos tanto étnico quanto

sociais, de cujo enfrentamento tanto se depende, ele fica feliz. b) É ele quem responde pela mediação e interlocução de sua comunidade com os agentes públicos, e isso

parece ser um alento para voltarem acreditar numa utopia. c) Sempre foi excessiva a dor associada às minhas dificuldades, mas, com o amadurecimento intelectual e o

trabalho como educador, fez-me ver que isso só me fortaleceu. d) Daqui a pouco deve haver nova onda de ataques, como se anunciou, desencadeado pelos grupos mais

radicais, que expontaneamente assumiram o iminente litígio. e) Os extratos das suas contas-correntes comprovam como são exíguos os recursos de que dispõe, prova

inconteste de que dilapidou sua herança, em total menosprezo àqueles que o criaram. 15. Está redigida de modo claro e em conformidade com o padrão culto escrito a seguinte frase: a) Idôneo, com extraordinário senso de medida, e sempre atuando com discrição, era o mais cotado para

ascender ao cargo a cuja disputa ninguém jamais se furtava. b) Quem quizesse afagar o ego do velho casmurro, lhe bastava oferecer dois dedos de prosa e toda a

paciência para ouvir-lhe em suas detalhadas lembranças do tempo da guerra. c) A estrutura do setor de compras possui aspectos que sem dúvida, faz o funcionário perder-se ao fazer os

lançamentos, deixando para a chefia que o façam. d) Todos devem ter o direito da integração cultural, o que depende, em última instância, dos que tomam

decisões respeitarem o princípio universal da igualdade de oportunidades. e) Surpreende a proposta feita anteontem, na diretoria pela secretária geral, segundo a qual, porque não

prouvemos o depósito de material de limpeza, tenhamos de providenciá-lo a nossas próprias expensas.

RESPOSTAS

01 – D 03 – A 05 – C 07 – C 09 – B 11 – D 13 – D 15 – A 02 – C 04 – B 06 – D 08 – A 10 – A 12 – A 14 – E

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PROVA 3 FCC/TRT/3ªR/TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMINISTRATIVA/ 2009 Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto seguinte.

Responsabilidade fiscal

Para disciplinar a aplicação do dinheiro público e regulamentar os limites de endividamento, foi promulgada em 2000 a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A aprovação da LRF é, nos últimos anos, a maior modificação na gestão das finanças públicas no Brasil. Ela é um manual de regras sobre como administrar as contas públicas, inspirado no Código de Boas Práticas para a Transparência Fiscal, do Fundo Monetário Internacional (FMI). Suas principais inovações são: fixar limites para as despesas com pessoal; estabelecer regras que obrigam os poderes a indicar de onde virão as receitas para fazer frente às despesas que suas iniciativas implicam; definir regras para a criação e a administração de dívidas públicas. Além disso, estabelece normas e prazos para a divulgação das contas públicas aos cidadãos, facilitando, assim, a fiscalização dos poderes pelo povo.

Quem desobedecer à LRF se arrisca a perder o mandato, os direitos políticos, a pagar pesadas multas e até a ser preso. Ela viabiliza a fiscalização pela oposição e pela sociedade, que passaram a ter acesso aos números e às contas públicas. A lei autoriza, ainda, qualquer cidadão a entrar com uma ação judicial pedindo seu cumprimento. Outro objetivo da lei é que ela se torne um obstáculo à corrupção, por meio do controle público do orçamento.

Mas muitos municípios alegam dificuldade para se adaptar à legislação, em especial por causa da alta soma que tem de ser comprometida com o pagamento de dívidas passadas. Os prefeitos queixam-se de que suas despesas aumentaram muito desde que assumiram os gastos com o ensino fundamental e o atendimento básico de saúde, como determina a Constituição de 1988.

(Almanaque Abril 2009, p. 60) 1. A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê duras sanções para quem a) contrair dívidas insolváveis com o poder municipal e órgãos locais. b) conduzir políticas públicas que representem gastos para os poderes. c) investir dinheiro público em aplicações sem retorno aprazado e certo. d) empenhar verbas públicas desconsiderando a devida regulamentação. e) administrar capital privado direcionando-o para fundos públicos. 2. Considere as seguintes afirmações:

I. A LRF assume um caráter de orientação para os gestores das finanças públicas no Brasil, em consonância com orientações fixadas num código do FMI. II. Deve-se entender que os principais atingidos pelas sanções da LRF são os políticos que ocupam cargos do poder legislativo e judiciário. III. A LRF estende a todos os cidadãos o direito de fiscalizar os gastos públicos, bem como o de promover ações judiciais contra os responsáveis por irregularidades nesses gastos.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 3. Da leitura do último parágrafo deve-se inferir que a) muitos prefeitos reeleitos admitem sua responsabilidade pelas altas dívidas que contraíram em gestões

anteriores. b) os prefeitos assumem seus cargos ignorando as dificuldades que terão de enfrentar para gerir as contas

públicas. c) a principal dificuldade para se aplicar a LRF está no entendimento mesmo do alcance de sua regulamentação. d) antes da Constituição de 1988 os prefeitos não investiam em áreas básicas da saúde e da educação. e) os prefeitos se queixam de que lhes é difícil honrar dívidas contraídas no passado por conta de despesas nas

áreas da educação e da saúde.

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4. Pode-se substituir, sem prejuízo para a correção e o sentido do texto, o segmento a) regulamentar os limites de endividamento (1º parágrafo) por estabelecer teto para as dívidas. b) para fazer frente às despesas (1º parágrafo) por para se antecipar aos gastos. c) Ela viabiliza a fiscalização (2º parágrafo) por Ela faculta a observância. d) ela se torne um obstáculo à corrupção (2º parágrafo) por ela se apresente como incorruptível. e) alta soma que tem de ser comprometida (3º parágrafo) alto empenho em gastos imprevisíveis.

5. Está adequada a correlação entre tempos e modos verbais na frase: a) Se alguém vier a desobedecer a LRF arriscar-se-ia a perder o mandato, a ter os direitos políticos cassados ou

mesmo a ser preso. b) Pretende-se que a lei represente um sério obstáculo para quem se propuser a fazer despesas sem qualquer

critério. c) Deve-se entender que a LRF tivesse representado sérios entraves a quem desejar envolver-se com a corrupção. d) Muitos prefeitos teriam alegado que as verbas de que dispusessem estão sendo utilizadas para cobrir dívidas

passadas. e) A partir de sua promulgação, a LRF tem permitido que os membros da oposição passariam a ter acesso à

fiscalização das contas públicas.

6. O verbo indicado entre parênteses deverá adotar uma forma do plural para preencher corretamente a lacuna da seguinte frase: a) As operações de que ...... (cuidar) a LRF trarão maior disciplina e seriedade na gestão das verbas públicas. b) No que ...... (dizer) respeito aos desmandos nos gastos, as normas e as sanções da LRF são inflexíveis. c) Muitos prefeitos entendem que não ...... (dever) caber a eles empenhar verbas para o ensino fundamental e o

atendimento básico de saúde. d) ...... (atingir ) a quem quer que descumpra a LRF rigorosas sanções, inclusive a da perda de liberdade. e) O estabelecimento de normas e prazos para a divulgação das contas públicas ...... (favorecer) a fiscalização

popular.

7. Está inteiramente adequada a pontuação da seguinte frase: a) A LRF permite, entre outras coisas que, a oposição e a população, fiscalizem a administração das verbas

públicas. b) Alegam alguns prefeitos, que encontram dificuldades, para fazer frente aos gastos que a Constituição

determina, nas áreas da saúde e da educação. c) São graves as penas previstas para quem descumpre, por negligência ou má fé, as normas de responsabilidade

fiscal da lei promulgada em 2000. d) Fazem parte da LRF, as instruções que definem os limites para as despesas de pessoal, e as regras para a

criação de dívidas. e) Qualquer cidadão pode, graças à promulgação da LRF entrar com ação judicial para fazê-la cumprir, conforme

sua regulamentação.

8. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto: a) A divulgação deste texto traz utilidade à quem quer que seja interessado no papel que controlam os

administradores sobre o dinheiro público. b) O texto é bastante esclarecedor quanto ao espírito da LRF, que é o de disciplinar e regulamentar a gestão de

verbas públicas no Brasil. c) Pretende o autor do texto que fique mais claro, para o leitor, sobre as responsabilidades de gestão das contas

que cabem aos seus responsáveis. d) É útil o texto para quem já ouvira falar da LRF não tendo, todavia, informação mais acurada para detalhes

como sanção ou fiscalização. e) Mesmo quem já conhecesse a LRF, é bom lembrar que o texto discorre adequadamente sobre suas finalidades

essenciais e normas de emprego.

9. Outro objetivo da lei é que ela se torne um obstáculo à corrupção, por meio do controle público do orçamento. Uma nova e correta redação da frase acima, na qual se preserva seu sentido, será a seguinte: a) Tornar-se um obstáculo à corrupção, mediante o controle público do orçamento, é outro objetivo da LRF. b) Uma vez que se valha do controle público do orçamento, o objetivo da lei acabará tornando-a impeditiva da

corrupção. c) A lei, sendo um obstáculo à corrupção, firma seu desígnio por meio do controle público do orçamento. d) A lei consistirá num obstáculo à corrupção, no caso de atender seu objetivo, tendo em vista o controle público

do orçamento. e) No caso de um controle público do orçamento, que é outro objetivo dessa lei, ela se tornará um obstáculo para

a corrupção.

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10. Observando-se as formas verbais e as de tratamento, deve-se considerar INCORRETA a seguinte frase: a) Peça a Sua Senhoria que divulgue até amanhã seu parecer sobre o texto da LRF. b) Meu caro deputado, vimos pedir-te que te pronuncies sem demora sobre a redação da LRF. c) Lê com atenção a LRF, por favor, e dize-nos se estás de acordo com todos os seus dispositivos. d) Queremos encarecer-lhe a importância de sua opinião sobre a forma definitiva que a LRF deverá adotar. e) Solicitamos que Vossa Senhoria vos manifesteis sobre o texto da LRF, que logo entrará em votação. Atenção: As questões de números 11 a 22 baseiam-se no texto apresentado abaixo.

Entre uma prosa e outra, "seo" Samuca, morador das cercanias do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, no norte de Minas Gerais, me presenteia com um achado da sabedoria cabocla: "Pois é, não sei pra onde a Terra está andando, mas certamente pra bom lugar não é. Só sei que donde só se tira e não se põe, um dia tudo o mais tem que se acabar." Samuel dos Santos Pereira viveu seus 75 anos campeando livre entre cerradões, matas de galeria, matas secas, campos limpos ou sujos e campos cerrados, ecossistemas que constituem a magnífica savana brasileira. "Ainda bem que existe o Parque", exclama o vaqueiro, "porque hoje tudo em volta de mim é plantação de soja e pastagem pra gado."

Viajar pelo Cerrado do Centro-Oeste é viver a surpresa permanente. Na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, nascente do Rio São Francisco, podem-se avistar tamanduásbandeira, lobos-guarás e, com sorte, o pato-mergulhão, ameaçado de extinção. Lá está também a maravilhosa Casca D'Anta, primeira e mais alta cachoeira do Velho Chico, com 186 metros de queda livre.

No Jalapão, no Tocantins, o Cerrado é diferente, parece um deserto com dunas de até 40 metros de altura. Mas, ao contrário dos Lençóis Maranhenses, tem água em profusão, nascentes, cachoeiras, lagoas, serras e chapadões. E uma fauna exuberante, com 440 espécies de vertebrados. Nas veredas, os habitantes da comunidade quilombola de Mumbuca descobriram o capim-dourado, uma fibra que a criatividade local transformou em artigo de exportação.

Em Goiás, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o viajante se extasia com a beleza das cachoeiras e das matas de galeria, das piscinas naturais, das formações rochosas, dos cânions do Rio Preto e do Vale da Lua. Perto do município de Chapadão do Céu, também em Goiás, fica o Parque Nacional das Emas, onde acontece o surpreendente espetáculo da bioluminescência, uma irradiação de luz azul esverdeada produzida pelas larvas de vaga-lumes nos cupinzeiros. Pena que todo o entorno do parque foi drenado para permitir a plantação de soja. Agrotóxicos despejados por avião são levados pelo vento e contaminam nascentes e rios que atravessam essa unidade de conservação. Outra tristeza provocada pela ganância humana são as voçorocas das nascentes do Rio Araguaia, quase cem, com quilômetros de extensão e dezenas de metros de profundidade. Elas jogam milhões de toneladas de sedimentos no rio, inviabilizando sua navegabilidade.

Apesar de tanta beleza e biodiversidade (mais de 300 espécies de plantas locais são utilizadas pela medicina popular), o Cerrado do "seo" Samuca está minguando e tende a desaparecer. O que percebo, como testemunha ocular, é que entra governo e sai governo e o processo de desertificação do país continua em crescimento assombroso.

Como disse Euclides da Cunha, somos especialistas em fazer desertos. Só haverá esperança para os vastos espaços das Geraes, esse sertão do tamanho do mundo, celebrado pela genialidade de João Guimarães Rosa, se abandonarmos nosso conformismo e nossa proverbial omissão.

(Araquém Alcântara, fotógrafo. O Estado de S. Paulo, Especial H 4-5, 27 de setembro de 2009, com adaptações)

11. A afirmativa correta, de acordo com o texto, é: a) A transformação das riquezas do Cerrado em artigo de exportação pela população local despreza as

características nacionais desses produtos. b) Os vastos espaços das Geraes apresentam formações de matas e campos de aspectos diferenciados. c) A sabedoria cabocla consiste na descoberta das riquezas do Cerrado e em seu aproveitamento econômico. d) A plantação de soja e a pastagem pra gado garantem a sustentabilidade econômica dos moradores do Cerrado. e) O conformismo dos habitantes da região central do Brasil transforma toda essa região em um deserto com

dunas de até 40 metros de altura. 12. Um título apropriado para o texto poderia ser: a) Plantas do Cerrado constituem a base da medicina popular brasileira. b) Oportunidades de trabalho reduzidas dificultam o desenvolvimento humano na região do Cerrado. c) Flora e fauna típicas da região do Cerrado formam um belo cenário em risco de extinção. d) Diversidade na formação do Cerrado compromete a eficácia da preservação de sua paisagem. e) Cultura de grãos convive em harmonia com a biodiversidade do Cerrado.

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13. Considerando-se o desenvolvimento das ideias no texto, é correto perceber a) deslumbramento nacionalista pelas riquezas, até mesmo bem aproveitadas economicamente, de uma vasta

região brasileira. b) condenação de certos hábitos entranhados na população menos escolarizada, de utilizar as riquezas do solo,

destruindo o meio ambiente. c) total defesa do papel desempenhado pelos rios da região, tanto pela água que fornecem quanto por sua

navegabilidade. d) crítica à atuação do homem na região do Cerrado, e também às falhas no controle ambiental tanto da parte de

governos quanto da sociedade. e) referência explícita a alguns produtos cultivados na região, que propiciam qualidade de vida aos seus

moradores. 14. É correto inferir do texto que nele há, predominantemente, a) um olhar sobre toda a diversidade existente no bioma que se estende por vários Estados do Planalto Central

brasileiro. b) a intenção subjacente de apontar a enorme importância do rio São Francisco como garantia da produção

agrícola no Cerrado. c) a tentativa, um tanto inútil, de mostrar os vários aspectos da cultura popular na região do Cerrado, a partir da

visão de um vaqueiro. d) uma visão tristonha sobre essa vasta região do país, desconhecida da maioria dos brasileiros, apesar da imensa

beleza de suas paisagens. e) a surpresa de um viajante, ao se deparar com a estranha diversidade de uma mesma região, que vem prejudicar

sua classificação como bioma. 15. Elas jogam milhões de toneladas de sedimentos no rio, inviabilizando sua navegabilidade. (4º parágrafo) A oração grifada acima denota, considerando-se o contexto, a) causa. b) ressalva. c) consequência. d) temporalidade. e) proporcionalidade. 16. Se for passado para o plural o termo grifado, deverá permanecer no singular o verbo que está em: a) "Ainda bem que existe o Parque" ... b) ... exclama o vaqueiro ... c) ... onde acontece o surpreendente espetáculo da bioluminescência ... d) ... e o processo de desertificação do país continua em crescimento assombroso. e) Só haverá esperança para os vastos espaços das Geraes ... 17. Agrotóxicos despejados por avião são levados pelo vento ... (4º parágrafo) Há também emprego de voz passiva no segmento que se encontra em: a) ... que donde só se tira e não se põe ... b) ... os habitantes da comunidade quilombola de Mumbuca descobriram o capim-dourado ... c) ... o Cerrado do "seo" Samuca está minguando e tende a desaparecer. d) ... é que entra governo e sai governo ... e) ... se abandonarmos nosso conformismo e nossa proverbial omissão. 18. Pena que todo o entorno do parque foi drenado para permitir a plantação de soja. (4o parágrafo) Para ser respeitado o padrão culto da Língua, o emprego da forma verbal grifada acima passaria a a) se drenou. b) tinham drenado. c) fora drenado. d) tenha sido drenado. e) havia sido drenado.

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19. Viajar pelo Cerrado do Centro-Oeste é viver a surpresa permanente. (2o parágrafo)

Considere o emprego do verbo viver nas frases seguintes:

I. O vaqueiro sempre viveu da colheita de grãos e da criação de gado. II. Muitas famílias viviam vida folgada ali, em meio à natureza. III. Naquela comunidade, os avós viviam com filhos e netos na mesma casa.

Está correta a construção em a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 20. Em relação ao emprego de sinais de pontuação no texto, está INCORRETO o que se afirma em: a) As aspas em “seo” (1ª linha) registram uma forma coloquial de tratamento. b) Os dois-pontos na 4a linha sinalizam a introdução da fala de um interlocutor no texto. c) As aspas em “Ainda bem que existe o Parque” (10ª linha) assinalam o segmento que contém o assunto central

do texto. d) Os parênteses, no 5o parágrafo, isolam uma afirmativa empregada como argumento que respalda a ressalva

anterior, referente à beleza e biodiversidade do Cerrado. e) A vírgula após a expressão campos cerrados, na 9ª linha, pode ser corretamente substituída por um travessão,

sem prejuízo do sentido original. 21. A concordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase: a) A maior diversidade entre as plantas conhecidas do Cerrado estão na família dos capins e de outras plantas

herbáceas. b) A visão equivocada de que o Cerrado era uma região pobre mudou, ao se descobrirem as cerca de 12 mil

espécies já descritas cientificamente. c) A região do Cerrado, com a beleza e a biodiversidade de suas plantas, algumas delas usadas como

medicamentos, representam um enorme tesouro, boa parte ainda desconhecido. d) Não há como saber quantas plantas, associadas a um certo tipo de solo e clima já foi soterrado pelo avanço da

cultura de grãos na região do Cerrado. e) Pesquisadores estimam que muitas espécies de vertebrados características da região do Cerrado já tenha sido

exterminado, antes mesmo de ter sido catalogado. 22. O Cerrado apresenta topografia elevada.

O Cerrado se localiza estrategicamente no Planalto Central brasileiro.

O Cerrado funciona como gigantesco coletor e distribuidor de água.

A água do Cerrado é elemento crucial no abastecimento das demais regiões brasileiras.

As frases acima se organizam em um único período, com clareza, correção e lógica, em: a) O Cerrado apresenta topografia elevada que se localiza estrategicamente no Planalto Central brasileiro

funcionando então como um gigantesco coletor e distribuidor de água, onde ela vem sendo elemento crucial para o abastecimento das demais regiões.

b) A água do Cerrado é elemento crucial para o abastecimento das outras regiões brasileiras, sendo de topografia elevada, que se localiza estrategicamente no Planalto Central, funcionando como gigantesco coletor e distribuidor dessa água.

c) O Cerrado se localiza estrategicamente no Planalto Central brasileiro, sendo o gigantesco coletor e distribuidor de água, de que ela, é elemento crucial para o abastecimento das demais regiões.

d) Apresentando topografia elevada e localizado estrategicamente no Planalto Central o Cerrado está funcionando como gigante coletor e distribuidor da água cujo elemento crucial vai para o abastecimento das outras regiões brasileiras.

e) Com topografia elevada e localizado estrategicamente no Planalto Central brasileiro, o Cerrado funciona como gigantesco coletor e distribuidor de água, elemento crucial no abastecimento das demais regiões.

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Atenção: As questões de números 23 a 30 baseiam-se no poema apresentado abaixo.

V

Escuta a hora formidável do almoço na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se. As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas. Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos! Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa, olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso. Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida, mais tarde será o de amor. Lentamente os escritórios se recuperam, e os negó- cios, forma indecisa, evoluem. O esplêndido negócio insinua-se no tráfego. Multidões que o cruzam não veem. É sem cor e sem cheiro. Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul, vem na areia, no telefone, na batalha de aviões, toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem. Escuta a hora espandongada da volta. Homem depois de homem, mulher, criança, homem, roupa, cigarro, chapéu, roupa, roupa, roupa, homem, homem, mulher, homem, mulher, roupa, homem imaginam esperar qualquer coisa, e se quedam mudos, escoam-se passo a passo, sen- tam-se, últimos servos do negócio, imaginam voltar para casa, já noite, entre muros apagados, numa suposta cidade, imaginam.

(Carlos Drummond de Andrade. Nosso tempo, in Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 128)

23. A afirmativa correta, de acordo com o poema, é: a) O trabalho nem sempre resulta em satisfação, benefícios econômicos e qualidade de vida para os que

dependem dele. b) A cidade mecaniza as pessoas, que se deixam absorver pela rotina de trabalho, até mesmo quando se

alimentam. c) A plena dedicação à rotina de trabalho preenche, favoravelmente, a vida agitada da maioria das pessoas nas

cidades. d) O sentimento amoroso deve sempre sobrepor-se ao sentimento de dedicação ao trabalho. e) O devaneio proporciona às pessoas um modo de sobreviver em meio à rotina estafante do trabalho diário. 24. O assunto do poema estaria corretamente exposto em: a) A importância das cidades na vida econômica de um país. b) O inchaço urbano e as necessidades básicas dos habitantes. c) A desumanização do trabalhador nas condições de vida urbana. d) A automatização dos serviços de escritórios no trato dos negócios realizados. e) As consequências desfavoráveis do excesso de população. 25. A sequência nos versos 2, 3 e 4 da 2a estrofe reflete a) a movimentação caótica das pessoas submetidas ao ritmo acelerado da cidade. b) um desfile organizado de trabalhadores exaustos na volta à casa. c) exposição de pessoas como se fossem veículos em circulação no trânsito. d) a procura ansiosa das pessoas por se destacarem na multidão informe. e) uma tentativa inútil de conseguir o merecido descanso ao fim do dia.

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26. Identifica-se no poema oposição entre a) restaurantes lotados // oferta variada de alimentos. b) pessoas em busca de alimento // acertos comerciais durante almoços. c) riqueza latente nas ruas // abandono na periferia da cidade. d) agitação e labor diurnos // silêncio e cansaço ao fim do dia. e) negócios realizados em escritórios // rotina diária de trabalho. 27. Considere o verso É sem cor e sem cheiro. (1ª estrofe) A afirmativa INCORRETA que se faz a respeito é: a) As expressões caracterizam O esplêndido negócio (que se) insinua no tráfego. b) A frase constitui um argumento que embasa o fato de as multidões não perceberem a concretização dos

negócios nas ruas. c) Infere-se da afirmativa o contraste ao apelo sensorial despertado pela variedade de alimentos que atraem as

pessoas. d) O emprego das expressões tem sentido particular no poema, ao ultrapassar o significado literal das palavras. e) A forma verbal É poderia estar corretamente empregada no plural – São – por referir-se a seu antecedente, que

é Multidões. 28. É correto perceber que o poeta

I. se dirige a alguém – que pode ser um eventual leitor – tratando-o pela 2ª pessoa verbal. II. se coloca como mais um elemento anônimo na multidão que se mistura aos trabalhadores nas ruas. III. deixa implícito que os sentimentos pessoais – como, por exemplo, o amor – foram sobrepujados pela preocupação mercantil.

Está correto o que se afirma em a) I, II e III. b) I e III, apenas. c) II e III, apenas. d) I e II, apenas. e) III, apenas. 29. O esplêndido negócio insinua-se no tráfego. (v. 10, 1ª estrofe) O verso que reitera a ideia contida no que está transcrito acima é: a) Os escritórios, num passe, esvaziam-se. b) ... e os negócios, forma indecisa, evoluem. c) Multidões que o cruzam não veem. d) Está dissimulado no bonde ... e) ... e dela extrai uma porcentagem. 30. Escuta a hora formidável do almoço//na cidade. (versos 1 e 2, 1ª estrofe) O verbo flexionado da mesma forma que o grifado acima está no verso: a) As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas. b) Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa... c) Come, braço mecânico ... d) ... vem na areia, no telefone, na batalha de aviões ... e) ... toma conta de tua alma ...

RESPOSTAS

001 - C 004 - A 007 - C 010 - E 013 - D 016 - E 019 - E 022 - E 025 - A 028 - B 002 - E 005 - B 008 - B 011 - B 014 - A 017 - A 020 - C 023 - B 026 - D 029 - D 003 - E 006 - D 009 - A 012 - C 015 - C 018 - D 021 - B 024 - C 027 - E 030 - C

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PROVA 4 FCC/TRT/3ªR/ANALISTA JUDICIÁRIO ÁREA ADMINISTRATIVA /2009 Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto seguinte.

Um antigo documentário

Num desses canais de TV a cabo – ou no de TV Educativa, não me lembro ao certo – pude assistir, não faz muitos dias, a um documentário sobre a atuação dos irmãos Vilas-Boas junto a tribos indígenas do Xingu. A reportagem, apesar de tecnicamente algo tosca, resultou muito expressiva; deve datar do início dos anos 60. No centro dela, repontava o delicado tema da “aproximação” que os brancos promovem em relação aos índios ainda isolados. Cláudio Vilas-Boas, que chefiava a expedição, mostrou plena consciência da tensão que envolve esses primeiros contatos, que acabarão provocando a desfigurações da cultura indígena.

Há quem defenda, com razão, que o melhor para os índios seria que os deixássemos em paz, às voltas com seus valores, hábitos e ritos. Mas acabaria não sendo possível evitar que, mais dia, menos dia, algum contato se estabelecesse – e com o risco de que brancos ambiciosos e despreparados mostrassem, eles sim, a “selvageria” de que somos capazes.

A delicadeza da missão dos irmãos Vilas-Boas está em que eles procuram respeitar ao máximo a cultura indígena, enquanto a põem em contato com a nossa. Melhor que ninguém, os irmãos sabem que não aproveitaremos nada de tanto o que têm os índios a nos ensinar (na dedicação aos filhos, por exemplo) e que, ao mesmo tempo, os exporemos aos nossos piores vícios. Era visível a preocupação de Cláudio, pelos riscos desse contato: uma gripe trazida pelo branco pode dizimar toda uma aldeia.

Hoje, décadas depois, o documentário parece assumir o valor de um testamento: são impressionantes as cenas em que um chefe indígena recusa, com veemência, presentes dos “civilizados”; ele parece adivinhar o custo de tais ofertas, e busca se defender do perigo mortal que vê nelas. O país desenvolveu-se muito nesse tempo, modernizou-se, povoou regiões recônditas do interior, abriu espaço para as “reservas”. Mas sabemos que a cultura do colonizador não é, necessariamente, melhor do que a do colonizado. Apenas se revelou a mais bem armada, a mais forte das duas. Melhor seria se fosse, também, a mais justa.

(Roberto Melchior da Ponte, inédito) 1. A tese de que os índios nada ganham ao entrar em contato com o branco a) é contestada no primeiro parágrafo, quando se faz referência à atuação dos irmãos Vilas-Boas. b) é admitida no segundo parágrafo, embora seja vista como impossível de se defender na prática. c) não é considerada como plausível ou justa, pois a força está sempre do lado do colonizador. d) não é admitida em nenhum momento do texto, uma vez que não traduz a posição de Cláudio Vilas-Boas. e) é levada em conta no último parágrafo, para ser descartada em razão de empecilhos culturais. 2. Considere as seguintes afirmações:

I. No primeiro parágrafo, a tensão demonstrada por Cláudio Vilas-Boas resulta da consciência dos perigos que esse primeiro contato acarretará mais tarde, para quem tomou a iniciativa dele. II. No terceiro parágrafo, expressa-se a dificuldade da missão de quem, ao mesmo tempo, respeita e expõe ao risco a vida e a cultura dos índios. III. No quarto parágrafo, a expressão valor de um testamento justifica-se pelo fato de os índios aculturados testemunharem a modernização do país.

Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em a) I. b) I e II. c) II. d) II e III. e) III. 3. Infere-se do texto que Cláudio Vilas-Boas, assim como seus irmãos, tem consciência de que sua missão é a) justa, mas desnecessária. b) necessária, mas inexequível. c) injusta, além de desnecessária. d) difícil, além de justa. e) necessária, apesar de injusta.

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4. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) apesar de tecnicamente algo tosca = malgrado a técnica meio rudimentar. b) às voltas com seus valores = contornando seus atributos. c) os exporemos aos nossos piores vícios = os advertiremos do que há de pior em nossos males. d) recusa, com veemência = nega-se, voluntariosamente. e) não é, necessariamente, melhor = não atende melhor essa necessidade.

5. A cultura do colonizador impõe-se, via de regra, pela força das armas, e não pela inconteste superioridade de seus valores éticos. Uma outra redação clara e correta do que acima se afirma pode ser: a) Conquanto se imponha pela força das armas, os valores éticos da cultura do colonizador não contestam alguma

superioridade. b) Incontestavelmente, não há superioridade ética enquanto se impõem pelas as armas, como é forçoso

reconhecer, a cultura do colonizador. c) A incontestável superioridade dos valores éticos de uma cultura mostra-se, como regra, pela imposição de suas

armas. d) É à força das armas, e não à discutível superioridade de seus valores éticos, que a cultura do colonizador

recorre para se impor. e) Costumeiramente, a cultura do colonizador, pela força das armas, impõe-se como incontestavelmente superior

aos valores éticos.

6. A frase em que se admite transposição da forma verbal para a voz passiva é: a) Pude assistir a um documentário sobre a atuação dos irmãos Vilas-Boas. b) Cláudio Vilas-Boas estava consciente da tensão daquele momento. c) O documentário viria a assumir o valor de um testamento. d) São muito impressionantes os gestos de recusa do chefe indígena. e) Mais que bem armada, melhor se essa cultura fosse mais justa.

7. É forçoso contatar os índios com delicadeza, para poupar os índios de um contato talvez mais brutal, em que exploradores submetessem os índios a toda ordem de humilhação, tornando os índios vítimas da supremacia das armas do branco. Evitam-se as viciosas repetições do trecho acima substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por: a) poupá-los - os submetessem - tornando-os b) poupá-los - lhes submetessem - os tornando c) poupar-lhes - os submetessem - tornando-lhes d) os poupar - submetessem-nos - lhes tornando e) poupar a eles - os submetessem - tornando-lhes

8. A frase em que ambos os elementos sublinhados constituem exemplos de uma mesma função sintática é: a) Aos irmãos Vilas-Boas coube levar adiante, da melhor maneira possível, a missão que lhes foi confiada. b) Respeitar a cultura do outro deveria ser uma obrigação para quem dispõe da superioridade das armas. c) “Selvageria” vem entre aspas para deixar claro que esse termo não condiz com a situação analisada no texto. d) O chefe indígena não hesitou em recusar os presentes que lhe foram oferecidos. e) Os irmãos Vilas-Boas desempenharam um papel fundamental nas primeiras aproximações com grupos

indígenas.

9. Está correto o emprego do elemento sublinhado na frase: a) Os brancos não deviam se arvorar como superiores diante dos índios. b) Os documentários de que mais aprecio na TV Educativa podem fazer pensar. c) Era delicadeza a missão de cujos termos aceitaram os irmãos Vilas-Boas. d) Pena que não saibamos aproveitar nada uma cultura tão rica como a deles. e) Cláudio realizou várias aproximações de cujos riscos era consciente.

10. O termo entre parênteses pode substituir corretamente o termo sublinhado em: a) Num desses canais de TV a cabo – ou no de TV Educativa, não me lembro ao certo (...) assisti a um

documentário. (certamente) b) A delicadeza da missão desses irmãos está em que eles respeitam ao máximo a cultura indígena. (reside no

fato de que) c) Era visível a preocupação de Cláudio, pelos riscos do contato que estava fazendo. (conquanto os riscos) d) Seria preferível que nossa cultura fosse mais justa a ser apenas a mais bem armada. (do que apenas ser) e) Há quem defenda a ideia de que os índios seriam grandemente beneficiados se os deixássemos em paz.

(literalmente fariam melhor)

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Atenção: As questões de números 11 a 20 baseiam-se no texto apresentado abaixo.

O sucesso da democracia nas sociedades industriais trouxe inegáveis benefícios a amplos setores antes excluídos da tomada de decisões; contudo, provocou também a perda de identidades grupais que tinham sido essenciais nos séculos anteriores. A consciência de pertencer a determinada comunidade camponesa, ou família tradicional e poderosa, ou confraria, ou cidade, ficou esmagada pelo conceito de cidadania que homogeneíza todos os indivíduos. Novos recortes surgiram – partido político, condição econômica, seita religiosa etc. – mas tão maleáveis e mutáveis que não substituíram todas as funções sociais e psicológicas do velho sentimento grupal. O futebol inseriu-se exatamente nessa brecha aberta pela industrialização ao destruir os paradigmas anteriores.

O antropólogo inglês Desmond Morris vai mais adiante e propõe que se veja no mundo do futebol um mundo de tribos. Sem dúvida o sentimento tribal é muito forte, acompanha o indivíduo por toda vida e mesmo além dela. É o que mostra no Brasil a prática de alguns serem sepultados em caixão com o símbolo do clube na tampa. [...] A atuação do torcedor no rito do futebol não é em essência muito diferente da atitude das populações tribais que, por meio de pinturas corporais, cantos e gritos, participam no rito das danças guerreiras.

Não é descabido, portanto, falar em tribo no futebol, porém não parece a melhor opção. Tribo é grupo étnico com certo caráter territorial, o que não se aplica ao futebol, cujos torcedores são de diferentes origens e estão espalhados por vários locais. Tribo é sociedade sem Estado, e o futebol moderno desenvolve-se obviamente nos quadros de Estados nacionais. Talvez seja preferível falar em clã. Deixando de lado o debate técnico sobre tal conceito, tomemos uma definição mínima: clã é um grupo que acredita descender de um ancestral comum, mais mítico que histórico, contudo vivo na memória coletiva. Ainda que todo clube de futebol tenha origem concreta e mais ou menos bem documentada, com o tempo ela tende a ganhar ares de lenda, que prevalece no conhecimento do torcedor comum sobre os dados históricos. É nessa lenda, enriquecida por feitos esportivos igualmente transformados em lenda, que todos os membros do clã orgulhosamente se reconhecem. [...] O clã tem base territorial, mas quando precisa mudar de espaço (jogar em outro estádio) não se descaracteriza. Em qualquer lugar, os membros do clã se reconhecem, dizia o grande sociólogo e antropólogo Marcel Mauss, pelo nome, brasão e totem.

(Hilário Franco Júnior. A dança dos deuses. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 213-215)

11. De acordo com o texto, a) as características coletivas do futebol moderno podem prejudicar o reconhecimento de um território específico

e particular, como o de um clube. b) o futebol moderno veio substituir, em grande parte, os laços pessoais de pertencimento a determinados grupos

sociais. c) o esporte resultou das alterações nos regimes políticos surgidos ao longo do tempo em diversas sociedades. d) o conceito de cidadania sofreu evolução nem sempre favorável a certos grupos sociais, por descaracterizar suas

normas tradicionais. e) a industrialização e a consequente urbanização apoderaram-se de modelos tradicionais de comportamento,

especialmente nos esportes.

12. Considere as afirmativas seguintes:

I. Identifica-se no texto uma diferenciação nas características de certos grupos nas sociedades primitivas. II. Especialistas divergem na classificação dos grupos de torcedores de futebol, a partir de seu comportamento. III. Hábitos tradicionais resultantes de sociedades primitivas marcam o comportamento dos torcedores dos clubes de futebol.

Está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III.

13. A afirmativa do antropólogo Marcel Mauss, reproduzida no final do texto, a) é empregada como embasamento para a preferência pelo termo clã como definição do agrupamento de

torcedores dos clubes de futebol. b) torna pouco aceitável o termo tribo para identificar os grupos de torcedores, pois eles nem sempre reconhecem

a verdade na história dos clubes. c) mostra que a identificação do torcedor com o nome do clube vem desde as primeiras tribos que se organizaram

em territórios demarcados. d) busca justificar a constatação de que as atitudes dos torcedores modernos se aproximam dos ritos tribais, com

cantos e gritos. e) possibilita desconsiderar a associação de grupos de torcedores a clãs devido à origem real e documentada, por

trâmites legais, dos clubes de futebol.

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14. Identifica-se relação de causa e consequência, respectivamente, no segmento: a) A consciência de pertencer a determinada comunidade camponesa (...) ficou esmagada pelo conceito de

cidadania... b) Novos recortes surgiram (...), mas tão maleáveis e mutáveis que não substituíram todas as funções sociais e

psicológicas do velho sentimento grupal. c) Sem dúvida o sentimento tribal é muito forte, acompanha o indivíduo por toda vida e mesmo além dela. d) Não é descabido, portanto, falar em tribo no futebol, porém não parece a melhor opção. e) O clã tem base territorial, mas quando precisa mudar de espaço (jogar em outro estádio) não se

descaracteriza. 15. Está correta a transcrição, com outras palavras, sem prejuízo para a correção e o sentido do texto, da expressão: a) antes excluídos da tomada de decisões (1º parágrafo) = afastados de início por atitudes autoritárias. b) a perda de identidades grupais (1º parágrafo) = a identificação geral nos grupos. c) nessa brecha aberta pela industrialização (1º parágrafo) = nos problemas trazidos pela indústria. d) grupo étnico com certo caráter territorial (3º parágrafo) = presença de uma nacionalidade em espaço

determinado. e) enriquecida por feitos esportivos (3º parágrafo) = alimentada por ações de destaque no esporte. 16. − partido político, condição econômica, seita religiosa etc. − (1º parágrafo)

O segmento isolado pelos travessões denota, no texto, a) transcrição exata de informações obtidas em outros autores. b) redundância intencional, para valorizar a descaracterização grupal. c) enumeração esclarecedora de uma expressão anterior. d) realce de uma ideia central, com a pausa maior inserida no contexto. e) ressalva importante, de sentido explicativo, ao desenvolvimento anterior. 17. O sucesso da democracia nas sociedades industriais trouxe inegáveis benefícios a amplos setores antes excluídos... (início do texto)

O mesmo tipo de complemento grifado acima NÃO ocorre APENAS em: a) da tomada de decisões. b) a perda de identidades grupais. c) pelo conceito de cidadania. d) um mundo de tribos. e) no conhecimento do torcedor comum. 18. ... que prevalece no conhecimento do torcedor comum sobre os dados históricos. (3o parágrafo)

A frase cujo verbo exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima é: a) ... que homogeneíza todos os indivíduos. b) ... o sentimento tribal é muito forte ... c) ... acompanha o indivíduo por toda vida ... d) ... que (...) participam no rito das danças guerreiras. e) ... e estão espalhados por vários locais. 19. Clã é um grupo que acredita descender de um ancestral comum, mais mítico que histórico, contudo vivo na memória coletiva. (3º parágrafo)

Uma nova redação, clara e correta, na qual se mantém o sentido original da afirmativa acima está em: a) O clã, como grupo ligado por misticismo e história, começa com alguém de vida comum, o ancestral escolhido

por sua descendência. b) Os descendentes de um ancestral comum formam o grupo que identifica como clã, que as características são

permanentes e vivas. c) A crença em um ancestral comum, de permanente memória, cuja vida adquire foros míticos mais do que

históricos, é o que define o clã. d) Mesmo que permaneça vivo na memória do grupo, o clã descende de um ancestral que, embora comum, se

torna mais mítico do que histórico. e) A memória dos componentes do clã partem de um ancestral comum, que permanece vivo na história e na

mítica do grupo.

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20. Deixando de lado o debate técnico sobre tal conceito, tomemos uma definição mínima ... (3o parágrafo)

O verbo cuja flexão é idêntica à do grifado acima está também grifado na frase: a) Esperemos, todos, que nossos valorosos jogadores se consagrem campeões nesta temporada. b) Sabemos agora que a decisão final do campeonato se transformará em uma grande festa. c) Pretendemos, nós, torcedores, visitar as dependências do clube ainda antes das reformas. d) Queremos que alguns dos troféus conquistados pelo clube fiquem expostos ao público. e) Reconhecemos, embora constrangidos, que os jogadores não fizeram hoje uma boa partida.

RESPOSTAS

001 - B 003 - E 005 - D 007 - A 009 - E 011 - B 013 - A 015 - E 017 - D 019 - C 002 - C 004 - A 006 - C 008 - D 010 - B 012 - E 014 - B 016 - C 018 - D 020 - A

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PROVA 5 FCC/TRE/RN/Técnico Judiciário área Administrativa/2011

Atenção: As questões de números 1 a 4 referem-se ao texto abaixo.

Rio Grande do Norte: a esquina do continente

Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual.

O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas.

Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo.

Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi.

(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo).

1. O texto se estrutura notadamente a) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de

suas bases econômicas, desde a época da colonização. b) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações

geográficas do Estado. c) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de

comprovar qual delas se apresenta como a mais bela. d) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que

o Estado oferece. e) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região,

apresentando-lhes uma ordem preferencial de visitação.

2. Com a substituição dos segmentos grifados pela expressão entre parênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá ser colocado no plural está em: a) ... em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. (a região do

Agreste/Trairi). b) A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila

de Natal. (A ocupação pelos portugueses). c) A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas ... (A região de dunas, falésias e praias desertas). d) O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano ... (O turismo voltado para atividades de

aventura). e) ... e começou a ganhar importância a extração do sal ... (os recursos obtidos com a extração do sal).

3. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. (1º parágrafo) O mesmo tipo de regência nominal que se observa acima ocorre no segmento também grifado em: a) O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do

mundo... b) Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual. c) A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila

de Natal. d) Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. e) Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar...

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4. As informações mais importantes contidas no texto estão resumidas, com clareza e correção, em: a) Os Polos em que é dividido o Estado do Rio Grande do Norte é de beleza incomparável, com belas praias,

dunas, falésias e açudes de lindo panorama, como também a caatinga. A atividade econômica está concentrada na extração do sal e na exploração do petróleo, em terra e no mar, mas apesar do clima pouco favorável para o cultivo, frutas são produzidas no Estado.

b) O Rio Grande do Norte é um Estado cuja economia se baseia na extração de sal, na pecuária, no turismo e na exploração de petróleo. Quanto às suas riquezas naturais e atrações turísticas, observam-se belas praias, dunas, falésias. Encontram-se, ainda, sítios arqueológicos importantes e várias formações rochosas, com serras e cavernas, além de açudes.

c) No litoral do Rio Grande do Norte encontra-se belas praias, dunas e falésias, com formações rochosas naturais inacreditáveis, servindo para o turismo, até mesmo de aventura e o ecoturismo, despertando interesse de aventureiros que se dispõem a conhecer toda essa região de belezas com açudes na região que eles se encontram.

d) O Estado do Rio Grande do Norte, desde a colonização, se divide em Polos, por suas regiões que mostram contraste entre mar e sertão, com produções de frutas, assim como petróleo e sal, com rica história e o artesanato em alguns deles. Também se observa formações rochosas em outros, e pelos açudes, ainda mais os sítios arqueológicos importantes.

e) O Estado em questão está sobressaindo pela produção de sal e de petróleo, também na pecuária, desde a colonização, mais ainda que os vizinhos. Ele tem belas praias, dunas, falésias e até vulcão extinto, como sítios arqueológicos de importância em todo o Estado, com seus pólos distribuídos por todo ele, e ainda produz cana, mesmo com clima pouco favorável.

Atenção: As questões de números 5 a 8 referem-se ao texto abaixo.

Os ecos da Revolução do Porto haviam chegado ao Brasil e bastaram algumas semanas para inflamar os ânimos dos brasileiros e portugueses que cercavam a corte. Na manhã de 26 de fevereiro, uma multidão exigia a presença do rei no centro do Rio de Janeiro e a assinatura da Constituição liberal. Ao ouvir as notícias, a alguns quilômetros dali, D. João mandou fechar todas as janelas do palácio São Cristóvão, como fazia em noites de trovoadas.

Pouco depois chegou o Príncipe D. Pedro, que passara a madrugada em conversas com os rebeldes. Vinha buscar o rei. D. João estava apavorado com a lembrança da ainda recente Revolução Francesa. Apesar do medo, D. João embarcou na carruagem que o aguardava e seguiu para o centro da cidade. A caminho, no entanto, percebeu que, em lugar de ofensas e gritos de protestos, a multidão aclamava seu nome. Ao contrário do odiado Luís XVI, o rei do Brasil era amado e querido pelo povo carioca.

(Adaptado de Laurentino Gomes, 1808. São Paulo: Planeta, 2007) 5. Ao ouvir as notícias, a alguns quilômetros dali, D. João mandou fechar todas as janelas do palácio São Cristóvão, como fazia em noites de trovoadas. (1º parágrafo) Com a afirmativa acima, o autor a) exprime uma opinião pessoal taxativa a respeito da atitude do rei diante da iminência da Revolução do Porto. b) critica de modo inflexível a atitude do rei, que, acuado, passa o poder para as mãos do filho. c) demonstra que o rei era dono de uma personalidade intempestiva, que se assemelhava a uma chuva forte. d) sugere, de modo indireto, que o rei havia se alarmado com a informação recebida. e) utiliza-se de ironia para induzir o leitor à conclusão de que seria mais do que justo depor o rei. 6. ... como fazia em noites de trovoadas. (1º parágrafo) O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado acima está em: a) Ao ouvir as notícias... b) ... D. João embarcou na carruagem... c) ... que passara a madrugada... d) ... bastaram algumas semanas... e) ... que o aguardava...

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7. Apesar do medo, D. João embarcou na carruagem que o aguardava e seguiu para o centro da cidade. A caminho, no entanto, percebeu que, em lugar de ofensas e gritos de protestos, a multidão aclamava seu nome. (2º parágrafo) O trecho acima está reescrito com correção e lógica em: a) Embora estivesse com medo, D. João subiu na carruagem que estava esperando por ele e dirigiu-se ao centro da

cidade. Entretanto, durante o trajeto, em vez de escutar ofensas e protestos, ouviu o seu nome ser aclamado pela multidão.

b) Por estar com medo, D. João subiu na carruagem que o esperara, dirigindo-se ao centro da cidade. A medida que se aproximava do seu destino, escutou a multidão aclamar o seu nome, porém não insultando-o e ofendendo-o.

c) À medida que estava com medo, D. João subiu na carruagem cuja esperara, dirigindo-se ao centro da cidade. Todavia, durante o trajeto, escutaria gritos de aprovação ao invés de ofensas e protestos.

d) Porém, com medo, D. João sobe na carruagem que esperava-o, dirigindo-se para o centro da cidade. Ao estar-se aproximando do seu destino, escutaria seu nome sendo aclamado pela multidão, que, para sua surpresa, não protestava ou gritavam ofensas.

e) Estando com medo, todavia, D. João subiu na carruagem que o esperava para se dirigir no centro da cidade. Surpreende-o, pois que, no caminho, escuta a multidão aclamando o seu nome em vez de estar gritando ofensas e protestos.

8. Graças ...... resistência de portugueses e espanhóis, a Inglaterra furou o bloqueio imposto por Napoleão e deu início ...... campanha vitoriosa que causaria ...... queda do imperador francês. Preenchem as lacunas da frase acima, na ordem dada, a) a - à - a b) à - a - a c) à - à - a d) a - a - à e) à - a - à Atenção: As questões de números 9 a 11 referem-se ao texto abaixo.

O corvo e o jarro

Um pobre corvo, quase morto de sede, avistou de repente um jarro de água. Aliviado e muito alegre, voou velozmente para o jarro.

Mas, embora o jarro contivesse água, o nível estava tão baixo que, por mais que o corvo se esforçasse, não havia meio de alcançá-la. O corvo, então, tentou virálo, na esperança de pelo menos beber um pouco da água derramada. Mas o jarro era pesado demais para ele.

Por fim, correndo os olhos à volta, viu pedrinhas ali perto. Foi, então, pegando-as uma a uma e atirando-as dentro do jarro. Lentamente a água foi subindo até a borda, e finalmente pôde matar a sede.

(Fábulas de Esopo, recontadas por Robert Mathias, Círculo do Livro, p. 46) 9. Típica das fábulas, a moral da história que pode ser depreendida da leitura de O corvo e o jarro é: a) A utilidade é mais importante do que a beleza. b) Devagar se vai ao longe. c) O hábito torna as coisas familiares e fáceis para nós. d) A necessidade é a mãe da invenção. e) Contra esperteza, esperteza e meia. 10. A reconstrução de um segmento do texto, com um diferente emprego pronominal, que mantém a correção e o sentido originais é: a) não havia meio de alcançá-la = não havia como alcançar-lhe. b) o jarro era pesado demais para ele = o jarro lhe era por demais pesado. c) atirando-as dentro do jarro = atirando-lhes para dentro do jarro. d) O corvo, então, tentou virá-lo = O corvo, então, lhe tentou virar. e) pegando-as uma a uma = pegando-lhes uma a uma. 11. ... viu pedrinhas ali perto. (3º parágrafo) A passagem para a voz passiva da frase acima resulta na seguinte forma verbal: a) são vistas. b) tinha visto. c) foram vistas. d) viu-se. e) é visto.

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12. A redação de documentos oficiais deve pautar-se por impessoalidade, clareza, concisão e pelo uso correto da norma culta. Todas essas qualidades são respeitadas no seguinte trecho: a) Este setor do Governo Estadual, responsável pelo atendimento a vítimas de desastres naturais, elaborou um

plano geral de assistência a ser encaminhado às entidades que colaboram nesse atendimento, para a adequada efetivação dos trabalhos nas ocasiões de calamidade pública.

b) O Instituto Benefício para Todos deverá estar sendo convidado para fazer parte de uma campanha destinada a angariar donativos, que se espera seja suficiente para atender a todos os desabrigados da enchente; conforme estipulado pela Coordenadoria, que foi considerada de relevante interesse social.

c) Como Deputado da Bancada Estadual, sinto-me avexado por que não estou podendo atender com mais prontidão e benefícios as vítimas dessa implacável seca, que teve motivos alheios à minha vontade para não conseguir isso.

d) Membros da Comissão Técnica destinada a averiguar a distribuição de favores em troca de votos, apurou que o Presidente do Conselho de Agricultores do Estado afirmou ao seu Vice de que ele poderia estar sendo investigado por desvio de verbas.

e) O critério metodológico de escolha dos participantes das equipes de atendimento à vítimas de desastres naturais estão sendo preparados, tendo em vista que é importante observar a correspondência entre tais desastres e o atingimento de pessoas nessa situação.

Atenção: As questões de números 13 a 15 referem-se ao texto abaixo.

João e Maria Agora eu era o herói E o meu cavalo só falava inglês A noiva do cowboy Era você Além das outras três Eu enfrentava os batalhões Os alemães e seus canhões Guardava o meu bodoque E ensaiava um rock Para as matinês (...) Não, não fuja não Finja que agora eu era o seu brinquedo Eu era o seu pião O seu bicho preferido Sim, me dê a mão A gente agora já não tinha medo No tempo da maldade Acho que a gente nem tinha nascido

Chico Buarque e Sivuca 13. I. Nos versos Agora eu era o herói e A gente agora já não tinha medo, o uso do advérbio agora mostra-se

inadequado, pois os verbos conjugados no pretérito imperfeito designam fatos transcorridos no tempo passado. II. Em Finja que agora eu era o seu brinquedo e Sim, me dê a mão, os verbos grifados estão flexionados no mesmo modo. III. Substituindo-se a expressão a gente pelo pronome nós nos versos A gente agora já não tinha medo e Acho que a gente nem tinha nascido, a forma verbal resultante, sem alterar o contexto, será teríamos.

Está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III.

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14. Eu enfrentava os batalhões Os alemães e seus canhões Guardava o meu bodoque E ensaiava um rock Para as matinês

Os versos acima estão corretamente pontuados em: a) Eu enfrentava, os batalhões − os alemães e seus canhões −, guardava o meu bodoque e ensaiava um rock: para

as matinês. b) Eu enfrentava, os batalhões, os alemães e seus canhões. Guardava o meu bodoque e ensaiava um rock, para as

matinês. c) Eu enfrentava: os batalhões, os alemães e seus canhões − guardava o meu bodoque e ensaiava, um rock para as

matinês. d) Eu enfrentava os batalhões; os alemães e seus canhões: guardava o meu bodoque e ensaiava um rock − para as

matinês. e) Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões; guardava o meu bodoque e ensaiava um rock para as

matinês. 15. É comum que, durante suas brincadeiras, as crianças se ...... para um universo mágico e ...... a identidade de uma personagem admirada, ...... um super-herói ou uma figura da realeza. Preenche corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada, o que está em: a) transportem – assumam – seja b) transportam – assumiriam – sendo c) transportariam – assumiriam – seria d) transportam – assumem – seja e) transportem – assumem – seria

RESPOSTAS

01 – D 03 – C 05 – D 07 – A 09 – D 11 – C 13 – B 15 – A 02 – E 04 – B 06 – E 08 – C 10 – B 12 – A 14 – E

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PROVA 6 FCC/TRE/RIO GRANDE DO NORTE/ANALISTA JUDICIÁRIO ÁRE A JUDICIÁRIA/2011 Atenção: As questões de números 1 a 6 referem-se ao texto abaixo.

Nas ilhas Mascarenhas − Maurício, Reunião e Rodriguez −, localizadas a leste de Madagáscar, no oceano Índico, muitas espécies de pássaros desapareceram como resultado direto ou indireto da atividade humana. Mas aquela que é o protótipo e a tataravó de todas as extinções também ocorreu nessa localidade, com a morte de todas as espécies de uma família singular de pombos que não voavam − o solitário da ilha Rodriguez, visto pela última vez na década de 1790; o solitário da ilha Reunião, desaparecido por volta de 1746; e o célebre dodô da ilha Maurício, encontrado pela última vez no início da década de 1680 e quase certamente extinto antes de 1690.

Os volumosos dodôs pesavam mais de vinte quilos. Uma plumagem cinza-azulada cobria seu corpo quadrado e de pernas curtas, em cujo topo se alojava uma cabeça avantajada, sem penas, com um bico grande de ponta bem recurvada. As asas eram pequenas e, ao que tudo indica, inúteis (pelo menos no que diz respeito a qualquer forma de voo). Os dodôs punham apenas um ovo de cada vez, em ninhos construídos no chão.

Que presa poderia revelar-se mais fácil do que um pesado pombo gigante incapaz de voar? Ainda assim, provavelmente não foi a captura para o consumo pelo homem o que selou o destino do dodô, pois sua extinção ocorreu sobretudo pelos efeitos indiretos da perturbação humana. Os primeiros navegadores trouxeram porcos e macacos para as ilhas Mascarenhas, e ambos se multiplicaram de maneira prodigiosa. Ao que tudo indica, as duas espécies se regalaram com os ovos do dodô, alcançados com facilidade nos ninhos desprotegidos no chão − e muitos naturalistas atribuem um número maior de mortes à chegada desses animais do que à ação humana direta. De todo modo, passados os primeiros anos da década de 1680, ninguém jamais voltou a ver um dodô vivo na ilha Maurício. Em 1693, o explorador francês Leguat, que passou vários meses no local, empenhou-se na procura dos dodôs e não encontrou nenhum.

(Extraído de Stephen Jay Gould. “O Dodô na corrida de comitê”, A montanha de moluscos de Leonardo da Vinci. São Paulo, Cia. das Letras, 2003, pp. 286-8)

1. Mas aquela que é o protótipo e a tataravó de todas as extinções também ocorreu nessa localidade... (1º parágrafo) A frase acima transcrita deve ser entendida como indicação de que a extinção das espécies de pombos que não voavam das ilhas Mascarenhas a) seria um modelo a ser utilizado pelos homens no futuro, quando decididos a erradicar espécies inúteis ou

prejudiciais. b) é uma das primeiras extinções de animais vinculadas à ação direta ou indireta dos homens de que se tem

notícia. c) teria ocorrido muito tempo antes do verdadeiro início da extinção de espécies por conta de ações humanas

diretas ou indiretas. d) é um episódio tão antigo na história das relações entre homens e animais que pode ser considerado singular e

ultrapassado. e) deu origem a um padrão para as futuras extinções de animais, que estariam sempre ligadas à colonização

humana de novas terras. 2. As asas eram pequenas e, ao que tudo indica, inúteis... (2º parágrafo) Ao que tudo indica, as duas espécies se regalaram com os ovos do dodô, alcançados com facilidade nos ninhos desprotegidos no chão... (último parágrafo) A expressão grifada nas frases acima transcritas deixa transparecer, em relação às afirmações feitas, a) a sua comprovação científica irrefutável. b) a certeza absoluta que o autor quer partilhar com o leitor. c) o receio do autor ao formular um paradoxo. d) a sua pequena probabilidade. e) o seu caráter de hipótese bastante provável. 3. Estão empregados no texto com idêntica regência os verbos grifados em: a) Os dodôs punham... (2º parágrafo) / ... sua extinção ocorreu... (último parágrafo) b) ... muitas espécies de pássaros desapareceram... (1º parágrafo) / Os primeiros navegadores trouxeram...

(último parágrafo) c) Uma plumagem cinza-azulada cobria... (2º parágrafo) / ... e não encontrou nenhum. (último parágrafo) d) Os volumosos dodôs pesavam ... (2º parágrafo) / ... não foi a captura... (último parágrafo) e) ... a tataravó de todas as extinções também ocorreu... (1º parágrafo) / ... e muitos naturalistas atribuem...

(último parágrafo)

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4. Ainda assim, provavelmente não foi a captura para o consumo pelo homem o que selou o destino do dodô, pois sua extinção ocorreu sobretudo pelos efeitos indiretos da perturbação humana. Os elementos grifados na frase acima podem ser substituídos, sem prejuízo para o sentido e a correção, respectivamente, por: a) Contudo − não obstante. b) Conquanto − por que. c) Em que pese isso − embora. d) Apesar disso − visto que. e) Por isso − porquanto. 5. O segmento cujo sentido está corretamente expresso em outras palavras é: a) se multiplicaram de maneira prodigiosa = cresceram ilusoriamente. b) as duas espécies se regalaram = os dois gêneros se empanturraram. c) uma família singular = um conjunto variegado. d) que selou o destino = que indigitou a fatalidade. e) empenhou-se na procura = dedicou-se com afinco à busca. 6. Leia as afirmações abaixo sobre a pontuação utilizada no texto.

I. Em − Maurício, Reunião e Rodriguez −, os travessões poderiam ser substituídos por parênteses, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase. II. O travessão empregado imediatamente depois de voavam (1º parágrafo) pode ser substituído por dois pontos, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase. III. Em o explorador francês Leguat, que passou vários meses no local, empenhou-se na procura dos dodôs, a retirada das vírgulas não implica prejuízo para o sentido e a correção da frase.

Está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) III, apenas. e) I, II e III. Atenção: As questões de números 7 a 9 referem-se ao texto abaixo.

Lavadeiras de Moçoró

As lavadeiras de Moçoró, cada uma tem sua pedra no rio; cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas no tempo. As pedras têm um polimento que revela a ação de muitos dias e muitas lavadeiras. Servem de espelho a suas donas. E suas formas diferentes também correspondem de certo modo à figura física de quem as usa. Umas são arredondadas e cheias, aquelas magras e angulosas, e todas têm ar próprio, que não se presta a confusão.

A lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se divide e se unifica ao sabor do trabalho. Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que a pedra a acompanha em surdina. Outras vezes, parece que o canto murmurante vem da pedra, e a lavadeira lhe dá volume e desenvolvimento.

Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos.

Obs.: manteve-se a grafia original, constante da obra citada.

(Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis, in Prosa Seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p.128) 7. Evidencia-se no texto a) a presença da pedra como símbolo da rotina pesada de uma vida sem perspectivas de melhora da maioria das

mulheres brasileiras. b) o primitivismo das condições de trabalho em alguns lugares, que impede a necessária alteração dos costumes

familiares. c) a extrema pobreza em que vivem muitas famílias brasileiras, sem qualquer condição de sobrevivência mais

digna. d) a associação íntima e até mesmo afetiva entre ser humano e elemento da natureza, identificados por um tipo de

trabalho diário. e) a identificação entre o rio e a pedra, prefigurando os obstáculos sociais que impedem a ascensão econômica de

muitos brasileiros.

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8. Umas são arredondadas e cheias, aquelas magras e angulosas, e todas têm ar próprio, que não se presta a confusão. (1º parágrafo) A relação semântica existente entre as expressões grifadas na afirmativa acima é percebida também entre os dois elementos grifados em: a) que revela a ação de muitos dias e muitas lavadeiras. b) um ente especial, que se divide e se unifica ao sabor do trabalho. c) a pedra a acompanha em surdina... parece que o canto murmurante vem da pedra. d) e a lavadeira lhe dá volume e desenvolvimento. e) as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. 9. Considere as observações seguintes sobre a associação de palavras no texto e o sentido decorrente dessa associação:

I. No segmento passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas no tempo há uma comparação, que associa a transmissão de costumes ao fluxo das águas do rio. II. As referências às pedras, especialmente no 2o parágrafo, atribuem a elas qualidades humanas. III. Na frase Servem de espelho a suas donas é possível entender o sentido literal, como referência ao reflexo da água sobre as pedras, e o sentido contextual, como identidade e cumplicidade entre a mulher e a pedra.

Está correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. Atenção: As questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo.

Gesso Esta minha estatuazinha de gesso, quando nova − O gesso muito branco, as linhas muito puras − Mal sugeria imagem de vida (Embora a figura chorasse). Há muitos anos tenho-a comigo. O tempo envelheceu-a, carcomeu-a, manchou-a de pátina

[amarelo-suja. Os meus olhos, de tanto a olharem, Impregnaram-na da minha humanidade irônica de tísico. Um dia mão estúpida Inadvertidamente a derrubou e partiu. Então ajoelhei com raiva, recolhi aqueles tristes fragmentos,

[recompus a figurinha que chorava. E o tempo sobre as feridas escureceu ainda mais o sujo

[mordente da pátina... Hoje este gessozinho comercial É tocante e vive, e me fez agora refletir Que só é verdadeiramente vivo o que já sofreu.

Manuel Bandeira

10. A ação do tempo sobre a estátua de gesso é vista pelo poeta como a) o que acabou por torná-la mais vivaz e expressiva, pelo menos até que um acidente a fizesse perder essa

vivacidade. b) responsável por danos que levaram uma obra de arte a perder sua pureza e vivacidade originais. c) um elemento que, juntamente com os danos causados por um acidente, dá vida e singularidade ao que era

inexpressivo e vulgar. d) o causador irremediável do envelhecimento das coisas e da consequente desvalorização dos objetos pessoais

mais valiosos. e) capaz de transformar um simples objeto comercial em uma obra de arte que parece ter sido criada por um

escultor genial.

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11. Mal sugeria imagem de vida

(Embora a figura chorasse).

É correto afirmar que a frase entre parênteses tem sentido a) adversativo. b) concessivo. c) conclusivo. d) condicional. e) temporal. 12. Um dia mão estúpida

Inadvertidamente a derrubou e partiu. Então ajoelhei com raiva, recolhi aqueles tristes fragmentos, [recompus a figurinha que chorava. E o tempo sobre as feridas escureceu ainda mais o sujo [mordente da pátina...

Sobre os versos acima transcritos é INCORRETO afirmar: a) mão estúpida pode ser alusão do poeta a si próprio e carregaria assim algum matiz da raiva que o teria

acometido quando derrubou a estátua. b) Inadvertidamente tem o sentido de “de modo descuidado”, indicando o caráter acidental do episódio. c) em recompus a figurinha que chorava, o poeta se vale de uma ambiguidade para sugerir o sofrimento da

estátua com a queda. d) com a alusão às feridas causadas à estátua, o poeta se refere aos sinais visíveis da junção dos pedaços dela

depois de reconstituída. e) com a expressão o sujo mordente da pátina, o poeta alude à transformação da estátua de sofredora em

causadora de sofrimento. 13. O valor que atribuímos ...... coisas é resultado, não raro, de uma história pessoal e intransferível, de uma relação construída em meio a acidentes e percalços fundamentais. Assim, nosso apreço por elas não corresponde absolutamente ...... valorização que alcançariam no mercado, esse deus todo-poderoso, que, no entanto, resta impotente quando ao valor econômico se superpõe ...... afeição.

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada, a) às - à - a b) as - à - a c) as - a - à d) às - a - a e) às - à - à 14. Embora pudesse estar estampada na primeira página de um jornal, a manchete fictícia que traz deslize quanto à concordância verbal é: a) Economistas afirmam que em 2011 haverá ainda mais oportunidades de emprego na indústria e no comércio do

que em 2010. b) “Os que insistem na minha culpa haverão de se arrepender pela injustiça cometida”, declara o secretário

exonerado. c) Expectativas em relação ao aumento da inflação faz bolsas caírem ao menor nível este ano. d) Crescem no Brasil a venda e o comércio de produtos importados ilegalmente. e) “Ergueram-se mais edifícios nos últimos dois anos do que nos cinco anos anteriores”, constata estudo sobre o

mercado imobiliário.

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15. Considerando-se as qualidades exigidas na redação de documentos oficiais, está INCORRETA a afirmativa: a) A concisão procura evitar excessos linguísticos que nada acrescentam ao objetivo imediato do documento a ser

redigido, dispensando detalhes irrelevantes e evitando elementos de subjetividade, inapropriados ao texto oficial.

b) A impessoalidade, associada ao princípio da finalidade, exige que a redação de um documento seja feita em nome do serviço público e tenha por objetivo o interesse geral dos cidadãos, não sendo permitido seu uso no interesse próprio ou de terceiros.

c) Clareza e precisão são importantes na comunicação oficial e devem ser empregados termos de conhecimento geral, evitando-se, principalmente, a possibilidade de interpretações equivocadas, como na afirmativa: O Diretor informou ao seu secretário que os relatórios deveriam ser encaminhados a ele.

d) A linguagem empregada na correspondência oficial, ainda que respeitando a norma culta, deve apresentar termos de acordo com a região e com requinte adequado à importância da função desempenhada pela autoridade a quem se dirige o documento.

e) Textos oficiais devem ser redigidos de acordo com a formalidade, ou seja, há certos procedimentos, normas e padrões que devem ser respeitados com base na observância de princípios ditados pela civilidade, como cortesia e polidez, expressos na forma específica de tratamento.

RESPOSTAS 01 – B 03 – C 05 – E 07 – D 09 – E 11 – B 13 – A 15 – D 02 – E 04 – D 06 – B 08 – A 10 – C 12 – E 14 – C