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PROVA ORAL RCPN...PROVA ORAL | 2020 Direito Notarial e Registral – RCPN Aula 01 [email protected] Quanto aos efeitos, prevalece na doutrina que os registros possuem os seguintes:

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Direito Notarial e Registral – RCPN Aula 01

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DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL

RCPN

EDITAL UNIFICADO: Lei Federal nº 6.015/73. Competencia e atribuicoes. Escrituracao. Ordem do servico. Publicidade. Conservacao. Responsabilidade. Expediente ao publico. Certidoes. Fe publica. Comunicacoes. Disposicoes Gerais. Principios informativos. Livros e sua Escrituracao. Indicadores em geral e específico. Titulos extrajudiciais e judiciais. Qualificacao. Registros. Averbacoes. Anotacoes. Remissoes Reciprocas. Penalidades. Procedimento de duvida. Gratuidade no Servico de Registro Civil. Da compensacao pelos atos gratuitos. Central de Informacoes do Registro Civil. Administracao do servico. Reconhecimento de Firmas e Autenticacoes. Registro de Nascimento. Do nascimento decorrente de reproducao assistida. Do assento de nascimento do indigena no Registro Civil das Pessoas Naturais. Nome civil. Prenome e sobrenome. Registro fora do prazo. Competencia.

Este material foi construído com base nas obras / aulas dos seguintes autores: DEBS, Martha El. Legislação Notarial e de Registros Públicos comentadas. Salvador: Jus Podivm, 2018; LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros Públicos: Teoria e Prática. Jus Podivm, 2018. NETO, Mario de Carvalho Camargo; OLIVEIRA, Marcelo Salaroli de. Registro Civil das Pessoas Naturais: parte geral e registro de nascimento. São Paulo: Saraiva. CAVALCANTE, Marcio Andre Lopes. Informativos Esquematizados (https://www.dizerodireito.com.br).

LEI FEDERAL 6015. COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES

1. Quais as finalidades dos Registros Públicos, de acordo com a Lei 6015?

➔ Os serviços dos Registros Públicos tem por fim garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. Importante destacar que essas finalidades também estão previstas na Lei 8935 e na Lei 9492 (protestos), de modo que se pode afirmar que são os verdadeiros pilares das atividades notarial e registral. A publicidade destina-se a garantir segurança às relações jurídicas, à medida que assegura o amplo conhecimento dos atos notariais e registrais e, portanto, oponibilidade contra terceiros. A autenticidade decorre da fé pública atribuída ao notário e ao registrador, de modo que o conteúdo do ato notarial ou registral possui presunção relativa de verdade. A segurança confere estabilidade às relações jurídicas e confiança no ato notarial e registral. A eficácia, por sua vez, consiste na aptidão de produzir efeitos jurídicos decorrentes do ato notarial e registral.

2. Quais os principais efeitos dos registros?

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➔ Quanto aos efeitos, prevalece na doutrina que os registros possuem os seguintes: constitutivos de direitos, a exemplo da emancipação; comprobatórios, mediante prova da existência e da veracidade do ato, a exemplo do registro de nascimento; e publicitários, que possibilita, como regra, o amplo conhecimento do conteúdo dos atos notariais e registrais, mediante expedição de certidões.

3. De acordo com a Lei 6015, quais são os serviços concernentes aos registros públicos? Exemplifique um ato praticado por cada serviço.

➔ De acordo com a Lei 6015, os serviços são: registro civil das pessoas naturais, nos quais são praticados, dentre outros, atos de registro de registro de nascimento, de óbito, de casamento, de emancipações; registro civil das pessoas jurídicas, em que são inscritos os atos constitutivos das pessoas jurídicas, a exemplo do registro de estatuto de associações, de fundações, matrículas de jornais; registro de títulos e documentos, em que são registrados atos para produzirem efeitos em relação a terceiros ou para sua conservação e sua competência é residual, de modo que todos os documentos que a legislação não tenha atribuídos aos demais registros, podem ingressar no RTD, a exemplo do registro de carta de amor; registro de imóveis, em que consta o repositório de todas as informações da propriedade imobiliária e onde se registram, dentre outros instrumentos, a escritura pública de compra e venda.

4. A remuneração dos registradores dá-se por emolumentos. Qual a sua natureza jurídica? Pode o registrador dispensar, de ofício, o pagamento dos emolumentos, abrindo mão de sua remuneração?

➔ Os emolumentos têm natureza jurídica de taxa, cujo fato gerador é a utilização do serviço notarial ou registral. Os emolumentos são tabelados por lei e é ilegal a cobrança tanto para mais, quanto para menos. Por ser espécie tributária, não pode o registrador, sem fundamento legal, dispensar o pagamento dos emolumentos.

5. Quais as penalidades que se aplicam ao oficial das pessoas naturais no caso de cobrança pelo registro de nascimento?

➔ Por força da lei de registros públicos, não devem ser cobrados emolumentos pelo registro civil de nascimento (art. 30), de modo que se for feita a cobrança, deve o oficial ser penalizado com as penas de repreensão, multa, suspensão por 90 dias, prorrogável por mais 30 dias e até mesmo perda de delegação (art. 32, Lei 8935/94).

6. Qual providência deve adotar o oficial de registro civil quando o ato a ser praticado for de interesse seu ou de um parente em quarto grau?

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➔ Quando o interessado no registro for o próprio oficial encarregado do registro civil das pessoas naturais, o ato deve ser praticado pelo substituto legal (art. 15, Lei 6015). No caso do interesse ser de parente de quarto grau, não há impedimento e o oficial pode praticar o ato normalmente. O parentesco que impede a prática do ato é até terceiro grau, isso porque o artigo 15 da lei de registros públicos deve ser lido em consonância com os artigos 27 e o parágrafo 5 do artigo 20 da Lei dos Notários e Registradores (Lei 8935/94), que reza que no serviço de que é titular, o notário e o registrados não poderão praticar, pessoalmente, qualquer ato de seu interesse, ou de interesse de seu cônjuge ou parentes, na linha reta, ou na colateral, consanguíneos ou afim, até o terceiro grau. ➔Esse impedimento justifica-se para evitar conflitos de interesses, em respeito à moralidade administrativa.

7. Discorra sobre a função do registro civil das pessoas naturais, destacando o conceito sobre pessoa humana e seus principais atributos.

➔ O registro civil das pessoas naturais tem por função fixar o estado civil ou estado de família da pessoa natural, provando seu nome, filiação, idade e capacidade para os atos da vida civil (ex: maioridade, emancipação), casamento, entre outros fatos e atos importantes para a identificação e proteção da pessoa natural e a para sua vida jurídica e social. Em suma, o RCPN é o repositório dos atos de estado civil, instrumento adequado para a constatação e publicação dos fatos e atos que definem o estado de uma pessoa física.

➔ A pessoa natural ou física é o indivíduo dotado de consciência e vontade dotado de livre-arbítrio e de personalidade. Toda pessoa possui atributos que lhe são próprios e que servem para sua identificação e individuação dentro do grupo social a que pertencem. Dentre os principais atributos estão o nome, o domicílio e o estado (ex: nacionalidade, família).

8. Uma pessoa sem o registro de nascimento, detém personalidade?

➔ A ausência ou a irregularidade do registro de nascimento não interfere na ocorrência dos eventos naturais que marcam o início e o fim da pessoa humana, de modo que o ser humano nasce e adquire personalidade ainda que seu nascimento não seja objeto de inscrição ou que o assento concernente seja eivado de vício. A ausência de registro ou sua irregularidade repercute apenas na dificuldade da prova da existência da pessoa e de sua situação jurídica na sociedade.

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9. Defina registro e cite exemplos do que se registra em Registro Civil das Pessoas Naturais.

➔ O registro consiste no assento principal e se refere aos fatos principais ou a atos inerentes à existência da pessoa. São exemplos de registros no RCPN: nascimentos, casamentos, óbitos, emancipações, interdições, ausências, as opções de nacionalidade.

➔ O registro civil das pessoas naturais tem por finalidade fixar os fatos mais relevantes da vida humana. Sua importância ultrapassa a própria pessoa do registro, pois a manutenção desses assentos interessa também à nação, à medida em que é fonte estatística para o Governo e serve de base para suas políticas públicas. Além disso, interessa a todos aqueles que mantenham relação jurídica com o registrado, pois é neste registro que se encontra a história civil da pessoa natural.

10. O registro de nascimento é uma das atribuições do registro civil das pessoas naturais e deve ser gratuito. Qual o fundamento desta gratuidade?

➔ O registro de nascimento relaciona-se com a cidadania e seu respectivo exercício, estando a gratuidade deste ato prevista no rol dos direitos e garantias da CF/88, em seu artigo 5.

➔ “O registro de nascimento e universalmente gratuito, por força da Lei n. 9.534/97 que alterou as Leis n. 6.015/73, 8.935/94 e 9.265/96, incluindo-o entre os documentos essenciais ao exercício da cidadania previstos no inciso LXXVII do artigo 5º da CF.” Trecho de: CHRISTIANO CASSETTARI; Mario de Carvalho Camargo Neto; MARCELO SALAROLI DE OLIVEIRA. “Coleçao Cartórios - Registro Civil de Pessoas Naturais: Parte geral e Registro de nascimento - Volume 1”.

11. Defina averbação e cite exemplos de atos averbáveis em Registro Civil das Pessoas Naturais.

➔ Averbação consiste no ato de lançar à margem do registro existente informação sobre fato que o modifique, retifique ou cancele. Averbações, assim, são atos que alteram o conteúdo ou os efeitos do registro, ou que o complementam. Ou seja, a averbação, por si só, promove a alteração jurídica do registro. São exemplos de atos averbáveis: divórcio, reconhecimento de paternidade, alteração de nome.

➔ Segundo o disposto no art. 29, §1° da Lei n° 6.015/73, são averbáveis: a) as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do casamento, o desquite e o restabelecimento da sociedade conjugal; b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na constância do casamento e as que

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declararem a filiação legítima; c) os casamentos de que resultar a legitimação de filhos havidos ou concebidos anteriormente; d) os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos ilegítimos (item que deve sofrer uma releitura para comportar a situação do reconhecimento de paternidade); e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem; f) as alterações ou abreviaturas de nomes. Esse rol é exemplificativo, pois será objeto de averbação todo ato capaz de modificar o registro, representando uma modificação da situação jurídica do assento. Um exemplo de ato não previsto acima e que deve ser averbado é a retificação de registro, que adentra o assento por meio de averbação.

12. O rol dos atos averbáveis é taxativo ou exemplificativo?

➔ Esse rol é exemplificativo, pois será objeto de averbação todo ato capaz de

modificar o registro, representando uma modificação da situação jurídica do

assento. Um exemplo de ato não previsto acima e que deve ser averbado é a

retificação de registro, que adentra o assento por meio de averbação.

13. Imagine que um casal, casado em seu cartório, compareça em sua serventia e apresente uma sentença estrangeira de divórcio e lhe solicite a averbação. O senhor(a), como oficial, atenderia a esta solicitação?

➔ Em se tratando de sentença estrangeira de divórcio puro, a solicitação deve ser atendida. O oficial, por força do Provimento 53 do CNJ deve proceder à averbação de sentença de divórcio simples ou puro no assento de casamento, independentemente de homologação judicial. Esta somente será necessária para a averbação nos casos em que haja disposição sobre guarda de filhos, alimentos e/ou partilha de bens.

➔ Art. 1º. A averbação direta no assento de casamento da sentença estrangeira de divórcio consensual simples ou puro, bem como da decisão não judicial de divórcio, que pela lei brasileira tem natureza jurisdicional, deverá ser realizada perante o Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais a partir de 18 de março de 2016.

• 1º. A averbação direta de que trata o caput desse artigo independe de prévia homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça e/ou de prévia manifestação de qualquer outra autoridade judicial brasileira.

• 2º. A averbação direta dispensa a assistência de advogado ou defensor público.

• 3º. A averbação da sentença estrangeira de divórcio consensual, que, além da dissolução do matrimônio, envolva disposição sobre guarda de filhos, alimentos e/ou partilha de bens – aqui denominado divórcio

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consensual qualificado - dependerá de prévia homologação pelo Superior Tribunal de Justiça.

14. Em que consiste os Ofícios da Cidadania?

➔ Trata-se de uma ampliação, por força da Lei 13.484/17, dos serviços prestados pelos cartórios de registros civis das pessoas naturais, agora denominados Ofícios da Cidadania. Em razão da capilaridade dos registros civis das pessoas naturais e sua presença em praticamente todos os municípios brasileiros é que essa lei ampliou as atribuições do RCPN, possibilitando, por exemplo, a emissão de passaportes, carteiras de identidade; CPF. São necessários convênios com as entidades governamentais para que os cartórios de registro civil possam prestar esses serviços.

➔ Até abril de 2019, a Lei 13.484/17, no que se refere aos ofícios da cidadania, estava suspensa, por força da ADI 5855, ajuizada pelo Partido Republicano Brasileiro, em que se alegava inconstitucionalidade formal deste dispositivo da lei, por violação à reserva de iniciativa do Poder Judiciário para propositura de leis sobre a matéria e ausência de pertinência temática entre o conteúdo da norma questionada, decorrente de emenda parlamentar, e a proposição original encaminhada pelo presidente da República. Contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no dia 10/04/2019, por maioria dos votos, como constitucional a Lei que cria os Ofício da Cidadania nos Cartórios de Registro Civil. Relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes afirmou em seu voto que a emenda à Medida Provisória 776/2017, autorizando os cartórios de registro civil a prestar outros serviços por meio de convênios, trata da mesma temática originária da MP: a ampliação do acesso aos serviços públicos no Brasil.

REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS: ESCRITURAÇÃO, ORDEM DO SERVIÇO

15. Quanto à escrituração dos registros, como se dá a escrituração manuscrita, a mecânica e a eletrônica?

➔ A escrituraçao consiste no ato de “anotar” os atos notariais e de registros em seus respectivos livros. A escrituração manuscrita é a feita manualmente pelos notários ou seus escreventes, em livros encadernados, com as dimensões previstas na Lei 6015 – 0,22 – 0,40 de largura ou 0,33 – 0,55 de altura. Todavia, com a evolução da tecnologia, raramente essa escrituração é adotada. A escrituração mecânica é a que se dá com o uso de editores de texto, porém sem sistema informatizado, em folhas soltas. A escrituração eletrônica, por sua vez, é realizada por meio de sistema informatizado de base de dados, com impressão dos atos em fichas ou em livros físicos.

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16. É possível abertura e encerramento de livros pelos escreventes do titular? Fundamente.

➔ NÃO. Somente o próprio titular pode abrir ou encerrar livros, bem como numerá-los e autenticá-los, eis que esses atos são de controle central do ofício e devem ser praticados pessoalmente pelos próprios delegatários, a quem compete o gerenciamento administrativo dos serviços (EL DEBS, Martha. P. 35/36).

17. Em uma serventia muito pequena, com pouquíssimos atos praticados, pode haver algum tipo de redução da quantidade de folhas dos livros?

➔ SIM. Em serventias com poucos atos de registros, o juiz pode autorizar a diminuição do número de folhas em até 1/3 do número previsto em lei, a fim de evitar que o mesmo livro fique aberto por longo período, o que pode prejudicar a sua conservação.

18. No caso do encerramento de um livro de registro, como deve proceder o registrador? Como se dará a numeração do próximo livro e do número de ordem?

➔ Ao finalizar um livro, o registrador deve fazer o termo de encerramento. E, em seguida, a abertura do novo livro, com o termo de abertura, o qual receberá o número seguinte, acrescido à respectiva letra. Por exemplo, no registro de nascimento, ao encerrar o Livro A-1, o próximo será o A-2. Essa regra não se aplica ao registro de imóveis, eis que o número do livro deve ser conservado, acrescentando-se as letras, sucessivamente, na ordem alfabética simples e, depois, repetidas em combinação com a primeira, com a segunda e assim indefinidamente. Por exemplo, Livro 2-A; 2-B; 2-C. Em relação aos números de ordem, estes não devem ser interrompidos com o encerramento do livro e abertura do seguinte, de modo que continuam indefinidamente nos livros seguintes de mesma espécie.

19. A lei 6015 estabeleceu um horário fixo de atendimento das serventias?

➔ NÃO. A Lei 6015 apenas estabeleceu que as serventias devem funcionar todos os dias úteis, no mesmo horário. Com exceção do registro civil das pessoas naturais, que deve funcionar todos os dias, sem exceção, inclusive aos sábados, domingos e feriados em regime de plantão. O horário de funcionamento, todavia, é estabelecido pelo próprio titular, mediante autorização do juiz corregedor ou por lei estadual.

20. Imagine que chegam a sua serventia, uma moça de 18 anos, analfabeta, acompanhada de sua amiga, para declarar o nascimento de

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sua filha. A moça apresenta para o registro uma procuração particular do pai da criança, que tem 21 anos, para que conste no assento o nome dele como genitor. Qual procedimento você adotaria?

➔ É possível proceder ao registro, mesmo sendo a declarante analfabeta, pois ela assinará a rogo, colhendo-se a sua impressão dactiloscópica à margem do registro. No que se refere à declaração de paternidade por procuração particular, também não há nenhum óbice.

21. É possível lavrar um ato de registro civil das pessoas naturais fora do horário de expediente?

➔ Caso o ato já tenha sido iniciado, deve ser finalizado mesmo que fora do horário de expediente (art. 10, Lei 6015). Não é possível adiamento de ato no RCPN.

22. Quais livros, com suas respectivas quantidades de folhas, devem existir no registro civil das pessoas naturais?

➔ As serventias de registro civil das pessoas naturais devem manter, obrigatoriamente, ainda que possua também bancos de dados eletrônicos, os seguintes livros, todos com 300 folhas: i) Livro A, para os assentos de nascimentos; ii) Livro B, para os registros de casamentos; iii) Livro B-Auxiliar, para promover os registros de casamentos religiosos com efeitos civis; iv) Livro C, para os assentos de óbitos; v) Livro C-Auxiliar, para promover os registros de natimortos; vi) Livro D, para se realizar o registro de proclamas. Ainda, nos registros civis das pessoas naturais do 1 Subdistrito da Sede da Comarca, é obrigatório o Livro E, com 150 folhas, para os registros especiais, que são aqueles atos ou fatos relativos ao estado da pessoa natural, que sejam passiveis de registro e não sejam atinentes a outros livros, a citar: emancipação, interdição, declaração de ausência e de morte presumida, opção de nacionalidade, união estável e transcrições de assentos estrangeiros.

➔ Além destes livros, o oficial do RCPN deve atentar, ainda, para o cumprimento do Provimento 45 do CNJ e manter e escriturar os livros Diário Auxiliar, Visitas e Correições e Controle de Depósito Prévio.

23. Como devem ser praticados os atos de registro civil das pessoas naturais?

➔ Nos termos do art. 13 da Lei n° 6.015/73, o ato de registro pode ser praticado: i) em virtude de ordem judicial; ii) a requerimento verbal ou escrito dos interessados; iii) a requerimento do Ministério Público, quando a lei assim autorizar.

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24. Qual providência deve adotar o oficial de registro civil quando o ato a ser praticado for de interesse seu ou de um parente em quarto grau?

➔ Quando o interessado no registro for o próprio oficial encarregado do registro civil das pessoas naturais, o ato deve ser praticado pelo substituto legal (art. 15, Lei 6015). No caso do interesse ser de parente de quarto grau, não há impedimento e o oficial pode praticar o ato normalmente. O parentesco que impede a prática do ato é até terceiro grau, isso porque o artigo 15 da lei de registros públicos deve ser lido em consonância com os artigos 27 e o parágrafo 5 do artigo 20 da Lei dos Notários e Registradores (Lei 8935/94), que reza que no serviço de que é titular, o notário e o registrados não poderão praticar, pessoalmente, qualquer ato de seu interesse, ou de interesse de seu cônjuge ou parentes, na linha reta, ou na colateral, consanguíneos ou afim, até o terceiro grau.

➔Esse impedimento justifica-se para evitar conflitos de interesses, em respeito à moralidade administrativa.

PUBLICIDADE

25. Sobre a publicidade no registro civil das pessoas naturais – qual o instrumento desta publicidade? Trata-se de publicidade direta ou indireta?

➔ O instrumento da publicidade no RCPN é a certidão. A Lei 6015 é clara no sentido de que não é possível a consulta direta dos livros de registros, por ser prejudicial ao interesse público, uma vez que pode implicar riscos à autenticidade e integridade dos registros. Desse modo, de acordo com o artigo 16, a publicidade é indireta, isto é, se dá apenas pela expedição de certidões, jamais pelo exame direto dos livros pelos interessados.

26. Quem pode requerer certidão de assento no Registro Civil das Pessoas Naturais? E qual o prazo para sua expedição?

➔ Qualquer pessoa pode requerer uma certidão do RCPN, sem necessidade de exposição dos motivos do seu interesse (art. 17, Lei n° 6.015/73). Esta regra está de acordo com a Constituição Federal, que garante a todos a obtenção de certidões, no art.5. inciso XXXIV, letra b. Essa certidão deve ser entregue no prazo máximo de cinco dias (art. 19, Lei n° 6.015/73).

➔ Nem toda certidão requerida poderá ser expedida, pois a lei ressalva determinados casos em que se deve preservar a intimidade do registrado, a exemplo da adoção. Nestas hipóteses, a expedição de certidão depende de ordem judicial ou requerimento expresso do próprio interessado.

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27. Qual a penalidade prevista na Lei 6015/1973 para o caso de retardamento da entrega da certidão pelo oficial de registro civil das pessoas naturais?

➔ Se o juiz verificar que o retardamento do ato foi injustificado poderá impor ao oficial multa de um a dez salários mínimos e estabelecer o prazo de 24 horas para a entrega da certidão. Embora a lei preveja a pena de prisão pelo descumprimento do ato, essa norma não vige mais, devido à garantia constitucional do devido processo legal. Todavia, a desobediência à ordem emitida pelo juiz, no prazo concedido por ele à ouvida do oficial, pode configurar falta administrativa (arts. 32 e seguintes da lei 8935) e criminal (crime de desobediência, art. 30, CP).

28. É possível expedição de certidão de registro civil das pessoas naturais em meio eletrônico? De que modo? Qual fundamento legal?

➔ Sim, é possível, desde que emitida com o uso de certificado digital, que atenda aos requisitos da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira. O fundamento legal é o artigo 17 da Lei de Registros Públicos.

➔Convém salientar o Provimento 46 do CNJ, que instituiu a Central de Informação de Registro Civil das Pessoas Naturais – CRC, cujo artigo 11 possibilita a expedição de certidão eletrônica, que poderá ser materializada em qualquer RCPN ou até mesmo na repartição consular do Brasil no exterior (art. 11, parágrafo 4).

29. Quais as espécies de certidões no RCPN? Explique-as.

➔ As certidões podem ser expedidas em inteiro teor, em resumo, ou em relatório, conforme quesitos. A certidão de inteiro teor consiste na transcrição de tudo o que consta do registro e à sua margem. A certidão em resumo é a transcrição das principais partes do assento, que sejam essenciais à prova que se pretende fazer com essa certidão. Já a certidão em relatório informará apenas aquilo que a parte requerente solicitar. Nesse caso, não pode o oficial deixar de constar os requisitos exigidos em lei, nem eventuais alterações que o ato sofrer.

30. No caso de registro lavrado por mandato judicial, a expedição de certidão de inteiro teor depende de autorização judicial?

➔ Não. Enunciado 24 da ARPEN-SP: “o simples fato de o registro ter sido lavrado por mandato judicial não impede que o próprio registrado solicite o inteiro teor independentemente de autorizaçao judicial”.

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31. O que deve necessariamente constar da certidão de nascimento?

➔ Devem constar, necessariamente: i) a data em que foi feito o assento; ii) a data, por extenso do nascimento; iii) a naturalidade (Art. 19, parágrafo 4, Lei 6015).

32. Quais os efeitos da publicidade registral no RCPN?

➔ O primeiro efeito é a oponibilidade erga omnes dos fatos e situações jurídicas inscritos no RCPN. Decorre dai que o principal efeito da publicidade no RCPN é o probatório, pois através das certidões faz-se prova do estado da pessoa. Outro efeito é o da presunção de veracidade, pois aquilo que consta no registro e é certificado por certidão é presumido como verdadeiro. Em todos os casos, a publicidade garante a eficácia do ato perante terceiros, presumindo seu conhecimento.

33. Qual a diferença entre publicidade e publicação? Dê um exemplo de cada no RCPN.

➔ A publicidade é o conhecimento permanente posto à disposição da sociedade do conteúdo do ato registral e um exemplo no RCPN é a certidão de nascimento. A publicação, por sua vez, é a comunicação episódica de um fato e que produz apenas uma situação de notoriedade e um exemplo no RCPN é o edital de proclamas, que é levado ao conhecimento da sociedade mediante publicação, com o fim de possibilitar a apresentação de impedimentos dos nubentes para o casamento.

34. Há hipóteses legais de limitação da publicidade no registro civil? Explique.

➔ Sim. A lei 6015 prevê determinadas hipóteses em que a publicidade é relativizada. No caso de adoção, por exemplo, em respeito à privacidade do registrado, há mitigação da publicidade, pois não deve constar na certidão tal informação. Ainda, se mitiga a publicidade como meio de proteção à pessoa, no caso de alteração de nome de testemunhas que colaboram com a apuração de crime (art. 57, §7°, Lei n° 6.015/73).

CONSERVAÇÃO

35. Em que consiste o princípio da conservação no Registro Civil das Pessoas Naturais?

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➔ Trata-se do dever legal de guarda dos livros, em segurança e por tempo indeterminado, sob pena de responsabilidade do oficial. Os livros e demais documentos arquivados no RCPN constituem acervo público, devendo ser conservados nas serventias de registro civil indefinidamente (artigos 24 e 26, Lei 6015).

36. Uma pessoa comparece ao seu registro civil e solicita que o assento de nascimento seja lavrado na casa da genitora da criança, já que ela está de resguardo e não pode ir até o cartório para assinar o registro. Requer, então, o interessado, que você, oficial, leve o livro até a casa da mãe da criança para colher a assinatura dela. O que o(a) senhor(a) faria?

➔ Negaria o pedido, pois a lei de registros públicos, no artigo 22, veda a retirada do livro de registro da serventia, sem ordem judicial.

37. E se o juiz corregedor permanente lhe solicitasse que os livros da serventia fossem levados para o fórum para a realização da inspeção judicial?

➔ A lei estabelece que todas as diligências, ainda que judiciais, sejam realizadas na própria serventia. Todavia, se o juiz expedir uma ordem de apresentação dos livros no fórum, deve ser cumprida, por ser ordem judicial (art. 23, Lei 6015).

38. Qual o prazo de conservação dos livros no Registro Civil das Pessoas Naturais? E no caso de acervo digitalizado?

➔ Como dispõe o art. 26 da Lei n° 6.015/73, os livros devem permanecer na serventia indefinidamente, de forma que não há previsão de prazo para sua destruição ou descarte. Salvo nova lei que altere a situação, é dever do oficial conservar todo o acervo da serventia. O fato do acervo está digitalizado não afasta o dever de conservação dos livros, em meio físico.

➔ Com o advento da Lei 11.977/2009, além do formato papel, os livros de registro devem utilizar também suportes eletrônicos e a eles também se aplica o princípio da conservação, pois é obrigatória a manutenção de uma cópia de segurança (art. 40, Lei 11.977), mantida, preferencialmente em lugar diverso da sede da serventia.

39. Todos os documentos nos RCPN também são de conservação obrigatória por prazos indeterminados?

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➔ Não. O Provimento 50 do CNJ, considerando as necessidades impostas pela economia de tempo, esforços e custos, autorizou o descarte de documentos de acordo com a tabela de temporalidade anexo ao provimento. ➔Art. 2º. Os documentos que venham a ser descartados devem ser previamente desfigurados de modo que as informações não possam ser recuperadas, especialmente as indicações de identidade pessoal e assinaturas.

40. No caso de descarte desses documentos, há necessidade de prévia digitalização?

➔ O provimento somente exige a digitalização dos documentos para as habilitações de casamentos realizados.

➔ As habilitações de casamentos realizados podem ser descartadas após o prazo de 5 anos, desde que a documentação seja microfilmada ou digitalizada; - Microfilmar ou digitalizar: memorial, certidão de nascimento dos noivos, termo de opção, certidão de habilitação de casamento ou a certificação de sua entrega aos nubentes, sentença de suprimento de idade núbil e sentença homologatória (Lei nº 6015/73). =>QUANTO AO CONTEÚDO, ENGLOBA: - Sentença de suprimento de idade núbil/Suprimento de idade ou consentimento

RESPONSABILIDADE

41. Qual a natureza da responsabilidade civil do registrador das pessoas naturais? É objetiva ou subjetiva?

➔ Conforme o disposto no art. 28 da Lei n° 6015, o oficial responde civilmente pelos danos que causar a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente ou por meio de seus prepostos, contra os quais tem direito de regresso. Portanto, a responsabilidade dos oficiais de registro civil das pessoas naturais é de natureza subjetiva, de modo que eles só respondem em caso de atos ilícitos ou faltas de condutas, praticados pessoalmente ou por seus prepostos.

42. Discorra sobre a responsabilidade do Estado pelos atos danosos ocasionados pelos registradores civis das pessoas naturais, considerando a recente decisão do STF.

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➔ O Estado possui responsabilidade civil direta e primária pelos danos que tabeliães e oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros. STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932). ➔ Vale ressaltar, no entanto, que, se o Estado for condenado e pagar a indenização à vítima, ele tem o dever de cobrar de volta do tabelião ou registrador o valor que pagou. Em outras palavras, depois de pagar a indenização, o Estado deve, obrigatoriamente, ajuizar ação de regresso contra o responsável pelo dano.Se o Estado não ajuizar a ação de regresso, os agentes públicos responsáveis por isso poderão responder por ato de improbidade administrativa.

43. Seria possível que a pessoa prejudicada ajuizasse ação de reparação diretamente contra o registrador?

➔ ”Ha certa polêmica sobre o assunto porque, em se tratando de atos praticados por servidores públicos, vigora, no STF, a teoria da dupla garantia. Pela tese da dupla garantia, se uma pessoa sofre dano causado por servidor público, essa pessoa (vítima) somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for condenado, irá acionar o servidor que causou o dano, em caso de dolo ou culpa. Em outras palavras, o ofendido não poderá propor a demanda diretamente contra o agente público. O STF não discutiu se essa tese da dupla garantia se aplica também aos titulares das serventias extrajudiciais. ➔ Interpretando-se o parágrafo único do artigo 22 da lei 8.935/94 pode-se defender a possibilidade de ação de indenização diretamente contra o registrador, sem, necessariamente, acionar o Estado primeiro. Em outras palavras, não se aplica a tese da dupla garantia para os notários e registradores.

44. Tem o registrador civil das pessoas naturais responsabilidade criminal por si e por atos de seus prepostos?

➔ O registrador civil das pessoas naturais tem responsabilidade criminal apenas por atos próprios, pois se aplica o princípio da intranscendência da pena. Assim, os delitos que vierem a ser cometidos pelos prepostos somente poderão ser imputados individualmente.

➔ Tanto o titular quanto os seus prepostos, apesar de não se enquadrarem no conceito de servidores públicos para o direito administrativo, se enquadram no conceito mais amplo de funcionário público do direito penal, encontrado no art. 327 do Código Penal.

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45. O registrador civil das pessoas naturais pode praticar ato de improbidade administrativa e responder nos termos da Lei 8429/92?

➔ Sim. O registrador das pessoas naturais é agente público, pois exerce função pública delegada pelo Estado, e o artigo primeiro da lei de improbidade é claro ao abarcar qualquer agente público, seja ele servidor ou não.

➔ O oficial de registro civil das pessoas naturais, segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, é agente público do tipo particular em colaboração com o Poder Público. Portanto, está sujeito à lei de improbidade administrativa.

EXPEDIENTE AO PÚBLICO

46. Como funciona o regime de plantão no registro civil?

➔ Para o registro civil das pessoas naturais, estabelece o artigo 4º, § 1º, da Lei n. 8.935/94 a necessidade de atendimento pelo sistema de plantão aos sábados, domingos e feriados. O sistema de plantão existe em virtude do registro de óbito, cujo prazo é de 24 horas, sendo o ato necessário ao sepultamento ou cremação (LRP, arts. 77 e 78).

➔ TJRJ, Art. 14, § 8o. Os Servicos do Registro Civil das Pessoas Naturais, inclusive nas hipoteses previstas nos paragrafos 4o e 6o, funcionarao em regime de plantao, no horario minimo de 9 as 12 horas, podendo haver a extensao do horario de funcionamento e a pratica de todos os atos de suas atribuicoes, desde que de forma continua e habitual. (Paragrafo acrescido pelo Provimento CGJ n.o 01/2017, publicado no D.J.E.R.J., de 11/01/2017).

➔TJPR. Art. 308. Nas comarcas com apenas um Oficio de Registro Civil na Sede ou nos Servicos Distritais, o registrador afixara na porta da serventia aviso sobre a obrigatoriedade do plantao, telefone e nome do funcionario disponivel para pronta lavratura do obito em qualquer horario e dia fora do expediente regular. Art. 309. No Foro Central da Comarca da Regiao Metropolitana de Curitiba funcionara o Sistema de Plantao Presencial do Registro Civil das Pessoas Naturais, com atendimento 24 (vinte e quatro) horas por dia, pelo regime de permanencia, aos sabados, domingos e feriados, a ser realizado na Praca Padre Souto Maior s/no, Sao Francisco - anexo ao Cemiterio Municipal.

CERTIDÕES

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47. Qual a principal inovação trazida pelo Provimento 63 do CNJ para a expedição de certidões?

➔ O provimento 63, de 2017, do CNJ instituiu modelos únicos de certidão de nascimento, de casamento e de óbito. A principal inovação para as certidões de nascimento, casamento e óbito foi a obrigatoriedade de inclusão do número do CPF. Deve-se recordar que a averbação do CPF nos registros anteriores ao provimento deve ser feita de forma gratuita.

➔ De uma forma resumida, no que se refere às inovações trazidas por esse provimento para as certidões, tem-se a alteração relativa ao campo “naturalidade”, uma vez que os pais podem optar, no ato do registro, pela indicação do local de nascimento ou de residência da mãe como sendo a cidade natural do recém-nascido. Além disso, foi introduzido um quadro onde são lançados os demais documentos, como RG, CNH, Passaporte.

48. É possível acrescer no campo de observações/averbações da certidão informação referente à profissão dos genitores no registro de nascimento?

➔ TJ/SP. Enunciado 30: É possível acrescer no campo das observações/averbações da certidão outros elementos do registro que não estejam protegidos pelo sigilo (por exemplo, a profissão dos genitores no registro de nascimento, estado civil dos nubentes no registro de casamento), sempre que houver pedido do solicitante nesse sentido. Nesse caso, por não serem anotações nem averbações, não incide a cobrança dos emolumentos previstos no item 12 da Tabela V (Lei Estadual 11.331/2002).

49. Qual a natureza jurídica das certidões?

➔Certidão tem natureza jurídica de ato administrativo enunciativo, pois se limita a certificar ou atestar um fato constante do registro, sendo, portanto, sempre vinculado ao conteúdo.

50. É possível expedição de certidão de registro civil das pessoas naturais em meio eletrônico? De que modo? Qual fundamento legal?

➔ Sim, é possível, desde que emitida com o uso de certificado digital, que atenda aos requisitos da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira. O fundamento legal é o artigo 17 da Lei de Registros Públicos. ➔Convém salientar o Provimento 46 do CNJ, que instituiu a Central de Informação de Registro Civil das Pessoas Naturais – CRC, cujo artigo 11 possibilita a expedição de certidão eletrônica, que poderá ser materializada em qualquer RCPN ou até mesmo na repartição consular do Brasil no exterior (art. 11, parágrafo 4).

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51. Qualquer pessoa pode solicitar certidão de registro, certo, Doutor(a)? Se uma pessoa requerer a certidão de nascimento de João e o(a) Doutor(a) verificar que no assento consta a informação de que aquela pessoa não é filho legítimo, ainda assim expedirá a certidão?

➔ É vedada, pela Constituição Federal, qualquer discriminação entre os filhos, não importando se havidos ou não da relação de casamento. Nesse mesmo sentido, existe vedação desse tipo de discriminação no Código Civil de 2002, no ECA bem como na Lei n. 6.015/73. Assim, o registrador poderá expedir certidão em resumo ou em relatório, sem constar essa informação. Já a certidão de inteiro teor somente poderá ser expedida a requerimento do próprio registrado ou por ordem judicial.

FÉ PÚBLICA

52. Em que consiste a fé pública do registrador civil das pessoas naturais?

➔ A fé pública da qual o notário e o registrador são dotados, por força do artigo 3º da Lei n. 8.935/94, é delegada pelo Estado, por meio de concurso público, e corresponde à característica que confere confiança qualificada e eficácia, com presunção de verdade, ao que estes profissionais, no exercício de suas funções, declarem ou pratiquem. A fé pública do registrador pressupõe que suas ações contenham a certeza jurídica, sejam a representação exata e correta da realidade, revestindo de legalidade, autenticidade e estabilidade todos os atos perante ele praticados, por ele lavrados e registrados no exercício da atividade.

➔ Vicente Amadei: qualidade ou atributo juridicamente outorgado a alguém que encerra a autoridade de conferir crédito ou confiança social pelo exercício regular de

sua função.

53. A fé pública atribuída aos notários tem os mesmos efeitos que a fé publica dos registradores?

➔ Vicente de Abreu Amadei trata de modo distinto a fé pública notarial da registral. Para esse autor, a fé pública notarial é de testemunho. Pela fé pública notarial, o tabelião colhe realidades da vida jurídica pelos sentidos para representar em forma narrativa a realidade presenciada. Por outro lado, a fé pública registral é atribuída apenas aos fatos que foram registrados – e não a outros que dependam dele necessariamente.

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54. A fé pública registral representa um impedimento para a retificação do registro civil?

➔NÃO. A fé pública registral é relativa, de modo que pode ser ilidida no caso de comprovação de erro do registro, seja administrativamente, nos casos de erro material, seja judicialmente. O registro é presumidamente correto e verdadeiro, de modo que sua retificação somente é possível quando devidamente comprovado o erro.

55. No caso de um registro de nascimento em que consta a data de nascimento como sendo 01/01/2001, sendo que o interessado alega que o correto seria 01/02/2001 e para tanto apresenta apenas a certidão de batismo. O(a) doutor(a) entende que é cabível a retificação deste registro?

➔ Não. Ocorre que a certidão e registro de batismo não bastam para suprimir a presunção de veracidade do registro público de nascimento, não sendo suficientes para ensejar a pretendida retificaçao.” (TJSP; Apelação 0037411-76.2011.8.26.0007; Rel. Rui Cascaldi; 1ª Câmara de Direito Privado; j. 30/09/2014). Assim, prevalece a força probatória do assento de nascimento, dotado de fé pública.

56. De acordo com o código de normas extrajudiciais do Estado da Paraíba, cite as principais decorrências da fé pública para a conduta do registrador civil.

➔ Em razão da fé pública, o registrador deve pautar-se pela correção em seu exercício profissional, cumprindo-lhes prestar os serviços a seu cargo de modo adequado, observando rigorosamente os deveres próprios da delegação pública de que estão investidos, a fim de garantir autenticidade, publicidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos constitutivos, translativos ou extintivos de direitos em que intervêm (Art. 3º).

57. Defina fé pública digital e exemplifique.

➔ Fé pública digital é a garantia de veracidade das certidões expedidas em meio eletrônico. No Registro Civil, as certidões podem ser emitidas e materializas via CRC, de modo que essas certidões também se presumem verdadeiras e têm a mesma força probante que as certidões físicas.

➔ Art. 11, § 4º, Provimento 46/CNJ. O interessado poderá solicitar a qualquer Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais integrante da Central de Informações de Registro Civil das Pessoas Naturais – CRC, ou a qualquer repartição consular do Brasil no exterior após operacionalização da integração entre CRC e SCI/MRE, que a certidão expedida em formato eletrônico seja

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materializada em papel e assinada fisicamente, observados os emolumentos devidos.

COMUNICAÇÕES

58. De acordo com a Lei 6015/73, o registrador civil deve comunicar determinados atos ao IBGE. Cite quais e o prazo previsto em lei.

➔ Art. 49. Os oficiais do registro civil remeterão à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dentro dos primeiros oito dias dos meses de janeiro, abril, julho e outubro de cada ano, um mapa dos nascimentos, casamentos e óbitos ocorridos no trimestre anterior.

59. A inobservância dessa comunicação no prazo legal gera alguma penalidade para o registrador civil?

➔ No caso de inobservância dos prazos, o oficial poderá ser penalizado com multa de 1 a 5 salários mínimos, que será cobrada como dívida ativa da União (artigo 49, Lei 6015).

60. Os registradores civis possuem, dentre outros deveres, a obrigação de comunicar os atos referentes aos registros de nascimento, óbito e casamento a algumas instituições. O(a) senhor(a) se recorda? Cite algumas.

➔ Fundação Nacional do Índio – FUNAI: nascimento de indígenas, a fim de que seja realizado o registro administrativo;

➔Junta Militar: mensalmente, os óbitos de brasileiros do sexo masculino entre 17 e 45 anos de idade, para fins de atualização de cadastros de resservistas das Forças Armadas;

➔Secretaria da Fazenda (SP, Lei Estadual 10.705/2000): mensalmente, óbitos registrados, com nome do falecido e dados sobre a existência ou não de bens (para fins de verificação do ITCMD);

➔ Secretaria Municipal de Saúde, no Estado de Minas Gerais: mensalmente, relação de óbitos com causa mortis.

➔ Central de Informações do Registro Civil (CRC): em até 10 dias da realização do ato, as informações referentes aos registros, bem como suas alterações.

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61. O Decreto 9.199, de 2017 prevê a obrigação dos registradores civis comunicarem determinados atos à Polícia Federal. O(a) senhor(a) se recorda?

➔ Art. 81. Os Cartórios de Registro Civil remeterão mensalmente à Polícia Federal, preferencialmente por meio eletrônico, informações acerca dos registros e do óbito de imigrantes. ➔Art. 216. A comprovação da opção pela nacionalidade brasileira ocorrerá por meio do registro da sentença no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, observado o disposto no art. 29, caput, inciso VII, da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Parágrafo único. O órgão de registro deverá informar, periodicamente, os dados relativos à opção pela nacionalidade brasileira à Polícia Federal.

62. A lei 13.846/2019 alterou o prazo para comunicação de óbito ao SIRC. Qual o novo prazo?

➔“Art. 68. O Titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais remeterá ao INSS, em até 1 (um) dia útil, pelo Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc) ou por outro meio que venha a substituí-lo, a relação dos nascimentos, dos natimortos, dos casamentos, dos óbitos, das averbações, das anotações e das retificações registradas na serventia. § 1º Para os Municípios que não dispõem de provedor de conexão à internet ou de qualquer meio de acesso à internet, fica autorizada a remessa da relação em até 5 (cinco) dias úteis.

63. No caso de não ter havido nenhum registro ou averbação no mês, fica isento o registrador do dever de comunicação ao SIRC?

➔ NÃO. § 4º No caso de não haver sido registrado nenhum nascimento, natimorto, casamento, óbito ou averbações, anotações e retificações no mês, deverá o Titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais comunicar este fato ao INSS até o 5º (quinto) dia útil do mês subsequente.

64. A lei 13.114/2015 alterou a Lei de Registros Públicos para incluir mais um dever aos registradores civis de comunicação de óbito. O(a) senhor(a) sabe indicar a quais órgãos essa lei obrigou o registrador a comunicar os falecimentos registrados?

➔ A Lei n.° 13.114/2015 determinou que os titulares de Registros Civis de Pessoas Naturais (na linguagem popular: “os donos de cartorio” de registro civil), quando lavrarem a certidão de óbito de uma pessoa, em regra, deverão comunicar essa morte à Receita Federal do Brasil e à Secretaria de Segurança do Estado no qual ela tinha a carteira de identidade. Art. 80 (...) Parágrafo

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único. O oficial de registro civil comunicará o óbito à Receita Federal e à Secretaria de Segurança Pública da unidade da Federação que tenha emitido a cédula de identidade, exceto se, em razão da idade do falecido, essa informação for manifestamente desnecessária.

65. Todos os óbitos registrados devem necessariamente serem comunicados à Receita Federal e à Secretaria de Segurança Pública?

➔ Há uma exceção na qual o Registrador fica dispensado de comunicar o obito. Confira: “Art. 80 (...) Paragrafo unico. O oficial de registro civil comunicará o óbito à Receita Federal e à Secretaria de Segurança Pública da unidade da Federação que tenha emitido a cédula de identidade, exceto se, em razão da idade do falecido, essa informação for manifestamente desnecessária”. O legislador entendeu que a idade do falecido poderia influenciar na relevância de se comunicar ou não o óbito aos órgãos competentes.

66. E no caso dessas comunicações para a Receita Federal e a Secretaria de Segurança Pública, existe prazo legal? Qual?

➔ O parágrafo único do art. 80 da LRP, acrescentado pela Lei n.° 13.114/2015, não prevê prazo para que o Registrador Civil comunique o óbito à Receita Federal e à Secretaria de Segurança Pública. O legislador não estabeleceu, portanto, um marco a partir do qual o Oficial do Registro estaria em atraso. Diante dessa lacuna, restam ao intérprete três opções possíveis: 1ª) Entender que não existe prazo, e aguardar para que os Tribunais de Justiça editem provimentos fixando esse prazo enquanto órgão regulador dos serviços registrais; 2ª) Aplicar o prazo de 5 dias do art. 106 da LRP, por analogia; 3ª) Aplicar o prazo do art. 68 da Lei n.° 8.212/91, por analogia (até o 10º dia do mês seguinte).

67. A não comunicação de óbito à Receita Federal e à Secretaria de Segurança Pública gera multa ao registrador?

➔ A Lei n.° 13.114/2015 não previu qualquer sanção para o Registrador Civil que deixar de comunicar o óbito à Receita Federal e à Secretaria de Segurança Pública. ➔ Vale ressaltar, no entanto, que mesmo diante da ausência de sanção específica, o Registrador poderá ser punido disciplinarmente pela Corregedoria do Tribunal de Justiça considerando que a inobservância das prescrições legais constitui-se em infração disciplinar (art. 31, I, da Lei n.° 8.935/94).

PRINCÍPIOS INFORMATIVOS

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68. Cite alguns princípios do Registro Civil das Pessoas Naturais.

➔• Principio da Legalidade

• Principio da Publicidade

• Principio da Conservaçao

• Principio da Veracidade ou Fe Publica

• Principio da Instância ou Rogaçao

• Principio da Continuidade

• Principio da Territorialidade

• Principio da Imutabilidade do Nome

69. Quais são os princípios finalísticos do Registro Civil?

➔ Princípios finalísticos são aqueles que se relacionam com a finalidade precípua do registro civil e são eles: Princípio da segurança jurídica; Princípio da publicidade; e Princípio da autenticidade.

70. Em que consiste o princípio da autenticidade no registro civil?

➔ Este princípio impõe cautela ao registrador para somente permitir que os fatos que correspondam à realidade adentrem nos registros. Isso porque uma vez registrados, passam a ter presunção de veracidade. Cabe, assim, aos registradores separar o que é falso do que é autêntico, dando guarida apenas ao que é autêntico.

71. Fale sobre o princípio da juridicidade.

➔ Trata-se de um conceito trazido pelo doutrinador Leonardo Brandelli para indicar a necessidade de observância integral do Direito, composto por um conjunto de normas que inclui os princípios expressos e implícitos e as regras específicas do ordenamento. Esse princípio equivale ao da legalidade, porém, o autor prefere usar esse termo para indicar que o princípio da legalidade não se restringe apenas à estrita e literal disposição da lei.

72. Como se aplica o princípio da territorialidade no registro civil?

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➔ Esse princípio impõe que o oficial limite sua atuação ao distrito ou circunscrição territorial para o qual recebeu a delegação (Art. 12, Lei n° 8.935/94). No RCPN, define-se, como regra, a competência territorial pelo domicílio do registrando e pelo local do fato. A ideia é sempre tornar o registro o mais acessível possível ao usuário.

73. E se um registrador civil praticar um ato fora da sua circunscrição, este ato é nulo?

➔ Embora o registrador tenha praticado ato fora de sua competência territorial, a qual, via de regra, é inderrogável e indelegável, o ato de registro deve ser mantido, por envolver um bem jurídico fundamental, que se relaciona à dignidade da pessoa humana. Nesse caso, manter o registro garante maior segurança jurídica. Não se pode olvidar, todavia, que o registrador deverá ser responsabilizado administrativamente por ter praticado ato sem ter competência territorial para tanto.

74. Um casal contraiu matrimonio em dezembro de 2018. Em fevereiro do mesmo ano, o casal divorciou-se por escritura pública que não foi levada à averbação. Em julho de 2018, o ex-cônjuge falece, cujo óbito foi anotado no casamento no mesmo mês. Em agosto, o ex-cônjuge sobrevivente comparece ao cartório e lhe requer a averbação do divórcio ocorrido em fevereiro de 2018. O(A) Doutor(a) averbaria esse divórcio? Haveria quebra do princípio da continuidade?

➔ SIM, é possível proceder à averbação sem que se ofenda o princípio da continuidade. Isso porque a anterioridade de determinado ato ou fato determina-se pela data de sua ocorrência e não de sua averbação. O princípio da continuidade no registro civil tem por objetivo maior garantir à sociedade a ciência dos atos e fatos da vida da pessoa natural de forma lógica.

➔Reinaldo Velloso dos Santos: “o principio da continuidade no Registro Civil das Pessoas Naturais não tem o mesmo alcance que no Registro de Imóveis (...) Não há assim a necessidade de que a ordem das anotações e averbações acompanhe estritamente a cronologia dos acontecimentos, mas, tão somente, exista a compatibilidade de situaçoes assentadas.”

75. Quanto ao princípio da conservação no registro civil – trata-se de princípio expresso ou implícito? E o que decorre dele?

➔ Este princípio está expresso no artigo 26 da LRP. Significa que o registrador tem o dever de guardar e zelar os documentos públicos relativos à sua função. Esse princípio reveste os registros públicos de perpetuidade e remete à noção de que os livros são do acervo, portanto, do Poder Público, e devem permanecer na serventia, mesmo havendo mudança de titular.

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76. Conceitue o princípio da instância no registro civil, com exemplos.

➔ O princípio da rogação ou instância impede que o registrador pratique uma averbação ou registro de ofício, exigindo, para tanto, requerimento hábil de um legitimado. Por exemplo, uma serventia que tenha atribuição de notas e de registro civil e que lavre a escritura pública de divorcio de casal casado nesta mesma serventia. O oficial somente poderá averbar esse divorcio no assento de casamento mediante requerimento dos interessados. Não pode, de ofício, sem ter sido provocado para tanto, lavrar a escritura e em seguida averbar no assento de casamento. O artigo 13 da Lei n° 6.015/73 é imperativo ao dispor que, salvo anotações e averbações obrigatórias, os atos de registro (lato sensu) serão praticados apenas por ordem judicial, requerimento verbal ou escrito dos interessados ou requerimento do Ministério Público, quando autorizado por lei.

77. Em que consiste o princípio da instância na prática do ato de averbação?

➔ O princípio da instância implica a provocação do oficial das pessoas naturais para a prática do ato de averbação, de modo que esta deve ser feita à vista de carta de sentença, de ordem judicial instrumentada por mandado ou ofício, ou, ainda, de petição acompanhada de certidão ou documento legal ou autêntico, em meio físico ou digital (Art. 97, LRP).

78. O nome de uma pessoa, que a identifica no meio civil, em regra não pode ser alterado. Trata-se do princípio da imutabilidade do nome. Fale sobre isso. E explique se esse princípio é absoluto ou relativo, dando exemplos.

➔O princípio da imutabilidade do nome é um preceito de ordem pública, que visa reconhecer o interesse social que existe na definitividade do nome. Por esse princípio, busca-se evitar que a pessoa natural mude seu nome a qualquer momento, seja por mero capricho ou por interesse fraudulento. Todavia, por ser o nome um direito da personalidade, essa imutabilidade é relativa, podendo ser afastada sempre que haja motivação relevante e autorização judicial. É o que ocorre, por exemplo, na alteração de nome de pessoas transexuais, em que a relativização desse princípio se impõe como medida assecuratória da dignidade da pessoa.

LIVROS E ESCRITURAÇÃO; INDICADORES EM GERAL E ESPECÍFICO.

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79. Cite os livros obrigatórios no Registro Civil e exemplifique pelo menos um ato praticado em cada um deles.

➔ No Registro Civil existem os seguintes livros obrigatórios: i) Livro A, para o registro de nascimento. Um exemplo de ato praticado nele, além do assento de nascimento em si, é a averbação de reconhecimento de paternidade; ii) Livro B, para o registro de casamento. Como exemplo de ato, pode-se citar a averbação de divórcio; iii) Livro B-Auxiliar, para o assento de casamento religioso com efeito civil. Nele também se averbam a separação e o divórcio; iv) Livro C, para o assento de óbito. Um exemplo de ato nele praticado, é a retificação de erro material existente no próprio assento; v) Livro C-Auxiliar, sendo o ato nele praticado o registro de natimorto; vi) Livro D, em que se registram os proclamas. Por fim, em determinados registros civis, mais especificamente, no primeiro ofício de cada comarca, existe o Livro E, em que se registra, dentre outros atos, a sentença de interdição.

80. Sobre o Livro E, então, cite os demais atos nele praticados, bem como especifique a quantidade de folhas.

➔ O Livro E possui apenas 150 folhas, sendo que os demais livros do registro civil possuem 300. Neste livro são registrados: emancipações; interdições; ausências; traslados ou registros de nascimentos, casamentos e óbitos de brasileiros ocorridos no estrangeiro, inclusive, escrituras publicas de separações e de divórcios consensuais previstos no art. 3o da Lei 11.441/2007.

81. Este livro E pode ser desdobrado?

➔ Sim, é possível o desdobramento do livro E, conforme autorizado pelo CN-PB. O desdobramento será feito conforme a natureza do ato. Por exemplo: um livro para o registro de emancipações, outro para ausência etc.

82. O oficial que é titular de uma serventia muito pequena, pode decidir que o seu livro de nascimento tenha o número de folhas reduzidos?

➔ NÃO. A redução do número de folhas dos livros até a terça parte somente é possível por autorização do juiz corregedor.

83. Como deve proceder o oficial de registro civil ao verificar a necessidade de emenda no registro, logo após ter colhido as assinaturas das partes? Deve anular o ato e praticar outro?

➔ NÃO. Neste caso, o registrador deve proceder à emenda do registro e colher novamente todas as assinaturas.

84. A lei de registros públicos permite a escrituração dos livros em folhas soltas. Nesses casos, também se deve dividir a folha em três colunas?

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➔ NÃO. É possível que cada folha seja usada para um único registro, em frente e verso.

85. Os livros de registro civil devem possuir índices. Explique como o registrador deve organizá-los.

➔ Com exceção do Livro Protocolo, os demais livros devem possuir um índice alfabético dos assentos lavrados, pelos nomes das pessoas a quem se referirem, o qual, a critério do oficial, poderá ser organizado pelo sistema de fichas. No índice do Livro B, constarão os nomes dos contraentes e também o nome eventualmente adotado em virtude do matrimônio.

TITULOS EXTRAJUDICIAIS E JUDICIAIS. QUALIFICAC AO.

86. Em alguns casos o registro é feito por força de títulos judiciais. O(a) senhor(a) poderia citar alguns desses casos?

➔ Emancipação por sentença judicial; Ausência; Interdições; Adoção.

87. Imagine que o(a) Doutor(a) recebeu em seu cartório de registro civil um mandado de averbação da ausência de um indivíduo cujo nascimento foi registrado em seu cartório. Que providência iria adotar?

➔ Cumpre ao registrador proceder à qualificação jurídica do título judicial para verificar se estão presentes todos os requisitos necessários à prática do ato, bem como se é possível atender a ordem determinada. Neste caso, houve uma impropriedade do mandato, eis que a sentença de ausência não é objeto de averbação, mas sim de registro no Livro E. Portanto, a providência a ser tomada é a de apresentar nota devolutiva constando tal fato. Todavia, se estiverem presentes todos os requisitos para o registro, bem como se o cartório for o competente, o registrador pode fazer uma adequação do mandato e proceder ao registro no Livro E, comunicando tal fato ao juízo competente.

88. Cabe ao registrador, como profissional do direito e independente, proceder à qualificação registral dos títulos apresentados para registro. O(a) doutor(a) poderia discorrer sobre os limites dessa qualificação?

➔ A qualificação registral de títulos judiciais limita-se aos seus aspectos extrínsecos, tais como a presença da assinatura do juiz, da data do trânsito em

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julgado da sentença e outros requisitos legais. Entretanto, não lhe cabe entrar no mérito da decisão judicial, isto é, ao conteúdo intrínseco do título.

89. A qualificação registral pode abranger a exigência, pelo Registrador Civil, da comprovação de hipossuficiência para a realização de uma habilitação de casamento gratuita?

➔No que diz respeito à exigência de documentos aptos à comprovação da pobreza dos nubentes, não há vedação para que o Oficial assim proceda, mas desde que haja elementos concretos a indicar que a gratuidade não seja cabível. Dessa forma, deverá ser exigida comprovação de hipossuficiência econômica naqueles casos em que o Oficial perceber, com base em elementos concretos, que a presunção relativa gerada pela declaração de pobreza possa ser ilidida por documentos que comprovem a situação econômica dos interessados. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA. Processo n° 2019/001049)

REGISTROS. AVERBACOES. ANOTACOES. REMISSOES RECIPROCAS.

90. Conceitue averbação e explique se o rol trazido pela lei de registros públicos é taxativo ou exemplificativo.

➔ Considera-se averbação o ato de lançar à margem do registro existente informações sobre fatos que o modifique, retifique ou cancele. O registro não é estático, eis que fatos que ocorrem na vida civil podem acontecer e refletir no registro civil e, por isso, que o rol trazido pela lei é meramente exemplificativo.

91. Em que consiste o princípio da instância na prática do ato de averbação?

➔ O princípio da instância implica a provocação do oficial das pessoas naturais para a prática do ato de averbação, de modo que esta deve ser feita à vista de carta de sentença, de ordem judicial instrumentada por mandado ou ofício, ou, ainda, de petição acompanhada de certidão ou documento legal ou autêntico, em meio físico ou digital (Art. 97, LRP).

92. É possível proceder à averbação no registro civil mediante a apresentação pelo interessado de uma escritura pública?

➔SIM. Embora não esteja no rol do Art. 97, LRP, a escritura pública é documento hábil para provocar o oficial para que realize a averbação, a exemplo do que ocorre nos divórcios extrajudiciais.

93. Em regra, as averbações no registro civil são praticadas independentemente de manifestação do Ministério Público. Há alguma hipótese em que a intervenção do MP é necessária?

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➔ A lei de registros públicos estabelece que o oficial das pessoas naturais não deve proceder à averbação se houver motivos para suspeitar de fraude, falsidade ou má-fé, devendo submeter o caso ao MP, com a indicação dos motivos da suspeita, para que o representante do ministério público analise e se manifeste (Art. 97, parágrafo único).

94. Ao receber um mandado judicial de averbação, pode o oficial de registro civil proceder à qualificação deste título judicial e recusar a prática do ato?

➔SIM. Cumpre ao oficial registrador proceder à qualificação do título, ainda que judicial, observando as normas e os princípios que regem o sistema registrário. Todavia, a qualificação deve limitar-se aos aspectos formais e legais, não podendo o oficial adentrar no mérito da decisão.

➔Com relação ao comportamento do registrador no exame de legalidade para o cumprimento de ordens judiciais, Afra nio de Carvalho ja advertia que, “quando tiver por objeto atos judiciais, sera muito mais limitado, cingindo-se a conexão dos respectivos dados com o registro e a formalização instrumental. Não compete ao registrador averiguar senão esses aspectos externos dos atos judiciais, nem entrar no mérito do assunto neles envolvido, pois, do contrário, sobreporia a sua autoridade a do juiz”.

95. Como deve proceder o oficial de registro civil se na margem direita do assento não houver mais espaço para a averbação?

➔ Quando não houver espaço, serão feitos no livro corrente, que é aquele em uso, devendo-se atentar para as notas e remissões, para que as buscas sejam facilitadas.

➔ Algumas normas extrajudiciais preveem a existência do livro de transporte para anotações e averbações, é o caso de SP (124.2. A averbacao sera feita a margem direita e, quando nao houver espaco, no livro corrente, com notas e remissoes reciprocas que facilitem a busca, facultando-se a utilizacao de Livro de Transporte de anotacoes e averbacoes).

96. A lei de registros públicos determina que a averbação deve ser realizada com a indicação minuciosa da sentença. O que deve constar, portanto, para que essa averbação seja minuciosa?

➔ A indicação minuciosa da sentença deve abarcar o juízo, número do processo, data da sentença, nome do juiz prolator, a determinação judicial e o trânsito em julgado. Faltando um desses requisitos, deve o oficial devolver o mandado.

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97. Cite 3 exemplos de averbações nos registros de nascimento e no de casamento.

➔São averbados no registro de nascimento: i) reconhecimento de paternidade; ii) alteração de nome; iii) Perda ou retomada da nacionalidade brasileira. E no registro de casamento: i) a anulação e nulidade de casamento; ii) separação judicial ou extrajudicial; iii) divórcio judicial ou extrajudicial.

98. Qual providência deve o oficial de registro civil tomar após averbar uma sentença de nulidade ou anulação de casamento?

➔ Após a averbação, o oficial tem o prazo de 48 horas para comunicar ao juiz que a determinou, mediante ofício sob registro postal ou meio eletrônico, sob pena de responsabilidade administrativa.

99. A lei de registros públicos estabelece que as escrituras de adoção devem ser averbadas. Após a vigência do ECA, esse dispositivo ainda é aplicável?

➔ Atualmente, o vínculo de adoção constitui-se apenas por sentença judicial, que será objeto de registro. Todavia, antes do código civil de 2002, a adoção de maior podia ser feita por escritura pública. Assim, os atos notariais de adoção lavrados sob a égide da legislação anterior podem ainda ser averbados em face do princípio do tempus regit actum.

100. A lei 6015/73 prevê a averbação da perda ou suspensão do pátrio poder. Esse dispositivo ainda é aplicável? Discorra sobre o assunto.

➔ Esse dispositivo tem sim aplicação, devendo-se, todavia, fazer uma adaptação terminológica – pois não cabe mais se falar em pátrio poder, mas sim em poder familiar. A suspensão e a perda do poder familiar consistem na interrupção do poder familiar diante de uma conduta grave dos pais, cujas causas estão previstas nos artigos 16737 e 1638 do Código Civil (ex.: abuso de autoridade; pai ou mãe condenados por sentença irrecorrível por crime cuja pena seja mais de 2 anos de prisão; castigo imoderado). Receberá o registrador civil para essa averbação um título judicial e fará a devida qualificação. Ressalte-se que o mandado de averbação da perda do poder familiar deve indicar a ocorrência do transito em julgado, ao passo que a suspensão pode ser concedida liminarmente em processo judicial. ➔ A averbação será isenta de emolumentos, por força do artigo 141, parágrafo 1 do ECA. ➔ Na averbação deve constar: data da averbação; dará da sentença, vara e nome do juiz que a proferiu; nome da pessoa que passa a deter o poder familiar e sua qualificação se conhecida (este não é requisito obrigatório do título judicial).

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101. Em que consiste o ato de anotação no registro civil? Exemplifique.

➔A anotação consiste na remissão a um outro assento alusivo à pessoa natural registrada, lavrado na mesma serventia ou em outra. Trata-se de ato marginal e acessório, não modificativo, que apenas dá notícia da existência de outro registro ou averbação relativos à mesma pessoa. A anotação atende ao princípio da continuidade registral, eis que possibilita o encadeamento de todos os atos da vida civil de uma determinada pessoal, que for objeto de registro ou de averbação. Por exemplo, uma pessoa que casa, divorcia e morre terá esses fatos anotados no seu registro de nascimento, que terá aptidão de refletir toda a realidade da vida civil dessa pessoa.

102. Uma certidão de nascimento com a anotação do casamento serve para provar esse casamento?

➔NÃO. A anotação não tem efeito probatório, sendo apenas uma mera notícia de outro ato realizado, não servindo como prova de estado. Para provar esse casamento, portanto, faz-se necessária a apresentação da certidão de casamento em si, pois esse é o documento que consubstancia o ato a ser provado.

103. Como deve proceder o oficial das pessoas naturais quando o registro primitivo pertence a outra serventia?

➔ Quando o oficial lavra um registro ou averbação, é seu dever comunicar, no prazo de cinco dias, com resumo do assento, os oficiais em cujos cartórios estejam os registros primitivos do registrando (Art. 106, LRP), sob pena de responsabilidade civil, criminal e administrativa pelo seu retardamento (art. 108, LRP).

104. Qual o prazo legal para o ato de anotação/comunicação e qual a penalidade aplicada no caso de inobservância?

➔ A anotação/comunicação deve ser feita no prazo de 5 dias do registro ou da averbação. A inobservância desse dever gera pena disciplinar, além de responsabilidade civil e criminal (artigo 108).

➔ A lei 6015/73 estabelece que as comunicações devem ser feitas por carta relacionadas em protocolo. Deve-se recordar, todavia, que atualmente essas comunicações podem ser enviadas eletronicamente via CRC (Provimento 46/CNJ).

105. Imagine que o(a) doutor(a) recebeu em sua serventia um pedido de emissão de certidão de nascimento com anotação do óbito. Todavia, ao verificar o assento de nascimento, nota que não há essa anotação.

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Em sendo apresentada a certidão de óbito, o(a) doutor pode proceder à anotação, mesmo sem ter recebido a comunicação?

➔ Enunciado 54: A certidão expedida por Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais é documento hábil para a anotação nos atos anteriores, nos termos do artigo 106 da Lei de Registros Públicos, independentemente de comunicação eletrônica ou por escrito.

Fundamento legal: Interpretação teleológica do artigo 106 da Lei de Registros Públicos conforme decisão do Juiz de Direito da 2ª Vara de Registros Públicos da Comarca da Capital do Estado de São Paulo, Dr. Márcio Martins Bonilha Filho, no Processo 000.05.021751 ¿ CP 214/05, publicada no Diário Oficial de 02 de junho de 2005. Publicado em 10 de janeiro de 2011. (Enunciado renumerado na compilação em 30/05/2014)

PENALIDADES

106. Imagine que o(a) senhor(a) é titular de um registro civil em Niterói e no dia de hoje compareceu um casal para registrar o seu filho que nasceu há 90 dias. Ao analisar a DNV, o(a) senhor(a) verificou que os pais da criança residem em Macaé/RJ. Neste caso, o(a) senhor(a) procederia ao registro solicitado?

➔ Neste caso, não seria possível lavrar o registro de nascimento em Niterói, pois já decorreu o prazo legal para o registro do nascimento, devendo ser feito o procedimento de registro tardio, cuja competência é do RCPN de Macaé, que é o lugar de residência dos pais da criança (Art. 46, Lei 6015).

107. A lei 6015 estabelece que os juízes farão correição e fiscalização nos livros de registro. Sobre isso, o(a) senhor(a) saberia explicar a diferença entre correição e fiscalização e esclarecer as espécies de correição possíveis?

➔A correição consiste numa vistoria administrativa em diligência, pelo juiz corregedor, de livros e papéis pertinentes à atividade do delegado, com o objetivo de assegurar a correção dos serviços e o bom funcionamento. A fiscalização, por sua vez, consiste na atividade correicional permanente, em que o juiz está aberto às reclamações dos usuários, como meio de garantia da prestação adequada dos serviços. Em relação à correição, esta pode ser ordinária, que é a previamente fixada pelo juiz e realizada nos termos das normas estaduais da Corregedoria; ou extraordinária, que ocorre em caráter excepcional, a qualquer momento, para a verificação da regularidade de

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funcionamento da serventia ou para verificação do saneamento de irregularidades constatadas na correição ordinária.

➔ Importante destacar que a serventia deve manter um Livro de Visitas e Correições, nos termos do Provimento 45/2015 do CNJ, no qual deve constar relatório das correições, bem como as determinações do juiz corregedor, se houver.

PROCEDIMENTO DE DÚVIDA

108. Discorra sobre o procedimento de dúvida no registro civil das pessoas naturais.

➔ A dúvida consiste no procedimento administrativo competente para dirimir dissenso entre o usuário do serviço e o registrador. Na impossibilidade de lavratura do registro, seja qual for o motivo, deve o registrador fornecer por escrito ao interessado uma nota explicativa em que constem todos os motivos da recusa e eventuais exigências necessárias para que possa ser feito o assento. Não se conformando o interessado com a recusa, poderá ele suscitar dúvida ao juiz competente. É unanime na doutrina que não cabe o procedimento de duvida para dirimir a chamada “duvida doutrinaria” ou supedâneo de consulta. Para que ela ocorra, imprescindível haver efetivo e concreto dissenso.

➔ Regra geral, o registro é o ato que enseja o procedimento de dúvida, porém, deve ser verificado nas Normas Estaduais se há previsão sobre a possibilidade de a averbação ser objeto do procedimento de dúvida. Por exemplo, em São Paulo, para a averbação, cabe o recurso administrativo (pedido de providência).

➔ Como regra, o procedimento de dúvida deve ser iniciado por meio de requerimento do apresentante ou do interessado ao oficial de registro para que este a suscite ao juiz competente. Esse requerimento deve ser acompanhado do original do próprio título, bem como do documento de devolução com as exigências do oficial. No protocolo, o oficial anota a ocorrência da dúvida. Após, certifica no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, rubrica todas as folhas e, em seguida, dá ciência dos termos da dúvida ao apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e notifica-o para impugná-la, no prazo de 15 dias, perante o juízo competente. Feito isso, certifica o cumprimento da notificação e encaminha os autos, juntamente com o título, ao juízo competente. Impugnada a dúvida, será ouvido o MP, no prazo de 10 dias. Se não forem requeridas diligências, o juiz decidirá em 15 dias.

109. Qual a natureza jurídica do procedimento de dúvida?

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➔ O procedimento de dúvida tem natureza puramente administrativa, o que não impede a utilização de processo judicial para dirimir eventual lide entre o notário ou o registrador e o apresentante. Disso conclui-se que não há contraditório entre as partes interessadas, apenas dissenso entre o requerente e o oficial; não há lide; não enseja coisa julgada material, e sim, mera preclusão administrativa (coisa julgada formal); CPC apenas é usado subsidiariamente.

110. Fale sobre a sentença e o recurso no procedimento de dúvida.

➔ O recurso contra a sentença no processo de dúvida é a apelação, cujos efeitos são os devolutivo e o suspensivo. São legitimados para interpor a apelação: o interessado, o MP e o terceiro prejudicado. Importante destacar que o oficial não pode apelar, pois não é parte interessada no procedimento.

➔ Transitada em julgado a decisão da dúvida, se for julgada procedente, os documentos serão restituídos à parte, dando-se ciência da decisão ao oficial para que a consigne no protocolo e cancele a prenotação. Se for julgada improcedente, o interessado apresentará novamente os seus documentos, com o mandado ou certidão da sentença, que ficarão arquivados, para que, desde logo, se proceda ao registro, anotando-se tal fato na coluna de anotações do protocolo.

111. Em que consiste a dúvida inversa?

➔ Trata-se se procedimento pelo qual o requerimento é apresentado diretamente ao juízo competente que abre vista dos autos ao oficial registrador para prenotação e resposta. A dúvida inversa não foi prevista na legislação, porém a jurisprudência a tem admitido, com fundamento no princípio da economia processual.

➔ Em São Paulo, há previsão nas normas extrajudiciais 39.1. Ocorrendo suscitacao diretamente pelo interessado (Duvida Inversa), assim que o Oficial a receber do Juizo para informacoes, devera prenotar o titulo e observar o disposto nas letras “b” e “c” do item.39.). Igualmente, nas normas do Parana (Art. 587. Ocorrendo direta suscitacao pelo proprio interessado ("duvida inversa"), o titulo tambem devera ser prenotado assim que o registrador a receber do juizo para a informacao, observando-se, ainda, o disposto nos incisos II e III).

GRATUIDADES NO REGISTRO CIVIL; COMPENSAÇÃO

112. O registro de nascimento e de óbito são gratuitos, certo? Qual o fundamento destas gratuidades? Tem amparo constitucional e legal?

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➔ As gratuidades do registro de nascimento e de óbito têm amparo constitucional, no artigo 5º da Constituição (LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito) e se justificam por serem atos necessários ao exercício da cidadania. À luz da norma constitucional, foi promulgada a lei 9534/97 que alterou a Lei 6015 e estipulou a gratuidade dos assentos de nascimento e de óbito e de suas primeiras certidões, independentemente do estado de pobreza. Da mesma forma, acrescentou o inciso VI ao artigo 1º da Lei n. 9.265/96, com a seguinte redaçao: “Sao gratuitos os atos necessarios ao exercicio da cidadania, assim considerados: (...) VI – registro civil de nascimento e o assento de óbito, bem como a primeira certidão respectiva.

113. Os cartórios, embora exerçam função pública, funcionam de modo privatizado e os emolumentos são a remuneração dos oficiais. Essas gratuidades não rompem o equilíbrio econômico financeiro? Existe alguma forma de resolver essa questão?

➔ Ao elaborar a lei que fixa as normas gerais sobre emolumentos (Lei 10.169), o legislador preocupou-se com a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da serventia e com a necessidade de se garantir a adequada e suficiente remuneração do registrador civil e criou a obrigatoriedade de se estabelecer, no âmbito estadual, mecanismos de ressarcimento e compensação dos registradores civis (art. 8º). Assim, os Estados, em sua maioria, criaram os fundos de registro civil, para que haja a compensação pela prática dos atos gratuitos.

➔ Lei 10. 169, Art. 8o Os Estados e o Distrito Federal, no âmbito de sua competência, respeitado o prazo estabelecido no art. 9o desta Lei, estabelecerão forma de compensação aos registradores civis das pessoas naturais pelos atos gratuitos, por eles praticados, conforme estabelecido em lei federal.

114. Quanto à gratuidade para os reconhecidamente pobres, como se atesta esse estado de pobreza?

➔O conceito jurídico de pobreza para fins de isenção de emolumentos é indeterminado. Todavia, deve estar atrelado à renda e ser mensurável economicamente. Existem diplomas legais no país que trazem o conceito de pobreza (Lei Federal n. 10.836/2004 – Bolsa Família; Decreto 6.135/2007 - Cadastro Único para Programas Sociais) para fins de concessão de benefícios sociais do Estado, devendo o mesmo critério ser utilizado para fins de concessão de gratuidade nos serviços públicos, como no caso dos atos de registro civil.

115. Se o registrador civil não concordar com a gratuidade requerida, com fundamento no estado de pobreza, pode rejeitar a prática do ato?

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➔ SIM. O Registrador pode rejeitar a prática do ato, desde que fundamentadamente e impugnar o pedido de pobreza perante o juiz corregedor. Para tanto, deve apresentar uma declaração de recusa da prática do ato, com os devidos motivos. E se a pessoa insistir, o registrador deve encaminhar a impugnação ao juiz corregedor, com os documentos e testemunhas.

116. Qual a consequência para alguém que declare o estado de pobreza unicamente com o fim de obter a isenção de emolumentos, sem o ser?

➔ A falsidade da declaração ensejará a responsabilidade civil e criminal do interessado. Todavia, há precedente do STJ no sentido de que é atípica a falsa declaração de pobreza.

➔ STJ. É atípica a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o intuito de obter os benefícios da justiça gratuita. A conduta de firmar ou usar declaração de pobreza falsa em juízo, com a finalidade de obter os benefícios da gratuidade de justiça, não é crime, pois aludida manifestação não pode ser considerada documento para fins penais, já que é passível de comprovação posterior, seja por provocação da parte contrária seja por aferição, de ofício, pelo magistrado da causa. STJ. 6ª Turma. HC 261074-MS, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em 5/8/2014 (Info 546).

117. Além da gratuidade do nascimento e do óbito no registro civil, o(a) Doutor(a) poderia citar outras hipóteses, se existirem.

➔ SIM. Existem outras hipóteses de gratuidades no RCPN, podendo-se citar: i) Registro de adocao - art. 141, § 2, da Lei 8.069, de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); ii) Expedição de certidões para alistamento militar - art. 1o, II, da Lei 9.265, de 1996; iii) Expedição de certidão para candidato que disputara cargo eletivo - art. 47 da Lei 4.737, de 1965 (Eleitoral); iv) Isenção de custas de registro e averbação para atos relativos a criança ou adolescente em situação de risco (art. 102, § 2º, da Lei 8.069/90).

118. Há alguma consequência jurídica para o registrador civil que não observa as normas sobre gratuidade?

➔ SIM. O oficial estará sujeito às penas previstas na Lei 8935/94, inclusive podendo vir a perder a delegação.

➔LNR. Art. 32. Os notários e os oficiais de registro estão sujeitos, pelas infrações que praticarem, assegurado amplo direito de defesa, às seguintes penas: I - repreensão; II - multa; III - suspensão por noventa dias, prorrogável por mais trinta; IV - perda da delegação.

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➔LNR. Art. 39. Extinguir-se-á a delegação a notário ou a oficial de registro por: VI - descumprimento, comprovado, da gratuidade estabelecida na Lei nº 9.534, de 10 de dezembro de 1997.

119. A gratuidade no RCPN abrange somente os atos de registro? Ou também averbações?

➔A gratuidade também abrange averbações, seja pela declaração de pobreza na serventia, seja por mandado judicial.

120. Incide imposto de renda sobre a compensação dos atos gratuitos?

➔ SIM. Aplica-se, no ponto, o disposto no art. 43, § 1º, do CTN, segundo o qual a "incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção". 5. Recurso Especial provido. (STJ - REsp nº 1.465.592 - Rio Grande do Sul - 2ª Turma - Rel. Min. Herman Benjamin - DJ 24.09.2014).

CENTRAL DE INFORMAÇÕES DO REGISTRO CIVIL

121. Em que consiste a CRC?

➔ Trata-se de um sistema interligado de registro civil na rede mundial de computadores, instituído pelo Provimento 46/CNJ, com os objetivos principais de permitir o intercâmbio de documentos eletrônicos e o tráfego de informações e dados entre os registros civis; aprimorar tecnologias para viabilizar os serviços de registro civil das pessoas naturais em meio eletrônico; implantar, em âmbito nacional, sistema de localização de registros e solicitação de certidões; possibilitar o acesso direto de órgãos do Poder Público, mediante ofício ou requisição eletrônica direcionada ao Oficial competente, às informações do registro civil das pessoas naturais.

➔ É organizada pela Associação Nacional dos Registradores das Pessoas Naturais – Arpen Brasil, que se apresenta como titular dos direitos autorais e de propriedade intelectual do sistema, do qual detém o conhecimento tecnológico, o código-fonte e o banco de dados, sem ônus ou despesas para o Conselho Nacional de Justiça e demais órgãos do Poder Público.

122. Cite algumas das funcionalidades existentes na Central.

➔I. CRC – Buscas: ferramenta destinada a localizar os atos de registro civil das pessoas naturais;

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II. CRC – Comunicações: ferramenta destinada a cumprir as comunicações obrigatórias previstas nos artigos 106 e 107 da Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973;

III. CRC – Certidões: ferramenta destinada à solicitação de certidões;

IV. CRC – e-Protocolo: ferramenta destinada ao envio de documentos eletrônicos representativos de atos que devem ser cumpridos por outras serventias;

V. CRC - Interoperabilidade: ferramenta destinada a interligar os serviços prestados através de convênios com os programas necessários para o seu desenvolvimento.

123. Qual o prazo previsto no provimento para a informação dos registros realizados à Central?

➔ Art. 6º - Os Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais deverão disponibilizar para a Central de Informações de Registro Civil das Pessoas Naturais – CRC as informações definidas pela Arpen-Brasil, observada a legislação em vigor no que se refere a dados estatísticos, no prazo de dez dias, corridos, contados da lavratura dos atos, respeitadas as peculiaridades locais.

124. É possível o pedido e envio de certidão de registro via central? Explique.

➔Art. 11. Caso seja encontrado o registro pesquisado, poderá o consulente, no mesmo ato, solicitar a expedição da respectiva certidão que, pagos os emolumentos, custas e encargos administrativos devidos, será disponibilizada na Central de Informações de Registro Civil das Pessoas Naturais – CRC, em formato eletrônico, em prazo não superior a 5 (cinco) dias úteis.

➔2º. As certidões eletrônicas ficarão disponíveis na Central Nacional de Informações do Registro Civil – CRC pelo prazo de trinta dias corridos, vedado o envio por intermédio de correio eletrônico convencional (e-mail).

➔ 4º. O interessado poderá solicitar a qualquer Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais integrante da Central de Informações de Registro Civil das Pessoas Naturais – CRC, ou a qualquer repartição consular do Brasil no exterior após operacionalização da integração entre CRC e SCI/MRE, que a certidão expedida em formato eletrônico seja materializada em papel e assinada fisicamente, observados os emolumentos devidos.

➔ TJPR, ATENÇÃO. O prazo e diferente do previsto no Provimento 46. “Art. 154. Encontrado o registro pesquisado, podera o consulente, no mesmo ato, solicitar a expedicao da respectiva certidao fisica ou eletro nica, ou da localizacao do Oficio de Registro Civil das Pessoas Naturais que lavrou o

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assento, a qual, pagos os emolumentos, selo, despesas postais e demais custos devidos ao sistema, sera disponibilizada na Central de Servicos Eletronicos Compartilhados do Irpen, no prazo de ate 2 (dois) dias uteis, em formato eletronico”.

ADMINISTRAÇÃO DO SERVIÇO

125. O registrador é dotado de autonomia administrativa, garantido pela lei. Neste caso, essa autonomia lhe assegura a livre escolha da localização do cartório?

➔ NÃO. O Registro Civil das Pessoas Naturais deve obedecer às regras de competência territorial para sua atuação, nos termos do artigo 12, parte final, da Lei n. 8.935/94. Além disso, a serventia deve ser instalada em local de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento dos livros e documentos (Lei n. 8.935/94, art. 4º).

126. A Unidade Interligada é uma sucursal?

➔ Não. A unidade interligada que conecta estabelecimento de saúde aos serviços de registro civil não é considerada sucursal, que é proibida por lei, uma vez que, em geral, pode se relacionar com diversos cartórios de registro civil situados no município ou distrito em que se localiza a maternidade. A unidade interligada resulta de um convênio firmado entre o hospital e o registrador ou os registradores da localidade para facilitar o registro de nascimento, nos termos do provimento 13 do CNJ.

NASCIMENTO; NOME

127. Em nosso ordenamento jurídico, em que momento surge a personalidade? O registro do nascimento é requisito para a aquisição da personalidade?

➔ Em nosso ordenamento, a personalidade tem inicio com o nascimento com vida. Logo, o nascimento é um evento natural do qual decorre o surgimento da pessoa natural e de seus atributos. Vale ressaltar que o nascimento, por si só , não determina a aquisição da personalidade – é necessário o nascimento com vida. O principal efeito jurídico do nascimento, portanto, é a aquisição da personalidade. O registro de nascimento, portanto, tem o fim precípuo de provar o nascimento. Trata-se de um ato indispensável para a constatação das qualidades pessoais, em razão da publicidade que garante a oponibilidade destas situações.

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128. O registro de nascimento é obrigatório em nosso país?

➔ Para a lei a para a maioria da doutrina o registro de nascimento é uma obrigaçao. O artigo 9, I, Codigo Civil e assertivo: “serao registrados em registro publico o nascimento, o casamento e o obito”. Por sua vez, dispoe o artigo 51 da Lei 6015 que “todo nascimento que ocorrer em território nacional deverá ser dado a registro...”. Todavia, nao ha penalidade pelo nao registro do nascimento, o que leva Loureiro a defender que não se trata de uma obrigação, mas apenas de um ônus, que e denominado “obrigaçao potestativa”, porque, ao contrário da verdadeira obrigação, permite ao sujeito uma opção de conduta. Quando se trata de obrigação, o sujeito passivo tem o dever de realizar a conduta, pois do contrário sofrerá uma sanção. E, em regra, a não realização do registro de nascimento não sujeita a pessoa legitimada a nenhuma sanção.

129. Qual o registro civil das pessoas naturais competente para o registro de nascimento e em que prazo deve ser feito?

➔ Todo nascimento em território brasileiro deve ser levado a registro no local de nascimento ou no de residência dos pais, dentro do prazo de 15 dias (artigo 50, Lei 6015).

➔ No caso de locais distantes da serventia competente mais de trinta quilômetros, a parte final deste mesmo artigo prevê o prazo especial de três meses.

➔ Se ocorrer a falta ou impedimento de um dos genitores, o outro terá o prazo prorrogado até 60 dias, nos termos do art. 52, 2° da Lei n° 6.015/73.

➔ Já para nascimentos ocorridos a bordo, quando não registrados nos termos do art. 64 da Lei n° 6.015/73, o prazo é de 5 dias, a contar da chegada do navio ou da aeronave ao local de destino, na respectiva serventia ou consulado brasileiro.

130. De acordo com a Lei 6015/73, o(a) Doutor(a) saberia dizer quem está obrigado a declarar o nascimento?

➔ A lei estabelece uma ordem sucessiva de declarantes do nascimento, a saber: i) pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto; ii) no caso de falta ou impedimento do pai ou da mãe, qualquer um dos dois, que terá o prazo estendido de 45 dias; iii) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, desde que maior e capaz; iv) no caso de falta ou impedimento do parente, os administradores do hospital ou médicos e parteiras que tenham visto o parto; v)

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pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da mãe; vi) pessoa encarregada da guarda do menor (artigo 52, Lei 6015).

131. No caso de os pais serem relativamente incapazes, é necessária a assistência para o ato de declaração de nascimento?

➔ A declaração de nascimento por pais relativamente incapazes independe de assistência, segundo a doutrina, eis que se é possível reconhecer filho já registrado por testamento, por exemplo, também é possível declarar este nascimento. Trata-se de ato personalíssimo.

➔ No caso de pais absolutamente incapazes, a representação faz-se necessária. A mãe absolutamente incapaz é representada por seus pais ou curador, eis que a maternidade é sempre certa. No caso de pai absolutamente incapaz e que não existe presunção de paternidade, o registro somente poderá ser feito por decisão judicial.

132. O Ministério Público tem legitimidade para requerer o registro de nascimento de uma criança?

➔ O Provimento 28 do CNJ autoriza o Ministério Público a requerer o registro de nascimento no caso de incapaz internado em hospital psiquiátrico, hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (HCTP), hospital de retaguarda, serviços de acolhimento em abrigos institucionais de longa permanência ou instituições afins.

133. Qual providência deve o oficial adotar no caso de criança que nasceu e morreu logo em seguida?

➔ No caso de criança que morre logo após o parto, tendo respirado, o oficial deve proceder a dois registros – o de nascimento e o de óbito. No registro de nascimento, deve o oficial anotar o óbito (artigo 53, Lei 6015).

134. Cite o que deve conter no assento de nascimento, segundo a Lei 6015/73.

➔ Nos termos do artigo 54 da Lei 6015, o assento de nascimento deve conter: i) o dia, mês, ano e lugar do nascimento, bem como a hora certa ou aproximada; ii) sexo do registrando; iii) se é gêmeo; iv) nome; v) declaração de que nasceu morta ou morreu logo após o parto; vi) nomes e prenomes dos pais, naturalidade, profissão, idade da genitora na ocasião do parto e domicilio ou residência. Embora a lei fale sobre o local e o cartório de casamento dos pais, esse artigo deve ser lido à luz do artigo 227, parágrafo 6 da Constituição, que veda a discriminação da filiação extraconjugal; vii) nomes e prenomes dos

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avós; viii) nomes, prenomes, profissão e a residência de duas testemunhas do assento, quando se tratar de parto ocorrido sem assistência médica; ix) número da DNV; x) naturalidade do registrando.

135. Quanto ao elemento “sexo” do registro de nascimento, trata-se de informação dotada de caráter absoluto e imutável?

➔ Não. O sexo que consta no assento de nascimento pode não corresponder à identidade autopercebida da pessoa, de modo que lhe é assegurada a alteração do gênero em seu registro de nascimento. O procedimento instaura-se diretamente perante qualquer oficial de registro civil, ainda que no ofício diverso do que lavrou o nascimento. O atendimento do pedido apresentado ao registrador independe de prévia autorização judicial ou da comprovação de realização de cirurgia de redesignação sexual e/ou de tratamento hormonal ou patologizante, assim como de apresentação de laudo médico ou psicológico.

136. No caso de DNV em que consta o nome do pai, sendo este diferente do nome do pai que se apresenta no cartório para declarar o nascimento, o(a) Doutor(a) recusaria a DNV e negaria o registro?

➔ Não. Segundo o artigo 54, parágrafo 1, a divergência total ou parcial entre o nome do pai na DNV e o verificado pelo registrador no momento do registro não é motivo para recusa deste documento. Prevalece o nome verificado pelo registrador.

➔ Orientação 11 da Escola Nacional de Direito Notarial e de Registro – ENNOR – “O nome do pai constante da Declaraçao de Nascido Vivo nao constitui prova ou presunção de paternidade, somente podendo ser lançado no registro de nascimento quando verificado nos termos da legislação civil vigente”.

137. Imagine que compareça ao cartório uma mulher casada acompanhada de terceiro que assuma a paternidade. Incidirá a presunção de paternidade decorrente do casamento?

➔ Não. Se este terceiro comparecer ao cartório e reconhecer a paternidade, deve ser feito o registro constando seu nome como pai, independentemente do estado civil da mãe. Neste caso se aplica o artigo 1, I, da Lei 8.560/92: o pai é aquele que reconhece a paternidade no registro de nascimento. A presunção legal de paternidade somente se aplica quando a mãe comparece sozinha ao

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cartório e afirma que o pai da criança é o seu marido. Somente então se deve exigir a certidão de casamento atualizada para que se possa saber se a criança foi concebida na constância do casamento

138. Doutor(a), se os pais de uma criança recém-nascida comparecem em seu cartório para registrar o nascimento de seu filho que ocorreu sem assistência médica, em sua própria residência, qual providência deve o(a) senhor(a) tomar?

➔ Em se tratando de criança com menos de 3 anos de idade, cujo nascimento ocorreu sem assistência médica, poderá o Oficial do registro civil preencher a DNV, proceder ao registro e comunicar tal ato ao Ministério Público (artigo 7, Provimento 28/CNJ).

➔ Além disso, o registro deve ser feito com a assinatura de duas testemunhas, por se tratar de parto sem assistência médica em residência (artigo 54, item 9, Lei 6015).

139. Chegaram na sua serventia de registro civil a mãe e o filho, este, embora tivesse 11 anos de idade, jamais foi registrado. Como o senhor, na condição de oficial, orientaria essa pessoa?

➔ Primeiro, verificaria se há DNV ou não. Caso haja, o registro pode ser feito normalmente, embora tardio, nos termos do artigo 7° do Provimento 28 do CNJ, que dispensa o requerimento escrito e a presença das testemunhas, desde que apresentada a Declaração de Nascido Vivo.

➔ Se não houver DNV, deve-se instaurar o procedimento de registro tardio, com a apresentação de requerimento escrito e assinado pelo declarante e por duas testemunhas. Cabe ainda ao oficial entrevistar a todos, reduzindo suas declarações a termo, no intuito de evitar fraudes e garantir que o registrando realmente nunca foi registrado e que é mesmo quem diz ser.

140. No que se refere à naturalidade do registrando, a lei passou por recente alteração, o doutor (a) saberia explicar o que foi modificado?

➔ O artigo 54 foi alterado pela Lei 13.484, em 2017, para possibilitar aos pais a escolha da naturalidade como sendo a do local do nascimento ou a do município de residência da mãe, desde que localizado em território nacional. Deste modo, a partir desta alteração, modificou-se o conceito de naturalidade no Brasil, pois não é mais entendida apenas como o local de nascimento.

141. Fale sobre o procedimento de registro de nascimento feito em unidade interligada nos termos do provimento 13 do CNJ.

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➔ A edição do provimento 13 do CNJ tem por finalidade a erradicação do sub-registro civil de nascimento, mediante a instituição de convênios entre os serviços de registro civil e as maternidades, para que os registros das crianças nascidas nestes estabelecimentos sejam feitos em “tempo real”, com a entrega imediata da certidão de nascimento.

➔ Para que possa ser feito o registro por meio da unidade interligada, deverão ser apresentados, obrigatoriamente, os seguintes documentos: DNV; documento de identiicaçao do declarante; documento de identificação dos pais; certidão de casamento, na hipótese de incidir a presunção de paternidade; termo negativo ou positivo de indicação de suposta paternidade. Esses documentos são digitalizados e remetidos ao cartório por meio eletrônico. A DNV e o termo de declaração também serão enviados ao cartório em formato papel, para fins de arquivo. Os dados do nascimento serão transmitidos eletronicamente para o cartório, onde será lavrado o assento e enviado à unidade interligada. Recebido o arquivo do retorno do cartório, o preposto deverá imprimir o termo de declaração de nascimento, colhendo a assinatura do declarante. Ato contínuo, o termo de declaração será transmitido para o registrador competente, que lavrará a primeira via da certidão de nascimento e aporá a sua assinatura eletrônica com o uso de certificado digital. Transmitido tal arquivo à unidade interligada, o preposto imprimirá a certidão, entregando-a ao genitor.

142. Qual a natureza jurídica do nome? E se trata de livre escolha dos pais? Há alguma limitação na escolha do nome?

➔ Nome é o sinal que identifica a pessoa e a individualiza, sendo, portanto, um direito da personalidade, a que toda pessoa faz jus. Segundo Serpa Lopes, tal individualização corresponde a uma necessidade de ordem pública, qual a de evitar a confusão de uma pessoa com outra e tornar possível a aplicação da lei, o exercício de direitos e o cumprimento de obrigações. Por conseguinte, o nome visa ministrar o conjunto de elementos que permitam, de um lado, distinguir socialmente uma pessoa de outra; de outra parte, a sua fixação jurídica, quando necessária. O prenome é de livre escolha dos pais, sendo apenas vedada a exposição de seu portador ao ridículo. Há liberdade também na escolha do sobrenome, desde que permita a identificação da procedência familiar.

➔ Para Clóvis Bevilaqua, o nome não constitui um bem jurídico, já que não é possível a sua apropriação pelo estado ou pela sociedade.

➔ Reinaldo Velloso dos Santos esclarece que “na composiçao do sobrenome, pode ser adotado apenas o sobrenome do pai ou da mãe; pode haver a mescla de sobrenomes da mãe e do pai, ou até mesmo de avós, ainda que não integrem o nome dos pais. A liberdade de composição do sobrenome se estende à ordem dos sobrenomes, podendo constar primeiramente o do pai ou o da mae”.

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143. Quais os elementos essenciais do nome?

➔ Os elementos essenciais do nome são: i) prenome ou nome próprio; ii) patronímico ou sobrenome. O nome completo, portanto, é integrado pelo prenome e sobrenome.

➔Os elementos facultativos ou secundários do nome são: i) agnome, que é o sinal acrescentado ao nome para distinguir membros da mesma família, a exemplo de “junior”; ii) particulas, que sao as preposiçoes “de, da, dos”; iii) cognomes, que são os apelidos integrados ao nome por sentença judicial, a exemplo da Xuxa.

144. E no caso de registro de nascimento de indígena? Pode o oficial vedar nomes que exponham ao ridículo?

➔ No caso de indígenas, o nome é de livre escolha dos pais não sendo caso de aplicação da vedação de nome que o exponha ao ridículo, por previsão expressa da Resolução Conjunta 03 do CNJ (art. 2).

➔ A etnia do registrando pode ser lançada como sobrenome, a pedido do interessado.

145. De acordo com a Lei de Registros Públicos, o Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais não registrará nomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. E como o "ridículo" é algo muito subjetivo, a doutrina esclarece algumas hipóteses, o(a) candidato(a) se recorda?

➔ nomes que não observem o gênero da criança a ser registrada ou causem

dúvida quanto ao gênero;

➔ nomes cuja redação não observa as regras da língua portuguesa;

➔ nomes estrangeiros com grafia incorreta de acordo com a língua respectiva;

➔ nome inexistente, inventado, que cause estranheza;

➔ nome estrangeiro de difícil pronúncia e grafia em português;

➔ prenomes que a história denegriu (como "Hitler") ou ligados a entidades

maleficas (como "Satan") ou nomes de monstros (como "Frankenstein”);

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➔ nomes de produtos comerciais (como Delícia Cremosa ou Novalgina);

➔ nomes completos de celebridades (para homenagear uma pessoa famosa

os pais, muitas vezes, querem atribuir à criança o nome completo da

celebridade, como “Vinicius de Moraes”, “Ruy Barbosa”, “Ivete Sangalo” ou

“Alain Delon”, o que nao pode ser admitido, pois sobrenomes sao nomes de

família, não podem ser concedidos a pessoas fora da família);

➔ nome completo, considerando o prenome bem como o sobrenome, que

tenha sonoridade que traga o ridículo (como Kumio Tanaka; Caio Rolando

Ladeira; Amando Alceu Homem; Jacinto Leite Aquino Rego).

146. A lei faculta ao interessado que, no primeiro ano após sua maioridade, altere o seu nome. O(A) Doutor (a) saberia explicar o fundamento e o procedimento? Há necessidade de processo judicial?

➔ O fundamento dessa permissão legal é o fato do nome ser direito da personalidade, de modo que em respeito à autonomia da pessoa, após sua maioridade, abre-se a possibilidade de que altere o seu prenome. O interessado, após atingir a maioridade civil tem o prazo de 1 ano para alterar o nome, desde que não prejudique a identificação da sua origem familiar, o que é feito administrativamente, junto à Serventia de Registro Civil das Pessoas Naturais, cujo pedido é apreciado pelo juiz corregedor ou outro juiz competente nos termos da organização local. A alteração do nome é realizada pelo interessado perante o oficial do registro civil e independe de motivação.

➔ A alteração deve ser averbada à margem do registro de nascimento, para que seja levada ao conhecimento de terceiros e resguardados eventuais direitos. Ainda, deve ser publicada na imprensa a alteração do nome, devendo ser mencionado o nome anterior e o que passou a ser adotado.

147. Qual a natureza deste prazo, Dr(a)?

➔ Trata-se de prazo decadencial.

➔ Este prazo é contado a partir da maioridade, isto é, o prazo é no decurso do decimo nono ano de vida. Segundo Ceneviva, basta que se inicie o procedimento entre 18 e 19 anos, mesmo que o prazo legal termine na véspera da data em que os complete. O que importa é que o procedimento seja iniciado entre 18 e 19 anos, mesmo que a decisão seja posterior.

148. Fale sobre a regra da imutabilidade do nome e destaque as exceções, se existentes.

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➔ Como regra, o nome é imutável, pois se assim não o fosse, haveria sério risco de dano aos negócios e interesses de terceiros. O princípio da imutabilidade do nome tem por escopo assegurar a segurança jurídica e a estabilidade dos atos da vida civil. Esse princípio, contudo, não é absoluto. A lei permite, em caráter excepcional, a alteração do nome pelo interessado, desde que motivada, mediante prévia oitiva do Ministério Público e decisão judicial. Citam-se como exemplos de alterações de nomes possíveis: erro gráfico evidentes; nome vexatório; apelido público e notório que venha a substituir o nome no ambiente em que vive; adoção.

➔ EUCLIDES DE OLIVEIRA: “(...) admite-se a sua mudança, em alguns casos até por inteiro (como na adoção), em outros parcialmente, por retificação, substituição ou acréscimos de elementos. Tais modificações são previstas na própria lei registrária (lei 6.015, de 31.12.1973) e também em leis especiais, como a antiga Lei do Divórcio (Lei 6.515, de 26..12.1977), o Estatuto da Criança e do Adolescente ( Lei 8.069, de 13.07.1990) o Estatuto dos Estrangeiros ( Lei 6.815, de 19.08.1980), a Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Lei 9.807, de 13.07.1999) e o vigente Codigo Civil brasileiro”.

➔ Recentemente, decidiu o STJ que o direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização, conferindo-se, portanto, a máxima efetividade ao princípio constitucional da promoção da dignidade da pessoa humana.

➔ Em 29 de junho de 2019, foi publicado o Provimento N. 73 do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, que dispõe sobre a averbação da alteração do prenome e do gênero nos assentos de nascimento e casamento de pessoa transgênero no Registro Civil das Pessoas Naturais (RCPN), sendo meio de uniformizar os procedimentos, em nível nacional.

149. Uma pessoa registrou seu filho com o nome de solteira. Após o casamento, deseja alterar o registro do filho para que passe a constar o seu nome de casada. É possível? Qual fundamento?

➔ É possível a alteração do nome da mãe ou do pai no registro de nascimento do filho para que passe a constar o nome adotado após o casamento. Trata-se de um ato de averbação, mediante requerimento da parte interessada ao oficial de registro civil e apresentação da certidão de casamento que ateste a alteração do nome. O fundamento dessa permissão legal é o princípio da veracidade, a implicar que o registro espelhe a realidade dos fatos.

➔ Enunciado 40, ARPEN-SP: “É admitida a averbaçao da alteraçao de patronímico dos pais ocorrida em virtude de separação, divórcio, casamento ou qualquer outra alteração, devendo ser apresentado o documento legal e autêntico que comprove a alteração, estando dispensada a audiência do Ministério Público e a intervenção do Juiz Corregedor Permanente”.

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➔ O princípio da verdade real norteia o registro público e tem por finalidade a segurança jurídica, razão pela qual deve espelhar a realidade presente, informando as alterações relevantes ocorridas desde a sua lavratura ((...) (STJ. 4ª Turma. REsp 1.072.402⁄MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomao, julgado em 04/12/2012).

150. Como se dá o rito especial de registro de nascimento ocorrido a bordo de navio?

➔ Nos termos do 64 da Lei n° 6.015/73, a lavratura deve se dar no Livro de Diário de Bordo, logo que o fato se verificar, na forma da legislação de marinha, pelo comandante da embarcação. Nos termos do artigo seguinte, ao chegar ao primeiro porto ou consulado, o comandante deve depositar o assento na capitania do porto, estação fiscal ou consulado, em 3 vias. Duas delas serão encaminhadas ao Ministério da Justiça, que remeterá uma ao RCPN da residência dos pais ou o 1° Ofício do Distrito Federal, se estes não tiverem residência no Brasil. A outra será entregue ao interessado, para que, querendo, promova o registro por conta própria.

151. Como se dá o registro de criança gerada por reprodução assistida?

➔ O Provimento 63/2017 do CNJ possibilita o registro de crianças nascidas por técnicas de reprodução assistida, como inseminação artificial e na gestação por substituição diretamente no cartório de registro civil. O assento é lavrado no Livro A e independe de autorização judicial, desde que apresentados os seguintes documentos: i) DNV; II – declaração, com firma reconhecida, do diretor técnico da clínica, centro ou serviço de reprodução humana em que foi realizada a reprodução assistida, indicando que a criança foi gerada por reprodução assistida heteróloga, assim como o nome dos beneficiários; III – certidão de casamento, certidão de conversão de união estável em casamento, escritura pública de união estável ou sentença em que foi reconhecida a união estável do casal.

➔ Além disso, na hipótese de reprodução por substituição será apresentado, ainda, termo de consentimento da parturiente, esclarecendo a questão da filiação. Neste caso, não deve constar no registro o nome da parturiente informado na DNV.

152. Qual procedimento deve ser adotado no caso de duplicidade de registro de nascimento?

➔ No caso de duplicidade de registros de nascimento, deve ser cancelado o registro lavrado por último, mediante averbação. Além disso, devem ser transpostas as averbações e as anotações para o assento que subsistirá,

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desde que não sejam incompatíveis entre si (Art. 16, Provimento 28/CNJ). A jurisprudência é no sentido da validade do primeiro registro, desde que não seja eivado de vício.

DO NASCIMENTO DECORRENTE DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA

153. O Provimento 63 do CNJ trouxe à tona a posse de estado de filho. O(a) candidato(a) sabe explicar o que isso representa no contexto da filiação? Fale sobre o assunto.

➔ Paulo Lobo: “a posse do estado de filiacao constitui-se quando alguem assume o papel de filho em face daquele ou daqueles que assumem os papeis ou lugares de pai ou mae ou de pais, tendo ou nao entre si vinculos biologicos.” (LOBO, 2004, p. 510). A posse de estado de filho nada mais e do que o reconhecimento juridico do afeto, com o claro objetivo de garantir a felicidade, como um direito a ser alcancado.” (DIAS, 2013, p. 73).

➔ Para a doutrina clássica, a posse de estado de filho caracteriza-se por três elementos: nome; trato e fama. Em relação ao nome, indica que o filho deve sempre ter usado o nome do pai ao qual se identifica. Em relação a esse elemento, o fato do filho nunca ter usado o sobrenome do pai não enfraquece a posse de estado de filho se estiverem presentes os dois outros elementos – trato e fama. Quanto ao trato, significa o tratamento que o filho recebeu do pai, que deve ter colaborado para o seu desenvolvimento. Por fim, a fama, implica o conhecimento público da qualidade de filho em relação ao pai.

➔ Fachin afirma que essa tradicional trilogia não é sempre necessária para o reconhecimento da posse de estado de filho, pois podem ser invocados outros fatos que caracterizem esse estado. Destaca, ainda, que a posse de estado de filho não deve sofrer interrupção e a sua duração deve atestar estabilidade dessa relação paterno-filial.

➔ Essa posse de estado de filho dá origem à filiação socioafetiva.

154. Em que consiste as famílias ectogenéticas?

➔ São famílias constituídas com a ajuda de técnicas de reprodução assistida. O provimento 63/CNJ regulamento o registro de nascimento de filho havido por técnica de reprodução assistida.

155. Fale sobre a gestação por substituição e como deve ser feito o registro do nascimento nessa hipótese.

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➔ Na gestação por substituição, a mulher cede o seu útero para que seja implantado o embrião. A cedente temporária do útero deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau - mãe/filha; segundo grau - avó/irmã; terceiro grau tia/sobrinha; quarto grau – prima). Na hipótese de gestação por substituição, não constará do registro o nome da parturiente, informado na declaração de nascido vivo, devendo ser apresentado termo de compromisso firmado pela doadora temporaria do utero, esclarecendo a questao da filiacao. Se a cedente temporária do útero for casada ou viver em união estável, faz-se necessária a aprovação do cônjuge ou companheiro por escrito para que seja realizada a técnica de RA.

156. É possível registrar um nascimento com a paternidade estabelecida na hipótese de reprodução assistida post mortem?

➔ SIM, desde que haja termo de autorização prévia específica do falecido ou falecida para uso do material biológico preservado, lavrado por instrumento público ou particular com firma reconhecida.

DO ASSENTO DE NASCIMENTO DO INDIGENA NO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS

157. Discorra sobre o registro de nascimento de indígena, destacando as suas peculiaridades.

➔ O registro de nascimento de indígena não integrado é facultativo no registro civil das pessoas naturais. As peculiaridades são a livre escolha do nome, sem incidir a vedação de nomes que exponham ao ridículo, podendo ser lançada a etnia como sobrenome, bem como a naturalidade, que pode constar a aldeia de origem do indígena ou de seus pais, juntamente com o município de nascimento. Da mesma forma, podem figurar como observações do assento de nascimento a declaração do registrando como indígena e a indicação da respectiva etnia.

➔ Em caso de dúvida fundada acerca do pedido de registro, o registrador pode exigir a apresentação do RANI ou a presença de representante da FUNAI.

➔ O Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI) é um documento administrativo fornecido pela FUNAI, instituído pelo Estatuto do Índio, Lei nº 6.001 de 19 de dezembro de 1973: "O registro administrativo constituirá, quando couber, documento hábil para proceder ao registro civil do ato correspondente, admitido, na falta deste, como meio subsidiário de prova."

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Em outras palavras, o RANI pode servir como documento para solicitar o registro civil. O registro do RANI é realizado em livros próprios por funcionários da FUNAI, e para cada registro é emitido o documento correspondente, devidamente autenticado e assinado.

➔ Feito o registro, deve o oficial das pessoas naturais comunicar imediatamente à FUNAI.

158. Como se dá o procedimento de registro tardio de indígena?

➔ No que concerne ao registro tardio de indígena poderá ser realizado mediante a apresentação do RANI; ou da apresentação de dados, em requerimento, por representante da FUNAI, a ser identificado no assento; ou, ainda, na forma do art. 46 da Lei n.º 6.015/73 (apresentação de duas testemunhas maiores de 18 anos, que declarem ter conhecimento do nascimento da pessoa e

confirmem sua identidade). Em caso de suspeita, o registrador pode entrevistar o registrando e requerer a presença do representante da FUNAI, além de apresentação de certidão negativa de registro civil que tem atribuição para os territórios em que nasceu, onde é situada sua aldeia de origem e onde foi atendido pelo sistema de saúde. Feito o registro tardio, deve o oficial comunicar à FUNAI.

159. Como são feitas as alterações ou correções no registro civil do indígena?

➔ Art. 3º. § 2º. Nos casos em que haja alterações de nome no decorrer da vida em razão da cultura ou do costume indígena, tais alterações podem ser averbadas à margem do registro na forma do art. 57 da Lei n.º 6.015/73, sendo obrigatório constar em todas as certidões do registro o inteiro teor destas averbações, para fins de segurança jurídica e de salvaguarda dos interesses de terceiros." (Resolução Conjunta CNJ/CNMP nº 03/2012). Da mesma forma, os indígenas que quiserem corrigir seus nomes já registrados, ou alterar para acrescentar o povo ou etnia, devem procurar o cartório mais próximo e solicitar a alteração.

REGISTRO TARDIO

160. A idade do registrando tem reflexos no procedimento de registro tardio? Explique.

➔ SIM.

➔ Menor de 12 anos com DNV – dispensa requerimento e testemunhas.

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➔Menor de 3 anos que nasceu sem assistência médica ou de parteira – o oficial irá preencher a DNV (sempre que houver autorização da Secretaria de Saúde), realizará o registro e comunicará o MP.

161. Discorra sobre o procedimento de registro tardio.

➔ O procedimento terá inicío a requerimento do interessado, de seu representante legal ou do MP, em hipóteses específicas. O requerimento deverá conter: data e local do nascimento, sexo, nome, fato de ser gêmeo ou não, qualificação dos pais e dos avós, atestação de duas testemunhas com qualificação completa que serão entrevistadas, fotografia e impressão digital do registrando. Não sendo possível a obtenção de tais informações ou a coleta de digital e ou recebimento da fotografia, ainda assim o registro poderá ser feito, mas a impossibilidade tem que ser justificada. No requerimento de registro tardio é dispensado o reconhecimento de firma do interessado ou de seu representante legal, mas é obrigatório que o Oficial de Registro ou seu preposto certifique que as assinaturas do interessado, de seus pais, se presentes, e das testemunhas foram apostas em sua presença. Nos casos da ausência dos dados dos pais, o registrando (ou pelo requerente do registro, caso o registrando não possa se manifestar) deverá indicar sobrenome para constar do registro (sobrenome esse que deve corresponder às afirmações por ele feitas sobre a sua família, se for o caso).

➔ Na entrevista para o registro tardio deverá ser indagado, ao menos: – Nacionalidade (se o registrando se expressa em português) – Residência (se o registrando conhece os arredores) – Razão para o registro ser tardio (representante legal) – Veracidade das informações prestadas pelas testemunhas, se realmente conhecem o registrando, se tem idade compatível com os fatos narrados (devem ser preferidas as mais velhas que o registrando) – Escolas e Postos de Saúde pelos quais o registrando passou – Informações sobre os irmãos, se houver, e em que cartório foram registrados; Informações sobre casamento, se for casado, e em que cartório foi registrado; documentos de identidade, batismo, entre outros, para serem apresentados.

➔ As entrevistas devem ser feitas em separado, tudo reduzido a termo, sendo ao fim assinado pelo Oficial (ou preposto) e pelo entrevistado. Sugere-se que as entrevistas sejam feitas com todo o cuidado, sendo preferencialmente realizadas pelo próprio Oficial.

➔ Nos casos de suspeita do Oficial em relação à autenticidade do requerimento de registro, assim como de todas as declarações prestadas, poderá aquele exigir outras provas para seu convencimento. Persistindo a suspeita, o Oficial promoverá os autos ao Juízo da Vara de Registros Públicos ou Vara Cível, onde não houver vara especializada, para que o Juiz determine seja feito o registro ou não.