60
USO DE PROVAS DE CAMPO E LABORATÓRIO CL˝NICO EM DOEN˙AS METABÓLICAS E RUMINAIS DOS BOVINOS EDITORES FØlix H. D. GonzÆlez Joªo Batista Borges Marcelo Cecim Porto Alegre - RS, Brasil 2000

provas_campo_doen_as metabolicas ruminantes.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • 3

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    USO DE PROVAS DE CAMPO E LABORATRIOCLNICO EM DOENAS METABLICAS E

    RUMINAIS DOS BOVINOS

    EDITORES

    Flix H. D. GonzlezJoo Batista Borges

    Marcelo Cecim

    Porto Alegre - RS, Brasil2000

  • 4

    Editores

    F. H. D. GONZLEZ, Prof., Dr.Sc. Departamento de Patologia ClnicaFaculdade de Veterinria Universidade Federal do Rio Grande do Sule-mail: [email protected]. Bento Gonalves, 9090. Porto Alegre - RS. 91.540-000 BRASIL

    J. B. BORGES, Prof., M.Sc. Departamento de Medicina AnimalFaculdade de Veterinria Universidade Federal do Rio Grande do Sule-mail: [email protected]. Bento Gonalves, 9090. Porto Alegre - RS. 91.540-000 BRASIL

    M. CECIM, Prof., Ph.D. Lab. Endocrinologia e Metabolismo Animal, Departamento de Clnica de GrandesAnimais, Faculdade de Veterinria Universidade Federal de Santa Mariae-mail: [email protected] Maria - RS. BRASIL

    Autores Contribuintes

    GERARDO F. QUIROZ-ROCHA1, JAN BOUDA1, LEOPOLDO PAASCH MARTNEZ1, LUIS NEZ OCHOA1, MARIOMEDINA CRUZ1, VALENTE VELZQUEZ ORDEZ2, FLIX H. D. GONZLEZ3

    1 Depto. de Patologia Clnica, Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia; Universidade Nacional Autnoma doMxico. [email protected]

    2 Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia, UAEM. Mxico.3 Depto. de Patologia Clnica, Faculdade de Veterinria; Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Brasil.

    CIP CATALOGAO INTERNACIONAL DA PUBLICAO

    U84 Uso de provas de campo e laboratrio clnico em doenas metablicas e ruminaisdos bovinos/Editado por Flix H. D. Gonzlez...

    [et al.]. Porto Alegre, 2000.

    60 p.; il.

    1. Patologia clnica : ruminantes 2. Doenas metablicas e ruminais. 3. Clnicabovina I. Gonzlez, Flix H. D. II. Borges, Joo Batista. III. Cecim, Marcelo. IV. Ttulo.

    CDD 619.6026CDU 619:636.2

    Catalogao na publicao:Biblioteca Setorial da Faculdade de Medicina Veterinria da UFRGS

    UFRGSCopyright 2000 by Flix H. D. Gonzlez, Joo Batista Borges & Marcelo Cecim.Todos os direitos reservados. No permitida a reproduo total ou parcial desta publicao sem a autorizao escritae prvia dos editores.

  • 5

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    SUMRIO

    Prefcio .......................................................................................................................................................... 7

    Coleta e manejo de amostras sangneas em bovinos ......................................................................................... 9Gerardo F. Quiroz-Rocha, Jan Bouda, Flix H. D. Gonzlez

    Importncia da coleta e anlise de lquido ruminal e urina .................................................................................13Jan Bouda, Gerardo F. Quiroz-Rocha, Flix H. D. Gonzlez

    Sistema de diagnstico das doenas metablicas no bovino ...............................................................................17Jan Bouda, Leopoldo Paasch Martnez, Gerardo F. Quiroz-Rocha

    Interpretao dos perfis de laboratrio em bovinos .............................................................................................19Jan Bouda, Luis Nez Ochoa, Gerardo F. Quiroz-Rocha

    Diagnstico de indigesto simples, alcalose ruminal e intoxicao por uria .........................................................23Gerardo F. Quiroz-Rocha, Jan Bouda

    Diagnstico e terapia da acidose ruminal aguda ...............................................................................................27Jan Bouda, Gerardo F. Quiroz-Rocha

    Acidose ruminal crnica e diagnstico diferencial de transtornos ruminais ............................................................31Jan Bouda, Gerardo F. Quiroz-Rocha

    Determinao de transtornos cido-bsicos .......................................................................................................35Gerardo F. Quiroz-Rocha, Jan Bouda, Luis Nez Ochoa

    Lipidose heptica e cetose em vacas leiteiras .....................................................................................................39Gerardo F. Quiroz-Rocha, Jan Bouda, Flix H.D. Gonzlez

    Importncia do diagnstico de deficincias de cobre, zinco e selnio ...................................................................43Gerardo F. Quiroz-Rocha, Jan Bouda, Valente Velzquez Ordez

    Desequilbrios de clcio, fsforo e magnsio...................................................................................................... 47Jan Bouda, Gerardo F. Quiroz-Rocha, Flix H.D. Gonzlez

    Transferncia de imunidade passiva ao terneiro e avaliao da qualidade do colostro ...........................................53Gerardo F. Quiroz-Rocha, Jan Bouda

    Diarria no terneiro: etiopatogenia,tratamento e preveno .................................................................................57Jan Bouda, Mario Medina Cruz, Gerardo F. Quiroz-Rocha

  • 6

    PGINA EM BRANCO

  • 7

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    PREFCIOA presente publicao rene as palestras proferidas durante o curso terico-prtico sobre Uso

    de provas de campo e laboratrio clnico em doenas metablicas e ruminais dos bovinos, realizado apartir de uma iniciativa do Laboratrio de Bioqumica Clnica da Faculdade de Veterinria da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul. O evento contou com a participao organizativa do Departamento deMedicina Animal da mesma Universidade e do Departamento de Clnica de Grandes Animais da Univer-sidade Federal de Santa Maria.

    O Laboratrio de Bioqumica Clnica da UFRGS vem realizando esforos para aglutinar os gruposde trabalho em metabolismo de ruminantes da regio sul do Brasil, bem como para ampliar o conheci-mento e a aplicabilidade de testes laboratoriais em nutrio e clnica de ruminantes. Nesse sentido, jforam realizados vrios eventos entre os quais o Colquio de atualizao em bioqumica clnica veteri-nria, em dezembro de 1997, o Seminrio internacional sobre deficincias minerais em ruminantes, emjunho de 1998 e o curso de extenso Perfil metablico em ruminantes: seu uso em nutrio e doenasnutricionais, em julho de 2000.

    Nesta oportunidade, foram convidados dois palestrantes, os Drs. Jan Bouda e Gerardo Quiroz-Rocha, reconhecidos professores e pesquisadores da Universidade Nacional Autnoma do Mxico(UNAM) para expor ideias e conceitos sobre a aplicao e interpretao de provas, tanto de campoquanto de laboratrio, no diagnstico de doenas metablicas em bovinos.

    Os temas cobrem desde aspectos como a coleta e manejo de amostras at a interpretao deprovas especficas em casos de indigesto simples, alcalose ruminal, intoxicao por uria, acidose ruminalaguda e crnica, transtornos cido-bsicos, lipidose heptica, cetose, deficincias de cobre, zinco eselnio, desequilbrios de clcio, fsforo e magnsio, avaliao da qualidade do colostro e diarrias nosterneiros.

    Nossos agradecimentos s empresas e instituies que se vincularam e apoiaram este evento:Centerlab, Santista Alimentos, Intervet, Gentica Avanada, Conselho Regional de Medicina Veterinriado RS, Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Prof. Flix H. D. Gonzlez (coordenador)Porto Alegre, dezembro de 2000.

  • 8

    PGINA EM BRANCO

  • 9

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Coleta e Manejo deAmostras Sangneas em Bovinos1Gerardo F. Quiroz-RochaJan BoudaFlix H. D. Gonzlez

    A confiabilidade no uso do laboratrio como apoio diagnstico depende em grande medida de queo material utilizado na anlise tenha sido coletado e conservado adequadamente. Adicionalmente, para oaproveitamento timo das anlises de patologia clnica deve existir uma relao estreita entre o mdicoveterinrio clnico e o laboratrio de diagnstico. O envio de amostras inadequadas implica em perda detempo, de recursos e, em ocasies, complicaes na sade do animal devido a uma interpretao incompletaou incorreta de resultados. Freqentemente argumentado que, na prtica bovina, complicado recorrerao uso dos laboratrios para apoiar o diagnstico, uma vez que geralmente esto localizados a grandesdistncias. No entanto, quando se domina o adequado uso das amostras, esta limitante no significativa.

    Consideraes gerais

    Cada vez que amostras so enviadas a qualquer laboratrio de diagnstico, muito importantefazer uma adequada identificao, utilizando material que resista ao manejo, isto , tintas permanentesresistentes a gua, fitas com cola ou etiquetas com adesivo apropriado. necessrio acompanhar samostras um protocolo que inclua:1. Identificao do proprietrio, mdico veterinrio ou pessoa responsvel, telefone e endereo.2. Dados de identificao do animal ou animais amostrado(s).3. Anamnese completa do paciente e/ou do rebanho, sem omitir dados relevantes da histria clnica,

    nutrio, reproduo, produo, etc.4. Indicar se existe suspeita de doenas infecciosas, especialmente nos casos de zoonoses.

    Devido s mudanas fsico-qumicas que ocorrem na amostra com o tempo, deve ser mencionadadata e hora da coleta da amostra, bem como o tipo de conservante utilizado.

    Coleta de amostras

    Existem diferentes mtodos para obter uma amostra de sangue:a) agulha direta: til e rpido para obter grandes volumes, sua contra-indicao mais importante que

    causa contaminao da amostra e, especialmente, do meio-ambiente;

    1 Quiroz-Rocha, G.; Bouda, J.; Gonzlez, F. H. D. (2000) Coleta e manejo de amostras sangneas em bovinos. In:Gonzlez, F. H. D.; Borges, J. B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenasmetablicas e ruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 10

    b) seringa: no deve ser feito vcuo violento; quando forem usadas seringas com anticoagulante, reco-menda-se que esteja na forma lquida; quando o sangue vai ser transferido a outro recipiente, deveser retirada a agulha da seringa para evitar hemlise na amostra;

    c) sistema de tubos com vcuo (vacutainer): siga as instrues do fabricante; necessria certa prticapara um manejo eficiente; importante que, se utilizado algum tipo de anticoagulante, o tubo deve sercheio at terminar o vcuo para manter as propores sangue/anticoagulante.

    d) sistema de vcuo com tubos de plstico: so de recente introduo no mercado; sua principal van-tagem que o vcuo regulvel; sua utilizao est mais orientada para determinaes sorolgicas,tais como deteco de anticorpos para diferentes patologias.

    O principal fator de alterao de resultados a hemlise, cujas causas mais comuns so as seguintes: provocar vcuo violento na coleta da amostra com agulha de calibre de muito fino; causar impacto do jato de sangue no fundo do recipiente; utilizar material mido com gua ou lcool; usar material sujo ou contaminado; usar material de m qualidade, com bordas ou paredes rugosas. agitar a amostra ao incorpor-la com o anticoagulante; provocar choques trmicos tanto por calor quanto por frio; permitir temperaturas extremas; manipular bruscamente as amostras para obter o soro antes que o cogulo tenha sido formado.

    Determinaes de bioqumica clnica

    Para este fim utilizado soro ou plasma. O soro obtido a partir de uma amostra de sangueextrada sem anticoagulante, esperando o tempo necessrio para a formao de cogulo. O tempo quedura a sua formao muito varivel, entre 30 a 180 minutos. Por esta razo, mais prtico enviar aolaboratrio amostras de plasma utilizando heparina de sdio como anticoagulante (tubos de tampa verde).O EDTA no deve ser utilizado para determinaes bioqumicas. Em recipientes de plstico, o tempo deformao do cogulo aproximadamente o dobro daquele do vidro.

    Assim que se forma o cogulo, este deve ser separado das paredes do tubo ou seringa onde foiobtida a amostra utilizando-se de um palito longo de madeira ou de uma pipeta Pasteur. Posteriormente, deveser centrifugado a 1.500 g (2.500 a 3.500 rpm) durante 10 minutos e transferir o soro para outro recipientelivre do cogulo. A amostra no deve ser centrifugada e nem colocada em refrigerao antes que o coguloesteja bem formado, pois se prolonga o tempo de coagulao e existe predisposio hemlise.

    necessrio separar o soro do cogulo ou o plasma das clulas sangneas dentro de um perodomximo de 2 horas depois de tirada a amostra. Se o tempo for maior, as fraes dos parmetros a seremmedidos variam devido troca de elementos entre as fases celular e lquida do sangue.

    Assim que estiver separado o soro ou o plasma, conveniente analisar de imediato (especialmenteno caso da glicose). Se no for possvel, conveniente conservar a amostra sob refrigerao (0-4C).Quando a obteno dos resultados no for urgente, possvel enviar as amostras congeladas (-8 a -20C)uma vez que a grande maioria dos parmetros estvel pelo menos por uma semana nestas temperaturas.

    Coleta e Manejo de Amostras Sangneas em Bovinos

    erbilaC roC ojenaM

    12,02 edrev,olerama (oucvedsobutedlaicremocametsisme reniatucav )81,61 asor,ocnarb agniresrazilituoasodidnufidsiam

    61,41 ocnarb,luza oteridosuarap

    Tabela 1. Calibres de agulhas recomendados para coleta de amostras sangneas.

  • 11

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Contudo, recomendvel consultar um bioqumico clnico antes de proceder s coletas, pois existemalgumas determinaes instveis.

    A melhor forma de obter o plasma coletando as amostras de sangue com heparina comoanticoagulante, na proporo de 3 gotas de heparina 1% (0,2 mg ou 200 UI) para cada 10 mL de sangue. importante mesclar vrias vezes de forma suave para incorporar totalmente o anticoagulante com osangue para que este se conserve em bom estado. A amostra heparinizada deve centrifugar-se a 1.500G durante 10 minutos, e depois deve ser transferido somente o plasma (livre de clulas) para um outrotubo, com uma pipeta Pasteur ou com uma seringa. Aps, tampar e enviar para o laboratrio clnico.Para as anlises de bioqumica clnica completa (8-10 metablitos) suficiente extrair 3 a 5 mL de plasma,volume que se obtm a partir de 7 a 10 mL de sangue aproximadamente. Nos laboratrios que utilizammicrotcnicas, 1,5 mL de plasma suficiente .

    Quando se trata de dosar microelementos, particularmente Zn, recomendado colocar Parafilm aoinvs da rolha de borracha para fechar o tubo, pois o material das rolhas pode interferir com o resultado.

    A amostra de plasma ou soro deve estar protegida da luz quando se trata de dosar pigmentosbiliares (bilirrubina). Se existe o interesse de medir os valores do perfil lipidmico (cidos graxos noesterificados, colesterol, -hidroxibutirato, triglicerdios, lipdios totais), sua determinao deve ser feita nosoro, e no no plasma.

    Para a determinao de glicose, possvel refrigerar imediatamente a amostra de sangue completacom heparina, para ser analisada nas 3 horas seguintes a coleta. Quando uma amostra est hemolisadaos valores podem apresentar-se alterados, geralmente aumentados.

    Determinaes de hematologia

    Hemograma

    Para esta anlise no importa o vaso sangneo selecionado para realizar a obteno da amostra,uma vez que no existem diferenas significativas nas concentraes dos componentes sanguneos que somedidos no hemograma. O anticoagulante para este estudo o EDTA, pois o que preserva melhor asclulas sangneas, alm de no interferir com os corantes hematolgicos. O EDTA deve ser utilizado naproporo de 10-20 mg ou 2 gotas de uma soluo a 10% para cada 10 mL de sangue, lembrando queo excesso pode alterar os resultados. Se for utilizado o sistema vacutainer, importante encher o tubona capacidade que marca o fabricante, pois o anticoagulante est dosado para o volume mximo de cadatubo. Em nenhum caso pode ser dispensada uma mistura perfeita do sangue com o anticoagulante.

    Assim que a amostra coletada, pode ser conservada durante 4 horas a temperatura ambiente(15-25C). Tambm possvel refrigerar a amostra para ser processada dentro das 24 horas posterioresa coleta, porm esperando pelo menos 15 minutos depois de feita a coleta em temperatura ambiente antesde ser refrigerada, para evitar que ocorra hemlise. Depois de 24 h de coletada, comeam a ocorrermudanas significativas na amostra.

    Para a anlise do hemograma so suficientes 3 mL de sangue. Nos casos de realizar somente atcnica do hematcrito ou a medio de protenas e fibrinognio, se o processamento se realiza durantea primeira hora aps a coleta, pode ser usada heparina como anticoagulante.

    Quando existe interesse de observar hemoparasitas (Babesia spp., Anaplasma spp.) recomenda-se preparar o esfregao em uma lmina imediatamente depois de retirada a amostra. Se isto no forpossvel, necessrio preparar o esfregao nas seguintes 6 horas aps a obteno da amostra comomximo, a fim de no ter resultados falsos negativos, pois nessa condio os parasitas no sero obser-vados nas clulas. A amostra ideal, nesses casos, obtida de vasos perifricos devido a que em ocasiesisto ajuda na diferenciao de espcies, como no caso de Babesia bigemina e B. bovis.

    Parafilm: American Can Company. Greenwich, CT. USA.

  • 12

    Provas de coagulao

    Estas provas so realizadas em casos excepcionais e por isto recomenda-se consultar um labo-ratrio especializado de patologia clnica veterinria.

    Determinao do estado cido-bsico

    Este tipo de anlise requer um manejo muito preciso das amostras. Os passos para fazer umaadequada coleta so descritos a seguir:1. carregar uma seringa limpa de 1-3 mL de capacidade com uma soluo de heparina a 1% (1000 UI

    por mL), permitindo que as paredes fiquem umedecidas;2. voltar a heparina, de forma suave, a seu recipiente. A quantidade de heparina aderida s paredes da

    seringa suficiente para a conservao da amostra;3. trocar a agulha usada nos passos anteriores por uma limpa e seca;4. fazer presso sobre a veia no mximo por 30 segundos, para no alterar os resultados;5. obter o sangue sem fazer vcuo violento e evitando a formao de bolhas e/ou espuma na amostra;

    suficiente 1 mL de sangue;6. rapidamente proceder eliminao das bolhas na seringa e observar que saia uma gota de sangue na

    ponta da agulha;7. tampar a ponta da agulha com massa (no suficiente dobrar a agulha);8. depositar imediatamente a seringa em um recipiente de gua com gelo (0-4C), para bloquear o

    processo da gliclise;9. enviar ao laboratrio.

    A determinao deve ser feita nas primeiras 3 horas posteriores a coleta da amostra. Em ocasies, possvel analisar o sangue de bovinos durante as 24 horas seguintes, usando tabelas de correo, parao que importante indicar a hora de coleta da amostra.

    Quando o mdico veterinrio tenha dvidas sobre o envio de amostras ao laboratrio, deve entrarem contato direto com o patologista clnico veterinrio responsvel, o que permitir a ambos terem ummelhor intercmbio de informaes e, dessa forma, o clnico far um uso mais eficiente do laboratrioclnico como ferramenta de ajuda nos seus diagnsticos.

    Referncias bibliogrficas

    Coles, E. H. Diagnstico y Patologa en Veterinaria. 4 ed. Interamericana, Mxico, D. F., 1989.Fraser, C. M., Bergeron, J. A., Mays, A. and Aiello, S. E. The Merck Veterinary Manual. Merck & Co.,

    Inc. Rahway, New Jersey, 1991.Jain, N. C. Essential of Veterinary Hematology. Lea & Febiger. Philadelphia, 1993.Meyer, D. J., Coles, E. H. and Rich, L. J. Veterinary Laboratory Medicine. Interpretation and Diagnosis.

    W. B. Saunders Company. Philadelphia, 1992.Nez, O. L. Coleccin, Manejo y Envo de Muestras para Hematologa, Bioqumica, Urologa y Citologa.

    Revista AMMVEPE, 30: 220-223, (1994).Pratt, P. W. Laboratory Procedures for Veterinary Technicians. 2nd Ed. Mosby, St. Louis, USA, 1992.Quiroz, R. G. F., Bouda, J., Candanosa, de M. E. Cmo enviar muestras de bovinos para anlisis clnicos.

    Mxico Ganadero, 421: 37-40. 1997.Radostits, O. M., Blood, D. C.; Gay, C. C. Veterinary Medicine. 8th ed. Baillire Tindall. London. 1994.Rosenberger, G. Clinical Examination of Cattle. W. B. Saunders. Philadelphia, 1979.Smith, B. P. Large Animal Internal Medicine. 2nd Ed. Mosby, St. Louis. 1996.

    Coleta e Manejo de Amostras Sangneas em Bovinos

  • 13

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Importncia da Coleta e Anlise deLquido Ruminal e Urina1Jan BoudaGerardo F. Quiroz-RochaFlix H. D. Gonzlez

    Na maioria dos transtornos ruminais e metablicos, as alteraes iniciais podem ser detectadas nolquido ruminal, na urina e no leite, pois nestas alteraes as mudanas nos valores de referncia sosignificativamente mais evidentes nesses lquidos do que no prprio sangue. Durante as doenassubclnicas, os desvios dos valores normais no sangue so muito pequenas devido aos mecanismos dehomeostase. Por isso, muito importante o diagnstico mediante exames de laboratrio simples no lquidoruminal e na urina, que possam ser realizados em condies de campo.

    A anlise do lquido ruminal e da urina pode ser realizada mediante provas e equipamentos muitomais simples e baratos, que aqueles usados comumente nas determinaes especficas do sangue.

    Obteno e anlise da amostra de lquido ruminal

    Material necessrio:1. sonda ruminal com bomba de dupla via;2. sonda ruminal especial com capacidade de conexo na mquina de ordenha (vcuo).

    Obteno de lquido ruminal em animais sem sinais clnicos:Trs a cinco horas depois da alimentao com concentrados ou quatro horas depois da 1

    alimentao com dieta integral. Para a determinao do pH da amostra, necessrio considerar que aoextrair o lquido ruminal por suco mediante sondagem ruminal, existe o risco de contaminao com salivae, portanto, de aumento do valor do pH. Por isso, se recomenda eliminar os primeiros 100 a 200 mLde lquido ruminal, para depois coletar a amostra.

    Exame do lquido ruminal

    Em condies de campo ou de estbulo, imediatamente aps a sua obteno:1. Cor: a colorao normal do liquido ruminal pode variar de forma normal desde o verde oliva, o verde

    marrom at o verde cinzento, de acordo com o tipo de alimentao que o animal receba. Dentro dasanormalidades na colorao podem ser encontradas as seguintes: cor leitoso-cinza na acidose ruminal;cor verde escuro na alcalose ruminal ou na putrefao ruminal.

    1 Bouda, J.; Quiroz-Rocha, G.; Gonzlez, F. H. D. (2000) Importncia da coleta e anlise de lquido ruminal e urina.In: Gonzlez, F. H. D.; Borges, J. B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenasmetablicas e ruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 14

    2. Cheiro: o normal do lquido ruminal pode definir-se como aromtico, no repulsivo. Entretanto,cheiros anormais perceptveis so o cido-picante na acidose ruminal, ou o ptrido-amoniacal naputrefao do contedo ruminal.

    3. Consistncia (viscosidade): a consistncia normal levemente viscosa, enquanto que a consistnciaaquosa sugere acidose ruminal aguda.

    4. Sedimentao e flutuao: a prova consiste em deixar em repouso uma amostra de lquido ruminal emedir o tempo em que aparecerem os eventos de sedimentao-flutuao. O tempo normal esperadopara isto de 4 a 8 minutos, enquanto que a ausncia de um desses eventos ou a modificao destevalor poder ser considerada como anormalidade (por exemplo, ausncia de flutuao na acidose ouna indigesto simples).

    5. Determinao do pH: esta determinao pode ser obtida mediante potencimetro porttil, esperando queo valor registrado se encontre dentro do intervalo de pH de 6,0 a 7,0 (6,4 a 7,0 em dietas ricas emfibra e 6,0 a 6,6 em dietas de alto contedo de concentrado). Os valores obtidos fora desse intervalo,para cima ou para baixo, so considerados como patolgicos: assim, pH 3,8 a 5,0 presente na acidoseaguda; pH 5,1 a 5,9 presente na acidose ruminal subaguda; pH 7,3 a 8,5 na alcalose ruminal.

    6. Determinao da atividade redutiva bacteriana: para esta prova adicionam-se 0,5 mL de azul demetileno soluo 0,03% em uma amostra de 10 mL de lquido ruminal imediatamente aps a sua coletae se compara com outra amostra de lquido ruminal testemunha (sem o corante) do mesmo animal.Mede-se o tempo transcorrido desde a adio do colorante at a degradao do mesmo dentro daamostra, at ficar igual com a amostra testemunha. Os tempos so interpretados assim: microfloranormal: 3 a 6 minutos; indigesto simples: mais de 8 minutos e acidose aguda: mais de 30 minutos.

    7. Avaliao de protozorios: as caractersticas mais importantes a avaliar so a densidade de populaoe a intensidade de movimentos destes microorganismos, pois por seu tamanho podem ser observados,inclusive ao olho nu, em uma amostra recm coletada. A observao poder ser feita de forma diretaem um tubo de vidro ou em uma gota de lquido em uma lmina com lamnula sob o microscpioptico com aumento de 100x.

    Obteno e anlise de amostras de urina

    O exame e a anlise da urina so considerados como uma ferramenta bsica muito importante parao mdico veterinrio no diagnstico, especialmente dos transtornos que ocorrem de forma subclnica(acetonemia, acidose ruminal), bem como para o estabelecimento de prognstico em muitos deles.

    Importncia da Coleta e Anlise de Lquido Ruminal e Urina

    ortemraP olavretnIHp 0,7a0,6

    avituderedadivitA sotunim6a3HN(ainmA 3) L/lomm5,71a0,6

    siatotsietlovsoxargsodic L/lomm021a08

    ocitcaodicA %56a55

    ociniporpodicA %52a51

    ocirtubodicA %51a01

    ocitclodicA L/lomm3,3a0

    lC(orolC -) L/lomm52a51soirozotorP 01x4-2 8 L/

    Tabela 2. Valores normais de lquido ruminal em bovinos leiteiros.

  • 15

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Para a coleta de amostra de urina em vacas necessrio manter preso o animal e lavar e desinfetara regio perianal. Aps desinfeco da regio, o operador localiza com o dedo indicador o fundo desaco do divertculo sub-uretral e depois, retraindo levemente o dedo, se encontra o meato urinrio,localizado entre 0,5 a 1,0 cm do final do divertculo. Depois, se levanta com o mesmo dedo a prega quecobre o divertculo, enquanto se introduz um catter estril, o qual deve passar pelo lado do dedoindicador em direo crnio-ventral. Se a bexiga estiver cheia, a urina sair imediatamente pelo catter.Do contrrio, ser necessrio mexer suavemente o catter no interior da bexiga urinria ou ento poderintroduzir-se ar mediante uma seringa limpa e estril para criar a distenso da bexiga de forma que a urinasaia quando aquela se retrair. No funcionando este procedimento, poder supor que o animal tevemico recente e sugere-se tentar de novo o procedimento 20 minutos mais tarde.

    Exame de urina

    Cor: em uma amostra normal, a colorao da urina amarela clara a escura leve. A urina incolor-aquosa indicativo de excreo aumentada (poliria), ingesto aumentada de gua, acetonemia ouinsuficincia renal grave. Cor amarela ouro indica reduo da diurese como ocorre em doena febrilou em transtornos gerais graves. Cor vermelha-marrom a vermelha-escura corresponde a presena desangue ou hemoglobina. Uma forma prtica de distinguir estas duas alteraes deixar a amostra emrepouso durante 15 minutos. Se passado esse tempo se observa um sedimento vermelho, existehematria, ou seja, hemcias na urina; se no existe a formao do sedimento, se determina que existehemoglobinria. Adicionalmente, na hematria se observa turbidez, enquanto que na hemoglobinria oaspecto transparente e a cor freqentemente parecida com o vinho tinto. Podem estar presentesas duas alteraes.

    Viscosidade: a normal lquido aquosa. Em processos pielonefrticos pode adquirir consistnciamucosa pela presena de muco ou pus.

    Transparncia: normalmente clara. Cheiro: de forma normal se caracteriza por ser levemente aromtico. O cheiro adocicado freqente

    na acetonemia, enquanto que o aroma amoniacal pode assinalar a presena de infeco bacteriana. pH: o pH normal da urina pode chegar a variar dentro do intervalo de 7,7 a 8,4, medido com

    potencimetro ou com fitas reagentes. Alteraes possveis so: pH baixo na acidose e, normalmente,nos terneiros (pH 5,0 a 6,0); pH elevado na alcalose, pielonefrite e cistite.

    Protenas: na urina normal, as protenas devero estar ausentes embora em algumas circunstncias podemaparecer em quantidades muito baixas (at 10 mg/L). Se a determinao pela prova de precipitaocom cido sulfosaliclico no devero ser detectadas na amostra. O fundamento dessa prova, queexistindo protena na urina, haver precipitao ao entrar em contacto com o cido. O procedimentoconsiste no seguinte: colocar 5 mL de urina em um tubo de ensaio limpo e adicionar 1mL de cidosulfosaliclico a 20%, misturar por agitao e depois estimar a quantidade de protenas pelo grau deturbidez da mescla. Com o propsito de poder avaliar a mudana, til colocar qualquer marca escrita(letras) na parte posterior do tubo e observar a travs do tubo problema, comparando tambm com umaamostra testemunha sem reagente do prprio animal. O critrio de leitura o seguinte:

    Resultado Significadonegativo no h turbidez+ turbidez leve (a letra legvel)++ turbidez moderada (a letra ilegvel)+++ precipitao (suspenso)++++ coagulao imediata

  • 16

    Interpretao

    A presena de protena na urina um evento freqentemente associado a qualquer processoinflamatrio ou a nefrose. Algumas das interpretaes das possveis mudanas com relao presena deprotenas na urina so as seguintes:

    Resultado Significado+ reticuloperitonite traumtica localizada crnica++ reticuloperitonite traumtica localizada aguda+++ hepatite e esplenite traumtica++++ peritonite difusaurina turva nefrite, pielonefriteno turva nefrose

    Devido a que a urina normal do bovino alcalina, no caso de fazer determinaes de protena mediantefitas reativas (Multistix, Labstix, Combur-test), freqente o aparecimento de reaes falso-positivas.

    A proteinria pode ser fisiolgica em terneiros com 1-36 horas de nascidos. A proteinria pr-renal observada na hemoglobinemia e na hemoglobinria. Proteinria renal ocorre em nefrose, nefrte epielonefrte e a proteinria ps-renal na cistite, na uretrite e na urolitase. Corpos cetnicos: na urina normal no existem corpos cetnicos e, se existirem, dever ser de forma

    insignificante (< 7 mg/mL). Provas para detectar corpos cetnicos incluem:1. fitas reativas (Multistix, Ketostix. Labstix e Combur-test): uma prova sensvel e especfica para o

    cido acetoactico (reao positiva rosa a ++++ prpura);2. tabletes reagentes Acetest (Ames Co.);3. prova de Lestradet;4. prova de Rothera.

    Alguns dos transtornos que podem cursar com cetonria so: cetose das vacas, doenas associ-adas com o catabolismo (mastite, metrite) e deslocamento de abomaso. Sangue: existem no mercado fitas reagentes comerciais que permitem esta determinao. A presena

    de hematria ou de hemoglobinria um achado comum em alteraes tanto locais como sistmicas:assim, hematria observada em pielonefrite, nefrite emblica, urolitase e hematria vesical crnica.A hemoglobinria observa-se na hemoglobinria ps-parto, babesiose, hemoglobinria bacilar,leptospirose e na intoxicao crnica por cobre.

    Referncias bibliogrficas

    Bouda, J., Paasch, M. L. & Yabuta, O. A. Desarrollo y empleo de diagnstico preventivo de los trastornosruminales y metablicos en bovinos. Veterinaria Mxico 28, 189-195. 1997.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Dvork, R., Yabuta, O. A. & Doubek, J. Portable equipment for collection andanalysis of ruminal fluid and urine, for diagnosis and treatment of ruminal and metabolic diseases.Proceedings of the XIXth World Buiatrics Congress, Edinburgh, 3, p. 248. 1996.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Dvork, R., Yabuta, O. A., Doubek, J. & Jardn, H. S. G. Equipo porttil paraobtener y analizar el lquido ruminal y orina. (Portable equipment for obtaining and analyzing ruminal fluidand urine). Registered patent in Mexico, p. 1-26. 1999.

    Dirksen, G. Rumen function and disorders related to production diseases. Proceedings of the VIIthInternational Symposium on Production Disease in Farm Animals. Ithaca, N. York, p. 350. 1989.

    Nordlund, K. V., Garrett, E. F. & Oetzel, G. R. Herd-based rumenocentesis: A clinical approach to thediagnosis of subacute rumen acidosis. Compendium Continuing Education Practice Veterinary(Supplementum Food Animal Medicine and Management) 17, 48-56. 1995.

    Importncia da Coleta e Anlise de Lquido Ruminal e Urina

  • 17

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Sistema de Diagnstico das DoenasMetablicas no Bovino1Jan BoudaLeopoldo Paasch MartnezGerardo F. Quiroz-Rocha

    Nos ruminantes, especialmente nos bovinos, os transtornos digestivos que ocorrem no rmen e asdoenas metablicas so fenmenos que se apresentam com muita freqncia. A maioria das alteraesmetablicas ocorre em forma subclnica sem que o animal manifeste sintomatologia. Durante as doenasmetablicas subclnicas os animais podem diminuir de 10 a 30 % sua produo, embora, em aparnciamostrem bom estado de sade, sem que o proprietrio ou o mdico veterinrio note qualquer anormalidade.

    Na maioria dos transtornos ruminais e metablicos, as alteraes bioqumicas iniciais podem serdetectadas no lquido ruminal, na urina e no leite. Estas alteraes ou mudanas bioqumicas so maioresna urina e no lquido ruminal do que no sangue. Por isto, mediante exames de laboratrio simples nolquido ruminal e na urina, que podem ser realizados em condies de campo, possvel precisar odiagnstico.

    A anlise do lquido ruminal e da urina pode ser realizada mediante provas e equipamentos maissimples e baratos do que aqueles utilizados comumente nas determinaes especficas do sangue.

    A deteco dos transtornos ruminais e metablicos em forma subclnica tem que respeitar ametodologia descrita no sistema preventivo de diagnstico de doenas metablicas ou de doenas de altaproduo. Sugere-se monitorar vacas em pocas de risco de apresentar problemas, fazendo o exame em5 ou 6 animais que se encontrem em cada um dos seguintes estgios: (a) entre 1 a 8 semanas aps oparto e (b) de 2 a 3 semanas antes do parto. Este monitoramento compreende os componentes:1. Histria clnica: avaliao da rao alimentar, o nvel de produo, os indicadores mdico-clnicos

    como morbilidade, mortalidade, os parmetros reprodutivos e a qualidade do leite.2. Exame fsico dos animais: com nfase na avaliao da condio corporal, especialmente nas vacas de

    alta produo entre a 1 e a 8 semanas aps o parto e nas vacas com 2 a 3 semanas antes do parto.3. Exame do lquido ruminal, a urina e o leite em condies de campo:

    a. Lquido ruminal: exame organolptico: cor, cheiro, viscosidade, sedimentao, flutuao; determinao do pH: mediante potencimetro porttil; atividade redutiva da microflora: mediante a prova de xido-reduo com azul de metileno; avaliao de movimento dos protozorios ou contagem da populao de protozorios, no neces-srio para todos os casos.

    1 Bouda, J.; Paasch, L.; Quiroz-Rocha, G. (2000) Sistema de diagnstico das doenas metablicas no bovino. In:Gonzlez, F. H. D.; Borges, J. B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenasmetablicas e ruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 18

    b. Urina: exame organolptico: cor, cheiro e aspecto; determinao do pH: com potencimetro porttil; determinao de protenas: mediante a prova com cido sulfosaliclico; corpos cetnicos: mediante fitas reagentes (Acetest); determinao de bilirrubina e urobilinognio: mediante fitas reagentes; determinao de hemoglobina e sangue: mediante fitas reagentes.c. Leite: exame organolptico; prova de Califrnia (CMT) para mastite.

    4. Anlise de laboratrio: posterior anlise de campo, quando necessrio, so coletadas amostras desangue e urina de 15 vacas (5 vacas cada grupo), assim: grupo 1: vacas entre 1 a 8 semanas depois do parto; grupo 2: vacas de produo mdia, entre 3 a 5 meses depois do parto; grupo 3: vacas entre 2 a 3 semanas antes do parto.a. Sangue: hematcrito, fibrinognio, leuccitos diferencial e outros parmetros hemticos, estadocido-bsico (pH, pCO2, excesso de base);b. Plasma: uria, cidos graxos livres (no esterificados), beta-hidroxibutirato, AST, CK, minerais (Pinorgnico, Ca, Mg, Na, Cu, Zn, Se), protenas totais, albumina, glicose;c. Urina: pH, corpos cetnicos (Acetest), hemoglobina/sangue, bilirrubina, minerais (Na), densidade;d. Leite: gordura, protenas, contagem celular e exame bacteriolgico;e. Tecidos: prova de flutuao para esteatose no fgado e cinzas no osso.

    5. Exame patolgico com material de abatedouro: com base neste exame simples podem ser detectadasdoenas no rebanho.

    6. Interpretao dos resultados.7. Diagnstico.8. Tratamento e preveno.

    Referncias bibliogrficas

    Bouda, J., Paasch, M. L., Dvorak, R., Yabuta, O. K. A., Doubek, J., Jardon, H.S.G. Equipo porttil paraobtener y analizar lquido ruminal y orina. Numero de PATENTE: 192226, 4 de Junio de 1999.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Yabuta, A. O. Desarrollo y empleo de diagnstico preventivo de los trastornosruminales y metablicos en bovinos. Vet. Mx., 28, No. 3, 189-195, 1997.

    Bouda, J., Dvorak, R., Doubek, J. Diagnostika, lcba a prevence vybranch onomocneni trvicho stroj anejvznamnejsch metabolickch poruch u skotu. (Diagnstico, tratamiento y prevencin de lasenfermedades gastrointestinales y otros trastornos metablicos importantes en los bovinos). Brno,Medicus Veterinarius, 1993.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Quiroz, R. G., Candanosa, A. E. Empleo de pruebas de campo para el diagnsticode cuerpos extraos en bovinos. Congreso Nacional de Buiatria. Aguascalientes, agosto, 307-310, 1999.

    Bouda, J., Nez, O. L., Quiroz, R. G., Medina, C. M. Diagnstico preventivo, perfiles de laboratrio y susinterpretaciones. Congreso Nacional de Buiatria. Aguascalientes, agosto, 79-84, 1999.

    Quiroz, R. G., Carbajal, A. R., Bouda, J., Salas, A. J., Garca, R.G. Alteraciones ruminales y cetosisdiagnosticadas por pruebas de campo en vacas lecheras. Congreso Nacional de Buiatria. Aguascalientes,agosto, 85-88, 1999.

    Sistema de Diagnstico das Doenas Metablicas no Bovino

  • 19

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Interpretao dos Perfis deLaboratrio em Bovinos1Jan BoudaLuis Nez OchoaGerado F. Quiroz-Rocha

    Os transtornos metablicos, ruminais e outras doenas se caracterizam primeiro por alteraesbioqumicas nos lquidos corporais (urina, lquido ruminal, leite, sangue) e mais tarde por problemasreprodutivos e diminuio da produo. Particularmente, os transtornos metablicos e digestivos se apresen-tam em bovinos com muita freqncia em forma subclnica e podem diminuir a produo em 10 a 25%,embora em aparncia mostrem bom estado de sade. Atualmente no Mxico, no so muito utilizadas asanlises bioqumicas e o hemograma para o diagnstico de doenas ou transtornos metablicos nos bovinos.Entretanto, nos ltimos anos, na disciplina de patologia clnica tem havido muito progresso e aquisio denovos conhecimentos. O diagnstico em grandes animais est direcionado a medicina de populao. Paramelhorar e simplificar o diagnstico das doenas em bovinos so oferecidas ao mdico veterinrio quetrabalha na prtica, uma srie de provas de diagnstico efetivo no laboratrio na forma de perfis.

    Os perfis metablicos so utilizados em pases da Europa, bem como nos Estados Unidos eCanad, desde os aos 1970s, tendo contnua melhoria e otimizao. So usados como procedimento demonitoramento rotineiro para o diagnstico de transtornos metablicos, deficincias derivadas da nutrioe como preventivo de transtornos subclnicos, alm da pesquisa de problemas de sade e de desempenhode um rebanho.

    Para a identificao dos transtornos e doenas, necessrio respeitar um sistema geral de diagns-tico. Este sistema inclui: anamnese, anlise de registros, anlise da dieta, exame fsico dos animais, coleta deamostras, anlise de amostras em nvel de campo e laboratrio e, finalmente, a interpretao de resultados.

    Em vacas leiteiras sem sinais clnicos, quando a dieta no integral, extrado lquido ruminal pelamanh, 2 a 5 horas depois da alimentao com concentrados. No caso de utilizao de dieta integral(misturada), a coleta de lquido ruminal feita 4 a 8 horas depois da primeira alimentao da manh.

    Provas de laboratrio em nvel de campo

    a. Anlise de lquido ruminal: exame organolptico (cor, cheiro, viscosidade, sedimentao, flutuao) determinao do pH (com potencimetro porttil) atividade redutiva da microflora (prova com azul de metileno)

    1 Bouda, J.; Nez, L; Quiroz-Rocha, G. (2000) Interpretao dos perfis de laboratrio em bovinos. In: Gonzlez, F.H. D.; Borges, J. B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenas metablicase ruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 20

    b. Anlise da urina: exame organolptico (cor, cheiro, aspecto) determinao de pH (com potencimetro) Protenas (com cido sulfosaliclico) Fitas reativas (cetonas, bilirrubina, hemoglobina/sangue) ou Acetest (cetonas)

    c. Anlise do leite: exame organolptico; prova de Califrnia (CMT) para mastite.

    Anlise de laboratrio posterior ao anlise de campo

    Perfis relacionados com a histria clnica, a anlise da produo (registros) e o exame fsico dosanimais (Tabela 3).

    Interpretao dos metablitos mais importantes

    Balano Energtico

    -hidroxibutirato (BHB)

    um corpo cetnico que aumenta no plasma dos animais quando existe deficincia de energia. Onvel timo para vacas em lactao de 1,0 mmol/L e em vacas secas de 0,6 mmol/L.

    Interpretao dos Perfis de Laboratrio em Bovinos

    laregocilbatemlifrePlifreP

    lanoicirtun/ocitpehlaudividniocisblifreP edadilitref/larenimlifreP

    otrap-rpsacav6-spsacav6e)mes2-1(

    :)mes4-2(otrapairU

    siatotsanetorPanimublAsanilubolGG/AoaleR

    oiclCocingroniorofsF

    P/aCoisngaM

    TSATGGerboC

    esadixorep-noitatulGocniZ

    otaritubixordih-onsoxargsodic

    sodacifiretseamargomeH

    esilnirUlanimurodiuqL

    airUsiatotsanetorP

    animublAsanilubolGG/AoaleR

    TSATGG

    otaritubixordih-onsoxargsodic

    sodacifiretse

    esocilGairU

    TSATGG

    KCsiatotsanetorP

    animublAsanilubolGG/AoaleR

    oiclCocingroniorofsF

    P/aCoaleRoisngaMoisstoP

    oidSorolC

    otanobraciBacirsedadilalomsO

    setrofsnoed.fiDsocingrosodic

    amargomeHesilnirU

    airUsiatotsanetorP

    animublAocingroniorofsF

    oisngaMerboC

    esadixorep-noitatulGocniZ

    b otaritubixordih-

    * Tambm so realizados outros perfis (metablico integral, mineral, neonatal e integral individual).

    Tabela 3. Perfis oferecidos pelo Departamento de Patologia Clnica, FMVZ-UNAM*.

  • 21

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    cidos graxos livres

    Tambm chamados cidos graxos no esterificados (AGL ou NEFA siglas em ingls), medem amobilizao de gordura (lipomobilizao) e sua determinao importante em vacas secas e depois doparto. Os valores normais para vacas lactantes so de 0,7 mmol/L e em vacas antes do parto de 0,4mmol/L.

    Glicose

    A sua concentrao no plasma bovino no to bom indicador do balano energtico quanto ode BHB ou de AGL.

    Uria

    A uria um bom indicador das protenas na dieta e seu balano com glicdios fermentveis. Ovalor timo de uria plasmtica de 2,50 a 6,66 mmol/L (15-40 mg/dL). A avaliao do nitrognio uricofornece exatamente a mesma informao, porm tendo cuidado na interpretao dos valores, que nestecaso so de 8 a 18 mg/dL.

    Balano Protico

    Albumina

    Esta protena sintetizada no fgado, sendo que a diminuio na sua concentrao plasmticareflete condies de insuficincia heptica ou pobre fornecimento de aminocidos na dieta. Seus valoresnormais so de 30 a 42 g/L. A diferena entre as protenas totais e a albumina indicam a concentraode globulinas, a qual de 35 a 50 g/L. A causa mais comum de aumento de globulinas a inflamaocrnica (mastite, metrite, laminite).

    Balano Mineral

    Fsforo inorgnico

    Os nveis plasmticos ideais so de 1,60 a 2,26 mmol/L (5-7 mg/dL). Sua concentrao indicao ingresso de P na dieta ou deficincias deste elemento.

    Magnsio

    A concentrao tima no plasma de 0,8 a 1,1 mmol/L (1,9-2,6 mg/dL). Tambm indica consumoapropriado ou deficiente do elemento na dieta.

    Cobre

    O plasma deve ter de 11 a 19 mmol/L (70-120 mg/dL). A deficincia pode ser devida a alimentospobres em Cu ou ento a excesso de molibdnio.

    Glutation-peroxidase (GSH-Px)

    Esta enzima serve para avaliar indiretamente o consumo adequado ou deficiente de selnio na dietanos 2 meses anteriores coleta. uma enzima antioxidante. Os efeitos mais comuns da deficincia de Seso reteno placentria, distrofia muscular, baixa fertilidade e alta mortalidade de terneiros neonatos.

    Zinco

    Seus valores timos no plasma so de 12 a 36 mmol/L (80-240 mg/dl). A deficincia desteelemento se manifesta principalmente como diminuio na imunidade dos animais.

  • 22

    Alm dos metablitos descritos, os estudos se complementam com a anlise do lquido ruminal,a urina e outras determinaes sangneas como hemograma, clcio, atividades de AST e GGT, bilirrubina,Na, K, Cl e anlise de pH e gases sangneos. No caso de terneiros neonatos, tambm podem serdeterminadas as gamaglobulinas ou as imunoglobulinas sricas.

    Para as determinaes bioqumicas devem ser enviados 5 ml de plasma heparinizado ou de soroou 10 ml de sangue com heparina em refrigerao. O hemograma se realiza com 3 ml de sangue comEDTA em refrigerao (enviar adicionalmente 3 esfregaos em lminas do mesmo sangue). Para a anlisede pH e gases sangneos requerem-se 2 ml de sangue heparinizado sem ar no interior, com massa naponta da agulha e submersa em gua com gelo. suficiente enviar 10 ml de urina em refrigerao paraa urinlise completa.

    Referncias bibliogrficas

    Bouda, J., Paasch, M. L., Yabuta, O. A. K. y Quiroz, R. G. Nuevos aspectos en el diagnstico y tratamientode trastornos metablicos en el bovino. Memorias del XIX Congreso Nacional de Buiatra. Torren,Mxico. 1995, 175-179. Asociacin. Mexicana de Mdicos Veterinarios Especialistas en Bovinos.Mxico, D. F. 1995.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Dvorak, R., Yabuta, O. A. K., Doubek, J. y Jardn, H.S.G. Equipo porttil paraobtener y analizar el lquido ruminal y orina. Centro para la Innovacin Tecnolgica, Universidad NacionalAutnoma de Mxico. Patente registrada el 1 de marzo de 1996, n de expediente 960808 ante elInstituto Mexicano de la Propiedad Industrial.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Yabuta, O. A. Desarrollo de diagnstico preventivo de los trastornos ruminalesy metablicos en bovinos. Vet. Mx. 28, pg. 189-195. 1997.

    Jagos, P. and Illek, J. A system of preventive diagnosis of the metabolic disorders in cattle. In: MetabolicDisorders and their Prevention in Farm Animals. Edited by: Vrzgula, L., 371-384. Elsevier, Amsterdam,1991.

    Kelly J. M., Whitaker D. A., Smith E. J. A dairy herd health and productivity service. Brit. Vet. J., 144,470-481. 1988.

    Payne, J. M. and Payne, S. The Metabolic Profile Test. Oxford University Press, New York, 1987.Vrzgula, L. Metabolic Disorders and their Prevention in farm Animals. Elsevier, Amsterdam, The

    Netherlands, 1991.

    Interpretao dos Perfis de Laboratrio em Bovinos

  • 23

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Diagnstico de Indigesto Simples,Alcalose Ruminal e Intoxicao porUria1Gerardo F. Quiroz-RochaJan Bouda

    Indigesto simples

    Este transtorno causado por um deficiente fornecimento de glicdios e protenas facilmentefermentveis, ou por um excesso de fibra de m qualidade (palha). Tambm se apresenta quando existeum aporte insuficiente ou propores inadequadas de macro e microelementos, por uma inibio damicroflora ruminal como no caso de antibiticoterapias e, em geral, pela oferta de alimentos de mqualidade, mofados ou putrefatos.

    A patogenia deste problema ocorre quando as causas descritas provocam uma diminuio daquantidade de bactrias e protozorios no lquido ruminal e, com isto, uma diminuio da atividaderedutiva da flora ruminal, detectada na prova com azul de metileno, observando-se aumento do tempo daprova. Como conseqncia, existe uma diminuio na formao de cidos graxos volteis no rmen e umleve aumento no pH ruminal (6,8 a 7,2).

    Os sinais clnicos mais tpicos durante a indigesto simples so: leve anorexia, diminuio damotilidade ruminal, timpanismo, queda na produo de leite e alterao de sua composio (diminuemgordura e protenas). Se o problema persistir por vrios dias o estado geral dos animais se deterioraocorrendo alopecia e anemia.

    Como em qualquer problema, no diagnstico deve ser levada em conta a anamnese, incluindo osdados relevantes da histria clnica, o exame fsico completo e a complementao com provas de lquidoruminal e urina. As observaes no lquido ruminal neste problema incluem as seguintes::

    cor: marrom-verde pH: 6,8 7,2cheiro: mofado atividade redutiva: > 8 minutosviscosidade: aquosa protozorios: diminudossedimentao: diminuda cidos graxos volteis:diminudos (propinico)flutuao: aumentada

    1 Quiroz-Rocha, G.; Bouda, J. (2000) Diagnstico de indigesto simples, alcalose ruminal e intoxicao por uria. In:Gonzlez, F.H.D.; Borges, J.B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenasmetablicas e ruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 24

    Na urina, observa-se pH de 7,0 a 7.5 e, ocasionalmente, corpos cetnicos.No diagnstico diferencial, esta doena deve distinguir-se de cetose, doenas parasitrias, acidose

    ruminal crnica, alcalose ruminal e deficincias de minerais.A indigesto simples pode apresentar-se como conseqncia secundria a outras doenas que

    causem anorexia/hiporexia, como por exemplo mastite e reticulo-pericardite traumtica. Nesses casos,apresentam-se dor, proteinria e, ocasionalmente, febre.

    O tratamento est baseado na correo da dieta, equilibrando adequadamente glicdios digerveis,protena, fibra e macro e microelementos. Sugere-se: administrar propionato de sdio 90 g/ vaca / dia por 3 dias como energtico; aplicar 5 L de lquido ruminal de uma vaca sadia como fonte de microflora e monitorar o pH ruminal; complementar com 500 g de melao e 100-200 g de levedura / vaca / dia.

    A preveno deve basear-se em fornecer dietas bem balanceadas com nutrientes de boa qualidadee de acordo a cada etapa de produo. No caso de indigestes secundrias, necessrio corrigir a causaprimria do problema.

    Alcalose ruminal

    A alcalose ruminal uma disfuno digestiva originada por desequilbrio na dieta, determinando umaumento na concentrao de radicais NH3 no rmen, incremento do pH ruminal e uma alcalose em nvelsistmico.

    Entre as causas principais desta alterao esto: fornecimento de alimentos com alto contedo de substncias nitrogenadas, como protena e uria; aporte deficiente de glicdios e simultneo fornecimento de substncias nitrogenadas; alto contedo de nitratos e nitritos em algum componente da dieta; aplicao de grandes quantidades de substncias alcalinizantes, como NaHCO3 e MgO; consumo de alimentos contaminados com terra; e intoxicao com uria.

    A patogenia desta alterao inicia-se com o excesso no consumo de substncias nitrogenadas oucompostos alcalinizantes, o que gera a produo excessiva de NH3, a qual ao no ser utilizada apropri-adamente, acumula-se, aumentando o pH ruminal. Nestas condies, os protozorios diminuem e desen-cadeia-se uma alcalose metablica com a conseqente diminuio do clcio ionizvel no sangue.

    Os sinais clnicos incluem anorexia em diferentes graus, diminuio da ruminao e da motilidaderuminal, hipersalivao, diminuio da produo leiteira, alteraes reprodutivas, diminuio na qualidadedo smen, diminuio na vitalidade de terneiros nascidos de vacas com alcalose ruminal, timpanismoresidual leve, tremores e espasmos causados pela hipocalcemia e sndrome da vaca cada, nos casosgraves.

    O diagnstico deve estar integrado pela anamnese adequada, includa uma reviso da histriaclnica, o exame fsico completo e a anlise de lquido ruminal, urina e leite. Os achados no lquido ruminalincluem os seguintes:

    cor: marrom-verde pH: 7,2 8,0 casos agudoscheiro: amoniacal 7,2 7,5 casos subclnicosviscosidade: aumentada atividade redutiva: > 10 minutossedimentao: retardada protozorios: diminudosflutuao: retardada ou varivel cidos graxos volteis:propinico diminudo,

    butrico aumentado

    Diagnstico de Indigesto Simples, Alcalose Ruminal e Intoxicao por Uria

  • 25

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Os achados na urina incluem:

    pH: 7,0 7,5 por excesso de substncias nitrogenadas (corpos cetnicos ocasionais).8,5 9,0 por excesso de compostos alcalinizantes

    No leite observa-se:

    acidez: diminuda uria: aumentadaprotenas e lactose: diminudas celularidade: aumentada

    O diagnstico diferencial a seguir, descreve as provas discriminatrias: acidose ruminal e indigesto simples: pH ruminal menor que na alcalose, no h aumento de NH3; cetose: neste caso h cetonria e o pH ruminal no alcalino; paresia obsttrica: no h alteraes no lquido ruminal.

    Tratamento

    a) Casos leves: necessrio acidificar o meio ruminal ao tempo que corrigida a dieta. A neutralizaoruminal se realiza aplicando 1 a 2 L de cido actico a 8% (concentrao aproximada do vinagrecomercial). Outros acidificantes so:70 mL de cido lctico em 5 litros de gua, ou70 mL de cido frmico em 5 litros de gua.A neutralizao acompanhada de uma massagem forte sobre o rmen e deve monitorar o pH ruminalaps o tratamento. Tambm se devem administrar 5 L de lquido ruminal de uma vaca sadia e aplicar100 g de propionato de sdio por dia direto no rmen durante 2 a 3 dias. Utilizar infuses de linhaaou camomila e propionato de sdio como protetores da mucosa ruminal.

    b) Casos graves: alm da terapia antes descrita, devero ser feitas lavagens ruminais no incio e fornecera seguinte terapia sistmica: solues acidificantes: aplicar entre 6 a 9 litros de uma mescla de duas partes de NaCl a 0,9% euma parte de KCl a 1,1% , conforme o grau de hidratao; aplicar solues de glicose e NaCl a 0,9% com tiamina, via endovenosa; administrar solues de clcio e magnsio via endovenosa; administrar 40 g de MgCl2 por via oral ao dia durante os dias da terapia; aplicar antibiticos via parenteral: utilizar infuses de linhaa ou camomila mais propionato de sdio.

    A preveno se fundamenta em oferecer alimentos balanceados com nveis adequados de prote-nas, substncias nitrogenadas e compostos alcalinizantes. No caso de utilizao de uria, deve permitiruma adaptao gradual dos animais.

    Intoxicao com uria

    Esta alterao apresenta-se principalmente de forma aguda, sendo causada quando os animaisrecebem grandes quantidades de uria ou sais de amnia sem permitir uma adaptao adequada dosanimais para aproveitar estas fontes de nitrognio, ou quando so ultrapassados os limites para a suautilizao. O problema favorecido quando no se fornecem suficientes glicdios de fcil digesto. freqente que se apresente como acidente por inadequada mistura dos alimentos ou quando se jogam

  • 26

    fertilizantes que fiquem de fcil acesso aos animais. Uma vaca pode chegar a morrer em pouco tempoao consumir 100 a 200 g de uria quando no esta adaptada.

    A patogenia neste caso caracteriza-se por uma acumulao de NH3 e CO2 como produtos dahidrlise da uria por parte das bactrias ruminais. O excesso de NH3 alcaliniza o meio ruminal e ambosgases so absorvidos atravs da mucosa ruminal causando uma intoxicao sistmica.

    Os animais apresentam sinais clnicos que se manifestam entre 30 a 60 minutos depois do consumoda uria e caracterizam-se por tremores musculares, salivao, respirao acelerada, atonia ruminal,apatia, ataxia e sudorao. Em casos mais complicados h tambm dispnia marcada, timpanismo, espas-mos clnico-tnicos, prostrao do animal e extenso de extremidades. A freqncia cardaca estaumentada (100-160 bat/min), h regurgitao e morte entre 45 a 120 minutos depois da ingesto.

    O diagnstico deve incluir a anamnese e um exame fsico dos animais considerando os sinais antesdescritos. O pH ruminal pode chegar a 8,0 havendo um forte cheiro amoniacal.

    A terapia deve incluir um rpido lavado ruminal, com aplicao de lquido ruminal de uma vacasadia, aplicao de acidificantes (vinagre ou cidos como descrito na alcalose ruminal), e aplicaoendovenosa de 300 mL de cido actico a 1%, 500 mL de glicose a 20% e sais de Ca e Mg.

    A preveno inclui um adequado programa de adaptao dos animais a consumir uria mescladaperfeitamente aos alimentos e tomar as precaues devidas quando se usa uria como fertilizante. Reco-menda-se ter sempre reservas de vinagre a disposio.

    Referncias bibliogrficas

    Howard J. Current Veterinary Therapy 3. Food Animal Practice. WB Saunders, Philadelphia 1993.Quiroz R. G. F., Candanosa, A. E., Ramrez, D. G. Indigestin simple y alcalose ruminal en el bovino adulto.

    Memorias del 1er Curso Internacional Terico-Prctico de Actualizacin en el Diagnstico de lasenfermedades ms frecuentes en bovinos. Divisin de Educacin Continua, FMVZ-UNAM. 18 a 20 deAbril de 1996. 36-41.

    Radostits, O. M., Blood, D. C., Gay, C. C. Veterinary Medicine. 8th Ed. Baillire Tindall. London. 1994Smith, B. P. Large Animal Internal Medicine. Mosby, St Louis 1990.Tinoco, M. M. C., Bouda, J., Candanosa, de M. E. Indigestin simple. Memorias del curso Diagnstico de

    Campo y de Laboratrio para el Tratamiento de Enfermedades en Bovinos. Divisin de EducacinContinua. FMVZ UNAM. 16 a 19 de Noviembre de 1994. 92-97.

    Diagnstico de Indigesto Simples, Alcalose Ruminal e Intoxicao por Uria

  • 27

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Diagnstico e Terapia da AcidoseRuminal Aguda1Jan BoudaGerardo F. Quiroz-Rocha

    A acidose ruminal aguda uma doena dos bovinos, especialmente daqueles submetidos a alimen-tao com grandes quantidades de carbohidratos. Tambm conhecida como acidose lctica, indigestopor sobrecarga de gros e sobrecarga ruminal.

    Causas

    A alimentao com grandes quantidades de alimentos ricos em carbohidratos sobretudo daquelesaltamente digerveis (gros, melao, beterraba aucareira, batata, ma).

    Patogenia

    No caso da alimentao rica em carbohidratos, existe uma proliferao de microorganismos gram-positivos como estreptococos e lactobacilos, os quais promovem uma fermentao at cido lctico.Apresenta-se uma diminuio no pH ruminal que pode chegar a ser de 3,8 a 5,0. Esta mudana provocatambm a eliminao dos protozorios, que no sobrevivem em pH menor que 5,0.

    Apresenta-se uma reduo na produo de cidos graxos volteis no lquido ruminal, provocandoestase ruminal e aumento na produo de histamina com aparecimento de diarria e desidratao. Tam-bm desenvolve-se uma acidose metablica grave que pode ser detectada no sangue. O quadro provocaa apario de rumenite, ulcerao ruminal e laminite.

    Sinais Clnicos

    A apresentao dos sinais evidente aproximadamente entre 12 a 24 horas depois da ingestoda fonte de glicdios. So eles:l anorexial diminuio abrupta na quantidade de leite, bem como no contedo de gordura do leitel diminuio ou ausncia de movimentos ruminais

    1 Bouda, J.; Quiroz-Rocha, G. (2000) Diagnstico e terapia da acidose ruminal aguda. In: Gonzlez, F.H.D.; Borges,J.B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenas metablicas e ruminais dosbovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 28

    l freqncia cardaca de 90 a 140 bat/ min e temperatura corporal de 36,9 a 39,5 Cl apatia e tremores muscularesl ranger de dentes, clicas e timpanismo em 20% dos animais afetadosl diarria e desidrataol aumento de lquido no rmenl incoordenao ao caminhar, prostrao dos animais (similar a paresia obsttrica).

    Diagnstico

    Ao fazer uma avaliao integral de qualquer doena, da maior importncia considerar a histriaclnica do animal e realizar um exame fsico completo, alm de realizar provas de campo em lquido ruminale urina, bem como provas de laboratrio no sangue. Os seguintes so achados nas provas realizadas nocaso da acidose ruminal aguda:

    No lquido ruminal:l cor leitoso, amarelado, acinzentadol cheiro cidol viscosidade no incio viscoso, depois aquosol sedimentao ausentel flutuao ausentel pH 3,8 - 5,0l atividade redutiva prolongada ou ausente (ms de 25 minutos)l protozorios ausentesl cidos graxos volteis diminudos (cido lctico elevado)

    Na urina:l pH 5,5 - 7.0l densidade aumentadal protenas presentes

    No sangue:l gasometria acidose metablica: pH = 7,0 a 7,2; EB = -10 a -20 mmol/Ll hematcrito elevadol hemoglobina elevadal protenas elevadasl uria plasmtica elevadal clcio plasmtico diminudo

    Um achado comum na necropsia a presena de rumenite.

    Diagnstico Diferencial

    Paresia obsttrica No h mudanas no lquido ruminal e nem na urina, nas provas de campo.Alcalose ruminal O pH ruminal est aumentado, a cor do lquido verde-pardo.Putrefao ruminal O cheiro do lquido ptrido; o pH est aumentado.Mastite (E. coli aguda) No h alteraes no lquido ruminal; h febre.Peritonite difusa Proteinria muito marcada.

    Diagnstico e Terapia da Acidose Ruminal Aguda

  • 29

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Septicemia Febre elevada; no h mudanas no lquido ruminal.Hipomagnesemia No incio no h anorexia; no h mudanas no rmen.Esteatose heptica Normalmente se observa cetonemia e cetonria.

    Tratamento

    Na acidose ruminal aguda necessrio administrar tanto terapia ruminal como terapia sistmica,as quais esto baseadas na correo da acidose ruminal, na diminuio do cido lctico, na aplicao delquidos e eletrlitos, no aporte de feno de boa qualidade como alimento e, por fim, no restabelecimentodos movimentos ruminais e das condies do rmen.

    Nos casos de acidose ruminal leve (com pouco tempo transcorrido aps a ingesto doscarbohidratos):1. importante corrigir a acidez ruminal mediante lavados;2. deve-se retirar o alimento rico em carbohidratos;3. limitar o acesso de gua nas seguintes 12 a 24 horas;4. alimentar os animais com feno de boa qualidade por alguns dias (3 ou 4);5. obrigar os animais a se movimentarem para favorecer a motilidade ruminal;6. aplicar antibiticos intra-ruminais (5 a 10 milhes de UI de penicilina), para eliminar as bactrias

    prejudiciais que tenham proliferado;7. administrar diretamente no rmen 150 g de bicarbonato de sdio dissolvido em 5 litros de gua;8. aplicar 5 litros de lquido ruminal obtido de uma vaca sadia.

    Nos casos de acidose ruminal grave (quando o pH cai para 3,8 - 4,5):1. aplicar uma soluo de bicarbonato de sdio a 4,2% por via endovenosa, de 3 a 4 L durante 1 hora;2. realizar a extrao do contedo ruminal presente e fazer lavagens ruminais com gua morna;3. administrar 100 a 150 g de bicarbonato de sdio ou 100 g de xido de magnsio diretamente no

    rmen;4. fornecer 500 g de levedura de cerveja ou padaria e 100 g de propionato de sdio em gua quente;5. aplicar 5 a 10 L de lquido ruminal obtido a partir de uma vaca sadia;6. realizar reidratao endovenosa conforme o grau de desidratao, administrando solues de cloreto

    de sdio a 0,9% ou soluo Ringer; tambm aplicar 1 L de glicose a 20% IV e 2 a 4 g de tiaminapor via intramuscular; a aplicao total entre 6 a 20 L de solues;

    7. a terapia vem acompanhada de antibiticos, antiinflamatrios no esteroidais e cardiotnicos;8. oferecer dieta a base de feno por 5 dias, findando os quais dever fazer uma mudana gradual para

    a alimentao normal.O pH ruminal deve ser monitorado a cada 24 horas para observar a melhora. Se o pH se mantiver

    abaixo de 5,8 sero necessrias mais aplicaes de bicarbonato de sdio (100 g), alm de aplicar maislquido ruminal de vacas sadias.

    Preveno

    Por ser esta doena uma alterao digestiva, a principal situao preventiva o fornecimento dedietas de boa qualidade e, sobretudo bem balanceadas. Se os animais so submetidos a alimentao comaltas quantidades de carbohidratos, como o caso dos concentrados, importante administrar 50 a 100g de bicarbonato de sdio e 30 a 50 g de xido de magnsio por vaca por dia.

  • 30

    Referncias bibliogrficas

    Bouda, J.& Jagos, P. Disorders in the acid-base balance. In Metabolic Disorders and their Prevention inFarm Animals. Ed Vrzgula L. Amsterdam, Elsevier. p. 248-268. 1991.

    Bouda, J., Jagos, P., Dvork, R. & Hofrek, B. Dynamika acidobazickch zmen v prubehu akutn acidzyu skotu. Veterinrn Medicina (Praha) 22, 257-262. 1977.

    Bouda, J., Paasch, M. L. & Yabuta, O. A. Desarrollo y empleo de diagnstico preventivo de los trastornosruminales y metablicos en bovinos. Veterinaria Mxico 28, 189 - 195. 1997.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Dvork, R., Yabuta, O. A. & Doubek, J. Portable equipment for collection andanalysis of ruminal fluid and urine, for diagnosis and treatment of ruminal and metabolic diseases.Proceedings of the XIXth World Buiatrics Congress, Edinburgh, 3, p 248. 1996.

    Bouda, J., Paasch, M. L., Dvork, R., Yabuta, O. A., Doubek, J. & Jardn, H. S. G. Equipo porttil paraobtener y analizar el lquido ruminal y orina. (Portable equipment for obtaining and analyzing ruminal fluidand urine). Registered patent in Mexico, 1999, p 1 - 26. 1999.

    Dirksen, G. Rumen function and disorders related to production diseases. Proceedings of the VIIthInternational Symposium on Production Disease in Farm Animals. Ithaca, N. York, p 350. 1989.

    Howard, J. L. Ruminal metabolic acidosis. Bovine Practitioner 16, 44 53. 1981.Jagos, P. & Dvork, R. Metabolic disorders of the processes in the rumen. In Metabolic Disorders and their

    Prevention in Farm Animals. Ed Vrzgula L. Amsterdam, Elseiver. p 273-305. 1991.Nordlund, K. V. & Garrett, E. F. Rumenocentesis: A technique for collecting rumen fluid for the diagnosis

    of subacute rumen acidosis in dairy herds. Bovine Practitioner 28, 109-112. 1994.Nordlund, K. V., Garrett, E. F. & Oetzel, G. R. Herd-based rumenocentesis: A clinical approach to the

    diagnosis of subacute rumen acidosis. Compendium Continuing Education Veterinary Practice(Supplementum Food Animal Medicine and Management) 17, 48-56. 1995.

    Diagnstico e Terapia da Acidose Ruminal Aguda

  • 31

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Acidose Ruminal Crnica e DiagnsticoDiferencial de Transtornos Ruminais1Jan BoudaGerardo F. Quiroz-Rocha

    A acidose ruminal crnica constitui um problema metablico freqente que se apresenta no gadoleiteiro de alta produo. Esta acidose est associada geralmente com um excesso de gros fornecidosou com deficincia de fibra na rao alimentar, propiciando a elevao na concentrao de acido lcticodo rmen.

    Os animais com acidose ruminal subclnica apresentam-se aparentemente sadios sem sinais clnicos,porm a produo e a qualidade do leite encontram-se diminuidas significativamente.

    O objetivo deste trabalho foi estabelecer a freqncia de casos de acidose ruminal subclnica emvacas com diferentes nveis de produo leiteira sem sinais ou manifestaes clnicas de doena e dedeterminar as alteraes anatomo-patolgicas ps-mortem relacionadas com a acidose ruminal.

    Material e mtodos

    Foram utilizadas 150 vacas (50 por grupo) do Complexo Agropecurio Industrial Tizayuca (M-xico). A dieta consistiu principalmente em silagem de milho, alfafa verde e concentrado (30 a 60 % dematria seca) conforme a quantidade de leite produzido. Os nveis de produo de leite mdia diria porvaca foram: Grupo I (alta produo) 32,4 litros, Grupo II (produo mdia) com 24,1 litros e Grupo III(baixa produo) 15,0 litros.

    O diagnstico foi realizado em funo da histria clnica, exame fsico dos animais e obteno eanlise do lquido ruminal e da urina. A amostra de lquido ruminal foi obtida por meio de sondagemruminal 3 a 5 horas depois da primeira alimentao da manh. A urina foi coletada mediante cateterizaoda bexiga urinria.

    No lquido ruminal foram determinados: exame organolptico (cor, cheiro, viscosidade, tempo desedimentao e flutuao), pH, atividade redutiva da flora ruminal (xido-reduo de azul de metileno,ORAM) e nmero de protozorios utilizando uma cmara de Fuchs-Rosenthal. Na urina foram reali-zados exame organolptico, determinao de pH mediante potencimetro, determinao de protenas comcido sulfosaliclico e determinao de corpos cetnicos, hemoglobina e bilirrubina, mediante fitas reativas.

    1 Bouda, J.; Quiroz-Rocha, G. (2000) Acidose ruminal crnica e diagnstico diferencial de transtornos ruminais. In:Gonzlez, F.H.D.; Borges, J.B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenasmetablicas e ruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 32

    Resultados

    Os valores mais baixos de pH do lquido ruminal (5,90) foram encontrados no grupo de vacas dealta produo, enquanto que no grupo de produo mdia o valor de pH foi de 6,28 e no de baixaproduo foi de 6,67. De igual forma, o tempo de reao de oxidao-reduo no grupo de altaproduo foi o menor (4 min). No grupo de produo mdia o valor deste parmetro foi de 5min30s enas vacas de baixa produo foi de 6min40s (Tabela 4).

    As freqncias de acidose ruminal subclnica, acidria e proteinria foram maiores no grupo de altaproduo diferentemente dos outros grupos onde a freqncia foi menor, em relao ao menor nvel deproduo (Tabela 5).

    Discusso

    Nos ruminantes os transtornos subclnicos apresentam-se com muita freqncia. A maioria tm suaorigem na nutrio inapropriada, na composio da dieta (excesso de gros, insuficincia de fibra), bemcomo em anormalidades da digesto e o metabolismo do rmen. Entre os problemas de maior importncianas vacas leiteiras encontra-se a acidose ruminal, especialmente a que cursa na forma subclnica. Emrelao a etiopatogenia, para avaliar o equilbrio cido-bsico do ruminante, na prtica, no basta comanalisar somente o lquido ruminal, mas tambm deve considerar-se a anlise da urina relacionada coma histria clnica e o exame fsico do animal. Baseando-se unicamente em provas de equilbrio cido-bsico sangneo no pode ser avaliado com exatido o estado cido-bsico total do organismo, poispodem apresentar-se casos onde o pH do lquido ruminal est aumentado enquanto que no sangueencontram-se estados de acidose metablica parcialmente compensada e o pH da urina est diminudo.Esta condio pode ocorrer durante a indigesto simples, em alguns casos de alcalose ruminal ou nodeslocamento do abomaso, casos em que se apresentam muito freqentemente com alcalose metablicano sangue, diminuio do pH da urina e cetonria.

    Durante esta pesquisa, foi detectada, no grupo de alta produo, acidose ruminal em 36% eacidria em 40% das vacas. Nas vacas de produo mdia, a acidose ruminal apareceu em 16% dasvacas e a acidria em 20% das vacas sem sinais clnicos. A causa desta acidose ruminal crnica ousubclnica foi o excesso de gros e a deficiente quantidade de fibra na rao alimentar.

    Dos resultados mostrados nas Tabelas 4 e 5, evidente que no confivel considerar unicamenteos valores mdios do total de vacas no estudo, pois preciso fazer a avaliao com base nas conside-raes particulares como se apresentam na Tabela 5. Especialmente nas vacas com transtornossubclnicos, os desvios nos valores so relativamente pequenos com relao aos valores de referncia.Neste experimento, a cetose somente ocorreu no grupo de vacas de alta produo (4%), entre a 1 ea 8 semanas depois do parto. necessria a diferenciao entre este tipo de cetose da cetonriasecundria apresentada durante os casos de metrite, deslocamento de rgos abdominais e mastite, queno representam um problema de diagnstico para o bom clnico (exame fsico).

    Acidose Ruminal Crnica e Diagnstico Diferencial de Transtornos Ruminais

    ovitudorplevN **Hp )sotunim(**MARO )sotunim(*oatnemideS )Lmx(**soirozotorP

    otlA 09,5 00:4 5 008.361

    oidM 82,6 03:5 8,7 006.002

    oxiaB 76,6 04:6 9,5 005.062

    Tabela 4. Distribuio dos parmetros no lquido ruminal segundo o nvel de produo.

    *p

  • 33

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    A proteinria, que indica a presena de processos de inflamao ou nefrose, foi registrada emtodos os grupos de vacas, mas com maior freqncia no grupo de vacas de alta produo. A intensidadeda proteinria variou desde traos at 2 cruzes e foi devida provavelmente inflamao do fgado,abscessos do fgado ou outras inflamaes.

    Autores como Paasch et al. (1994) fazem meno que a freqncia de acidose ruminal subclnicaencontrada em vacas leiteiras de alta produo de 36% e de 16% naquelas de produo mdia. Pode-se dizer que de 700.000 vacas de alta produo, 140.000 padecem de acidose ruminal em formasubclnica. Durante o transcurso desta doena, a produo leiteira da vaca pode diminuir de 10 at 25%,equivalentes a um mnimo de 3 litros por vaca/dia.

    A diminuio anual de leite nas vacas leiteiras de produo elevada no Mxico devida acidoseruminal subclnica, tem sido estimada em 50,4 milhes de litros de leite, sem quantificar as perdas causadasna qualidade do leite e por diferentes doenas relacionadas, tais como laminite, alteraes do aparatoreprodutor, rumenite, hepatite e mastite. Por outra parte, no tem sido possvel determinar as perdascausadas por outras doenas metablicas como acetonemia e alcalose ruminal, entre outras, mas provvel que possam ser maiores nos casos de acidose ruminal subclnica.

    No ganado de corte as perdas econmicas por transtornos metablicos so importantes, emborase desconhea a sua freqncia.

    A maioria das doenas e transtornos metablicos em ovinos e caprinos (18 milhes de cabeasno Mxico) podem ser diagnosticadas, tratadas e prevenidas com este mtodo. No caso de transtornosdo rmen, a vantagem econmica do diagnstico, o tratamento e a preveno so de muita importncia,no s pelo bem-estar dos animais, como tambm para a economia dos sistemas de produo.

    ortemraPotsegidnI

    selpmisesodicA

    adugalanimurlanimuresodicA

    acinrcuoacinlcbusesolaclAlanimur

    oafertuPlanimur

    lanimurodiuqiLlamron

    roCmorram-edrev

    orucseaznic,osotiel odaedrevseaznic

    edrevmorram

    oterpodaedrevse

    aviloedrev

    oriehC odafom etnacipodic evelodic lacainomalacainoma

    odirtpocitmora

    edadisocsiV osouqa osouqa osocsivetnemevel levirav osotsapetnemevel

    osocsiv

    oatnemideSmoc,adipr

    otnemidesocuopsioped,adiprotnemidesmes

    adipr leviravmes

    oarapes.nim8a4me

    oautulF etnesua etnesua etnesua levirav etnesua .nim8a4me

    oengnasHp 2,7-8,6 0,5-8,3 9,5-1,5 0,8-3,7 5,8-5,7 0,7-0,6

    edadivitAavituder

    .nim8> etnesuaadareleca)nim6-2(

    .nim8> .nim8> .nim6-3

    soiraozotorP)Lm/301x(

    001-04 etnesua 051-0 051-05 05-01 004-002

    aniruadHp 5,7-0,7 0,7-5,5 5,7-0,6uoanilacla

    leviravuoanilacla

    levirav4,8-7,7

    Tabela 6. Diagnstico diferencial dos transtornos ruminais.

    ovitudorplevN %SRA %airdicA %airnoteC %airnietorP

    otlA 63 04 4 6

    oidM 61 02 0 4

    oxiaB 2 4 0 1

    Tabela 5. Freqncia de acidose ruminal subclnica (ARS), cetonria e proteinria.

  • 34

    Referncias bibliogrficas

    Bouda, J., Paasch, M. L., Yabuta, O. A. Desarrollo de diagnstico preventivo de los trastornos ruminalesy metablicos en bovinos. Vet. Mx. 1997, 28, pg. 189-195.

    Paasch, M. L.; Bouda, J. y Velzquez, O. V. Diagnstico, tratamiento y prevencin de la acidosis ruminalsubclnica. Curso de diagnstico de campo y de laboratrio en bovinos.Mxico, 82-86, 1994.

    Dirksen, G. Indigestions in cattle. Konstanz, Schnetztor Verlag, 1983.Bouda, J.; Dvorak, R. and Doubek, J. Diagnostics and prophilaxis of the most important gastrointestinal

    disease in cattle. Medicus Veterinarius, Brno, 1993.Jagos, P.; Bouda, J.; Dvorak, R. and Illek, J. Chronic metabolic acidosis in cows. Vet. Med. (Praga), 22,

    1977, 143-151.Paasch, M. L., Bouda, J., Yabuta, O. A. K., Avila, R. J., Medina, M. C., Quiroz, R. G. The early diagnosis

    of subclinical ruminal and metabolic disorders in dairy cows in field conditions and in the laboratory.Proceedings of XX World Buiatrics Congress, Sydney, 384-389, 1998.

    Acidose Ruminal Crnica e Diagnstico Diferencial de Transtornos Ruminais

  • 35

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Determinao de Transtornos cido-Bsicos1Gerardo F. Quiroz-RochaJan BoudaLuis Nez Ochoa

    Existe uma grande quantidade de doenas e alteraes metablicas que podem causar desbalanosno equilbrio cido-bsico dos ruminantes. Entre as causas patolgicas que originam esses desequilbriosesto as que se relacionam com os sistemas urinrio, digestivo, respiratrio e endcrino, com a regulaomineral e os processos metablicos. Este complexo homeosttico dos animais refere-se concentraode ons hidrognio, isto , regulao do pH, o que muito importante para o correto funcionamentode muitos processos biolgicos como a atividade enzimtica, a regulao de concentraes minerais e aadequada conformao e funo das protenas.

    O organismo conta com muitos mecanismos para regular o pH e mant-lo dentro de limitesestreitos entre 7,35 e 7,45. Variaes fora do intervalo de 7,0 a 7,7 so crticas para a vida do animal.

    Os sistemas utilizados pelo organismo para manter adequadamente o estado cido-bsico so:1. Sistemas tamponantes: uma substncia tampo aquela que resiste a modificaes na concentrao de

    ons H+, sendo capaz de doar ou receber ons H+ com facilidade. O principal sistema tampo noorganismo o constitudo pelo bicarbonato e o cido carbnico, os quais respondem seguinte equao:

    H2O + CO2 H2CO3 HCO3- + H+

    anidrase carbnica

    A proporo normal de bicarbonato : cido carbnico no plasma de 20:1. Quando existem mudan-as primrias nos nveis de bicarbonato faz-se meno a um problema metablico ou no respiratrioe quando a alterao inicial sobre a concentrao de cido carbnico, ento define-se como umproblema respiratrio.Pensando a equao anterior como um sistema de balana, quando diminui o cido carbnico ouaumenta o bicarbonato, aumenta o pH desenvolvendo-se um processo de alcalose, enquanto que adiminuio de bicarbonato ou o incremento de cido carbnico geram acidose por reduo do pH.

    2. Funo do rim: eliminao de cidos e reteno de bicarbonato.3. Tamponantes intracelulares: hemoglobina e fosfatos.4. Atividade heptica: ao metabolisar cidos orgnicos em seus respectivos sais.5. Atividade ssea: durante processos de acidose, pode absorver H+ substituindo-os por ons de clcio.

    1 Quiroz-Rocha, G.; Bouda, J.; Nez, L. (2000) Determinao de transtornos cido-bsicos. In: Gonzlez, F.H.D.;Borges, J.B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenas metablicas eruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 36

    O estudo tradicional do equilbrio cido-bsico fundamenta-se na equao de HendersonHasselbalch, que relaciona diretamente as concentraes de bicarbonato e cido carbnico no plasmasangneo com o pH. O excesso de base um clculo que apia a identificao de acidose ou alcalosemetablicas ou no respiratrias. Uma determinao complementar alternativa medio do bicarbonato o CO2 total (TCO2). Tambm, o clculo do anion gap (diferena aninica) utilizado para classificaros desequilbrios como a acidose metablica devida perda de HCO3

    - ou a excesso de cidos orgnicos,a alcalose metablica ou a transtornos cido-bsico mistos.

    Um conceito de recente aplicao em medicina veterinria a teoria de Stewart, que quantificaos ons fortes para identificar problemas no respiratrios. A premissa mais relevante do mtodo deStewart a idia de que as concentraes de HCO3

    - e de H+ dependem da concentrao de variveisindependentes ou primrias: pCO2, cidos fracos e ons fortes.

    Segundo o enfoque tradicional existem 4 alteraes simples em funo do transtorno primrio embicarbonato ou em cido carbnico, que so: acidose metablica: diminuio nos nveis plasmticos de bicarbonato; alcalose metablica: aumento nos nveis plasmticos de bicarbonato; acidose respiratria: aumento nos nveis plasmticos de cido carbnico; alcalose respiratria: diminuio nos nveis plasmticos de cido carbnico.

    Podem apresentar-se combinaes destas, dando origem a alteraes cido-bsico mistas.A acidose metablica o problema mais freqente de desequilbrio cido-bsico em medicina

    veterinria, apresentado-se quando existe uma perda de bicarbonato ou um aumento de cidos orgnicos.Para uma identificao da acidose metablica, podem ser mencionadas causas onde o anion gap normal, pois ocorre uma acumulao de cloro como compensao, e outras onde o anion gap estaumentado devido a uma acumulao excessiva de cidos orgnicos. As causas mais comuns da acidosemetablica em bovinos so as seguintes:

    Anion gap aumentado Anion gap normal cetose severa diarria acidose ruminal insuficincia renal aguda e crnica aumento de cidos orgnicos qualquer causa de hipoperfuso tissular (desidratao, choque)

    A alcalose metablica determinada por um acmulo de bicarbonato no sangue. Entre as causascomuns deste transtorno em bovinos esto: administrao oral excessiva de bicarbonato de sdio alcalose ruminal e intoxicao com uria administrao de outros nions orgnicos em excesso (lactato, acetato) deslocamento de abomaso

    A impossibilidade de eliminar o excesso de CO2 causar uma acumulao de H2CO3 que se refletecomo acidose respiratria. Existem duas circunstncias gerais para que este fenmeno se apresente. Aprimeira um bloqueio dos mecanismos respiratrios e a segunda uma alterao direta do sistemanervoso central inibindo o centro respiratrio. Entre as causas comumente observadas deste problema embovinos esto:

    Bloqueio de mecanismos respiratrios Inibio do centro respiratrio pneumonias substncias txicas edema pulmonar traumatismos

    Determinao de Transtornos cido-Bsicos

  • 37

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    hemotrax infeces hidrotrax anestsicos obstruo de vias areas botulismo ttano frmacos (organoclorados e organofosforados) fratura de costela

    Quando ocorre um incremento no intercmbio gasoso pulmonar existe perda de CO2 em excesso,causando que o H2CO3 diminua no sangue. Nestes casos, apresenta-se uma alcalose respiratria. Asprincipais causas desse evento em bovinos so: hipoxemia inadaptao a grandes altitudes anemia severa falha cardaca congestiva choque trmico excitao

    Os transtornos cido-bsicos so diagnosticados em funo da anamnese, o exame fsico completodos animais e a anlise de amostras. Na prtica bovina, recomenda-se realizar a anlise em 3 nveisconforme a complexidade de cada caso, assim:1 fase: anlise do lquido ruminal (pH e atividade redutiva) e pH da urina;2 fase: medio de eletrlitos, clculo do anion gap e de diferena de ons fortes;3 fase: determinao do pH e da pCO2 mediante analisador de gases sangneos, mesmo equipamento

    que calcula o excesso de base (EB) e a concentrao de HCO3- e de TCO2.

    O EB uma quantificao da proporo de bases no sangue, calculada sob condies padro depCO2 e temperatura, e que avalia mudanas metablicas intracorporais. Em vacas, os valores de refe-rncia de EB so de 0 a 4 mmol/L e tm estreita relao com os valores de HCO3

    -, onde um EB de0 mmol/L equivale a 24 mmol/L. Um valor aumentado de EB indica alcalose metablica e um valordiminudo indica acidose metablica.

    Tratamento da acidose metablica

    Como foi descrito, a acidose metablica apresenta-se quando h perda de bicarbonato ou aumen-to de cidos orgnicos, o que faz necessrio a administrao de substncias alcalinizantes. Quando feitaa anlise do estado cido-bsico, possvel utilizar o valor determinado de EB para poder implementara terapia com bicarbonato de sdio com base na seguinte frmula:

    mmol/L de NaHCO3 = peso do animal em kg x K x EBonde, K equivale a 0,3 em bovinos adultos e 0,5 em bovinos jovens e corresponde ao espao que ocupaa gua extracelular.

    1 L de NaHCO3 a 8,4% contm 1.000 mmol de HCO3-

    1 L de NaHCO3 a 4,2% contm 504 mmol de HCO3-

    1 L de NaHCO3 a 1,3% contm 156 mmol de HCO3-

    1 g de NaHCO3 contm 12 mmol de HCO3-

    Na prtica bovina, a soluo isotnica a 1,3% de utilidade para tratar terneiros. Entretanto, no casode animais adultos recomenda-se utilizar a soluo a 4,2% para diminuir os volumes a aplicar. Por exemplo:

  • 38

    terneiro de 4 dias, com 45 kg de peso vivo; com EB = -15 mmol/L (ao resolver a frmula no seconsidera o sinal negativo de EB).

    mmol de NaHCO3 = 45 x 0,3 x 15 = 202,5 mmol; = 101,25 mmol

    Feito o clculo, necessrio administrar somente metade da dose calculada, devido a que estopresentes os mecanismos compensatrios do organismo, e, administrando toda a dose pode provocar umefeito contrrio de alcalose metablica.

    Se um L de NaHCO3 a 1,3% tem 156 mmol de HCO3-, ento 650 ml contm 101,25 mmol.

    Nos casos de acetonemia, a terapia com bicarbonatos deve ser muito cuidadosa, pois oscetocidos podem ser metabolizados em suas respectivas bases.

    importante que durante as terapias de correo do equilbrio cido-bsico, sejam feitosmonitoramentos pelo menos uma vez ao dia para no correr o risco de exceder as necessidades e causaro efeito contrrio.

    Referncias bibliogrficas

    Bouda, J., Jagos, P. Disorders in the Acid-base Balance. In: Vrzgula, L. Metabolic Disorders and TheirPrevention in Farm Animals. Elsevier, Amsterdam. 1991.

    Bouda, J., Quiroz, R. G. F., Nez, O. L., Candanosa, de M. E. Pruebas e interpretacin de trastornos delequilibrio cido-base. Memorias del curso Patologa Clnica de las Vas Urinarias. Asociacin Mexicanade Patlogos Clnicos Veterinarios, AC. 20 a 22 de enero de 1999. 7-15.

    Carlson, G. P. Fluid, Electrolyte and Acid-Base Balance in the Horse. School of Veterinary Medicine,UCD, California, 1996.

    Kaneko, J. J. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. 5th Ed. Academic Press, Inc. 1997.Schaer, M. Fluidoterapia y alteraciones hidroelectrolticas. Clinicas Veterinarias de Norteamrica. 19: 2. W.B.

    Saunders Company. Buenos Aires. 1991.Smith, K., Brain, E. Lquidos y electrolitos. El Manual Moderno. Mxico, D. F., 1982.

    Determinao de Transtornos cido-Bsicos

  • 39

    Uso de Provas de Campo e Laboratrio Clnico em Doenas Metablicas e Ruminais dos Bovinos

    Lipidose Heptica e Cetose em VacasLeiteiras1Gerardo F. Quiroz-RochaJan BoudaFlix H. D. Gonzlez

    Lipidose (esteatose) heptica ou sndrome de fgado gorduroso

    Causas

    Sobrealimentao das vacas na poca em que esto secas (gros ou silagem de milho), alimen-tao inadequada depois do parto, deficincia de energia. Fornecimento exagerado de protenas, subs-tncias nitrogenadas ou gorduras depois do parto.

    Patogenia

    Mobilizao de gordura corporal, acumulao de lipdios no fgado, cetonemia, cetonria,proteinria, hipoglicemia, leucopenia.

    Sinais clnicos

    1. em vacas de altas produo, se apresenta nas primeiras semanas ps-parto;2. geralmente associado com paresia ps-parto, mastite, endometrite, deslocamento de abomaso e re-

    teno placentria;3. hiporexia/anorexia;4. perda abrupta de peso;5. diminuio da produo;6. aumento do fgado, dor durante a palpao do rgo, ictercia;7. aumento das constantes fisiolgicas;8. sndrome de vaca cada, coma, morte.

    Diagnstico

    1. histria clnica;2. sinais clnicos;

    1 Quiroz-Rocha, G.; Bouda, J.; Gonzlez, F.H.D. (2000) Lipidose heptica e cetose em vacas leiteiras. In: Gonzlez,F.H.D.; Borges, J.B.; Cecim, M. (Eds.). Uso de provas de campo e de laboratrio clnico em doenas metablicase ruminais dos bovinos. Porto Alegre, Brasil, Grfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 40

    3. anlise de urina: cetonria, proteinria;4. anlise do leite: corpos cetnicos presentes;5. anlise do sangue (soro, plasma):

    cidos graxos livres aumentadosalbumina diminudaglicose diminudaatividade de AST aumentada-hidroxibutirato aumentado

    6. prova de flutuao de tecido heptico (bipsia ou necropsia);7. necropsia: fgado aumentado de tamanho, frivel, amarelado.

    Tratamento

    aplicao de 500 ml de glicose a 50% endovenosa;. propileno-glicol 250 ml ou 100 g de propionato de sdio oral, duas vezes ao dia durante vrios dias; transferncia de lquido ruminal de uma vaca sadia por 3 dias; em casos graves aplicar glicocorticides; correo da dieta adicionando carbohidratos (melao); aplicar 30 L de gua com 60 g de cloreto de sdio, 20 g de cloreto de clcio e 10 g de cloreto de

    potssio via oral por dia; fornecer complementos minerais (Co e outros).

    Preveno

    no sobrealimentar (especialmente com energia) as vacas no perodo seco; administrar s