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PROVISÕES X RESERVAS 02/09/2015 Procedimentos contábeis é um assunto muito polêmico, que gera diversas dúvidas e pontos de vistas diferentes, o que faz com que cada vez mais, procedimentos iguais sejam aplicados de forma diferente. Provisão e reserva contábil, é um destes assuntos que parece assombrar os profissionais da área, mesmo aqueles que já atuam há bastante tempo. Autores renomados devido a suas vastas experiências, preocupados com as proporções que estas dúvidas podem tomar, abordam este tema, podemos citar como exemplo: Sérgio Iudícibus, José Carlos Marion, Divane Alves da Silva Nagatsuka, entre outros. Contabilidade Em resumo, a contabilidade quando feita corretamente permite aos interessados ter pleno conhecimento de todas as mudanças que ocorreram em uma empresa em determinado período. Por isto, as demonstrações contábeis são ferramentas gerenciais, que servem de instrumento para a tomada de decisão. Segundo Fabretti (2004) a contabilidade é definida da seguinte forma: “Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o patrimônio da entidade e as mutações nele produzidas pelos fatos econômicos praticados pela sua administração, e, no final do período, demonstra o resultado obtido e a situação econômico-financeira desse patrimônio”. Princípios Fundamentais de Contabilidade. Segundo Crepaldi (2002), “Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade consoante o entedimento predominante nos universos científico profissional de nosso País, concernem, pois, à Contabilidade em seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades.” Balanço Patrimonial Todas as demonstrações contábeis, ou demonstrações financeiras como também são conhecidas, evidenciam o resultado obtido com as movimentações financeiras. A principal demonstração é o Balanço Patrimonial que, segundo a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T 3.2), é “a demonstração contábil destinada a evidenciar qualitativa e quantitativamente, numa determinada data a posição patrimonial e financeira da entidade”. O balanço patrimonial é divido em ativo que representam os bens e direitos e passivo e patrimônio líquido que representam as obrigações junto a terceiros.

Provisões x Reservas 02-09-2015

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PROVISÕES X RESERVAS 02/09/2015

Procedimentos contábeis é um assunto muito polêmico, que gera diversas dúvidas e pontos de vistas diferentes, o que faz com que cada vez mais, procedimentos iguais sejam aplicados de forma diferente.

Provisão e reserva contábil, é um destes assuntos que parece assombrar os profissionais da área, mesmo aqueles que já atuam há bastante tempo.

Autores renomados devido a suas vastas experiências, preocupados com as proporções que estas dúvidas podem tomar, abordam este tema, podemos citar como exemplo: Sérgio Iudícibus, José Carlos Marion, Divane Alves da Silva Nagatsuka, entre outros.

Contabilidade

Em resumo, a contabilidade quando feita corretamente permite aos interessados ter pleno conhecimento de todas as mudanças que ocorreram em uma empresa em determinado período.

Por isto, as demonstrações contábeis são ferramentas gerenciais, que servem de instrumento para a tomada de decisão.Segundo Fabretti (2004) a contabilidade é definida da seguinte forma: “Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o patrimônio da entidade e as mutações nele produzidas pelos fatos econômicos praticados pela sua administração, e, no final do período, demonstra o resultado obtido e a situação econômico-financeira desse patrimônio”.

Princípios Fundamentais de Contabilidade.

Segundo Crepaldi (2002), “Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade consoante o entedimento predominante nos universos científico profissional de nosso País, concernem, pois, à Contabilidade em seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades.”

Balanço Patrimonial

Todas as demonstrações contábeis, ou demonstrações financeiras como também são conhecidas, evidenciam o resultado obtido com as movimentações financeiras. A principal demonstração é o Balanço Patrimonial que, segundo a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T 3.2), é “a demonstração contábil destinada a evidenciar qualitativa e quantitativamente, numa determinada data a posição patrimonial e financeira da entidade”.

O balanço patrimonial é divido em ativo que representam os bens e direitos e passivo e patrimônio líquido que representam as obrigações junto a terceiros.

Daremos ênfase ao patrimônio líquido, pois é neste grupo que são compreendidas as provisões e as reservas.

Patrimônio Líquido

Patrimônio Líquido, segundo Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T 3.2) “compreende os recursos próprios da entidade”, conta esta que será o objeto de estudo deste artigo.

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Provisões

Apresentadas as definições básicas necessárias vamos às definições dos temas.

Reunindo as definições dos autores, podemos concluir que as provisões são feitas para cumprimento do principio da competência e para estimar as obrigações que serão exigidas até o término do exercício social seguinte.

Provisões, segundo Fabretti (2007), “são valores que se abatem antecipadamente, como custo ou despesa operacional, para atender as despesas previstas ou previsíveis que ocorrerão no próximo período de apuração”.

Iudícibus e Marion (1990) definem: “Provisões são estimativas que reduzem o Ativo ou aumentam o Passivo. Em outras palavras, representam perdas do Ativo ou obrigações. Embora as provisões tenham conotação negativa, são fundamentais para se cumprir rigidamente o Regime de Competência”.

Já Franco (1996): “Embora muitos confundam Provisões com Reservas, aquelas não se destinam a reforçar o capital da empresa, mas sim a registrar reduções, certas ou prováveis, do ativo, decorrentes de depreciações, devedores duvidosos, sinistros etc., ou de aumentos do passivo, tais como variações de câmbio, contingências fiscais etc.”.

Reservas

As reservas possuem finalidade distinta das provisões, é justamente uma espécie de poupança, onde a instituição antes da distribuição de lucros “prevê” uma ou mais situações que se ocorrerem seria necessário dispêndios financeiros e reserva determinada quantia para que cobrir estes gastos se vierem a ocorrer.

Fabretti (2007) quanto às reservas, o mesmo ensina que “uma vez apurado o lucro líquido, ou seja, o resultado do período menos as provisões para o IR e a CSL, a empresa pode, antes de distribuir o lucro aos sócios ou dividendos aos acionistas, destinar parte desse lucro para a formação de reservas, ou seja, reforço do patrimônio líquido da empresa.”

Iudícibus e Marion (1990) quanto às reservas, “se do total do Patrimônio Liquido se subtrai o Capital, normalmente se tem o valor correspondente às Reservas. Portanto, Reservas são valores que excedem o capital realizado, compondo o Patrimônio Liquido. Dessa forma, a Reserva caracteriza-se como um fato positivo, já que compõe o Capital próprio, ao contrario das Provisões que aumentam o Capital de Terceiros ou diminuem o Ativo”.

Já Franco (1996) “Na distribuição dos lucros das empresas, destina-se uma parte para constituição de Reservas, com o fim de reforçar o capital, evitando que este venha a ser afetado por eventuais resultados negativos de exercícios futuros”.

Resultados

Vimos que as provisões e reservas possuem características próprias, no entanto, se não forem bem analisadas pode ser são bem semelhantes em alguns aspectos.

Podemos observar que a principal diferença entre provisão e reserva é que a provisão vem para atender a um principio contábil, o Princípio da Competência, conforme a resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) nº. 750 resolve no seu artigo 9º “As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento”, ou seja, é necessário reconhecer o fato gerador no momento em que o mesmo ocorrer, ainda que o desembolso efetivo para o pagamento do mesmo ocorra em período posterior a ocorrência deste, utilizando o mesmo exemplo, uma empresa que por algum motivo pretende encerrar as atividades de uma filial, e decidiram em janeiro que isto será feito

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em fevereiro, será realizada uma provisão em janeiro e como a dispensa dos funcionários será feita apenas em fevereiro o pagamento destes, ocorrerá consequentemente, também em fevereiro. As provisões são despesas que serão deduzidas das receitas apuradas no exercício.

Já as reservas referem-se à destinação de parte do lucro, que tem por objetivo a proteção do patrimônio da entidade, elas não diminuem o patrimônio liquido da entidade como as provisões, muito pelo contrário, elas aumentam o capital próprio da empresa.

Discussão

Vimos que a reserva é um reforço financeiro à empresa feito mediante a destinação de parte do lucro do exercício, já a provisão assume o reconhecimento de uma obrigação prevista ou previsível, cujo fato gerador ocorreu no mês da provisão, mas o desembolso financeiro efetivo ocorrerá apenas no futuro.

Uma das principais dúvidas entre os profissionais contábeis são as reservas e provisões para contingências (incerteza algo que pode ou não vir a se realizar) em que situação utiliza-las. A instrução nº. 59/86 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos ajuda a distinguir reserva da provisão para contingências, e também nos ajuda a entender mais sobre o conceito de provisão e reserva.“Com o objetivo de dissipar eventuais dúvidas quanto à aplicabilidade da constituição de reservas ou de provisão para contingências, estabelecemos a seguir as características de cada uma”. APLICABILIDADE DAS TÉCNICAS PROVISÃO Dar cobertura a perdas ou prejuízos potenciais (extraordinários, não repetitivos) ainda não incorridos, mediante segregação de parcela de lucros que seria distribuída como dividendo. Ocorrendo ou não o evento esperado, a parcela constituída será, em exercício futuro, revertida para lucros acumulados, integrando a base de cálculo para efeito de pagamento do dividendo e a perda, de fato ocorrendo, é registrada no resultado do exercício. Tem por finalidade dar cobertura a perdas ou despesas, cujo fato gerador já ocorreu, mas não tendo havido, ainda, o correspondente desembolso ou perda. Em atenção ao regime de competência, entretanto, há necessidade de se efetuar o registro contábil. Será constituída independentemente de a companhia apresentar lucro ou prejuízo no exercício.

RESERVA

Representa uma destinação do lucro líquido do exercício, contrapartida da conta de lucros acumulados, por isso sua constituição não afeta o resultado do exercício.

É uma conta integrante do patrimônio líquido, no grupamento de reserva de lucros.

Representa uma apropriação ao resultado do exercício, contrapartida de perdas extraordinárias, despesas ou custos e sua constituição normalmente influencia o resultado do exercício ou os custos de produção.

Visto que o evento que serviu de base à sua constituição já ocorreu, não há, em princípio, reversão dos valores registrados nessa provisão. A pequena sobra ou insuficiência é decorrente do cálculo estimativo feito à época da constituição.

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Conclusão

Concluímos então, que as reservas é parte do lucro, são feitas como medida de proteção do patrimônio da empresa, já as provisões refere-se ao reconhecimento de despesas incorridas, mas que nem sempre já terão tido o correspondente desembolso efetivo, e como despesas, as provisões reduzirão o resultado do exercício em que ocorrer.

Vimos que as provisões são feitas, justamente em atendimento ao principio da competência, o qual afirma que toda obrigação deve ser reconhecida no período em ocorreu, ainda que o respectivo desembolso ocorra em momento posterior. Qualquer equivoco que aconteça quanto às técnicas abordadas pelo trabalho, podemos estar descumprindo os princípios contábeis, e o descumprimento dos mesmos podem acarretar em severas penalidades, advertência reservada, censura reservada e até mesmo a censura pública.

Referências

FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade para Advogados – Noções Básicas de Contabilidade,

Análise das Demonstrações Contábeis, Cálculo de impostos e Contribuições. São Paulo: Atlas, 2004.

FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

IUDÍCIBUS, Sérgio; MARION, José Carlos. Contabilidade comercial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1990

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Os Príncipios Fundamentais de Contabilidade, As Normas Brasileiras de Contabilidade e o Código de Ética Profissional do Contabilista. 31. ed. São Paulo: CRC SP, 2002.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade: resumo da teoria, atendendo às novas demandas da gestão empresarial, exercícios e questões com respostas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.