Prática Jurídica no Processo Eletrônico na Justiça do Trabalho · 2018. 9. 27. · 1ª edição — 2014 2ª edição — 2018 5917.2 Prática Jurídica no Processo Eletrônico

Prática Jurídica no Processo eletrônico

na Justiça do trabalho

5917.2 Prática Jurídica no Processo Eletrônico da Justiça do Trabalho.indd 1 17/09/2018 13:10:32

1ª edição — 2014

2ª edição — 2018


Luis Fernando FeólaJuiz do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Membro do

Comitê Gestor Regional do Processo Judicial Eletrônico do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (2013/2016). Capacitador para magistrados em

Processo Judicial Eletrônico pelo CSJT — Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Mestre em Direitos Fundamentais. Professor da EJUD-2 — Escola Judicial do

Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Professor Universitário. Palestrante.

Prática Jurídica no Processo eletrônico

na Justiça do trabalho

2ª edição


EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-003 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br Setembro, 2018

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Todos os direitos reservados

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: R. P. TIEZZI X Projeto de Capa: FABIO GIGLIO Impressão: BOK2 Versão impressa — LTr 5917.2 — ISBN 978-85-361-9485-1 Versão digital — LTr 9440.7 — ISBN 978-85-361-9808-8

Feóla, Luis Fernando

Prática jurídica no processo eletrônico na justiça do trabalho / Luis Fernando Feóla. — 2. ed. — São Paulo : LTr, 2018.

Bibliografia.

1. Direito processual do trabalho 2. Direito processual do trabalho — Brasil 3. Justiça do trabalho — Brasil 4. Processo eletrônico — Leis e legislação I. Título.

17-10492 CDU-347:9:331(81)

1. Brasil : Processo eletrônico trabalhista : Direito do trabalho 347:9:331(81)

Índice para catálogo sistemático:


Dedicatória

Dedico esta obra aos meus filhos Beatriz Maria e Emanuel Fernando, pois neles, como crianças, deposito a confiança de uma sociedade mais permeada de valores e princípios éticos.



Agradecimentos

À minha esposa e companheira de todas as horas. Aos meus pais e irmã. À Des. Silvia Regina Pondé Galvão Devonald que sempre

considerou meu trabalho e dedicação junto ao projeto PJe. À Des. Maria Doralice Novaes, que teve a paciência de

escutar-me nas reuniões do Comitê Gestor do PJe.



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Sumário

Nota do autor à 2ª edição .................................................................................13

Apresentação ......................................................................................................15

Parte I Introdução ao Estudo do Processo Eletrônico

Capítulo 1 — Introdução ..................................................................................19

1. O novo processo judicial ...............................................................................19

2. A tecnologia da informação e o direito processual ...................................20

Capítulo 2 — Princípios ...................................................................................24

1. A integração entre a Informática e o direito ...............................................24

2. Princípios próprios da informática importantes para o direito processual eletrônico ....................................................................................25

3. Princípio da automatização ..........................................................................274. Princípio da evolutibilidade .........................................................................295. Princípios de processo eletrônico.................................................................31

5.1. Princípio da instrumentalidade subsidiária .......................................315.2. Princípio da formalidade digital ..........................................................38

5.3. Princípio da informalidade digital .......................................................40

5.4. Princípio da desmaterialização .............................................................42


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5.5. Princípio da oralidade ............................................................................46

5.6. Do princípio da desconcentração dos atos processuais ....................48

5.7. Princípio da ampla acessibilidade ........................................................50

Capítulo 3 — Histórico .....................................................................................52

1. Brevíssimo histórico.......................................................................................52

Capítulo 4 — Aspectos Organizacionais da Justiça. Impacto da Implantação do PJe ......................................................................................55

1. A vara eletrônica .............................................................................................55

2. Os servidores ..................................................................................................583. O magistrado ..................................................................................................604. Os advogados .................................................................................................625. O meio ambiente ...........................................................................................656. O impacto no acesso à Justiça .......................................................................667. Impacto na saúde dos usuários ....................................................................67

Capítulo 5 — Normas Aplicáveis ...................................................................69

1. Legislação e regulamentação ........................................................................69

Parte II Atuação no Processo Judicial Eletrônico

Capítulo 6 — O Acesso ao Processo Judicial Eletrônico ............................75

1. Certificação digital .........................................................................................75

2. Do cadastramento ou credenciamento no sistema ....................................79

3. Da consulta do processo. Da habilitação ....................................................80

4. Das exigências mínimas de hardware e softwares para operação do PJe ....................................................................................................................85

Capítulo 7 — A formação do Processo ..........................................................90

1. Da construção do processo. Formação de autos eletrônicos ....................90


11

2. Da dificuldade de anexar os documentos eletronicamente. Preclusão .....106

3. Da referência a documentos. Dos arquivos eletrônicos ..........................110

Capítulo 8 — O Peticionamento Eletrônico e os Trâmites Iniciais ........114

1. Da petição inicial ..........................................................................................114

2. Das tutelas de urgência ...............................................................................119

3. O “despachar” com o juiz ...........................................................................121

4. Da petição em meio papel. Portadores de necessidades especiais .......123

Capítulo 9 — Da Resposta do Réu ...............................................................1291. Da contestação ..............................................................................................1292. Do momento de apresentação da contestação .........................................1343. Da apresentação da defesa em meio eletrônico e da revelia ..................1364. Do segredo de justiça e do sigilo. Distinções ...........................................1425. Do sigilo .........................................................................................................1456. Da defesa sem atribuição de sigilo. Do aditamento e da emenda da

petição inicial ...............................................................................................1537. Da defesa oral. Dos documentos que a acompanham ............................1598. Da exceção de incompetência em razão do lugar ...................................1649. Da reconvenção ............................................................................................169

Capítulo 10 — Dos Atos Processuais ...........................................................173

1. Das comunicações. Das intimações ...........................................................173

2. Da citação ......................................................................................................179

3. Da contagem dos prazos .............................................................................184

4. Da indisponibilidade do sistema ...............................................................185

5. Do momento do cumprimento do prazo processual ..............................195

Capítulo 11 — Da Audiência .........................................................................2001. Do acesso ao PJe durante a audiência. Do uso do certificado digital ...200

2. Do certificado digital em audiência ou outras situações ........................204


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3. A leitura das peças processuais em audiência. Tempo de duração da audiência ......................................................................................................205

4. Da assinatura da ata de audiência. Da ata com força de alvará. Da intimação pessoal e “pelo Provimento” das testemunhas ....................207

Capítulo 12 — Das Provas .............................................................................210

1. Da produção da prova documental ...........................................................210

2. Documento digital e iniciativa judiciária ..................................................216

3. Da exclusão de arquivos — desentranhamento de documentos ..........217

4. Da impugnação de documentos. Legibilidade ........................................220

5. Da produção da prova oral .........................................................................223

6. Da prova pericial ..........................................................................................225

Capítulo 13 — Das Decisões .........................................................................227

1. Da sentença. Da sentença antecipada parcial de mérito ........................227

2. Da inadequação aos novos procedimentos estabelecidos no CPC .......230

3. Dos embargos declaratórios .......................................................................231

4. Da assinatura dos despachos e decisões. Assinatura e registro de sentença ........................................................................................................232

Capítulo 14 — Dos Recursos .........................................................................236

1. Do recurso ordinário ...................................................................................236

2. Do agravo de instrumento ..........................................................................239

3. Da carta de sentença ....................................................................................243

Capítulo 15 — Da Execução ...........................................................................244

1. Dos processos em papel. Conversão para processo eletrônico. CLE ....244

Referências Bibliográficas .............................................................................249

Normas PJe ......................................................................................................251


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Nota do autor à 2ª edição

A primeira edição dessa obra veio recheada de novidades pois o tema ainda era totalmente inexplorado pela doutrina e pela jurisprudência.

Nesta segunda edição, além de fazer toda a adaptação do texto às novas normas aplicáveis do Novo Código de Processo Civil de 2015, também houve adaptação à Lei n. 13.467/2017, denominada de Reforma Trabalhista, mas que no livro é referida como Nova Consolidação das Leis do Trabalho ou simplesmente NCLT. A Medida Provisória n. 808/2017, que perdeu vigência em 24.4.2018 também é considerada na obra.

As resoluções expedidas pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho, especialmente a Resolução CSJT n. 185, de 24 de março de 2017, são estudadas com foco na aplicação prática e nas consequências de natureza jurídica.

Aqueles que acham que o Processo Judicial eletrônico simplesmente representa a evolução da máquina de escrever e do redator de textos não conhecem a profundidade das consequências dos atos eletrônicos a serem praticados no processo, o que torna a leitura ainda muito interessante e repleta de dicas para atuação jurídica adequada. Embora o enfoque da obra seja o posicionamento jurídico em relação ao tema, as mais importantes funcionalidades da versão 2.0 ou KZ, do sistema são apresentadas ao leitor.

Outra novidade nesta segunda edição está na apresentação de jurispru-dência de diversos tribunais a respeito do tema Processo eletrônico, muitas delas confirmando as posições assumidas na primeira edição da obra.

Assim, esta atualização não pode ser vista apenas como tal, mas como uma revisitação do tema, com abordagem técnica voltada para a atuação prática e resolução de questões jurídicas que atingem todos os operadores do Direito.



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apreSeNtação

A ideia de começar a escrever sobre os contornos jurídicos do Processo Judicial Eletrônico teve início com o curso que tive a honra de ministrar aos colegas juízes do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em razão de minha capacitação como formador para PJe junto ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

Seguidamente a esses cursos, fui convidado pela EJUD — Escola Judicial do Tribunal para proferir palestras direcionadas aos advogados e público externo que passaria a tomar contato com o Processo Judicial eletrônico.

Ao assumir a Vara de Arujá (Vara Escola), sob o compromisso de pro-piciar que essa unidade judiciária permanecesse integralmente dedicada às questões ligadas ao Processo Eletrônico, tanto na fase inicial de implantação como na prestação de informações e orientações aos demais servidores, ma-gistrados e advogados, pude constatar a imensa quantidade de dúvidas a respeito não apenas da manipulação eletrônica do sistema, mas pertinentes às repercussões jurídicas de cada ato praticado eletronicamente. Os efeitos ju-rídicos do uso das ferramentas eletrônicas eram desconhecidos dos usuários.

As dúvidas acerca do procedimento e do modo de agir virtual. Os problemas de trato com as características peculiares do sistema de processo eletrônico motivaram-me a encontrar um meio para difundir o conhecimento do tema: escrever a respeito.

Dediquei-me aos aspectos práticos, porque minha intenção é a de que este escrito possa servir para sanar as dúvidas, quer sejam rotineiras ou não, mas que não encontram, atualmente, respostas em nenhum outro manual. Assim, abordei as questões doutrinárias e principiológicas na medida em que necessárias para a resolução de problemas da prática jurídica.

Oportunamente fui convidado a participar do Comitê Gestor do PJe no TRT da 2ª Região, permanecendo como membro até outubro de 2016. Fui também convidado a proferir aulas em diversas universidades em cursos de pós-graduação lato e estrito sensu, bem como para ministrar palestras


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junto a Ordem dos Advogados do Brasil em quase todas as subseções da grande São Paulo.

Diante de toda essa intimidade com o PJe, posso dizer que, hoje, sou um amante do Processo Eletrônico. Já vivenciei, no passado, sintomas de paixão e ódio, mas hoje, minha relação é como a de um amor puro, pois ciente das limitações do sistema, mas também de seu imenso potencial e de que, principalmente, estamos no rumo certo para o aperfeiçoamento da relação jurídica processual.

É esse sentimento de amor, de conciliação e aceitação do novo, do bom trato entre os aspectos jurídicos e os recursos de informática que adotei como premissa para escrever essas primeiras linhas sobre o tema e de, agora, atua-lizar todas as propostas da obra em conformidade com a nova legislação, tanto do Processo Civil como do Processo do Trabalho.

Passados mais de cinco anos da implantação do PJe na Justiça do Tra-balho a resistência, pode-se dizer, foi vencida e hoje todos atuam no sistema, porém ainda se vê muitos equívocos e muitas dúvidas sobre a abordagem das questões típicas do processo eletrônico, o que implica na necessidade constante de aprimoramento dos advogados, juízes, procuradores e todos aqueles que se voltam, por dever de ofício, ao contato com o sistema de processo eletrônico.

Espero que este trabalho possa contribuir com a boa advocacia, com o lidar bem com o novo, conjugando a tecnologia da informática, o eletrônico e o jurídico, em perfeita harmonia. Tudo para que este casamento dê muitos frutos e dure para sempre.

Obrigado e boa leitura!


parte i

Introdução ao Estudo do Processo Eletrônico



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Introdução

1. O novo processo judicial

O processo judicial é um instrumento essencial para a Democracia. É por meio do processo judicial que a Jurisdição é exercida pelo Estado, de tal modo que os conflitos de interesses entre cidadãos ou entre estes e o próprio Estado cheguem a termo pela imposição coercitiva da lei.

A função jurisdicional do Estado é realizada, com monopólio de coerção legal, pelo Poder Judiciário.

Esta função compreende a solução dos conflitos que se estabelecem no plano dos direitos materiais. Conflitos que, no enfoque jurídico, são denominados lides. Sinteticamente, lide é, na lição de Francesco Carnelutti, uma pretensão resistida.

O processo judicial assegura que essa pretensão seja exposta ao Estado--juiz e que o conflito se resolva por sua imparcial interferência. Não numa interferência direta, mas numa interferência através de um método organizado de atuação da jurisdição.

A jurisdição só é exercida legalmente por intermédio do processo judicial.

Ensina Humberto Theodoro Júnior(1) que “para cumprir essa tarefa, o Estado utiliza método próprio, que é o processo, que recebe denominação

(1) Curso de direito processual civil. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, v. I, p. 6.

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de civil, penal, trabalhista, administrativo etc., conforme o ramo do direito material perante o qual se instaurou o conflito de interesses. Para regular esse método de composição dos litígios, cria, o Estado, normas jurídicas que formam o direito processual, também denominado formal ou instrumental, por servir de forma ou instrumento de atuação da vontade concreta das leis de direito material ou substancial, que há de solucionar o conflito de interesses estabelecido entre as partes, sob a forma de lide”.

Processo, portanto, na acepção mais aceita, é uma relação jurídica em que se dá o exercício da jurisdição. Relação jurídica processual triangular, segundo Oskar Bullow.

A forma de exteriorização do processo é o procedimento. Procedimento é a forma, o modo pelo qual o processo se concretiza, numa lógica ritual preestabelecida pela lei. Autos, são a forma física em que se materializa o processo.

O processo judicial eletrônico situa-se neste campo da ciência. É uma forma, um instrumento de realização de atos processuais cuja finalidade é a composição do litígio e pacificação social mediante o uso de ferramental eletrônico.

A novidade está em que a ciência jurídica passa a ser auxiliada, instrumentalizada e, por que não dizer, aperfeiçoada pela tecnologia da informação, pela informatização.

É nesse contexto que este estudo tenta trazer ao leitor as questões jurí-dicas relevantes para a compreensão desse novo meio de pensar e realizar o processo, por meio do Processo Judicial Eletrônico.

2. A tecnologia da informação e o direito processual

A integração entre ciências não é novidade. O Direito está interligado umbilicalmente com a Sociologia, a Ética, a Medicina e outras tantas ciências.

Desta feita, a informática passa a integrar-se de modo intenso com a ciência jurídica, de forma a contribuir com seus atributos para o aperfeiçoa-mento do método judicial de solução de conflitos: o processo.

É por intermédio do processo judicial eletrônico que a informática se integra indissociavelmente ao processo, passando a fazer parte do método, compondo o modo pelo qual se exterioriza e se opera pelos interessados e pelo Estado, o processo ou procedimento judiciais.


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