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PRÁTICA JURÍDICA IV 2005 1º Semestre

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PRÁTICA JURÍDICA IV

20051º Semestre

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EXPEDIENTE

CURSO DE DIREITO – CADERNOS DE EXERCÍCIOSCoordenação Geral do Curso de Direito da Universidade Estácio de SáProf. Sérgio Cavalieri FilhoProf. André Cleofas Uchôa CavalcantiCoordenação Executiva: Márcia Sleiman

COORDENAÇÃO DO PROJETOComissão de Qualificação e Apoio Didático-pedagógicoPresidência: Prof. Laerson MauroCoordenação: Prof.ª Tereza Moura

ORGANIZAÇÃO DO CADERNOProf.ª Solange Ferreira de Moura

COLABORAÇÃOProfessores Iver Lessa, Lilian Coelho e Luíza Amim

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APRESENTAÇÃO

A metodologia de ensino do Curso de Direito é centrada na articulaçãoentre teoria e prática. Essa metodologia abarca o estudo interdisciplinardos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da pesqui-sa, bem como a análise de conceitos e a discussão de suas aplicações. Oobjetivo é tornar as aulas mais interativas e melhorar a qualidade doensino da prática jurídica.Os pontos relevantes para o estudo dos casos devem ser objeto depesquisa prévia pelos alunos, envolvendo a legislação pertinente, a dou-trina e a jurisprudência, de forma a prepará-los para as discussões emsala de aula.Ao final de cada semestre, o aluno disporá de uma pasta completa epersonalizada, contendo peças processuais de qualidade, que servirãode base para o exercício profissional.

Coordenação Geral do Curso de Direito

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SUMÁRIO

Procedimentos de estágio de prática jurídica ............................. 7

AULA 1Articulação – teoria e prática. Petição inicial. Contestação erecursos. ..................................................................................... 10

AULA 2Ação declaratória de nulidade de título de crédito com pedido deantecipação de tutela. ................................................................ 21

AULA 3Ação de obrigação de fazer. Antecipação de tutela. Preceitocominatório. ............................................................................... 22

AULA 4Ação indenizatória. Rito ordinário. Responsabilidade objetiva doEstado. Direito do Consumidor. ................................................. 23

AULA 5Ação indenizatória, responsabilidade civil subjetiva.Contestação. .............................................................................. 24

AULA 6Ação revisional de aluguéis. Rito sumário. Aluguéisprovisórios. ............................................................................... 26

AULA 7Prisão civil. Medida preventiva. Devedor em ação de busca eapreensão. .................................................................................. 27

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AULA 8Juizado Especial Cível. Decisão que indefere tutela antecipada.Direito líquido e certo. ................................................................ 28

AULA 9Decisão interlocutória. Indeferimento de tutela antecipada. DireitoTributário. .................................................................................. 29

AULA 10Decisão por maioria em julgamento de apelação que reformasentença. Direito Constitucional. Direito de família. ................... 30

AULA 11Recurso Especial. ....................................................................... 31

AULA 12Recurso Extraordinário. ............................................................... 32

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PROCEDIMENTOS DEPRÁTICA JURÍDICA

Compete ao aluno

1. Ler, antecipadamente, o caso concreto que será objeto da aula seguin-te, revisando a base conceitual necessária.

2. Levar para a aula os apontamentos e o material de consulta necessári-os à solução do caso (código, doutrina e jurisprudência) e o esboço daestrutura da peça processual cabível.

3. Elaborar, individualmente, a peça processual, após a discussão docaso com o grupo, e entregá-la ao professor para correção.

4. Observar os seguintes critérios na elaboração da peça:

Forma

• Estrutura da petição• Presença de todos os elementos necessários• Coesão e coerência no discurso• Observância da modalidade culta da língua• Uso competente do repertório vocabular

Conteúdo

• Direito material em questão• Rito• Competência• Legitimidade ativa e passiva• Narrativa lógica dos fatos• Expressão jurídica escrita

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• Fundamentação jurídica• Pedido• Requerimento de provas• Valor da causa

5) Ao receber a peça corrigida, o aluno deverá proceder às modificaçõessugeridas pelo professor, aprofundando sua fundamentação com doutri-na e jurisprudência pertinentes.

Obs: Esta peça refeita deverá ser entregue ao professor na aula seguinte,juntamente com a original, para avaliação.

6) Arquivar as peças numa pasta própria identificada com nome, turma,turno, para ser entregue ao professor no dia da prova, para atribuição degrau.

Critérios de avaliação:

As provas de prática jurídica (PR1, PR2 e segunda chamada) serão com-postas de uma peça processual. O grau obtido na prova será somado aospontos atribuídos com base na avaliação progressiva do aluno por meiodos trabalhos semanais que constarão da pasta, entregue obrigatoria-mente na data da prova.

Atenção:

As PR1, PR2 e segunda chamada serão compostas de um caso concretopara avaliação e elaboração da peça processual cabível, valendo setepontos. A correção pelo professor será baseada na subtração dos pon-tos relativos aos erros, conforme indicadores abaixo.

Roteiro da peça processual para avaliação:

• Competência ......................................................................... 1 ponto• Rito ....................................................................................... 1 ponto• Legitimidade ativa ................................................................. 1 ponto• Legitimidade passiva ............................................................ 1 ponto

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• Narrativa lógica dos fatos ..................................................... 1 ponto• Fundamentação jurídica ........................................................ 1 ponto• Pedido ................................................................................... 2 pontos• Requerimento de provas ....................................................... 1 ponto• Valor da causa ....................................................................... 1 ponto

• A participação do aluno na discussão dos casos, em aula, a apresenta-ção oral dos casos, a expressão jurídica escrita, a reapresentação detodas as peças já corrigidas, com a inclusão de citações doutrinárias ejurisprudenciais, bem como, o zelo e a boa apresentação da pasta com ostrabalhos, valerão até 3 pontos.

• A prova final será composta de uma peça processual valendo até 10pontos.

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AULA 1

Articulação – teoria e prática

A PETIÇÃO INICIAL

1. ConceitoA petição inicial, instrumento de demanda, é a peça escrita na qual oautor formula o pedido de tutela jurisdicional ao Estado-juiz, para quediga o direito no caso concreto.

2. ElementosEla deve indicar (art. 282 do Código de Processo Civil – CPC):

I – O juiz ou tribunal a que é dirigida (em letra maiúscula).II – As partes – autor e réu (nomes em letra maiúscula) e a suaqualificação (nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e resi-dência).Obs.: Em razão do Provimento 20/1999 da Corregedoria de Justiça doTribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ/RJ), deve constar da quali-ficação o número do RG e do CPF das partes.III – O fato e os fundamentos jurídicos do pedido, isto é, a causa depedir e o nexo que, segundo o autor, existe entre ela e o efeito jurídicoafirmado ou, em outras palavras, o porquê do pedido, não sendoindispensável a indicação da norma jurídica que supostamente atri-bui o efeito ao fato (iura novit curia).IV – O pedido, com as suas especificações, identificando-se clara-mente:• os respectivos objetos imediato (natureza da tutela jurisdicionalpretendida) e mediato (objeto da pretensão de direito material);• objeto certo e determinado, ressalvadas as hipóteses de admissi-bilidade de pedido mediato genérico arroladas no art. 286 do CPC;• a cominação pecuniária para o caso de descumprimento da senten-ça, se o autor pedir que o réu seja condenado a abster-se da práticade algum ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que nãopossa ser realizado por terceiro (art. 287);

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• da mesma forma, atenção nas hipóteses do art. 461 e seus parágra-fos e do art. 461-A, ambos do CPC;• em caso de pedido de antecipação de tutela, este será o primeiroitem do pedido, sendo necessária a prévia fundamentação, na causade pedir, dos motivos de sua necessidade, com ênfase na provainequívoca que convença o juiz da verossimilhança das alegações,com base no disposto no art. 273, caput, I ou II, observados os §§ 1°a 7° do CPC.V – O valor da causa do ponto de vista processual (art. 259 do CPC).VI – As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dosfatos alegados. Elas devem ser requeridas na inicial, que deverá serinstruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação(art. 283).VII – O requerimento de citação do réu (arts. 213, 219, 222, 224 e 231).Obs.: A inicial deverá ser acompanhada de uma cópia extra da peti-ção para servir de contrafé, no ato da citação, instruindo o mandado.VIII – A declaração do endereço em que o advogado receberáintimações (art. 39, I).

3. Aspectos formais da petição inicialA petição inicial tem por finalidade precípua veicular, com absoluta clare-za, a pretensão do autor à tutela jurisdicional. Tal objetivo requer algunscuidados formais que garantam a eficácia da peça como veículo informa-tivo e formador do livre conhecimento motivado do julgador. Seguemalguns parâmetros formais para a elaboração da petição inicial:

• margem direita – 3 cm;• margem esquerda – 4 cm;• fonte, no mínimo, 12;• espaço duplo;• órgão jurisdicional a que é dirigida em letra maiúscula;• 10 cm de espaço entre o endereçamento e o preâmbulo;• nomes das partes em letra maiúscula;• nomes dos representantes legais em letras maiúsculas e minúsculas;• nome da ação em letra maiúscula;• discurso indireto (narrativa com os verbos na terceira pessoa);• fatos narrados em ordem cronológica;

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• parágrafos curtos;• coesão e coerência no discurso;• nas citações deverá ser esclarecida a fonte do texto, sendo citaçãodoutrinária (o nome do autor, obra citada, editora, ano e página), e emcitação jurisprudencial (tribunal, câmara ou turma, espécie de recur-so, número do processo, data da publicação do acórdão);• quanto à forma, o texto de citação deve vir entre aspas, devendohaver um recuo da margem direita de 4 cm, o tamanho da letra devediminuir um ponto e o espaço entrelinhas deve ser reduzido a 1,5;• a conclusão da causa de pedir é muito importante, devendo ser umfecho adequado para a pretensão do autor;• não se termina a causa de pedir com citação de texto alheio;• o pedido segue a ordem dos atos processuais que serão realizados,devendo ser claro, conciso e, preferencialmente, dividido em itens;• prova não é item do pedido;• os meios de prova que serão produzidos devem ser indicados, no ritoordinário, ou requeridos, no rito sumário e no rito da Lei 9.099/1995;• o valor da causa deve ser expresso em reais (R$ xxxx).

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4. Estrutura da petição inicial

EX.mo SR. DR. JUIZ DE DIREITO... (observar art. 282, I do CPC e oCódigo de Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro– Codjerj)

(NOME DA PARTE AUTORA), nacionalidade, estado civil, profissão,portador da Carteira de Identidade nº xxxxxxxx, expedida pelo xxxx, inscritano CPF/MF sob o nº xxxxxxxxxx, residente na rua (endereço completo),por seu advogado, com endereço profissional na rua (endereço comple-to), vem a V. Ex.ª propor

AÇÃO _______,

pelo rito _______, em face de (NOME DA PARTE RÉ), nacionalidade,estado civil, profissão, portador da Carteira de Identidade nº xxxxxxxx,inscrito no CPF sob o nº xxxxxx, residente na rua (endereço completo),pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

DOS FATOS

DOS FUNDAMENTOS

DO PEDIDODiante do exposto, requer a V. Ex.ª:a) a citação do réu;

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b) a procedência do pedido (imediato e mediato);c) a condenação do réu aos ônus da sucumbência.

DAS PROVASRequer a produção de prova documental, pericial, testemunhal e odepoimento pessoal do réu.

DO VALOR DA CAUSADá à causa o valor de R$...........

P. Deferimento.

Rio de Janeiro, ____de_______________ de ______.

________________________________Nome do(a) advogado(a)

OAB/RJ nº xxxx

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A Contestação

1. ConceitoModalidade de resposta do réu na qual devem ser oferecidas todas asdefesas (art. 300 – princípio da concentração, do qual decorre o princípioda eventualidade), sob pena de preclusão.

2. Elementos da defesaNo plano processual – art. 301 do CPC – preliminares peremptórias (ex.:ausência de pressupostos processuais, falta de condições para o legíti-mo exercício do direito de agir etc.) que, acolhidas, resultam na extinçãodo processo sem julgamento do mérito, ou preliminares dilatórias (in-competência absoluta, conexão), que acolhidas resultam na remessa dosautos do processo ao juízo considerado competente ou prevento, res-pectivamente, no plano do direito material, defesas de natureza direta,negando o fato constitutivo do direito do autor, alegado na petição inici-al, e/ou indiretas, alegando fato impeditivo, modificativo ou extintivo dodireito do autor, postulando a improcedência do pedido autoral.

Obs.: Na contestação os fatos deverão ser narrados, em ordem cro-nológica, do ponto de vista do réu, com especial atenção ao ônus daimpugnação especificada dos fatos alegados pelo autor (art. 302 doCPC), sob pena de confissão ficta.

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3. Estrutura de contestação

EX.mo SR. DR. JUIZ DE DIREITO... (colocar o nº da Vara para a qual aação foi distribuída)

Processo n°................

(NOME DA PARTE RÉ), já qualificada, por seu advogado, com endereçoprofissional na rua (endereço completo), nos autos da

AÇÃO _______,

pelo rito _______, movida por (NOME DA PARTE AUTORA), vem a V.Ex.ª, em

CONTESTAÇÃO,

expor e requerer o que segue:

PRELIMINARMENTE (art. 301 do CPC; defesas processuais)

NO MÉRITO (arts. 300, 302 e 303 do CPC)

DO PEDIDODiante do exposto, requer a V. Ex.ª:a) a remessa dos autos ao juízo competente ou prevento (preliminaresdilatórias do art. 301, II ou VII do CPC);

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b) a extinção do processo sem julgamento do mérito (preliminares pe-remptórias do art. 267 do CPC);c) a improcedência do pedido autoral (art. 269 do CPC);d) a condenação do autor aos ônus da sucumbência (art. 20 do CPC).

DAS PROVASRequer a produção de prova documental, pericial, testemunhal, bemcomo o depoimento pessoal do autor (arts. 332 e segs. do CPC)

P. Deferimento.

Rio de Janeiro, ____de_______________ de ______.

________________________________Nome do(a) advogado(a)

OAB/RJ nº xxxx

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1. RecursosSão assim chamados porque podem se exercitar dentro do processo emque surgiu a decisão impugnada; diferem das ações impugnativas autô-nomas, cujo exercício, em regra, pressupõe a irrecorribilidade da decisão,ou seja, o seu trânsito em julgado (ex.: ação rescisória).

2. Admissibilidade2.1. Juízo de admissibilidadeVerificação das condições impostas pela lei para que se possa apre-ciar o conteúdo da postulação. Com o resultado positivo, o recursoé admissível. Quando o órgão a que compete julgar o recurso o de-clara inadmissível, diz-se que ele não conhece do recurso. O juízo deadmissibilidade é preliminar ao de mérito.

2.2. Requisitos de admissibilidadeIntrínsecos: cabimento, legitimação para recorrer, interesse em recorrer einexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.Extrínsecos: tempestividade, regularidade formal e preparo.

3. Juízo de méritoApós a preliminar da admissibilidade, cumpre apreciar a matéria impug-nada, para acolhê-la, caso fundada, ou rejeitá-la, caso infundada. O obje-to do juízo de mérito é o próprio conteúdo da impugnação à decisãorecorrida. Pode ocorrer error in iudicando – reforma da decisão em razãoda má apreciação da questão de direito, ou da questão de fato, ou deambas. Pode ocorrer error in procedendo – invalidação da decisão porvício de atividade.

4. Teoria da causa maduraArt. 515, § 3o do CPC, alterado pela Lei 10.352/2001 – objetiva atender aoprincípio da efetividade da prestação jurisdicional, além da celeridade eeconomia processual. Possibilita que, sendo o processo extinto no pri-meiro grau sem exame do mérito e o Tribunal, em grau de recurso, enten-

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dendo descabida a extinção, possa decidir o mérito. Só é cabível a aplica-ção da causa madura se a matéria for unicamente de direito ou, sendotambém de fato, em relação a este não houver controvérsia.

5. Efeitos da interposiçãoImpedimento ao trânsito em julgado, efeito suspensivo e efeitodevolutivo.

6. Espécies. Disposições legais. ReformaLeis 10.352, de 26.12.2001, 10.358, de 27.12.2001, e 10.444, de 7.5.2002.

6.1. ApelaçãoArts. 513 ao 521 – sentença, com ou sem julgamento de mérito.

6.1.1. O novo inc. VII do art. 520 do CPC inclui, entre os casos de apela-ção sem efeito suspensivo, aquela que for interposta contra “sentençaque confirmar a antecipação de tutela”. Entende-se por essa expressão asentença que, decidindo o mérito a favor do beneficiado da antecipação,implícita ou explicitamente, reafirma a decisão antecipatória.

6.1.2. O art. 296 prevê o juízo de retratação em apelação de sentença queindefere a petição inicial.

6.2. AgravoArts. 522 ao 529 – decisão interlocutória. Não pode o recurso prejudicaro andamento do feito.

6.2.1. Agravo retidoA reforma introduziu no CPC um dispositivo de abrangência geral, desti-nado a demarcar divisas entre o agravo de instrumento e o agravo retido,dizendo: “Será retido o agravo das decisões proferidas na audiência deinstrução e julgamento e das posteriores à sentença, salvo nos casos dedano difícil e de incerta reparação, nos de inadmissão da apelação e nosrelativos aos efeitos em que a apelação é recebida.” (art. 523, § 4o, reda-ção dada pela Lei 10.352/2001).

6.2.2. O novo § 4o do art. 523 do CPC associa-se ao inc. II de seu art. 527,também trazido pela Lei 10.352/2001, segundo o qual é da competência

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do relator do agravo de instrumento convertê-lo em retido, nos casos emque o veto se imponha e, portanto, seja admissível este agravo e nãoaquele. Prazo: o prazo de resposta ao agravo retido antigo, de cinco dias,foi dilatado para dez dias, nos termos do art. 523, § 2o da Lei 10.352/2001.

6.2.3. Agravo de instrumentoA reforma do CPC trouxe inúmeras mudanças na disciplina legal do agra-vo de instrumento, objetivando maior celeridade de sua tramitação.

6.2.4. Comunicação ao juízo de origemArt. 526 – o legislador criou a norma no sentido de condicionar à inicia-tiva do agravado a possibilidade de extinção do agravo por falta decumprimento do ônus instituído pelo art. 526. Dessa forma, criou umaargüição em sentido estrito, ou seja, aquela que só pode ser apreciadapelo juiz se for levantada pelo interessado. Entende-se que tal alegaçãodeva ser feita logo nas contra-razões recursais, muito embora a lei nãoaponte o prazo.Art. 527, I – negar seguimento ao agravo. No entendimento do legislador,negar seguimento ao recurso abrangeria hipóteses de recursos desmere-cedores de conhecimento, por lhes faltar algum dos pressupostos deadmissibilidade, e recursos desmerecedores de provimento, porque de-samparados pelo Direito, pela jurisprudência ou pela prova. Negandoprovimento ao recurso, o relator impede que o mesmo siga para câmaraou turma.

6.2.5. Converter o agravo de instrumento em retidoArts. 527, II, e 523, § 4o – trata-se de uma inovação ao Direito vigenteantes da reforma.

6.2.6. Suspensão da medida e efeito ativoArts. 527, I, III, e 557, § 1o, a – admite que o relator tem não só o poderde suspender os efeitos da decisão agravada, como ainda de conceder,ele próprio, a medida urgente que o juiz inferior haja negado. O quesignifica dizer que efeito ativo seria o poder do relator de reverter umadecisão inferior negativa, agregando à situação processual do agra-vante efeito ativo.

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Obs.: Quando houver pedido de liminar no agravo, para concederefeito suspensivo, deverá ser destacado e fundamentado no art. 558do CPC, na peça de interposição.

6.3. Embargos de declaraçãoArts. 535 a 538 – quando na sentença ou no acórdão existe obscuridade,contradição; quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-seo juiz ou o tribunal.

6.4. Embargos infringentesArt. 530 – cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânimehouver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houverjulgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embar-gos serão restritos à matéria objeto da divergência (redação dada pelaLei 10.352, de 26.12.2001).

6.5. Agravo regimentalRegimento Interno do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro – CPC.

6.6. Recurso ordinárioSeu cabimento está disciplinado nos arts. 102, II, a, e 105, II, b, c da CF, earts. 539 e 540 do CPC.

6.7. Recurso extraordinárioArt. 102, III, a, b, c da CF e arts. 541 a 546 do CPC.

6.8. Recurso especialArt. 105, III, a, b, c da CF e arts. 541 a 546 do CPC.

6.9. Embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinárioArt. 496, VIII do CPC.

AULA 2

CASO CONCRETO

Luiz de Amoedo, representante legal da sociedade denominada TKTComércio de Roupas Ltda., CNPJ 00.152.587/0001-24, estabelecida na

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avenida das Américas, 4.666, loja 237 A, Barra da Tijuca, nesta cidade,comparece ao seu escritório. Diz que a referida sociedade atua no ramode confecção, e exerce seu comércio de forma idônea e transparente hávários anos, sem jamais ter tido qualquer mácula em seu nome; pautasempre sua conduta com lisura e correção, honra seus compromissos,seja com os clientes ou com seus fornecedores.

No dia X.X.XXXX, Luiz foi surpreendido ao receber intimações deaponte para pagamento, sob pena de protesto, de duas duplicatas mer-cantis levadas a cartório pelo banco Quero Seu Dinheiro S/A, com sedena rua Primeiro de Março, 33, Centro, nesta cidade, no valor total de R$300 mil.

Ocorre que a TKT jamais manteve relações negociais com a emitentedas duplicatas sem aceite, XPTO Ltda., com sede na rua Bonfim, 372/378,São Cristóvão, nesta cidade.

Luiz disse que, ao tomar conhecimento das cobranças bancárias,enviou, imediatamente, correspondência à instituição financeira, comu-nicando o ocorrido, a fim de evitar que as cobranças fossem levadasindevidamente a protesto, o que lhe causaria prejuízos irreparáveis.

No entanto, ignorando as suas explicações, os títulos, embora semorigem que os legitimasse, foram efetivamente protestados, causandoprejuízos à reputação da empresa TKT, além de comprometer seriamentesua linha de crédito no mercado financeiro em momento tão difícil erecessivo pelo qual passa o País.Elabore a peça processual cabível.

AULA 3

CASO CONCRETO

Amilton Buarque, brasileiro, viúvo, aposentado, 68 anos, residente narua das Maracás, 789/607, Del Castilho, procura você, advogado(a), embusca de auxílio. Descobriu ser portador do vírus da hepatite C e não temcondições financeiras de arcar com os custos do tratamento. Ele vive daaposentadoria, no valor de R$ 420,00, e para manter-se vivo precisa con-sumir por mês duas caixas do medicamento Interferon – uma caixa custa

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R$ 300. A doença, além de ser crônica, pode evoluir para cirrose ou atémesmo câncer de fígado.

Seu cliente disse ainda que procurou as Secretarias de Saúde doestado e do município, e os funcionários informaram que não há remédioe que ele, cidadão, tem o dever de cuidar da própria saúde.Você, na qualidade de advogado(a), deve propor a medida judicial cabí-vel para amparar o direito de Amilton.

AULA 4

CASO CONCRETO

Pedro da Silva, brasileiro, solteiro, operário da construção civil, com 21anos de idade, residente, no Rio de Janeiro, na rua dos Ipês, lote 43, casa5, São João de Meriti, foi atropelado na avenida Brasil, próximo ao n°6.776, no dia 6.8.2004. No Hospital Estadual da Misericórdia, foi consta-tada fratura exposta do fêmur direito, prestado o primeiro atendimento eprovidenciada a sua internação.

No dia seguinte, Pedro foi operado e encaminhado à sala da enferma-ria com a perna engessada por cima da ferida costurada com 18 pontos.Após o término do efeito da anestesia Pedro sentiu o gesso incomodan-do, tendo sido aberto e cuidada a ferida.

Pedro recebeu alta no dia 23 de agosto de 2004, apesar de sua pernajá estar infeccionada, com receita de medicamentos, tendo sido marcadoseu retorno ao hospital para o dia 30, uma semana depois.

Pedro retornou na data marcada, alegando fortes dores e febre, sen-do trocada a medicação e marcado novo retorno para o dia 7 de setembro.

No dia 5 de setembro, ainda com muitas dores e febril, Pedro retornouao hospital estadual, já em estado crítico, tendo sido levado ao centrocirúrgico para a amputação de sua perna, por gangrena.

Ressalte-se que a cada comparecimento ao hospital, Pedro foi aten-dido por médicos e enfermeiros diferentes, recebendo prescrições demedicamentos diversos. Sua avó, Neide, que sempre o acompanhava,possui todas as receitas e as notas de farmácia.

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Como era arrimo de família, por não ter pais vivos, ajudando na cria-ção de dois irmãos menores, todos vêm sobrevivendo com extrema difi-culdade, às custas de sua avó de 65 anos, que trabalha como lavadeira.Promova a medida judicial cabível.

AULA 5

CASO CONCRETO

Ricardo Martins, Sérgio de Almeida e Carlos Braga, brasileiros, solteiros,médicos, procuram você, advogado(a), porque foram citados para con-testar ação de responsabilidade civil por danos morais e materiais, pelorito ordinário, movida por Amilcar Dantas, representado por sua curadoraVanda Dantas, em curso perante a 17a Vara Cível da comarca da capital,processo 2005.001.098765-9.

O autor alega que os réus o atenderam no ambulatório do Hospitalde São Francisco, estabelecimento particular situado na rua Paraíso, 999,na Tijuca. Figura no pólo passivo da ação o diagnóstico de um quadro de“coxartrose bilateral”, mais acentuada à esquerda, com indicação paratratamento cirúrgico.

O autor alega que na cirurgia houve erro por parte dos médicos réus,que operaram a perna direita em vez da esquerda. Passados 15 dias, amesma equipe médica, no mesmo hospital, operou a outra perna. Mas,em virtude do erro, teve uma permanência muito mais longa no hospital,sentiu dores horríveis e precisou de acompanhantes, em caráter perma-nente, após a alta hospitalar.

O pedido é de condenação dos réus solidariamente, ao pagamentode R$ 15 mil de danos materiais e o equivalente a 4.200 salários mínimosa título de danos morais, bem como nas custas judiciais e honoráriosadvocatícios calculados em 20% sobre o valor da condenação, atribuin-do à causa o valor de R$ 15 mil.

Seus clientes informam que os fatos não ocorreram como alegado nainicial. Na verdade, no dia 18 de setembro de 2003 o autor compareceu aoambulatório de ortopedia do Hospital de São Francisco, conduzido porsua esposa Vanda, ora curadora, que ingressou inicialmente sozinha noconsultório, por sua própria escolha, porque o autor apresentava quadro

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de desorientação e agitação decorrentes do Mal de Alzheimer, segundoela, diagnosticado em 1999.

A curadora do autor foi atendida pelo segundo réu, Dr. Sérgio. Nessaocasião, a curadora do autor apresentou exames radiográficos que evi-denciavam quadro de “coxartrose bilateral”, mais acentuada à esquerda.Ressalte-se que os exames apresentados por ocasião da consulta, depropriedade do autor, não foram trazidos aos autos. Apenas foi juntado,às fls. 26, um único laudo de exame radiográfico. Os demais, que eviden-ciam a bilateralidade da patologia, foram omitidos. O segundo réu ava-liou o paciente e, diante dos exames apresentados, em poder da curadorado autor, indicou tratamento cirúrgico consistente em “artroplastia totalde quadril”. Encaminhou-o, então, para o ambulatório de clínica médicapara avaliação pré-operatória para as cirurgias dos dois quadris.

Na manhã do dia 5 de outubro de 2003, sábado, o autor foi conduzidoao centro cirúrgico para a realização da primeira cirurgia em um dos qua-dris. O anestesista, Dr. Jairo Pereira, constatando que o autor estavaextremamente agitado e após contato telefônico com o neurologista doautor, optou pela realização de anestesia geral. Em razão da opção pelaanestesia geral, para diminuir o tempo da cirurgia, reduzindo, conse-qüentemente os riscos neurológicos para o paciente, debilitado pelo Malde Alzheimer, a equipe de ortopedia, composta pelos réus, optou porrealizar primeiro a cirurgia do lado menos afetado, o direito, posto que,obrigatoriamente, a solução para a patologia do autor seria cirúrgica paraambos os quadris. O autor teve boa evolução no pós-operatório imedia-to da cirurgia.

A segunda cirurgia, no quadril mais afetado, o esquerdo, foi agendadacom a mesma equipe médica e no mesmo hospital, evidenciando a confi-ança da família do autor no trabalho realizado pelos réus. No dia 20 deoutubro de 2003, domingo, o autor foi submetido à segunda etapa dotratamento, com a realização da “artroplastia total do quadril esquerdo”,desta vez sob anestesia raquidiana, porque o paciente não apresentavao quadro de agitação psicomotora ocorrido na primeira cirurgia. Oanestesista que atendia a equipe de ortopedia, aos domingos, era o Dr.Daniel Cruz. A cirurgia transcorreu bem. Durante todo o período de suainternação, o autor foi submetido a tratamento fisioterápico – respirató-rio e motor.

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Por ocasião da alta hospitalar, em 21 de novembro de 2003, o autor jáandava, com auxílio. Na última consulta ambulatorial, no dia 28, umasemana depois, já andava por seus próprios meios e não apresentavamais dores nos quadris operados. O tratamento cirúrgico ministrado aoautor pelos réus obteve completo êxito na solução da patologia ortopé-dica apresentada. Os procedimentos necessários ao tratamento do autorsão, de fato, dolorosos e requerem certo tempo de hospitalização. Oestado avançado de demência decorrente do Mal de Alzheimer em que seencontrava o autor, com crises intermitentes de agitação psicomotora,dificultaram sobremaneira a sua reabilitação. Ocorre que esses fatos nãopodem ser imputados aos réus; são exclusivos do autor. Quanto aosalegados gastos com as próteses, cabe esclarecer que os pagamentosforam feitos pela ora curadora do autor, diretamente ao fornecedor daspróteses que foram utilizadas nas duas cirurgias. Certo é que não houveo alegado erro médico! Os médicos, ora réus, agiram com precisão técni-ca, visando o melhor interesse do paciente.Os prontuários médicos do ambulatório e do período da internação, ane-xos por cópia, evidenciam a correção e o zelo da equipe médica. Elaborea defesa dos réus.

AULA 6

CASO CONCRETO

Giovani Verzoni é o legítimo proprietário de uma área de 450 metros qua-drados, nesta cidade, na rua Maria Macedo, quadra 61, gleba B, lote 14do PA 17.906, Recreio dos Bandeirantes, descrita e caracterizada na ma-trícula nº 123. 456 do 9ª RGI. O imóvel está localizado na quadra da praia,junto ao calçadão do Recreio dos Bandeirantes.

Em 1º de fevereiro de 2002, Giovani locou o terreno para Sol doRecreio Restaurante Ltda., conforme prova o anexo instrumento de con-trato de locação. Passados três anos de vigência do contrato, Giovaniprocurou o representante legal do locatário, Jorge Gurgel para, nos ter-mos do art. 18 da Lei 8.245/1991, reajustar o aluguel mensal de R$ 500,00.

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Não obstante as tentativas de acordo, não lograram êxito. O locatá-rio alegou que usa o terreno como estacionamento gratuito para os clien-tes do restaurante e não pode pagar mais.

O valor mensal do aluguel atual está completamente defasado emrelação à realidade de mercado; gera desequilíbrio contratual que neces-sita ser corrigido. A área teve grande valorização. Atualmente o valorlocatício é de R$ 9 mil.Giovani procura você, advogado(a), munido de três laudos de avaliaçãodo terreno em cerca de R$ 900 mil. Promova a medida judicial cabível.

AULA 7

CASO CONCRETO

César Santos, brasileiro, solteiro, biólogo, domiciliado na cidade do Riode Janeiro, onde reside na rua Barata Ribeiro, 300/901, Copacabana, emabril de 2002 firmou contrato com a financeira Só Débito S/A, para aqui-sição do automóvel marca Fiat, modelo Tempra, ano 2000. O carro foialienado fiduciariamente à financiadora, em garantia real do fiel cumpri-mento do contrato. O valor do contrato foi de R$ 27.200,00, a ser pago em36 parcelas.

Em junho de 2004, em dificuldade financeira, César vendeu o veículopara José Carlos Pereira, que se comprometeu a efetuar, pontualmente, opagamento das parcelas faltantes. Todavia, a partir da 29ª parcela, Josédeixou de efetuar os pagamentos.

A financeira ajuizou em face de César, ação de busca e apreensão,com fulcro no Decreto-lei 911/1969, que tramita perante o juízo da 17ªVara Cível da comarca da capital. Deferida a liminar de busca e apreensão,não pôde ser cumprida pelo fato de o veículo não estar com César.

O não cumprimento da liminar motivou o requerimento de conversãoem ação de depósito, que foi julgado procedente, determinando queCésar entregue o bem ou o seu equivalente em dinheiro, em 24 horas, sobpena de prisão.

Você, advogado(a), é procurado por César. Ele diz que, na ocasião daassinatura do contrato, em virtude das informações prestadas pelo fun-

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cionário da concessionária, pensava estar fazendo um financiamentocomo qualquer outro, e desconhecia a possibilidade de prisão, e nãosabe onde está o automóvel. Por fim, em desespero, afirma que não pos-sui a importância cobrada em juízo.Diante dessas informações, elabore a peça processual cabível, a fim deevitar a prisão de César.

AULA 8

CASO CONCRETO

Isadora Mendes, brasileira, solteira, estudante universitária, 18 anos,residente na rua da Ajuda 37/906, Campo Grande, Rio de Janeiro, dirige-se ao Núcleo de Primeiro Atendimento dos Juizados Especiais Cíveis, noCentro da cidade. Diz que sua mãe, Aparecida Mendes, brasileira, soltei-ra, comerciante, foi atropelada há 29 dias, e está na UTI do Hospital Vida,estabelecimento particular localizado na Tijuca, para o qual foi levada eadmitida por ter na bolsa, na ocasião do acidente, a carteira de associadaao plano de saúde Dodói, com sede na avenida Rio Branco, 10, 10° andar.Está vinculada ao plano há dez anos, sem jamais ter atrasado uma mensa-lidade.

Aparecida necessitou de uma cirurgia no cérebro, realizada com êxi-to esta semana. Para sua recuperação é essencial a permanência na UTI,por tempo indeterminado, segundo laudos médicos apresentados.

Ocorre que o plano de saúde informou ao hospital que só cobrirá asdespesas de UTI até o trigésimo dia, porque o plano de Aparecida, porser anterior à Lei 9.656/1998 não lhe confere direito a período maior deinternação em UTI. O hospital, por sua vez, notificou Isadora de que,caso ela não providencie depósito relativo às diárias na UTI, que são deR$ 2 mil, sua mãe será removida para a enfermaria, cujo pagamento serácusteado pelo plano de saúde.

Ciente do risco de vida que tal remoção pode acarretar à sua mãe,Isadora está desesperada. Não tem outros parentes no Rio de Janeironem dinheiro sequer para despesas mínimas. É totalmente dependenteda mãe.

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Você, estagiário(a) do JEC, considerando o princípio contido no incisoIII do art. 1° da Constituição Federal, as disposições do Código de Defe-sa do Consumidor, assim como a urgência do caso, elaborou a peçaprocessual necessária requerendo a antecipação de tutela que determi-nasse a manutenção da paciente internada na UTI do hospital réu, àsexpensas do plano de saúde réu, pelo tempo necessário ao seu completorestabelecimento, sob pena de multa diária de R$ 2 mil.

A ação foi distribuída para o XXI Juizado Especial Cível e o magistra-do indeferiu a tutela antecipada por considerar a impossibilidade de vis-lumbrar em Isadora legitimação para postular em face do plano de saúdee do hospital. Por fim, afirmou que a Lei 9.556/1998 somente se aplica aoscontratos firmados após a sua entrada em vigor.Promova a medida judicial cabível para salvaguardar o direito à vida deAparecida.

AULA 9

CASO CONCRETO

O juiz da 15º Vara de Fazenda Pública da comarca do Rio de Janeiro, nosautos da anulatória de débito fiscal, com pedido de antecipação de tute-la, processo nº 2004.000.00001-1, proposta por ALB Construções Ltda.,contra o município do Rio de Janeiro proferiu a seguinte decisão:

“Trata-se de pedido de antecipação de tutela para suspender aexigibilidade de crédito tributário formulado no bojo de ação que tem porobjeto a anulação do lançamento de diferença do IPTU incidente sobre oimóvel de propriedade da autora. A diferença é relativa ao exercício de1998. Para demonstrar a verossimilhança do seu direito, a autora alegaque, em janeiro de 2004, quando foi notificada do lançamento da diferen-ça, o crédito tributário já estava extinto pela decadência, uma vez quedecorridos mais de 5 (cinco) anos do primeiro dia do exercício civil se-guinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetivado. Alémdisso, a autora alega que em face da atividade que exerce participa roti-neiramente de licitações, razão pela qual a concessão liminar da antecipa-ção de tutela é medida necessária para impedir a consumação de dano

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grave e de difícil reparação, uma vez que sem a medida ela ficará impedidade participar de licitações. Não vislumbro a presença dos requisitos queautorizam a concessão de antecipação de tutela.

Há nos autos prova de que: (I) a diferença foi apurada em processoadministrativo instaurado de ofício pela Prefeitura em dezembro de 1999;e (II) a guia relativa ao lançamento da diferença foi emitida em 20 dedezembro de 2003. É certo que a autora não foi notificada do início daação fiscal e, além disso, só foi notificada do lançamento da diferença em20 de janeiro de 2004. Mas isso é irrelevante, uma vez que a diferença érelativa ao exercício de 1998 e a constituição do crédito tributário teveinício em dezembro de 1999, com a instauração do processo administrati-vo. Além disso, reporto-me à decisão administrativa de 30 de maio de2004 ( fls. 80 destes autos ), a qual julgou improcedente a impugnaçãooferecida pela autora, uma vez que a guia correspondente à diferença foiemitida em dezembro de 2003, antes, portanto, de consumada a decadên-cia, vez que o prazo começou a correr em 1º de janeiro de 1999. Alémdisso, de acordo com o art. 38 da Lei 6.830/1980 e com a Súmula nº 112 doSTJ, só o depósito em dinheiro e integral do crédito tributário suspendea sua exigibilidade, do que decorre a impossibilidade de concessão deantecipação de tutela. Nessas condições, indefiro o pedido de antecipa-ção de tutela. Intime-se e cite-se o Município.”A decisão foi publicada no Diário Oficial. Redija a peça processual a serapresentada pela autora em face da decisão. Assine: Luiz Gustavo Vieira,advogado inscrito na OAB/RJ sob o nº 20.002, com escritório na avenida.Marechal Câmara, 10/5º andar, Rio de Janeiro.

AULA 10

CASO CONCRETO

Você, advogado(a), atua no processo abaixo relatado, desde o início. Suacliente, Maria Pia Abrantes, viveu em união estável com Wagner Penedodurante oito anos, mais precisamente, de abril de 1992 até o seu faleci-mento, em abril de 2000.

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Maria Pia moveu ação de reconhecimento de união estável c/c parti-lha perante a 1a Vara de Família Regional da Barra da Tijuca (processo2001.209.999999-5), cujo pedido foi julgado procedente. Eis um trecho dasentença: “(...) a existência da união estável, no período de abril de 1993a abril de 2000 e o direito da suplicante à metade dos bens adquiridosonerosamente no curso da mesma, nos termos da fundamentação supra,consoante apurado em liquidação por artigos. (...)”

Em sede recursal, a 13a. Câmara Cível do Tribunal de Justiça, nosautos da Apelação n° 2003.001.12345, modificou a decisão por maioria devotos. Eis a transcrição parcial da decisão: “(...) deu-se provimento par-cial ao recurso para, reformando em parte a sentença, restringir o direitoda autora/apelada à metade dos bens adquiridos onerosamente pelo fa-lecido a partir da vigência da Lei n° 9.278, de 10 de maio de 1996. (...)”Considerando que grande parte do patrimônio objeto da discussão foiadquirido entre 1992 e 1996, promova a medida judicial cabível para adefesa dos interesses de sua cliente.

AULA 11

CASO CONCRETO

João dos Reis, de seis anos, por ser portador da Síndrome de WerdingHoffman (atrofia muscular espinhal – SMA), necessita de medicamentoscaríssimos, além de aparelhos para conseguir respirar e sobreviver. Semmedicação adequada, está exposto a risco de morte permanente.

Seu pai e sua mãe não dispõem mais de recursos para custear otratamento. Somente lhes resta a alternativa judicial. Deste modo, o me-nor, representado por seu pai, Manoel dos Reis, ajuizou Ação Ordináriade Obrigação de Fazer, com pedido de tutela antecipada, a fim de obter ofornecimento da medicação e de aparelhos necessários para o tratamen-to da doença. A ação foi ajuizada em face do município de Nova Friburgo,domicílio do autor.

O pedido de tutela antecipada foi integralmente atendido na primeirainstância. O juiz da 2ª Vara Cível da comarca de Nova Friburgo determi-nou que o município réu fornecesse os medicamentos e os aparelhos. O

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município réu, porém, recorreu da decisão e o Agravo de Instrumentointerposto foi provido por maioria pela 14ª Câmara Cível do TJ, cassandoa tutela antecipada.Inconformado com a decisão proferida nos autos do Agravo de Instru-mento, elabore o recurso cabível para o STJ, ciente do que dispõe o art.542 parágrafo 3° do CPC.

AULA 12

CASO CONCRETO

Tomando por base o caso concreto da aula anterior, elabore o recursocabível para o STF.