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Pós-Graduação em Ciência da Computação “Uma Análise do Uso de Redes Sociais como Ferramenta para Gestão do Conhecimento” Por Ricardo Araújo Costa Tese de Doutorado Universidade Federal de Pernambuco [email protected] www.cin.ufpe.br/~posgraduacao RECIFE, MARÇO/2012

Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

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Pós-Graduação em Ciência da Computação

“Uma Análise do Uso de Redes Sociais como

Ferramenta para Gestão do Conhecimento”

Por

Ricardo Araújo Costa

Tese de Doutorado

Universidade Federal de Pernambuco

[email protected] www.cin.ufpe.br/~posgraduacao

RECIFE, MARÇO/2012

Page 2: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE INFORMÁTICA

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

RICARDO ARAÚJO COSTA

“UMA ANÁLISE DO USO DE REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO”

ESTE TRABALHO FOI APRESENTADO À PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO DO CENTRO DE INFORMÁTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO.

ORIENTADOR: PROF. DR. SILVIO R. DE L. MEIRA

RECIFE, MARÇO/2012

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Catalogação na fonte Bibliotecária Jane Souto Maior, CRB4-571

Costa, Ricardo Araújo

Uma análise do uso de redes sociais como ferramenta para gestão do conhecimento / Ricardo Araújo Costa. - Recife: O Autor, 2012. xiv, 185 folhas: il., fig., tab., quadro Orientador: Silvio Romero de Lemos Meira. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco. CIn, Ciência da Computação, 2012. Inclui bibliografia. 1. Engenharia de software. 2. Gestão do conhecimento. I. Meira, Silvio Romero de Lemos (orientador). II. Título. 005.1 CDD (23. ed.) MEI2012 – 065

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Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em

Ciência da Computação do Centro de Informática da Universidade Federal de

Pernambuco, sob o título “Uma análise do uso de Redes Sociais como ferramenta

para Gestão do Conhecimento” orientada pelo Prof. Silvio Romero de Lemos Meira

e aprovada pela Banca Examinadora formada pelos professores:

_______________________________________________

Profa. Ana Carolina Brandão Salgado

Centro de Informática / UFPE

_______________________________________________

Profa. Patricia Cabral de Azevedo Restelli Tedesco

Centro de Informática / UFPE

_______________________________________________

Prof. Vinicius Cardoso Garcia

Centro de Informática / UFPE

_______________________________________________

Profa. Flávia Maria Santoro

Departamento de Informática Aplicada / UNIRIO

_______________________________________________

Profa. Claudia Lage Rebello da Motta

Instituto Tércio Pacitti / UFRJ

Visto e permitida a impressão.

Recife, 9 de março de 2012.

__________________________________________

Prof. Nelson Souto Rosa Coordenador da Pós-Graduação em Ciência da Computação do

Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco.

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A minha esposa Patrícia

A meu filho Pedro

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iv

Agradecimentos

Após um trabalho tão longo, espero não me esquecer de mencionar todos os que merecem

meu agradecimento.

Começo agradecendo ao professor, orientador, amigo, e mentor, Silvio Meira. Silvio

me acompanha desde o trabalho de conclusão de curso de graduação, me orientando no

mestrado, e mais uma vez no doutorado, nunca desistindo de mim, mesmo quando forneci

motivos. Com seu conhecimento e sua sabedoria, Silvio é um dos principais responsáveis

pelo meu desenvolvimento acadêmico, profissional e humano. Espero que nossos

caminhos continuem se encontrando, pois cada conversa com Silvio representa um

aprendizado único.

Agradeço ainda às professoras Ana Carolina Salgado, Patrícia Tedesco, Flavia

Santoro, Claudia Motta e ao professor Vinícius Garcia, pela enorme contribuição ao

trabalho tanto na defesa da proposta de tese quanto na defesa da tese. Seus comentários

foram enriquecedores e suas críticas construtivas. Tenho orgulho de ter sido avaliado por

pessoas como vocês.

Agradeço também a todos que participaram do grupo ROCKS pelas conversas,

ideias e apoio. Em especial, gostaria de agradecer a Rafael Ribeiro e Edeilson Milhomem,

que me acompanharam mesmo após a dissolução do grupo e continuaram contribuindo

com esta pesquisa.

Gostaria de agradecer aos membros do C.E.S.A.R com que tive contato, não só

durante a realização deste trabalho, mas durante toda a minha história nesta instituição

única em todos os aspectos. Devo um agradecimento especial a Benedito Macedo (Beto),

por ter me dado condições de finalizar este trabalho mesmo após a minha saída da

organização.

Agradeço ainda a Bel, Celso, Fábio, Flávia, Fred, Haidee, Lucas, Mabuse, Melissa,

Tairone, Thun Pin e Walter, que fizeram parte da equipe do a.m.i.g.o.s. Acredito que

criamos uma família durante o projeto e, independente do caminho que a vida nos destina,

sempre seremos a equipe do a.m.i.g.o.s. Gostaria de agradecer em especial a minha amiga

Paulyne Jucá, com quem pude compartilhar tantas incertezas e dúvidas, tanto profissionais

quanto acadêmicas, em especial aquelas que se referiam aos nossos doutorados.

Agradeço ainda aos meus grandes amigos, Fabian Bezerra e Fábio Gomes, apenas

por vocês existirem e serem meus amigos. Durante toda esta caminhada, perto ou longe,

vocês estiveram comigo.

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Não posso esquecer-me de agradecer a minha família. Minha mãe, meu pai, meus

irmãos Rafael, Rúbia, Márcio e Bia, minha avó Beatriz, Nicodemos, Valéria, meus tios e

tias, todos sabem o quanto ajudaram para que este trabalho chegasse ao fim.

Por fim, gostaria de deixar meu agradecimento mais do que especial a minha esposa

Patrícia. Obrigado por estar comigo, por ser quem você é, por aturar meus defeitos, por me

dar forças para continuar, por não permitir que eu fraquejasse no meio do caminho. Você

sabe que foi a principal responsável por eu não desistir, e se hoje este trabalho está aqui,

devo a você. Obrigado por me dar este presente tão especial chamado Pedro, fruto do

nosso amor, que chegou durante o andamento deste trabalho, e a quem dedico, junto com

você, este trabalho.

Pedro, espero que um dia tenhas orgulho de teu pai, não necessariamente por este

trabalho, e sim pelo pai que serei para você. Peço desculpas pelas horas que este trabalho

me tirou de você, mas tenho certeza que recompensarei todas elas com muito amor.

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vi

Índice

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .................................................................................. 1

1.1. ORGANIZAÇÃO DESTA TESE .................................................................................... 7

CAPÍTULO 2 – GESTÃO DO CONHECIMENTO ................................................... 9

2.1. CONHECIMENTO ..................................................................................................... 9

2.2. CATEGORIAS DE CONHECIMENTO .......................................................................... 11

2.3. GESTÃO DO CONHECIMENTO ................................................................................ 12

2.3.1. Desafios para a Gestão do Conhecimento ................................................... 14

2.4. PROCESSOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO ........................................................ 18

2.4.1. A Espiral do Conhecimento .......................................................................... 18

2.4.2. Outros Processos para a Gestão do Conhecimento ..................................... 20

2.5. MÉTRICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO .......................................................... 23

2.6. ESTILOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO ............................................................. 25

2.6.1. Estilo Passivo ............................................................................................... 26

2.6.2. Estilo Orientado a Sistemas ......................................................................... 26

2.6.3. Estilo Orientado a Pessoas .......................................................................... 27

2.6.4. Estilo Dinâmico ............................................................................................ 27

2.7. ESCOLAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO ............................................................ 28

2.8. COMUNIDADES DE PRÁTICA .................................................................................. 31

2.9. SUMÁRIO .............................................................................................................. 32

CAPÍTULO 3 – REDES SOCIAIS ............................................................................. 34

3.1. ANÁLISE DE REDES SOCIAIS ................................................................................. 36

3.2. REDES SOCIAIS SÃO COMUNIDADES VIRTUAIS? ................................................... 40

3.3. REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO ............. 42

3.4. SUMÁRIO .............................................................................................................. 47

CAPÍTULO 4 – MÉTODO DE PESQUISA E PROBLEMA .................................. 49

4.1. PESQUISA-AÇÃO ................................................................................................... 49

4.2. O PROBLEMA ........................................................................................................ 52

4.3. O TRABALHO PROPOSTO ...................................................................................... 53

4.4. TRABALHOS RELACIONADOS ................................................................................ 60

4.5. SUMÁRIO .............................................................................................................. 68

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CAPÍTULO 5 – A.M.I.G.O.S ...................................................................................... 69

5.1. REQUISITOS INICIAIS ............................................................................................. 69

5.1.1. Cadastro de usuários .................................................................................... 70

5.1.2. Manutenção do Perfil do Usuário ................................................................ 71

5.1.3. Gerenciamento de Documentos .................................................................... 71

5.1.4. Gerenciamento de Sites ................................................................................ 72

5.1.5. Gerenciamento de Relacionamentos entre Usuários ................................... 72

5.1.6. Gerenciamento das Narrativas ..................................................................... 72

5.1.7. Gerenciamento de Comunidades Virtuais .................................................... 73

5.1.8. Gerenciamento das Perguntas Feitas ao Usuário ....................................... 73

5.1.9. Buscas ........................................................................................................... 74

5.2. FUNCIONALIDADES ............................................................................................... 74

5.2.1. Perfis ............................................................................................................. 74

5.2.2. Histórias ....................................................................................................... 78

5.2.3. Relacionamentos ........................................................................................... 82

5.2.4. Comunidades Virtuais .................................................................................. 82

5.2.5. Objetos .......................................................................................................... 86

5.2.6. Folksonomia ................................................................................................. 87

5.2.7. Perguntas ...................................................................................................... 88

5.2.8. Recomendações ............................................................................................ 88

5.2.9. Notificações .................................................................................................. 91

5.2.10. Projetos ....................................................................................................... 91

Histórias e Objetos ............................................................................................. 93

Folksonomia ....................................................................................................... 94

Discussões .......................................................................................................... 94

Agenda ................................................................................................................ 94

Atividades ........................................................................................................... 94

Membros ............................................................................................................. 95

Timeline .............................................................................................................. 96

5.3. ARQUITETURA ...................................................................................................... 96

5.3.1. Componentes ................................................................................................ 97

5.3.2. Entidades .................................................................................................... 102

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5.4. MAPEAMENTO DE UM PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NO A.M.I.G.O.S.

.................................................................................................................................. 111

5.4.1. Criação e Captura ...................................................................................... 112

5.4.2. Refinamento e Armazenamento .................................................................. 113

5.4.3. Gerenciamento ........................................................................................... 114

5.4.4. Disseminação ............................................................................................. 115

5.5. SUMÁRIO ............................................................................................................ 116

CAPÍTULO 6 – CICLOS DA PESQUISA-AÇÃO .................................................. 117

6.1. GESTÃO DO CONHECIMENTO NO C.E.S.A.R ....................................................... 117

6.2. PRIMEIRO CICLO ................................................................................................. 120

6.3. SEGUNDO CICLO ................................................................................................. 126

6.3.1. Entrevistas .................................................................................................. 135

Experiência Profissional e em Gestão do Conhecimento ................................ 137

Frequência de Uso ........................................................................................... 138

Situação da Iniciativa ....................................................................................... 139

6.3.2. Propostas de melhoria para versão 3.0...................................................... 142

Usabilidade ....................................................................................................... 142

Conceitos de Gestão do Conhecimento na Rede Social ................................... 144

6.4. TERCEIRO CICLO................................................................................................. 149

6.4.1. Entrevistas .................................................................................................. 156

Blog do C.E.S.A.R ............................................................................................. 158

Mantis LA ......................................................................................................... 158

C.E.S.A.R Wiki .................................................................................................. 159

Uso do a.m.i.g.o.s ............................................................................................. 159

Avaliação da Iniciativa ..................................................................................... 161

6.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 163

CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO ................................................................................ 169

7.1. CONTRIBUIÇÕES ................................................................................................. 171

7.2. TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................ 175

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 178

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Índice de Figuras

Figura 2.1: A espiral do conhecimento, adaptado de (NONAKA; TAKEUCHI, 2004) 19

Figura 2.2: Processo de gestão do conhecimento proposto por Goldoni (2007) ........... 23

Figura 2.3: Escolas de Gestão do Conhecimento .......................................................... 29

Figura 3.1: Organograma de uma organização estudada (CROSS et al., 2001) .......... 38

Figura 3.2: Organização informal dos relacionamentos existentes na organização

(CROSS et al., 2001) ...................................................................................................... 39

Figura 4.1: Sistema durante o 1º ciclo ........................................................................... 56

Figura 4.2: Sistema no 2º ciclo ...................................................................................... 57

Figura 4.3: Sistema no 3º ciclo ...................................................................................... 58

Figura 5.1: Perfil do usuário na 2ª fase ......................................................................... 76

Figura 5.2: Perfil de usuário na 3ª fase ......................................................................... 77

Figura 5.3: Histórias na 1ª página ................................................................................. 79

Figura 5.4: Mapa de Histórias ....................................................................................... 80

Figura 5.5: Novos conceitos, que substituíram as histórias, na 1ª página .................... 81

Figura 5.6: Contatos de um usuário .............................................................................. 83

Figura 5.7: Comunidade Virtual .................................................................................... 84

Figura 5.8: Arquivos de um usuário .............................................................................. 85

Figura 5.9: Bookmarks de um usuário ........................................................................... 86

Figura 5.10: Tagcloud de um projeto ............................................................................ 87

Figura 5.11: Perguntas .................................................................................................. 89

Figura 5.12: Mensagens que representam recomendações ........................................... 90

Figura 5.13: Página inicial de um projeto ..................................................................... 92

Figura 5.14: Timeline de um projeto.............................................................................. 95

Figura 5.15: Visão de Componentes do a.m.i.g.o.s ....................................................... 97

Figura 5.16: Estrutura em camadas dos componentes ................................................ 100

Figura 5.17: Diagrama de sequência de criação de um relato ................................... 101

Figura 5.18: Trecho de XML para definição de observadores .................................... 102

Figura 5.19: Entidades relacionadas à Comunidade .................................................. 103

Figura 5.20: Entidades relacionadas a Projeto ........................................................... 104

Figura 5.21: Entidades relacionadas a Usuário .......................................................... 106

Figura 5.22: Visão detalhada das entidades relacionadas a Fórum ........................... 108

Figura 5.23: Visão detalhada das entidades relacionadas à Narrativa ...................... 109

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Figura 5.24: Visão detalhada das entidades relacionadas a Objeto ........................... 110

Figura 5.25: Gestão do Conhecimento no a.m.i.g.o.s. ................................................. 112

Figura 6.1: Página inicial do C.E.S.A.R Wiki .............................................................. 117

Figura 6.2: Utilização mensal do a.m.i.g.o.s ............................................................... 123

Figura 6.3: Utilização mensal do Wiki ........................................................................ 124

Figura 6.4: Utilização mensal das listas de e-mail ...................................................... 125

Figura 6.5: Número de novos itens de conhecimento, discussões e recomendações. .. 130

Figura 6.6: Número de contatos adicionados .............................................................. 130

Figura 6.7: Número de itens lidos ................................................................................ 131

Figura 6.8: Número de qualificações ........................................................................... 132

Figura 6.9: Número de qualificações positivas ........................................................... 133

Figura 6.10: Número de itens classificados ................................................................. 134

Figura 6.11: Número de acessos a uma tag ................................................................. 135

Figura 6.12: Visitantes únicos ..................................................................................... 136

Figura 6.13: Percentual de Sucesso da Iniciativa e da Ferramenta, respectivamente.142

Figura 6.14: Classificação do Conhecimento no a.m.i.g.o.s. ...................................... 145

Figura 6.15: Entidades e Visões propostas .................................................................. 146

Figura 6.16: Wireframe utilizado nos testes dos novos conceitos propostos .............. 147

Figura 6.17: Número de itens de conhecimento criados ............................................. 150

Figura 6.18: Número de itens de conhecimento lidos .................................................. 151

Figura 6.19: Número de novos contatos adicionados .................................................. 152

Figura 6.20: Número de itens de conhecimento classificados com tags ..................... 152

Figura 6.21: Número de itens de conhecimento avaliados .......................................... 153

Figura 6.22: Número de itens de conhecimento bem avaliados .................................. 154

Figura 6.23: Número de acessos a uma tag ................................................................. 154

Figura 6.24: Visitantes únicos ..................................................................................... 155

Figura 6.25: Métricas de Criação e Marcos da Pesquisa ........................................... 166

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Índice de Quadros

Quadro 4.1: Resumo dos ciclos da pesquisa-ação ......................................................... 59

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Índice de Tabelas

Tabela 6.1: Utilização do a.m.i.g.o.s ........................................................................... 123

Tabela 6.2: Distribuição nas ocupações dos entrevistados. ........................................ 137

Tabela 6.3: Experiência em Gestão do Conhecimento dos entrevistados. .................. 137

Tabela 6.4: Aspectos de gestão do conhecimento. ....................................................... 138

Tabela 6.5: Frequência de uso do a.m.i.g.o.s. pelos entrevistados. ............................. 138

Tabela 6.6: Pontos Negativos identificados na iniciativa. ........................................... 139

Tabela 6.7: Pontos Positivos identificados na iniciativa. ............................................ 140

Tabela 6.8: Pontos de Melhoria para a iniciativa. ...................................................... 141

Tabela 6.9: Distribuição nas ocupações dos entrevistados. ........................................ 157

Tabela 6.10: Aspectos de gestão do conhecimento. ..................................................... 157

Tabela 6.11: Iniciativas de Gestão do Conhecimento na Organização. ...................... 158

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xiii

Resumo

As organizações estão sempre à procura de formas de aumentar seu desempenho e,

consequentemente, melhorar sua competitividade, seja no segmento em que já se encontra,

ou através de sua inserção em novos nichos de mercado. Uma das formas mais conhecidas

para obtenção destes objetivos é através da realização da gestão do conhecimento

organizacional.

O uso de redes sociais nos ambientes corporativos tem sido uma aposta cada vez

mais comum para implantação de mecanismos de gestão do conhecimento. Por se

caracterizarem como um ambiente informal e interativo, onde os usuários podem se

expressar de forma livre, ambientes de redes sociais se credenciam como boa alternativa no

compartilhamento do conhecimento individual, incrementando naturalmente a memória

organizacional, e a possibilidade de melhor entender as redes informais existentes.

Nesse contexto, foi realizada uma pesquisa-ação para analisar uma iniciativa de

gestão do conhecimento baseada na implantação de um ambiente de redes sociais na Web

em um instituto de inovação do Porto Digital. Durante essa pesquisa-ação, foi proposto e

desenvolvido um ambiente de redes sociais que atendesse as necessidades de gestão do

conhecimento da organização. Durante os três ciclos da pesquisa-ação, foi realizado um

mapeamento de um processo genérico de gestão do conhecimento para as funcionalidades

disponíveis no ambiente proposto, somando-se a isso o uso de um conjunto de métricas

associadas a cada uma das fases desse processo.

Durante o período de cinco anos em que ocorreu a pesquisa-ação, as métricas

definidas foram monitoradas e analisadas, o que deu origem às propostas para melhoria do

desempenho da iniciativa de gestão do conhecimento. Através da implantação dessas

propostas de melhoria, pôde-se acompanhar a evolução do ambiente e seus efeitos sobre a

instituição.

Por fim, este trabalho apresenta uma análise de todo o ciclo de vida da iniciativa de

gestão do conhecimento, através da análise de suas diversas etapas e desafios. Ao término

da pesquisa-ação, uma reflexão sobre toda a iniciativa foi realizada. Os resultados e as

reflexões deste trabalho podem servir como base para qualquer outra iniciativa de gestão

do conhecimento, não apenas em institutos de inovação, mas em qualquer organização,

independente do estilo e da escola de gestão do conhecimento escolhidos.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento, Redes Sociais

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xiv

Abstract

Organizations are looking for ways to improve their performance and competitiveness.

This improvement can be accomplished in their industrial segment, or looking for new

segments to explore. One of the most known ways to improve the organization

performance is through knowledge management.

The productive usage of social networks environments inside organizations is being

suggested as a good way to deploy knowledge management initiatives. Because this kind of

environment provides a natural and informal way to people engage on collaborative

activities, this kind of initiative can be a good alternative approach to achieve better results

in knowledge management initiatives, naturally increasing the organization memory and

creating opportunities to better understand its existing informal networks.

In this context, it was conducted an action research to investigate how a Web based

social network could be used as the main tool in a knowledge management initiative being

held in an innovation institute. During this action research, it was proposed and developed

the Web based social network to meet the knowledge management needs of the

organization. During research it was carried out a mapping of a generic knowledge

management process to the existing functionalities on the social network environment. It

was also proposed a set of metrics to be used for evaluating the initiative regarding each

activity of the generic process.

In the five years span in which the action research was carried out, the metrics were

monitored and analyzed, originating some improvement proposals for both, the initiative

and the social network environment. Through the deployment of these proposals, it was

possible to monitor the impacts of the proposals on both the social network environment

and the knowledge management initiative.

Finally, this work presents an analysis of the entire life cycle of the knowledge

management initiative. At the end, this action research showed some reflections and

conclusions on the whole initiative. The results of this work can be used as a basis for any

knowledge management initiative, not only for innovation institutes, but for any kind of

organization, regardless of its knowledge management style and school.

Keywords: Knowledge Management, Social Networks

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Capítulo 1 – Introdução

As organizações estão sempre a procura de formas de aumentar seu desempenho e,

consequentemente, melhorar sua competitividade, seja no segmento em que já se encontra,

ou através de sua inserção em novos nichos de mercado. Esta necessidade é uma realidade

não apenas nas empresas de tecnologia, mas em toda e qualquer empresa que busca se

manter em evidência dentro de um mercado cada vez mais competitivo.

Esta procura por ganhos de competitividade normalmente foca em melhoria da

produtividade, da qualidade de seus produtos e na redução de custos. Uma das formas mais

conhecidas para obtenção destes objetivos é através da realização da gestão do

conhecimento organizacional. Isto tem levado diversas instituições a se interessarem pelo

desenvolvimento de métodos para gerenciar seu conhecimento (ZACK, 1999).

O conhecimento a ser gerido costuma ser categorizado de acordo com sua

natureza. Um dos primeiros autores a classificar o conhecimento foi Polanyi (1966),

introduzindo os conceitos de conhecimento tácito e conhecimento explícito. O

conhecimento explícito é aquele que pode ser facilmente documentado e distribuído,

enquanto o tácito é altamente pessoal, uma vez que reside na mente humana, no seu

comportamento e na sua percepção, tornando-o assim difícil de ser formalizado,

documentado e distribuído. Porém, esta categorização não implica que um conhecimento é

totalmente tácito ou totalmente explícito, e sim que todo conhecimento é formado por um

componente tácito e um componente explícito (POLANYI; SEN, 1983).

Diante dessas definições e categorizações para o conhecimento, surgiu a disciplina

de gestão do conhecimento. Awad e Ghaziri (2003) definem a gestão do conhecimento

simplesmente como o processo de capturar e utilizar a expertise coletiva de uma empresa

em qualquer atividade de seu negócio. Apesar de poder ser facilmente definida, a prática da

gestão do conhecimento vem enfrentando diversos desafios. Davenport e Prusak (1998)

resumem os desafios enfrentados pelas iniciativas de gestão do conhecimento em três

fatores determinantes para seu sucesso: a existência de uma cultura orientada para o

conhecimento, uma infraestrutura técnica adequada e o apoio da alta gerência.

Ainda segundo Davenport e Prusak, é necessário que a empresa conte com

funcionários inteligentes e intelectualmente curiosos, que a iniciativa seja compatível com a

cultura organizacional, que a iniciativa conte com o apoio técnico – incluindo profissionais

e sistemas de informação – adequado e que alta gerência reforce quão fundamental a gestão

do conhecimento é para organização.

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Na busca pela iniciativa de gestão do conhecimento adequada à organização,

diversos métodos de gestão do conhecimento foram propostos. Esses métodos podem ser

categorizados de acordo com o foco gerencial concedido a cada um dos tipos de

conhecimento da organização, o explícito e o tácito.

Choi e Lee (2003) definiram quatro estilos para classificação das estratégias de

gestão do conhecimento. No estilo passivo, o conhecimento não é gerenciado de forma

sistemática. No estilo orientado a sistemas, a ênfase está na codificação e no reuso do

conhecimento, através do uso de tecnologia da informação. No estilo orientado a pessoas,

a ênfase está na aquisição e compartilhamento do conhecimento tácito e da experiência

interpessoal. O estilo dinâmico explora ambos os tipos de conhecimento, tácito e explícito,

de forma dinâmica, similar a uma organização de comunicação intensiva.

Choi e Lee (2003) concluíram que abordagens orientadas a sistemas e abordagens

orientadas a pessoas costumam produzir benefícios equivalentes para as organizações, e

que as iniciativas dinâmicas costumam apresentar os melhores resultados. Porém, apesar de

serem mais eficientes, as iniciativas dinâmicas são mais caras, pois envolvem investimentos

tanto em tecnologia da informação quanto nos seus funcionários.

De forma similar a Choi e Lee, Michael Earl (2001) propôs uma taxonomia para

classificar as escolas de gestão do conhecimento, contendo sete escolas agrupadas em três

escolas maiores. A primeira grande escola é a tecnocrática, que se subdivide na escola de

sistemas, na escola cartográfica e na escola de engenharia, e se baseia no uso da tecnologia

da informação para realizar gestão do conhecimento. A segunda grande escola é a

econômica, que possui apenas a escola comercial, e tem como foco questões econômicas

associadas à gestão do conhecimento. A terceira grande escola é a comportamental, que se

subdivide na escola organizacional, na escola espacial e na escola estratégica, e possui

ênfase nos aspectos comportamentais relacionados à criação e ao compartilhamento do

conhecimento.

A escola de sistemas possui como ideia central a captura e a codificação do

conhecimento de especialistas em sistemas de informação – comumente chamados de

bases de conhecimento – tornando este conhecimento disponível para que outras pessoas

qualificadas possam acessá-lo.

A escola cartográfica tem como objetivo garantir que as pessoas detentoras do

conhecimento estejam acessíveis aos demais – através de diretórios de conhecimento ou

mapas de especialistas –, de forma que possa haver troca de conhecimento entre os

membros da organização.

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A escola de engenharia possui como foco a melhoria dos processos de negócio,

através da disponibilização do conhecimento aos responsáveis pela execução das atividades

que compõem os processos de negócio organizacionais.

A escola comercial possui como foco proteger e explorar seus ativos de

conhecimento com valor comercial, como patentes e marcas registradas. A partir da

exploração direta destes ativos, seja através de seu licenciamento ou de sua venda, a

organização poderá produzir receita.

A escola organizacional utiliza-se das redes internas para compartilhar o

conhecimento. O uso de comunidades de prática é extremamente comum nessa escola que,

apesar de fortemente apoiada por tecnologia e sistemas, é classificada como

comportamental, uma vez que estas comunidades têm como principal objetivo apoiar as

práticas realizadas pelos seus membros, e não codificar o conhecimento produzido durante

a execução destas práticas.

A escola espacial tem como objetivo encorajar a socialização como mecanismo de

troca do conhecimento, e, para isto, propõe o uso de um espaço físico propício para que

estas conversações e trocas ocorram. É comum a criação de refeitórios ou salas totalmente

dedicados à troca do conhecimento, onde os colaboradores são estimulados a falar

abertamente sobre os projetos nos quais estão envolvidos, ou sobre problemas que vêm

enfrentando.

Por fim, a escola estratégica enxerga a gestão do conhecimento como uma

dimensão da sua estratégia competitiva. Apesar de poder englobar todas as outras escolas,

escola estratégica se diferencia pela “competição em conhecimento”, ou seja, o

conhecimento deixa de ser um recurso auxiliar em suas atividades e passa a ser o principal

ativo da organização.

Uma vez que não há como afirmar que uma escola possua resultados mais

expressivos que as demais (EARL, 2001), é importante que a escola escolhida seja adequada

à realidade da organização.

Cross, Parker, Prusak e Borgatti (2001) afirmam que as abordagens tradicionais de

gerenciamento do conhecimento, tipicamente enquadradas na escola de sistemas, com foco

no conhecimento codificado e produtos de trabalho reusáveis, proveem formas de reduzir

o esquecimento organizacional causado pela perda do conhecimento, quando

colaboradores deixam a organização. Porém, essas abordagens normalmente não valorizam

o conhecimento individual do colaborador, nem suas redes de relacionamento, que

facilitam e aceleram a resolução de problemas.

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É justamente neste contexto que as redes sociais têm sido apontadas como

ferramenta para estimular o compartilhamento do conhecimento individual, seja de forma

explícita, ou através do aumento da percepção do conhecimento tácito existente. Autores

(e.g. (STAAB et al., 2005)) defendem que o uso desses ambientes auxilia na construção de

uma base de conhecimento organizacional com a participação efetiva de todos os seus

membros.

A diminuição da dependência do conhecimento individual, uma vez que este

conhecimento está mais facilmente acessível pelos membros da rede social, é uma das

características que, segundo Liebowitz (2007), credencia estes ambientes como uma solução

da escola organizacional para a gestão do conhecimento.

Nesse cenário, em que tanto a indústria quando a academia buscam por novas

abordagens, baseadas em escolas não tradicionais, para gestão do conhecimento, este

trabalho foi desenvolvido.

Inserido na indústria de software de Pernambuco, o C.E.S.A.R (Centro de Estudos

e Sistemas Avançados do Recife) é um instituto de inovação que desenvolve projetos nas

mais diversas áreas. Como é comum em organizações que vendem inovação, o C.E.S.A.R

está sempre dependente das pessoas que fazem parte da instituição, uma vez que todo o

conhecimento desenvolvido costuma ficar restrito às pessoas que participaram do projeto

responsável por criar o conhecimento.

Durante os primeiros anos da história do C.E.S.A.R, essa dependência do

conhecimento pessoal de seus colaboradores não se revelou como um problema. Porém, à

medida que a organização cresceu, tornou-se cada vez mais difícil identificar o

conhecimento necessário para a realização de projetos, bem como o mapeamento do

conhecimento já desenvolvido dentro da organização. Diante dessas dificuldades, a

organização se viu, em vários momentos, tendo que desenvolver novamente o

conhecimento já desenvolvido no passado, ou, até mesmo, em situações onde duas equipes

desenvolveram o mesmo conhecimento, em projetos similares, mas sem colaboração entre

projetos.

Em busca por soluções para esses problemas, o C.E.S.A.R investiu em uma

iniciativa de gestão do conhecimento. Por ser um instituto de inovação inserido na

indústria de software, o C.E.S.A.R optou por adotar uma estratégia de gestão do

conhecimento orientada a sistemas. Por não possuir experiência prévia com iniciativas de

gestão do conhecimento, a instituição decidiu que uma estratégia da escola de sistemas

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poderia trazer grandes benefícios, porém, trazendo um baixo custo e com menos riscos

para uma empresa de TI.

Essa escolha estava alinhada com os achados de Bjørnson e Dingsøyr (2008), que

identificaram que, desde o ano de 2003, a quantidade de trabalhos em lições aprendidas

vem cedendo espaço para os trabalhos empíricos sobre o uso da gestão do conhecimento

por empresas de engenharia de software. Porém, apesar dessa mudança no foco, a maioria

dos trabalhos identificados utiliza a escola tecnocrática para gestão do conhecimento, mais

precisamente a escola de sistemas(BJØRNSON; DINGSØYR, 2008; BODEN et al., 2009).

Essa escola é considerada a mais antiga e há mais tempo estabelecida dentre todas as

escolas (EARL, 2001).

Bjørnson e Dingsøyr identificaram ainda que a engenharia de software tem

abordado o armazenamento e recuperação do conhecimento em detrimento das demais

atividades que fazem parte do processo de gestão do conhecimento. Bjørnson e Dingsøyr

relatam ainda que, apesar das críticas de diversos autores (e. g. (BOSE, 2004; GOLD et al.,

2001; HO, 2009)) quanto às iniciativas focadas em sistemas, não foram encontradas, na

engenharia de software, evidências que deem suporte a estas críticas.

Dessa forma, Bjørnson e Dingsøyr sugerem que a escola tecnocrática é adequada às

empresas de engenharia de software, devido à disposição natural dos engenheiros para

adotar novos produtos e para desenvolver novas ferramentas.

Os resultados obtidos com a experiência do C.E.S.A.R nesta sua primeira iniciativa

de gestão do conhecimento não foram satisfatórios. Após um ano de uso, foi verificado

que a abordagem orientada a sistemas não estava funcionando como esperado. Nem os

funcionários da empresa, nem os consultores, responsáveis por liderar a iniciativa, se

sentiam compelidos a postar informações ou experiências neste ambiente.

Alguns dos principais problemas identificados nessa solução eram: (1) a ausência de

mecanismos para suporte à criação de diálogos e melhoria da qualidade do conhecimento

adicionado; (2) o compartilhamento do conhecimento não acontecia de forma livre e

intuitiva, pois alguns colaboradores eram “obrigados” a publicar informações, mesmo que

não houvesse uma demanda por parte dos demais colaboradores; (3) muitos consideravam

o ambiente bastante impessoal, onde as pessoas se resumiam a um “nome”.

Como, mesmo com os relatos de sucesso de iniciativas da escola de sistemas,

Bjørnson e Dingsøyr argumentam que novas pesquisas deveriam ser realizadas utilizando a

escola comportamental, mais precisamente a escola organizacional, que se adequa bem a

projetos que envolvam o desenvolvimento de novas tecnologias ou projetos

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multidisciplinares, o C.E.S.A.R optou por desenvolver uma nova iniciativa de gestão do

conhecimento.

Nesse contexto, este trabalho se propôs a investigar como desenvolver uma

iniciativa de gestão do conhecimento que atendesse as necessidades de do C.E.S.A.R e que

fosse adequada a sua cultura. De acordo com as observações realizadas por Bjørnson e

Dingsøyr, sugerindo a utilização de uma estratégia comportamental para empresas com as

características do C.E.S.A.R, o conceito de ambientes de redes sociais para a gestão do

conhecimento surgiu como uma abordagem coerente com a escola organizacional, que se

difere das abordagens tradicionais e se aproxima do estilo de gestão do conhecimento

dinâmico, podendo trazer novos resultados para as empresas.

Redes sociais representam um novo tipo de pensamento no ambiente corporativo,

modificando sua forma de trabalho, e seu uso deve priorizar a virtualização do

conhecimento, de forma que a experiência coletiva esteja disponível sempre que necessária

(ALTUKHOVA, 2010). Segundo Altukhova (2010), as comunidades formadas a partir das

redes sociais são capazes de gerenciar tanto o conhecimento tácito quanto o explícito, pois

seus membros são capazes de identificar os problemas e obter ajuda de seus colegas,

obtendo dos demais o conhecimento de que precisam.

Para a realização deste trabalho, optou-se pelo uso da pesquisa-ação. Esse tipo de

pesquisa se caracteriza pela realização de ações sucessivas que buscam solucionar ou

amenizar um problema específico em um ambiente real. Na pesquisa-ação, o pesquisador

conduz as ações, participa do ambiente em que as investigações são realizadas e relata suas

observações. A escolha dessa metodologia ocorreu devido à ênfase no realismo da

pesquisa, uma vez que este trabalho buscava soluções para os problemas reais de uma

organização. Como consequência dessa escolha, as observações e os resultados obtidos

neste trabalho não podem ser generalizados, pois os cenários onde as soluções foram

aplicadas não permitiam que variáveis externas fossem isoladas, mesmo que as soluções

utilizadas tenham surgido a partir de trabalhos que prezam pela generalização.

Este trabalho utilizou os conceitos atuais de redes sociais para o desenvolvimento

de um ambiente de redes sociais na Web que facilitasse e incentivasse a criação e o

compartilhamento do conhecimento de forma colaborativa entre seus usuários. Para isto,

este trabalho realizou uma pesquisa-ação que, durante cinco anos, acompanhou uma

iniciativa de gestão do conhecimento no C.E.S.A.R.

Esta pesquisa-ação contou com três grandes ciclos. O primeiro ciclo teve como

objetivo validar a aceitação do ambiente de redes sociais através da comparação de seus

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resultados com a iniciativa então existente. O segundo ciclo teve como objetivo avaliar a

iniciativa como uma iniciativa de gestão do conhecimento, através do mapeamento do uso

do ambiente a um processo genérico de gestão do conhecimento, do estabelecimento e

acompanhamento de métricas associadas às fases desse processo, e de uma avalição do

estado da iniciativa junto aos usuários. O terceiro e último ciclo teve como objetivos

propor e validar novos conceitos associados ao conhecimento, reduzir a barreira de entrada

do ambiente através da solução de problemas associados à usabilidade, resolução de

problemas que dificultavam o uso dos mecanismos de gestão do conhecimento presentes

no ambiente, e a popularização do módulo de projetos e adoção do ambiente no dia a dia

dos colaboradores.

Após a realização do primeiro ciclo foi possível verificar que a iniciativa baseada em

redes sociais na Web havia suplantado a iniciativa anterior, e que a pesquisa-ação deveria

prosseguir buscando o entendimento de como este ambiente de redes sociais poderia ser

utilizado para apoiar todo um processo de gestão do conhecimento. Durante o segundo

ciclo foi possível determinar quais ações deveriam ser realizadas para conseguir maior

efetividade na gestão do conhecimento organizacional. Foram então definidos novos

requisitos e novos conceitos para ambiente, que demandaram, por sua vez, mudanças na

arquitetura da aplicação. Por fim, após cinco anos de pesquisa-ação e alguns contratempos

enfrentados pela iniciativa, o seu ciclo de vida se aproxima do final, permitindo a realização

de uma avaliação da iniciativa como um todo, identificando os pontos positivos, os pontos

negativos e destacando o aprendizado do período.

1.1. Organização desta Tese

Após esta breve introdução e motivação para o trabalho, esta tese irá abordar, no Capítulo

2, a disciplina de gestão do conhecimento, apresentando algumas definições de

conhecimento, suas categorizações, uma análise do estado atual e dos desafios para a gestão

do conhecimento, incluindo ainda uma apresentação dos estilos e escolas de gestão do

conhecimento, processos para gestão do conhecimento, comunidades de prática e métricas

para gestão do conhecimento.

O Capítulo 3 fará uma apresentação sobre os conceitos de redes sociais, incluindo a

definição de redes sociais na Web, algumas das práticas mais comuns ao se estudar

ambientes de redes sociais e porque esses ambientes são relevantes para a gestão do

conhecimento.

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No Capítulo 4 é apresentado o trabalho propriamente dito. Inicia-se pela

apresentação dos seus principais conceitos, seguido pela descrição do problema a ser

tratado e da pesquisa-ação, metodologia utilizada durante o trabalho, além de abordar

alguns dos principais trabalhos relacionados.

No Capítulo 5 é apresentado o desenvolvimento do ambiente de redes sociais, o

que inclui: os seus requisitos iniciais, a descrição do ambiente após ter sido desenvolvido, a

arquitetura de software utilizada, com foco nos aspectos técnicos mais relevantes para seu

entendimento, e, por fim, é apresentado o mapeamento das atividades de um processo

genérico de gerenciamento do conhecimento para ações a serem executadas dentro deste

ambiente.

O Capítulo 6 é inteiramente dedicado ao relato dos ciclos da pesquisa-ação,

incluindo os objetivos de cada um deles, as ações realizadas, os resultados obtidos e as

reflexões sobre estes resultados.

Por fim, no Capítulo 7, é apresentada a conclusão do trabalho, incluindo as

principais contribuições e alguns dos trabalhos futuros que podem ser derivados.

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Capítulo 2 – Gestão do Conhecimento

Antes de falar sobre gestão do conhecimento faz-se necessário uma discussão a respeito do

que é conhecimento e as motivações que levam organizações a tentar gerenciá-lo.

2.1. Conhecimento

Não são poucas as definições para conhecimento existentes na literatura. Várias destas

definições são estruturadas sobre os conceitos de dados, informações e conhecimento. A

seguir são apresentadas algumas das principais definições presentes na academia.

Para Nonaka e Takeuchi (2004), o conhecimento existe sobre uma ação, ou seja, o

conhecimento é sempre “para algum fim”. A informação, por sua vez, é um meio material

necessário para extrair e construir o conhecimento. Os autores voltam a relacionar

informação e conhecimento quando afirmam que a informação pode ser vista como um

fluxo de mensagens, enquanto o conhecimento é criado por um fluxo de informações,

ancorado nas crenças e compromissos de quem cria o conhecimento.

Liebowitz (2008), por sua vez, insere o conceito de dados para então construir o

conceito de conhecimento. Segundo o autor, o conhecimento pode ser entendido como a

capacidade de agir, ou seja, é informação passível de ser colocada em ação. Dados, por sua

vez, se referem a elementos discretos, que, quando formam padrões, viram informação.

Apenas quando a informação é passível de ser posta em prática, surge o conhecimento.

Awad e Ghaziri (2003) também se utilizam das definições de dados e informação

para construir sua definição do conhecimento, apesar de não utilizá-las explicitamente. Para

os autores, dados são um conjunto de fatos estáticos, não organizados e não processados.

Informação, por sua vez, pode ser vista como uma agregação de dados que torna mais fácil

a tomada de decisão. Diferentemente dos dados, informação significa o entendimento das

relações, possuindo significado, propósito e relevância. Conhecimento é definido pelos

autores como entendimento humano sobre uma área de interesse específica, obtido através

da experiência e de estudos.

Porém, Awad e Ghaziri apresentam ainda uma segunda definição para o

conhecimento, redefinindo-o como uma “acumulação de fatos, regras procedimentais ou

heurísticas”. Para eliminar ambiguidades presentes em sua definição, os autores definiram

fatos como uma afirmação verdadeira sobre algum assunto ou domínio, regra

procedimental foi definida como uma regra que define uma sequência de relações acerca do

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objeto principal, e heurística foi definida como uma “regra de ouro” baseada em anos de

experiência.

Davenport e Prusak (1998) afirmam que conhecimento não é dado nem

informação, embora esteja relacionado com ambos. Segundo eles, dados são um conjunto

de fatos distintos e objetivos relacionados a eventos e, em um contexto organizacional, são

descritos como registros estruturados de transações. Já a informação tem por finalidade

mudar o modo como o destinatário vê algo, porém, o receptor decide se a mensagem

recebida realmente constitui informação, e não o emitente. Por fim, Davenport e Prusak

ressaltam que, de forma intuitiva, a maioria das pessoas identifica o conhecimento como

algo mais amplo, mais profundo e mais rico do que dados e informações, e que o

conhecimento deriva da informação da mesma forma que a informação deriva dos dados.

A seguir são listadas outras definições que, apesar de mais simples, auxiliam o

entendimento do que é conhecimento, e destacam características peculiares sobre o

mesmo.

Ward e Aurum (2004) apresentam a definição do conhecimento como

entendimento, consciência e aprendizado através de estudos e pesquisas, investigações,

observações ou experiências ao longo do tempo.

Ahmed, Lim e Zairi (1999) afirmam que o conhecimento tem origem nos dados.

Os dados, por sua vez, servem como núcleo essencial da informação e do conhecimento.

Quando os dados são combinados, resultam em informação relevante. Porém, o

conhecimento, apesar de derivado de dados e informações, existe em um nível acima da

informação.

McDermott (1999) faz uso de uma abordagem diferente para explicar o que é

conhecimento. Segundo o autor, o conhecimento está relacionado ao saber, e, para

apresentar sua definição, esse nos convida a realizar uma investigação sobre nossa

experiência a respeito do uso, da descoberta e do compartilhamento do conhecimento,

chegando à conclusão que o conhecimento sempre envolve alguém que sabe. Nesse

sentido, McDermott classifica o conhecimento como o “resíduo do pensamento”,

proveniente da experiência sobre a qual é feita uma reflexão, que passa a fazer sentido e é

testada contra a experiência de terceiros.

Sveiby (1997) reforça a visão de que criar conhecimento é uma ação humana, ao

afirmar que parte da presente confusão relacionada à como fazer negócios na era do

conhecimento seria provavelmente eliminada se possuíssemos um melhor entendimento do

que torna a informação e o conhecimento tão similares e tão diferentes simultaneamente.

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Diante de inúmeras definições, algumas mais objetivas e de fácil entendimento,

outras um pouco mais filosóficas, este trabalho adotou a definição fornecida por

Davenport e Prusak, que é similar às definições fornecidas por Awad e Ghaziri, por

Liebowitz e por Nonaka e Takeuchi, onde o conhecimento é visto como algo mais amplo

do que dados e informações, e que o conhecimento deriva da informação da mesma forma

que a informação deriva dos dados.

Todavia, é importante lembrar que, apesar de todo o conhecimento se originar nas

pessoas, ele não precisa permanecer confinado nelas, uma vez que estes podem ser

entregues através de meios estruturados, como livros e documentos, e de contatos pessoa a

pessoa (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Esta distinção entre a capacidade de entrega dos

conhecimentos é a base de uma categorização amplamente adotada na literatura que será

discutida na próxima seção.

2.2. Categorias de conhecimento

Além da explanação sobre o que é conhecimento e como ele difere de dado e informação,

faz-se necessário explanar as diferentes categorizações aplicadas ao conhecimento, que por

vezes se confundem com a própria definição do conhecimento.

Polanyi (1966) categorizou o conhecimento em dois tipos: tácito e explícito. O

conhecimento explícito é aquele que pode ser facilmente documentado e distribuído,

enquanto o tácito é altamente pessoal, pois reside na mente humana, no seu

comportamento e na sua percepção, tornando-o assim difícil de ser formalizado,

documentado e distribuído.

Em republicação do trabalho de Polanyi, Amartya Sen (POLANYI; SEN, 1983)

ressalta a dicotomia do conhecimento. Segundo ele, a definição de conhecimento tácito e

explícito dada por Polanyi não implica que um conhecimento é totalmente tácito ou

totalmente explícito, e sim que todo conhecimento é formado por um componente tácito e

um componente explícito.

Nonaka (1991) capturou a essência da categorização de Polanyi, e afirmou que o

conhecimento é formado por dois componentes dicotômicos e complementares chamados

de conhecimento tácito e conhecimento explícito. Para deixar a dependência destes

componentes entre si ainda mais clara, Nonaka afirma que o conhecimento não é explícito

ou tácito, e sim que ele é tanto explícito quanto tácito. O conhecimento explícito pode ser

expresso em palavras, números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas

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científicas, recursos visuais, áudio, especificações de produtos ou manuais, podendo ser

facilmente transmitido aos indivíduos, formal e sistematicamente.

Porém, Nonaka e Takeuchi vão além da definição de conhecimento tácito, já

apresentada por Polanyi, e o redefinem através de duas dimensões. A primeira dimensão é

a técnica, englobando as habilidades informais e de difícil detecção, comumente definida

como know-how. Insights subjetivos e pessoais, intuições, palpites e inspirações derivadas da

experiência se encaixam nessa dimensão. A segunda dimensão é cognitiva, consistindo em

crenças, percepções, ideais, valores, emoções e modelos mentais que, de tão inseridos em

nós, são percebidas como conhecimentos naturais, mesmo quando não consigamos

articular facilmente esse conhecimento.

Em sua explicação sobre o que é conhecimento, McDermott (1999) retrata

claramente as características do conhecimento tácito ao afirmar que o conhecimento é

sempre recriado no presente, é largamente invisível e normalmente vem à mente apenas

quando necessitamos dele para responder um questionamento ou solucionar um problema.

Essa explanação destaca o conhecimento tácito como um conhecimento enraizado no

indivíduo e dependente de fatores culturais.

2.3. Gestão do Conhecimento

Diante das definições apresentadas na seção anterior, pode-se interpretar o conhecimento

como algo inerente às pessoas e, consequentemente, difícil de ser controlado.

Porém, nesta nova era do conhecimento, duas questões principais devem ser

consideradas pelas empresas: “Sua empresa sabe o que conhece?” e “Como fazer o melhor

uso do conhecimento possuído?”. Diante dessas questões, a gestão do conhecimento é

comumente apontada como a disciplina capaz de auxiliar as empresas a enfrentar estes

desafios.

Desde a década de 1980, a gestão do conhecimento vem sendo definida em função

de três variáveis: conteúdo, situação e processos (WIIG, 1988). A seguir são apresentadas

algumas das principais definições para gestão do conhecimento, que demonstram bem

como estas variáveis estão inter-relacionadas.

Awad e Ghaziri (2003) definem de forma simplificada a gestão do conhecimento

como o processo de capturar e utilizar a expertise coletiva de uma empresa em qualquer

atividade de seus processos de negócio. Segundo os autores, esta expertise, ou

conhecimento, pode ser armazenada em papéis, documentos, em bases de dados ou ser

mantida dentro da mente das pessoas. Nessa definição, nota-se fortemente um viés

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explícito para a gestão do conhecimento. Porém, estes mesmos autores apontam a

necessidade de tratar o conhecimento tácito, ao afirmar que 95% de todo o conhecimento

organizacional é mantido apenas como conhecimento tácito.

Vários outros autores contribuíram com suas próprias definições para gestão do

conhecimento. Algumas destas definições são apresentadas abaixo:

• Gestão do conhecimento é uma estratégia consciente para levar o

conhecimento necessário à pessoa correta, no momento adequado. É ainda o

mecanismo para ajudar pessoas a compartilhar e colocar em ação a informação,

de forma que haja melhoria no desempenho organizacional (O’DELL;

GRAYSON, 1998);

• Gestão do conhecimento inclui uma combinação de produtos de software e

práticas de negócio que ajudam a organização a capturar, analisar e disseminar

a informação (CRAIG, 2000);

• Gestão do conhecimento é a arte de criar valor a partir dos ativos intangíveis

da organização (AWAD; GHAZIRI, 2003).

Uma constante em todas as definições acima é a característica de processo contínuo

associado à gestão do conhecimento. Praticamente todas as definições apresentadas

mencionam alguns dos processos mais corriqueiros na gestão do conhecimento, como a

criação, a captura e a disseminação do conhecimento.

Wenger (2004) descreve “gestão do conhecimento” como um termo com muitos

caluniadores, pois algumas pessoas pensam nesse termo de forma paradoxal: quando se

trata de conhecimento, o termo gestão não se aplicaria. O autor afirma que, para entender a

gestão do conhecimento é necessário insistir que o conhecimento é muito diferente dos

ativos organizacionais mais conhecidos, e é bem diferente da informação que as

organizações aprenderam a gerenciar. Além disso, ele afirma que o conhecimento torna o

indivíduo em colaborador e transformador do conhecimento de uma comunidade, e esse

conhecimento é adquirido pelo ser humano durante todo o tempo, para entender o mundo

e agir efetivamente sobre ele. Nesse cenário, se o termo gerenciar se refere a tomar conta,

crescer, administrar e tornar mais útil, o termo gestão do conhecimento é bastante

adequado.

No caso específico da indústria de software, a implantação da gestão do

conhecimento em organizações que trabalham com desenvolvimento deve ser vista como

uma oportunidade para criar uma linguagem comum, compartilhada entre seus

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desenvolvedores, de forma que eles possam interagir, trabalhar e compartilhar experiências

entre si (CHOI; LEE, 2003).

2.3.1. Desafios para a Gestão do Conhecimento

A redução da fuga do capital intelectual da organização, a redução do custo para o

desenvolvimento de novos produtos e o aumento de produtividade obtido por tornar o

conhecimento mais facilmente acessível pelos seus funcionários, são alguns dos diversos

benefícios que podem ser obtidos através da adoção de uma boa estratégia de gestão do

conhecimento.

Em uma pesquisa realizada no ano 2000, com o objetivo de verificar o estado da

gestão do conhecimento, da qual participaram 243 organizações, mais de dois terços dos

entrevistados informaram que possuíam uma estratégia de gestão do conhecimento. Porém,

apesar desse dado positivo, os entrevistados identificaram que falhas ao tentar integrar as

atividades de gestão do conhecimento na rotina diária do trabalho de seus funcionários,

tempo insuficiente para aprender e compartilhar o conhecimento, ausência de treinamento

adequado, poucos ganhos pessoais e a incapacidade de utilizar o conhecimento de forma

efetiva continuam sendo alguns dos principais problemas para as iniciativas de gestão do

conhecimento (AWAD; GHAZIRI, 2003).

Chan e Chao (2008), por sua vez, realizaram uma pesquisa para identificar o estado

real da gestão do conhecimento nas pequenas e médias empresas de Hong Kong. Foram

entrevistadas 68 pequenas e médias empresas, ou seja, empresas contendo até 200

funcionários. Os resultados mostraram que a simples presença de mecanismos de gestão do

conhecimento, ou a existência de planos de gestão do conhecimento, não são garantias de

que haverá qualquer melhora no desempenho organizacional.

Mesmo nas empresas entrevistadas, onde havia uma iniciativa de gestão do

conhecimento, tanto os funcionários mais jovens, quanto os de nível operacional, não

demonstravam interesse nas atividades de gestão do conhecimento. Estes funcionários

preferiam aguardar o direcionamento de seus gerentes quanto ao conhecimento que deveria

ser explorado e quanto ao conhecimento que deveria ser divulgado.

Um dos principais desafios na gestão do conhecimento é a mudança de cultura,

principalmente no que se refere à mudança de comportamento das pessoas para que o

compartilhamento do conhecimento passe a ser a regra, em detrimento da manutenção do

conhecimento individual como garantia de empregabilidade.

Ichijo (2004) destaca que, em muitas organizações, o interesse na criação do

conhecimento tem se resumido a uma ênfase excessiva sobre tecnologia da informação, e,

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como o processo de criação do conhecimento é frágil, sugere que o ambiente para a criação

do conhecimento seja empático, capaz de minimizar os impactos das barreiras naturais que

um indivíduo possa enfrentar para realizar as atividades de criação do conhecimento, sejam

elas organizacionais ou individuais.

Dentre as barreiras individuais pode-se citar a relutância em aceitar novas ideias,

lições ou observações (acomodação limitada), e a relutância em compartilhar suas

experiências ou mesmo o medo de se expor (ameaça à autoimagem). Como barreiras

organizacionais, pode-se citar a reprovação de um superior ou outros executivos

(paradigmas da empresa), o que tende a alimentar ainda mais as barreiras individuais.

Ichijo afirma ainda que a gestão do conhecimento eficaz depende da existência de

um espaço compartilhado, que favoreça as relações emergentes entre os membros da

organização, e identifica cinco promotores do conhecimento que merecem maior atenção

por parte dos administradores.

O primeiro promotor é incutir uma visão de conhecimento na organização,

ajudando a encorajar a formação de micro comunidades e o nivelamento transversal do

conhecimento. O segundo promotor é a gestão de conversações, incluindo o

encorajamento da comunicação entre os membros da organização, criando um contexto

propício para isso, que servirá de palco para a criação do conhecimento social. O terceiro

promotor é a mobilização de ativistas do conhecimento – os divulgadores do

conhecimento na empresa, essenciais para o nivelamento transversal do conhecimento. O

quarto promotor é a criação do contexto correto, que encoraje um ambiente social onde o

conhecimento continue a crescer. O quinto e último promotor é a globalização do

conhecimento local, a fim de permitir que conhecimentos provenientes das unidades locais

estejam disponíveis para todos da organização.

Awad e Ghaziri (2003) mostram-se alinhados às observações de Ichijo, ao

afirmarem categoricamente que um dos requisitos para encorajar o fluxo do conhecimento

organizacional é o estabelecimento de um ambiente onde os empregados sintam-se à

vontade para compartilhar ideias, experiências e know-how, isto é, os empregados precisam

de um ambiente onde a confiança seja imperativa. Para os autores, confiança significa

integridade, constante comunicação e disposição da organização para integrar os seus

empregados em seus processos de tomada de decisão.

Liebowitz (1999) identificou três componentes principais para a gestão do

conhecimento, são eles: (1) as pessoas e a cultura organizacional, (2) os processos e (3) a

tecnologia. As pessoas e a cultura auxiliam na definição de como criar e fomentar um

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ambiente de compartilhamento do conhecimento na organização. Os processos auxiliam

em como inserir a gestão do conhecimento nas atividades diárias dos funcionários. Já a

tecnologia é responsável por prover a infraestrutura necessária à criação de uma rede

unificada do conhecimento, bem como, permitir que as trocas de conhecimento ocorram.

Em um estudo sobre o compartilhamento do conhecimento entre cientistas, Ensign

e Herbert (2004) identificaram que o comportamento passado e as expectativas de ações

influenciam as decisões de compartilhamento do conhecimento. Estes fatores foram

nomeados de “dimensão da reputação”. Também foi identificado que o volume do fluxo

de conhecimento recebido é diretamente proporcional ao volume do fluxo de

conhecimento compartilhado e a frequência de interações baseadas em troca de

conhecimento. Estes resultados trazem, mais uma vez, o conceito de confiança como base

de sustentação nas interações de troca de conhecimento, mas revelam que a probabilidade

de uma pessoa compartilhar conhecimento está diretamente relacionada aos benefícios que

este compartilhamento pode lhe oferecer.

Para Awad e Ghaziri (2003), a transferência do conhecimento é realizada

diretamente através do trabalho em conjunto, da comunicação, do aprendizado, das

discussões, da troca de documentos ou da inserção do conhecimento em processos de

negócio. Além disso, uma empresa com uma cultura que promove e recompensa a

cooperação e a colaboração é uma melhor candidata ao compartilhamento do

conhecimento do que aquela onde a melhoria de desempenho dos seus funcionários se dá

por meio do medo de ser punido.

Wenger (2004) afirma que a gestão do conhecimento requer características do

contexto organizacional, fazendo-se necessária a existência de processos para coordená-la e

integrá-la aos processos de negócios, como tecnologias para fluxos de informação,

conexões interpessoais e repositórios de documentos, bem como, normas culturais para

auxiliar o conhecimento. Para o autor, todos esses processos não são suficientes para se

criar conhecimento. A menos que a organização consiga introduzir participantes ativos

nesse processo, sua capacidade de gerenciar ativos de conhecimento será bastante limitada.

Para Wenger, os participantes são elementos chaves da criação, manutenção,

transferência e transformação do conhecimento, pois eles sabem como as atividades de

gestão do conhecimento irão afetar sua capacidade de fazer seu trabalho, que

conhecimento deverá ficar como entendimento tácito, que conhecimento precisa ser

documentado e qual a forma de documentação o conhecimento deverá possuir para ser útil

em sua prática.

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Dahl e Pedersen (2004), ao estudar os fluxos do conhecimento em agregados

industriais, identificaram que os contatos informais representam um importante canal de

disseminação do conhecimento. Krackhardt e Hanson (1993) apontam para a necessidade,

por parte dos administradores, de entender as redes informais como forma de aumentar

sua influência sobre seus funcionários. Segundo eles, caso os gerentes descubram quem

possui o poder nas redes e como as coalisões estão funcionando, eles poderiam trabalhar

para que a organização “informal” realizasse seu trabalho de forma mais eficiente.

Apesar da tecnologia da informação ser apontada como peça fundamental na gestão

do conhecimento, não se pode resumi-la a repositórios de informação (BOSE, 2004; HO,

2009). Gold, Malhotra e Segars (2001) ressaltam que, infelizmente, vários projetos de

gestão do conhecimento são, na verdade, projetos de informação. Quando esses projetos

resultam em alguma consolidação de dados, com pouca inovação em produtos e serviços, o

conceito de gestão do conhecimento é posto em dúvida.

McDermott (1999) cita um caso similar, onde o desenvolvimento de um repositório

de conhecimento em uma organização resultou naquilo que o autor descreveu como um

“ferro velho de informações”, em que as informações lá contidas eram irrelevantes.

Teixeira Filho (FILHO et al., 2003) partilha da visão de que, se não houver cautela,

a tecnologia da informação pode vir a ser apenas uma fonte de gastos em software e

equipamentos, sem a geração de novas vantagens competitivas por meio da gestão do

conhecimento.

Por sua vez, Davenport e Prusak (1998) citam como os três principais fatores de

sucesso de iniciativas de gestão do conhecimento a existência de uma cultura orientada para

o conhecimento, uma infraestrutura técnica adequada e o apoio da alta gerência.

A cultura orientada para o conhecimento é caracterizada por funcionários

inteligentes e intelectualmente curiosos, desejosos em explorar novos conhecimentos, e

com liberdade para isto. Além disto, é necessária a ausência de inibidores do conhecimento,

ou seja, as pessoas não devem temer que o compartilhamento do conhecimento possa lhes

custar o emprego. Por fim, a iniciativa de gestão do conhecimento deve ser compatível

com a cultura organizacional.

Possuir uma infraestrutura técnica adequada implica na organização buscar o apoio

técnico necessário para dar suporte a sua iniciativa de gestão do conhecimento. Já o apoio

da alta gerência deve vir na forma de envio de mensagens à organização de que a gestão do

conhecimento é fundamental para o sucesso da empresa, na abertura de espaço e provisão

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dos recursos para a infraestrutura e o esclarecimento do tipo do conhecimento mais

importante para a empresa.

Por fim, para uma organização ser duradoura no mercado, é preciso estimular seus

colaboradores a cuidar do conhecimento gerado durante seu trabalho. Esse trabalho deve

ser realizado pela empresa e seus colaboradores, em conjunto. A empresa necessitará de

uma estrutura pronta para armazenar o conhecimento e recuperá-lo quando necessário, e

seus colaboradores precisarão gerar, converter e transferir este conhecimento de forma

contínua. Quando os colaboradores se tornarem participantes ativos da gestão do

conhecimento, a organização terá facilidade em desenvolver seu grande ativo

organizacional que é o conhecimento.

2.4. Processos de Gestão do Conhecimento

Diante da diversidade de definições para gestão do conhecimento, é de se esperar que

também haja uma grande diversidade de processos definidos para realização da gestão do

conhecimento. A seguir apresentaremos alguns dos diversos processos definidos.

2.4.1. A Espiral do Conhecimento

Em sua teoria sobre a gestão do conhecimento, Nonaka e Takeuchi (NONAKA, 1991;

TAKEUCHI; NONAKA, 2004) identificaram quatro modos de conversão de

conhecimento que deu origem ao modelo SECI (Figura 2.1). Apesar de não se caracterizar

como um processo, e sim como um modelo, a espiral do conhecimento é apresentada e

discutida nesta seção devido a sua relevância na área de gestão do conhecimento. Os

modos de conversão do conhecimento definidos pelo modelo são apresentados a seguir.

• Socialização: Compartilhar e criar conhecimento tácito através da experiência

direta. Gera novo conhecimento também tácito. A socialização retrata, por

exemplo, o processo de tutoria.

• Externalização: Articular conhecimento predominantemente tácito através do

diálogo e da reflexão. Gera conhecimento explícito a partir de conhecimento

tácito. Pode ser exemplificada pela documentação de um procedimento

efetuada por um profissional, permitindo que outros usufruam deste

conhecimento.

• Combinação: Sistematizar e aplicar o conhecimento predominantemente

explícito convertendo-o em conjuntos mais complexos e sistemáticos de

conhecimento. Gera novo conhecimento também explícito. Um relatório

organizado a partir de dados de vários departamentos em uma organização,

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capaz de revelar conhecimentos até então desconhecidos, é um exemplo do

resultado do processo de combinação.

• Internalização: É o processo de incorporação do conhecimento explícito em

conhecimento tácito. Acontece quando um profissional assimila conhecimento

documentado por outro profissional através da sua leitura.

Apesar desse modelo ser apresentado através da transformação do conhecimento

tácito em explícito ou vice-versa, não se deve perder a perspectiva de que todo

conhecimento possui componentes tácito e explícito, e, portanto, quando se referencia o

conhecimento tácito ou explícito, na verdade está se referenciando o conhecimento

predominantemente tácito ou predominantemente explícito.

Figura 2.1: A espiral do conhecimento, adaptado de (NONAKA; TAKEUCHI, 2004)

Outro aspecto relevante do modelo SECI é a combinação de entidades envolvidas

no processo de criação do conhecimento. Segundo os autores, o processo de socialização

envolve a troca de conhecimento de indivíduo para indivíduo, a externalização envolve a

troca de conhecimento de indivíduo para um grupo, a combinação envolve a troca de

conhecimento de um grupo para a organização e a internalização envolve a troca de

Socialização

(Tácito -> Tácito)

Externalização

(Tácito -> Explícito)

Combinação

(Explícito -> Explícito)

Internalização

(Explícito -> Tácito)

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conhecimento da organização para o indivíduo, reiniciando assim a espiral que caracteriza

este processo.

Nonaka e Takeuchi ressaltam ainda que a criação do conhecimento se dá apenas

por indivíduos, ou seja, a criação do “conhecimento organizacional” é o processo que

amplifica o conhecimento criado pelas pessoas para toda a organização, assimilando-o no

nível de grupo através do diálogo, discussão, compartilhamento de experiências ou

comunidades de prática, que por sua vez envolvem os indivíduos da organização.

Neste sentido, os autores definem o processo de “conversão do conhecimento”

como um processo social entre indivíduos e que não pode ser confinado em um único

indivíduo, de forma que nenhum departamento ou grupo de especialistas pode ter a

responsabilidade exclusiva pela criação do conhecimento.

2.4.2. Outros Processos para a Gestão do Conhecimento

As etapas que compõem o processo para a gestão do conhecimento é um ponto de grande

divergência na literatura. Diversos autores propuseram seus processos de gestão do

conhecimento, tentando reduzir o nível de abstração do modelo SECI e propondo etapas

mais fáceis de serem operacionalizadas na forma de atividades dentro de um processo

organizacional.

Armistead (1999) apresentou seu processo de gestão do conhecimento incluindo

apenas três etapas:

De uma forma resumida, o autor define cada um dos processos da seguinte forma:

• Criação de conhecimento: tem por objetivo a criação de novos conhecimentos

e descoberta de soluções para problemas já existentes e potenciais;

• Transferência de conhecimento: tem por objetivo a criação de novos

conhecimentos através do compartilhamento do conhecimento existente entre

os membros da organização. Um segundo objetivo é o aumento do

desempenho organizacional, que é motivado pelo acesso ao conhecimento

pelos indivíduos na organização;

• Incorporação de conhecimento: focado na incorporação do conhecimento em

perspectivas organizacionais, como novos produtos, serviços e processos.

Pavoni (2009) propôs um processo de gestão do conhecimento composto pelas

quatro fases apresentadas a seguir:

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• Criação do conhecimento: responsável por criar novos conhecimentos e

experiências através da aquisição de informação de fontes internas ou externas

a organização;

• Armazenamento do conhecimento: responsável por acumular o conhecimento

em repositórios organizacionais, independente do formato. Nesta etapa as

questões relacionadas à conversão do conhecimento tácito em explícito devem

ser abordadas;

• Distribuição do conhecimento: responsável pela disponibilidade dos conteúdos

ligados às informações e ao conhecimento em todo o contexto da organização;

• Aplicação do conhecimento: envolve toda a estrutura utilizada para que a

aprendizagem aconteça em benefício da empresa. Esta fase é marcada pela

utilização do aprendizado na resolução de problemas, nos diferentes tipos de

inovação, na elaboração de estratégias e na tomada de decisão, de maneira que

o conhecimento adquirido provoque mudanças na organização, seja através de

modificações nos processos organizacionais, ou novos produtos frutos de

inovações originadas destes novos conhecimentos.

Bose (2004), por sua vez, apresentou um processo cíclico, composto por seis

etapas:

• Criação do conhecimento: descreve o estágio onde o conhecimento surge

primariamente a partir das experiências e habilidades dos funcionários, quando

estes descobrem novas maneiras de executar atividades ou adquirem know-

how;

• Captura do conhecimento: técnicas e definições para a aquisição do

conhecimento, que poderá ser armazenado em forma bruta numa base de

dados ou em algum outro repositório organizacional;

• Refinamento do conhecimento: adição de contexto ao conhecimento, de forma

que este possa ser facilmente reusado. Neste estágio o conhecimento tácito,

adquirido através da experiência humana, é capturado, transformado e refinado

em conjunto com o conhecimento explícito já capturado, de forma a

acrescentar contexto e permitir a sua aplicação;

• Armazenamento do conhecimento: inclui a codificação do conhecimento

tácito e explícito, depois de refinados, de forma que possam ser reutilizados;

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• Gerenciamento do conhecimento: tem como objetivo manter o conhecimento

atualizado. Todo conhecimento armazenado deverá ser sistematicamente

revisado para verificar se ainda é válido, correto e necessário;

• Disseminação do conhecimento: garante a disseminação do conhecimento para

todos na organização, de forma que o conhecimento estará facilmente acessível

para todos, a qualquer momento e sempre que necessário. Novas tecnologias

costumam ser adicionadas para auxiliar na disseminação deste conhecimento.

Já Liebowitz (1999) defende um processo ainda mais abrangente, composto por

oito etapas, que compreende desde a identificação das competências-chave até a

comercialização do conhecimento:

• Identificação: etapa responsável pela identificação das competências-chave

da organização.

• Captura: etapa em que o conhecimento existente é formalizado.

• Seleção: etapa responsável pela avaliação da relevância, valor e corretude do

conhecimento capturado.

• Armazenamento: codificação do conhecimento capturado e selecionado em

repositórios organizacionais.

• Compartilhamento: distribuição automática do conhecimento aos

indivíduos, baseado em perfis pessoais e de trabalho.

• Aplicação: recuperação e uso do conhecimento no apoio à decisão, na

solução de problemas, na automação de atividades e no treinamento.

• Criação: descoberta de novos conhecimentos através da pesquisa,

experimentação e do pensamento criativo.

• Comercialização: desenvolvimento e comercialização de produtos e serviços

baseados em conhecimento.

A análise das propostas de Armistead, Bose e Liebowitz nos permite concluir que

há uma divergência significativa quanto à composição das etapas de um processo de gestão

do conhecimento. Goldoni (2007) analisou diversos processos disponíveis na literatura e,

com base nesta análise, propôs um processo que contemplasse as semelhanças identificadas

nas propostas. O processo resultante é composto pelas cinco etapas descritas a seguir e

visualmente representado na Figura 2.2.

• Criação: etapa que compreende a adição de novos conhecimentos e o ajuste

nos conhecimentos existentes;

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• Armazenamento: etapa onde o conhecimento é codificado para ser

armazenado nos repositórios organizacionais de conhecimento;

• Disseminação: etapa onde estão incluídas a comunicação e a distribuição do

conhecimento dentro da organização;

• Utilização: etapa destinada à aplicação do conhecimento;

• Mensuração: etapa horizontal que se propõe a aferir o resultado das etapas do

processo.

Um aspecto interessante da proposta de Goldoni é apresentar a etapa de resultados

sem detalhamento, representada de forma tracejada. Todavia, apesar de não detalhar sua

etapa de resultados, Goldoni afirma que a etapa de mensuração deve compreender também

o momento onde os resultados da gestão do conhecimento são apurados.

2.5. Métricas de Gestão do Conhecimento

Pesquisas apontam que já existe uma boa base de indicadores de desempenho para gestão

do conhecimento (BOSE, 2004). Armistead (1999) apresenta uma proposta de como

mensurar o desempenho da gestão do conhecimento tendo como base o processo definido

por ele e apresentado na Seção 2.4.2. Essas medidas se encontram listadas a seguir.

• Criação do conhecimento

o Confiabilidade do conhecimento;

o Completude do conhecimento;

o Atualidade do conhecimento;

o Aceitabilidade do conhecimento;

o Prontidão do conhecimento;

o Custo de exploração do conhecimento;

o Número de novas patentes.

• Transferência do conhecimento

Figura 2.2: Processo de gestão do conhecimento proposto por Goldoni (2007)

Criação Armazenamento Disseminação Utilização Resultado

Mensuração

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o Atualidade do conhecimento;

o Confiabilidade do conhecimento;

o Completude do conhecimento;

o Acessibilidade do conhecimento;

o Custo de transferência do conteúdo.

• Incorporação do conhecimento

o Aprendizado individual;

o Aprendizado organizacional;

o Proteção de valor do conhecimento;

o Potencial de valor do conhecimento;

o Evidências de melhores práticas.

Por não apresentar detalhamento sobre as medidas, seja sobre seu significado,

forma de medição ou mecanismos de análise, não há indícios de que a proposta de

Armistead esteja sendo utilizada na prática.

Liebowitz (LIEBOWITZ; SUEN, 2000) revisou diversos indicadores de

desempenho existentes na literatura e afirmou que muitas das métricas citadas não são

“criativas” ao tentar determinar o tamanho e o crescimento da base de conhecimento da

organização.

Ahmed (AHMED et al., 1999) aponta algumas dificuldades em se obter indicadores

de desempenho de mais alto nível. Segundo eles, medidas de desempenho tradicionais

focam apenas em saída, não observando através dos facilitadores que levam a produção

destes resultados. Esses facilitadores podem ser multifacetados e incluir elementos como

lideranças, pessoas, sistemas, estratégias, comunicação, entre outros. A partir deles os

benefícios fluem.

Isto apenas reforça a falta de sensibilidade sofrida pelos indicadores focados

exclusivamente em entradas e saídas financeiras. Essa categoria de indicadores é somente

capaz de prover uma visão global da área de gestão do conhecimento, mas é incapaz de

mensurar cada componente individualmente. Para obter um entendimento completo do

processo de gestão do conhecimento, corporações precisam ser capazes de mensurar cada

estágio do processo.

Preocupado com estas limitações, além de revisar os indicadores existentes,

Liebowitz propôs os seguintes indicadores:

• O número de novos relacionamentos “colega para colega”;

• A taxa de reuso do conteúdo “frequentemente acessado/reusado”;

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• A captura do conhecimento chave online;

• A disseminação e compartilhamento do conhecimento para os indivíduos

apropriados;

• O número de proficiências adquiridas em compartilhamento do conhecimento;

• O número de novas ideias gerando produtos ou serviços inovadores;

• O número de lições aprendidas e melhores práticas aplicadas na criação de

valor;

• O número de (patentes + marcas + artigos + livros + apresentações em

conferências) / funcionários;

• O número de “aprendizes” com mentoring, e o sucesso destes aprendizes à

medida que amadurecem na organização;

• Interações com acadêmicos e consultores.

Ao analisar os indicadores propostos por Liebowitz, tendo como foco os

comentários de Ahmed, é possível notar que esses indicadores estão alinhados à

argumentação de Ahmed. É válido mencionar que esses indicadores focam apenas em

gestão do conhecimento, enquanto alguns indicadores presentes na literatura focam em

capital intelectual como um todo.

Embora os indicadores propostos por Liebowitz apresentem uma maior

maturidade quando comparados à proposta de Armistead, o sistema de Liebowitz carece de

uma categorização que permita a visualização do desempenho nas diversas áreas da gestão

do conhecimento.

2.6. Estilos de Gestão do Conhecimento

Liebowitz (2007) identifica duas estratégias principais para gestão do conhecimento, são

elas: a codificação e a personalização. A codificação se baseia na tentativa de coleta do

conhecimento tácito, transformando-o em explícito e possibilitando um acesso mais fácil a

este conhecimento. Já a personalização é uma abordagem baseada em conexões, que tende

a acentuar os relacionamentos interpessoais. Alguns exemplos do método de

personalização são as comunidades de prática, sistemas de localização de especialistas,

feiras do conhecimento e programas de mentoring, dentre outros.

Em seu trabalho, Choi e Lee (2003) definiram quatro estilos para a gestão do

conhecimento: passivo, sistêmico, humano e dinâmico. Os autores afirmam que as

organizações podem focar na gestão do conhecimento explícito, dando ênfase à capacidade

de criar, armazenar, transferir e utilizar este tipo de conhecimento; ou na gestão do

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conhecimento tácito, enfatizando o compartilhamento do conhecimento através da

interação interpessoal; ou em ambos. Essa ênfase é determinante para a caracterização do

estilo adotado. No entanto, as organizações necessitam considerar tanto o fator humano

quanto o tecnológico, ao decidir quais aspectos do conhecimento receberão maior ou

menor ênfase.

Choi e Lee concluíram que a gestão do conhecimento requer uma associação entre

o conhecimento tácito e o explícito, principalmente quando se trata de processos de

negócio mais dinâmicos, como, por exemplo, o desenvolvimento de produtos, em função

da incerteza e complexidade da tarefa. Fatores internos, como o tipo de atividade realizada

e as características dos produtos desenvolvidos, e fatores externos, como o tipo de

indústria na qual a empresa esta inserida, devem ser levados em consideração quando da

formulação dos estilos de gestão do conhecimento.

2.6.1. Estilo Passivo

Organizações que utilizam o estilo passivo não exploram o conhecimento verdadeiramente,

pois ele não é administrado de forma sistemática. Ou seja, estas organizações não possuem

uma infraestrutura tecnológica e organizacional adequada, nem uma cultura voltada para a

gestão do conhecimento. Segundo Choi e Lee, no atual ambiente de negócios, este estilo

reduz a efetividade das companhias rapidamente.

Iniciativas com este estilo tendem a ter custos com tecnologia da informação e

recrutamento considerados baixos em relação aos outros estilos, pois não investem

especificamente em sistemas de gestão do conhecimento, nem na contratação de recursos

que possam trazer para a organização o conhecimento necessário.

2.6.2. Estilo Orientado a Sistemas

As organizações com estilo orientado a sistemas (ou apenas sistêmico) enfatizam a

classificação e uso de novos conhecimentos, de forma a criar uma melhor codificação,

diminuindo a complexidade de acesso e uso desse conhecimento, gerando respostas rápidas

aos clientes e custo por transação de conhecimento reduzido. O conhecimento codificado

é administrado e compartilhado de maneira formal.

Para Choi e Lee, o uso desse estilo pode reduzir custos e melhorar a efetividade

organizacional, criando-se grupos e programas de treinamentos, além de eliminar a

necessidade por comunicação adicional e coordenação pelos supervisores.

Deve-se considerar que este estilo pode ter sucesso em organizações onde as

informações podem ser facilmente codificadas e padronizadas, não necessitando de

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criatividade por parte dos colaboradores, ou seja, é indicado para partilhar conhecimento

explícito. O custo de tecnologia da informação é alto nesse estilo, pois desenvolvem e

atualizam os sistemas de gestão do conhecimento constantemente.

Os autores ainda complementam afirmando que as organizações com gestão do

conhecimento orientada a sistemas podem obter melhores desempenhos caso possuam

processos mais formalizados e unificados. A razão dessa afirmação se deve ao fato dessas

organizações terem uma pesada infraestrutura de tecnologia da informação amplamente

utilizada para o conhecimento explícito e, grande parte das informações necessárias poder

ser documentada em manuais, pois se tratam de critérios e procedimentos para decisões

críticas e sistematizadas.

2.6.3. Estilo Orientado a Pessoas

A ênfase dada pelas organizações no estilo orientado às pessoas está em obter e distribuir

conhecimento tácito e experiência interpessoal. De acordo com Choi e Lee, esse

conhecimento se origina de redes sociais informais, e, consequentemente, não se pode

simplesmente acessar uma base de dados e utilizar o conhecimento, pois nesse estilo existe

a necessidade de interações entre os colaboradores para obtenção dos resultados desejados.

Quando se tem por objetivo a identificação dos procedimentos padrão ou a busca

por melhores métodos de operação, o uso deste estilo não costuma trazer benefícios, pois

as dimensões humanas costumam ser críticas para a gestão do conhecimento e não são

passíveis de separação do conhecimento propriamente dito.

A comunicação e a confiança são os fatores mais críticos de sucesso neste estilo.

Organizações que adotam esse estilo tendem a buscar habilidades em mentores ou

treinadores e as comunidades de prática são bastante utilizadas. O estilo com orientação

humana tem altos custos com recrutamento, pois necessita de um cuidado extremo ao

avaliar as habilidades e a criatividade dos candidatos.

A estratégia de gestão do conhecimento orientada a sistemas enxerga a informação

como uma entidade externa, objetiva, que possui uma realidade própria, baseada em seu

conteúdo, independente dos usuários e dos sistemas sociais. Já na orientada a pessoas, a

informação é vista como uma construção subjetiva, criada dentro da mente dos usuários

(CHOO, 2006).

2.6.4. Estilo Dinâmico

As organizações com estilo de gestão do conhecimento dinâmico são aquelas orientadas

para a geração do conhecimento tácito e explícito de forma integrativa e progressiva. De

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acordo com Choi e Lee, os dois conhecimentos são administrados de forma dinâmica, com

comunicação intensiva. Essas organizações dependem de uma cultura, de um pensamento

voltado para o conhecimento, e também da tecnologia da informação para apoiar o

trabalho entre os grupos e os indivíduos, muitas vezes separados no tempo e no espaço.

Choo (2006) direciona seus estudos para a tentativa da captura do conhecimento

tácito nas organizações, pois, segundo ele, enquanto o conhecimento permanecer tácito, a

organização é incapaz de explorá-lo de maneira ampla. Choo afirma também que a chave

da inovação organizacional é a liberação do conhecimento tácito do controle dos membros

da organização.

Em uma primeira impressão, é possível interpretar as afirmações de Choo como

direcionadas ao estilo orientado a sistemas, porém o autor identificou que os usuários

costumam obter informações de diversas fontes, sejam essas formais ou informais. As

fontes informais, compostas por colegas de trabalho e contatos pessoais, são sempre tão ou

mais importantes do que as formais, como bibliotecas e fontes de informações online. A

sua pesquisa identificou inclusive que diversos usuários preferem fontes locais e acessíveis,

mesmo se estas não forem necessariamente as melhores fontes. Dessa forma, é possível

afirmar que as conclusões de Choo, na verdade, estão de acordo com as classificações do

estilo dinâmico definidas por Choi e Lee.

Em seu trabalho, Choi e Lee realizaram um estudo empírico para validar os quatro

estilos de gestão do conhecimento. Seu trabalho analisou os efeitos e os custos associados

aos métodos de cada estilo, em comparação com o desempenho organizacional. Como

resultado, o estilo dinâmico foi considerado o mais efetivo, enquanto o passivo, como era

de se esperar, apresentou desempenho bem inferior aos demais. Curiosamente, não foram

identificadas diferenças relevantes entre a efetividade dos estilos orientado a sistemas e

orientado a pessoas.

2.7. Escolas de Gestão do Conhecimento

Em seu trabalho, Michael Earl (2001) identifica que, apesar de terem seu valor para fins

educacionais, distinções entre conhecimento tácito e explícito, bem como distinções entre

dados, informação e conhecimento, não sugerem como as organizações devem intervir ou

investir em termos de gestão do conhecimento. Esta afirmação está alinhada com

Davenport e Prusak (1998), ao afirmarem que na prática não é necessário fazer uma

distinção entre dados, informação e conhecimento, pois a maioria das iniciativas de gestão

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do conhecimento envolve uma mistura de conhecimento, informação e até de alguns

dados.

Em seu trabalho, Earl propôs uma taxonomia para classificar, ou tipificar, as

escolas de gestão do conhecimento (Figura 2.3). Earl ressalta que não há como afirmar que

uma escola é superior às demais, e que estas escolas não são mutuamente excludentes.

Figura 2.3: Escolas de Gestão do Conhecimento

As escolas classificadas como tecnocráticas se baseiam em tecnologia da

informação, que prove o suporte para as atividades dos funcionários nas organizações. A

escola classificada como econômica possui orientação comercial, gerando receita a partir da

exploração explícita do conhecimento e do capital intelectual. As escolas comportamentais

estimulam os gerentes e os gerenciados a serem proativos na criação, no compartilhamento

e no uso do conhecimento como uma fonte de recursos.

A escola de sistemas utiliza a estratégia de gestão do conhecimento mais antiga e há

mais tempo estabelecida. A ideia fundamental desta escola é capturar o conhecimento de

especialistas em bases de conhecimento, disponíveis para que outras pessoas qualificadas

possam acessá-lo. Esta escola pode englobar tanto sistemas de informação quanto sistemas

de repositório de conhecimento, e seus sistemas são utilizados para capturar, armazenar,

organizar e apresentar o conhecimento derivado da experiência dos funcionários.

A escola cartográfica possui foco no mapeamento do conhecimento organizacional.

Ela tem por objetivo registrar e disponibilizar a informação de que conhecimento cada uma

da organização possui, construindo diretórios de conhecimento. A ideia principal é garantir

que as pessoas detentoras do conhecimento sejam acessíveis para os demais, de forma que

possa haver troca de conhecimento. Nessa escola, é esperado que as pessoas criem perfis

detalhados de suas competências e experiências para serem disponibilizados nos diretórios.

É esperado também que exista na organização uma cultura de apoio mútuo e

compartilhamento do conhecimento entre os funcionários.

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30

A escola de engenharia foca em processos e surgiu como uma derivação da

reengenharia de processos de negócio. Esta escola possui a premissa de que o desempenho

dos processos de negócio pode ser melhorado, caso os funcionários responsáveis pela

operação tenham acesso ao conhecimento relevante para suas atividades. Nesta escola é

crítico que tanto o conhecimento quanto a informação estejam disponíveis tanto para os

funcionários da operação quanto para os executivos.

A escola comercial está explicitamente focada em proteger e explorar os ativos de

conhecimento, como patentes e marcas registradas, para produzir receita. Esta escola é

comumente marcada pela criação de áreas para gerenciamento do portfolio de marcas e

patentes das organizações, e sua filosofia é a comercialização da propriedade intelectual.

A escola organizacional utiliza-se das estruturas organizacionais, ou seja, suas redes,

para compartilhar o conhecimento. Organizações que utilizam esta escola costumam

utilizar as comunidades de conhecimento, que são grupos de pessoas com interesses,

problemas ou experiências em comum. Apesar de fortemente apoiada por tecnologia e

sistemas, esta escola é classificada como uma escola comportamental, pois as comunidades

compartilham o conhecimento interativamente, geralmente de forma não rotineira, pessoal

e não estruturada. A escola organizacional é tipicamente apoiada por bases de

conhecimento e ferramentas de colaboração que auxiliam a conexão entre pessoas com

perguntas e pessoas com respostas, combinando tanto a codificação quanto a

personalização do conhecimento.

A escola espacial está centrada no uso do espaço físico como facilitador para a troca

do conhecimento. O objetivo da escola é encorajar a socialização como mecanismo de

troca do conhecimento, porém esta socialização deve ser estimulada através de um espaço

físico propício para que estas conversações e trocas ocorram.

A escola estratégica enxerga a gestão do conhecimento como uma dimensão da sua

estratégia competitiva. O objetivo é construir, cultivar e explorar ao máximo, através de

sistemas, processos e pessoas, os ativos de conhecimento, convertendo-os em valor na

forma de produtos e serviços baseados em conhecimento. Apesar de poder englobar todas

as outras escolas, o que diferencia a escola estratégica é a visão de que o conhecimento e o

capital intelectual não são apenas recursos auxiliares, e sim os recursos principais da

estratégia organizacional, ou seja, a organização “compete” em conhecimento e a gestão do

conhecimento pode até mesmo fazer parte de sua missão.

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2.8. Comunidades de Prática

Como já discutido, a grande maioria das iniciativas de gestão do conhecimento focavam

exclusivamente na captura e documentação do conhecimento explícito em bases de dados

ou repositórios de documentos. Porém, Lave e Wenger (1991), ao analisarem o

aprendizado dos colaboradores nas organizações, identificaram que a capacidade das

pessoas criarem e utilizarem o conhecimento estava diretamente relacionada à forma como

estas interagem com os demais membros de sua comunidade dentro da empresa.

Wenger (2004) define o princípio fundamental da gestão do conhecimento como

seus participantes, as pessoas que usam o conhecimento em suas atividades, pois eles estão

em melhor posição para gerenciar este conhecimento. Entretanto, o conhecimento dos

participantes não é apenas o conhecimento individual. Eles precisam ter uma interação

entre si, capaz de gerar um estímulo para compartilhar experiências e dividir a

complexidade de cobertura do conhecimento. É neste ponto que a noção de comunidade

de prática se torna crítica.

Segundo Wenger (2004) uma comunidade de prática é o conjunto de relações no

tempo entre pessoas e atividades e em relações com outras comunidades de prática

tangenciais ou com interseções. Comunidades de prática são estruturas sociais que se

concentram no conhecimento e colocam a responsabilidade da gestão do conhecimento

nas mãos dos seus participantes.

Davenport e Prusak (1998) definem uma comunidade de prática como um grupo

auto-organizado de pessoas com conhecimentos complementares e que compartilham as

mesmas práticas, interesses ou objetivos de trabalho.

A comunidade de prática é a condição intrínseca para a existência do conhecimento

– e consequentemente a base para a gestão do conhecimento –, pois ela provê o suporte

interpretativo necessário para o entendimento do conhecimento e de sua herança e podem

ser criadas através de disciplinas, problemas ou situações (LAVE; WENGER, 1991).

Nesse sentido, Wenger afirma que para tornar-se um participante de uma

comunidade de prática é necessário participar da prática diária, bem como participar das

relações sociais, processos produtivos e outras atividades da comunidade.

A característica mais marcante de uma comunidade de prática é a presença de uma

prática com um objetivo bem definido e compartilhada pelos seus membros. Os laços entre

as pessoas são criados informalmente pelo que fazem em conjunto, que vai desde

discussões despretensiosas até solução de problemas complexos. As três características que

definem uma comunidade de prática são:

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• Objetivo: sobre o quê é a comunidade, o objetivo final a ser atingido pelos

membros da comunidade;

• Funcionamento: mecanismo de relacionamento e engajamento a partir do qual

os membros interagem para atingir o objetivo proposto;

• Produção: repertório compartilhado criado durante a participação na

comunidade, incluindo rotinas, artefatos, vocabulário, estilos e até mesmo

sensações e sentimentos.

Segundo Wenger (2004), a abordagem de comunidades de prática exige das

organizações maior concentração na formação de grupos de estudos e pesquisas. O

primeiro passo seria transformar a estratégia da organização em um grupo de domínios de

conhecimento. É necessário definir que conhecimento é requerido pela organização para

estar bem nos negócios e ser uma empresa competitiva. O próximo passo é encontrar

participantes que, formando uma comunidade, possam gerenciar o conhecimento em seu

domínio.

Wenger (2004) afirma que uma das formas utilizadas pelas organizações para

encontrar os participantes é através de análises em redes sociais. Participantes aprendem

durante todo tempo no trabalho, acham novas soluções, aprimoram seu conhecimento, e

aprendem a partir de seus erros. Todo este aprendizado precisa ser recuperado em práticas

aprimoradas que incorporam este conhecimento no trabalho regular dos indivíduos.

Porém, Wenger alerta que comunidades precisam de tempo para dar resultado. É

um investimento que toda organização deve fazer, pois fortalece o conhecimento de seus

indivíduos e adquire um grande ativo organizacional que a colocará numa posição

estratégica do mercado, mantendo-a competitiva e duradoura num mercado que muda a

todo instante.

2.9. Sumário

Desde o início da era da informação, o conhecimento vem sendo cada vez mais

considerado o recurso mais valioso para as empresas. Diversas definições e classificações

para o conhecimento vêm surgindo, e, com elas, teorias para a classificação e gestão do

conhecimento apareceram.

Esse surgimento se deve em grande parte a necessidade das organizações em

garantir que o conhecimento organizacional seja mantido mesmo que alguns membros

deixem a organização. A gestão permite também que a organização aprenda com as

experiências tanto da própria organização quanto de outras.

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Esse capítulo serve de referencial teórico para todos os conceitos relacionados à

gestão do conhecimento utilizados neste trabalho. Nesse capítulo foram apresentadas

algumas definições e categorizações para conhecimento. Em seguida foram apresentadas

teorias de gestão do conhecimento, incluindo alguns dos principais desafios enfrentados

pelas empresas ao tentar implantar iniciativas de gestão do conhecimento. Para facilitar o

entendimento de como a gestão do conhecimento pode ser realizada, foram apresentados

alguns dos principais processos de gestão do conhecimento utilizados na academia,

incluindo uma explanação sobre que conjuntos de métricas para avaliação de processos de

gestão do conhecimento já se encontram publicadas.

Para facilitar a caracterização da abordagem utilizada nesta tese como uma iniciativa

de gestão do conhecimento, foram apresentadas duas taxonomias de classificação de

iniciativas de gestão do conhecimento, que auxiliam no entendimento de quão abrangente é

essa disciplina. Por fim, foi apresentado o conceito de comunidades de prática, que

caracterizam a estratégia mais comumente adotada quando se pretende adicionar aspectos

sociais a iniciativas de gestão do conhecimento.

O próximo capítulo apresenta o estado da arte em redes sociais e contêm também

uma seção que discute o uso de redes sociais como ferramentas de gestão do

conhecimento, criando assim o elo com este capítulo e finalizando o referencial teórico

necessário ao melhor entendimento deste trabalho.

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Capítulo 3 – Redes Sociais

A teoria de redes sociais aborda os relacionamentos sociais em termos de nós e ligações.

Os nós representam os atores pertencentes à rede social, as ligações representam as

relações entre estes atores. Existem diversas formas de ligações entre os atores que

compõem uma rede, cada uma delas relacionada à natureza da rede social na qual a ligação

está inserida (MEIRA; COSTA; et al., 2011).

A estrutura de uma rede social pode auxiliar na identificação de sua utilidade para

os nós que a compõem. Quanto maior a quantidade de ligações, ou relacionamentos, entre

os atores, maior a utilidade da rede para os seus indivíduos, pois isto indica que a rede não

se restringe apenas ao seu núcleo, permitindo uma maior interação entre elementos de

redes diferentes. Com esta maior interação, ocorre um aumento na probabilidade do

surgimento de novas ideias e oportunidades através dos indivíduos que compõem a rede

social (GRANOVETTER, 1982).

Liebowitz (2007) define uma rede social como um conjunto de relacionamentos

entre um grupo de atores – indivíduos, departamentos, unidades funcionais, entre outros –

que frequentemente possuem interesses similares. Todas as pessoas com quem já nos

relacionamos em algum momento da vida fazem parte da nossa rede social. Alguns

relacionamentos são duradouros e fortes como os relacionamentos entre membros de uma

família ou de amizade, outros são passageiros e somem com o tempo.

Nossa rede social é formada pelos nossos relacionamentos diretos, como parentes,

amigos e colegas de trabalho, e pelos relacionamentos que esses possuem com outras

pessoas. Desta forma todos os integrantes de um mesmo grupo social provavelmente estão

direta ou indiretamente conectados.

É através das redes sociais que um indivíduo consegue ampliar seu alcance – em

termos de área de influência –, bem como aumentar seu potencial de aprendizado. Neste

sentido, através das redes sociais, o todo passa a ser maior do que a soma de suas partes,

uma vez que o conhecimento do indivíduo passa a ser ampliado através do acesso ao

conhecimento dos demais membros da rede social (LIEBOWITZ, 2007).

Em um experimento conhecido como “seis graus de separação”, o psicólogo

Stanley Milgram tentou calcular qual o número máximo de intermediários que torna

possível atingir qualquer outra pessoa no planeta. Como resultado, concluiu que todas as

pessoas do planeta estão a, no máximo, seis passos de distância umas das outras

(MILGRAM, 1967). Essa teoria gerou muita controvérsia, mas os primeiros sistemas de

redes sociais para Web eram baseados na aplicação dessa teoria.

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Redes sociais na Web são ambientes virtuais onde os participantes interagem com

outras pessoas e criam redes baseadas em algum tipo de relacionamento. Em um sistema de

redes sociais na Web, cada membro possui sua própria rede social, o que transforma o

ambiente em uma teia de relacionamentos.

Os primeiros sistemas de redes sociais eram baseados em comunicação pessoal.

Nesses sistemas são criados grupos de contatos para o envio de mensagens instantâneas

(instant messengers). ICQ e MSN são exemplos dentre os principais sistemas dessa primeira

geração de redes sociais.

Na segunda geração, os sistemas de redes sociais objetivaram replicar as redes de

afinidade e de conhecidos das pessoas, isto é, eles tinham como objetivo representar as

redes sociais “reais” em um ambiente virtual. Sistemas como Orkut, Friendster, Facebook e

LinkedIn obtiveram sucesso em formalizar estes relacionamentos. O sucesso foi tão grande

que as redes sociais se tornaram mais populares do que o correio eletrônico. Contudo, a

falta de um propósito específico (as redes em geral serviam apenas como um mapa de

relacionamentos) criou uma visão de que as redes sociais são sistemas apenas para o

entretenimento, sem um objetivo, o que levou a proibição do uso desses sistemas nos

ambientes empresariais.

Na terceira geração, o conceito de redes sociais evoluiu para sistemas de criação e

aquisição de experiências. Sistemas como o Facebook, Orkut, LinkedIn e MySpace são

exemplos de sistemas que evoluíram para essa terceira geração. As redes sociais passaram a

auxiliar a resolução de problemas do “mundo real”, tais como:

• Armazenar e trocar experiências: trocar experiências entre pessoas que vivem

situações semelhantes, mas vivem ou trabalham em locais distintos.

• Gerenciar o conhecimento: armazenar e difundir o conhecimento de uma

organização por meio de um ambiente de aprendizagem e inovação constante.

• Manter a memória organizacional: guardar fatos que aconteceram durante a

existência de uma organização. Essa memória possibilita entender quais

decisões do passado afetam o presente, e como a organização agiu

anteriormente, em face de problemas ou situações semelhantes.

• Reproduzir e gerar conexões entre pessoas e organizações: conectar pessoas,

ainda que desconhecidas no presencial, para estabelecer parceria e colaboração.

• Estabelecer relacionamento entre as organizações e clientes: monitorar

opiniões, solucionar problemas, prestar esclarecimentos, interagir e estabelecer

novas formas de relação.

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Jennifer Golbeck (2005) ressalta que existem diversas formas de se inferir redes

sociais a partir da Web como, por exemplo, relacionar todas as pessoas que escreveram em

um mesmo tópico de um fórum, e, por causa disso, muitas comunidades virtuais afirmam

serem ambientes de redes sociais, ou de suporte a redes sociais.

Para evitar ambiguidades, este trabalho utilizará a mesma definição que Golbeck

utilizou para caracterizar redes sociais na Web (GOLBECK, 2005):

• O ambiente deve ser acessível através de um navegador Web. Essa

característica exclui ambientes que exigem a instalação de um software

específico para acesso dos usuários.

• Os usuários devem estabelecer explicitamente seus relacionamentos. Isso

implica que não há inferência sobre relacionamentos, no máximo

recomendações, mas todas as relações estabelecidas devem ser criadas pelos

próprios usuários durante o uso do ambiente. Essa característica elimina,

dentre outros ambientes, aqueles que definem relacionamentos baseados na

estrutura formal da organização (no organograma da empresa).

• O sistema deve possuir mecanismos nativos para a construção dos

relacionamentos. Deve existir uma estrutura única que integre os dados e

regule como eles devem ser exibidos.

• Os relacionamentos devem ser visíveis e navegáveis. Ambientes onde os

usuários podem manter listas de contatos totalmente fechadas não são

interessantes como ambientes de redes sociais.

Esta última característica exclui alguns ambientes que poderiam ser considerados

ambientes de redes sociais. Essa exclusão se deve muito mais às possibilidades de análise de

redes sociais do que ao fato destes ambientes representarem ou não redes sociais.

3.1. Análise de Redes Sociais

Apesar das redes sociais serem conhecidas principalmente como sistemas de

entretenimento e de marketing social, esse tema é objeto de pesquisas e estudos há pelo

menos 80 anos. Os sociólogos foram os primeiros a estudar redes sociais com o objetivo

de entender os relacionamentos humanos. A partir da década de 1940, os cientistas

passaram a representar as relações humanas na forma de grafo, denominado sociograma

(MEIRA; COSTA; et al., 2011).

Na década de 1950, matemáticos e estatísticos começaram a aplicar a teoria de

grafos para definir métricas úteis para responder perguntas sobre a posição de cada

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indivíduo na rede social, o que originou a Análise de Redes Sociais (Social Network Analysis -

SNA). O objetivo é coletar e analisar padrões, geralmente implícitos, nos relacionamentos e

fluxos de informações existentes entre os nós de uma rede social. Os nós geralmente

representam pessoas ou grupos, mas também podem representar organizações,

computadores, sites ou qualquer outra entidade que contenha informação. Quando a

análise é aplicada em redes que representam empresas, denomina-se Análise de Rede

Organizacional (Organization Network Analysis – ONA).

A análise de redes sociais pode ser aplicada a várias áreas do conhecimento como

gerenciamento de conhecimento, desenvolvimento organizacional, pesquisas em economia

e ciências sociais, epidemiologia e segurança contra ataques terroristas, dentre outros. Com

o apoio tecnológico, psicólogos e sociólogos passaram a estudar redes cada vez maiores

para entender como as pessoas se relacionam e que fatores locais e globais afetam as

pessoas e seus relacionamentos.

Por meio da análise da rede social, são obtidas informações visuais e matemáticas

sobre os relacionamentos dos nós. Por exemplo, em uma rede social que representa uma

organização, a análise da rede pode indicar quem são as pessoas com mais influência, quem

são os líderes reais, qual é o organograma informal da organização, como a comunicação

flui dentro da empresa, quais são os pontos de perda de informação, e quais os caminhos

que viabilizam o fluxo do conhecimento. Ampliando este leque de oportunidades,

Liebowitz (2007) ressalta o uso potencial da análise de redes sociais para melhor entender

os fluxos de conhecimento da organização, seus gaps de conhecimento, suas redes de

colaboração, suas redes sociais e as interações entre seus funcionários.

Estudos apontam que a proximidade e a similaridade entre os nós influenciam o

relacionamento entre eles (GRANOVETTER, 1982). É mais provável que os nós mais

próximos se relacionem entre si, como pessoas que moram próximas ou que estudam no

mesmo lugar, e pessoas com características em comum como faixa etária, sexo, ou religião.

Imagine uma empresa que tem problemas de comunicação e deseja avaliar a rede

formada por seus funcionários para entender onde os principais problemas acontecem. A

solução pode vir através da análise das redes pessoais e profissionais dos funcionários. Por

exemplo, os funcionários podem ser questionados sobre quais são as pessoas com quem

mais interagem no dia-a-dia do trabalho, com quais tem laço de amizade e com quais tem

problemas de relacionamento pessoal. É provável que a sobreposição da rede profissional e

da rede pessoal dos funcionários possibilite encontrar qual ou quais os pontos onde os

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problemas de relacionamento entre funcionários estão afetando a comunicação entre os

funcionários da empresa.

Apesar de terem certeza de que conhecem a estrutura de sua organização, os

gerentes das empresas normalmente não conhecem as redes informais existentes na sua

organização, como pode ser visualizado na Figura 3.1 e Figura 3.2, onde são exibidas a

estrutura formal e informal de uma mesma organização. Através da realização de estudos e

análises sobre as redes sociais existentes na organização, é possível identificar como estas

redes estão organizadas e como o trabalho e o fluxo de informações ocorrem nessas redes

(CROSS et al., 2001).

Figura 3.1: Organograma de uma organização estudada (CROSS et al., 2001)

A análise de redes sociais é uma especialização do estudo de redes e vem sendo

aplicada a uma variedade de situações. Análises de rede fornecem as técnicas necessárias

para provar teorias e hipóteses que tentam relacionar a participação de uma entidade dentro

da rede a efeitos visíveis sobre a comunidade como um todo, ou sobre indivíduos que

compõem a comunidade, como, por exemplo, os efeitos sobre o desempenho da

comunidade ou de indivíduos específicos (ADAMIC; ADAR, 2005; BARABÁSI;

FRANGOS, 2002; SCOTT, 2000).

Análises de redes sociais vêm sendo utilizadas, dentre outras aplicações, na

identificação de fontes de inovação e poder em comunidades científicas (MIKA, 2005).

Nesse trabalho, Peter Mika usa os dados de comunidades científicas para realizar estas

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análises, identificando informações como grau de centralidade, proximidade e betweeness

entre os participantes da rede social.

Figura 3.2: Organização informal dos relacionamentos existentes na organização (CROSS

et al., 2001)

Alguns estudos sobre redes sociais vêm sendo realizados e já apresentam resultados

interessantes. Ohira, Ohsugi, Ohoka e Matsumoto (2005) realizaram estudos de redes

sociais sobre o sourceforge1, comunidade que suporta o desenvolvimento de OSS (Open

Source Software). O estudo foi motivado pelas dificuldades existentes na comunicação entre

projetos distintos, pois o sourceforge não apresenta serviços que suportem este tipo de

comunicação, apenas a comunicação dentro de um mesmo projeto.

Com a realização da análise de redes sociais, foi extraída uma radiografia das redes

de relacionamento existentes entre projetos. Através desta radiografia foi possível

identificar os principais elos de comunicação entre projetos, e como os relacionamentos

entre projetos acontecem. Para estes estudos, por não existir um relacionamento formal

1 http://www.sourceforge.net/

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entre projetos, foi utilizada a quantidade de desenvolvedores comuns como a medida do

grau de relacionamento entre os projetos.

Através dos estudos das redes sociais, é possível identificar quais pontos da rede de

relacionamentos podem ser considerados fracos – tipicamente os pontos que constituem o

único elo entre duas sub-redes, projetos ou comunidades – o que auxilia na tomada de

decisão para amenizar os efeitos que possam vir a acontecer caso este elo seja perdido.

Ações típicas são o estímulo à criação de novos elos, que venham a fortificar o ponto

identificado e evitar a perda do elo entre as redes até que um novo elo seja criado.

O principal problema destes estudos é o fato de serem baseados em

relacionamentos não formais ou não explícitos. No trabalho de Peter Mika, a principal

fonte de inferência de relacionamentos é composta pelos artigos científicos publicados em

coautoria, dentro de um conjunto de congressos de uma mesma comunidade, porém, esta

informação não necessariamente indica que todos os coautores possuem um grau de

relacionamento entre si. Já no trabalho de Ohira, Ohsugi, Ohoka e Matsumoto (2005), a

principal fonte de inferência é a participação dos desenvolvedores em mais de um projeto,

porém não é indicado se os desenvolvedores são realmente ativos em todos os projetos dos

quais participam, nem se todos os desenvolvedores de um mesmo projeto possuem algum

tipo de relacionamento – o que pode ser exemplificado por um único desenvolvedor que

participa de 51 projetos distintos.

3.2. Redes Sociais são Comunidades Virtuais?

O termo comunidade se baseia nas vilas existentes na idade média, onde as pessoas se

organizavam em grupos para habitarem uma área com fronteiras bem definidas. As vilas

daquela época eram comumente muradas, autossuficientes economicamente, o conceito de

moralidade era compartilhado entre todos, e todos os moradores da vila (insiders) podiam

ser facilmente diferenciados dos estrangeiros (outsiders), pois todos se conheciam pelo

nome, rosto e status. Todos possuíam papéis bem definidos e se sentiam responsáveis pela

comunidade, defendendo-a das ameaças e garantindo a subsistência da comunidade. Toda

comunidade é formada por um grupo de pessoas, porém, a recíproca não é verdadeira, pois

nem todo grupo se caracteriza numa comunidade(MEIRA; COSTA; et al., 2011).

Ao transpor o conceito de comunidade para os ambientes virtuais, duas

características diferem-se das comunidades físicas: a proximidade geográfica dos membros,

e o pertencimento à comunidade. Essas duas características não são facilmente

identificadas nas comunidades virtuais.

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O termo “comunidade virtual” foi usado pela primeira vez em 1987 para se referir

ao grupo de usuários de bulletin board, ainda na fase embrionária da Internet (BOOMEN,

2008). Já em 1993, o termo tornou-se popular com a publicação do livro “The virtual

community: Homesteading on the electronic frontier”, de Howard Rheingold (1993), em que

comunidade virtual foi definida como um agregado social que emerge na Internet quando

pessoas se engajam em discussões públicas por tempo suficiente a ponto de estabelecerem

entre si um relacionamento pessoal no ciberespaço. Essa definição reforça a noção de

pertencimento e de responsabilidade pela comunidade, de identificação e relacionamentos

pessoais baseados em sentimentos e percepções criados a partir da interação no ambiente

virtual.

Como fica o espaço geográfico, que define as comunidades da idade média, na

metáfora da comunidade virtual? A resposta está no próprio termo: “virtual”. O espaço

compartilhado por todos os membros da comunidade é criado pelo sistema usado para dar

suporte às interações entre estes membros. Esse ciberespaço é denominado de ambiente

virtual.

Analisando novamente a definição de Rheingold para comunidades virtuais,

identifica-se que redes sociais não possuem um espaço único e compartilhado para

interação entre os membros. Em geral existem espaços individuais para interação, acessíveis

apenas aos membros da rede social de um indivíduo. Ainda de acordo com a definição de

Rheingold, identifica-se que, nos ambientes de redes sociais, não são estabelecidas

interações por tempo suficiente, nem as pessoas compartilham a sensação de pertencer a

uma comunidade.

É claro que se pode reconhecer uma interseção entre os conceitos de redes sociais

na Web e comunidades virtuais, mas esses termos não são sinônimos e não devem ser

usados indistintamente. Há sim redes sociais que se transformam em comunidades virtuais,

mas essa não é a regra. Por outro lado, é cada vez mais comum o suporte a comunidades

virtuais dentro de ambientes de redes sociais.

Farnham (FARNHAM et al., 2004) sugere que os meios eletrônicos podem sim

prover uma sensação de “pertencer à comunidade” tão forte quanto às provocadas pelos

encontros presenciais, o que sugere o uso desses meios como mecanismo de ampliação das

redes sociais não virtuais poderá trazer ganhos reais na amplitude dessas redes,

possibilitando o fortalecimento das relações comerciais.

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3.3. Redes Sociais como Ferramenta para Gestão do

Conhecimento

Desde meados da década de 1990, as redes sociais baseadas na Web vêm sendo

desenvolvidas e se proliferando, apresentando um crescimento rápido tanto no número de

redes, quanto em seus escopos(MEIRA; COSTA; et al., 2011).

De acordo com Domingos (DOMINGOS; RICHARDSON, 2001), a forma como

os usuários publicam informações em ambientes de redes sociais vem tornando estas redes

em grandes repositórios de dados e informações relevantes sobre os usuários do ambiente.

Essas informações podem ser utilizadas para propósitos diversos, como, por exemplo,

aplicações para inferir o grau de confiança, confiabilidade e influência que usuários

possuem sobre seus contatos. Além disso, essas informações permitem a identificação de

relacionamentos não triviais, podendo fornecer novas informações sobre aspectos

quantitativos e qualitativos das pessoas e seus relacionamentos sociais (STAAB et al., 2005).

É justamente esta eficiência no compartilhamento do conhecimento individual e a

possibilidade de melhor entender as suas redes informais que vem tornando as redes sociais

tão interessantes para as organizações. Uma vez que o conhecimento relevante para os

membros da rede social é documentado, ele pode ser reusado, evitando esforço

desnecessário por seus funcionários. Além disso, as redes sociais podem prover um

ambiente informal e interativo, onde os usuários podem se expressar de forma livre,

incrementando naturalmente a memória organizacional. Essas características dos ambientes

de redes sociais os credenciam como uma abordagem interessante para iniciativas de gestão

do conhecimento (STAAB et al., 2005).

Antes mesmo da popularização dos ambientes de redes sociais na Web, Davenport

e Prusak (1998) já relatavam a importância das redes informais como mecanismo de gestão

do conhecimento, uma vez que elas geram confiança, a base essencial para a transferência

de conhecimento. O uso de um ambiente para dar suporte a redes informais permitiria que

as redes estivessem mais prontamente acessíveis a quem precise, eliminando assim uma das

principais barreiras em seu uso nas iniciativas de gestão do conhecimento (DAVENPORT;

PRUSAK, 1998).

Segundo Liebowitz (2007), uma das características de redes sociais que a credencia

como solução para a gestão do conhecimento está na diminuição da dependência do

conhecimento individual, pois esse conhecimento está prontamente disponível para os

diversos membros da rede social.

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Liebowitz (2007) identificou um tipo de rede social especialmente relevante para a

gestão do conhecimento e a batizou de rede pessoal de conhecimento. Essas redes

influenciam positivamente o aprendizado organizacional, pois permitem que os indivíduos

se tornem mais produtivos através do conhecimento sobre quem e o que é necessário para

a melhor execução de suas atividades. Também permitem que a informação certa esteja

prontamente disponível para o indivíduo que precisa dela, diminuindo assim a necessidade

de se procurar pelo conhecimento necessário.

Alguns dos principais mecanismos para a criação e a manutenção destas redes

pessoais do conhecimento são as comunidades online, grupos de discussão, blogs, chats, além

da própria natureza das redes sociais na Web, que é a busca por novos contatos através dos

“amigos dos amigos”.

Segundo Davenport e Prusak (1998), as redes de conhecimento organizacionais,

compostas pela união das redes pessoais de conhecimento de seus funcionários, são um

dos cinco mecanismos para geração do conhecimento, pois, quando redes desse tipo

compartilham conhecimento comum suficiente para se comunicar e cooperar, a

continuidade do seu contato costuma gerar novo conhecimento dentro das organizações.

Altukhova (2010) identifica as redes sociais como uma ferramenta para o

desenvolvimento coletivo do conhecimento que poderá ser efetivamente aplicado para os

interesses das organizações. Em um cenário ideal, o entusiasmo inicial dos funcionários e

seus esforços para estabelecer ligações profissionais devem ser apoiados por medidas de

apoio e divulgação do ambiente de redes sociais a ser realizado pela gerência da

organização.

Considerando que uma das principais vantagens das redes sociais é a possibilidade

de aprender com os demais, a codificação do conhecimento compartilhado por estas

pessoas acaba se tornando vital para a efetividade da rede social. Nesse sentido, Liebowitz

(2007) reforça a necessidade de se compartilhar e, principalmente, aplicar o conhecimento

capturado na forma de lições aprendidas ou melhores práticas organizacionais,

independente dos mecanismos e formatos utilizados para sua codificação. Por fim,

Altukhova (2010) afirma que manter uma rede social funcionando, com fins de gestão do

conhecimento organizacional, acaba por fortalecer a posição da organização em relação à

gestão do conhecimento, facilitando a adição de novas ferramentas e tecnologias para

complementar sua estratégia.

Porém, apesar da atenção dedicada pela academia às redes informais de

conhecimento, poucos são os exemplos de uso de ambientes para a gestão do

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conhecimento que estão de acordo com a definição de redes sociais na Web fornecida por

Golbeck (2005).

Inúmeros trabalhos com foco no uso de redes sociais para obter melhorias para

gestão do conhecimento organizacional utilizam o conceito de análise de redes sociais

(BARROSO et al., 2010; BOND III et al., 2008; CADIMA et al., 2010; CROSS et al., 2001;

KIM et al., 2011; OHIRA et al., 2005). De forma geral, os trabalhos caracterizados pelo uso

da análise de redes sociais buscam entender as redes já existentes, utilizando para isto um

mapeamento da rede social e aplicando um conjunto de indicadores para identificar os

elementos centrais, os elementos periféricos, os corretores de informação2, dentre outros

elementos importantes para o fluxo da informação.

Após a identificação desses elementos, um conjunto de ações pode ser realizado

para melhorar a estrutura da rede social, como estímulos para o surgimento de novos

corretores de informação, e a divulgação dos elementos centrais da rede como referências

na busca por conhecimento, dentre outras ações.

É possível ainda encontrar trabalhos que abordam as questões sociais da gestão do

conhecimento através da proposta de ambientes que dão suporte às relações sociais entre

os trabalhadores do conhecimento, como é o caso do Babble (BRADNER et al., 1999;

ERICKSON; KELLOGG, 2003; ERICKSON et al., 1999; THOMAS et al., 2001) e

posteriormente do Loops (ERICKSON et al., 2008).

Erickson e Kellogg (2003) definiram o conceito de comunidades do conhecimento,

do inglês knowledge communities, como um ambiente online no qual os usuários poderiam se

engajar socialmente com os demais e, no processo, descobrir, desenvolver, evoluir e

explicar o conhecimento relevante para projetos e objetivos compartilhados. Tanto o

Babble, utilizado durante mais de seis anos pela IBM, quanto o Loops, sucessor do Babble,

são considerados exemplos de comunidades do conhecimento.

Estes trabalhos sobre o Babble e o Loops são particularmente interessantes, pois

relatam um grande período de experiência em seu uso, incluindo alguns questionamentos

sobre o que representaria o sucesso de uma iniciativa como esta.

Tanto o Babble quanto o Loops se assemelham com um sistema baseado em

conversas multicanais, em formato textual, onde os usuários podem se conectar e escolher

2 Corretores de Informação (Information Brokers) são os elementos da rede social que atuam como único elo de

ligação entre duas ou mais subredes. Desta forma, eles se tornam o único caminho possível para o fluxo de

informação, e, consequentemente, obtendo o poder de definir que informação deve ou não ser compartilhada

com as demais subredes.

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uma das várias salas de conversações para participar. As conversações do ambiente são

persistentes, permitindo que os usuários possam visualizar todo o histórico de mensagens

trocadas, e não apenas as trocadas após sua entrada na conversação, o que possibilita o uso

do ambiente como repositório de conhecimento, ou, como definido pelos autores, base de

discursos.

O uso do Babble pode ser agrupado em três categorias (ERICKSON; KELLOGG,

2003): social, informativo e instrumental. As atividades sociais são realizadas com propósito

social e de entretenimento, como as saudações matinais e o tópico destinado a piadas. As

atividades informativas estão relacionadas a ações sobre o sistema destinadas a todos os

membros da comunidade, que incluem anúncios e outras notícias de interesse de todo o

grupo, e comentários sobre as atividades do projeto. As atividades instrumentais possuem

um objetivo específico e suas ações incluem iniciar ou participar de discussões focadas,

publicar relatórios de defeitos, realização de reuniões online e realização de perguntas.

Em sua discussão sobre a definição de sucesso no uso do Babble, Erickson e

Kellogg (2003) identificaram que algumas vezes os grupos tentam utilizar o ambiente, mas

falham ao adotá-lo. Outras vezes, o grupo consegue utilizá-lo por meses, mas cessa seu uso

por diversos motivos. Diante desses cenários, os autores tiveram dificuldades ao definir o

que caracterizaria o sucesso no uso do ambiente. Contudo, eles constataram que, sendo o

sucesso definido como o uso quase diário do ambiente, por um período de tempo maior ou

igual a seis semanas, aproximadamente metade de todas as implantações do Babble

obtiveram sucesso.

Apesar de terem sido construídos para apoiar as relações sociais entre seus usuários,

ambientes como o Babble e o Loops não podem ser considerados ambientes de redes

sociais na Web, pois não dão suporte ao gerenciamento e à navegação das relações sociais

entre seus usuários. Utilizando a discussão apresentada na Seção 3.2, é possível classificar

estes ambientes como comunidades virtuais, e, no caso particular de seu uso na IBM, de

comunidades de prática, porém a ausência de alguns dos requisitos não permite sua

classificação como ambiente de redes sociais na Web.

Assim como a IBM possui iniciativas de gestão do conhecimento abordando seus

aspectos sociais, a Ericsson utilizou o conceito de comunidades do saber, do inglês

communities of knowing, na sua iniciativa de gestão do conhecimento (HUSTAD, 2004).

Apesar do uso do conceito de comunidades para apoiar as trocas de conhecimento na

organização, a abordagem da Ericsson se diferencia das demais devido à pequena

quantidade de comunidades e a grande quantidade de membros em cada uma delas. Foram

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identificadas apenas 12 comunidades que, somadas, chegam a cerca de 10.000 membros, e

algumas dessas chegam a conter 3.000 membros.

Estes fatores, por si só, já tornam difícil o surgimento de muitas comunidades de

prática e levam a questionamentos sobre o real envolvimento de todos os membros nas

discussões das comunidades. Outra diferença desta iniciativa está no controle e no

gerenciamento das comunidades pela organização, indo de encontro à ideia de que estas

comunidades devem surgir naturalmente e não devem estar submetidas a um controle

formal da organização (HUSTAD, 2004).

Assim como a iniciativa da IBM, não é possível afirmar que o trabalho apresentado

por Hustad faz uso de redes sociais para a gestão do conhecimento, pois nem todos os

requisitos de um ambiente de redes sociais na Web são cumpridos pelo ambiente

apresentado.

Ciente das diferenças entre redes sociais e comunidades virtuais, Bih-Ru Lea, Wen-

Bin Yu e Nisha Maguluru (LEA et al., 2006) optaram por utilizar os conceitos de redes

sociais associados aos princípios dos ambientes de comunidades virtuais, com o objetivo de

estruturar e promover a interação social entre membros de comunidades virtuais, dando

origem ao projeto I3 (Innovation Information Infrastructure) financiado pela NSF (National Science

Foundation).

Segundo os autores, ambientes de comunidades virtuais costumam prover serviços

de criação e disseminação de conteúdo, serviços sociais e de comunicação e serviços para

transações de negócio. O projeto I3 tinha como objetivo utilizar os conceitos de redes

sociais para aprimorar esses três tipos de serviços.

Apesar de aplicar os conceitos de redes sociais, os elementos centrais do ambiente

I3 são os conteúdos disponibilizados pelos usuários, e não os próprios usuários. Dessa

forma, o principal mecanismo de interação entre usuários é através da identificação, por

parte do usuário, de conteúdos que lhe interessam, e, a partir desses conteúdos, o usuário

poderá entrar em contato, por e-mail, com seus autores.

Além disto, o ambiente não permite o gerenciamento dos contatos do usuário, não

permitindo que esse ambiente seja considerado um ambiente de redes sociais na Web. Por

fim, os conceitos de redes sociais utilizados estão diretamente associados à captura dos

indicadores usados em trabalhos de análise de redes sociais. Porém, os dados referentes à

rede social de cada usuário são capturados através de um questionário, durante o

preenchimento do seu perfil, com perguntas como, por exemplo, “Pense nas pessoas com

quem você discutiu assuntos importantes nos últimos 12 meses. Liste seus cargos no

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espaço abaixo e indique quais destas pessoas se conhecem pessoalmente”. Além disso, não

é possível verificar os resultados obtidos através do uso do I3, uma vez que não foram

encontrados trabalhos mais atuais que façam referência ao projeto.

Um dos poucos trabalhos que relatam o uso de uma rede social no processo de

gestão do conhecimento, mais precisamente na disseminação e na transferência do

conhecimento, foi desenvolvido na Razorfish com a utilização do ambiente Peers

(COHEN; CLEMENS, 2005; COHEN, 2005).

O ambiente Peers atende todos os requisitos definidos por Golbeck (2005) para ser

considerado um ambiente de redes sociais na Web. As principais funcionalidades do

ambiente, além da criação de perfis e relacionamentos entre usuários, são a disponibilização

de ativos criativos e entregáveis para revisão e reuso pelos demais membros do ambiente, e

a captura de notícias e ideias em formato de blog, associadas ao perfil do usuário.

O ambiente foi lançado em outubro de 2004 com um total de 48 profissionais

especializados em Experiência do Usuário. Segundo Cohen (2005), um dos principais

indicadores do sucesso do ambiente foi o surgimento, em apenas seis meses após o

lançamento do ambiente, de 120 solicitações de acesso ao ambiente por usuários que não

faziam parte do núcleo ao qual o ambiente se destinava.

O uso do ambiente cresceu durante os três primeiros meses após seu lançamento,

mas, devido à saída de alguns membros do grupo e alguns problemas técnicos com o

software, o uso do ambiente diminuiu. Em seus primeiros seis meses o Peers conseguiu

capturar mais de 1.400 postagens e 140 documentos disponibilizados. Apesar de não ficar

claro o que aconteceu com a iniciativa após estes primeiros seis meses, Cohen e Clemens

(2005) consideraram a iniciativa com um caso de sucesso, ressaltando que ambientes de

redes sociais são as ferramentas mais adequadas para atender as necessidades tanto de

Intranets quanto de sistemas de gerenciamento do conhecimento.

3.4. Sumário

As redes sociais virtuais cresceram em número de usuários e de propósitos e se tornaram

uma das ferramentas de comunicação mais usadas atualmente. As organizações começaram

a perceber que as redes sociais podem trazem ganhos na comunicação da organização com

seus colaboradores, clientes e parceiros. Por esse motivo, o estudo das redes sociais e sua

análise têm crescido muito no meio acadêmico nos últimos tempos.

Esse capítulo apresentou uma visão geral dos conceitos relacionados a redes sociais,

e como esses conceitos vêm sendo utilizados nas pesquisas que estudam o uso de redes

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sociais em ambientes corporativos. Para evitar a confusão entre os conceitos de

Comunidades Virtuais, Comunidades de Prática e Redes Sociais, foi apresenta uma breve

argumentação que auxilia no entendimento de suas semelhanças e diferenças, facilitando

assim a diferenciação entre os conceitos. Por fim, esse capítulo apresenta como as redes

sociais vêm sendo recomendadas e utilizadas em iniciativas de gestão do conhecimento.

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Capítulo 4 – Método de Pesquisa e Problema

Segundo Myers (1997), o interesse na aplicação de métodos de pesquisa qualitativos vem

aumentando à medida que as pesquisas estão diminuindo a ênfase nos aspectos técnicos e

incluindo questões gerenciais e organizacionais. Quando o foco de interesse da pesquisa

envolve questões sobre a interação entre as pessoas e organizações com seus sistemas

computacionais, a pesquisa passa a incluir conceitos e abordagens de outras áreas, como

administração, psicologia e design.

As principais variáveis organizacionais são a estrutura organizacional, a tecnologia

utilizada para realizar suas tarefas, ou seja, seus sistemas de informação, e as pessoas que

utilizarão esses sistemas. Cada uma dessas variáveis pode sofrer mudanças e é provável que

a mudança em uma dessas variáveis impacte alguma outra. É com essas variáveis que o

pesquisador deverá trabalhar (WILSON, 2000).

Através dos métodos qualitativos, o pesquisador é capaz de compreender melhor o

sistema quando está em operação num ambiente complexo. Por meio da utilização de

métodos qualitativos, como estudos de caso, etnografia e pesquisa-ação, o pesquisador

observa o ambiente, realiza entrevistas, filma, entre outros. Ao aprender sobre o ambiente,

o pesquisador torna-se capaz de identificar variáveis envolvidas, relacioná-las com seu

contexto, e chegar a diferentes interpretações para um mesmo fato.

Em especial, a pesquisa-ação é um método qualitativo que se diferencia dos demais

por oferecer bases e procedimentos para o pesquisador intervir em um ambiente real e

encontrar soluções práticas para uma demanda das organizações ou da indústria. Nesse

método, o pesquisador é capaz de obter mais informações sobre o ambiente e utilizá-las em

sua pesquisa, isto se deve ao alto grau de envolvimento do pesquisador, tanto por intervir,

quanto por colaborar com os participantes. Já a característica iterativa do método

possibilita que o pesquisador reveja criticamente as ações já realizadas e redirecione o rumo

da pesquisa, conforme os resultados obtidos (FILIPPO, 2008).

4.1. Pesquisa-ação

Na pesquisa-ação, o autor inicia seu trabalho a partir de um problema específico

identificado em ambiente real. Devido a essa característica, a descrição do problema deve

considerar não apenas o problema analisado, como também o contexto no qual o problema

está inserido.

O método de pesquisa-ação possui tanto o objetivo de pesquisar, ampliando o

conhecimento científico acerca do problema pesquisado, quanto o objetivo de agir,

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trazendo benefícios para a organização ou comunidade na qual a pesquisa é realizada

(FILIPPO, 2008). Desta forma, a essência do método está na composição entre teoria e

prática.

Neste método, o pesquisador assume, como premissa, que processos sociais

complexos são investigados de forma mais eficiente quando se introduzem mudanças

nesses processos e observam-se os impactos dessas mudanças, como é o caso da interação

entre organizações e seus sistemas de informação (BASKERVILLE, 1999). Ainda segundo

Baskerville, o contexto social não pode ser isolado para ser estudado, e, apenas através da

ação, este pode ser compreendido. O foco está na compreensão do problema, através de

ações realizadas para solucioná-lo, dentro de um ambiente real e particular, e não na

validação de hipóteses de caráter geral em ambientes controlados (FILIPPO, 2008).

Uma característica que diferencia a pesquisa-ação dos demais métodos é a inserção

do ato de pesquisar nas ações. Ao invés de se comportar como um observador afastado do

objeto de pesquisa, o pesquisador interfere no ambiente com ações e integra-se aos

membros da organização onde a pesquisa está sendo realizada. Outra possibilidade de

posicionamento do pesquisador é quando ele também atua como profissional na

organização pesquisada, como é o caso desta tese. Independente do posicionamento do

pesquisador, a pesquisa é sempre conduzida num processo cíclico de agir e refletir sobre as

consequências das ações.

O método de pesquisa-ação é especialmente indicado para cenários (1) onde a ação

é o ponto central da pesquisa realizada, (2) onde o pesquisador faz parte do ambiente em

que a pesquisa ocorre, (3) onde o pesquisador tem interesse em aplicar seus conhecimentos

teóricos, atuando diretamente sobre um problema específico em um cenário também

específico, ou (4) quando pesquisadores externos são convidados por uma instituição para

solucionar colaborativamente um problema da instituição. Esta tese se enquadra tanto no

cenário (2), quanto no cenário (3), uma vez que o pesquisador faz parte da instituição

pesquisada e possui interesse em aplicar seus conhecimentos teóricos para solucionar um

problema específico dentro da instituição.

Baskerville (1999) considera que a pesquisa-ação não é um método de pesquisa

específico, e sim que ela define uma classe de métodos de pesquisa que compartilham

algumas características que a distingue dos demais métodos existentes. Para Baskerville, a

classe pesquisa-ação engloba a pesquisa-ação canônica e suas variantes. A pesquisa-ação

canônica é aquela caracterizada por ações realizadas para intervir em problemas

identificados dentro de um contexto particular. Como variantes da pesquisa-ação canônica

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podem ser citadas a pesquisa-ação-participativa, o group inquiry, onde a pesquisa é realizada

por um grupo de profissionais de uma determinada categoria da organização, e a action

science, que tem por objetivo revelar e explicitar o conhecimento tácito dos participantes da

pesquisa (FILIPPO, 2008).

A pesquisa-ação é comumente realizada através de ciclos iterativos que refinam o

conhecimento obtido nos ciclos anteriores. Esta execução, através de diversos ciclos, é

vista como uma forma de aumentar o rigor da pesquisa, uma vez que, a cada ciclo, os

resultados são revisados. Baskerville define que cada ciclo deve possuir ao menos dois

estágios:

• Um estágio de diagnóstico, que envolve a análise colaborativa do cenário e a

formulação de teorias, de acordo com o domínio de pesquisa;

• Um estágio terapêutico, que envolve os experimentos, onde as mudanças são

introduzidas e seus efeitos são estudados.

Como já fora relatado por Filippo (2008), existem diversas formas de se apresentar

os ciclos da pesquisa-ação. Nesta tese, adotou-se o ciclo com quatro estágios: planejar, agir,

observar e refletir. Como apontado por Filippo, esse ciclo é bem reportado na literatura e

possui um número de estágios adequado.

Na etapa “Planejar”, planeja-se o ciclo da pesquisa-ação, definindo-se a solução a

ser investigada, as ações a serem realizadas, os dados a serem coletados e como será feita a

análise desses dados. Na etapa “Agir”, a solução é aplicada. Na etapa “Observar” é

realizada a coleta dos dados previamente definidos na etapa “Planejar”. Na etapa “Refletir”

são realizadas a análise dos dados e uma reflexão sobre os resultados obtidos. Nessa

reflexão busca-se identificar os efeitos decorrentes da aplicação da solução, e até que ponto

os problemas foram resolvidos e quais refinamentos precisarão ser realizados. Esta reflexão

também pode incluir uma comparação dos resultados obtidos com a literatura técnica.

Cabe ressaltar que, propor o uso de métodos qualitativos não implica que estes

métodos não tenham limitações, e sim a verificação de que a escolha do método é

adequada aos objetivos da pesquisa.

Filippo (2008) afirma ainda que a posição de não neutralidade do pesquisador, na

pesquisa-ação, leva à possibilidade de que sejam introduzidos vieses na pesquisa, e não

assumir esta possibilidade é uma abordagem falha, comum em alunos de doutorado ao

realizarem pesquisas envolvendo seus ambientes de trabalho. Ao se julgar um observador

externo imparcial, o pesquisador deixa de identificar situações em que sua experiência e

envolvimento no ambiente estão influenciando as investigações. Ao contrário, ao admitir, a

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priori, possíveis vieses na pesquisa, ele aumenta o seu nível de atenção e adota

procedimentos para minimizar seus efeitos.

4.2. O Problema

Na Seção 2.3, foram apresentados alguns dos principais desafios enfrentados pelos

executivos que tentam implantar gestão do conhecimento em suas organizações.

Como se pode observar, as empresas estão valorizando cada vez mais este tipo de

iniciativa. Porém, apesar dessa ênfase, evidenciada nas afirmações de Bose (2004). É

importante frisar que, apesar da importância da tecnologia da informação para a gestão do

conhecimento, apenas a presença de sistemas de informação não garante qualquer melhoria

na gestão do conhecimento organizacional. Diversos autores citaram que a criação de

ambientes convidativos, onde os funcionários se sintam à vontade para construir relações

de confiança, é essencial para o sucesso de iniciativas de gestão do conhecimento.

Por sua vez, no Capítulo 3, mais especificamente na Seção 3.3, as redes sociais são

apresentadas com suas características e a evolução de sua utilidade no tempo. A evolução

desses ambientes na Web, o comportamento de seus usuários – em particular a disposição

dos usuários em publicar informações e depositar conhecimento em ambientes abertos –,

as suas similaridades com ambientes de comunidades virtuais – abrindo a possibilidade de

seu uso como ferramenta de apoio às atividades de comunidades de prática –, são algumas

das características que fizeram autores, como Liebowitz (LIEBOWITZ, 2007, 2008),

sugerirem seu uso como parte integrante de iniciativas de gestão do conhecimento.

Estas características das redes sociais as credenciam como fortes candidatas a

soluções de sucesso para gestão do conhecimento, uma vez que, dentre os diversos

promotores da gestão do conhecimento identificados por Ichijo (2004), encontram-se dois

que são imediatamente abordados apenas pelo uso destas redes, são eles: a gestão de

conversações entre pessoas em um ambiente propício para que essa troca aconteça; e o

estabelecimento de um ambiente onde as pessoas possam compartilhar o conhecimento à

vontade, gerando essas conversações.

Analisando os estilos de gestão do conhecimento, apresentados na Seção 2.5, é

possível identificar que, apesar de seu forte aspecto sistêmico, o uso de ambientes de redes

sociais pode trazer características das iniciativas orientadas a pessoas para qualquer

iniciativa de gestão do conhecimento, pois esses ambientes são focados em pessoas, suas

relações, suas interações e suas preferências. Esta visão é reforçada ao analisarmos as

definições de Earl (2001) para a escola de sistemas e para a escola organizacional, sendo

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possível verificar que iniciativas baseadas em ambientes de redes sociais na Web se

enquadram melhor na escola organizacional.

Bjørnson e Dingsøyr (2008) realizaram uma revisão sistemática da pesquisa em

gestão do conhecimento envolvendo empresas de engenharia de software. Nessa revisão

foi identificado que o armazenamento e a recuperação do conhecimento vêm sendo

abordados, enquanto tópicos, como a criação, a transferência e a aplicação do

conhecimento, precisam de mais atenção dos pesquisadores. Em especial, Bjørnson e

Dingsøyr ressaltam que utilizar uma estratégia da escola comportamental, como a

organizacional, é indicado para empresas que enfrentam desafios em suas atividades de

desenvolvimento, incluindo novas tecnologias, projetos multidisciplinares e projetos de

inovação.

Inserido na indústria de software de Pernambuco, o C.E.S.A.R (Centro de Estudos

e Sistemas Avançados do Recife) é um instituto de inovação que desenvolve projetos nas

mais diversas áreas, como TV digital, aplicações embarcadas, mobilidade, aplicações Web, e

reuso, dentre outros. Por ser um instituto de inovação, o C.E.S.A.R está sempre

dependente das pessoas que fazem parte da instituição, uma vez que todo o conhecimento

desenvolvido na organização sempre ficou restrito às pessoas que participaram do projeto

responsável por criar o conhecimento.

À medida que a organização cresceu, tornou-se cada vez mais difícil identificar o

conhecimento necessário, e a organização se viu, em vários momentos, tendo que

desenvolver novamente o conhecimento já desenvolvido no passado, ou, até mesmo, duas

equipes desenvolvendo o mesmo conhecimento em projetos similares, mas sem

conversarem entre si.

Diante das informações acima, este trabalho se propôs a investigar como

desenvolver uma iniciativa de gestão do conhecimento que atendesse as necessidades de do

C.E.S.A.R e fosse adequada a sua cultura. De acordo com as observações realizadas por

Bjørnson e Dingsøyr, sugerindo a utilização de uma estratégia comportamental para

empresas com as características do C.E.S.A.R, optou-se por utilizar um ambiente de redes

sociais na Web como ferramenta para dar suporte a essa iniciativa.

4.3. O Trabalho Proposto

Este trabalho foi realizado no C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do

Recife), um instituto privado de inovação que cria produtos, processos, serviços e empresas

usando Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Atuando há mais de 15 anos em

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âmbito nacional e internacional, o C.E.S.A.R interliga centros de inovação numa rede de

conhecimento que realiza projetos de desenvolvimento e consultoria.

O C.E.S.A.R é parte do Porto Digital, um ambiente de empreendedorismo,

inovação e negócios de tecnologias da informação e comunicação do estado de

Pernambuco que reúne mais de 100 empresas em seu polo.

O Instituto trabalha ainda em colaboração com diferentes universidades e grupos

de pesquisa, sempre que algum conhecimento específico não pode ser encontrado dentro

da própria organização.

Atualmente, o C.E.S.A.R está distribuído em diversas unidades, nas cidades de

Recife, Curitiba e Sorocaba, e totaliza em torno de 400 colaboradores. Como já foi

mencionado, o C.E.S.A.R desenvolve projetos nas mais diversas áreas, como TV digital,

aplicações embarcadas, mobilidade, telecomunicações e reuso. Cada projeto no C.E.S.A.R

pode variar de 3 a 50 desenvolvedores geograficamente distribuídos por suas unidades.

Devido a seu perfil de instituto de inovação, o C.E.S.A.R é obrigado a criar novos

produtos e explorar novos conceitos, desenvolvendo durante este processo todo o

conhecimento necessário a estas atividades. Além disto, a quantidade de funcionários da

organização já é acima do ideal para que as pessoas se conheçam suficientemente bem e

tenham uma compreensão confiável do conhecimento coletivo. Segundo Davenport e

Prusak (1998), o tamanho ideal para que isso ocorra é de 200 até 300 colaboradores.

Essas características do C.E.S.A.R já motivaram algumas iniciativas para gestão do

conhecimento, originadas em projetos específicos, mas nunca propostas para toda a

organização. Neste caso, verificam-se algumas iniciativas de uso de ferramentas wiki, para

captura do conhecimento de projetos específicos ou de áreas específicas, como é o caso da

área de suporte da organização.

Diante dessas iniciativas, a área de operações da organização decidiu pela

implantação de um wiki para servir como repositório de conhecimento organizacional. Essa

iniciativa organizacional seguiu a escola tecnocrática, mais precisamente, a escola de

sistemas, que segundo Bjørnson e Dingsøyr (2008) é a mais comum em empresas de

engenharia de software.

A ideia é que este ambiente wiki seria o único repositório de conhecimentos para

toda a organização, onde todos os colaboradores deveriam registrar seu conhecimento e

suas lições aprendidas, e, sempre que necessário, consultariam o repositório em busca de

conhecimentos relevantes para suas atividades. Após mais de um ano de uso era perceptível

que o conhecimento não estava sendo depositado no repositório organizacional de forma

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sistemática, pois apenas alguns grupos específicos da organização estavam utilizando o

ambiente com alguma regularidade, seja para depositar conhecimento ou para buscar por

conhecimento.

Com o objetivo de validar a necessidade não só do C.E.S.A.R., como também de

outras empresas que possuem atividades de desenvolvimento de software, foi realizada uma

pesquisa com 78 profissionais da área de TI, todos com tempo de experiência em

desenvolvimento de software variando entre um (1) e dezenove (19) anos (CARNEIRO,

2008; OLIVEIRA, 2009).

Dentre as principais dificuldades em encontrar conhecimento relevante dentro da

organização, a pesquisa identificou: a localização e a organização do conhecimento, o uso

de ferramentas e mecanismos para acessar este conhecimento e os problemas de

comunicação entre as equipes. Esses são claramente os principais motivos de queixas dos

colaboradores.

Outro dado relevante foi o fato de que 58% de todos os entrevistados afirmaram

que existe pouca ou nenhuma interação entre seus projetos e os demais projetos da

organização, o que indica a baixa intensidade de troca de conhecimento entre projetos

distintos de uma mesma organização. Esses dados tornam-se ainda mais críticos quando

confrontados com o cenário de que 45% de todos os entrevistados acreditam que seriam

beneficiados pelo acesso aos conhecimentos gerados em outros projetos da organização.

Mesmo quando existe a troca de conhecimento, os meios mais comumente

utilizados são o e-mail e as mensagens instantâneas, responsáveis por 70% da troca do

conhecimento nas organizações. Por possuírem a peculiaridade de disponibilizar o

conhecimento apenas para os envolvidos na conversação, ambas as soluções possuem

entraves para uma estratégia de gestão do conhecimento.

Por último, a maioria dos colaboradores, ao serem inseridos em um novo projeto,

prefere solicitar recomendações de leitura aos membros mais antigos ao invés de pesquisar

no repositório de conhecimento, caso exista, seja do projeto ou da organização como um

todo.

Os dados apresentados acima serviram como mais um motivador para o

desenvolvimento deste trabalho, que se propôs a acompanhar, através de uma pesquisa-

ação, todo o processo de implantação e utilização de uma nova iniciativa para gestão do

conhecimento através do uso de um ambiente de redes sociais na Web, tentando buscar

soluções para estes e outros obstáculos.

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A pesquisa-ação foi escolhida como metodologia de pesquisa porque através dela é

possível conseguir um conhecimento profundo da organização onde a pesquisa será

realizada, incluindo sua cultura, o contexto em que está inserida e seus processos de

negócios. A obtenção desse conhecimento é essencial para a obtenção de bons resultados

no processo de implantação de uma iniciativa de gestão do conhecimento em organizações.

Essa necessidade do conhecimento das organizações é evidenciada nos diversos

trabalhos de implantação de gestão do conhecimento em organizações que não obtém bons

resultados por utilizarem estratégias e abordagens não adequadas à realidade das

organizações.

Figura 4.1: Sistema durante o 1º ciclo

O primeiro ciclo deste trabalho (Figura 4.1) teve como principal objetivo dar início

à gestão do conhecimento organizacional através do uso de redes sociais. Para isso, todo

um ambiente de redes sociais colaborativas foi construído, sempre tendo como meta a

construção de um ambiente que possibilitasse a gestão do conhecimento.

Neste primeiro ciclo, o ambiente foi implantado, mas teve que coexistir com a

iniciativa de gestão do conhecimento já existente. Para avaliar a sua evolução na

organização, um conjunto inicial de métricas de criação do conhecimento foi definido e

acompanhado em ambas as iniciativas – a já existente e a nova, focada no ambiente de

redes sociais denominado a.m.i.g.o.s – para que fosse realizada uma avaliação se a nova

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iniciativa estava obtendo resultados ao menos similares aos da primeira, no que diz respeito

à criação do conhecimento.

Figura 4.2: Sistema no 2º ciclo

O segundo ciclo (Figura 4.2) teve como principal objetivo caracterizar a iniciativa

como gestão do conhecimento, sendo necessário, para isso, definir um conjunto mais

abrangente de métricas, associadas às etapas de um processo de gestão do conhecimento

mapeado nas atividades realizadas no ambiente.

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Figura 4.3: Sistema no 3º ciclo

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Nesse ciclo, houve uma dedicação maior ao acompanhamento deste novo conjunto

de métricas, com o objetivo de identificar os pontos frágeis do processo de gestão do

conhecimento e oportunidades para melhorias a serem realizadas nestes pontos mais

frágeis.

Ainda neste ciclo foi realizada uma avaliação da iniciativa de gestão do

conhecimento, através de entrevistas com os usuários, a fim de obter subsídios para a

definição dos próximos passos da iniciativa. Ainda durante este ciclo foi desenvolvida uma

nova versão do ambiente, cuja implantação marcou o início do terceiro ciclo.

O terceiro ciclo (Figura 4.3) foi marcado pela implantação da nova versão (3.0) do

ambiente de redes sociais na organização, e teve como principal objetivo monitorar a

evolução dos indicadores de gestão do conhecimento já definidos e coletados desde o

início do segundo ciclo.

Quadro 4.1: Resumo dos ciclos da pesquisa-ação

Ciclo Objetivo Período

1º ciclo Validar a aceitação do ambiente de redes sociais através da

comparação de seus resultados com a iniciativa então

existente.

Outubro/2006

a Junho/2008

2º ciclo Avaliar a iniciativa como gestão do conhecimento, através do

mapeamento do seu uso a um processo genérico de gestão do

conhecimento, do estabelecimento e acompanhamento de

métricas associadas às fases desse processo, e de uma avalição

do estado da iniciativa junto aos usuários.

Julho/2008 a

Fevereiro/2010

3º ciclo Propor e validar os novos conceitos associados ao

conhecimento.

Reduzir a barreira de entrada do ambiente através da solução

de problemas associados à usabilidade.

Resolução de problemas que dificultem o uso dos

mecanismos de gestão do conhecimento presentes no

ambiente.

Popularização do módulo de projetos e adoção do ambiente

no dia a dia dos colaboradores.

Março/2010 a

Setembro/2011

Este ciclo foi marcado por dois acontecimentos que impactaram fortemente a

iniciativa: (1) a extinção da equipe responsável pela manutenção e evolução do ambiente; e

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(2) a saída do principal idealizador e divulgador do ambiente do quadro funcional do

instituto. Estes acontecimentos trouxeram novos desafios ao ciclo pesquisado, pois a

popularização e a manutenção da iniciativa deveriam continuar, mesmo com a dissolução

da equipe. O Quadro 4.1 apresenta um resumo de cada um dos ciclos, indicando seu

objetivo e o período em que ocorreu.

4.4. Trabalhos Relacionados

David Wastell (2001) conduziu uma pesquisa-ação motivado pelas diversas iniciativas para

gestão do conhecimento, relatadas pela academia, que terminam em fracasso. Segundo

Wastell, apesar das evidências indicarem que a maioria das iniciativas de gestão do

conhecimento termina em fracasso, poucos estudos realizaram uma pesquisa profunda

sobre quais seriam as reais causas destas falhas.

Segundo Wastell, algumas das pesquisas realizaram surveys de alto nível focando em

fatores de sucesso e aspectos relacionados a melhores práticas. Além disto, esses surveys

envolvem tipicamente a elicitação de reflexões gerais fornecidas por praticantes da gestão

do conhecimento com maior senioridade, reflexões estas fornecidas através de métodos

não intensivos, como entrevistas por telefones ou abordagens baseadas em questionários.

Wastell afirma ainda que os resultados destas pesquisas são apresentados apenas como uma

lista de fatores, sem dados para dar sustentação às teorias apresentadas.

Em seu trabalho, Wastell abordou o gerenciamento do conhecimento envolvido no

projeto de novos veículos em uma empresa do setor automobilístico. Mais especificamente,

o trabalho teve por objetivo avaliar a eficácia de uma ferramenta de gestão do

conhecimento, denominada DFM (Design for Manufacturability). Neste trabalho, Wastell

descreveu o apoio organizacional dado ao DFM através do suporte no uso da ferramenta,

de treinamentos formais e apresentações da ferramenta para as divisões envolvidas no

processo de DFM, da alocação de uma equipe para desenvolvimento e manutenção da

ferramenta, e da criação de um grupo de usuários responsáveis por discutir melhorias e

aspectos evolutivos da ferramenta.

O trabalho de Wastell se diferencia deste trabalho pelo mecanismo de derivação de

teorias. Wastell utilizou grounded theory para derivar conclusões baseadas nos dados coletados

em campo e que guiam o processo de pesquisa. Nessa abordagem, as percepções do

pesquisador só são consideradas caso sejam suportadas por dados coletados em campo. Já

neste trabalho, foram considerados não apenas os dados coletados, mas também as

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observações realizadas e as entrevistas com os envolvidos no processo de gestão do

conhecimento.

Outra diferença importante, ao comparar o trabalho de Wastell a este trabalho, está

na abordagem utilizada para a iniciativa de gestão do conhecimento, na duração e nos

objetivos da pesquisa. Em seu trabalho, Wastell utilizou uma abordagem mista, com

características das escolas tecnocráticas de sistemas e de engenharia, segundo a taxonomia

definida por Earl (2001) apresentada na Seção 2.7. Durante o trabalho, Wastell teve que se

familiarizar com o processo de DFM em uso, para só então iniciar o processo de avaliação

da eficácia deste processo. Após a avaliação eficácia, Wastell aplicou a grounded theory para

derivar os fatores de risco e de sucesso e, por fim, elaborar uma lista de recomendações

para melhoria do processo.

Diferentemente deste trabalho, Wastell não teve a oportunidade de validar as

recomendações realizadas, não podendo obter conclusões sobre a efetividade dessas

recomendações no processo em questão. Outra diferença relevante foi o posicionamento

do pesquisador quanto à organização pesquisada. Em seu relato, Wastell se posicionou

como um pesquisador externo à organização, enquanto, neste trabalho a pesquisa foi

realizada do ponto de vista de um pesquisador interno, com maior conhecimento sobre a

realidade da organização pesquisada.

Outro trabalho relacionado a esta tese foi apresentado por Rezgui (2007). Em seu

trabalho, Rezgui chama atenção para o fato de que, apesar da teoria de gestão do

conhecimento ser majoritariamente influenciada pelas pesquisas nas áreas de teoria

organizacional, a maior parte das iniciativas de gestão do conhecimento é influenciada pela

tecnologia da informação, seguindo a escola de sistemas. Adicionalmente, Rezgui afirma

que as abordagens de gestão do conhecimento atuais identificaram questões políticas,

culturais, organizacionais e técnicas, porém, ainda há a necessidade de novas pesquisas que

explorem a implantação e a adoção de sistemas de gestão do conhecimento e sua

efetividade como mecanismo para habilitar a inovação e a criação de valor.

Em seu trabalho, Rezgui reafirma que iniciativas baseadas em um sistema de gestão

do conhecimento costumam subestimar os aspectos socioculturais que influenciam a sua

eficácia. Porém, Rezgui ressalta que, recentemente, esses sistemas passaram a ser

desenvolvidos adicionando uma dimensão de socialização, que pode amenizar esses

aspectos socioculturais, onde a teoria de comunidades de prática apresentada por Wenger

(1998) pode ser destacada como referência para esta nova dimensão.

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Diante dessas afirmações, Rezgui realizou um trabalho com o objetivo de explorar

avanços recentes na área de tecnologia da informação para a construção de um ambiente de

conhecimento organizacional que promovesse a inovação e a criação de valor. Em sua

pesquisa, Rezgui utilizou os princípios da pesquisa-ação para associar a pesquisa com a

prática, através da implantação de mudanças e da reflexão. Em sua pesquisa-ação, Rezgui

utilizou apenas a observação dos participantes em suas atividades diárias e a realização de

entrevistas semiestruturadas, a fim de obter os dados necessários para abordar seu tema de

pesquisa.

O processo de pesquisa apresentado por Rezgui incluiu uma fase inicial de

levantamento dos requisitos necessários para a criação de um sistema de gestão do

conhecimento que se adequasse a realidade de quatro empresas escolhidas como objeto de

pesquisa. Infelizmente, o perfil das empresas escolhidas não foi apresentado, dificultando

tentativas de adaptação dos requisitos identificados para empresas com outros perfis.

Após a identificação dos requisitos, Rezgui seguiu com a modelagem e o

desenvolvimento do ambiente eCognos, uma ferramenta de gestão do conhecimento a ser

utilizada pelas empresas pesquisadas. Apesar de fazer referência à teoria de comunidades de

prática, não há funcionalidade no eCognos que dê suporte à criação dessas comunidades. O

único mecanismo socialização presente no ambiente é um fórum, o que dificulta sua

caracterização como uma iniciativa da escola organizacional, aproximando-a mais da escola

de sistemas.

Diferentemente do trabalho de Wastell, Rezgui não focou apenas nos aspectos

técnicos relacionados à ferramenta. Em seu trabalho, Rezgui descreveu algumas das ações

realizadas pelos pesquisadores para aumentar a percepção dos membros da organização

com relação à ferramenta de gestão do conhecimento em implantação. Essas ações

envolveram a obtenção da garantia, por parte dos executivos, da implantação da

ferramenta; a promoção de treinamentos; a divulgação da ferramenta para os gerentes de

projetos, enfatizando os benefícios que seu uso poderia trazer para seus projetos; e o

aumento da percepção dos usuários da importância e dos benefícios que a ferramenta

poderia proporcionar. O objetivo de Rezgui com essas ações era superar alguns dos

problemas sócio-organizacionais já antecipados pela literatura e também identificados

durante o levantamento dos requisitos para o eCognos.

Em suas conclusões, Rezgui identificou que o ambiente de gestão do conhecimento

deveria não apenas dar suporte à codificação da informação, mas também aos processos e

interações sociais, que embutem e geram conhecimento. Em especial, Rezgui identificou

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que uma estrutura achatada, canais abertos de comunicação e a participação de todos nas

tomadas de decisão melhoram o compartilhamento de informações entre equipes. Porém,

Rezgui ressaltou que novas pesquisas são necessárias para explorar qual o papel de um

sistema de gerenciamento de conhecimento com relação às barreiras sócio-organizacionais.

Apesar de se tratar de um trabalho mais abrangente do que o realizado por Wastell,

o trabalho de Rezgui constituiu de apenas duas fases, uma para identificação das

necessidades de gestão do conhecimento das organizações e outra para implantação da

ferramenta desenvolvida a partir dessas necessidades. Rezgui não teve, portanto,

oportunidade para validar suas conclusões após a implantação do eCognos nas empresas em

questão.

Outro aspecto que merece atenção no trabalho de Rezgui é a não caracterização das

empresas utilizadas em seu estudo. Assim como no trabalho de Wastell, esta não

categorização torna mais difícil a utilização do trabalho de Rezgui como parâmetro para

outras iniciativas de gestão do conhecimento.

Mesmo tendo sido realizado seis anos após o trabalho de Wastell, Rezgui apresenta

seu trabalho como mais um motivador para novas pesquisas de campo, que possam

identificar como modificações em sistemas de gestão do conhecimento, como, por

exemplo, o eCognos, poderiam impactar as barreiras culturais e sócio-organizacionais

relacionadas à gestão do conhecimento. É importante ressaltar ainda que o trabalho de

Rezgui adotou a escola de sistemas em seu trabalho, realizando apenas algumas ações

adicionais para reduzir o impacto das barreiras culturais e sócio-organizacionais.

Raman, Ryan e Olfman (RAMAN et al., 2006) também realizaram uma pesquisa-

ação com foco na gestão do conhecimento organizacional. Diferentemente dos trabalhos

relacionados apresentados anteriormente, os autores focaram sua pesquisa no projeto e na

implementação de um sistema de informação que melhorasse os esforços de preparação

para situações de emergência em um consórcio universitário.

O trabalho conduzido teve duração de quinze meses e possuiu três objetivos: (1)

projetar e implementar um sistema de gestão de conhecimento baseado na Web, que

atendesse as necessidades do consórcio universitário de Claremont; (2) entender e aplicar as

teorias e frameworks existentes para gestão do conhecimento no desenvolvimento do

ambiente proposto; e (3) avaliar a efetividade do sistema desenvolvido.

Apesar de abordar questões relacionadas a sistemas de gerenciamento de

informações em situação de emergência, o trabalho desenvolvido por Raman, Ryan e

Olfman possui similaridades com este trabalho. Além de utilizarem a pesquisa-ação, os

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autores iniciaram seu trabalho com um diagnóstico do problema atual, obtido através de

entrevistas realizadas com nove pessoas.

Este diagnóstico foi seguido pela intervenção no ambiente de pesquisa, que

consistiu na prototipação e na implantação de um ambiente wiki, caracterizando a iniciativa

como pertencente à escola de sistemas. Essa ferramenta foi escolhida por apresentar

distribuições de software livre, não gerando custos de aquisição de ferramentas e

permitindo sua customização para adequação às necessidades do consórcio universitário.

Dois meses após a implantação de seu ambiente wiki, iniciou-se a segunda fase da

intervenção, denominada intervenção estendida. Durante essa segunda fase, um quadro de

situação foi implantado e utilizado durante simulações de situações de emergências.

Ao término da intervenção, o trabalho de Raman, Ryan e Olfman chegou a algumas

conclusões com relação às necessidades de negócio do ambiente, identificando requisitos

necessários à realização de gestão do conhecimento em situações de emergência. Porém,

além dessas dificuldades tecnológicas, o trabalho em questão identificou a inexistência de

uma cultura de compartilhamento de informação como um dos obstáculos à implantação

desse tipo de solução.

Este trabalho se diferencia do trabalho de Raman, Ryan e Olfman em alguns

pontos chaves. O foco do trabalho de Raman, Ryan e Olfman foi além da gestão do

conhecimento, e apenas os aspectos de gestão do conhecimento aplicáveis ao

gerenciamento de informações em situações de emergência puderam ser analisados. Além

disso, apesar de possuir uma intervenção mais longa do que os demais trabalhos

apresentados, o trabalho de Raman Ryan e Olfman também não teve a oportunidade de

realizar uma nova intervenção aplicando as descobertas identificadas durante o primeiro

período. Por último, o trabalho dos autores não previu antecipadamente que o problema

cultural poderia existir, e não relatou a ênfase em sistemas colaborativos para tentar

suplantar este problema.

Desta forma, apesar de relacionado a este trabalho, o trabalho apresentado por

Raman et. al. possui um foco diferente deste, abordou empresas com características

diferentes deste, e não utilizou um ambiente de redes sociais para minimizar as dificuldades

culturais que poderiam acontecer.

Outro trabalho relacionado foi conduzido por um grupo de pesquisadores do IBM

T.J. Watson Research Center (BRADNER et al., 1999; ERICKSON; KELLOGG, 2003;

ERICKSON; LAFF, 2001; ERICKSON et al., 1999, 2008; THOMAS et al., 2001). O

trabalho teve início em 1997 e foi nomeado projeto Loops, dando origem a dois ambientes

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– Babble e Loops – para suporte ao conceito de comunidades do conhecimento, do inglês

knowledge communities. A última publicação mencionando a iniciativa de gestão do

conhecimento data do ano de 2008.

Como já mencionado na Seção 3.3, o conceito de comunidades do conhecimento

apresentados por Erickson e Kellogg (ERICKSON; KELLOGG, 2003) está associado a

um ambiente online no qual os usuários podem se engajar socialmente com os demais e, no

processo, descobrir, desenvolver, evoluir e explicar o conhecimento relevante para projetos

e objetivos compartilhados, e foi criado para atender as necessidades sociais dos envolvidos

na gestão do conhecimento.

A pesquisa do projeto Loops teve como foco o desenvolvimento de um ambiente

que desse suporte às comunidades do conhecimento e permitisse a experimentação de

conceitos que abordem as características sociais da troca do conhecimento, não enfatizando

a iniciativa de gestão do conhecimento propriamente dita.

O primeiro ambiente desenvolvido durante o projeto Loops foi chamado de

Babble. O Babble é uma aplicação cliente-servidor desenvolvida em SmallTalk e

semelhante a um sistema baseado em conversas multicanais em formato textual, onde os

usuários podem se conectar e escolher uma das várias salas de conversações para participar.

As conversações do ambiente são persistentes, permitindo que os usuários possam

visualizar todo o histórico de mensagens trocadas, e não apenas as trocadas após sua

entrada na conversação, o que possibilita o uso do ambiente como repositório de

conhecimento. O Babble permite que as conversações persistentes sejam agrupadas em

tópicos definidos pelos usuários e provê o conceito de proxy social, que representa os

participantes do ambiente e suas atividades na conversação. O Babble também permite que

os participantes iniciem conversas individuais privadas e não persistentes, disponibilizando

assim um canal privado para comunicação.

O segundo ambiente desenvolvido é chamado Loops e surgiu como sucessor do

Babble. O Loops é uma versão Web do Babble, composto por salas criadas pelos usuários

agrupadas em comunidades. Cada sala possui sua conversação, URL, algum texto estático e

pessoas, representadas por seus proxies sociais. Ao entrar no Loops, o usuário entra em uma

comunidade e a partir daí pode navegar nas salas desta comunidade, verificando quem

também está presente na comunidade e na sala específica.

Apesar de não possuir um foco na iniciativa de gestão do conhecimento, Erickson e

Kellogg (2003) discutiram o que representaria o sucesso do uso da ferramenta dentro da

IBM. Os autores identificaram que algumas vezes os grupos tentam utilizar o Babble, mas

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falham ao adotá-lo. Outras vezes o grupo consegue utilizá-lo por meses, mas cessa seu uso

por diversos motivos. Diante destes cenários, os autores constataram que, tendo o sucesso

definido com o uso quase diário do ambiente por um período de tempo maior ou igual a

seis semanas, aproximadamente metade de todas as implantações do Babble obtiveram

sucesso. Estes dados foram suficientes para justificar o investimento na evolução do

ambiente e na continuação da pesquisa sobre o conceito de comunidades do

conhecimento.

O trabalho conduzido pelo projeto Loops se distingue deste em alguns pontos

chave. O projeto Loops possui foco na ferramenta, sem apresentar detalhes de sua

iniciativa, este trabalho possui foco não só na ferramenta, mas em como a iniciativa foi

conduzida, apresentando dados e reflexões sobre o uso da ferramenta, seu impacto na

organização, pontos positivos e negativos da ferramenta e da iniciativa. Além disso,

enquanto o uso do Loops era avaliado pelo seu uso grupo a grupo, este trabalho avaliou o

uso do ambiente pela organização como um todo, não entrando em detalhes sobre como

grupos específicos utilizam o ambiente.

Apesar do projeto Loops ter como objetivo a aplicação de conceitos relacionados a

ambientes sociais e de seus ambientes darem suporte a criação comunidades virtuais e

comunidades de prática – fazendo parte da escola organizacional –, estes ambientes não

podem ser classificados como redes sociais na Web, uma vez que os usuários não mantém

uma lista de contatos visível e navegável pelos demais membros da organização.

Por fim, o trabalho conduzido por Cohen e Clemens (COHEN; CLEMENS, 2005;

COHEN, 2005) descreve um ambiente de redes sociais na Web, chamado Peers, sendo

utilizado no processo de disseminação e transferência de conhecimento entre um grupo de

48 profissionais da Razorfish.

O Peers foi lançado em outubro de 2004 e apenas os seis primeiros meses de seu

uso foram avaliados. As principais funcionalidades do ambiente, além da criação de perfis e

relacionamentos entre usuários, são a disponibilização de ativos criativos e entregáveis para

revisão e reuso pelos demais membros do ambiente, e a captura de notícias e ideias em

formato de blog e associadas ao perfil do usuário.

O trabalho realizado com o Peers novamente focou na descrição do ambiente

utilizado, não apresentando maiores detalhes sobre a iniciativa de gestão do conhecimento

como um todo. Em especial, não é possível identificar o cenário em que o ambiente foi

inserido nem quais os impactos esperados pelos pesquisadores ao implantar o ambiente.

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Apesar do foco ser a ferramenta, alguns dados sobre a iniciativa foram fornecidos.

Segundo os autores, o uso do ambiente cresceu durante os três primeiros meses após seu

lançamento, mas devido à saída de alguns membros do grupo e alguns problemas técnicos

com o software, o uso do ambiente diminuiu. Diante dos dados coletados, os autores

consideraram o uso da ferramenta como um caso de sucesso.

O trabalho baseado no Peers é semelhante a este trabalho no tipo de abordagem

utilizada para a gestão do conhecimento. Em ambos foram utilizadas abordagens da escola

organizacional, mais especificamente um ambiente de redes sociais na Web. Porém,

enquanto o Peers preocupou-se exclusivamente com a ferramenta, este trabalho realizou

uma pesquisa-ação para acompanhar não só o uso da ferramenta, mas toda a evolução da

iniciativa de gestão do conhecimento, realizando intervenções na ferramenta e reavaliando

a iniciativa após essas intervenções. Adicionalmente, este trabalho definiu indicadores para

avaliar o uso da ferramenta e realizou análises da iniciativa como um todo através de

entrevistas com usuários e reflexões confrontando os resultados dos indicadores e das

entrevistas.

Apesar de cada um dos trabalhos apresentados nessa seção possuir um conjunto de

características que os aproximam deste trabalho, é possível verificar que nenhum deles

possui todas as características associadas a esta tese. A maioria dos trabalhos relacionados

se diferencia deste em dois aspectos: (1) a abordagem utilizada na iniciativa de gestão do

conhecimento, baseada no uso de um ambiente de redes sociais na Web; (2) o uso da

pesquisa-ação como metodologia do trabalho, o que propicia um maior entendimento da

organização na qual o trabalho é realizado, incluindo o contexto onde essa está inserida, a

sua cultura organizacional e a identificação das reais necessidades de gestão do

conhecimento.

Adicionalmente, apenas o trabalho realizado por Erickson e Kellogg conseguiu

acompanhar a evolução de uma iniciativa durante um período de cinco (5) ou mais anos.

Porém, ainda assim sua análise focou mais nos aspectos relacionados ao uso da ferramenta

do que na iniciativa organizacional. A duração deste trabalho possibilitou que a iniciativa de

gestão do conhecimento fosse implantada, avaliada, ajustada e novamente avaliada. Pôde-se

identificar que, como a pesquisa-ação deve ser subdividida em ciclos, a escolha dessa

metodologia trouxe um diferencial quando comparada a outras metodologias existentes.

Por fim, é possível verificar que não há indícios da existência de outros trabalhos de

implantação de iniciativas de gestão do conhecimento que possuam duração similar,

utilizem a escola organizacional definida por Earl (2001) – mais precisamente, que façam

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uso de ambientes de redes sociais na Web, - ou que tenham utilizado a pesquisa-ação como

metodologia e tenha sido realizado em uma organização inserida na indústria de software,

mas com foco no desenvolvimento de soluções inovadoras.

4.5. Sumário

Esse capítulo apresentou a pesquisa-ação como método de pesquisa adequado a trabalhos

com ênfase no realismo, em detrimento de sua generalização e precisão, indicado para

cenários onde não é possível isolar outras variáveis do objeto sendo pesquisado, que é o

caso deste trabalho.

Em seguida, foi apresentado o problema que motivou esta tese, incluindo uma

explanação do contexto em que este trabalho foi desenvolvido e justificando a

aplicabilidade da pesquisa-ação em sua investigação. Os detalhes de como a pesquisa-ação

foi realizada, incluindo sua divisão em ciclos e o objetivo de cada um desses ciclos,

finalizam a apresentação do trabalho.

Por fim, foi apresentado um conjunto de trabalhos relacionados, que permitem a

identificação tanto da relevância do trabalho no contexto acadêmico, quanto a sua

singularidade em termos de escopo, abordagem e duração. O próximo capítulo apresentará

em detalhes o a.m.i.g.o.s, ambiente de redes sociais na Web construído durante este

trabalho.

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Capítulo 5 – A.M.I.G.O.S

Em busca de melhores resultados na sua estratégia de gestão do conhecimento, o

C.E.S.A.R. desenvolveu e incorporou o uso de uma rede social baseada na Web chamada

a.m.i.g.o.s, inicialmente implantada em outubro de 2006. Esta nova iniciativa tenta

adicionar aspectos das abordagens orientadas a pessoas a uma abordagem tipicamente

orientada a sistemas, se enquadrando, de acordo com a taxonomia definida por Earl (2001),

na escola organizacional. Possui como objetivo a aproximação de seus colaboradores em

um espaço virtual para cooperação mútua e melhoria da comunicação, permitindo o acesso

e a troca de conhecimento em qualquer localidade.

Acrônimo de Ambiente Multimídia para Integração de Grupos e Organizações

Sociais, o a.m.i.g.o.s tem por objetivo prover a infraestrutura necessária para a criação de

redes sociais virtuais para os mais diversos fins. Dentre eles, pode-se destacar o seu uso

para estimular a criação e o compartilhamento do conhecimento pelos seus diversos

membros, provendo diversas funcionalidades para esse fim (COSTA; OLIVEIRA; SILVA,

E. M.; MEIRA, 2008a, 2008b; COSTA; OLIVEIRA; SILVA, E. M.; NETO; et al., 2008).

O a.m.i.g.o.s foi construído com base nos requisitos de redes sociais na Web,

definidos por Golbeck (2005) e apresentados no Capítulo 3. Nele, qualquer usuário pode

adicionar explicitamente qualquer outro usuário como seu contato. Além disso, no

a.m.i.g.o.s todos os relacionamentos entre pessoas são visíveis e navegáveis para qualquer

outro membro da rede social, e todos os dados sobre esses relacionamentos são mantidos

em bases de dados, sendo possível criar um sociograma completo da rede social construída.

Mais detalhes sobre os relacionamentos no a.m.i.g.o.s são apresentados na Seção 0.

5.1. Requisitos Iniciais

Como já fora mencionado, o a.m.i.g.o.s utilizou os requisitos para uma rede social na Web.

Isto implica que a aplicação não exige nenhum outro software além de um navegador Web

para acessá-la, onde os usuários são capazes de definir explicitamente seus relacionamentos,

ou seja, são obrigados a construir suas redes de relacionamento, e as redes de

relacionamentos construídas são acessíveis e navegáveis por todos os demais membros do

ambiente de redes sociais.

Porém, o que distinguiria o a.m.i.g.o.s das demais redes sociais na Web seria a

inclusão do conceito de storytelling (PERRET et al., 2004) para realização da captura e

compartilhamento do conhecimento.

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O ambiente seria destinado ao registro, compilação e apresentação de

conhecimentos na forma de narrativas, que emergiriam da rede através de seus

participantes. Esse conhecimento seria construído de forma gradual, através de

contribuições espontâneas ou induzidas, onde qualquer usuário poderia inserir no ambiente

suas próprias histórias de sucesso ou dilemas, à medida que as considerasse relevantes na

otimização de práticas e processos típicos do desenvolvimento de projetos de software. A

ideia central era facilitar o compartilhamento de formas de trabalho, com vistas no

aperfeiçoamento, legitimação e expansão das práticas, aumentando a visibilidade das

experiências.

Essas narrativas estariam disponíveis para avaliação e revisão dos usuários através

de um sistema similar ao conhecido sistema de fórum na Web, porém não se basearia no

conceito de threading e sim em uma única linha de discussão, onde seriam adicionados todos

os comentários sobre as narrativas, assemelhando-se então ao formato de um post em um

blog. Essa abordagem facilitaria o acesso ao histórico dos debates em andamento, além de

propiciar uma visualização direta da atividade discursiva dos usuários no ambiente.

Adicionalmente, identificou-se a necessidade de permitir que os usuários do

ambiente se organizassem em comunidades virtuais, potencialmente de prática, sobre

assuntos específicos e de interesse dos mesmos. Através dessas comunidades, esses

usuários poderiam compartilhar suas histórias, que seriam um subconjunto das narrativas

criadas por todos os usuários do sistema. Nesse sentindo, identificou-se a necessidade de

comunicação entre os membros da comunidade virtual que não fizesse uso do conceito de

narrativas. Para suprir essa necessidade foi estabelecido que as comunidades teriam um

fórum de discussões, onde seus membros poderiam se comunicar livremente, sem ter que

necessariamente iniciar uma narrativa para tal.

Diante destas necessidades, os requisitos funcionais a seguir foram definidos. É

importante ressaltar que este é apenas o conjunto inicial de requisitos, e nem todos eles

foram implementados da forma como estão descritos. A Seção 5.2 apresentará as

funcionalidades atuais do ambiente.

5.1.1. Cadastro de usuários

O usuário poderá solicitar seu cadastro no sistema, informando seus dados, tais como,

nome, áreas de interesse, idiomas, endereço residencial, e-mail e contato nos aplicativos de

mensagens instantâneas (IM) que possui. Ele também deverá definir login, senha e lembrete

para essa senha. O sistema deverá enviar uma mensagem para o e-mail do usuário,

informando que o cadastro dos seus dados foi realizado com sucesso. Estes mesmos

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campos, exceto o login, poderão ser modificados a qualquer momento que o usuário deseje,

mediante validação da senha de acesso.

Se o usuário esquecer sua senha atual, ele poderá solicitar o envio de uma nova

senha para seu e-mail, informando apenas seu login. Esta nova senha será gerada

automaticamente pelo sistema e deverá ser modificada pelo usuário no momento do

próximo acesso.

5.1.2. Manutenção do Perfil do Usuário

O perfil do usuário será criado automaticamente, assim que seu cadastro for realizado com

sucesso. Contudo, esse perfil ainda não possui as informações necessárias para o

mecanismo de recomendação. A atualização do perfil do usuário deverá ser um processo

constante e será baseada nas informações contidas nos arquivos trocados, nos sites

visitados, nas narrativas submetidas por ele e nas respostas às perguntas feitas

periodicamente pelo sistema.

Uma das informações do perfil será o índice de atividade do usuário. Este índice

deve basear-se na sua frequência de acessos, no número de materiais disponibilizados, nas

interações dele com outros usuários e nos acessos às narrativas (criando ou comentando).

O índice estará disponível para consulta dos demais usuários, e será calculado de forma

contínua e dinâmica, devendo mudar ao longo do tempo.

O sistema fará periodicamente perguntas de múltipla escolha para os usuários

responderem. As respostas destas perguntas também servirão como fonte de informação

para atualização do seu perfil.

5.1.3. Gerenciamento de Documentos

O usuário poderá realizar upload de arquivos para o sistema, indicando o nível de

visibilidade desse arquivo para os demais usuários. O sistema só realizará o upload do

arquivo após verificar se há espaço disponível na cota do usuário para armazená-lo, se o

seu formato é permitido pelo sistema e se o seu tamanho não ultrapassa o limite

estabelecido para operações de upload.

Será permitido realizar download dos arquivos disponibilizados pelos usuários. A

disponibilidade dos arquivos irá respeitar o nível de visibilidade definido para eles.

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5.1.4. Gerenciamento de Sites

O usuário poderá ligar ou desligar o monitoramento de sites visitados. Se ele optar por ligar,

será armazenado, no histórico, a URL dos sites visitados por ele. O histórico de sites

visitados poderá ser visualizado pelo usuário proprietário.

O gerenciamento do histórico de sites visitados deverá ser realizado de forma

automática e compreenderá a inclusão de qualquer site visitado por ele, enquanto o

monitoramento estiver ligado, e a remoção periódica dos sites mais antigos. O usuário

poderá definir qual a frequência que o sistema deverá remover os sites mais antigos do

histórico, mas, a qualquer momento, poderá remover qualquer site do seu histórico.

Opcionalmente, o usuário poderá compartilhar o seu histórico de sites visitados, indicando

quais seriam liberados e o nível de visibilidade para cada um deles.

5.1.5. Gerenciamento de Relacionamentos entre Usuários

Será possível encontrar, de forma automática, a similaridade entre usuários através das

informações do seu perfil, tais como, as áreas de interesse, sites visitados, palavras-chaves

encontradas nos documentos disponibilizados via upload e nas narrativas submetidas por

ele.

Após encontrar similaridade de perfil entre dois usuários, o sistema deverá

recomendar que esses usuários se conheçam. Se ambos aceitarem a recomendação, eles

serão adicionados à lista de contatos um do outro. Caso contrário, nenhuma ação deverá

ser realizada.

O usuário poderá agrupar contatos cadastrados na sua lista de contatos. Usuários

adicionados à lista de contatos podem ou não pertencer a um grupo específico.

O usuário poderá remover um contato de um grupo de contatos, quando o contato

não será removido da sua lista de contatos, apenas do grupo, ou, caso deseje, remover um

contato da lista de contatos como um todo.

A lista de contatos, seus grupos e participantes poderão ser visualizados apenas pelo

usuário que os criou. Também poderá ser visualizado o status de cada participante no

sistema, que pode ser online, ocupado e offline.

5.1.6. Gerenciamento das Narrativas

Será disponibilizado um meio para que o usuário possa compor uma narrativa e

disponibilizá-la para os demais. Será permitido acrescentar comentários às narrativas

abertas, tanto pelo próprio usuário, quanto por outros. A resposta aos comentários se dará

através da adição de um novo comentário à narrativa.

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Todas as narrativas e seus comentários deverão estar acessíveis a qualquer usuário,

sem opções de restrição de visibilidade. As informações gerais da narrativa, como autor,

título, data e hora da submissão, deverão ser disponibilizadas para visualização.

As narrativas deverão ser classificadas de acordo com o número de acessos e

comentários adicionados. Narrativas que não tiverem comentários adicionados por outros

usuários após determinado período de tempo, não serão exibidas. Contudo, elas não serão

removidas do sistema e poderão ser acessadas através de mecanismos de busca.

Similar à recomendação de contatos, será realizada, de forma automática, a busca

pela similaridade entre o perfil do usuário e materiais disponibilizados por outros usuários,

tais como, documentos e sites visitados. Caso seja encontrada similaridade, os materiais

deverão ser recomendados para o usuário com perfil similar.

5.1.7. Gerenciamento de Comunidades Virtuais

O usuário poderá criar comunidades virtuais, informando o nome, o nível de visibilidade,

as áreas de interesses da comunidade, além de definir se a associação de novos usuários

passará pela aprovação do criador da comunidade.

Um usuário poderá ingressar em uma comunidade virtual, e esta associação poderá

passar por uma aprovação pelo criador da comunidade, desde que a comunidade tenha sido

configurada desta forma. O criador da comunidade virtual poderá enviar um convite para

outros usuários sobre sua associação à comunidade virtual. Caso os convidados optem por

entrar na comunidade, sua associação não passará mais por avaliação.

O criador da comunidade virtual poderá remover usuários da sua comunidade. Da

mesma forma, qualquer usuário poderá sair de uma comunidade virtual, momento no qual

ele deixa de ter acesso às informações compartilhadas pela comunidade.

Para cada comunidade, será disponibilizado um fórum, para que os usuários

possam criar tópicos de discussão para esclarecer dúvidas ou pedir ajuda.

5.1.8. Gerenciamento das Perguntas Feitas ao Usuário

O usuário com perfil gerente poderá inserir perguntas e suas opções de resposta, que serão

enviadas a todos os usuários do sistema. O gerente poderá alterar as perguntas existentes,

assim como suas opções de resposta, porém, neste momento, todas as respostas já

registradas serão perdidas e a pergunta será reenviada aos usuários. As respostas serão

apresentadas em percentuais e não haverá opção para saber a resposta de um usuário em

específico.

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5.1.9. Buscas

O usuário poderá realizar buscas por arquivos, narrativas, comunidades e sites

disponibilizados por outros usuários. O nível de visibilidade será respeitado durante a

busca, ou seja, o sistema não irá retornar um documento ou narrativa ao qual ele não tem

permissão para acessar.

5.2. Funcionalidades

Na Seção 5.1 foi apresentado o conjunto inicial de requisitos para o a.m.i.g.o.s. Porém,

após mais de cinco anos de uso, o ambiente sofreu diversas modificações, incluindo adição

de diversas funcionalidades e remoção de funcionalidades, sendo que algumas

funcionalidades nunca chegaram a ser implementadas, como, por exemplo, a monitoração

de sites visitados pelos usuários.

Diante deste cenário, faz-se necessário apresentar as principais funcionalidades do

ambiente, em sua versão final, com suas características e possíveis usos.

5.2.1. Perfis

Cada usuário possui um perfil no a.m.i.g.o.s. Este perfil consiste de um conjunto de

informações preenchidas na forma de cadastro, que definem algumas propriedades simples

do usuário, como nome, apelido, endereço de e-mail, telefone/ramal, identificadores de

aplicações de mensagem instantânea (Windows Live Messenger, Skype, Google Talk,

dentre outros), país e estado em que reside, idiomas que possui conhecimento, uma

descrição de seus interesses, a função/cargo exercido na organização e um resumo de sua

experiência profissional.

Um dos dados mais importantes do perfil é a foto do usuário. Por mais

insignificante que isto possa parecer, o fato do próprio usuário poder escolher sua foto era

visto como mais um mecanismo para tornar o ambiente organizacional menos impessoal.

Através da sua foto, os usuários poderiam se expressar, e os demais membros da

organização poderiam conhecê-lo. Nesse cenário, a foto é um mecanismo a mais de

expressão, que permite que o usuário defina como se dará sua presença social, ajudando a

estabelecer vínculos mais duradouros.

Porém, a parte mais relevante do perfil não é preenchida pelo usuário, e sim

inferida pelo sistema. Isto inclui: (1) o índice de atividade do usuário dentro do ambiente,

calculado à medida que ele participa de atividades de produção ou consumo do

conhecimento existente na rede social, e possui uma escala de zero a dez; (2) o conjunto de

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assuntos sobre os quais o usuário possui conhecimento, inferido através da identificação

dos termos de maior relevância postados pelo usuário nas diversas atividades realizadas

dentro do ambiente; e (3) um conjunto de assuntos de interesse do usuário, identificados

pelos termos mais relevantes presentes em itens de conhecimento qualificados com notas

iguais ou superiores a três estrelas – esta qualificação varia de 0 a 5 estrelas. Apesar dessas

informações se referirem ao perfil do usuário, nenhuma delas pode ser modificada por ele.

Dessas, apenas o índice de atividade é visível ao usuário, uma vez que o conjunto de

assuntos sobre os quais o usuário possui conhecimento e o conjunto de assuntos de

interesse do usuário são mantidos para uso nos diversos algoritmos de recomendação

existentes.

O índice de atividade do usuário foi criado como um mecanismo de reputação3

simples, através do qual seria possível identificar quem são os usuários mais ativos do

ambiente. Para o seu cálculo, foi definido, pela equipe responsável pela concepção do

ambiente, um ranking de atividades que podem ser realizadas sobre o ambiente, como, por

exemplo, a criação de histórias, a adição de comentários em histórias, a adição de

documentos e a adição de comentários em documentos, e foram identificadas pelos

pesquisadores como atividades-chave para a gestão do conhecimento organizacional. Para

cada atividade, foi definido um peso, de acordo com o que seria mais interessante para um

ambiente de criação do conhecimento. Toda vez que o usuário executa uma dessas ações,

seu índice de atividade é então acrescido do peso associado à atividade.

Para evitar que os índices só cresçam, todas as atividades realizadas possuem um

fator temporal associado, de forma que a cada mês, após sua execução, a atividade perca

uma parte de sua relevância, chegando a zero após um ano de sua execução. Ou seja, se no

dia 25 de outubro de 2010 o usuário executa uma ação com peso 1,0 (um), ele terá seu

índice de atividade acrescido deste valor, porém, no dia 25 de abril de 2011, ou seja, seis

meses após a execução da atividade, a atividade valerá apenas 0,5 (meio), e no dia 25 de

outubro de 2011, um ano após a execução da atividade, a atividade não possuirá mais

influência sobre o índice de atividade do usuário.

Para que o valor do índice de atividade possa ser representado em uma escala de

zero a dez, o usuário com maior índice de atividade recebe o valor 10, qualquer outro

usuário terá seu índice de atividade comparado com o do usuário mais ativo, recebendo

3 Mecanismos de reputação são utilizados para representar a reputação construída por um usuário em um

ambiente online. Esses mecanismos têm como objetivo aferir a reputação das ações do usuário em uma

comunidade. Mais detalhes podem ser obtidos em (DELLAROCAS, 2006).

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então um valor de zero a dez, equivalente à razão entre seu índice e o maior índice do

ambiente.

O principal objetivo do índice de atividade é sua utilização na “premiação” dos

usuários mais ativos no ambiente. Com esse índice é possível identificar quem são os

usuários mais ativos e criar mecanismos de recompensa para isto. Apesar do ambiente

identificar quem são os usuários mais ativos, não há um ranking disponível com estes

usuários, para que todos do ambiente possam consultar.

Já o conjunto de assuntos sobre os quais o usuário possui conhecimento é

representado através de um centroide. Um centroide é composto pelo conjunto de termos

mais relevantes para o item ao qual o centroide se refere. Para isto, todo conteúdo textual

associado ao termo é processado, as palavras irrelevantes são removidas (preposições,

artigos e interjeições, entre outros) e as palavras restantes são contadas, onde a quantidade

de ocorrências de cada uma delas representa o seu peso.

Figura 5.1: Perfil do usuário na 2ª fase

Dessa forma, todas as histórias, comentários, mensagens em discussões e objetos

em formato texto são processados e possuem seu centroide calculado. O centroide

contendo o conjunto de assuntos sobre os quais o usuário possui conhecimento é calculado

a partir da soma vetorial dos centroides de todos os itens que o usuário depositou no

ambiente, onde cada termo presente no centroide representa uma coordenada do vetor.

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Figura 5.2: Perfil de usuário na 3ª fase

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De forma análoga, o conjunto de assuntos de interesse do usuário também é

representado por um centroide. Esse centroide, por sua vez, é calculado a partir da soma

vetorial dos centroides de todos os itens que receberam avaliação maior ou igual a três

estrelas pelo usuário.

Adicionalmente, os usuários possuíam sua página pessoal, mecanismo pelo qual as

informações presentes no seu perfil poderiam ser compartilhadas com todos os usuários do

ambiente. Além das informações pessoais, essa página pessoal apresenta todas as interações

do usuário no ambiente, sejam elas histórias criadas, seus contatos, os objetos adicionados

ao ambiente, comunidades das quais o usuário participa, discussões das quais o usuário

participou e tags utilizadas (Figura 5.1 e Figura 5.2). É importante ressaltar que as

informações do perfil inferidas pelo ambiente não se encontram visíveis para os usuários.

Essa abordagem pretende cobrir uma ampla gama de possibilidades de identificação

do usuário no sistema, particularmente em termos de práticas emergentes e distribuídas ao

longo do tempo.

5.2.2. Histórias

Uma história pode ser definida como a narração de uma cadeia de eventos. O ato de contar

histórias é uma das formas mais antigas de se propagar o conhecimento entre pessoas e,

consequentemente, entre gerações. Quem nunca ouviu, leu ou “assistiu” a uma história?

Davenport e Prusak (1998) afirmam que os seres humanos aprendem melhor com

histórias, pois as pessoas pensam de forma narrativa, e não argumentativa. Para eles, o

conhecimento é comunicado com maior eficácia através de uma narrativa convincente,

elegante e apaixonada.

Justamente devido à sua popularidade entre os indivíduos, organizações passaram a

utilizá-las como ferramenta para gestão do conhecimento. Uma vez que as pessoas tendem

a gostar de ler e ouvir histórias, é esperado que o uso de storytelling seja aceito pelos

membros da organização, sem que a criação destas histórias seja encarada como uma carga

de trabalho adicional a suas atividades (PERRET et al., 2004).

No a.m.i.g.o.s, histórias são destinadas ao registro, compilação e apresentação de

conhecimentos emergentes entre os participantes da rede. Construído de forma gradual,

qualquer usuário do sistema pode inserir no ambiente suas próprias. As últimas histórias –

mais recentemente publicadas ou comentadas – no ambiente estão sempre visíveis na

primeira página do usuário (Figura 5.3).

Cada história pode ser enriquecida através da associação dos mais diversos tipos de

objetos (arquivos texto, apresentações, arquivos de áudio e arquivos de vídeo, entre

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outros). Estes objetos são mantidos à parte da história e podem ser consultados

individualmente, ou como parte da história.

Figura 5.3: Histórias na 1ª página

De modo similar, uma história pode estar relacionada a outras histórias, permitindo

que os usuários criem histórias maiores e mais complexas, compostas por várias pequenas

histórias.

Adicionalmente, as histórias podem estar associadas a uma ou mais comunidades,

indicando que, apesar do autor ser sempre um usuário em específico, o conhecimento,

construído e apresentado na forma de história, encontra-se de alguma forma relacionado a

essas comunidades. Essa característica permite a criação de histórias associadas a

comunidades de prática, onde as práticas executadas estão documentadas como histórias e

o conhecimento produzido estará acessível a qualquer outro membro do ambiente.

Cada usuário do sistema poderá, adicionalmente, atuar como um revisor do

conteúdo inserido por seus pares, avaliando de forma proativa as contribuições

disponibilizadas no ambiente. Essa avaliação pode ser realizada de duas formas. A primeira

forma caracteriza a colaboração na construção de histórias dialogadas e ocorre através da

adição de comentários que contribuem para a evolução da história, criando-se assim uma

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história mais rica, com mais participantes e novos conhecimentos. À medida que a história

for acrescida de comentários, é criado um diálogo associado ao conhecimento em

construção.

Uma característica que diferencia o mecanismo de comentários nas histórias de

outros mecanismos, como fóruns de discussão, é que os comentários são sempre

adicionados às histórias, mantendo o diálogo sempre linear, sem a criação de ramos que

caracterizam as discussões. Esta diferenciação facilita a visualização e a leitura linear da

história, evitando a criação de diálogos paralelos sobre o mesmo tema, fomentando um

diálogo único entre todos os interessados e facilitando a recuperação do conhecimento,

quando necessário.

Figura 5.4: Mapa de Histórias

A segunda forma de avaliação acontece através da atribuição de uma nota, variando

de 1 a 5 estrelas, às histórias que lê. Permitindo que o conhecimento, expresso através de

histórias, possa ser apresentado através de um ranking que indique as mais relevantes para

os membros daquela rede social.

Com o objetivo de facilitar a visualização e acesso às histórias existentes no

ambiente, o a.m.i.g.o.s disponibiliza diversos filtros e mecanismos de ordenação que estão

disponíveis para auxiliar na descoberta do conhecimento necessário.

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Inicialmente estes filtros estavam disponíveis através de um mapa de histórias

(Figura 5.4). Nesse mapa as histórias eram apresentadas ordenadas, inicialmente pela data

de seu último comentário, onde as histórias mais recentemente atualizadas (levando em

consideração tanto a data de criação da história quanto a data de seu último comentário)

eram apresentadas no início e nas bordas, com cores mais “quentes”, indicando que ainda

estavam em processo de construção do conhecimento. Já as histórias sem atualizações

recentes eram apresentadas no final e no centro, com cores mais “frias”, indicando que o

conhecimento já havia cristalizado. Além da posição na espiral e das cores, as histórias

eram representadas por círculos maiores ou menores, a depender da quantidade de

comentários realizados sobre a história. Quanto maior a quantidade de comentários, maior

a sua representação.

Figura 5.5: Novos conceitos, que substituíram as histórias, na 1ª página

O mapa de histórias existiu até a 2ª versão do ambiente, porém ele foi retirado

devido ao baixo interesse dos usuários em procurar por histórias utilizando essa interface.

Juntamente com a retirada do mapa de histórias, a 3ª versão também substituiu o conceito

de história por três outros conceitos: Avisos, Relatos e Notícias (Figura 5.5), sendo que os

avisos perderam algumas características, dentre elas a possibilidade de adição de

comentários. Os detalhes desta substituição serão apresentados na Seção 6.2.

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5.2.3. Relacionamentos

O a.m.i.g.o.s dá suporte a praticamente todos os mecanismos de relacionamentos existentes

nas atuais redes sociais. Nele, cada usuário pode adicionar qualquer outro usuário da rede

social a sua lista de contatos (Figura 5.6).

Diferentemente de outros ambientes de redes sociais, como, por exemplo,

facebook e Orkut, no a.m.i.g.o.s os relacionamentos entre usuários não possuem uma

semântica específica definida. Os usuários podem utilizar os contatos para representar laços

de amizade, ou indicar os contatos com quem já trabalhou, ou, até mesmo, utilizá-lo como

um marcador para outro membro da rede social, como em uma lista de favoritos.

Desta forma, os relacionamentos estabelecidos não são necessariamente

bidirecionais. No momento em que o usuário A adiciona o usuário B como seu contato, o

usuário B é notificado, e poderá facilmente adicionar o usuário A como seu contato, ou

então ignorar o aviso e manter o relacionamento unidirecional de A para B. É importante

ressaltar que não há mecanismo para o usuário B gerenciar quem são os usuários da rede

social que o tem como contato. Esta forma de representação de relacionamentos já é

utilizada no Twitter 4, porém com a semântica de “seguido” e “seguidor” atribuída ao

relacionamento.

Caso o usuário deseje inserir semântica sobre seus contatos, o mecanismo de

agrupamento de contatos pode ser utilizado. Através desse mecanismo, o usuário pode

criar grupos para “colegas de trabalho”, “amigos”, “colegas de pesquisa” e “pessoas

importantes”, por exemplo. Isto só é possível porque o mecanismo de criação de grupos se

assemelha ao mecanismo de atribuição de tags, de forma que um mesmo contato pode estar

associado a mais de um grupo.

5.2.4. Comunidades Virtuais

O a.m.i.g.o.s dá suporte à criação e manutenção de comunidades (Figura 5.7) por seus

usuários, os quais podem convidar membros de sua lista de contatos a participar das

discussões ou atividades a serem realizadas no âmbito da comunidade.

Cada comunidade possui uma série de mecanismos para a criação e

compartilhamento do conhecimento. O principal mecanismo de criação e

compartilhamento do conhecimento é o fórum de discussão. Cada comunidade possui um

único fórum de discussão.

4 http://www.twitter.com

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Figura 5.6: Contatos de um usuário

Nesse fórum, qualquer membro pode iniciar uma discussão sobre qualquer assunto

de interesse da comunidade. Diferentemente das histórias, o fórum de discussão permite a

criação de “ramos de discussão”, ou seja, as mensagens podem ser adicionadas como uma

resposta na linha principal, ou como uma resposta a qualquer outra resposta já existente.

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Figura 5.7: Comunidade Virtual

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O segundo mecanismo de compartilhamento do conhecimento é a associação de

histórias à comunidade, que na 3ª versão do ambiente se caracterizou pela adição de

notícias, avisos e relatos à comunidade. Essa associação pode ser realizada por qualquer

membro da comunidade ao criar uma história no sistema, e uma história pode estar

relacionada a mais de uma comunidade. Caso se deseje, é possível que a história seja visível

apenas pelos membros das comunidades relacionadas a ela. Esse segundo mecanismo de

compartilhamento do conhecimento é essencial para o compartilhamento de experiências

dentro de comunidades de prática e entre comunidades de prática distintas que possuam

atividades ou objetivos afins.

O terceiro mecanismo é a associação de objetos à comunidade, que podem ser

associados pelo proprietário do objeto a qualquer uma das comunidades às quais ele

pertence. Esse mecanismo funciona de forma análoga ao de associação de histórias às

comunidades, permitindo que um mesmo objeto seja adicionado a mais de uma

comunidade. Com a versão 3.0 do ambiente, estes objetos passaram a ser diferenciados

entre bookmarks e arquivos, porém o mecanismo de integração com as comunidades se

mantiveram.

Figura 5.8: Arquivos de um usuário

Adicionalmente, uma comunidade pode possuir uma série de outras comunidades

relacionadas ou afins, permitindo que comunidades com focos semelhantes ou com alguma

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interseção de interesses, permitam que seus membros naveguem facilmente entre elas.

Essas comunidades relacionadas podem ser utilizadas inclusive para definição de

permissões de acesso, onde alguns conhecimentos depositados em uma comunidade só

poderiam ser acessados por usuários que fossem membros da comunidade ou de

comunidades relacionadas a ela.

5.2.5. Objetos

O a.m.i.g.o.s permite a adição de conhecimento através do conceito de objetos. Um objeto

pode ser visto como qualquer meio eletrônico no qual o conhecimento pode estar

armazenado, podendo ainda ser utilizado para a construção de novos conhecimentos. É

importante ressaltar que o objeto não representa necessariamente o conhecimento

propriamente dito, e sim possui informação que poderá ser transformada em

conhecimento pelos usuários que o acessarem.

Figura 5.9: Bookmarks de um usuário

Desta forma, qualquer arquivo pode ser armazenado e disponibilizado no sistema,

como, por exemplo, documentos, artigos, apresentações, planilhas, vídeos, áudios e URLs

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externas. Todos os objetos possuem controle básico de versões e controle de permissões

de acesso.

Devido à falta de mapeamento intuitivo do conceito de objetos para a realidade dos

usuários do ambiente, uma vez que qualquer coisa pode ser um objeto, na versão 3.0 do

a.m.i.g.o.s esse conceito foi separado em dois outros melhor aceitos pelos usuários, são

eles: o conceito de arquivos (Figura 5.8) e o conceito de bookmarks (Figura 5.9). Dessa

forma, apenas os arquivos mantiveram a funcionalidade básica de controle de versões, mas

ambos mantiveram as demais características.

Para permitir uma maior colaboração por parte dos usuários sobre um determinado

objeto, todo e qualquer objeto pode receber comentários dos usuários, adicionando a

possibilidade do surgimento de diálogos, sempre lineares, acerca do conhecimento

existente neste objeto.

5.2.6. Folksonomia

Para permitir uma classificação do conhecimento armazenado em seu ambiente, facilitando

assim a descoberta de informações por seus membros, o a.m.i.g.o.s possui um mecanismo

de folksonomia (MEIRA; SILVA, E. M. et al., 2011).

Através de uma folksonomia, os usuários podem classificar, de forma social e

colaborativa, o conteúdo disponível no ambiente, como, por exemplo, comunidades,

histórias, objetos, comentários e discussões em fóruns. Para isso, precisam apenas adicionar

palavras-chave que identifiquem o assunto sendo tratado pelo conteúdo classificado.

Assim como os demais ambientes que optaram por trabalhar com folksonomia, em

detrimento da taxonomia, o sistema permite a visualização de todos os marcadores criados

pelos usuários através de tagclouds (Figura 5.10).

Figura 5.10: Tagcloud de um projeto

Tagcloud é uma representação visual de uma lista de tags utilizadas como marcadores

em um determinado ambiente. Em uma tagcloud, a importância de uma tag é expressa pelo

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tamanho de sua fonte e, em algumas visualizações, pela força de seu traço (negrito) ou pela

sua cor. Normalmente a importância de uma tag é definida pela quantidade de vezes em que

ela foi utilizada dentro de um contexto.

No a.m.i.g.o.s, existem exibições de tagcloud em todas as visões que agrupam

conhecimento – a página de um usuário, a página de uma comunidade, a página de um

projeto e a página inicial do sistema. Essas visões possuem, em sua tagcloud,

respectivamente, todas as tags utilizadas pelo usuário, todas as tags utilizadas em itens

associados à comunidade, todas as tags utilizadas em itens adicionados a um projeto e todas

as tags utilizadas no ambiente.

Além do uso de tagclouds, a versão 3.0 do a.m.i.g.o.s trouxe uma nova abordagem

para o uso de tags. Inspirado pelo conceito de labels do Gmail, todas as listas de itens de

conhecimento (histórias e objetos) se utilizam das tags desses itens para criar uma

navegação por “diretórios”, onde cada “diretório” é representado por uma tag, e seus

subdiretórios são representados pelas tags que ocorrem em conjunto com a(s) tag(s)

selecionada(s). Dessa forma, a navegação por diretórios, já clássica quando se pensa em

sistemas de arquivos, pôde ser simulada através de filtros por tags, que definem quais itens e

que outras tags devem ser exibidas, de acordo com aquelas já selecionadas (Figura 5.8 e

Figura 5.9).

5.2.7. Perguntas

Um dos mecanismos para comunicação entre os administradores do ambiente e os

membros da rede social é o envio de perguntas para os usuários (Figura 5.11). Através

deste mecanismo é possível solicitar opiniões e traçar o perfil dos membros da rede social.

Ao criar uma pergunta, o administrador define todas as possíveis opções, e o

sistema então envia essa pergunta para a caixa de mensagens de cada membro.

Cada uma das respostas adicionadas pelos usuários é então acrescida ao seu perfil,

permitindo que pesquisas sejam facilmente realizadas e que o sistema identifique os

usuários, através de suas opções e opiniões explicitadas ao responder tais perguntas.

Este tipo de mecanismo é essencial para a realização de pesquisas de clima

organizacional, de pesquisas qualitativas na organização e da obtenção de opiniões sobre

qualquer assunto de interesse da organização.

5.2.8. Recomendações

O mecanismo de recomendações do a.m.i.g.o.s é responsável por identificar itens de

conhecimento, ou usuários que possam atuar como fontes de conhecimento, e recomendar

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esses itens a usuários que possam se beneficiar do conhecimento em questão. Esse

mecanismo faz parte do conjunto de ferramentas disponíveis para realização da

disseminação do conhecimento (Figura 5.12). Essas recomendações são sempre

direcionadas a usuários do sistema e podem ser referentes a histórias, objetos,

comunidades, tópicos de um fórum ou até mesmo a outros usuários do ambiente (SILVA,

E. M. et al., 2011, 2008; CARNEIRO et al., 2008a, 2008b, 2009).

Figura 5.11: Perguntas

Existem basicamente dois tipos de recomendação, uma feita manualmente por um

usuário, ao sugerir conteúdos que talvez sejam de interesse de seus contatos, e a outra

realizada automaticamente pelo sistema para um usuário, a partir da probabilidade do

interesse deste no conteúdo recomendado.

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A recomendação realizada pelos usuários acontece no momento em que estes

acessam um item (uma história, um objeto, a página de uma comunidade, uma discussão

específica ou a página de um usuário) e identificam que esse item pode ser do interesse de

algum contato seu. É importante ressaltar que usuários só podem recomendar itens para

pessoas que façam parte de sua lista de contatos.

Figura 5.12: Mensagens que representam recomendações

Para que a recomendação automática seja possível, o sistema utiliza o perfil do

usuário, descrito na Seção 5.2.1. Para isso, o sistema faz uso do Vector Space Model

(BARROS et al., 2002), e tenta identificar outros usuários, ou conteúdos, com centroides

similares aos do usuário – ou seja, que possuem centroide com medida de similaridade

maior ou igual a 50% do centroide do item a ser recomendado –, recomendando-os ao

usuário em questão sempre que esta medida for alcançada. Para essas recomendações são

utilizados tanto o centroide referente aos assuntos que o usuário possui conhecimento,

quanto o centroide referente aos assuntos em que o usuário possui interesse.

Este mesmo mecanismo de recomendação é utilizado para identificar histórias

similares entre si, que, na versão 3.0 do ambiente, foi convertido para os conceitos de

notícias, relatos e avisos similares.

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5.2.9. Notificações

Para facilitar o acesso dos membros da rede social às informações publicadas no ambiente,

o a.m.i.g.o.s possui um mecanismo de notificações que permite o acompanhamento da

evolução de qualquer elemento dentro da rede social.

Para isso, o usuário possui uma página de configuração de notificações que inclui os

seguintes itens:

• Relatos publicados no sistema;

• Notícias publicadas no sistema;

• Avisos publicados no sistema;

• Arquivos publicados no sistema;

• Bookmarks publicados no sistema;

• Recomendações enviadas pelo sistema ou por outros usuários;

• Mensagens enviadas, perguntas ou contatos adicionados.

Além dessas opções, os usuários ainda podem optar por receber, por e-mail,

notificações de atualizações realizadas em relatos, notícias, arquivos, bookmarks e

discussões. Essas atualizações podem acontecer na forma de adição de comentários e

mensagens. Por último, o usuário pode optar por receber notificações sobre qualquer novo

relado, notícia, aviso, arquivo, bookmark ou discussão adicionado a comunidades de que

faz parte.

Com esses mecanismos de notificação, o usuário deixa de ser obrigado a acessar o

ambiente de rede social para ficar ciente do conhecimento que está sendo adicionado, pois

esse conhecimento vem de encontro ao usuário, através de sua caixa de e-mail.

A partir da versão 3.0 do a.m.i.g.o.s, essas notificações passaram a servir também

como mecanismo de interação com o ambiente, pois os usuários ganharam a possibilidade

de responder à mensagem de e-mail recebida para adicionar novos comentários a relatos,

notícias, arquivos e bookmarks, ou respostas aos tópicos.

5.2.10. Projetos

Apesar de autores, como Altukhova (2010), sugerirem que o uso da rede social deve

acontecer de forma não rotineira, foi identificado, durante o 2º ciclo, que o fato do uso do

a.m.i.g.o.s ainda não estar totalmente integrado a rotina de trabalho dos colaboradores do

C.E.S.A.R, estava afetando negativamente a iniciativa.

Era esperado que os colaboradores do instituto realizassem a troca do

conhecimento dentro de comunidades, e que o conhecimento produzido em projetos fosse

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disponibilizado através de histórias para todo o ambiente. Dessa forma, o conhecimento

deixaria de ser restrito ao projeto e passaria a ser acessível a toda a organização.

Figura 5.13: Página inicial de um projeto

Porém, o uso do ambiente durante o segundo ciclo da pesquisa-ação sugeriu que os

usuários não se sentiam confortáveis em publicar conhecimento do seu projeto para toda a

organização. Alguns usuários sugeriram que essa ação deveria ser realizada apenas pelos

gerentes de projeto e líderes das equipes.

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Diante desta barreira cultural, foi idealizado um módulo que inserisse as atividades

diárias de um projeto dentro do ambiente da rede social, em uma área destinada ao registro

da história do projeto. A escolha pela abordagem orientada a projetos se deve a natureza do

instituto, uma vez que praticamente todos os colaboradores da área de engenharia da

organização estão alocados em ao menos um projeto.

O módulo de projetos (JUCA et al., 2009) foi concebido como um “a.m.i.g.o.s

dentro do a.m.i.g.o.s”, ou seja, cada projeto teria sua própria “instância” do ambiente, com

todas as funcionalidades existentes no ambiente, porém com um contexto bem definido,

uma vez que o conteúdo depositado dentro do projeto pertenceria ao projeto, e não a

quem o criou (Figura 5.13).

A adição desse módulo caracterizou a subdivisão do ambiente de rede social

organizacional em vários pequenos ambientes de redes sociais, focados em projetos

específicos. Essa nova característica permitiu a classificação do ambiente a.m.i.g.o.s como

uma ferramenta de suporte a redes sociais, onde os elementos sociais podem ser pessoas,

comunidades e até projetos.

Para permitir que projetos sigilosos, comuns no C.E.S.A.R, também pudessem

utilizar a infraestrutura do a.m.i.g.o.s, o gerente de um projeto poderia definir quais pessoas

poderiam acessar o conteúdo do projeto, e, até mesmo, definir que somente os

participantes do projeto saberiam de sua existência.

Histórias e Objetos

As funcionalidades de histórias e objetos foram mantidas, sem maiores mudanças, para os

projetos. Todas as histórias e objetos criados dentro de um projeto eram tratados da

mesma forma que as criadas fora de um projeto, tendo seus centroides adicionados ao

perfil do usuário que o criou. Porém, essas histórias e objetos não são exibidos na página

do perfil do usuário, pois, para o sistema, elas pertencem ao projeto e não ao usuário.

Outra mudança específica nas histórias foi a adição de um campo, de

preenchimento opcional, permitindo a classificação de uma história como lição aprendida

ou boa prática. Na versão 3.0 do a.m.i.g.o.s, essa funcionalidade foi mantida apenas para

relatos. Por fim, dentro de um projeto, as histórias podem ser compartilhadas, de forma

que qualquer membro do projeto pode editar e modificar a história, fornecendo mais um

mecanismo de colaboração na construção das histórias.

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Folksonomia

Outra funcionalidade herdada pelo ambiente de projetos foi a folksonomia. Desta forma, os

mesmos mecanismos de folksonomia existentes no restante do ambiente encontram-se

presentes dentro de um projeto, incluindo a tagcloud do projeto e a possibilidade de utilizar

as tags associadas a histórias e objetos utilizando a metáfora dos diretórios.

Discussões

De forma análoga ao que acontece com as comunidades virtuais, projetos também dão

suporte a um fórum de discussões. Cada projeto possui um único fórum de discussão.

Nesse fórum, qualquer membro do projeto pode iniciar uma discussão sobre assuntos de

interesse do projeto. Como projetos possuem uma característica muito forte de resolução

de problemas e tomada de decisões sobre aspectos relevantes do projeto, é esperado que as

discussões para a tomada de decisões aconteçam no fórum de discussão e, depois de

finalizada, um resumo da discussão seria armazenado na forma de uma história.

Agenda

Devido à grande quantidade de projetos sigilosos, que não poderiam utilizar uma

infraestrutura externa para manter suas informações, como o Google Calendar, e pela

inexistência de um serviço de gerenciamento de calendários na organização, como o

Microsoft Exchange, identificou-se a necessidade de desenvolver um módulo simples para

gestão da agenda de um projeto.

Com essa funcionalidade, cada projeto possui uma agenda compartilhada entre

todos os seus membros. Nessa agenda podem ser registrados eventos com data e hora de

início, nome, local, descrição, tags e frequência (sem repetição, diária, semanal ou mensal).

O evento não permite a associação de pessoas específicas, sendo registrado sempre para

todos os membros do projeto. Adicionalmente, pode-se configurar uma notificação para o

evento, que será enviada por e-mail com a antecedência configurada (uma semana, um dia,

uma hora ou cinco minutos).

Atividades

Como projetos costumam ser orientados a atividades, foi adicionado um módulo de gestão

de atividades aos projetos do a.m.i.g.o.s. Esta funcionalidade se assemelha a uma lista de

tarefas a serem realizadas (to do list) e não deve ser confundida com sistemas de

gerenciamento de cronogramas.

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O principal objetivo desse módulo é permitir que os colaboradores dessem

visibilidade do que estão realizando durante o projeto, permitindo que a história do projeto

seja contada uma atividade por vez. Para isso, cada atividade possui status (a fazer, em

andamento, concluída, suspensa ou cancelada), responsável, título, descrição e tags. Como

uma grande quantidade de projetos do instituto fazia uso de métodos ágeis, mais

especificamente Scrum, foi solicitada a adição de dependências entre atividades, peso da

atividade e percentual de conclusão, de forma que os gráficos de acompanhamento das

atividades (Burning down) pudessem ser gerados automaticamente.

Figura 5.14: Timeline de um projeto

Membros

Diferentemente das comunidades, a adição dos membros a um projeto era uma

prerrogativa de seu gerente. O gerente de um projeto poderia adicionar qualquer

colaborador da organização ao seu projeto, sem que fosse necessário qualquer tipo de

aprovação por parte do colaborador.

Porém, para manter o ambiente colaborativo, outros usuários do ambiente podem

solicitar sua inclusão nos projetos a que tenham acesso. Essa solicitação deve antes passar

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pela aprovação do gerente do projeto, para, só então, o colaborador ser adicionado como

membro do projeto. Todo membro do projeto possui uma ou mais funções exercidas.

Timeline

Todo projeto dentro do a.m.i.g.o.s pode ser visto em forma de linha do tempo (Figura

5.14). Nessa visão, todos os acontecimentos do projeto são dispostos numa linha do

tempo, permitindo uma análise macro da história do projeto. Essa visão é ideal para os

gerentes visualizarem todo o fluxo de informações e conhecimento, e o andamento de

atividades, de uma forma unificada.

5.3. Arquitetura

Nesta seção será apresentada a arquitetura da aplicação, com alguns detalhes técnicos. O

objetivo não é criar um documento definitivo sobre a arquitetura do a.m.i.g.o.s, mas apenas

elucidar alguns aspectos técnicos relevantes ao entendimento do ambiente.

O a.m.i.g.o.s é um sistema Web desenvolvido em Java com banco de dados

PostgreSQL. A seguir são apresentados os principais frameworks e bibliotecas utilizados no

desenvolvimento da aplicação.

• Hibernate 3: framework open-source para mapeamento objeto relacional em Java;

• PostgreSQL: SGBD open-source utilizado pela aplicação para persistência de

dados;

• Struts 2: framework open-source para desenvolvimento de aplicações Web.

Suporta o padrão arquitetural MVC;

• AspectJ: framework open-source para desenvolvimento de aplicações orientadas a

aspectos;

• Lucene: biblioteca open-source para desenvolvimento de engenhos de busca;

• Quartz: biblioteca open-source para agendamento e gerenciamento da execução de

processos em background;

• Flexjson: biblioteca open-source para serialização e desserialização de objetos Java

no formato JSON (JavaScript Object Notation);

• Log4j: biblioteca open-source para geração de arquivos de Log;

• PDFBox: biblioteca open-source para manipulação de documentos no formato

PDF;

• POI: biblioteca open-source para manipulação de vários formatos de arquivo

baseados em OLE 2 Compound Document Format, da Microsoft. Esse formato

serve de base para alguns formatos de documentos do Microsoft Office.

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A seguir serão apresentados os componentes do sistema e as principais entidades

que compõem o sistema, incluindo seus relacionamentos mais importantes.

5.3.1. Componentes

A Figura 5.15 apresenta um diagrama com os componentes do sistema, onde cada

componente foi representado como um pacote diferente. Esta opção se deve ao fato dos

componentes terem sido criados utilizando um mapeamento direto para os pacotes que

compõem o sistema.

Figura 5.15: Visão de Componentes do a.m.i.g.o.s

Cada componente possui seus pacotes internos, que seguem o seguinte padrão:

• api: pacote contendo as interfaces e classes públicas – tipicamente entidades – a

serem utilizadas pelos componentes que façam uso do componente em questão;

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• impl: pacote contendo as classes privadas do componente, que implementam as

interfaces definidas no pacote “api” e fazem uso das classes públicas que lá sem

encontram;

• exception: definem classes de exceção que podem ser levantadas pelo

componente;

• service: Pacote contendo a implementação de serviços REST do componente e

que fazem uso das interfaces definidas no pacote “api”;

Pacotes diferentes dos apresentados acima foram criados por necessidades

específicas do componente, cuja explicação foge do escopo deste trabalho.

A seguir é apresentada uma descrição sucinta de cada um dos componentes que

compõem o a.m.i.g.o.s.

• versionControl: componente responsável por dar suporte ao controle de versão

para documentos;

• folksonomy: componente responsável por dar suporte a adição e gerenciamento

de tags para todas as entidades passíveis de classificação. Esse componente é

responsável por manter e apresentar a folksonomia criada no sistema;

• jobManagement: componente que realiza o controle de processos a serem

executados em segundo plano. Todos os processos mais demorados ou

rotineiros, como enviar e-mails de notificação, calcular conteúdo similar, gerar

recomendações, indexar conteúdo, otimizar índices de busca e calcular índices

de atividade dos usuário, dentre outros, são executados e controlados por este

componente;

• search: componente responsável por prover a interface de busca nos índices de

conteúdo do sistema;

• dataManagement: componente responsável por manter as entidades que

representam conteúdos associados a arquivos ou bookmarks;

• forum: componente responsável por manter os fóruns da aplicação, sejam eles

associados a comunidades ou a projetos. Para permitir seu reuso em ambos os

módulos, foi criado um componente a parte;

• narrative: componente responsável por manter todas as entidades relacionadas

às narrativas (relatos, avisos e notícias);

• agendaManagement: componente responsável por gerenciar as agendas

existentes no sistema. Apesar de ter sido utilizado apenas pelo componente

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projectManagement, havia a intenção de adicionar agendas às comunidades e,

neste caso, esse componente poderia ser reusado;

• relationshipManagement: componente responsável por controlar os

relacionamentos básicos dos usuários, que são os relacionamentos de usuários

para usuários, através dos grupos de contatos, e os relacionamentos entre

diversos usuários, através das comunidades. Como não foi criado um

componente específico para comunidades, este componente ficou com as duas

atribuições;

• projectManagement: componente responsável por fornecer as funcionalidades

associadas à gestão de projetos. Neste componente estão todas as entidades

necessárias ao módulo de projetos, bem como as extensões necessárias nas

entidades já existentes, como os relatos de projetos e os documentos de

projetos, entre outros;

• task: componente responsável pela gestão de tarefas. Apesar de ser utilizado

apenas pelo componente de gestão de projetos, esse componente foi criado de

forma independente para permitir seu reuso no desenvolvimento de novas

funcionalidades que façam uso de tarefas, como um módulo de tarefas

individuais dos usuários, que não chegou a ser desenvolvido;

• contentSimilartiry: componente responsável por toda a lógica relacionada à

identificação de similaridade entre conteúdos e usuários, bem como, todos os

mecanismos de recomendação implementados no ambiente;

• profileManagement: componente responsável por prover as funcionalidades de

gerenciamento de perfis dos usuários, o que inclui a regra de cálculo do índice

de atividade dos usuários;

• avatar: o sistema permitia que fossem criados usuários “não reais”, como, por

exemplo, “Comunicação Institucional”, “A.M.I.G.O.S”, “SEPG” e “Recursos

Humanos”. Esses usuários especiais, chamados avatares, não possuíam login e

senha, e estavam associados a um conjunto de usuários reais. Qualquer um

desses usuários reais poderia assumir um avatar, desde que ele não estivesse em

uso por outro usuário, e realizar ações no sistema em nome do avatar. Esse

componente era responsável por gerenciar esses usuários especiais;

• accessControl: componente responsável por todo o mecanismo de controle de

acesso do sistema;

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• pollManagement: componente responsável por gerenciar as perguntas do

sistema enviadas aos usuários;

• denounceManagement: componente responsável por gerenciar denúncias sobre

qualquer uma das entidades do sistema. Devido à quantidade de entidades

passíveis de denúncia, nesse componente foi adotada a abordagem de denúncias

de URLs, que seriam avaliadas por um administrador.

A Figura 5.16 apresenta a estrutura em camadas de cada um dos componentes.

Apesar de se assemelhar a uma arquitetura de três camadas tradicional, existem algumas

características da arquitetura que devem ser mencionadas.

Interface Javascript

Serviço REST

Observadores

Controlador

Figura 5.16: Estrutura em camadas dos componentes

O sistema, mais precisamente sua terceira versão, conta com uma interface 100%

construída através de Javascript. Foi desenvolvido um engenho que efetua o carregamento

em memória dos templates de HTML, no formato Javascript, e preenche esse template com o

resultado de chamadas a serviços REST. Dessa forma, cada componente possui seu

conjunto de interfaces gráficas com os serviços REST necessários, permitindo que as

interfaces gráficas do sistema sejam construídas a partir da conjunção das interfaces dos

diversos componentes.

Toda integração entre componentes é realizada através de Javascript na camada de

interface gráfica. Porém, a integração entre componentes no servidor, onde se utiliza Java,

não pôde utilizar a mesma abordagem. Para isso, foi criada uma camada de observadores

entre os serviços REST e os controladores de negócio dos componentes. Essa camada

possui apenas mecanismos para notificação a observadores.

Para toda requisição a um método do controlador de negócios, é verificado se

existem observadores para o método. Esses observadores podem ser notificados

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imediatamente antes do método ser executado ou logo após sua execução, permitindo que

a chamada a outros componentes aconteça antes da execução do método ou depois deste

ter sido executado.

As chamadas a esses observadores compartilham a mesma transação de negócio

utilizada pelo método do controlador. Caso ocorra um erro na execução do método

principal, toda a execução dos observadores também seja desfeita.

Os observadores são utilizados para evitar que os controladores de negócio

tenham que se acoplar estaticamente aos demais componentes. Com os observadores,

qualquer processamento acessório à funcionalidade principal é mantido isolado e invisível

ao componente em execução. Todo o mecanismo de observadores é inserido na aplicação

através do uso de aspectos, tornando mais transparente a integração entre componentes.

Figura 5.17: Diagrama de sequência de criação de um relato

Para simplificar o entendimento, a Figura 5.17 apresenta um diagrama de

sequência da criação de um relato. Alguns passos foram omitidos para simplificar o

entendimento do funcionamento dos observadores. Nesse diagrama, a classe

ReportAction é a implementação do serviço REST. No momento em que ela chama o

método crateReport no controlador, esta chamada é capturada pelo aspecto inserido no

controlador, que irá encapsular toda a execução do método, adicionando o controle

sd Criar RelatoEA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

ReportAction «interface»

IReportController

«interface»

IReportDAO

«interface»

IObserver

«interface»

IEntityController

loop

[for each observer in observers]

loop

[for each observer in observers]

create(report) :T

observers= getObservers() :Collection<IObserver>

methodToBeExecuted(this, create, report)

doSometing()

...()

save(report)

methodWasExecuted(Object, String, Object[], Object)

doSomethingElse()

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transacional e as chamadas aos observadores, no início e no término da execução do

método.

O mapeamento dos observadores para os controladores de negócio é definido em

um arquivo XML, desacoplando ainda mais os componentes. A Figura 5.18 apresenta um

trecho do XML que define este mapeamento.

Figura 5.18: Trecho de XML para definição de observadores

<subject class=" IProjectNarrativeReportController">

<observer class="ProjectReportJobObserver"/>

<observer class="AbstractNarrativeIndexObserver"/>

<observer class="ProjectNarrativeReportsNotifierObserver"/>

</subject>

Durante a inicialização da aplicação, este arquivo XML é processado e, através de

métodos de injeção de dependência e reflexão, os observadores (cada um dos atributos

observer) são instanciados e adicionados às classes que implementam a interface

observada (atributo subject).

5.3.2. Entidades

Devido à diversidade de serviços e funcionalidades existentes no sistema, torna-se

impossível apresentar um único diagrama contendo todas as entidades relevantes. Desta

forma, optou-se por criar seis diagramas de classes. Os três primeiros mostram os

relacionamentos associados a uma comunidade, a um projeto e a um usuário. Os três

diagramas seguintes apresentam um detalhamento de como as classes que representam os

conteúdos armazenados no sistema estão relacionadas.

A Figura 5.19 apresenta a classe Community, que representa uma comunidade no

ambiente, e seus principais relacionamentos. É possível observar que toda comunidade

possui zero ou mais documentos e sites, ambos representados pela classe

CommunityDocument, e zero ou mais relatos, notícias e avisos, através da classe

CommunityNarrative. Adicionalmente, toda comunidade possui um fórum de discussões

(classe Forum) e esse fórum possui zero ou mais tópicos de discussão (classe Topic), onde

acontecem as discussões propriamente ditas – através das classes Message e MessageItem,

que representam uma mensagem e suas respostas, respectivamente.

Toda comunidade possui um proprietário, representado no relacionamento owner

com a classe User, e membros, representados no relacionamento com a classe

CommunityMembership, que relaciona uma comunidade a um usuário. Esta classe foi criada

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devido à recomendação do Hibernate de criação de uma classe para representar

relacionamentos do tipo many-to-many.

Figura 5.19: Entidades relacionadas à Comunidade

Por fim, toda comunidade possui zero ou mais tags (classe Tag), um centroide

(classe Centroid), que possui os termos de maior relevância nos conteúdos da

comunidade, e uma política de acesso (classe Policy), que define para quem os conteúdos,

e a própria comunidade, serão visíveis.

class Visão de Comunidade

EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

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Serializable

api::Community

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CommunityRelationship

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Comparable

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Page 120: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

104

Figura 5.20: Entidades relacionadas a Projeto

class Visão de Projeto

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

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Serializable

api::Project

- acceptNewMembers :boolean

- agenda :Agenda

- associationRequests :Set<ProjectAssociationRequest>

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AbstractDocument

api::ProjectDocument

- project :Project

AbstractNarrative

api::ProjectNarrative

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- locked :boolean = false

- project :Project

- qualifier :int = 0

- rolesEditors :Set<Role>

AbstractPolicy

Serializable

Cloneable

api::ProjectPolicy

- externalProjectRoles :Set<Role>

- externalUsers :Set<User>

- members :Set<User>

- membersOnly :boolean

- project :Project

- projects :Set<Project>

AbstractSite

api::ProjectSite

- project :Project

Serializable

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Serializable

api::UserRole

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api::User

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api::Task

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AbstractComment

api::TaskComment

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api::TaskRelationship

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Serializable

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api::AgendaItem

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- title :String

- user :User

Serializable

api::AgendaItemOccurrence

- agendaItem :AgendaItem

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- date :Date

- description :String

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- local :String

- narratives :Set<AbstractNarrative>

- notifications :Set<Integer>

- originalDate :Date

- tags :Set<Tag>

- title :String

Forum

api::ProjectForum

- project :Project

Serializable

api::Topic

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- date :Date

- description :String

- forum :Forum

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- user :User

Serializable

api::Message

- centroid :Centroid

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- text :String

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Comparable

api::MessageItem

~ code :Integer

~ message :Message

~ parent :Message

Serializable

api::Tag

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-relatedTask

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-role

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-tags

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1..*

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-policy

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-messages 1..*

-topics 0..*

-user

-documents 0..*

-occurrences

1..*

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-tasks

0..*

Page 121: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

105

A Figura 5.20 apresenta a classe Project, que representa um projeto no ambiente,

e seus principais relacionamentos. Assim como acontece em comunidade, um projeto

possui zero ou mais documentos, através da classe ProjectDocument, zero ou mais sites,

através da classe ProjectSite, e zero ou mais relatos, notícias e avisos, através da classe

ProjectNarrative.

Ainda de forma análoga à comunidade, todo projeto possui um fórum de

discussões (classe ProjectForum) e esse fórum possui zero ou mais tópicos de discussão

(classe Topic).

Um projeto também possui um proprietário, através do relacionamento owner com

a classe User, porém, diferente do que acontece em comunidade, os membros de um

projeto possuem um papel relacionado. Dessa forma, o relacionamento que representa um

membro de um projeto é realizado através da classe UserRole – um relacionamento

ternário entre o projeto, o usuário (classe User) e o papel do usuário no projeto (classe

Role).

Um mesmo usuário pode possuir mais de um papel em um projeto, ou seja, é

possível registrar que um usuário atuou como colaborador de um projeto durante dois

anos, mas que, nos últimos três meses, ele também atuou como gerente do projeto.

Um projeto possui uma política de acesso, representada na classe ProjectPolicy,

que define quais conteúdos de um projeto podem ser vistos externamente, ou apenas por

um papel específico do próprio projeto, ou por pessoas específicas, externas ao projeto.

Um projeto também pode ser classificado com tags (classe Tag).

Um projeto possui ainda sua agenda, representada pela classe Agenda. Nessa

agenda são registrados, em formato de calendário, os eventos do projeto. Cada evento,

representado pela classe AgendaItem, pode possuir uma ou mais ocorrências (classe

AgendaIgemOcurrence), o que dá suporte a eventos recorrentes como, por exemplo,

reuniões semanais de acompanhamento de projetos. Cada ocorrência pode estar associada

a documentos, relatos, notícias ou avisos. Esses relacionamentos foram criados para

permitir que o responsável por conduzir uma reunião possa fornecer os documentos

necessários à reunião, bem como criar um relato da reunião.

Por fim, um projeto possui tarefas a serem realizadas pelos seus membros. Essas

tarefas são representadas pela classe Task, que possui um relacionamento com a classe

User para registrar o responsável pela execução da tarefa. Como é comum uma tarefa

depender de outras tarefas, foi criada a classe TaskRelationship para representar o

relacionamento entre tarefas, o qual pode ser de dependência ou apenas um

Page 122: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

106

relacionamento semântico. Adicionalmente, uma tarefa pode receber comentários (classe

TaskComment) que podem ser utilizados para manter o registro da evolução da execução da

tarefa.

Figura 5.21: Entidades relacionadas a Usuário

A Figura 5.21 apresenta a classe User, que representa um usuário no ambiente, e

as principais entidades relacionadas a ela. Para simplificar a visualização, os atributos das

classes detalhadas em outros diagramas estão ocultos. Como forma de minimizar o

class Visão de Usuário

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

Serializable

api::User

- accessLevels :Set<AccessLevel>

- activityIndex :float

- avatares :Set<Avatar>

- code :int

- country :Country

- date :Date

- email :String

- function :String

- imagePath :String

- instantMessengerIds :Set<InstantMessengerId>

- institution :String

- login :String

- name :String

- password :String

- phone :String

- professionalDescription :String

- profile :Profile

- roles :Set<Role>

- shortName :String

- state :State

- status :Status

Serializable

api::Status

- code :int

- description :String

Serializable

api::InstantMessengerId

- code :int

- identifier :String

- messenger :InstantMessenger

- policy :Policy

- user :User

Serializable

api::InstantMessenger

- code :int

- description :String

api::Task

Serializable

api::ContactGroup

- code :int

- contacts :Set<User>

- generalGroup :boolean

- name :String

- owner :User

Serializable

api::Community

api::CommunityMembership

Serializable

api::Recommendation

- code :int

- date :Date

- owner :User

- recommendedTo :Collection<User>

- recommender :User

- recommenders :Collection<User>

- status :int

Serializable

api::Project

Serializable

api::UserRole

Serializable

api::Activity

- code :int

- date :Date

- user :User

- value :float

Serializable

api::Answer

- code :int

- description :String

- profile :Profile

- selectedOption :Option

Serializable

api::Profile

- answers :Set<Answer>

- centroid :Centroid

- centroidUserReadNarrative :Centroid

- code :int

- description :UserDescription

- languages :Set<Language>

- lastActivityDate :Date

- notifyDenouncedContent :boolean

- notifyFileCreated :boolean

- notifyMessage :boolean

- notifyNewsCreated :boolean

- notifyRecommendation :boolean

- notifyReportCreated :boolean

- notifySiteCreated :boolean

- notifyWarningCreated :boolean

- readTopicsCentroid :Centroid

- receiveMessageFrom :int

- systemLanguage :SystemLanguage

- user :User

Serializable

api::UserDescription

- centroid :Centroid

- code :int

- date :Date

- description :String

Serializable

Comparable

api::Option

- answers :Collection<Answer>

- code :int

- description :String

- poll :Poll

- type :int

Serializable

api::Poll

- author :User

- code :int

- lastRevisor :User

- lastUpdate :Date

- messages :Set<SystemMessage>

- options :List<Option>

- title :String

- type :PollType

Serializable

api::AbstractNarrative

Serializable

api::SystemMessage

- code :int

- status :int

- user :User

Serializable

api::Message

Serializable

api::Topic

Serializable

api::InternalObject

Serializable

api::DownloadedFile

- code :int

- dateDownload :Date

- object :InternalObject

- user :User

-memberships

1..*

-user

-members 1..*

-owner

-recommender

-owner

-member

-profile

-selectedOption

-owner

-contacts

0..*-owner

-owner

-user

-messenger

-status

-user

-object

-owner

-messages 1..*

-user

-user

-user-user

-profile

-options 0..*-description

-user

Page 123: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

107

acoplamento da classe User às demais entidades do sistema, a maioria dos relacionamentos

com usuário se encontram explicitados apenas na outra classe do relacionamento, como é o

caso dos relacionamentos entre User e as classes Community, Project,

CommunityMembership, UserRole, AbstractNarrative, Topic, Message, Task e

InternalObject, dentre outras.

Além dos relacionamentos citados nos diagramas anteriores, todo usuário possui

um perfil, representado pela classe Profile, que é responsável por, entre outras coisas,

armazenar os centroides relacionados ao usuário (conteúdos lidos e conteúdos escritos). O

perfil do usuário também mantém armazenado o conjunto de respostas (classe Answer)

fornecidas pelo usuário às perguntas do sistema. Essas respostas estão sempre relacionadas

a uma opção (classe Option) de uma pergunta (classe Poll). Para facilitar o gerenciamento

de seu centroide, a descrição que o usuário fornece sobre si foi representada em uma classe

(UserDescription) e também está associada ao seu perfil.

Como o sistema também possui indicador de presença – informa se o usuário está

online ou offline –, a classe User possui uma associação com a classe Status.

Adicionalmente, o usuário poderá cadastrar um conjunto de identificadores pessoais de

sistemas de mensagem instantânea, como MSN, Google Talk e Skype, dentre outros. Para

isto, a classe User possui um relacionamento com a classe InstantMessengerId –

representando o identificador propriamente dito –, que, por sua vez, possui um

relacionamento com a classe InstantMessenger (representando o serviço de mensagem

instantânea).

O sistema mantém ainda o registro de todos os arquivos acessados pelo usuário.

Esses acessos são representados através da classe DownloadedFile, que possui uma

associação com o usuário que realizou o download e a data do download.

Para cada usuário, são mantidas todas as atividades que influenciam seu índice de

atividade. Essas atividades são representadas pela classe Activity e também possuem uma

associação com o usuário que a realizou.

O sistema mantém ainda o registro de todas as recomendações direcionadas para

o usuário, representadas pela classe Recommendation e seu relacionamento owner com a

classe User. Essa recomendação pode ter sido realizada automaticamente pelo engenho de

recomendações do sistema, ou manualmente por um usuário (relacionamento recommender

com a classe User). O usuário toma conhecimento dessas recomendações através de sua

caixa de mensagens dentro do a.m.i.g.o.s, representada pelo conjunto de instâncias da

classe SystemMessage direcionadas ao usuário. Não só as recomendações, mas qualquer

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notificação do sistema ou mensagem dos administradores e gerentes do ambiente, é

armazenada em instâncias da classe SystemMessage.

Por fim, os usuários mantêm seus contatos organizados em grupos de contatos,

representados pela classe ContactGroup. Todo usuário possui ao menos um grupo de

contatos, criado no momento em que o usuário efetua seu cadastro no sistema, com a flag

generalGroup assinalada. Todo novo contato adicionado pelo usuário é adicionado nesse

grupo, através do relacionamento contacts para a classe User.

Figura 5.22: Visão detalhada das entidades relacionadas a Fórum

A Figura 5.22 apresenta com mais detalhes as classes que compõem o mecanismo

de fórum do sistema. Através desse diagrama, pode-se observar que foi criada uma

estrutura genérica para o fórum, representada pelas classes Forum, Topic, Message,

class Visão de Conteúdo

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

Serial izable

api::Tag

- code :int

- description :String

- totalCount :int

Comparable

api::MessageItem

~ code :Integer

~ message :Message

~ parent :Message

api::CommunityForum

- community :Community

Serializable

Cloneable

api::Forum

- code :int

- policy :IPolicy

- title :String

- topics :Set<Topic>

Serializable

api::Message

- centroid :Centroid

- code :int

- date :Date

- replies :Set<Message>

- text :String

- topic :Topic

- user :User

api::ProjectForum

- project :Project

Serializable

api::Topic

- averageRate :int = -1

- centroid :Centroid

- code :int

- date :Date

- description :String

- forum :Forum

- messages :Set<Message>

- name :String

- tags :Set<Tag>

- user :User

-replies 0..*

-messages

1..*

-tags 0..*

-message

-topics

0..*

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MessageItem e seus relacionamentos. Nessa estrutura, todo fórum (classe Forum) possui

zero ou mais tópicos de discussão (classe Topic), onde acontecem as discussões

propriamente ditas – através das classes Message e MessageItem, que representam uma

mensagem e suas respostas, respectivamente.

Figura 5.23: Visão detalhada das entidades relacionadas à Narrativa

Para utilizar essa mesma estrutura tanto nas comunidades quanto nos projetos, foi

necessário criar duas especializações de Forum, uma chamada CommunityForum e outra

chamada ProjectForum, responsáveis por manter os relacionamentos entre o fórum e a

comunidade, e o fórum e o projeto, respectivamente.

class Visão de Conteúdo

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EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version EA 9.2 Unregistered Trial Version

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Serializable

api::Tag

- code :int

- description :String

- totalCount :int

Serializable

api::AbstractNarrative

- activityIndex :float

- averageRate :int = -1

- blogPost :boolean = true

- centroid :Centroid

- centroidUserReadNarrative :Centroid

- code :int

- comments :Set<Comment>

- date :Date

- documents :Set<InternalObject>

- firstUserLock :User

- lastAuthor :User

- lastCommentDate :Date

- lastUpdateDate :Date

- narratives :Set<AbstractNarrative>

- numberOfComments :int

- numberOfViews :int

- policy :IPolicy

- readNarratives :Set<ReadNarrative>

- relatedNarratives :Set<AbstractNarrative>

- shared :boolean

- similarNarratives :Set<SimilarNarrative>

- subscribers :Set<User>

- tags :Set<Tag>

- text :String

- title :String

- user :User

- userFavoriteNarratives :Set<User>

- version :int

AbstractComment

api::Comment

- documents :Set<InternalObject>

- narrative :AbstractNarrative

- tags :Set<Tag>

Serializable

api::Narrative

- communities :Set<CommunityNarrative>

api::News api::Report

Serializable

api::SimilarNarrativ e

- narrative :AbstractNarrative

- similarity :float

- similarNarrative :AbstractNarrative

api::Warning

api::ProjectNarrative

- colaborative :boolean

- editors :Set<User>

- locked :boolean = false

- project :Project

- qualifier :int = 0

- rolesEditors :Set<Role>

api::

ProjectNarrativ eNews

api::

ProjectNarrativ eReports

api::

ProjectNarrativ eWarning

- projects :Set<Project>

-similarNarrative

-similarNarratives

0..*

-comments

0..*

-tags 0..*

Page 126: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

110

A Figura 5.23 apresenta o detalhamento das entidades e relacionamentos que

compõem a estrutura de suporte às funcionalidades de relatos, notícias e avisos, bem como,

aos seus relacionamentos com comunidades e projetos.

Foi criada uma classe genérica chamada AbstractNarrative, que dá suporte a

todas as outras entidades relacionadas à funcionalidade. Essa classe possui todos os

atributos compartilhados entre todas as demais entidades.

De forma análoga ao fórum, foi necessário criar uma especialização de

AbstractNarrative para dar suporte ao relacionamento com comunidades (classe

Narrative) e outra para dar suporte ao relacionamento com projetos (classe

ProjectNarrative). A partir destas especializações foram criadas as seis classes básicas

que representam um relato (classe Report), uma notícia (classe News) e um aviso (classe

Warning), um relato de projeto (classe ProjectNarrativeReport), uma notícia de projeto

(classe ProjectNarrativeNews) e um aviso de projeto (classe

ProjectNarrativeWarning).

Figura 5.24: Visão detalhada das entidades relacionadas a Objeto

É possível verificar ainda que toda instância de Narrative possui um conjunto de

tags associadas e um conjunto de outras histórias similares (classe SimilarNarrative).

class Visão de Conteúdo

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api::AbstractDocument

- downloadsNumber :int

- streamingFileName :String

- streamingFileStatus :Integer

api::AbstractSite

Serializable

api::DownloadedFile

- code :int

- dateDownload :Date

- object :InternalObject

- user :User

Serializable

api::InternalObject

- averageRate :int = -1

- centroid :Centroid

- code :int

- comments :Set<ObjectComment>

- date :Date

- description :String

- owner :User

- path :String

- policy :IPolicy

- readInternalObjects :Set<ReadInternalObject>

- recommendations :Set<Recommendation>

- subscribers :Set<User>

- tags :Set<Tag>

- text :String

- title :String

- userFavoriteDocuments :Set<User>

AbstractComment

api::ObjectComment

- document :InternalObject

api::Site

- communities :Set<CommunityDocument>

api::UploadedFile

- communities :Set<CommunityDocument>

Serializable

api::Tag

- code :int

- description :String

- totalCount :int

api::ProjectDocument

- project :Project

api::ProjectSite

- project :Project

CommunityRelationship

api::CommunityDocument

- document :InternalObject

-tags

0..*-comments 0..*

-object

-document

-communities

0..*

-communities

0..*

Page 127: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

111

Essas histórias similares são calculadas a partir da similaridade entre os centroides das

diversas histórias do sistema.

Já a Figura 5.24 apresenta o detalhamento das classes que dão suporte às

funcionalidades relacionadas a objetos e seus relacionamentos. A principal classe desse

diagrama é InternalObject. Essa classe possui os atributos básicos de qualquer objeto a

ser armazenado no sistema. A partir dela, foram criadas duas especializações, uma para

representar os objetos do tipo arquivo, denominada AbstractDocument, e outra para

representar os objetos do tipo site, denominada AbstractSite.

Para cada uma dessas especializações, foram criadas mais duas especializações,

uma representando os itens de um projeto e outra representando os itens de uma

comunidade. Essas especializações deram origem às classes UploadedFile, para

representar um documento adicionado ao sistema, ProjectDocument, para representar um

documento adicionado a um projeto, Site, representando um site adicionado ao sistema, e

ProjectSite, representando um site adicionado a um projeto.

Como instâncias de UploadedFile e Site pertencem a um usuário e podem estar

relacionados a zero ou mais comunidades, foi necessário criar a classe CommunityDocument,

representando o relacionamento entre uma instância de InternalObject e uma instância

de Community.

Adicionalmente, é possível verificar que uma instância de InternalObject pode

possuir zero ou mais tags, zero ou mais comentários (classe ObjectComment), e que essa

instância pode ter sido acessada diversas vezes, representadas através da classe

DownloadedFile.

5.4. Mapeamento de um processo de Gestão do Conhecimento

no a.m.i.g.o.s.

Como um dos objetivos do ambiente é prover uma ferramenta para estimular a aquisição,

combinação e compartilhamento do conhecimento por toda a organização, tornou-se

necessária a realização de uma comparação entre os processos de gestão do conhecimento

apresentados na Seção 2.4, em especial o processo proposto por Bose (2004), e as

funcionalidades existentes no ambiente, dando origem ao mapeamento apresentado na

Figura 5.25 (COSTA; SILVA, E. M.; NETO; et al., 2009; COSTA; SILVA, E. M.;

RIBEIRO; et al., 2009a, 2009b).

O processo genérico utilizado para o mapeamento é composto por quatro estágios,

cada um com um conjunto de funcionalidades do ambiente associados às atividades do

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processo. Nas próximas seções, os estágios de “Criação e Captura”, “Refinamento e

Armazenamento”, “Gerenciamento” e “Disseminação” serão apresentados em mais

detalhes.

Figura 5.25: Gestão do Conhecimento no a.m.i.g.o.s.

5.4.1. Criação e Captura

Bose afirmou que o conhecimento surge a partir das experiências e habilidades dos

funcionários, e por isso deve ser armazenado em formato bruto para, só então, ser útil aos

demais membros da organização (BOSE, 2004). Para isso, este trabalho utilizou uma forma

menos estruturada para capturar o conhecimento, baseada na captura do conhecimento

interno informal apresentado por Davenport e Prusak (1998).

No a.m.i.g.o.s, não existem mecanismos destinados especificamente à criação do

conhecimento. Uma vez que este processo acontece na mente das pessoas, o ambiente se

limitou a tornar disponível aos usuários todo o conhecimento e informação, capturados na

forma de histórias – relatos, notícias e avisos na terceira versão do ambiente –, discussões,

objetos – arquivos e sites –, atividades e comentários, dentre outros.

Já o processo de captura do conhecimento acontece quando um usuário conta uma

história, relata uma experiência, publica uma notícia de interesse da organização ou avisa

algo relevante à organização.

•Folksonomia

•Classificação

•Buscas

•Tagcloud

•Recomendações

•Diálogos

•Histórias

•Fórum

Criação e Captura

Refinamento e Armazenamento

Gerenciamento Disseminação

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113

Adicionalmente, sempre que um usuário adiciona arquivos, que podem conter

documentos, áudio, vídeo ou imagem, dentre outras fontes de conhecimento, ou sites que

possam ser do interesse da organização, a captura do conhecimento também está

ocorrendo.

A terceira forma de captura do conhecimento é a criação de um tópico de discussão

em uma comunidade ou em um projeto. O ato de iniciar a discussão já caracteriza o início

da captura do conhecimento, pois demonstra o interesse de membros da organização no

assunto a ser discutido. Além disso, a própria apresentação do assunto a ser discutido, com

a motivação e os interesses na discussão, também caracterizam uma forma de

conhecimento.

5.4.2. Refinamento e Armazenamento

Segundo Bose (2004), o refinamento do conhecimento se caracteriza pelo refinamento do

conhecimento recém-capturado com o conhecimento explícito capturado anteriormente,

de forma a acrescentar contexto e permitir a sua aplicação.

O refinamento e armazenamento do conhecimento são realizados através de uma

grande diversidade de atividades executadas dentro do ambiente a.m.i.g.o.s. Ainda durante

a atividade de captura do conhecimento, é possível adicionar o contexto relatado por Bose.

Ao relacionar o conhecimento com um determinado projeto ou um conjunto de

comunidades, o usuário está relacionando informação contextual a o conhecimento sendo

capturado.

Como, a partir da terceira versão do ambiente, todos os conteúdos expressos em

forma textual podem conter referências para outros conteúdos, é possível afirmar que

qualquer conhecimento pode ser refinado, ou até mesmo complementado, por outros já

armazenados no ambiente. Para o caso específico de relatos em projetos, o usuário pode

definir que o conhecimento foi identificado como uma boa prática ou uma lição aprendida

vivenciada no projeto.

Outro importante mecanismo de refinamento do conhecimento está presente na

possibilidade de criar diálogos sobre qualquer conhecimento depositado no ambiente.

Usuários são encorajados a desenvolver os conhecimentos, através de comentários ou

mensagens, que apresentam sua visão, opinião ou alguma informação que julgue relevante.

Nesse momento, o usuário também pode enriquecer a classificação da história

quanto ao seu assunto, pois, em seus comentários, os usuários podem adicionar novas tags,

que passarão a apontar indiretamente para a história.

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Esses mecanismos de diálogo permitem que um usuário relate uma boa prática,

realizada durante uma iteração de um projeto, e esse mesmo usuário, ou outro membro do

projeto, pode adicionar novas informações a esta boa prática em uma iteração futura,

informando o que precisou ser alterado a fim de mantê-la válida.

Como todo novo conhecimento, ou diálogo sobre conhecimento já existente, é

imediatamente armazenado e disponibilizado para os demais membros do ambiente,

qualquer atividade que caracterize o refinamento do conhecimento representa também uma

atividade de armazenamento do conhecimento.

5.4.3. Gerenciamento

Em sua proposta de processo, Bose (2004) define que a atividade de gerenciamento tem

como objetivo manter o conhecimento atualizado, sugerindo sua revisão sistemática para

verificação de que o conhecimento ainda é válido.

Como a iniciativa não utilizou um grupo de pessoas destacadas para realizar as

atividades de gerenciamento do conhecimento, optou-se por não fornecer funcionalidades

específicas para revisão sistemática dos itens de conhecimento depositados no ambiente.

Esta decisão tomou por base o fato de uma rede social ser vista como um ambiente

informal, e, dessa forma, a própria rede deveria identificar e destacar os conhecimentos

válidos dos não válidos. Diversos mecanismos foram desenvolvidos para amenizar a falta

de uma atividade formal de revisão sistemática do conhecimento.

O primeiro desses mecanismos se baseia no processo de avaliação da relevância do

item de conhecimento pelos seus leitores. Sempre que um usuário lê um item de

conhecimento (histórias, tópicos, documentos e objetos, dentre outros), pode atribuir uma

nota ao item, indicando o nível de relevância deste item, tendo como parâmetro as

necessidades da organização na visão do usuário em questão. Dessa forma, através dos

mecanismos de ordenação existentes em todas as visualizações de itens de conhecimento,

outros usuários podem ser direcionados para os elementos de maior relevância na rede.

Os próprios filtros e mecanismos de ordenação existentes para os itens de

conhecimento funcionam como direcionadores para o conhecimento válido. Através deles,

os usuários podem acessar os últimos itens de conhecimento depositados no contexto de

uma comunidade, ou os itens de conhecimento de maior relevância para um projeto

específico, ou ainda, apenas os itens de conhecimento depositados por contatos do usuário,

dentre outras possibilidades.

Um terceiro mecanismo é a classificação de um relato de um projeto como uma

lição aprendida ou boa prática, o que permite, por exemplo, que as lições aprendidas ou

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boas práticas mais relevantes para a organização possam ser facilmente acessadas por

qualquer usuário.

Outro mecanismo significante para o gerenciamento do conhecimento é a

folksonomia (MEIRA; SILVA, E. M. et al., 2011), que permite a classificação de qualquer

item de conhecimento com um conjunto de palavras-chave. Essas palavras-chave são

utilizadas pelos usuários ao procurar por conhecimento sobre um assunto específico

(representado por uma ou mais tags).

Esse conjunto de mecanismos permite, por exemplo, que um usuário possa

procurar as lições aprendidas mais relevantes sobre um determinado tema, representado

por uma ou mais tags da folksonomia, descartando ainda as lições aprendidas que forem

muito antigas.

5.4.4. Disseminação

De acordo com Bose (2004), para realizar uma gestão do conhecimento é necessário que

cada item de conhecimento esteja acessível para todos os membros da organização, a

qualquer momento, e de forma organizada.

No a.m.i.g.o.s. o processo de disseminação é focado nas buscas por conhecimento

(histórias, fórum, tópicos, mensagens, comunidades, atividades e projetos) de acordo com

o conjunto de permissões definido para cada usuário. Nesse sentido, o a.m.i.g.o.s permite

que qualquer conteúdo textual disponibilizado no ambiente seja acessível através da busca,

incluindo aqueles armazenados na forma de arquivo. Ao utilizar a busca, os usuários

podem optar por procurar apenas em histórias, em objetos, no conteúdo de um projeto, no

conteúdo de uma comunidade, no conteúdo de um usuário, nas histórias de um projeto,

nos arquivos de um usuário, entre outras opções.

Porém, o que torna este um ambiente diferenciado é o mecanismo de

recomendação executado em segundo plano, de acordo com o perfil do usuário, descrito

na Seção 5.2.8. Como já citado, os seguintes mecanismos de recomendação se encontram

disponíveis: (1) recomendações de conteúdos similares ao que o usuário costuma escrever

em comunidades, projetos, histórias e objetos, (2) recomendações de histórias baseadas no

conjunto de palavras que define os assuntos que o usuário gosta de ler, e (3)

recomendações de usuários relevantes (especialistas em um dos conjuntos de palavras).

Estes mecanismos tentam atender aos objetivos definidos por Bose, que é estimular

o crescimento da base de conhecimento organizacional através da criação de novo

conhecimento tácito, que surgirá com a exposição dos funcionários a novos conhecimentos

explícitos, aumentando assim a qualificação desses funcionários.

Page 132: Pós-Graduação em Ciência da Computação · Tese de Doutorado apresentada por Ricardo Araújo Costa à Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da

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5.5. Sumário

Esse capítulo apresentou em detalhes as principais características do a.m.i.g.o.s, o ambiente

de redes sociais na Web desenvolvido para apoiar a iniciativa de gestão do conhecimento

deste trabalho. Foram apresentados tanto os requisitos iniciais do ambiente, quanto as

funcionalidades disponíveis em sua versão final, permitindo que o leitor identifique como

esses requisitos iniciais evoluíram durante o desenvolvimento do trabalho.

Para facilitar que outros leitores criem soluções similares ao a.m.i.g.o.s, foram

apresentadas as principais características da arquitetura de software utilizada no

desenvolvimento do ambiente. Esses detalhes abordam as principais decisões arquiteturais

e de projeto que permitiram que a solução suprisse as necessidades de negócio existentes

no ambiente.

Por fim, foi apresentado o mapeamento de um processo genérico de gestão do

conhecimento para as funcionalidades existentes no ambiente. Esse mapeamento teve

como objetivo facilitar o entendimento de como o uso de um ambiente como o a.m.i.g.o.s

pode ser caracterizado como um processo de gestão do conhecimento.

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Capítulo 6 – Ciclos da Pesquisa-ação

Neste capítulo será apresentado todo o progresso da pesquisa, partindo de uma

apresentação da situação de gestão de conhecimento no C.E.S.A.R antes do início deste

trabalho e relatando todos os ciclos de pesquisa-ação realizados.

6.1. Gestão do Conhecimento no C.E.S.A.R

Por ser um instituto de inovação inserido na indústria de software, o C.E.S.A.R optou por

adotar uma estratégia de gestão do conhecimento orientada a sistemas. Por não possuir

experiência prévia com iniciativas de gestão do conhecimento, a instituição decidiu que

uma estratégia da escola de sistemas poderia trazer grandes benefícios, porém, trazendo um

baixo custo e com menos riscos para uma empresa de TI, o que está alinhado com os

trabalhos realizados por Choi e Lee (2003) e por Bjørnson e Dingsøyr (2008).

Esta primeira iniciativa organizacional surgiu a partir da necessidade de alguns

projetos específicos, e por volta de junho de 2005 ela foi lançada para toda a organização.

A iniciativa consistiu em um ambiente baseado em wiki, onde colaboradores poderiam

publicar artigos, documentos, vídeos ou qualquer outro recurso de interesse da

organização. Neste mesmo ambiente os colaboradores deveriam criar fóruns de discussões

para o compartilhamento do conhecimento organizacional (Figura 6.1).

Figura 6.1: Página inicial do C.E.S.A.R Wiki

É importante ressaltar que, apesar de ter surgido a partir da necessidade de alguns

projetos, a iniciativa não contemplava áreas específicas para os projetos, apenas para áreas

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de conhecimento específicas, como engenharia, garantia de qualidade, gerência de projetos

e suporte.

Inicialmente esses fóruns foram criados e mantidos por colaboradores com um alto

grau de influência organizacional, membros de um grupo chamado de consultores. Para o

C.E.S.A.R, o consultor é um profissional com conhecimento e experiência diferenciados

em uma área técnica de interesse, prestando apoio às diversas iniciativas da organização.

Este grupo era composto por cerca de 20 membros da organização, indicados pelos

gerentes de projetos e escolhidos pelo gerente da área de operações. Eram pessoas

reconhecidas na organização pelo conhecimento e pela capacidade de influenciar os demais

membros da organização. Esse grupo se reunia semanalmente para troca de experiências e

debate de assuntos de interesse da organização. Pela sua forma de atuação na organização,

o grupo de consultores no C.E.S.A.R se assemelha à definição de trabalhadores do

conhecimento apresentada por Davenport e Prusak (1998).

Esse grupo de consultores possuía os usuários mais ativos no ambiente, uma vez

que cada um dos consultores possuía metas definidas em função do uso dos fóruns sob sua

responsabilidade. Com essa iniciativa, era esperado que os consultores fossem capazes de

movimentar o wiki, atraindo a atenção dos demais colaboradores aos temas em discussão.

Porém, apesar de ter acontecido uma grande divulgação no lançamento do ambiente, os

processos de utilização não foram definidos. Era esperado que as pessoas naturalmente se

interessassem pelo wiki, dedicando parte de seu tempo para consumir o conhecimento e

também depositar sua parcela de conhecimento.

Além dos fóruns de discussão, foi criado um catálogo de publicações do C.E.S.A.R.

Esse catálogo era mantido pela área de comunicação institucional do C.E.S.A.R e era

atualizado com uma frequência menor que uma vez por mês.

Duas oficinas realizadas no C.E.S.A.R, durante o ano de 2006, também fizeram uso

do wiki. Suas áreas eram de acesso exclusivo aos membros da oficina e continham

basicamente o calendário de encontros e o material utilizado durante os encontros.

Havia ainda uma área para proposta de ideias, registros de software e patentes e um

catálogo com os padrões de projeto e padrões arquiteturais utilizados por projetos do

C.E.S.A.R. Esse catálogo de padrões foi muito questionado pelos colaboradores da

instituição, pois se tratava de um catálogo com resumos de padrões que já se encontravam,

em sua grande maioria, disponíveis em livros ou artigos. Após o seu lançamento, o catálogo

de padrões de projeto e padrões arquiteturais sofreu apenas uma adição de um novo

padrão.

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119

Após um ano de uso, o grupo de consultores verificou que a abordagem baseada

em wiki não estava funcionando como esperado. Nem os funcionários da empresa, nem os

consultores se sentiam compelidos a postar informações ou experiências neste ambiente.

Em uma sessão de brainstorm, chegou-se à conclusão de que o wiki não estava atendendo às

necessidades organizacionais de gestão do conhecimento do C.E.S.A.R.

Alguns dos principais problemas identificados na solução baseada em wiki eram: (1)

a ausência de mecanismos para suporte à criação de diálogos e melhoria da qualidade do

conhecimento adicionado; (2) o compartilhamento do conhecimento não acontecia de

forma livre e intuitiva, pois os consultores eram “obrigados” a publicar informações,

mesmo que não houvesse uma demanda por parte dos demais colaboradores; (3) muitos

consideravam o ambiente bastante impessoal, onde as pessoas se resumiam a um “nome”;

(4) a linguagem específica do wiki afastava usuários menos técnicos e provocava uma curva

de aprendizado para registro de informações; (5) não era possível substituir os documentos

correntes por páginas wiki.

Em paralelo a essa primeira iniciativa de gestão do conhecimento baseada em wiki,

listas de discussão por e-mails já vinham sendo utilizadas para minimizar as deficiências de

comunicação da organização. Porém, apesar de elevar o nível de comunicação da

organização, essa abordagem não permitia o armazenamento e compartilhamento do

conhecimento gerado por seus membros. Todo o conhecimento trocado nessas listas

encontrava-se restrito às caixas de e-mail dos que participaram da troca, mas não estavam

disponíveis para os demais membros da organização, principalmente para aqueles que

ingressariam em momento posterior ao da discussão.

O C.E.S.A.R possuía quatro listas de e-mail oficiais para a disseminação das

informações organizacionais: uma lista era destinada a mensagens institucionais, da qual

todos os membros da organização faziam parte, mas apenas alguns poderiam postar

informações; uma segunda lista era composta por todos os gerentes de projeto e destinava-

se à troca de informações entre eles; uma terceira lista incluía todos os membros da área de

engenharia de soluções, e destinava-se à troca de qualquer informação relevante entre seus

membros; e uma última lista, também composta por todos os membros da organização,

porém com propósito geral, onde todos poderiam postar informações dos mais diversos

tipos. Além dessas, cada projeto poderia possuir sua própria lista de e-mail.

A diversidade de listas de e-mail e as restrições aplicadas a cada lista deixa clara a

inexistência de um canal, ou conjunto de canais, único para a troca de conhecimento

organizacional, uma vez que o conhecimento sobre um mesmo assunto poderia ser

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120

discutido em duas ou mais listas simultaneamente, sem que as discussões convergissem em

nenhum momento.

6.2. Primeiro Ciclo

O a.m.i.g.o.s foi implantado no C.E.S.A.R em outubro de 2006. Essa primeira implantação

tinha como objetivo principal verificar se uma abordagem para gestão do conhecimento

utilizando como ferramenta um ambiente de redes sociais traria resultados equivalentes ou

superiores, em termos de quantidade de itens de conhecimento disponibilizados, aos da

abordagem corrente, que utilizava um ambiente wiki e listas de discussão por e-mail.

Diante desse objetivo, foi decidido que a única ação a ser executada neste ciclo seria

a implantação do ambiente a.m.i.g.o.s, que já se encontrava desenvolvido. Para divulgar o

ambiente, foi criada uma barra de ferramentas compatível com os principais navegadores

Web utilizados. Essa barra de ferramentas continha, entre outras funcionalidades, um

botão para acessar rapidamente a página do ambiente e a opção de adicionar a URL

corrente como um site dentro do a.m.i.g.o.s.

Os objetivos deste ciclo se apoiavam no trabalho de Groth (2002). Segundo Groth,

o uso de redes sociais para a gestão do conhecimento deve acontecer sem maiores

formalismos, permitindo que a rede social cresça de forma natural e as pessoas descubram

as melhores formas de utilizar o ambiente e resolver seus problemas. Esta mesma visão é

apresentada por Bjørnson e Dingsøyr (2008), ao discutir o uso de abordagens da escola

organizacional para a gestão do conhecimento em empresas de software.

Corroborando com Groth, Bjørnson e Dingsøyr, Altukhova (2010) sugere que uma

implantação de iniciativa de gestão do conhecimento através de redes sociais deve procurar

dar suporte ao processo que surgirá natural e voluntariamente das pessoas, ao invés de

propor novos processos. Sugestão essa também presente no discurso de Davenport e

Prusak (1998), ao afirmar que na falta de processos formais de conhecimento, as redes

funcionam como condutores fundamentais do conhecimento.

A divulgação do a.m.i.g.o.s dentro da instituição teve início com uma apresentação

rápida feita pelo cientista chefe da organização durante uma reunião dos consultores ainda

no mês de outubro de 2006, logo após a implantação do ambiente.

Em fevereiro de 2007 foi postado, dentro do a.m.i.g.o.s, um texto convidando as

pessoas a participarem e utilizarem esta ferramenta. Essa iniciativa partiu de um

colaborador da organização que acreditava na possibilidade de um melhor uso do ambiente

pela organização.

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121

Devido à simplicidade do objetivo, para este 1º ciclo foram definidas apenas

algumas métricas relativas às principais atividades de criação e captura do conhecimento,

monitoradas até junho de 2008. As métricas em questão são apresentadas a seguir:

• Número de novos conhecimentos publicados: na abordagem wiki essa métrica

correspondia basicamente ao número de páginas criadas e arquivos adicionados

na base de conhecimento. Já na abordagem baseada no a.m.i.g.o.s, essa métrica

corresponde ao número de histórias e objetos adicionados ao ambiente. Como

seria necessária uma avaliação mais profunda para verificar quais desses itens

realmente representam novo conhecimento, tomou-se a liberdade de

contabilizar qualquer possibilidade de um novo conhecimento, ou seja, qualquer

novo item adicionado;

• Número de discussões: para a primeira iniciativa, esta métrica corresponde ao

número de mensagens enviadas para as listas de discussão por e-mail (tanto a

geral, quanto a exclusiva para os membros da engenharia). Para a abordagem

baseada no a.m.i.g.o.s, essa métrica corresponde ao número de tópicos e

mensagens publicadas nas comunidades públicas. A lista de gerentes de projeto

não foi monitorada, pois os pesquisadores não tiveram acesso aos seus dados, e

a lista oficial com todos os colaboradores não foi considerada, pois nela não

ocorriam discussões, uma vez que os demais colaboradores não poderiam

responder as mensagens recebidas;

• Número de recomendações de conhecimento: corresponde ao número de

recomendações de itens publicados no a.m.i.g.o.s. Essa métrica não possui um

equivalente na primeira iniciativa de gestão do conhecimento, porém foi

monitorada para verificação de seu potencial como mecanismo de disseminação

do conhecimento.

Era esperado que, ao término do 1º ciclo, as métricas coletadas no ambiente

a.m.i.g.o.s fossem ao menos equivalentes às métricas coletadas nas ferramentas já

existentes. Caso essa equivalência fosse identificada, a pesquisa-ação deveria prosseguir.

Em um primeiro momento, os resultados de uso do a.m.i.g.o.s, apresentados na

Figura 6.2, se mostraram equivalentes aos do uso das ferramentas que já vinham sendo

utilizadas, apresentados na Figura 6.3 e na Figura 6.4, porém, o fato de seu uso ter sido

equivalente – até mesmo um pouco superior – serviu como justificativa para a continuação

da iniciativa. Em seu primeiro ano, o ambiente obteve a adesão de 300 usuários, o que

representava cerca de 50% dos colaboradores da organização.

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122

Após a implantação do ambiente os usuários começaram a fornecer seu feedback

sobre o ambiente e suas dificuldades. As principais queixas dos usuários se referiam à

primeira página do ambiente, à organização dos menus e à estruturação da página inicial

das comunidades.

Apesar de não ter sido previamente planejado, diante desse feedback, foi decidido

que, ainda durante o 1º ciclo, seria realizado um trabalho de redefinição de alguns termos e

conceitos relacionados exclusivamente à interface gráfica do ambiente, em especial

relacionados aos aspectos identificados pelos usuários. Essa renovação da interface foi

conduzida por um conjunto de designers entusiastas no uso da ferramenta, e se baseou nas

experiências desses designers no uso de ambientes de redes sociais Web abertos, como o

Orkut, que na época era a rede social mais utilizada no país.

Outra queixa recorrente dos usuários ainda durante o 1º ciclo era a necessidade de

realizar um cadastro dentro do ambiente para só então começar a usá-lo. Essa queixa era

fundamentada no fato de todos os colaboradores do C.E.S.A.R já possuírem um cadastro

com todas as informações obrigatórias do cadastro do a.m.i.g.o.s. Optou-se então por, em

conjunto com as mudanças estéticas, desenvolver uma integração entre o cadastro dos

usuários no a.m.i.g.o.s e o cadastro de colaboradores do C.E.S.A.R.

Em novembro de 2007, pouco mais de um ano após o primeiro release do ambiente,

uma segunda versão do sistema foi liberada para uso no C.E.S.A.R. Com essa nova versão,

foi enviado o primeiro e-mail institucional do C.E.S.A.R apresentando o a.m.i.g.o.s como

“uma das ferramentas oficiais de comunicação interna do C.E.S.A.R”.

Em dezembro de 2007, foi realizada a primeira apresentação oficial do ambiente.

Esta apresentação foi aberta a todos os colaboradores, porém foi limitada a quantidade de

vagas existentes no auditório da instituição, que era cerca de 30 a 40 lugares, a depender da

quantidade de pessoas em pé.

Oito meses após este segundo release, o sistema havia alcançado um total de 667

usuários, o que representava algo em torno de 95% dos colaboradores da organização na

época. Esse dado por si só já demonstra um aumento do interesse dos colaboradores no

ambiente, pois, apesar da instituição recomendar o uso do ambiente, o cadastro no

ambiente nunca foi obrigatório.

Em especial, a direção do C.E.S.A.R convocou todos os colaboradores do instituto

a participarem do planejamento estratégico para o ano seguinte. Esse planejamento

aconteceria com a participação de todos os interessados nas discussões que seriam

conduzidas em uma comunidade chamada “Planejamento C.E.S.A.R 2008”.

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123

Tabela 6.1: Utilização do a.m.i.g.o.s

2006 2007 2008 Total

Recomendações 45 740 204 989

Recomendações geradas pelo sistema 6 253 19 278

Objetos Adicionados 98 200 277 575

Contribuições em Histórias 159 537 1311 2007

Comunidades - - - 236

Mensagens em Fórum 252 1219 3622 5093

Tags - 354 3137 3491

A Tabela 6.1 apresenta um resumo da utilização do a.m.i.g.o.s no C.E.S.A.R.

durante o primeiro ciclo. A primeira coluna representa o total em 2006, a segunda

representa o total em 2007 e a terceira coluna representa o total até junho de 2008,

inclusive. Os dados referentes à criação de comunidades não estão disponíveis anualmente,

mas apenas o total de comunidades criadas durante o ciclo. Como as funcionalidades

relacionadas à folksonomia foram disponibilizadas apenas em novembro de 2007, não há

dados relativos à criação de tags no ano de 2006.

Figura 6.2: Utilização mensal do a.m.i.g.o.s

A Figura 6.2 apresenta os dados mensais referentes à utilização do a.m.i.g.o.s

durante o 1º ciclo. Ao analisar os dados, pode-se identificar que o uso do ambiente focou

em histórias e discussões em fóruns, com alguma atividade relevante em recomendações e

objetos adicionados. Essa ênfase nas histórias e nas discussões era esperada, uma vez que

estes eram os principais mecanismos de criação e compartilhamento do conhecimento

organizacional presentes no ambiente.

0

100

200

300

400

500

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800

Recomendações

Documentos + Sites +Comentários

Histórias + Comentários

Tópicos + Mensagens

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124

Os números acerca dos objetos adicionados se mostraram superiores aos obtidos

no uso do wiki (Figura 6.3), porém desejava-se que seu uso atingisse patamares similares

aos alcançados pela criação de histórias, uma vez que esses objetos são considerados

grandes fontes de conhecimento, principalmente para uma organização com tantos

projetos de desenvolvimento de software em andamento. Uma das hipóteses levantadas

para esse baixo desempenho foi a ausência de mecanismos de controle de versão dos

objetos, fundamental para o uso do ambiente como um gestor destes objetos.

Figura 6.3: Utilização mensal do Wiki

A Figura 6.3 apresenta um resumo dos dados de utilização do wiki no C.E.S.A.R no

mesmo período em que o a.m.i.g.o.s esteve em uso. É necessário ressaltar que o a.m.i.g.o.s

não foi adotado como uma substituição ao wiki, mas apenas como um complemento a ele.

Como pode ser observado, o uso do wiki pelos membros da organização caiu

consideravelmente após a adoção do a.m.i.g.o.s. Em especial, após o segundo release, os

dados relativos ao uso do wiki tornaram-se quase irrelevantes.

Ao comparar o uso das listas de e-mail com o uso do a.m.i.g.o.s, mais

especificamente ao uso de comunidades virtuais e seus fóruns de discussão como

substituições às listas de e-mail, pode-se identificar uma migração de algumas listas para

essas comunidades.

A Figura 6.4 apresenta os dados referentes a duas das quatro listas oficiais da

organização. A lista da engenharia foi lentamente substituída por uma comunidade virtual

denominada “Engenharia”, e a lista de propósito geral foi substituída por uma comunidade

virtual de mesmo nome. Ambas as substituições faziam parte dos objetivos da iniciativa.

Ao confrontarmos os dados apresentados na Figura 6.3 e na Figura 6.4 com os

dados referentes ao uso mensal do a.m.i.g.o.s, apresentados na Figura 6.2, é possível

identificar o novo direcionamento assumido pelos colaboradores, e, consequentemente,

0

10

20

30

40

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70

80

Páginas Wiki

Arquivos Wiki

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125

pela organização, acerca da criação e compartilhamento do conhecimento. De acordo com

os dados, enquanto o uso do a.m.i.g.o.s cresceu rapidamente, o uso do wiki e das listas de e-

mail decresceu até o ponto em que se tornaram irrelevantes. É importante frisar que,

mesmo sem uso, o ambiente wiki continuou disponível para os colaboradores, que

poderiam utilizá-lo para consulta aos conhecimentos existentes e para depósito de novos

conhecimentos, comportamento este que não foi observado.

Figura 6.4: Utilização mensal das listas de e-mail

Para corroborar com os dados que sugerem a migração de listas de e-mail para

comunidades, foi identificado que um total de 30 projetos do C.E.S.A.R haviam criado, por

livre escolha de seus gerentes, comunidades virtuais para auxiliar sua execução. Em alguns

destes projetos a lista de e-mail foi completamente substituída pelo fórum da comunidade,

em outros a lista continuou a existir apenas para notificações mais urgentes ou devido à

necessidade de incluir pessoas externas à organização. Esses dados revelam um impacto na

cultura organizacional não previsto, uma vez que a plataforma não havia sido concebida

para dar suporte a projetos na forma de comunidades centradas em conhecimento.

Diante dos dados apresentados, foi possível verificar uma mudança de

direcionamento com relação à criação e ao compartilhamento do conhecimento pela

organização. Praticamente toda a atividade de criação, captura e disseminação do

conhecimento organizacional havia deixado o wiki e as listas de discussão públicas e

passado a acontecer dentro do a.m.i.g.o.s.

Essa análise indica que, ao menos nesse cenário em particular, a abordagem baseada

em uma rede social na Web se mostrou mais atrativa que a abordagem baseada em wiki.

Essa indicação é ainda mais relevante quando nota-se que a migração da wiki para o

a.m.i.g.o.s ocorreu de forma espontânea.

0

50

100

150

200

250

300

Lista Geral

Lista dos Engenheiros

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126

6.3. Segundo Ciclo

O segundo ciclo da pesquisa-ação teve início em julho de 2008 e terminou em fevereiro de

2010. Esse ciclo possuiu, como principal objetivo, caracterizar a iniciativa como gestão do

conhecimento, sendo necessário, para isso, definir um conjunto mais abrangente de

métricas, associadas às etapas de um processo de gestão do conhecimento mapeado nas

atividades realizadas no ambiente, obtendo um melhor entendimento do comportamento

dos usuários do ambiente numa perspectiva de gestão do conhecimento.

Foi definido que, para iniciar o 2º ciclo, seriam realizadas novas modificações na

interface, mais precisamente no padrão de cores utilizadas, e a adição, na primeira página

do ambiente, das últimas histórias do sistema, das últimas comunidades com atividade e das

últimas histórias que tiveram participação do usuário corrente. Além dessas modificações,

foram realizadas novas ações de divulgação do ambiente.

Essas ações foram mais localizadas, focando em grupos de usuários específicos. Em

novembro de 2008 houve uma apresentação para os gerentes de projetos e gerentes de

áreas do C.E.S.A.R, sobre como o a.m.i.g.o.s poderia ser utilizado para apoiar as atividades

diárias das equipes e quais os benefícios de seu uso para a gestão do conhecimento do

C.E.S.A.R. Ainda em novembro, essa mesma apresentação foi realizada para o grupo de

consultores do C.E.S.A.R. Em janeiro de 2009, essa mesma apresentação foi realizada para

todos os membros da área de garantia de qualidade. Nos meses de abril e maio de 2009

foram postadas mensagens de divulgação dos benefícios do uso do a.m.i.g.o.s para a gestão

do conhecimento organizacional do C.E.S.A.R. Estas mensagens foram postadas no

próprio ambiente pelos membros da equipe responsável pelo a.m.i.g.o.s.

Adicionalmente, foi realizado o mapeamento das funcionalidades do a.m.i.g.o.s a

um processo genérico de gestão do conhecimento. Esse mapeamento encontra-se

detalhado na Seção 5.4 e teve como objetivo identificar como o processo natural de uso do

a.m.i.g.o.s poderia ser visualizado como um processo de gestão do conhecimento. Em

nenhum momento esse processo foi apresentado aos usuários do ambiente ou seu uso foi

sugerido, servindo apenas como uma ferramenta para auxiliar o entendimento de como o

ambiente estava sendo utilizado, em termos de gestão do conhecimento. Essa abordagem

segue as orientações da escola organizacional, apresentadas em (BJØRNSON;

DINGSØYR, 2008; EARL, 2001; GROTH, 2002).

A partir do mapeamento, seria possível definir um conjunto mais abrangente de

métricas, direcionado às etapas que compõem o processo de gerenciamento do

conhecimento. Para isso, tomou-se como base o conjunto de métricas propostas por

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Liebowitz (LIEBOWITZ; SUEN, 2000) para definição das seguintes métricas de gestão do

conhecimento:

• Número de novos itens de conhecimento publicados: o número de histórias

relatadas e o número de objetos adicionados (site ou documento adicionado).

Assim como na coleta de métricas do primeiro ciclo, como seria necessária uma

avaliação mais profunda para verificar quais destes itens realmente representam

novo conhecimento, tomou-se a liberdade de considerar qualquer possibilidade

de um novo conhecimento, ou seja, qualquer novo item adicionado. O objetivo

dessa métrica é acompanhar a variação na quantidade de novos conteúdos

adicionados, de forma que mudanças de comportamento possam ser

identificadas e seus motivos investigados;

• Número de mensagens em discussões: o número de tópicos iniciados ou

mensagens postadas em tópicos dentro de comunidades. O objetivo dessa

métrica é acompanhar a variação no volume de interações entre membros

dentro das comunidades virtuais, de forma que mudanças de comportamento

possam ser identificadas e seus motivos investigados;

• Número de itens de conhecimento recomendados: basicamente o número de

recomendações dentro do a.m.i.g.o.s, independente de terem sido realizadas

pelos próprios usuários para seus contatos, ou automaticamente pelo sistema. O

objetivo dessa métrica é aferir a eficiência dos mecanismos de recomendação,

tanto realizados de forma automática, quanto de forma manual. Como este não

é considerado o principal mecanismo de disseminação do conhecimento,

números baixos nesse indicador não implicam necessariamente em deficiência

na disseminação do conhecimento;

• Número de contatos adicionados: baseado no indicador “número de novos

relacionamentos colega para colega”, proposto por Liebowitz. O objetivo dessa

métrica é verificar se o ambiente está promovendo uma maior socialização na

organização. Caso esse indicador apresente valores modestos, ou seja, próximos

a zero (0), a rede social pode não estar evoluindo, sem a criação de novos

caminhos pelos quais o conhecimento possa ser transmitido, sugerindo uma

falha na iniciativa com relação a seus aspectos sociais;

• Número de vezes que um tópico ou uma história foi lido: baseado no indicador

“taxa de reuso do conteúdo frequentemente acessado/reusado”. Para ser

calculado, foi definido que uma história ou tópico é considerado como lido caso

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128

o item fique aberto no navegador por um mínimo de cinco segundos. O

objetivo dessa métrica é acompanhar a frequencia em que os novos itens

adicionados ao ambiente são lidos pelos demais usuários. Apesar de não indicar

precisamente se o conteúdo está sendo reusado, essa métrica permite identificar

se existe a possibilidade do conhecimento ser reusado, uma vez que o conteúdo

só poderá ser reusado se for lido ao menos uma vez;

• Número de histórias ou tópicos qualificados positivamente: baseado no

indicador “captura do conhecimento chave online”. Para seu cálculo, foram

considerados histórias ou tópicos com media de relevância maior ou igual a três

estrelas. Essa métrica tem como objetivo acompanhar a evolução da qualidade

dos conteúdos adicionados ao ambiente, podendo ser analisada tanto em

termos absolutos, ou seja, a quantidade de itens bem qualificados, quanto em

termos relativos, ou seja, o percentual de itens bem qualificados em comparação

com todos os itens existentes;

• Número de classificações dos itens de conhecimento: esse indicador tenta

mensurar quão frequentemente o conhecimento postado é classificado com tags.

Para esse cálculo, é efetuada uma contagem de todas as tags aplicadas a cada um

dos itens (histórias, tópicos, objetos e comentários) dentro do ambiente. Essa

métrica tem como objetivo verificar com que frequencia os usuários adicionam

contexto ao conhecimento existente através da adição de tags representando os

assuntos relacionados o item em questão;

• Número de qualificações: esse indicador tenta mensurar quão frequentemente

os itens de conhecimento (histórias, objetos e tópicos) são qualificados pelos

usuários, independente da nota atribuída. Essa métrica tem por objetivo

acompanhar o interesse dos usuários em qualificar o conteúdo disponibilizado

de acordo com sua relevância. Baixos valores nesse indicador sugerem um

desinteresse com relação ao reuso e a manutenção da qualidade do

conhecimento disponível, implicando em deficiências nas atividades referentes

ao refinamento do conhecimento;

• Número de procuras por itens de conhecimento através de uma tag: esse

indicador tenta mensurar quão frequentemente os usuários procuram por itens

de conhecimento relacionados a um assunto específico, usualmente

representado por uma tag. O objetivo dessa métrica é verificar se os usuários

utilizam tags para chegar ao conhecimento que lhes interessa. Valores modestos

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129

nesse indicador sugerem que as atividades propostas para substituição do

gerenciamento do conhecimento não estão sendo utilizadas como esperado.

Adicionalmente, valores modestos também sugerem deficiência nas atividades

relacionadas à disseminação do conhecimento;

• Visualizações de tagcloud: esse indicador tenta mensurar quão frequentemente os

usuários iniciam a procura por conhecimento através da lista de assuntos

disponíveis no ambiente, representados pelas tags presentes na tagcloud. Essa

métrica deve ser utilizada como complemento da métrica anterior, já que a

forma mais comum de se procurar por conhecimentos sobre um determinado

assunto seria através da tagcloud do ambiente;

• Número de usuários únicos: esse indicador tenta mensurar qual o real impacto

do ambiente na organização. Para este cálculo é contabilizada a quantidade de

usuários diferentes que acessaram ao menos uma vez no ambiente. O objetivo

dessa métrica é avaliar a abrangência da iniciativa. Variações no comportamento

desse indicador sugerem um possível desinteresse dos colaboradores com

relação às atividades de gestão do conhecimento, ou ainda um possível

desinsteresse com relação ao a.m.i.g.o.s, exigindo então uma investigação mais

profunda sobre suas causas.

Foi definido ainda que, ao término do 2º ciclo, seriam realizadas entrevistas com

colaboradores da organização. Essas entrevistas teriam como objetivo entender o

andamento da iniciativa de gestão do conhecimento na organização e confrontar as

opiniões dos colaboradores com as métricas coletadas.

Durante o planejamento para esse segundo ciclo, foi cogitado a possibilidade de

adicionar atividades específicas de gestão do conhecimento no processo de

desenvolvimento de software existente na organização. Porém, foi identificado que a maior

parte dos projetos do instituto é de inovação, onde o foco está na criatividade e capacidade

das pessoas, concedendo maior liberdade quanto ao processo a ser utilizado pelo projeto.

Diante desse cenário, chegou-se a conclusão de que a adição dessas atividades ao processo

de desenvolvimento de software do C.E.S.A.R serviria apenas para fins documentais, sem

maiores reflexos no andamento da iniciativa.

Ao analisar as métricas de criação do conhecimento (Figura 6.5) é possível

identificar uma grande variação na atividade associada a este processo. Ao analisar as curvas

associadas ao gráfico, nota-se uma maior atividade de março a outubro, sempre seguidas

por uma queda na atividade a partir do mês de novembro, que costuma durar até fevereiro

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130

do ano seguinte. Os meses de queda de atividade são comumente relacionados a férias

escolares, período de festas de final de ano e carnaval, o que poderia justificar esta

sazonalidade. Porém, como o período da amostra é de apenas dois anos e oito meses, não é

possível afirmar que estas são as causas para a variação nestes meses.

Figura 6.5: Número de novos itens de conhecimento, discussões e recomendações.

Nota-se que, durante o 2º ciclo, ocorreu uma queda acentuada no nível de atividade

em discussões dentro da organização. Queda esta sem justificativa aparente, uma vez que

os números relacionados à criação de histórias também apresentam uma queda, porém

mais suave, e os números referentes à adição de documentos e sites apresentam tendência

de ligeira alta. Após a queda na atividade de discussões, sua atividade voltou a seguir a

tendência definida pela criação de histórias e objetos.

Figura 6.6: Número de contatos adicionados

0

100

200

300

400

500

600

700

Recomendações

Documentos + Sites +Comentários

Histórias + Comentários

Tópicos + Mensagens

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100

150

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300

350

400

450

jul-

yy

ago

-yy

set-

yy

ou

t-yy

no

v-yy

dez

-yy

jan

-yy

fev-

yy

mar

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abr-

yy

mai

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jun

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jul-

yy

ago

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set-

yy

ou

t-yy

no

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dez

-yy

jan

-yy

fev-

yy

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131

Analisando o número de novos contatos adicionados mensalmente, apresentado na

Figura 6.6, é possível verificar uma variação de 385 novos contatos no primeiro mês até

apenas 12 no mês de janeiro de 2010. Apesar da grande diminuição no número de novos

contatos nos últimos dois meses, não se espera que este número volte a crescer, pois, por

ser tratar de um ambiente de rede social organizacional, é esperado que a rede se estabilize

e que o número de novos contatos se restrinja apenas a migrações de membros entre

projetos e entrada de novos funcionários na organização.

Apesar do ambiente ter apresentado uma boa atividade em termos de criação do

conhecimento, os indicadores associados ao acesso aos itens de conhecimento criados se

mostraram com uma tendência de queda elevada. O gráfico apresentado na Figura 6.7

apresenta as mesmas variações sazonais identificadas nos indicadores de criação do

conhecimento, porém a queda após o início do 2º ciclo é constante.

Figura 6.7: Número de itens lidos

Esses dados seriam particularmente preocupantes, porém, ao término do 2º ciclo

havia 415 pessoas recebendo notificações por e-mail sempre que uma nova história fosse

criada, e mais 843 pessoas estavam recebendo notificações sobre novas mensagens

postadas nos fóruns de ao menos uma comunidade. Ambas as notificações continham o

conteúdo do item adicionado no corpo do e-mail enviado. Esses dados indicam que,

durante o progresso do 2º ciclo, os colaboradores do C.E.S.A.R passaram a utilizar cada

vez mais as funcionalidades de notificação por e-mail, fazendo com que, apesar da baixa

quantidade de itens de conhecimento lidos diretamente no ambiente, esta queda não

represente uma queda tão expressiva na quantidade de pessoas expostas ao conhecimento

em questão.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

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É importante ressaltar que o número de downloads e acessos a objetos não sofreu

uma queda tão acentuada, nem tampouco mostrou uma grande evolução. Esse pode ser

considerado mais um indício de que as notificações por e-mail são responsáveis, ao menos

em parte, pela redução de leituras das histórias e objetos, uma vez que não há opção de

receber notificações por e-mail para objetos. Os dados também sugerem que os objetos

não chegaram a fazer parte das atividades diárias dos usuários dentro do ambiente, como

os tópicos e histórias fazem, uma vez que a quantidade de acessos aos objetos não é muito

superior à quantidade de objetos adicionados ao sistema.

Um dado que merece atenção é a quantidade de itens lidos em relação à quantidade

de itens do mesmo tipo criados. Em média, cada objeto é acessado 12,3 vezes, cada

discussão é acessada 11,2 vezes e cada história é lida 8,9 vezes, novamente é importante

ressaltar que estes dados dizem respeito apenas às pessoas que acessam o ambiente para ter

acesso ao conteúdo, o que não representa a totalidade de pessoas que acessam um

conteúdo devido às notificações por e-mail que incluem o conteúdo das histórias e

discussões na íntegra.

Figura 6.8: Número de qualificações

Mesmo com um número de leituras satisfatório, a quantidade de qualificações

dessas leituras – ou seja, o número de vezes que um tópico ou história foi qualificado com

uma nota de um a cinco estrelas – não foi tão promissor (Figura 6.8). Foi identificado que

dentre os meses de julho de 2008 a agosto de 2009, apenas 6% dos leitores, em média,

avaliavam a história lida, e a partir de setembro de 2009 os leitores praticamente pararam de

avaliar histórias. Já para as discussões, apenas nos meses de julho a dezembro de 2008

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Histórias

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houve uma quantidade de qualificações relevantes, que mesmo assim representa apenas 3%

dos leitores, em média.

A equipe de desenvolvimento do ambiente tentou averiguar qual seria a razão para

a baixa frequência de atribuição de notas no ambiente. Após inúmeras consultas informais

e reuniões de brainstorm, chegou-se à hipótese de que esta baixa frequência se devia ao

fato dos usuários do ambiente não conhecerem o mecanismo de atribuição de notas, ou

não verem benefício no seu uso, pois não o associavam a um mecanismo de atribuição de

relevância aos itens, que poderia ser utilizado por eles mesmos para filtrar o conhecimento

relevante. Essa hipótese indica a existência de um possível problema relacionado à

usabilidade desta funcionalidade.

Figura 6.9: Número de qualificações positivas

Esse comportamento também pode ser verificado na quantidade de itens avaliados

positivamente – ou seja, a quantidade de itens que possuem média de três ou mais estrelas

(Figura 6.9). Apenas alguns tópicos e histórias criadas foram avaliados e possuem média

maior ou igual a três estrelas. Estes números representam aproximadamente 10% de todos

os itens criados mensalmente.

Muito mais encorajador que o número de qualificações ou de itens qualificados

positivamente é o número de itens classificados com tags (Figura 6.10). As histórias criadas

tiveram uma média de 1,6 tags por história. Este número é ainda mais significativo quando

aplicado a objetos, que possuem média de 3,1 tags por objeto. Até mesmo os tópicos, que

não possuem ainda o conteúdo bem definido no momento de sua criação, pois este surgirá

com a adição de respostas ao mesmo, possuem uma média de 1,6 tags por tópico.

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Histórias

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O número de itens classificados com tags também indica uma boa percepção por

parte dos usuários da necessidade de classificar o conhecimento, de forma que usuários que

precisem deste conhecimento possam encontrá-lo mais facilmente dentro do ambiente de

gestão do conhecimento.

Figura 6.10: Número de itens classificados

Apesar desse alto número de classificações, as métricas de uso dessa classificação,

ou seja, o número de acesso aos itens de uma tag, bem como o número de acessos a tagcloud

do sistema foram aquém do esperado. Mesmo com mais de 5000 tags no ambiente, o

número de acessos a itens através de uma tag – ou seja, listar todos os objetos associados a

uma tag – (Figura 6.11) é muito baixo, enquanto o número de acessos a tagclouds não

ultrapassa 50 acessos em nenhum dos meses, chegando ao menos a 30 acessos em apenas

dois meses.

Ao confrontar o número de itens classificados com o número de acessos a tags, é

possível observar que os usuários se preocupam com a classificação dos itens, porém não

sabem como tirar proveito dessa classificação, indicando possíveis problemas de na

utilização dos mecanismos de acesso às tags, possivelmente em sua usabilidade.

Outro indicador que merece atenção é o numero de visitantes únicos mensais

(Figura 6.12). Como o uso do ambiente não era obrigatório, esse indicador não chegou

próximo do total de funcionários na organização. O número de usuários únicos mensais

variou entre 30% e 50% do número total de funcionários, mesmo com mais de 90% dos

usuários tendo acessado o ambiente ao menos uma vez.

Esse número sugere a necessidade de não só trazer, mas manter os usuários dentro

do ambiente da rede social. Como vários usuários optam por receber o conteúdo por e-

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Documentos + Sites

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135

mail, e possuem uma postura passiva quanto à criação do conhecimento, pode-se supor

que o número real de usuários acessando o conhecimento contido no ambiente fique entre

50% e 90% de todos os funcionários da organização. Porém, a tendência de queda na

quantidade de visitantes únicos alertou para uma possível perda de interesse dos usuários

no ambiente.

Figura 6.11: Número de acessos a uma tag

Após a realização deste 2º ciclo, é possível identificar que a iniciativa de gestão do

conhecimento ainda está funcionando adequadamente na organização, porém, algumas

métricas indicam a necessidade de melhorias em certos aspectos do ambiente, como os

mecanismos de acesso ao conhecimento através de suas classificações, e o mecanismo de

qualificação do conhecimento. Além do desenvolvimento de novas funcionalidades que

consigam trazer e manter os usuários dentro da rede social.

Uma das possíveis formas de trazer os usuários para dentro do ambiente, como

indicado pelos próprios usuários, seria trazer suas atividades diárias para dentro do

ambiente, ou ao menos integrá-las à rede social, o que possivelmente poderia ser

concretizado caso os projetos e departamentos da organização tivessem suas atividades,

discussões, documentos e calendários dentro do ambiente.

6.3.1. Entrevistas

Durante o progresso do 2º ciclo da pesquisa-ação, foi realizada uma entrevista com alguns

dos colaboradores da organização. Essa entrevista teve como objetivo comparar a

percepção dos colaboradores do C.E.S.A.R quanto à iniciativa de gestão do conhecimento

na organização, identificar pontos positivos e pontos negativos da atual iniciativa e

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entender qual o alcance dessa iniciativa na organização (COSTA et al., 2010; COSTA;

JUCA; RIBEIRO; MEIRA, 2009).

Figura 6.12: Visitantes únicos

Foram estabelecidos dois critérios de seleção para a escolha dos entrevistados: (1)

o entrevistado deveria possuir ao menos quatro anos dentro do instituto, de forma que este

tivesse convivido com as duas iniciativas de gestão do conhecimento; (2) deveriam ser

entrevistados representantes de todas as especialidades da área de operações da

organização. Foi selecionada uma amostra com dezenove (19) colaboradores que estavam

disponíveis para serem entrevistados e que atendiam aos critérios de seleção definidos.

A entrevista foi composta por sete (7) perguntas:

1. Qual sua experiência profissional?

2. Você se definiria como especialista, novato ou intermediário em relação à gestão

do conhecimento?

3. O que você entende por gestão do conhecimento?

4. Qual sua frequência de uso do a.m.i.g.o.s e com que propósito você o utiliza?

5. Quais os pontos positivos e negativos associados à iniciativa de gestão do

conhecimento através do a.m.i.g.o.s?

6. O que poderia ser feito para aumentar a eficiência desta iniciativa?

7. Em uma escala de sucesso de 0% a 100%, onde 0% representa o fracasso total e

100% representa o sucesso total, como você avaliaria essa iniciativa de gestão do

conhecimento?

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Cada entrevista durou entre 30 e 60 minutos, sendo realizadas sem interrupções, e

tendo o cuidado de colher a opinião de cada entrevistado. Todas as entrevistas foram

realizadas entre os meses de junho e julho de 2009 e sem qualquer interferência dos

entrevistadores, mesmo quando questionados, pelos entrevistados, quanto a dados,

validações de suas opiniões ou tentativas de obtenção de opiniões dos entrevistadores.

Experiência Profissional e em Gestão do Conhecimento

Os entrevistados foram convidados a relatar sua experiência profissional tanto no

C.E.S.A.R quanto a experiência em outras empresas. A média do tempo de experiência dos

entrevistados foi de aproximadamente 12 anos e a média da experiência na instituição foi

de 6,5 anos. A distribuição de cargos dos entrevistados é apresentada na Tabela 6.2.

Tabela 6.2: Distribuição nas ocupações dos entrevistados.

Ocupação Quant. Percentual

Gerente de Projeto 3 16%

Engenheiro de Sistemas 11 58%

Engenheiro de Qualidade 4 21%

Engenheiro de Configuração 1 5%

Os entrevistados também foram questionados sobre a sua experiência e

conhecimento com relação à disciplina de gestão do conhecimento. Era esperado que eles

fornecessem suas definições sobre gestão do conhecimento e classificassem sua experiência

no assunto.

Tabela 6.3: Experiência em Gestão do Conhecimento dos entrevistados.

Experiência Quant. Percentual

Novatos 4 21%

Intermediários 14 74%

Experientes 1 5%

Em relação à experiência, as respostas foram agrupadas em três categorias: novatos,

aqueles com pouco ou nenhum conhecimento sobre gestão de conhecimento;

intermediários, aqueles que já leram sobre o assunto e entendem um pouco sobre gestão de

conhecimento; e os experientes, aqueles que ao menos conhecem a teoria de gestão de

conhecimento e poderiam explicar seus objetivos. O nível de experiência e conhecimento

dos entrevistados pode ser visualizado na Tabela 6.3.

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138

As definições de gestão de conhecimento foram muito variadas. Como forma de

prover um melhor entendimento da diversidade de definições apresentadas, essas foram

classificadas de acordo com a presença de um ou mais dos quatro aspectos relacionados às

fases do processo de gestão do conhecimento: criação, armazenamento, gerenciamento e

disseminação do conhecimento. As definições poderiam possuir de uma a quatro

categorias, dependendo da sua completude.

Tabela 6.4: Aspectos de gestão do conhecimento.

Criação Armazenamento Gerenciamento Disseminação

4/19 (21%) 15/19 (79%) 4/19 (21%) 15/19 (79%)

Com esses resultados (Tabela 6.4), podemos concluir que 79% dos entrevistados

entendem a gestão do conhecimento como um processo que envolve a captura e o

armazenamento do conhecimento e a sua disseminação através da organização, e apenas

21% dos entrevistados identificou que a gestão do conhecimento também deveria tratar de

aspectos relacionados à criação do conhecimento e à manutenção deste atualizado.

Frequência de Uso

Os entrevistados foram questionados quanto à frequência de uso do ambiente a.m.i.g.o.s.

As respostas foram agrupadas em quatro categorias e estão exibidas na Tabela 6.5. Apenas

uma pessoa respondeu que não usou a ferramenta nos últimos dez dias. Pessoas que usam

a ferramenta de maneira esporádica ou menos de uma vez por semana foram classificadas

como baixo uso. Pessoas que usam de uma a três vezes por semana foram consideradas

como de uso moderado. Pessoas que usam mais que quatro vezes por semana foram

classificadas como de uso intenso.

Tabela 6.5: Frequência de uso do a.m.i.g.o.s. pelos entrevistados.

Frequência de Uso Quant. Percentual

Não usa 1 5%

Baixo 8 42%

Moderado 6 32%

Intenso 4 21%

É possível perceber que os entrevistados possuem uma boa frequência de uso da

ferramenta, uma vez que 53% dos entrevistados utilizam o ambiente ao menos uma vez

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por semana. Por outro lado, o uso intensivo da ferramenta ainda é baixo, o que indica que

boa parte do conhecimento adquirido no dia-a-dia da organização pode estar sendo

perdido, ou ao menos não se encontra armazenado no ambiente em questão.

As possíveis causas para essa frequência moderada foram questionadas nos itens

seguintes da pesquisa, onde os entrevistados foram solicitados a levantar os principais

pontos positivos e negativos do ambiente.

Situação da Iniciativa

Com o objetivo de capturar a percepção dos entrevistados quanto à atual iniciativa de

gestão do conhecimento, os entrevistados foram solicitados a fornecer suas opiniões com

relação aos principais pontos positivos, negativos e de melhoria para a iniciativa como um

todo, não se restringindo a funcionalidades do ambiente. Neste momento os

entrevistadores fizeram questão de ressaltar a importância da franqueza, uma vez que eles

eram também os idealizadores e principais responsáveis pela iniciativa.

Tabela 6.6: Pontos Negativos identificados na iniciativa.

Pontos Negativos Quant.

Falta de cultura de uso 13

Usabilidade 7

Busca / Integração com outras ferramentas / Ausência de outras formas

de publicar conteúdo

3

Instabilidade no envio de e-mails / Confusão com os conceitos de história

e tópico / Necessidade de logar para acessar e publicar conteúdo

2

Ausência de divulgação interna / Indisponibilidade do ambiente /

Informações “escondidas” (difícil de encontrar) / Ausência de outras

formas de classificação, além das tags / Perfil do usuário com poucos dados

/ Qualidade do conteúdo publicado

1

Os principais pontos negativos encontrados pelos usuários, identificados como

barreiras para o uso da ferramenta como mecanismo de gestão de conhecimento, estão

apresentados na Tabela 6.6. É possível perceber que, segundo os entrevistados, a maior

barreira para o uso da ferramenta não é uma questão técnica. Os usuários relataram que

possuíam dificuldades para identificar o que pode ser divulgado internamente para toda a

organização. Também comentaram que não se sentiam responsáveis, ou possuíam

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140

vergonha de escrever para toda a organização sem a certeza de que podiam realmente se

expressar livremente.

Esses dados deixam clara a necessidade de uma melhor definição organizacional

quanto ao que se espera do uso da ferramenta. Dois entrevistados tiveram dificuldades até

mesmo em identificar qual era realmente a iniciativa oficial da organização, uma vez que o

processo de desenvolvimento de software da organização ainda direcionava as lições

aprendidas da organização para um repositório não relacionado ao a.m.i.g.o.s.

A usabilidade da ferramenta também foi questionada, principalmente no que diz

respeito à necessidade de ter que recarregar a página para obter novas informações, à

quantidade de cliques necessários para interagir com o ambiente, à falta de padronização de

comportamento em algumas funcionalidades e à confusão entre os conceitos chaves do

ambiente.

Um ponto que merece destaque é a queixa de uma falta de integração com outras

ferramentas que tem grande relação com a resposta “Ausência de outras formas de publicar

conteúdo”. Durante o 2º ciclo, os conteúdos postados até poderiam ser recebidos por e-

mail. Porém, quando um usuário desejava colocar novo conteúdo, ele era obrigado a

utilizar a interface Web do sistema.

Como pontos positivos (Tabela 6.7) foram apontados o apoio institucional para a

ferramenta, a adequação da ferramenta para a comunicação entre indivíduos – algumas

listas de e-mail da instituição foram migradas para comunidades dentro da rede social – e a

disponibilização do módulo de projetos facilitaram a adesão da ferramenta.

Tabela 6.7: Pontos Positivos identificados na iniciativa.

Pontos Positivos Quant.

Apoio institucional / Usabilidade 4

Adequação a comunicação / Módulo de Projetos 3

Criação de grupos / Permissão de acesso / Liberdade / Número de

ferramentas (histórias, fóruns, projetos, entre outros) / Recomendações

2

Atendes as necessidades da empresa / Criação de redes de relacionamento /

Ferramenta própria / Equipe dedicada / Estruturação facilitada / Facilidade de

publicação / Busca / Recebimento por e-mail / Segurança de acesso

1

O apoio institucional permite que as pessoas percebam que o tempo investido na

realização de cada etapa da gestão do conhecimento tem valor e é incentivado tanto dentro

do projeto quanto da instituição. A substituição das listas de e-mail dos projetos por

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projetos dentro do a.m.i.g.o.s permitiu manter a memória da comunicação de alguns

projetos, contribuindo com a manutenção da memória organizacional do C.E.S.A.R. Esse

armazenamento é importante, pois permite que tanto novos membros no projeto, quanto

integrantes de outros projetos na instituição aprendam com os problemas e soluções

discutidas.

O módulo de projetos foi concebido para agregar as funcionalidades necessárias

para gerenciar e acompanhar os projetos no instituto. Isso permitiria uma aproximação

maior da ferramenta com as atividades do dia-a-dia dos integrantes do projeto, facilitando

as etapas do processo de gestão de conhecimento. Porém, é importante ressaltar que o

módulo de projetos só foi lançado formalmente na organização a partir do a.m.i.g.o.s 3.0,

descrito no 3º ciclo da pesquisa-ação, e que as menções realizadas a este módulo

representam a opinião de alguns usuários que tiverem contato com uma versão

desenvolvida para validação de alguns conceitos e tecnologias que seriam utilizadas na

versão 3.0.

As mudanças que, segundo os entrevistados, melhorariam a iniciativa de gestão do

conhecimento como um todo, são apresentadas na Tabela 6.8. É interessante identificar

que, apesar do apoio institucional ter sido identificado como um dos pontos positivos da

iniciativa, a definição de uma política e o estabelecimento de uma cultura de uso e

conscientização das pessoas quanto à importância da iniciativa de gestão do conhecimento

foram os pontos de melhoria mais lembrados pelos usuários.

Tabela 6.8: Pontos de Melhoria para a iniciativa.

Pontos de Melhoria Quant.

Cultura / política de uso 15

Pessoas sentirem a importância 7

Integração com outras ferramentas / Divulgação interna 5

Interface melhor 4

Busca melhor 3

Outras formas de postar 2

Melhorar o nome 1

Alguns entrevistados chegaram a afirmar que, apesar da ferramenta poder ser

melhorada, principalmente em aspectos relacionados à usabilidade, o maior empecilho para

o sucesso da iniciativa são os fatores relacionados à definição do que deve ser realizado

dentro da ferramenta e à criação de uma cultura de uso e conscientização.

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Isso nos permite compreender que a ferramenta é um dos elementos definidores do

sucesso da iniciativa, talvez o maior deles, porém uma boa definição e divulgação dos

objetivos da gestão do conhecimento organizacional, a definição de um conjunto de

incentivos para a realização da gestão do conhecimento e a formalização das políticas

organizacionais quanto ao uso do ambiente são extremamente relevantes para o sucesso de

uma iniciativa de gestão do conhecimento.

Isso é evidenciado na avaliação realizada pelos usuários quanto ao sucesso da

iniciativa (Figura 6.13). A iniciativa teve média de 59% de sucesso, a ferramenta recebeu

média de 71% de sucesso. É importante ressaltar que nem todos os entrevistados

descriminaram notas distintas para a iniciativa e para a ferramenta.

Figura 6.13: Percentual de Sucesso da Iniciativa e da Ferramenta, respectivamente.

Esta pesquisa permitiu concluir que o uso de uma ferramenta adequada – mesmo

sem a definição completa de uma iniciativa – já é capaz de proporcionar benefícios para

uma organização, como se pôde concluir pela frequência de uso e volume de dados

armazenados na ferramenta. Entretanto, a diferença entre as médias da iniciativa e da

ferramenta indica que, mesmo considerando que esta ferramenta possui características

atrativas para os seus usuários e se adéqua às necessidades da organização, a iniciativa de

gestão do conhecimento como um todo ainda pode ser melhorada e se tornar mais

abrangente, especialmente nos aspectos organizacionais, externos à ferramenta.

6.3.2. Propostas de melhoria para versão 3.0

Com a realização das entrevistas com os colaboradores, foram identificados diversos

pontos de evolução, em especial relacionados à usabilidade do ambiente e à confusão, por

parte dos usuários, entre os conceitos de histórias e tópicos em comunidades (COSTA et

al., 2009). Os problemas e soluções propostos para esses pontos são apresentados a seguir.

Usabilidade

Como a usabilidade da ferramenta foi identificada como um dos principais pontos de

melhoria do a.m.i.g.o.s, foi realizada uma nova pesquisa, específica sobre o tema, com nove

usuários do ambiente, a fim de identificar os principais problemas da interface, em termos

de usabilidade.

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143

Cada sessão desta nova pesquisa durou cerca de uma hora, e cada participante foi

solicitado a utilizar o ambiente realizando tarefas pré-definidas. Durante essa utilização, o

participante era questionado sobre as dificuldades encontradas na execução das tarefas.

Os principais problemas identificados foram: (1) link para responder notificação

recebida por e-mail não é de fácil visualização; (2) arquivos anexos ficam escondidos em

abas e o processo para anexar um arquivo não é intuitivo; (3) navegação não é intuitiva

mesmo para quem conhece o ambiente; (4) as informações estão muito espalhadas no

sistema e são necessários muitos cliques para achar a informação desejada; (5) as seções não

possuem diferenças visuais entre si.

Além desses problemas, identificados junto aos usuários, as propostas de melhoria

também focaram na resolução de alguns dos problemas indicados pelas métricas coletadas

durante o 2º ciclo da pesquisa-ação, que indicaram, dentre outras, a necessidade de um

melhor aproveitamento das funcionalidades de tags.

Diante desses problemas, algumas soluções foram propostas:

• Todos os e-mails enviados pelo ambiente foram revisados e adequados a um

modelo com estrutura da informação bem-definida, onde as opções de

interação com o sistema foram destacadas;

• Foi adicionada uma funcionalidade no editor de texto rico que permite a adição

de links para qualquer outro elemento de conteúdo do ambiente, de forma que

os anexos ficam dispostos pelo corpo do conteúdo e não mais agrupados em

uma aba em seção lateral;

• Um processo de arquitetura da informação foi utilizado para revisar toda a

estrutura do ambiente, alinhando a estrutura do ambiente com os novos

conceitos utilizados, padronizando os termos e opções existentes para os

diversos tipos de conteúdo;

• Na página inicial do ambiente, as informações, que antes eram centradas no

usuário, passaram a ser centradas no ambiente e a apresentar um resumo do que

está acontecendo no a.m.i.g.o.s, permitindo que o usuário não precise sair da

página inicial para ter acesso aos últimos conteúdos publicados. O conteúdo da

página inicial passou a ser recarregado, através do uso de AJAX, a cada 5

minutos, eliminando a necessidade de recarregá-la para ter acesso aos novos

itens disponíveis;

• O conceito de “visão” foi adicionado ao sistema, de forma que as informações

estão sempre relacionadas ao menos a uma visão, podendo ser acessadas a

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partir desta. Foram definidas quatro visões – Usuário, Tag, Projeto e

Comunidade – onde os conteúdos são apresentados de forma coerente e com

identificação visual própria, facilitando a adaptação do usuário a qualquer nova

visão adicionada;

• Para cada tipo de conteúdo no ambiente, foi definida uma identificação visual,

composta por uma cor e um ícone, que são coerentemente utilizados por todo

o ambiente;

• Todas as visualizações de elementos do sistema passaram a contar com um

elemento lateral com funcionalidade similar a de um sistema de navegação de

arquivos em uma hierarquia de pastas, onde as pastas são substituídas por tags, e

a hierarquia é substituída pela co-ocorrência de tags, característica natural de

uma folksonomia;

• Todos os itens de conhecimento receberam um mecanismo de avaliação pelos

usuários. O mecanismo de avaliação já presente em histórias e discussões foi

substituído pelo novo mecanismo proposto. Neste novo mecanismo os

usuários são convidados a avaliar o item de conhecimento com base em sua

relevância, removendo a ambiguidade que existia no mecanismo anterior, cuja

interpretação era pessoal e se baseava apenas na quantidade de estrelas a ser

atribuída ao elemento.

Essas soluções foram prototipadas através do uso de wireframes e validadas junto aos

desenvolvedores do ambiente, também usuários do sistema, e que não participaram das

atividades de planejamento da nova interface, descritas a seguir.

Conceitos de Gestão do Conhecimento na Rede Social

Para tornar a recuperação do conhecimento um processo eficiente para os usuários,

mecanismos de classificação do conteúdo armazenado devem ser incentivados. Durante as

pesquisas com os usuários foi possível identificar duas formas de classificar os itens de

conteúdo. Essa classificação pode se basear no assunto de que trata o conteúdo, ou no tipo

do conteúdo – como, por exemplo, arquivos, artigos e notícias. Foi possível identificar que

os usuários não possuem dificuldades ao classificar o conteúdo quanto ao assunto,

utilizando para isto a funcionalidade de tags. Porém, os tipos de conteúdo utilizados pelo

a.m.i.g.o.s costumam causar confusão no momento da criação de um novo conteúdo.

Apesar dos itens de conteúdo existentes no a.m.i.g.o.s (histórias e tópicos) se

tratarem de mecanismos simples para armazenamento do conhecimento, durante as

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145

pesquisas realizadas, o mecanismo de histórias se mostrou mais adequado à captura de

lições aprendidas, boas práticas e memória institucional. Já o mecanismo de tópicos em

comunidades se mostrou mais adequado ao início de discussões relacionadas a uma

comunidade específica. Porém, em um ambiente menos formal, como o de redes sociais, os

usuários, em diversos momentos, desejam apenas se comunicar, sem a necessidade de

maiores formalismos quanto ao tipo do conteúdo sendo comunicado, e sem uma

comunidade específica em mente.

Figura 6.14: Classificação do Conhecimento no a.m.i.g.o.s.

Surgiu então a necessidade de identificar conceitos que poderiam substituir os

mecanismos de história e tópicos, diminuindo a confusão gerada pelos conceitos atuais.

Para isso, 2084 histórias publicadas no ambiente foram analisadas e classificadas de acordo

com conceitos que emergiram durante a avaliação. Quatro conceitos – Notícia, Relato,

Aviso e Discussão – emergiram como classificadores de 96% de todas as histórias

avaliadas, sendo Notícia responsável por 58%, Relato responsável por 26%, Aviso

responsável por 8% e Discussão responsável por 4% (Figura 6.14), resultados estes

coerentes com os métodos de criação de histórias e seus similares apresentados em

(PERRET et al., 2004).

Após a definição desses novos conceitos, que passaremos a chamar de entidades, e

em conjunto com as novas visões de comunidade, projeto, usuário, tag e página inicial –

representando todo o ambiente –, o a.m.i.g.o.s passaria a apresentar as entidades sempre

inseridas nessas visões, de acordo com a Figura 6.15.

Para validar a proposta de classificação do conhecimento antes de realmente

introduzi-la no ambiente, foram realizados testes com usuários, analisando a sua

compreensão dos quatro conceitos propostos. Os usuários foram escolhidos

aleatoriamente para participação no teste, de acordo com sua disponibilidade. O grupo de

validação foi composto por 15 engenheiros de sistema, 8 designers gráficos e de

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146

usabilidade, 1 líder de equipe de desenvolvimento, 1 gerente de configuração de software e

1 engenheiro de garantia de qualidade.

Figura 6.15: Entidades e Visões propostas

O procedimento do teste foi baseado em entrevistas com os participantes. Cenários

hipotéticos representando situações reais coletadas a partir da análise do uso do ambiente

eram apresentados para cada entrevistado.

O objetivo de cada atividade do teste era publicar um conteúdo no a.m.i.g.o.s

utilizando o cenário descrito como referência. O participante deveria escolher um dos

quatro conceitos e classificar o conteúdo apresentado pelo cenário. Os conceitos foram

apresentados para os participantes como:

• Relato: descreve e compartilha experiências vividas que possam trazer algum

aprendizado para a organização.

• Notícias: utilize notícias para reproduzir matérias ou noticiar acontecimentos ou

eventos.

• Discussão: crie discussões quando desejar iniciar debates, tirar dúvidas ou fazer

perguntas. Elas ocorrem apenas no ambiente das comunidades.

• Avisos: utilize avisos para dar informes curtos a todos do sistema ou para

comunidades específicas (possui limite de 140 caracteres).

Os entrevistados foram ainda informados que relatos, notícias e discussões podem

receber comentários, porém avisos não possuem esta funcionalidade. Um wireframe da

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147

interface (Figura 6.16) foi apresentado para facilitar o processo de classificação, onde o

usuário poderia escolher apenas um dos conceitos disponíveis.

Figura 6.16: Wireframe utilizado nos testes dos novos conceitos propostos

Os cenários apresentados foram:

01. Você gostaria de compartilhar uma experiência positiva no uso de uma

ferramenta.

02. Você é membro da comunidade “Flex” e gostaria de informar que a reunião de

hoje foi cancelada.

03. Você tem uma dúvida sobre uma determinada ferramenta e gostaria de obter

mais informações.

04. Você precisa informar que existe um carro com luzes acesas estacionado na

frente da empresa.

05. Compartilhe que o uso de um determinado processo em seu projeto trouxe bons

resultados.

06. Você leu uma notícia interessante em um jornal importante e gostaria de

compartilhá-la com o resto da organização.

07. Você quer anunciar um produto que você está vendendo.

08. Anuncie que um colega seu teve um artigo aceito em uma conferência.

09. Devido às fortes chuvas, os carros estacionados nas proximidades da empresa

poderão ser inundados.

10. Você precisa coletar opiniões sobre um determinado sistema em uso na

organização.

11. Informe que um evento está para começar.

12. Você quer anunciar que um membro de seu projeto obteve uma certificação.

13. Você quer comunicar que uma nova versão de uma IDE foi lançada.

14. Você precisa coletar opiniões sobre o plano de cargos e salários da organização.

15. Você quer anunciar uma festa.

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16. Você deseja receber uma indicação de um bom dentista.

Os resultados para a maioria dos cenários foram satisfatórios, com mais de 95% de

todas as respostas sendo direcionadas para o conceito esperado. Apenas os cenários 07, 08,

12, 13 e 15 apresentaram problemas.

Nos cenário 07, 19 pessoas selecionaram aviso, 2 selecionaram discussão, 3

selecionaram notícia, 1 selecionou relato e 1 não classificou. No cenário 15, 14 pessoas

selecionaram notícia e 12 selecionaram aviso. Em ambos os cenários, diversos usuários

tiveram dificuldade para classificar o conteúdo, pois consideraram que a informação não

deveria ser divulgada dentro do ambiente de redes sociais corporativo, junto com os demais

ativos de conhecimento.

No cenário 08, 20 selecionaram notícia, 5 selecionaram aviso e 1 selecionou relato.

No cenário 12, 22 selecionaram notícia e 4 selecionaram aviso. Em ambos os cenários, ao

menos 20 usuários selecionaram o conceito esperado, porém muitos ficaram em dúvida,

pois, apesar do conteúdo ser uma notícia, ela possuiria menos que 140 caracteres, o que os

levou a optar por aviso.

No cenário 13, onde 20 selecionaram notícia, 4 selecionaram aviso, 1 selecionou

relato e 1 selecionou discussão, também tivemos ao menos 20 usuários selecionando o

conceito esperado. Os 4 que selecionaram aviso o fizeram por acharem este conteúdo

muito curto. O que selecionou relato julgou que ele poderia não só anunciar o lançamento

da nova IDE, mas também reportar sua experiência de uso, comportamento similar ao que

selecionou discussão, que por sua vez imaginou que além do anúncio da nova IDE poderia

trazer os demais usuários da IDE para uma discussão sobre as melhorias, vantagens e

desvantagens da mesma.

Em geral, a maioria dos usuários participantes dos testes se mostrou confortável

com os novos conceitos, salvo em alguns casos onde, segundo os usuários, o conteúdo

poderia ser divulgado tanto como notícia quanto como aviso. Para esses, a limitação de

caracteres e a impossibilidade de adicionar comentários em avisos serviram como dica

quando o conteúdo a ser publicado era extenso.

Após a realização dos testes, todas as novas propostas, tanto de melhorias na

usabilidade da interface do ambiente quanto de utilização dos novos conceitos relacionados

aos conteúdos armazenados no ambiente foram implantados na versão 3.0 do ambiente.

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149

6.4. Terceiro Ciclo

Após a realização das entrevistas durante o 2º ciclo, foi iniciado um novo ciclo de

desenvolvimento do ambiente, com o objetivo de atacar alguns dos principais pontos de

melhoria identificados. Para que a implementação dessas melhorias fosse possível, foi

necessária a reestruturação da arquitetura da aplicação, permitindo a utilização de

tecnologias que possibilitassem uma melhor experiência para o usuário.

Essa fase de desenvolvimento teve duração de oito meses (de julho de 2009 a

março de 2010), e contemplou a incorporação das mudanças propostas na Seção 6.3.2.

Essas mudanças dizem respeito à introdução dos conceitos e visões associados à gestão do

conhecimento, que deveriam ser utilizados na evolução do ambiente a.m.i.g.o.s para melhor

adequação deste às necessidades organizacionais.

Essa nova versão do ambiente possuía nova estruturação e novo menu, com uma

redistribuição da informação existente baseada nos novos conceitos, chamados de

entidades, e novas visões, que neste trabalho representam elementos de agrupamento de

informações relacionadas (Figura 6.15).

O terceiro ciclo da pesquisa-ação teve início em março de 2010, com a implantação

da nova versão do ambiente no C.E.S.A.R, e foi encerrado em setembro de 2011. Foi

determinado que, ao término desse ciclo, as métricas definidas no ciclo anterior seriam

novamente avaliadas, e um novo conjunto de entrevistas seria conduzido para avaliar o

impacto das intervenções realizadas. Em conjunto com a disponibilização da nova versão,

foi realizada nova apresentação sobre a plataforma a.m.i.g.o.s, focando nas modificações

introduzidas entre a versão 2.0 e a versão 3.0. Essa apresentação foi novamente aberta a

todos os colaboradores, mas teve a participação limitada à quantidade de vagas disponíveis

no auditório da instituição.

Esse terceiro ciclo tinha como objetivo validar as mudanças realizadas sobre o

ambiente. Era esperado que as métricas associadas à criação e captura do conhecimento

sofressem um impacto positivo, uma vez que parte dos problemas relatados pelos usuários

havia sido abordada. Em adição a essa melhora, era esperado um aumento no uso de tags,

seja no momento da publicação do conhecimento, seja no momento da recuperação do

conhecimento pelo usuário interessado. Como o mecanismo de qualificação dos conteúdos

também foi afetado pelas propostas de melhoria, era esperado um aumento na quantidade

de itens avaliados, o que não se refletiria necessariamente na quantidade de itens

qualificados positivamente.

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150

Devido à introdução de novos conceitos em substituição a alguns já existentes,

algumas métricas sofreram mudanças na forma de coleta, uma vez que as métricas que se

referiam a histórias agora se referem ao somatório de relatos, notícias e avisos, e as métricas

que se referiam a objetos agora se referem ao somatório de arquivos e sites.

É importante ressaltar que nenhuma outra mudança foi realizada na iniciativa de

gestão do conhecimento ou no contexto da organização entre o segundo e o terceiro ciclo

da pesquisa-ação, exceto as mudanças propostas, e uma redução gradativa na quantidade de

colaboradores da organização, que de julho de 2008 a setembro de 2009 variou de

aproximadamente 600 colaboradores para cerca de 400 colaboradores, número este que se

mantém relativamente estável até hoje.

Todos os gráficos apresentados a seguir possuem a adição de dois meses de

avaliação ainda referentes ao 2º ciclo da pesquisa-ação. A adição desses dois meses serve

apenas para manter uma referência dos novos valores com relação aos valores que vinham

sendo coletados antes da implantação dessa nova versão do ambiente.

Figura 6.17: Número de itens de conhecimento criados

É importante ressaltar que, após o desenvolvimento da 3ª versão da ferramenta, ou

seja, no início do 3º ciclo da pesquisa-ação, a equipe responsável pela evolução e suporte do

ambiente dentro da organização foi desfeita. Ainda durante o terceiro ciclo, cinco meses

após seu lançamento, o pesquisador responsável pela iniciativa de gestão do conhecimento,

um dos idealizadores do ambiente e principal responsável pelas ações de divulgação do

ambiente, deixou a organização. Sendo assim, sabia-se da possibilidade de que o uso da

ferramenta diminuísse com o tempo, devido à falta de evolução e divulgação do ambiente.

É possível ainda que parte dessa diminuição no uso do ambiente estivesse relacionada ao

momento em que se encontravam os projetos da organização. Porém, por diversos fatores,

uma análise mais aprofundada não pôde ser realizada.

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Recomendações

Documentos + Sites +Comentários

Relatos + Avisos + Notícias +Comentários

Tópicos + Mensagens

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Como mencionado anteriormente, diante das modificações realizadas no ambiente,

era esperado que as diversas métricas relacionadas à criação do conhecimento (Figura 6.17)

sofressem um crescimento em relação a sua média recente, ao menos nos primeiros meses

após a implantação da nova versão.

Em especial, era esperado que as métricas relacionadas à criação de histórias,

conceito substituído na nova versão por relatos, notícias e avisos, sofresse um maior

crescimento. Esperava-se inclusive que o valor associado a novas discussões sofresse uma

redução, pois itens direcionados a tópicos devido a confusões de conceito deixariam de

acontecer.

Foi observado que a quantidade de novos itens de conhecimento associados ao

antigo conceito de histórias não só cresceu como atingiu seu maior valor desde que as

métricas começaram a ser coletadas. Este crescimento veio sem maiores prejuízos à

quantidade de discussões no ambiente, que também apresentaram uma leve alta.

Figura 6.18: Número de itens de conhecimento lidos

Associado ao crescimento no número de itens de conhecimento criados, veio o

aumento na quantidade de itens recomendados e na quantidade de itens lidos (Figura 6.18).

Esses dados sugerem que as mudanças realizadas no ambiente trouxeram benefícios não só

para as atividades de criação do conhecimento, mas também para as atividades de

disseminação do conhecimento.

Outro aspecto que aparentemente foi afetado positivamente pelas mudanças no

ambiente foi a quantidade de novos contatos adicionados (Figura 6.19). Como todas as

informações do ambiente encontram-se disponíveis na página inicial, e estas informações

incluem os novos membros do ambiente e os autores dos últimos itens publicados, a

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Documentos + Sites

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movimentação na rede social devido à descoberta de novos elementos, inclusive de novos

contatos, foi impactada positivamente.

Figura 6.19: Número de novos contatos adicionados

É importante ressaltar que, apesar da grande variação no número de adições de

novos contatos, foi identificada uma tendência de queda no indicador, sugerindo uma

estabilização na estrutura da rede social.

Figura 6.20: Número de itens de conhecimento classificados com tags

Nota-se também que a variação neste indicador não segue o mesmo padrão da

variação dos demais indicadores, o que pode indicar que o número de novos contatos não

está refletindo uma maior quantidade de itens de conhecimento lidos ou criados. Seria

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Relatos + Notícias

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Comentários

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necessária uma investigação para verificar se esta variação está relacionada apenas à criação

de novos projetos e ingresso de novos colaboradores e não à identificação, por parte dos

usuários, de novos contatos que possam auxiliar na troca de conhecimento.

A etapa de gerenciamento do conhecimento é outro aspecto da iniciativa que

aparentemente foi beneficiado pelas mudanças propostas. Os indicadores associadas ao uso

de tags para classificação dos itens de conhecimento, principalmente para relatos e notícias,

e, em menor escala, para documentos e sites, sofreram um aumento considerável em

relação às médias recentes anteriores (Figura 6.20). A adição de tags a comentários

continuou sem uso, e, após leve alta no primeiro mês do 3º ciclo, o uso de tags em

discussões apresentou tendência de queda, chegando a não mais ser utilizada no último

mês.

Figura 6.21: Número de itens de conhecimento avaliados

Ao avaliar o número total de itens de conhecimento avaliados (Figura 6.21), bem

como o número de itens de conhecimento bem avaliados (Figura 6.22), é possível notar

que não houve mudança substancial nos indicadores, apenas um aumento pontual nos dois

primeiros meses subsequentes a implantação da nova versão do ambiente.

Uma possível interpretação para estes valores seria o fato de que, nesse caso, apenas

o mecanismo de avaliação foi substituído, com alterações semânticas, mas sem alterações

sintáticas na forma como os usuários realizam a avaliação. Dessa forma, os usuários que já

costumavam avaliar os itens de conhecimento mantiveram seu comportamento, enquanto

os demais não foram motivados a mudar seu comportamento.

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Discussões

Relatos + Notícias + Avisos

Documentos + Sites

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Figura 6.22: Número de itens de conhecimento bem avaliados

É importante perceber que documentos e sites só passaram a ser avaliados na nova

versão e por esse motivo só aparecem nos dados coletados no 3º ciclo, e que seu uso só foi

identificado no mês de lançamento da nova versão, perdendo a relevância já a partir do

segundo mês.

Figura 6.23: Número de acessos a uma tag

A nova ênfase dada ao uso das tags, através do mecanismo de navegação por tags ao

visualizar os itens de conhecimento e da adição de um resumo da tagcloud associada a cada

visão – projeto, comunidade, usuário e todo o sistema –, aparentemente produziu

resultados positivos nos indicadores atrelados à classificação e disseminação do

conhecimento.

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Assim como os indicadores de utilização de tags para classificação de itens (Figura

6.20) sofreram um aumento significativo, os indicadores de acesso às tags (Figura 6.23)

também apresentaram melhora, resultados que se mantiveram superiores aos do ciclo

anterior até o final da pesquisa. Esse aumento pode indicar um impacto positivo na

disseminação do conhecimento, uma vez que o uso das tags tende a facilitar o acesso do

usuário ao conhecimento necessário às suas atividades.

Neste 3º ciclo, a métrica de acesso a tagcloud perdeu sua relevância, pois os usuários

raramente precisam acessar a tagcloud para pesquisar por um assunto específico. Além de

um resumo da tagcloud estar disponível em todas as visões, a busca no ambiente passou a

retornar tags. Devido a esses fatores, este indicador não foi coletado durante o 3º ciclo.

Já o indicador de visitantes únicos (Figura 6.24) recebeu um grande impulso logo

após o lançamento da 3ª versão do ambiente, superando em quase 100% os valores que

vinham sendo obtidos ao término do 2º ciclo. É importante ressaltar que o uso do

ambiente continuou não sendo obrigatório durante este novo ciclo. Analisando a evolução

deste indicador durante o 3º ciclo, observa-se uma tendência de queda acentuada após o

mês de agosto de 2010, o mês da saída do idealizador do ambiente do quadro funcional do

C.E.S.A.R.

Figura 6.24: Visitantes únicos

Um aspecto não muito animador, identificado em praticamente todos os

indicadores, está relacionado à durabilidade do comportamento dos usuários do ambiente.

Após os primeiros meses do lançamento da versão 3.0 do a.m.i.g.o.s, todos os indicadores

voltaram aos patamares anteriores, e vários deles com tendência de queda – já identificada

ao término do 2º ciclo.

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Esse comportamento volta a sinalizar para um possível desinteresse dos

colaboradores na iniciativa, possivelmente provocado pela não definição das políticas

quanto ao uso do ambiente mesmo após cinco anos de uso. O fato dessa redução ter

acontecido logo após a dissolução da equipe responsável pela evolução e suporte do

ambiente pode indicar que este fato influenciou a gradativa perda de interesse da

organização.

6.4.1. Entrevistas

Ao término do 3º ciclo da pesquisa-ação foi realizado um novo conjunto de entrevistas

com alguns dos colaboradores da organização. Essas entrevistas tiveram como objetivo

avaliar os resultados obtidos com a iniciativa do a.m.i.g.o.s na percepção dos colaboradores

do C.E.S.A.R, identificando os impactos provocados pelo uso do ambiente e que melhorias

deveriam ter sido realizadas para obtenção de melhores resultados.

Tinha-se por objetivo voltar a entrevistar os mesmos dezenove colaboradores que

participaram das entrevistas realizadas durante o 2º ciclo. Porém, desses dezenove, apenas

doze ainda estavam na organização, e dois encontravam-se ausentes no período em que as

entrevistas foram realizadas. Dessa forma, foram entrevistados dez (10) colaboradores da

organização, incluindo o atual gerente de operações do C.E.S.A.R.

A entrevista foi composta por seis (6) perguntas:

1. O que você entende por gestão do conhecimento?

2. Que iniciativas de gestão do conhecimento você vivenciou durante o período em

que esteve no C.E.S.A.R?

3. Você ainda utiliza o a.m.i.g.o.s? Se sim, com que finalidade?

4. Você chegou a trabalhar com o módulo de projetos? Se sim, qual o impacto que

este módulo teve no andamento de seus projetos?

5. Após cinco anos de seu lançamento, como você avalia a iniciativa de gestão do

conhecimento associada ao a.m.i.g.o.s?

6. Sugira o que faltou na iniciativa do a.m.i.g.o.s para que obtivesse melhores

resultados em termos de gestão do conhecimento organizacional.

Cada entrevista durou entre 20 e 30 minutos, sendo realizadas sem interrupções, e

tendo o cuidado de colher a opinião de cada entrevistado, sem influência do entrevistador.

Todas as entrevistas foram realizadas no mês de janeiro de 2012.

Os entrevistados foram convidados a relatar sua experiência profissional no

C.E.S.A.R. A média do tempo de experiência dos entrevistados na instituição foi de

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aproximadamente nove (9) anos. A distribuição de cargos dos entrevistados é apresentada

na Tabela 6.9. Essa nova distribuição se deve em parte a redução na equipe de garantia da

qualidade, fazendo com que alguns engenheiros de qualidade e de configuração passassem

a atuar como engenheiros de sistemas.

Tabela 6.9: Distribuição nas ocupações dos entrevistados.

Ocupação Quant. Percentual

Gerente de Projeto 3 30%

Engenheiro de Sistema 5 50%

Engenheiro de Qualidade 1 10%

Gerente de Operações 1 10%

Os entrevistados também foram solicitados a fornecer seus entendimentos quanto à

disciplina de gestão do conhecimento. As definições de gestão de conhecimento foram

muito variadas e, como forma de prover um melhor entendimento da diversidade de

definições apresentadas, elas foram classificadas de acordo com a presença de um ou mais

dos quatro aspectos relacionados às fases do processo de gestão do conhecimento: criação,

armazenamento, gerenciamento e disseminação de conhecimento. As definições podem

possuir de uma a quatro categorias, dependendo da sua completude.

Tabela 6.10: Aspectos de gestão do conhecimento.

Criação Armazenamento Gerenciamento Disseminação

3/10 (30%) 9/10 (90%) 6/10 (60%) 9/10 (90%)

Com os resultados apresentados na Tabela 6.10, podemos concluir que 90% dos

entrevistados entendem a gestão do conhecimento como um processo que envolve a

captura e o armazenamento do conhecimento, e a sua disseminação através da organização.

60% dos entrevistados identificou que a gestão do conhecimento também deveria tratar de

aspectos relacionados à manutenção do conhecimento, e apenas 30% dos entrevistados

identificou que a gestão do conhecimento também deveria tratar aspectos relacionados à

criação do conhecimento. Esses valores são melhores que os obtidos durante o 2º ciclo, o

que pode indicar uma melhoria na percepção do que é a gestão do conhecimento.

Quando solicitados a falar sobre as iniciativas de gestão do conhecimento que

vivenciaram na organização, nem todos os entrevistados citaram as mesmas iniciativas. Na

Tabela 6.11 são apresentadas as iniciativas e o percentual de entrevistados que a citaram. Já

era esperado que 100% dos entrevistados citassem a iniciativa do a.m.i.g.o.s, uma vez que o

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entrevistador estava diretamente associado à iniciativa. Os percentuais das demais

iniciativas podem ser vistos como indicadores do seu alcance na organização.

Tabela 6.11: Iniciativas de Gestão do Conhecimento na Organização.

Iniciativa Percentual

a.m.i.g.o.s 100%

C.E.S.A.R Wiki 70%

Mantis de LA 50%

Blog do C.E.S.A.R 30%

Foi solicitado que os entrevistados fizessem uma rápida descrição destas iniciativas.

A compilação das descrições é apresentada a seguir.

Blog do C.E.S.A.R

O Blog do C.E.S.A.R é uma iniciativa recente, que surgiu durante o 2º ciclo da pesquisa-

ação e atualmente possui dois anos. Inicialmente chamado de Technè5, a ideia é que

colaboradores da organização se motivem a divulgar parte do conhecimento desenvolvido

dentro do C.E.S.A.R para a sociedade, auxiliando a cumprir a missão da organização. No

final de 2011 esse blog foi substituído por uma nova versão, reformulada, que passou a se

chamar Atalho6.

Mantis LA

O Mantis LA era uma base de lições aprendidas organizacionais. Essa base deveria ser

populada através da execução do processo de desenvolvimento de software da organização,

que, em uma de suas atividades, exigia a publicação das lições aprendidas na base de

conhecimento organizacional (CAVALCANTI et al., 2008).

Essa iniciativa surgiu durante o processo de certificação CMMI3 do C.E.S.A.R, e,

consequentemente, foi mais influenciada pelas necessidades definidas no CMMI do que

pelas necessidades da empresa propriamente ditas.

Os entrevistados se queixaram desta iniciativa ser muito burocrática, pois apenas

algumas pessoas da organização poderiam cadastrar as lições aprendidas. As lições

precisavam passar por um processo de aprovação para só então se tornarem disponíveis

para os demais usuários. Além disso, a forma de pesquisa por lições aprendidas foi muito

5 http://techne.cesar.org.br

6 http://atalho.cesar.org.br/

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questionada, uma vez que não havia suporte à busca por palavra-chave. Esses problemas

foram determinantes para que a solução nunca se tornasse institucional e seu tempo de vida

na organização foi de aproximadamente um ano.

C.E.S.A.R Wiki

A iniciativa do C.E.S.A.R Wiki já foi descrita na Seção 6.1, porém aqui é apresentada a

compilação da visão dos entrevistados com relação à iniciativa.

A ideia original da iniciativa era a criação de um repositório aberto de

conhecimento, onde fosse possível registrar conhecimentos, relacionados ou não a

tecnologia. Apesar de ter utilizado o apelo do Wikipedia, nem todos os conhecimentos

depositados eram abertos e disponíveis a todos os colaboradores.

Mesmo com uma divulgação maior no ano de 2006, incluindo a adição de botões

na mesma barra de ferramentas utilizada pelo a.m.i.g.o.s, essa iniciativa não alcançou toda a

organização, tendo seu uso mais restrito ao grupo de consultores e aos gerentes de

projetos, que possuíam áreas específicas e privadas dentro do ambiente.

Os entrevistados se queixaram de não haver incentivo para as pessoas postarem no

wiki. Além disso, as pessoas não estavam preocupadas em ir ao repositório para pesquisar

ou registrar conhececimento, pois estavam mais interessadas em executar suas tarefas.

Outra queixa frequente era a ausência de mecanismo de notificação quando algo novo

fosse publicado. Por fim, váris entrevistados se queixaram que a ferramenta não era fácil,

pois utilizava uma linguagem própria, o que aumentava a sua curva de aprendizado.

Uso do a.m.i.g.o.s

Quando questionados quanto ao seu uso do a.m.i.g.o.s, 60% dos entrevistados afirmaram

que ainda usam o ambiente. Dos que ainda utilizam o a.m.i.g.o.s, 50% o fazem com

frequência elevada, ao menos quatro vezes por semana. Todos os entrevistados, que ainda

utilizam o ambiente, afirmaram que utilizam apenas o módulo de projetos, pois seus

projetos continuam utilizando o ambiente como repositório de conhecimentos. Alguns

deles afirmaram que o acompanhamento das suas atividades no projeto é realizado através

do módulo de projetos.

Ao serem questionados sobre o impacto do uso do a.m.i.g.o.s em seus projetos,

todos os entrevistados afirmaram que chegaram a utilizar o módulo de projetos em algum

momento da iniciativa, e que o impacto do seu uso foi sempre positivo. Alguns

entrevistados ressaltaram que, mesmo depois de finalizado, ainda costumam entrar no

ambiente do projeto para consultar informações e procurar por conhecimentos que possam

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lhe ser úteis em novos projetos. Dois entrevistados chegaram a afirmar que não sabem

como seria possível dar andamento a seus projetos sem o suporte módulo de projetos do

a.m.i.g.o.s, uma vez que a cultura está difundida entre seus participantes.

É importante ressaltar que alguns projetos não utilizam o ambiente oficial do

C.E.S.A.R, e sim a versão aberta desse ambiente, denominada Oro-aro7, mas que é

executada sobre a mesma plataforma do a.m.i.g.o.s. A opção em utilizar o ambiente aberto

em detrimento do ambiente oficial do C.E.S.A.R se deve a algumas características

específicas desses projetos.

Esses projetos incluem, além de atividades de desenvolvimento de software,

algumas ações educacionais, e algumas pessoas que não são funcionários do C.E.S.A.R são

convidados a participar dessas ações. Como o a.m.i.g.o.s não dá suporte à criação de uma

visão restrita para convidados, utilizou-se a plataforma aberta. Algumas outras iniciativas do

C.E.S.A.R, vinculadas a sua unidade educacional CESAR.EDU, também fazem uso do

ambiente Oro-aro por motivos similares.

É importante ressaltar que os dados referentes ao uso da plataforma do a.m.i.g.o.s,

em sua versão Oro-aro, não se encontram registrados nas métricas coletadas durante os

ciclos desta pesquisa-ação, uma vez que seria muito difícil separar as atividades referentes

aos projetos do C.E.S.A.R das demais atividades do ambiente.

Uma vez que todos os entrevistados identificaram impactos positivos no uso do

a.m.i.g.o.s, o entrevistador tomou a liberdade de questioná-los porque o a.m.i.g.o.s não foi

utilizado para novos projetos. Há apenas um motivo consensual entre os entrevistados:

como a equipe responsável pela manutenção e evolução do ambiente havia sido desfeita e o

principal idealizador e divulgador do ambiente havia deixado à organização, os

colaboradores ficaram receosos de não terem suporte adequado no uso do a.m.i.g.o.s.

Outras razões também foram citadas. Um entrevistado afirmou que ao mudar de

projeto encontrou uma equipe que não possuía a cultura de uso do ambiente e que, neste

caso, preferiu manter as ferramentas com as quais a equipe já se sentia confortável. Nesse

mesmo sentido, um dos entrevistados afirmou que a escolha do uso ou não do a.m.i.g.o.s

em um projeto estava diretamente relacionada às pessoas que iriam conduzir o projeto.

Segundo o entrevistado, a organização possui “guetos” – termo utilizado pelo entrevistado

– e cada um dos guetos possui sua própria cultura. O a.m.i.g.o.s foi assimilado por alguns

deles, mas outros rejeitavam a solução.

7 http://www.oro-aro.com

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Avaliação da Iniciativa

Os entrevistados foram solicitados a avaliar o impacto que o a.m.i.g.o.s teve na gestão do

conhecimento organizacional do C.E.S.A.R. Por ser uma pergunta subjetiva em que

deveriam fornecer sua opinião sobre a iniciativa, as respostas contiveram os mais diversos

discursos.

Antes de começar a falar sobre os impactos, a maioria dos entrevistados fez uma

avaliação sobre a situação atual do a.m.i.g.o.s dentro do C.E.S.A.R. Nesse ponto, eles foram

praticamente unânimes ao afirmar que o a.m.i.g.o.s está chegando ao fim de seu ciclo de

vida, uma vez que raros são os novos projetos que optam por utilizar o ambiente. Um dos

entrevistados chegou a sugerir que em dois anos o conhecimento armazenado no

a.m.i.g.o.s se tornará totalmente obsoleto e que isso determinará o fim de seu ciclo de vida.

Porém, outro entrevistado ressaltou que existem alguns gerentes de projetos que

demonstraram grande rejeição à ideia de deixar de utilizar a.m.i.g.o.s em seus projetos,

mesmo cientes de que o ambiente não possui mais evolução, nem suporte.

Com relação ao impacto propriamente dito, vários entrevistados optaram por

analisá-lo sob dois aspectos distintos. O primeiro aspecto está relacionado ao

compartilhamento do conhecimento para toda a organização e o segundo aspecto está

relacionado à gestão do conhecimento dentro de um projeto específico.

A maioria dos entrevistados considerou que houve ganho com relação ao

compartilhamento do conhecimento na organização, porém esses ganhos poderiam ser

ainda maiores, caso a ferramenta fosse utilizada em todo o seu potencial. Um dos

entrevistados citou que vários colaboradores tinham medo de publicar informações de seus

projetos, pois não tinham certeza se estas informações poderiam ser divulgadas para toda a

organização. Este medo também motivou a criação de vários ambientes para projetos

totalmente privados, ou seja, só eram visíveis para quem fazia parte do próprio projeto.

Outro entrevistado citou que as informações poderiam ter sido compartilhadas por

meio das comunidades de interesse. Segundo o entrevistado, as comunidades funcionaram

bem no princípio da iniciativa, assim como as histórias públicas para todo o ambiente, mas

depois de algum tempo as pessoas voltaram a se concentrar mais em suas atividades dentro

do projeto do que em participar de discussões nas comunidades ou em postar histórias

relevantes. Essa afirmação indica que nem todos na organização viam as conversas casuais

e os períodos de reflexão e aprendizado como algo produtivo, como sugerem Davenport e

Prusak (1998).

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Com relação ao gerenciamento do conhecimento no projeto, os entrevistados

consideraram que houve um alto impacto positivo, com ganhos relevantes para os projetos

que optaram por utilizar o ambiente. Alguns entrevistados ressaltaram o fato de que hoje a

organização possui a história de todos os projetos que utilizaram o a.m.i.g.o.s, e estes

podem ser utilizados como fonte de conhecimento.

Um entrevistado optou por listar todos os impactos que ele percebeu na iniciativa.

Segundo ele, o a.m.i.g.o.s foi a iniciativa de gestão de conhecimento que obteve maior

sucesso na organização. Até a implantação do a.m.i.g.o.s, não havia forma de compartilhar

conhecimento pessoa a pessoa, a não ser através de e-mails, que não possuem histórico. A

iniciativa foi também responsável por permitir que as pessoas falassem mais sobre elas,

criando um perfil e permitindo que outros a conhecessem através desse perfil, criando

assim um diretório de pessoas mais interessante que o diretório oficial. Através desse

diretório era possível conhecer pessoas por interesse e adicionar pessoas às suas listas de

contatos, o que é fundamental para empresas que não possuem ferramentas como o

Microsoft Exchange. Ainda segundo o entrevistado, o a.m.i.g.o.s foi o primeiro local onde

discussões foram registradas e artigos foram divulgados e comentados, e tudo isto estava

disponível para todos. Através do a.m.i.g.o.s foi possível a criação de comunidades de

interesses comuns e a divulgação de eventos nessas comunidades, que estavam acessíveis a

todos.

Alguns entrevistados também utilizaram essa pergunta para falar de alguns

problemas que tiveram influência sobre o impacto da iniciativa na organização. Em termos

do software, os entrevistados se queixaram principalmente do tempo de resposta da busca

e de alguns problemas de infraestrutura, que faziam o ambiente ficar eventualmente

indisponível ou excessivamente lento. Outro problema citado foi a descontinuação do

produto em termos de evolução, marcada pela dissolução da equipe responsável pelo

produto e pela saída do idealizador do ambiente. Segundo o entrevistado, esse foi o fator

que determinou o início do processo de esvaziamento do ambiente.

Porém, ao serem questionados sobre o que faltou na iniciativa do a.m.i.g.o.s, a

maioria dos entrevistados citou problemas relacionados à cultura e à postura da

organização, com relação não só à gestão do conhecimento, mas também ao uso da

ferramenta. Segundo 70% dos entrevistados, o problema na disseminação do uso da

ferramenta era cultural e não da ferramenta propriamente dita. Metade dos entrevistados

afirmou que era necessária uma maior imposição no uso do a.m.i.g.o.s para os projetos.

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Os entrevistados citaram que, apesar de ter havido um apoio institucional para o

uso do ambiente, o apoio veio na forma de espaço para divulgação da iniciativa por parte

dos idealizadores, e não na forma de direcionamento sobre como o ambiente deveria ser

utilizado.

Um dos entrevistados ressaltou que, em sua opinião, o uso de uma rede social

organizacional não se dá da mesma forma que o uso de uma rede social pessoal. Segundo

ele, as pessoas utilizam redes sociais pessoais porque essas redes lhe trazem algum

benefício. Como no uso de uma rede social corporativa o maior beneficiado é a própria

organização, o estímulo e a cobrança do uso deveriam partir da organização, o que não

aconteceu na iniciativa. Essas afirmações estão de acordo com Altukhova (2010), ao

afirmar que normalmente os funcionários se sentem detentores do conhecimento e,

portanto, a ideia de que compartilhar este conhecimento também é de seu interesse deve

ser trabalhada pela organização junto a eles.

Outro entrevistado afirmou que um dos indícios de que não houve direcionamento,

exigência e insistência suficiente é que mesmo após cinco anos de iniciativa, não houve

aculturamento da empresa e sim de alguns grupos específicos.

O discurso dos entrevistados corrobora com as afirmações de Davenport e Prusak

(1998), de que o reconhecimento, pelos gerentes, da gestão do conhecimento como

atividade importante para o sucesso corporativo e passível de ser incentivada, é um dos

fatores críticos para o sucesso de uma iniciativa de gestão do conhecimento.

As entrevistas com os colaboradores vieram para reforçar as impressões criadas a

partir da análise das métricas. Logo após o anúncio da nova versão, diversos colaboradores

se interessaram novamente pelo ambiente, levando seus projetos para lá. Passado o efeito

da novidade, já era esperada uma diminuição no nível de atividade, mas essa diminuição foi

acelerada pela dissolução da equipe responsável pela evolução e suporte do a.m.i.g.o.s.

Como a cultura de uso do ambiente não foi difundida na organização, apenas os grupos

que assimilaram essa cultura se mantiveram usando o ambiente. Após um ano e sete meses

da dissolução da equipe, o ambiente ainda possui uso, mesmo que esporádico, e há

resistência de alguns a deixar o ambiente.

6.5. Considerações Finais

Após a realização dos três (3) ciclos de pesquisa-ação, e cinco anos de acompanhamento da

rede social, muito sobre o comportamento da organização, as falhas da iniciativa e os seus

pontos positivos puderam ser identificados.

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Diante dos resultados obtidos no 3º ciclo da pesquisa-ação, é possível afirmar que

este trabalho foi capaz de acompanhar todo o ciclo de vida de uma iniciativa de gestão do

conhecimento que utilizou um ambiente de redes sociais na Web como ferramenta.

Durante este ciclo de vida, foi possível acompanhar desde a identificação das necessidades

de gestão do conhecimento, passando pela definição dos requisitos iniciais,

desenvolvimento do ambiente, implantação do ambiente, divulgação do ambiente,

avaliação do seu uso, identificação e desenvolvimento de melhorias, nova implantação,

nova avaliação, nova identificação e desenvolvimento de melhorias, nova implantação,

novo acompanhamento e a chegada ao fim de seu ciclo de vida.

Durante este trabalho foi possível mais uma vez confirmar que a cultura

organizacional e a definição de políticas de uso continuam sendo desafios para as iniciativas

de gestão do conhecimento. Em todas as entrevistas realizadas, sejam no segundo ou no

terceiro ciclo, os colaboradores questionaram a falta de um conjunto de regras que

determinassem o uso do ambiente, conjunto este que ajudaria no aculturamento da

organização não só no uso da ferramenta, mas na gestão de conhecimento como um todo.

Um dos entrevistados chegou a afirmar que, caso houvesse uma imposição no uso do

a.m.i.g.o.s, o C.E.S.A.R hoje estaria em um nível mais profissional no que diz respeito à

gestão do seu conhecimento.

Porém, apesar da iniciativa de gestão do conhecimento ter chegado ao seu fim, e

consequentemente não ter atingido seu objetivo maior como iniciativa, que era realmente

prover uma solução de gestão do conhecimento para o C.E.S.A.R, não é possível afirmar

que ela fracassou. Segundo Davenport e Prusak (1998), sucesso e fracasso tornam-se

termos ambíguos quando aplicados à gestão do conhecimento. Algumas das descobertas

desta iniciativa são descritas a seguir.

Ainda no primeiro ciclo da pesquisa-ação foi identificado que uma iniciativa

baseada em redes sociais, que teve início antes que fenômenos como facebook e twitter

chegassem definitivamente ao Brasil, apresentou maior apelo aos colaboradores do que a

iniciativa em andamento no C.E.S.A.R. Esse apelo foi caracterizado pela migração de

atividade da iniciativa anterior para o a.m.i.g.o.s sem que a organização afirmasse que essa

era a nova iniciativa oficial.

Em seu 2º ciclo, foi possível verificar que os mecanismos disponíveis no a.m.i.g.o.s

davam suporte às atividades de um processo genérico de gestão do conhecimento. Baseado

nessas atividades, foi possível definir um conjunto de métricas que permitissem avaliar a

evolução e o uso do ambiente. Diante do mapeamento das funcionalidades do a.m.i.g.o.s

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para as atividades do processo e do conjunto de métricas definido, foi possível acompanhar

o uso da ferramenta, identificando suas virtudes e seus problemas.

Durante o 2º ciclo verificou-se uma popularização da ferramenta e difusão de seu

uso, mesmo sem a cultura organizacional e sem o conjunto de políticas necessário para a

sustentação da ferramenta como iniciativa organizacional.

Na fase final do 2º ciclo, foi iniciado mais um trabalho de mapeamento das

necessidades de gestão do conhecimento da organização, incluindo desta vez as

necessidades específicas dos projetos da instituição, que culminou no 3º ciclo da pesquisa-

ação.

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Figura 6.25: Métricas de Criação e Marcos da Pesquisa

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Documentos + Sites + Comentários Relatos + Avisos + Notícias + Comentários Tópicos + Mensagens

a.m.i.g.o.s 1.0 a.m.i.g.o.s 2.0 a.m.i.g.o.s 2.5 Beta Projetos

a.m.i.g.o.s 3.0 Equipe desfeita Saída do idealizador

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Durante esse 3º ciclo, foi possível identificar que a rede social, com a adição de

suporte a projetos, passou a atender às necessidades de gestão do conhecimento de alguns

projetos da organização, sendo capaz de criar a cultura de seu uso em grupos de pessoas

pertencentes à organização, mesmo sem a definição do conjunto de políticas e

direcionamentos organizacionais necessários a iniciativas como esta. Essas impressões

foram corroboradas a partir das entrevistas com os usuários do ambiente, realizadas ao

término do 3º ciclo.

Como era de se esperar, após a equipe responsável pelo ambiente ter sido desfeita e

a saída do idealizador, novos projetos raramente eram criados no ambiente. Com a

finalização dos projetos em andamento, iniciou-se um processo de esvaziamento do

ambiente, o que é claramente evidenciado nas métricas relacionadas ao ambiente durante o

terceiro ciclo.

Porém, o fato do ambiente ainda possuir atividade mesmo após um ano e meio da

dissolução da equipe e fim das ações de divulgação é por si só um indício de que a iniciativa

poderia ter conseguido resultados ainda melhores.

Através da análise em conjunto das métricas coletadas durante os três (3) ciclos da

iniciativa (Figura 6.25), foi possível identificar uma correlação entre os marcos do

desenvolvimento do ambiente e algumas mudanças de comportamento dos usuários. Foi

identificado que a cada lançamento de uma nova versão, o uso do ambiente crescia, porém

este crescimento não era sustentado, e os indicadores voltavam a patamares mais modestos

pouco depois. Esse comportamento foi identificado até mesmo quando a versão beta do

módulo de projetos foi disponibilizada para alguns projetos da organização.

Da mesma forma que os lançamentos de novas versões produziram efeitos

positivos no uso do ambiente, a dissolução da equipe responsável por manter e evoluir o

ambiente e a saída do idealizador do ambiente do C.E.S.A.R foram determinantes para a

rápida queda no uso do a.m.i.g.o.s.

Esses dados levantam indícios de que os colaboradores do C.E.S.A.R se

interessavam por novidades no ambiente, e utilizavam essas novidades por algum tempo –

indicando a utilidade destas novidades –, porém, devido à falta de um posicionamento mais

firme da organização quanto ao uso do ambiente, os colaboradores iam gradativamente

perdendo o interesse, ou seja, o fator “novidade” passava.

Após ter vivenciado esta iniciativa, em novembro de 2011 o C.E.S.A.R deu início a

uma nova iniciativa de gestão do conhecimento, novamente utilizando um ambiente de

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redes sociais na Web, chamado Yammer8. Essa iniciativa foi citada e comentada por 80%

dos entrevistados ao término do 3º ciclo da pesquisa-ação. O principal diferencial dessa

iniciativa, segundo os entrevistados, está no uso de interface e conceitos idênticos aos do

facebook – rede social mais utilizada no Brasil –, o que inclui o conceito de microblogging e o

fluxo contínuo de informações.

Por fim, é possível afirmar que o uso do a.m.i.g.o.s como ferramenta de gestão do

conhecimento trouxe benefícios à organização. Esses benefícios incluem a criação de

cultura em gestão do conhecimento para alguns grupos da organização, a experiência de

cinco anos de uma iniciativa de gestão do conhecimento, com seus erros e acertos, e a

crença de que, pelo menos para o C.E.S.A.R, uma iniciativa de gestão do conhecimento da

escola organizacional, baseada em um ambiente de redes sociais na Web, é mais adequada

que as demais iniciativas da escola de sistemas que já existiram na organização, pois essa

nova abordagem foi capaz de adicionar características de iniciativas orientadas a pessoas em

organizações com tendência a tentar resolver seus problemas com o uso de sistemas, como

é comum em empresas da indústria de software.

8 http://www.yammer.com

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Capítulo 7 – Conclusão

Neste trabalho foi investigado como desenvolver uma iniciativa de gestão do

conhecimento que atendesse as necessidades e fosse adequada a cultura do C.E.S.A.R, um

instituto privado de inovação, integrante do Porto Digital, que cria produtos, processos,

serviços e empresas, usando Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Nesse

cenário, o conceito de ambientes de redes sociais para a gestão do conhecimento surgiu

como uma abordagem coerente com a escola organizacional, que se difere das abordagens

tradicionais e se aproxima do estilo de gestão do conhecimento dinâmico, podendo trazer

novos resultados para as empresas.

Antes de iniciar este trabalho, o C.E.S.A.R estava vivenciando uma iniciativa de

gestão do conhecimento que, por diversos fatores, não vinha apresentando os resultados

esperados. Como essa iniciativa era totalmente orientada a sistemas – fazia parte da escola

de sistemas, proposta por Earl (2001) –, este trabalho optou por também utilizar uma

ferramenta, porém com a adição de algumas características de iniciativas orientadas a

pessoas, fazendo uso da escola organizacional, como sugerido por (BJØRNSON;

DINGSØYR, 2008).

Devido à necessidade de realizar a pesquisa em um ambiente real, optou-se pela

metodologia de pesquisa-ação, uma vez que essa se caracteriza pela realização de ações

sucessivas que buscam solucionar ou amenizar um problema específico em um ambiente

real. Nesse contexto, este trabalhou realizou uma pesquisa-ação durante cinco anos, e

composta por três ciclos de pesquisa-ação.

Inicialmente foram identificadas as necessidades de gestão do conhecimento da

organização, derivadas em uma primeira versão dos requisitos do ambiente de redes sociais.

Esses requisitos foram implementados e o ambiente foi implantado na organização, tendo

seu uso monitorado entre outubro de 2006 e junho de 2008, caracterizando o 1º ciclo da

pesquisa-ação.

Durante esse 1º ciclo, foi constatado que a iniciativa baseada em redes sociais na

Web havia suplantado a iniciativa anterior, e que a pesquisa-ação deveria prosseguir

buscando o entendimento de como esse ambiente de redes sociais poderia ser utilizado

para apoiar todo um processo de gestão do conhecimento. Nesse momento, foi realizado

um mapeamento de um processo genérico de gestão do conhecimento para as

funcionalidades então existentes no ambiente. Para auxiliar o monitoramento e a avaliação

do andamento da iniciativa, um conjunto de métricas foi definido, abordando todas as fases

do processo genérico utilizado.

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Após mais de um ano desde o início do 2º ciclo da pesquisa-ação, foi possível

identificar quais funcionalidades do ambiente se mostravam menos utilizadas e, com o

auxílio dos colaboradores da organização, foi possível determinar que ações deveriam ser

realizadas para conseguir maior efetividade na gestão do conhecimento organizacional.

Foram então definidos novos requisitos e novos conceitos para o ambiente, que

demandaram, por sua vez, mudanças na arquitetura da aplicação. Após sete meses de

desenvolvimento, uma nova versão do ambiente foi disponibilizada e sua efetividade

continuou a ser monitorada, dando início ao 3º ciclo da pesquisa-ação.

Por fim, após cinco anos de pesquisa-ação e alguns contratempos enfrentados pela

iniciativa, como a dissolução da equipe responsável por evoluir e dar suporte na ferramenta

e a saída da organização do principal idealizador e divulgador do ambiente, o ciclo de vida

da iniciativa se aproxima do final, permitindo a realização de uma avaliação de toda a

iniciativa, identificando os pontos positivos, os pontos negativos e destacando o

aprendizado do período.

Foi identificado que a adaptação da ferramenta à realidade da organização pode

auxiliar na disseminação de seu uso, como foi o caso do a.m.i.g.o.s para o C.E.S.A.R, que

conseguiu se tornar a iniciativa de gestão do conhecimento com maior impacto positivo na

história da organização. Uma vez que o C.E.S.A.R é um instituto de inovação com pouco

mais de 15 anos de existência, o fato da iniciativa ter sido utilizada por mais de cinco anos

indica sua relevância na história recente da organização.

Cientes de que os projetos no CESAR representam uma célula produtiva isolada

das demais células, onde os membros só trocam informações entre eles, identificou-se que

a forma de transformar o conhecimento construído no contexto de um projeto em um

conhecimento organizacional é capturá-lo em seu contexto e depois expor para a

organização. Porém, a maior parte dos projetos do CESAR possui algum tipo de sigilo com

relação a suas ações ou ao conhecimento produzido em seu contexto, o que cria

dificuldades adicionais para a gestão do conhecimento organizacional.

Devido a seu impacto positivo na gestão do conhecimento de alguns projetos

específicos, chegando ao ponto em que alguns entrevistados afirmaram ser o ambiente

indispensável para seus projetos, é possível afirmar que a iniciativa atingiu o segundo grau

de sucesso estabelecido por Davenport e Prusak (1998), que envolve a melhoria

operacional limitada. Ao analisar as ações dessa iniciativa frente aos principais fatores de

sucesso identificados por Davenport e Prusak (1998), citados na Seção 2.3.1, pode-se

verificar que houve ações sobre cada um dos três principais fatores de sucesso, porém, caso

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a iniciativa tivesse obtido maiores avanços quanto ao estabelecimento da cultura orientada

para o conhecimento e quanto ao apoio da alta gerência, outros resultados, possivelmente

ainda melhores, poderiam ter sido obtidos.

Este trabalho volta a reforçar o que a academia afirma sobre fatores de sucesso para

uma iniciativa de gestão do conhecimento. Como Davenport e Prusak (1998) já haviam

afirmado, a tecnologia isoladamente não fará com que a pessoa detentora do conhecimento

o compartilhe com as outras, nem fará o funcionário desinteressado buscar conhecimento.

A qualidade da ferramenta e a sua adequação a organização são responsáveis apenas por

parte do sucesso, mas sem apoio institucional na forma de direcionamento de seu uso,

definição de políticas e procedimentos de uso, cobrança no uso da ferramenta por seus

funcionários e mudança na cultura organizacional, iniciativas de gestão do conhecimento

não atingirão seus objetivos de forma plena.

7.1. Contribuições

Este trabalho apresenta uma pesquisa-ação de cinco anos de uma iniciativa de gestão do

conhecimento organizacional que utiliza um ambiente de redes sociais na Web como

ferramenta e, por se tratar de uma pesquisa-ação, ela favoreceu o realismo dos resultados

em detrimento de sua generalização.

Devido a sua duração e a amplitude dos aspectos investigados, essa pesquisa-ação

pode ser considerada de extremo valor, não apenas para pesquisadores, mas para toda a

indústria com interesses na gestão do conhecimento. Através deste trabalho, pesquisadores

e desenvolvedores terão acesso aos dados, análises e reflexões produzidos durante os cinco

anos de pesquisa. Pesquisadores e desenvolvedores poderão avaliar a aplicabilidade das

abordagens e procedimentos desenvolvidos neste trabalho em seus contextos.

Este trabalho poderá ainda ser utilizado pelas organizações no momento de escolha

de seu estilo, de sua escola, definição da estratégia, mapeamento e definição do processo de

gestão do conhecimento, estabelecimento das métricas associadas ao processo, escolha da

ferramenta e definição de parâmetros de sucesso. Como este trabalho contempla todo o

ciclo de vida de uma iniciativa de gestão do conhecimento, as premissas e decisões

adotadas por este trabalho podem ser avaliadas no tempo e, independente das reflexões e

conclusões expostas pelo autor, os leitores também estarão aptos a chegar a suas próprias

conclusões.

Como resultado desta avaliação, é possível destacar um conjunto de atividades

genéricas que podem ser utilizadas como um guia para o desenvolvimento de iniciativas de

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gestão do conhecimento. Essas atividades podem ser interpretadas como um

macroprocesso que poderá ser utilizado por organizações ou pesquisadores interessados no

desenvolvimento de sua própria iniciativa de gestão do conhecimento. Esse macroprocesso

consiste nas quatro atividades apresentadas a seguir:

• Entendimento do cenário: Nessa atividade é necessário entender em detalhes a

realidade da organização onde a iniciativa de gestão do conhecimento será

implantada. Nesse momento é necessário mais do que apenas observar a

organização, é preciso que um pesquisador seja inserido na realidade da

organização, de forma que ele seja capaz de capturar suas principais

deficiências, suas necessidades e os elementos da cultura organizacional que se

apresentam como desafios à implantação de uma iniciativa desse tipo. No caso

deste trabalho, essa atividade foi realizada implicitamente pelo pesquisador, pois

este já se encontrava inserido no ambiente organizacional há mais de dez (10)

anos, e, consequentemente, já possuía o conhecimento de como a organização

funcionava, suas particularidades e sua cultura organizacional;

• Definição dos objetivos: Uma vez entendido o cenário no qual a iniciativa de

gestão do conhecimento será implantada, é necessário definir um conjunto de

objetivos a serem atingidos através da implantação da iniciativa. Esses objetivos

deverão ser utilizados tanto para obter o patrocínio para o projeto de

implantação da iniciativa, como para a definição dos mecanismos de avaliação

desta. Neste trabalho, o principal objetivo da iniciativa foi evoluir a gestão do

conhecimento organizacional – já existente devido a iniciativas anteriores – de

forma que seu impacto pudesse ser sentido por toda a organização. Para isso,

um conjunto de métricas foi definido, permitindo avaliar os resultados da nova

iniciativa e compará-los a iniciativa anterior, bem como identificar aspectos da

iniciativa que demandam uma avaliação mais detalhada.

• Seleção da estratégia: Com o objetivo e os mecanismos de avaliação da iniciativa

já definidos, o próximo passo é a seleção da estratégia para a iniciativa de gestão

do conhecimento. Essa estratégia deve incluir a abordagem mais adequada ao

contexto vivenciado pela organização. Um possível ponto de partida para essa

atividade é a seleção da(s) escola(s) de gestão do conhecimento a ser(em)

utilizada(s), de acordo com a taxonomia de Michael Earl (2001). Essa seleção

deve levar em consideração tanto os objetivos a serem atingidos com a

iniciativa, quanto a cultura organizacional e o cenário onde a iniciativa será

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inserida. Neste trabalho, foi observado que a organização possuía uma

tendência à informalidade, com uma forte valorização das pessoas em

detrimento dos processos organizacionais. Esse contexto foi determinante para

a busca de abordagens da escola organizacional, mais especificamente a

utilização de um ambiente de redes sociais na Web. Outra característica

determinante foi a inserção da organização na indústria de software, o que

direcionou que caminho dentro da escola organizacional deveria ser seguido,

culminando na adoção de uma estratégia que fazia uso de um ambiente de redes

sociais. Independente da estratégia a ser utilizada, é importante a definição de

ciclos de avaliação do andamento da iniciativa, com a definição dos objetivos a

serem atingidos a cada ciclo. A adoção de ciclos direciona os pesquisadores à

constante avaliação da iniciativa, permitindo que ajustes sejam realizados a

tempo de manter a iniciativa atrativa à organização.

• Implantação e acompanhamento: Por fim, deve-se prosseguir com a

implantação da iniciativa propriamente dita, seguindo as diretrizes e os ciclos de

avaliação definidos durante a seleção da estratégia. Essa implantação deve estar

sempre alinhada com os objetivos definidos, mas deve-se ter a liberdade de

modificar a estratégia a cada novo ciclo de avaliação. É importante ressaltar que

a implantação não deve se ater apenas à avaliação do conjunto de métricas

definido, mas sim utilizar estas métricas como indicadores de como se encontra

a iniciativa de gestão do conhecimento e realizar uma investigação mais

detalhada sempre que algum deles indicar possíveis problemas. Dessa forma,

um dos possíveis resultados de cada um dos ciclos, além da própria modificação

da estratégia, é a revisão das métricas a serem avaliadas.

Outra grande contribuição deste trabalho é o ambiente a.m.i.g.o.s. Neste trabalho a

ferramenta foi concebida, teve seus requisitos definidos, foi desenvolvida e implantada,

teve seus requisitos revisados, sofreu o processo de reengenharia e hoje se encontra

disponível como um ambiente de redes sociais na Web, pronto para ser utilizado como

ferramenta de gerenciamento do conhecimento organizacional. O trabalho apresentou

detalhes de como os requisitos foram obrigados a evoluir para atender às necessidades

específicas da comunidade na qual ele estava inserido, e superar os principais desafios que

este tipo de ambiente pode enfrentar ao ser utilizado para gestão do conhecimento, como a

necessidade de possuir conceitos bem-definidos e não ambíguos, a necessidade de apoiar as

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atividades diárias das pessoas e a necessidade de ser de fácil uso, eliminando algumas das

barreiras pessoais para a gestão do conhecimento.

Os principais detalhes técnicos e conceituais do ambiente estão disponíveis,

incluindo as entidades que o compõem e algumas decisões arquiteturais necessárias durante

o seu desenvolvimento. O ambiente a.m.i.g.o.s está disponível para uso em sua versão Oro-

aro9, provida e mantida pelo C.E.S.A.R. Essa versão gratuita conta atualmente com mais de

4.000 usuários e vem sendo utilizado por instituições de ensino de todo o Brasil, além de

alguns projetos do próprio C.E.S.A.R que necessitam de um ambiente que não seja restrito

apenas a seus colaboradores. Adicionalmente, o código fonte da ferramenta está disponível

em repositório aberto mantido pelo C.E.S.A.R10 e poderá ser obtido mediante solicitação.

Esse repositório inclui todos os releases do ambiente, não se limitando apenas as duas

versões principais citadas neste trabalho, mas todas as versões intermediárias que foram

produzidas.

Em conjunto com a própria pesquisa-ação e o ambiente de redes sociais

desenvolvido, este trabalho definiu um mapeamento das atividades realizadas pelos

usuários dentro do a.m.i.g.o.s para um processo genérico de gestão do conhecimento. Para

a elaboração desse processo genérico, foi necessário analisar alguns dos principais

processos de gestão do conhecimento existentes na academia, para só então definir as

atividades que fazem parte do processo e associá-las às funcionalidades presentes no

ambiente. Complementando este mapeamento, foi definido um conjunto de métricas que

permite uma avaliação do andamento da iniciativa de gestão do conhecimento. Como essas

métricas foram avaliadas durante os cinco anos da pesquisa-ação, as avaliações, com suas

interpretações e reflexões, podem ser utilizadas como referência para que outras iniciativas

definam seu próprio conjunto de métricas, ou utilizem o mesmo conjunto de métricas e

façam uso desta pesquisa como benchmark.

Como contribuição, é esperado ainda que a pesquisa com as preferências dos

membros da indústria de software quando necessitam de conhecimento possa ser utilizada

como base para comparação com outras indústrias, e também como fundamentação para

início de iniciativas de gestão do conhecimento como esta. É possível até mesmo utilizar

esta pesquisa como referência para a realização de outras pesquisas com maior amplitude,

ou que venham a complementá-la. Esse tipo de pesquisa ajuda a definir quais as

necessidades típicas de gestão do conhecimento na indústria de software, que tendem a ser

9 http://www.oro-aro.com

10 https://opensource.cesar.org.br/projects/amigos/

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diferentes das indústrias de manufatura, como os setores automobilístico e fabril,

comumente retratados pelas pesquisas de gestão do conhecimento.

7.2. Trabalhos Futuros

Uma possível continuação deste trabalho seria a realização de uma pesquisa-ação, similar à

realizada sobre o a.m.i.g.o.s, na nova iniciativa de gestão do conhecimento iniciada pelo

C.E.S.A.R. Uma vez que a nova solução de redes sociais utilizada pela organização é

mantida por uma empresa externa, e que essa solução se caracteriza por ser uma plataforma

extensível, permitindo a integração com outras ferramentas e construção de plug-ins, é

possível extrair componentes do a.m.i.g.o.s e adicioná-los à plataforma, eliminando assim o

problema de suporte ao ambiente e reduzindo os custos operacionais do C.E.S.A.R, sem

que fosse necessário retroceder em termos de funcionalidades disponíveis no ambiente.

Essa nova pesquisa-ação seria particularmente interessante se a nova iniciativa

seguisse as recomendações e reflexões deste trabalho, que incluem fortemente uma

intervenção da própria organização no direcionamento e cobrança no uso do ambiente,

bem como a definição clara dos objetivos da organização para a gestão do conhecimento.

Ainda como continuação deste trabalho, sugere-se a realização de uma análise sobre

como o domínio no qual a organização está inserida influenciou os resultados da iniciativa.

Através dessa análise, deveria ser possível identificar se a forma de execução dos projetos

na instituição escolhida foi um fator determinante para os resultados obtidos, ou se

resultados semelhantes também seriam obtidos em organizações inseridas em outros

domínios, e cuja execução dos projetos seja realizada através de uma abordagem mais

orientada a processos.

Apesar do ambiente desenvolvido já possuir um mecanismo simples de reputação

no nível de atividade do usuário, não foi possível realizar uma análise aprofundada de como

esse mecanismo influenciou a iniciativa de gestão do conhecimento. A análise dessa

influência, bem como o desenvolvimento de novos mecanismos de reputação adequados a

ambientes de redes sociais para gestão do conhecimento, são trabalhos que

complementariam os resultados já obtidos através desta pesquisa-ação.

Outra evolução a ser realizada a partir deste trabalho é a integração de mecanismos

de fidelização para comunidades de prática, como o proposto por Gouvêa (2005), ao

ambiente de redes sociais. É importante verificar se a existência desse tipo de mecanismo

seria capaz de amenizar a variação nos indicadores de uso do ambiente de redes sociais,

bem como identificar quanto isso impactaria a variação nos indicadores em questão.

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Um possível trabalho futuro é a investigação e desenvolvimento de mecanismos

que tornem possível a identificação de especialistas em uma organização a partir do uso de

uma ferramenta de redes sociais utilizada para realização de gestão do conhecimento. Essa

identificação de talentos em uma organização é de fundamental importância para que as

habilidades pertinentes a cada colaborador possam ser exploradas com eficiência. Uma vez

desenvolvido, esse mecanismo poderia ser utilizado como entrada do processo de alocação

de recursos humanos projetos. Durante essa investigação, seria interessante avaliar se, e

como, esse mecanismo de identificação de especialistas poderia fazer uso de mecanismos

de reputação.

Devido à livre descrição ser uma das características de folksonomias, conceitos que

possuem o mesmo valor semântico podem estar representados sob duas formas distintas,

ora por erro de digitação, ora por estarem escritos de formas diferentes. Problemas como

esses comprometem diretamente o enriquecimento da folksonomia e, portanto, tornam

processos de identificação de especialistas menos eficazes, pois gerariam especialistas

distintos para o mesmo conceito semântico. Para solucionar o problema em questão,

sugere-se o desenvolvimento de um mecanismo de sugestões de conceitos (tags) para os

usuários, sempre que esses usuários estiverem descrevendo os itens da folksonomia. Essa

sugestão pode se basear em um dicionário de sinônimos a ser inferido pelo ambiente a

partir da co-ocorrência de tags e validado por usuários responsáveis por manter tal

dicionário.

Outro trabalho relevante diz respeito às redes informais dentro das organizações.

Assim como em qualquer ambiente colaborativo, existe um desconhecimento sobre o fluxo

real da informação pela organização. Como, em geral, os membros das redes sociais

costumam confiar apenas em membros conhecidos, informações depositadas por outros

colaboradores poderiam sofrer uma tendência a serem ignoradas pelo simples fato de não

existir uma conexão direta entre o interessado e o autor. Nesse contexto, propõe-se

analisar, implementar e avaliar algoritmos para inferência de confiança entre membros de

uma rede social corporativa, propondo um mecanismo para identificação das redes

informais de confiança existentes em redes sociais corporativas, permitindo que a

organização conheça suas redes informais e tenha subsídios para atuar sobre elas, aplicando

análise de redes sociais para esse fim.

Ainda durante este trabalho, foi identificada a necessidade do desenvolvimento e

avaliação de outros mecanismos de recomendação, uma vez que os inseridos no ambiente

não obtiveram os resultados esperados. A adição de outras abordagens, como, por

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exemplo, a filtragem colaborativa, deve ser avaliada, e seus resultados analisados. De forma

análoga, o mecanismo de recomendação de usuários deve ser evoluído, com a adição de

outras abordagens já utilizadas em mecanismos de combinação social, também conhecidos

como mecanismos de recomendação de pares.

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