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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa N”1020 20 MAIO 1999 100$ - 0,5 SOCIALISTA ~ Quem disse ? Política Governo 7 A 21 DE MAIO PA˙OS DO CONCELHO DA GUARDA PS reage a acto intolerÆvel Insultos de Jardim a Soares na PGR Poucas horas depois de Alberto Joªo Jardim ter insultado de forma indigna o cabeça-de-lista socialis- ta às eleiçıes europeias, MÆrio So- ares, a Comissªo Permanente do PS reuniu-se ao longo da noite de terça-feira e decidiu participar um comunicado assinado pelo presi- dente do Governo Regional da Ma- deira à Procuradoria-Geral da Re- pœblica (PGR). Nesse comunicado, na qualidade de presidente do Governo Regio- nal da Madeira, Alberto Joªo Jar- dim comete um acto institucional da maior gravidade, lançando um ataque soez contra o ex-Presiden- te da Repœblica. Por isso, em con- ferŒncia de Imprensa realizada na madrugada de quarta-feira, na sede nacional, o porta-voz do PS revelou que o PS irÆ pedir uma au- diŒncia com carÆcter de urgŒncia ao chefe de Estado, Jorge Sampaio, visando apresentar quei- xa de mais esta situaçªo de abu- so intolerÆvel de poder por parte de Alberto Joªo Jardim. «Trata-se de um insulto de um membro do Conselho de Estado a outro mem- bro do Conselho de Estado», ex- plicou o camarada António Vitorino. Na mesma conferŒncia de Impren- sa, o porta-voz socialista desafiou o presidente do PSD, Durªo Bar- roso, a demarcar-se deste estilo de comportamento por parte do pre- sidente do Governo Regional da Madeira. «O PS repudia esta ofensa que Alberto Joªo Jardim fez ao povo portuguŒs em geral e em particu- lar ao povo da Madeira, próprio de quem estÆ habituado a abusar do poder. Desta vez Alberto Joªo Jar- dim foi longe de mais e merece ine- quívoca censura»?, adiantou o por- ta-voz do PS. A Comissªo Permanente do PS tambØm decidiu apresentar uma posiçªo de «inequívoca» solidarie- dade em relaçªo a MÆrio Soares. De resto, como salientou António Vitorino, a forma como Alberto Joªo Jardim reagiu à crítica de que exis- te dØfice democrÆtico na Madeira prova que essa situaçªo, de facto, existe. «Autoridade, autoridade Ø muito bonita, pensa muito boa parte do PSD e pensa ele. Ele Durªo, o duro, entende que dura se explorar a arrogância verbal e os formalismos pomposos» Martinho de Castro «Assim Jornal de Crítica», Maio A Comissªo Permanente do PS esteve reunida terça-feira, tendo analisado as mais recentes afirmaçıes do ex-primeiro-ministro Cavaco Silva sobre a forma como o PS tem conduzido os destinos do País. Na resposta, o porta-voz socialista, António Vitorino, acusou Cavaco de se assumir como um agente da campanha eleitoral europeia do PSD, regressando à luta partidÆria com ressentimento e com posiçıes absurdas e demagógicas sobre os recentes bons resultados alcançados por Portugal nas negociaçıes da Agenda 2000. A Comissªo Permanente do PS esteve reunida terça-feira, tendo analisado as mais recentes afirmaçıes do ex-primeiro-ministro Cavaco Silva sobre a forma como o PS tem conduzido os destinos do País. Na resposta, o porta-voz socialista, António Vitorino, acusou Cavaco de se assumir como um agente da campanha eleitoral europeia do PSD, regressando à luta partidÆria com ressentimento e com posiçıes absurdas e demagógicas sobre os recentes bons resultados alcançados por Portugal nas negociaçıes da Agenda 2000. Governo explica novo conceito Cimeira de Washington reforça pilar europeu da NATO Administraçªo AutÆrquica Novo quadro de competŒncias O Conselho de Ministros aprovou, no dia 12, em Lisboa, uma proposta de lei que estabelece o quadro de competŒncias e o regime jurídico de funcionamento dos órgªos dos municípios e das freguesias. Foram contemplados neste diploma vÆrios aspectos, correspondendo quer a preten- sıes da administraçªo local quer a exigŒncias de ordem prÆtica. A declaraçªo de Washington e o novo conceito estratØgi- co da Aliança Atlântica reconhecem claramente a importância do pilar europeu na defesa e segurança dentro da NATO. Esta posiçªo foi levada à Assembleia da Repœblica pelos ministros dos Negóci- os Estrangeiros e da Defesa, Jaime Gama e Veiga Simªo, respectivamente.

PS reage a acto intolerÆvel · Antes de partir para a Cidade-Luz e refe-rindo-se à sua grande amizade com Mitterrand, o camarada MÆrio Soares afir- ... registam-se na industria

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20 MAIO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA1

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected]

Director Fernando de Sousa

Nº1020 20 MAIO 1999 100$ - 0,5

SOCIALISTA

~Quem disse ?

Política Governo

7 A

21

DE

MA

IOP

OS

DO

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AR

DA

PS reage a actointolerável

Insultosde Jardima Soares na PGRPoucas horas depois de AlbertoJoão Jardim ter insultado de formaindigna o cabeça-de-lista socialis-ta às eleições europeias, Mário So-ares, a Comissão Permanente doPS reuniu-se ao longo da noite deterça-feira e decidiu participar umcomunicado assinado pelo presi-dente do Governo Regional da Ma-deira à Procuradoria-Geral da Re-pública (PGR).Nesse comunicado, na qualidadede presidente do Governo Regio-nal da Madeira, Alberto João Jar-dim comete um acto institucionalda maior gravidade, lançando umataque soez contra o ex-Presiden-te da República. Por isso, em con-ferência de Imprensa realizada namadrugada de quarta-feira, nasede nacional, o porta-voz do PSrevelou que o PS irá pedir uma au-diência com carácter de urgênciaao chefe de Estado, JorgeSampaio, visando apresentar quei-xa de mais esta situação de abu-so intolerável de poder por partede Alberto João Jardim. «Trata-sede um insulto de um membro doConselho de Estado a outro mem-bro do Conselho de Estado», ex-plicou o camarada António Vitorino.Na mesma conferência de Impren-sa, o porta-voz socialista desafiouo presidente do PSD, Durão Bar-roso, a demarcar-se deste estilo decomportamento por parte do pre-sidente do Governo Regional daMadeira.«O PS repudia esta ofensa queAlberto João Jardim fez ao povoportuguês em geral e em particu-lar ao povo da Madeira, próprio dequem está habituado a abusar dopoder. Desta vez Alberto João Jar-dim foi longe de mais e merece ine-quívoca censura»?, adiantou o por-ta-voz do PS.A Comissão Permanente do PStambém decidiu apresentar umaposição de «inequívoca» solidarie-dade em relação a Mário Soares.De resto, como salientou AntónioVitorino, a forma como Alberto JoãoJardim reagiu à crítica de que exis-te défice democrático na Madeiraprova que essa situação, de facto,existe.

«Autoridade, autoridade émuito bonita, pensa muitoboa parte do PSD e pensaele. Ele Durão, o duro,entende que dura seexplorar a arrogânciaverbal e os formalismospomposos»

Martinho de Castro«Assim � Jornal de Crítica», Maio

A Comissão Permanente do PSesteve reunida terça-feira, tendoanalisado as mais recentesafirmações do ex-primeiro-ministroCavaco Silva sobre a forma como oPS tem conduzido os destinos doPaís. Na resposta, o porta-vozsocialista, António Vitorino, acusouCavaco de se assumir como umagente da campanha eleitoraleuropeia do PSD, regressando àluta partidária com ressentimento ecom posições absurdas edemagógicas sobre os recentesbons resultados alcançados porPortugal nas negociações daAgenda 2000.

A Comissão Permanente do PSesteve reunida terça-feira, tendoanalisado as mais recentesafirmações do ex-primeiro-ministroCavaco Silva sobre a forma como oPS tem conduzido os destinos doPaís. Na resposta, o porta-vozsocialista, António Vitorino, acusouCavaco de se assumir como umagente da campanha eleitoraleuropeia do PSD, regressando àluta partidária com ressentimento ecom posições absurdas edemagógicas sobre os recentesbons resultados alcançados porPortugal nas negociações daAgenda 2000.

Governo explica novo conceitoCimeira de Washington reforça

pilar europeu da NATO

Administração AutárquicaNovo quadro

de competênciasO Conselho de Ministrosaprovou, no dia 12, em Lisboa,uma proposta de lei queestabelece o quadro decompetências e o regimejurídico de funcionamento dosórgãos dos municípios e dasfreguesias.Foram contemplados nestediploma vários aspectos,correspondendo quer a preten-sões da administração local quera exigências de ordem prática.

A declaração de Washingtone o novo conceito estratégi-co da Aliança Atlânticareconhecem claramente aimportância do pilar europeuna defesa e segurançadentro da NATO. Estaposição foi levada àAssembleia da Repúblicapelos ministros dos Negóci-os Estrangeiros e da Defesa,Jaime Gama e Veiga Simão,respectivamente.

ACÇÃO SOCIALISTA 2 20 MAIO 1999

A SEMANA

EDITORIAL A DIRECÇÃO

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1981

SEMANA

Só dez universidades privadas têm qualidade

Durante o consulado laranja as universidadesprivadas cresceram como cogumelos semqualquer tipo de fiscalização por parte do Es-tado, que também no sector do ensino se foidemitindo das suas responsabilidades.Para os sucessivos governos de Cavaco Silvao betão era mais importante que o ensino,nomeadamente o superior. O mercado queresolvesse, era então a palavra de ordem.

Agora, o Governo do PS quer pôr alguma or-dem neste sector. Num balanço feito pela Ins-pecção-Geral de Educação sobre o triénio de1994 a 1997, num Relatório de Evolução, cons-tata-se que em 106 instituições de ensino su-perior privado, apenas dez universidades são«consideradas boas».Segundo o relatório, há 15 «não aceitáveis»,49 que suscitam «reservas» e 32 «aceitáveis».

Justiça e SolidariedadeAssegurados alimentos para menores

O diploma dos ministérios da Justiça e do Tra-balho e Solidariedade que «regula a garantiade alimentos devidos a menores prevista nalei» foi publicado na passada quinta-feira, dia13, no «Diário da República».Ao abrigo de um decreto-lei, é criado o Fundode Garantia dos Alimentos Devidos a Meno-res, gerido em conta especial pelo Instituto deGestão Financeira e Segurança Social.Ao Instituto cabe assegurar o pagamento dasprestações de alimentos em caso deincumprimento da obrigação pelo respectivodevedor, através dos centros regionais de se-gurança social da área de residência do ali-mentado, após ordem do tribunal competen-te e subsequente comunicação da entidade

gestora.«Através da articulação de diversas entidadesintervenientes, em colaboração com o tribu-nal, visa-se assegurar a plena eficácia e rapi-dez do procedimento ora criado», refere o pre-âmbulo do diploma.Tendo como pano de fundo a lei 95/98, de 19de Novembro, o decreto-lei estipula os pres-supostos e requisitos de atribuição das pres-tações de alimentos, garantias e formas dereembolso, bem como aspectos ligados à res-ponsabilidade civil do representante legal ouà pessoa a cuja guarda o menor se encontre.O diploma entrou em vigor no dia imediatoao da sua publicação, ou seja, na sexta-feiradia 14.

Cooperação espacialQuadros portugueses treinados na NASA

Portugal está interessado na possibilidade detreinar quadros portugueses através da suacolocação temporária nas instalações daagência espacial norte-americana. A informa-ção foi revelada pelo ministro da Ciência e daTecnologia, Mariano Gago, no dia 13, em Wa-shington, na presença do director da NASA.O ministro português e o responsável da agên-cia espacial norte-americana, Daniel Goldin,estiveram reunidos na capital dos EstadosUnidos, na passada quinta-feira, tendo ambosfocado o bom relacionamento existente entrea NASA e Portugal e o desejo mútuo de pros-seguir esta cooperação através de várias ac-tividades espaciais na área civil.Ambas as partes, o director agência e o mi-nistro português, publicaram uma declaraçãoconjunta após a reunião que mantiveram, ten-do manifestado o interesse em dinamizar acooperação bilateral na área civil espacial.Assim sendo, decidiram a realização em Por-

tugal de um encontro destinado a identificaras áreas de investigação ou relacionadasenquadráveis no fortalecimento da coopera-ção que se perspectiva.Segundo a declaração conjunta publicada emWashington, as áreas em causa poderão seras das tecnologias da informação, observa-ção da Terra, alterações climáticas, oceano-grafia, ciência espacial, astronomia e raioscósmicos, entre outras.Goldin referiu que Portugal foi bem sucedidonas experiências relacionadas com o MagneticSpectrometer Experiment (AMS) realizadas abordo do missão STS-91 do vaivém, em Maiode 1998, durante a qual a NASA participou nascomemorações dos 500 anos da descobertado caminho marítimo para a Índia pelo nave-gador Vasco da Gama.O vaivém transportou a bordo uma bandeiraportuguesa e um mapa mostrando a rota se-guida por Gama.

L'IMPORTANTC'EST LA ROSE

A tomada de posse em Paris de FrançoisMitterrand como presidente da França,numa cerimónia para a qual o camaradaMário Soares havia sido convidado pes-soalmente pelo novo inquilino do Eliseu,era notícia, obviamente, na edição de 21de Maio de 1981 do «Acção Socialista».Antes de partir para a Cidade-Luz e refe-rindo-se à sua grande amizade comMitterrand, o camarada Mário Soares afir-mava: «Somos velhos camaradas queacreditam no futuro do socialismo demo-crático na Europa e no mundo.»O «AS» dava ainda destaque a uma inter-venção do deputado socialista AntónioArnaut na AR numa interpelação ao Go-verno AD sobre saúde.«A direita já não precisa � ou julga nãoprecisar � de se esconder por detrás dobiombo das conveniências, arremetendofuriosamente contra a Constituição e con-tra o Serviço Nacional de Saúde», afirma-va o camarada Arnaut. J. C. C. B.

21 de Maio

Quem disse?

«Temos que ser um partido claramentede esquerda, disputando ao PCP as ini-ciativas nas lutas laborais, na participa-ção dos trabalhadores nas decisõesempresariais e dos sectores económicosna redução do horário de trabalho, nadefesa do direito à greve e no direito àterra para aqueles que a trabalham.»Marcelo Curto

Melhorar condições no trabalhoCampanha para industria têxtil em marcha

Até Junho de 2000 estará em marcha umacampanha que visa a melhoria nas condiçõesde segurança no trabalho na indústria têxtil edo vestuário.O anúncio foi feito, no dia 18, em Famalicão,pelo ministro da Economia, Pina Moura, e osecretário de Estado da Segurança Social eRelações Laborais, Ribei ro Mendes,aquando do lançamento da referida campa-nha, para a qual foi afectada uma verba de400 mil contos (cerca de dois milhões deeuros).A iniciativa é organizada pelo Instituto de De-

senvolvimento e Inspecção das Condições deTrabalho.Anualmente, registam-se na industria têxtil edo vestuário cerca de dez mil acidentes detrabalho, dois dos quais mortais, e «um nú-mero incalculável de doenças profissionais».O ruído produzido pelos teares, as poeiraslibertadas nas fiações, o contacto com pro-dutos químicos nas tinturarias e a monotoniadas tarefas repetitivas na confecção de ves-tuário são as situações de maior risco deacidente de trabalho ou doença profissionalno sector em questão.

Um líder sustentadoDurão Barroso, o mais recente presidente (nomeado) do PSD, é cada vez mais um líderde fachada. Se os portugueses esperavam que com esta nova direcção o PSD tomariatino, isto é, ultrapassaria as frequentes tricas internas e passaria a fazer uma oposiçãoconstrutiva, com propostas concretas e coerentes, desenganem-se.O PSD regrediu, voltou ao passado, voltou aos piores tempos do senhor que nunca seengana e que raramente tinha dúvidas. O PSD voltou, embora mascarado, a ser gover-nado e manipulado por Cavaco Silva. A figura tutelar da longa noite cavaquista voltou aaparecer em público, retomou as intervenções políticas e voltou à actividade partidária,da qual se tinha afastado voluntariamente a seguir às derrotas eleitorais de 1995 e 1996.Cavaco voltou ressentido, com o seu pessimismo habitual e com a mesma arrogânciacom que governou o País durante duas maiorias absolutas. Senhor da verdade absolu-ta, incapaz de reconhecer os méritos ou o esforço do trabalho dos outros, Cavaco con-tinua igual a si próprio e, pior que isso, está a arrastar consigo de novo o Partido quevotou ao abandono quando chegaram as derrotas.Sem norte, sem rumo e, sobretudo, sem programa, este PSD ambiciona a todo o custoa conquista do poder, mesmo que para isso tenha que se socorrer do velho timoneiro.Comprometidos com este processo estão os guardiães de uma sociedade cada vezmais fechada, egoísta, sectária e anti-solidária. Gente que ainda não percebeu que aterra é redonda e que o «mundo pula e avança», gente que vive agarrada ao passado,presa a um saudosismo que não regressa.Durão Barroso, o anedotório líder, que antes de o ser já o era, encontra-se completa-mente prisioneiro do seu alter-ego Cavaco Silva. É ele quem marca o ritmo das críticasdo PSD ao Governo e ao Partido Socialista, é ele que se torna o centro das atenções nascomemorações dos 25 anos do PSD e é, ainda ele que continua a ser visto como opresidente.Durão Barroso não consegue, nem conseguirá tão cedo ultrapassar este facto, sobretu-do por uma simples razão: Durão nunca ganhou nada no PSD, nem sequer a presidên-cia de que hoje desfruta � ela foi-lhe oferecida de bandeja. Esta é a sua grande diferençarelativamente a Cavaco Silva. Cavaco gosta de afirmar que subiu na vida a pulso (Salazartambém), Durão foi empurrado, levado ao colo, por isso, precisa ainda de se afirmar ede ver reconhecido o seu mérito publicamente. Até lá vai continuar em casa a estudar osdossiers e Cavaco a marcar os timings do PSD.

20 MAIO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

COMISSÃO PERMANENTE António Vitorino denuncia

CAVACO VOLTA À LUTA PARTIDÁRIARESSENTIDO E CHEIO DE DEMAGOGIA

A Comissão Permanente do PSesteve reunida terça-feira, tendoanalisado as mais recentesafirmações do ex-primeiro-ministroCavaco Silva sobre a forma como oPS tem conduzido os destinos doPaís. Na resposta, o porta-vozsocialista, António Vitorino, acusouCavaco de se assumir como umagente da campanha eleitoraleuropeia do PSD, regressando àluta partidária com ressentimento ecom posições absurdas edemagógicas sobre os recentesbons resultados alcançados porPortugal nas negociações daAgenda 2000.

stá preenchido o lugar de fi-gura tutelar da nova direcçãodo PSD», observou AntónioVitorino no início da confe-

rência de Imprensa, reagindo a declara-ções na véspera proferidas por Cavaco Sil-va. Para a Comissão Permanente do PS,este novo episódio com Cavaco Silva mar-ca o seu regresso à luta partidária, da qualse havia afastado voluntariamente, «quan-do decidiu não se recandidatar a primei-ro-ministro e apresentar-se como candida-to presidencial».No que respeita aos ataques feitos por Ca-vaco sobre os resultados das negociaçõesem torno das perspectivas financeiras daUnião Europeia para o período entre 2000e 2006, o porta-voz do partido do punhosustenta que se chega à conclusão de queregressou à vida partidária com o ressen-timento próprio «de quem afinal errou e nãotem a humildade de reconhecer o erro. Er-rou em 1994, quando desistiu de assumira responsabilidade de conduzir os desti-nos do PSD nas eleições seguintes por ma-nifesto receio dos custos políticos e soci-ais que resultariam do ajustamento eco-nómico à moeda única europeia», obser-vou o camarada António Vitorino, paraquem o ex-chefe do Governo também seenganou quanto ao desfecho das negoci-ações da Agenda 2000.«É sempre possível, para quem está defora, para quem não assume responsabi-lidades, dizer que teria feito mais e melhor,só que a História não se re-escreve, muitomenos por quem não deu oportunidade aque tal acontecesse. E o mais elementarrigor e seriedade argumentativa exigiriaque se reconhecesse que este resultadonegocial garante amplamente as condi-ções de desenvolvimento económico esocial do país para os próximos sete anos,permitindo prosseguir na estratégia de re-cuperação do nosso atraso estrutural»,contrapôs António Vitorino.

A grande desilusão de Cavaco

A mais recente intervenção de Cavaco Sil-

va, além de ressentimento, segundo aComissão Permanente do PS, revela igual-mente «uma profunda desilusão», já que«alimentou esperanças de que a difícil con-juntura da negociação da Agenda 2000conduziria com muita probabilidade a uminsucesso do Governo português, que, ater ocorrido, seria aproveitado para fins deluta política interna». No entanto, como lem-brou o camarada António Vitorino, «esseinsucesso não se verificou e, pelo contrá-rio, o resultado obtido mostra-se de gran-de alcance para o desenvolvimento futurode Portugal, como o reconhecem a gene-ralidade dos analistas económicos, a im-prensa internacional e até vários destaca-dos responsáveis do próprio PSD».A seguir, o dirigente do PS lembrou o qua-dro difícil em que ocorreram as negocia-ções da Agenda 2000, pois coincidiram comuma fase de contenção da despesa comu-nitária em paralelo com os constrangimen-tos da despesa pública nacional decorren-tes do Pacto de Estabilidade. «Quem qui-ser ignorar este facto, bem como a ausên-cia de protagonismo de uma ComissãoEuropeia já demissionária e portanto politi-camente muito fragilizada, assim como asinequívocas pressões no sentido de privarde apoios estruturais e do Fundo de Coe-são em especial os países que se qualifi-caram para a moeda única, estará a falsearo rigor na análise e ponderação dos resul-tados obtidos», acusou António Vitorino, queainda aludiu ao facto de os riscos que Por-tugal correu nesta negociação terem sido

«esconjurados graças à estratégia desen-volvida pelo Governo português».«No plano global, entre 2000 e 2006, Por-tugal beneficiará (fundos estruturais e Fun-do de Coesão) de um total de cerca de4600 milhões de contos (a uma média anu-al de cerca de 656 milhões de contos), oque corresponde inclusivamente a um au-mento, ainda que ligeiro, da nossa partici-pação no total dos apoios estruturais (queno II Quadro Comunitário de Apoio se situ-ara em 10,6 por cento, passando agora arepresentar 10,7 por cento)».

Agenda 2000beneficiou Portugal

Ainda em resposta a Cavaco Silva, o por-ta-voz do PS classificou como «lamentá-veis e demagógicas» as conclusões tira-das sobre a relação entre o peso dos fun-dos estruturais e o Produto Interno Bruto(PIB). Essas afirmações foram demagógi-cas e lamentáveis, segundo AntónioVitorino, «desde logo porque ignoram asrestrições do quadro global de perspecti-vas financeiras aprovado, já que em 1999,a dotação dos fundos estruturais e do Fun-do de Coesão com os Quinze Estados-membros representa 0,46 por cento doProduto Nacional Bruto da União, ao pas-so que em 2006 deverá representar 0,32por cento do PNB da União Europeia».Mais grave, observou o membro da Co-missão Permanente do partido, é a lógicada crítica formulada por Cavaco Silva, pois

«parece partir do pressuposto que, quan-to mais rico for um país, quanto mais pro-gressos fizer em matéria de convergênciareal, maior deveria ser o seu envelope fi-nanceiro. Salvo o devido respeito, a lógicade Cavaco Silva assenta num absurdo ouentão é aduzida com manifesta demago-gia, imperdoável em quem teve altas res-ponsabilidades de Estado no processo deintegração europeia de Portugal», denun-ciou o ex-ministro da Presidência.Para o PS, em suma, os resultados daAgenda 2000 correspondem ao essencialdas preocupações do Governo portugu-ês, tendo sido possível impedir a aprova-ção das soluções mais gravosas para ointeresse nacional. Como lembrou o por-ta-voz socialista na mesma conferência deimprensa, «o resultado alcançado é muitopositivo não só porque corresponde aonosso interesse nacional, mas tambémporque permitiu evitar uma crise ou parali-sia da União Europeia e adoptar soluçõesque criam condições para a prossecuçãodo projecto europeu».«O PS, com a sua vitória eleitoral em 1995,contribuiu já para aliviar a angústia de Ca-vaco Silva em 2000 e - como se vê - comresultados muito positivos para Portugal epara os portugueses. Continuamos empe-nhados no combate político democráticopara que, de novo, em 2006, possamosaliviar Cavaco Silva desta angústia pré-anunciada, neste seu regresso ao activoda luta polít ico-partidária», declarouAntónio Vitorino.

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 20 MAIO 1999

POLÍTICA

CIMEIRA DE WASHINGTON REFORÇAPILAR EUROPEU DA NATO

DEFESA Governo explica novo conceito

A declaração de Washington e onovo conceito estratégico daAliança Atlântica reconhecemclaramente a importância do pilareuropeu na defesa e segurançadentro da NATO. Esta posição foilevada à Assembleia da Repúblicapelos ministros dos NegóciosEstrangeiros e da Defesa, JaimeGama e Veiga Simão,respectivamente. Respondendoaos ataques dos partidos daoposição, o ministro dos AssuntosParlamentares, António Costa,usou da palavra para lembrar que oGoverno de Cavaco Silva, em 1991,após a revisão do conceitoestratégico da NATO, nada explicouperante o Parlamento. Umargumento que retirou qualquerautoridade moral ao PSD paracriticar o primeiro-ministro e oExecutivo socialista.

urante o debate parlamentarsobre o novo conceito estraté-gico da NATO, quinta-feira pas-sada, o ministro dos Negócios

Estrangeiros realçou que todas as posi-ções portuguesas foram aceites e que osresultados da recente cimeira de Washing-ton se traduziram num «notável» avanço emtermos de reconhecimento do papel daUnião Europeia no campo da segurança edefesa. «Os chefes de Estado e de Gover-no da Aliança Atlântica, refutando profeci-as negativas provenientes de diversosquadrantes, abriram as portas a uma co-laboração directa e intensa entre a NATOe a União Europeia», sublinhou JaimeGama aos deputados.Esta mudança, explicou o membro doGoverno socialista, «representa um desen-volvimento que seria impensável há unsmeros cinco anos atrás». Entre outros pro-gressos, segundo Jaime Gama, a cimeirade Washington saúda «o novo alento dadoà Política Externa e de Segurança Comum(PESC) pelo Tratado de Amesterdão e pe-las conclusões do Conselho Europeu deViena, com base na declaração franco-bri-tânica de St. Malô; considera que devemser criados mecanismos de consulta ecooperação entre a NATO e a UniãoEuropeia, inspirados nos que já existementre a Aliança Atlântica e a União da Eu-ropa Ocidental (UEO); e manifesta dispo-nibilidade para permitir à União Europeiaum acesso facilitado aos meios e capaci-dades, bem como aos meios de planifica-ção mil itar al iados, identif icandoinclusivamente os arranjos de comandopara as operações que possam a vir a serconduzidos pela União».Ou seja, concluiu o ministro dos NegóciosEstrangeiros, a NATO «passou a encarar,de frente e sem rodeios, a integração daUEO na União Europeia - processo que,

diga-se, conheceu novos avanços na re-cente cimeira ministerial de Breman e quepoderá ser acelerado no Conselho Euro-peu de Colónia. A NATO de hoje apoia oreforço da identidade europeia de segu-rança e defesa, no seu seio e no quadroda União. Existe um vasto entendimentosobre partilha de responsabilidades entreeuropeus e norte-americanos, uma parce-ria em que aos primeiros são facultadosos meios necessários a uma crescente afir-mação», frisou Jaime Gama.

Portugal escutado pela NATO

Ainda de acordo com o responsável máxi-mo da diplomacia portuguesa, ao contrá-rio da propaganda difundida pelo PCP,Portugal viu todas as suas pretensões se-rem aceites na cimeira de Washington. Nasua intervenção na Assembleia da Repú-blica, Jaime Gama fez alusões ao facto deter ficado clarificada «a articulação devidaentre a NATO e a carta das Nações Uni-das, o respeito pelas exigências constitu-cionais de cada aliado sempre que se en-contre em causa uma necessidade dedefesa colectiva e realismo e prudência nadelimitação da área geográfica susceptí-vel de envolvimento nas novas missões daAliança Atlântica».A finalizar, o ministro dos Negócios Estran-geiros lembrou igualmente que na capitalnorte-americana, por iniciativa portuguesa,ficou consagrado que o conceito estraté-gico da NATO e a declaração de Washing-ton formalizam como prioridade o diálogomediterrânico.No mesmo debate, também o ministro daDefesa, Veiga Simão, levou a garantia de

que «a segurança da Europa e a da Amé-rica do Norte são indivisíveis. A manuten-ção de uma capacidade militar adequadae a efectiva preparação para actuar colec-tivamente na defesa comum permaneceessencial para os objectivos de seguran-ça da Aliança Atlântica», referiu o membrodo Governo.Quanto à identidade europeia de seguran-ça e defesa, Veiga Simão advogou que«continuará a ser desenvolvida e aperfei-çoada dentro da NATO. Este processo re-quer uma cooperação estreita entre aNATO, a UEO e, se e quando adequado, aUnião Europeia». Segundo o ministro daDefesa, esta opção «permitirá apoiar, quan-do necessário, a actuação isolada dos ali-ados europeus numa base casuística e porconsenso, disponibilizando os seus mei-os e capacidades para operações». Ouseja, acrescentou Veiga Simão, este avan-ço «permite aos aliados europeus agir au-tonomamente utilizando meios da aliança».

Governo PSD fugiu ao debate

Quanto à organização das Forças Arma-das, o titular da pasta da Defesa tambémfoi claro em sustentar que a Aliança Atlân-tica conserva «as necessárias capacida-des militares com vista ao cumprimentodas suas missões. As forças da Aliançadevem salvaguardar a eficácia militar daNATO e a liberdade de acção». Por outrolado, o princípio do esforço colectivo nadefesa da Aliança concretiza-se pelo «re-curso a iniciativas práticas que se basei-am em procedimentos de consulta, numaestrutura militar integrada e em acordos decooperação». Os aspectos fundamentais,

de acordo com o membro do Governo, «in-cluem o planeamento colectivo de forças,os fundos comuns, os acordos relativosàs forças multinacionais e aos comandos,um sistema integrado de defesa aérea, oestacionamento e posicionamento de for-ças fora do território nacional quando exi-gido, padrões e procedimentos comunsem relação a equipamentos, treino elogística, doutrinas e exercícios conjuga-dos e combinados, quando apropriado ecooperação no domínio das infra-estrutu-ras, armamentos e logística».Após o PSD ter formulado insistentes críti-cas à ausência de António Guterres naque-le debate, o ministro dos Assuntos Parla-mentares foi obrigado a usar da palavrapara lembrar que António Guterres, até estemomento, já esteve mais do dobro dasvezes na Assembleia da República do queo seu antecessor no cargo, Cavaco Silva.Mais grave ainda, como sublinhou AntónioCosta, em 1991, na sequência de um ou-tro acordo para a revisão do conceito es-tratégico da NATO, o Governo de então nãose dignou a justificar perante o Parlamen-to quais os novos compromissos que oEstado português havia assumido com osrestantes parceiros da Aliança Atlântica.António Guterres esteve indisponível paraparticipar no debate de quinta-feira, reve-lou o ministro dos Assuntos Parlamenta-res, porque o PSD, em conferência de lí-deres, pediu o adiamento de 13 para 19de Maio da presença do primeiro-ministrona Assembleia da República. «Até ao finalda legislatura, nunca mais atenderemos aum pedido de boa vontade vindo do PSD»,advertiu o ministro dos Assuntos Parlamen-tares.

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20 MAIO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA5

GOVERNO

NOVO QUADRODE COMPETÊNCIAS

DESTAQUE � CM Administração Autárquica

Conselho de Ministros aprovou,no dia 12, em Lisboa, uma pro-posta de lei que estabelece oquadro de competências e o

regime jurídico de funcionamento dos ór-gãos dos municípios e das freguesias.Foram contemplados neste diploma vári-os aspectos, correspondendo quer a pre-tensões da administração local, quer aexigências de ordem prática.Esta iniciativa visa a adequação à legisla-ção publicada posteriormente ao diplomasubstituído, a eficácia institucional e a efi-ciência orgânica, a simplificação de pro-cedimentos e a uniformização e rigorterminológicos.Destaque-se, quanto à adequação à legis-lação entretanto publicada, que só nos úl-t imos três anos, por iniciativa daAssembleia da República ou do Governo,foram publicadas diversas leis (algumasestruturantes) na área da administraçãoautárquica, entre os quais se mencionamas que respeitam ao regime da tutela ad-ministrativa, à disciplina de criação e fun-cionamento das empresas municipais,intermunicipais e regionais, ao regime dasfinanças locais, às atribuições das fregue-sias e competência dos seus órgãos, aoregime de exercício de funções dos mem-bros das juntas de freguesia, ao estatutode direito de oposição e à revisão do Có-digo da Estrada.O diploma aprovada pelo Executivo Soci-alista, tendo por objecto o quadro de com-petências e o regime jurídico de funciona-mento dos órgãos do município e da fre-guesia, constitui, também, um natural com-plemento da proposta de lei-quadro deatribuições e competências já aprovadapelo Governo e apresentada oportunamen-te à Assembleia da República (propostade lei n.º 111/VII).De entre as modificações introduzidas sa-lientam-se, de forma resumida, as maissignificativas.A nível das competências da assembleiamunicipal:� Deliberar no que represente o exercíciodos poderes tributários conferidos por lei,ao município;� Deliberar sobre a criação do conselholocal de educação;� Deliberar sobre a criação, em concreto,do corpo de polícia municipal.A nível das competências da câmara mu-nicipal:� Criar ou participar em associações dedesenvolvimento regional e de desenvol-vimento do meio rural;� Apoiar ou comparticipar, pelos meiosadequados, no apoio a actividades de in-teresse municipal, de natureza social, cul-tural, desportiva, recreativa ou outra;� Apoiar e participar na prestação de ser-viços a estratos sociais desfavorecidos oudependentes.No que respeita à competência própria dopresidente da câmara:

� Aprovar projectos, programas de con-curso e caderno de encargos de emprei-tadas e aquisição de bens e serviços, cujaautorização de despesa lhe caiba;� Gerir os recursos humanos dos estabe-lecimentos de educação e ensino, nos ca-sos e nos termos determinados por lei.A nível das competências da assembleiade freguesia:� Autorizar a contracção de empréstimose aberturas de crédito, permitidos por lei;� Autorizar a participação da freguesia emempresas de capitais públicos de âmbitomunicipal e em associações de freguesi-as.No tocante à competência da junta de fre-guesia:� Apoiar ou comparticipar no apoio a acti-vidades de interesse para a freguesia, denatureza social, cultural, desportiva e re-creativa ou outra;� Proceder à administração dos baldios,nos termos da lei.

Acelerar licenciamento de obras

Também na passada reunião do Conselhode Ministros foi aprovada uma proposta delei que autoriza o Governo a legislar emmatéria de atribuições das autarquias lo-cais no que respeita ao regime delicenciamento municipal de loteamentosurbanos e obras de urbanização e de obrasparticulares.Na sequência da aprovação da Lei de Ba-ses do Ordenamento do Território e do Ur-banismo (lei n.º 48/98, de 11 de Agosto), oExecutivo socialista considerou necessá-rio proceder ao seu desenvolvimento, atra-vés da definição do regime jurídico da ur-banização e da edificação dado que a le-

gislação actualmente em vigor em maté-ria de l icenciamento municipal deloteamentos urbanos e obras de urbani-zação e de obras particulares não tem con-seguido compatibilizar as exigências desalvaguarda do interesse público com adesburocratização e a simplificação admi-nistrativa a que legitimamente aspiram oscidadãos.Os regimes jurídicos que regem a realiza-ção destas operações urbanísticas encon-tram-se actualmente estabelecidos emdois diplomas legais, nem sempre coeren-tes entre si, e o procedimento administra-tivo neles desenhado é excessivamentecomplexo, determinando tempos de espe-ra na obtenção de uma l icença deloteamento ou de construção que ultrapas-sam largamente os limites do razoável.A revisão que agora se propõe visa, as-sim, promover a simplificação com garan-tia de controlo público. Para tanto, e a parda adopção de um único diploma para re-gular a elaboração, aprovação, execuçãoe avaliação dos instrumentos de gestãoterritorial, procede-se à fusão dos regimesdo licenciamento municipal de loteamentosurbanos e obras de urbanização e de obrasparticulares num só diploma, pretenden-do-se promover a clareza e a coerênciados regimes, evitando-se a dispersão e aduplicação desnecessária de normas le-gais.De entre as inovações introduzidas nestediploma, salienta-se que baseia a distin-ção das diferentes formas de procedimen-to não apenas na densidade de planea-mento vigente na área de realização daoperação urbanística, mas também no tipode operação a realizar.Assim, quando os parâmetros urbanísticos

de uma pretensão já se encontram defini-dos em plano (ou em anterior acto da ad-ministração), o tradicional procedimento delicenciamento é substituído por um proce-dimento simplificado de autorização ou porum procedimento de mera comunicaçãoprévia, que se caracteriza pela dispensa deconsultas a entidades estranhas ao muni-cípio, bem como de apreciação dos pro-jectos de arquitectura e das especialidades.Em matéria de utilização e conservação doedificado, obtém-se um ganho de sistema-tização e de articulação das normasrespeitantes às tradicionais atribuiçõesmunicipais de polícia das edificações comas relativas aos seus poderes de tutela dalegalidade urbanística.Quanto a garantias, altera-se a função dodeferimento tácito nas operações urbanís-ticas sujeitas a licenciamento, sem que daíadvenha qualquer prejuízo para os direi-tos dos particulares.Finalmente, estabelece-se um novo regi-me das taxas urbanísticas devidas pela re-alização de operações urbanísticas, nosentido de terminar com a polémica sobrese no licenciamento de obras particularespode ou não ser cobrada a taxa pela reali-zação, manutenção e reforço das infra-es-truturas urbanísticas actualmente previstano artigo 19º alínea a) da Lei das FinançasLocais, clarificando-se que a realizaçãodaquelas obras estará sujeita ao pagamen-to da aludida taxa, sempre que pela suanatureza impliquem um acréscimo dosencargos públicos de realização, manuten-ção e reforço das infra-estruturas e servi-ços gerais do município equivalente ou atémesmo superior ao que resulta dolicenciamento de uma operação deloteamento urbano.

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 20 MAIO 1999

PELO PAÍS Governação Aberta

GOVERNO

ADMINISTRAÇÃO INTERNAO secretário de Estado da AdministraçãoInterna, Luís Parreirão, manifestou, no dia15, em Coimbra, a disponibilidade do go-verno para apoiar a Associação Nacionaldos Aposentados da PSP, atendendo aopapel que pode desempenhar entre ospolícias reformados e na sociedade emgeral.

O governante transmitiu aos aposentadosda PSP o «respeito e consideração» doExecutivo socialista por aqueles que fo-ram polícias no «momento mais difícil» dahistória do País.Luís Parreirão intervinha perante centenasde antigos elementos da corporação, aopresidir a uma cerimónia comemorativado 15º aniversário da Associação Nacio-nal dos Aposentados da PSP, que decor-reu no salão da Igreja de São José.Parreirão sublinhou que a maioria dos pre-sentes serviu o Estado, durante cerca de30 anos, «num momento mais difícil paraa polícia», que coincidiu com a «transiçãoda ditadura para o regime democrático».«Hoje não é exactamente o mesmo tem-po», afirmou, lembrando que os efectivosda PSP beneficiam, com a democracia,de alterações ao quadro legislativo emque exercem a sua função.O secretário de Estado acrescentou quea nova Lei Orgânica da PSP, a lei sindicale o novo estatuto do pessoal represen-tam uma mudança com importantes re-flexos na profissão e na actividade polici-al.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAO secretário de Estado da AdministraçãoPública, Fausto Correia, participou, no dia14, na Maia, num colóquio subordinadoao tema «Futebol e política: mistura ex-plosiva».

Fausto Correia, ex-presidente daAcadémica de Coimbra, integrou o lote deprelectores juntamente com Valentim Lou-reiro, Gilberto Madail, Avelino Ferreira Tor-res, Henrique Calisto e Pedro SantanaLopes, entre outros.«Futebol e política: mistura explosiva» é oterceiro colóquio promovido pela Câmarada Maia ao abrigo do programa «NoitesQuentes do Desporto», que principiou comuma sessão dedicada ao tema «As novassociedades desportivas - modelo fracassa-do ou com futuro».«Arbitragem - que futuro» foi o tema da se-gunda sessão, que contou com a presen-ça do director executivo da Liga de Clubes,José Guilherme Aguiar, o presidente doConselho de Arbitragem da FPF, Pinto deSousa, e de árbitros internacionais.

AMBIENTE E JUVENTUDEO secretário de Estado do Ambiente, JoséGuerreiro, congratulou-se, no dia 13, pelofacto de cada vez mais os jovens portugue-ses se interessarem pelas questõesambientais, situação que se reflecte noscerca de 180 mil envolvidos em projectosde educação ambiental.

«Em 1995 havia cerca de 20 mil criançasnas escolas em projectos de educaçãoambiental e hoje esse numero ascende aos180 mil», disse José Guerreiro, que falava,em Faro, durante a abertura oficial do «MaioJovem», uma iniciativa da Secretaria deEstado da Juventude, este ano dedicadaao tema do ambiente.O governante revelou ainda que actualmen-te existem em Portugal cerca de 1 200 es-tabelecimentos de ensino com programasde educação ambiental, em contrapontocom as escassas duas centenas de esco-las que se dedicavam a temática em 1995.O secretário de Estado da Juventude,Miguel Fontes, que presidiu à cerimónia,sublinhou o «grande envolvimento» dosalgarvios mais novos na iniciativa, conside-rando que a mesma e demonstrativa doempenhamento da juventude portuguesanas acções que lhes são dirigidas.E isto porque, segundo disse, oassociativismo juvenil «é um espaço impor-tante de afirmação daquilo a que se podechamar a cidadania juvenil».A oitava edição do «Maio Jovem», que ar-rancou, na passada quinta-feira, em Faro,dedicada ao Ambiente, vai percorrer todosos 16 concelhos do distrito, através de ac-ções culturais e lúdicas que envolvem lar-gas centenas de jovens.

CULTURAManuel Maria Carrilho defendeu, no dia 13,em Setúbal, a necessidade do Ministérioda Cultura continuar a investir em novosequipamentos culturais como forma deultrapassar as limitações do mercado por-tuguês naquele domínio.

O ministro da Cultura reconheceu quemuitas associações e muitas companhiasde teatro não conseguiriam sobreviver semos apoios do Estado.«É no domínio dos equipamentos culturaisque temos de ter uma acção continuada,porque sem eles não pode haver uma po-lítica cultural», afirmou, reforçando a con-vicção de que os apoios do ministério sãonecessários para compensar a exiguida-de do mercado nacional.Manuel Maria Carrilho falava na cerimóniade apresentação do projecto do novo edi-fício do Arquivo Distrital de Setúbal, umempreendimento que vai custar cerca de540 mil contos.O novo Arquivo Distrital de Setúbal, queserá construído junto ao novo edifício daEscola Profissional, entre a Escola Secun-dária D. Manuel Martins e o InstitutoPolitécnico, dispõe de «uma área de trata-mento da documentação (higienização,preservação, reformatação, desinfestação,trabalho e condicionamento), e quatro pi-sos destinados a depósitos com capaci-dade para cerca de 12 900 metros de do-cumentação».

DEFESAO secretário de Estado da Defesa, JoséPenedos, anunciou, no dia 15, em Lisboa,que até ao fim do ano haverá um quadrolegal que regule o atendimento psicológi-co ao stress pós-traumático dos antigoscombatentes.

José Penedos afirmou que «juridicamen-te, foi dado um primeiro passo com a apro-vação do projecto de lei na Assembleia daRepública sobre o stress pós-traumático».O governante destacou ainda um projectode lei aprovado no último Conselho deMinistros, que prevê a atribuição de pen-sões a militares que sofreram acidentes acaminho das suas unidades e não emcombate.O secretário de Estado falava na cerimóniade homenagem aos militares falecidos,promovida pela Associação dos Deficien-tes das Forças Armadas Portuguesas, nascomemorações dos seus 25 anos.Em relação à aquisição de novos equipa-mentos para as forças armadas em siste-ma de aluguer de longa duração, ogovernante disse que permite cumprir a«obrigação das Forças Armadas de sereequipar», mesmo quando «não há dinhei-ro fresco».«Isto é feito em todo o mundo, em paísesmais ricos que Portugal», referiu, acrescen-tando: «queremos as Forças Armadasprontas a desempenhar as missões que aConstituição lhe atribui».

DESPORTOO secretário de Estado do Desporto,Miranda Calha, disse na passada quinta-feira, dia 13, em Vila Real, que o Governo«investiu mais de um milhão de contos nosúltimos três anos no distrito em infra-es-truturas desportivas».

Segundo Miranda Calha, o Executivo so-cialista tem apostado na «criação de me-lhores condições de vida, mais qualidadede vida e acesso a participação desportivapor parte dos jovens e das famílias paraterem, não só o seu espaço de ocupaçãode tempos livres, mas também a sua for-mação a nível desportivo».O secretário de Estado do Desporto fala-va após ter assinado na quinta-feira, umcontrato-programa com a Câmara deMontalegre, mediante o qual o Estadocomparticipa com 24 560 contos a cons-trução da piscina coberta municipal, cujoorçamento global atinge 163 750 contos.Na cerimónia de assinatura do protocolo,que decorreu no Governo Civil de Vila Real,Miranda Calha impôs a medalha de BonsServiços Desportivos a José Alves Areiasque «ao longo de 50 anos se evidencioucomo desportista e pioneiro na divulgaçãode várias modalidades».Joaquim Ferreira Teles recebeu a mesmadistinção, pelo «trabalho desenvolvido ao

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GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 12 de Maio

longo de 40 anos em favor do futebol e daarbitragem», assim como Mário Rui Presa, atítulo póstumo, pelos «serviços prestados àcausa do desporto e a dedicação de gran-de parte da sua vida ao serviço do Sport Clu-be de Vila Real».

ECONOMIAO ministro da Economia, Pina Moura, defen-deu, no dia 13, em Braga, a necessidade deum consenso entre os maiores partidos por-tugueses para concluir, na próximalegislatura, as reformas estruturais, nomea-damente no domínio fiscal.

«Fala-se muito de reforma fiscal, mas a ver-dade é que se trata de um aprofundamentoda reforma fiscal no sentido do alargamentoda base tributária, pois não será possível fa-zer reduções fiscais às empresas e aos ci-dadãos se continuarem a existir níveis ele-vados de evasão», sublinhou, lembrandoque a fuga ao fisco distorce a concorrênciae gera injustiças.O governante falava durante a sessão detomada de posse dos novos corpos sociaisda Associação Industrial do Minho (AIMinho),realizada, quinta-feira passada, na sede dainstituição, em Braga.Os corpos sociais serão presididos no pró-ximo biénio por António Santos, presidenteda Assembleia Geral, por António Marques,que lidera o Conselho Fiscal, e por JoséManuel Capa Pereira, que preside à Direc-ção.Na opinião de Pina Moura, «seja qual for oresultado das eleições, as realidades do euroe da globalização vão obrigar o País a ace-lerar as mudanças que já estão a ser feitasno domínio macro-económico de modo atornar Portugal mais moderno e competiti-vo».

NEGÓCIOS ESTRANGEIROSO ministro dos Negócios Estrangeiros afir-mou, no dia 13, em Lisboa, que a NATO «con-tinua a não estar vocacionada para ter ummandato à escala mundial« e sublinhou queo bom-senso marcou a revisão do conceitoestratégico da Aliança face à intervenção naJugoslávia.Jaime Gama, que abriu, na passada quinta-feira, o debate parlamentar requerido peloPCP sobre a alteração do conceito estraté-gico da NATO, concordou que alguns alia-dos defenderam uma área de actuação maisvasta para a organização, mas logo acres-centou que «o bom senso e os termos dopróprio Tratado de Washington acabaram porprevalecer».

De acordo com o governante, os out-of-areade actuação da NATO «têm por limites natu-rais as regiões circundantes da Europa e daBacia do Mediterrâneo».

«Esta demarcação - sempre flexível, sem-pre decidida consensualmente em funçãode cada caso concreto - obedece ao espí-rito que presidiu ao lançamento da �Parce-ria para a Paz� e do Conselho de ParceriaLuso-Atlântico», salientou.Jaime Gama recordou que, com o actualconceito, onde antes se falava em «espaçotransatlântico, hoje escreve-se �regiãoeuroatlântica�».Além disso, o ministro dos Negócios Es-trangeiros lembrou que Portugal «viu assuas pretensões serem aceites» relativa-mente à «articulação devida entre a NATOe a Carta das Nações Unidas», no «respeitopelas exigências constitucionais de cadaaliado» e ainda quanto ao «diálogomediterrânico».

SAÚDE E PLANEAMENTOOs ministros da Saúde, Maria de Belém, edo Planeamento, João Cravinho, confirma-ram no dia 15, o apoio político do Governoao projecto «Coimbra, capital da saúde», masadvertiram que só a sociedade civil pode ga-rantir a sua concretização.Os governantes intervinham, em Coimbra,no encerramento da sessão de apresenta-ção do relatório intercalar de diagnostico doestudo de desenvolvimento estratégico, en-comendado pela Comissão de Coordena-ção da Região Centro (CCRC) à empresaArthur Andersen.Para Maria de Belém, «não faz sentido pen-sar em Coimbra como capital da saúde,pensando apenas em Coimbra».Assim, a ministra defendeu o projecto daCCRC como meio de desenvolver «toda umaregião com potencialidades», envolvendooutras cidades, designadamente Covilhã,através da futura Faculdade de Medicina, eAveiro, devido à importância do seu PoloTecnológico.

TRABALHO E SOLIDARIEDADEO ministro do Trabalho e da Solidariedade,Ferro Rodrigues e o seu homólogo de CaboVerde, Orlanda Ferreira, assinaram, na pas-sada quinta-feira, dia 13, em Lisboa o acor-do para homologação do Programa de Co-operação para o triénio 1999/2001.Com uma dotação de 960 mil contos, o pro-grama visa o reforço dos serviços de em-prego, formação profissional e um centro deemprego no arquipélago, designadamente

O Conselho de Ministros aprovou:

� Uma proposta de lei que autoriza o Governo a legislar sobre a realização dos censos2001;� Uma proposta de lei que estabelece o quadro de competências assim como o regi-me jurídico de funcionamento dos órgãos dos municípios e das freguesias;� Uma proposta de lei que autoriza o Executivo a legislar, no âmbito do desenvolvimen-to da Lei de Bases do Ordenamento do Território e do Urbanismo, em matéria de atri-buições das autarquias locais no que respeita ao regime de licenciamento municipalde loteamentos urbanos e obras de urbanização e de obras particulares;� Uma resolução que regulamenta a terceira fase do processo de privatização do capi-tal social da Brisa - Auto-Estradas de Portugal, SA.� Uma proposta de lei que dá uma nova redacção ao artigo 5º do Estatuto do Mecenato;� Um diploma que altera o decreto-lei que criou o Procom - Programa de Apoio àModernização do Comércio;� Uma resolução que altera o Regulamento de Execução do Programa de Apoio àModernização do Comércio (Procom);� Um decreto-lei que permite a contagem, para efeitos de aposentação e de pensão desobrevivência, a requerimento dos interessados, do tempo correspondente ao serviçoprestado por funcionários e agentes da ex-Administração Ultramarina nos novos Esta-dos, entre a data da independência e 31 de Dezembro de 1977;� Um decreto-lei que regula a dissecação de cadáveres e extracção de peças, tecidosou órgãos para fins de ensino e de investigação científica;� Um decreto-lei que cria condições que possibilitam a conclusão do processo deliquidação e consequente extinção da sociedade por quotas, de capitais públicos, Auto-Marinhense - Sociedade Portuguesa do Comércio e Reparação de Automóveis, Lda;� Um decreto-lei que cria condições que possibilitam a conclusão do processo deliquidação e consequente extinção da sociedade anónima de capitais públicos Ultrena- Sociedade Portuguesa de Comércio de Automóveis, SA.

em Santa Catarina e a operacionalização dedois centros de formação em Pedra Badejoe na Variante, tudo na Ilha de Santiago.

O programa incide igualmente na ProtecçãoSocial nos PALOP-PROSOCIAL (em articu-lação com a Organização Internacional doTrabalho), nomeadamente na segurançasocial e reorganização do Instituto Cabo-verdiano de Menores, mormente na gestãode equipamento para crianças e jovens emrisco e num lar para idosos, em Santiago.Na ocasião, o ministro Ferro Rodrigues re-portou-se à cooperação como uma «priori-dade fundamental« da política portuguesanos últimos dois anos, em que «os própriosministérios passaram a estar articulados».No caso de Cabo Verde, a cooperação é«excelente, com passos concretos», desdea visita do ministro português em Setembropassado ao arquipélago, quando então «seabriram as portas« para este protocolo re-centemente homologado.O ministro português enalteceu a formacomo as entidades cabo-verdianas soube-

ram potencializar certas verbas, conformeverificou aquando da sua visita ao arquipé-lago, em Setembro.

TURISMOO secretário de Estado do Turismo, VítorNeto, afirmou, no dia 13, em Paredes deCoura, que o País recebeu, em 1998, 27 mi-lhões de estrangeiros, um «numero signifi-cativo» que resultou numa receita de cercade 1,250 milhões de contos (6,25 milhõesde euros).Dos 27 milhões de visitantes, segundo VítorNeto, 16 milhões foram excursionistas e 11,2milhões turistas, que permaneceram no Paísdurante sete dias, o que significa que houvecerca de 80 milhões de dormidas e que, di-vididas pelo número de dias do ano,corresponde a uma cidade permanente de200 mil habitantes.O maior número de estrangeiros provem, deacordo com aquele responsável governa-mental, da vizinha Espanha (cerca de 20milhões todos os anos), o que, no seu en-tender, «da origem a uma actividade econó-mica muito importante».Vítor Neto falava na inauguração do Itinerá-rio Românico da Ribeira Minho, que come-ça na Igreja Matriz de Viana do Castelo esegue pela Capela de São Pedro de Varais(Vile), em Caminha, Igrejas de São Salvadorde Ganfei e Sanfins de Friestas, em Valença,e a Matriz de Monção e a Igreja de São Joãode Longos Vales.O programa propõe dar a conhecer a regiãoatravés da visita a 11 monumentos de arteromânica, cuja recuperação implicou um in-vestimento na ordem dos 150 mil contos (750mil euros), financiados pelo Fundo de Turis-mo.

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GOVERNO

CONHECER A NOVA FACEPORTUGUESA

DESTAQUE � CM Censos 2001

Governo tem já luz verde paralegislar sobre a realização doscensos no ano 2001.A decisão foi tomada, na pas-

sada quinta-feira, dia 12, em Lisboa, du-rante a reunião do Conselho de Ministros.A proposta de lei analisada pelos minis-tros permite estabelecer o regime de ela-boração, aprovação e execução do XIV Re-censeamento Geral da População, bemcomo do IV Recenseamento Geral da Ha-bitação, a realizar em todo o território na-cional daqui a dois anos.Desde 1890 que têm vindo a realizar-se,em Portugal, recenseamentos da popula-ção, com periodicidade decenal. A partirde 1970 passaram a realizar-se, em simul-tâneo, os recenseamentos da habitação,estando hoje adoptada a identificação con-junta dessas duas operações pela desig-nação abreviada de «censos», seguida doano da sua realização.Os censos têm como objectivo a conta-gem e caracterização da população resi-dente no País, assim como o levantamen-to do parque habitacional e tipificação dascondições de habitabilidade do mesmo, noque respeita às famílias.Os resultados dos censos de 1991 e asestimativas intercensitárias que entretantotêm vindo a fazer-se, têm permitido confir-mar a percepção de que a demografia eas condições de habitação são, no nossopaís, realidades em mutação a um ritmosusceptível de influenciar visivelmente asprojecções de médio e longo prazo, sen-do o exemplo mais expressivo a possívelinversão da tendência evolutiva da natali-dade, recentemente indiciada.

Um conhecimento rigoroso e fundamen-tado sobre as características estruturais darealidade portuguesa revela-se imprescin-dível à generalidade dos utilizadores e, emespecial, à governação em domínios mui-to diversos, que vão do ensino pré-esco-lar às políticas relativas aos idosos, pas-sando pelo emprego e formação profissi-onal, pela segurança social e saúde, pe-las políticas de habitação e de transpor-tes.Estas circunstâncias levam a atribuir umaimportância crucial e específica aos cen-sos 2001, potenciando a exigência, quesempre ocorre, de valorizar ao máximooperações estatísticas exaustivas e deperiodicidade alargada, como é o caso dosrecenseamentos.Pela idoneidade técnica das operaçõesrespondem, em primeira linha, os órgãosdo Sistema Estatístico Nacional (SEN), istoé, o Instituto Nacional de Estatística sob aorientação do Conselho Superior de Esta-tística, no qual se constituiu uma Secçãoeventual expressamente para esse fim.Assim, é no SEN que se encontram os sa-beres e a representação das necessida-des dos utilizadores, indispensáveis à ga-rantia da idoneidade técnica.Pela eficácia operacional sãoresponsabilizadas as autarquias, câmarasmunicipais e juntas de freguesia. Isto por-que sem o empenhado concurso dessasentidades e os seus responsáveis, queconhecem, melhor do que ninguém, osterritórios da sua jurisdição e o seu povoa-mento, a execução eficaz das operaçõesde recolha ficaria irremediavelmente com-prometida.

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INTERNACIONAL

PE LANÇA CAMPANHA DE APELO À PARTICIPAÇÃO

NÚMERO DE POBRES TRIPLICOUNOS ÚLTIMOS 20 ANOS

CONSELHO DE SEGURANÇAREITERA CRÍTICAS À UNITA

EUROPEIAS Eleições

GRÃ-BRETANHA Herança Thatcher

Parlamento Europeu (PE), emcolaboração com as entidadesportuguesas ligadas a proces-sos eleitorais, está a realizar

desde o dia 10 uma série de iniciativastendentes a evitar a elevada taxa de abs-tenção registada nas europeias de 1994.A utilização da rede Multibanco, comanúncios a apelar ao voto, bem como«placards» nos autocarros e «spots» pu-blicitários nas rádios, televisões e im-prensa escrita são as iniciativas do PE jáem curso desde o dia 10 e que visamsensibilizar os cidadãos para a impor-tância da votação de 13 de Junho próxi-mo.O humor dos bonecos do «Contra-Infor-mação» será também utilizado na cam-panha televisiva em «spots» de 30 segun-dos, como forma de apelo ao voto numaseleições que decorrerão no último dia deum fim-de-semana prolongado.O PE utilizará ainda um painel de infor-mação existente no Viaduto DuartePacheco, em Lisboa.Além do PE, a iniciativa conta com a co-laboração da Comissão Nacional de Elei-ções (CNE), Secretariado Técnico dos As-suntos para o Processo Eleitoral (STAPE),Comissão Europeia (CE) e Ministério daAdministração Interna (MAI), tentando evi-tar que se repita a alta taxa de abstençãoregistada em 1994, cerca de 65 por cen-to, a mais alta da União Europeia.Em declarações à Comunicação Social,Paulo Sande, do Gabinete do PE, lembrouque o lema desta campanha «A Sua Voz

A terrível herança do reinado conservadorde Margaret Thatcher, velha amiga do di-tador Augusto Pinochet (acusado de cri-mes contra a humanidade), com quemagora toma «five o´clock tees» em Londres,continua a fazer-se sentir na Grã-Bretanha.A política neoliberal implementada pelasenhora Thatcher lançou na miséria dozemilhões de súbditos de Sua Majestade,quatro dos quais são crianças, segundoum relatório do Ministério das Finanças.Defensora intransigente das virtudes domercado, rejeitando qualquer tipo de inter-venção do Estado na economia, Thatcher,entre outras diatribes, retirou vários subsí-dios aos estratos mais carenciados da po-pulação, baixou os impostos das classesmais ricas, privatizou vários sectores daeconomia. A antiga inquilina do nº10 deDowning Street deixou um quarto da popu-lação na miséria, tendo triplicado durante asua era o número de pobres, ao mesmotempo que se agravavam de uma formachocante as desigualdades.

Entretanto, os adolescentes britânicos es-tão a ser uma das principais vítimas doagravamento das desigualdades sociais edas deficiências do sistema educativo,com uma taxa recorde na Europa de do-enças sexualmente transmissíveis, abor-tos, toxicomania e alccoolismo.Segundo um estudo realizado pelos insti-tutos de saúde pública inglesa e gaulesapublicado no dia 14, que está a agitar Go-verno e opinião pública, este quadro negroque se abateu sobre a juventude britânicanão parou de aumentar nos últimos anos.Uma situação dramática, a exigir uma res-posta urgente do Governo de Tony Blair,ou seja, uma resposta que, para ser eficaze duradoura, terá de ser encontrada nosvalores da esquerda.Ou seja, só reformas profundas esocializantes poderão efectivamente darresposta aos graves problemas de umajuventude deixada às mãos da sociedadede mercado idealizada pela senhoraThatcher. J. C. C. B.

ainda uma campanha, entre 10 e 13 deJunho, para informar os eleitores», disseAdiantou ainda que a CNE disponibilizará,como de costume, um Gabinete Jurídicopara atender telefonicamente os eleitores,quer durante a campanha eleitoral (31 deMaio a 11 de Junho) quer no dia da vota-ção.

«Site» na Internet

Por seu lado, Jorge Miguéis, do STAPE,lembrou que a limpeza dos cadernos elei-torais, efectuada em colaboração com oMAI, em 1998, vai permitir determinar ataxa de participação «de uma forma maisreal», não significando isso que haja mai-or ou menos abstenção.O PE, que tem já um «site» na rede daInternet, WWW.EUROPARL.EU.INT.ELECTION desenvolve desde Janeirodeste ano uma série de outras iniciativasvisando não só o apelo ao voto mas tam-bém informar sobre a importância do Par-lamento Europeu.

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ANGOLA ONU

A UNITA continua a ser alvo de fortes críti-cas da comunidade internacional. Enquan-to isto, o povo de Angola agoniza e os se-nhores da guerra não desarmam.O Conselho de Segurança da ONU apro-vou no dia 7 de Maio a proposta de resolu-ção para Angola, apresentada pelo Cana-dá, Portugal, Rússia e EUA, em que «reiteracomo principal causa para crise a recusada UNITA em cumprir os Acordos de Paz».O Conselho de Segurança reafirma as vá-rias resoluções aprovadas desde Maio de1991 até 12 de Junho de 1998, bem comoa de 26 de Fevereiro de 1999.O Conselho expressou a sua preocupaçãopelos efeitos humanitários da presente cri-se na população civil de Angola, tendo

posto ênfase relativamente às notícias so-bre violações às medidas sobre tráfego dearmas, petróleo e diamantes, impostas àUNITA, contidas nas resoluções de 1993,1997 e 1998.A resolução, aprovada por 15 membros doConselho, pede ao Governo de Luanda oacesso livre e a sua cooperação nas in-vestigações a levar a efeito por comissõesde especialistas para falarem com as pes-soas envolvidas, e garantir a segurança daequipa.O Conselho tem repetidamente atribuídoas culpas à UNITA por sabotar o acordode paz de 1994, após 20 anos de guerracivil, aprovando assim de novo a resolu-ção de 7 de Maio.

na Europa» é comum aos 15 Estados-membros da UE e que visa essencialmen-te informar o grande público da importân-cia do acto eleitoral.João Azevedo, da CNE, indicou, que aentidade que representa vai igualmentelançar uma série de iniciativas com o mes-mo objectivo, destacando a campanha deinformação que será feita de 10 a 13 deJunho.«Temos um �spot� televisivo e lançaremos

ACÇÃO SOCIALISTA 10 20 MAIO 1999

PARLAMENTO

NOVO CONCEITO ESTRATÉGICO

O DOENTE NO CENTRO DO SISTEMA DESMENTIDO SOBRE UM ALEGADOENCONTRO COM A UNITA

OBJECÇÃO DE CONSCIÊNCIACONSENSUAL

DEPUTADO EDUARDO PEREIRA NATO

«A identidade europeia ede defesa continua prisi-oneira da força das iden-tidades nacionais e dosdesejos de preservar asrespectivas soberanias.»

A afirmação foi feita pelo deputado socia-lista Eduardo Pereira, no passado dia 13,na Assembleia da República aquando dadiscussão plenária sobre a alteração doconceito estratégico da Organização doTratado do Atlântico Norte (NATO).Para o parlamentar do PS, «esta identida-de deverá dar garantias de que o proces-so de integração de defesa europeia semanterá compatível com a existência deum sistema de segurança transatlântico».Defendendo que a presença de forçasconvencionais e nucleares dos EstadosUnidos da América na Europa continua aser essencial para a segurança dos paí-ses aliados, Eduardo Pereira lembrou queo panorama internacional sofreu, nos pas-sado recente, alterações profundas quecoloca novos desafios.«A Rússia deixou de ser considerada o ini-migo», pelo que deverá ter «um papel pre-ponderante» na segurança euro-atlântica.«A NATO e a Rússia comprometeram-se adesenvolver as suas relações na base dointeresse comum, da reciprocidade e datransparência, com vista a estabelecer naregião euro-atlântica uma paz durável e

aberta a todos, em democracia e com se-gurança cooperativa», referiu.O Pacto de Varsóvia desapareceu, o peri-go da agressão convencional de grandeenvergadura dirigida a um dos países daAliança é considerada improvável, as ar-mas das superpotências já não estãoapontadas para qualquer país e a NATO

reafirma o seu empenho nos esforços deredução de armamento nuclear, mas, ainstabilidade e a violência ganharam no-vos e assustadores contornos.«Existe o perigo de actos de terrorismo, desabotagem, de mafias do crime organiza-do contra aprovisionamento, fontes deenergia de abastecimento e de energia vi-

tais», lembrou Eduardo Pereira sem esque-cer referir as dificuldades económicas, po-líticas e sociais que provocam, nos paíseseuro-atlânticos, a instabilidade, o sofrimen-to humano e os conflitos armados.Perante este cenário e face aos novos de-safios que se colocam neste fim de milé-nio, o deputado do GP/PS disse que «aNATO considera dever estar preparadapara se defender de todos os riscos».«O Tratado do Atlântico Norte não impõenenhuma restrição formal quanto à utiliza-ção do quadro cooperativo para fazer facea estas ameaças, pelo que, mudada a na-tureza das forças e das armas, não exis-tem restrições de ordem geográfica quan-to ao teatro de intervenção», explicou.A actuação da NATO poderá acontecer,igualmente, por solicitação das NaçõesUnidas, da OSCE ou, na impossibilidadede se conseguir o conveniente mandato,por decisão dos países membros, comanálise caso a caso. Porém, «sempre serálevada em consideração a não participa-ção dos Estados que, para o efeito, invo-quem disposições constitucionais impera-tivas».No final da sua intervenção, Eduardo Pe-reira destacou o facto de que no novo con-ceito estratégico da NATO estar previsto«um papel acrescentado para a Europa,num quadro de parceria».Mary Rodrigues

DEPUTADO NÉLSON BALTAZAR Saúde

«Sabemos que é neces-sário gerir muito bem osrecursos existentes pro-duzindo mais com omesmo dinheiro, sabe-mos que é importante

defender a qualidade dos serviços presta-dos pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS)e pelos seus convencionados, que é im-portante acima de tudo proporcionar aces-sibilidade, equidade e qualidade nos cui-dados de saúde aios portugueses, sabe-mos que queremos o doente no centro dosistema, para que possa retornar à socie-dade saudável e possuidor de todas assuas capacidades de cidadania.» As pala-vras são do deputado socialista NélsonBaltazar, na intervenção que efectuou nodia 6, na Assembleia da República.Nélson Baltazar falava durante a discus-são de três projectos de lei do PCP de al-teração da Lei-Quadro da Administraçãoe Gestão Democrática dos Centros deSaúde, Hospitais e Sistemas Locais deSaúde do Serviço Nacional de Saúde.Ao longo da sua intervenção, o deputa-do socialista procurou enquadrar o temados sistemas de gestão, em particularpara os hospitais, centros de saúde esistemas locais de saúde, tecendo bas-tantes críticas a algumas das propostas

avançadas pelo PCP.Segundo Nélson Baltazar, a legislação emapreço «é em muitos casos redutora, reti-rando alguma flexibilidade que a actual ain-da possui», sendo ainda «impeditiva denovos modelos, como é o exemplo típicodo regime de pessoal que se quer unica-mente de emprego público, integrado nasrespectivas carreiras e fazendo parte doquadro de cada instituição».O deputado do PS referiu ainda que a le-gislação em discussão «põe em causa al-gumas experiências de gestão que estãoimplementadas, não havendo ainda tem-po para uma adequada avaliação».

Novas experiências de gestão

Por isso, adiantou, «não concordamos quese possa através desta lei cercear pela raizeste tipo de experiências, que poderãodemonstrar serem mais ágeis, mais capa-zes de responder às solicitações da po-pulação, sem ofender os princípios essen-ciais do estatuto do SNS, consagradoconstitucionalmente».Nélson Baltazar propôs ainda que «o PCPacompanhe e avalie, com a atenção quese lhe reconhece ser habitual, os resulta-dos das novas experiências de gestão quese estão a efectuar». J. C. C. B.

JUVENTUDE Serviço Militar

A proposta de lei governamental de altera-ção ao diploma que regula a Objecção deConsciência ao cumprimento do serviçomilitar suscitou, no passado dia 14, no Par-lamento, o consenso genérico da oposição.Segundo o secretário de Estado da Juven-tude, Miguel Fontes, «a letra» do documen-to «não é tão feliz como o espírito» com quefoi redigido, pelo que «há condições para

ser melhorado na especialidade».Miguel Fontes adiantou que, desde 1992 atéhoje, foram concedidos 3 479 estatutos deobjecção de consciência. Deste total, 866objectores prestaram serviço cívico e 1 095aguardam colocação.A principal alteração a introduzir na lei é a pas-sagem à reserva dos objectores que estejamum ano sem colocação no serviço cívico.

DEPUTADO CARLOS LUÍS Nota à Imprensa

Numa nota à Imprensa, odeputado do PS CarlosLuís desmentiu categori-camente notícias veicula-das na Comunicação So-cial, segundo as quais

uma delegação da UNITA, organização quetem sido alvo de constantes críticas de todaa comunidade internacional, em particular daONU, teria sido recebida no Parlamento.

«Não foi recebido neste Grupo Parlamentarqualquer pedido de audiência por parte daUNITA, o que, a acontecer, seria imediata-mente inviabilizado no quadro da aplicaçãodas sanções decididas pela ONU. Nestesentido, quero afirmar que apenas me limi-tei a receber, a título pessoal, o cidadãoportuguês, Carlos Morgado», refere umcomunicado do Gabinete de Imprensa doGP/PS.

20 MAIO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA11

PARLAMENTO

EM DESESPERODE CAUSA...

CURSO DE TÉCNICOSE CONSELHEIROS DE CONSUMO

REFORÇO DOS DIREITOSDOS TRABALHADORES(AS)

DEPUTADA MAFALDA TRONCHO Maternidade e paternidade

A deputada socialistaMafalda Troncho afirmouno Parlamento que a pro-posta de lei do Governoque introduz alteraçõesna protecção da mater-

nidade e da paternidade é uma iniciativalegislativa «globalmente positiva e meritó-ria, cujo objectivo último é o reforço dosdireitos das trabalhadoras, dos trabalha-dores e dos próprios filhos e adoptantes».Para Mafalda Troncho, o diploma governa-mental, que corresponde a uma «legítimaexpectativa» dos trabalhadores portugue-ses e das suas organizações representati-vas, «tem subjacente a necessidade de al-terar o quadro legal da protecção da ma-ternidade e da paternidade, no sentido dasua melhoria efectiva, sendo certo que dasua aprovação beneficiarão milhares de tra-balhadores e trabalhadoras, que verão oseu direito à maternidade e paternidade eao emprego mais reforçados e valorizados».Recordando que no seu programa eleito-ral o PS assumiu com os portugueses ocompromisso de promover iniciativas vi-sando a compatibilização da vida familiare dos tempos livres com a actividade pro-fissional, Mafalda Troncho realçou que nes-te contexto o Governo da Nova Maioria«tem vindo ao longo da presente legislaturaa adoptar medidas, designadamente nosentido do reforço da protecção que deveassistir às trabalhadoras, aos trabalhado-res e às crianças».

Igualdade de oportunidades

Entre as alterações preconizadas pelo di-ploma do Governo, a deputada do PS des-tacou, entre outras, o aumento da duração

da licença por adopção de menor (paracem dias) até 15 anos de idade, nos mes-mos termos da licença por maternidade epaternidade; o reconhecimento ao pai e àmãe trabalhadores do direito de faltaremao trabalho, a denominada l icençaparental, durante três meses para presta-rem assistência ao filho ou adoptado atéseis anos de idade ou, em alternativa, po-derem trabalhar a tempo parcial duranteseis meses; e a clarificação do regime apli-cável ao despedimento de grávidas,puérperas e lactantes, reforçando o carác-ter obrigatório do parecer prévio da enti-dade competente na área da igualdade deoportunidades entre homens e mulheres.

J. C. CASTELO BRANCO

DEPUTADO ACÁCIO BARREIROS Ambiente: debate de urgência

Não teve qualquer razãode ser o debate de ur-gência requerido pelabancada laranja a propó-sito do ambiente e da lei20/99 sobre tratamento

de resíduos tóxicos. A conclusão foi tiradapelo deputado socialista Acácio Barreiros,no dia 12, na Assembleia da República.O parlamentar do PS considerou que oPSD, «no desespero de ver aproximar-seo seu último Congresso sem se lhe ocor-rer nenhuma questão concreta para criti-car o Governo», acrescentando que «nãofez mais do que dar continuidade ao tristepapel de oposição irresponsável que temprosseguido nestes últimos quatro anos».«Mas desta vez o PSD excedeu-se», de-nunciou Acácio Barreiros, referindo-se às«gravíssimas acusações» que a bancadalaranja fez ao Executivo socialista de des-respeito pelo Parlamento, obrigando o pre-sidente da Assembleia da República,Almeida Santos, a fazer um despacho paraesclarecer se as acusações eram ou nãofundadas.«A qualidade do douto parecer do senhorpresidente da Assembleia da Repúblicadispensa-me de qualquer comentário adi-cional e teria permitido ao PSD, se aindalhe restasse algum decoro, a oportunida-de de desistir deste debate», disse AcácioBarreiros, acrescentando que, em vez des-se gesto de bom senso o partido laranja«preferiu fugir em frente e chegou mesmoao ponto de fazer sair um papelucho a

contestar o despacho».Classificando o desespero como mau con-selheiro, o deputado do GP/PS frisou queo debate de urgência sobre o ambiente emgeral e sobre a lei 20/99 em particular sal-dou-se numa «atordoada» e num «conjun-to de insultos e calúnias».«Afinal, de que é que o PSD se queixa?Será da independência da Comissão Ci-entífica? Será que o PSD está incomoda-do por nessa comissão o Governo só terum elemento em seis? Ou será que o PSDcritica a independência financeiro e o ca-rácter vinculativo da decisão da comissão?Não me digam que depois de tudo o quese passou o PSD pretende que as câma-ras de Leiria e Coimbra sejam marginali-zadas, em vez de terem uma palavra deci-siva em todo esse processo», questionou.Concluindo que o partido laranja não sabeverdadeiramente o que quer e que por issoesbraceja para fazer o maior ruído e evitara tomada de decisões, Acácio Barreirossublinhou que «os problemas dos portu-gueses, no que se refere ao tema em ques-tão, é algo que ninguém pode ignorar eque se resume na realidade dramática deque, por cada mês de atraso na tomadade uma decisão, acumula-se no País maisdez mil toneladas de resíduos industriaisperigosos».«Os portugueses sabem quem são aque-les que tudo têm feito para resolver o pro-blema e quem são aqueles que tudo têmfeito para o agravar», terminou.

MARY RODRIGUES

DEPUTADO AIRES DE CARVALHO Requerimento

O Curso de Técnicos eConselheiros de Consu-mo esteve na origem deum requerimento do de-putado socialista Airesde Carvalho.

No documento, o parlamentar socialistalembra que se se está ainda longe de sersignificativa a instalação dos Centros deInformação Autárquica ao Consumidor(CIAC´s), mais grave é a constatação daescassez de meios disponíveis, bem comoa falta de formação para o pessoal.E a grande verdade, segundo Aires de Car-valho, «é que a formação dos funcionáriosdas autarquias em matérias como esta,tem estado até agora entregue, quase ex-clusivamente, à carolice dos mesmos. Eisso é pouco. Há necessidade no futuro

de percorrermos caminhos diferentes ecom passos determinados».Assim, sublinha, «a formação dos funcio-nários dos CIAC´s surge como um passoque não pode por mais tempo ser adiado».Por outro lado, «continua a existir a neces-sidade imperiosa de se proceder à consa-gração no quadro de pessoal dasautarquias da carreira de técnico e de con-selheiro de consumo».Neste contexto, o deputado do PS solicitaao ministro adjunto do primeiro-ministro aseguinte informação: «Qual é hoje o pontode situação sobre esta matéria,designadamente sobre a realização decursos de formação para técnicos e con-selheiros de consumo, bem como a con-sagração destas carreiras no quadro depessoal das autarquias?». J. C. C. B.

ACÇÃO SOCIALISTA 12 20 MAIO 1999

PARLAMENTO

GRITOS DO SILÊNCIO

AGENDA PARLAMENTAR

VALORIZAR A ACÇÃO SOCIALE MELHORAR A ACESSIBILIDADE DOS CIDADÃOS

Quinta-feira, dia 20A Assembleia da República reúne, hoje, pelas 15 horas, para um debate de urgênciarequerido pelo PEV sobre o tratamento de resíduos industriais na óptica da lei n.º 20/99.Mais tarde serão discutidos dois projectos de lei do PSD e PP e três propostas gover-namentais.O diploma laranja confere aos municípios o direito à detenção da maioria do capitalsocial em empresas concessionárias da exploração e gestão de sistemasmultimunicipais.O projecto de lei «popular» altera a lei 14/96, alargando a capacidade de fiscalizaçãodo exercício da função accionista do Estado.Quanto às três iniciativas legislativas do Executivo socialista, diga-se que a primeiraaltera a lei de protecção das crianças e jovens em perigo, enquanto a segunda apro-va a lei tutelar e educativa e a terceira proposta de lei do Governo prevê a alteraçãodo decreto-lei vigente em matéria de processos tutelares civis.As votações regimentais decorrerão, como habitualmente, às 18 horas.

Sexta-feira, dia 21Amanhã, a partir das 10 horas, os deputados farão a apreciação parlamentar decinco diplomas, a saber:O decreto-lei n.º 74/99, que aprova o Estatuto do Mecenato, definindo o regime deincentivos fiscais, no âmbito do mecenato social, ambiental, cultural, científico outecnológico e desportivo;O decreto-lei 59/99, que aprova o novo regime jurídico nas empreitadas das obraspúblicas;O decreto-lei 60/99, que cria o Instituto dos Mercados das Obras Públicas e Particu-lares e do Imobiliário (IMOPPI), extinguindo o Conselho de Mercados das Obras Pú-blicas e Particulares (CMOPP);O decreto-lei 61/99, que define o acesso e permanência na actividade de empreiteirode obras públicas e industrial de construção civil;O decreto-lei 97/99, que aprova o regulamento disciplinar da Polícia Marítima.

Terça-feira, dia 25A ordem do dia no hemiciclo de São Bento será preenchida com o agendamentopotestativo requerido pelo PEV.

Quarta-feira, dia 26Mais um agendamento potestativo, desta feita do CDS/PP, dominará os trabalhosparlamentares, a partir das 15 horas.

DEPUTADA JOVITA LADEIRA Violência doméstica

A deputada socialistaJovita Ladeira alertou, nopassado dia 12, naAssembleia da Repúbli-ca, para a necessidadeimperiosa de se «tornar

efectivas as medidas que permitam reafir-mar a família como espaço de dignificaçãopessoal e negar, um dia, a verdade da afir-mação da afirmação segundo a qual a casaé um dos lugares mais perigosos da socie-dade moderna».Jovita Ladeira intervinha na sessão plená-ria onde foi apresentada um diploma go-vernamental que visa a luta contra ofenómeno da violência conjugal.«Ao apresentar a proposta de lei em discus-são, o Governo instala mais uma pedra, devalor inquestionável, na edificação do siste-ma penal português como um sistema cul-turalmente adequado à realidade portugue-sa», referiu, recordando de seguida que odiploma procede à regulamentação do arti-go 14º da lei 61/91 de 13 de Agosto, garan-tindo às mulheres vítimas de violência do-méstica o adiantamento por parte do estadoda indemnização devida pelo agressor.«Ainda que sejam os cidadãos do sexo fe-minino que mais frequentemente são víti-mas de maus tratos e de violência domés-tica, optou-se, e muito bem, por um alarga-mento deste regime e todas as vítimas deviolência conjugal, espelhando-se bem amatriz humanista e social que questõesdesta natureza merecem», frisou.Segundo a deputada do GP/PS, outro pon-to de destaque da iniciativa legislativa doExecutivo socialista é a previsão de que oEstado antecipe o pagamento devido à víti-

ma logo a partir da instauração do proces-so criminal.«Esta antecipação revela-se de primordialimportância na medida em que visa conce-der à vítima, que na maioria dos casos émulher, um apoio económico que contribuapara que possa sair da situação de depen-dência relativamente ao agressor», disse.Refira-se igualmente que a proposta de leigovernamental articula uma nova redacçãodo número 2 do artigo 152º do Código Pe-nal, no qual, perante o crime de maus tra-tos ao conjugue, é permitido ao MinistérioPúblico instaurar o respectivo procedimen-to criminal desde que não haja oposiçãodo ofendido.Segundo a deputada socialista, «estes sãoexemplos do adequado caminho a seguir,embora saibamos como ele é longo e espi-nhoso».«Uma concepção de família, que permitaque cada um dos seus membros seja res-ponsabilizado, perante os outros, pela vio-lação de deveres de relação que regem osvalores correspondentes aos direitos huma-nos fundamentais, é o caminho a percor-rer», reiterou convicta.No final da sua intervenção, Jovita Ladeiraconcluiu que a defesa da família implica ne-cessariamente a protecção de todos osseus membros contra toda forma de vio-lência, exprimindo perante a câmara a suacongratulação pessoal - enquanto mulher,mãe e educadora -, pelo facto de finalmen-te se estar a levantar o véu sobre ofenómeno da violência doméstica e a seouvirem os gritos do silêncio que duranteanos caracterizaram as relações familiaresem Portugal. MARY RODRIGUES

GP/PS Regime jurídico das farmácias

O GP/PS apresentou um projecto de leique regula o regime jurídico de abertura etransferência de farmácias.Na exposição de motivos deste diplomaextremamente progressista, os deputadossocialistas referem que «com a presenteiniciativa legislativa visa-se alterar o regi-me de abertura e transferência das farmá-cias que passa a pertencer à iniciativa pri-vada, deixando ainda a concessão doalvará de estar dependente do proprietá-rio ser licenciado em farmácia, retoman-do-se assim uma solução que já teve con-sagração legal no nosso país».De acordo com o diploma, «as farmáciasdevem estar disponíveis para colaborarem,gratuitamente, nas campanhas que ten-dem a levar a cabo programas de forma-ção a doentes crónicos, tais como diabe-tes, hipertensão, tabagismo,toxicodependência, entre outras».Com esta regra, pretende-se «valorizar aacção social das farmácias e torná-la cla-

ramente institucionalizada».Ao estender a propriedade dos alvarás aoshospitais públicos, Misericórdias, Mútuascom acção médico-medicamentosa e Pes-soas Colectivas de Utilidade Pública Ad-

plano geral da política do medicamento».Para o PS, «um Estado que pretende mo-dernizar e inovar a rede de serviços de saú-de não deve prescindir da acção das insti-tuições de solidariedade».

O insubstituível papel reguladordo Estado

Para os autores do diploma, «não será pos-sível fazer reformas na saúde sem a parti-cipação activa das associações de solida-riedade com acção médico-medicamentosa e muito em especial dasMútuas».Segundo o GP/PS, «a reformulação de umanova lei das farmácias, ora consubstanciadaneste projecto de lei, visa uma melhoria daacessibilidade dos cidadãos aos serviços devenda dos medicamentos e ainda melhorara qualidade, fazendo com que o Estado exer-ça o seu papel regulamentador e fiscalizadorda mesma». J. C. CASTELO BRANCO

ministrativa os autores do diploma «fazem-no com a convicção de que o Estado, des-sa forma, poderá introduzir normas aocombate dos gastos com medicamentosa fim de se enquadra esta iniciativa num

20 MAIO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA13

SOCIEDADE & PAÍS

TRABALHO Mercado Social de Emprego

PROGRAMAS DOTADOSCOM 16 MILHÕES DE CONTOS

O ministro da Solidariedade e Segurança So-cial, Ferro Rodrigues, anunciou, no passadodia 14, no Porto, que os programas de Mer-cado Social de Emprego (MSE) para 1999 te-rão uma dotação de 16 milhões de contos(80 milhões de euros), abrangendo cerca de60 mil pessoasNo II Seminário Nacional sobre o MSE, quedecorre na cidade Invicta, Ferro Rodriguesconsiderou que os objectivos deste sistemade combate ao desemprego têm vindo a seralcançados.O MSE «é uma demonstração de que maisvale apoiar o incentivo ao emprego do quedeixar passivamente a taxa de desempregoinstalar-se», afirmou.O Mercado Social de Emprego desenvolve-se através de acções e responsabilidadespartilhadas, que visam a integração de pes-soas desempregadas em act iv idadesdirigidas a necessidades sociais não satis-feitas pelo normal funcionamento do merca-do.Incluem-se como actividades prioritárias des-te sistema o apoio domiciliário a pessoasdependentes, apoio a infantários, creches ejardins de infância, segurança nas escolas e

prevenção da toxicodependência, manuten-ção do parque florestal e prevenção de in-cêndios, animação turística e de tempos li-vres, e desenvolvimento rural emultifuncionalidade na agricultura, entre ou-tros.Instituído em Portugal desde 1996, o MSEabrangeu já mais de cem mil pessoas, tendosido aplicados cerca de 35 milhões de con-tos (175 milhões de euros).No âmbito deste Mercado foram criados di-versos programas e medidas especificas, no-meadamente as escolas-oficinas, programasocupacionais, empresas de inserção, empre-go protegido, e despachos conjuntos e proto-colos de colaboração.Os efeitos de empregabilidade derivados doMSE têm registado uma taxa de sucesso ele-vada, variando no entanto de programa paraprograma.O plano de acção da Comissão para o Mer-cado Social de Emprego para o biénio 1999-2000 prevê um reforço das actividades liga-das ao acompanhamento da acção dosinterlocutores regionais, a promoção e divul-gação do MSE , e as questões daempregabilidade.

IDEÓLOGO DA TERCEIRA VIADEFENDE ABOLIÇÃO DO CONCEITO

DE REFORMA

CONFERÊNCIA Envelhecimento e globalização

Anthony Giddens não pára de surpreender.Depois de ter criado a Terceira Via, que não émais do que uma cartilha de renegação dosvalores socialistas e rendição ao liberalismoeconómico, uma espécie de liberalismo derosto humano, o sociólogo Giddens defendeuno dia 7, em Lisboa, que a abolição do con-ceito de reforma e a reestruturação do Esta-do-Providência são necessárias para respon-der ao envelhecimento das sociedades con-temporâneas.«Porque devem os idosos ser expulsos domercado de trabalho? Porque não devem osidosos ser parte do contrato de obrigações,responsabilidades e direitos como os jovens?»,interrogou-se Anthony Giddens numa conferên-cia dedicada ao tema «Envelhecimento eGlobalização» realizada no final da Presidên-cia Aberta dedicada aos Idosos, promovidapelo Chefe de Estado e que se saldou numenorme êxito, pondo a sociedade a reflectirsobre esta tão importante problemática.Anthony Giddens afirmou que o envelhecimentodeve ser tratado como uma «nova forma deexclusão» e questionou-se sobre porque nãofomentar, por exemplo, políticas activas deemprego para os idosos (a exemplo do que osGovernos fazem para os mais novos).

Ideólogo da Terceira Via do líder trabalhista eprimeiro-ministro britânico, Tony Blair, AnthonyGiddens considerou ser errado olhar para ofenómeno da globalização como exclusivamen-te económico e que as «mudanças profundas»registadas a nível global nos últimos anos tam-bém atingem a esfera do indivíduo.Anthony Giddens salientou também a importân-cia de haver uma nova aproximação entre osGovernos e a iniciativa privada para fazer faceàs questões levantadas pelas profundas alte-rações demográficas dos últimos anos no mun-do industrializado.O envelhecimento da sociedade - cujos efeitosAnthony Giddens equiparou aos do aquecimen-to global do planeta - coloca questões que otransformam numa espécie de «bomba-relógio»a prazo, até porque ele ocorre a nível global.Anthony Giddens alertou para a divisão que jáexiste entre os idosos - velhos-jovens e velhos-velhos - e referiu que o envelhecimento já dei-xou de ser uma fatalidade porque «transcen-de» a mera degradação fisiológica do corpo.Diferente da velhice física, a idade da menteprogride a outro ritmo - que é acelerada nachamada Terceira Idade por aspectos comoa falta de auto-estima e de desafios intelectu-ais, disse.

ECONOMIA Guterres reafirma

É NECESSÁRIO APOSTAR MAIS NAS EMPRESASinflação «está controlada»,garantiu no dia 15 o primeiro-mi-nistro, António Guterres, conside-rando natural que um país que

cresceu tão rapidamente como Portugal tenhaalguma pressão inflacionista.«Quando discutimos a inflação às décimas émotivo para nos regozijarmos e não umagrande preocupação», afirmou AntónioGuterres.Acrescentou que «um país cuja economiacresce rapidamente vê igualmente crescer ainflação».«E é bom não esquecer que a economia nãoé só inflação», disse.António Guterres, que falava na sessão deencerramento dos Encontros de Economiade Bicesse, frisou que a «inflação está con-trolada» e que se prevê um abrandamentoda tendência de subida de preços.O ex-ministro das Finanças do PS VítorConstâncio partilha da mesma opinião deAntónio Guterres, tendo defendido na sua in-tervenção, de apresentação das conclusõesdo encontro «Economia e Finanças», que umpaís que está num processo de convergên-cia real e em rápido crescimento económi-co, como Portugal, tem necessariamente umainflação superior à dos seus parceiros.

Riscos de sobreaquecimento

No entanto, Vítor Constâncio alertou que háriscos de criação de tensões inflacionistas ede sobreaquecimento da economia portu-guesa, fenómenos a que o Governo tem deestar atento.

Vítor Constâncio afirmou ainda que Portugaltem de cumprir o Pacto de Estabilidade dodéfice orçamental para evitar o risco desobreaquecimento da economia.Tem de apl icar uma pol í t ica de r igororçamental, acompanhada de contenção noconsumo público, acrescentou.O ex-governador do Banco de Portugal e ex-secretário-geral do PS defendeu igualmentea necessidade de a administração fiscal bai-xar a fiscalidade sobre as empresas e alar-gar a base tributária, medida que implicaria aalteração, mesmo que ligeira, do sigilo ban-cário.Em Abril, a inflação média anual portuguesasubiu para três por cento e a homóloga para2,8 por cento.Ainda na sua intervenção, o primeiro-minis-tro, António Guterres, concluiu que é neces-sário passar a apostar mais nas empresasdo que na macroeconomia e ultrapassar as

deficiências estruturais que separam Portu-gal dos países desenvolvidos da Europa.«Este é o momento de Portugal mudar deparadigma económico», afirmou o primeiro-ministro, defendendo que depois daintegração de Portugal na moeda únicaeuropeia, que se realizou com o apoio numapolítica de estabilidade macroeconómica, éaltura de apostar na microeconomia.«Agora, é na microeconomia (empresas) quereside o essencial do desenvolvimento dapolítica económica portuguesa», frisouAntónio Guterres, no final da apresentaçãodas conclusões dos sete encontros da eco-nomia de Bicesse, organizados pelo Ministé-rio da Economia, e que reuniu reputados pro-fessores universitários para a discussão donovo perfil da economia portuguesa.

Salto qualitativo

António Guterres apontou como vector estra-tégico fundamental a aposta no «desígnio deno horizonte de uma geração» vencer o es-paço que separa Portugal dos países desen-volvidos na União Europeia (UE), «através deum salto qualitativo», por forma a ultrapassaralgumas deficiências estruturais, nomeada-mente a «baixa produtividade média» e a «bai-xa qualificação média» dos portugueses.O primeiro-ministro - que considerou as re-flexões dos sete encontros da economia deBicesse um instrumento indispensável paracompreensão do País - salientou igualmen-

te, como mensagem fundamental das con-clusões, a necessidade de repensar econo-micamente o sistema jurídico, frisando que énecessário alterá-lo para o adequar à reali-dade económica actual.

Importância do Estado regulador

António Guterres destacou ainda a importân-cia decisiva do papel regulador do Estado eda intervenção de agências independentesdos executivos e dos agentes económicos,como instrumentos indispensáveis para evi-tar situações de deficiência de mercado quetravem a competitividade em circunstânciasde igualdade.«Só é possível ter êxito numa economia glo-bal e l iberal izada se se apostar nainternacionalização da economia portugue-sa», afirmou António Guterres, salientandoque «considera que o Estado deve apoiar asempresas, mas têm de ser elas a apostar emprojectos arrojados».O primeiro-ministro defendeu igualmente anecessidade de olhar de uma nova forma oterritório.«O ordenamento do território e o ambientenão devem ser vistos como um obstáculo aodesenvolvimento, mas como um factor dequalidade», disse, frisando que é preciso cri-ar uma rede de cidades espalhadas pelo paísque apostem na criação de oportunidadespara f ixar as populações e evitar adesertificação.

A

ACÇÃO SOCIALISTA 14 20 MAIO 1999

SOCIEDADE & PAÍS

PRESIDÊNCIAPORTUGUESA

PLANO NACIONALCONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

O ESTREITAR DAS RELAÇÕES

PROTECÇÃO DA MULHER Apresentação pública

As mulheres e crianças vítimas de maustratos físicos e psicológicos contam já comum conjunto de medidas de protecção econtrolo face à actos violentos nas suaspróprias casas. A iniciativa dá pelo nomede Plano Nacional contra a Violência Do-méstica e foi apresentada publicamente nopassado dia 12, no Palácio Foz, em Lis-boa, pelo secretário de Estado da Presi-dência do Conselho de Ministros, VitalinoCanas.Trata-se de um «vasto conjunto de medi-das e recomendações definidas no âmbi-to do Conselho Nacional da Família que,de forma abrangente e integrada, apontacaminhos e objectivos para o combate aum dos grandes flagelos da sociedadeportuguesa de hoje: os actos de violênciafísica e psicológica exercidos sobre mu-lheres e crianças no recato do lar».Com uma vigência de três anos, o planoenumera cerca de 30 medidas cobrindoas áreas de sensibilização e prevenção, deprotecção à vítima, e de investigação eestudo das diversas expressões deste gra-ve problema social.Entre as medidas propostas constam al-gumas de maior «urgência operacional»,

como o desenvolvimento da rede de refú-gios para vítimas da violência, em parce-ria entre o Governo, o poder local e as or-ganizações não governamentais (ONG), eo reforço das secções de entendimentodirecto às vítimas de violência junto dosórgãos de polícia criminal competentes».A criação de uma base de dados organi-zada em rede sobre serviços, equipamen-tos e medidas legislativas a que possamaceder as administrações central, regionale local e as ONG para resolução imediatade situações de risco ou de violência e oalargamento do horário de funcionamentodos serviços telefónicos de emergênciaactualmente existentes para informação eencaminhamento permanente das vítimasde violência doméstica são outras dasmedidas propostas.O plano foi elaborado com a participa-ção de todas as entidades que integramo Conselho Nacional da Família: repre-sentantes das associações não governa-mentais da família, de âmbito regional enacional, representantes de vários minis-térios e personalidades convidadas pelaalta-comissária para a Igualdade e a Fa-mília.

CIÊNCIA Portugal/Marrocos

Multiplicar as iniciativas de cooperação en-tre instituições portuguesas e marroquinasé a meta traçada pelo acordo assinado en-tre Portugal e Marrocos, no passado dia 18,em Lisboa.Os precursores desta iniciativa são o mi-nistro da Ciência e da Tecnologia de Portu-gal, Mariano Gago, e o secretário de Esta-do da Investigação Científica de Marrocos,Omar Fassi-Fehri.O acordo, assinado no salão nobre do Mi-nistério da Ciência e Tecnologia (MCT), vaiproporcionar mais e melhor cooperaçãoentre o Centre National de Coordenation ePlanification de la Recherche Scientifique etTechnologique (CNCPRST) -, instituiçãomarroquina responsável pela coordenaçãoda investigação científica no Reino de Mar-rocos -, e o Instituto de Cooperação Cientí-fica e Tecnológica Internacional (ICCTI) - tu-telado pelo MCT.O ICCTI vem promovendo a cooperaçãocientífica com Marrocos no âmbito do Acor-do Cultural e Científico bilateral, de 1979,nomeadamente através do Programa deAplicação para o triénio 1997-1999.Com o novo acordo entre o CNCPRST e oICCTI prevê-se a multiplicação das iniciati-vas de cooperação entre instituições portu-guesas e marroquinas através de um novo

instrumento jurídico especialmentevocacionado para o intercâmbio de cientis-tas no quadro de projectos de investigaçãoconjuntos e ainda pela promoção de coló-quios temáticos que possam identificar no-vas oportunidades de cooperação, refereuma nota do MCT.O Ministério da Ciência e Tecnologia acres-centa que o País desenvolve já um Progra-ma de Cooperação semelhante com aTunísia, que deu origem a 18 projectos decooperação luso-tunisinos no ano de 1998.Ontem, o responsável governamentalmarroquino visitou instituições de investiga-ção científica portuguesas, para se inteirarde aspectos concretos da sua actividade.

SAÚDE Assembleia Mundial

aria de Belém Roseira, minis-tra da Saúde de Portugal, foieleita, no dia 17, presidente da52ª Assembleia Mundial da

Saúde (AMS), que decorre no Palácio dasNações, em Genebra, até ao próximo dia25.O anúncio foi feito no início dos traba-lhos pelo ministro da Saúde do Bahrein,Faisal Radhi Al-Mousawi, que presidiu àsessão de 1998.Participam nesta reunião do órgão de cú-pula da Organização Mundial da Saúde(OMS) delegações dos 191 Estados-membros, representados por mais de mildelegados.Maria de Belém tem chefiado a delega-ção portuguesa à AMS desde que émembro do Executivo socialista e o con-vite para presidir à Assembleia Mundialda Saúde foi-lhe endereçado a título pes-soal «como reconhecimento do trabalhoque tem desenvolvido no seu país».Além de Maria de Belém, a delegaçãoportuguesa é composta pelo represen-tante permanente de Portugal nas orga-nizações internacionais em Genebra,Gonçalo Santa Clara Gomes, pelo direc-tor-geral da Saúde, Constant inoSakellarides, e pelo assessor do Minis-

apresenta o balanço da actividade da or-ganização durante os seus primeiros novemeses de actividade no cargo.Num relatório intitulado «O futuro da OMSapós um ano de mudança», a autora con-sidera aqueles meses de gestação e de-fende ter agora chegado o momento deatacar os problemas mais importantes eque a vão ocupar no futuro.Gro Harlem Bruntland, especialista no-rueguesa de saúde pública, foi ministrada Saúde e durante dez anos primeira-ministra do seu país, tendo tomado pos-se do cargo de directora-geral da OMSa 21 de Julho de 1998.A luta contra o paludismo e o tabagis-mo, a erradicação da varíola e da polio-mielite, a clonagem e o controlo dos pro-blemas ligados à carência de iodo sãoalguns dos temas a abordar naassembleia que se iniciou na passadasegunda-feira, dia 17, onde também seanalisarão diversas questões administra-tivas e financeiras em grande parte liga-das à revisão da constituição da OMS.A criação da OMS foi discutida no seioda ONU em 1946, tendo a sua constitui-ção sido aprovada em 1947 e concreti-zada a 7 de Abril de 1948 com 61 Esta-dos como membros fundadores.

tério da Saúde para a área da coopera-ção, Lopes Martins.«Um ano de mudança» é o título do docu-

mento a apresentar pelo conselho execu-tivo da OMS, enquanto a directora-geralda organização, Gro Harlem Brundtland,

M

20 MAIO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA15

SOCIEDADE & PAÍS

UMA NOVA FORMA DE FINANCIAMENTODA ACTIVIDADE DESPORTIVA

DESPORTO Estatuto do Mecenato

Decreto-lei nº 74/99, de 16 deMarço aprovou o Estatuto doMecenato, no qual pela primei-ra vez foi consagrada a figura

do Mecenato Desportivo. Tal consagraçãoconstitui um assinalável êxito do movimen-to associativo e o reconhecimento públicoda importância fundamental que o despor-to assume hoje nas sociedades modernas.É uma matéria que o actual Governo deci-diu mas que era um desejo já de muitosanos de todos os que protagonizam o des-porto.O Mecenato Desportivo constituí uma novaforma de financiamento da actividadedesportiva permitindo, através da criaçãode um regime de benefícios f iscaisincentivador, coerente e claro, a participa-ção dos cidadãos e das empresas na rea-l ização dos objectivos da polít icadesportiva do Governo, designadamenteno que respeita ao fomento e desenvolvi-mento da actividade desportiva.É de salientar a grande abrangência doMecenato Desportivo cujas entidadesbeneficiárias são a Fundação do Despor-to, o Comité Olímpico de Portugal, as fe-derações desportivas, os clubes e as as-

sociações promotoras do desporto.Em termos práticos, os benefícios fiscaisprevistos no âmbito do MecenatoDesportivo traduzem-se, em sede de IRCna possibilidade das empresas apresen-tarem nas suas declarações de impostos,

como custos ou perdas do exercício, atéao limite de 5/1000 do volume de vendasou dos serviços prestados, todos osdonativos em dinheiro ou em espécie atri-buídos às entidades atrás referidas. Estemesmo limite, contudo, não se aplicará

sempre que os donativos atribuídos sedestinarem à Fundação do Desporto ou àrealização de actividades ou programasque sejam considerados de superior inte-resse desportivo.É de realçar que os donativos concedidosserão sempre majorados, isto é são leva-dos a custos em valor correspondente a120 por cento do respectivo total, ou 130por cento quando atribuídos ao abrigo decontratos plurianuais.Também em sede de IRS o regime apro-vado permite aos cidadãos contribuintesdeduzirem ao valor anual dos seus rendi-mentos os donativos por si concedidos àsentidades abrangidas pelo Estatuto doMecenato.Neste caso, a dedução em causa é efec-tuada em valor correspondente a 25 porcento das importâncias atribuídas e até aolimite de 15 por cento da colecta. Contu-do, caso o donativo se destine à Funda-ção do Desporto, tal limite não será apli-cável.Espera-se que a sociedade civi lcorresponda a este estímulo do Estado aodesenvolvimento do desporto, que o Es-tatuto do Mecenato possibilita.

ESCOLAS COM TRÊS NOVASVIATURAS

SEGURANÇA Distrito de Bragança

OFICINADO AMBIENTE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL Parque das Nações

As escolas das três vilas que não são sedede concelho no distrito de Bragança rece-beram no passado sábado, dia 16, três via-turas oferecidas pelo Ministério da Adminis-tração Interna no âmbito do programa «Es-cola Segura».As viaturas foram distribuídas pelas vilas deTorre Dona Chama, Sendim e Izeda, elevan-do para 16 o número de veículos distribuí-dos no distrito de Bragança.O investimento, que ascende a cerca de 35mil contos, visa, segundo o governador civil,Paz Dias, garantir «vigilância a todas as es-colas preparatórias e secundárias da região».O programa Escola Segura começou no dis-trito de Bragança há cerca de dois anos, como Governo Civil a assegurar o investimentoinicial, de 20 mil contos, para as sedes deconcelho.Posteriormente foi decido reforçar a capitaldo distrito com mais uma viatura e abrangerno programa as vilas que não são sede deconcelho.Para o efeito foi pedida ajuda ao Ministérioda Administração Interna, que contribuiu di-rectamente com a oferta das viaturas.O «Escola Segura» é «o programa de segu-rança com maior êxito até agora». Na opi-nião do governador civil, para quem «no in-terior das escolas e nas áreas circundantes,

a criminalidade sofreu uma diminuição tre-menda, o que contribuiu para a tranquilida-de dos País»Segundo Paz Dias, o programa «tem sidotambém um bom exemplo da filosofia dasegurança da proximidade, em que todosdevem colaborar com as forças de seguran-ça para a sua protecção e defesa».Este foi o lema da Semana Distrital da Segu-rança que decorreu em Bragança, encerran-do com a cerimónia de entrega das novasviaturas para as escolas.Ao longo da semana realizaram-se, em to-das as sedes de concelho do distrito, en-contros com as populações e as entidadeslocais para discutir os problemas que afli-gem cada local e encontrar formas de coo-peração para a sua resolução.Estes encontros serviram também como umprimeiro contacto para a criação dos conse-lhos municipais de segurança, cuja finalida-de é «chamar toda a colectividade a contri-buir para a sua própria segurança».Nestes conselhos estão representadas asautarquias, bombeiros, forças policiais e ou-tras entidades locais.Segundo o governador civil de Bragança,«falta apenas criar os conselhos municipaisde segurança de Bragança, Miranda do Dou-ro e Vimioso».

A cidade de Lisboa conta desde a passa-da segunda-feira, dia 17, com a sua pri-meira Oficina do Ambiente. A inauguraçãodecorreu no Cabeço das Rolas, Parquedas Nações.Trata-se de um projecto de divulgação eSensibilização Ambiental que visa dotar ametrópole alfacinha de equipamento pe-dagógico e educativo em questõesambientais para a população escolar.A Oficina do Ambiente é constituída por trêstipos de actividades que podem ser feitasem grupo ou individualmente: a visita aoCentro de Monitorização Ambiental(CEMA), as actividades e jogos de carác-ter ambiental e os percursos ambientais.O projecto nasceu da requalificaçãoambiental operada pela Parque Expo�98,no âmbito da preparação da exposição, edestina-se sobretudo a escolas do tercei-ro ciclo até ao secundário.O CEMA é o local de trabalho técnico decontrolo diário da qualidade ambiental doParque, desde a qualidade da água que éavaliada de 15 em 15 minutos, até à quali-dade do ar passando por informações so-bre meteorologia.Além do acesso aos computadores ondese podem recolher as informaçõesambientais sobre o Parque, pode ser tam-

bém consultada a página Ambiente naInternet.Temas de maior interesse ambiental po-dem ser conhecidos através da passagemdo vídeo ambiente e de diapositivos.O CEMA dispõe ainda de quatro grandesjanelas de canto com vistas distintas quesugerem diferentes temáticas: adesafectação industrial, o enquadramentodo Parque das Nações na Expo, as infra-estruturas inovadoras e a requalificação dafrente rio.De forma a rentabilizar o tempo de esperapara aceder ao interior do CEMA, enquan-to outro grupo o visita, as crianças podementreter-se no exterior desenvolvendo coma ajuda de monitores actividades e jogosde carácter ambiental.A outra vertente da Oficina do Ambientesão os percursos ambientais no Parque.Os estudantes podem optar por diferen-tes itinerários que lhes dão a conheceraquele espaço ao ar livre, pondo-os emcontacto com a natureza.O percurso do Jardim do Cabeço das Ro-las, situado numa zona elevada com vistasagradáveis, e os percursos pedonais juntoao rio são alguns dos vários caminhos queirão sendo disponibilizados e divulgados acurto prazo pelo Parque das Nações.

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 20 MAIO 1999

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

AUTARQUIAS

Cascais

Autarquia assinalaDia Internacional dos Museus

Visitas guiadas aos museus de Cascais,ateliers de pintura, realização de trabalhosem barro, jogos educativos, concerto demúsica erudita e visitas ao Moinho de Ar-mação tipo americano, em Alcabideche,foram algumas das iniciativas que a Câ-mara Municipal de Cascais promoveu nodia 18, no âmbito das comemorações doDia Internacional dos Museus.

Giacometti homenageado

Michel Giacometti está a ser alvo (de 19 a21 de Maio) de uma homenagem na Cór-sega por iniciativa das câmaras de Ajaccioe Cascais, com uma série de iniciativas quecontam com o apoio e com a intervençãodas colectividades portuguesas em Fran-ça e da região da Córsega.A obra e a vida do grande etnomusicólogoque se radicou em Portugal há 39 anos eque faleceu em 1990, tendo residido sem-pre em Cascais, estão a ser evocados atra-vés da exposição «Michel Giacometti:guardador de vozes», organizada pelaCâmara de Cascais.

Lisboa

Mário Viegas e António Variaçõesna toponímia

Os cantores António Variações e CarlosPaião e o actor Mário Viegas já têm os seusnomes em ruas de Lisboa, mais concreta-mente no Bairro dos Retornados da Fre-guesia de Santa Maria dos Olivais.

Outros quatro artistas já desaparecidos,Carlos Daniel (actor), Jaime Mendes (mú-sico), Fernando Bento (artista plástico) ePalhaço Luciano compõem novastoponímias para arruamentos daquele bair-ro, actualmente denominados pelas letrasde A a G.António Ribeiro, mais conhecido comoAntónio Variações, dedicou uma vida in-teira à música e ao espectáculo mas tam-bém trabalhou em quinquilharias, em es-critório, foi barbeiro e cabeleireiro.Ganhou grande popularidade na músicaportuguesa e ficou conhecido pela suaexuberância tanto em palco como no dia-a-dia.O também cantor Carlos Paião começouaos cinco anos a tocar acordeão e com-punha «de ouvido», dedicou-se sempre àmúsica mas a fama surgiu em 1981 quan-do ganhou o Festival da Canção da RTPcom uma música que se tornaria um dosseus grandes êxitos, o «Play-Back».Mário Viegas, considerado um dos melho-res actores portugueses, e homem de con-vicções de esquerda, foi ainda encenador,declamador, e director de companhia.Subiu pela primeira vez ao palco com 21anos, e trabalhou na rádio e na televisão,divulgando sempre poesia e teatro semnunca descurar o humor que lhe era ca-racterístico.No cinema foi um dos principais intérpre-tes de inúmeros filmes, como, por exem-plo, «Kilas o mau da fita», «Sem sombrade pecado» e «O rei das Berlengas».

Porto

Plano de Médio Prazo

Fernando Gomes apresentou no dia 11, naSala da Vereação, nos Paços do Conce-lho, o Plano de Médio Prazo do Municípiodo Porto.

No Plano são enquadrados os investimen-tos e realizações até ao ano 2002,consubstanciando um projecto de cidade,que engloba uma visão para o futuro doPorto e uma estratégia desenvolvimentopara a intervenção municipal.Trata-se de um Plano elaborado ao longode vários meses, com o envolvimento detodos os serviços e estrutura técnica daautarquia.Este Plano contempla um investimento glo-bal da responsabilidade do município daordem dos 145 milhões de contos, verbajamais atingida em idênticos períodos de

tempo no município do Porto.De salientar ainda que se trata de uma ino-vação na forma de gerir uma câmara, jáque não é habitual as câmaras municipaiselaborarem Planos de Médio Prazo, atéporque a tal não são obrigadas por lei.

Povoação

Novo espaço comercial

No âmbito da política de incremento e dedinamização comercial e económica doconcelho que a Câmara da Povoação temvindo a implementar, surge agora mais umespaço comercial, o Três Bicas Beach, si-tuado junto à praia da Ribeira Quente.

Santo Tirso

Campanha do Banco Alimentar

A Câmara Municipal de Santo Tirso, talcomo em anos anteriores, colaborou coma iniciativa Banco Alimentar Contra a Fome,facultando o transporte dos bens alimen-tares recolhidos nos supermercados, atéaos armazéns do Banco Alimentar.

Vila Franca de Xira

Duas novas escolas

O ensino tem merecido uma especialatenção da Câmara Municipal de VilaFranca de Xira.O excesso de alunos em duas escolas doconcelho de Vila Franca levou a autarquiaa celebrar um acordo com a DREL, adian-tando-se a um estudo ainda não concluí-do para resolver estes casos «urgentes».«As carências de infra-estruturas escola-res no concelho e em especial a urgên-cia destes dois equipamentos era tão vi-sível que não foi preciso esperar pelo es-tudo», disse Alberto Mesquita, vereadorresponsável pelo pelouro da Educação.A autarquia aproveitou uma recente visitado secretário de Estado da AdministraçãoEducativa, Guilherme d�Oliveira Martins,à freguesia de Alhandra, para assinar umprotocolo com a Direcção Regional deEducação de Lisboa (DREL) para a cons-trução de duas escolas secundárias, umano Forte da Casa e outra na Castanheirado Ribatejo.

Actualmente, as cerca de 1200 criançasdestas duas freguesias tinham de se des-locar à Escola EB 2,3 de Alverca ou à Es-cola Secundária Dr. Sousa Martins em VilaFranca de Xira, para continuar os seus es-tudos.

A transferência das crianças provocou asobrelotação das duas escolas para odobro.Na Escola 2,3 Vasco Moniz estão actual-mente inscritos 1200 alunos, mas as infra-estruturas só estão preparadas para re-ceber 600. O mesmo se passa com a Escola 2,3Aristides de Sousa Mendes, onde «estãocerca de 600 alunos a mais», referiu o ve-reador.A situação actual de sobrelotação levoua autarquia a não esperar pelo estudo(Carta Escolar) que está a ser elaboradopelo Instituto Superior Técnico que servi-rá de base a uma remodelação das infra-estruturas.Sem esperar pelas conclusões da CartaEscolar, a autarquia garante que no anolectivo 2000/2001 as duas escolas esta-rão a funcionar e a sobrelotação será umproblema do passado.

Vila Real de Santo António

Homenagem a António Aleixo

No âmbito das comemorações dos 25anos do 25 de Abril, a Câmara Municipalde Vila Real de Santo António homena-geou o poeta popular António Aleixo, na-tural do concelho, com a atribuição do seunome ao Centro Cultural da cidade.

António Aleixo, poeta popular, também elesimboliza o 25 de Abril e a conquista daliberdade de pensamento.As palavras eram a sua arma e com elaslançava pequenos focos de revolução.

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PS EM MOVIMENTO

Debate sobre «A Nova Europa»

Na sequência de toda a actividade do Departamento Concelhio das Mulheres Socialis-tas, realizou-se recentemente um debate subordinado ao tema «A Nova Europa», noAuditório da FDP, que contou com a participação da camarada Maria Carrilho, deputadada Assembleia da República.

LOULÉ Jantar/Comício

BRAGA Federação Distrital

A Federação Distrital de Braga do PS está empenhada activamente na campanha paraas eleições europeias.No dia 11 o Grupo do Norte de candidatos do PS ao Parlamento Europeu, e que incluientre outros, Carlos Lage, Manuel dos Santos e António da Silva Reis, efectuou a primei-ra visita ao distrito de Braga.Esta visita insere-se num programas de visitas até ao dia 25 de Maio, em que os candi-datos a deputados ao PE dos distritos do Norte vão visitar os cinco distritos da regiãoNorte.De salientar que esta visita foi dedicada aos problemas do interior.

CACILHAS Jantar-convívio

O Secretariado da Secção de Cacilhas vai organizar no dia 26, às 19 e 30, um jantar-convívio para assinalar os 25 anos do 25 de Abril, que decorrerá na Cervejaria «Cabrinha»,no Largo Alfredo Dinis (Largo de Cacilhas).Estão confirmadas as presenças dos camaradas Ferro Rodrigues, Joel Hasse Ferreira,Alberto Marques Antunes e Paulo Pedroso

Homenagem a militantes históricos

Na ocasião, serão homenageados os camaradas inscritos na Secção que completameste ano 25 anos de filiação no Partido. São eles os camaradas Fausto Lucas Martins,José Maria Correia, António Carlos Godinho Soares e Mário da Silva Batista Vilhena.Uma grande jornada de confraternização em perspectiva.

ÉVORA Conferência sobre ambiente

Na sequência da cerimónia do quarto aniversário da assinatura do contrato de legislativada Nova Maioria, o PS promoveu no passado dia 16 a primeira conferência temáticasobre «Ambiente e Território», organizada pelos camaradas Edite Estrela, João Cravinhoe José Sócrates, que decorreu no Hotel da Cartuxa, em Évora.

ÍLHAVO Concelhia organiza debates

No seguimento do ciclo de debates programados pela Comissão Política Concelhia deÍlhavo do PS, realiza-se amanhã, dia 21, em Ílhavo, um jantar-debate, que conta com apresença do camarada Francisco Assis, presidente do Grupo Parlamentar do PS.O tema em discussão será «PS � uma relação de confiança com os portugueses! Osdesafios de um projecto socialista para o século XXI».Esta oportuna iniciativa é aberta a toda a população e decorre no restaurante «Windsor».

PORTO Mulheres Socialistas

A Comissão Política Concelhia na sua reunião plenária de 19 de Março aprovou oPlano de Actividades que incluía a criação do Departamento das Mulheres Socialis-tas.Assim, a partir daí foi elaborado um plano de acções que têm vindo a ser levadas àprática, nomeadamente a visita às Secções de residência da cidade do Porto no sentidoda mobilização de todas as mulheres socialistas para os combates eleitorais que seavizinham.

Debate sobre «O papel da mulher na sociedade portuguesa»

A Federação Distrital do Porto do PS organizou no passado dia 17 um debate subordi-nado ao tema «O papel da mulher na sociedade portuguesa», que teve como oradorprincipal o camarada António Costa, ministro dos Assuntos Parlamentares.

RIBEIRA DE PENA Pré-campanha

No âmbito da pré-campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, os candidatos do PSvisitam o concelho de Ribeira de Pena e de Montalegre no próximo dia 22, sábado.No dia 24 o camarada Mário Soares profere uma conferência subordinada ao tema «Osnovos desafios da Europa no próximo século», no auditório do GATAT.

Pauline Green afirmaSoares é «muito bom candidato»

à presidência do PEA presidente do Grupo Socialista do Parlamen-to Europeu, Pauline Green, elogiou no dia 4 asqualidades políticas de Mário Soares, acentu-ando que ele é um «muito bom candidato» à pre-sidência do PE.«O seu prestígio (de Soares) constitui por si sóum grande trunfo para nós», declarou a líder dossocialistas europeus numa conferência de Im-prensa decorrida logo após ter estado reunidacom o cabeça-de-lista do PS português para aseleições europeias.A reunião decorreu à margem do plenário doPE a que Mário Soares se deslocou na qualida-de de presidente do Movimento Europeu.

Soares tem enormes competências

«Soares tem enormes competências e é umeuropeu muito empenhado», acrescentouPauline Green, depois de ter esclarecido, momentos antes, que não entraria na corri-da à lideranca do PE, uma possibilidade aventada há meses nos meios parlamenta-res europeus.«Acho que tem atrás dele apoios consideráveis, claro que é um bom candidato»,precisou a chefe de fila do maior grupo político representado no Parlamento da UniãoEuropeia.Pauline Green admitiu, no entanto, que a eleição do candidato português para a pre-sidência da instituição depende dos resultados das Europeias, que se realizam a 13de Junho.«É preciso aguardar pelas eleições», afirmou.A responsável do PSE referia-se à imprevisibilidade do «acordo de cavalheiros», so-bre a presidência do PE, que tem vigorado entre os dois partidos habituais vencedo-res dos escrutínios europeus - socialista/PSE e democrata-cristão/PPE.Ao longo das últimas legislaturas PPE e PSE partilharam o cargo através de um acor-do informal ao abrigo do qual a um presidente conservador sucede um presidentesocialista e vice-versa.

No próximo dia 25 de Maio realizar-se-á um jantar/comício, no Salão de Festas doQuarteirense, em Quarteira, organizado pelo PS/Loulé, que assinala o arranque da cam-panha eleitoral do PS para o Parlamento Europeu, além da presença do referido candi-dato, estarão também presentes os camaradas Jaime Gama e José Apolinário, quereforçarão o apoio ao candidato que colocará o Algarve no Parlamento Europeu.

ACÇÃO SOCIALISTA 18 20 MAIO 1999

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

ECONOMIA DA (DES)IGUALDADE

GLOBALIZAÇÃO Iglésias Costal

eflectindo acerca dos proble-mas que atormentam cada vezmais as populações deste pla-neta, era desejável que se

perspectivasse a economia do Ser, comoforma duma nova vivência planetária.Hoje gasta-se papel em artigos que nossensibilizam para problemas que nos to-cam. Como a segurança individual e colec-tiva, a fome, a poluição, as religiões, umsem-número de preocupações. Tenho re-parado que textos escritos há muitos anosainda são actuais. No mínimo dá para pen-sar.Com efeito, na segunda metade do sécXIX, já os escritores da Escola Realistaabordavam muito dos problemas que atra-vessam ainda a nossa sociedade. Eviden-temente com as devidas relatividades:epistemológicas e «cibernéticas».As profundas transformações sociais quese operavam por via das máquinas a va-por na indústria, nos transportes, na eco-nomia e no relacionamento da sociedade,fizeram surgir novos problemas na manei-ra colectiva de sentir e pensar, completa-mente diferentes do iluminismo e da Re-volução Francesa.Nas ciências a concepção mecanicista foiultrapassada. A termodinâmica mostravaa unidade existente entre as várias formas

de energia, a químíca orgânica liga osfenómenos físico-quimícos aos da fisiolo-gia, verifica-se que tudo no mundo temuma história desde os corpos celestes atéà crosta terrestre, às espécies biológicas,as arquitecturas sociais, aos princípios dajustiça aos idiomas.A nova mentalidade científica e filosofica nãopodia deixar de reflectir os problemas hu-manos, que começavam a agravar-se coma indústria de novo cariz, com a reduçãode pessoas à condição de assalariados.Em 1830 os escritores começam apeocupar-se com os novos problemas dohumanismo, a escravatura que os meca-nismos tornavam dispensável os horáriosexcessivos do trabalho dos operários, oanalfabetismo, a miséria e a deliquência,também a infância abandonada. Asconsequências sociais e morais do lucroeram postas em destaque pelo grande ro-mancista Balzac na «Comédia Humana»,a exploração da infãncia e dos miseráveis,os regimes de prisão são mostrados porDickens e Victor Hugo.Havia escritores que exaltavam ohumanismo e atacavam a burguesia. Anova mentalidade instalada na altura retra-tava os males sociais na obra literária, re-lacionados com as revoluções de 1848 eo aparecimento das primeiras ideologias

socialistas, conduziram ao chamado Rea-lismo. Escola que procura na produçãodesapaixonada da realidade social e hu-mana e reage contra o individualismo.Victor Hugo é na altura o grande escritorda literatura humanista e protestativa.Em 1870, Antero de Quental e alguns com-panheiros de curso realizam uma série depalestras conhecidas por «Conferências doCasino Lisbonense»para divulgar as novas correntes ideológi-cas e estéticas dos países mais avança-dos.Foi também a influência de Proudhon, atra-vés de Antero de Quental que Eça deQueirós foi conduzido para o realismo,como necessário para a defesa do pro-gresso humano.É interessante notar ao longo dos anos adificuldade de ultrapassar certos compor-tamentos, motivados ou despoletados pe-las tecnologias que entretanto surgiam.Se avançarmos no tempo reparamos queo mesmo está a acontecer de uma formaabrupta, exponencial e mais frustante aocompararmos as épocas, o que aliás éfundamental para o evolucionismo da so-ciedade, que coloca à partida uma preo-cupação da melhoria do comportamental.A economia e a evolução tecnológica per-mitem que o homem possa atenuar as di-

ferenças materiais. Contudo essa diferen-ciação está a aumentar. A complexidade,o contraditório e a diferenciação estão adominar o indivíduo. O individualismo estáa prosseguir o caminho do absurdo. Asatitudes estéticas e éticas têm que se so-brepor ao novo liberalismo, que apenasabsorve o lucro como forma última daeconomia.Não vai ser mais possível continuarmos nasenda do não actuar. As organizaçõesmundiais têm que imprimir e instigar umnovo modelo de economia. O da igualda-de. Não faz sentido prosseguirmos paraformas de destruição que são lentas masirreversíveis.Nunca se falou e escreveu tanto sobreeconomia, mas pouco se resolveu a bemdas populações.Penso que um desafio se coloca com bas-tante força: o de mudarmos este tipo desituação, a de cada vez mais os sobres-saltos, as angústias e as ansiedades cria-das podem vir a ser resolvidas, porquenovas mentalidades surgirão com efecti-vas e verdadeiras mudanças nas mentali-dades das lideranças. Talvez comece pelaliderança a verdadeira mutação planetáriapara uma economia da utilidade e da igual-dade, contrapondo-se à do lucro pelo lu-cro a da desigualdade.

BEM PREGA FREI PACHECO!

EUROPEIAS Edite Estrela

dr. Pacheco Pereira não pára denos surpreender. Sobretudodesde que é candidato ao Par-lamento Europeu.

Quando era comentador, criticou dura-mente a sujeição de alguns políticos aosditames da sociedade comunicacional,acusando-os de se auto-programaremem função dos horários dos telejornais.Agora, que é candidato, não resiste à ten-tação de fazer o que dantes censurava.Conferências de imprensa só mesmo àsoito da noite.Sendo embora deputado do PSD, empe-nhou-se activamente na reeleição de Má-rio Soares à Presidência da República.Agora, que é o cabeça de l is ta àseuropeias, só vê defeitos onde antes viaqualidades. Só para ele é que Soares jánão «é fixe». Será que os candidatos ad-quirem razões que a razão do comumdos mortais desconhece? Ou tratar-se-átão-só de contradições, não mais quecontradições, como diria Carlos de Oli-veira? É o que parece. De contrário,como se explica que o dr. Pacheco, umindefectível apoiante do dr. Durão Barro-so, venha agora criticar a política exter-na portuguesa, incluindo a política afri-cana desenvolvida pelo mesmo dr. Du-

rão Barroso, enquanto ministro dos Ne-gócios Estrangeiros?Sabe-se que o dr. Pacheco é um homemculto, que possui uma considerável bi-blioteca e uma invejável base de dados.Que lê e escreve muito, pensa e argu-menta bem, fazendo jus à sua formaçãode filósofo. Com acesso fácil aos «me-dia», o dr. Pacheco já teve oportunidadede se pronunciar sobre os mais variados

temas da actualidade, na imprensa, narádio e na televisão, sem inibições dequalquer espécie.Quem possui um tal tirocínio e à-vonta-de, só por arrogância ou incomodidadepode invocar a sua condição de «nãoeconomista» para se furtar, numa entre-vista à Antena Um, a comentar os resul-tados que o Governo obteve na negoci-ação da Agenda 2000. O dr. SantanaLopes e o dr. Paulo Portas, que tambémnão são economistas, não se coibiramde reconhecer e aplaudir o êxito alcan-çado. Acontece que o primeiro é do par-tido do dr. Pacheco e o segundo é,comoele, cabeça de lista ao Parlamento Euro-peu. É, pois, legítimo concluir quenão foia sua filiação partidária nem a qualidadede candidato que condicionaram a res-posta do dr. Pacheco. O que foi, então?Mesmo que o dr. Pacheco tenha poucapropensão para os números e veja nosfundos estruturais uma inaceitável medi-da de discriminação positiva compará-vel às quotas de participação feminina,não serve de desculpa. Ele sabe que lheera pedida apenas uma avaliação políti-ca e não uma apreciação técnica.Acresce que, não havendo na lista doPSD qualquer economista em lugar ele-

gível e sendo a Comissão do Orçamen-to uma das mais importantes do Parla-mento Europeu, o dr. Pacheco vai ter dese virar, a menos que peça ajuda à ca-beça de lista da CDU ou a um dos qua-tro economistas que o PS deve eleger.A situação poderia ser bem mais confor-tável se o PSD, em vez de apresentaruma lista com dois intelectuais, a viúvade Lucas Pires e mais uns nomes paracontentar distritais, concelhias, jovens esindicalistas, tivesse incluído uma eco-nomista em lugar cimeiro. Resolvia o pro-blema das contas e orçamentos e cum-pria o prometido durante o debate, naAssembleia da República, daquela queficou conhecida, ainda que erradamen-te, por «lei das quotas». O tão apregoa-do mecanismo da auto-regulação tradu-ziu-se, afinal, na existência de uma úni-ca mulher em lugar elegível. Uma mu-lher em nove lugares e... mais sete parao fim da lista. Serve para compor o ra-malhete e talvez para enganar as tolas.Só isso explica, aliás, que alguém possaver numa tal lista um «claro sinal de res-peito pelas �quotas� de participação fe-minina». Parece que não é só o dr.Pacheco que não é economista!In «Expresso»

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20 MAIO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA19

CULTURA & DESPORTO

QUE SE PASSA Mary Rodrigues

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

SUGESTÃO

Concursos em Albufeira

«O Ambiente litoral e as praias com ban-deira azul da Europa no concelho de Al-bufeira» é o título genérico de um concur-so de vídeo que a autarquia albufeirenseestá a promover até Setembro.O certame, aberto a todos os interessados,tem como principal objectivo seleccionarum registo de vídeo sobre aspotencialidades faunísticas e florísticasdeste turístico concelho algarvio.Os trabalhos, que podem ser entregues atéfinal de Setembro no Departamento de Am-biente da Câmara Municipal, devem teruma duração máxima de dez minutos e co-mentários em língua portuguesa.Também no âmbito da campanha da ban-deira azul da Europa. a edil idadealbufeirense promove um concurso de fo-tografias a cores, que visa evidenciar aspotencialidades naturais do ambiente lito-ral do concelho.

Teatro em Coimbra

O Teatro dos Estudantes da Universidadede Coimbra (TEUC) estreia, hoje, a peça«A Mulher Canhota», encenada por Rogé-rio de Carvalho.A produção inspira-se no romance homó-nimo do austríaco Peter Handke, e apre-senta como tema fulcral a crise do casal,o desfazer da ligação amorosa, aspectosdominantes na obra do escritor.A peça estará em cena até ao dia 28 deMaio, no Teatro de Bolso do TEUC.

Arqueologia em Elvas

O concelho tem já os primeiros dois cir-cuitos arqueológicos do País, promovidospelo Instituto Português do Património Ar-quitectónico (IPPAR), proporcionando aosvisitantes a descoberta das antas dos per-cursos do Guadiana e de Barbacena.Nos circuitos o visitante tem acesso a umconjunto de monumentos funeráriosconstruídos pelo homem entre os séculosV e III A.C. Enquanto no circuito doGuadiana as antas são em xisto, no per-curso de Barbacena é o granito que pre-domina.Os percursos, realizados em veículos todo-o-terreno, estão já abertos ao público, fun-cionando às quartas-feiras, sábados, do-mingos e feriados. A partida e chegada sãono Castelo de Elvas.Com 93 monumentos megalíticos identifi-cados, o concelho de Elvas é um dos maisricos do País neste tipo de construçõesarqueológicas.

Multiculturalismoem Estarreja

«Multiculturalismo e encontro de culturas»é o tema da primeira edição do Festival deEstarreja - ESTA�99 -, que decorre a partirde amanhã prolongando-se até ao dia 30.Assente numa programação internacional

de espectáculos de teatro, dança e músi-ca, o Festival comporta também um ciclode debates e uma reunião do grupo de tra-balho e reflexão sobre Multiculturalismo eGlobalização do Informal European TheatreMeeting.O programa do ESTA�99 acolherá artistasde vários países, nomeadamente de gru-pos da China, Cabo Verde, Angola, Bélgi-ca, França e Brasil. O programa do Festi-val decorrerá na Praça Francisco Barbo-sa, em tendas de circo e palcos móveis.

Pinturaem Ferreira do Alentejo

Leonel Borrela e Flávio Horta expõem, atéao dia 28, na Galeria de Arte da Capela deSanto António, os seus mais recentes tra-balhos em pintura.

Concerto em Fafe

Amanhã, às 21 e 45, no Estúdio Fénix, as-sista a mais um concerto quinzenal comen-tado pelo maestro José Atalaya. Desta fei-ta a «Música em Diálogo» contará com JedBarahal (violoncelo) e José Pina (guitarra)para r4ecriar obras de Boccherini,Romberg, Joaquin Nin, Domeniconi eRadamés Gnattali.Ainda no Estúdio Fénix, mas este fim-de-semana, será exibido nas sessões das 15e 30 e das 21 e 30, o filme português «Jai-me».

Bandas em Guimarães

«Búffalo 66», de Vicent Gallo, e «A Vida éBela», de Roberto Benigni, são as duas fi-tas de qualidade que poderá apreciar hojee na terça-feira, dia 25, respectivamente,pelas 21 e 30, no Auditório Municipal daUniversidade do Minho.Hoje e amanhã delicie-se com os dois últi-mos espectáculos do Festival de Bandasdeste ano. No palco do Ultimatum CaféJazz Café actuarão os Fora-de-Mão eTawdry (hoje 22 e 30), bem como os TearDrop e Temus Thempu (amanhã, 22 e 30).Ainda amanhã, pelas 18 e 30, realiza-se noAuditório da Universidade do Minho, umaconferência sobre «O Corpo» que contarácom a participação de dois académicosespanhóis: Emilio Tuñón e Luís Mansilla

Fado em Lisboa

António Chainho, Teresa Salgueiro, FilipaPais, Marta Dias e Sofia Varela constituemuma mistura explosiva e única que vai po-der ver e ouvir, hoje, a partir das 22 horas,no Grande Auditório do Centro Cultural deBelém, num espectáculo de apresentaçãodo disco «A Guitarra e Outras Mulheres»,um belíssimo repertório com excelentesintérpretes que marca o novo fado portu-guês.Amanhã, sexta-feira, é dia de estreias ci-nematográficas nas salas de cinema lis-boetas. Assim, escolha de entre as três fi-

tas debutantes. «A Armadilha», de JonAmiel, «Star Treck. Insurreição», deJonathan Frakes, e «Lulu on the Bridge»,de Paul Auster.Na Delegação Regional do IPJ de Lisboahaverá, no sábado, dia 22, pelas 15 horas,um concerto a cargo do grupo coralMampoli, sob a designação genérica de«Associação Jovem +».No mesmo local, quatro dias depois, naquarta-feira, às 21 e 30, poderá assistir aum recital de música de câmara pela Or-questra Metropolitana de Lisboa.

Desenhos no Porto

O Museu Nacional Soares dos Reis tempatente ao público, até ao dia 30 de junho,a exposição «Desenhos dos Surrealistasem Portugal», que inclui obras de MárioCesariny, Cruzeiro Seixas e AlexandreO�Neill.As obras presentes na mostra referem-seao período entre 1940 e 1966.

Exposição em Sintra

O trabalho de 18 jovens artistas francesesrepresentados em colecções privadasconstitui o teor de uma exposição intitulada«França - Uma Nova Geração», a inaugu-rar no próximo sábado, dia 22, no SintraMuseu de Arte Moderna.Integrando obras de pintura, escultura, fo-tografia e multimédia, a mostra proporcio-na uma leitura da situação artística france-sa dos anos 90, ao abranger artistas commenos de 40 anos.Escritores, poetas, empresários, políticose outras personalidades do mundolusófono reúnem-se em Sintra nos dias 23,24 e 25, no âmbito da Festa da LínguaPortuguesa II, uma iniciativa da CâmaraMunicipal.O evento enquadra-se no objectivo comumde defesa de uma língua plural e una, en-tendida como símbolo de um diálogo pri-vilegiado entre Portugal, Angola, Brasil,Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambiquee São Tomé e Príncipe.

Concerto

AndreaBocelli

«SOGNO»26 de Maio

Pavilhão AtlânticoParque das Nações

FEIRADO LIVRO

A 69ª Feira do Livro de Lisboa abre hoje,às 18 horas, com 181 pavilhões e 115participantes.O evento, que decorre até 13 de Junhono Parque Eduardo VII, terá uma fortecomponente de animação infanto-juve-nil, concentrada sobretudo nos fins-de-semana.A programação cultural centrar-se-á emdois temas - os 25 anos do 25 de Abrile a polémica sobre a cópia privada -que serão objecto de colóquios, deba-tes e exposições e ainda de propagan-da através de cartazes, panfletos eautocolantes.A Câmara Municipal de Lisboa realiza,na feira, uma mostra alusiva à Revolu-ção dos Cravos e uma outra que dá aconhecer as máquinas de escrever deescritores famosos, documentandotambém aspectos da sua vida e obra.A edilidade lisboeta promoverá igual-mente uma mostra de esculturas debronze ao longo do Parque.A Feira do Livro de Lisboa poderá servisitada de segunda a quinta-feira das16 às 23 horas, sextas-feiras e véspe-ras de feriado das 16 às 24 horas, sá-bados das 15 às 24 horas, domingos eferiados das 15 às 23 horas. No DiaMundial da Criança abre excepcional-mente às 10 e 30, encerrando às 23horas.No Porto, a Feira do Livro abre amanhã,no Pavilhão Rosa Mota, prolongando-se também até 13 de Junho.Os pavilhões serão 86 - mais quatro doque no ano anterior -, representando umtotal de 64 participantes.

Vejo pássaros de alma no rio do infinitoSerem música do silêncioDas pétalas do sono brancoNas lágrimas das crianças idasCantando subterrâneas cançõesDa cor do nada nos litorais de saudadeDo silêncio alucinado da morte.

Fernando Botto SemedoIn «Poemas do Silêncio»

ACÇÃO SOCIALISTA 20 20 MAIO 1999

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaOrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé Raimundo

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Imprinter, Rua Sacadura Cabral 26,Dafundo1495 Lisboa Distribuição Vasp, Sociedade deTransportes e Distribuições, Lda., Complexo CREL,Bela Vista, Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

ÚLTIMA COLUNA Joel Hasse Ferreira

EUROPA, IMPOSTOS E SOLIDARIEDADE

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SOC IAL ISTA

stá na rua e nos meios de co-municação a campanha paraas eleições europeias.confusão gerada por Pacheco

Pereira deturpando declarações de MárioSoares e o ataque soez à lista do PS têmsido tónicas dominantes da campanha.É fundamental entendermos que um mer-cado único exige uma harmonização nosistema de transacções, aliás já evidenci-ado nos próprios processos de aplicaçãodo IVA. Como será claro que a agudizaçãoda competitividade entre as empresas con-duzirá a uma aproximação ou até a umnivelamento das taxas do tipo IRC. Pode-mos entender que caso fosse aplicado anível europeu um imposto do tipo IRS, oscidadãos dos países com menos rendi-mentos médios beneficiariam. Assim comotambém é facilmente entendível que aintegração do sistema financeiro, a criaçãodo Sistema Europeu de Bancos Centrais,bem como a adopção da moeda únicaconduzem à necessidade de melhor regu-lar os circuitos e os mercados financeiros.Por isso, na União Europeia, a preocupa-ção com os desequilíbrios e distorções na

área fiscal já conduziu à elaboração de umCódigo de Conduta Fiscal. Enquanto seencontram em reanálise os dispositivos le-gais relacionados com os «off-shore» e aszonas francas. É necessário ter-se em con-ta que nos sistemas fiscais se deve mexercom extremo cuidado, para evitar abalosdesnecessários. O que não significará con-formismo ou inacção.Estamos na fase em que se procura avan-çar na 3ª fase da União Económica e Mo-netária, concretizando a adopção da moe-da única e fazendo funcionar bem o BancoCentral Europeu, em articulação com osBancos Centrais de cada Estado membroda União. Daí que as querelas sobre fede-ralismo e confederalismo, lançadas por sec-tores chauvinistas e populistas de direitamais não fazem do que procurar lançar aconfusão. O que interessa é analisarmosconcretamente o que se passa, preparar-mos as próximas etapas e não nos deixar-mos envolver excessivamente em querelassemânticas ou terminológicas. A UniãoEuropeia é uma construção política de tiponovo, alicerçada na vontade dos povos decada Estado membro, ou seja, dos cida-

dãos europeus no seu conjunto.E é a nossa vontade política de europeus,baseada na análise das situações reais, quetraça a estratégia de construção europeia,do aprofundamento, do alargamento e daconsolidação da União.Entretanto, o desemprego em Portugal con-tinua a descer, quer globalmente quer es-pecialmente entre os jovens. Isto não signi-fica que não devamos continuar preocupa-dos quer com as fragilidades da qualifica-ção de uma boa parte da mão de obra por-tuguesa quer com as vulnerabilidades demuitas empresas nacionais, num quadro decompetição global. Mas que deveremosutilizar todos os recursos disponíveis, naci-onais e europeus, na concretização da ideiada solidariedade europeia, apoiando arequalificação da força de trabalho portu-guesa, a reconversão de muitas empresase a concretização de novos investimentosque criem empregos e apoiem acompetitividade das empresas nacionais.Assim se concretizará o princípio da coe-são económico-social europeia. Assim setrabalhará também para dar conteúdo aoprincípio da solidariedade europeia.

E

«Num mundo unipolar, os norte-americanos julgam-se numa TerraPrometida e sentem-se seres deeleição»Jean DanielVisão, 13 de Maio

«Os americanos não conseguemdissimular uma espécie dearrogância serena que os tomoudepois da implosão da UniãoSoviética»Idem, ibidem

«José Cardoso Pires era umgrande amigo e um grandeescritor. Um homem honesto.Sem nenhuma inveja»António Lobo Antunes

«Se as pessoas quase não lêemos jornais, como vão ler livros»Idem, ibidem

«Nas cidades alemãs, as pessoaslêem livros nos transportespúblicos. Aqui é uma coisaexcepcional»Idem, ibidem

«Fernando Gomes sabe interpre-tar os anseios do Porto, do Norte,podemos dizer. Vilacondense,subiu a palmo na vida. Mudoumuita coisa na sua terra, comoautarca, e no País, quandomembro do Governo»Martinho de Castro«Assim � Jornal de Crítica», Maio