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PSICODIAGNÓSTICO Um Enfoque Fenomenológico

PSICODIAGNÓSTICO Um Enfoque Fenomenológico. Diagnóstico: do grego “diagnósticos” – capaz de ser discernível. Saber: “gnósis”, através de: “dia”, saber

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PSICODIAGNÓSTICOUm Enfoque Fenomenológico

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Diagnóstico: do grego “diagnósticos” – capaz de ser discernível. Saber: “gnósis”, através de: “dia”, saber em fluxo, saber através

de, ao longo de, dia-gnosticar Um “saber através” da historicidade, do tempo e do espaçoo Pensar esses dois espaços é tanto um conhecimento que se dá

através da relação do terapeuta com o cliente quanto visa tornar esse conhecimento discernível.

o Diagnosticar em psicoterapia implica, seguir acompanhando-o. Com referência ao método é o fenomenológico, que norteia o processo contínuo. Através da experiência imediata do cliente, busca-se estabelecer as bases para compreendê-lo

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Para Yontef: “Diagnóstico pode ser um processo

de respeitosamente prestar atenção a quem a

pessoa é, tanto como indivíduo único quanto em

relação às características partilhadas com os

indivíduos” (1993.

Se levarmos em conta a nossa comunalidade, aquilo que temos em comum, somos seres humanos, pensamos, sentimos, movemo-nos, porém existe o que é singular, o que é de cada um, a nossa singularidade, o como, a maneira que reage, que sente, que pensa, que interage...

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Classificar tem a função de verificar o que é comum e diagnosticar, tendo em vista o trabalho terapeutico, ver o homem tanto nas suas características comuns, quanto em suas características individuais.

Essa consideração vem de encontro com as bases filosóficas que embasam a Gestalt-terapia, humanista existencial, onde o homem é um ser único, singular e só ele é capaz de avaliar e medir as suas necessidades.

Para sermos coerentes com a visão holística e existencialista de ser humano, o cliente deve ser abordado como um todo não cabendo enquadrarmos o cliente em classes previamente estabelecidas, sem a pretensão explícita ou não, de teorizar sobre o eu ou explicá-lo

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Um diagnóstico dentro de um referencial holístico fenomenológico-existencial é a substituição de insustentáveis certezas por reais indagações, a substituição de uma velada concepção normativa e fragmentada, por uma visão realmente unitária da existência humana.

O cliente quando chega a procurar a terapia traz sempre em si uma “falta”, o intuito do diagnóstico é compreender o que se passa com esse indivíduo único a fim de discriminar a melhor forma de possibilitar que a gestalt inacabada se complete. Entendo como sendo um diagnóstico compreensivo, perceber a relação figura/fundo, e para alcançarmos tal objetivo precisamos acolher este cliente sem nenhuma idéia “a priori”, estando em um estado de disponibilidade interna

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Ao receber e ouvir este cliente precisamos considerar quatro pontos fundamentais, enquanto terapeuta, na compreensão deste cliente:

O IMPACTO: aquilo no cliente que me causa impacto, seja no seu discurso, tom de voz, postura não verbal, o que devemos tentar compreendê-lo ao longo do processo;

AS OMISSÕES: aquilo que o cliente não conta, sendo muitas vezes significativas e esclarecedoras:

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AS REPETIÇÕES: entendendo-as como cristalizações, impedindo a fluidez na formação das gestalten. Podemos considerá-las re-petições, pedir novamente, não para atendê-lo, mas para compreender sua função, resignificando a necessidade expressa no pedido;

OS SINTOMAS: sinalização das relações figura/fundo;

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DIAGNÓSTICO É IMPORTANTE POIS :

“ Enquanto não consigo esclarecer as

questões diagnósticas de um paciente,

minha compreensão dele e de sua auto-

experiência ficam reduzidas; portanto, a

eficácia de minha terapia é severamente

reduzida”(Yontef, 1998)

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UM DIAGNÓSTICO NÃO É ... Enfatizar e debater interpretações teóricas e

distantes da experiência do indivíduo. Falta de crença na capacidade do indivíduo

escolher e crescer, de reconhecer sua situação pessoal por si próprio.

Não respeitar a experiência imediata do paciente, presumindo que este mantém inconsciente o significado e não tem acesso a este.

Perceber paciente como passivo e terapeuta sem emoções.

Tendência a conhecer e “tratar” a doença (isto- a coisa a ser modificada) e não a pessoa.

Equiparar a um número de código no CID

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NO DIAGNÓSTICO FENOMENOLÓGICO ... O relacionamento é horizontal ao invés de

vertical - paciente e terapeuta trabalham em conjunto, a experiência do cliente e do terapeuta são importantes para o processo - ambos são ativos.

Leva-se em consideração tanto o funcional como o disfuncional - saudável e não saudável.

O enfoque é relacional, quem o cliente é, como ele se relaciona, qual o contexto no qual está inserido, como ele significa este contexto, qual e como ele estabelece contato, ou fuga deste, nos vários sistemas em que atua e se relaciona.

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É um processo de prestar atenção, respeitosamente, a quem a pessoa é, tanto como indivíduo como no que diz respeito às características compartilhadas com outros.

Fazemos discriminações a respeito dos padrões gerais, qual o problema central e os principais recursos, a trajetória provável do tratamento, que abordagens têm maior probabilidade de funcionar, os sinais de perigo.

É uma descrição e uma compreensão mais aprimorada do funcionamento psíquico e relacional de cada indivíduo em sua singularidade.

O processo é a busca do significado, i.e., a relação entre figura e fundo.

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“QUATRO FATORES TORNAM UMA ANÁLISE OU INTERPRETAÇÃO CONSISTENTE COM A TEORIA E A PRÁTICA DA GT : As afirmações são focadas

fenomenologicamente = redução para separar a experiência do preconceito = o quê, quanto, como, onde, quem, para quê, quando, por quê...

Exploração dialógica : o cliente é encorajado e treinado para tomar parte na experimentação e na elaboração das conclusões.

As conclusões têm de ser colocadas na linguagem processual de campo.

Tem de ser uma análise que esclarece a estrutura - leva em consideração a multiplicidade de fatores da situação atual ( aqui-e-agora) = reconhecimento do todo” (Yontef, 1998) .

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O DIAGNÓSTICO É NECESSÁRIO POIS ...

“Ajuda o terapeuta a ser mais preciso, discriminador e articulado na compreensão de diferentes realidades e a fazer melhores suposições sobre o quê o cliente está experienciando, como ele poderia reagir a uma determinada intervenção, que outros comportamentos poderiam acompanhar o que está sendo apresentado, reconhecer situações-chaves desenvolvimentais que precisarão ser trabalhadas etc.” (Yontef, 1998)

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COMO SE AVALIA E DIAGNOSTICA 1)Ao início, centrar-se e “por-se entre parênteses”, para permitir o óbvio.

 2) Observar o padrão corporal e do discurso, a iniciativa, a história e sua coerência, vigor e emocionalidade, mudança durante o processo, como sou como terapeuta afetado, a formação de figura-fundo, padrões diferenciais, habilidade para contato, processo de awareness, habilidade de discriminar, aceitação e sentimento, relacionamentos pessoais e profissionais, etc.

 

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INSTRUMENTOS, TÉCNICAS E EXPERIMENTOS Ciclo do Contato O terapeuta e sua criatividade também é

considerado um instrumento. “Atenção àquilo que o cliente me apresenta: ao que me impacta; as omissões; as associações espontâneas; às repetições; aos sintomas; à forma de seu discurso; à sua energia; ao seu sofrimento; à sua postura corporal; à sua aparência; à sua afetividade ou bloqueios dela; à sua queixa; à sua voz, etc...” (Frazão,1991).

Anamnese. Testes projetivos = utilizados para obter informações

sobre o funcionamento emocional do cliente.Associar, completar, construir, escolher ou ordenar e auto-expressão.

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Testagem neuropsicológica : Inteligência geral; atenção e concentração; apdz e

memória; linguagem; raciocínio, planejamento e resolução de problemas; funcionamento perceptual; análise espacial; funcionamento sensório-motor e estado emocional.

Solicitação de exames : Neuroimagem, EEG e outros = sintomas psiquiátricos,

incluindo disfunção cognitiva, distúrbios de humor e manifestações psicóticas, podem ser causadas por transtornos orgânicos ocultos influenciando o funcionamento cerebral.

Diagnóstico diferencial. Técnicas e experimentos próprios da GT : cadeira vazia,

continuum de awareness, expressão metafórica, fantasia dirigida e não dirigida, monodrama, interpelação direta, etc.

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OBS : O terapeuta por sua vivencia e experiência

também deve ser considerado um instrumento no processo psicoterápico.

O diagnóstico deve acompanhar o processo psicoterápico levando em consideração o crescimento do cliente, suas mudanças ao longo do tempo e na sua relação consigo e com o outro, as de seu mundo intra e interpessoal. “Diagnóstico é processo. Não se refere ao que a pessoa é, e sim a como ela está a cada momento do processo terapêutico”(Frazão, 1993)