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  DOCÊNCIA EM SAÚDE  PSICOLOGIA DO ESPORTE

Psicologia Do Esporte

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  • DOCNCIA EM

    SADE

    PSICOLOGIA DO ESPORTE

  • 1

    Copyright Portal Educao

    2013 Portal Educao

    Todos os direitos reservados

    R: Sete de setembro, 1686 Centro CEP: 79002-130

    Telematrculas e Teleatendimento: 0800 707 4520

    Internacional: +55 (67) 3303-4520

    [email protected] Campo Grande-MS

    Endereo Internet: http://www.portaleducacao.com.br

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao - Brasil Triagem Organizao LTDA ME Bibliotecrio responsvel: Rodrigo Pereira CRB 1/2167

    Portal Educao

    P842p Psicologia do esporte / Portal Educao. - Campo Grande: Portal

    Educao, 2013.

    155p. : il.

    Inclui bibliografia

    ISBN 978-85-8241-705-8

    1. Psicologia esporte. I. Portal Educao. II. Ttulo.

    CDD 796.01

  • 2

    1 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CONCEITOS E HISTRICO, MITOS E VERDADE .................. 4

    1.1 INTRODUO PSICOLOGIA DO ESPORTE ......................................................................... 4

    1.2 INCIO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL .............................................................. 15

    1.3 CONCEITOS DE PSICOLOGIA DO ESPORTE ........................................................................ 18

    1.4 MITOS E VERDADE .................................................................................................................. 20

    1.5 DEFINIO E POSICIONAMENTO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA DO/NO

    ESPORTE E EXERCCIO .................................................................................................................... 22

    1.6 BIOLOGIA DO ESPORTE ......................................................................................................... 28

    1.6.1 Noes Bsicas de Sade Fsica: Sistemas Fisiolgicos ........................................................... 33

    2 PERSONALIDADE ....................................................................................................................... 48

    3 MOTIVAO ................................................................................................................................ 53

    4 ATIVAO, ESTRESSE E ANSIEDADE ..................................................................................... 57

    5 COMPETIO E COOPERAO ............................................................................................ 62

    6 FEEDBACK, REFORAMENTO E MOTIVAO INTRNSECA ............................................. 65

    7 GRUPO E COESO .................................................................................................................. 69

    8 LIDERANA E COMUNICAO .............................................................................................. 71

    9 INTRODUO A HABILIDADES PSICOLGICAS ................................................................. 75

    10 ALGUMAS COMPETNCIAS PSICOLGICAS ...................................................................... 79

    11 PSICOLOGIA DO EXERCCIO ................................................................................................. 87

    11.1 ATIVIDADE FSICA E BEM-ESTAR PSICOLGICO ................................................................ 87

    11.2 ALGUMAS IDEIAS SOBRE SADE .......................................................................................... 91

    11.3 COMPORTAMENTO E ADERNCIA AO EXERCCIO ............................................................. 96

    11.4 COMPORTAMENTO ADITIVOS PATOLGICOS .................................................................... 98

    11.5 LESES ESPORTIVAS ........................................................................................................... 100

    11.6 DESENVOLVIMENTO PSICOLGICO DAS CRIANAS ........................................................ 102

    11.7 AGRESSO E DESENVOLVIMENTO DO CARTER ............................................................. 104

  • 3

    12 CONHECIMENTO DOS LTIMOS AVANOS DA PESQUISA CIENTFICA EM

    PSICOLOGIA DO/NO ESPORTE E EXERCCIO ............................................................................... 110

    13 ESTUDO DA RELAO ANSIEDADE E A PERFORMANCE ................................................ 116

    14 RELAO DA SADE-DOENA E DO PSICOLGICO COM A ATIVIDADE FSICA .......... 123

    15 EXEMPLOS PRTICOS DE APLICAES NA PSICOLOGIA DO ESPORTE ...................... 132

    REFERNCIAS .................................................................................................................................. 139

  • 4

    1 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CONCEITOS E HISTRICO, MITOS E VERDADES

    1.1 HISTRICO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE

    A Psicologia do Esporte tem agregado em torno de si um nmero cada vez maior de

    reas de pesquisa, constituindo as chamadas Cincias do Esporte, somando com outras reas

    como a Antropologia, Filosofia e Sociologia do esporte, no que se refere rea sociocultural,

    incluindo tambm a medicina, fisiologia e biomecnica do esporte (BRACHT, 1995),

    demonstrando uma tendncia e uma necessidade interdisciplinaridade. Implicada em seus

    primrdios com aspectos mais biolgicos, hoje, a Psicologia do Esporte vem estudando e

    atuando em situaes que envolvem motivao, personalidade, agresso e violncia, liderana,

    dinmica de grupo, bem-estar psicolgico, pensamentos e sentimentos de atletas e vrios outros

    aspectos da prtica esportiva e da atividade fsica vm caracterizando-se como um espao onde

    o enfoque social, educacional e clnico se complementam (RUBIO, 1999, 2002).

    FIGURA: OLMPO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 26 nov. 2009

  • 5

    A histria da psicologia do esporte se divide em cinco perodos, que so focalizados

    juntamente com algumas personalidades e eventos especficos de cada perodo. So perodos

    distintos e ao mesmo tempo so inter-relacionados. Juntos, contriburam para o desenvolvimento

    e para o crescimento da psicologia do esporte e do exerccio (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    1 Perodo:Os primeiros anos (1895-1920).

    Na Amrica do Norte, a psicologia do esporte comeou em 1890. Norman Triplett, um

    psiclogo da Indiana University e um entusiasta do ciclismo, queria entender por que razo os

    ciclistas s vezes pedalavam mais rapidamente quando corriam em grupos ou em pares do que

    quando pedalavam sozinhos (TRIPLETT, 1898).

    Ele tambm conduziu uma experincia na qual as crianas pequenas tinham que

    enrolar uma linha de pescaria o mais rapidamente possvel. Triplett, verificou que as crianas

    enrolavam mais linha quando trabalhavam na presena de outra criana. Essa experincia

    permitiu-lhe prever com mais segurana o momento em que os ciclistas teriam melhores

    desempenhos (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    FIGURA: CICLISMO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 05 dez. 2009.

  • 6

    Na poca de Triplett, os psiclogos e os professores de educao fsica estavam

    apenas comeando a explorar os aspectos psicolgicos do esporte e a aprendizagem de

    habilidades motoras. Eles mediam os tempos de reao de atletas, estudavam como as pessoas

    aprendiam habilidades esportivas e discutiam o papel do esporte no desenvolvimento da

    personalidade e do carter, mas pouco faziam para aplicar esses estudos. Alm disso, as

    pessoas trabalhavam superficialmente na rea da psicologia do esporte, mas ningum se

    especializava no campo (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Fatos Importantes.

    1897 Norman Triplett. - Primeira experincia de psicologia

    do esporte e social estudando os efeitos dos

    outros sobre o desempenho de ciclistas.

    1899 E. W. Scripture de Yale. - Descreve traos da personalidade

    que ele acreditava serem favorecidos pela

    prtica esportiva.

    1903 G. T. Patrick. - Discute a Psicologia do Jogo.

    1914 R. Cummins.

    1918

    - Avaliam reaes motoras, ateno

    e capacidades e sua relao com o esporte.

    - Conduz estudos informais de

    jogadores de futebol e de basquetebol.

    Fonte: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.

    SAMULSKI (1992), afirma que no final do sculo XIX j era possvel encontrar estudos

    e pesquisas relativas a questes psicofisiolgicas no esporte, porm, conforme DE ROSE Jr.

  • 7

    (1992) ainda que houvesse estudos no campo do comportamento humano relacionado

    atividade fsica e ao esporte, esses dois aspectos foram estudados durante muito tempo sob o

    ttulo de psicologia do esporte, sem que houvesse uma definio exata do que fosse essa rea

    de estudo e qual seu verdadeiro objetivo (RUBIO, 1999, 2002).

    2 Perodo A era Griffith (1921-1938).

    Coleman Griffith foi o primeiro norte-americano a dedicar uma poro significativa de

    sua carreira psicologia do esporte, considerado o pai da psicologia do esporte. Desenvolveu o

    primeiro laboratrio em psicologia do esporte na University of Illinois no Departamento de Sade

    Fsica. Conduziu uma srie de estudos sobre o time de beisebol Chicago Cubs e desenvolveu

    perfis psicolgicos de jogadores legendrios (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    FIGURA: BEISEBOL

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 05 dez. 2009.

  • 8

    Griffith trabalhou em relativo isolamento, mas sua pesquisa de alta qualidade e seu

    profundo comprometimento em melhorar desempenhos permanecem um excelente modelo para

    psiclogos do esporte e do exerccio (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Fatos Importantes.

    1921-1931 Coleman Griffith.

    1925

    1926 e 1928

    - Publica 25 artigos de pesquisa sobre

    psicologia do esporte.

    - Nomeado diretor do 1

    laboratrio de pesquisa em esportes

    fsicos.

    - Escreve Psychology of

    Coaching e Psychology fo Athletics.

    FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.

    Foi na dcada de 20, de acordo com MACHADO (1997), que se encontram as

    publicaes de Schulte (Corpo e alma no desporto: uma introduo psicologia do treinamento)

    e de Griffith (Psicologia do treinamento e Psicologia do atletismo). Enquanto no Ocidente muito

    tempo se passou at que fosse dado maior destaque ao estudo e pesquisa na rea. Na antiga

    Unio Sovitica mtodos e tcnicas eram desenvolvidos para incrementar o rendimento de

    atletas e equipes (RUBIO, 1999, 2002).

    3 Perodo Preparao para o futuro (1939-1965).

    Franklin Henry, da University of Califrnia, foi o responsvel pelo desenvolvimento

    cientfico da rea. Dedicou sua carreira ao estudo profundo dos aspectos psicolgicos da

  • 9

    aquisio de habilidades esportivas e motoras. Formou muitos professores de educao fsica

    ativos que mais tarde se tornaram professores universitrios e iniciaram programas de pesquisas

    sistemticos (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Fatos Importantes.

    1938 Franklin Henry.

    - Assume uma posio no Departamento de

    Educao Fsica e estabelece o programa

    de graduao em psicologia da atividade

    fsica.

    1949 Warren Johnson. - Avalia as emoes experimentadas pelos

    atletas de competirem.

    1951 John Lawther . - Escreve Psychology of Coaching.

    1965 - Primeiro Congresso Mundial de Psicologia

    do Esporte realizado em ROMA.

    Fonte: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.

    4 Perodo O estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina

    acadmica (1966-1977).

    Em meados de 1960, a educao fsica estabeleceu-se como uma disciplina

    acadmica, e a psicologia do esporte tornou-se um componente separado dentro dessa

    disciplina, distinta de aprendizagem motora. Os psiclogos do esporte estudavam o modo como

  • 10

    os fatores psicolgicos ansiedade, autoestima e personalidade influenciam o desempenho de

    habilidades esportivas e motoras e a maneira como a participao em esportes e na educao

    fsica influencia o desenvolvimento psicolgico (personalidade, agresso) (GOULD, D. &

    WEINBERG, 2002).

    FIGURA: ESPORTE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    05 dez. 2009.

    Fatos Importantes.

    1966 Bruce Ogilvie e Thomas

    Tutko.

    - Escrevem Problem Athletes and How to

    Hande Them. Comeam a assessorar atletas e

    times.

    1967 - realizada a primeira conferncia anual da

    North American Society for the Psychology of

    Sport and Physical Activity (NASPSPA).

    FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.

  • 11

    5 Perodo Psicologia do esporte e do exerccio contemporneo (de 1978 at o

    presente).

    Desde a metade da dcada de 1970 temos testemunhado um tremendo crescimento

    na psicologia do esporte e do exerccio, especialmente na rea aplicada.

    Fatos Importantes.

    1980

    - fundado o Journal of Sport

    Psychology.

    - O Comit Olmpico dos EUA

    desenvolve o Conselho Consultor de Psicologia

    do Esporte.

    1984 - A cobertura da T.V. americana dos

    Jogos Olmpicos enfatiza a psicologia do

    esporte.

    1985 - O Comit Olmpico dos EUA

    emprega o primeiro psiclogo do esporte em

    tempo integral.

    1988 - Pela primeira vez a equipe olmpica

    norte-americana acompanhada por

    psiclogos do esporte oficialmente

    reconhecidos.

    FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.

  • 12

    A Psicologia enquanto cincia e profisso tem ampliado seus horizontes, dividindo

    espao em territrios exclusivos de outros profissionais ao longo dessas ltimas dcadas, no se

    constitui uma novidade. Isso pode ser visto como reflexo de um movimento que busca facilitar o

    dilogo entre reas que se aproximam, mas que mantm cada qual a sua especificidade

    (RUBIO, 1999, 2002).

    Essa tendncia, no representa uma prtica interdisciplinar, uma vez que as diversas

    subreas convivem enquanto soma, mas no em relao, fazendo com que as Cincias do

    Esporte vivam hoje um estgio denominado por BRACHT (1995) de "pluridisciplinar" (RUBIO,

    1999, 2002).

    FIGURA: ATLETISMO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 26 nov. 2009

    Como foi falado anteriormente, durante os anos 60 a Psicologia do Esporte vive uma

    fase de grande produo e a relao de nomes como Cratty, Oxendine, Solvenko, Tutko, Olgivie,

    Singer e Antonelli, que marcaram a histria da rea com contribuies voltadas para a psicologia

    social na atividade fsica e esporte, culminando em vrias publicaes que influenciam vrios

    trabalhos at os dias de hoje (RUBIO, 1999, 2002).

  • 13

    Uma Sociedade Internacional da Psicologia dos Esportes foi constituda no Primeiro

    Congresso Internacional de Psicologia dos Esportes, realizado em Roma, Itlia, em 1965.

    Depois, a Sociedade Norte-Americana para a Psicologia do Esporte e Atividades Fsicas (The

    North American Society for the Psychology of Sport and Physical Activity) foi iniciada em 1967,

    sob a direo e inspirao de A. T. Slater-Hammel da Universidade de Indiana, Warren R.

    Johnson da Universidade de Maryland e Bryant J. Cratty da UCLA (SINGER, 1977).

    Alm destes nomes citados acima, a psicologia do esporte foi interpretada como um

    produto da dcada de 1980, tendo sua histria escrita a partir do incio do sculo XX na Rssia e

    Estados Unidos (R. WEINBERG & D. GOULD, 1995; WIGGINS, 1984; J. WILLIANS & W.

    STRAUB,1991) e, mais precisamente, a partir da Copa do Mundo de Futebol de 1958, no Brasil

    por Ktia Rubio. A produo acadmica da rea uma associao de conhecimentos da

    psicologia clnica e social, sob a influncia das variadas correntes tericas e paradigmas da

    Psicologia, aplicada observao, anlise e interveno dos comportamentos e atitudes dos

    seres humanos no contexto da prtica do esporte e da atividade fsica (J. CRUZ, 1997; J. RIERA

    & J. CRUZ, 1991; RUBIO, 1998).

    FIGURA: COPA DO MUNDO

    FONTE: Disponvel em: .

    Acesso em: 26 nov. 2009

  • 14

    Foi durante esse perodo que se organizou a primeira instituio com o objetivo de

    congregar pessoas interessadas na psicologia do esporte. Surgiu, ento, a International Society

    of Sport Psychology (ISSP), presidida pelo italiano Ferruccio Antonelli, que alm de ter como

    principal publicao o International Journal of Sport Psychology, passou a realizar reunies

    bienais com o objetivo de divulgar trabalhos na rea, alm de promover o intercmbio entre os

    investigadores. Preocupados com o distanciamento que a ISSP vinha tomando da rea

    acadmica, um grupo de pesquisadores fundou, em 1968, a North American Society for the

    Psychology of Sport and Physical Activity (NASPSPA), cujo foco de estudo e atuao recaa

    sobre aspectos do desenvolvimento, da aprendizagem motora e da psicologia do esporte, tendo

    como principal peridico o Journal of Sport and Exercise Psychology (RUBIO, 1999, 2002).

    Segundo MARTENS (1987), nas ltimas dcadas, a Psicologia do Esporte vem

    passando por algumas mudanas, como em relao aos profissionais, pois esto em dois

    campos distintos de atuao: no primeiro deles estaria a Psicologia do Esporte acadmica, cujo

    interesse profissional recairia sobre a pesquisa e conhecimento da disciplina Psicologia do

    Esporte; no segundo estaria a Psicologia do Esporte aplicada prxima do campo de atuao e

    interveno (RUBIO, 1999, 2002).

    Observa-se, assim, o surgimento e desenvolvimento de um campo denominado

    Psicologia do Esporte, muito prximo da atividade fsica e do lazer, sendo inclusive componente

    curricular dos cursos de Educao Fsica, porm, mantendo um distanciamento da Psicologia

    enquanto 'cincia me'. Apesar disso, visto nesta ltima dcada uma 'descoberta' da

    Psicologia do Esporte como rea de atuao emergente para psiclogos que, diante de uma

    demanda crescente, enfrentam grandes dificuldades para intervir adequadamente, j que os

    cursos de graduao em Psicologia ainda no formam nem qualificam o graduando para esta

    possibilidade de prtica (RUBIO, 1999, 2002).

    Na atualidade, diante do equilbrio tcnico alcanado por atletas e equipes de alto

    rendimento, os aspectos emocionais tm sido considerados como um importante diferencial nos

    momentos de grandes decises. O esporte moderno considerado um dos maiores fenmenos

    sociais do sculo XX (J. BARBERO, 1993; J. BROHM, 1993; N. ELIAS & E. DUNNING, 1992).

  • 15

    1.2 INCIO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL

    A Psicologia do Esporte no Brasil ainda vista como uma novidade tanto por

    psiclogos, como profissionais do esporte, atletas, tcnicos e dirigentes, que no tm clareza de

    que maneira essa interveno pode ajud-los a aumentar o rendimento esportivo ou superar

    situaes adversas.

    O marco inicial da Psicologia do Esporte brasileira foi dado pela atuao e estudos de

    Joo Carvalhaes, um profissional com grande experincia em psicometria, chamado a atuar

    junto ao So Paulo Futebol Clube, equipe sediada na capital paulista, onde permaneceu por

    cerca de 20 anos, e esteve presente na comisso tcnica da seleo brasileira que foi Copa do

    Mundo de Futebol de 1958 e conquistou o primeiro ttulo mundial para o pas na Sucia

    (MACHADO, 1997; RUBIO, 1999; 2000a).

    FIGURA: FUTEBOL

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    05 dez. 2009

  • 16

    Naquele perodo a Psicologia do Esporte no representou um grande impulso para a

    rea no Brasil, somente em dezembro de 2000 ela foi reconhecida como uma especialidade da

    psicologia (RUBIO, 2000b).

    Esse reconhecimento tardio se deve ao histrico da prpria psicologia no Brasil e

    tambm as representaes do esporte na dcada de 50 eram vistas de outra forma.

    Em relao Psicologia, da maneira como ela se encontra organizada hoje, foi

    reconhecida como profisso apenas em 1962. Isso representou um grande movimento em duas

    frentes: na profissional e na acadmica (RUBIO, 2000b).

    Na profissional porque foi um perodo de concesso do registro de atuao profissional

    aqueles que j vinham exercendo ao longo de vrios anos atividades que a partir daquele

    momento eram caracterizadas como do mbito do psiclogo. E aqui se encontravam os filsofos,

    pedagogos, socilogos que atuavam na escola, na indstria e, principalmente, na clnica, e que

    passaram a ser reconhecidos como psiclogos. Aqueles que no apresentaram os requisitos

    necessrios para a obteno do ttulo restava fazer o curso de Psicologia e obter o certificado

    por meio de formao acadmica (RUBIO, 2000b).

    FIGURA: PSICOLOGIA

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    05 dez. 2009

  • 17

    Na esfera acadmica o movimento foi de outra ordem, uma vez que apesar de j

    possuir um corpo terico considervel na prtica clnica, em outras reas, principalmente na

    educao e em recursos humanos, a psicologia procurava se afirmar como cincia. So dessa

    poca a criao e sistematizao de um grande nmero de testes psicolgicos que buscavam

    quantificar e medir inteligncia, comportamento, personalidade e outros temas considerados da

    esfera da psicologia. Os instrumentos psicomtricos desenvolvidos nessa poca foram os

    utilizados com a seleo brasileira (RUBIO, 2000b).

    Se na Psicologia o movimento era de reconhecimento e de afirmao, no esporte, e

    mais especificamente no futebol, as condies eram distintas (RUBIO, 2000b).

    As regras relevantes que marcavam o esporte na dcada de 1950 eram o amadorismo

    e o fair play, e isso representava um compromisso com a prtica esportiva competitiva muito

    distinto daquele que se vive hoje. Os atletas que recebessem, mesmo a ttulo de presente ou

    gratificao, benefcios para treinar ou competir eram considerados profissionais, e como tais

    no poderiam participar de Jogos Olmpicos e Campeonatos Mundiais (RUBIO, 2000b).

    O futebol constitua-se uma exceo. Profissionalizado no Brasil e em outros pases

    desde a dcada de 1920, ele foi se tornando um fenmeno distinto das demais modalidades

    esportivas tanto naquilo que se refere organizao dos times e clubes, com atletas recebendo

    remuneraes vultosas para os padres da poca e comisses tcnicas compostas por

    profissionais de vrias reas, como pela organizao de seus eventos campeonatos nacionais

    e mundiais em que as Federaes da modalidade tm a autonomia para organiz-los e

    gerenci-los conforme elas assim o desejarem (RUBIO, 2000b).

    FIGURA: FUTEBOL

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    05 dez. 2009

  • 18

    Essas eram as expectativas e a realidade do futebol com que se deparava Joo

    Carvalhaes em 1958. Essas eram as condies da Psicologia e do Esporte no Brasil. E assim

    estava marcado o incio da Psicologia do Esporte Brasileiro (RUBIO, 2000b).

    Segundo RIBEIRO (1975), nos anos que se seguiram foi sendo acumulada muita

    informao sobre indivduos (atletas) e grupos (times) que praticavam esporte ou atividade fsica,

    sem que isso ainda representasse a constituio de um arcabouo terico consistente. Passado

    quase meio sculo daquela atuao pioneira, hoje a Psicologia do Esporte no Brasil segue seu

    prprio rumo e, ao mesmo tempo, em vrias direes, tendo como base um referencial terico

    que sustenta essa produo acadmica e prtica (RUBIO, 2000a; 2000b).

    1.3 CONCEITOS DE PSICOLOGIA DO ESPORTE

    Psicologia do Esporte uma cincia que estuda o comportamento humano antes,

    durante e depois de uma atividade esportiva ou de lazer. O psiclogo do esporte pode seguir trs

    linhas: atuao, pesquisa e educao. Ainda, pode trabalhar em diversas reas, como:

    formao; alto rendimento; reabilitao; projeto social; escolas, etc. (RUBIO, 2000a; 2000b).

    A Psicologia do esporte, segundo a APA (American Psychological Association, 2002),

    o estudo dos fatores comportamentais que influenciam e so influenciados pela participao e

    desempenho no esporte, exerccio e atividade fsica e aplicao do conhecimento adquirido por

    meio deste estudo para a vida cotidiana. De acordo com a ABRAPESP (Associao Brasileira de

    Psicologia do Esporte, 2000), o interesse dos psiclogos do esporte est voltado para duas

    reas: a) Ajudar atletas a fazerem uso dos princpios psicolgicos para alcanar um nvel timo

    de sade mental e otimizar sua performance; b)Esclarecer como a participao em atividades

    fsicas e esportivas altera o desenvolvimento psicolgico, o bem-estar e a sade de atletas e no

    atletas.

  • 19

    Segundo RUBIO (2003, p. 13) a Psicologia do Esporte definida como o estudo do

    comportamento humano no contexto do esporte ou como os fundamentos psicolgicos,

    processos e consequncias da regulao psicolgica das atividades relacionadas com o esporte

    de uma ou vrias pessoas atuando como sujeito da atividade.

    FIGURA: ATLETA

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    29 nov. 2009

    A Psicologia do Esporte analisa as bases e efeitos psquicos das aes esportivas,

    considerando por um lado a anlise de processos psquicos bsicos (cognio, motivao,

    emoo) e por outro lado a realizao de tarefas prticas do diagnstico e da interveno. A

    funo da Psicologia do Esporte consiste na descrio, explicao e no prognstico de aes

    esportivas com o fim de desenvolver e aplicar programas, cientificamente fundamentados, de

    interveno levando em considerao os princpios ticos (NITSCH, 1986; 1989).

    importante lembrar que o sucesso do esporte determinado por fatores psicolgicos,

    tanto quanto por fatores sociolgicos, fisiolgicos, anatmicos e mecnicos. O estado atltico ou

    nvel de treinamento, antigamente encarado apenas do ponto de vista fsico, tambm visto

    hoje, no que diz respeito atitude, sob um ponto de vista de preparao psicolgica para ao.

    Por isso, ento surge psicologia do esporte (SINGER, 1977).

  • 20

    FIGURA: ATLETA

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    29 nov. 2009.

    1.4 MITOS E VERDADES

    Os mitos so criados a partir da falta de conhecimento sobre o assunto. O dicionrio

    define um mito como personagem, fato ou particularidade que representa uma descrio falsa,

    ou melhor, uma descrio incompleta (SINGER, 1977).

    Especificamente na Psicologia dos Esportes, compreensvel o porqu da falta de

    conhecimento vir se perpetuando. Historicamente, a Psicologia foi um ramo da Filosofia que

    lidava com a mente. A transio do tratamento do desconhecido para o de comportamentos

    quantificveis de qualquer tipo, tem se constitudo um foco polmico para os psiclogos. As leis

    de comportamento s podem ser derivadas a partir de anos de experimentao cuidadosa

    (SINGER, 1977).

  • 21

    FIGURA: MITO/VERDADE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 29

    nov. 2009.

    O efeito do Esporte em nossa cultura , de fato, digno de nota. Quase todo o mundo,

    como participante ou espectador, se encontra envolvido no esporte. A quantidade de programas

    de televiso esportivos, os artigos nos jornais, os ndices de audincia, as finanas e facilidades

    esportivas atestam a magnitude dos esportes na sociedade. Com tanta publicidade e

    notoriedade, o esporte em geral e situaes especficas acabam por ser analisados de forma

    crtica e superficialmente. Observaes levam a explicaes. Algumas vezes estas explicaes

    so vlidas, outras vezes elas podem ser descries parcialmente acuradas ou totalmente

    imprecisas (SINGER, 1977).

    Quando algum compara a juventude da cincia psicolgica, especialmente no que se

    refere aos comportamentos de habilidade do ser humano, com a onipresena e popularidade dos

    esportes, fica fcil compreender porque muitos mitos envolvem o mundo dos esportes (SINGER,

    1977).

    Filsofos, desde a Grcia antiga at o presente, buscaram a verdade. Cincia e

    Filosofia, juntas trouxeram e continuam trazendo-a para mais perto de ns. evidente e mais

    fcil determinar a preciso e a correo de algumas situaes do que outras. Voltando ao

    dicionrio, somos informados de que a verdade a qualidade de estar de acordo com a

    experincia, fatos ou realidade. A verdade adapta-se aos fatos (SINGER, 1977).

  • 22

    Logo, as verdades na Psicologia dos Esportes podem ser derivadas de observaes

    verificveis e replicveis, quer estejam sob condies controladas ou em uma competio

    natural. O homem no to consistentemente previsvel em seu desempenho como so as

    outras coisas que podemos escolher para observar. Isto uma pena, mas bvio. Pode-se

    tomar emprestadas informaes de reas relacionadas para aplic-las ao esporte, como

    alternativa. Qualquer que seja o mtodo usado, as assim chamadas verdades esto, na melhor

    das hipteses, estruturadas vagamente. Deve-se deduzir logicamente os fatos da evidncia

    emprica, na medida em que esta se relacione ao esporte (SINGER, 1977).

    FIGURA: VERDADE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 29 nov. 2009.

    A partir de investigaes feitas no somente em circunstncias esportivas, mas

    tambm, em reas afins. Estas informaes podero servir como base para determinar a

    validade das explanaes dos fenmenos associados aos esportes. Ela representa o que

    sabido no momento, com base em fatos, e est salpicada de interpretaes e aplicaes. A

    tentativa a de usar a evidncia erudita para sustentar ou refutar crenas correntes populares

    no esporte (SINGER, 1977).

    1.5 DEFINIO E POSICIONAMENTO DO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA DO

    ESPORTE E DO EXERCCIO.

  • 23

    Como foi dito anteriormente, a psicologia do esporte e do exerccio, considerada o

    estudo cientfico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e atividades

    fsicas e a aplicao prtica desse conhecimento (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Os psiclogos do esporte e do exerccio identificam princpios e diretrizes que os

    profissionais podem usar para ajudar adultos e crianas a participarem e se beneficiarem de

    atividades esportivas e de exerccio.

    FIGURA: ESPORTE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 29 nov. 20

    preciso entender os fatores psicolgicos sobre o desempenho fsico ou motor, como:

    A ansiedade afeta a preciso de um atleta? A falta de autoconfiana influencia a capacidade de

    uma criana aprender a nadar? De que modo o reforo e a punio de um tcnico influenciam a

    coeso de uma equipe? O treinamento mental facilita o processo de recuperao em atletas e

    praticantes de exerccio lesionados? (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Outro aspecto importante tambm compreender os efeitos da participao em

    atividades fsicas sobre o desenvolvimento psicolgico, a sade e o bem-estar, como: O

    exerccio reduz a ansiedade e a depresso? Atletas jovens aprendem a ser excessivamente

    agressivos praticando esportes? A participao diria em aulas de educao fsica melhora a

  • 24

    autoestima de uma criana? A participao em atividades fsicas na faculdade favorece o

    desenvolvimento da personalidade? (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    A psicologia do esporte aplica-se a uma ampla parcela da populao. Embora alguns

    profissionais a usem para ajudar atletas de elite a atingir o desempenho mximo, muitos outros

    esto preocupados com crianas, com indivduos fsica e mentalmente incapacitados, com

    idosos e com praticantes normais. Nos ltimos tempos, cada vez mais psiclogos do esporte

    tem-se focalizado nos fatores psicolgicos envolvidos no exerccio, desenvolvendo estratgias

    para encorajar pessoas sedentrias a exercitarem-se ou avaliando a afetividade do exerccio

    como tratamento para depresso. Para refletir esse aumento de interesse, o campo chamado

    atualmente de psicologia do esporte e do exerccio, e algumas pessoas esto comeando a

    focalizar-se apenas nos aspectos relacionados ao exerccio (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Normalmente, os psiclogos do esporte modernos seguem carreiras variadas. Eles

    desempenham trs papis bsicos em suas atividades profissionais:

    O papel do pesquisador: A principal funo dos participantes de qualquer campo

    profissional a de acelerar o conhecimento na sua rea. Isso feito por meio da pesquisa. A

    maioria dos psiclogos do esporte e do exerccio ligados a uma universidade conduz pesquisas.

    Eles podem, por exemplo, estudar o que motiva as crianas a envolverem-se em esportes, como

    a mentalizao influencia a competncia em uma tacada de golfe, de que modo correr durante

    20 minutos quatro vezes por semana afeta os nveis de ansiedade de uma pessoa ou qual a

    relao entre educao do movimento e autoconceito entre alunos de educao fsica do ensino

    fundamental. Os psiclogos do esporte compartilham ento seus achados com colegas e

    participantes do campo. Essa troca produz avanos, discusses e debates saudveis em

    encontros profissionais e em publicaes (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

  • 25

    FIGURA: ESPORTE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    29 nov. 2009.

    O papel de professor: Muitos especialistas em psicologia do esporte e do exerccio

    ministram aos alunos universitrios disciplinas como psicologia do exerccio, psicologia aplicada

    ao esporte e psicologia social do esporte. Eles tambm podem ministrar disciplinas como

    psicologia da personalidade ou psicologia do desenvolvimento no caso de trabalharem em um

    departamento de psicologia, ou podero ministrar disciplinas como aprendizagem e controle

    motor ou sociologia do esporte, se trabalharem em um programa de cincia do esporte (GOULD,

    D. & WEINBERG, 2002).

    O papel do consultor: O terceiro papel importante a consulta individual com atletas

    ou equipes no sentido de desenvolver habilidades psicolgicas para melhorar o desempenho em

    competies e nos treinamentos. De fato, o Comit Olmpico dos EUA e algumas universidades

    importantes empregam consultores de psicologia do esporte em tempo integral, e centenas de

    outras equipes e atletas usam consultores em um esquema de meio turno para o treinamento de

    habilidades psicolgicas. Muitos consultores em psicologia do esporte trabalham com tcnicos

    em clnicas e seminrios (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Atualmente, alguns psiclogos do esporte e do exerccio trabalham na rea do

    condicionamento fsico, planejando programas de exerccio que aumentem a participao e

    promovam o bem-estar psicolgico e fsico. Alguns consultores trabalham como auxiliares

  • 26

    apoiando clnicas de terapia fsica ou de medicina esportiva, oferecendo servios psicolgicos a

    atletas lesionados (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    Alm de consultores, alguns profissionais como terapeutas do corpo, tambm

    trabalham com o esporte. Como exemplo o terapeuta Roberto Freire, usava a capoeira como

    esporte para romper a couraa do corpo.

    Na contemporaneidade, existe uma diferena significativa entre dois tipos de

    especialidades na psicologia do esporte:

    Psicologia clnica do esporte: Os psiclogos clnicos do esporte tm extensivo

    treinamento em psicologia para aprender a detectar e tratar indivduos com transtornos

    emocionais, como depresses graves e tendncias suicidas. Autorizados pelos conselhos

    estaduais a tratar indivduos com transtornos emocionais, os psiclogos clnicos do esporte

    recebem treinamento adicional em psicologia do esporte e do exerccio e nas cincias do

    esporte. Essa funo primordial, principalmente em alguns atletas e praticantes de exerccios

    que desenvolvem graves transtornos emocionais e requerem tratamento especial. Transtornos

    alimentares e abuso de substncias so situaes no esporte e no exerccio em que as

    habilidades especializadas de um psiclogo clnico do esporte podem frequentemente ajudar os

    participantes (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    FIGURA: EXERCCIO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    29 nov. 2009

  • 27

    Psicologia educacional do esporte: Os especialistas em psicologia educacional do

    esporte tm treinamento extensivo em cincia do esporte e do exerccio, em educao fsica e

    em cinesiologia; alm disso, estudam a psicologia do movimento humano, particularmente no

    que diz respeito a contextos esportivos e a exerccios. Esses especialistas frequentemente

    recebem treinamento universitrio avanado em psicologia e em aconselhamento. Entretanto,

    no so treinados para tratar indivduos com transtornos emocionais, nem so psiclogos

    licenciados.

    Uma boa maneira de se pensar sobre um especialista em psicologia educacional do

    esporte como um tcnico mental que, por meio de sesses de grupo e individuais, educa

    atletas e praticantes de exerccios em relao s habilidades psicolgicas e seu

    desenvolvimento. O controle da ansiedade, desenvolvimento da confiana e o aperfeioamento

    da comunicao so algumas das reas que os especialistas em psicologia esportiva

    educacional tratam. Quando um consultor de psicologia educacional do esporte encontra um

    atleta com um transtorno emocional especfico, deve-se encaminhar para um psiclogo clnico

    licenciado para tratamento (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).

    importante que os especialistas em psicologia do esporte e do exerccio tanto clnica

    quanto educacional tenham um conhecimento profundo de psicologia e de cincia do esporte e

    do exerccio.

    Domnio de conhecimento da cincia do

    esporte.

    Domnio de conhecimento da psicologia.

    Biomecnica. Psicopatologia.

    Fisiologia do exerccio. Psicologia clnica.

    Desenvolvimento motor. Psicologia do aconselhamento.

    Aprendizagem e controle motor. Psicologia do desenvolvimento.

    Medicina esportiva. Psicologia experimental.

  • 28

    Pedagogia do esporte. Psicologia da personalidade.

    Sociologia do esporte. Psicologia fisiolgica.

    FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.

    FIGURA: ATLETAS

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 29 nov. 2009.

    1.6 BIOLOGIA DO ESPORTE.

    Genericamente, a biologia do esporte a cincia da vida do homem em regulao ao

    esporte. Ela organiza-se como matria interdisciplinar sobre a cincia da constituio do corpo

    (anatomia) e dos processos vitais (fisiologia) do homem, e utiliza conhecimentos do estudo da

  • 29

    hereditariedade (gentica), do estudo da sade (higiene), da pedagogia e medicina esportiva, do

    estudo do treinamento, da biomecnica, do estudo do movimento, da sociologia e psicologia

    esportiva, assim como experincias das alteraes e doenas no aparelho locomotor (ortopedia)

    e o conhecimento do desenvolvimento psicofsico e da idade (WEINECK, 2000).

    FIGURA: ATLETAS

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    06 dez. 2009.

    A fisiologia do esporte refere-se principalmente a forma de trabalho e ao desempenho

    dos rgos durante a sobrecarga esportiva. A higiene do esporte contm medidas para a

    manuteno e promoo da sade no campo do esporte. A medicina esportiva se desenvolve a

    partir da traumatologia do esporte, que trata do tratamento de acidentes esportivos agudos.

    Analisa a influncia do movimento, sobre o homem saudvel e doente, e torna os resultados da

    preveno, da terapia e da reabilitao, assim como o prprio esporte (WEINECK, 2000).

    Assim, a biologia do esporte tenta estabelecer a influncia do movimento, ou atividade

    fsica, sobre o organismo humano e explicar os mecanismos dos fatores de influncia, que

    formam a capacidade de desempenho esportivo ou fsico (WEINECK, 2000).

    O desencadeamento de uma contrao muscular, como pressuposto bsico para a

    movimentao humana, necessita do impulso nervoso e do comando nervoso central. O

  • 30

    sistema nervoso central, como instncia superior, possibilita que surjam movimentos dirigidos e

    coordenados, a partir de ilimitado potencial para movimentos possveis (WEINECK, 2000).

    FIGURA: BIOLOGIA

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    06 dez. 2009.

    A capacidade de movimento do homem baseia-se na multiplicidade de possibilidades

    de contrao e relaxamento de algumas centenas de msculos, sendo que cada um dispe de

    milhares de fibras musculares. O comando central faz com que a imensa reserva de

    possibilidades de movimentos isolados se torne um todo com sentido. O plano de movimento

    desejado que resulta, combina agonistas e antagonistas para uma atividade objetiva

    (coordenao de movimentos). Aqui, os processos nervosos de estimulao e inibio tm

    importante participao. O exerccio de uma sequncia de movimentos melhora a coordenao e

    leva habilidade (motricidade final) e agilidade (motricidade global) (WEINECK, 2000).

  • 31

    FIGURA: MSCULOS

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    06 dez. 2009.

    O homem possui um sistema de movimento de extremo refinamento, a ponto de poder

    guiar-se, na maior parte do tempo, apenas por seu piloto automtico. Se esse sistema

    locomotor a tal ponto sofisticado, por que ento com tanta frequncia acaba por se

    desorganizar e se desregular? Assim como ns, os animais possuem padres gestuais aos

    quais se encontram subordinados, mas, ao contrrio do homem, parecem conservar uma

    integridade gestual, preservando suas possibilidades de movimento por quase toda a vida.

    Porm, se de um lado os animais parecem contar com essa vantagem, eles no possuem, como

    o homem, a possibilidade de complexificar sua organizao medida que sua conscincia

    conquista novas etapas de desenvolvimento (BERTAZZO, 1998).

    O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo desenvolvimentista total

    e est intrinsecamente inter-relacionado s reas cognitivas e afetivas do comportamento

    humano, sendo influenciado por muitos fatores. A importncia do desenvolvimento motor ideal

    no deve ser minimizada ou considerada como secundria em relao a outras reas do

    desenvolvimento. Portanto, o processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por

    alteraes no comportamento motor, do beb ao adulto, um envolvido no processo

    permanente de aprender a mover-se eficientemente, em reao ao que enfrentamos diariamente

    em um mundo em constante modificao (GALLAHUE; OZMUN, 2002).

  • 32

    FIGURA: CORPO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    06 dez. 2009.

    Nos primeiros anos de vida a criana explora o mundo que a rodeia com os olhos e as

    mos, por meio das atividades motoras. Ela estar, ao mesmo tempo, desenvolvendo as

    primeiras iniciativas intelectuais e os primeiros contatos sociais com outras crianas. em

    funo do seu desenvolvimento motor que a criana se transformar numa criatura livre e

    independente (BATISTELLA, 2001).

    Toda sequncia bsica do desenvolvimento motor est apoiada na sequncia de

    desenvolvimento do crebro, visto que a mudana progressiva na capacidade motora de um

    indivduo, desencadeada pela interao desse indivduo com seu ambiente e com a tarefa em

    que ele esteja engajado. Em outras palavras, as caractersticas hereditrias de uma pessoa,

    combinada com condies ambientais especficas (como por exemplo, oportunidade para

    prtica, encorajamento e instruo) e os prprios requerimentos da tarefa que o indivduo

    desempenha, determina a quantidade e a extenso da aquisio de destrezas motoras e a

    melhoria da aptido (GALLAHUE; OZMUN, 2002).

  • 33

    FIGURA: BIOLOGIA

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    06 dez. 2009.

    1.6.1 Noes bsicas de Sade Fsica: Sistemas Fisiolgicos.

    A diviso em sistemas fisiolgicos visa uma compreenso mais ampla e lgica de

    como uma integrao de vrios rgos e estruturas capaz de realizar as funes s quais se

    destinam. Tambm nos parece mais fcil uma exposio nestes termos para o entendimento de

    que o ser humano total, tornando-se bastante difcil separ-lo em distintos componentes, como

    habitualmente se deseja fazer (MOSQUERA, 1984).

    No podemos relacionar o crebro diretamente com um computador, os ps com rodas

    ou a tireoide com a bateria de um automvel. So estruturas muito diferentes e obviamente mais

    complexas, muitas vezes insubstituveis na existncia humana (MOSQUERA, 1984).

  • 34

    FIGURA: FISIOLOGIA

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 06 dez. 2009.

    Cada vez mais se percebe a necessidade do homem de praticar exerccios fsicos,

    participar de desporto, pois existem algumas ocasies em nossas vidas em que ocorre o que se

    denomina de superao de si mesmo. So momentos em que, a despeito do estado de sade

    fsica em que se possa encontrar, as condies interiores e ambientais so de tal forma

    modificadas que acontecem verdadeiras proezas, impossveis de serem realizadas normalmente

    ou repetidas. Por exemplo, uma mulher levantou com as mos um automvel de mais de uma

    tonelada, quando viu que seu filho atropelado no conseguiria ser retirado debaixo do mesmo a

    tempo de ser conduzido ao hospital (MOSQUERA, 1984).

    O corpo humano est de tal modo capacitado a enfrentar mudanas, tanto do ponto de

    vista psicolgico quanto fsico, que o homem sobrevive ao calor insustentvel do deserto e no

    morre congelado no plo; capaz de escalar montanhas de 8.000 metros de altitude sem

    oxignio e descer nas profundezas do mar sem ter graves consequncias devido presso.

    Para tanto, algumas vezes, no necessita sequer de treino prvio, mas quase sempre a sua

    adaptao deve ser realizada lenta e progressivamente (MOSQUERA, 1984).

  • 35

    FIGURA: CORPO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    06 dez. 2009.

    O homem normal, aquele do dia a dia, nosso colega de trabalho, o aluno da escola,

    no esto capacitados a realizao destas proezas citadas acima. Muitas vezes apenas se limita

    a sua vida sociocultural. Este indivduo que se deve alertar ou ensinar como funciona o seu

    corpo. para o sedentrio, o fumante, o estressado no seu meio de trabalho e familiar, que

    chamamos a ateno no sentido de tentar modificar sua vida cotidiana angustiante em um viver

    mais amplo, mais racional. A este dirigimos nossa maior ateno ao longo dos anos para que

    tenha uma existncia mais humanista (MOSQUERA, 1984).

    Para o perfeito funcionamento do corpo, no sentido fisiolgico e psicolgico,

    fundamental a atividade fsica. Todos ns devemos nos preocupar com a nossa sade fsica,

    parte integrante da sade como um todo (MOSQUERA, 1984).

    A diviso do corpo humano nestes principais sistemas visa levar o leitor a uma viso

    mais dinmica e completa sobre o funcionamento de algumas partes citadas a seguir:

    DIVISO DO CORPO

    Sistema Respiratrio.

  • 36

    Sistema Cardiocirculatrio.

    Sistema Musculoesqueltico.

    Sistema Digestivo.

    Sistema Nervoso.

    Sistema Endcrino.

    A diviso em sistemas fisiolgicos foi feita no sentido de auxiliar para a compreenso

    de homem como um todo integrado.

    Sistema Respiratrio A funo primria do sistema respiratrio trazer o oxignio

    (O2) at a clula, que o utilizar em reaes qumicas indispensveis sua manuteno e

    reproduo. Destas reaes resultaro catablitos, sendo o mais importante o dixido de

    carbono (CO2), que eliminado por meio do pulmo (MOSQUERA, 1984).

    As vias respiratrias podem ser divididas em: Nariz, faringe, laringe, traqueia,

    brnquios e pulmes.

    FIGURA: SISTEMA RESPIRATRIO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 06 dez. 2009.

  • 37

    O perfeito funcionamento do sistema respiratrio permite uma capacidade dinmica,

    principalmente ao desportista, integrado aos outros sistemas fisiolgicos.

    Sistema Cardiocirculatrio Entre as vrias importantes funes do sistema

    cardiocirculatrio destacam-se o transporte de metablitos, catablitos, enzimas, anticorpos,

    hormnios, eletrlitos e outros elementos para as mais diversas clulas em todo corpo. o

    sistema que tem mais contato com os diversos outros, ligando-os direta ou indiretamente

    (MOSQUERA, 1984).

    O motor central o corao, uma potente bomba muscular que, sem qualquer

    descanso, impulsiona ritmicamente o sangue a uma vasta rede de vasos sanguneos que, por

    sua vez, chegam a todo o organismo. O sangue, impulsionado pelo corao, circula por meio de

    vasos especiais, as artrias, cujas ramificaes alcanam a totalidade dos tecidos do corpo. Na

    parede destes tecidos, existem artrias mais delgadas, designadas arterolas, que se

    transformam em capilares, vasos mais finos e com paredes to finas que permitem a troca de

    substncias entre o sangue e o espao circundante (PEREZ, 2003).

    FIGURA: SISTEMA CARDIOCIRCULATRIO

    FONTE: Disponvel em: < http://lucasbello.files.wordpress.com/2009/09/sistema-cardiovascular-

    19.jpg>. Acesso em: 06 dez. 2009.

  • 38

    Sistema Musculoesqueltico As principais funes do sistema musculoesqueltico

    so a sustentao e movimentao de todo corpo. Ele formado por vrios tipos de estruturas:

    msculos, ligamentos, tendes, cartilagens e ossos; passando de mais apropriadas para

    movimentao (msculos, tendes) a mais apropriadas para sustentao (ligamentos,

    cartilagens, ossos) (MOSQUERA, 1984).

    Temos aproximadamente 212 msculos, sendo 112 na regio frontal e 100 na regio

    dorsal. Cada msculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em muitos ramos para poder

    controlar todas as clulas do msculo. Onde as divises destes ramos terminam em um

    mecanismo conhecido como placa motora. O sistema muscular capaz de efetuar imensa

    variedade de movimento, onde todas essas contraes musculares so controladas e

    coordenadas pelo crebro (KENDALL, 1995).

    FIGURA: SISTEMA MUSCULOESQUELTICO

    FONTE: Disponvel em: < http://www.afh.bio.br/sustenta/Sustenta4.asp>. Acesso em: 06 dez.

    2009.

  • 39

    importante ter cuidado ao exame mdico escolar quanto a desvios de coluna e

    posturas viciosas. No caso de traumatismos competitivos ou prtica de educao fsica escolar

    deve-se orientar o professor e o aluno, evitando danos posteriores (MOSQUERA, 1984).

    Sistema Digestivo O sistema digestivo est preparado especialmente para a

    obteno das substncias nutrientes necessrias continuidade vital. Inicia-se na boca, onde o

    alimento triturado e acrescentado das primeiras enzimas, que causam a degradao de

    glicdios, produzidas nas glndulas salivares, alm da gua para liquidar o bolo alimentar. O

    esfago liga a orofaringe ao estmago, este j localizado no interior do abdmen. Nele o

    alimento fica algum tempo armazenado, acrescido de cido clordrico e outras enzimas locais

    que seguem o processo de digesto. Passando ao duodeno, o bolo alimentar recebe grande

    parte das enzimas provenientes do suco pancretico (proveniente do pncreas) e o suco biliar

    (produzido no fgado) que permitem degradar os lipdios e as protenas lentamente. As paredes

    do jejuno, a primeira poro do intestino fino e do leo (a segunda poro), esto especialmente

    na parede epitelial e dobras intestinais, a permitir uma grande superfcie de contato para a

    absoro das substncias contidas na luz intestinal. Do leo o contedo passa ao intestino

    grosso, que tem por funo reabsorver a gua e eletrlitos, iniciar a decomposio, por meio de

    microrganismos especializados existentes no local, do bolo j constitudo fecal (MOSQUERA,

    1984).

    Do sigmoide este bolo, j endurecido, passa ao reto e eliminado pelo nus, quando

    em quantidade suficiente para originar o reflexo nervoso gastroenteroclico, intimamente

    relacionado quantidade de bolo fecal e de alimento que a pessoa est ingerindo, acontecendo

    quase sempre aps as refeies (MOSQUERA, 1984).

  • 40

    FIGURA: SISTEMA DIGESTIVO

    FONTE: Disponvel em: .

    Acesso em: 06 dez. 2009.

    Tem grande importncia, principalmente para os praticantes de exerccios fsicos, ter

    um intervalo de tempo entre uma grande refeio e o incio da prtica. O estmago e os

    intestinos, ao receberem o contedo alimentar, requisitam uma grande quantidade de sangue

    para realizarem suas funes (MOSQUERA, 1984).

    O indivduo deve ter cuidado quando executa uma maior utilizao muscular, o sangue

    tende a ser desviado para o sistema musculoesqueltico e a digesto interrompida

    bruscamente. Acontece o que ento se denomina popularmente congesto. Se o indivduo no

    diminuir ou parar o treinamento pode advir uma parada circulatria cerebral e afetar as funes

    vitais (MOSQUERA, 1984).

    Sistema Nervoso O sistema nervoso est encarregado de coordenar e controlar

    todos os sistemas, alm de conferir a cada indivduo uma maneira peculiar de viver. Ou seja,

    responsvel pelo ajustamento do organismo ao ambiente. Sua funo perceber e identificar as

    condies ambientais externas, bem como as condies reinantes dentro do prprio corpo e

    elaborar respostas que adaptem a essas condies (MOSQUERA, 1984).

    A unidade bsica do sistema nervoso a clula nervosa, denominada neurnio, que

    uma clula extremamente estimulvel; capaz de perceber as mnimas variaes que ocorrem

    em torno de si, reagindo com uma alterao eltrica que percorre sua membrana. Essa alterao

  • 41

    eltrica o impulso nervoso. As clulas nervosas estabelecem conexes entre si de tal maneira

    que um neurnio pode transmitir a outros os estmulos recebidos do ambiente, gerando uma

    reao em cadeia (MCCRONE, 2002).

    FIGURA: SISTEMA NERVOSO

    FONTE: Disponvel em: .

    Acesso em: 06 dez. 2009.

    O sistema nervoso humano, alm de ser o centro de nossas emoes, controla as

    funes orgnicas do corpo e a interao deste com o ambiente, recebendo estmulos,

    interpretando-os e elaborando respostas a eles. composto pelo sistema nervoso central, e pelo

    sistema nervoso perifrico: o primeiro, constitudo de encfalo e medula espinal, responsvel

    por processar informaes. O segundo, com nervos, gnglios e terminaes nervosas, se

    encarrega pela conduo dessas informaes pelo corpo. Clulas especializadas, denominadas

    neurnios, so as principais responsveis pelo recebimento e transporte de informaes, por

    meio de alteraes eltricas que ocorrem na regio da membrana - conhecidas por impulsos

    eltricos. Esses ocorrem, geralmente, da extremidade de um neurnio para a de outro, sendo

    que o local de juno entre estes chamado sinapse nervosa (MCCRONE, 2002).

  • 42

    FIGURA: NEURNIO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 06 dez. 2009.

    Na grande parte das sinapses, os citoplasmas apresentam mediadores qumicos: os

    neurotransmissores. Esses permitem a ocorrncia destes impulsos ao se ligarem a protenas de

    membrana da clula seguinte. A adrenalina um exemplo. Este sistema possui ntima relao

    com o sistema endcrino, podendo fornecer a ele, por exemplo, informaes relativas ao

    ambiente. Nessa situao, o sistema endcrino, responsvel pela produo e secreo de

    hormnios na corrente sangunea, atua estimulando, ou mesmo inibindo, a ao de

    determinados rgos por meio destes mensageiros qumicos (MCCRONE, 2002).

    Glndulas excrinas, como as responsveis pelo suor ou pela digesto, tambm

    exercem papel importante no funcionamento do sistema nervoso, inclusive no que se diz respeito

    homeostase corprea (MCCRONE, 2002).

    Sistema Endcrino O sistema endcrino tem a funo de controlar o organismo,

    juntamente com o sistema nervoso. Estes dois sistemas tm uma estreita relao; a secreo

    hormonal est, direta ou indiretamente, ligada ao sistema nervoso. Este sistema composto por

    um grande nmero de glndulas, em vrias reas do corpo e de atuaes especficas,

    controladas principalmente pela hipfise (localizada na base do crnio). Esta glndula, por meio

    de sua poro anterior (adenoipfise), produz os hormnios do crescimento, conticotrofina

    (exerce controle sobre a glndula suprarenal), tireotrofina (controla a tireoide), folculo

  • 43

    estimulante, luteinizante e luteotrfico (estes trs controlam as gnadas e atividades

    reprodutoras) (MOSQUERA, 1984).

    Sua poro posterior (neuroipfise) produz o hormnio antidiuttico e a oxitocina

    (responsvel principalmente pelo aleitamento). A hipfise, por sua vez, controlada por

    estruturas superiores (hipotlamo), por meio de impulsos recebidos de todos os pontos do

    sistema nervoso. Do bom funcionamento do eixo hipotlamo-hipfise depende o bem-estar

    corporal do indivduo (MOSQUERA, 1984).

    FIGURA: SISTEMA ENDCRINO

    FONTE: Disponvel em: .

    Acesso em: 06 dez. 2009.

    Alm destes hormnios produzidos no crebro temos os produzidos pelas glndulas.

    Assim temos, entre as mais importantes, a tireoide que produz a tiroxina e a triodotironina; o

    pncreas, a insulina e glucagon (os dois na poro endgena); a paratireoide, o hormnio

    paratireoide e a calciotonina; as gnadas, a testosterona (no homem), estrgenos e

    progesterona (na mulher); a suprarrenal, a adrenalina, noradrenalina (poro medular da

    suprarrenal) e mineralocorticoides e glicocorticoides (na poro cortical da suprarrenal)

    (MOSQUERA, 1984).

  • 44

    O exerccio fsico tem uma influncia considervel no bom funcionamento do corpo

    humano. Regula todos os sistemas fisiolgicos, principalmente a boa ao dos hormnios no

    metabolismo do indivduo (MOSQUERA, 1984).

    Noes especialmente voltadas para a dinmica do desportista, do escolar, do leigo

    que realiza exerccios em casa ou academias so discutidas por meio de uma reviso

    anatomofisiolgica e sua praticidade (MOSQUERA, 1984).

    FIGURA: EXERCCIO FSICO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    12 dez. 2009.

    Curiosidades

    Leitura Complementar

    Trecho do livro intitulado A Semente da Vitria (COBRA, 2005, p.30).

    Quem muda o corpo, muda a cabea.

  • 45

    Respeite seu corpo!

    Ele merece um tratamento melhor.

    Respeite-o nas roupas que usa e no geram desconforto, mas acariciam,

    deixando-o confortvel

    No que voc come e no que voc bebe, sem exigir dos seus rgos esforos

    brutais para digerir a agresso.

    No ar que respira, fresco, nutrindo e oxigenando seu sangue, sem entupi-Io de

    fuligem como se fosse um duto de gases txicos.(COBRA, 2005).

    Temos de descobrir por ns mesmos quem somos. Ningum nasce com manual de

    instrues. Essa a razo pela qual passamos a vida em busca de autoconhecimento, nica

    maneira de desenvolver nossas potencialidades e expressar o melhor de ns mesmos. Coisa

    que s ser possvel se tivermos corpo e esprito fortes, o que levar a ter uma cabea segura,

    que, por sua vez, manter o controle sobre nossas emoes. Esse trabalho conjunto deve

    comear pela base: o corpo.

    Quando algum muda o corpo, muda tambm sua cabea e suas emoes. O caminho

    do corpo se faz realmente o mais eficaz para que se explorem as potencialidades humanas e se

    combata essa ideia de fracasso instalado to fortemente no comportamento das pessoas. Eu

    utilizo o corpo como um caminho para chegar mente das pessoas. Esse caminho oferece a

    oportunidade concreta de proceder ao resgate da verdade sobre a pessoa, buscando o real

    contato com suas origens, do vencedor que e no do perdedor que quiseram passar a sua

    mente e as suas emoes.

    Fao do meu mtodo uma verdadeira terapia do corpo, em que se pode ir fundo no

    cerne de cada pessoa, buscar a verdade de sua razo de existncia, desarvoradamente tirada

    pela sociedade, que a faz insegura, pessimista, triste e com sentimento de inutilidade.

    Oferecemos o corpo, algo concreto e matemtico, para conduzir vitria em busca da

    verdade e de conquistas pessoais. Cada ser humano tem seu corpo, seu bem mais precioso,

  • 46

    que o transporta ao longo da vida. Se mudar esse corpo em seu mago, ele muda a vida em seu

    cerne, em sua essncia.

    Nada possui mais fora que aquilo que se pode ver, marcar e mensurar para que a

    pessoa possa ser seu prprio redentor, vivenciando, pelo corpo, as contnuas e profundas

    vitrias que realiza consigo mesmo. prtico, concreto. voc, transformando voc.

    Um milho de palavras no podem ser mais fortes que uma conquista real, palpvel e

    concreta com o prprio organismo, que balance suas estruturas calcadas nas negatividades. E

    com as transformaes mais amplas vir, sem dvida, a transformao por completo. Em meu

    mtodo ofereo o corpo para sua transformao como pessoa, para que deixe de ser um mero

    coadjuvante de sua vida e passe a ser seu protagonista.

    O agente fundamental de sua vida. Em meu mtodo trabalhamos com base em

    acontecimentos. Penso que saber de cabea no saber nada! So nmeros, distncia, tempo,

    frequncia cardaca de esforo, frequncia cardaca de recuperao, dados mensurveis que se

    entrelaam, mostrando, irrefutveis, a transformao fisiolgica, a vitria sobre os obstculos

    que, com muito critrio, vamos colocando em sua frente para serem ultrapassados. Essa a

    grande proposta teraputica, pois no h como no se fazer vencedor com a magnitude das

    transformaes de seu prprio corpo fsico, dentro do mais imprescindvel fluxo de vida: corao,

    pulmes e circulao sangunea, alm dos msculos que se iro desenvolvendo. Esses

    elementos que dilataro suas possibilidades mentais e ampliaro suas energias fsicas para

    favorecer o positivo enfrentamento da vida.

    A superao contnua das barreiras fsicas to somente um meio detonador para que

    a pessoa tome conhecimento de sua verdadeira fora, que vai se instalando vigorosa pela

    prpria transformao do corpo. As transformaes em seu corao, mostradas nos nmeros

    que se modificam, apontam o caminho certo agraciando o esprito com uma corrente de infindas

    gratificaes.

    indiscutvel que uma pessoa com maior capacidade de oxigenao ter um crebro

    potencialmente mais capaz e poder fazer um trabalho mais pleno e equilibrado.

    Quem muda o corpo muda a cabea, pois ela capaz de perceber as conquistas

    fsicas. Claro que se fulano est barrigudo, obeso, ele se olha no espelho e se acha horrvel, sua

  • 47

    autoestima est baixa. Se conseguir emagrecer, ficar bonito e elegante, ele ter uma imagem

    mais positiva de si mesmo.

    Essas vitrias que vamos tendo no dia a dia, aprendendo a empurrar cada vez mais

    nossos limites, do ao crebro condies de acreditar, de forma vigorosa, que somos incrveis e

    muito capazes de nos transformar. Mas, sozinho, o crebro no acha nem decide nada. Ele

    precisa de aliados, ou melhor, das emoes para assessor-lo.

    S que esse lado emocional nosso calcanhar de aquiles. nosso maior bem, mas

    pode tambm nos fazer o maior mal. Depende de como lidamos com as emoes. Temos de

    desenvolver o corpo emocional, to esquecido e preterido pelo raciocnio, este, sim, valorizado.

    O emocional sempre teve uma conotao ruim, um estorvo ao nosso desempenho, colocado de

    lado como nosso inimigo. Esquecemos que ele pode ser o nosso mais precioso amigo e valoroso

    aliado se o desenvolvermos convenientemente. Quando evoludo, ele trabalha a nosso favor,

    sustentando qualquer combate e nos trazendo sempre a vitria. O que ocorre que a debilidade

    emocional que caracteriza a nossa sociedade acaba fazendo a emoo trabalhar contra ns

    mesmos.

    Pensar uma coisa, viver outra completamente diferente. Saber o que bom para

    ns, quase todos sabemos; no entanto, s uma insignificante minoria faz algo prtico e concreto

    em favor de uma vida melhor. Infelizmente, a maioria das pessoas tem apenas o saber, mas no

    consegue o fazer, continuando nesse status quo, sempre pensando muito e fazendo to pouco e

    sem coragem de enfrentar o novo.

    Parece que as pessoas congelam e no conseguem dar esse to importante primeiro

    passo. Passar para a prtica concreta do fazer que vai diferenciar aqueles que conseguem

    daqueles que no conseguem. Aqueles que so desenvolvidos emocionalmente daqueles que

    so dbeis emocionais. Afinal, a prtica um milho de vezes mais fcil que a teoria.

  • 48

    2 PERSONALIDADE

    Segundo Jung (1981), a personalidade uma semente que s pode se desenvolver

    em pequenas etapas durante a vida. Acrescenta que no a criana, mas o adulto que pode

    alcanar a personalidade como fruto de uma vida cheia, orientada para este fim (MOSQUERA,

    1984).

    Em uma viso do desenvolvimento humano podemos dizer que sua possibilidade

    interpretativa decorre de compreendermos toda a vida como um contnuo desenvolvimento. De

    acordo com Arnold (1972) importante conhecer aspectos como: crescimento, maturao,

    desenvolvimento e aprendizagem. Estes so bsicos para o entendimento da existncia

    humana. Observa-se que o crescimento se d a partir do desenvolvimento do indivduo em seus

    aspectos fsicos (MOSQUERA, 1984).

    FIGURA: OLMPO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    05 dez. 2009.

    Crescimento no simples aprendizagem ou aculturao, tampouco a simples

    maturao; se aproxima mais ao produto das duas, especialmente visando o desenvolvimento

    fsico. Neste sentido, a maturao responde ao critrio que poderamos apontar como prontido

  • 49

    orgnica, fazendo com que o indivduo apresente aspectos comportamentais de acordo com a

    sua idade fsica em determinada etapa do desenvolvimento (MOSQUERA, 1984).

    Se crescimento se refere ao todo, o desenvolvimento indica a personalidade nos seus

    variados aspectos. importante compreender que a criatura humana se desenvolve desde o

    nascimento at a morte (MOSQUERA, 1984).

    O conceito de personalidade bastante amplo, pois inclui conceitos e termos como

    sejam os de traos, estados, qualidades e atributos, todos eles variveis na constncia ou nas

    alteraes de comportamento, referem-se estes, por exemplo, s motivaes, aos estilos de

    ateno, s manifestaes emotivas ou eficcia (AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL,

    1993).

    Nenhum ser humano mostrar traos que j no existam em outros indivduos, como

    uma espcie de patrimnio do ser humano, ou seja, a todos os indivduos de uma mesma

    espcie so atribudos os traos caractersticos dessa espcie. Porm, a combinao individual

    desses traos em propores variadas numa determinada pessoa caracterizar sua

    personalidade ou sua maneira de ser (AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993).

    Referncias aos traos particulares ajudam a especificar a natureza de uma pessoa.

    Algumas destas expresses so utilizadas no senso comum de um sistema sociocultural.

    Costuma-se elaborar uma relao extensa de adjetivos utilizados para a arguio dos indivduos,

    como: sincero, honesto, compreensivo, inteligente, clido, amigvel, ambicioso, pontual,

    tolerante, irritvel, responsvel, calmo, artstico, cientfico, ordeiro, religioso, falador, excitado,

    moderado, calado, corajoso, cauteloso, impulsivo, oportunista, radical, pessimista, e por a afora

    (SINGER, 1977).

    Podemos considerar o trao predominante da pessoa em apreo a caracterstica que

    melhor a define, como se, entre tantos traos tipicamente e caracteristicamente humanos, este

    trao especfico predominasse sobre os demais.

    Os traos no agem independentemente uns dos outros. Uma pessoa o que ela devido

    combinao e interao de muitos traos, cujo nmero ainda no foi determinado. O conceito de

    trao uma pedra central da construo da personalidade do indivduo e os traos psicolgicos

    podem ser definidos como estruturas internas estveis que servem como predisponentes do

  • 50

    comportamento e, consequentemente, podem ser "indicadores" de futuros comportamentos

    (AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993).

    FIGURA: PERSONALIDADE

    FONTE: Disponvel em: .

    Acesso em: 05 dez. 2009.

    Alm disso, uma anlise subjetiva da personalidade de outra pessoa usualmente

    distorcida pela percepo da pessoa que est fazendo a anlise. Frequentemente, vemos os

    outros usando-nos como um sistema de referncia. Embora seja possvel descrever certas

    caractersticas, a extenso em que estas esto presentes numa pessoa julgada com base na

    presena destas em outro ser, em um grupo particular ou em uma norma da sociedade

    (SINGER, 1977).

    Quando o comportamento demonstrado, o resultado puro reflexo do nvel em que

    uma variedade de traos de personalidade existe. Desde que tantos fatores ditam o

    comportamento a qualquer momento, no nenhum assombro o fato dos psiclogos geralmente

    apoiarem a ideia de que personalidade uma questo individual. uma forma nica de algum

    se expressar. O arranjo dos sistemas psicofsicos de cada pessoa dita suas tendncias a

    responder de uma forma previsvel, quando estimulada (SINGER, 1977).

    Tais tendncias so construdas por meio dos anos. A gentica determina a

    predisposio para agir, mas os comportamentos especficos no so herdados. Entretanto, a

    transmisso gentica fornece a estrutura, enquanto as experincias de vida trazem tona ou

    reprimem as tendncias comportamentais. Aparentemente, as situaes ambientais da infncia

  • 51

    so as mais cruciais no desenvolvimento da personalidade. Os comportamentos em certas

    situaes se tornam estabilizados com a experincia e o passar dos anos. Muitos parecem ser

    habituais. Eles so mais resistentes mudana ou modificaes, na medida em que a fora do

    hbito aumenta. So aqueles padres de comportamento usualmente consistentes e previsveis,

    que tendem a sugerir a personalidade do indivduo (SINGER, 1977).

    FIGURA: PERSONALIDADE

    FONTE: Disponvel em: .

    Acesso em: 14 dez. 2009.

    So estes tipos de comportamento que tendem a nos fornecer uma imagem do

    esportista. Quando eles aparecem com algum grau de consistncia de atleta para atleta, ns

    estereotipamos grupos de atletas ou atletas em geral. Embora, cada um de ns se comporte

    diferente de outra pessoa numa mesma situao, tentamos achar pontos comuns entre grupos

    de pessoas com ocupaes comuns, atividades recreacionais e coisas semelhantes (SINGER,

    1977).

  • 52

    FIGURA: PERSONALIDADE

    FONTE: Disponvel em: .

    Acesso em: 14 dez. 2009.

    AMBIENTE

    PERSONALIDADE

    INFLUNCIAS

    HEREDITARIEDADE

  • 53

    3 MOTIVAO

    A motivao um impulso que determina a atividade dirigida para uma finalidade ou

    uma recompensa. Ou seja, uma espcie de energia psicolgica ou tenso que pe em

    movimento o organismo humano. Por isso, a motivao comea dentro da pessoa, no depende

    necessariamente do ambiente que ela est.

    A motivao a insistncia em caminhar em direo a um objetivo. Existem ocasies

    onde nosso incentivo principal pode ser o alcance de uma recompensa, tal como ter nosso nome

    impresso, ganhar um trofu ou elogio. Em outras ocasies, o incentivo pode tomar a forma de

    um impulso interno para o sucesso, para provar ou conseguir algo para se autorrealizar. Sem a

    presena da motivao, um esportista no praticar ou, ento, o far mal. Sem o treino, altos

    nveis de aprendizagem no sero alcanados. Sem a aprendizagem, quo bom um

    desempenho pode ser? (SINGER, 1977).

    Partimos de um princpio onde a conquista caracterstica nata no ser humano, e a

    motivao o trampolim que o impulsiona para o alvo. Mostramos que a chave da motivao

    est dentro do ponto de vista em que observamos as coisas.

    A importncia da motivao para a aprendizagem e desempenho tem sido bem

    estabelecida. Porm, interessante saber que as coisas boas so melhores ainda se as

    conseguirmos em dobro. O aumento da motivao eleva a ateno, concentrao e tenso. Para

    certos atletas e para certas atividades, no s poder a motivao excessiva no ajudar como

    poder ser desastrosa. Esforar-se em demasia pode produzir efeito adverso no desempenho de

    quem se sacrifica. Neste aspecto fundamental a busca do equilbrio (SINGER, 1977).

    Entretanto, existem muitas ocasies nas quais os nveis mais altos de motivao so

    desejveis para o melhor desempenho. Os treinadores frequentemente levam seus esportistas a

    um extremo febril de excitao. Eles incitam incessantemente os seus atletas (SINGER, 1977).

  • 54

    FIGURA: MOTIVAO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 16 dez. 2009.

    Um princpio comportamental de Psicologia formulado h anos, a Lei de Yerkes-

    Dodson, fornece-nos implicaes para estratgias efetivas. Existe um nvel ideal de motivao

    para cada tarefa e para cada executor. Como exemplo, dar braadas ao nadar de costas no

    tem o mesmo nvel de sofisticao que acertar precisamente uma bola de golfe. Se uma pessoa

    estiver participando de uma competio de natao ou uma competio atltica, provavelmente,

    a motivao dever ser mxima. O golfe requer uma quantidade de motivao mais comedida. O

    desempenho nas atividades que requerem movimentos complexos, sutilmente coordenados e

    controlados do corpo, ser prejudicado pela motivao excessiva. Por outro lado, eventos que

    requerem altos nveis de vigor, persistncia ou velocidade, mais do que movimentos precisos,

    sero melhor executados com alta motivao (SINGER, 1977).

    ATIVIDADE MOTIVAO DESEJVEL

    Atividade relativamente simples. Motivao mais alta.

  • 55

    Atividade moderadamente difcil. Motivao moderada.

    Atividade relativamente difcil. Motivao mais baixa.

    A competio serve como uma excelente fonte de motivao no esporte. A pesquisa

    mostra a efetividade das situaes competitivas em produzir melhor desempenho quando o

    indivduo executa sozinho. O conhecimento dos resultados ou feedback, fornecido pelo treinador

    ao esportista, referente qualidade de seu desempenho outra fonte de motivao. Vrios tipos

    de conhecimento de resultados e formas de implement-los so possveis. O reforamento, que

    se refere a qualquer tipo de evento que tende a aumentar a probabilidade de que a resposta

    apropriada ocorra, tambm uma fonte de motivao. Os reforadores tpicos providos pelo

    treinador ao esportista devido a sua execuo correta de habilidades so elogios e vrios tipos

    de recompensas (SINGER, 1977).

    FIGURA: MOTIVAO

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 16 dez. 2009.

    Segundo Thomas Tutko e Jack W. Richards (1971), um psiclogo e um treinador,

    acreditam que possivelmente o papel mais importante desempenhado pelo treinador o de

    motivador. Embora eles no se refiram as formas previamente mencionadas de motivao, eles

    utilizam tais meios de comunicao como encontros prvios a competies, conversas gerais de

  • 56

    incentivo com o time ou com jogadores individuais, tcnicas de treinamento e coisas

    semelhantes (SINGER, 1977).

    A forma como o treinador organiza as sesses e o ambiente de treino pode afetar a

    motivao do atleta. Qualquer forma pela qual os atletas, individual ou coletivamente, possam

    ser despertados para a ao, a um nvel ideal, dever ser a forma visada e aplicada. Isto leva um

    treinador sensvel a estar consciente das necessidades de seus jogadores e a conhecer a

    grande variedade de tcnicas motivacionais e a achar a combinao ideal para resultados

    produtivos. Logo, notamos que existe um nvel ideal de motivao que deve estar presente em

    qualquer atividade e este nvel depende da natureza da atividade, tanto quanto do esportista

    (SINGER, 1977).

    Um exemplo bom exemplo de motivao, foi quando o Brasil de Luis Felipe Escolari

    venceu a copa, no ano de 2002, o trabalho de motivao realizado pela psicloga que

    acompanhou a equipe, foi fundamental para a vitria do campeonato.

  • 57

    4 ATIVAO, ESTRESSE E ANSIEDADE

    Ativao corresponde mistura de atividades fisiolgicas e psicolgicas em uma

    pessoa. Refere-se s dimenses de intensidade de motivao em um dado momento. Para

    controlar os nveis de ativao importante que o indivduo tenha conscincia das situaes no

    esporte competitivo que lhe causam ansiedade e como voc responde a tais eventos. Para isso,

    os atletas podem ser instrudos a rememorarem seus melhores e piores desempenhos e

    recordarem seus sentimentos nessas ocasies. Inmeras tcnicas foram desenvolvidas para

    reduzir a ansiedade e o nvel de estresse em situaes de esporte e de atividade fsica (GOULD

    & WEINBERG, 2002).

    O estresse significa o estado gerado pela percepo de estmulos que provocam

    excitao emocional e, ao perturbarem a homeostasia, disparam um processo de adaptao

    caracterizado, entre outras alteraes, pelo aumento de secreo de adrenalina produzindo

    diversas manifestaes sistmicas, com distrbios fisiolgicos e psicolgicos. O termo estressor

    por sua vez define o evento ou estmulo que provoca ou conduz ao estresse (HOUAISS, 2001).

    Em outras palavras o estresse, seja ele de natureza fsica, psicolgica ou social,

    composto de um conjunto de reaes fisiolgicas que se exageradas em intensidade ou durao

    podem levar a um desequilbrio no organismo. A reao ao estresse uma atitude biolgica

    necessria para a adaptao a novas situaes (LABRADOR, 1994).

    FIGURA: ESTRESSE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    16 dez. 2009.

  • 58

    ESTRESSE

    Um dos primeiros estudos sobre estresse foi realizado em 1936 pelo pesquisador

    canadense Hans Selye, que submeteu cobaias a estmulos estressores e observou um padro

    especfico na resposta comportamental e fsica dos animais (LABRADOR, 1994).

    A resposta ao estresse resultado da interao entre as caractersticas da pessoa e

    as demandas do meio, ou seja, as discrepncias entre o meio externo e interno e a percepo

    do indivduo quanto a sua capacidade de resposta. Esta resposta ao estressor denota aspectos

    cognitivos, comportamentais e fisiolgicos, visando a propiciar uma melhor percepo da

    situao e de suas demandas, assim como um processamento mais rpido da informao

    disponvel, possibilitando uma busca de solues, selecionando condutas adequadas e

    preparando o organismo para agir de maneira rpida e vigorosa (LABRADOR, 1994).

    Selye descreveu os sintomas do estresse sob o nome de Sndrome Geral de

    Adaptao, composto de trs fases sucessivas; alarme, resistncia e esgotamento. Aps a fase

    de esgotamento era observado o surgimento de diversas doenas srias, como lcera,

    hipertenso arterial, artrites e leses miocrdicas (LABRADOR, 1994).

    J em relao ansiedade o estado emocional negativo, caracterizado pelo

    nervosismo, preocupao e apreenso e associado com a ativao. A ansiedade uma das

    causadoras de transtornos fsicos, em funo do fenmeno psquico que provoca distrbios

    fisiolgicos, no sendo espontneo, e dependente de vrios fatores externos. A ansiedade

    tambm considerada como uma emoo tpica do estresse (GOULD & WEINBERG, 2002).

    O nvel de ansiedade dos esportistas deve ser conhecido e analisado para se ter um

    melhoramento dos seus comportamentos, j que cabe ao tcnico ou professor captar o nvel de

    ansiedade de seus atletas para identificar os motivos de sua manifestao, com o objetivo de

    reduzir a ansiedade excessiva, buscando o amadurecimento e independncia, para produzir uma

    melhor performance global (GOULD & WEINBERG, 2002).

    A ansiedade representa, uma reao emocional, em virtude de estmulos fsicos ou

    psquicos percebidos como perigosos, prejudiciais e frustrantes. Ela est associada a

  • 59

    sentimentos de apreenso, nervosismo, preocupao e medo. A ansiedade no poder ser

    considerada somente um sintoma negativo, que atua de forma drstica na performance do atleta,

    podendo tambm ser um fator positivo ou at mesmo indiferente, pois ir depender das

    caractersticas de personalidade, da dificuldade da tarefa e da habilidade do atleta (GOULD &

    WEINBERG, 2002).

    FIGURA: ESTRESSE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso

    em: 16 dez. 2009.

    A ansiedade constitui um dos componentes mais habituais da reao emocional

    normal do homem, em face a diferentes situaes ambientais. Quando responde de maneira

    adequada em intensidade e durao, as caractersticas objetivas das diferentes situaes-

    estmulo representam um mecanismo normal e fundamental de vigilncia do organismo,

    determinante de uma melhor resposta aos estmulos externos, tanto do ponto de vista biolgico

    como comportamental e, portanto, favorvel sobrevivncia (GOULD & WEINBERG, 2002).

    A ansiedade se apresenta como uma resposta emocional com caractersticas

    patolgicas, inadequada, incmoda e fonte de sofrimento subjetivo. Nestes casos, pode-se

    referir de uma condio patolgica em si, podendo produzir diversos distrbios, ou apresentar

    associada a doenas de importncia mdica (GOULD & WEINBERG, 2002).

    H alguns anos, tanto a ansiedade normal quanto a patolgica tem sido objeto de

    estudo, sob vrios referenciais, tendo finalidade de explicar suas causas, sua origem e suas

  • 60

    manifestaes. Tm sido descobertos mltiplos aspectos, tanto de estmulos ambientais como

    influncia da personalidade e conflitos inconscientes (GOULD & WEINBERG, 2002).

    Segue abaixo um modelo de manifestaes psicofisiolgicas da ansiedade:

    FONTE: GOULD & WEINBERG, 2002.

    Como podemos observar ativao, estresse e ansiedade tm significados distintos.

    Ativao a mistura de atividades fisiolgicas e psicolgicas em uma pessoa e que varia em

    um continuum de letargia a uma intensa agitao. Estresse um processo. Ele ocorre quando

    as pessoas percebem um desequilbrio entre as demandas fsicas e psicolgicas impostas a elas

    e sua capacidade de responder. E a ansiedade um estado emocional negativo, com

    sentimentos de nervosismo, preocupao e apreenso associados com a ativao ou com a

    agitao do corpo. Ela tambm tem componentes cognitivos e somticos (GOULD &

    WEINBERG, 2002).

  • 61

    Algumas situaes produzem mais ansiedade-estado e ativao que outras (p. ex.

    eventos importantes cujo resultado incerto). O estresse tambm influenciado por disposies

    de personalidade (p. ex. ansiedadetrao e autoestima). Indivduos com ansiedadetrao elevada,

    baixa autoestima e alta ansiedade fsica social experimentam nveis mais elevados de

    ansiedade-estado. Criar um ambiente positivo e uma orientao produtiva em relao a erros e

    derrotas uma forma efetiva de controlar o estresse. Alm disso, as cinco diretrizes para o

    controle do estresse so: a) identificar a combinao ideal de emoes relacionadas ativao

    necessria para o melhor desempenho; b) reconhecer como fatores pessoais e situacionais

    interagem para influenciar a ativao, a ansiedade e o desempenho; c) reconhecer os sinais de

    ativao e de ansiedade em nveis elevados em praticantes de esporte e de exerccios; d)

    adaptar o treinamento e as prticas de instruo aos indivduos; e) desenvolver a confiana nos

    participantes para ajud-los a lidar com o estresse e a ansiedade em nveis elevados (GOULD &

    WEINBERG, 2002).

    FIGURA: ATIVAO, ESTRESSE E ANSIEDADE

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    20 dez. 2009.

  • 62

    5 COMPETIO E COOPERAO

    De acordo com o dicionrio (HOUAISS, 2001) obtemos as seguintes definies da

    palavra cooperao: 1 Ato ou efeito de cooperar. 2 Associao entre duas espcies que,

    embora dispensvel, traz vantagens para ambas, colaborao. E a seguinte definio da palavra

    competio: 1 Ato ou efeito de competir. 2 Busca simultnea por dois ou mais indivduos, de

    uma vitria, uma vantagem, um prmio. 3 Luta desafio, disputa ou rivalidade.

    Cooperao, aparentemente, lembra-nos do pronome comunal ns, ao passo que

    competio, lembra-nos do pronome de primeira pessoa, eu. Tanto a cooperao quanto a

    competio possuem um conjunto de crenas e regras que determinam o modo como so

    apresentados e como instituem formas de vida, isto , como ganham textura subjetiva e como

    passam a determinar comportamentos, estilos e prticas sociais (RELIU, 1997).

    Para o esporte o conceito de cooperao transfigura para relaes de respeito mtuo,

    tendo uma postura de tolerncia com a convivncia e as diferenas, tendo assim, um processo

    de negociao constante. Para existir cooperao deve haver objetivos comuns, atividades e

    aes conjuntas e organizadas proporcionando vantagens para todos, reconhecendo assim que

    o ser humano depende (de certa forma) dos outros para competir (RELIU, 1997).

  • 63

    FONTE: RELIU, 1997; GONZLEZ, 1997; GOULD & WEINBERG, 2002.

    J em relao competitividade h uma disposio para lutar por satisfao ao se

    fazer comparaes com algum padro de superioridade na presena de avaliadores (Martens,

    1976). Basicamente, Martens considera competitividade um comportamento voltado realizao

    em um contexto competitivo, com a avaliao social como componente chave. importante

    observar uma orientao de conquista especfica situao: algumas pessoas altamente

    orientadas conquista em uma situao (p. ex. esportes competitivos) no o so em outras

    situaes (p. ex. aula de fsica). A definio de Martens de competitividade limitada a situaes

    em que a pessoa avaliada ou tem potencial para ser avaliada por especialistas. Entretanto,

    muitas pessoas competem consigo mesmas (p. ex. tentando superar seu prprio tempo de

    corrida do dia anterior) mesmo quando ningum est avaliando seu desempenho (RELIU, 1997).

  • 64

    FIGURA: COMPETIO E COOPERAO.

    FONTE: Disponvel em: . Acesso em:

    20 dez. 2009.

    O nvel de motivao para a realizao revelaria a autocompetio, enquanto o nvel

    de competitividade influenciaria o comportamento em situaes avaliadas socialmente. Gill e

    Deeter tentaram definir mais claramente o termo, desenvolvendo primeiro o questionrio de

    Orientao Esportiva (Sport Orientation Questionaire SOQ) para fornecer uma medida

    confivel e vlida de competitividade (1988). Usando o SOQ, Gill e Deeter encontraram trs tipos

    de orientaes competitivas, as quais representam diferentes resultados subjetivos de uma

    situao competitiva. Competitividade o prazer de competir, e o desejo de lutar por sucesso

    em situaes esportivas competitivas. Uma pessoa competitiva sim