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Curso Portal Educação
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DOCNCIA EM
SADE
PSICOLOGIA DO ESPORTE
1
Copyright Portal Educao
2013 Portal Educao
Todos os direitos reservados
R: Sete de setembro, 1686 Centro CEP: 79002-130
Telematrculas e Teleatendimento: 0800 707 4520
Internacional: +55 (67) 3303-4520
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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao - Brasil Triagem Organizao LTDA ME Bibliotecrio responsvel: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educao
P842p Psicologia do esporte / Portal Educao. - Campo Grande: Portal
Educao, 2013.
155p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-705-8
1. Psicologia esporte. I. Portal Educao. II. Ttulo.
CDD 796.01
2
1 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CONCEITOS E HISTRICO, MITOS E VERDADE .................. 4
1.1 INTRODUO PSICOLOGIA DO ESPORTE ......................................................................... 4
1.2 INCIO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL .............................................................. 15
1.3 CONCEITOS DE PSICOLOGIA DO ESPORTE ........................................................................ 18
1.4 MITOS E VERDADE .................................................................................................................. 20
1.5 DEFINIO E POSICIONAMENTO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA DO/NO
ESPORTE E EXERCCIO .................................................................................................................... 22
1.6 BIOLOGIA DO ESPORTE ......................................................................................................... 28
1.6.1 Noes Bsicas de Sade Fsica: Sistemas Fisiolgicos ........................................................... 33
2 PERSONALIDADE ....................................................................................................................... 48
3 MOTIVAO ................................................................................................................................ 53
4 ATIVAO, ESTRESSE E ANSIEDADE ..................................................................................... 57
5 COMPETIO E COOPERAO ............................................................................................ 62
6 FEEDBACK, REFORAMENTO E MOTIVAO INTRNSECA ............................................. 65
7 GRUPO E COESO .................................................................................................................. 69
8 LIDERANA E COMUNICAO .............................................................................................. 71
9 INTRODUO A HABILIDADES PSICOLGICAS ................................................................. 75
10 ALGUMAS COMPETNCIAS PSICOLGICAS ...................................................................... 79
11 PSICOLOGIA DO EXERCCIO ................................................................................................. 87
11.1 ATIVIDADE FSICA E BEM-ESTAR PSICOLGICO ................................................................ 87
11.2 ALGUMAS IDEIAS SOBRE SADE .......................................................................................... 91
11.3 COMPORTAMENTO E ADERNCIA AO EXERCCIO ............................................................. 96
11.4 COMPORTAMENTO ADITIVOS PATOLGICOS .................................................................... 98
11.5 LESES ESPORTIVAS ........................................................................................................... 100
11.6 DESENVOLVIMENTO PSICOLGICO DAS CRIANAS ........................................................ 102
11.7 AGRESSO E DESENVOLVIMENTO DO CARTER ............................................................. 104
3
12 CONHECIMENTO DOS LTIMOS AVANOS DA PESQUISA CIENTFICA EM
PSICOLOGIA DO/NO ESPORTE E EXERCCIO ............................................................................... 110
13 ESTUDO DA RELAO ANSIEDADE E A PERFORMANCE ................................................ 116
14 RELAO DA SADE-DOENA E DO PSICOLGICO COM A ATIVIDADE FSICA .......... 123
15 EXEMPLOS PRTICOS DE APLICAES NA PSICOLOGIA DO ESPORTE ...................... 132
REFERNCIAS .................................................................................................................................. 139
4
1 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CONCEITOS E HISTRICO, MITOS E VERDADES
1.1 HISTRICO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE
A Psicologia do Esporte tem agregado em torno de si um nmero cada vez maior de
reas de pesquisa, constituindo as chamadas Cincias do Esporte, somando com outras reas
como a Antropologia, Filosofia e Sociologia do esporte, no que se refere rea sociocultural,
incluindo tambm a medicina, fisiologia e biomecnica do esporte (BRACHT, 1995),
demonstrando uma tendncia e uma necessidade interdisciplinaridade. Implicada em seus
primrdios com aspectos mais biolgicos, hoje, a Psicologia do Esporte vem estudando e
atuando em situaes que envolvem motivao, personalidade, agresso e violncia, liderana,
dinmica de grupo, bem-estar psicolgico, pensamentos e sentimentos de atletas e vrios outros
aspectos da prtica esportiva e da atividade fsica vm caracterizando-se como um espao onde
o enfoque social, educacional e clnico se complementam (RUBIO, 1999, 2002).
FIGURA: OLMPO
FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 26 nov. 2009
5
A histria da psicologia do esporte se divide em cinco perodos, que so focalizados
juntamente com algumas personalidades e eventos especficos de cada perodo. So perodos
distintos e ao mesmo tempo so inter-relacionados. Juntos, contriburam para o desenvolvimento
e para o crescimento da psicologia do esporte e do exerccio (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
1 Perodo:Os primeiros anos (1895-1920).
Na Amrica do Norte, a psicologia do esporte comeou em 1890. Norman Triplett, um
psiclogo da Indiana University e um entusiasta do ciclismo, queria entender por que razo os
ciclistas s vezes pedalavam mais rapidamente quando corriam em grupos ou em pares do que
quando pedalavam sozinhos (TRIPLETT, 1898).
Ele tambm conduziu uma experincia na qual as crianas pequenas tinham que
enrolar uma linha de pescaria o mais rapidamente possvel. Triplett, verificou que as crianas
enrolavam mais linha quando trabalhavam na presena de outra criana. Essa experincia
permitiu-lhe prever com mais segurana o momento em que os ciclistas teriam melhores
desempenhos (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
FIGURA: CICLISMO
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 05 dez. 2009.
6
Na poca de Triplett, os psiclogos e os professores de educao fsica estavam
apenas comeando a explorar os aspectos psicolgicos do esporte e a aprendizagem de
habilidades motoras. Eles mediam os tempos de reao de atletas, estudavam como as pessoas
aprendiam habilidades esportivas e discutiam o papel do esporte no desenvolvimento da
personalidade e do carter, mas pouco faziam para aplicar esses estudos. Alm disso, as
pessoas trabalhavam superficialmente na rea da psicologia do esporte, mas ningum se
especializava no campo (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Fatos Importantes.
1897 Norman Triplett. - Primeira experincia de psicologia
do esporte e social estudando os efeitos dos
outros sobre o desempenho de ciclistas.
1899 E. W. Scripture de Yale. - Descreve traos da personalidade
que ele acreditava serem favorecidos pela
prtica esportiva.
1903 G. T. Patrick. - Discute a Psicologia do Jogo.
1914 R. Cummins.
1918
- Avaliam reaes motoras, ateno
e capacidades e sua relao com o esporte.
- Conduz estudos informais de
jogadores de futebol e de basquetebol.
Fonte: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.
SAMULSKI (1992), afirma que no final do sculo XIX j era possvel encontrar estudos
e pesquisas relativas a questes psicofisiolgicas no esporte, porm, conforme DE ROSE Jr.
7
(1992) ainda que houvesse estudos no campo do comportamento humano relacionado
atividade fsica e ao esporte, esses dois aspectos foram estudados durante muito tempo sob o
ttulo de psicologia do esporte, sem que houvesse uma definio exata do que fosse essa rea
de estudo e qual seu verdadeiro objetivo (RUBIO, 1999, 2002).
2 Perodo A era Griffith (1921-1938).
Coleman Griffith foi o primeiro norte-americano a dedicar uma poro significativa de
sua carreira psicologia do esporte, considerado o pai da psicologia do esporte. Desenvolveu o
primeiro laboratrio em psicologia do esporte na University of Illinois no Departamento de Sade
Fsica. Conduziu uma srie de estudos sobre o time de beisebol Chicago Cubs e desenvolveu
perfis psicolgicos de jogadores legendrios (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
FIGURA: BEISEBOL
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 05 dez. 2009.
8
Griffith trabalhou em relativo isolamento, mas sua pesquisa de alta qualidade e seu
profundo comprometimento em melhorar desempenhos permanecem um excelente modelo para
psiclogos do esporte e do exerccio (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Fatos Importantes.
1921-1931 Coleman Griffith.
1925
1926 e 1928
- Publica 25 artigos de pesquisa sobre
psicologia do esporte.
- Nomeado diretor do 1
laboratrio de pesquisa em esportes
fsicos.
- Escreve Psychology of
Coaching e Psychology fo Athletics.
FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.
Foi na dcada de 20, de acordo com MACHADO (1997), que se encontram as
publicaes de Schulte (Corpo e alma no desporto: uma introduo psicologia do treinamento)
e de Griffith (Psicologia do treinamento e Psicologia do atletismo). Enquanto no Ocidente muito
tempo se passou at que fosse dado maior destaque ao estudo e pesquisa na rea. Na antiga
Unio Sovitica mtodos e tcnicas eram desenvolvidos para incrementar o rendimento de
atletas e equipes (RUBIO, 1999, 2002).
3 Perodo Preparao para o futuro (1939-1965).
Franklin Henry, da University of Califrnia, foi o responsvel pelo desenvolvimento
cientfico da rea. Dedicou sua carreira ao estudo profundo dos aspectos psicolgicos da
9
aquisio de habilidades esportivas e motoras. Formou muitos professores de educao fsica
ativos que mais tarde se tornaram professores universitrios e iniciaram programas de pesquisas
sistemticos (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Fatos Importantes.
1938 Franklin Henry.
- Assume uma posio no Departamento de
Educao Fsica e estabelece o programa
de graduao em psicologia da atividade
fsica.
1949 Warren Johnson. - Avalia as emoes experimentadas pelos
atletas de competirem.
1951 John Lawther . - Escreve Psychology of Coaching.
1965 - Primeiro Congresso Mundial de Psicologia
do Esporte realizado em ROMA.
Fonte: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.
4 Perodo O estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina
acadmica (1966-1977).
Em meados de 1960, a educao fsica estabeleceu-se como uma disciplina
acadmica, e a psicologia do esporte tornou-se um componente separado dentro dessa
disciplina, distinta de aprendizagem motora. Os psiclogos do esporte estudavam o modo como
10
os fatores psicolgicos ansiedade, autoestima e personalidade influenciam o desempenho de
habilidades esportivas e motoras e a maneira como a participao em esportes e na educao
fsica influencia o desenvolvimento psicolgico (personalidade, agresso) (GOULD, D. &
WEINBERG, 2002).
FIGURA: ESPORTE
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
05 dez. 2009.
Fatos Importantes.
1966 Bruce Ogilvie e Thomas
Tutko.
- Escrevem Problem Athletes and How to
Hande Them. Comeam a assessorar atletas e
times.
1967 - realizada a primeira conferncia anual da
North American Society for the Psychology of
Sport and Physical Activity (NASPSPA).
FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.
11
5 Perodo Psicologia do esporte e do exerccio contemporneo (de 1978 at o
presente).
Desde a metade da dcada de 1970 temos testemunhado um tremendo crescimento
na psicologia do esporte e do exerccio, especialmente na rea aplicada.
Fatos Importantes.
1980
- fundado o Journal of Sport
Psychology.
- O Comit Olmpico dos EUA
desenvolve o Conselho Consultor de Psicologia
do Esporte.
1984 - A cobertura da T.V. americana dos
Jogos Olmpicos enfatiza a psicologia do
esporte.
1985 - O Comit Olmpico dos EUA
emprega o primeiro psiclogo do esporte em
tempo integral.
1988 - Pela primeira vez a equipe olmpica
norte-americana acompanhada por
psiclogos do esporte oficialmente
reconhecidos.
FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.
12
A Psicologia enquanto cincia e profisso tem ampliado seus horizontes, dividindo
espao em territrios exclusivos de outros profissionais ao longo dessas ltimas dcadas, no se
constitui uma novidade. Isso pode ser visto como reflexo de um movimento que busca facilitar o
dilogo entre reas que se aproximam, mas que mantm cada qual a sua especificidade
(RUBIO, 1999, 2002).
Essa tendncia, no representa uma prtica interdisciplinar, uma vez que as diversas
subreas convivem enquanto soma, mas no em relao, fazendo com que as Cincias do
Esporte vivam hoje um estgio denominado por BRACHT (1995) de "pluridisciplinar" (RUBIO,
1999, 2002).
FIGURA: ATLETISMO
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 26 nov. 2009
Como foi falado anteriormente, durante os anos 60 a Psicologia do Esporte vive uma
fase de grande produo e a relao de nomes como Cratty, Oxendine, Solvenko, Tutko, Olgivie,
Singer e Antonelli, que marcaram a histria da rea com contribuies voltadas para a psicologia
social na atividade fsica e esporte, culminando em vrias publicaes que influenciam vrios
trabalhos at os dias de hoje (RUBIO, 1999, 2002).
13
Uma Sociedade Internacional da Psicologia dos Esportes foi constituda no Primeiro
Congresso Internacional de Psicologia dos Esportes, realizado em Roma, Itlia, em 1965.
Depois, a Sociedade Norte-Americana para a Psicologia do Esporte e Atividades Fsicas (The
North American Society for the Psychology of Sport and Physical Activity) foi iniciada em 1967,
sob a direo e inspirao de A. T. Slater-Hammel da Universidade de Indiana, Warren R.
Johnson da Universidade de Maryland e Bryant J. Cratty da UCLA (SINGER, 1977).
Alm destes nomes citados acima, a psicologia do esporte foi interpretada como um
produto da dcada de 1980, tendo sua histria escrita a partir do incio do sculo XX na Rssia e
Estados Unidos (R. WEINBERG & D. GOULD, 1995; WIGGINS, 1984; J. WILLIANS & W.
STRAUB,1991) e, mais precisamente, a partir da Copa do Mundo de Futebol de 1958, no Brasil
por Ktia Rubio. A produo acadmica da rea uma associao de conhecimentos da
psicologia clnica e social, sob a influncia das variadas correntes tericas e paradigmas da
Psicologia, aplicada observao, anlise e interveno dos comportamentos e atitudes dos
seres humanos no contexto da prtica do esporte e da atividade fsica (J. CRUZ, 1997; J. RIERA
& J. CRUZ, 1991; RUBIO, 1998).
FIGURA: COPA DO MUNDO
FONTE: Disponvel em: .
Acesso em: 26 nov. 2009
14
Foi durante esse perodo que se organizou a primeira instituio com o objetivo de
congregar pessoas interessadas na psicologia do esporte. Surgiu, ento, a International Society
of Sport Psychology (ISSP), presidida pelo italiano Ferruccio Antonelli, que alm de ter como
principal publicao o International Journal of Sport Psychology, passou a realizar reunies
bienais com o objetivo de divulgar trabalhos na rea, alm de promover o intercmbio entre os
investigadores. Preocupados com o distanciamento que a ISSP vinha tomando da rea
acadmica, um grupo de pesquisadores fundou, em 1968, a North American Society for the
Psychology of Sport and Physical Activity (NASPSPA), cujo foco de estudo e atuao recaa
sobre aspectos do desenvolvimento, da aprendizagem motora e da psicologia do esporte, tendo
como principal peridico o Journal of Sport and Exercise Psychology (RUBIO, 1999, 2002).
Segundo MARTENS (1987), nas ltimas dcadas, a Psicologia do Esporte vem
passando por algumas mudanas, como em relao aos profissionais, pois esto em dois
campos distintos de atuao: no primeiro deles estaria a Psicologia do Esporte acadmica, cujo
interesse profissional recairia sobre a pesquisa e conhecimento da disciplina Psicologia do
Esporte; no segundo estaria a Psicologia do Esporte aplicada prxima do campo de atuao e
interveno (RUBIO, 1999, 2002).
Observa-se, assim, o surgimento e desenvolvimento de um campo denominado
Psicologia do Esporte, muito prximo da atividade fsica e do lazer, sendo inclusive componente
curricular dos cursos de Educao Fsica, porm, mantendo um distanciamento da Psicologia
enquanto 'cincia me'. Apesar disso, visto nesta ltima dcada uma 'descoberta' da
Psicologia do Esporte como rea de atuao emergente para psiclogos que, diante de uma
demanda crescente, enfrentam grandes dificuldades para intervir adequadamente, j que os
cursos de graduao em Psicologia ainda no formam nem qualificam o graduando para esta
possibilidade de prtica (RUBIO, 1999, 2002).
Na atualidade, diante do equilbrio tcnico alcanado por atletas e equipes de alto
rendimento, os aspectos emocionais tm sido considerados como um importante diferencial nos
momentos de grandes decises. O esporte moderno considerado um dos maiores fenmenos
sociais do sculo XX (J. BARBERO, 1993; J. BROHM, 1993; N. ELIAS & E. DUNNING, 1992).
15
1.2 INCIO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL
A Psicologia do Esporte no Brasil ainda vista como uma novidade tanto por
psiclogos, como profissionais do esporte, atletas, tcnicos e dirigentes, que no tm clareza de
que maneira essa interveno pode ajud-los a aumentar o rendimento esportivo ou superar
situaes adversas.
O marco inicial da Psicologia do Esporte brasileira foi dado pela atuao e estudos de
Joo Carvalhaes, um profissional com grande experincia em psicometria, chamado a atuar
junto ao So Paulo Futebol Clube, equipe sediada na capital paulista, onde permaneceu por
cerca de 20 anos, e esteve presente na comisso tcnica da seleo brasileira que foi Copa do
Mundo de Futebol de 1958 e conquistou o primeiro ttulo mundial para o pas na Sucia
(MACHADO, 1997; RUBIO, 1999; 2000a).
FIGURA: FUTEBOL
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
05 dez. 2009
16
Naquele perodo a Psicologia do Esporte no representou um grande impulso para a
rea no Brasil, somente em dezembro de 2000 ela foi reconhecida como uma especialidade da
psicologia (RUBIO, 2000b).
Esse reconhecimento tardio se deve ao histrico da prpria psicologia no Brasil e
tambm as representaes do esporte na dcada de 50 eram vistas de outra forma.
Em relao Psicologia, da maneira como ela se encontra organizada hoje, foi
reconhecida como profisso apenas em 1962. Isso representou um grande movimento em duas
frentes: na profissional e na acadmica (RUBIO, 2000b).
Na profissional porque foi um perodo de concesso do registro de atuao profissional
aqueles que j vinham exercendo ao longo de vrios anos atividades que a partir daquele
momento eram caracterizadas como do mbito do psiclogo. E aqui se encontravam os filsofos,
pedagogos, socilogos que atuavam na escola, na indstria e, principalmente, na clnica, e que
passaram a ser reconhecidos como psiclogos. Aqueles que no apresentaram os requisitos
necessrios para a obteno do ttulo restava fazer o curso de Psicologia e obter o certificado
por meio de formao acadmica (RUBIO, 2000b).
FIGURA: PSICOLOGIA
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
05 dez. 2009
17
Na esfera acadmica o movimento foi de outra ordem, uma vez que apesar de j
possuir um corpo terico considervel na prtica clnica, em outras reas, principalmente na
educao e em recursos humanos, a psicologia procurava se afirmar como cincia. So dessa
poca a criao e sistematizao de um grande nmero de testes psicolgicos que buscavam
quantificar e medir inteligncia, comportamento, personalidade e outros temas considerados da
esfera da psicologia. Os instrumentos psicomtricos desenvolvidos nessa poca foram os
utilizados com a seleo brasileira (RUBIO, 2000b).
Se na Psicologia o movimento era de reconhecimento e de afirmao, no esporte, e
mais especificamente no futebol, as condies eram distintas (RUBIO, 2000b).
As regras relevantes que marcavam o esporte na dcada de 1950 eram o amadorismo
e o fair play, e isso representava um compromisso com a prtica esportiva competitiva muito
distinto daquele que se vive hoje. Os atletas que recebessem, mesmo a ttulo de presente ou
gratificao, benefcios para treinar ou competir eram considerados profissionais, e como tais
no poderiam participar de Jogos Olmpicos e Campeonatos Mundiais (RUBIO, 2000b).
O futebol constitua-se uma exceo. Profissionalizado no Brasil e em outros pases
desde a dcada de 1920, ele foi se tornando um fenmeno distinto das demais modalidades
esportivas tanto naquilo que se refere organizao dos times e clubes, com atletas recebendo
remuneraes vultosas para os padres da poca e comisses tcnicas compostas por
profissionais de vrias reas, como pela organizao de seus eventos campeonatos nacionais
e mundiais em que as Federaes da modalidade tm a autonomia para organiz-los e
gerenci-los conforme elas assim o desejarem (RUBIO, 2000b).
FIGURA: FUTEBOL
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
05 dez. 2009
18
Essas eram as expectativas e a realidade do futebol com que se deparava Joo
Carvalhaes em 1958. Essas eram as condies da Psicologia e do Esporte no Brasil. E assim
estava marcado o incio da Psicologia do Esporte Brasileiro (RUBIO, 2000b).
Segundo RIBEIRO (1975), nos anos que se seguiram foi sendo acumulada muita
informao sobre indivduos (atletas) e grupos (times) que praticavam esporte ou atividade fsica,
sem que isso ainda representasse a constituio de um arcabouo terico consistente. Passado
quase meio sculo daquela atuao pioneira, hoje a Psicologia do Esporte no Brasil segue seu
prprio rumo e, ao mesmo tempo, em vrias direes, tendo como base um referencial terico
que sustenta essa produo acadmica e prtica (RUBIO, 2000a; 2000b).
1.3 CONCEITOS DE PSICOLOGIA DO ESPORTE
Psicologia do Esporte uma cincia que estuda o comportamento humano antes,
durante e depois de uma atividade esportiva ou de lazer. O psiclogo do esporte pode seguir trs
linhas: atuao, pesquisa e educao. Ainda, pode trabalhar em diversas reas, como:
formao; alto rendimento; reabilitao; projeto social; escolas, etc. (RUBIO, 2000a; 2000b).
A Psicologia do esporte, segundo a APA (American Psychological Association, 2002),
o estudo dos fatores comportamentais que influenciam e so influenciados pela participao e
desempenho no esporte, exerccio e atividade fsica e aplicao do conhecimento adquirido por
meio deste estudo para a vida cotidiana. De acordo com a ABRAPESP (Associao Brasileira de
Psicologia do Esporte, 2000), o interesse dos psiclogos do esporte est voltado para duas
reas: a) Ajudar atletas a fazerem uso dos princpios psicolgicos para alcanar um nvel timo
de sade mental e otimizar sua performance; b)Esclarecer como a participao em atividades
fsicas e esportivas altera o desenvolvimento psicolgico, o bem-estar e a sade de atletas e no
atletas.
19
Segundo RUBIO (2003, p. 13) a Psicologia do Esporte definida como o estudo do
comportamento humano no contexto do esporte ou como os fundamentos psicolgicos,
processos e consequncias da regulao psicolgica das atividades relacionadas com o esporte
de uma ou vrias pessoas atuando como sujeito da atividade.
FIGURA: ATLETA
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
29 nov. 2009
A Psicologia do Esporte analisa as bases e efeitos psquicos das aes esportivas,
considerando por um lado a anlise de processos psquicos bsicos (cognio, motivao,
emoo) e por outro lado a realizao de tarefas prticas do diagnstico e da interveno. A
funo da Psicologia do Esporte consiste na descrio, explicao e no prognstico de aes
esportivas com o fim de desenvolver e aplicar programas, cientificamente fundamentados, de
interveno levando em considerao os princpios ticos (NITSCH, 1986; 1989).
importante lembrar que o sucesso do esporte determinado por fatores psicolgicos,
tanto quanto por fatores sociolgicos, fisiolgicos, anatmicos e mecnicos. O estado atltico ou
nvel de treinamento, antigamente encarado apenas do ponto de vista fsico, tambm visto
hoje, no que diz respeito atitude, sob um ponto de vista de preparao psicolgica para ao.
Por isso, ento surge psicologia do esporte (SINGER, 1977).
20
FIGURA: ATLETA
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
29 nov. 2009.
1.4 MITOS E VERDADES
Os mitos so criados a partir da falta de conhecimento sobre o assunto. O dicionrio
define um mito como personagem, fato ou particularidade que representa uma descrio falsa,
ou melhor, uma descrio incompleta (SINGER, 1977).
Especificamente na Psicologia dos Esportes, compreensvel o porqu da falta de
conhecimento vir se perpetuando. Historicamente, a Psicologia foi um ramo da Filosofia que
lidava com a mente. A transio do tratamento do desconhecido para o de comportamentos
quantificveis de qualquer tipo, tem se constitudo um foco polmico para os psiclogos. As leis
de comportamento s podem ser derivadas a partir de anos de experimentao cuidadosa
(SINGER, 1977).
21
FIGURA: MITO/VERDADE
FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 29
nov. 2009.
O efeito do Esporte em nossa cultura , de fato, digno de nota. Quase todo o mundo,
como participante ou espectador, se encontra envolvido no esporte. A quantidade de programas
de televiso esportivos, os artigos nos jornais, os ndices de audincia, as finanas e facilidades
esportivas atestam a magnitude dos esportes na sociedade. Com tanta publicidade e
notoriedade, o esporte em geral e situaes especficas acabam por ser analisados de forma
crtica e superficialmente. Observaes levam a explicaes. Algumas vezes estas explicaes
so vlidas, outras vezes elas podem ser descries parcialmente acuradas ou totalmente
imprecisas (SINGER, 1977).
Quando algum compara a juventude da cincia psicolgica, especialmente no que se
refere aos comportamentos de habilidade do ser humano, com a onipresena e popularidade dos
esportes, fica fcil compreender porque muitos mitos envolvem o mundo dos esportes (SINGER,
1977).
Filsofos, desde a Grcia antiga at o presente, buscaram a verdade. Cincia e
Filosofia, juntas trouxeram e continuam trazendo-a para mais perto de ns. evidente e mais
fcil determinar a preciso e a correo de algumas situaes do que outras. Voltando ao
dicionrio, somos informados de que a verdade a qualidade de estar de acordo com a
experincia, fatos ou realidade. A verdade adapta-se aos fatos (SINGER, 1977).
22
Logo, as verdades na Psicologia dos Esportes podem ser derivadas de observaes
verificveis e replicveis, quer estejam sob condies controladas ou em uma competio
natural. O homem no to consistentemente previsvel em seu desempenho como so as
outras coisas que podemos escolher para observar. Isto uma pena, mas bvio. Pode-se
tomar emprestadas informaes de reas relacionadas para aplic-las ao esporte, como
alternativa. Qualquer que seja o mtodo usado, as assim chamadas verdades esto, na melhor
das hipteses, estruturadas vagamente. Deve-se deduzir logicamente os fatos da evidncia
emprica, na medida em que esta se relacione ao esporte (SINGER, 1977).
FIGURA: VERDADE
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 29 nov. 2009.
A partir de investigaes feitas no somente em circunstncias esportivas, mas
tambm, em reas afins. Estas informaes podero servir como base para determinar a
validade das explanaes dos fenmenos associados aos esportes. Ela representa o que
sabido no momento, com base em fatos, e est salpicada de interpretaes e aplicaes. A
tentativa a de usar a evidncia erudita para sustentar ou refutar crenas correntes populares
no esporte (SINGER, 1977).
1.5 DEFINIO E POSICIONAMENTO DO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA DO
ESPORTE E DO EXERCCIO.
23
Como foi dito anteriormente, a psicologia do esporte e do exerccio, considerada o
estudo cientfico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e atividades
fsicas e a aplicao prtica desse conhecimento (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Os psiclogos do esporte e do exerccio identificam princpios e diretrizes que os
profissionais podem usar para ajudar adultos e crianas a participarem e se beneficiarem de
atividades esportivas e de exerccio.
FIGURA: ESPORTE
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 29 nov. 20
preciso entender os fatores psicolgicos sobre o desempenho fsico ou motor, como:
A ansiedade afeta a preciso de um atleta? A falta de autoconfiana influencia a capacidade de
uma criana aprender a nadar? De que modo o reforo e a punio de um tcnico influenciam a
coeso de uma equipe? O treinamento mental facilita o processo de recuperao em atletas e
praticantes de exerccio lesionados? (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Outro aspecto importante tambm compreender os efeitos da participao em
atividades fsicas sobre o desenvolvimento psicolgico, a sade e o bem-estar, como: O
exerccio reduz a ansiedade e a depresso? Atletas jovens aprendem a ser excessivamente
agressivos praticando esportes? A participao diria em aulas de educao fsica melhora a
24
autoestima de uma criana? A participao em atividades fsicas na faculdade favorece o
desenvolvimento da personalidade? (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
A psicologia do esporte aplica-se a uma ampla parcela da populao. Embora alguns
profissionais a usem para ajudar atletas de elite a atingir o desempenho mximo, muitos outros
esto preocupados com crianas, com indivduos fsica e mentalmente incapacitados, com
idosos e com praticantes normais. Nos ltimos tempos, cada vez mais psiclogos do esporte
tem-se focalizado nos fatores psicolgicos envolvidos no exerccio, desenvolvendo estratgias
para encorajar pessoas sedentrias a exercitarem-se ou avaliando a afetividade do exerccio
como tratamento para depresso. Para refletir esse aumento de interesse, o campo chamado
atualmente de psicologia do esporte e do exerccio, e algumas pessoas esto comeando a
focalizar-se apenas nos aspectos relacionados ao exerccio (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Normalmente, os psiclogos do esporte modernos seguem carreiras variadas. Eles
desempenham trs papis bsicos em suas atividades profissionais:
O papel do pesquisador: A principal funo dos participantes de qualquer campo
profissional a de acelerar o conhecimento na sua rea. Isso feito por meio da pesquisa. A
maioria dos psiclogos do esporte e do exerccio ligados a uma universidade conduz pesquisas.
Eles podem, por exemplo, estudar o que motiva as crianas a envolverem-se em esportes, como
a mentalizao influencia a competncia em uma tacada de golfe, de que modo correr durante
20 minutos quatro vezes por semana afeta os nveis de ansiedade de uma pessoa ou qual a
relao entre educao do movimento e autoconceito entre alunos de educao fsica do ensino
fundamental. Os psiclogos do esporte compartilham ento seus achados com colegas e
participantes do campo. Essa troca produz avanos, discusses e debates saudveis em
encontros profissionais e em publicaes (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
25
FIGURA: ESPORTE
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
29 nov. 2009.
O papel de professor: Muitos especialistas em psicologia do esporte e do exerccio
ministram aos alunos universitrios disciplinas como psicologia do exerccio, psicologia aplicada
ao esporte e psicologia social do esporte. Eles tambm podem ministrar disciplinas como
psicologia da personalidade ou psicologia do desenvolvimento no caso de trabalharem em um
departamento de psicologia, ou podero ministrar disciplinas como aprendizagem e controle
motor ou sociologia do esporte, se trabalharem em um programa de cincia do esporte (GOULD,
D. & WEINBERG, 2002).
O papel do consultor: O terceiro papel importante a consulta individual com atletas
ou equipes no sentido de desenvolver habilidades psicolgicas para melhorar o desempenho em
competies e nos treinamentos. De fato, o Comit Olmpico dos EUA e algumas universidades
importantes empregam consultores de psicologia do esporte em tempo integral, e centenas de
outras equipes e atletas usam consultores em um esquema de meio turno para o treinamento de
habilidades psicolgicas. Muitos consultores em psicologia do esporte trabalham com tcnicos
em clnicas e seminrios (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Atualmente, alguns psiclogos do esporte e do exerccio trabalham na rea do
condicionamento fsico, planejando programas de exerccio que aumentem a participao e
promovam o bem-estar psicolgico e fsico. Alguns consultores trabalham como auxiliares
26
apoiando clnicas de terapia fsica ou de medicina esportiva, oferecendo servios psicolgicos a
atletas lesionados (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
Alm de consultores, alguns profissionais como terapeutas do corpo, tambm
trabalham com o esporte. Como exemplo o terapeuta Roberto Freire, usava a capoeira como
esporte para romper a couraa do corpo.
Na contemporaneidade, existe uma diferena significativa entre dois tipos de
especialidades na psicologia do esporte:
Psicologia clnica do esporte: Os psiclogos clnicos do esporte tm extensivo
treinamento em psicologia para aprender a detectar e tratar indivduos com transtornos
emocionais, como depresses graves e tendncias suicidas. Autorizados pelos conselhos
estaduais a tratar indivduos com transtornos emocionais, os psiclogos clnicos do esporte
recebem treinamento adicional em psicologia do esporte e do exerccio e nas cincias do
esporte. Essa funo primordial, principalmente em alguns atletas e praticantes de exerccios
que desenvolvem graves transtornos emocionais e requerem tratamento especial. Transtornos
alimentares e abuso de substncias so situaes no esporte e no exerccio em que as
habilidades especializadas de um psiclogo clnico do esporte podem frequentemente ajudar os
participantes (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
FIGURA: EXERCCIO
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
29 nov. 2009
27
Psicologia educacional do esporte: Os especialistas em psicologia educacional do
esporte tm treinamento extensivo em cincia do esporte e do exerccio, em educao fsica e
em cinesiologia; alm disso, estudam a psicologia do movimento humano, particularmente no
que diz respeito a contextos esportivos e a exerccios. Esses especialistas frequentemente
recebem treinamento universitrio avanado em psicologia e em aconselhamento. Entretanto,
no so treinados para tratar indivduos com transtornos emocionais, nem so psiclogos
licenciados.
Uma boa maneira de se pensar sobre um especialista em psicologia educacional do
esporte como um tcnico mental que, por meio de sesses de grupo e individuais, educa
atletas e praticantes de exerccios em relao s habilidades psicolgicas e seu
desenvolvimento. O controle da ansiedade, desenvolvimento da confiana e o aperfeioamento
da comunicao so algumas das reas que os especialistas em psicologia esportiva
educacional tratam. Quando um consultor de psicologia educacional do esporte encontra um
atleta com um transtorno emocional especfico, deve-se encaminhar para um psiclogo clnico
licenciado para tratamento (GOULD, D. & WEINBERG, 2002).
importante que os especialistas em psicologia do esporte e do exerccio tanto clnica
quanto educacional tenham um conhecimento profundo de psicologia e de cincia do esporte e
do exerccio.
Domnio de conhecimento da cincia do
esporte.
Domnio de conhecimento da psicologia.
Biomecnica. Psicopatologia.
Fisiologia do exerccio. Psicologia clnica.
Desenvolvimento motor. Psicologia do aconselhamento.
Aprendizagem e controle motor. Psicologia do desenvolvimento.
Medicina esportiva. Psicologia experimental.
28
Pedagogia do esporte. Psicologia da personalidade.
Sociologia do esporte. Psicologia fisiolgica.
FONTE: GOULD, D. & WEINBERG, 2002.
FIGURA: ATLETAS
FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 29 nov. 2009.
1.6 BIOLOGIA DO ESPORTE.
Genericamente, a biologia do esporte a cincia da vida do homem em regulao ao
esporte. Ela organiza-se como matria interdisciplinar sobre a cincia da constituio do corpo
(anatomia) e dos processos vitais (fisiologia) do homem, e utiliza conhecimentos do estudo da
29
hereditariedade (gentica), do estudo da sade (higiene), da pedagogia e medicina esportiva, do
estudo do treinamento, da biomecnica, do estudo do movimento, da sociologia e psicologia
esportiva, assim como experincias das alteraes e doenas no aparelho locomotor (ortopedia)
e o conhecimento do desenvolvimento psicofsico e da idade (WEINECK, 2000).
FIGURA: ATLETAS
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
06 dez. 2009.
A fisiologia do esporte refere-se principalmente a forma de trabalho e ao desempenho
dos rgos durante a sobrecarga esportiva. A higiene do esporte contm medidas para a
manuteno e promoo da sade no campo do esporte. A medicina esportiva se desenvolve a
partir da traumatologia do esporte, que trata do tratamento de acidentes esportivos agudos.
Analisa a influncia do movimento, sobre o homem saudvel e doente, e torna os resultados da
preveno, da terapia e da reabilitao, assim como o prprio esporte (WEINECK, 2000).
Assim, a biologia do esporte tenta estabelecer a influncia do movimento, ou atividade
fsica, sobre o organismo humano e explicar os mecanismos dos fatores de influncia, que
formam a capacidade de desempenho esportivo ou fsico (WEINECK, 2000).
O desencadeamento de uma contrao muscular, como pressuposto bsico para a
movimentao humana, necessita do impulso nervoso e do comando nervoso central. O
30
sistema nervoso central, como instncia superior, possibilita que surjam movimentos dirigidos e
coordenados, a partir de ilimitado potencial para movimentos possveis (WEINECK, 2000).
FIGURA: BIOLOGIA
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
06 dez. 2009.
A capacidade de movimento do homem baseia-se na multiplicidade de possibilidades
de contrao e relaxamento de algumas centenas de msculos, sendo que cada um dispe de
milhares de fibras musculares. O comando central faz com que a imensa reserva de
possibilidades de movimentos isolados se torne um todo com sentido. O plano de movimento
desejado que resulta, combina agonistas e antagonistas para uma atividade objetiva
(coordenao de movimentos). Aqui, os processos nervosos de estimulao e inibio tm
importante participao. O exerccio de uma sequncia de movimentos melhora a coordenao e
leva habilidade (motricidade final) e agilidade (motricidade global) (WEINECK, 2000).
31
FIGURA: MSCULOS
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
06 dez. 2009.
O homem possui um sistema de movimento de extremo refinamento, a ponto de poder
guiar-se, na maior parte do tempo, apenas por seu piloto automtico. Se esse sistema
locomotor a tal ponto sofisticado, por que ento com tanta frequncia acaba por se
desorganizar e se desregular? Assim como ns, os animais possuem padres gestuais aos
quais se encontram subordinados, mas, ao contrrio do homem, parecem conservar uma
integridade gestual, preservando suas possibilidades de movimento por quase toda a vida.
Porm, se de um lado os animais parecem contar com essa vantagem, eles no possuem, como
o homem, a possibilidade de complexificar sua organizao medida que sua conscincia
conquista novas etapas de desenvolvimento (BERTAZZO, 1998).
O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo desenvolvimentista total
e est intrinsecamente inter-relacionado s reas cognitivas e afetivas do comportamento
humano, sendo influenciado por muitos fatores. A importncia do desenvolvimento motor ideal
no deve ser minimizada ou considerada como secundria em relao a outras reas do
desenvolvimento. Portanto, o processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por
alteraes no comportamento motor, do beb ao adulto, um envolvido no processo
permanente de aprender a mover-se eficientemente, em reao ao que enfrentamos diariamente
em um mundo em constante modificao (GALLAHUE; OZMUN, 2002).
32
FIGURA: CORPO
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
06 dez. 2009.
Nos primeiros anos de vida a criana explora o mundo que a rodeia com os olhos e as
mos, por meio das atividades motoras. Ela estar, ao mesmo tempo, desenvolvendo as
primeiras iniciativas intelectuais e os primeiros contatos sociais com outras crianas. em
funo do seu desenvolvimento motor que a criana se transformar numa criatura livre e
independente (BATISTELLA, 2001).
Toda sequncia bsica do desenvolvimento motor est apoiada na sequncia de
desenvolvimento do crebro, visto que a mudana progressiva na capacidade motora de um
indivduo, desencadeada pela interao desse indivduo com seu ambiente e com a tarefa em
que ele esteja engajado. Em outras palavras, as caractersticas hereditrias de uma pessoa,
combinada com condies ambientais especficas (como por exemplo, oportunidade para
prtica, encorajamento e instruo) e os prprios requerimentos da tarefa que o indivduo
desempenha, determina a quantidade e a extenso da aquisio de destrezas motoras e a
melhoria da aptido (GALLAHUE; OZMUN, 2002).
33
FIGURA: BIOLOGIA
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
06 dez. 2009.
1.6.1 Noes bsicas de Sade Fsica: Sistemas Fisiolgicos.
A diviso em sistemas fisiolgicos visa uma compreenso mais ampla e lgica de
como uma integrao de vrios rgos e estruturas capaz de realizar as funes s quais se
destinam. Tambm nos parece mais fcil uma exposio nestes termos para o entendimento de
que o ser humano total, tornando-se bastante difcil separ-lo em distintos componentes, como
habitualmente se deseja fazer (MOSQUERA, 1984).
No podemos relacionar o crebro diretamente com um computador, os ps com rodas
ou a tireoide com a bateria de um automvel. So estruturas muito diferentes e obviamente mais
complexas, muitas vezes insubstituveis na existncia humana (MOSQUERA, 1984).
34
FIGURA: FISIOLOGIA
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 06 dez. 2009.
Cada vez mais se percebe a necessidade do homem de praticar exerccios fsicos,
participar de desporto, pois existem algumas ocasies em nossas vidas em que ocorre o que se
denomina de superao de si mesmo. So momentos em que, a despeito do estado de sade
fsica em que se possa encontrar, as condies interiores e ambientais so de tal forma
modificadas que acontecem verdadeiras proezas, impossveis de serem realizadas normalmente
ou repetidas. Por exemplo, uma mulher levantou com as mos um automvel de mais de uma
tonelada, quando viu que seu filho atropelado no conseguiria ser retirado debaixo do mesmo a
tempo de ser conduzido ao hospital (MOSQUERA, 1984).
O corpo humano est de tal modo capacitado a enfrentar mudanas, tanto do ponto de
vista psicolgico quanto fsico, que o homem sobrevive ao calor insustentvel do deserto e no
morre congelado no plo; capaz de escalar montanhas de 8.000 metros de altitude sem
oxignio e descer nas profundezas do mar sem ter graves consequncias devido presso.
Para tanto, algumas vezes, no necessita sequer de treino prvio, mas quase sempre a sua
adaptao deve ser realizada lenta e progressivamente (MOSQUERA, 1984).
35
FIGURA: CORPO
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
06 dez. 2009.
O homem normal, aquele do dia a dia, nosso colega de trabalho, o aluno da escola,
no esto capacitados a realizao destas proezas citadas acima. Muitas vezes apenas se limita
a sua vida sociocultural. Este indivduo que se deve alertar ou ensinar como funciona o seu
corpo. para o sedentrio, o fumante, o estressado no seu meio de trabalho e familiar, que
chamamos a ateno no sentido de tentar modificar sua vida cotidiana angustiante em um viver
mais amplo, mais racional. A este dirigimos nossa maior ateno ao longo dos anos para que
tenha uma existncia mais humanista (MOSQUERA, 1984).
Para o perfeito funcionamento do corpo, no sentido fisiolgico e psicolgico,
fundamental a atividade fsica. Todos ns devemos nos preocupar com a nossa sade fsica,
parte integrante da sade como um todo (MOSQUERA, 1984).
A diviso do corpo humano nestes principais sistemas visa levar o leitor a uma viso
mais dinmica e completa sobre o funcionamento de algumas partes citadas a seguir:
DIVISO DO CORPO
Sistema Respiratrio.
36
Sistema Cardiocirculatrio.
Sistema Musculoesqueltico.
Sistema Digestivo.
Sistema Nervoso.
Sistema Endcrino.
A diviso em sistemas fisiolgicos foi feita no sentido de auxiliar para a compreenso
de homem como um todo integrado.
Sistema Respiratrio A funo primria do sistema respiratrio trazer o oxignio
(O2) at a clula, que o utilizar em reaes qumicas indispensveis sua manuteno e
reproduo. Destas reaes resultaro catablitos, sendo o mais importante o dixido de
carbono (CO2), que eliminado por meio do pulmo (MOSQUERA, 1984).
As vias respiratrias podem ser divididas em: Nariz, faringe, laringe, traqueia,
brnquios e pulmes.
FIGURA: SISTEMA RESPIRATRIO
FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 06 dez. 2009.
37
O perfeito funcionamento do sistema respiratrio permite uma capacidade dinmica,
principalmente ao desportista, integrado aos outros sistemas fisiolgicos.
Sistema Cardiocirculatrio Entre as vrias importantes funes do sistema
cardiocirculatrio destacam-se o transporte de metablitos, catablitos, enzimas, anticorpos,
hormnios, eletrlitos e outros elementos para as mais diversas clulas em todo corpo. o
sistema que tem mais contato com os diversos outros, ligando-os direta ou indiretamente
(MOSQUERA, 1984).
O motor central o corao, uma potente bomba muscular que, sem qualquer
descanso, impulsiona ritmicamente o sangue a uma vasta rede de vasos sanguneos que, por
sua vez, chegam a todo o organismo. O sangue, impulsionado pelo corao, circula por meio de
vasos especiais, as artrias, cujas ramificaes alcanam a totalidade dos tecidos do corpo. Na
parede destes tecidos, existem artrias mais delgadas, designadas arterolas, que se
transformam em capilares, vasos mais finos e com paredes to finas que permitem a troca de
substncias entre o sangue e o espao circundante (PEREZ, 2003).
FIGURA: SISTEMA CARDIOCIRCULATRIO
FONTE: Disponvel em: < http://lucasbello.files.wordpress.com/2009/09/sistema-cardiovascular-
19.jpg>. Acesso em: 06 dez. 2009.
38
Sistema Musculoesqueltico As principais funes do sistema musculoesqueltico
so a sustentao e movimentao de todo corpo. Ele formado por vrios tipos de estruturas:
msculos, ligamentos, tendes, cartilagens e ossos; passando de mais apropriadas para
movimentao (msculos, tendes) a mais apropriadas para sustentao (ligamentos,
cartilagens, ossos) (MOSQUERA, 1984).
Temos aproximadamente 212 msculos, sendo 112 na regio frontal e 100 na regio
dorsal. Cada msculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em muitos ramos para poder
controlar todas as clulas do msculo. Onde as divises destes ramos terminam em um
mecanismo conhecido como placa motora. O sistema muscular capaz de efetuar imensa
variedade de movimento, onde todas essas contraes musculares so controladas e
coordenadas pelo crebro (KENDALL, 1995).
FIGURA: SISTEMA MUSCULOESQUELTICO
FONTE: Disponvel em: < http://www.afh.bio.br/sustenta/Sustenta4.asp>. Acesso em: 06 dez.
2009.
39
importante ter cuidado ao exame mdico escolar quanto a desvios de coluna e
posturas viciosas. No caso de traumatismos competitivos ou prtica de educao fsica escolar
deve-se orientar o professor e o aluno, evitando danos posteriores (MOSQUERA, 1984).
Sistema Digestivo O sistema digestivo est preparado especialmente para a
obteno das substncias nutrientes necessrias continuidade vital. Inicia-se na boca, onde o
alimento triturado e acrescentado das primeiras enzimas, que causam a degradao de
glicdios, produzidas nas glndulas salivares, alm da gua para liquidar o bolo alimentar. O
esfago liga a orofaringe ao estmago, este j localizado no interior do abdmen. Nele o
alimento fica algum tempo armazenado, acrescido de cido clordrico e outras enzimas locais
que seguem o processo de digesto. Passando ao duodeno, o bolo alimentar recebe grande
parte das enzimas provenientes do suco pancretico (proveniente do pncreas) e o suco biliar
(produzido no fgado) que permitem degradar os lipdios e as protenas lentamente. As paredes
do jejuno, a primeira poro do intestino fino e do leo (a segunda poro), esto especialmente
na parede epitelial e dobras intestinais, a permitir uma grande superfcie de contato para a
absoro das substncias contidas na luz intestinal. Do leo o contedo passa ao intestino
grosso, que tem por funo reabsorver a gua e eletrlitos, iniciar a decomposio, por meio de
microrganismos especializados existentes no local, do bolo j constitudo fecal (MOSQUERA,
1984).
Do sigmoide este bolo, j endurecido, passa ao reto e eliminado pelo nus, quando
em quantidade suficiente para originar o reflexo nervoso gastroenteroclico, intimamente
relacionado quantidade de bolo fecal e de alimento que a pessoa est ingerindo, acontecendo
quase sempre aps as refeies (MOSQUERA, 1984).
40
FIGURA: SISTEMA DIGESTIVO
FONTE: Disponvel em: .
Acesso em: 06 dez. 2009.
Tem grande importncia, principalmente para os praticantes de exerccios fsicos, ter
um intervalo de tempo entre uma grande refeio e o incio da prtica. O estmago e os
intestinos, ao receberem o contedo alimentar, requisitam uma grande quantidade de sangue
para realizarem suas funes (MOSQUERA, 1984).
O indivduo deve ter cuidado quando executa uma maior utilizao muscular, o sangue
tende a ser desviado para o sistema musculoesqueltico e a digesto interrompida
bruscamente. Acontece o que ento se denomina popularmente congesto. Se o indivduo no
diminuir ou parar o treinamento pode advir uma parada circulatria cerebral e afetar as funes
vitais (MOSQUERA, 1984).
Sistema Nervoso O sistema nervoso est encarregado de coordenar e controlar
todos os sistemas, alm de conferir a cada indivduo uma maneira peculiar de viver. Ou seja,
responsvel pelo ajustamento do organismo ao ambiente. Sua funo perceber e identificar as
condies ambientais externas, bem como as condies reinantes dentro do prprio corpo e
elaborar respostas que adaptem a essas condies (MOSQUERA, 1984).
A unidade bsica do sistema nervoso a clula nervosa, denominada neurnio, que
uma clula extremamente estimulvel; capaz de perceber as mnimas variaes que ocorrem
em torno de si, reagindo com uma alterao eltrica que percorre sua membrana. Essa alterao
41
eltrica o impulso nervoso. As clulas nervosas estabelecem conexes entre si de tal maneira
que um neurnio pode transmitir a outros os estmulos recebidos do ambiente, gerando uma
reao em cadeia (MCCRONE, 2002).
FIGURA: SISTEMA NERVOSO
FONTE: Disponvel em: .
Acesso em: 06 dez. 2009.
O sistema nervoso humano, alm de ser o centro de nossas emoes, controla as
funes orgnicas do corpo e a interao deste com o ambiente, recebendo estmulos,
interpretando-os e elaborando respostas a eles. composto pelo sistema nervoso central, e pelo
sistema nervoso perifrico: o primeiro, constitudo de encfalo e medula espinal, responsvel
por processar informaes. O segundo, com nervos, gnglios e terminaes nervosas, se
encarrega pela conduo dessas informaes pelo corpo. Clulas especializadas, denominadas
neurnios, so as principais responsveis pelo recebimento e transporte de informaes, por
meio de alteraes eltricas que ocorrem na regio da membrana - conhecidas por impulsos
eltricos. Esses ocorrem, geralmente, da extremidade de um neurnio para a de outro, sendo
que o local de juno entre estes chamado sinapse nervosa (MCCRONE, 2002).
42
FIGURA: NEURNIO
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 06 dez. 2009.
Na grande parte das sinapses, os citoplasmas apresentam mediadores qumicos: os
neurotransmissores. Esses permitem a ocorrncia destes impulsos ao se ligarem a protenas de
membrana da clula seguinte. A adrenalina um exemplo. Este sistema possui ntima relao
com o sistema endcrino, podendo fornecer a ele, por exemplo, informaes relativas ao
ambiente. Nessa situao, o sistema endcrino, responsvel pela produo e secreo de
hormnios na corrente sangunea, atua estimulando, ou mesmo inibindo, a ao de
determinados rgos por meio destes mensageiros qumicos (MCCRONE, 2002).
Glndulas excrinas, como as responsveis pelo suor ou pela digesto, tambm
exercem papel importante no funcionamento do sistema nervoso, inclusive no que se diz respeito
homeostase corprea (MCCRONE, 2002).
Sistema Endcrino O sistema endcrino tem a funo de controlar o organismo,
juntamente com o sistema nervoso. Estes dois sistemas tm uma estreita relao; a secreo
hormonal est, direta ou indiretamente, ligada ao sistema nervoso. Este sistema composto por
um grande nmero de glndulas, em vrias reas do corpo e de atuaes especficas,
controladas principalmente pela hipfise (localizada na base do crnio). Esta glndula, por meio
de sua poro anterior (adenoipfise), produz os hormnios do crescimento, conticotrofina
(exerce controle sobre a glndula suprarenal), tireotrofina (controla a tireoide), folculo
43
estimulante, luteinizante e luteotrfico (estes trs controlam as gnadas e atividades
reprodutoras) (MOSQUERA, 1984).
Sua poro posterior (neuroipfise) produz o hormnio antidiuttico e a oxitocina
(responsvel principalmente pelo aleitamento). A hipfise, por sua vez, controlada por
estruturas superiores (hipotlamo), por meio de impulsos recebidos de todos os pontos do
sistema nervoso. Do bom funcionamento do eixo hipotlamo-hipfise depende o bem-estar
corporal do indivduo (MOSQUERA, 1984).
FIGURA: SISTEMA ENDCRINO
FONTE: Disponvel em: .
Acesso em: 06 dez. 2009.
Alm destes hormnios produzidos no crebro temos os produzidos pelas glndulas.
Assim temos, entre as mais importantes, a tireoide que produz a tiroxina e a triodotironina; o
pncreas, a insulina e glucagon (os dois na poro endgena); a paratireoide, o hormnio
paratireoide e a calciotonina; as gnadas, a testosterona (no homem), estrgenos e
progesterona (na mulher); a suprarrenal, a adrenalina, noradrenalina (poro medular da
suprarrenal) e mineralocorticoides e glicocorticoides (na poro cortical da suprarrenal)
(MOSQUERA, 1984).
44
O exerccio fsico tem uma influncia considervel no bom funcionamento do corpo
humano. Regula todos os sistemas fisiolgicos, principalmente a boa ao dos hormnios no
metabolismo do indivduo (MOSQUERA, 1984).
Noes especialmente voltadas para a dinmica do desportista, do escolar, do leigo
que realiza exerccios em casa ou academias so discutidas por meio de uma reviso
anatomofisiolgica e sua praticidade (MOSQUERA, 1984).
FIGURA: EXERCCIO FSICO
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
12 dez. 2009.
Curiosidades
Leitura Complementar
Trecho do livro intitulado A Semente da Vitria (COBRA, 2005, p.30).
Quem muda o corpo, muda a cabea.
45
Respeite seu corpo!
Ele merece um tratamento melhor.
Respeite-o nas roupas que usa e no geram desconforto, mas acariciam,
deixando-o confortvel
No que voc come e no que voc bebe, sem exigir dos seus rgos esforos
brutais para digerir a agresso.
No ar que respira, fresco, nutrindo e oxigenando seu sangue, sem entupi-Io de
fuligem como se fosse um duto de gases txicos.(COBRA, 2005).
Temos de descobrir por ns mesmos quem somos. Ningum nasce com manual de
instrues. Essa a razo pela qual passamos a vida em busca de autoconhecimento, nica
maneira de desenvolver nossas potencialidades e expressar o melhor de ns mesmos. Coisa
que s ser possvel se tivermos corpo e esprito fortes, o que levar a ter uma cabea segura,
que, por sua vez, manter o controle sobre nossas emoes. Esse trabalho conjunto deve
comear pela base: o corpo.
Quando algum muda o corpo, muda tambm sua cabea e suas emoes. O caminho
do corpo se faz realmente o mais eficaz para que se explorem as potencialidades humanas e se
combata essa ideia de fracasso instalado to fortemente no comportamento das pessoas. Eu
utilizo o corpo como um caminho para chegar mente das pessoas. Esse caminho oferece a
oportunidade concreta de proceder ao resgate da verdade sobre a pessoa, buscando o real
contato com suas origens, do vencedor que e no do perdedor que quiseram passar a sua
mente e as suas emoes.
Fao do meu mtodo uma verdadeira terapia do corpo, em que se pode ir fundo no
cerne de cada pessoa, buscar a verdade de sua razo de existncia, desarvoradamente tirada
pela sociedade, que a faz insegura, pessimista, triste e com sentimento de inutilidade.
Oferecemos o corpo, algo concreto e matemtico, para conduzir vitria em busca da
verdade e de conquistas pessoais. Cada ser humano tem seu corpo, seu bem mais precioso,
46
que o transporta ao longo da vida. Se mudar esse corpo em seu mago, ele muda a vida em seu
cerne, em sua essncia.
Nada possui mais fora que aquilo que se pode ver, marcar e mensurar para que a
pessoa possa ser seu prprio redentor, vivenciando, pelo corpo, as contnuas e profundas
vitrias que realiza consigo mesmo. prtico, concreto. voc, transformando voc.
Um milho de palavras no podem ser mais fortes que uma conquista real, palpvel e
concreta com o prprio organismo, que balance suas estruturas calcadas nas negatividades. E
com as transformaes mais amplas vir, sem dvida, a transformao por completo. Em meu
mtodo ofereo o corpo para sua transformao como pessoa, para que deixe de ser um mero
coadjuvante de sua vida e passe a ser seu protagonista.
O agente fundamental de sua vida. Em meu mtodo trabalhamos com base em
acontecimentos. Penso que saber de cabea no saber nada! So nmeros, distncia, tempo,
frequncia cardaca de esforo, frequncia cardaca de recuperao, dados mensurveis que se
entrelaam, mostrando, irrefutveis, a transformao fisiolgica, a vitria sobre os obstculos
que, com muito critrio, vamos colocando em sua frente para serem ultrapassados. Essa a
grande proposta teraputica, pois no h como no se fazer vencedor com a magnitude das
transformaes de seu prprio corpo fsico, dentro do mais imprescindvel fluxo de vida: corao,
pulmes e circulao sangunea, alm dos msculos que se iro desenvolvendo. Esses
elementos que dilataro suas possibilidades mentais e ampliaro suas energias fsicas para
favorecer o positivo enfrentamento da vida.
A superao contnua das barreiras fsicas to somente um meio detonador para que
a pessoa tome conhecimento de sua verdadeira fora, que vai se instalando vigorosa pela
prpria transformao do corpo. As transformaes em seu corao, mostradas nos nmeros
que se modificam, apontam o caminho certo agraciando o esprito com uma corrente de infindas
gratificaes.
indiscutvel que uma pessoa com maior capacidade de oxigenao ter um crebro
potencialmente mais capaz e poder fazer um trabalho mais pleno e equilibrado.
Quem muda o corpo muda a cabea, pois ela capaz de perceber as conquistas
fsicas. Claro que se fulano est barrigudo, obeso, ele se olha no espelho e se acha horrvel, sua
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autoestima est baixa. Se conseguir emagrecer, ficar bonito e elegante, ele ter uma imagem
mais positiva de si mesmo.
Essas vitrias que vamos tendo no dia a dia, aprendendo a empurrar cada vez mais
nossos limites, do ao crebro condies de acreditar, de forma vigorosa, que somos incrveis e
muito capazes de nos transformar. Mas, sozinho, o crebro no acha nem decide nada. Ele
precisa de aliados, ou melhor, das emoes para assessor-lo.
S que esse lado emocional nosso calcanhar de aquiles. nosso maior bem, mas
pode tambm nos fazer o maior mal. Depende de como lidamos com as emoes. Temos de
desenvolver o corpo emocional, to esquecido e preterido pelo raciocnio, este, sim, valorizado.
O emocional sempre teve uma conotao ruim, um estorvo ao nosso desempenho, colocado de
lado como nosso inimigo. Esquecemos que ele pode ser o nosso mais precioso amigo e valoroso
aliado se o desenvolvermos convenientemente. Quando evoludo, ele trabalha a nosso favor,
sustentando qualquer combate e nos trazendo sempre a vitria. O que ocorre que a debilidade
emocional que caracteriza a nossa sociedade acaba fazendo a emoo trabalhar contra ns
mesmos.
Pensar uma coisa, viver outra completamente diferente. Saber o que bom para
ns, quase todos sabemos; no entanto, s uma insignificante minoria faz algo prtico e concreto
em favor de uma vida melhor. Infelizmente, a maioria das pessoas tem apenas o saber, mas no
consegue o fazer, continuando nesse status quo, sempre pensando muito e fazendo to pouco e
sem coragem de enfrentar o novo.
Parece que as pessoas congelam e no conseguem dar esse to importante primeiro
passo. Passar para a prtica concreta do fazer que vai diferenciar aqueles que conseguem
daqueles que no conseguem. Aqueles que so desenvolvidos emocionalmente daqueles que
so dbeis emocionais. Afinal, a prtica um milho de vezes mais fcil que a teoria.
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2 PERSONALIDADE
Segundo Jung (1981), a personalidade uma semente que s pode se desenvolver
em pequenas etapas durante a vida. Acrescenta que no a criana, mas o adulto que pode
alcanar a personalidade como fruto de uma vida cheia, orientada para este fim (MOSQUERA,
1984).
Em uma viso do desenvolvimento humano podemos dizer que sua possibilidade
interpretativa decorre de compreendermos toda a vida como um contnuo desenvolvimento. De
acordo com Arnold (1972) importante conhecer aspectos como: crescimento, maturao,
desenvolvimento e aprendizagem. Estes so bsicos para o entendimento da existncia
humana. Observa-se que o crescimento se d a partir do desenvolvimento do indivduo em seus
aspectos fsicos (MOSQUERA, 1984).
FIGURA: OLMPO
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
05 dez. 2009.
Crescimento no simples aprendizagem ou aculturao, tampouco a simples
maturao; se aproxima mais ao produto das duas, especialmente visando o desenvolvimento
fsico. Neste sentido, a maturao responde ao critrio que poderamos apontar como prontido
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orgnica, fazendo com que o indivduo apresente aspectos comportamentais de acordo com a
sua idade fsica em determinada etapa do desenvolvimento (MOSQUERA, 1984).
Se crescimento se refere ao todo, o desenvolvimento indica a personalidade nos seus
variados aspectos. importante compreender que a criatura humana se desenvolve desde o
nascimento at a morte (MOSQUERA, 1984).
O conceito de personalidade bastante amplo, pois inclui conceitos e termos como
sejam os de traos, estados, qualidades e atributos, todos eles variveis na constncia ou nas
alteraes de comportamento, referem-se estes, por exemplo, s motivaes, aos estilos de
ateno, s manifestaes emotivas ou eficcia (AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL,
1993).
Nenhum ser humano mostrar traos que j no existam em outros indivduos, como
uma espcie de patrimnio do ser humano, ou seja, a todos os indivduos de uma mesma
espcie so atribudos os traos caractersticos dessa espcie. Porm, a combinao individual
desses traos em propores variadas numa determinada pessoa caracterizar sua
personalidade ou sua maneira de ser (AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993).
Referncias aos traos particulares ajudam a especificar a natureza de uma pessoa.
Algumas destas expresses so utilizadas no senso comum de um sistema sociocultural.
Costuma-se elaborar uma relao extensa de adjetivos utilizados para a arguio dos indivduos,
como: sincero, honesto, compreensivo, inteligente, clido, amigvel, ambicioso, pontual,
tolerante, irritvel, responsvel, calmo, artstico, cientfico, ordeiro, religioso, falador, excitado,
moderado, calado, corajoso, cauteloso, impulsivo, oportunista, radical, pessimista, e por a afora
(SINGER, 1977).
Podemos considerar o trao predominante da pessoa em apreo a caracterstica que
melhor a define, como se, entre tantos traos tipicamente e caracteristicamente humanos, este
trao especfico predominasse sobre os demais.
Os traos no agem independentemente uns dos outros. Uma pessoa o que ela devido
combinao e interao de muitos traos, cujo nmero ainda no foi determinado. O conceito de
trao uma pedra central da construo da personalidade do indivduo e os traos psicolgicos
podem ser definidos como estruturas internas estveis que servem como predisponentes do
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comportamento e, consequentemente, podem ser "indicadores" de futuros comportamentos
(AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993).
FIGURA: PERSONALIDADE
FONTE: Disponvel em: .
Acesso em: 05 dez. 2009.
Alm disso, uma anlise subjetiva da personalidade de outra pessoa usualmente
distorcida pela percepo da pessoa que est fazendo a anlise. Frequentemente, vemos os
outros usando-nos como um sistema de referncia. Embora seja possvel descrever certas
caractersticas, a extenso em que estas esto presentes numa pessoa julgada com base na
presena destas em outro ser, em um grupo particular ou em uma norma da sociedade
(SINGER, 1977).
Quando o comportamento demonstrado, o resultado puro reflexo do nvel em que
uma variedade de traos de personalidade existe. Desde que tantos fatores ditam o
comportamento a qualquer momento, no nenhum assombro o fato dos psiclogos geralmente
apoiarem a ideia de que personalidade uma questo individual. uma forma nica de algum
se expressar. O arranjo dos sistemas psicofsicos de cada pessoa dita suas tendncias a
responder de uma forma previsvel, quando estimulada (SINGER, 1977).
Tais tendncias so construdas por meio dos anos. A gentica determina a
predisposio para agir, mas os comportamentos especficos no so herdados. Entretanto, a
transmisso gentica fornece a estrutura, enquanto as experincias de vida trazem tona ou
reprimem as tendncias comportamentais. Aparentemente, as situaes ambientais da infncia
51
so as mais cruciais no desenvolvimento da personalidade. Os comportamentos em certas
situaes se tornam estabilizados com a experincia e o passar dos anos. Muitos parecem ser
habituais. Eles so mais resistentes mudana ou modificaes, na medida em que a fora do
hbito aumenta. So aqueles padres de comportamento usualmente consistentes e previsveis,
que tendem a sugerir a personalidade do indivduo (SINGER, 1977).
FIGURA: PERSONALIDADE
FONTE: Disponvel em: .
Acesso em: 14 dez. 2009.
So estes tipos de comportamento que tendem a nos fornecer uma imagem do
esportista. Quando eles aparecem com algum grau de consistncia de atleta para atleta, ns
estereotipamos grupos de atletas ou atletas em geral. Embora, cada um de ns se comporte
diferente de outra pessoa numa mesma situao, tentamos achar pontos comuns entre grupos
de pessoas com ocupaes comuns, atividades recreacionais e coisas semelhantes (SINGER,
1977).
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FIGURA: PERSONALIDADE
FONTE: Disponvel em: .
Acesso em: 14 dez. 2009.
AMBIENTE
PERSONALIDADE
INFLUNCIAS
HEREDITARIEDADE
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3 MOTIVAO
A motivao um impulso que determina a atividade dirigida para uma finalidade ou
uma recompensa. Ou seja, uma espcie de energia psicolgica ou tenso que pe em
movimento o organismo humano. Por isso, a motivao comea dentro da pessoa, no depende
necessariamente do ambiente que ela est.
A motivao a insistncia em caminhar em direo a um objetivo. Existem ocasies
onde nosso incentivo principal pode ser o alcance de uma recompensa, tal como ter nosso nome
impresso, ganhar um trofu ou elogio. Em outras ocasies, o incentivo pode tomar a forma de
um impulso interno para o sucesso, para provar ou conseguir algo para se autorrealizar. Sem a
presena da motivao, um esportista no praticar ou, ento, o far mal. Sem o treino, altos
nveis de aprendizagem no sero alcanados. Sem a aprendizagem, quo bom um
desempenho pode ser? (SINGER, 1977).
Partimos de um princpio onde a conquista caracterstica nata no ser humano, e a
motivao o trampolim que o impulsiona para o alvo. Mostramos que a chave da motivao
est dentro do ponto de vista em que observamos as coisas.
A importncia da motivao para a aprendizagem e desempenho tem sido bem
estabelecida. Porm, interessante saber que as coisas boas so melhores ainda se as
conseguirmos em dobro. O aumento da motivao eleva a ateno, concentrao e tenso. Para
certos atletas e para certas atividades, no s poder a motivao excessiva no ajudar como
poder ser desastrosa. Esforar-se em demasia pode produzir efeito adverso no desempenho de
quem se sacrifica. Neste aspecto fundamental a busca do equilbrio (SINGER, 1977).
Entretanto, existem muitas ocasies nas quais os nveis mais altos de motivao so
desejveis para o melhor desempenho. Os treinadores frequentemente levam seus esportistas a
um extremo febril de excitao. Eles incitam incessantemente os seus atletas (SINGER, 1977).
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FIGURA: MOTIVAO
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 16 dez. 2009.
Um princpio comportamental de Psicologia formulado h anos, a Lei de Yerkes-
Dodson, fornece-nos implicaes para estratgias efetivas. Existe um nvel ideal de motivao
para cada tarefa e para cada executor. Como exemplo, dar braadas ao nadar de costas no
tem o mesmo nvel de sofisticao que acertar precisamente uma bola de golfe. Se uma pessoa
estiver participando de uma competio de natao ou uma competio atltica, provavelmente,
a motivao dever ser mxima. O golfe requer uma quantidade de motivao mais comedida. O
desempenho nas atividades que requerem movimentos complexos, sutilmente coordenados e
controlados do corpo, ser prejudicado pela motivao excessiva. Por outro lado, eventos que
requerem altos nveis de vigor, persistncia ou velocidade, mais do que movimentos precisos,
sero melhor executados com alta motivao (SINGER, 1977).
ATIVIDADE MOTIVAO DESEJVEL
Atividade relativamente simples. Motivao mais alta.
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Atividade moderadamente difcil. Motivao moderada.
Atividade relativamente difcil. Motivao mais baixa.
A competio serve como uma excelente fonte de motivao no esporte. A pesquisa
mostra a efetividade das situaes competitivas em produzir melhor desempenho quando o
indivduo executa sozinho. O conhecimento dos resultados ou feedback, fornecido pelo treinador
ao esportista, referente qualidade de seu desempenho outra fonte de motivao. Vrios tipos
de conhecimento de resultados e formas de implement-los so possveis. O reforamento, que
se refere a qualquer tipo de evento que tende a aumentar a probabilidade de que a resposta
apropriada ocorra, tambm uma fonte de motivao. Os reforadores tpicos providos pelo
treinador ao esportista devido a sua execuo correta de habilidades so elogios e vrios tipos
de recompensas (SINGER, 1977).
FIGURA: MOTIVAO
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 16 dez. 2009.
Segundo Thomas Tutko e Jack W. Richards (1971), um psiclogo e um treinador,
acreditam que possivelmente o papel mais importante desempenhado pelo treinador o de
motivador. Embora eles no se refiram as formas previamente mencionadas de motivao, eles
utilizam tais meios de comunicao como encontros prvios a competies, conversas gerais de
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incentivo com o time ou com jogadores individuais, tcnicas de treinamento e coisas
semelhantes (SINGER, 1977).
A forma como o treinador organiza as sesses e o ambiente de treino pode afetar a
motivao do atleta. Qualquer forma pela qual os atletas, individual ou coletivamente, possam
ser despertados para a ao, a um nvel ideal, dever ser a forma visada e aplicada. Isto leva um
treinador sensvel a estar consciente das necessidades de seus jogadores e a conhecer a
grande variedade de tcnicas motivacionais e a achar a combinao ideal para resultados
produtivos. Logo, notamos que existe um nvel ideal de motivao que deve estar presente em
qualquer atividade e este nvel depende da natureza da atividade, tanto quanto do esportista
(SINGER, 1977).
Um exemplo bom exemplo de motivao, foi quando o Brasil de Luis Felipe Escolari
venceu a copa, no ano de 2002, o trabalho de motivao realizado pela psicloga que
acompanhou a equipe, foi fundamental para a vitria do campeonato.
57
4 ATIVAO, ESTRESSE E ANSIEDADE
Ativao corresponde mistura de atividades fisiolgicas e psicolgicas em uma
pessoa. Refere-se s dimenses de intensidade de motivao em um dado momento. Para
controlar os nveis de ativao importante que o indivduo tenha conscincia das situaes no
esporte competitivo que lhe causam ansiedade e como voc responde a tais eventos. Para isso,
os atletas podem ser instrudos a rememorarem seus melhores e piores desempenhos e
recordarem seus sentimentos nessas ocasies. Inmeras tcnicas foram desenvolvidas para
reduzir a ansiedade e o nvel de estresse em situaes de esporte e de atividade fsica (GOULD
& WEINBERG, 2002).
O estresse significa o estado gerado pela percepo de estmulos que provocam
excitao emocional e, ao perturbarem a homeostasia, disparam um processo de adaptao
caracterizado, entre outras alteraes, pelo aumento de secreo de adrenalina produzindo
diversas manifestaes sistmicas, com distrbios fisiolgicos e psicolgicos. O termo estressor
por sua vez define o evento ou estmulo que provoca ou conduz ao estresse (HOUAISS, 2001).
Em outras palavras o estresse, seja ele de natureza fsica, psicolgica ou social,
composto de um conjunto de reaes fisiolgicas que se exageradas em intensidade ou durao
podem levar a um desequilbrio no organismo. A reao ao estresse uma atitude biolgica
necessria para a adaptao a novas situaes (LABRADOR, 1994).
FIGURA: ESTRESSE
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
16 dez. 2009.
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ESTRESSE
Um dos primeiros estudos sobre estresse foi realizado em 1936 pelo pesquisador
canadense Hans Selye, que submeteu cobaias a estmulos estressores e observou um padro
especfico na resposta comportamental e fsica dos animais (LABRADOR, 1994).
A resposta ao estresse resultado da interao entre as caractersticas da pessoa e
as demandas do meio, ou seja, as discrepncias entre o meio externo e interno e a percepo
do indivduo quanto a sua capacidade de resposta. Esta resposta ao estressor denota aspectos
cognitivos, comportamentais e fisiolgicos, visando a propiciar uma melhor percepo da
situao e de suas demandas, assim como um processamento mais rpido da informao
disponvel, possibilitando uma busca de solues, selecionando condutas adequadas e
preparando o organismo para agir de maneira rpida e vigorosa (LABRADOR, 1994).
Selye descreveu os sintomas do estresse sob o nome de Sndrome Geral de
Adaptao, composto de trs fases sucessivas; alarme, resistncia e esgotamento. Aps a fase
de esgotamento era observado o surgimento de diversas doenas srias, como lcera,
hipertenso arterial, artrites e leses miocrdicas (LABRADOR, 1994).
J em relao ansiedade o estado emocional negativo, caracterizado pelo
nervosismo, preocupao e apreenso e associado com a ativao. A ansiedade uma das
causadoras de transtornos fsicos, em funo do fenmeno psquico que provoca distrbios
fisiolgicos, no sendo espontneo, e dependente de vrios fatores externos. A ansiedade
tambm considerada como uma emoo tpica do estresse (GOULD & WEINBERG, 2002).
O nvel de ansiedade dos esportistas deve ser conhecido e analisado para se ter um
melhoramento dos seus comportamentos, j que cabe ao tcnico ou professor captar o nvel de
ansiedade de seus atletas para identificar os motivos de sua manifestao, com o objetivo de
reduzir a ansiedade excessiva, buscando o amadurecimento e independncia, para produzir uma
melhor performance global (GOULD & WEINBERG, 2002).
A ansiedade representa, uma reao emocional, em virtude de estmulos fsicos ou
psquicos percebidos como perigosos, prejudiciais e frustrantes. Ela est associada a
59
sentimentos de apreenso, nervosismo, preocupao e medo. A ansiedade no poder ser
considerada somente um sintoma negativo, que atua de forma drstica na performance do atleta,
podendo tambm ser um fator positivo ou at mesmo indiferente, pois ir depender das
caractersticas de personalidade, da dificuldade da tarefa e da habilidade do atleta (GOULD &
WEINBERG, 2002).
FIGURA: ESTRESSE
FONTE: Disponvel em: . Acesso
em: 16 dez. 2009.
A ansiedade constitui um dos componentes mais habituais da reao emocional
normal do homem, em face a diferentes situaes ambientais. Quando responde de maneira
adequada em intensidade e durao, as caractersticas objetivas das diferentes situaes-
estmulo representam um mecanismo normal e fundamental de vigilncia do organismo,
determinante de uma melhor resposta aos estmulos externos, tanto do ponto de vista biolgico
como comportamental e, portanto, favorvel sobrevivncia (GOULD & WEINBERG, 2002).
A ansiedade se apresenta como uma resposta emocional com caractersticas
patolgicas, inadequada, incmoda e fonte de sofrimento subjetivo. Nestes casos, pode-se
referir de uma condio patolgica em si, podendo produzir diversos distrbios, ou apresentar
associada a doenas de importncia mdica (GOULD & WEINBERG, 2002).
H alguns anos, tanto a ansiedade normal quanto a patolgica tem sido objeto de
estudo, sob vrios referenciais, tendo finalidade de explicar suas causas, sua origem e suas
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manifestaes. Tm sido descobertos mltiplos aspectos, tanto de estmulos ambientais como
influncia da personalidade e conflitos inconscientes (GOULD & WEINBERG, 2002).
Segue abaixo um modelo de manifestaes psicofisiolgicas da ansiedade:
FONTE: GOULD & WEINBERG, 2002.
Como podemos observar ativao, estresse e ansiedade tm significados distintos.
Ativao a mistura de atividades fisiolgicas e psicolgicas em uma pessoa e que varia em
um continuum de letargia a uma intensa agitao. Estresse um processo. Ele ocorre quando
as pessoas percebem um desequilbrio entre as demandas fsicas e psicolgicas impostas a elas
e sua capacidade de responder. E a ansiedade um estado emocional negativo, com
sentimentos de nervosismo, preocupao e apreenso associados com a ativao ou com a
agitao do corpo. Ela tambm tem componentes cognitivos e somticos (GOULD &
WEINBERG, 2002).
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Algumas situaes produzem mais ansiedade-estado e ativao que outras (p. ex.
eventos importantes cujo resultado incerto). O estresse tambm influenciado por disposies
de personalidade (p. ex. ansiedadetrao e autoestima). Indivduos com ansiedadetrao elevada,
baixa autoestima e alta ansiedade fsica social experimentam nveis mais elevados de
ansiedade-estado. Criar um ambiente positivo e uma orientao produtiva em relao a erros e
derrotas uma forma efetiva de controlar o estresse. Alm disso, as cinco diretrizes para o
controle do estresse so: a) identificar a combinao ideal de emoes relacionadas ativao
necessria para o melhor desempenho; b) reconhecer como fatores pessoais e situacionais
interagem para influenciar a ativao, a ansiedade e o desempenho; c) reconhecer os sinais de
ativao e de ansiedade em nveis elevados em praticantes de esporte e de exerccios; d)
adaptar o treinamento e as prticas de instruo aos indivduos; e) desenvolver a confiana nos
participantes para ajud-los a lidar com o estresse e a ansiedade em nveis elevados (GOULD &
WEINBERG, 2002).
FIGURA: ATIVAO, ESTRESSE E ANSIEDADE
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
20 dez. 2009.
62
5 COMPETIO E COOPERAO
De acordo com o dicionrio (HOUAISS, 2001) obtemos as seguintes definies da
palavra cooperao: 1 Ato ou efeito de cooperar. 2 Associao entre duas espcies que,
embora dispensvel, traz vantagens para ambas, colaborao. E a seguinte definio da palavra
competio: 1 Ato ou efeito de competir. 2 Busca simultnea por dois ou mais indivduos, de
uma vitria, uma vantagem, um prmio. 3 Luta desafio, disputa ou rivalidade.
Cooperao, aparentemente, lembra-nos do pronome comunal ns, ao passo que
competio, lembra-nos do pronome de primeira pessoa, eu. Tanto a cooperao quanto a
competio possuem um conjunto de crenas e regras que determinam o modo como so
apresentados e como instituem formas de vida, isto , como ganham textura subjetiva e como
passam a determinar comportamentos, estilos e prticas sociais (RELIU, 1997).
Para o esporte o conceito de cooperao transfigura para relaes de respeito mtuo,
tendo uma postura de tolerncia com a convivncia e as diferenas, tendo assim, um processo
de negociao constante. Para existir cooperao deve haver objetivos comuns, atividades e
aes conjuntas e organizadas proporcionando vantagens para todos, reconhecendo assim que
o ser humano depende (de certa forma) dos outros para competir (RELIU, 1997).
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FONTE: RELIU, 1997; GONZLEZ, 1997; GOULD & WEINBERG, 2002.
J em relao competitividade h uma disposio para lutar por satisfao ao se
fazer comparaes com algum padro de superioridade na presena de avaliadores (Martens,
1976). Basicamente, Martens considera competitividade um comportamento voltado realizao
em um contexto competitivo, com a avaliao social como componente chave. importante
observar uma orientao de conquista especfica situao: algumas pessoas altamente
orientadas conquista em uma situao (p. ex. esportes competitivos) no o so em outras
situaes (p. ex. aula de fsica). A definio de Martens de competitividade limitada a situaes
em que a pessoa avaliada ou tem potencial para ser avaliada por especialistas. Entretanto,
muitas pessoas competem consigo mesmas (p. ex. tentando superar seu prprio tempo de
corrida do dia anterior) mesmo quando ningum est avaliando seu desempenho (RELIU, 1997).
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FIGURA: COMPETIO E COOPERAO.
FONTE: Disponvel em: . Acesso em:
20 dez. 2009.
O nvel de motivao para a realizao revelaria a autocompetio, enquanto o nvel
de competitividade influenciaria o comportamento em situaes avaliadas socialmente. Gill e
Deeter tentaram definir mais claramente o termo, desenvolvendo primeiro o questionrio de
Orientao Esportiva (Sport Orientation Questionaire SOQ) para fornecer uma medida
confivel e vlida de competitividade (1988). Usando o SOQ, Gill e Deeter encontraram trs tipos
de orientaes competitivas, as quais representam diferentes resultados subjetivos de uma
situao competitiva. Competitividade o prazer de competir, e o desejo de lutar por sucesso
em situaes esportivas competitivas. Uma pessoa competitiva sim