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Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a investigação em Enfermagem Lição a proferir nas provas de concurso público para acesso à categoria de Professor Coordenador na área de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica na Escola Superior de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca Coimbra, 2001

Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

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Page 1: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes

Psiconeuroimunologia: um enquadramento

teórico para a investigação em

Enfermagem

Lição a proferir nas provas de concurso público para acesso à categoria de Professor Coordenador

na área de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica na Escola Superior de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca

Coimbra, 2001

Page 2: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

INTRODUÇÃO

A Enfermagem, tanto considerada como disciplina como tida na acção do cuidar,

tem tradicionalmente assumido um conceito do Homem onde se integram as vertentes

biológicas, psicológicas e sociais.

Evoluindo dos conceitos iniciais de Florence Nightingale e através dos mais

recentes desenvolvimentos das teorias de enfermagem, a disciplina manteve-se centrada

num conceito holístico do cuidar. De facto, de acordo com FAWCETT (1989), há quatro

conceitos que de uma forma transversal estão presentes e são centrais em todas as

teorias de enfermagem. São eles:

1) a pessoa que recebe os cuidados de enfermagem;

2) o ambiente;

3) a enfermagem;

4) a saúde.

Todos os modelos descrevem estes quatro conceitos, divergindo na ênfase

colocada em cada um deles e nas suas inter-relações. Apesar das diferenças

(fundamentalmente em torno de uma visão do mundo ora mais centrada na mudança ora

na estabilidade) todos os modelos de enfermagem consideram as interacções entre a

pessoa e o seu ambiente. Igualmente todos os modelos possuem uma visão do Homem

global, onde as componentes biológicas, psicológicas e sociais constituem um ser único

e indivisível. Assim, os enfermeiros têm, tanto intuitivamente como teoricamente,

considerado a unidade dos processos biológicos e mentais quando prestam cuidados aos

utentes.

Page 3: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

A investigação em enfermagem envolve a pesquisa acerca das respostas

comportamentais e biológicas dos indivíduos aos seus problemas de saúde actuais ou

potenciais, bem assim como a influência das intervenções de enfermagem na

modificação do estado de saúde. Ao contrário da investigação fundamental, na qual o

objectivo é o gerar conhecimento respeitante aos processos biológicos ou

comportamentais, a investigação em enfermagem é dirigida, fundamentalmente, para

promover a excelência na ciência de enfermagem como um guia para a prática.

É neste sentido que ZELLER et al. (1996) propõem que a psiconeuroimunologia

(PNI) pode providenciar um enquadramento para os investigadores de enfermagem

estudarem as relações entre os fenómenos biológicos e comportamentais e a sua

influência nos resultados de saúde.

Aristóteles afirmava que “psique e corpo reagem simpaticamente um com o

outro. Uma mudança no estado da psique produz mudança na estrutura do corpo e

inversamente uma mudança nas estruturas do corpo produz uma mudança no estado da

psique” (Phsyiognomonica).

Nos últimos séculos, no entanto, a influência do pensamento de Descartes, que

postulava a separação entre o corpo e a mente, foi predominante no pensamento

Ocidental1. Como consequência da influência deste dualismo entre corpo e mente está,

ainda hoje, nas ciências médicas, a dificuldade no entendimento de como as nossas

ideias podem influenciar o corpo ou como a nossa mente pode ser um agente da saúde

ou da doença. No século XIX, Claude Bernard iniciou o movimento de ruptura com esta

visão, argumentando que os estados psicológicos podem afectar os processos corporais.

Apesar disso, o emergir destes novos conceitos observou-se muito lentamente e

provavelmente ainda não constitui um paradigma dominante. No passado próximo as

descobertas na área da microbiologia e da imunologia pareciam contrariar a crença de

1 O estudo da história da Filosofia mostra que a interacção destes dois princípios, corpo-alma, soma-psique, foi objecto de uma reflexão constante, depois de ANAXÁGORAS, cerca de 500-428 anos antes da nossa era, ter feito a distinção entre psique e soma. Este dualismo foi mantido por PLATÃO (427-347 a.c.), retomado e reelaborado pelo hilemorfismo de ARISTÓTELES (384-322 a.c.), segundo o qual a alma dá a forma (morphé) ao corpo (hylé, matéria) tornando-se assim o primeiro no princípio vital do segundo, sendo este concebido em unidade estreita com o psiquismo (uma unidade substancial). A filosofia aristotélica predominou na Idade Média sob a forma do sistema de São Tomás de AQUINO (tomismo). Mais tarde, com DESCARTES, o dualismo, longe de ser renovado, acentuou-se e estagnou. Paralelamente, desde a Antiguidade existiram tendências unitárias (por exemplo em DEMÓCRITO uma interpretação materialista e atomista dos fenómenos psíquicos). Estas, sob uma ou outra forma, expressaram-se e reforçaram-se após o século XVIII – empirismo: HOBBES (1588-1679), LOCKE (1632-1704), BERKELEY (1685-1753), HUME (1711-1776); associacionismo: J.S. MILL (1806-1873); enfim, no século XIX, o positivismo e o materialismo, o neopositivismo nas suas diferentes formas e derivados, colocam novamente a tónica na unidade do Homem.

Page 4: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

uma importante ligação entre o corpo e o espírito. De facto, durante alguns anos pensou-

-se que o sistema imunológico possuía mecanismos independentes de auto-regulação e

que, por outro lado, o cérebro era um sítio privilegiado, bem protegido da activação

imunitária (NAVARRA et al., 1997). É assim que, durante muitos anos, à observação do

senso comum de que os “estados da alma” influenciavam o estado de saúde, respondia a

comunidade científica com desconfiança e suspeição.

Quando, em 1975, Ader e Cohen demonstraram que uma resposta de

imunosupressão podia ser causada por um mecanismo de condicionamento clássico, a

teoria da auto-regulação do sistema imunológico deixou de ter evidência empírica que a

suportasse. Desde essa época que sucessivas investigações na área da PNI têm produzido

mais conhecimento, o que permite não só um contributo valioso para a compreensão

dos fenómenos da saúde e da doença, como uma melhor definição do campo científico.

A psiconeuroimunologia é concebida por Solomon (um dos seus mais

importantes percursores) como sendo o campo científico transdisciplinar que diz

respeito às interacções entre o comportamento, o sistema imunológico e o sistema

nervoso. Os seus aspectos clínicos percorrem a compreensão dos mecanismos

biológicos que estão subjacentes à influência de factores psicossociais e vão das

doenças mediadas imunologicamente até à compreensão dos sintomas psiquiátricos

induzidos pela activação imunológica. Os seus aspectos de bioregulação incluem a

compreensão das complexas interacções entre as vias neuro-endócrinas e imunológicas

na manutenção da saúde e no combate à doença. Ainda segundo este autor, o objectivo

da psiconeuroimunologia é clarificar a base científica de uma medicina humanista e o

desenvolvimento de novos modelos de saúde e de doença (SOLOMON, 2000).

A psiconeuroimunologia é definida por Ader como o “estudo integrado das

funções comportamental, neural, endócrina e imunológica que permitem ao organismo

adaptar-se às múltiplas exigências constantemente colocadas pelo seu meio interno e

externo” (ADER, 1995). De acordo com esta definição, a depressão, a dor ou as situações

geradoras de stress podem influenciar a integridade do sistema imunológico através de

vias neuro-endócrinas. Em contraposição, os produtos do sistema imunológico podem

induzir modificações neuro-químicas e fisiológicas no sistema nervoso central.

Page 5: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

A PNI tem sido usada pelos investigadores em diversas disciplinas no sentido de

estudar as possíveis relações entre os factores comportamentais e a progressão das

doenças mediadas por processos imunológicos (como, por exemplo, com a SIDA); ou

como quadro orientador na avaliação do papel da imunidade nas doenças do sistema

nervoso (quer neurológicas, quer psiquiátricas); ou ainda focando a sua atenção na

influência de intervenções como o relaxamento nas respostas imunitárias.

Segundo ZELLER (1996), os programas de investigação de enfermagem

alicerçados na PNI poderão contribuir para a criação de novos conhecimentos no que diz

respeito às interacções entre a mente e o corpo, à saúde e à doença, assim como ao

desenvolvimento de estratégias de promoção da saúde mental e do bem estar físico nas

pessoas em risco de disfunção imunológica.

É objectivo desta lição divulgar as mais recentes investigações

conduzidas por enfermeiros, alicerçadas no enquadramento da PNI, com o fim

de demonstrar a utilidade da psiconeuroimunologia nos estudos especializados

de enfermagem.

Page 6: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

1 - PSICONEUROIMONOLOGIA

1.1 - Desenvolvimento histórico da psiconeuroimunologia

Durante séculos observou-se que a doença frequentemente era precedida de

situações de vida geradoras de stress (LOCKE, 1982). No entanto, só quando Solomon

em 1964 propôs uma nova ciência que denominou de psicoimunologia é que se passou a

procurar de forma sistemática a relação entre situações geradoras de stress, disfunções

imunológicas e doença (SOLOMON e MOOS, 1964).

Recebida inicialmente com grande cepticismo, o interesse por esta nova ciência

conheceu uma grande explosão quando a meio da década de 70 Ader e Cohen

demonstraram que as respostas imunológicas podiam ser modificadas por processos de

condicionamento clássico (ADER e COHEN, 1975). Estes dois investigadores

comprovaram o envolvimento do sistema nervoso central na modelação das respostas

imunológicas, pelo condicionamento de anticorpos e células imunológicas. Estudavam o

condicionamento pavloviano, e para tal ofereciam uma bebida açucarada (o estímulo

condicionado) em simultâneo com uma injecção de ciclofosfamida (o estímulo

incondicionado) para provocar náusea. Esperavam encontrar uma rejeição à bebida

açucarada associada à náusea. Porém, para além do efeito esperado, verificaram ainda

que, quando se oferecia a água açucarada sem o imunodepressor (ciclofosfamida)

obtinham uma resposta de diminuição dos linfócitos T, que estava relacionada também

ela com os efeitos do condicionamento clássico2.

2 Outros estudos vieram posteriormente a confirmar estes resultados. Respostas condicionadas foram obtidas com outros parâmetros imunológicos e com outros estímulos condicionados (Ader e Cohen, 1981; King et al. 1987; Kusnecov et al., 1983; Hiramoto et al., 1987; Husband et al., 1987; Ader e Cohen, 1993).

Page 7: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Como os resultados das suas investigações implicavam vias neuro-endócrinas

nas relações entre stress e respostas imunitárias, esta ciência passou a denominar-se

psiconeuroimunologia. Hoje em dia, tanto investigadores como clínicos concordam de

uma maneira geral que a investigação na PNI pode elucidar os processos normais e

patológicos subjacentes aos processos de adaptação e guiar intervenções significativas

para manter a saúde e tratar a doença (ADER, 1992).

Importa, portanto, abordar, ainda que sumariamente, o modelo em questão.

1.2 - Integração central das respostas ao stress psicológico

A forma como os acontecimentos de ameaça ou de dano são incorporados em

mudanças neuro-fisiológicas e em respostas endócrinas e do sistema nervoso autónomo

pode ser considerada, segundo LOVALLO (1997), de acordo com cinco etapas:

1. Aquisição sensorial e interpretação do acontecimento;

2. Geração de emoções baseada nos processos de avaliação;

3. Início das respostas produzidas pelos sistemas nervoso autónomo e

endócrino;

4. Retroalimentação para o sistema límbico;

5. Produção vegetativa e endócrina.

A informação sensorial é dirigida para o tálamo que funciona como estação

transmissora (relay station), direccionando os sinais para os diferentes pontos

específicos, tanto do córtex cerebral como de outras regiões mais profundas do sistema

nervoso central (GUITTON, 1993). Assim, a informação é dirigida às áreas sensoriais que

lhe são específicas e a áreas associativas o que torna a informação sensorial resultante

mais elaborada. O córtex pré-frontal, para onde são dirigidos estes sinais, tem como

finalidade dar sentido à informação recebida. É também neste ponto que a informação

oriunda das várias modalidades é integrada num todo, o que permite ter uma visão

multifacetada do mundo exterior (LOVALLO, 1997).

Page 8: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

A avaliação dos acontecimentos quanto ao seu significado e importância é a

essência do processo avaliativo. As investigações levadas a cabo por DAMÁSIO (1994,

2000) evidenciam como o córtex pré-frontal desempenha um papel essencial na

avaliação dos acontecimentos, na capacidade de lhes conferir significado e na

possibilidade de podermos medir as consequências das nossas acções, tomando as

escolhas mais adequadas. Se tivermos o modelo transaccional de stress de Lazarus

como referência, recordamos que quer durante a avaliação primária quer durante a

avaliação secundária experimentamos emoções, que dependem das conexões do córtex

pré-frontal com outras estruturas especializadas nas respostas emocionais. A activação

do sistema límbico durante este processo envolve, nomeadamente, a participação da

amígdala e do hipocampo. Segundo GUYTON (1993), a amígdala participa no controlo

do comportamento apropriado da pessoa segundo cada tipo de situação social e o

hipocampo interpreta a importância da maior parte das nossas experiências sensoriais,

contribuindo assim de modo importante para o armazenamento de memórias no córtex

cerebral. A escolha da estratégia mais adequada perante a situação problemática da

actualidade é possível pela comparação entre a avaliação e as emoções sentidas no

presente e os conhecimentos e as emoções sentidas no passado. Segundo LOVALLO

(1997), a ínsula desempenha um papel essencial neste diálogo experiencial/emocional

entre o córtex pré-frontal e a amígdala.

A próxima etapa a considerar é perceber como é que estas avaliações e emoções

induzem modificações fisiológicas através de fluxos vegetativos e endócrinos.

A amígdala, segundo GUYTON (1993), mantém abundantes conexões

bidireccionais com o hipotálamo. Este é considerado por este autor como um importante

órgão que controla a maioria das funções vegetativas e endócrinas do corpo, bem como

vários aspectos do comportamento emocional. De acordo com LOVALLO (1997), a

activação da HACER (Hypothalamic Area Controlling Emotional Responses)3,

correspondente a diversos núcleos hipotalámicos, é o ponto de partida para a resposta

neuro-endócrina e vegetativa. Estas respostas podem ser assim resumidas: as

modificações endócrinas resultantes da activação do núcleo paraventricular do

3 Manteve-se a designação de HACER, pois os núcleos hipotalámicos envolvidos, bem assim como o seu conjunto, não correspondem a nenhuma área anatómica específica.

Page 9: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

hipotálamo provocam libertação de CRH4 (hormona de libertação da corticotropina); por

sua vez o CRF vai provocar a secreção de β-endorfina e adrenocorticotropina (ACTH)

pela hipófise anterior e a secreção de cortisol pela cápsula supra-renal. O cortisol,

segundo GUYTON (1993), exerce potentes efeitos sobre várias funções metabólicas do

corpo, incluindo o metabolismo proteico, o metabolismo dos hidratos de carbono e o

metabolismo lipídico. Ao nível do sistema nervoso central, o cortisol influencia a

actividade do hipocampo, que por sua vez, é o principal responsável pelo controlo,

através de mecanismos de retroalimentação negativa, das variações na sua secreção ao

longo do ciclo circadiano. No hipotálamo, o cortisol é responsável pelo controlo, através

de mecanismos de retroalimentação negativos, da regulação da secreção do ACTH e do

CRF.

Para que haja reconhecimento de um agressor é necessário que este seja

cheirado, visto, sentido ou ouvido. As aquisições sensoriais em conjunto com o sistema

de memória e o córtex constituem as estruturas especializadas para interpretar os

acontecimentos e iniciar a resposta. Perante uma situação de perigo eminente, o sistema

límbico, actuando através da amígdala, é capaz de comandar os centros de controlo

vegetativo e endócrino do hipotálamo. Esta solução permite, ainda que

temporariamente, canalizar os esforços metabólicos e homeostáticos para as exigências

de um comportamento de urgência. Vemos, assim, que o córtex e o sistema límbico

representam os mais altos níveis de controlo fisiológico na manutenção da homeostasia.

As etapas mencionadas podem ser representadas de acordo com o esquema

seguinte.

4 CRH – Corticotrophin Releasing Hormone. Optou-se, em todo o texto, pelas abreviaturas em Inglês pois muitas destas designações são assim reconhecidas.

Page 10: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Esquema 1 - Processo de formação de respostas vegetativas e endócrinas ao stress (adaptado de LOVALLO, 1997).

Integração sensorial e interpretação do

ambiente Áreas associativas Córtex pré-frontal

Hipocampo

Geração de emoções baseadas na avaliação

Actividade da amígdala Conexões Ínsula-Hipocampo

Início das respostas autónomas e endócrinas

HACER Núcleo paraventricular

Retroalimentação para o córtex e sistema límbico

Núcleos aminérgicos: Lócus Ceruleus

Respostas vegetativas e endócrinas

Tractus solitarus Hipófise

Supra-renal

Page 11: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

1.3 - Interacções Imuno-neuro-endócrinas

Os estudos realizados no campo da PNI identificaram inúmeros mecanismos

através dos quais o sistema nervoso central e o sistema imunológico interagem. Estas

ligações incluem elos anatómicos e produtos solúveis derivados do funcionamento

neuro-endócrino. Pensamentos e emoções podem activar esses mecanismos. O esquema

seguinte pretende ilustrar essas interacções.

Esquema 2 - Representação esquemática das ligações entre o cérebro e o sistema imunológico

(adaptado de MAIER e WATKINS, 1998).

A via identificada com A, realiza-se através de fibras neurológicas (em especial

fibras simpáticas do sistema nervoso autónomo). Hoje sabe-se que estas enervam

directamente os tecidos do sistema imunitário. Os tecidos linfóides primários (medula

óssea e timo) e secundários (baço e gânglios linfáticos) recebem enervação do sistema

Sistema Nervoso Autónomo

Hipófise

β endorfinas prolactina, GH outras

Ad NA Enc.

Citocinas pró inflamatórias

Baço, Timo e outros órgãos

Células imunológicas

B, T, Mac.

Adrenalina, encefalinas Substância P, NPY

Page 12: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

nervoso simpático. Por sua vez os linfócitos e macrófagos possuem receptores para

noradrenalina (RABIN, 1999).

Um outro mecanismo de ligação envolve a participação do denominado eixo

hipotalámico-hipofisário-suprarrenal (HPA – Hypothalamo-Pituitary-Adrenal - Via B).

Ainda antes de se reconhecer a enervação simpática dos tecidos linfóides, sabia-

-se que certas lesões cerebrais, especialmente do hipotálamo e do sistema límbico,

produziam alterações imunológicas (ADER, COHEN e FELTEN, 1995).

O hipotálamo produz e liberta CRH (corticotrophin releasing hormone) como

resposta a um grande número de estímulos que podemos designar genericamente de

indutores de stress. Por sua vez a CRH vai levar a que as células da hipófise anterior

produzam e libertem para a circulação sanguínea ACTH, a qual por sua vez vai levar a

que o córtex da supra-renal produza e liberte para a corrente sanguínea glicocorticóides

(cortisol nos humanos e corticosterona nos animais).

Os órgãos e células do sistema imunológico expressam receptores para estas

hormonas e são regulados por elas (PLAUT, 1987). Segundo MASTORAKOS et al. (1999),

o cortisol e os glicocorticóides sintéticos têm múltiplos e profundos efeitos no processo

imunitário e inflamatório, afectando tanto a produção como a migração dos leucócitos,

causando linfopenia, monocitopenia, eosinopenia e neutropenia. Referenciam ainda que

o cortisol diminui a capacidade de deslocação dos neutrófilos para os locais de

inflamação, diminui a proliferação e a citotoxidade dos linfócitos T, bem assim como a

quimiotaxia e a actividade bactericida dos monócitos.

A influência do sistema nervoso sobre o sistema imunológico é, como vimos,

regulada fundamentalmente por duas vias: via sistema nervoso autónomo e via eixo

Hiptotalámico-Hipofisário-Supra-renal.

As ligações entre estes dois sistemas são, como atrás referimos, bidireccionais.

BESEDOVSKY et al. (1991) observaram que a activação do sistema imunológico é

acompanhada por alterações no hipotálamo bem assim como dos processos autónomos e

endócrinos (via C). As citocinas libertadas pelas células imunológicas, para além das

suas funções de comunicação intercelular, parecem desempenhar um papel

preponderante na ligação entre estes dois importantes sistemas.

Page 13: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

1.4 - O papel das citocinas

Segundo ADER, COHEN e FELTEN (1985), a Il-1, Il-2, Il-6, Interferon-γ e o Factor

de Necrose Tumoral (TNF) influenciam a activação do eixo HPA e são por sua vez

influenciados pela secreção das hormonas glicocorticóides. De facto, o cérebro parece

possuir receptores específicos para estas citocinas e, embora exista alguma polémica

acerca da sua localização concreta, alguns autores referem que esta distribuição no

tecido cerebral é feita de forma particularmente densa e discreta em certas regiões do

hipocampo (CUNNINGHAM e SOUZA, 1993).

Estas citocinas, globalmente designadas de citocinas pró-inflamatórias, são as

responsáveis pelos comportamentos de estar doente (febre, astenia, perda de apetite,

etc.) que acompanham numerosas doenças. Um grande número de estudos mostra como

é possível, bloqueando os efeitos destas citocinas através da administração de

antagonistas, impedir as manifestações de estar doente durante um processo infeccioso,

ou ainda como é possível, com a sua administração, produzir as manifestações de estar

doente na ausência de qualquer processo infeccioso (DINARELLO, 1991; DINARELLO e

THOMPSON, 1991). A administração central e periférica de citocinas influencia a febre, o

sono e os comportamentos alimentares, assim como os comportamentos motores de

exploração e os estados de humor. Na utilização de terapêutica com interferon em

humanos têm sido relatados efeitos secundários neurológicos e psiquiátricos (ADER,

COHEN e FELTEN, 1995).

Segundo MASTORAKOS, BAMBERGER e CHROUSOS (1999), destas três citocinas o

TNF é o primeiro a aparecer na cascata inflamatória e estimula a Il-1 e a Il-6. Ao mesmo

tempo, a Il-1 estimula tanto o TNF como a Il-6. Contrariamente, a Il-6, que participa de

forma incisiva nas reacções da fase aguda, inibe a secreção das outras duas citocinas.

Investigações recentes, tanto in vivo como in vitro, demonstraram que a Il-1 e o TNF

podem estimular de uma forma sinergística a produção da Il-6. Ainda segundo aqueles

autores, o TNF atinge um pico máximo 1 hora após a administração de LPS5, decaindo

seguidamente, enquanto que a Il-1 e a Il-6 atingem o seu pico máximo mais tarde (2 a

4h) e mantêm-se durante mais tempo. Recentemente, estes autores demonstraram que a

5 O Lipopolisacarideo (LPS) é um componente da parede celular das bactérias gram-negativas.

Page 14: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Il-6 é capaz de inibir as outras duas citocinas e que a sua toxidade, modesta nas

experiências com animais, é nos humanos um potente estimulador do eixo HPA,

causando uma prolongada e marcada elevação de ACTH e de cortisol no plasma quando

administrada tanto por via subcutânea como intravenosa. Os níveis de ACTH e de

cortisol obtidos após a estimulação com Il-6 foram bem acima daqueles que são

observados com a estimulação de doses máximas de CRH. Esta citocina pode estar

envolvida na génese do síndroma de secreção inapropriada de hormona antidiurética

que se observa no decurso de doenças infecciosas e inflamatórias ou durante o trauma.

Como verificámos, qualquer destas três citocinas possuem potentes efeitos pró-

-inflamatórios e, para além disso, segundo MAEIR e WATKINS (1998), é hoje claro que as

citocinas libertadas pelas células imunológicas podem comunicar com o cérebro e

alterar a sua actividade neural.

Em resumo, à luz do conhecimento actual, pode-se propor que as ligações

bidireccionais entre o sistema nervoso e o sistema imunológico se realizam através de

três vias: humoral, neural e endócrina.

1.5 - Comunicação sistema nervoso central ⇒⇒⇒⇒ sistema imunológico

A via humoral

Há uma crescente evidência da ligação entre estes dois sistemas através de

produtos mediadores solúveis que podem facilmente difundir-se do cérebro para a

periferia e afectar o sistema imunológico. Uma vez que as citocinas actuam em cascata,

induzindo a síntese umas das outras, uma pequena quantidade destas é requerida para

desencadear uma resposta imunitária. Nas condições em que haja compromisso da

integridade da barreira hemato-encefálica esta via torna-se ainda mais importante.

A via neural

O funcionamento do sistema nervoso simpático é regulado por um certo número

de áreas cerebrais funcionalmente ligadas com o hipotálamo. Esta região integra a

informação que recebe dessas estruturas de forma a atribuir-lhe um padrão coerente de

Page 15: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

respostas autónomas que se projecta nos núcleos do cérebro e da medula espinal,

actuando nos neurónios pré-ganglionares do sistema nervoso autónomo. As fibras

simpáticas noradrenégicas (neurónios pós-ganglionares) projectam-se para os órgãos

linfóides primários e secundários e afectam o desenvolvimento dos timócitos imaturos,

a hematopoiese e a migração celular, o trajecto dos linfócitos, os processos de

apresentação dos antigénios e a produção de citocinas. A noradrenalina libertada pelas

terminações nervosas do SNS actua nos receptores das células imunológicas.

A via endócrina

É a via de ligação mais extensamente estudada. O eixo hipotálamo-hipófise-

suprarrenal é a mais importante via a ser activada durante o stress e os processos

inflamatórios e infecciosos. A circulação do cortisol, aumentada durante a activação do

eixo HPA, suprime aspectos específicos das respostas imunitárias, inibindo a síntese de

citocinas e muitas das suas acções. O eixo HPA pode ser activado através da periferia

pela acção das citocinas circulantes que são produzidas durante os processos

inflamatórios ou pela acção de neurotransmissores cerebrais.

O sistema noradrenégico é um dos mais importantes no controlo da activação do

eixo HPA pelas citocinas.

1.6 - Comunicação sistema imunológico ⇒⇒⇒⇒ sistema nervoso central

As infecções sistémicas envolvem a activação de respostas múltiplas e

coordenadas. Alguns dos resultados dos mediadores inflamatórios no sistema nervoso

central incluem febre, diminuição da ingesta, náusea, sono e hiperalgia. Todos estes

comportamentos podem ser mimetizados pela administração de injecção de citocinas no

sistema nervoso central.

Tal como na comunicação entre o SNC e o SI descrita anteriormente, três vias de

comunicação devem ser tidas em conta: humoral, neural e endócrina.

Page 16: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

A via humoral

Citocinas pró-inflamatórias são libertadas para a circulação por monócitos

activados e macrófagos como parte da resposta de defesa contra agentes infecciosos. Há

substancial evidência de que estas citocinas podem ter acesso ao cérebro através dos

capilares dos órgãos circum-ventriculares (CVO)6. As células endoteliais cerebrais

parecem possuir igualmente um papel importante.

A via humoral requer a presença de citocinas no sangue.

A via neural

Recentemente foi proposto que as vias aferentes primárias poderão ser um

substracto anatómico da transmissão da mensagem imunológica periférica para o

cérebro. As fibras aferentes vagais estão activadas durante uma resposta imunológica.

A via endócrina

As hormonas esteróides são lipofílicas e podem atravessar livremente a barreira

hemato-encefálica e atingir as células cerebrais. O cortisol, cuja síntese e libertação

pode induzir a produção de citocinas, pode inibir a libertação de corticotrofina no

hipotálamo e da ACTH na hipófise, gerando um mecanismo de retroalimentação para a

sua própria produção.

6 Tradicionalmente são apresentadas três hipóteses explicativas: 1)transporte activo (BANKS et al., 1991); 2) a passagem ocorreria em locais onde a barreira hemato-encefálica é mais fraca (SAPER e BREDER, 1994) e 3) as citocinas ligam-se a receptores nas paredes dos vasos sanguíneos cerebrais e activam mensageiros secundários que entram para o cérebro (VAN DAM et al., 1993).

Page 17: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Circulação de citocinas através de células endoteliais ou CVO

Sistema neuroendócrino: eixo HPA e outras hormonas

Alças de retroalimentação das hormonas esteróides

Enervação dos órgãos linfóides pelo Sistema Nervoso Simpático

Libertação local de citocinas activa fibras sensoriais aferentes (vagus)

Estas ligações podem ser assim esquematizadas:

NEURONAL

Citocinas: através de liquor ou barreira HUMORAL hemato-encefálica

ENDÓCRINO

Esquema 3 - Principais características das vias de comunicação que ligam o sistema nervoso

central e o sistema imunitário. (Adaptado de Simoni - Two-way communication pathways between the

brain and immune system, 1997)

1.7 - Os efeitos imunomodeladores do stress

Tradicionalmente a investigação na área da psiconeuroimunologia procurou as

relações entre pensamentos e emoções negativas ou as situações geradoras de estados de

stress e as modificações no funcionamento do sistema imunológico. O estudo das

relações entre as emoções e estados de humor positivos e as alterações imunitárias têm,

por sua vez, encontrado nos anos mais recentes algumas referências7. Em todo o caso, a

7 SEGERSTROM et al. (1998), numa interessante investigação realizada estudaram os efeitos do optimismo tanto disposicional como situacional no humor e nas alterações imunitárias. Os seus resultados indicaram

SNC → SI SI → SNC

Page 18: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

investigação em psiconeuroimunologia está mais profundamente ligada ao estudo do

stress.

Embora não estejam ainda completamente compreendidos os meios pelos quais

estas ligações entre sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imunitário

influenciam os processos de saúde e de doença8, há hoje considerável evidência que

estes estão relacionados com processos de imunomodelação.

Durante muito tempo considerou-se que o stress provocava uma

imunosupressão. Os efeitos imunosupressivos do cortisol, nomeadamente a redução do

número e actividade dos leucócitos (principalmente linfócitos T e monócitos) e a

redução da actividade das células NK encontram-se bem documentados (RABIN et al.,

1989; O’LEARY, 1990; HILHOUSE et al., 1991). Por outro lado, segundo MUNCK e GUYRE

(1991), a redução na produção de citocinas como resposta ao cortisol interfere

virtualmente em todos os componentes do sistema imunitário. Um grande número de

investigações relaciona, assim, situações de stress com a ocorrência de infecções

virusais agudas, com a reactividade de processos infecciosos latentes ou com doença

oncológica.

No entanto, se durante muito tempo frequentes resultados contraditórios em

diversas investigações estimularam o cepticismo por parte de alguns cientistas,

aguçaram a curiosidade noutros. Os mais recentes resultados das investigações

permitem-nos reformular as questões iniciais.

O aprofundamento dos estudos sobre o stress tem enfatizado a necessidade de se

considerar este como um fenómeno multidimensional, o que implica uma definição

mais rigorosa das situações e dos estados de stress9,10. Este maior rigor nos critérios de

que o optimismo estava associado a um humor eutímico, maior número de linfócito Th e a uma maior citotoxidade das células NK. Um outro estudo, igualmente interessante, foi o realizado por MCCRATY et al. (1996), que estudou os efeitos da música nos estados emocionais positivos e a IgA salivar. O tipo de música seleccionado mostrou ter influência tanto no estado de humor como na resposta imunológica. 8 Embora a complexidade dos sistemas e processos tenha sido reconhecida, torna-se necessário desenvolver novas teorias, não-lineares, não-mecanicistas, baseadas nas teorias dos sistemas e do caos e nas teorias da informação. Alças de retroalimentação extraordinariamente complexas interagem com a retroalimentação de outros sistemas. Como a matemática não-linear enfatiza, pequenas perturbações podem mudar para ondas bimodais ou trimodais e daí para a flutuação caótica – e vice-versa. Há sistemas que são tão complexos que as condições do todo não são previsíveis com base nos elementos. O corpo é mais do que anatomia, fisiologia, bioquímica, ou mesmo psicossomatismo ou biologia molecular. A doença é mais complexa do que os mais complexos modelos multifactoriais conseguem descrever (SOLOMON, 2000). 9 LAZARUS (1993) refere que o stress deve ser considerado como parte de um tópico mais amplo, o das emoções. Ver From Psychological Stress to the Emotions: a history of changing outlooks, Annual Review of Psychology, 44, 1-21.

Page 19: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

operacionalização da variável stress tem permitido um acréscimo na capacidade de

comparação entre investigações e uma maior capacidade preditiva da sua influência.

Por outro lado, igualmente se sabe hoje que a resposta imunológica não se pode

reduzir a uma quantificação linear: aumentada ou diminuída. Segundo VUITTON (1998)

a noção de resposta imunitária é ambígua e se a designação de respostas imunitárias já é

mais exacta, é fundamental que se tenha em conta o tipo de resposta estudada para a

interpretação dos resultados. Foi partindo do desenvolvimento destes novos conceitos

que começaram a surgir investigações que, equacionando de forma mais precisa os

problemas a investigar, integram num todo mais compreensivo as contradições já

citadas. De facto, características como a cronicidade, intensidade, predictabilidade e

controlabilidade dos acontecimentos podem estar relacionadas com certos conflitos

encontrados nos resultados (SHAVIT, 1991; SMITH, 1993). Ao mesmo tempo, outros

factores relacionados com características das pessoas que influenciam a sua avaliação

dos acontecimentos e a forma como lidam com estes podem ser não só responsáveis

pelo tipo de reacções emocionais produzidas como também pela sua magnitude e,

indirectamente, pelo padrão de estimulação neuro-endócrina e imunitária11. Por último,

diferenças ao nível metodológico e na escolha dos indicadores imunitários a estudar são

também apontadas como possíveis intervenientes nas diferenças dos resultados

encontrados.

Hoje, aos estudos já anteriormente mencionados e que procuram estudar as

relações entre stress, processos infecciosos e cancro, vêm juntar-se outros que

relacionam os estados de stress com as doenças auto-imunes e ainda aqueles que

procuram estudar as relações entre as alterações imunológicas e certas doenças

psiquiátricas, como a depressão (KRONFOL, 1995; MAES, et al., 1998) ou a esquizofrenia

(RAPAPORT et al., 1993; GANGULI et al., 1995).

10 Várias propostas têm surgido para conceptualizar os acontecimentos geradores de stress de forma multidimensional. Uma das mais utilizadas é a de WHEATON (1994). Ver Stress and Menthal Health, Contemporary

Issues and prospects for the Future, Plenum Press. 11 Há um número considerável de investigações que relacionam mecanismos fisiológicos com variáveis psicológicas nos processos de doença. As mais conhecidas são as relativas à reactividade cardiovascular ao stress. Alguns estudos têm procurado complementar as relações entre uma alta reactividade simpática e as alterações imunológicas. Tal como os estudos acerca da reactividade cardiovascular, um interessante estudo de Marsland (1995), encontrou estabilidade nas diferenças individuais nas respostas imunitárias celulares ao stress psicológico agudo.

Page 20: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Para além deste tipo de investigações que colocam a ênfase na procura da

identificação das formas como as ligações bidireccionais entre o sistema neuro-

-endócrino e o sistema imunológico se processam, recentemente têm conhecido um

crescente interesse os estudos que enfatizam a aplicação dos conhecimentos produzidos

pela psiconeuroimunolgia na prática clínica (ADER, 1992). Um grande número de

estratégias de intervenção psicossociais, tais como o relaxamento, a hipnose, a

imaginação guiada ou o biofeedback foi utilizado para modelar as funções

imunológicas, procurando-se a obtenção de efeitos positivos.

Page 21: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

2 - APLICAÇÕES PARA A INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM

Apesar de ainda ser diminuto o número de investigações produzidas por

enfermeiros nesta área, procuraremos, partindo da divulgação de algumas já realizadas,

realçar como estes estudos podem dar maior visibilidade aos cuidados prestados. A

perspectiva específica da investigação em enfermagem reflecte o facto das questões que

se colocam derivarem da prática de enfermagem e da subsequente aplicação dos

resultados dos estudos na prática dos cuidados.

Eis alguns exemplos:

Tomando uma perspectiva holística do ser humano que enfatiza a sua unicidade

física e psíquica, ANNIE e GRÖER (1991) examinaram alguns aspectos seleccionados de

psiconeuroimunologia com o stress provocado pelo nascimento. Nesta investigação as

autoras verificaram numa amostra de 30 primíparas uma relação entre uma descida na

secreção de IgA salivar das parturientes e um mais elevado estado de ansiedade.

Verificaram ainda que uma menor concentração de IgA materna estava associada a um

maior número de enfermidades neonatais (durante as primeiras seis semanas após o

parto). Os resultados encontrados nesta investigação levaram as autoras a afirmar que

estes providenciaram um conhecimento que fundamenta uma visão holística da

gravidez, tal como é utilizada de uma forma única na abordagem de enfermagem. Ainda

na continuação de investigações acerca do stress no pós-parto, GRÖER, HUMENICK e

HILL (1994) começaram a estudar as relações entre variáveis psicossociais e medidas

Page 22: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

imunológicas no leite materno, num estudo comparativo com mães de nasciturnos de

termo e de pré-termo.

Num estudo piloto acerca dos efeitos do toque terapêutico, QUINN e

STRELKAUSKAS (1993) examinaram as diferenças que esta forma de intervenção

produziu em parâmetros fisiológicos, número e actividade linfocitária e na citotoxidade

das células NK. De acordo com o sistema conceptual rogeriano que assume a

mutualidade dos processos humanos e ambientais, as variáveis seleccionadas foram

estudadas em pequenos grupos compostos tanto por prestadores como receptores do

toque terapêutico. Verificaram que os receptores do tratamento manifestavam uma

diminuição progressiva da ansiedade e que tanto receptores como prestadores

apresentavam um aumento nos indicadores de sentimentos positivos e uma diminuição

nos negativos. Os dois grupos apresentaram redução da supressão do número de

linfócitos T. A derivação das questões da investigação em psiconeuroimunologia para

uma perspectiva filosófica que claramente suporta a visão própria da enfermagem é

mais uma vez significativamente assumida neste tipo de investigação.

Muitos estudos de enfermagem na área da PNI têm envolvido pessoas com

seropositividade a HIV ou SIDA. NOKES e KENDREW (1990) estudaram a relação entre a

solidão e o desenvolvimento de infecções durante um período de seis meses numa

amostra de 31 homens com SIDA. Apesar da hipótese formulada, de que existiria uma

relação directa entre um aumento da solidão e um número de infecções mais frequente,

não ter obtido suporte nos resultados, as autoras verificaram a existência de relações

entre factores relacionados com o apoio social e a vitalidade e a solidão. A derivação de

um problema a partir da prática e a sua reorientação para as implicações da solidão, a

redução do apoio social e a vitalidade para a prática é mais uma vez específico da

perspectiva da enfermagem.

SWASON et al. (1993) conduziram um estudo onde a natureza bidireccional da

PNI foi considerada a partir do ponto de vista de como o sistema imunológico influencia

o funcionamento do SNC. Em 141 pessoas seropositivas a HIV, estes investigadores

verificaram como a performance neuro-psicológica foi diminuindo ao longo dos vários

estádios da infecção (e progressiva disfunção imunológica). Os resultados deste estudo

têm implicações importantes para as intervenções de enfermagem nos doentes com

SIDA. SWASON et al. (1994), num outro estudo igualmente com doentes seropositivos,

Page 23: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

verificaram que intervenções de enfermagem que ajudam os pacientes a lidar melhor

com o stress podem influenciar positivamente o estado de saúde.

Podemos ainda relatar mais cinco estudos com populações seropositivas que

obedecendo a uma perspectiva de enfermagem, colocaram o foco da atenção no bem

estar individual e na qualidade de vida. LINN et al. (1993) estudaram o sentido de

coerência durante os vários estádios da doença, em 156 indivíduos. Os estádios da

doença não se verificaram estar significativamente relacionados com o sentido de

coerência, a depressão ou a ansiedade. Contudo, o aumento da sintomatologia física

estava associada com a depressão e a ansiedade e com a diminuição do sentido de

coerência. O sentido de coerência estava, igualmente, inversamente correlacionado com

a depressão e a ansiedade.

Num estudo com 30 homens com SIDA, VAN SERVELLEN et al. (1993)

concluiram que a depressão estava directamente relacionada com os níveis de stress e

com o número de problemas clínicos de saúde e inversamente relacionada com factores

de resiliência ao stress, como o apoio social e os sentimentos de esperança. Não

encontraram nenhuma correlação significativa entre a contagem dos linfócitos CD4+ e

qualquer uma das medidas psicossociais.

NICHOLAS e WEBSTER (1993) examinaram as relações entre resiliência, apoio

social e número de linfócitos CD4+, numa amostra de 46 indivíduos seropositivos que

integravam grupos de apoio. A resiliência encontrava-se directamente relacionada com

o apoio social.

Num estudo com 53 homens com SIDA, MCCAIN e CELLA (1995) investigaram as

correlações entre stress e coping e linfócitos CD4+. Os resultados deste estudo

mostraram que o nível de stress estava directamente correlacionado com estratégias

mal-adaptativas de coping e sentimentos de incerteza quanto à doença e encontrava-se

inversamente relacionado com a qualidade de vida. Além disso, verificaram que estava

associado a um número menor de linfócitos CD4+. Deste estudo resultou ainda uma

conclusão preliminar de que as intervenções de enfermagem que possuem como

objectivo “acalmar” o stress psicológico podem influenciar positivamente o nível de

stress sentido por estes doentes e a sua qualidade de vida.

Page 24: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Os estudos que têm vindo a ser conduzidos por MCCAIN et al. (1994) incluem

um estudo experimental acerca da influência dos programas cognitivos e

comportamentais de lidar com o stress nas respostas psiconeuroimunológicas de uma

amostra de doentes infectada com HIV. O objectivo deste programa de investigação é o

estudar a influência das intervenções de enfermagem no estado de saúde tanto

psicológico como fisiológico.

Outros estudos que se referem a intervenções de enfermagem são os de GRÖER,

MOZIMGO et al. (1994), GRÖER e OHNESORGE (1993), GRÖER et al. (1993) e HOULDIN et

al. (1993).

A investigação de GRÖER, MOZIMGO et al. (1994) estuda os efeitos potenciais

psiconeuroimunológicos da execução da massagem de conforto por enfermeiros numa

amostra de idosos. Apesar do tratamento não ter influenciado significativamente a

medida de ansiedade utilizada neste estudo, os indivíduos da amostra possuíam após o

tratamento concentrações mais elevadas de IgA quando comparados com um grupo

controlo.

GRÖER e OHNESORGE (1993) realizaram um estudo em que avaliaram os efeitos

de um programa de intervenção de enfermagem que incluia relaxamento muscular e

imaginação guiada num grupo de 15 mulheres jovens e saudáveis. Verificaram um

prolongamento significativo do ciclo menstrual e uma diminuição do relato de respostas

de stress psicológico.

GRÖER et al. (1993), continuando esta linha de investigação, levaram a cabo um

estudo preliminar com 65 mulheres saudáveis nas quais estava referenciada uma relação

cíclica entre stress peri-menstrual e queixas de sintomatologia infecciosa. Esta relação

sugeria a existência de uma influência fásica do ciclo menstrual na susceptibilidade às

infecções, o que sugeriu uma investigação com o enquadramento da

psiconeuroimunologia.

O estudo piloto conduzido por HOULDIN et al. (1993) examinou a influência de

um treino de relaxamento no estado psicoimunológico de nove mulheres em processo

de luto por morte do marido nos últimos dois meses. Um outro estudo de ELLER (1994)

comparou três grupos de doentes com SIDA. Num primeiro grupo realizou técnicas

imagéticas, no segundo relaxamento muscular progressivo; o terceiro grupo era um

Page 25: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

grupo de controlo. Após seis semanas de intervenção, ambos os grupos experimentais

tinham menos sintomatologia depressiva e o grupo que realizou técnicas imagéticas

acusava menos fadiga. O grupo que realizou relaxamento muscular progressivo, quando

comparado com o grupo controlo, possuía um número significativamente mais elevado

de linfócitos CD4+ .

As investigações que aqui referenciámos foram realizadas por enfermeiras,

utilizando uma abordagem que é específica da enfermagem. Existem, no entanto, outras

investigações que, apesar de terem sido realizadas por investigadores com outra

formação, não podemos deixar aqui de referir pela importância que os seus resultados

têm na prática dos cuidados de enfermagem.

Investigações como a realizada por KIECOLT-GLASER et al. (1998) acerca da

influência de factores psicológicos na recuperação cirúrgica, ou a de KIECOLT-GLASER et

al. (1995) e a de MARUCHA et al. (1998) acerca da influência do stress na cicatrização de

feridas produziram conhecimento de invulgar relevância para a prática dos cuidados de

enfermagem. Nestas últimas investigações citadas, os autores verificaram atrasos na

cicatrização não só estatisticamente significativos como substancialmente verificáveis.

Apesar de ainda serem relativamente escassas as investigações realizadas por

enfermeiros nesta área, este é um campo promissor que pode trazer maior visibilidade

aos aspectos mais directamente relacionados com o cuidar. Simultaneamente, permitem

uma boa direcção da prática e para a prática tomando como referência um conceito tão

querido em enfermagem como é o da unidade corpo-mente.

Page 26: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

CONCLUSÃO

A enfermagem reivindica uma abordagem holística. As suas teorias de

enquadramento da prática e a sua tradição como “arte de cuidar” têm enfatizado a

unidade corpo-mente. Neste sentido, a investigação em enfermagem pode e deve utilizar

modelos de investigação com este sentido de complementaridade.

Num esforço de desenvolvimento do conhecimento que distinga a enfermagem

como ciência autónoma, muitas investigações têm sido dirigidas tomando uma

perspectiva psicossocial. No entanto, se tivermos em conta a definição de enfermagem

como uma ciência que tem uma abordagem holística dos seus clientes, os aspectos

fisiológicos são tão importantes como os psicossociais, os espirituais ou os ambientais.

Se os modelos conceptuais servem para dar uma definição mais unificada da

enfermagem, então nenhum destes aspectos pode ser arredado da investigação.

A questão de saber até que ponto uma dada investigação é do domínio da

enfermagem passa pela resposta acerca de como o investigador formula o seu plano

metodológico, como deriva da prática e relança para a prática as suas hipóteses de

investigação e de como o enfermeiro utilizador das investigações produzidas aplica os

seus resultados na formulação da assistência aos seus pacientes. Segundo HOLDEN

(1996), o que dirige a investigação em enfermagem é a pergunta formulada e não a

categoria (psicológica, fisiológica ou outra) em que a questão cai. Se a questão contribui

para a compreensão do funcionamento do ser humano, contribui para a ciência de

enfermagem. Se contribuir para a ciência de enfermagem, contribui, em última análise,

para melhorar os cuidados de enfermagem (HOLDEN, 1996). Os investigadores de

enfermagem formulam perguntas diferentes dos outros profissionais de saúde porque a

sua abordagem de saúde é diferente das outras disciplinas.

Page 27: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

A psiconeuroimunologia, sendo, pela sua definição, um campo científico

transdisciplinar que tenta uma abordagem simultaneamente fisiológica e psicológica,

pode providenciar um enquadramento teórico adequado às investigações em

enfermagem.

Page 28: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

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Page 33: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes

Psiconeuroimunologia: um enquadramento

teórico para a investigação em

Enfermagem

Coimbra, 2001

Page 34: Psiconeuroimunologia: um enquadramento teórico para a

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 3

1 - PSICONEUROIMUNOLOGIA 7

1.1 - Desenvolvimento histórico da psiconeuroimunologia 7

1.2 - Integração central das respostas ao stress psicológico 8

1.3 - Interacções Imuno-neuro-endócrinas 12

1.4 - O papel das citocinas 14

1.5 - Comunicação sistema nervoso central - sistema imunológico 15

1.6 - Comunicação sistema imunológico - sistema nervoso central 16

1.7 - Os efeitos imunomodeladores do stress 18

2 - APLICAÇÕES PARA A INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM 22

CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA