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15/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=803 1/7 Cursos & Eventos PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL - o processo de diagnóstico e Intervenção INSTITUTO e CLÍNICA NUMEN Segunda-Feira, 15 de Julho de 2013 20:01:07 Para imprimir este artigo sem cortes clique no ícone da impressora >>> FATORES PSICOSSOCIAIS QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Adriana De Grecci Sassi INTRODUÇÃO: Para que uma criança aprenda de uma forma não-mecânica nem meramente imitativa, é necessário que ela assimile, selecione, processe, interprete e relacione aquelas atividades e conteúdos que lhe são apresentados, através de uma atividade auto-estruturante que a obrigue a revisar os seus esquemas e estruturas prévias em relação a esses conteúdos, dando-lhes um nível mais alto de estruturação, complexidade, detalhe ou clareza. O aluno para aprender, precisa realizar um importante trabalho cognitivo, de análise e revisão dos seus conhecimentos, a fim de fazer com que os novos conhecimentos que adquire se tornem realmente significativos e lhe propiciem um nível mais elevado de competência. De qualquer forma, o fato por dar destaque à importância da atividade singular e individual do aluno, para realizar novas aprendizagens não significa que ele possa fazê-lo somente em interação com determinados objetos de conhecimento. “Acreditamos que a influênc ia do professor e da sua intervenção pedagógica é o que faz da atividade do aluno uma atividade auto- estruturante ou não, e que tenha, com isto, um maior ou menor impacto sobre a aprendizagem escolar”. (COLL, 1996, p.54). Concordo com o autor quando define os processos de ensino-aprendizagem como processos com interações complexas e variadas entre, pelo menos, três elementos: o aluno, os conteúdos de aprendizagem e o professor. O fato de considerá-lo desta forma significa que outorgamos a mesma importância e relevância à interação entre a atividade cognitiva da criança e determinados objetos de conhecimento e, por outro lado, à interação mais afetiva e comunicativa (mas também cognitiva) entre o aluno e o professor. "O aluno aprende um conteúdo qualquer: um conceito, a explicação de um fenômeno físico ou social, o procedimento para resolver um determinado tipo de problema, uma norma de comportamento, um valor que deve ser respeitado, etc., quando é capaz de atribuir-lhe um significado. De fato, estritamente, o aluno também pode aprender estes conteúdos sem atribuir-lhes significado algum; é o que ocorre quando eles são aprendidos de uma forma puramente memorizada sendo capaz de repeti-los ou usá-los mecanicamente sem entender nada do que está dizendo ou fazendo." (COLL, 1994, p.134) Quando aprende, o aluno constrói significados, e isso ocorrerá quando ele for capaz de estabelecer relações substantivas e não arbitrárias entre aquilo que aprende e o que já conhece. Segundo as teses construtivistas de Piaget, construímos significados relacionando e integrando o novo conteúdo aos esquemas de compreensão da realidade que já possuíamos. Desprende-se, daqui, a importância e a necessidade para a intervenção educativa e psicopedagógica de se pesquisar, avaliar e conhecer quais são os conhecimentos e esquemas prévios que os alunos possuem no referente a determinados conteúdos, antes de ensiná-los. A avaliação inicial assume assim, uma grande importância para a prática educativa e principalmente para os, psicopedagogos, sendo necessário investigar a organização e a funcionalidade dos conhecimentos prévios pertinentes aos conteúdos que serão aprendidos, assim como a competência intelectual ou o nível de desenvolvimento da criança. Ausubel Apud (COLL e seus colaboradores, 1994) afirmam que, Home Quem Somos Conteúdo Interesse Geral Serviços Busca

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FATORES PSICOSSOCIAIS QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM

Adriana De Grecci Sassi

INTRODUÇÃO:Para que uma criança aprenda de uma forma não-mecânica nem meramenteimitativa, é necessário que ela assimile, selecione, processe, interprete erelacione aquelas atividades e conteúdos que lhe são apresentados, atravésde uma atividade auto-estruturante que a obrigue a revisar os seusesquemas e estruturas prévias em relação a esses conteúdos, dando-lhesum nível mais alto de estruturação, complexidade, detalhe ou clareza.O aluno para aprender, precisa realizar um importante trabalho cognitivo, deanálise e revisão dos seus conhecimentos, a fim de fazer com que os novosconhecimentos que adquire se tornem realmente significativos e lhepropiciem um nível mais elevado de competência. De qualquer forma, o fatopor dar destaque à importância da atividade singular e individual do aluno,para realizar novas aprendizagens não significa que ele possa fazê-losomente em interação com determinados objetos de conhecimento.“Acreditamos que a influência do professor e da sua intervençãopedagógica é o que faz da atividade do aluno uma atividade auto-estruturante ou não, e que tenha, com isto, um maior ou menor impactosobre a aprendizagem escolar”. (COLL, 1996, p.54).Concordo com o autor quando define os processos de ensino-aprendizagemcomo processos com interações complexas e variadas entre, pelo menos,três elementos: o aluno, os conteúdos de aprendizagem e o professor. Ofato de considerá-lo desta forma significa que outorgamos a mesmaimportância e relevância à interação entre a atividade cognitiva da criança edeterminados objetos de conhecimento e, por outro lado, à interação maisafetiva e comunicativa (mas também cognitiva) entre o aluno e o professor."O aluno aprende um conteúdo qualquer: um conceito, a explicação de umfenômeno físico ou social, o procedimento para resolver um determinadotipo de problema, uma norma de comportamento, um valor que deve serrespeitado, etc., quando é capaz de atribuir-lhe um significado. De fato,estritamente, o aluno também pode aprender estes conteúdos sematribuir-lhes significado algum; é o que ocorre quando eles são aprendidosde uma forma puramente memorizada sendo capaz de repeti-los ou usá-losmecanicamente sem entender nada do que está dizendo ou fazendo."(COLL, 1994, p.134)Quando aprende, o aluno constrói significados, e isso ocorrerá quando elefor capaz de estabelecer relações substantivas e não arbitrárias entre aquiloque aprende e o que já conhece.Segundo as teses construtivistas de Piaget, construímos significadosrelacionando e integrando o novo conteúdo aos esquemas de compreensãoda realidade que já possuíamos. Desprende-se, daqui, a importância e anecessidade para a intervenção educativa e psicopedagógica de sepesquisar, avaliar e conhecer quais são os conhecimentos e esquemasprévios que os alunos possuem no referente a determinados conteúdos,antes de ensiná-los.A avaliação inicial assume assim, uma grande importância para a práticaeducativa e principalmente para os, psicopedagogos, sendo necessárioinvestigar a organização e a funcionalidade dos conhecimentos préviospertinentes aos conteúdos que serão aprendidos, assim como a competênciaintelectual ou o nível de desenvolvimento da criança.Ausubel Apud (COLL e seus colaboradores, 1994) afirmam que,

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Ausubel Apud (COLL e seus colaboradores, 1994) afirmam que,“para que um aluno possa adquirir conhecimentos significativos, énecessário que o conteúdo que se deseja ensinar-lhe seja potencialmentesignificativo e que o aluno possua uma atitude favorável para aprendersignificativamente”. (,p.3 2).Um conteúdo será potencialmente significativo se tiver duas condições:deve sê-lo do ponto de vista lógico (significação lógica) - o que depende daestrutura interna do conteúdo e da forma como será apresentado ao alunoe, por outro lado, que seja também potencialmente significativo do ponto devista psicológico, no sentido de que o aluno possua conhecimentos préviospertinentes, para ser capaz de integrá-lo e relacioná-lo com seusconhecimentos e experiências anteriores.Nesse sentido, temos comprovado a grande diferença de rendimento quepode ser observada entre diversos alunos, após haverem realizado asmesmas atividades de aprendizagem. Por exemplo, as crianças que na suaexperiência familiar e fora da escola, têm tido contato, conhecem e têmvisto fazer uso com freqüência da linguagem escrita, aprendem muito maisfácil e significativamente esses conteúdos do que outras que não têm tidoexperiências nesse sentido, principalmente se na escola não se tentoucompensar estas diferenças iniciais.Com muita freqüência, esquece-se o grande papel e a importância que asfamílias e o contexto social podem ter, quando se trata de estabeleceratividades e conteúdos de uma forma mais global e significativa; referimo-nos, por exemplo, a oferecerem possibilidades às crianças de relacionar,comentar, associar fatos que aprendem fora da escola aos conteúdos quelhes são transmitidos na mesma; manterem os pais informados esensibilizados no que se refere a aprendizagens mais suscetíveis de seremfavorecidas na vida fora da escola, etc.A intervenção psicopedagógica precisa contribuir para ampliar a visão que,às vezes, tem-se da criança que aprende na escola, considerando aglobalização do seu pensamento e buscando recursos, para que oaprendizado que realiza se torne mais significativo e integrado. Desta forma,o professor pode ir avançando na compreensão dos diferentes níveis préviosde conhecimento dos alunos e programar novos conteúdos organizados deforma a que eles possam relacioná-los e integrá-los aos seus esquemas deconhecimento.Outra condição, já mencionada, para que o aluno aprenda de uma formasignificativa, é que ele tenha uma atitude positiva para querer darsignificado àquilo que aprende, que esteja motivado e interessado emintegrá-lo às suas redes de conhecimento. O papel da família e a formacomo considera o fato de aprender é muito importante e condiciona, emparte, essa atitude.Naqueles casos nos quais esta atitude positiva não existe, o professor podefomentá-la, estimulando a criança e sugerindo-lhe situações que a motiveme despertem o seu interesse. Nesses casos, freqüentemente, nóspsicopedagogos também temos influência como especialistas consultados etentamos sensibilizar pais e alunos sobre a importância de trabalhar essasatitudes e de procurar estabelecer pequenos acordos ou compromissosentre todos (professor, aluno, pais, terapeutas, etc.), que ajudem amelhorar a situação.Quando um aluno tem uma aprendizagem significativa e não meramentemecânica, significa também que memorizará esse conhecimento de umaforma compreensiva (memorização compreensiva) e o integrará ao seu

aprendizado, para usá-lo e recordá-lo no momento em que ele sejanecessário, para atuar ou para adquirir outros conhecimentos novos. Fala-se, então, segundo Coll (1986), da funcionalidade das aprendizagensrealizadas, no sentido de que elas podem ser usadas total ou parcialmente,quando as circunstâncias o exigirem para resolver problemas, enfrentarsituações ou, então, para aprender e integrar novos conteúdos.Olhar psicopedagogicamente o processo de aprendizagem de um aluno ou deum grupo de alunos significa buscar compreender o fundamento do processocognitivo e a dimensão emocional do sistema cognitivo e emocional narelação do aluno com o conhecimento, permeada pela figura do professor epela escola. As instituições escolares (creches, escolas de educaçãoinfantil, ensino fundamental, médio e superior) sempre transmitem conteúdoseducacionais de forma explícita e de forma implícita. Como diz Coll:"a forma como a criança se relaciona com os adultos, as suaspossibilidades de tomar iniciativas ou simplesmente de seguir asorientações, o fato de trabalhar em grupos ou isolado, receber osconhecimentos construídos pelo professor ou ter que construí-los por sipróprio, a possibilidade de realizar jogos dentro da sala de aula, somente

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próprio, a possibilidade de realizar jogos dentro da sala de aula, somentefora dela ou sentir-se reprimido no jogo em todos os casos, ser regido nasala de aula por normas explícitas ou implícitas, o fato de as normas teremsido elaboradas pelos adultos ou com a participação das próprias crianças,(...), estes e muitos outros fatores irão influenciar, de forma decisiva, aconduta futura quando essa criança se tornar um adulto." (Coll 1996,p.52).Os professores, sem o saber, muitas vezes, fazem muito mais que ensinarcoisas no campo intelectual ou no campo social. Sua própria conduta e aforma como organizam e desenvolvem as atividades escolares influenciam econtribuem na construção da autonomia moral e intelectual das crianças.O momento atual solicita uma revolução pedagógica importante, centrada nacriança e no adolescente, nas qualidades que serão necessárias à sociedadedo amanhã. As questões relativas à globalização, às transformaçõescientíficas e tecnológicas e, a necessária discussão valorativa e atitudinalda sociedade, solicitam da escola a tarefa de instrumentalizar os jovenspara a melhor adequação possível à cultura, às relações sociais, às posiçõespolíticas criteriosas.No início do século passado surgiram inúmeros movimentos de reformaescolar na Europa e na América. Sua diversidade era grande, mas todosreconheciam as insuficiências da didática tradicional, aspiravam umaeducação que levasse mais em conta a psicologia da criança. Essa novatendência ficou conhecida como "escola ativa".A escola ativa investe nos dados da experiência e não apenas na impressãopassiva. O caráter típico da experimentação consiste justamente em quepartindo de uma hipótese de um problema, ela submeta o objeto a umaatividade investigadora, portanto a uma assimilação mental ativa.Neste século, cada vez mais educadores insatisfeitos com as tendênciastradicionais, buscam uma didática ativa que considere o aluno como agenteativo no processo de ensino-aprendizagem onde o educador e o alunoconstroem juntos o conhecimento. Os estudos de Piaget e Vygostsky vêmcontribuindo para que isso ocorra. Teorias da aprendizagem e a aprendizagem escolar:“As teorias da aprendizagem referem-se ao conjunto global de enfoques eperspectivas teóricas que tentam oferecer explicações gerais doselementos e dos fatores implicados no processo de mudança que aspessoas experimentam e da sua relação com o meio”. (SALVADOR, 2000).São inúmeras as teorias de aprendizagem que norteiam e direcionam oprocesso de ensino aprendizagem. behaviorismo, existencialismo,cognitivismo e sócio-histórico entre outras.Skinner, principal expoente da corrente comportamentalista (behaviorismo),postula a posição de que à Psicologia cabe determinar e controlar ocomportamento humano e animal, através das descobertas e leis e daorganização das mesmas. A ciência é em grande parte uma análise dos

sistemas de reforçamento encontrados na natureza, preocupada em facilitaro comportamento que é reforçado por eles.A maior distinção entre a psicologia comportamentalista tradicional (Watson,Guthrie) e o comportamentalismo atual (Skinner, Spencer, Hull, Gagné eoutros) está no fato de que a psicologia comportamentalista tradicionalconsidera todo comportamento como sendo "respostas" condicionadas aestímulos, ou seja, sem estímulos não há respostas, e portanto, não ocorrenenhuma forma de aprendizagem. Consideram como irrelevantes todos osprocessos mentais (pensamento, memória, percepção, sentimentos, etc.),definindo o organismo como um mecanismo de auto-manutenção, que àdeterminada estimulação, associando uma ou mais reações orgânicas, aação daquela sobre estas, redunda em respostas associadas ao estímulo,resultando em comportamentos respondentes condicionados. É evidente,portanto, que a efetivação da aprendizagem, depende de dupla estimulação.Prevalecerá no condicionamento aquele estímulo que se descarregar por viasnervosas mais facilitadas.O condicionamento estudado por Pavlov é conhecido hoje como"condicionamento clássico", (COLL, 2000 p.216) o qual representa oprocesso pelo qual o organismo aprende a responder particularmente a umestímulo que, associado a outro estímulo produz uma resposta. Assim, aresposta é aprendida e eliciada involuntariamente por parte do indivíduo, enão produzida por ele de forma voluntária.Já a teoria da aprendizagem, segundo Thorndike, é conhecida como a teoriadas ligações S-R (estímulos-reações) ou conexionismo. Pressupõe que aaprendizagem ocorre mediante a aquisição de comportamentoscondicionados dos resultantes da ligação ou conexão entre estímulosespecíficos, que redundam em respostas igualmente específicas. As formas

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específicos, que redundam em respostas igualmente específicas. As formasde ligações agradáveis tendem a se fixar porque são as mais repetidas.Aquelas desagradáveis serão eliminadas, justamente por não ocorreremrepetições.Tem-se assim a aprendizagem restrita a uma simples formação mecânica dehábitos destituída de qualquer discernimento ou compreensão, poisThorndike achava que o principal caminho para a formação de conexões dotipo S-R era através de ensaio e erro ao acaso ou seleção e conexão.Por outro lado a lei do exercício (MIZUKAMI, 1986 p.36) é explicada daseguinte forma: quando um estímulo provoca uma reação determinada a umasituação, a conexão ou ligação entre o estímulo e a reação é reforçada peloexercício. Significa dizer que através de exercício as reações reduzidasserão mais seguras, mais fáceis e mais rápidas.Já lei da prontidão (MIZUKAMI, 1986 p.36) é explícita. Por prontidão seentende, pois a preparação para a ação, e temos como exemplo, a“prontidão para a leitura” que significa que uma criança está preparada emnível de maturação de experiência desenvolvida e de motivação paracomeçar a ler.A lei do efeito (MIZUKAMI, 1986 p.37) se expressa da seguinte forma: oindivíduo tende a repetir e aprender rapidamente uma seqüência decomportamentos, cujas reações sejam satisfatórias e/ou agradáveis, e aobstaculizar, não respondendo, e também não aprendendo reaçõesinsatisfatórias. Em termos de aprendizagem, conclui-se que ela se efetiva quando ocorremrecompensas e sucessos, enquanto que as punições e insucessos reduzemou ainda impedem a aprendizagem.Para Skinner, a aprendizagem escolar ocorre através de condicionamentosoperantes, considerando que a primeira tarefa do professor será modelarrespostas apropriadas, ou seja, obrigando os estudantes a emitiremrespostas adequadas e dirigidas por estímulos modeladores docomportamento.O reforço positivo representa um novo estímulo que, ao ser apresentado,age no sentido de fortalecer o comportamento operante. Exemplo: um alunoexecuta um problema proposto no tempo estipulado e é elogiado peloprofessor. O "elogio" ou "prêmio" é um reforço positivo, “é um estímulo que

ao ser acrescentado a uma situação, fortalece a probabilidade de urnaresposta operante”. (COLL, 2000 p. 217).O reforço negativo representa um estímulo que, quando removido de umasituação fortalece a probabilidade de uma resposta operante. Exemplo: Aopronunciar uma palavra erradamente; a criança é repreendida pelo adulto,que a corrige repetindo a palavra errada, para só então pronunciá-lacorretamente. A criança diz: - Professor, não fiz o "pobrema". Responde oprofessor: - Não é "pobrema", mas sim "problema". O estímulo prévio foinegativamente reforçado e a resposta errada ficou fortalecida.Para Skinner, o aluno é controlado pelo ambiente incluindo indivíduos eobjetos (inclusive o computador). Isto gera uma maior dependência dosobjetos - do computador -por serem suas reservas mais contínuas eprecisas e por pouparem esforços alheios.Por outro lado, as proposições existenciais humanistas estão se acentuandocada vez mais no campo da educacional segundo os adeptos a essaconcepção tudo que estiver a serviço do crescimento pessoal, interpessoalou intergrupal é objetivo da educação. Nesse processo, os motivos deaprender deverão ser os do próprio aluno. Essa aprendizagem implicanecessariamente mudanças.Dessa forma,“a proposta de educação centrada no aluno, visa uma quebra dos laços dadominação educativa, propiciando as condições para o desenvolvimento deuma forma de aprendizagem baseada no comprometimento e na auto-iniciativa. Torna-se necessário para que isto ocorra, o favorecimento dacriação de um clima de liberdade, isto é, sem pressões ou intervenções,onde se respeite a identidade e a individualidade própria de cada aluno”.(MIZUKAMI, 1986 p. 86).A escola deve proporcionar ao estudante um clima coerente no qual ele sesinta livre para pensar ordenadamente, criticar responsavelmente, criar,optar e valorizar-se para só assim, assumir suas opiniões e atitudes semestar preocupado em manter o apreço dos que o rodeiam.Um outro ponto que deve ser enfatizado é o respeito à individualidade e àidentidade do professor considerado fator central quando a práxis educativaé desenvolvida num clima de liberdade, respeito e comprometimento, que sópode ser conseguido por professores facilitadores, que postulem umafilosofia educacional embasada nesses elementos. Em se tratando de

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filosofia educacional embasada nesses elementos. Em se tratando deaprendizagem significativa e centrada no estudante, a avaliação por partedo professor, ou a qualquer outra pessoa, que não seja o próprio estudante,não oferece nenhuma utilidade para o desenvolvimento da personalidadedeste, em vista de não estar de acordo com os objetivos e metas que buscaalcançar. Desta forma, a avaliação deve ser realizada por ele próprio -estudante - durante todo os processos da aprendizagem significativa.Segundo os pressupostos psicogenéticos, o processo educacional tem umpapel importante ao provocar situações que sejam desequilibradoras para oaluno, desequilíbrios esses, adequados ao nível de desenvolvimento em quese encontram, de forma que seja possível a construção progressiva dasnoções e operações, ao mesmo tempo em que a criança vive intensamente(intelectual e afetivamente) cada etapa de seu desenvolvimento.Para Piaget, a educação é um todo indissociável, considerando-se doiselementos fundamentais: o intelectual e o moral. Dentro dessa abordagem, oconhecimento é construído em interações não só com o objeto a serconhecido, mas também com os outros seres humanos que atuam sobre oobjeto. Assim,“ao professor é indispensável para a construção do conhecimento. Oprofessor deve colocar problemas para que a partir dos quais seja possívelaos alunos reelaborem os conteúdos escolares; promover discussões sobreos problemas colocados e oferecer oportunidade de coordenar diferentespontos de vista; e orientar para a resolução cooperativa das situaçõesproblemáticas”. (MIZUKAMI, 1986 p.78).É imprescindível também que o educador forneça todas as informaçõesnecessárias para as crianças poderem avançar na reconstrução desses

conteúdos.O professor deve permitir que as crianças coloquem novos problemas quenão seriam levantados fora da escola. Ao criar problema a fim de que acriança construa novos conhecimentos, o professor deve considerar que talsituação deve ter sentido, no campo dos conhecimentos dos alunos, porémnão podem ser resolvidas só a partir dos conhecimentos que as crianças jápossuem. A situação deve exigir a construção de novos conhecimentos oude novas relações entre os já elaborados.“O professor é um informante fundamental, embora não seja a única fontede informação na sala de aula. A criança pode fazer contribuições aos seuscolegas, embora a palavra do professor é a mais autorizada. A informaçãofornecida pelos professores é considerada “verdadeira” e “segura” pelosalunos, pois ele é o representante do saber socialmente aceito como válidona sala de aula”. (VYGOTSKY, 1991 p.89).O ensino que seja compatível com a teoria piagetiana deve estar baseadono ensaio e no erro, na pesquisa, na investigação, na solução de problemaspor parte do aluno, e não em aprendizagem de fórmulas, nomenclaturas,definições A descoberta irá garantir ao sujeito uma compreensão daestrutura fundamental do conhecimento. Dessa forma, os processos pelosquais a aprendizagem se realiza assumem papel importante. O pontofundamental do ensino, portanto, consiste em processos e não em produtosde aprendizagem..Diferentemente da concepção piagetiana de que o nível de desenvolvimentocoloca limites sobre o que pode ser aprendido, e sobre o nível dacompreensão possível dessa aprendizagem.Vygotsky tinha a convicção de que“a aprendizagem dos conceitos culturalmente modelados conduzia aodesenvolvimento. Dentro dessa concepção, a escola tem um papelessencial na construção do ser psicológico adulto, dos indivíduos que vivemem sociedade escolarizada. O desempenho desse papel só se daráadequadamente quando conhecendo o nível de desenvolvimento dos alunos,a escola dirigirá o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, massim para estágios do desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos,funcionando realmente como um motor de novas conquistas psicológicas”.(VYGOTSKY, 1991 p. 40).Para a criança que freqüenta a escola, o aprendizado escolar é elementocentral no seu desenvolvimento. O processo de ensino-aprendizado naescola deve ser construído, então tomando como ponto de partida, o nívelde desenvolvimento real da criança num dado momento com relação a umdeterminado conteúdo a ser desenvolvido, e como ponto de partida osobjetivos estabelecidos pela escola, supostamente adequados à faixa etáriae ao nível de conhecimento e habilidade de cada grupo de crianças. Opercurso a ser seguido depende também das possibilidades da criança, istoé, pelo seu nível de desenvolvimento potencial.“A escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão do

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“A escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão domundo a partir do seu desenvolvimento já consolidado e tendo como meta,etapas posteriores ainda não alcançadas”. (VYGOTSKY, 1991 p.65).O professor tem o papel explícito de interferir na zona de desenvolvimentoproximal dos alunos, provocando avanços que não ocorreriamespontaneamente. O único bom ensino, afirma Vygotsky (1991) é aqueleque se adianta ao desenvolvimento. Os procedimentos regulares queocorrem na escola: demonstração, assistência, fornecimento de pistas,instruções, são fundamentais na promoção do bom ensino. Isto é, a criançanão tem condições de percorrer sozinha o caminho do aprendizado. Aintervenção de outras pessoas, que no caso específico da escola é oprofessor e as demais crianças, fundamental para a promoção dodesenvolvimento do indivíduo.Diz Vygotsky:“Desde o nascimento, as crianças estão em constante interação com osadultos, que ativamente procuram incorporá-las à sua cultura e à reservade significados e de modos de fazer as coisas que se acumulam

historicamente. No começo, as respostas que as crianças dão ao mundosão dominadas pelos processos naturais, especialmente àquelesproporcionados por sua herança biológica. Mas, através da constantemediação dos adultos, processos psicológicos instrumentais maiscomplexos começam a tomar forma”. (VYGOTSKY, 1991 p.67).A partir dessa caracterização da comparação das diferenciações que foramconsideradas verificamos que determinados aspectos são consistentementetrabalhados em algumas abordagens do que em outras, da mesma forma quese pode notar que certas linhas teóricas são mais explicativas em algunsaspectos do que em outros. Considerações Finais:Para que ocorra aprendizagem, o aluno precisa realizar um importantetrabalho cognitivo de análise e revisão dos seus conhecimentos, a fim defazer com que os seus conhecimentos se tornem realmente significativos. Ainfluência do professor e da sua intervenção psicopedagógica é que faz daatividade do aluno uma atividade auto-estruturante e que tenha com issoum maior ou menor impacto sobre a aprendizagem escolar. Espera-se que oeducador conheça, reflita e discuta com seus colegas, as teorias deaprendizagem e assim, consolide sua proposta pedagógica coerente com assuas reflexões, evitando o que vem ocorrendo nos cursos de reciclagematualmente. Neles, o objetivo não é permitir ao professor o contato e odomínio de teorias, mas o domínio das técnicas correspondentes à teoria. Ao transformar teorias em simples técnicas, nega-se a possibilidade de peloconhecimento e entendimento de uma teoria modificar efetivamente suaprática pedagógica.

Referências Bibliográficas:AUSUBEL,D.P;Novak,J.D;Hanesian, H. Educational Psychology. Nueva York:Holt, Rinehart& Wiston, 1983.(versão espanhola : Psicologia Educativa . México: Trillas.)COLL, César. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1994.COLL, César & outros. O construtivismo na sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas,1996.COLL, César; PALACIOS, Jesús & MARCHESI, Alvaro (org.). Desenvolvimentopsicológico e educação: psicologida educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. v. 1,2.COLL, César & outros. Psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas,1999.DOLLE, J. M. & BELLANO, D. Essas crianças que não aprendem. Diagnóstico e terapiascognitivas. 3a. Ed. Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 1998.MIZUKAMI, Maria da Graça N. - “Ensino: As abordagens do processo”São Paulo, Editora Pedagógica Universitária, 1986VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. 4a. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.SALVADOR, C.C. ALEMANY, I.G. Psicologia do Ensino. Porto Alegre: Art Med. Cap.03,11,12

Publicado em 08/03/2006 17:56:00

Adriana De Grecci Sassi - Psicóloga, Especialista em Psicopedagogia e

em Neuropsicopedagogia pela UNICAMP. Membro pesquisador do grupo

de pesquisa CNPq: Neurodesenvolvimento, Escolaridade,

Aprendizagem CNPQ (UNICAMP)

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