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Boletim Academia Paulista de Psicologia ISSN: 1415-711X [email protected] Academia Paulista de Psicologia Brasil Nabarro Munhoz, Cláudia; Fernandes da Motta, Ivonise A Psicoterapia Breve Operacionalizada no Tratamento de Pessoas com Deficiência Física Boletim Academia Paulista de Psicologia, vol. 32, núm. 83, julio-diciembre, 2012, pp. 384-394 Academia Paulista de Psicologia São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=94624915009 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Psicoterapia Breve

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Boletim Academia Paulista de PsicologiaISSN: [email protected] Paulista de PsicologiaBrasilNabarro Munhoz, Cludia; Fernandes da Motta, IvoniseA Psicoterapia Breve Operacionalizada no Tratamento de Pessoas com Deficincia FsicaBoletim Academia Paulista de Psicologia, vol. 32, nm. 83, julio-diciembre, 2012, pp. 384-394Academia Paulista de PsicologiaSo Paulo, BrasilDisponvel em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=94624915009 Como citar este artigo Nmero completo Mais artigos Home da revista no RedalycSistema de Informao CientficaRede de Revistas Cientficas da Amrica Latina, Caribe , Espanha e PortugalProjeto acadmico sem fins lucrativos desenvolvido no mbito da iniciativa Acesso Aberto384 A Psicoterapia Breve Operacionalizada no Tratamentode Pessoas com Deficincia FsicaOperational Brief Psychotherapy for Treatmentof People with Physical DisabilitiesLa Psicoterapia Breve Operacionalizada en el tratamientode personas con discapacidadCludia Nabarro Munhoz1Ivonise Fernandes da Motta2Instituto de Psicologia Universidade de So PauloResumo:APsicanliseortodoxatrazlimitaesparaoatendimentoeminstituiesdesade,comoocasodepessoascomdeficinciafsica,emgrandeparteatendidasemcentrosdereabilitao.APsicoterapiaBrevedeorientaoPsicanalticaumaformadetratamentoquepermiteatenderdemanda,deformamaisadequadadestespacientes.AEscalaDiagnsticaAdaptativaOperacionalizada(EDAO),criadaporSimon,permitefazerumdiagnstico acurado do indivduo, em poucas entrevistas, e a partir da planejarum tratamento psicoteraputico, breve e individualizado. A Psicoterapia BreveOperacionalizada (PBO), tal como trazida por Simon, um tratamento preventivo,assim como a EDAO o , o que tambm importante quando se fala de pessoascom deficincia fsica, uma questo de sade pblica.Palavras-chaves: Psicoterapia Breve Psicanaltica; EDAO; deficincia fsica.Abstract:Theorthodoxpsychoanalysisbringslimitationstocareinhealthinstitutions,suchaspeoplewithphysicaldisabilities,largelyassistedinrehabilitation centers. The Brief Psychotherapy of Psychoanalytic orientation is aform of treatment that allows you to meet the demand, more appropriately forthese patients. The Operational Adaptive Diagnostic Scale (EDAO), created bySimon, permits to make an accurate diagnosis of the individual, in a few interviews,andthenplanabriefandindividualizedpsychotherapeutictreatment.TheOparational Brief Psychotherapy (PBO), as brought by Simon, is a preventivetreatment, as well as the EDAO, which is also important when it comes to peoplewith physical disabilities, a public health issue.Keywords:PsychoanalyticBriefPsychotherapy,EDAO,physicalimpairment.1Psicloga,MestreemPsicologiaClnicapelaUSP,EspecialistaemPsicologiaClnicaHospitalar pela DMR-HCFMUSP, pesquisadora do LAPECRI USP. Contato: R. Afonso Celso,694, ap. 21D, V. Mariana, So Paulo, SP, Brasil - CEP 04119-060 E-mail: [email protected] Psicloga e Psicanalista, Doutora em Psicologia Clnica pela USP, docente e orientadora nagraduaoenaps-graduaodoInstitutodePsicologiadaUSP,fundadoraecoordenadoradoLAPECRI-USP.Contato:RuaGuarar,329,cj.62Jardins,SoPaulo,SP,Brasil.CEP01425-001E-mail:[email protected]. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394385Resumen: El Psicoanlisis ortodoxo trae consigo algunas limitaciones para laatencin en los centros de salud, tal es el caso del atendimiento de las personascondiscapacidadenlasinstitucionesderehabilitacinyeducacin.LaPsicoterapia Breve, con orientacin Psicoanaltica, es una forma de tratamientoquepermiteelabordajedeestaspersonasatendiendosusnecesidadesdemaneramsadecuada,ofrecindolestratamientooportuno.LaEscalaDiagnstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO) elaborada por Ryad Simon,permite realizar un diagnstico preciso del individuo en pocas entrevistas y apartir de los resultados obtenidos disear un tratamiento breve personalizado.LaPsicoterapiaBreveOperacionalizada(PBO)talycomoesplanteadaporSimon,esuntratamientopreventivo,ascomolaEDAOesuninstrumentoorientado hacia el diagnstico, lo que es de gran importancia cuando hablamosde discapacidad, ya que se trata de un asunto de salud pblica.Palabrasclaves:PsicoterapiaBrevePsicoanaltica,PsicoterapiaBreveOperacionalizada, EDAO, discapacidad.IntroduoO sistema de sade no Brasil encontra-se em uma situao em que ademanda de atendimento muito maior que a oferta em diversas reas,principalmente na da Psicologia.Em geral, com os profissionais de psicologia, pelo menos os que tmreferencialpsicanaltico,hpolmicaemrelaoaesteenfoquenoscontextos institucionais. Os psicanalistas ortodoxos colocam, para a eficciada anlise, regras que so tiradas do contexto em que Freud as criou, eutilizadascomoabsolutas.OprprioFreud(1919/2006),afirmouqueamaneiradecomoelepensouparaanovacincia,eraaadequadaenecessria, naquela poca e ao contexto em que ele viveu, e provavelmenteno serviria para outra populao e em outros perodos etrios. Freud (opcit) comentava, que todas as pessoas precisam de tratamento, talvez asfaixas menos abastadas at mais que aquelas que tm acesso Psicanliseprivada. At ento, no sculo XIX, os altos custos do tratamento eram umaquesto a ser discutida, pois exclua grande parcela da populao, comoocorre at hoje.Ademais, as nossas necessidades de sobrevivncia limitam o nossotrabalho s classes mais abastadas (...). Presentemente nada podemosfazerpelascamadassociaismaisamplas,quesofremdeneurosesdemaneira extremamente graves. (Freud, 1919/2006, p. 180).Bol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394386Na atualidade, pode-se contar com um grande nmero de psicanalistas,mas a populao tambm muito maior, assim como suas necessidades.Conforme apresentado no incio, a realidade brasileira em seus serviospblicos,comoofornecidopeloSistemanicodeSade(SUS),noconsegueatendertodaademandadapopulao.Nestecontexto,oatendimento psicolgico est exposto ao mesmo problema.Assim temos, de um lado, pessoas que precisam de atendimento eno o conseguem. E, de outro, psiclogos formados e disponveis paraatendimento, mas que no conseguem pacientes ou trabalho no mbito dasade,ondehpoucasvagas,apesardademanda,comsalriosessencialmente baixos. Tendo em vista este quadro, h a necessidade deatendimento mais prtico, Simon (2010) chamou a ateno sobre novastcnicas, prticas de diagnstico e interveno justamente pelos serviosde sade pblica, a fim de subsanar a problemtica expressa.Di antedessequadro,hnecessi dadedeprocedi mentospsicoteraputicos prticos e sistematizados que possam, de alguma forma,atendermaiordemandapopulacional,emespecialaquelascomnecessidadesespeciais,squaispoderiamseradequadososprocedimentos psicanalticos, de longo prazo.Freud tambm falou dessa necessidade de adaptao (1919/2006): muito provvel, tambm, que a aplicao em larga escala da terapianos force a fundir o ouro puro da anlise livre com o cobre da sugestodireta; (p.181)Coloca, que isso no significa desviar-se dos elementos bsicos daPsicanlise, de forma a torn-la tendenciosa ou perder seus ingredientesmais importantes, mas mantm-se os pressupostos bsicos psicanalticos,sendo feitas alteraes no setting e na tcnica para permitir um tratamentobreve, que possa ser eficaz nos casos em que seja adequado.A Psicoterapia BreveSimon (2010) afirma que a Psicanlise aproxima-se da cincia pura,por tratar-se da investigao do desconhecido no analisando, enquanto aPsicoterapia Psicanaltica seria a cincia aplicada, voltada para resultados.Alm disso, no contexto hospitalar, no geral, existe uma tcnica ainda maisBol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394387adequada,aPsicoterapiaBreve,quepodesertambmdeorientaopsicanaltica.Diversos autores criaram tcnicas e suas variantes da PsicoterapiaBreve, tais como de Knobel (1986) e Fiorini (2004). H psicoterapias brevesdediversasorientaes.DeacordocomMalan(1983),chamou-sedepsicodinmica aquela cuja interveno, derivada da psicanlise, busca oinsight do paciente pelos motivos inconscientes de seus sintomas.Simon criou a Psicoterapia Breve Operacionalizada (1989), e a EscalaDiagnstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO) que permite realizar odiagnstico e a definio dos eixos a serem seguidos no tratamento. Oinstrumento se baseia na Teoria da Adaptao, condio que, segundoSimon (1989), est presente e essencial a todo ser vivo. A adaptaoseriaacapacidadedeumorganismo(...)integrarosvriossistemas(intelectual,afetivo,conativoeantomo-fisiolgico)(...)emumcertocontexto biopsicossocial. (Simon, 1989, p.14)A EDAO um instrumento de diagnstico que permite, atravs deentrevistas, determinar a eficcia adaptativa de uma pessoa, a partir dequatro setores: afetivo-relacional, de produtividade, orgnico e sociocultural.Em cada um deles, verifica-se a adequao s solues do indivduo, emtermos de processo; se h conflito e se gera sofrimento para o indivduo oupara os outros.Outra possibilidade o indivduo estar em crise, quando no se percebea soluo para o problema pela intensa carga emocional envolvida, de formaque o sujeito se sente paralisado. Assim, suas crises adaptativas ocorremquando h um acontecimento novo ou transformador que a pessoa no sabeo que fazer, estando este evento ligado a uma perda ou at mesmo a umganho. a partir do diagnstico, portanto, que se pode definir se ao pacienteselheindicaPsicoterapiaBreveouno.Algumasquestessodeterminantes para esta indicao, e portanto devem ser investigadas naentrevista inicial: a capacidade egica do paciente, as defesas utilizadas, aestrutura mais ou menos rgida, a capacidade de simbolizao e abstrao,a motivao, a existncia de transferncia positiva (o que facilita a adesodo paciente) ou negativa (que pode impossibilitar um trabalho breve, queexige adeso imediata do paciente) (Almeida, 2010).Bol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394388Conformeoapresentadoanteriormente,aPsicoterapiaBreveadequada a um campo limitado, por questes de tempo, como o hospitalar,e o excesso de demanda, etc. Se o paciente, no entanto, passar pelasentrevistas iniciais e perceber-se que no h indicao para esta forma detratamento, pode-se e deve-se encaminh-lo para um profissional ou servioque oferea a Psicoterapia Psicanaltica, se for este, o caso.Simon(2010)apresentacomoadaptaes,astcnicasdaPsicoterapia Breve:A atividade do psicoterapeuta sempre diretiva, evitando associaes-livres,prolongadasquetornariamotrabalhoumarremedodepsicoterapiapsicanaltica.Conformeascircunstnciasusarecursossuportivos, como por exemplo sugesto, reasseguramento, orientaoe catarse. Fica atento para evitar ou contornar a transferncia negativa,e (...) estimula a transferncia positiva, da qual retira a possibilidade decolaborao e confiana do paciente. (p.203)Outra alterao importante o atendimento, uma vez por semana. Nohospital, h diversos contextos, como: na emergncia ou sala de espera, nogeral tem-se apenas alguns minutos para conversar, e, dificilmente, se temprivacidade. Na internao e na UTI, pode-se ver o paciente algumas vezes,mas tambm se tem pouca privacidade outros profissionais vm cumpriras rotinas hospitalares, muitas vezes h outros pacientes e na maioriadas vezes, a internao no dura muito tempo.O atendimento a pessoas com deficincia fsicaComparando-se com um espao fechado, como o do hospital, reporta-se a um centro de reabilitao. Neste, as pessoas com deficincia fsica,rea de experincia das autoras, o trabalho reabilitatrio feito de formacontnua. O participante frequenta a instituio como um hospital-dia, umaouduasvezesporsemana,passandopelosdiversosservios,como:fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, nutrio e fonoaudiologia. Oatendimento feito de forma ambulatorial. Porm, o enquadre ainda umpouco diferente daquele que se tem em consultrios, pois quem determinaa continuidade ou a alta do paciente a equipe, e muitas vezes o atendimentomaiscurtoqueoconvencional,parapoderabarcarmaiorpartedademanda. Almeida (2010) afirma que esta modalidade de reabilitao, aBol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394389que mostra mais viabilidade para a aplicao da Psicoterapia Breve, comaeleio de um foco a ser trabalhado. Quando se tratam de pessoas comdeficinciafsica,jhumobjetivopr-determinado,isto,aprpriadeficincia, as dificuldades que ela traz, e o cuidado que ela necessita dafamlia.Voltando Psicoterapia Breve Operacionalizada, possvel considerarasquestesderivadasdossetorescolocadosporSimon(1989)edetectadosatravsdaentrevistadaEDAO:osetororgnicoqueobviamente, afetado por tratar-se de uma deficincia fsica que, no geral,traz limitaes, necessidade de reaprendizagem e, s vezes, at mesmo,dor.Muitasvezes,perde-setotalmenteumafunodocorpo,havendonecessidade de reaprender ou substitui-las, especialmente por outras quelhe so semelhantes.Osetordaprodutividadesendoafetado,hdiversasinstituiesdirecionadasacolocarourecolocarestaspessoasnaescolae/ounomercado de trabalho nas funes que se adaptam s limitaes fsicas queso afetadas.O setor sociocultural quando afetado, provoca na pessoa com taistranstornos, afastamento de grupos do qual participava antes, para convivercom outros mais ligados questo da deficincia.O setor mais importante, porque afeta todos os outros, relaciona-secom os demais. Trata-se do afetivo-relacional, pois muda o relacionamentocom as pessoas, com a famlia e at do paciente com si mesmo.Outro problema que a deficincia tenha gerado crise em um ou maisdossetores.Istomuitocomumquandootranstornoadquiridoinesperadamente, ou quando a criana nasce com tal transtorno.Uma crise emocional um acontecimento de suma importncia navida de qualquer pessoa. (Simon & Yamamoto, 2008, p.145) Assim, podesercausadaporumaperdaoumesmoumganho,comocolocadoanteriormente, mas a prpria deficincia geralmente vista como perda.Nesse momento, a pessoa, dado o impacto provocado pelo acontecimento,fica, temporariamente, sem condies de elaborar e encontrar uma soluopara resolver o problema de adaptao decorrente. (Simon & Yamamoto,2008, p. 148)Quando a pessoa est em crise, o objetivo da Psicoterapia Breve ajuda-la a sair dessas condies, com aes e reaes adaptativas. SimonBol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394390eYamamoto(2008)afirmamquenascrisesquesurgemdeperdaspredominam sentimentos depressivos e de culpa, e as suas projees soa autoacusao e autoagresso.Vemosestasreaesesentimentoscomfrequncianaspessoasassistidas por instituies de reabilitao. Em certos momentos elas noconseguem ir para frente nem para trs, sentem-se imobilizadas. trabalhodo especialista ajud-las a dar o prximo passo e redescobrir o seu caminho.oportunooempregodapsicoterapiabreveoperacionalizadanotratamento das pessoas com deficincia fsica. Em primeiro lugar, porqueesta modalidade de reabilitao ocorre em instituies de sade e em grandeparte dos casos, da sade pblica, e envolve grande demanda exigindocom isso, tratamentos de curta durao para que mais pessoas possamser atendidas em menos tempo.H ainda a questo de que muitos dos pacientes, em reabilitao fsica,tm a fantasia de que o mais importante para sua recuperao esse tipodetratamentoequeseusesforosdeveriamseconcentrarnesseatendimento; muitos chegam a expressar que o tempo passado no serviode Psicologia perdido. O fato de ser um trabalho dirigido e breve podeajudar a diminuir esta resistncia, j que seria ainda, mais difcil, conseguira adeso destas pessoas a um tratamento longo e cujos resultados s podemaparecer a longo prazo.Almdisso,aprpriaEDAOcontribuicomodiagnstico,poisadeficincia, obviamente, fornece o foco e traz questes, mas a forma comoser sentida e afetar a cada rea da vida. Atravs deste instrumento possvel entender cada paciente e prescrever o melhor tratamento que lheseja possvel.A Psicoterapia Breve e a prevenoEm tempo atrs, Leavell e Clark (1976) j afirmavam que toda atividadedirigidaproteodasadeestolocalizadasemumdosseusnveis(primrio, secundrio e tercirio) sendo que os objetivos previstos englobama promoo, preveno ou prolongao de vida.A Psicoterapia Breve Operacionalizada tambm est voltada para apreveno. Para Yoshida (1999), quando se fala neste tema, essencialpensar na possibilidade de adeso das pessoas a programa preventivo.Conformeapresentadoanteriormentenesteartigo,nasinstituiesdeBol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394391reabilitao de pessoas com deficincia fsica, muitas vezes a adeso aotratamento psicolgico um problema.Aindaparaestaautora,apresentemodalidadepsicoteraputica,encontra-se no segundo e no terceiro nveis de preveno, pois lida comsequelas ou males j instalados e portanto, no geral, com estes dois nveis,primordialmente com a preveno terciria. Esta at mesmo chamada dereabilitao. Segundo Leavell e Clark (1976), este nvel tambm chamadodeprevenoporquenelesbusca-seainterrupodeumprocessopatolgico, mas tambm a preveno da incapacidade total, depois queas alteraes anatmicas e fisiolgicas esto mais ou menos estabilizadas(p.23).Estes autores colocam, ento, que o objetivo da preveno terciria,omesmoencontradonasequelanareabilitaofsica:recolocaroindivduoafetadoemumaposiotilnasociedade,comamximautilizao de sua capacidade restante (Leavell e Clark, 1976, p.23).APsicoterapiaBreveinsere-seentocomoumdosaliadosnoatendimento a estas pessoas em processo de reabilitao, sendo que, naquase totalidade dos casos a presena ou instalao de uma deficinciagera questes a serem trabalhadas em algum setor dos apresentados porSimon.Segundo Yoshida (1999), a psicoterapia breve parte do pressupostode que possvel obter mudanas significativas em um perodo menor detempo,sendopossvelpromoverorestabelecimentodenveismaissaudveisdecondutaparaopaciente,comreflexossobresuasademental e a de outras pessoas a ele relacionadas (p. 120).Assim, no se trata apenas de encurtar o processo para atender ademanda da sade pblica, lidar com a falta de condies financeiras ouda disposio dos pacientes a se envolverem em um processo longo e quedemanda, realmente, um grande investimento como a psicanlise clssica.H vantagens reais no uso das tcnicas e instrumentos diagnsticos trazidospela psicoterapia breve de orientao psicanaltica e particularmente pelaPBO, conforme espera-se ter demonstrado neste artigo, e pode-se abrirespao para mais estudos e discusses.Dada a grande quantidade de pessoas procurando ajuda psicolgica(...) a nica forma de psicoterapia possvel nas instituies pblicas ouBol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394392privadas a breve. A indicao de Psicoterapia Breve Operacionalizadano deve ser considerada preconceituosamente uma opo de segundaclasse. (Simon, 2010, p. 206)Em relao s pessoas com deficincia fsica, pblico mais especficoao qual se refere neste artigo, questes como o trabalho dirigido nos setorese solues ineficazes para cada indivduo, a brevidade do tratamento e apossibilidadedeprevenosoimportantesfeiesdotrabalhocomPsicoterapia Breve.Consideraes finaisEsteartigocomeoucomadiscussosobreosistemadesadepblica do Brasil, no qual encontra-se grande demanda por atendimentopsicolgico e pouca oferta. Do lado dos profissionais, tem-se um grandecontingente deles que no conseguem trabalhar na rea da sade ou atender,adequadamente, a esta demanda, pois no encontram vagas e nem salriosadequados no servio pblico; no h vagas suficientes nos hospitais eclnicasprivadas,eosconsultrioseclnicasprpriasenvolvemaltoinvestimentodoprofissional,diantedeumapopulaosemrecursoseconmicos para suportar um longo tratamento psicanaltico.O contingente vai alm das pessoas com deficincias fsicas, para asquais constituem uma tcnica inovadora, a referida, cujos servios de sadepblica so verdadeiramente insuficientes.Quandosetratamdepessoascomessadeficincia,haindaaquestodequeessencialoatendimentomultiprofissional,doqualnecessitam, aumentando ainda as carncias dos recursos comunitrios.Assim, este pblico em geral atendido em instituies de reabilitaofsica cujos fundos advm do governo, de doaes, entidades filantrpicas,etc., ou, tambm, por clnicas ligadas ou mantidas pelos convnios de sade.Neste cenrio, a Psicanlise de 5 sesses semanais, com 50 minutospor sesso e de durao indefinida, invivel. Vimos, alm disso, que houtras questes que levam contra indicao da psicanlise ortodoxa, comoa motivao do paciente e a disponibilidade do mesmo.Diantedestasquestes,aversodesenvolvidaporSimon,aPsicoterapiaBreveOperacionalizada,aparececomoumaopoparaatender a esta demanda, de forma eficiente e capaz de obter-se melhora eBol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394393mudanas significativas, tendo a teoria psicanaltica como orientao.Tem-se, assim, um diagnstico abrangente, embora breve, baseado naEscala Diagnstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO), que, investigaas solues encontradas pelo sujeito nas situaes de sua vida, nos quatrosetores vistos: afetivo-relacional, de produtividade, orgnico e sociocultural,classifica o indivduo em grupos mais ou menos adaptados, e a partir desseresultado, planeja-se uma terapia com nmero definido de sesses e focodeterminado,deacordocomasquestesprementespercebidasnestediagnstico.Busca-se,assim,amudanadasatitudesecomportamentosquetrazem solues inadequadas, alcanando assim melhor adaptao aossetores da vida.Portanto, embora a postura do terapeuta seja mais diretiva, as sessesmenosprofundasatpormenorfrequnciaepelamenorduraodotratamento, visa-se alcanar mudanas significativas no indivduo.A Psicoterapia Breve tem tambm carter preventivo, fundamental emqualqueraodesade,comoocasodotratamentopsicolgicodepessoascomdeficinciafsica.Areabilitaoporsiumaao,principalmente, de preveno terciria, conforme discutiu-se neste artigo, ea psicoterapia breve tambm vai por esse caminho: busca formas de agirpara o indivduo em conflito, a fim de tentar substitu-las por solues maisadaptativas.A motivao do paciente tambm uma questo importante quandose tratam daqueles com deficincias motoras. Muitas vezes, eles depositamsuas expectativas de cura ou melhora nos atendimentos de fisioterapia,terapia ocupacional e fonoaudiologia, dependendo da rea atingida e dafuno que desejam recuperar. Assim, por exemplo, a pessoa que teve umaleso medular e est numa cadeira de rodas, no geral quer concentrar todosos seus esforos na fisioterapia, e muitas vezes acredita que o tratamentopsicolgico perda de tempo.Diantedisso,terumfocoeabrevidadedotratamentopodemseraliados importantes para conseguir a adeso do paciente, que nem sequerprocuraria um psiclogo por vontade prpria, e de forma alguma investirianum processo psicanaltico, que depende de investimento econmico , masemocional.Bol. Acad. Paulista de Psicologia, So Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 384-394394Todasestasquestestornam,portanto,aPsicoterapiaBreveOperacionalizada adequada ao atendimento de pessoas, em especial comdeficincia fsica, trazendo diversas vantagens. Como todo paciente, deve-se partir de um diagnstico que permita perceber a indicao da PBOesua conduo. Caso no haja indicao, e seja necessrio encaminh-lo aumatendimentoemPsicanlise,esteprocessodeveserfeito,foradainstituio, j que nesta este tipo de atendimento torna-se invivel.Quando o tratamento pensado de forma individualizada, planejadode forma objetivada de acordo com o diagnstico, como proposto por Simoncom a PBO, o paciente s tem a ganhar.Referncias Almeida, R.A. (2010) Possibilidades de utilizao da psicoterapia breveem hospital geral. Ver. SBPH vol. 13 no.1 Rio de Janeiro. Jun. Fiorini,H.J.(2004)TeoriasetcnicasdePsicoterapias.SoPaulo:Martins Fontes. Freud, S. (2006) Linhas de progresso na terapia psicanaltica. EdioStandard Brasileira das Obras Psicolgicas Completas, Vol XVII. Riode Janeiro: Imago. Primeira emisso em 1919. Knobel, M. (1986) Psicoterapia breve. So Paulo: EPU. Leavell,H.R.eClark,E.G.(1976)Nveisdeaplicaodamedicinapreventiva. 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