2
Public - Capa atrás! Se você não tiver lá, não vai acontecer. E tem uma coisa também de energia, de você estar junto, de chegar. Acredito que a sorte faz parte de uma energia que a gente tem e que capitaliza para isso”, define e bola uma metáfora que exemplifica bem seu pensamento e seu gosto: “Por exemplo, você joga sinuca... aí você encaçapa uma bola que é impossível encaçapar. Mas você consegue. Não porque deu sorte, mas porque você entra em uma concentração acima do padrão, ‘entra’ naquela bola e consegue fazer. É lógico que você precisa também ter essa estrela, mas eu acho que você também faz isso”, finaliza Ricardo. Aliás, o trabalho na vida de Ricardo começou desde muito cedo. “Com 11 anos eu já trabalhava nos natais da loja do meu pai que era uma loja de cama e mesa, a Casa Almeida e Irmãos. Trabalhava e fazia pacote de presentes, embalagens e tal. Aos 14, comecei a trabalhar já fixo lá. Saía da escola, ia para lá e trabalhava”, lembra. Essa atividade desde muito cedo fez com que Ricardo tomasse conhecimento de uma rotina séria de trabalho e responsabilidades. “Como era uma loja de cama e mesa, não tinha muito a ver com o meu, mas não deixa de ter as pessoas que vendem, as representantes, as clientes, tudo. Você passa a ter uma noção boa de organização, de administração. Então, você aprende como funciona uma empresa. Começa lá debaixo e vai aprendendo”. Mas o seu primeiro contato com a moda ocorreu de uma maneira inusitada. Ricardo Almeida tinha (e ainda tem) uma paixão muito grande por motocicletas. “Hoje não tenho tido tempo, as motos estão todas com a bateria arreada. Tenho quatro motos, duas antigas e duas novas”. O sonho de sua vida era correr e então foi atrás de patrocínio para conseguir isso. Só que em vez de um patrocínio, ele conseguiu um emprego como representante de vendas em uma empresa do ramo de confecção. E para ganhar mais, precisava se aprofundar para vender mais e melhor. Foi assim que ele acabou se apaixonando pelo ambientes de roupas. Com os livros dos alfaiates das fábricas que representava, Ricardo foi aprendendo e se especializando em um processo completamente autodidata. Em seguida, trabalhou em uma camisaria. Nessa época, passou a se interessar por tecidos e modelagem. De 1978 a 1983, foi sócio de uma confecção de destaque no mercado, a Africa. Nessa época, viajava ao exterior, observava tendências, estilos de vida e começou a usar uma técnica de desconstrução, desmontando roupas importadas a fim de investigar moldes e sistemas de montagem. Em 1983, optou por abrir seu próprio negócio, em um salto determinante para a expansão que a marca atingiu em seus 26 anos. Com seu estilo sério, Ricardo se soltou mais quando questionado se acredita em sorte. “Eu acredito em sorte, mas acredito que a gente faz também nossa sorte. A pessoa que pega, vai atrás, corre... Eu sempre falo para os meus filhos que eles não devem ficar esperando chover, eles têm que fazer chover”. Para ele, sorte é algo que pode acontecer, mas também podemos ir atrás disso. “Como? Estar presente na hora, correr 30 31 32 33 Capa, Capa, Capa, Zuffo.pmd 12/03/2012, 09:24 30

Public - Capa · modelagem, que eu faço às vezes algumas coisas que saem totalmente das regras, de livros. Eu provei para ele uma história que nunca ninguém teria feito daquele

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Public - Capa · modelagem, que eu faço às vezes algumas coisas que saem totalmente das regras, de livros. Eu provei para ele uma história que nunca ninguém teria feito daquele

Publ

ic -

Cap

a

atrás! Se você não tiver lá, não vaiacontecer. E tem uma coisa tambémde energia, de você estar junto, dechegar. Acredito que a sorte fazparte de uma energia que a gentetem e que capitaliza para isso”,define e bola uma metáfora queexemplifica bem seu pensamento eseu gosto: “Por exemplo, você jogasinuca... aí você encaçapa uma bolaque é impossível encaçapar. Masvocê consegue. Não porque deusorte, mas porque você entra emuma concentração acima do padrão,‘entra’ naquela bola e conseguefazer. É lógico que você precisatambém ter essa estrela, mas euacho que você também faz isso”,finaliza Ricardo.

Aliás, o trabalho na vida de Ricardo começou desde muito cedo. “Com 11anos eu já trabalhava nos natais da loja do meu pai que era uma loja decama e mesa, a Casa Almeida e Irmãos. Trabalhava e fazia pacote depresentes, embalagens e tal. Aos 14, comecei a trabalhar já fixo lá. Saíada escola, ia para lá e trabalhava”, lembra. Essa atividade desde muitocedo fez com que Ricardo tomasse conhecimento de uma rotina séria detrabalho e responsabilidades. “Como era uma loja de cama e mesa, nãotinha muito a ver com o meu, mas não deixa de ter as pessoas quevendem, as representantes, as clientes, tudo. Você passa a ter uma noçãoboa de organização, de administração. Então, você aprende como funcionauma empresa. Começa lá debaixo e vai aprendendo”.

Mas o seu primeiro contato com a moda ocorreu de uma maneira inusitada.Ricardo Almeida tinha (e ainda tem) uma paixão muito grande pormotocicletas. “Hoje não tenho tido tempo, as motos estão todas com abateria arreada. Tenho quatro motos, duas antigas e duas novas”. Osonho de sua vida era correr e então foi atrás de patrocínio para conseguirisso. Só que em vez de um patrocínio, ele conseguiu um emprego comorepresentante de vendas em uma empresa do ramo de confecção. E paraganhar mais, precisava se aprofundar para vender mais e melhor. Foiassim que ele acabou se apaixonando pelo ambientes de roupas. Com oslivros dos alfaiates das fábricas que representava, Ricardo foi aprendendoe se especializando em um processo completamente autodidata.

Em seguida, trabalhou em uma camisaria. Nessa época, passou a seinteressar por tecidos e modelagem. De 1978 a 1983, foi sócio de umaconfecção de destaque no mercado, a Africa. Nessa época, viajava aoexterior, observava tendências, estilos de vida e começou a usar umatécnica de desconstrução, desmontando roupas importadas a fim deinvestigar moldes e sistemas de montagem. Em 1983, optou por abrirseu próprio negócio, em um salto determinante para a expansão que amarca atingiu em seus 26 anos.

Com seu estilo sério, Ricardo se soltou mais quando questionado seacredita em sorte. “Eu acredito em sorte, mas acredito que a gente faztambém nossa sorte. A pessoa que pega, vai atrás, corre... Eu semprefalo para os meus filhos que eles não devem ficar esperando chover, elestêm que fazer chover”. Para ele, sorte é algo que pode acontecer, mastambém podemos ir atrás disso. “Como? Estar presente na hora, correr

30 31 32 33 Capa, Capa, Capa, Zuffo.pmd 12/03/2012, 09:2430

Page 2: Public - Capa · modelagem, que eu faço às vezes algumas coisas que saem totalmente das regras, de livros. Eu provei para ele uma história que nunca ninguém teria feito daquele

Sinuca é um hobby que o estilista não abremão. Ele tem uma mesa de snooker noateliê e esse é o esporte que ele maispratica (ao lado do tênis).

Seu ateliê já foi sua casa, então lá é umlugar onde ele consegue ficar à vontade, oque faz toda a diferença quando pensamosno período em que ele fica lá dentro. “Éfundamental trabalhar muito, trabalhar eentender o que está fazendo”, diz. Ricardotem na modelagem os seus temaspreferidos de livros. Admira grifes comoTom Ford, Gucci, Dolce & Gabbana e oestilista Hedi Slimane (atual diretor criativoda marca Yves Saint Laurent). Mas não seengane: criação, para ele, é o passo maiorque as regras que o estilista dá. “Hoje, euestava conversando com meu diretor na

fábrica, que cuida de toda parte demodelagem, que eu faço às vezes algumascoisas que saem totalmente das regras, delivros. Eu provei para ele uma história quenunca ninguém teria feito daquele jeito,nenhum livro. Por isso, tem que sair dasregras, porque se todo mundo fizer igual atodo mundo, você não vai ser diferente dosoutros. Então, tem que procurar outroscaminhos para conseguir fazer pela tuaexperiência”, afirma.

E essa característica intuitiva e arrojada,mas ao mesmo tempo responsável eperfeccionista, denota um Ricardosonhador ou, melhor dizendo, umaperfeiçoador de sonhos. “Não acho quevocê realiza um sonho e ele acaba. Dá prafazer mais, dá pra fazer melhor. Então, isso

“Acredito que a sortefaz parte de uma energiaque a gente tem e quecapitaliza para isso”

30 31 32 33 Capa, Capa, Capa, Zuffo.pmd 12/03/2012, 09:2531