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www.dpu.def.br/esdpu Escola Superior 1 É notório que a Defensoria Pú- blica da União tem envidado enormes esforços no sentido de interiorizar sua atuação, tendo esta agenda ganhado impulso com o advento da Emenda Constitucional 80/2014, que fixa pra- zo de 8 (oito) anos para que a União, os Estados e o Distrito Federal contem com Defensores Públicos em todas as unidades jurisdicionais. Enquanto a total interiorização não é alcançada, a Defensoria Públi- ca da União se utiliza das chamadas “ações itinerantes” para atender a de- manda dos assistidos residentes em cidades vinculadas a subseções judiciá- As ações itinerantes da DPU como forma de acesso à justiça Publicação da Escola Superior da Defensoria Pública da União V.3, nº 9, 2017 rias ainda não guarnecidas com unida- de instalada do órgão. Atualmente, as missões itinerantes são implementadas por meio de dois projetos: o “Eu Tenho Direito” e o “Defensoria Para Todos”. O Projeto Eu Tenho Direito foi lançado em agosto de 2014, por meio do Processo SEI nº 08038.003525/2014- 95, com objetivo de “propiciar o acesso à justiça por meio de medidas judiciais ou extrajudiciais visando garantir os direitos aos assistidos que residem em localidades onde não há unidades da Defensoria Pública da União”, sendo que o planejamento é centralizado na Secretaria de Atuação Itinerante (SIT), Por Francisco de Assis Nascimento Nóbrega Secretário-Geral de Articulação Institucional Foto: Zuleide Figueiras “Tenho certeza de que muitos daqueles rostos ficarão em vossas memó- rias. Rostos de pessoas que precisam urgentemente do braço da justiça para que possa se garantir o mínimo básico para sua sobrevivência.” Professor Antônio Sérgio Mendes Prefeito Municipal de Francisco Badaró/MG DPU ITINERANTE Editorial Por Fernando Mauro Barbosa de Oliveira Junior Página 3 A atuação da DPU em itinerantes indígenas Por Eduardo Marcelo de Negreiros Freitas Página 4 Desenvolvimento e acesso à justiça: a atuação do Grupo Interdefensorial do Rio Doce Por João Marcos Mattos Mariano e Diana Freitas de Andrade Página 5 Itinerante Rio Tapajós Por Ingrid Soares Léda Noronha Página 7 A experiência em Altamira Por Karina Rocha Mitleg Bayerl Página 8 Entrevista Entrevista concedida por Antônia Melo Página 10 DPU Belo Horizonte: pioneira na realização de ações itinerantes pelo projeto “Defensoria para Todos” Por Zuleide Ferreira Filgueiras Página 12 Notas Página 15

Publicação da Escola Superior da Defensoria Pública da ... · Escola Superior 1 É notório que a Defensoria Pú-blica da União tem envidado enormes esforços no sentido de interiorizar

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É notório que a Defensoria Pú-blica da União tem envidado enormes esforços no sentido de interiorizar sua atuação, tendo esta agenda ganhado impulso com o advento da Emenda Constitucional 80/2014, que fixa pra-zo de 8 (oito) anos para que a União, os Estados e o Distrito Federal contem com Defensores Públicos em todas as unidades jurisdicionais.

Enquanto a total interiorização não é alcançada, a Defensoria Públi-ca da União se utiliza das chamadas “ações itinerantes” para atender a de-manda dos assistidos residentes em cidades vinculadas a subseções judiciá-

As ações itinerantes da DPU como forma de acesso à justiça

Publicação da Escola Superior da Defensoria Pública da União V.3, nº 9, 2017

rias ainda não guarnecidas com unida-de instalada do órgão. Atualmente, as missões itinerantes são implementadas por meio de dois projetos: o “Eu Tenho Direito” e o “Defensoria Para Todos”.

O Projeto Eu Tenho Direito foi lançado em agosto de 2014, por meio do Processo SEI nº 08038.003525/2014-95, com objetivo de “propiciar o acesso à justiça por meio de medidas judiciais ou extrajudiciais visando garantir os direitos aos assistidos que residem em localidades onde não há unidades da Defensoria Pública da União”, sendo que o planejamento é centralizado na Secretaria de Atuação Itinerante (SIT),

Por Francisco de Assis Nascimento Nóbrega – Secretário-Geral de Articulação Institucional

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“Tenho certeza de que muitos daqueles rostos ficarão em vossas memó-rias. Rostos de pessoas que precisam urgentemente do braço da justiça para que possa se garantir o mínimo básico para sua sobrevivência.”

Professor Antônio Sérgio MendesPrefeito Municipal de Francisco Badaró/MG

DPU ITINERANTE

Editorial Por Fernando Mauro Barbosa de Oliveira Junior

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A atuação da DPU em itinerantes indígenas Por Eduardo Marcelo de Negreiros Freitas

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Desenvolvimento e acesso à justiça: a atuação do Grupo Interdefensorial do Rio Doce Por João Marcos Mattos Mariano e Diana Freitas de Andrade

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Itinerante Rio TapajósPor Ingrid Soares Léda Noronha

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A experiência em AltamiraPor Karina Rocha Mitleg Bayerl

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EntrevistaEntrevista concedida por Antônia Melo

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DPU Belo Horizonte: pioneira na realização de ações itinerantes pelo projeto “Defensoria para Todos” Por Zuleide Ferreira Filgueiras

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Notas

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vinculada à Secretaria-Geral de Articu-lação Institucional (SGAI). No início, por meio do referido projeto, desloca-ram-se Defensores Públicos Federais e servidores para diversas cidades, de todas as regiões do país, com especial enfoque nos municípios mais carentes, com Índice de Desenvolvimento Hu-mano (IDH) mais baixo. Entretanto, com o desenrolar do projeto, consta-tou-se que o acompanhamento remo-to, pela SIT/SGAI, das ações judiciais propostas, na prática, mostrou-se invi-ável, quer seja em razão da necessidade de realização de atos presenciais (au-diências, por exemplo), quer seja pela necessidade de contato com o assistido para obtenção de novos documentos e/ou cumprimento de diligências judi-ciais, o que obstaculizou seu seguimen-to nos termos inicialmente pensados.

Em verdade, notou-se que esse modelo hierarquizado de atuação iti-nerante, planejado e definido a partir de critérios eleitos pela Administração Superior, não atingia o fim ao qual se

destinava, porquanto o acompanha-mento das ações judiciais, feito de for-ma centralizada em Brasília, encontrou barreiras operacionais e orçamentárias deveras intransponíveis. O programa hoje tem como foco ações feitas em conjunto com outras instituições. A tí-tulo de exemplo, cita-se a parceria com o Ministério do Trabalho, mediante a qual Defensores Públicos Federais são deslocados para integrarem as missões de resgate de trabalhadores em condi-ções análogas à escravidão, em locais remotos do país. Os Processos de Assis-tência Jurídica (PAJs) instaurados em decorrência destes resgates são acom-panhados remotamente pelo Grupo de Trabalho de Erradicação ao Trabalho Escravo (GT Trabalho Escravo), vincu-lado à SGAI.

De sua vez, o Projeto Defenso-ria para Todos foi lançado em mar-ço de 2016, por meio do Processo SEI nº 08038.001817/2016-55 (TAP nº1194193). Já atento às dificuldades do modelo desenhado no seio do Pro-

jeto “Eu Tenho Direito”, esta nova ini-ciativa funda-se na descentralização do planejamento e da execução de ações itinerantes voltadas ao público alvo da Defensoria Pública da União. Agora, estas atribuições passaram a ser afetas às próprias Unidades de atuação da Defensoria Pública da União já insta-ladas, com o objetivo de “propiciar o acesso à justiça, difusão de informações e conscientização de direitos a pessoas em situação de vulnerabilidade e que residem em localidade distante ou de difícil acesso às unidades da DPU”. Atividades como divulgação, contato com as autoridades e a sociedade civil da cidade a ser atendida, preparação da infraestrutura para o atendimento, dentre outras, passaram a ser de res-ponsabilidade da Unidade, por meio da Coordenação local do projeto. A atuação da SGAI, neste cenário, resu-me-se à verificação da adequação do TAP enviado aos termos, objetivos e diretrizes do Projeto, de forma a garan-tir uniformidade mínima na execução, bem como o controle dos recursos financeiros, dividindo-os de forma equânime entre todos os Defensores.

Em seu primeiro ano de imple-mentação efetiva, o Projeto “Defenso-ria Para Todos” teve adesão de pratica-mente metade das unidades instaladas da DPU e levou os serviços de assis-tência jurídica gratuita a mais de 80 (oitenta) cidades do interior do país, realizou milhares de atendimentos e ocasionou a abertura de mais de 4.000 (quatro mil PAJs). Alguns prefeitos, inclusive, enviaram expediente exal-tando a atuação da Defensoria e solici-tando o regresso da ação itinerante no ano de 2017.

Conquanto passível de ajustes e aprimoramentos, o projeto “Defen-soria Para Todos” vem se mostrando exitoso em seu mister de prover assis-tência jurídica gratuita aos assistidos que ainda não contam com Defenso-ria Pública da União instalada em sua cidade, além de representar inegável ganho institucional, pois promove a divulgação e a expansão do serviço de-fensorial, tornando a instituição mais próxima dos usuários.

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Editorial Por Fernando Mauro Barbosa de Oliveira JuniorDiretor da ESDPU, Defensor Público Federal da Categoria Especial

Prezados leitores, esta edição do Fórum DPU reservou esta tiragem para apresentar e tratar do tema das Ações Itinerantes da Defensoria Pública da União, porquanto são uma importante forma de assistência jurídica prestada aos mais vulneráveis, nos mais longínquos sítios deste país.

O artigo da capa foi elaborado pelo Dr. Francisco Nóbrega, Secretário-Ge-ral de Articulação Institucional – SGAI, cuja secretaria engloba a Secretaria de Atuação Itinerante – SIT, responsável pe-las diretrizes da ação itinerante da DPU. Desse modo, o Dr. Francisco esboça como funcionam os projetos que dão vida a esta relevante atividade da DPU.

A comunidade indígena é também priorizada nas atuações itinerantes da DPU, notadamente no esclarecimento de questões previdenciárias. Esta ação defensorial é destacada pelo Dr. Eduardo Freitas, em artigo que, brevemente, rela-ta o atendimento realizado pela Unida-de do Ceará, ressaltando a relevância do trabalho multidisciplinar, nesta oportu-nidade, com a participação de um soci-ólogo, que foi indispensável para o êxito

da assistência.A presença da DPU, em atenção às

pessoas afetadas com o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana/MG, foi objeto de análise pelo Dr. João Mar-cos (DRDH/ES) e pela Dra. Diana An-drade (DRDH/PB), meditando acerca da relevante função que compete à nossa Instituição, nos casos em que há uma exigência de atuação coletiva, rápida e eficaz, considerando as consequências su-portadas pela população daquela região.

O itinerante do Rio Tapajós foi retratado pela Dra. Ingrid Soares. Vale reiterar o apontamento que se faz ao res-saltar que tão importante quanto o aten-dimento do itinerante em si é, também, a divulgação desta ação. Ademais, os iti-nerantes são, também, uma oportunida-de de enriquecimento para os próprios Defensores, ao se aproximarem mais dos nossos assistidos e dos respectivos pro-blemas, considerando que, por vezes, a quantidade de processos judiciais impede este ideal acercamento.

Foi reservada, do mesmo modo, uma seção do Fórum DPU, para trazer à tona e debater o atendimento às pes-

soas atingidas com a construção da hi-drelétrica de Belo Monte. A Dra. Kari-na Rocha Mitleg Bayerl foi autora deste posicionamento. Mais uma vez, a DPU, utilizando-se do itinerante, vai ao encon-tro das pessoas alijadas de conhecimen-to jurídico para entenderem o que está acontecendo e se defenderem, neste caso, da empresa Norte Energia S.A. – NESA. A importância deste itinerante se percebe pelo fato de que foi instalada uma uni-dade da DPU em Altamira, a fim de que não ocorresse quebra de continuidade na assistência realizada.

Por fim, como nos jornais ante-riores, a última parte é dedicada a uma entrevista de pessoa não pertencente aos quadros da DPU. Aqui, Antonia Melo, representante do Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS), traz o seu ponto de vista sobre os problemas vivenciados pela comunidade de Altamira, com a instalação da hidrelétrica de Belo Mon-te, bem como sobre os serviços prestados pela DPU e a interação desta Instituição com a sociedade local.

Boa leitura a todos!

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A atuação da DPU em itinerantes indígenas

Por mais estranho que possa pa-recer, os índios, primeiros habitan-tes do Brasil, titulares legítimos do território, ainda sofrem muito para ter garantidos seus direitos básicos, acarretando vários prejuízos na rela-ção entre eles e com o Estado, pois o princípio da dignidade da pessoa hu-mana, fundamento previsto constitu-cionalmente, vem sendo descumpri-do constantemente. Trata-se de uma violação que remonta à época do des-cobrimento, mas que ainda hoje vem prejudicando essa minoria.

Para o Estatuto do Índio (Lei 6001/73), cuida-se do indivíduo de origem ou ascendência pré-colombia-na, o qual se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características o distingam da so-ciedade nacional. Percebe-se que o con-ceito legal também deve ser avaliado com alguns aspectos da antropologia e da sociologia.

As principais demandas em itine-rantes envolvendo os índios referem-se aos benefícios previdenciários e assis-tenciais. O índio será beneficiário da previdência social quando exercer algu-ma atividade remunerada ou trabalhar como agricultor, pescador, por exem-

plo, em regime de economia familiar. O Estatuto do Índio, inclusive, no seu artigo 55, possui previsão de que o RGPS será extensivo aos índios, aten-didas as condições sociais, econômicas e culturais das comunidades beneficia-das. Ademais, o artigo 24 da Conven-ção 169 da OIT esclarece que os índios também devem ter direito à seguridade social.

O problema é que muitos ín-dios acham que possuem direito aos benefícios pelo simples fato de serem indígenas, o que não é verdade, já que devem preencher as caracterís-ticas de acordo com a categoria que se filiarem. A situação mais comum é o enquadramento na categoria de se-gurado especial, pois a maioria traba-lha em regime de economia familiar. Apesar de a Lei 8213/91 e o Decreto 3048/99 não detalharem a condição do indígena como segurado especial, a instrução normativa nº 77/2015/INSS/PRES regulamenta o assunto.

Vale ressaltar que a FUNAI tem a atribuição de expedir certidões que atestem o exercício da atividade rural, as quais deveriam servir como pro-va plena, contudo isso não ocorre na prática, eis que o cruzamento de dados

aponta, algumas vezes, irregularida-des no preenchimento das certidões, principalmente o exercício de ativida-des laborativas em outras categorias de segurados. Por exemplo, o exercício de atividade como empregado em alguma indústria, por curtos períodos, devido a fenômenos naturais, como seca, des-caracteriza a condição de segurado es-pecial. Dessa forma, o INSS vem crian-do grandes obstáculos para a concessão dos benefícios aos índios, exigindo en-trevistas, as quais, pela instrução, deve-riam ser uma exceção.

Diante da grande insatisfação dos indígenas em busca dos seus benefí-cios, a Defensoria Pública da União no Estado do Ceará instaurou o PAJ 2011/35-3086, após manifestação de uma liderança indígena Tapeba, com o propósito de apuração de irregularida-des do INSS na avaliação de benefícios previdenciários em favor dos indígenas de quatorze etnias cearenses (Tapeba, Tremembé, Pitaguary, Jenipapo-Ka-nindé, Tapuya-Kariri, Potyguara, Taba-jara, Kanindé, Gavião, Kalabaça, Tupi-nambá, Kariri, Tubiba-Tapuya, Anacé).

Após longo trabalho do sociólogo da DPU/CE, o servidor Daniel de Oli-veira Rodrigues Gomes, foi realizado

Por Eduardo Marcelo de Negreiros Freitas – Defensor Público Federal no Ceará

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estudo estatístico relativo aos anos de 2012 e 2013, tendo como metodologia o cruzamento de dados das Certidões de Exercício de Atividade Rural emiti-das pela FUNAI – compartilhados em planilhas pela Coordenação Regional Nordeste II – com aqueles constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).

Depois do conhecimento dos prin-cipais problemas e os locais em que a vio-lação de direitos era mais grave, a DPU/CE passou a atuar de forma mais efetiva em demandas dentro do limite territorial de atuação, obtendo algumas vitórias ex-pressivas, mesmo em processos protegi-dos pelo manto da coisa julgada.

Para ampliar a prestação da assis-

tência jurídica gratuita aos indígenas cearenses e de acordo com o estudo estatístico, foram realizados itineran-tes nas cidades de Monsenhor Tabosa, Crateús, São Benedito, dentre outras, garantindo vários direitos a essa mino-ria tão massacrada, provando a essen-cialidade da DPU no acesso à justiça aos mais pobres.

Embora muitas vezes seja conside-rado sinônimo de crescimento econô-mico, o desenvolvimento é um processo que deve ser capaz de humanizar a vida das pessoas por meio da incorporação de padrões institucionais, culturais e eco-nômicos. A propósito, Celso Furtado defende que somente quando “a acumu-lação conduz à criação de valores que se difundem em segmentos importantes da coletividade, o desenvolvimento se rea-liza”.1(FURTADO, 2011, p. 172). Na mesma perspectiva, Amartya Sen afirma

1FURTADO, C. El desarrollo como proceso en-dógeno .Revista Ola Financeira, n. 8,p. 170 -193, jan-abr 2011. Disponível em: <http://www.olafi-nanciera.unam.mx/new_web/08/pdfs/Furtado-Clasicos-OlaFin-8.pdf >. Acesso em: 17.07.2017.

que o desenvolvimento é integrado por elementos como liberdade, democracia, participação popular, qualidade de vida, distribuição dos recursos e promoção de políticas públicas.2(SEN, 2000).

A defesa e garantia de direitos funda-mentais, portanto, é essencial ao desenvol-vimento de qualquer comunidade, espe-cialmente daquelas que sofrem os impactos de grandes obras, cuja construção costuma ser celebrada em razão da imediata asso-ciação ao desenvolvimento regional. Foi com base nessa concepção que, em 14 de setembro de 2016, as Defensorias Públicas da União, do Estado de Minas Gerais e do

2SEN, A. Desenvolvimento como liberda-de. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Estado do Espírito Santo firmaram um ter-mo de cooperação técnica para criação do Grupo de Trabalho Interdefensorial do Rio Doce (GIRD).

O GIRD tem o objetivo de prestar assistência jurídica às vítimas do rompi-mento da Barragem do Fundão, em Maria-na/MG. Já no mês de sua criação, o grupo promoveu audiências públicas em diversos municípios do interior do Espírito Santo e de Minas Gerais. As audiências contaram com ampla participação popular e permiti-ram o diálogo direto entre as comunidades impactadas, a sociedade civil organizada, a empresa Samarco (Fundação Renova) e os defensores públicos federais e estaduais. Foi também nesses eventos que as Defensorias

Desenvolvimento e acesso à justiça: a atuação do Grupo Interdefensorial do Rio Doce Por João Marcos Mattos Mariano – Defensor Regional de Direitos Humanos no Espírito Santo

e Diana Freitas de Andrade – Defensora Regional de Direitos Humanos na Paraíba

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Públicas obtiveram mais subsídios para guiar sua atuação em defesa do justo res-sarcimento pelos danos materiais e morais que o rompimento da barragem causou às pessoas em situação de vulnerabilidade.

Assim, era preciso reconhecer e ou-vir a multidão invisível que, apesar de nunca ter se apropriado dos frutos do “desenvolvimento”, foi obrigada a co-nhecer a face mais gravosa de um modelo exploratório mineral que, de tão frouxo e iníquo, poderia – não fosse a complexi-dade dos entrangeirismos hoje utilizados pelos técnicos desse meio – ser confun-dido com aquilo que se lê nos livros de história colonial.

Sem o apoio dessas populações, que

se organizaram em comissões, fóruns e grupos de trabalho, as Defensorias não poderiam realizar o hercúleo trabalho de detectar danos dos mais diversos matizes e cuja extensão ainda não resta completa-mente esclarecida.

Por outro lado, o contato reme-morou a importância da Defensoria Pú-blica, enquanto instituição autônoma e técnica, capaz de catalisar demandas de indivíduos hipervulnerabilizados diante do interesse de grupos econômicos mul-tinacionais: ficou claro que não fosse a atuação unívoca e concertada do Grupo de Defensores mesmo os direitos mais básicos seriam ceifados. Um exemplo elucida a gravidade do problema: ne-

nhum trabalho jurídico de valor negaria que ao devedor somente é possível consi-derar-se quite naquilo que pagou (ora, é o que está escrito no art. 319 do Código Civil; “o devedor que paga tem direito a quitação regular...”), no entanto, no Vale do Rio Doce foi necessária uma ação ci-vil pública para afastar o intento dos res-ponsáveis pelo dano socioambiental de se eximirem indevidamente do que devem sem a contrapartida necessária.

Igualmente, diversas comunidades ribeirinhas e estuarinas que dependiam diretamente do rio destruído ficaram por mais de um ano, por omissão do con-glomerado minerador, sem sequer terem a sua condição de impactadas reconhe-cida. Somente muito recentemente esse quadro começou – após meses de traba-lho contínuo da Defensoria Pública da União e das Defensorias dos Estados de Espírito Santo e Minas Gerais, sem con-tar diversas manifestações populares. E, repita-se, não se tratava, ainda, de discus-sões acerca de qual valor que seria pago às populações devastadas. Era tão somente a busca pelo direito de ver oficialmente declarada a existência de um sofrimento e de um desespero diariamente vivencia-dos por quem teve toda sua razão de exis-tir subitamente ceifada.

O sentimento, por vezes, é desola-dor. Parece que a maior batalha é contra o tempo; este promove o esquecimento e não se encaixa bem nas burocracias inex-pugnáveis dos trâmites impostos pelas entidades privadas diretamente incum-bidas da resolução do problema por elas mesmas criado. Ele se esvai, esmorece ânimos e, no atual cenário de crise, for-talece o discurso dos que têm fome – seja de pão, seja das riquezas das veias aber-tas das minas gerais. Afinal, tudo acei-ta aquele que não tem mais nada – até a mão amiga do desconhecido de verde passa a ser confundida com a faca de quem promove a miséria. Mas, felizmen-te, na agonizante bacia hidrográfica não se encontra apenas desolação: há tam-bém esperança. Essa é a força que, parci-moniosa, se satisfaz com a menor vitória e tem animado os defensores que nesse último ano fizeram do Vale do Rio Doce sua segunda morada.

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A atuação itinerante realizada pela Defensoria Pública da União, por in-termédio da STI – Secretaria de Atu-ação Itinerante – promove as funções institucionais da Defensoria Pública, quais sejam, “prestar orientação jurídi-ca e exercer a defesa dos necessitados, em todos os graus” e “promover a difu-são e a conscientização dos direitos hu-manos, da cidadania e do ordenamento jurídico”, conforme Lei Complemen-tar nº 80/19941 .

Em outubro de 2016, realizou-se a primeira etapa da ação itinerante no Rio Tapajós. Nesse primeiro momen-to, pretendia-se o conhecimento das comunidades potencialmente bene-ficiadas e a divulgação do trabalho da Defensoria Pública da União. Os dois Defensores Públicos Federais – Dr. Alessandro Tertuliano e Dra. Ingrid So-ares – acompanhados de um morador da Comunidade de Alter do Chão/PA se deslocaram por meio de uma “voa-deira”, meio de locomoção usual na

1 Artigo 4o, inciso I e III da Lei Complementar no 80/94, com a redação dada pela Lei Complementar no 132/2009.

região, por inúmeras comunidades que permeiam a margem do Rio Tapajós. Foram visitadas comunidades como Ja-maragua, Maguary e Piquiatuba, den-tre outras, bem como Bragança com a comunidade indígena Munduruku.

Durante as visitas realizadas nas comunidades ribeirinhas, além de di-vulgar o trabalho da DPU e os aten-dimentos que seriam realizados em novembro de 2016 em Alter do Chão, foi incrível a oportunidade de observar de perto a realidade das comunidades. Observar o dia a dia dos ribeirinhos, conversar com os líderes das comuni-dades e demais moradores, almoçar o peixe pescado há poucas horas, presen-ciar as dificuldades de deslocamento e a precariedade da estrutura de energia, saúde, educação, entre outros direitos básicos.

A divulgação da ação itinerante demanda tanta importância quanto a própria atuação, uma vez que é nesse momento que são identificadas as prin-cipais demandas a serem atendidas e os assistidos, muitas vezes, tem o primeiro contato com a experiência da Defenso-ria Pública da União que atua prestan-

do assistência jurídica gratuita.Nesse momento, nota-se a im-

portância da presença da instituição naquelas comunidades, não só para demonstrar a existência e a atuação da DPU mas sim, e principalmente, para assisti-los de atenção governamental (sentido lato) em comunidades onde muitas vezes “a lei não chega”, os ser-viços inexistem e há um sentimento de abandono. As comunidades ribei-rinhas, então, procuram por um olhar mais atento.

Sob o aspecto psicológico, incute-se a ideia da existência do Estado e da DPU como organismos que amparam a melhoria de suas vidas, além de con-ferir segurança em afirmar seus direitos e buscar sua efetivação.

Sob o aspecto prático, a presença da Defensoria torna-se um braço prá-tico como instituição concretizadora de direitos que muitas vezes não são concedidos em razão da gestão buro-crática dos órgãos, visão unilateral dos problemas ou total desconhecimento da realidade.

Após a grata experiência nas vi-sitas das comunidades, em novembro

Por Ingrid Soares Léda Noronha – Defensora Pública Federal em Santarém/PA

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ITINERANTE RIO TAPAJÓS

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de 2016, ocorreu a ação itinerante em Alter do Chão, que é um distrito de Santarém/PA, onde a Defensora Pú-blica Federal subscritora desempenha suas atividades. A ação itinerante Rio Tapajós desenvolveu-se no Conselho Tutelar, contando com a colaboração valiosa das Assistentes Sociais do Mu-nicípio de Santarém. A cooperação da Prefeitura foi imprescindível para o su-cesso do projeto, uma vez que também auxiliaram na divulgação, sugestão do local de atendimento e acolhimento dos assistidos.

A atuação da DPU na ação itine-rante objetiva divulgar o serviço públi-co prestado pela instituição, promover

A intervenção da Defensoria Públi-ca da União se fez necessária no muni-cípio de Altamira, no Pará, em razão do impasse existente entre a empresa Norte Energia S.A. – NESA e os moradores da região da bacia do Rio Xingu, onde foi construída a Hidrelétrica de Belo Mon-te, acerca da necessidade de desocupa-ção das áreas atingidas e as competentes indenizações devidas. Como membro do Grupo de Trabalho Comunidades Indígenas, tive a oportunidade de estar em Altamira em dois períodos distintos, coordenando os trabalhos para que as negociações pudessem fluir da melhor forma possível.

As reuniões com a Norte Energia S.A. – NESA e com os representantes dos movimentos sociais eram constan-tes, pois a todo momento a Norte Ener-gia S.A. – NESA mudava as regras para a negociação, ficando claro seu intuito de dificultar e postergar a concretização dos acordos, objetivando com isso a im-posição de suas decisões.

Presenciamos diversas manifesta-ções do movimento Xingu Vivo na sede da Norte Energia S.A. – NESA, em ra-zão de constantes mudanças no procedi-mento, bem como de outros movimen-tos sociais.

Diante da brusca queda nas ne-gociações, uma equipe de Defensores Públicos Federais se reuniu com os re-presentantes da Norte Energia S.A. –

orientação jurídica aos cidadãos, enca-minhá-los aos órgãos competentes para atendimento e atuação de extrajudicial e judicial por meio de propositura de peti-ções iniciais no caso de haver documen-tos suficientes. A ação itinerante Rio Ta-pajós contou com a participação de cinco Defensores Públicos Federais, quatro ser-vidores da DPU e um médico.

Nesse campo, a atuação itinerante aproxima os Defensores e servidores do público alvo da Defensoria Pública, ou seja, a população vulnerável que, por vezes, sequer tem consciência do seu direito e da existência de um órgão que presta assistência jurídica gratuita. As-sim, é relevante não apenas para a po-

NESA para esclarecer que seria inviável a participação da Defensoria Pública da União nas “rodadas de negociações”, que vinham se resumindo a mera con-ferência de documentos, não mais se justificando seu deslocamento para o exercício de tal atividade.

pulação da região – no caso, população ribeirinha, mas também para humani-zação das pessoas que atuam na Defen-soria Pública.

Por fim, em uma visão pessoal desta Defensora, também há um refle-xo significativo em seu desempenho, pensamento e postura institucional. Um choque de realidade – muitas vezes sabida apenas por “ouvir falar” - causa uma mudança de pensamento, um ar-dor de atuação e atenção ainda maior aos assistidos, vez que foram vistas as dificuldades, as impossibilidades e veri-ficada a certeza que a DPU é o último soldado de defesa das injustiças, amar-guras e esperança dessa população.

A experiência em AltamiraPor Karina Rocha Mitleg Bayerl – Defensora Pública Federal em Vitória/ES

Foram realizadas reuniões com as cooperativas dos barqueiros (APPEP) e pilotos de voadeiras (COOPIBAVOX) e a Norte Energia S.A. – NESA, a fim de que a mesma se comprometesse a fazer nova análise/levantamento de da-dos referentes à situação específica de Foto: http://w

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cada cooperativa. Outro ponto que merece destaque

foi a dificuldade de acesso aos processos administrativos da Norte Energia S.A. – NESA, vez que apenas disponibilizavam cópia para a parte durante a negociação e para a Defensoria Pública da União somente após negociação. Tratava-se de questão a ser revista, haja vista que a análise do procedimento administrativo poderia influenciar em muito o encami-nhamento a ser observado.

A meu sentir a Norte Energia S.A. – NESA dava caráter sigiloso aos pro-cessos administrativos e mesmo quando fornecia cópias, estas não eram comple-tas, sendo subtraídas as justificativas de elegibilidade, que eram fundamentais para entender e, se fosse o caso, questio-nar o critério adotado.

Acompanhados pelo vice-pre-feito visitamos algumas áreas afeta-das (Jardim Independente I e Jardim Oriente) e tivemos oportunidade de conversar com moradores locais, que externaram diversas queixas a respeito da ausência de indenização/indeniza-ção justa e da constante pressão para ultimar a negociação.

Também visitamos outras áreas afetadas, acompanhados por represen-tantes do Movimento Xingu Vivo, como o Baixão do Tufi, Beco do Afonsin, Bra-sília e Invasão dos Padres, ocasião que conversamos com as famílias ali instala-das, todas insatisfeitas com a forma com que as negociações eram conduzidas pela Norte Energia S.A. – NESA.

Nos dois períodos que estive em Altamira restou evidente o descon-forto da Norte Energia S.A. – NESA diante da possibilidade de judicializa-

ção dos conflitos, mas também a sua resistência em relação às negociações, manifestada por meio da recalcitrante incompletude das respostas de ofícios, bem como na recusa e/ou demora na entrega de documentos relacionados aos processos administrativos, e das constantes alterações, unilaterais, dos critérios para as negociações.

A despeito de toda dificuldade en-contrada, foi possível realizar muitos acordos e dar algum alento às famílias que deles se beneficiaram.

Caso emblemático foi o de Sr Otávio, que contou com a atuação de diversas equipes até que fosse ultimada a mudança de sua família para o RUC Água Azul. Ele e sua família (12 pesso-as) aguardavam a mudança numa casa alugada na “Invasão dos Padres”. O lo-cal não possuía qualquer infraestrutura e também seria alagado após conclusão das obras.

Se de um lado era bom ver que o acordo facilitado pela atuação da De-fensoria Pública da União junto à Nor-te Energia S.A. – NESA estava sendo cumprido, diversos questionamentos vinham à mente: Como viveria Sr. Otá-vio, um pescador, “no meio da cidade”, longe de seu ambiente? Sua família se adaptaria à nova vida? Conseguiriam se estabelecer? São indagações que apenas o tempo responderá...

A sensação que guardei foi que a cada equipe que chegava novas dificul-dades eram criadas, de regra sob o ar-gumento de que o procedimento havia sido ajustado com a equipe anterior, talvez imaginando, equivocadamente, diga-se, que não havia diálogo entre os coordenadores que se revezaram. E

a cada coordenação cabia superar os entraves iniciais e readequar o procedi-mento, buscando sempre equacionar os problemas para que as negociações não fossem encerradas sumariamente pela Norte Energia S.A. – NESA.

Se de um lado retornei com diver-sas frustrações pelos acordos não realiza-dos, pelos obstáculos que não consegui-mos superar, de outro me acompanhava a certeza de que a atuação em Altamira não poderia cessar, que nossa presença era essencial.

Acertadamente a Administração Superior decidiu instalar uma unida-de em Altamira, mantendo, até a lota-ção definitiva dos Defensores Públicos Federais, as equipes de atuação, ainda que reduzidas, visando evitar solução de continuidade no atendimento à popula-ção impactada pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Restam agora as memórias dos diálogos com os movimentos sociais e com os assistidos, das visitas às áreas im-pactadas, porém, não fugirá jamais de minha memória a imagem das obras e do passeio de voadeira pelo Rio Xingu. Se de um lado impressiona a capacidade que o ser humano tem para desenvol-ver projetos grandiosos, de outro, choca ver a extensão da destruição que estas mesmas obras podem causar. Florestas devastadas, vegetação suprimida, ilhas que deixaram de existir, cursos d’água alterados, enfim, uma série de proble-mas ambientais.

Fica o desejo de que o Núcleo de Altamira possa se estruturar para dar a adequada assistência a essa população assolada por tamanha destruição, ou “impacto”, como preferem os técnicos.

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EntrevistaEntrevista concedida por Antônia Melo – Coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre

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1. Qual o impacto da insta-lação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte para a população de Altamira/PA, em especial para a população indígena?

Os impactos da UHE Belo Mon-te para a população de Altamira foram e estão sendo incalculáveis. Milhares de famílias estão sofrendo os resquí-cios da expulsão das suas casas, dos seus territórios, das suas vizinhanças, dos seus laços de parentesco, dos seus modos de vida. As referências entre os bairros, as áreas de lazer, as institui-ções, as igrejas, as escolas, os órgãos de segurança e a justiça, entre tantas refe-rências e memórias construídas ao lon-go de muitos anos, tudo isso foi des-truído pela atuação forçada e arbitrária da empresa Norte Energia S.A e pelo Governo Federal com a aplicação da lei de utilidade pública dos territórios da população atingida pelas obras de Belo Monte. As perdas causadas pelo Projeto Belo Monte são irreparáveis.

Sobre as populações indígenas, os impactos são imensuráveis, haja vista que o Ministério Público Federal ajui-zou 25 Ações Civis Públicas (ACPs), entre essas, a maioria se referente às violações dos direitos dos povos indí-

genas, inclusive a última das ACPs. O MPF denuncia o Governo Federal e a Norte Energia por etnocídio, o que mostra o grau de violação aos direitos desses povos indígenas do médio Xin-gu.

2. Considerando seu empe-nho na mobilização para insta-lação do Núcleo da Defensoria Pública da União em Altamira/PA, qual sua opinião quanto à atuação do órgão?

A DPU, dentro das suas possi-bilidades estruturais mínimas, vem atuando de forma satisfatória junto ao governo, à empresa Norte Energia S.A e ao Judiciário Federal em prol da população, priorizando a defesa dos direitos das famílias afetadas por Belo Monte. Os defensores e defensoras vie-ram à Altamira para assumir a missão difícil, porém honrosa de atender a milhares de pessoas massacradas, vio-lentadas nos seus direitos à dignidade humana, estraçalhadas pela prepotên-cia, arrogância e ditadura do governo e das empresas construtoras de Belo Monte, convivendo assim com a cri-minosa negação de seus direitos de defesa! Portanto, essas autoridades éti-cas, defensoras dos direitos humanos

pela lei, são humanamente valorosas, e têm toda nossa gratidão. Nossa luta é para que a DPU seja ampliada e bem estruturada com mais defensores e de-fensoras para ajudar a população des-ta região, cheia de conflitos agrários e violação dos direitos humanos.

3. Qual a importância do contato dos movimentos sociais com a Defensoria Pública da União?

É muito importante ter o apoio dos movimentos sociais, porque com-preendemos que a DPU não é um órgão distante da realidade e dos pro-blemas da sociedade. A luta dos movi-mentos sociais é para que a Defensoria Pública da União seja de direito e de fato uma Defensoria do Povo!

4. Qual a situação de Alta-mira/PA nos dias atuais, com o avanço/conclusão das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Mon-te e como a Defensoria Pública da União poderia continuar ajudando com as demandas do Xingu Vivo?

A situação da nossa cidade de Altamira é caótica em todas as áreas das políticas públicas. Com o término dessa fase das obras, houve aumen-

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to do desemprego, da violência e da prostituição. Adolescentes e jovens se envolvem cada vez mais com drogas e a taxa de criminalidade sobe cons-tantemente. Além disso, não existem políticas públicas para a infância e ju-ventude, o que demonstra a inação das autoridades governamentais. Estamos numa situação drástica sobre água e saneamento, não há mais espaços de lazer, educação, saúde e a segurança é ineficaz para o público, devido à alta demanda. A maioria desses condicio-nantes não foi garantido a contento pelo empreendedor. Belo Monte trou-xe para as famílias um adoecimento humano que atinge em maioria as mu-lheres. Ainda há muitas famílias que estão com processos, exigindo direitos como indenização e moradia, enfim, há várias formas de violação dos di-reitos humanos, dos expulsos afetados por Belo Monte. Portanto, é impor-tante continuarmos dialogando neste espaço do Povo.

5. Após atuação da Defen-soria Pública da União e maior visibilização da situação dos mo-radores desapropriados, é possí-vel identificar melhorias? Que desafios vislumbra para o futuro?

Sim, é possível identificar melho-rias por meio da ação em beneficio dos assistidos pela DPU, que buscou ne-gociações com a empresa Norte Ener-gia S.A, garantindo parte dos direitos, indenização, moradia, uma melhor

segurança a muitas famílias, melhorias também foram constatadas no aco-lhimento das pessoas que buscam um espaço para serem atendidas em suas denúncias e na busca por justiça.

Os desafios para o futuro são imensos. Nesses projetos hidrelétricos, as empresas costumam deixar mui-tas pendências, violar os direitos dos afetados, ajuizar ações dos afetados na justiça para ganharem tempo para não

garantir direitos, sabendo-se que po-cessos na justiça demoram anos a fio. Portanto, a importância da DPU na continuidade da defesa e garantia dos direitos deve ser uma constante luta daqui para frente, mesmo assim os milhares de afetados e violentados por Belo Monte nunca mais terão a garan-tia dos seus modos de vida.

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DPU Belo Horizonte: pioneira na realização de ações itinerantes pelo projeto “Defensoria para Todos” Por Zuleide Ferreira Filgueiras – Servidora da assessoria do GADBDRDH-MG.

Tudo começou com um sonho. Um sonho compartilhado comigo por alguém que, como eu, nasceu com aquela vontade teimosa de contribuir de alguma forma para a transformação da realidade social. Nosso desejo era promover o acesso à Justiça, condição essencial para a afirmação da dignidade humana, em uma das regiões mais po-bres do estado de Minas Gerais, na qual grande parte da população encontra-se excluída do acesso a bens, serviços pú-blicos e proteção social.

Não tínhamos ideia de como con-cretizar esse sonho, mas sabíamos com quem podíamos contar.

Assim, em novembro de 2015, fui

falar sobre esse sonho com o Defensor Estêvão Ferreira Couto, que na ocasião, além de titular do ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva, era o Coor-denador de Projetos Especiais, na uni-dade da Defensoria Pública da União em Belo Horizonte, na qual sou servi-dora em exercício desde 2008.

Com a sua autorização instaurei o processo SEI 08139.001202/2015-18 e expus, no primeiro documento, intitulado ‘Apresentação CPES MG 1088515’, o nosso sonho de levar o atendimento da Defensoria Pública da União a três municípios do Médio Je-quitinhonha: Berilo, Chapada do Norte e Minas Novas.

Várias etapas foram percorridas, depois disso, todas registradas nesse SEI, até eu resolver encaminhar, em 17 de fevereiro de 2016, ao Secretário de Atuação Itinerante em Exercício, o ‘Me-morando 2 (1181930)’, no qual apre-sentei a proposta da ‘Ação Itinerante Médio Jequitinhonha’, da qual destaco o seguinte trecho:

“Nossa intenção é que a ação seja conduzida pela unidade da DPU/MG, visto todo o histórico do projeto, do planejamento aos contatos com os parceiros e os municípios, ter sido de-sempenhado no âmbito do núcleo de Belo Horizonte. Ademais, os parceiros Rondon Minas e INCRA/MG, que fa-

“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos, é o começo da realidade.”

Miguel de Cervantesem Dom Quixote

Foto: Zuleide Ferreira Filgueiras

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Foto: Zuleide Ferreira Filgueiras

rão parte da equipe que se deslocará ao Médio Jequitinhonha, já se encontram afinados com a equipe de trabalho da Coordenadoria de Projetos Especiais da DPU/MG.”

A resposta enviada, em 15 de março de 2016, pelo Despacho SIT DPGU 1222577, foi introduzida pela apresentação do projeto “Defensoria para Todos”, até então completamente desconhecido por mim, seguida das se-guintes informações:

“No que concerne ao reque-rimento constante do processo SEI 08139.001202/2015-18, da Coorde-nação de Projetos Especiais da De-fensoria Pública da União em Minas Gerais, a Secretaria de Atuação Iti-nerante - SIT identificou que a ação atende aos objetivos do projeto “De-fensoria para Todos”.

Logo, indaga-se à unidade da Defensoria Pública da União em Belo Horizonte/Minas Gerais se há inte-resse na adesão ao projeto “Defensoria para Todos” para a execução da ação estruturada para o Médio Jequitinho-nha/MG.”

Diante a pergunta inusitada, a DPU em Belo Horizonte, apesar de desconhecer a metodologia do “Defen-soria para Todos”, não somente aderiu ao projeto e executou a ‘Ação Itinerante Médio Jequitinhonha’, a unidade se en-gajou completamente nesse novo pro-grama, apresentando, mais tarde, outras 15 (quinze) propostas de ações itine-rantes, que previam alcançar 30 (trinta) municípios de Minas Gerais, durante o exercício de 2016, por meio do Proje-to Básico CPES MG 1241156, do SEI 08139.000343/2016-96.

Nesse projeto básico, destaco mais uma vez a receptividade e con-fiança do Defensor Estêvão Ferreira Couto, que além de assinar comigo o conjunto das novas propostas, assumiu meus ocasionais equívocos, ao enca-minhá-lo ao Defensor Público-Chefe, nos seguintes termos:

“(...) encaminho para aprecia-ção o maior conjunto de propostas de ações itinerantes, elaboradas pela Coor-

denadoria de Projetos Especiais da DPU/MG, em atendimento à solicitação do Excelentíssimo Defensor Público-Geral Federal em exercício, Dr. Lúcio Ferreira Guedes.

Gostaria de destacar, em primei-ro lugar, que este trabalho não teria sido possível sem o comprometimento e a dedicação incansáveis da servidora Zuleide Ferreira Filgueiras que bus-cou dados, aprofundou pesquisas e fez com que as propostas estivessem ade-quadas aos formatos administrativos internos da DPU. Os méritos são to-dos dela e os eventuais erros são meus, pois, assoberbado na minha rotina de trabalho, não consegui revisar todos os

detalhes. (...)”

Após aprovado pela Secretaria de Ação Itinerante – SIT, vários membros e servidores da DPU de Belo Horizonte se dispuseram a participar dos itineran-tes e o processo de seleção das equipes, sempre precedido por um edital inclusi-vo, transparente e democrático, tornou-se cada vez mais esperado e disputado.

O projeto se consolidou tanto em nossa unidade, que foi necessário redigir o Manual CPES MG 1356943, com o propósito de reunir informações e sis-tematizar rotinas administrativas, que

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pudessem servir de instrumento de con-sulta e orientação, dos defensores e ser-vidores, no cumprimento das etapas de realização das ações.

Os resultados alcançados em 2016 superaram as nossas expectativas, con-tabilizando a abertura de 1.041 PAJs e o atendimento de aproximadamente 4.880 pessoas, apesar de não ter sido possível efetivar todo conjunto de pro-postas, devido ao período eleitoral e à greve dos defensores.

Merece destaque também a ex-celente receptividade dos municípios-alvo, grandes parceiros na realização dos eventos, bem como a iniciativa de municípios não contemplados, que, ao conhecerem o projeto, acionaram nossa unidade solicitando sua inclusão no ca-lendário de 2017.

Como exemplo do último caso, transcrevo a manifestação do municí-pio de Francisco Badaró, cujas palavras emocionaram nossa equipe, tanto na solicitação do atendimento, quanto na exteriorização do agradecimento.

Solicitação:

“Com nossos cordiais cumpri-mentos venho por meio deste solicitar de vossa senhoria inclusão do municí-pio de Francisco Badaró na ação que foi desenvolvida na vizinha Berilo, onde pude perceber a importância da Defensoria próxima ao nosso povo. Saliento, pois, que encontramo-nos no Médio Jequitinhonha (nordeste de Minas Gerais) epicentro da seca e da crise avassaladora que se impõe em

nosso país e tendo a simplicidade de nosso povo, muitas vezes, seus direitos ficam em segundo plano, devido à falta de informação e de acesso aos órgãos que poderiam os ajudar. Ao verificar o grande trabalho desenvolvido no mu-nicípio vizinho de Berilo, gostaríamos de poder contar com vossa sensibili-dade em incluir Francisco Badaró em vosso roteiro para que esta belíssima ação também possa ser desenvolvida junto aos badorenses. Nós como ges-tores, oferecemos nossa infraestrutura para que possamos tê-los conosco.”Agradecimento:

“Gostaria de agradecê-la por todo carinho, atenção e hombridade que teve comigo! Nesse mundo que vivemos, são raras as pessoas com o coração bom e disposto a partilhar o que aprenderam com o próximo. E vo-cês deram essa lição! Vivemos em um mundo no qual o individualismo e o egocentrismo imperam sobre todos os outros princípios norteadores de nos-sas vidas! A disputa pelo espaço provo-ca no ser humano uma força negativa e de disputa tão grande, ao ponto de des-truir vidas! Vocês nos deram lição de como é bom ser humildes, educados, atenciosos e carinhosos com todos, in-dependente de raça, cor, religião, classe e região! Precisamos de mais pessoas assim, caso contrário, o futuro da hu-manidade estará próximo!

Obrigado por existirem! Obriga-do por terem dedicado esses três dias ao nosso povo sofrido do Vale do Jequiti-nhonha. Vale onde a riqueza cultural impera, mas que a pobreza de acesso ao judiciário (garantido, em tese, pela

Constituição) é clara e evidente!Nosso povo certamente está mui-

to feliz, pois teve a oportunidade de ser ouvido (sem pressa, com calma e de forma gratuita). Tenho certeza de que muitos daqueles rostos ficarão em vos-sas memórias. Rostos de pessoas que precisam urgentemente do braço da justiça para que possa se garantir o mí-nimo básico para suas sobrevivências: o direito à saúde!

No mais... Estarei aqui, nesse rin-cão, no Vale do Jequitinhonha, nesta pacata cidade, de pessoas hospitaleiras, sempre à disposição! Espero receber a visita de vocês, não a trabalho, mas para abrilhantar nossa tradicional festa em honra a Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Sucuri-hú. Te-nham uma viagem abençoada e prote-gida pelo Pai Celestial! Abraço a todos!

Saudades!”

Ao meu ver, a descentralização das ações itinerantes, proposta pelo projeto “Defensoria para Todos”, foi uma das iniciativas mais acertadas da Adminis-tração Superior em 2016, pois outorgou às unidades a competência de elaborar seus próprios itinerantes, com critérios estabelecidos regionalmente, e, ao mes-mo tempo, a responsabilidade de geri-los, assumindo o acompanhamento de suas etapas e procedimentos, incluindo a resolução dos erros cometidos. Além disso, o projeto é relevante nas agendas de igualdade e cidadania, à medida que contribui para a transformação social, ao ampliar a oportunidade de acesso das minorias e grupos vulneráveis à Justiça.

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Informativo da ESCOLA SUPERIOR • Diagramação ASCOM • CONTATO: [email protected] (61) 3318.0287 www.dpu.def.br Escola

Superior

NO

TAS

FIQUE POR DENTRO

Em breve, a Escola disponibilizará, no

Ambiente Virtual de Aprendizagem, dois

novos cursos: Redação Oficial, autoinstru-

cional, que tem o objetivo de aprimorar a

produção de textos oficiais dos colaborado-

res da DPU; e o curso de Direito Adminis-

trativo, que capacitará Defensores Públicos

Federais e demais servidores em aspectos

práticos no campo do Direito Administra-

tivo, no que diz respeito aos Atos Adminis-

trativos e ao Processo Administrativo.

VOCÊ SABIA QUE...

Este ano o processo de editoração da

Revista da DPU foi integrado ao sistema

SEER, software que possibilita a gestão

de periódicos online. A próxima edição,

com publicação prevista para o segundo

semestre de 2017, será a primeira após a

implantação sistema. Lembramos que o

Boletim RIPAJ e a Revista da REDPO

estão com chamada de trabalhos aberta e

que o fluxo de recebimento de trabalhos

para a Revista da DPU é contínuo.

FIQUE POR DENTRO

Está sendo estruturado curso de aper-

feiçoamento em Língua Portuguesa, pre-

visto para setembro/outubro deste ano,

no período noturno. Além disso, está

em formatação o curso “Introdução ao

Orçamento Público e à Administração

Financeira e Orçamentária”, para capaci-

tar a equipe da Secretaria-Geral de Con-

trole Interno e Auditoria – SGCIA. Há

previsão de vagas a outras secretarias da

DPGU.

FÓRUM DPU

Assunto: DPU Itinerante | Edição 9, ano 2017

CONTEÚDO DIGITALAlém de receber o jornal Fórum DPU impresso trimestralmente, a partir desta edição também será possível ter acesso a um conteúdo online atualizado e complementar às discussões e às experiências iniciadas na versão impressa. Confira o conteúdo extra disponibilizado online:

Acesse a versão online: http://www.dpu.def.br/esdpu/forumdpu

ÁUDIO: A versão online conta com audioartigos. Ao clicar no ícone, os textos do jornal pode-rão ser ouvidos na íntegra. Este recurso torna o periódico mais acessível a todos.

FOTOS E VÍDEOS: Além disso, o espaço online contará com uma galeria de fotos e víde-os, tornando assim a experiência da leitura ainda mais enriquecedora. Esta edição traz o depoimento da Dra. Carolina Botelho sobre atuação em itinerantes indígenas no Ceará.

TEXTOS: No ambiente online, também será possível encontrar textos extras. Acesse e leia o trabalho de Zuleide Figueiras sobre a atuação itinerante em Belo Horizonte/MG