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1 PUBLICADA NO DPL NO DIA 13 DE MAIO DE 2015 TERCEIRA SESSÃO ESPECIAL DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA LEGISLATURA, REALIZADA EM 29 DE ABRIL DE 2015. ÀS QUINZE HORAS E VINTE E OITO MINUTOS, O SENHOR DEPUTADO NUNES OCUPA A CADEIRA DA PRESIDÊNCIA. A SR.ª CERIMONIALISTA (ESPERANÇA ALLEMAND) Senhoras e senhores, Senhor Deputado Nunes e telespectadores da TV ALES, boa-tarde. É com satisfação que a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo recebe todos para a sessão especial com o objetivo de debater e discutir sobre os impactos do Projeto de Lei n.º 4.330 e a precarização do trabalho. Já se encontra à Mesa o Senhor Deputado Nunes, proponente desta sessão especial e presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e Direitos Humanos desta Casa, para os procedimentos regimentais de abertura desta sessão. O SR. PRESIDENTE (NUNES - PT) Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão e procederei à leitura de um versículo da Bíblia. (O Senhor Deputado Nunes lê Romanos, 08:37) O SR. PRESIDENTE (NUNES - PT) O Presidente, de ofício, dispensa a leitura da ata da sessão anterior. Informo a todos os presentes que esta sessão é especial para discutir sobre os impactos do Projeto de Lei n.º 4.330 e a precarização do trabalho. A SR.ª CERIMONIALISTA (ESPERANÇA ALLEMAND) Convido para compor a Mesa o Doutor Fábio Eduardo Bonisson Paixão, Presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho Amatra 17.ª Região Espírito Santo; a Doutora Naiara Guimarães Campos Lírio, representando o Presidente da OAB-ES, Doutor Homero Mafra; a Senhora Noêmia Simonassi, Presidenta da Central Única dos Trabalhadores CUT-ES; o Senhor Jonas Rodrigues de Paula, Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil CTB-ES; o Senhor Lauro Queiroz Rabelo, Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores NCST-ES; o Senhor Idelmar Casagrande, Presidente Intersindical do Espírito Santo; e o Senhor Júlio Cesar Mendel, Presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Espírito Santo. (Tomam assento à Mesa os referidos convidados) A SR.ª CERIMONIALISTA (ESPERANÇA ALLEMAND) Convidamos todos para, de pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional. (Pausa) (É executado o Hino Nacional) A SR.ª CERIMONIALISTA (ESPERANÇA ALLEMAND) Neste momento, fará uso da palavra o proponente desta sessão especial, Senhor Deputado Nunes. O SR. PRESIDENTE - (NUNES PT) Boa tarde aos companheiros e companheiras, primeiramente registro a alegria que sinto de receber cada um de vocês nesta Casa, que é do povo. Então, agradeço a cada um de vocês a presença, mais uma vez abrindo a porta deste Plenário, para que possamos recebê-los e travar o verdadeiro debate, principalmente em defesa dos interesses dos trabalhadores. É por conta desse motivo que nós estamos realizando esta sessão especial. Há um tema que está sendo debatido no nosso País e, por conta disso, fomos provocados pelos companheiros da CTB, da Nova Central Sindical de Trabalhadores, da Intersindical, da Central Única dos Trabalhadores, para que pudéssemos criar um ambiente e ter a oportunidade de debater o PL 4330, aprovado recentemente no Congresso, e agora encaminhado para o Senado. Precisamos ainda mais fazer esse debate e aprofundar as discussões sobre a maldade que esse projeto traz para a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. Por conta disso, farei uma leitura de um texto, uma contribuição do nosso gabinete, para que possamos ser orientado um pouquinho sobre essa discussão. Sob o pretexto de regulamentar a terceirização no Brasil, a Câmara dos Deputados aplicou o maior golpe

PUBLICADA NO DPL NO DIA 13 DE MAIO DE 2015 TERCEIRA …£o... · ÀS QUINZE HORAS E VINTE E OITO MINUTOS, O SENHOR DEPUTADO NUNES OCUPA A CADEIRA DA PRESIDÊNCIA. A SR.ª CERIMONIALISTA

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PUBLICADA NO DPL NO DIA 13 DE MAIO DE 2015

TERCEIRA SESSÃO ESPECIAL DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA

DÉCIMA OITAVA LEGISLATURA, REALIZADA EM 29 DE ABRIL DE 2015.

ÀS QUINZE HORAS E VINTE E OITO MINUTOS, O SENHOR DEPUTADO NUNES OCUPA A

CADEIRA DA PRESIDÊNCIA.

A SR.ª CERIMONIALISTA – (ESPERANÇA ALLEMAND) – Senhoras e senhores, Senhor Deputado

Nunes e telespectadores da TV ALES, boa-tarde.

É com satisfação que a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo recebe todos para a sessão

especial com o objetivo de debater e discutir sobre os impactos do Projeto de Lei n.º 4.330 e a precarização do

trabalho.

Já se encontra à Mesa o Senhor Deputado Nunes, proponente desta sessão especial e presidente da

Comissão de Defesa da Cidadania e Direitos Humanos desta Casa, para os procedimentos regimentais de abertura

desta sessão.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão e

procederei à leitura de um versículo da Bíblia.

(O Senhor Deputado Nunes lê Romanos, 08:37)

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – O Presidente, de ofício, dispensa a leitura da ata da sessão

anterior.

Informo a todos os presentes que esta sessão é especial para discutir sobre os impactos do Projeto de Lei n.º

4.330 e a precarização do trabalho.

A SR.ª CERIMONIALISTA – (ESPERANÇA ALLEMAND) – Convido para compor a Mesa o Doutor

Fábio Eduardo Bonisson Paixão, Presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho – Amatra – 17.ª

Região Espírito Santo; a Doutora Naiara Guimarães Campos Lírio, representando o Presidente da OAB-ES, Doutor

Homero Mafra; a Senhora Noêmia Simonassi, Presidenta da Central Única dos Trabalhadores – CUT-ES; o Senhor

Jonas Rodrigues de Paula, Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB-ES; o Senhor

Lauro Queiroz Rabelo, Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST-ES; o Senhor Idelmar

Casagrande, Presidente Intersindical do Espírito Santo; e o Senhor Júlio Cesar Mendel, Presidente da Federação

dos Trabalhadores da Agricultura do Espírito Santo.

(Tomam assento à Mesa os referidos convidados)

A SR.ª CERIMONIALISTA – (ESPERANÇA ALLEMAND) – Convidamos todos para, de pé,

ouvirmos a execução do Hino Nacional. (Pausa)

(É executado o Hino Nacional)

A SR.ª CERIMONIALISTA – (ESPERANÇA ALLEMAND) – Neste momento, fará uso da palavra o

proponente desta sessão especial, Senhor Deputado Nunes.

O SR. PRESIDENTE - (NUNES – PT) – Boa tarde aos companheiros e companheiras, primeiramente

registro a alegria que sinto de receber cada um de vocês nesta Casa, que é do povo.

Então, agradeço a cada um de vocês a presença, mais uma vez abrindo a porta deste Plenário, para que

possamos recebê-los e travar o verdadeiro debate, principalmente em defesa dos interesses dos trabalhadores. É por

conta desse motivo que nós estamos realizando esta sessão especial.

Há um tema que está sendo debatido no nosso País e, por conta disso, fomos provocados pelos

companheiros da CTB, da Nova Central Sindical de Trabalhadores, da Intersindical, da Central Única dos

Trabalhadores, para que pudéssemos criar um ambiente e ter a oportunidade de debater o PL 4330, aprovado

recentemente no Congresso, e agora encaminhado para o Senado. Precisamos ainda mais fazer esse debate e

aprofundar as discussões sobre a maldade que esse projeto traz para a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Por conta disso, farei uma leitura de um texto, uma contribuição do nosso gabinete, para que possamos ser

orientado um pouquinho sobre essa discussão.

Sob o pretexto de regulamentar a terceirização no Brasil, a Câmara dos Deputados aplicou o maior golpe

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aos direitos trabalhistas na CLT, ao aprovar o PL 4330. Esperamos que no Senado, onde o projeto está tramitando,

os procedimentos sejam mais democráticos, ouvindo os trabalhadores e suas entidades, que o Congresso rejeite o

projeto ou caso isso não aconteça, a Presidenta Dilma Rousseff o vete na sua totalidade.

Obviamente que tal PL, no mínimo polêmico e controverso, tramitou rapidamente sob a presidência

conservadora do Senhor Eduardo Cunha, com apenas dois meses foi aprovado na Câmara dos Deputados e está em

tramitação no Senado.

Está claro que este PL é uma exigência do grande capital nacional e internacional com o intuito de colocar

a classe trabalhadora brasileira novamente de joelhos, implodindo a sua capacidade de organização e resistência,

dentre outros terríveis malefícios. Pulverizando inclusive a sua capacidade de representação política, enquanto

classe. Aniquilando com as categorias atualmente organizadas e as suas negociações coletivas, rebaixando os

patamares alcançados em décadas de lutas. E que possibilitou, dentre outras, conquistas organizativas de grande

expressão política.

Os salários dos terceirizados são, em média, menores em cerca de vinte e cinco por cento e as jornadas

semanais têm acrescido de três horas no caso dos bancários, por exemplo. Essa diferença chega aos salários

menores em setenta e cinco por cento, acrescido em catorze horas semanais, comparando-se com os

correspondentes bancários.

De cada dez mortes no trabalho, oito envolvem trabalhadores terceirizados. Por quê? São menos capazes,

menos produtivos? Claro que não.

O PL 4330 é um objeto de lei maléfico para os trabalhadores. Nele também se estabelece possibilidades

infinitas de subcontratações de empresas, inclusive a legalização da figura dos PJS, as empresas de uma pessoa só,

sem qualquer direito trabalhista, porque nessa modalidade o trabalhador vira pessoa jurídica.

Empresas não adoecem, nem tiram férias, nem licença e nem aposentam. Ou seja, na terceirização

ilimitada, todos os riscos são transferidos para os trabalhadores. São três milhões de queixas judiciais que

anualmente dão entrada na Justiça do Trabalho. Destas trinta e cinco por cento tratam de ações contra as

terceirizadas. A maior queixa é sobre o calote de empresas intermediárias que fecham as portas, somem com o

dinheiro e deixam os trabalhadores desemparados. A maioria das empresas é fantasma, de fachadas e, como a juíza

de trabalho denominou, é carcaça de empresa.

Na realidade, precisamos, sim, ter uma legislação que impeça a mercantilização da mão de obra no Brasil e

efetivamente assegure direitos iguais para os trabalhadores que exerçam a mesma atividade ou função, seja dentro

ou fora das empresas. Ou seja, nas possibilidades legais que caibam algum tipo de prestação de serviços por

terceiros não pode haver qualquer espaço para nenhum tipo de precarização do trabalho.

Não é verdade, portanto, que estamos preocupados em proteger apenas os demais trinta e quatro milhões de

trabalhadores que compõem o mercado formal de trabalho no Brasil que serão alçados rapidamente à condição de

terceirizados ou prestadores de serviços precários, caso a lei seja aprovada. O que, aliás, já seria suficiente para

lutarmos para barrar essa aprovação. E também não é verdade que estamos apenas divergindo sobre a representação

desse segmento terceirizado, como maliciosamente alguns parlamentares e empresários vêm afirmando.

Dessa forma, queremos de fato que a Constituição Federal de 1988, ao estabelecer como princípio fundante

da sociedade brasileira o valor social do trabalho como um dos pilares na organização social seja respeitada e em

nome de uma sociedade de fato mais justa, fraterna e solidária.

Vamos à luta para que o Projeto de Lei n.º 4.330/2004 seja retirado, e caso isso não aconteça, que

pressionemos a nossa presidenta da República a vetar esse projeto por inteiro.

Muito obrigado mais uma vez a cada um e a cada uma dos presentes. A nossa ideia é justamente fazer um

debate e sair desta Casa com algumas sugestões para que possamos encaminhá-las logo em seguida. Uma delas,

com certeza, é fazer chegar essa nossa posição intransigente em defesa dos trabalhadores aos ouvidos dos

senadores que apreciarão essa matéria daqui a um tempo, ou seja, Magno Malta, Ricardo Ferraço e Rose de Freitas.

Essa é a nossa verdadeira intenção. E, além desses três senadores, também criarmos mecanismos para que

cheguemos àqueles deputados federais que, no primeiro momento, votaram contra o interesse dos trabalhadores,

que são no total de cinco parlamentares.

A intenção desta sessão especial é nos unir para que encontremos mecanismos que possam nos ajudar a

enfrentar essa maldade que querem fazer com os trabalhadores.

Pedimos que rodassem dois vídeos, e estamos tentamos uma forma de colocá-los no painel. A ideia era

passar os vídeos, em seguida abrir a fala para as pessoas que estão à Mesa e, depois, para os que estão no plenário.

Está junto conosco o Doutor Fábio Eduardo Bonisson Paixão, presidente da Associação dos Magistrados da

Justiça do Trabalho – Amatra, que fará uma fala para nós. A Amatra já se colocou há um bom tempo em favor dos

trabalhadores, ou seja, contra o Projeto de Lei n.º 4.330/2004. A Anamatra, de âmbito nacional, também já se

posicionou. Depois, o Doutor Fábio poderá usar a palavra por até dez minutos para fazer uma exposição. Depois

falará a representante da OAB, companheira Naiara Guimarães Campos Lírio. Tentaremos negociar com as centrais

sindicais. Pode ser? Qual o tempinho que os senhores acham? Pode ser cinco minutinhos? Para dizer a verdade ali

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embaixo sabem mais do que nós o malefício que essa PL traz para os trabalhadores. Então, damos oportunidade

também para as pessoas poderem falar.

Concedo a palavra ao Senhor Júlio Cesar Mendel, presidente da Fetaes - da Federação dos Trabalhadores

na Agricultura.

O SR. JÚLIO CESAR MENDEL – (Sem revisão do orador) - Boa-tarde, companheiros e companheiras.

Saúdo e parabenizo o Senhor Deputado Nunes, pela iniciativa de trazer as centrais, a Federação, a OAB, a Amatra,

para essa discussão da PL. Não vou me adentrar. Para ser bem rápido, quero dialogar com a proposta do Senhor

Deputado Nunes, precisamos ouvir muito a classe trabalhadora. Não adianta ficarmos aqui falando e quem está

sofrendo na pele somos nós.

Farei uma fala bem rápida e objetiva sobre a questão rural. Fazemos um debate muito forte da PL. Os

malefícios que trará para a classe trabalhadora, para o nosso Estado do Espírito Santo, a quantidade de

trabalhadores que serão afetados no meio rural com essa PL.

A informalidade no meio rural já é muito maior do que no meio urbano e isso é um desrespeito com a

classe trabalhadora. No meio rural muitos trabalhadores já sofrem diretamente, antes de ter a PL no grau da

informalidade. O Espírito Santo hoje é um dos Estados com maior grau de informalidade no campo e infelizmente

alguns parlamentares deste Estado, que se beneficiaram do voto inclusive dos trabalhadores rurais, vêm apoiar uma

PL que só traz a retirada do direito dos trabalhadores.

Se vocês imaginarem a carga horária dos trabalhadores urbanos, imaginem os trabalhadores que trabalham

em fazendas, que precisam sair três horas da manhã para conseguir chegar às sete horas no posto de trabalho e

chegar de volta às oito da noite em suas residências pela locomoção e muitos deles, já é a prática, não têm carteira

assinada.

Senhor Deputado Nunes, temos que ir pra cima mesmo. Entregamos uma pauta a Presidenta Dilma

Rousseff na semana passada, em Brasília, de todas as confederações e federações dos Estados. Iremos às ruas sim

para que seja vetado, Lauro Queiroz e Noêmia Simonassi, porque isso tira o direito do trabalhador.

Está acontecendo nesse momento em Brasília um festival da juventude rural da América Latina, com mais

de cinco mil jovens, que também, estão indo às ruas contra a PL.

Então, precisamos nos fortalecer: todas as centrais, as federações e os sindicatos. Não tenho dúvida que

somos fortes e conseguiremos fazer com que seja vetado, mantendo assim o direito mais do que merecido dos

trabalhadores, que fazem o Estado e o Brasil se desenvolverem. Sem a classe trabalhadora, este Estado morre e não

desenvolve. Então, é preciso respeito com essa classe trabalhadora.

Obrigado. (Muito bem!)

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Obrigado, Júlio Cesar Mendel.

Gostaria de registrar a presença do Senhor Antonio Jorge, presidente do Sindipropag; do Senhor José

Carlos Lourenço, diretor sindical do Sintraconst; do Senhor Josué King Femur, vice-presidente da CTB; do Senhor

Jackson Andrade Silva, presidente do Sindicomerciários; do Senhor Miguel Júnior, secretário-geral do Sintraconst;

da Senhora Pretinha, nossa queridinha, diretora do Sintraconst; do Senhor Robson Henrique, diretor do Sindimetal;

do Senhor João Vailati, presidente do Sinditavi; da Senhora Lorena P. Silva, delegada; do Senhor José Adilson

Pereira, presidente do Sindicato dos Estivadores; do Senhor Leandro Machado, presidente do Sindilegis; do Senhor

Cleber Lanes, assessor parlamentar do Senhor Deputado Givaldo Vieira; do Senhor Edailson Faroni, assessor do

Senhor Deputado Federal Helder Salomão; do Senhor Carlos Araújo - Carlão, coordenador-geral do Sindicato dos

Bancários; do Senhor Edson Wilson, presidente do Sinergia; do Senhor Welington Bezerra, presidente do Sindicato

dos Frentistas; e do Senhor José Pereira, presidente do CTB.

Assistiremos a dois vídeos, que tenho certeza absoluta de que serão frutos de muito debate nesta Casa.

(Pausa)

(São exibidos os vídeos)

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) - Gostaria de pedir desculpas aos presentes, porque, na realidade,

não são estes os vídeos que seriam reproduzidos. Até porque, se fossem, não precisariam dos debatedores nesta

audiência.

O vídeo mostrado retrata mais a área técnica. E nesta audiência temos dois companheiros, que com certeza

têm acúmulo suficiente para explicar toda essa questão mais técnica, mais jurídica da PL.

Nossa intenção não era essa, e sim passar um vídeo da Findes, que está sendo veiculado, que parece até que

essa federação é defensora dos direitos dos trabalhadores, a tal ponto de dizer que esta PL trará benefícios para os

trabalhadores. Então, era um vídeo para compararmos o que uma federação da indústria tem feito para tentar

aprovar um projeto que só beneficia os interesses da classe empresarial.

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O outro é um vídeo que vários artistas têm feito, inclusive, tem veiculado nos meios de comunicação,

falando dos malefícios desse projeto de lei. A ideia era fazer a apresentação desses dois projetos, mas me parece...

(É exibido o vídeo)

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Concedo a palavra ao companheiro Lauro Queiroz Rabelo por

até cinco minutos.

O SR. LAURO QUEIROZ RABELO – (Sem revisão do orador) – Boa-tarde a todos, aos companheiros

e companheiras! Cumprimento o nosso companheiro, Senhor Deputado Nunes; o Doutor Fábio Eduardo Bonisson

Paixão, representante da Amatra; a Doutora Naiara Guimarães Campos Lírio, representando a OAB/ES; a

companheira Noemia Simonassi, representando a CUT; o companheiro Jonas Rodrigues de Paula, representando a

CTB/ES; o companheiro Idelmar Casagrande, Presidente Intersindical; o nosso companheiro Júlio Cesar Mendel,

da Fetaes, e demais autoridades presentes.

Noticio a representação do Somtimes. Por esquecimento alguém não preencheu, na entrada, a ficha dos

companheiros representantes do sindicato do Setor Moveleiro. Vários estão presentes e também há alguns das

centrais sindicais. Boa-tarde a todos.

Quero informar aos companheiros que o PL 4330/2004 foi apresentado pelo Senhor Deputado Sandro

Mabel, do Partido Liberal, em 2004. A proposição libera terceirização de todas as atividades de uma empresa, cria

regras de sindicalização dos terceirizados e prevê a responsabilidade solidária da empresa contratante e da

contratada nas obrigações trabalhistas. Porém rasga a carteira de trabalho e a CLT; castra parte dos direitos

trabalhistas de todos os companheiros trabalhadores do nosso País; elimina praticamente as nossas convenções de

trabalho e os acordos coletivos que as entidades celebram com as empresas; implanta os contratos de prestação de

serviço de qualquer natureza e prejudica a legislação de saúde e segurança no trabalho; retira dos trabalhadores a

estabilidade no emprego, e rebaixa o salário e tira as vantagens conseguidas durante o período de trabalho.

Hoje temos essas vantagens nas convenções asseguradas, pois temos anuênio, quinquênio e uma

indenização que é negociada pelos sindicatos no caso do trabalhador se aposentar. Temos a situação de várias

empresas grandes no mercado que têm o plano de cargos e salários. Tudo isso deixa de existir porque a partir da

hora que passarmos a trabalhar em uma empresa terceirizada, os senhores podem ter certeza de que teremos um

período máximo de vínculo de emprego de três, quatro, cinco meses.

Outra situação agravante é que hoje todo funcionário de uma empresa de atividade fim poderá ser

empreiteiro, poderá ser contratado como proprietário de empresa. A atividade fim praticamente se extinguirá,

acabará.

Observa-se que se esse projeto passar no Congresso Nacional, acabará a atividade fim e todo e qualquer

trabalhador de uma empresa saudável, de uma empresa com pé no chão, serão terceirizados porque todos os setores

serão terceirizados. E se serão terceirizados diminuirá o salário. O que a Findes está falando naquele vídeo é

totalmente o contrário do que acontecerá, porque a partir da hora que terceirizamos estamos visando lucro. Se

estamos visando lucro, jamais daremos todas as vantagens ao trabalhador, aquelas vantagens conseguidas com

nosso sangue, com nossa luta durante todo o período que estivemos brigando por esses direitos em Brasília.

Conseguimos a participação nos lucros e resultados, com muita luta, com muita greve e com sangue de

vários companheiros que perderam até a vida nessas passeatas e no dia a dia nas ruas de nosso País. Como

receberemos a participação nos lucros e resultados se somos empregados de empreiteiras? Se não temos

estabilidade do emprego? Como ficará a saúde do trabalhador? Como ficará a fiscalização? Hoje já estamos com a

fiscalização precária no Ministério do Trabalho porque não temos fiscais e não temos recursos. Como ficará essa

situação a partir da terceirização?

Quero conclamar todos os companheiros porque precisamos sim, Senhor Deputado, ir às ruas e fazer

nossas greves. Precisamos parar o País e provar que realmente isso acabará tornando precário o direito do

trabalhador e tirando todas as nossas conquistas. Já estou concluindo porque nosso tempo está esgotado, mas quero

propor à Mesa e a todos os companheiros das centrais que façamos também um vídeo e coloquemos na televisão

rebatendo o que a Findes está fazendo contrário ao trabalhador. Muito obrigado. (Muito bem!)

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado, Lauro Queiroz Rabelo.

Concedo a palavra ao Senhor Idelmar Casagrande por até cinco minutos.

O SR. IDELMAR CASAGRANDE – (Sem revisão do orador) – Boa-tarde a todos! Cumprimento o

Senhor Deputado Nunes pela abertura desta Casa, a casa do povo, para discutir um assunto que poucas vezes na

história deste País afeta tanta gente. Tantas coisas são debatidas nesta Casa que não têm nada a ver com o povo,

mas o projeto de terceirização afeta a todos e não somente àqueles que hoje estão empregados em bancos, em

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escolas e nas indústrias, mas inclusive aos estudantes, e muitos estão aqui, muitos estiveram no dia 15 nas ruas e

sabem que entrarão no mercado de trabalho cada vez mais precário.

O falso discurso dos empresários da Findes, aqui representando o patronato do Espírito Santo, fala bem

isso. O falso discurso de organizar parte dos já terceirizados hoje quer partir do princípio de terceirizar não só os

doze milhões, mas mais de quarenta milhões de trabalhadores deste País.

Não é estender direitos aos doze milhões de trabalhadores, é estender poucos direitos dos doze milhões de

trabalhadores terceirizados para mais de quarenta milhões de trabalhadores do País. Esse é o projeto colocado.

Infelizmente, como o Lauro disse, para sabermos quem fez esse projeto em 2004... Antes de vir a esta Casa, quando

entrei na internet para ler meu e-mail, uma manchete estampava que o ex-deputado Sandro Mabel agrediu um

repórter que foi questioná-lo sobre o projeto de lei para sabermos a truculência que o empresariado usa no dia a dia,

como este vídeo da Findes. E nós, trabalhadores, estamos unidos para mostrar que não é somente nós que estamos

preocupados com isso. Não só as categorias que estão presentes, não só os estudantes. E com muito orgulho, temos

ao nosso lado, há anos, no Fórum Nacional dos Atingidos pela Terceirização, bravos guerreiros, ministros do TST,

juízes do Trabalho do Brasil inteiro, associação de classe de fiscais do trabalho, estudiosos da Unicamp e de outras

universidades, para mostrar que o papel social que esse projeto terá é do extermínio da qualidade de vida neste

País. Não podemos ficar à mercê da ganância do empresariado e cada vez abrir nossas guardas e não se esquecer da

inclusão dos milhões e milhões de trabalhadores precarizados, terceirizados, que vivem por aí.

Falando da saúde dos trabalhadores, a maior parte das pessoas que está afastada do trabalho por motivo de

saúde neste País é de empresa terceirizada. Recentemente tivemos, na costa do Espírito Santo, um acidente do

navio plataforma. Todos que morreram eram de empresas terceirizadas. Isso não é isolado.

Segundo levantamentos da Petrobras, mais de noventa por cento dos acidentes da Petrobras são dos

terceirizados. As empresas não querem pagar só poucos direitos para seus trabalhadores, não querem diminuir só o

salário. Mas querem diminuir as condições de trabalho, e a precarização cada vez maior. Não que esses

trabalhadores, que morreram, que sofrem acidentes, são inconsequentes. Eles não têm condições físicas,

psicológicas nem de preparação para fazer esses trabalhos.

Queremos defender um trabalho digno, que a gente tenha orgulho de ser trabalhador e não fingir que

sobrevive com a carteira assinada de qualquer maneira. Este é o desafio da Intersindical, recém-formada,

comemorando há pouco tempo, um ano: unir os trabalhadores, unir aquilo que o capital separa, unir aquilo que o

capital precariza, terceiriza.

Temos que estar aqui e essa unidade de estudantes, de magistrados, de estudiosos, de trabalhadores de

todas as forças possíveis, infelizmente temos representantes de trabalhadores de centrais sindicais que foram

comemorar com a Fiesp a aprovação do PL 4330 na Câmara. Temos o maior desafio de unir os trabalhadores do

campo e da cidade, dos estudantes que vão entrar no mercado de trabalho cada vez mais precarizado, daqueles

juízes que têm a consciência de que votar os direitos dos trabalhadores no dia a dia, na hora de dar decisões, vai

ficar cada vez mais difícil de reconhecer isso.

Continuaremos na luta firmes e fortes e voltaremos às ruas, porque é na rua que demonstramos a

insatisfação da sociedade, que aprovou completamente as atividades do dia 15, sabendo que também serão

prejudicados com isso. Vamos seguir. A luta não começou e nem vai terminar aqui. Vamos todos arregaçar as

mangas porque é na rua que a gente tem que dar a resposta. (Muito bem!)

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado, Senhor Idelmar Casagrande.

Concedo a palavra ao Senhor Jonas Rodrigues de Paula, nosso amigo, presidente da CTB.

O SR. JONAS RODRIGUES DE PAULA – (Sem revisão do orador) – Senhor Deputado Nunes,

parabenizo V. Ex.ª por esta iniciativa e em seu nome cumprimento os demais componentes da Mesa. E,

obviamente, peço licença aos companheiros e companheiras para cumprimentar também nossos valorosos

companheiros da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, CTB.

Queridos, estamos diante, se não do maior acinte à classe trabalhadora do Brasil, esse é um dos maiores.

Não foram poucos os esforços para chegar onde estamos. Hoje vemos a classe empresarial, os donos do capital,

como sempre fizeram, exacerbando cada vez mais o seu lucro e precarizando cada vez mais a classe trabalhadora.

Estejam certos de que a nossa união vai permanecer, deverá permanecer firme para que possamos contrapor a esse

desmando precário provocado por aqueles que não conhecem, não entendem o que é não ter os seus direitos

precarizados. Aqueles que não conhecem o que é a acordar muito cedo para conseguir o pão de cada dia para si e

para a sua família.

Eu os convido para que juntos possamos refletir, Senhor Deputado Nunes, amigos Lauro e Idelmar, que

devemos continuar unidos fazendo um debate claro, convencendo a classe trabalhadora da necessidade de irmos à

rua quantas vezes forem necessárias. Não podemos continuar ou não podemos neste momento crucial entrar para o

estado de inércia. É assim que esses proponentes da precarização pregam. Não nos imudamos. Quando percebemos

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esse incomodo que eles estão tendo ao divulgarem nos canais de televisão os supostos benefícios, mais uma vez é

necessário que fiquemos muito mais desconfiados. Lembremos, o que produz a riqueza, meus prezados, é o

trabalho.

Se continuarmos, como estamos fazendo, juntos, unidos em defesa da nossa classe, porque somos

trabalhadores, e fazemos questão de formalizar, isso é peremptório; se efetivamente continuarmos nessa demanda,

com certeza, senhores e senhoras, companheiros e companheiras, vamos sim, cada vez mais conquistar o nosso

espaço, porque já basta. Precarização não! Avanço sim! E quando não é possível avanço, que consigamos resistir

naquilo que já conquistamos.

Portanto, a CTB traz a mensagem confirmando que onde estiver a defesa do trabalhador, a CTB estará

junto. Muito obrigado, Senhor Deputado. Um abraço! (Muito bem!)

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Obrigado, Jonas.

Concedo a palavra à companheira Noêmia Simonassi, presidenta da Central Única dos Trabalhadores.

A SR.ª NOÊMIA SIMONASSI – (Sem revisão da oradora) - Boa-tarde a todas e a todos. Cumprimento

a Mesa parabenizando o Senhor Deputado Nunes. Esse é realmente um deputado representante do povo, porque

essa não é a primeira audiência pública nesse pouco período de mandato. São várias audiências públicas que o

Senhor Deputado Nunes tem convocado. Realmente, S. Ex.ª não é um deputado no meio de nós, somos nós

trabalhadores dentro desta Casa de Leis. Esperamos que seja assim durante todo o seu mandato, porque estamos

juntos.

Cumprimento também todas as valorosas lideranças de todas as centrais presentes: Nova Central,

Intersindical, da CTB e da Central Única dos Trabalhadores. Precisamos dar uma misturada, tem amarelo, branco,

vermelho, vamos dar uma misturada porque estamos juntos e misturados.

Tem uma coisa importante nessa situação, gente. Entramos 2015 com muitos problemas para enfrentar. E

precisamos enfrentar, tenho certeza de que vamos vencer, sabe por quê? Porque o trabalhador é de garra, de luta,

trabalhador enfrenta polícia, enfrenta bomba de gás lacrimogênio, mas vamos em frente, não vamos arredar pé, não

vamos perder nossos direitos.

Como sou professora, gosto muito de contar história. Existem pessoas religiosas, outras não são, não tem

problema, nosso país é laico, tem todas as religiões e tem quem não tem nenhuma. Tem uma história na Bíblia que

diz do gigante Golias e Davi. Davi era um fraquinho e o gigante Golias estava indo achando que iria derrotar Davi,

mas Davi conseguiu derrotar o gigante com uma pedrada em sua cabeça.

Vejo Golias como o capital, o mercado, a Fies, esse povo da CNI, os empresários; e vejo Davi como nós,

trabalhadores e trabalhadoras deste país. A nossa pedra vai ser a união de todos nós, de todas as centrais, de todos

os trabalhadores do campo e da cidade porque essa nossa união é que vai derrotar esse grande império financeiro

que existe neste país.

Não adianta a Fies ir à televisão, à CNI, dizer que a terceirização é boa porque os trabalhadores já estão

vendo e a nossa manifestação dia 15 provou isso. Quando a polícia foi de encontro a nós, sem negociar, com toda a

truculência, a comunidade veio em nossa defesa, inclusive com pedras também, nos defendendo. Então é

importante que nós trabalhadores nos unamos.

Hoje, ao final desta sessão especial, estaremos a postos. Convido todos os presentes para panfletar nos

pontos. Já estamos montando um painel onde será falado sobre a terceirização. Em todos os momentos, em toda a

nossa base, temos que estar dizendo não à terceirização, não à precarização do trabalho, não à retirada de direitos.

Dia 1.º de maio vamos às ruas, cada um dentro do seu contexto. A Intersindical está organizando em

Marcílio de Noronha, a CTB está organizando, e a CUT, juntamente com a Fetaes, a Famopes e movimentos

sociais, está organizando em Camburi.

E queremos dizer o seguinte, no dia 1.º de maio temos que dar um levante neste país dizendo: os

trabalhadores brasileiros não vão arredar pé, não vamos permitir que tirem os nossos direitos. É avante, é para cima

deles porque vamos vencer. E abaixo o Eduardo Cunha porque ele não é nada se nos unirmos. Perante a população

brasileira e perante os trabalhadores, Eduardo não é nada.

É isso, gente. Força, união, vamos para cima que a gente vai conseguir vencer essa. Obrigada! (Muito

bem!)

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Obrigado, Noêmia!

Registramos a presença de Fernando Freitas, presidente da Fetam; de Silvana de Azevedo, diretora do

Sinpro-ES; de Maria Alice, representante do Sinteses; de Cesar Albenes, diretor de Formação do Sinpro-ES; de

Israel Teixeira, diretor do Sindimetal; de Jean Carlos Vieira, diretor do Sindicomerciários; de Antonio Carlos,

diretor do Sinpro-ES; de Rodrigo Souza de Jesus, diretor do Sindicato Sintraveic; de Rosania, assessora do

vereador Aecio Leite; de Maria Margaret Belmiro Lima, secretária da Mulher da CUT-ES; de Edson Gomes,

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presidente do Sindicato dos Técnicos Administrativos do Estado do Espírito Santo – SindEducação; e de Junior

Fialho, presidente do Sinpol-ES.

Parece-me que o outro videozinho está na ponta da agulha. Deixe quieto, deixe esse povo meu no gabinete

depois.

Por favor, exiba o vídeo.

(É exibido vídeo)

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Bacana. Na realidade a ideia era passar esses dois vídeos.

Primeiro, o da Findes, e depois, esse.

Esse vídeo da Findes é uma afronta à inteligência dos trabalhadores. Eu queria sugerir às centrais sindicais

fazer uma ação, uma petição, para pedir a retirada desse vídeo, que está sendo veiculado, porque ele não é

verdadeiro. Acho que temos de fazer isso coletivamente, todo mundo junto. As quatro centrais sindicais entrar com

uma petição, para que nós possamos retirar essa veiculação que a Findes tem no rádio e na televisão. É o mínimo

que devemos fazer para não deixar que a Findes fique enganando os trabalhadores dessa forma com esse vídeo. Era

só um pedido que eu queria fazer para os companheiros.

Concedo a palavra ao nosso amigo Fábio Eduardo Bonisson Paixão, presidente da Associação dos

Magistrados da Justiça do Trabalho, Amatra. Só para registrar, esse videozinho que acaba de passar é da Anamatra,

que é a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho.

O SR. FÁBIO EDUARDO BONISSON PAIXÃO – (Sem revisão do orador) - Boa tarde a todos. Num

primeiro momento a Amatra agradece o convite do Senhor Deputado Nunes, e também agradece aos demais

componentes da Mesa, que reduziram o tempo de fala, para que nós pudéssemos falar um pouquinho a mais.

A Amatra, como uma das filiadas da Anamatra, tem a mesma deliberação na diretoria, no sentido de ser

contrária ao PL, que trata da terceirização. O nosso estatuto não nos permite fazer política partidária. Então, nós

falamos em todos os lugares para os quais somos convidados, apesar de ultimamente não sermos muito convidados

pelos empresários quanto a esse tema.

Então, deixo isso bem claro, porque a nossa associação, a bem da verdade, digo que ela tem feição de

sindicato, mas é metida a não ser sindicato, é uma associação de magistrados. Estamos nesta Casa, e assim como

oferecemos suporte técnico no Congresso para os deputados, notas técnicas sobre projetos, estamos nesta Casa com

esse mesmo objetivo, de falarmos para todos e tratarmos da futura lei, em tese, certo?

Aproveito também a oportunidade, porque, na semana passada, teve uma fala muito infeliz de um deputado

federal para a CBN, taxando-nos de tendenciosos, de julgadores tendenciosos. Não tem maior ofensa para um

magistrado do que quando se diz que ele é tendencioso. O magistrado não é tendencioso, ele tem que cumprir a lei

do país. Às vezes, ele tem que falar que a lei é inconstitucional, porque por muitas vezes o Parlamento faz leis

inconstitucionais, mas dizer que um juiz é tendencioso é desmoralizá-lo.

Então, aproveito a oportunidade para dizer isso, para deixar claramente registrado que falamos em tese

sobre esse projeto de lei e não somos tendenciosos. Apenas relembremos neste momento a questão do direito

social, do direito protetivo ao trabalhador e do trabalho humano.

Só para arrematar essa questão da tendenciosidade ou não do juiz, por exemplo, quando um juiz que trata

da relação de consumo aplica uma lei do consumidor desfavorável a uma grande empresa fornecedora de um

serviço ou de um produto, ele não é tendencioso, apenas está aplicando o Código de Defesa do Consumidor, que

diz que o consumidor é a parte fraca da relação comercial, da relação de consumo.

Pois bem, a história do direito do trabalho, do trabalho humano - se eu for falar nesta sessão muito sobre a

história, começando em Adam Smith até chegar ao marxismo, teremos mais de meia hora. Pois bem, farei um

resumo: conforme já disseram antes de mim, o que gera o lucro, o que gera a riqueza é o trabalho humano. Então, o

trabalho humano sempre deve ser prestado sem intermediários, preciso de um trabalhador como empresário, eu

contrato aquele trabalhador. O normal é que seja assim, que ninguém se interponha naquele meio, naquela relação

jurídica, por quê? Preciso de um trabalhador e o trabalhador precisa trabalhar, por que teria de por um terceiro

naquele meio? Essa questão de colocar um terceiro na relação contratual é anômala, ela sequer deveria existir, ela

poderia ser justificada muito dificilmente.

Desse modo, a tônica do direito social é que o trabalhador se empregue diretamente na pessoa que precisa

daquele trabalho, e que ninguém possa ganhar para intermediar isso. Essa é uma conquista histórica do trabalhador,

porque a interposição de mão de obra pode ser equiparada até a um tráfico de pessoas, alguém que está vendendo

alguém. Agride um pouco dizer isso: tráfico de pessoas, mas talvez seja.

Há um jurista que foi meu orientador de mestrado, Márcio Túlio Viana, de Belo Horizonte, ele escreveu um

texto sobre terceirização, do qual sugiro a leitura para quem queira fazer a leitura mais aprofundada sob o aspecto

sociológico, porque, às vezes, perdemo-nos muito no jurídico e nos esquecemos de lembrar o que está por trás da

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lei, o que a originou. Há uma parte do texto dele que pode se dizer que é um pouco agressiva, mas talvez possa

dizer um pouco do que está envolto nesse debate parlamentar e social. Peço a permissão para ler, ele diz o seguinte:

Na verdade, toda forma de terceirização interna deveria ser proibida – interna é aquela dentro da

empresa –. Trata-se de uma das mais claras violações à dignidade humana. Afronta os direitos

fundamentais. Sem meias palavras, trata-se de um tráfico de pessoas. Não parece haver qualquer

diferença entre essa prática e a velha marchandage, contra a qual o Direito do Trabalho sempre

lutou. Sua admissão implica verdadeira ruptura de paradigma, um episódio de destruição criativa

tão profundo no campo jurídico, quanto o que atingiu os meios de transportes ou as

telecomunicações, no mundo tecnológico.

Então, o que Márcio Túlio diz é o seguinte, que, na tônica, a terceirização deveria ser proibida. É um fato

social.

No Brasil essa história começou na década de 70 pra 80, justamente no serviço público. A ironia do destino

é que agora o serviço público está proibido de utilizar a terceirização na atividade fim, pelo projeto que foi

aprovado.

Esse problema da terceirização veio como uma grande solução para o custo Brasil, para a modernização da

produção brasileira e isso abarrotou os tribunais. Estamos discutindo terceirização até hoje. A súmula do TST que

trata desse assunto foi construída com base em julgados, no início da década de 90, há mais de vinte anos.

Um dos argumentos fundamentais desse novo projeto é que vai parar essa briga, que será tudo pacificado,

que agora está tudo resolvido. A lei vai colocar os pingos nos is. Não vai, gente! Não vai. Hoje em dia o que temos

é o seguinte, a Justiça tentando administrar, como disseram antes, as carcaças de empresas, porque o que se

permitiu fazer até hoje foi um absurdo com a classe trabalhadora.

Os trabalhadores trabalham em empresas que desaparecem. É incrível uma empresa desaparecer. Quando

eu disse isto a um holandês ele disse: Mas me explica uma coisa, como é isso? A empresa some? A empresa some.

Mas como assim uma empresa sumir? Falei: Some, desaparece da noite para o dia. Some e deixa dois mil

trabalhadores sem receber rescisão. Quem paga por isso? Falei: Às vezes, paga e, às vezes, não paga. Porque o que

temos na Justiça do Trabalho de processos há dez, doze, quinze anos, que sócio majoritário da empresa que

empregava duas mil pessoas é proprietário de um apartamento de dois quartos. Bem de família, sequer pode ser

penhorado. Como a lei pode permitir que uma empresa empregue duas mil pessoas e não tenha caução, não tenha

lastro, que o tomador que tomou esse serviço queira só o menor preço numa planilha de custos para contratar,

inclusive entes públicos.

A terceirização como está hoje, infelizmente já era ruim, mas o que é ruim pode ficar pior, não é gente.

Agora, querem terceirizar tudo, inclusive atividade fim.

Não vejo como isso possa gerar pacificação social. Se hoje temos o Tribunal abarrotado de processos em

que há discussão patrimonial, meramente patrimonial. Trabalhei pra uma terceirizada, quero minha rescisão, quero

o meu aviso prévio e não recebi. Temos poucas lides que são ligadas a própria questão da terceirização. Temos

muitas lides do meio bancário em que esses correspondentes bancários atuam na atividade fim, temos a questão das

telecomunicações, call centers, que discutem o próprio vínculo direto que são situações bem estanques.

Agora, imaginem bem, hoje, a terceirização como posse em atividade meio, o patrão já tem dificuldade de

não subordinar aquele empregado, por quê? Um dos grandes tchans da terceirização é o seguinte: Não preciso me

preocupar com aquele trabalhador. Ele vai para uma terceira empresa e eu vou pagar a fatura. Não vou mandar

naquele trabalhador diretamente, porque se eu mandar nele configuro a CLT, Art. 3.º, vai dar vínculo direto

comigo. Então, não mando naquele trabalhador, abro mão do poder diretivo, porque uma terceira empresa vai

mandar naquele trabalhador e fazer com que ele trabalhe pra mim, pro meu interesse.

Imaginem bem. Hoje em dia temos processos em que se discute aquele empregador que decidiu terceirizar,

mas não consegue não mandar naquele trabalhador. Ele subordina. Aí o trabalhador vem e fala comigo, juiz do

trabalho: sou empregado a bem da verdade dele, porque ele manda em mim. Ele pede pra eu cumprir metas,

manda eu sair mais tarde. Então, quero vínculo direto. E na atividade meio. Agora, imaginem como vamos

terceirizar atividade fim? Como você precisando de um cara na linha de produção. O cara está na linha de produção

e não é seu empregado. Fala assim: Fulano, não enfia isso aí não. Espera aí que vou chamar o seu encarregado

que é da outra empresa para falar com você. Não vai funcionar muito bem. Isso significa o quê, gente? Se o

projeto passar como está, essa questão da limpeza processual, não sei, não acredito nela. Acho que nós, juízes,

vamos ficar mais uns vinte a trinta anos discutindo essa lei.

Imagina, hoje temos uma pacificação de jurisprudência através da Súmula 331, que existe há vinte e cinco

anos e até hoje as empresas continuam falando que a súmula é inconstitucional, que não há subsidiariedade, que

primeiro, antes de executar, a empresa tomadora tem que achar o patrimônio dos sócios, que eles também não

sabem que patrimônio é esse, não indicam, não falam onde está porque não tem. Então, imaginem, essa questão da

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resolução do conflito social é muito falaciosa, infelizmente, usando uma palavra que usamos muito no meio

jurídico.

Sobre a terceirização, o que está por trás é um discurso muito bonito. Eu não tenho esperteza naquele ramo,

não quero ter dor de cabeça com certificação em Polícia Federal para conseguir arma para empregado meu, então

prefiro contratar uma empresa de vigilância particular com todo aquele metiê que resolve tudo, desembaraça tudo.

Eles têm expertise naquele assunto e resolvem para mim. Ou então, meu contador está com um problema, a rede

interna está com um problema, eu contrato uma empresa terceirizada que me manda um técnico de informática

muito bom. Ou seja, especialização da atividade. Mas o que vemos no dia a dia é que as empresas são

especializadas em fornecer mão de obra a preço baixo. Os senhores sabem o que significa isso? É a mais valia de

Marx. A empresa precisa pagar ao empregado que custa duzentos reais, a empresa intermediária entra no meio,

ganha cem reais, e o trabalhador recebe os cem reais. O problema é que nem os cem reais o trabalhador recebe. É

tão injusto com o trabalhador porque, além de ele perder a massa salarial, que está aprovado que todo trabalhador

terceirizado ganha menos do que os demais trabalhadores, e ainda não recebe nem aquele menos que deveria

receber. E quais especializações existem, porque o que vemos das empresas que quebram é que não têm

especialização nenhuma. São empresas que, quando analisamos seu objeto social, tem um principal e duzentos

subtipos, como aquela vidente que lê cartas, passa roupas e também tem serviço de call center. Então, é difícil

falarmos que esse discurso da especialização das atividades realmente colocará a terceirização nos trilhos.

Se a terceirização funcionasse com o objetivo de realmente deixar o empregador na atividade-fim mais à

vontade para incrementar seus negócios, se especializar no que realmente interessa, não haveria qualquer problema

em colocar no projeto a paridade remuneratória. Mas não se coloca isso. Por que será? Não sejamos inocentes. Não

se coloca isso porque a mais valia do trabalhador está indo para o bolso de um terceiro. Se houvesse a paridade,

esse projeto nem existiria. Passaria um artigo único; o empregado terceirizado tem que ganhar igual, negociar igual

e ter as mesmas garantias que os trabalhadores da tomadora e não discutiríamos mais nada nesta sessão.

Por último, tentei fazer um roteiro, mas me perdi. Esse placar nos dá agonia. Juiz não gosta de tempo

porque é ele quem manda na audiência, começa a hora em que ele quer, acaba quando ele quer. Quem já foi a

alguma audiência sabe como é. A testemunha fica lá fora por horas e o juiz diz que não quer ouvir mais nenhuma e

a testemunha pode ir embora.

Para terminar, repetirei um pouco o que já foi falado antes. Os terceirizados são discriminados porque

ganham menos, trabalham mais, não fazem parte daquele ambiente de trabalho; são estranhos ali, não têm sentido

de pertencimento àquele local de trabalho. Isso é muito triste porque pensar que o ser humano se realiza pelo

trabalho, um terço de nosso dia estamos no trabalho, imaginem trabalhar num lugar onde a pessoa não se sente

pertencendo àquele lugar; ser um corpo estranho, isso é muito triste.

Acidentam-se mais porque as empresas para diminuir custo geralmente acabam diminuindo a segurança.

Vemos empresas que trabalham para empresas ditas com responsabilidade social que o trabalhador nem sequer usa

o equipamento de proteção individual - o EPI.

O que posso dizer é que a terceirização, como posta, deve ser repensada. Se o projeto passar, nós, juízes,

teremos que trabalhar em cima da lei, da legislação, modular algumas inconstitucionalidades e ver. Agora, o

movimento social, tem que estar muito atento a isso porque se estamos, hoje, com a terceirização que já é ruim, ela

poderá piorar. Então, estejam vigilantes porque cabe atuação política. E, nós, da atuação técnica, estamos à

disposição. Muito obrigado. (Muito bem!)

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado, Doutor Fábio Eduardo Bonisson Paixão.

Registro a presença do Senhor Waldemar Cunha, representante da Famopes. Agradeço ao Nero a presença,

aquele que não colocou fogo em Roma.

Concedo a palavra à senhora Naiara Guimarães Campos Lírio, representando a OAB/ES.

A SR.ª NAIARA GUIMARÃES CAMPOS LÍRIO – (Sem revisão da oradora) – Boa-tarde a todos os

presentes. Cumprimento o Senhor Deputado Nunes, todos os membros da Mesa, todos os dirigentes sindicais e o

Doutor Fábio Eduardo Bonisson Paixão, representando a Amatra.

Antes de, efetivamente, começar a falar, quero ponderar duas questões. A primeira é que alguns rostos que

vemos neste Plenário são conhecidos. Minha história na advocacia é totalmente intrínseca ao movimento sindical.

Trabalho desde estagiária e estudante dentro do movimento sindical. Mas estou representando uma instituição e

como representante de uma instituição, a OAB, é óbvio que falo com meu histórico, mas marco o posicionamento

de uma instituição e não apenas um posicionamento meu, individual.

A segunda coisa que eu queria pontuar é que nós do Direito, Doutor Fábio Eduardo Bonisson Paixão,

representando a Amatra, e nós da OAB, queremos enriquecer o debate, mas hoje ele é político. O Frankenstein foi

criado na casa política. Ainda se tem discussões políticas porque ele ainda passará pelo Senado e pela Presidência.

Nós do Direito podemos norteá-lo e levar os senhores e a sociedade a refletirem. Como o Doutor Fábio falou, caso

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o Frankenstein seja aprovado, atuaremos na discussão de controle de constitucionalidade, de entrar com uma Adin

ou se não os juízes declararão constitucionalidade de forma incidental dentro de um processo, dentro de um dissídio

e de diversos mecanismos jurídicos.

Hoje, nós do Direito, baseamos a discussão política. Em um segundo momento iremos sim atuar no

controle de constitucionalidade ou não. Essa é uma fala muito importante porque, infelizmente, o movimento

sindical, o movimento social e a sociedade brasileira são totalmente dependentes do Poder Judiciário. Estamos

acostumados a resolver problemas no Judiciário. Queria fazer uma crítica e, ao mesmo tempo, um

encaminhamento.

O movimento sindical, hoje, depende do Judiciário de uma forma mais do que deveria. O movimento

sindical deveria trabalhar um pouco mais com formação, com diálogo e reinvenção, de forma a depender um pouco

menos do Poder Judiciário. Quando os senhores levam ao Poder Judiciário o que foi dado pela Constituição como

autonomia dos senhores, os senhores estão dizendo que são incapazes e precisamos de um interventor ou de alguém

para poder discutir sua negociação e intervenção no sindicato porque está tendo problemas de corrupção e etc.

A dependência hoje do movimento sindical e da sociedade ao Poder Judiciário é muito grande. Na hora de

debater com a sociedade existe um problema de linguagem. Acredito que hoje o grande problema do discurso e do

debate da terceirização é um problema de linguagem. O foco é sempre muito voltado para a criminalização do

movimento sindical e os senhores, muitas vezes, não conseguem dialogar com a sociedade.

Gostaria de incentivá-los a tentar encontrar a linguagem de comunicação. Se o foco for apenas voltado para

o trabalhador por causa da criminalização dos movimentos sociais e dos movimentos sindicais. Vocês não

conseguem informar aquilo que precisa ser informado e uma propaganda dessas da Federação das Indústrias do

Estado de São Paulo (Fiesp) passa na CBN. Às vezes estou fazendo audiência e vou ouvindo. De quinze em quinze

minutos há uma propaganda da Fiesp dizendo que terceirização é bom para o trabalhador. Quem ouve rádio hoje? É

o trabalhador. E o que vocês estão fazendo? Qual a linguagem que vocês estão trabalhando?

Queria incentivá-los, daí começo minha fala efetiva na questão jurídica. O problema da terceirização não é

apenas do trabalhador, é um problema da sociedade. É um problema do micro e do pequeno empresário e é um

problema para o consumidor. Por que é um problema hoje para o trabalhador?

Como o Senhor Deputado Nunes disse, vocês sabem mais do que nós. É acidente, é precarização do

trabalho, é superexploração, é salário menor. Isso é debatido, mas qual o problema, inclusive para o micro e

pequeno empresário, da terceirização? O Doutor Fábio Eduardo Bonisson Paixão falou aqui muito bem. Como se

explica uma empresa sumir?

Porque hoje a terceirização envolve as pequenas empresas de uma forma e pega o ônus da atividade e

transporta para o micro e o pequeno empresário. Pega um contrato de terceirização e não tem força. Por exemplo,

ontem estávamos em um debate na Faculdade de Direito de Vitória (FDV) e o Nilson Hoffmann, do Sindicato dos

Trabalhadores em Telecomunicações, estava dizendo que o índice de empresas fantasmas que aparecem e somem é

gigantesco.

Precisamos também ter um diálogo com os micro e pequenos empresários, com o Sebrae, com aqueles que

trabalham a formação, falando que a terceirização é problemática para o empresariado. Só as grandes empresas que

faturam com a terceirização. As pessoas não estão entendendo isso. Noventa por cento do empresariado do Brasil

terão problema com a terceirização.

O movimento sindical precisa trabalhar com isso, precisa mostrar para o empresário que eles terão

problema, porque o que mais tem na justiça do trabalho é o pequeno empresário que acreditou que ganharia muito

dinheiro com a terceirização e que está com a casa bloqueada, que está com o carro bloqueado. Porque era um

trabalhador que começou a se destacar na empresa, achou que ganharia dinheiro montando uma empresa de pessoa

jurídica, trabalhando para uma grande empresa.

O micro e pequeno empresário é um trabalhador que imagina que será um grande empresário, mas muitas

vezes nesse afã de querer crescer fali, quebra, perde tudo o que conquistou quando era trabalhador.

Vocês precisam trabalhar essa comunicação. A terceirização é um problema para a sociedade porque afeta

em muitos momentos o meio ambiente, por exemplo, terceirizam-se as atividades ligadas ao petróleo e se acontece

um acidente, ele envolve o meio ambiente. Há um problema da sociedade em relação ao meio ambiente, há um

problema da sociedade em relação à concentração de renda. Só os grandes terão dinheiro e os pequenos não terão.

Há desvalorização do salário do trabalhador. Além disso, qual o problema para a sociedade? Corrupção!

Hoje, 1,2 bilhão da Petrobras foi desviado nos focos de corrupção. Esse dinheiro veio de onde? Dos

contratos terceirizados. O problema da sociedade da corrupção também se resolve com o problema da terceirização.

Em relação à sociedade, também temos problemas em termos de direito do consumidor, se o discurso de vocês

conseguir alcançar o direito do consumidor. Vocês já pararam para pensar que todos somos consumidores? Que a

sociedade brasileira é formada de consumidores? A precarização do trabalho envolve diretamente a precarização de

serviços e produtos.

Eu, consumidor que estou no final da cadeia produtiva, vou ter problemas. A terceirização vai me afetar,

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porque os serviços e produtos vão ser precarizados também. Um trabalhador mal remunerado, um trabalhador

superexplorado vai produzir o quê? Um mau serviço e um mau produto. A sociedade precisa entender isso como

consumidora. Além disso, precisamos entender e, Senhor Deputado Nunes, esta precisa ser a discussão em termos

políticos: o que os deputados, que são a favor da terceirização, têm como fundamento de validade?

Na rádio, escuto geralmente dois. Primeiro, o custo. O custo da mão de obra do Brasil para ter

competitividade precisa diminuir. Mas esse é um discurso furado. Sabe por quê? O salário do trabalhador

brasileiro, no máximo, da sua maioria, vai até dois salários, dois salários e meio. O custo do salário não é caro. O

que é caro no Brasil é a tributação. Então, a discussão do custo não tem que passar pela precarização da mão de

obra. Mas tem que passar pela reforma tributária. Então, Senhor Deputado Nunes, essa é uma indicação, em termos

políticos: o que discutir em relação à terceirização? A reforma tributária, porque a reforma tributária não tem o que

se discutir de custo do trabalho, porque o custo do trabalho hoje são encargos sociais e tributação.

O segundo fundamento de validade, que se diz é: hoje existe o fato social em que onze milhões de

trabalhadores são terceirizados. Não existe legislação a respeito disso. Logo, precisamos legislar sobre isso. Mas a

terceirização hoje no Brasil em sua maioria é em relação à atividade-meio. Então, se quero regulamentar o fato

social de onze milhões de trabalhadores serem terceirizados, a regulamentação é direta atividade-meio.

Hoje, o que se quer fazer é regulamentar a atividade-fim, ou seja, não se quer regulamentar os onze milhões

de trabalhadores terceirizados, mas se quer abrir a realidade da terceirização para os outros trinta e sete milhões de

trabalhadores diretos. Então, é outro fundamento de validade que cai no momento em que entendemos que, se é

intuito do Poder Legislativo legislar o fato social, ele deveria se apegar apenas à realidade de onze milhões de

trabalhadores terceirizados.

Por causa do tempo, queria colocar algumas questões em termos jurídicos efetivamente de o que a

terceirização afeta. Ela afeta dois fundamentos da República. Quais fundamentos? O valor social do trabalho, que

vai ser frontalmente violado. O segundo fundamento da República: a dignidade da pessoa humana. E os acidentes,

a integridade física do trabalhador, várias coisas em relação a isso.

Além desses dois fundamentos da República, que estão sendo violados, temos o problema de outros

princípios que estão sendo violados, princípios que estão em nossa Constituição, que são função social da empresa,

função social da propriedade, meio ambiente de trabalho saudável, porque a precarização afeta diretamente o meio

de trabalho. E não precisa de muitas discussões para a gente entender, por exemplo, que o trabalhador terceirizado

da Vale e da CST, muitas vezes, não tem um banheiro para usar, não tem um lugar para efetivamente se alimentar.

Então, não precisa se alongar muito para entender a violação.

E também existe um princípio, que é o princípio do não retrocesso social. Demoramos tantos anos para

conquistar mínimas garantias de direitos aos trabalhadores e estamos retrocedendo. Então, o princípio do não

retrocesso social está sendo violado frontalmente. Daqui a pouco, vamos discutir se vamos revogar a Lei Áurea,

porque em um País como o Brasil, onde discutimos ainda trabalho análogos ao de escravo e ainda ouvimos falar de

regulamentar a terceirização da atividade-fim, é um absurdo. Daqui a pouco vão querer, literalmente, revogar a Lei

Áurea e todo mundo ser escravo.

Gostaria de marcar a posição da OAB em relação ao que entendemos como a lei da terceirização da

atividade-meio, o que ela precisaria ter para efetivamente ser legal e constitucional.

Primeiro ponto: a terceirização deveria estar ligada apenas ao trabalho especializado, ao capital intelectual

especializado; segundo ponto: a terceirização deve ser limitada apenas à atividade-meio; terceiro ponto: a

responsabilidade da empresa tomadora deve ser direta e solidária; e quarto ponto: a representação sindical deve ser

igual a dos trabalhadores da terceirizada, ligados aos mesmos trabalhadores diretos.

E por fim, desculpa, meu tempo se esvaiu, mas preciso fazer essa consideração em relação ao movimento

sindical. A discussão, às vezes, é pequena quando se fala apenas em discutir quem é que vai representar. Assim

você fala apenas assim: eu sou da atividade- fim e quero representar também os trabalhadores da terceirizada.

Mas o problema da representação sindical na terceirização é muito maior, porque é um problema de existência do

sindicato.

Se hoje, a maioria dos nossos trabalhadores for terceirizada ou pejotizada, quem vai dar garantia de

emprego e estabilidade a um futuro dirigente sindical? O futuro do movimento sindical no nosso País está

comprometido, os jovens não vão querer se envolver com o sindicato, porque uma empresa terceirizada, que tem às

vezes uma vida útil de três, quatro anos, colocará um dirigente sindical para daqui a quatro anos perder a

estabilidade ou em três anos perder a atividade porque a empresa acabou.

Os senhores precisam discutir a questão da terceirização, não apenas da representação e para quem vai a

contribuição, mas é uma questão de existência. O movimento sindical está fadado a inexistir com essa lei do jeito

que está. (Muito bem!)

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Obrigado, Naiara.

Vamos abrir o microfone para quem desejar fazer uso da palavra. Temos dezoito pessoas inscritas e cada

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uma falará até três minutos. Quem puder utilizar menos tempo, melhor.

Concedo a palavra ao senhor Jackson Andrade Silva.

O SR. JACKSON ANDRADE SILVA – Boa-tarde, companheiros e companheiras, serei rápido, quero

fazer uma observação e falar duas coisas. Primeiro, peço aos companheiros das centrais sindicais que o 1.º de maio

de cada um se transforme em uma manifestação contra o Projeto n.º 4.330. E mais além, nosso sindicato já fez

cartazes com a cara de todos os deputados que votaram contra nós e vamos fincar a foto deles na Praia de Camburi,

como traidores. E estamos fazendo um informativo com a foto de cada um para entregar na sua base eleitoral,

como, por exemplo, em Colatina, a foto de Paulo Foletto. E peço aos companheiros rurais para entregarem a de

Evair de Melo no interior; a de Sergio Vidigal, em Serra, que votou contra e depois recuou; a de Lelo Coimbra; a

de Manato. É preciso colocar o nome desses caras no jornal do sindicato e não dar trégua, porque se houver

modificação no projeto de lei no Senado, ele retorna para a Câmara dos Deputados. E com um detalhe, ano que

vem tem eleições municipais e alguns deles vão querer se candidatar a prefeito. Outro detalhe, temos que ficar

vigilantes com os senadores, porque em 2018 renovam-se no Senado Federal cinquenta e quatro senadores, duas

vagas por Estado. Não podemos deixar baixo, temos que mostrar o nome desses companheiros.

Para finalizar, quero fazer uma fala de repúdio, Senhor Presidente Nunes, à fala do secretário de Segurança

no dia da nossa manifestação. Demagogo, pura demagogia, quando fala que está garantido o direito de ir e vir das

pessoas.

Dia 12 de abril foi a Festa da Penha, teve a Romaria das Mulheres e ninguém garantiu o direito de ir e vir

na Terceira Ponte daquelas pessoas que foram ao Convento da Penha. Pelo contrário, todos têm o direito de se

manifestar. Estamos numa democracia e todos têm o direito de se manifestar contra ou a favor do governo. Mas se

existe o direito de ir e vir para nós, deveria haver para as pessoas atravessarem a ponte naquele dia 12 de abril

também.

Infelizmente, lamentavelmente, um promotor, na calada da noite, deu uma liminar daquela, achando que

somos bandidos, apesar de estarmos fazendo um movimento de trabalhadores, porque entendemos que isso é

matéria do trabalho, não de Ministério Público Estadual, que está intervindo na nossa relação.

Então, o repúdio contra o secretário de Segurança, que jogou bomba nos companheiros e nas companheiras

que estavam, naquele dia, só querendo manifestar o nosso direito de trabalhadores.

Muito obrigado!

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Obrigado, presidente!

Concedo a palavra ao senhor Junior Fialho, presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil.

O SR. JUNIOR FIALHO – Senhor Presidente, boa-tarde. Quero parabenizar por essa iniciativa, que acho

muito importante. Neste momento não podemos deixar de alertar os companheiros e companheiras do que pode vir

a acontecer no serviço público. O serviço público pode ser vítima desse processo. Hoje já somos.

O Governo do Estado, há um tempo, fez uma contratação de terceirizados, não garantiu a esses

trabalhadores seus direitos e eles ficaram trabalhando como se fossem servidores públicos. Essa empresa faliu e

vários trabalhadores até hoje estão na Justiça do Trabalho tentando receber seus direitos. E o pior, colocou em risco

o atendimento ao público.

Na segurança pública já existe isso, na saúde também. Está uma vergonha a forma que os políticos

encontraram para lotear os cargos. Antigamente, quem conhece a história desta Casa de Leis sabe, que deputados

pegavam uma licitação de prestação de serviço na saúde ou na educação e, dos duzentos cargos, cinquenta eram

para o deputado A, cinquenta para o deputado C, eles que indicavam as pessoas que iriam para essas empresas

terceirizadas, fazer o serviço mal feito no serviço público.

Nós, que defendemos um serviço público de qualidade, com honradez, que respeite os direitos dos

trabalhadores com independência, não podemos permitir e concordar com esse absurdo. Como sou servidor

público, não posso também concordar com essa terceirização porque, diretamente, já sofremos e a população

sofrerá ainda mais.

Quero parabenizar a companheira da OAB, que fez uma excelente explanação. Está na hora de o

movimento sindical olhar para si próprio e se reinventar, porque hoje somos representantes de nós mesmos. Temos

que buscar fazer com que essa massa que está lá fora, que às vezes até vai aos nossos movimentos, entendam e que

participem da luta que é deles.

Sacrificamo-nos para defender os trabalhadores e temos que voltar a resgatar isso. Acho que esse é o nosso

grande desafio enquanto representante sindical.

Quero parabenizar mais uma vez... Acredito que essa luta será vencida pela nossa consciência. Muito

obrigado.

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O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Obrigado.

Concedo a palavra ao senhor Adevair Vitório da Silva, da Ufes.

O SR. ADEVAIR VITÓRIO DA SILVA – Boa tarde a todos e a todas. Na pessoa do Senhor Deputado

Nunes, cumprimento todos os colegas do sindicato.

Um tempo atrás passamos por uma luta pelo pedágio da ponte.

Trabalho pelo Progepaes, que representa os alunos da Ufes, e sou funcionário há trinta e três anos da

universidade.

Descemos, na primeira vez, contra o pedágio, com quatro mil pessoas, junto com a companheirada aqui;

depois foi para dez mil e, depois, chegou a quase quarenta mil.

Então, isso é importante. Temos de nos preocupar com isso. Do mesmo jeito que o Junior Fialho falou, eu

me preocupo porque sou funcionário público também, sobre a terceirização. E uma coisa perigosa, já que estão

terceirizando, daqui a pouco eles vão acabar com a justiça do trabalho, também.

A senhora Naiara Campos foi feliz no que falou e o juiz também, mas, então, a preocupação é essa

também. Vamos fazer curso de capacitação dentro das nossas categorias, para que eles... Igual ele falou, nós

passamos aí na rua fazendo passeatas e colegas nossos zombam de nós.

Então, da agora para frente é uma queda de braço. Temos de fortalece.

Parabenizar o Nunes, porque já é a quarta ou quinta vez que venho em audiência pública nesta Casa de

Leis. V. Ex.ª está de parabéns.

Estamos aí. O Sintufes vai ter eleição no ano que vem, da Ufes, acho que nossa chapa ganha... E é para

fortalecer e ir para frente, mesmo. Não deixar as coisas cair do jeito que estão aí, entendeu? Ontem, quando vi o

cara da Federação das Indústrias conversando com o Renan Calheiros, fiquei preocupado. Já foi lá em Brasília a

Federação, conversando de mesa redonda: que não, que não sei o que, que é tão bonito... Eles vendendo uma coisa,

tipo um pavão, bonito, mas o troço é tão feio que parece mais um crocodilo. É só isso e muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Obrigado, senhor Adevair.

Concedo a palavra ao senhor Daniel Barboza Nascimento.

O SR. DANIEL BARBOZA NASCIMENTO – Boa tarde. Gostaria de cumprimentar a Mesa e o plenário,

parabenizando a greve histórica dos trabalhadores da limpeza pública, que deram show este ano. Temos que nos

orgulhar do exemplo que os garis, vulgo garis, deram-nos neste ano. Juntaram três ou quatro municípios e deixaram

lixo na porta de todo mundo e enfrentaram os patrões.

Acho que a discussão precisaria aprofundar alguns aspectos, e acho que foi o... Fábio apontou o aspecto

mais político ou sociológico do problema. Acho que precisamos enxergar que esta sociedade, este governo

capitalista e o seu representante, e esse Estado representante dos interesses do capital não vão se intimidar com o

que fizemos até o momento. Vamos precisar fazer mais. Vamos ter que ir para cima, porque parece que o Supremo

já está indo na direção, independente da decisão do Congresso, de abrir a porteira. Até colocaria essa questão para

os dois, que pudessem tecer mais observações sobre a decisão do Supremo.

Mas não quero retirar a importância do debate no Congresso. Tem a sua presença, o seu momento. Vai para

o Congresso, para o Senado, pode chegar à decisão da Presidenta vetar ou não. A Presidenta pode vetar e o

Congresso pode derrubar o veto.

Esse cenário – e o senhor Idelmar Casagrande colocou um elemento que achei interessantíssimo – todo esse

cenário não retira de nós a rua. Vamos ter de tomar as ruas. Mas para chegar com gente na rua, com bala na agulha,

vamos ter que fazer o nosso dever de casa, vamos ter que ir para a nossa base e discutir com os trabalhadores.

Surpreende-me o Sindiupes não estar presente nesta sessão, o maior sindicato do Estado do Espírito Santo.

Junior Fialho coloca que o elemento fundamental entrará no serviço público com força, e pior do que no

setor privado. Entrará com força por causa do apadrinhamento político, porque para ser trabalhador de tal

empreiteira tem que beijar a mão do vereador, do deputado, para entrar em uma empreiteira para prestar serviço

público.

Então, o negócio do serviço público será ainda mais caro. Não estou dizendo que com os outros serão

suaves ou leves, mas chamaria a atenção que não podemos ter ilusão desse caminhar. E a nossa esperança é a rua, a

nossa esperança é a mobilização, é o trabalho de base discutido e disputando a hegemonia na sociedade.

Nisso, a propaganda, pois acho que temos que ir nessa direção, disputar mídias e jornais, mas também

temos que fazer o nosso dever de casa com seminários, com conversas e com formações políticas sobre essa

temática, pensando ações comuns, ações conjuntas para os trabalhadores.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Obrigado, Daniel Barboza Nascimento. Façamos assim, ao final

da próxima fala, encerraremos a inscrições. Estão inscritos Josué King Femur, Edson Wilson, Carlos Araújo, Evani

dos Santos Reis, Heider José Boza, Sue Elen Lievore, José Adilson, Ricardo Néspoli, Dérik Bezerra, Leandro

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Machado, Maria Margaret Belmiro Santos, Luiz Fernando Barbosa Santos, Edésio Luiz Queiroz Rabêlo e André

Moreira.

Sindiupes presente! Obrigado!

Concedo a palavra ao senhor Levi Guilherme.

O SR. LEVI GUILHERME - Boa tarde a todos; em nome do Senhor Deputado cumprimento toda a

Mesa.

Queria concordar com as várias ideias e falas, principalmente as da doutora, que representou a OAB, e as

do doutor também, da Associação, para dizer que é preciso refletir que no passado recente tentaram entrar com

aquele projeto de inconstitucionalidade da Súmula 331, do TST. Como não vingou, deram uma parada e depois

armaram com o Projeto de Lei n.º 4.330/2004, que no passado nos levou às ruas, onde nos juntamos àquele

movimento do ano passado e pautamos a questão dessa proposta, que nem estava pautada naquele movimento.

Dessa forma, é preciso tomar cuidado com os movimentos de massa que dizem representar a sociedade

quando muitas vezes não o fazem. Quando nós fazemos o nosso movimento, somos recebidos à bala, como

aconteceu nos últimos movimentos convocados pelas centrais sindicais.

A proposta que faço é que nossos deputados federais, quando falo nossos, falo daqueles que defendem a

classe trabalhadora independente de partido político, apresentem um projeto de lei que discuta com seriedade a

terceirização no Brasil, porque sabemos que há atividades-fim em que ninguém quer fazer o serviço, essa é a

verdade!

Nisso, exalto os companheiros do Sindilimpe, que fizeram uma greve na limpeza pública, por exemplo,

visto que é um serviço que ninguém quer fazer. Hoje o trabalhador terceirizado, principalmente na limpeza pública,

é vítima de discriminação, inclusive. Ele é tratado com preconceito; o trabalhador da limpeza pública é tratado

dessa forma e ninguém quer fazer esse serviço.

Vemos todas as prefeituras, as da Grande Vitória pelo menos, onde a coleta de lixo e a limpeza pública da

cidade são terceirizadas, porque ninguém quer fazê-las, ninguém quer mexer com lixo, ninguém quer mexer com

aquilo que a sociedade joga fora. No entanto, os nossos trabalhadores são vítimas disso.

O Daniel Barboza Nascimento recentemente falou da greve da limpeza pública. E através até da

companheira Evani dos Santos Reis, brava guerreira da diretoria do Sindilimpe, em Vila Velha, teve uma greve

porque reduziu a quantidade de trabalhadores que estavam no serviço, o que sobrecarregou os demais. Nem a

Prefeitura admitia o problema e nem a terceirizada. Ficamos sem saber de quem era o problema, porque a

Prefeitura falava que não era dela, a terceirizada falava que reduzia porque a prefeitura pedia. Então, tem horas que

nem sabemos quem é o nosso patrão, na hora de brigar. Na pauta dos trabalhadores terceirizados hoje é assim: Isso

é um problema da terceirizada. A terceirizada: Não, isso não é meu problema. É de quem me contrata.

Companheiros e companheiras, o PL 4330 é a grande porta para se implantar no Brasil uma afronta direta

aos direitos conquistados. E, não tenho dúvida, vem o PL 4330, depois terão que discutir a questão do enunciado,

porque vai ter tanta sacanagem de violação dos direitos trabalhista no Brasil que vão querer tirar a responsabilidade

de quem contrata para dizer que a culpa não é deles. E quem vai pagar os trabalhadores? Não tenho dúvidas,

passando isso, daqui a pouco estará pautada no Congresso a reforma sindical e trabalhista, que será o grande golpe

em cima da classe trabalhadora.

Então, centrais sindicais, intrasindical, CTB, CUT e trabalhadores brasileiros, os nossos lugares são as ruas.

Enquanto não for ouvido o que as ruas estão trazendo, vamos nos mobilizar e vamos até o fim, porque a luta

continua sempre. Agora, com esse Congresso, com esse presidente que está lá, mas do que nunca estaremos nas

ruas unificando o nosso discurso e transformaremos, como já foi dito, o 1.º de maio de sexta-feira, em um grande

ato unificado contra o PL 4330 e defender a classe trabalhadora brasileira.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES- PT) – Obrigado, Levi.

Concedo a palavra ao Senhor Josué King Femur, vice-presidente da CTB.

O SR. JOSUÉ KING FEMUR – Cumprimento a Mesa; o Senhor Deputado Nunes, pela iniciativa;

companheiros e companheiras do Plenário. Estamos diante de um gigante, como disse a Noemia.

Além de vice-presidente da CTB, sou vice-presidente do Sindicato dos Portuários Avulsos e Arrumadores

do Espírito Santo. Só lembrando um pouquinho, em 2009, nós, trabalhadores portuários, juntamente com os

companheiros da intersindical, enfrentamos o problema da mudança da Lei n.º 8.630 para a Lei n.º 12.815. A lei

passada dava liberdade aos operadores portuários trabalharem com a mão de obra terceirizada no porto. Na lei

atual entramos como categoria profissional diferenciada. Ou seja, Praia Mole, hoje, fez com que todo seu quadro

de terceirizado fosse vinculado à empresa, e, com isso, abrindo a terceirização para todas as categorias, voltaremos

a ter os mesmos problemas que tínhamos, porque será legalizada a terceirização.

Esse modelo que está aí, do PL 4330, é um modelo chinês de escravidão do trabalhador. Se olharmos hoje

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a economia da China é uma potência, mas vejam os trabalhadores como estão: fábricas de fundo de quintal, os

trabalhadores não têm segurança nenhuma. Recentemente, teve um debate na UVV. Alguns economistas

defendendo o modelo chinês, levantei e contrapus a proposta, porque lá não existe lei do trabalho.

Só quero colocar que nós da CTB, da CUT, da Intersindical, e, também, da Nova Central e as demais

centrais que ficarem a favor dos trabalhadores, estaremos indo até o final contra esse famigerado PL 4330.

Companheiros, não podemos desistir. Nós, do porto, temos a lei própria, mas não basta. Queremos

derrubar o PL 4330, para que os trabalhadores tenham direitos para o longo da vida. Um forte abraço.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Obrigado, King.

Concedo a palavra ao senhor Edson Wilson, presidente do Sinergia.

O SR. EDSON WILSON – Cumprimento o Senhor Deputado Nunes pela iniciativa e todos os presentes,

colegas e companheiros das centrais sindicais, dos sindicatos. Mais uma vez, para aqueles que pensavam que a

direita e os conservadores estavam adormecidos ele nos mostraram as unhas. É hora de reagir. Reagir, como

disseram alguns colegas, Daniel e Jakson. Precisamos ir para as ruas, porque não parará aí. Direitos e avanços que

demoramos a conquistar e que ainda estão longe de ser o ideal, serão surrupiados dos trabalhadores e do povo

brasileiro.

Não pense que aquele Congresso conservador que está lá e no momento em que o Governo está fragilizado,

que em tese ainda poderia contrapor a fúria dos empresários, a fúria daqueles que querem tirar direitos nossos e a

desmobilização que por algum momento de confronto e de acirramento estivemos separados na luta, acredito muito

que este momento que está acontecendo para nós, de 2015, será disciplinador, de certa forma terá que servir para

unificarmos em algumas coisas que de fato nos interessa.

Não repetirei tudo que foi falado, porque a terceirização precariza, desvaloriza o trabalhador, coisifica o ser

humano. Isso é uma situação extremamente lamentável, porque nos tratam como coisa. Isso não é bom e já foi

falado pela doutora, sobre a questão da desigualdade social, da equidade, e muitas outras lutas que temos travado e

temos vencido.

A questão da terceirização, em muitas categorias, tem sido vencida nos tribunais para a questão da

primarização, e vem um projeto que de certa forma faz com que não só as conquistas dos trabalhadores, como já foi

dito, de PR, a questão da previdência privada e uma série de coisas que são colocadas em risco e que é um perigo

para nós, trabalhadores, mas também tem a questão social, porque indiretamente afeta a lei das cotas, a lei de

inclusão social dos trabalhadores com dependências especiais e afeta diretamente a lei da aprendizagem, do

primeiro emprego, que coloca os jovens no mercado de trabalho, a questão do menor aprendiz.

Então, de certa forma, reforçarei para os Senhores Daniel e Jaques, e peço aos companheiros e

companheiras para irem à internet, para fazerem pressão nas ruas, nas redes sociais porque, se dermos folga - não

tenho dúvida - o Senado ainda é pior do que o Congresso. Então, precisamos estar muito mobilizados e fazendo o

enfrentamento.

Estou satisfeito com um debate realizado ontem na FDV. A grande maioria dos juristas é contra esse

projeto, assim como a OAB, a CNBB; os homens e mulheres de bem deste país também são contra esse projeto e

vamos vencer essa batalha.

O SR. PRESIDENTE - (NUNES- PT) - Obrigado, Edinho.

Concedo a palavra ao Senhor do Senhor Carlos Araújo, Carlão, coordenador-geral do Sindicato dos

Bancários.

Antes de o Carlão fazer uso da palavra, gostaria de falar o seguinte: nossa ideia inicial era fazer uma

sessão solene, mas como não temos absolutamente nada para homenagear, nada para se comemorar no Dia do

Trabalhador, transformamos essa audiência pública em sessão especial, por conta disso realizamos esta audiência

hoje. Inclusive, foi veiculado no jornal A Gazeta que tínhamos suspendido a sessão solene e não faríamos nada,

mas foi transformada em sessão especial. Registramos isso.

Concedo a palavra ao companheiro Carlos Araújo – Carlão.

O SR. CARLOS ARAÚJO – Boa-tarde ao Senhor Deputado Nunes. Parabenizo V. Ex.ª, pela iniciativa.

Cumprimento os demais companheiros da Mesa, os camaradas das centrais, as autoridades e todos que estão

presentes.

É importante ressaltarmos e voltarmos a fazer o movimento sindical em uma perspectiva que foi

abandonada no sindicalismo classista. Se ficarmos no sindicalismo corporativo, não resolveremos o nosso

problema enquanto classe trabalhadora.

Esse debate tem que ser permanente, bem como a formação e os seminários. O que estamos enfrentando é

que existe uma crise econômica do sistema capitalista mundial que começou desde os anos 60 e no Brasil, na

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Europa, na Ásia e na América, não é diferente. Há um ataque frontal das grandes corporações financeiras e

industriais no mundo para aumentar sua rentabilidade. É a chamada taxa tendencial de lucro que começou a cair a

partir dos anos 70. Isto é luta de classe: a classe trabalhadora mundial contra a burguesia mundializada. Ela está

expressa no Estado brasileiro por meio de seus governantes, senadores, deputados e Governos Estadual e Federal.

É fundamental nos colocarmos enquanto classe e termos essa unidade, juntamente com a sociedade e com

pequenos empresários, micro e pequenos produtores, pessoas que entendem que temos que construir. Quem produz

riqueza são os trabalhadores. Quem gera a oitava economia do mundo no Brasil é a classe trabalhadora, não é a

classe industrial e não sãos os banqueiros ou os megacomerciantes. Somos nós que a geramos.

De certa forma, essa elite econômica esculacha a classe trabalhadora o tempo todo porque financia os

parlamentares, senadores, governadores e presidente e impõe uma perversidade por meio da legislação. Não é

cumprido o que há de conquista do povo brasileiro na Constituição. Pega pelo salário mínimo... Nunca cumpre em

relação ao salário mínimo a Constituição... Eles vão judicializando tudo o que conquistamos e não cumprem.

Então, a nossa unidade é fundamental para derrotar não somente esse modelo, o PL 4330/2004, mas

também a PEC 171 e as Medidas Provisórias 665 e 664 do Governo Dilma, que retiram direitos dos trabalhadores.

A vaca está tossindo contra o povo. A Dilma falava: nem que a vaca tussa, mas quem está tossindo?

Essa medida provisória do Governo Federal retira direito da Educação, da Saúde, do seguro desemprego,

enfim, ataca os direitos da classe trabalhadora. É fundamental entendermos, como classe, que a dívida pública

brasileira tem que ser discutida por nós, classe trabalhadora, porque são mais de dois trilhões e quinhentos milhões.

Apenas de juros e amortização da dívida por ano, são mais de trezentos bilhões, enquanto o orçamento geral da

arrecadação da União é uma ninharia para a Educação e para a Saúde. Quarenta e sete por cento do que a União

arrecada é para pagar juros para banco, que são os agiotas que financiam e ganham dinheiro.

Então, é fundamental – acho importante a iniciativa do Senhor Deputado – a nossa unidade para enfrentar e

denunciar os deputados traidores e também marcar uma audiência com os senadores do Espírito Santo, para

discutirmos também a questão do PL 4330/2004 e das Medidas Provisórias do Governo Dilma e da PEC 171, pois

é uma covardia a redução da maioridade penal. Querem encarcerar nossa juventude, que é a que mais morre,

infelizmente, assassinada pela própria polícia. São jovens da periferia, negros e que estão abandonados.

Parabéns ao Senhor Deputado pela iniciativa. Vamos fazer um movimento vigoroso para derrotar o PL

4330/2004 e também essa do Governo Dilma e a PEC 171. Vamos permanecer juntos, enquanto povo! Como dizia

uma liderança religiosa deste Estado: só o povo salva o povo. Não podemos depender dessa classe política,

sobretudo da maioria que está no Governo Federal, no Congresso e também nesta Casa. A maioria não nos

representa.

Fazemos uma moção de repúdio em ver o Paulo Hartung nos tratar na porrada. Tomamos tiro na Vila

Rubim. O Governo Paulo Hartung de forma covarde coloca PM para atacar os trabalhadores e dar tiros de borracha.

Um trabalhador da Sindaema tomou um tiro na cabeça e por pouco não foi assassinado ou poderia ter ficado cego.

Vários dirigentes, inclusive bancárias, estavam na manifestação de forma a defender o nosso direito legitimamente,

mas tomamos porrada¸ tiro e gás lacrimogênio. Esse é o Governo Paulo Hartung que também trata os trabalhadores

como caso de polícia.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado, Carlão! Concedo a palavra à Senhora Evani dos

Santos Reis, do Sindilimp.

A SR.ª EVANI DOS SANTOS REIS – Boa-tarde a todos. Cumprimento a Mesa em nome da nossa

presidente da Central Única dos Trabalhadores, Senhora Noêmia Simonassi, que é base do Sindiupes. Desde já

cumprimento a todos, parabenizando os palestrantes que falaram muito bem.

Sou gari desde 1997. Sou terceirizada e sofro com a terceirização porque trabalhei em uma empresa que

saiu em 2000 do município de Vila Velha, onde tenho colegas que até hoje não receberam seus direitos trabalhistas.

A empresa sumiu. Faliu.

Gostaria de falar sobre o sofrimento da nossa base que represento, o Sindilimp. São os trabalhadores

terceirizados do setor da saúde, dos auxiliares da saúde, e da educação. Já entrei no Sindilimp com histórico desses

dois setores, pois fui para a direção do sindicato. Todas as empresas que entram na saúde e educação quebram,

somem e depois os empresários até aparecem em outras empresas. Tenho acompanhado isso. Realmente esse é o

histórico que temos hoje no sindicato.

Recentemente aconteceu na educação. A empresa CJF, que não sabemos onde está, presta serviço para o

estado. Os trabalhadores têm sofrido muito. Quem pagará os trabalhadores? Vai para a justiça, às vezes não tem a

fatura suficiente, igual ouvi ontem na primeira audiência que houve para pagar os direitos dos trabalhadores que

prestaram serviço há dez anos. Quando tivemos várias mediações provocadas pela Sedu ao Ministério Público do

Trabalho, ouvi dos representantes que são somente cinco anos. Estou na direção do Sindilimp pelo segundo ou

terceiro mandato e sei que esses trabalhadores já prestam serviços há mais de dez anos. Quem pagará os direitos

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desses trabalhadores?

Sem esquecer os outros setores na justiça do trabalho, por exemplo, nos Fóruns de Vila Velha as

recepcionistas são terceirizadas. Além de serem terceirizadas, não são reconhecidas como recepcionistas. O edital

foi feito como porteiro para pagar o salário menor e os benefícios serem menores. Esse é o preço da terceirização

que temos que enfrentar. Também saem nos editais para pagarem uma mão de obra mais barata.

Hoje as trabalhadoras já assinaram aviso, já entrarão em outra empresa, sem direito a férias, sem descansar.

Como fica a saúde desse trabalhador? Porque quando o trabalhador tira as férias, é depois de até um ano e dez

meses. Ele receberá e acha que está tudo resolvido.

Gostaria de citar a situação da saúde do trabalhador. Isso acontece em todos os setores terceirizados de

nossa base.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado, Evani dos Santos Reis!

Concedo a palavra ao Senhor Heider José Boza, do Levante Popular da Juventude.

O SR. HEIDER JOSÉ BOZA – Boa-tarde a todos! Em 1995, com a frase que tinha quebrado a espinha

dorsal do movimento sindical brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, encerrou, debaixo de porrete, uma greve de

mais de trinta dias que o Sindicato dos Petroleiros tinha feito contra a quebra do monopólio de exploração do

petróleo pela Petrobras.

Esse golpe dado pelo Fernando Henrique no movimento sindical brasileiro naquele momento colocou fim

ao último ascenso que teve a luta dos trabalhadores do Brasil no final da ditadura, encerrando-se com essa greve

dos petroleiros que foi criminalizada. E podemos dizer que oficialmente se instaurou o período do neoliberalismo

no nosso país, e sabemos o que isso acarretou para a vida das pessoas, mas também para nós que somos dos

movimentos sociais e também do movimento sindical.

Hoje, o PL 4330 se assemelha com as restrições de cada conjuntura ao golpe que Fernando Henrique deu

naqueles petroleiros. Além das questões do dia a dia da vida do trabalhador, o movimento popular e o movimento

sindical vêm em um ascenso desde 2002. Em 2003 o movimento sindical alcançou o ápice do número de greves da

década de 80. Esse PL vem para quebrar esse ascenso do movimento sindical brasileiro.

Então, como muitos já falaram, já afirmaram, a gente tem que estar na rua retomando um trabalho que foi

perdido, inclusive por parte de nós nesse período de neoliberalismo, que é dialogar com as bases, retomar o

trabalho de base, e estar nas ruas, inclusive porque a direita tem tomado as ruas – logicamente nesses bairros dos

coxinhas, mas tem tomado as ruas -, ocupando um lugar que historicamente é nosso, dos trabalhadores. A gente

tem que estar na rua, disputando com a direita isso aí e construindo essa unidade. Só que a unidade tem que ir para

além da defesa do direito, porque a gente vem num período de 2002 para cá de ganhos de direitos. E agora a gente

está em um momento em que estão querendo retirar nossos direitos. A gente tem que avançar, não só para defender

os direitos que já temos, mas avançar com pautas propositivas.

E o povo brasileiro, no ano passado, começou a indicar qual seria o caminho para avançar na conquista dos

trabalhadores. Ano passado mais de quinhentas organizações em todo o país, em doze mil comitês, coletaram oito

milhões de votos a favor de uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político. A gente está seguindo com

essa pauta inclusive porque ela está totalmente ligada à pauta do PL. Porque quando a gente olha para a televisão e

vê a Findes defendendo, passando a mão na cabeça dos deputados, falando que os deputados que votaram a favor

do PL votaram em favor dos trabalhadores, está claro, fica claro para o povo e para a gente, que é dos movimentos

sociais, o quanto o financiamento privado de campanha e a influência do poder econômico na política é um câncer.

Colocando inclusive como encaminhamento à Mesa, ao mandato, seguir com esse movimento na rua, mas

também dentro da Assembleia, de a gente avançar inclusive com uma audiência pública para debater o

financiamento privado das campanhas. É isso aí.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Show de bola! Vamos analisar e ver se conseguimos buscar

mais um ou outro deputado, talvez, quem sabe, tentar passar na Comissão de Defesa da Cidadania e dos Direitos

Humanos e puxar uma audiência pública para fazer esse debate. Acho muito bacana isso. Vamos ver se terça-feira

conseguimos aprovar na Comissão.

Concedo a palavra à companheira Sue Elen Lievore, professora e membro do Comitê de Constituinte, de

Serra.

A SR.ª SUE ELEN LIEVORE – Boa-tarde! Sou professora e fico imaginando o impacto também na

educação, porque a gente já sofre com a terceirização na limpeza e com os pais e mães de nossos alunos, porque,

muitas vezes, não têm tempo de ir à escola participar. E com essa terceirização sendo ampliada vai dificultar ainda

mais nosso trabalho.

Gostaria de falar um pouquinho sobre o avanço que observamos dos setores conservadores que vêm

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atacando os direitos trabalhistas. Temos, no Congresso, tramitando, está prevista a votação agora em maio, a PEC

352 que regulamenta o financiamento privado. Com esse Congresso, só vão passar leis que prejudicam os

trabalhadores. E aí, a cada golpe que a gente leva lá, acho que se configura, se consolida, a necessidade da reforma

desse sistema político. Do jeito que está não dá.

Temos no Brasil três plataformas, que a gente está encampando a luta dos movimentos sociais, que são o

projeto de iniciativa popular da reforma democrática e eleições limpas, um projeto da CNBB, de iniciativa popular;

o devolve Gilmar, que o ministro do STF está segurando, pediu vista da Adin que proíbe o financiamento privado

de campanhas, e estamos nessa campanha; e a Constituinte exclusiva como o Heider colocou.

A gente precisa realmente do povo discutindo esse sistema político para dar um instrumento jurídico para

que o Judiciário brasileiro atue de maneira a defender o povo brasileiro. Gostaria de reforçar a proposta para a

gente fazer uma audiência pública sobre essas campanhas. E também fazer um informe de que no dia 13 de maio

vai acontecer um ato em Brasília, pautando a necessidade de uma constituinte exclusiva e soberana do sistema

político.

Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Sue Elen, que dia?

A SR.ª SUE ELEN LIEVORE – Dia 13 de maio, no plenário da Câmara dos Deputados.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado.

Concedo a palavra a José Adilson, presidente do Sindicato dos Estivadores.

O SR. JOSÉ ADILSON – Boa-tarde a todos! Saúdo a Mesa em nome do nosso deputado. Sou José

Adilson, presidente do Sindicato dos Estivadores. Coordeno a Intersindical da Orla Portuária. E sou dirigente da

CTB.

Primeiro, a gente veio para cá exatamente para registrar e assinar embaixo de todos os pontos que foram

tecnicamente sobre o PL 4330. Nosso deputado, o senhor representa o trabalho dentro desta Casa. E esta sessão é a

nossa primeira luta, doutora, a respeito da comunicação. É guerra contra a imprensa que hoje trabalha exatamente

contra a classe trabalhadora. Vimos o que aconteceu na nossa mobilização, conseguimos parar os portos cem por

cento, paramos a cidade, mas tivemos a batalha contra a imprensa. Veio jornalista que quis relatar a verdade sobre

os fatos que aconteceram naquele dia, mas foi recriminada no ar dizendo que estava sendo tendenciosa. No outro

dia, quando sentei para assistir ao programa Bom Dia Brasil, não passou uma bandeira dos trabalhadores nos atos

realizados no Brasil todo, não foi registrado. A nossa primeira luta é de comunicação e contra essa imprensa

golpista que está para defender o capital e não os trabalhadores. Essa é a primeira questão que temos, essa é a nossa

dificuldade de comunicação.

Estamos para defender os trabalhadores das terceirizadas, somos contra as empresas terceirizadas que

estão sugando os trabalhadores e tirando os seus direitos. E muitas vezes estão ao nosso lado trabalhando, vemos

como estão subjugados. Essa é a questão que temos que passar muito claramente. Parece que somos contra o

trabalhador terceirizado. De jeito nenhum! Somos a favor dos direitos desses trabalhadores. E é por isso que

lutamos por esses doze milhões de trabalhadores que são subjugados, com redução de salários e sem um pacote

social.

Temos uma preocupação grande também com o Judiciário. Naquela mobilização que fizemos, no dia

anterior já tinha uma liminar contra os trabalhadores, contra as centrais sindicais, contra a bandeira que estávamos

defendendo. E foi exatamente isso que gerou conflito no outro dia. Queríamos simplesmente fazer a nossa

mobilização e passeata como todo mundo tem direito, mas já foi uma decisão judicial em cima dos trabalhadores,

que não sabíamos, e gerou um conflito tremendo.

Esse é um ponto claro, os trabalhadores da área portuária trabalham da seguinte forma: correndo do

Judiciário igual o diabo corre da cruz. Não que tenha problema no Judiciário, pelo contrário, há muita solução que

pode ser possível. Mas tentamos buscar a negociação como a nossa defesa e a forma de resolver a nossa relação

capital X trabalho, e não deixar para que outra pessoa decida isso. Quando judicializam as negociações coletivas e

quando criminalizam o sindicalista, esse é um problema muito grande que temos que pensar, que ação que temos

que fazer.

Companheiros, faço coro com os vários companheiros que passaram por aqui, esse é o início de uma luta

política. Concordo muito com a senhora, foi muito importante o que falou. Registramos em nosso meio na CTB,

este Congresso que chegou agora, quando foi eleito o Eduardo Cunha, que conhecemos muito da lei portuária, veio

exatamente com uma definição política contra a classe trabalhadora. E a questão não é só o PL 4330, ele vem pegar

logo de uma vez todas as bandeiras das centrais sindicais e do mundo do trabalho no Congresso Nacional. Ele veio

exatamente destruir tudo que propomos de uma vez só, por isso temos que nos mobilizar.

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Este posicionamento na Assembleia Legislativa é fundamental para que os nossos três senadores saibam a

posição da classe trabalhadora e dos portuários. E um companheiro falou muito bem aqui, não podemos nos iludir.

Renan Calheiros já falou, sou contra ampliar a terceirização para a atividade fim. Dilma também já se posicionou

de ontem para hoje dessa forma. Mas companheiros, temos que continuar a nossa luta, a nossa mobilização,

nenhum dessas falas pode ser motivo para retroagirmos no que temos que fazer. Temos exatamente que defender a

nossa bandeira, porque este é o início de uma luta em um projeto, como vários companheiros falaram.

A doutora falou, estão tentando reduzir o nosso salário. E quando colocam que o patamar da nossa

remuneração são dois salários mínimos, daqui a pouco vão querer destruir a política de valorização do salário

mínimo existente hoje. Eles virão tentando passar com o trator por cima da classe trabalhadora. Isso é uma luta de

classe, temos que saber disso para reverter aquele Congresso Nacional que existe. Obrigado!

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Obrigado, Senhor José Adilson.

Concedo a palavra ao Senhor Ricardo Néspoli, Sindicado dos Bancários.

O SR. RICARDO NÉSPOLI – Quero dizer primeiro, acho que já está um pouco claro, mas é importante

sempre citar que o Parlamento, e falo todo Parlamento, ele não será capaz de defender a classe trabalhadora nisso e

em muitas outras coisas. O Parlamento não tem essa finalidade. Na verdade, o Congresso Nacional hoje, presidido

pelo Senhor Cunha, do mesmo partido do vice-governador e articulador político do governo federal, que vai

atropelar e passar por cima de qualquer uma das nossas reivindicações. Então, não criamos ilusão. Se já sabemos

que o Parlamento não será capaz, não criemos ilusão com votação no Congresso, no Senado, porque vai passar, vai

passar o trator, eles não estão nem aí.

Falo mais: não temos que ter nem ilusão com o governo federal porque o governo Dilma é o mesmo

governo Joaquim Levy, é o mesmo do Temer. Não vai vetar; S. Ex.ª mesma já disse que não vai vetar, ou pelo

menos disse que vai respeitar o debate dentro do Congresso.

Então, não criemos ilusões. Não vamos ser tutelado por ninguém. Não estamos em busca de heróis para nos

salvar porque quem vai salvar a classe trabalhadora é a própria classe trabalhadora, na rua, sem medo e sem

depender de dinheiro de empresário.

Temos de parar com isso, ou seja, é uma loucura numa conjuntura como essa irmos para a rua fazer festa,

show, ficar todo feliz recebendo dinheiro do empresariado para comemorar algo que não tem comemoração.

O PL nº 4330 é o pior ataque dos últimos cinquenta anos à classe trabalhadora. É impensável que achemos

que está em momento de comemorar qualquer coisa, que está feliz, que está bom ou que temos de dar as mãos.

Não! Temos de ir para a rua sem medo, de verdade e radicalizar, sem medo de atacar o governo, por exemplo. Não

temos de ter medo. Ou vamos para a rua agora, de vez, ou acabou. É o que falaram na Mesa, acabou o movimento

sindical, o movimento dos trabalhadores, porque isso não vai existir da forma que conhecemos hoje, se esse

projeto passar do jeito que está passando. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Concedo a palavra ao Senhor Dérik Bezerra, diretor do

Sindicato dos Bancários - ES.

O SR. DÉRIK BEZERRA – Cumprimento a plenária em nome da companheira Renata, do Sindicato dos

Bancários, uma das companheiras atingidas pela bala de borracha do governo Paulo Hartung, e mostro o repúdio

que nós, trabalhadores, temos em relação a essa postura autoritária e truculenta assumida pela Polícia deste Estado.

Não é de hoje, porém estaremos sempre nas ruas, prontos para qualquer disputa necessária, defendendo a pauta dos

trabalhadores.

Para dialogar direto com o tema, alguns intelectuais defendiam que não existia, a partir de agora, ou seja,

não tem mais classes sociais, não existe luta de classes. Então, sinto informá-los, mas o nome disso que está

acontecendo agora é luta de classes e tem que ficar muito nítido para nós nesse momento.

Durante muito tempo ficamos dialogando sobre o papel dos deputados em relação à defesa dos

trabalhadores. Hoje, nitidamente, percebemos que os deputados têm um papel pré-definido, têm uma posição

política pré-estabelecida. Vão fazer de tudo para garantir os direitos, principalmente de quem financia suas

campanhas. Infelizmente, uma conjuntura histórica mais recente fez com que cometêssemos alguns equívocos,

inclusive de agenda política e um deles é fazer conciliação com esse tipo de figura, com pessoas que não têm

interesse nenhum em defender os direitos dos trabalhadores.

Contraditoriamente, hoje, justamente num governo dos trabalhadores, estamos prestes a ter a maior derrota,

como Ruy Braga diz, desde 1964. Tem uma frase - não lembro quem disse – que diz: A história só surpreende a

quem de história nada entende. Então, se torna mais nítido o papel que os trabalhadores têm nesse processo e não

vai se dar por uma postura de um presidente, ou de uma presidenta, como gosta de ser chamada; não vai se dar

numa postura de um presidente de Câmara, não vai se dar por uma postura de um presidente do Senado. Mas vai se

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dar, sim, na luta efetiva dos trabalhadores que estão dispostos a passar por cima de quem for necessário para

garantir os seus direitos, conquistados por anos, debaixo de muito sangue, de luta e de muita morte. Para nós,

companheiros, não resta mais nada, a não ser garantir as nossas conquistas nas ruas, no fronte e garantir que a pauta

dos trabalhadores seja aplicada nessa sociedade tão conservadora e reacionária. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Concedo a palavra ao Senhor Leandro Machado, presidente do

Sindilegis.

O SR. LEANDRO MACHADO – Boa tarde, Senhor Deputado Nunes, a todos os membros da Mesa, aos

companheiros sindicalistas, aos meus colegas que estão trabalhando, ao Edinho que está me filmando.

Senhor Deputado Nunes, nós, como muitos outros já falaram, vivemos esse problema da terceirização

nesta Casa. Somos solidários aos nossos colegas. Está presente a representante do Sindilimpe que muito bem falou.

Nesta Casa acontece, já aconteceu diversas vezes essa questão com os trabalhadores terceirizados. A

empresa, realmente, some, desaparece. Chega aqui com um contrato dizendo que tem as suas condições e, preserva

até a administração nesse sentido, e diz estar apta a cumprir com o contrato. Mas, de repente, não consegue mais

pagar os salários aos trabalhadores, começa a atrasar os salários, a Casa começa a depositar em juízo e vemos os

colegas nossos que trabalham junto conosco, nessa situação precária. Chegou ao ponto de, no fim do ano retrasado,

eles não receberem o 13º. Quer dizer, é uma situação difícil, num momento em que a pessoa está no clima de Natal,

imaginem vários trabalhadores, colegas nossos, nessa situação de penúria.

A respeito do serviço público, que é o nosso caso, como muito bem falou o nosso companheiro, Juninho

Fialho, e os demais companheiros, o Daniel falou muito bem também que isso vai chegar aos trabalhadores

públicos. É importante também - como a nossa companheira falou a cerca da comunicação - essa comunicação,

Senhor Deputado Nunes, e os movimentos sociais, não conseguimos ainda fazer com que os estudantes, podem ser

até os coxinhas porque muitos estudantes irão para a incentiva privada. Mas muitos têm o sonho de passar no

concurso público, de ter a sua estabilidade, de constituir a sua família. Mas eles ainda não se antenaram que o seu

sonho está fadado ao fim, da forma como está vindo esta proposta do Congresso Nacional. Ela está - não ainda

diretamente no ensejo do serviço público - com um ensaio muito bem organizado para chegar até o serviço público,

para chegar até o setor, por exemplo, do CPD ser terceirizado; a contabilidade ser terceirizada e até mesmo a

taquigrafia. Fica esse alerta importante para passar para os estudantes.

Com o objetivo de contribuir nessa questão dos concursos públicos, na hora em que a OAB for entrar com

a ação, o art. 37 obriga o concurso público no seu inciso II e é interessante citá-lo, quando for entrar com uma

Adin, ou algo nesse sentido, ou, então, o conglomerado das centrais.

É importante registrar, porque sou funcionário desta Casa, a atuação do Senhor Deputado Nunes e a

Comissão de Defesa da Cidadania que está bem aquecida, com muitas audiências públicas e umas dessas

audiências públicas, que foi sobre a mulher, já saiu a lei com a multa para aquele que agredir a mulher, com base na

Lei Maria da Penha.

Senhor Deputado Nunes, V. Ex.ª está de parabéns. Nós já ocupamos este Plenário juntos, na luta pelo

pagamento dos 11,98%, e é com muita emoção que vejo V. Ex.ª agora como deputado estadual. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Obrigado, Senhor Leandro Machado.

Concedo a palavra à senhora Maria Margaret Belmiro Lima, secretária da mulher trabalhadora da CUT.

A SR.ª MARIA MARGARET BELMIRO LIMA – Boa tarde a todos e a todas, boa tarde à Mesa;

cumprimento o Senhor Deputado Nunes, que mais uma vez abre a porta desta Casa, que é a Casa do Povo, e traz os

trabalhadores para dentro dela. É muito bom podermos contar com V. Ex.ª e sabermos que podemos trazer para

esta Casa uma questão tão séria quanto a terceirização, para o debate com os nossos companheiros de sindicato, e

também com o Doutor Fábio Eduardo Bonisson Paixão e com a Doutora Naiara Guimarães Campos Lírio, que

representam a parte jurídica da questão.

Senti-me muito contemplada com todas as falas, mas colocaria uma questão muito séria: em toda época de

crise, temos as mulheres que estão inseridas no mercado de trabalho com carteira assinada no paredão. Elas são as

primeiras a serem demitidas.

No caso da terceirização, um estudo da Unicamp que saiu esta semana diz que de doze milhões de

trabalhadores, vinte por cento são mulheres, e onde estão essas mulheres? São professoras, são enfermeiras, são

médicas, estão nos serviços de salão. Logo, essas mulheres serão também muito prejudicadas nessa questão.

Sou secretária de Mulheres da CUT, mas a minha base é de energia, que já sofre essa terceirização há mais

de dez anos. O Sindicato Sinergia trabalha na defesa desses trabalhadores terceirizados há mais de dez anos e a luta

para fazer uma convenção coletiva e igualá-la para todas as empresinhas que estão dentro dos serviços-fins da

energia não é fácil, por quê?

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Acontece muitas vezes que a empresa tem só um galpãozinho e mais nada. E ela não cumpre aquilo que foi

acordado e some; trabalha por um ano e não cumpre aquilo que contratou com a empresa; some deixando os

trabalhadores a ver navios. Assim, temos que correr atrás da empresa, que é corresponsável. Quando não mata...

Estava lendo uma matéria da Friboi ontem, que tem várias ações na Justiça. A Friboi é uma multinacional

que faz uma propaganda muito linda, de transparência e mostra todo o frigorífico, todo o processo da carne, mas

têm cinco processos de trabalhadores que foram mutilados dentro da empresa. São trabalhadores, eu li tudo.

Os trabalhadores entram no serviço e não são treinados, não são capacitados, e um desses caiu dentro da

própria máquina, que não podia ser desligada para não parar o processo de produção. Como estava sozinho, caiu,

gritou e gritou. Até que alguém veio e desligou o botão, ele também foi triturado todinho, fora os outros que

perdem braço, perdem mão e ficam incapacitados para fazer outro trabalho. São trabalhadores jovens que ficam

incapacitados.

Então, essa é a mostra que temos da terceirização neste País, porque só quem ganha com essa lei é o patrão,

é o capital e é o dinheiro. O trabalhador perderá sempre, sempre e sempre na sua vida. Por isso estou muito

contente de ver todos esses sindicatos, a CUT e as outras centrais unidas, porque sabemos que se passar, nós

também não ficaremos de pé; nós, representantes dos trabalhadores, seremos fragilizados nessa representação.

Parabenizamos V. Ex.ª. Muito obrigada, por mais uma vez estar abrindo a porta desta Casa para receber as

centrais e os sindicatos dos trabalhadores.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES - PT) – Obrigado, Maria Margaret Belmiro Lima.

Concedo a palavra ao Luiz Fernando Barbosa Santos.

O SR. LUIZ FERNANDO BARBOSA SANTOS – Boa tarde à Mesa, ao Senhor Deputado e a todos do

plenário.

No dia 22 de abril, dia em que foi votada essa lei, quando deveríamos comemorar quinhentos e quinze anos

de constituição de um País chamado Brasil, estamos encerrando um ciclo das lutas democráticas, porque quando

iniciamos com as Diretas Já fomos para a Constituinte e o Ulisses Guimarães, do pódio do Congresso, falou que

seria uma constituição-cidadã.

Como fundamento desse estado democrático de direito, no Art. 1.º, inciso IV, ele colocou os dois princípios

em que seriam baseados, e juntos, não é separado, a valorização social do trabalho e a livre iniciativa. Usou uma

conjunção aditiva, enaltecendo o princípio marxista, que não existe capital sem trabalho. No Art. 170, versando

sobre a ordem econômica tem como fundamento o valor social do trabalho e a livre iniciativa. Também repete a

mesma coordenada aditiva.

Como pode vir então um projeto de lei criando uma empresa que não tenha trabalhador, no limite? Como

que em pleno século XXI vem um projeto de lei, possibilitando uma empresa não ter mais trabalhador, não ter mais

Justiça do Trabalho, as relações serem reguladas pelo direito civil, igual a do século XIX? Como pode um projeto

de lei prever que uma empresa terceirizada seja uma associação, que não finalidade econômica? Uma fundação que

só pode ter fins culturais, assistenciais e outros, não pode ter função econômica? Essa lei alterando, inclusive o

próprio código civil. Como pode um trabalhador prestes a se aposentar é cooptado pela empresa: Se aposenta que

você se tornará um microempreendedor individual e vai prestar serviços na minha empresa. E o que acontece? Só

vai trabalhar um ano e olhe lá. E, mesmo se ele não receber, não será Justiça do Trabalho que vai pacificar o

conflito. Ele terá que ir pelo código civil, terá que bater na porta da Justiça Civil e será um litígio entre duas

empresas. Não vais ser mais um litígio capital/trabalho.

É esse princípio que acaba com o Art. 2.º da consolidação das leis do trabalho, que tinha a relação dual

empregador/empregado. É isso que os trabalhadores têm que colocar como princípio.

Não temos que dispersar a nossa agenda. Quem tem divergências do seu partido com o partido da

presidenta, não é este o momento de trazer essa luta. A luta e captar o trabalho. É luta de classe. E se nos

dispersarmos, Senhor Deputado, aí é o trator.

Queria elogiar a Amatra, que produziu esse excelente vídeo. Queria até pedir autorização, se possível, de

usarmos esse vídeo para poder fazer as nossas inserções na CBN, nas várias rádios e nos vários vídeos. E elogiar a

doutora pela fala e ações de inconstitucionalidade. Até na mídia, quando vamos colocar a nossa reação, nos cobram

dobrado, porque é informe publicitário e para os empregadores, os empresários, dão desconto, porque fazem sua

mídia publicitária nesses veículos. Até nisso nós perdemos. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Esse vídeo da Amatra está disponível no Youtube, portanto, é

de domínio público.

Concedo a palavra ao Edesio Luis Queiroz Rabêlo, do Sintestes.

O SR. EDESIO LUIS QUEIROZ RABÊLO – Boa-tarde a todos! Boa-tarde companheiros e

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companheiras. Li uma tirinha no jornal que me chamou muito a atenção. A mãe disse à filha: Vai arrumar a cama

da sua avó. E a menina respondeu: Mas já terceirizaram? A terceirização já foi aprovada? Entendi que aquilo foi

uma crítica muito construtiva, porque como criança ela não teria que arrumar a cama de sua avó, que estava

terceirizando o trabalho.

Temos vivido e visto algumas coisas. Presenciei, em algumas empresas, o que não chamo nem de

terceirização, mas de precarização. Estive numa empresa que exige que os funcionários trabalhem de uniforme,

mas só fornecem a camisa; fornecem a botina e o trabalhador não pode levar a botina para casa à tarde.

Funcionárias grávidas, quando passam mal, têm que trabalhar doentes. Então, isso é pior do que terceirização, isso

é precarização ou, como disse a doutora, trabalho escravo.

Em 1913, Rui Barbosa pensando em ser candidato à presidência, criou a primeira lei da saúde e segurança

para os ferroviários. Em 1978, foram criadas as normas reguladoras. Com a terceirização, as normas serão

rasgadas, irão acabar a pessoa do médico do trabalho, do enfermeiro do trabalho, do engenheiro de segurança do

trabalho e do técnico em segurança do trabalho. Porque na terceirização, de acordo com a norma da Cipa, algumas

empresas precisam ter, no mínimo, vinte e cinco funcionários, dependendo do seu grau de risco. Para ter um

técnico de segurança do trabalho, são cem funcionários, dependendo do grau de risco. Então, a norma

regulamentadora da saúde e segurança do trabalhador será rasgada, será jogada fora, porque se eu terceirizo, coloco

dez funcionários de uma empresa, quinze de outra e vinte de outra. Hoje, as empresas já trabalham da seguinte

maneira: se tenho que fazer a Cipa e tenho vinte e cinco trabalhadores, demitirei dois e não precisarei fazê-la. Isso é

uma realidade.

Outra coisa que quero dizer e que é necessária, a doutora falou e falou bem, a união das centrais sindicais,

para que possamos pressionar os senadores, os deputados, para votarem contra esse projeto. O Movimento Sindical,

senhores, é o maior movimento que existe no país. Não existe um movimento tão grande quanto o Movimento

Sindical.

O trabalhador junto com as lideranças sindicais ou com as centrais, quando querem, movem montanhas,

movem o país.

Precisamos colocar quantos trabalhadores forem necessários em Brasília; precisamos mexer o Movimento

Sindical; e o mais importante, precisamos readquirir o respeito dos trabalhadores. Os trabalhadores perderem o

respeito pelo movimento sindical.

Estas são as centrais sindicais, cada uma no seu caminho. No momento em que essas centrais fizerem isso

aqui, ninguém pode com o trabalhador. Abaixo a PL n.º 4330. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Obrigado Senhor Edésio Luis Queiroz Rabêlo.

Concedo a palavra ao Senhor André Moreira.

O SR. ANDRÉ MOREIRA – Boa-tarde a todas e todos que estão no Plenário e à Mesa. Cumprimentamos

a Mesa na pessoa do Senhor Deputado Nunes, parabenizando-o pela realização do evento.

Gostaria de lembrar-lhes, fazendo coro com o companheiro da militância de Direitos Humanos, Senhor

Chico Celso, de que tudo que foi gestado durante a Ditadura Militar tem dado resultados terríveis neste momento

da democracia.

A terceirização é mais uma dessas medidas que foram gestadas lá. Discutimos muito nesta sessão o PL n.º

4330, preocupados com a Súmula n.º 331 do TST, mas o fato é que o primeiro movimento, a primeira gestação no

processo de terceirização aconteceu em 1967, com o Decreto-Lei n.º 200, que facultava à administração pública

federal terceirizar a execução direta das atividades materiais da atividade da administração pública federal, seja de

suas autarquias ou da administração direta, para que não houvesse na dicção do decreto inchação do quadro da

administração pública e para que pudesse ser realizada com mais produtividade e melhor qualidade.

Na verdade, o Decreto-Lei n.º 200 foi o primeiro ensaio. Quando ficamos discutindo se o PL 4330/2004 se

aplica ou não à administração pública, podemos fazer o seguinte: no plano federal não precisa se aplicar porque na

verdade já existe um decreto-lei que tem força de lei sob a atual Constituição e que é, portanto, a porta aberta para a

terceirização no âmbito federal. No âmbito estadual, cada estado e cada município inclusive já criaram suas leis,

criando os contratos temporários que se não são formas de terceirização, são formas de precarização da atividade

do servidor público. Nosso problema já é muito grande.

Tenho que dizer para os senhores que existe ainda outro fato que é o seguinte: esse foi o primeiro ato.

Podemos considerar o segundo ato como a desregulamentação da estabilidade do trabalhador, quando Roberto

Campos cria o FGTS. Agora, eles querem derrubar o FGTS. Eles agora reclamam de ter que pagar o FGTS, o

patrão reclama disso, mas não se lembra, ou talvez se lembre e seja só sarcástico, que ele tirou a estabilidade

decenal do trabalhador e a substituiu pelo FGTS também durante a ditadura. Isso é 66.

Queria dizer o seguinte: o PL 4330/2004 só tem uma grande vantagem. Eles nos mostram que é impossível

a conciliação de classes com o capital. E é impossível por um motivo: não foram os trabalhadores que tentaram

assaltar os direitos e tomar direitos do capital, não foram os negros que tentaram tomar direitos dos brancos com as

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cotas nas universidades e não foram as mulheres que tomaram os direitos dos homens com as cotas na política. É o

capital que assalta o direito dos trabalhadores com o PL 4330/2004. Enquanto ficarmos achando que estamos

tomando o espaço deles com as medidas que propomos e com aquilo que defendemos, ficaremos jogando na

retranca, quando na verdade, são eles que estão incidindo sobre os direitos dos trabalhadores.

Então, é fundamental que essa luta tome essa consciência, que ela evolua e que não pare. Temos que parar

com o PL 4330/2004 e avançar nos direitos dos trabalhadores.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado André Moreira.

Concedo a palavra ao Senhor Fábio Gama.

O SR. FÁBIO GAMA – Boa-tarde. Queria fazer somente um breve comentário. Sinto falta, no dia de hoje,

dos demais Deputados presentes. Queria fazer essa pergunta para que possa ser respondida em tempo oportuno.

Sinto falta também de mais trabalhadores engajados nesses movimentos. Percebemos as lideranças

sindicais todas participando ativamente e cumprindo o seu papel, mas o trabalhador também tem que estar mais

engajado e a sua família também, porque é a família quem sofrerá com esse PL. A família será a primeira

instituição a sentir na pele, no orçamento doméstico e na qualidade de vida o que a terceirização nos trará de fato.

Faço um chamamento, para que possamos convencer as famílias a irem para a rua também contra o PL. Não apenas

a classe sindical e os trabalhadores, mas também as esposas, os filhos e as mães dos trabalhadores, participando

desse movimento. Isso é de fundamental importância.

Estou sentindo esse esvaziamento nos movimentos sociais e sindicais e entendo que isso tem que ser

retomado.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado, Fábio Gama.

Para te responder, informo que fizemos o convite a todos os Deputados, não somente para os desta

Assembleia Legislativa, como também aos Deputados Federais e aos nossos Senadores. Infelizmente, os senadores

e os deputados federais têm sessão na quarta-feira. Todos alegaram a mesma coisa.

Por conta do horário, além dos dois debatedores, alguém mais gostaria de se pronunciar? Trinta segundos

para o nosso amigo Idelmar Casagrande.

O SR. IDELMAR CASAGRANDE – Hoje está sendo votado no Paraná o projeto de privatização da

previdência pública. E neste exato momento a prefeitura de Curitiba monta um hospital de campanha em praça

pública. Segundo dados do Samu, há mais de cento e cinquenta feridos, todos professores, oito em estado grave.

A polícia de Paulo Hantung é mesma de Beto Richa e é a mesma de qualquer governante deste País,

quando se trata de trabalhador é na bala de borracha e na mordida de cachorro como está no Facebook.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Muito obrigado. Concedo a palavra a Senhora Noêmia

Simonassi.

A SR.ª NOÊMIA SIMONASSI – Uma das coisas que gostaria de falar é sobre os professores de Curitiba.

Fiquei realmente chocada quando apareceu a tropa de choque agindo com extrema violência e os manifestantes

correndo por todos os lados. É possível ver pessoas gravemente feridas nas ruas e mulheres em desespero gritando

por ajuda. A polícia não dá trégua. Apareceu um professor que foi socorrido por colegas, pois há pouco levou um

tiro no olho.

Essa é a polícia que está recebendo os trabalhadores. É preciso dar um basta. Faça uma moção de repúdio

contra a polícia. Que esta sessão tire uma nota de repúdio contra o que está acontecendo com os professores em

Curitiba.

Outra questão é a panfletagem que realizaremos aqui fora. É preciso que mais pessoas fiquem. Foi tirado

pelo Fórum Campo Cidade. O painel já foi ligado, colocando as mensagens contra a terceirização. É preciso que

todos nós fiquemos ali e façamos a distribuição dos panfletos. É um panfleto novo, com a cara dos camaradas que

continuaram votando contra os trabalhadores e a favor da terceirização. São três mil panfletos e se as entidades

quiserem pegar depois, podem pegar conosco na Central Única dos Trabalhadores (CUT) para levarem para seus

sindicatos.

Amanhã, nós, trabalhadores do campo e da cidade, estaremos na Praça João Clímaco. Queremos ser

recebidos. Há mais de um mês entregamos a pauta de reivindicações dos trabalhadores do campo e da cidade à

Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares do Espírito Santo (Famopes), à Federação dos

Trabalhadores na Agricultura no Estado do Espírito Santo (Fetaes), à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a

outros movimentos sociais como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e solicitamos uma audiência para

amanhã às 10h.

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Nós, trabalhadores, estaremos na Praça João Clímaco a partir de 7h, 8h da manhã. Esperamos que o

Governo do Estado nos receba. Para isso, precisamos de um grupo grande de pessoas, porque se forem dez pessoas

ele não nos receberá. Precisamos de pelo menos trezentas pessoas.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado. Concederemos a palavra à Senhora Naiara

Guimarães Campos Lírio por até cinco minutos e depois ao Senhor Fábio Eduardo Bonisson Paixão por mais cinco

minutos, para serem dadas algumas respostas e para as considerações finais.

A SR.ª NAIARA GUIMARÃES CAMPOS LÍRIO – Anotei alguns pontos falados e tentarei responder

ou fazer considerações neste tempo.

Para mim o mais importante é que entendemos que estamos em um momento de crise. E o momento de

crise é um momento de reflexão porque temos dois caminhos a seguir: afundar-se cada vez mais ou crescer dentro

deste momento de crise.

O interessante é que este momento de crise, de perseguição, e que efetivamente temos ruído os princípios

caros do direito, os princípios caros da ética e da moral, também é um momento que nos traz unidade. Queria

parabenizar porque as centrais estão reunidas para conversar. Talvez tenha demorado muito para alcançar esse

ganho da unidade da classe trabalhadora. Infelizmente, e preciso falar, temos uma Central Sindical que se diz

trabalhadora, mas defende a terceirização. Isso é inadmissível. Como uma Central Sindical, que fala que é da classe

dos trabalhadores, defende a terceirização? Mas as outras que estão representadas, queria parabenizá-las e

incentivá-las neste momento de crise, para se unirem. E para quê? Para se reinventarem.

O Senhor Luiz Fernando falou a respeito da tirinha. Várias tirinhas, várias questões muito inteligentes

foram surgindo ao longo deste debate, mas uma me chamou a atenção porque percebi quanto que essa pessoa que

fez a tirinha foi inteligente e conseguiu comunicar.

A tirinha falava assim: O deputado que votou a favor da terceirização voltou para casa. Quando chega em

casa, depara-se com a mulher dele com outro dentro de casa. E a mulher responde: Enfim, eu já praticava a

terceirização. A mulher dele estava praticando a terceirização da atividade-fim do casamento. É isso que a gente

precisa entender. É isso que a gente precisa comunicar.

A gente precisa entender que a mídia, como foi falado, é tendenciosa. Mas, se nos reinventarmos,

conseguiremos pela força, pela informação e pela formação bloquear essa mídia tendenciosa.

Fiz várias críticas do Púlpito, mas quero parabenizar porque, ontem, a CUT enviou o Edinho a um debate

dentro de uma faculdade privada, considerada uma faculdade de elite no Estado do Espírito Santo, a Faculdade de

Direito de Vitória. Ele estava sentado com dois desembargadores, um juiz, dois advogados de empresa, um

advogado de movimento social, que era eu, e alguns professores. E o Edinho e o Nilson Hoffmann conseguiram se

fazer representar, conseguiram dialogar. Eles entraram com cinquenta, cem estudantes de elite, estudantes

coxinhas, como Leandro falou, contra a terceirização. Mas depois das falas do Edinho e do Nilson, de um total de

cem pessoas, noventa e oito estavam contra a terceirização.

O movimento sindical precisa entrar nas faculdades. Esse debate precisa ir para dentro da Ufes, das

instituições de ensino.

Falaram sobre a questão do Ministério Público que deu a liminar. A gente precisa entender que existe

problema na formação dos juízes do nosso País. E as Centrais Sindicais precisam se unir e mandar

encaminhamentos à Anamatra, à Associação Nacional dos Magistrados, porque o direito coletivo, o direito sindical,

o direito do trabalhador precisa passar pelas provas de juízes, pela formação dos juízes. Precisamos entender que os

juízes também precisam de formação. A gente debate e critica, mas há uma carência também de formação dos

juízes. Por que não, então, requerer que a formação em movimentos sociais e em movimentos sindicais também

passe em concursos de juízes?

Os advogados de sindicatos, muitas vezes, são carentes no debate político. Precisamos levar isso às

faculdades de Direito. Nas faculdades de Direito não se discute direito coletivo do trabalho. Por fim, gostaria de

dizer que a OAB está de portas abertas, a Advocacia capixaba está de portas abertas, a gente é contra a

terceirização e estamos dispostos a, junto com vocês, caminhar na luta contra a terceirização, porque entendemos

que não afeta apenas a classe trabalhadora, mas toda a sociedade brasileira.

O SR. PRESIDENTE – (NUNES – PT) – Obrigado.

Concedo a palavra ao companheiro Fábio Gama.

O SR. FÁBIO GAMA – Primeiro, quero registrar que no passado também sindical. Estava presente o

Wellington, do Sinergia, e a Maria Margaret.

Eu era advogado do Sinergia, antigo Sindicato dos Eletricitários, quando a Escelsa foi privatizada. Nunca

vi tanto trabalhador voando pelos ares em acidente de trabalho. Tenho trauma daquela época, a qualidade e a

segurança caíram muito. É um efeito deletério da terceirização, não tenho dúvida disso.

O Daniel Barbosa, professor, o presidente do Sindilegis e os demais tocaram na questão do concurso

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público. Existe uma desconstrução do concurso público no Brasil, isso é um rolo compressor. Fui juiz em Minas

Gerais antes de voltar para o Espírito Santo. Vemos, por exemplo, que os prefeitos não prometem saúde, escola

boa, estrada boa e escoamento de produção. Prometem emprego. É um loteamento permanente de serviço público

que deveria ser executado por servidor público compromissado com o cidadão, e não com o político de plantão

daquele momento, com estabilidade no emprego.

Nas minhas andanças por Minas Gerais, quando fui juiz no interior, via claramente que a conformação

política do município era outra. Quando conseguíamos impor a via saudável do concurso público, o prefeito não

tinha mais como ofertar emprego, ele tinha que ofertar estrada, manutenção dos mata-burros, vacina e remédio. Era

isso que tinha que ofertar, serviço público de qualidade. Mudava completamente a formação política daquele

município.

O que aconteceu? Tivemos o contrafluxo: toda ação leva a uma reação. Os juízes de Minas, na época,

incluíam um prefeito no polo passivo da ação. Você contratou sem concurso público, isso é ilegal. Sinto muito, seu

patrimônio pessoal vai responder por isso. A norma constitucional é clara: servidor público em serviço público. O

que aconteceu? Deslocaram a competência, perdemos a competência. Agora por que será que a justiça mais rápida,

que estava impondo o concurso público foi afastada dessas causas? Elas foram todas para a justiça comum, que não

é aparelhada como nós. Não estou falando que a justiça comum não funciona porque eles nãos querem funcionar,

mas eles não são aparelhados. Tem juiz do cívil que tem um servidor, enquanto em uma vara trabalhei com doze,

treze. Não posso falar que sou mais produtivo porque sou melhor que ele, mas tenho melhores condições de

trabalho, entendeu?

Judiciário e sindicato. Doutora Naiara, concordo com o seu discurso. Muito cuidado, gente, sou do meio

sindical, o sindicato está chegando a um precipício, porque o sindicato, movimento social está voltando a ser

criminalizado. A tolerância - palavra horrorosa - eles toleram os movimentos sindicais, como se isso fosse algo a

ser resolvido, a ser exterminado.

E os sindicalistas, infelizmente. Como juiz do trabalho às vezes falo com o sindicalista: Vocês têm certeza

que querem que eu interfira nesse conflito? Não me tragam conflitos, não me legitimem a intervir em um ambiente

sindical. Saiam daqui! Vocês estão vendo, às vezes os sindicalistas vão lá brigar, em eleição principalmente. Falo

com eles: vocês estão me legitimando a intervir no sindicato. Vocês querem que voltem o militarismo? Cresçam,

resolvam o problema interno de vocês.

Outro dia o sindicalista falou comigo: Só tem que mudar o estatuto do sindicato. Respondi: Estou com

vergonha! Você quer que eu mude o estatuto? Está me legitimando a entrar no sindicato e mudar o estatuto? Não

quero esse poder. Você não pode me legitimar a isso. Então, muito cuidado com isso. Em alguns sindicatos todas as

eleições são feitas pela justiça. É uma coisa difícil!

A terceirização e a justiça do trabalho. A Justiça do Trabalho é a justiça dos desempregados. Esse é um

chavão que usamos o tempo todo. Se o empregado for reclamar, na maioria das vezes, ele perde o emprego ou leva

uma justa causa. É assim que funciona no Brasil. Não existe garantia de emprego, e se você reclamar: sinto muito,

você está fora da empresa, não faz parte da minha equipe, você não é mais o meu colaborador. Não é isso?

Sofremos esse influxo da terceirização. Fico mais triste com as centenas de causas trabalhistas em que a

empresa fantasma sumiu e o trabalhador entrou com a ação só contra a fantasma. Mas cadê o tomador do serviço?

Não, doutor, não posso pôr, porque continuo com a outra empresa. Se eu colocar, vou perder o meu novo posto de

trabalho, vou ficar mal com um tomador. Os senhores estão vendo que eles querem criar uma...você não faz parte

disso aqui, mas aquele trabalhador se sentir fazendo parte, tem medo de represálias. Ele está no limbo, é uma coisa

horrorosa.

Por fim, a Anamatra fez os vídeos para que sejam exibidos. Será um prazer a veiculação por todos, fiquem

à vontade. Muito obrigado!

O SR. PRESIDENTE - (NUNES - PT) – Obrigado, Doutor Fábio! Obrigado, Naiara!

Agradeço a cada um e a cada uma de vocês que estiveram presente nesta importante sessão especial,

construída para que cada um de vocês pudesse ter um momento para fazer essa profunda reflexão, como foi feita.

Mais uma vez coloco nosso mandato à disposição de cada um e cada uma de vocês. Tenho feito isso

constantemente em todas as nossas audiências que temos buscado fazer através da demanda de cada um. A todo o

momento temos ouvido o apelo de cada um dos movimentos sociais pedindo que façamos as audiências públicas

para dar oportunidade de debater determinado tema, e temos feito isso.

Quero continuar colocando esse mandato à disposição de vocês. Estamos nesta Casa, justamente, para

ajudar a fazer esse debate tão importante, não só o do PL 4330, como o sugerido pelo companheiro, pedindo que

façamos uma audiência pública sobre a reforma política e judicialização da política. Passaremos isso na Comissão

de Defesa da Cidadania e Direitos Humanos e logo convocaremos cada um e cada uma de vocês. Muito obrigado a

todos e a todas!

Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a presente sessão. Antes, porém, convoco os Senhores Deputados

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para a próxima, ordinária, dia 04 de maio de 2015, cuja Ordem do Dia foi anunciada na trigésima primeira sessão

ordinária, realizada dia 29 de abril de 2015.

Está encerrada a sessão.

Encerra-se a sessão às dezoito horas e trinta e quatro minutos.