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Instituto de Economia da UFRJ PUBLICAÇÕES: ESTUDOS EM COMÉRCIO EXTERIOR MONOGRAFIA: PALLOMA SILVA Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Comércio Exterior MBA/E ECEX-UFRJ

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Instituto de Economia da UFRJ

PUBLICAÇÕES: ESTUDOS EM COMÉRCIO EXTERIOR

MONOGRAFIA:PALLOMA SILVACurso de Pós-GraduaçãoLato Sensu em Comércio ExteriorMBA/E ECEX-UFRJ

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1. PROBLEMA DE INFRAESTRUTURA E CUSTOS LOGÍSTICOS NOESCOAMENTODASOJARUMOAOMERCADOEXTERNO.

Autora:PallomadaCostaeSilvaOrientador:Prof.EdsonPeterli.

SETEMBRO,2014.

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RESUMO

OpresenteestudotemporobjetivoreferenciaraproduçãodesojanoBrasileosprincipaisproblemasencontradosnoescoamentodasojanoenvioao mercado externo. O Trabalho divide-se em três partes, a primeira umreferencial teórico sobre a logística de transportes, no que se refere àscaracterísticas dos principais modais utilizados e suas principais rotas deescoamento da matéria prima, assim como também os custos dearmazenamento no país, mostrando que é possível trazer resultadossatisfatórios no escoamento desta commodity. Na segunda parte, umpanorama sobre o surgimento desta oleaginosa no Brasil e no Mundo. Noúltimo tópico do referido trabalho serão abordados os principais custos dalogística no processo de escoamento da soja que acabam impactandoinvestimentos futurosnopaís.Para isso, serão feitoscomparativosentreosmaioresprodutoresdestamatéria–prima,comooBrasil,EstadosUnidoseArgentinaeperceberasdiferençaseeficiênciasquepodemservirdeexemplopositivo a ser implantado no país. Neste trabalho utilizou-se de amplapesquisa teórica e bibliográfica, baseando-se em materiais publicados eentrevistas de estudiosos sobre o assunto abordado. Observou-se que sãomuitos os problemas em infraestrutura e logística da soja. Porém, nota-se,que se o país tiver incentivos de cunho financeiro para financiar obras deinfraestrutura, utilizar mais o modal ferroviário, assim como tambémresolverogargalodaarmazenagemdoproduto,criandopolíticasdecréditopara a construção de silos nas propriedades rurais, cria-se, portanto, umambientemaisfavorávelàsnegociaçõescomomercadoexternoetornandoopaís mais competitivo, reduzindo custo de operação e tempo de entrega.Contudo,ficaaindaodesafiodecontinuarsendoomaiorprodutoresetornaromaiorexportadordesojadomundo.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................41.1 Objetivo....................................................................................................................................5

2. PANORAMADALOGÍSTICA......................................................................................................62.1 LogísticanoBrasil.................................................................................................................62.1.1 Transportes......................................................................................................................72.1.2 Armazenagem..................................................................................................................9

3. HISTÓRIADASOJANOBRASILENOMUNDO.................................................................103.1 NoMundo..............................................................................................................................12

4. LOGÍSTICAPARAESCOAMENTODASOJA........................................................................144.1Custoslogísticosdasoja......................................................................................................16

5. CONSIDERAÇÕESFINAIS........................................................................................................18REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................20

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Silber (2006), enquanto a produção mundial cresceu seisvezesnosúltimos40anos,osfluxoscomerciaiscresceram12vezes.Observatambémqueocomércio internacional,sistematicamente,vemapresentandoumdinamismomaisfortedoqueaproduçãomundial.

As exportações de produtos agrícolas no Brasil vêm crescendo, mascom a estabilização da economia e a eliminação do processo inflacionáriobrasileirorecuperaramaideiadepreçosrelativos,revelandoineficiênciasdainfraestrutura que reduzem a competitividade dos produtos agrícolasbrasileiros.

O Brasil é responsável por 25%da produçãomundial de soja, com asafrade2012/13estimadaaoredorde81milhõesdetoneladas.Apartirdasafrade2013/2014opaíssecolocanaposiçãodeprimeirolugarnorankingde maior produtor mundial de soja, passando os Estados Unidos (EUA),segundodadosdaUSDA(DepartamentodeAgriculturadosEUA).

O Complexo Soja reúne a cadeia produtiva de soja em grão, farelo eóleo.Atualmente,éumdosprincipaisitensdaBalançaComercialbrasileiraeexportouquaseUS$31bilhõesem2013eparaoanode2014aprevisãoédeUS$28bilhões,segundodadoextraídoemjunhode2014.(ABIOVE,2014).

Algumasdasmaioresempresasexportadorasdasojabrasileiraindicamque suas principais restrições para aumento do volume exportado estãorelacionadasaoscustoseàsincertezasinerentesaoprocessodeescoamentodaproduçãodaoleaginosa.

Na opinião de especialistas, a falta de infraestrutura e os custos comlogísticasãoumdosprincipais“gargalos”paraoescoamentodasojarumoàexportação. Para Caixeta Filho (2006), o transporte entre o produtor e aindústria de esmagamento, ou entre o produtor e o armazenamento doproduto, pode vir a representar um custo elevado em função das estradasrurais não serem pavimentadas, acarretando um deslocamento mais lento,alémdeimplicarmaioreselevaçõesnoscustosdemanutençãodocaminhão.O transporte do grão armazenado para a indústria de processamento, dosarmazéns ou indústrias de exportação com destino ao mercado externo,normalmente ocorre em rodovias pavimentadas, não necessariamente emboas condições. Somadoa isso, aindapodemosdestacar aproblemática emtornodaarmazenagemnoBrasil,ondeamaioriadaspropriedadesagrícolas,porexemplo,nãosãoequipadascomestruturasdearmazénsdentrodesuas

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propriedades,dificultandooescoamentodaproduçãoeprovocandolentidãoe possíveis atrasos no carregamento, pelo fato que muitas das vezes ocarregamentoocorrediretamentenacolheita.

Em termos de vantagens comparativas, o Brasil detém vantagemcomparativa na produção de soja, no entanto, os custos de escoamento dasoja têm sido um entrave para o país quanto à competitividade nacomercialização desta matéria-prima. Em um país com grandes dimensõescomooBrasil,alogísticadeveserumtemabastantediscutido,assimcomoainfra-estrutura que serve de base para a redução dos custos logísticos, deformaaacharsoluçõesafimdeevitarum“apagãologístico”nopaís.

1.1 Objetivo

OpresenteestudotemporobjetivoreferenciaraproduçãodesojanoBrasileosdesafiosdoescoamentodesseprodutoparaomercadoexterno.Noentanto, ao longo desta pesquisa, serão discutidos os principais problemasencontradosnoescoamentodasojaeoenvioaomercadoexterno.OTrabalhosedivideemtrêspartes,aprimeiraumreferencialteóricosobrealogísticadetransportes e armazenagem no Brasil. Na segunda parte do estudo, umpanoramacontandoumpoucomaissobreosurgimentodestaoleaginosanoBrasilenoMundo.Naterceiraeúltimapartedapesquisaserãodiscutidososprincipaiscustosdalogísticanoprocessodeescoamentodaproduçãodasojaque impactam o Custo Brasil nos investimentos futuros do país. Ao longodeste trabalho teórico, serão feitos comparativos com países que sãoconsiderados pelos principais órgãos mundiais, maiores produtores destamatéria- prima, Brasil, Estados Unidos e Argentina e mostrando que estespaíses conseguem ser mais eficientes que o Brasil em termos deinfraestruturalogísticaearmazenagem.

Aimportânciadestetrabalhoestáemanalisaralogísticaeasistemáticade transportesearmazenagemnesteprocessodeescoamentodasojarumoaomercadoexterno,noqueserefereàscaracterísticasdosmodaisutilizados,nasprincipaisrotasutilizadasnoescoamentodestamatériaprimaeoscustosdo processo de armazenamento, de forma a mostrar que é possível trazerresultadossatisfatóriosnoescoamentodaproduçãodestacommodityeobterganhosdeprodutividadeemtodaacadeiadeproduçãoquandodoenvioaomercadoexterior,deformaeficienteeacustosreduzidos.

Para isso utilizou-se de fontes secundárias considerando os estudosdesenvolvidos pela AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES(ANTT),CaixetaFilho(2001),BNDES(2002),CaixetaFilho(2006),Araújo,J.G(2011),InstitutoILOS(2012),Conab(2013),ASSOCIAÇÃOBRASILEIRADAS

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INDÚSTRIAS DE ÓLEOS VEGETAIS- ABIOVE (2014) e demais fontes queserviramdeconsultapararealizarestapesquisateórica.

2. PANORAMADALOGÍSTICA

Nestecapítuloserãoabordadososprincipais“gargalos”dasatividadesda logística no país, atualmente, o transporte e a armazenagem e noscapítulosseguintesserãoapresentadasasojaeoseusurgimentonoBrasileno Mundo, depois serão discutidas as principais atividades da logística deescoamentoda soja, dandoenfoquenosmodaismaisutilizados e a faltadearmazenagemdaproduçãodesojanopaís,abordandooscustosdalogísticaneste processo que também acabam impactando o Custo Brasil nosinvestimentosfuturosdopaís.

2.1 LogísticanoBrasil

Com a globalização, surgiu uma preocupação maior com aracionalização do tempo e custo, uma vez que a concorrência apenas emfunção do preço e da qualidade já não garante mais a sustentação dasvantagenscompetitivas,segundoespecialistas.

Atualmente os grandes produtores agrícolas e as empresas buscamofertarseusprodutoseserviçosdemaneirarápida,barataecomaqualidademelhor que a de seus competidores. Para tanto, exige-se uma boainfraestrutura dosmodais de transporte, pois são estes que determinam otempodeentregaeatémesmodiferenciaisdecustosfinais,seconsiderarmosqueotransporteéresponsávelpelamaiorparceladoscustoslogísticos,tantonoescoamentodaproduçãoagrícolaquantoparaumaempresa.

SegundopesquisarealizadapeloInstitutoILOS-InstitutodeLogísticaeSupplyChain(2012),oscustoslogísticosnoBrasilequivalemamaisde11,5%doPIBdopaís,comforteinfluênciadaatividadedetransportes.Essesgastosrepresentam cerca de 10% do faturamento das empresas brasileiras e sãoimpactados pela eficiência na gestão das empresas e pelas açõesgovernamentais que afetam a movimentação das cargas e as trocascomerciais.Opreçodotransportedecargasreflete-sediretamentenoCustoBrasil,deformaaafetaracompetitividadedosprodutosbrasileirostantonomercadoexternoquantointerno.

Ainda sobre a pesquisa do Instituto ILOS (2012), o transporterodoviário tem um custo médio em torno de R$ 216 mil por TKU(toneladas/quilômetro útil), enquantonomodal ferroviário esse custo é deR$ 38 mil, mais baixo que o aquaviário, estimado em R$ 49 mil por TKU.

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Quantomais extensaebem traçada for anossamalha, integrando todososmodais,menorseráocustoemaioraeficiência.

No comparativo Brasil e EUA (ILOS, 2012), o transporteferroviárionorte-americanotêmumaparticipaçãodequase40%namatrizdetransportes,enquantonoBrasilaparticipaçãodotransportesobretrilhosainda é de quase 20%, sendo que a maior movimentação de cargas quecirculam no território nacional utiliza o transporte rodoviário como seuprincipalmodal,representando67%,conformemostradonoquadroaseguir.

Fonte:ILOS(2012)

Emrelaçãoaoarmazenamento,parafinscomerciaisgeralmenteéfeitoem unidades de concentração de carga. Como as taxas de armazenagemvariamdeacordocomoarmazém,nãoépossívelapresentarumpadrãodecusto.Enquantoqueoarmazenamentonaproduçãoagrícolaéevidentementeimportante. Nos terminais que possuem capacidade de armazenagem,verificou-sequenãoexisteumpadrãonaformadetarifaraarmazenagem.Astaxasdearmazenagensnos terminaisestão,namaioriadasvezes,atreladasàs taxas de transbordo. Mas esta armazenagem nos terminais é realizadamais para o acúmulo de cargas, já que os terminais intermodais do Brasilpossuempoucacapacidadedearmazenamento.

2.1.1 Transportes

A rodovia é o principal sistema de transporte utilizado no Brasil nodeslocamento de cargas e pessoas, no entanto, existem deficiências nestas

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rodoviasqueacabaminfluenciandoobomfuncionamentodasoperaçõesquedependemdestetipodemodal.

Já em 2002 estudos sobre transporte rodoviário de carga (BNDES,2002) comprovavamadeterioraçãodamalha rodoviáriaeos consequentesaumentos dos custos operacionais dos veículos, além do tempo de viagem,dentre outros fatores refletiam a redução nos investimentos. Dadosmostravam que desde a década de 80 a infraestrutura e o setor detransportes já apresentavam gargalos evidentes que foram se agravandodevidoàfaltadeinvestimentosnosetoreinfraestrutura.(BNDES,2002).Noentanto, de acordo com a pesquisa realizada por Araújo, J.G (2011) que sebaseounaPesquisaNacionaldeTransporteRodoviáriofeitapeloILOS,2010,omodal rodoviário que representamais de 60%da carga transportada nopaís e custo beirando quase 6% do PIB do Brasil (2011), nos mostra quepassados os piores momentos da crise internacional de 2010, onde houvegrande impacto no setor de transportes, observa-se um cenário positivosobrearevitalizaçãodotransporterodoviáriodecargasnopaís.

Omodalferroviáriotemcomoprincipaiscaracterísticas:capacidadedetransportar grandes volumes, com elevada eficiência energética nosdeslocamentosdemédias e grandesdistâncias.Apresentamaior segurança,em relação ao modal rodoviário, com menor índice de acidentes e menorincidênciadefurtoseroubos.SegundodadosdaANTT(AgênciaNacionaldeTransportesTerrestres),osistemaferroviárionacionaléomaiordaAméricaLatina, em termos de carga transportada, atingindo 162,2 bilhões de TKU(toneladaquilômetroútil),em2001.Osistemaferroviáriobrasileirototaliza29.706 quilômetros, concentrando-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste,atendendo parte do Centro-Oeste e Norte do país. Foram concedidosaproximadamente, 28.840 quilômetros das malhas com a privatização,objetivandooaumentodaofertaemelhoriadosserviços.(ANTT,2000)

OInstitutoILOS(2012)comprovaquedopontodevistaambiental,asferrovias levam ampla vantagem em relação ao transporte rodoviário, umadelaséemrelaçãoàemissãodedióxidodecarbono(CO2)edemonóxidodecarbono(CO),ondeostrensdecargaemitem70%menosCO2e66%menosdeCOdoqueos caminhões, assim como também,uma composiçãode cemvagões,écapazdesubstituir350caminhõesnasestradas.Ouseja,contribuiparaareduçãodeemissãodepoluentesnoaremenorgastodecombustíveisfósseis.(ILOS,2012)

Além de poluir mais, o transporte rodoviário traz um custo indiretomuito maior que no transporte sobre trilhos quando levamos emconsideração outros aspectos de grande relevância na logística brasileira

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como: roubos de carga, acidentes em rodovias, péssimas condições depavimentação e até mesmo nenhuma pavimentação e acostamentos nasrodovias,taxasdepedágioesinalizaçãoprecária.Fazendosenecessáriaumamudança de paradigma no modal de transporte de cargas no territóriobrasileiro,poisesteéumdosprincipaispilaresnoconjuntodecondiçõesquelevamumpaísasercompetitivoeconomicamente.Abaixoserámostradonoprimeiromapa o sistema ferroviário nacional, segundo dados cartográficosde2014eosegundomostraomapadosistemaferroviárionacionalem2000.

Fonte:ANTT

2.1.2 Armazenagem

Algumasregiõesdopaísapresentamsituaçãocríticaemseussistemasde armazenagem, como o estado do Mato Grosso e do Paraná, principaisprodutoresdesojanopaís.Duranteacolheitadasoja,porexemplo,nota-seumamovimentação e um congestionamento nas estradas que cortam essasregiões.Écomumoarmazenamentodestetipodeprodutoserdeixadoaoarlivre por falta de espaço nos silos, sobretudo, por conta da capacidade dearmazenamentodestesestadosqueestáaquémdoquerealmenteproduzem.Somando-se a isso, muitos desses armazéns ficam distantes do local decolheita, dificultando o transporte e encarecendo mais ainda a operação econsequentemente a produção. A estrutura de armazenagem por serinadequadanaspropriedadesrurais,obrigagrandepartedosprodutoresdesojaaescoaremsuaproduçãologoapósacolheita,períodoemqueospreçossãobaixoseocustodosfretesestámaisalto.Alémdisso,acabapressionandoocongestionamentonasestradasenasestruturasviáriaseportuáriasdopaísnumcurtoperíododetempo.Comtodosessescustossomadosaoproblema

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deinfraestruturaacabaafetandoacompetitividadedosprodutosbrasileirosnomercadonacionaleinternacional.

Segundo pesquisa realizada pela Scot Consultoria no Mato Grossoreferenteàsafrade2012/2013dasoja,apurouumaumentomédionaordemde30%a50%noscustosdearmazenageminformandoqueopreçomédiodearmazenamentodos grãos até o prazodedoismeses eradeR$1,50/ saca,queincluiarecepção,limpeza,secagemearmazenagem,ouseja,seincluirocusto de armazenagem e demais custos ligados à produção e escoamentodessesgrãos,asituaçãopioraaindamais.Afaltadearmazénsassimcomoaspéssimascondiçõesdasestradas, edemaispontos já informados, formamoCustoBrasil.

Dados da Conab (2013) mostram que a capacidade dos silos earmazéns em todo o país chega a 148,3 milhões de toneladas. Segundoindicadoresinternacionais,deveriahaverespaçoparaestocar220milhõesdetoneladas de grãos. O desafio da armazenagem de grãos ganha proporçõesaindamaioresdiantedosucateamentoda infraestrutura logísticadopaís.Aausência de ferrovias nas principais regiões produtoras brasileiras, aspéssimas condiçõesdasestradaseo estrangulamentodosportos criamumambienteemque,semtercomotransportaresemlocaisparaarmazenar,oprejuízoeocustotendemsempreaaumentar.(Conab,2013)

Já existem algumas alternativas do agronegócio para driblar esteproblema,comoaantecipaçãodacomercializaçãodeumapartedaproduçãoeaoutraparte ficandoarmazenadaemsilosde cooperativas,demodoqueestas medidas trazem mais tranquilidade para os produtores poderemcomercializaretransportaraprodução.

Até fevereiro de 2013, estava sendo tratado em Câmara Temática deInfraestrutura e logística do Agronegócio juntamente com integrantes doMAPA(MinistériodaAgricultura,PecuáriaeAbastecimento),ondeumgrupode trabalho (GT) ficou encarregado de estudar o Plano Nacional deArmazenagem, cujo objetivo deste estudo é traçar as diretrizes paraaumentar a capacidade estática de armazenagem no país e promover aredistribuição geográfica em função das áreas de produção que temmaiorcarênciadeinstalação.(MAPA,2013).

3. HISTÓRIADASOJANOBRASILENOMUNDO

A soja chegou ao Brasil via EstadosUnidos, em 1882. GustavoDutra,então professor da Escola de Agronomia da Bahia, realizou os primeirosestudosdeavaliaçãodecultivaresintroduzidasdaquelepaís.

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Em 1891, testes de adaptação de cultivares semelhantes aosconduzidosporDutranaBahiaforamrealizadosnoInstitutoAgronômicodeCampinas, Estadode SãoPaulo (SP).Assim comonosEUA, a sojanoBrasildessa época era estudada mais como cultura forrageira - eventualmentetambémproduzindogrãosparaconsumodeanimaisdapropriedade-doquecomoplantaprodutoradegrãosparaaindústriadefareloseóleosvegetais.

Em1900e1901,oInstitutoAgronômicodeCampinas,SP,promoveuaprimeiradistribuiçãodesementesdesojaparaprodutorespaulistase,nessamesmadata,têm-seregistrodoprimeirocultivodesojanoRioGrandedoSul(RS), onde a cultura encontrou efetivas condições para se desenvolver eexpandir,dadasassemelhançasclimáticasdoecossistemadeorigem(suldosEUA)dosmateriaisgenéticosexistentesnopaís,comascondiçõesclimáticaspredominantesnoextremosuldoBrasil.

Comoestabelecimentodoprogramaoficialde incentivoà triticulturanacional, em meados dos anos 50, a cultura da soja foi igualmenteincentivada,porser,desdeopontodevista técnico (leguminosasucedendogramínea), quanto econômico (melhor aproveitamento da terra, dasmáquinas/implementos, da infraestrutura e da mão de obra), a melhoralternativadeverãoparasucederotrigocultivadonoinverno.

O primeiro registro de cultivo de soja no Brasil data de 1914 nomunicípiode SantaRosa,RS.Mas foi somente apartir dos anos40que elaadquiriu alguma importância econômica, merecendo o primeiro registroestatístico nacional em 1941, no Anuário Agrícola do RS: área cultivada de640 ha, produção de 450t e rendimento de 700 kg/ha. Nesse mesmo anoinstalou-se a primeira indústria processadora de soja do País (Santa Rosa,RS)e,em1949,comproduçãode25.000t,oBrasilfiguroupelaprimeiravezcomo produtor de soja nas estatísticas internacionais. Mas foi a partir dadécada de 1960, impulsionada pela política de subsídios ao trigo, visandoautossuficiência, que a soja se estabeleceu como cultura economicamenteimportante para o Brasil. Nessa década, a sua produçãomultiplicou-se porcinco (passou de 206 mil toneladas, em 1960, para 1,056 milhão detoneladas,em1969)e98%dessevolumeeraproduzidonostrêsestadosdaRegiãoSul,ondeprevaleceuàdobradinha,trigonoinvernoesojanoverão.

Apesardosignificativocrescimentodaproduçãonocorrerdosanos60,foinadécadaseguintequeasojaseconsolidoucomoaprincipalculturadoagronegócio brasileiro, passando de 1,5 milhões de toneladas (1970) paramais de 15 milhões de toneladas (1979). Esse crescimento se deveu, nãoapenasaoaumentodaáreacultivada(1,3para8,8milhõesdehectares),mas,também, ao expressivo incremento da produtividade (1,14 para 1,73t/ha)

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graças às novas tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisabrasileira.Maisde80%dovolumeproduzidonaépocaaindaseconcentravanostrêsestadosdaRegiãoSuldoBrasil.

Nasdécadasde1980e1990repetiu-se,naregiãotropicaldoBrasil,oexplosivocrescimentodaproduçãoocorridonasduasdécadasanterioresnaRegiãoSul.Em1970,menosde2%daproduçãonacionaldesojaeracolhidanocentro-oeste.Em1980,essepercentualpassoupara20%,em1990jáerasuperiora40%eem2003estápróximodos60%,comtendênciasaocuparmaiorespaçoa cadanovasafra.Essa transformaçãopromoveuoEstadodoMato Grosso, de produtor marginal a líder nacional de produção e deprodutividadedesoja,comboasperspectivasdeconsolidar-senessaposição.(EMBRAPA,2004).

Diante de perspectivas futuras, tomando como referência a realidadeatual, parece pertinente afirmar que pelas tendências do quadro atual daagriculturabrasileira, que aproduçãodaoleaginosanopaís se concentrarácadavezmaisnasgrandespropriedadesdocentro-oeste,emdetrimentodaspequenasemédiaspropriedadesdaRegiãoSul,cujosproprietários,porfaltade competitividade na produção de grãos, tenderãomigrar para atividadesagrícolas mais rentáveis (produção de leite, criação de suínos e de aves,cultivodefrutasedehortaliças,ecoturismo,entreoutros),porquesãomaisintensivas no uso demão de obra, “mercadoria” geralmente abundante empequenaspropriedades familiares, ondeo recurso escasso é a terra, dentreoutros,ondeofuturodasojabrasileiradependerádasuacompetitividadenomercadoglobal,alémdoempenhodoprodutoredogovernoemapoiartodooprocessoprodutivoedeescoamentodaproduçãoparaexportaçãodasojaemgrão.

3.1 NoMundo

A soja é uma cultura cuja origem se atribui ao continente asiático,sobretudo a região do rio Yangtse, na China. A cultura que hoje se plantaresultadaevoluçãodesucessivosprocessosdemelhoramentodegenótiposancestrais,diferentesdosqueseutilizamnaatualidade.

Ocultivodasojaémuitoantigo.Algunsrelatosrevelamqueosplantiosde soja remontama2838 anosA.C, naChina, sendomuitosdesses escritosnuma língua ainda arcaica. Na cultura chinesa daquele período, algumasplantaseramconsideradassagradas,dentreelasasoja.Porséculos,aculturapermaneceu restrita ao oriente, só sendo introduzida no ocidente, pelaEuropa, por volta do século XV, não com finalidade de alimentação, como

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acontecianaChinaeJapão,masdeornamentação,comonaInglaterra,FrançaeAlemanha.

As primeiras tentativas de produção de soja na Europa fracassaram,provavelmente,devidoafatoresclimáticos,ausênciadeconhecimentosobreaculturaesuasexigências.Osnorte-americanosforamosque,entreofimdoséculoXIXeiníciodoséculoXX,conseguiramdesenvolverocultivocomercialdasoja,criandonovasvariedades,comteordeóleomaiselevado.Apartirdeentão,ocorreuaexpansãodoseucultivo.

EmNovembrode2013haviasidodivulgadopelaSEAB(SecretariadeEstadodaAgriculturaedoAbastecimentodoBrasil)quedevidooaumentodoconsumoempaísescomoaChina,ademandapelasojateriaumcenáriodecrescimento na produção mundial, de acordo com estimativas divulgadaspelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), onde seesperavaproduçãorecordedasojamundialnasafrade2013/2014,eosEUAcomomaioresexportadoresdesojamundial,conformegráficosabaixo.

Mundo-ProduçãoestimadadaSoja-Safra2013/2014

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Principais Países Exportadores de Soja - Estimativa USDA da Safra2013/2014.

Noentanto,deacordocomoúltimorelatóriodivulgadoemfevereirode2014peloDepartamentodeAgriculturadosEstadosUnidos(USDA),oBrasilpassaaseromaiorprodutordesojadomundo.Olevantamentomostraqueopaíscresceuemquase10%aproduçãodeoleaginosanaúltimatemporada,passandode82milhõesde toneladaspara90milhõesde toneladas. Comaexpansão, o Brasil passou na frente da safra dos Estados Unidos, cujaprodução será de 89,5 milhões de toneladas na campanha atual. Nestecenário,destaca-seMatoGrossorepresentando29%daproduçãonacional.Oestado deve colher 26,2 milhões de toneladas do grão na safra 13/14,conformedadosdaCompanhiaNacionaldeAbastecimento(Conab).

4. LOGÍSTICAPARAESCOAMENTODASOJA

Neste capítulo serão abordados os principais “gargalos” deinfraestrutura e logística que envolve o escoamento da produção de sojabrasileira e o envio ao mercado externo através dos portos brasileiros,abordandooscustoslogísticosqueenvolveaatividade.

De acordo com Caixeta Filho (2006), a logística do agronegóciorelaciona-seaoplanejamentoeoperaçãodossistemasfísicos,informacionaise gerenciais necessários para que insumos e produtos se movimentem deformaintegradanoespaço-atravésdotransporte-enotempo–atravésdoarmazenamento - no momento certo, para o lugar certo, em condiçõesadequadasequesegasteomenospossívelcomisso.

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Oprocessodecomercializaçãodasojase iniciacomoprodutor,quevendeosgrãos

paraaagroindústria,paraascooperativasouasempresasde trading.Asexportaçõesdasojaemgrãocostumamserrealizadaspelasempresasdetrading. A negociação da safra da soja é frequentemente realizada comantecipação. Esta é uma formade evitar umapressão excessiva nos preçosnos meses de safra e, ao mesmo tempo, financiar a lavoura, pois parte dasafraéentregueàsempresasdetradingemtrocadeinsumos(COELI,2004).

Ainda segundo Coeli (2004), o escoamento da produção de soja noBrasil ocorre em duas etapas: primeiro, o transporte das lavouras para oarmazém da fazenda que costuma ser de responsabilidade do produtor,sendo feito através de carretas. Seu custo é elevado devido à ausência depavimentação nas estradas rurais. Trata-se de um transporte local eextremamente pulverizado, não sendo, portanto, o foco de análise desteestudo. Segundo, o transporte dos armazéns dos produtores diretamenteparaexportaçãoouparaaindústriadeprocessamento:apartirdosarmazénsdos produtores, a soja em grão segue por ferrovias, rodovias ou hidrovias,para ser direcionada para exportação (portos). A soja costuma sertransportada a granel, embora haja ocasiões em que é ensacada antes damovimentação.A soja tambémpode ser transportadapara as indústriasdeprocessamento,paratransformartodoocomplexosoja(grãos,fareloeóleo).

Amovimentaçãodaoleaginosadosprincipaispólosprodutoresparaaexportação pode ser transportada por diferentes modais, mas o maisutilizadoéorodoviário.Alémdeseromaiscaro,éomaispoluente.Opapeldeste modal deveria ser para levar a soja aos terminais ferroviários e/ouhidroviários, ou seja, deveria ter uma atuação secundária e não principal,ondeatualmenterepresentacercade67%detodaacargaquecirculanopaís.Enquanto os EUA transportam 68% da sua produção por ferrovias ehidrovias ficando apenas 31% do volume restante sendo transportado porrodovias. Quanto à Argentina, embora o transporte rodoviário represente80%doescoamentodaproduçãode sojanopaís, asdistânciaspercorridassãorelativamentepequenasquandocomparadasàsdoBrasil.

Segundo relatos de integrantes doProjeto SojaBrasil (Fev-2014), é amaiorexpediçãoporlavourasdesojajárealizadanopaíscomacoordenaçãotécnica da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), emvisitaaArgentina,constataramquealogísticaparaosnossosvizinhoslatino-americanos, é o ponto mais positivo na produção rural da Argentina, poiscercade70%dosgrãosdesojaquesãoexportadospassampeloportoe80%dasregiõesprodutorasestãonumraiodeaté300quilômetros, tendocasos

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emquedaprópriapropriedadeondeseproduzasoja,ofazendeirotemcomoenxergarosnaviosatracandonoporto.

Analisandoumpoucomelhorumdosmaioresexportadoresdesojanomundo,osnorte-americanos.PodeseverificaraeficiêncialogísticadosEUAnoescoamentodaproduçãodasuasojaparaexportação,noquedizrespeitoàcapacidadedearmazenageminstaladanasprópriasfazendas,ondeamaiorparte dos agricultores possuem silos metálicos com capacidade dearmazenagem e utilizam osmodaismais adequados para o escoamento desuaprodução.

A faltadearmazenagem,outroproblemaenfrentadopelosprodutoresde soja no Brasil, que influencia bastante os custos de produção da sojabrasileira,estudoscomprovamqueduranteasafra,devidoàconcentraçãodoseuescoamento logoapósacolheita,provocamgrandescongestionamentosnasestradase,sobretudo,nospátiosderecepção.Essa“pressa”emescoaroproduto deve-se à falta de armazenamento nas propriedades rurais oupróximo dos locais de produção, sendo comum o armazenamento ao “arlivre” por falta de espaço nos silos. Para amenizar esta situação, osprodutores acabam escoando rapidamente parte de sua colheitapressionandoosportosbrasileiros,alémdapressãofeitaaospreços,poisosprodutores escoam parte da safra (pós-colheita) se colocam numa posiçãodesfavorável, de vulnerabilidade e pouco poder de barganha nacomercialização do produto tanto no mercado externo quanto interno. Osaltos custos de transportes no Brasil acabam tendo grandes reflexosnegativossobreospreçosrecebidospelosprodutores,especialmenteàqueleslocalizadosemregiõesmaisdistantesdosportos.

4.1 Custoslogísticosdasoja

Pode-se citar o artigo elaborado por Kussano e Batalha (2012), quebuscou discutir aspectos relacionados à logística da soja, infraestruturalogísticaeintermodalidadedemeiosdetransportesdecargas,propondoummodelo de cálculo de custo logístico total para o escoamento de produtosagroindustriaisdeexportação,nocasoasoja.Noentanto, iremosidentificarapenasositensdecustosdemaiorrelevânciaparaestetrabalhoedemaioresentravesparaodesenvolvimentodaproduçãodesojanoBrasil,otransporteeaarmazenagem.

As últimas décadas assistiram à interiorização da produção desojanoBrasil.AproduçãoderegiõestradicionaisdosuldoPaísedepartedeSãoPauloexpandiram-separaasregiõesdoCerradoedepartedaAmazônia.Disponibilidade de terras, subsídios dos governos e suporte tecnológico

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explicam,emgrandeparte,estemovimento.Essedeslocamentoacentuouosproblemas de infraestrutura e logística, aumentando os custos médios detransporte dos grãos produzidos em território nacional até os portosexportadores(AFONSO,2006).

SegundoKussanoeBatalha(2012),ocustocomrodoviárioéaltamentedependentedopreçodocombustíveledospedágios,osquaisrepresentamamaiorpartedocustodetransporterodoviário.(...)ofreterodoviárionasafradasojaficacercade30%maiscarodevidoaoaumentodademanda.Grandeparte do transporte rodoviário da soja na safra é feito por caminhoneirosautônomos que conseguemos fretes pormeio das transportadoras e ficamdependentesdascondiçõesditadasporelas.

No transporte ferroviário, as grandes tradingse esmagadoras fechamcontratos antecipados com as empresas de transporte ferroviário do tipo“take or pay, contratam antecipadamente o volume a ser transportado. Opagamento previsto em contrato deverá ser efetuado ao transportadormesmoqueelenãotransporteovolumeacordado.

Apreferênciadostransportadoresferroviáriosporatenderasgrandestradings se deve ao alto volume transportado por estas empresas paraoperações por ferrovia ao longo de todo o ano. Desta forma, amaioria dascompanhiasdetransporteferroviáriopretereclientesmenoresesóosatendeconformesuadisponibilidadeeconveniência.

Durante a operação de transporte, em terminais ou no porto deexportação,podemocorrerfilasdecaminhãoparadescarregamento,asquaisocasionam altos tempos de espera para o transportador. Este tempo deespera que os caminhões enfrentam deve ser indenizado em forma da"remuneração por estadia". A lei federal 11.442, que dispõe sobre otransporte rodoviário de cargas (TRC) por conta de terceiros e medianteremuneração, estabelecequeo tempodeesperadocaminhoneironãodevesuperarcincohoras.Seestetempoforexcedido,eleterádireitoareceberR$1,00portoneladaacadahoraexcedida.

O tipo de negociação mais efetuada é um acerto de pagamento deestadia que geralmente começa a valer após12horas de espera.Após esteperíodo de tolerância estabelecido, paga-se uma média de R$ 0,30 portonelada/hora. Pode acontecer também o pagamento de diárias, que énegociadaemcadacasoespecífico.Alémdisso,emsituaçõesdealtotempodeespera,énecessárioconsiderartambémocustodeestoqueemtrânsito,masoque foi identificadonaabordagem feitaporKussanoeBatalha (2012) foi

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que a maioria das empresas exportadoras de soja não calcula o custo deoportunidadedoestoqueemarmazénsedoestoqueemtrânsito.

Este fatoevidenciaa importânciadenãoseconsiderarapenaso freteao decidir pelas opções logísticas de escoamento, já que os outros custospodeminviabilizarumaopçãoque,noprincípio,analisandosomenteofrete,seriaademenorcusto.

A maioria dos terminais considera o período de armazenagem comocustos já embutido nas taxas de transbordo, pois, na maioria das vezes, aligação entre um ponto de origem de carga e o terminal hidroviário ouferroviárioé feitaporcaminhões,quetransportamvolumesmenores.Destaforma,operíododearmazenagempossuiafunçãodeacúmulodecargaparacompletarascargasdasbarcaçasetrens.(KussanoeBatalha,2012)

Outro dado importante é que a soja é uma commodityprecificada nomercado internacional, tendoaBolsadeChicago como seumaiorbalizadorde preços. Desta maneira, o produtor rural fica sem controle sobre o seupreço,atuandosomentenagestãodeseuscustos.

O Brasil, a partir da sua última safra 2013/2014 é atualmenteconsideradoomaiorprodutordesojanomundo,passandoafrentedosEUAeArgentina,consideradosmundialmenteosmaiorescompetidoresnestesetordoBrasil.EstudoscomprovamcadavezmaisqueoproblemadoBrasilnãoéa capacidade de produção de soja e nem tampouco a capacidade paraexportar,os“gargalos”deescoamentodaproduçãodesojanoBrasilestãonaarmazenagem e na opção pelo modal rodoviário, tornando a logísticarelacionadaaesteproduto,umdosmaioresentravesparaodesenvolvimentodosetor.

5. CONSIDERAÇÕESFINAIS.

A produção de soja no Brasil vem apresentando safras recordes quesustentam a crescente demanda nacional e internacional, apesar dessesresultados positivos inclusive em nossa balança comercial, a infraestruturalogísticabrasileiraaindaéumapauta importantíssimaquedeveriasermaisdesenvolvidanopaís,sobretudo,oquevemosainda,nãopassamdeestudossem aplicabilidade concreta e conclusivas por parte principalmente dasautoridadesgovernamentais.

Há expectativas de melhoras na parte tanto de infraestruturalogísticaquantodearmazenagem,assimcomo tambémhágrandedemandapor estas melhorias, no entanto, as autoridades governamentais vem se

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comprometendo,implantandoumsistemaintegradodetransporte,quetemaconstrução de ferrovias estruturantes, como a Norte-Sul, que permitirá aconexãoentreasregiõesdopaís,aOeste–Leste, ligandoIlhéusaBarreirosna Bahia, a Centro- Oeste, ligando (ligando Ilhéus a Barreiros, na Bahia), aCentro-Oeste (da cidade goiana de Uruaçu até Vilhena, em Rondônia), aampliação da malha em Santa Catarina (do extremo Oeste ao litoral doEstado), aTransnordestina (interligandoo interiordeváriosEstadosa trêsimportantes portos do Nordeste) e o Ferroanel de São Paulo (que vai daragilidade ao escoamento de cargas para o Porto de Santos) – alémde umasérie de investimentos programados pelas concessionárias em suasrespectivasmalhas,paraospróximosanos.

OBrasildevezelarpeloplanejamentoepelagarantiadaregularidadedoabastecimentointerno,alémdemanteracompetitividadedoprodutonomercadoexterno.

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