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e963a3c2-dd9f-4b82-a74e-0631011000b0 Governo só garante fim da sobretaxa de IRS e cortes salariais em 2019 Passos Coelho faz depender fim da sobretaxa do ritmo de devolução dos salários na função pública. Governo quer aproveitar flexibilidade de Bruxelas para reduzir TSU e reformar sistema das pensões Destaque, 2 a 5 D. Manuel Clemente diz que “algo de novo e positivo ocorrerá no plano legal” p10 Autoridade da Concorrência não espera que haja grande descida de preços p20/21 Igreja Católica quer aborto discutido na campanha eleitoral Combustíveis sem aditivos terão pouco impacto nos preços ÁFRICA DO SUL NOVA ONDA DE VIOLÊNCIA CONTRA IMIGRANTES Mundo, 24/25 AFP PUBLICIDADE Cientista Maria Arménia Carrondo é a nova presidente da FCT p32 SEX 17 ABR 2015 EDIÇÃO PORTO Ano XXVI | n.º 9133 | 1,65€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1556 PRÉMIOS 2014 JORNAL EUROPEU DO ANO JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL 1948-2015 LUÍS SERPA, O PRIMEIRO GALERISTA COSMOPOLITA Cultura, 28/29 T A Marcha pela paz ontem em Durban. Confrontos com manifestantes xenófobos levou à intervenção da polícia sul-africana HOJE DVD inédito Uma Entrevista de Loucos A comédia política que não chegou aos grandes ecrãs ch he eg g o ou u a ao os s g g r r a an Por + 9,95€ O QUE DEVEMOS AOS ALEMÃES KRAFTWERK CONCERTO ípsilon

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Luis SerpaObituarioArte Contemporanea Portugal

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    Governo s garante m da sobretaxa de IRS e cortes salariais em 2019Passos Coelho faz depender fi m da sobretaxa do ritmo de devoluo dos salrios na funo pblica. Governo quer aproveitar fl exibilidade de Bruxelas para reduzir TSU e reformar sistema das penses Destaque, 2 a 5

    D. Manuel Clemente diz que algo de novo e positivo ocorrer no plano legal p10

    Autoridade da Concorrncia no espera que haja grande descida de preos p20/21

    Igreja Catlica quer aborto discutido na campanha eleitoral

    Combustveis sem aditivos tero pouco impacto nos preos

    FRICA DO SULNOVA ONDA DE VIOLNCIA CONTRA IMIGRANTESMundo, 24/25

    AFP

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    Cientista Maria Armnia Carrondo a nova presidente da FCT p32SEX 17 ABR 2015EDIO PORTO

    Ano XXVI | n. 9133 | 1,65 | Directora: Brbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, urea Sampaio | Directora de Arte: Snia Matos

    ISNN:0872-1556

    PRMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANO

    JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL

    1948-2015LUS SERPA, O PRIMEIRO GALERISTA COSMOPOLITA Cultura, 28/29

    TA

    Marcha pela paz ontem em Durban. Confrontos com manifestantes xenfobos levou interveno da polcia sul-africana

    HOJE DVD inditoUma Entrevista

    de LoucosA comdia poltica que no chegou aos grandes ecrschheeggggoouu aaooss ggggrraan

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    O QUE DEVEMOS AOS ALEMES KRAFTWERK CONCERTO

    psilon

  • 28 | CULTURA | PBLICO, SEX 17 ABR 2015

    O galerista, gestor de projectos culturais e curador Lus Serpa, uma das fi guras mais infl uentes da arte portuguesa das ltimas dcadas, morreu ontem de manh. Sofria de uma doena neurolgica, esclerose lateral amiotrfi ca, tendo falecido no Hospital de S. Jos, em Lisboa, onde estava internado desde domingo. Tinha 66 anos.Lus Serpa foi um dos mais

    salientes agentes culturais que lideraram a transformao do panorama das artes visuais em Portugal.Desde 1984 fez da Galeria

    Cmicos (hoje Lus Serpa Projectos), em Lisboa, um espao de forte dinmica artstica, cuja capacidade de afi rmao internacional foi fundamental para a cena artstica da poca, conjugando sistematicamente projectos interdisciplinares. Percebeu a mudana de paradigma que a dcada introduziu, cruzando disciplinas (arte, arquitectura, msica e teatro), diversifi cando as linhas de artistas com que trabalhava ou dialogando com a situao espanhola numa altura de grande dinamismo do eixo Lisboa-Madrid que a feira Arco alimentava, diz o crtico e curador Joo Pinharanda.A reputao da galeria

    veio dessa capacidade de internacionalizao, trabalhando vrias geraes de artistas portugueses, como Julio Sarmento, Pedro Cabrita Reis, Jorge Molder e o grupo Homeosttico, ou de espanhis como Cristina Iglesias e Juan Muoz, entre outros.Vocacionada desde o seu

    incio para o intercmbio com as suas congneres estrangeiras, a Cmicos trouxe a Portugal artistas signifi cativos do panorama internacional e com

    os artistas nacionais cumpria a vocao de galeria dinmica, promovendo o seu trabalho no estrangeiro, atravs da participao em feiras de arte.O fotgrafo Jorge Molder,

    que trabalhou com Lus Serpa durante cerca de uma dcada a partir de 1983, mas que o conhecia desde o incio dos anos 1970, refere que tanto Iglesias como Muoz, por exemplo, so criaes suas.Ele tinha uma viso, de algum

    modo lcida, do panorama artstico internacional, e estava sempre actualizado com o trabalho dos galeristas de outros pases, acrescenta o fotgrafo e ex-director do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, lembrando tambm que a galeria Cmicos foi sempre um ponto de encontro e de ligao entre diferentes geraes, tanto de artistas portugueses como estrangeiros.Entre estes esto Joseph

    Kosuth, Gerhard Merz, Michelangelo Pistoletto, Gilberto Zorio, Hamish Fulton, Robert Wilson, que realizaram instalaes na galeria de Lus Serpa. Outra das caractersticas que marcaram a sua programao foi a ateno constante arte da fotografi a: Robert Mapplethorpe, John Coplans, Boyd Webb, Cindy Sherman e o prprio Jorge Molder so alguns exemplos.Joo Pinharanda afi rma

    que Serpa estabeleceu a sua network internacional atravs da network dos artistas mais signifi cativos com os quais trabalhava, nomeadamente Julio Sarmento. Foi assim que pudemos ver em Portugal primeiras apresentaes de Cristina Iglesias, Muoz, Barcel, Sicilia, Sevilla, Curro Gonzlez, etc., mas tambm de Kosuth ou de Bob Wilson. Como pudemos ver consagradas as novas direces da arte portuguesa com a revelao de novos caminhos da obra de Julio Sarmento ou de Leonel

    acrescenta o vice-director do Centro de Arte Reina Sofi a, em Madrid, lembrando a importncia que, poca, teve a exposio Depois do Modernismo (1983). Joo Fernandes observa

    que, alm da sua actividade de galerista, Lus Serpa assinou relevantes projectos curatoriais com outras instituies artsticas, e cita a sua ateno fotografi a e, em especial, ao auto-retrato, lembrando, a propsito, a exposio que apresentou no Museu de Serralves, com Fernando Pernes, Je suis un autre.Ao longo de 31 anos, Lus

    Serpa, com formao em Design e Museologia, apresentou 225 exposies na galeria e em cooperao com diversos centros culturais e museus. Realizou ainda 35 exposies individuais e temticas.O artista plstico Pedro

    Proena, que esteve ligado Cmicos nos anos 1980, fazendo parte do grupo dos Homeostticos, afi rma que foi provavelmente a galeria

    mais importante daquele perodo, tornando-se a partir de determinada altura emblemtica do ps-modernismo aqui, suportando ao mesmo tempo um projecto de internacionalizao srio, do qual viriam a benefi ciar artistas como Pedro Cabrita Reis. O crtico de arte e curador

    Alexandre Melo lembrou, num texto de 1999 recuperado quando foram assinalados os 30 anos de vida da galeria no ano passado, que a Cmicos foi a galeria portuguesa mais caracterstica da particular dinmica artstica dos anos 1980 e tambm aquela que num muito curto perodo de tempo obteve um grau de reconhecimento e uma capacidade de afi rmao internacional absolutamente nicos na histria das galerias portuguesas.Nos ltimos anos, Lus Serpa

    destacou-se como gestor de projectos culturais, na rea das indstrias criativas, ao mesmo tempo que exerceu as funes

    1948-2015 Com a actividade da sua galeria (Cmicos/Lus Serpa Projectos), desde os anos 1980 tornou-se uma das fi guras mais infl uentes da arte portuguesa das ltimas dcadas. Tinha 66 anos

    Morreu Lus Serpa, o primeiro galerista cosmopolita

    ObiturioSrgio C. Andrade e Vtor Belanciano

    Moura, ou a revelao de novas geraes, como Cabrita Reis, ou do grupo Homeosttico, que tendo percursos anteriores garantiram atravs das primeiras exposies na galeria a sua consagrao atravs da jovem crtica da dcada e novos pblicos e coleccionadores de nova gerao. Os primeiros anos de

    actividade da Cmicos foram exemplares, recorda Molder, realando a preocupao que o galerista sempre teve de fazer com que a sua programao tivesse eco no exterior. Ele preocupava-se em fazer com que os artistas que expunha chegassem l fora, mas tambm em trazer os de fora para dentro do pas, diz.Joo Fernandes diz que Lus

    Serpa foi o primeiro galerista cosmopolita portugus, referindo-se a essa sua preocupao de intercmbio artstico com o exterior. Ele lanou um contexto artstico novo no incio da dcada de 80,

  • PBLICO, SEX 17 ABR 2015 | CULTURA | 29

    de curadoria e planeamento estratgico para instituies e empresas em programas de arte contempornea. Fundou O Museu Temporrio, um projecto de engenharia cultural, especializado na concepo e gesto de equipamentos e eventos, e coordenou o grupo de trabalho para lanamento da Agncia para Apoio ao Desenvolvimento das Indstrias Criativas em Lisboa.

    Joo Pinharanda diz que Serpa constituiu uma muito signifi cativa coleco de obras dos artistas com os quais trabalhou, sob a temtica do auto-retrato, bem como um acervo documental de riqueza nica que urge preservar e estudar.

    O corpo de Lus Serpa fi car em cmara ardente a partir das 17h de hoje, na Igreja de S. Joo de Deus, na Praa de Londres, em Lisboa. De acordo com fonte da Galeria Lus Serpa, o funeral est marcado para amanh, com uma missa 11h e cremao no Cemitrio do Alto de S. Joo.

    LOIC VENANCE/AFPPEDRO CUNHA

    Ingrid Bergman, a imagem do cartaz de Cannes, vai ser homenageada no festival

    Com noventa por cento do elenco da prxima edio de Cannes fi xada, e ainda com ttulos a serem negocia-dos para as vrias seces da selec-o ofi cial, Thierry Frmaux, delega-do geral do festival, anunciou ontem em Paris Jacques Audiard, Matteo Garrone, Todd Haynes, Hou Hsiao Hsien, Nanni Moretti ou Gus van Sant para o concurso, Woody Allen e a nova animao da Pixar, Inside Out, fora de concurso, os romenos Corneliu Porumboiu e Radu Munte-an na seco Un Certain Regard.

    Faltam ainda ttulos, que viro a pblico nos prximos dias. Por is-so... e portugueses? At ao lavar dos cestos vindima, diz ao P-BLICO Lus Urbano, produtor de As Mil e Uma Noites, o fi lme de mais de seis horas e em trs captulos de Miguel Gomes.

    A abertura, a 13 de Maio, ser feita com La tte haute, de Emmanuelle Bercot, fi lme que tem Catherine De-neuve e Benot Magimel, mas a que faltam os condimentos do fi lme de abertura para servirem o tapete vermelho (a propsito: a direco do festival promete desacelerar a prtica ridcula, no tapete, da selfi e, essa photo de lui mme avec lui mme).

    Segundo Frmaux, foi uma deci-so determinada comear com esse fi lme e no, por exemplo, com Mad Max: Fury Road, de George Miller, com Tom Hardy, ou Irrational Man, de Woody Allen, com Joaquin Pho-enix (que esto fora de concurso): para mostrar que Cannes pode per-feitamente abrir com um ttulo que tem os condimentos da competio, os seus cdigos e temticas neste caso, a delinquncia juvenil, a edu-cao ( a segunda colaborao de Deneuve com a cineasta, depois de Elle sen Va, em 2013).

    Belle anne franaise, segundo Frmaux, foi complicado escolher, houve ttulos que fi caram de fora o novo de Arnaud Desplechin, Trois souvenirs de ma jeunesse, poder ser repescado. Vai ser ento o regresso de Jacques Audiard competio (Un hros trs discret, com Mathieu Kassovitz, Um Profeta, com Tahar

    Cannes 2015: o regressode Todd Haynes, Gus van Sante Nanni Moretti

    Sorrentino, fi lme sobre a velhice (como A Grande Beleza era sobre a fealdade) com Michael Caine, Jane Fonda, Harvey Keitel.

    E eis os asiticos: The assassin do taiwans Hou Hsiao-Hsien (fi lme de artes marciais ou a forma como Hou interpreta o gnero, tal como Wong Kar-wai o interpretou em Ashes of Time, e, tal como no caso do cine-asta de Hong Kong, a produo ar-rastou-se vrios anos, com interrup-es por problemas oramentais); Mountains May Depart de Jia Zhangke (a China contempornea, de novo, depois de A Touch of Sin); Notre petite soeur de Hirokazu Kore-Eda.

    Uma promessa

    The Lobsters de Yorgos Lanthimos, Le fi ls de Saul de Laszlo Nemes, Lou-der than Bombs de Joachim Trier (Oslo, August 31st), com Isabelle Huppert, Sicario de Denis Villeneu-ve, completam a lista dos 16 ttulos anunciados a seleco poder che-gar aos 20 nos prximos dias. Vo ser apreciados por um jri presidi-do pelos irmos Joel e Ethan Coen e nos prximos dias sero tambm anunciados os restantes jurados. O grego Lanthimos, o realizador do intrigante Alpeis (2011), com o seu grupo de personagens profi ssionais que se faziam passar por quem j morreu para ajudar ao luto dos fami-liares, foi destacado por Frmaux: The Lobsters ser um dos casos mis-teriosos do certame (o gnero de

    Rahim, De rouille et dos, com Marion Cotillard), que desta vez traz um fi l-me sem vedetas, Erran, a aventura de um guerrilheiro tamil em Frana; ainda Mawenn (Prmio do Jri em Cannes 2011, com Polisse), com Mon roi, que tem como actriz principal Emmanuelle Brco, a realizadora do fi lme de abertura; La loi du march, de Stphane Briz, com Vincent Lin-don; Marguerite et Julien de Valerie Donzelli; Macbeth do australiano Jus-tin Kurzel, com Michael Fassbender e Marion Cotillard.

    A propsito de regressos, dois vencedores da Palma de Ouro pode-ro habilitar-se a entrar para o clube dos duplamente premiados com o galardo mximo: Nanni Moretti, com La mia madre (ainda as dvidas criativas de um cineasta em crise), Gus vant Sant com The Sea of Trees, sobre o encontro entre um ameri-cano que se quer suicidar (Matthew McConaughey) e um, igualmente perdido, japons (Ken Wanatabe) os dois na base do Monte Fuji.

    E se se fala em regresso, ei-lo, To-dd Haynes, prmio da melhor con-tribuio artstica a Velvet Goldmine na j longnqua edio de Cannes 1998, compete com Carol, com Cate Blanchett e Rooney Mara. histria de amor entre duas mulheres na No-va Iorque dos anos 50.

    Moretti no o nico italiano, a ofensiva mesmo intimidante: Il racconto dei racconti, de Matteo Garrone, e La giovinezza, de Paolo

    FestivalVasco Cmara

    H ttulos por anunciar. Portugueses? At ao lavar dos cestos vindima, diz Lus Urbano, produtor de As Mil e uma Noites

    fi lmes em que no se compreende tudo); agora os humanos so trans-formados em animais.

    E j deixou de ser um segredo dos seleccionadores que um dos acon-tecimentos da competio vai ser o hngaro Laszlo Nemes, assistente de Bla Tarr. O seu fi lme conta dois dias na vida de um Sonderkommando (co-mando especial), o grupo de prisio-neiros judeus obrigados a assistir os nazis na mquina de extermnio.

    Yorgos Lanthimos, Laszlo Nemes, Joachim Trier, Valerie Donzelli, Emmanuelle Bercot... com eles, talvez, que Cannes 2015 quer for-mular hipteses, quer fazer nas-cer, com a seleco ofi cial, uma esperana, palavras de Frmaux em jeito de editorial.

    O cartaz desta edio, Ingrid Berg-man, o seu sorriso, o branco e o azul, uma criao de Herv Chigioni, convidado de novo pela organizao do festival depois de ter trabalhado, na edio do ano passado, sobre a imagem de Marcello Mastroianni, os seus culos escuros, a sua ironia, no 8 . Isabella Rossellini, fi lha de Ingrid e de Roberto Rossellini, pre-sidir ao jri da seco Un Certain Regard, onde esto seleccionados os romenos The Tresaure, de Cor-neliu Porumboiu, e One Floor Below, de Radu Muntean. Participar numa sesso de homenagem me que incluir a exibio do documentrio de Stig Bjrkman Ingrid Bergman In Her Own Words.