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Universidade Eduardo Mondlane
Comissão da Reforma Curricular
Quadro Curricular Para a
Graduação
Maputo, Outubro de 2011
ii
Ficha Técnica
Título: Quadro Curricular Para a Graduação
Editor: Direcção Pedagógica (UEM)
Comissão Da Reforma Curricular
Maquetização e Impressão: Imprensa Universitária – UEM
Tiragem: ----- Exemplares
Nrº do Registo: 0000/RLINLD/2011
Data da Publicação: 2011
iii
COMISSÃO DA REFORMA CURRICULAR
Prof. Doutora Eng. Maida Abdulssatar Khan – DP
Prof. Doutora Leda Hugo - DP
Prof. Doutor Firmino Mucavele – GRAIR
Prof. Doutor José Leopoldo Nhampossa- DRA
Arq. Anselmo Cani- FAPF
Prof. Doutora Vitória Branco Neves – FM
Prof. Doutora Eunice Cavane - FAEF
Doutor Eng. Gabriel Amos – FEUEM
Prof. Doutor Samuel Quive - FLCS
Prof. Doutor Salvador Mondlane Júnior, FC
Dr . Ernesto Mandlate, FACED
Dr. Jose Camilo, DC
Prof. Doutor Armando Dimande – FD
iv
Lista Abreviaturas
DP- Direcção pedagógica
DC – Direcção Científica
DRA – Direcção do registo Académico
FACED – Faculdade de Educação
FAEF – Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal
FAPF – Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico
FC – Faculdade de Ciências
FD – Faculdade de Direito
FLCS – Faculdade de letras e Ciências Sociais
FM – Faculdade de Medicina
GRAIR – Gabinete da Reforma Académica e Integração Regional
MINED – Ministério da Educação
PEC – Plano Estatal Central
SPA – Sistema Ponderado de Avaliação
SNATCA – Sistema Nacional de Acumulação e Transferência de
créditos Académicos
SNE – Sistema Nacional de Educação
UEM – Universidade Eduardo Mondlane
v
Índice
1. Introdução ……………………………………………………... 1
2. Admissão na UEM
2.1. Historial do processo de ingresso na UEM ........................... 5
2.2. Exames de Admissão: Evolução .......................................... 7
2.3. Exames de Admissão: Objectivos ........................................ 8
2.4. Exames de Admissão: Nota mínima .................................... 9
2.5. A Comissão de Exames de Admissão ................................ 10
2.6. Os Exames de Admisaão actuais e propostas para o futuro
...................................................................................... 10
3. Filosofia Curricular …………………………………………... 15
3.1. Estrutura dos programas de estudo..................................... 15
3.1.1. O Modo de Ensino ..................................................... 15
3.1.2. O ano académico na UEM .......................................... 16
3.1.3. Qualificações (graus), designações e programas de
estudos (cursos) ........................................................ 20
3.1.4. Perfil geral dos graduados .......................................... 22
3.1.5. Objectivos gerais dos programas de estudos ................ 24
3.1.6. Estrutura dos planos de estudos .................................. 24
3.1.7. Duração dos programas de estudos ............................. 25
3.1.8. Formas de culminação de estudos ............................... 28
3.2. Condições para implementação do Quadro Curricular
...................................................................................... 29
3.3. Disposições transitórias .................................................... 34
vi
4. Guião para a uniformização na apresentação dos curricula . 35
4.1. Preâmbulo ....................................................................... 35
4.2. Introdução ....................................................................... 35
4.3. Relevância do Curso ......................................................... 36
4.4. Descrição do Campo Profissional (opcional) ...................... 36
4.5. Grupo Alvo ...................................................................... 37
4.6. Objectivos do Curso ......................................................... 37
4.6.1. Objectivos gerais do curso ......................................... 37
4.6.2. Objectivos específicos do curso .................................. 37
4.7. Perfil do Graduado ........................................................... 38
4.7.1. Perfil Ocupacional do graduado .................................. 38
4.7.2. Perfil Profissional do graduado ................................... 39
4.8. Filosofia de Formação ...................................................... 39
4.9. Estrutura e Duração do curso ............................................ 40
4.10. Conteúdo do curso e Plano de Estudos ............................. 41
4.11. Formas de culminação dos estudos .................................. 42
4.12. Sobre o tronco comum .................................................... 43
4.13. Classificação final do curso ............................................. 44
4.14. Tabela de Precedências ................................................... 44
4.15. Plano de transição........................................................... 45
4.15.1. Transição gradual .................................................... 45
4.15.2. Transição brusca ...................................................... 46
4.16. Programas temáticos das disciplinas ................................ 47
4.17. Programas analíticos das disciplinas ................................ 48
vii
5. Guião Prático para a Implementação do Sistema Nacional de Acumulação e Transferência de Créditos Académicos … 54
5.1. Preâmbulo ....................................................................... 54
5.2. Introdução ....................................................................... 54
5.3. Definições e termos usados no âmbito da aplicação do
SNATCA ....................................................................... 55
5.4. Principais instrumentos e características dos sistemas de
acumulação e transferência de créditos académicos. .......... 57
5.5. Condições gerais que devem ser criadas para a utilização
do Créditos Académicos. ................................................. 59
5.5.1. Compromisso institucional ......................................... 59
5.5.2. Transparência, flexibilidade e confiança mútua,
particularmente para a resolução de problemas
decorrentes da implementação do SNATCA. .............. 60
5.5.3. Mecanismos de atribuição de créditos à disciplinas
ou módulos .............................................................. 60
5.6. Introdução do Sistema Ponderado de Avaliação
(SPA)-Grade Point Average ............................................ 66
5.6.1. Diferença entre atribuição de créditos a disciplinas ou
módulos e atribuição de créditos a estudantes ............. 71
5.6.2. Como proceder nos casos em que o estudante visitante
não está em condições de se apresentar ao exame? ...... 71
5.6.3. Como proceder se o exame da instituição de origem
não puder ser substituído? ......................................... 72
5.7. Avaliação de trabalhos de culminação de estudos. .............. 72
5.8. Transferência de Créditos Académicos .............................. 73
5.8.1. O que é a transferência de créditos académicos? .......... 73
5.8.2. Como se procede a transferência de créditos
académicos? ............................................................. 74
viii
5.9. Métodos de transferência usados ..................................... 74
5.9.1. Considerações de ordem prática .................................. 75
5.9.1. Coordenadores dos Créditos Académicos .................... 76
5.9.3. Dossier de Informação ............................................... 78
ix
1
1. Introdução
Em 2008, o Conselho Universitário da Universidade Eduardo
Mondlane (UEM) aprovou o seu Plano Estratégico (2008-2012). Este
instrumento fundamental para a vida da instituição apresenta a visão
geral que se almeja atingir durante o quinquénio. Partindo da análise
da situação da altura, tal documento apresenta as potencialidades, as
vulnerabilidades, os constrangimentos, a missão e os objectivos
previstos.
Foi neste contexto geral que, em 2008, se iniciou a Reforma
Curricular. No intuito de operacionalizar a Reforma, foi criado o
Gabinete para a Reforma Académica e Integração Regional
(GRAIR). Paralelamente, foi promulgada a nova Lei do Ensino
Superior em 2009, instrumento legal que suporta todo o processo
estrutural de mudança e ajustamento do Ensino Superior em
Moçambique em relação à região e ao mundo em geral.
Este ambiente criou condições para que a Reforma Académica se
concretizasse ao nível das políticas governamentais e em consonância
com as actividades em curso na UEM. Através do Despacho Reitoral
Nº 184/RT/2009 foi criada, em Dezembro de 2009, a Comissão para
a Preparação do Quadro Curricular da UEM e do Guião de
Uniformização dos Currículos da UEM, fazendo parte desta não só
membros da Direcção Pedagógica, Direcção Científica, Direcção do
Registo Académico, como também Professores de reconhecido
mérito das de diversas áreas científicas e com experiência na Gestão
Universitária.
Como órgão de assessoria à Vice-Reitoria Académica da
Universidade, a Comissão para a Preparação do Quadro Curricular,
coordenada pelo Vice-Reitor Académico, tinha a missão de preparar,
2
conduzir e realizar todas as actividades relevantes que culminariam
com a produção do Quadro Curricular, do Guião para a
Uniformização e apresentação dos currículos e do Guião Prático para
a Implementação do Sistema Nacional de Acumulação e
Transferência de Créditos Académicos conforme preconizavam os
termos de referência emanados do despacho reitoral que criava a
Comissão.
O trabalho da Comissão foi dividido em três etapas. Na primeira, foi
recolhida a informação e documentação relevante para o
desenvolvimento curricular na UEM. Adicionalmente, foram
recolhidas e analisadas as experiências e os modelos curriculares de
instituições de ensino superior de países da região da África Austral,
incluindo a consulta de documentos sobre as perspectivas de
desenvolvimento do ensino superior na União Europeia. Na segunda
etapa, foi feita uma consulta às diversas unidades académicas da
UEM. Este exercício forneceu alguns elementos relevantes que
permitiram não só captar a sensibilidade e a pulsação da instituição
sobre matéria como também sugestões tão valiosas que tornaram o
quadro curricular mais inclusivo e realista. Na terceira etapa, e como
resultado das actividades descritas nas etapas anteriores, foi
produzida a versão preliminar deste Quadro Curricular da UEM. Este
um documento de trabalho que foi apresentado ao Conselho de
Directores e enviado às unidades orgânicas para discussão e recolha
de contribuições. O Quadro Curricular que se apresenta em seguida
foi desenvolvido pela Comissão ora mencionada, num processo de
consulta e reflexão permanente com as unidades académicas. O
Quadro Curricular aplica-se ao nível de graduação e abrange os
cursos oferecidos quer em regime laboral quer em regime pós-
laboral.
3
O presente Quadro Curricular constitui a base que permitirá, por um
lado, levar a cabo as reformas específicas nas unidades académicas e,
por outro, onde necessário, a produção de regulamentos mais
ajustados à visão e missão da UEM em sintonia com a região e o
mundo.
O documento estrutura-se do seguinte modo: a primeira parte trata
dos ingressos na UEM; a segunda apresenta a filosofia curricular; a
terceira constitui o guião para a uniformização dos currículos;
finalmente, a quarta constitui o guião para a implementação do
sistema de créditos académicos.
5
2. Admissão na UEM
2.1. O processo de ingresso na UEM
Desde a independência nacional, o processo de ingresso na
Universidade Eduardo Mondlane (UEM), tem apresentado diferentes
formatos. Um breve olhar sobre os ingressos, mostra que, até 1977, a
frequência dos cursos da UEM não estava condicionada à realização
de qualquer prova de admissão, sendo o único critério a conclusão,
com sucesso, do ensino pré-universitário. A partir dessa altura os
estudantes passaram a ser encaminhados para as instituições públicas
do Ensino Superior com base num regime de afectação. Este processo
baseava-se na compatibilização das necessidades estratégicas do
Governo de Moçambique no âmbito do Plano Estatal Central (PEC).
Pela primeira vez, em 1985, é introduzido na UEM o semestre
"zero". Mais tarde, este semestre passou a ser designado semestre
―básico‖ com vista ao melhor enquadramento académico dos
estudantes recém ingressados. O desenrolar do processo de ingresso
na UEM associado ao aumento de novos cursos e a procura crescente
de vagas para o Ensino Superior, são introduzidos em 1991, os
exames de admissão.
Os exames de admissão e o semestre ―básico‖ eram duas
componentes que integravam o processo de ingresso e que atendiam
resumidamente à duas questões fundamentais que se colocavam, a
saber:
Número de vagas inferior ao número de candidatos;
Conhecimentos e habilidades, em geral, dos candidatos,
aquém das exigências do Ensino Superior.
Quanto à primeira questão, deve ser tomado em conta o grande
desequilíbrio entre a oferta e a procura de certos cursos de nível
6
superior. Normalmente, a escolha era feita em função de uma
percepção que se tinha do curso, da expectativa que os candidatos
tinham sobre a carreira profissional e as facilidades de acesso ao
mercado de trabalho.
Presentemente, o cenário afigura-se mais complexo ainda, pois há
estudantes que simplesmente ingressam no Ensino Superior sem
terem reflectido sobre as habilidades que deverão desenvolver de
modo a frequentar e concluir o curso com sucesso e em tempo útil.
Esta situação deve ser analisada no contexto actual, o qual impõe
uma série de questões cujas soluções exigem uma acção concertada
entre a UEM e o Ministério de Educação (MINED). Por um lado,
nota-se que os graduados da 12ª classe ou equivalente, de um modo
geral, ingressa no Ensino Superior com lacunas de natureza diversa,
devendo ser da responsabilidade do Sistema Nacional de Educação
(SNE), como um todo, corrigir esta situação.
Entretanto, cabe à UEM o desafio de criar as condições mínimas
necessárias para que o estudante recém-ingressado adquira, o mais
rápido possível, um nível de conhecimentos e habilidades que lhe
permitam um desempenho aceitável ao longo da sua formação para
que termine com sucesso, dentro do prazo previsto, o seu curso. Por
outras palavras, significa que as habilidades gerais de estudo, de
leitura, escrita, saber trabalhar em grupo e outras, devem ser
complementos reais do perfil de um candidato aos cursos da
Universidade.
7
2.2. Exames de Admissão: Evolução
Como se referiu anteriormente, desde 1991 que o acesso às
instituições públicas de Ensino Superior em Moçambique é feito com
base na prestação de exames de admissão, de acordo com o Diploma
Ministerial 86/90 de 20 de Outubro. O mesmo Diploma ressalta a
fraca capacidade das instituições do Ensino Superior de admitir os
graduados do ensino pré-universitário, cujo número vinha crescendo
anualmente. Portanto a introdução dos exames de admissão resultou
da necessidade de normalizar e harmonizar as condições e critérios
de acesso ao Ensino Superior de forma a garantir a igualdade de
oportunidades a todos os cidadãos e seleccionar com maior rigor os
candidatos para os diferentes cursos.
O sistema de exames de admissão à UEM assenta nos seguintes
princípios básicos:
1. A selecção, em quantidade e qualidade, para os novos
ingressos das várias Faculdades da UEM, sendo introduzido
"numerus clausus";
2. Os testes de exame constituem fundamentalmente uma forma
de selecção por área científica e não especificamente por
curso.
3. O teste por disciplina é único e válido para todos os cursos da
instituição que tenham essa disciplina nuclear;
4. A organização e coordenação de todo o processo dos exames
de admissão é da responsabilidade da UEM, nomeadamente,
da Direcção Pedagógica;
5. O sistema de exames é um sistema de concurso anual,
aplicado igualmente para os candidatos de todas as regiões
8
do País, não se prevendo, na sua aplicação, qualquer forma
de discriminação seja ela positiva ou negativa.
Decorridos 20 anos, a aplicação do princípio (2) mostra que para, as
várias áreas científicas, ele não tem permitido a selecção de
candidatos que satisfaçam as exigências específicas dos respectivos
cursos. Por exemplo, um candidato ao curso do Direito e ao de
Linguística e Literatura fazem exactamente o mesmo teste de
admissão, sendo a única diferença o peso das disciplinas. Por isso,
impõe-se cada vez mais uma diferenciação dos testes de admissão de
acordo com a especificidade do curso.
Em relação ao princípio (3), a actual experiência mostra a
necessidade de a Direcção Pedagógica dialogar mais com as
faculdades e escolas, para a definição dos conteúdos dos testes de
admissão com vista a responder com exactidão às exigências dos
cursos. No tocante ainda ao princípio (3), com o decorrer do tempo,
foram aparecendo muitas formas paralelas de admissão à UEM que
contrastam com aquele principio. Refira-se a este propósito, às cotas
de candidatos por província; a repescagem de candidatos para os
cursos com insuficiência de candidatos, particularmente com a
introdução dos cursos em regime pós-laboral; a admissão de
candidatos através de acordos de parceria entre a UEM e outras
instituições governamentais, etc. Isto significa que através destas
formas paralelas de admissão há, de facto, uma discriminação
positiva de certos grupos que provavelmente influenciam a qualidade
dos candidatos à UEM. Note-se que, actualmente, as cotas
provinciais perderam a sua razão com a criação de outras instituições
de ensino superior públicas e privadas nas províncias.
2.3. Exames de Admissão: Objectivos
9
O Diploma Ministerial 86/90 de 20 de Outubro de 1990 traça as
linhas gerais sobre as quais assenta o processo dos exames de
admissão, nomeadamente:
1. Seleccionar a quantidade de novos ingressos previstos para
cada curso, de acordo com o número de vagas previstas,
atendendo a capacidade específica de cada Faculdade;
2. Seleccionar os candidatos que demonstrarem capacidades e
habilidades consideradas importantes para a frequência com
sucesso de cursos do Ensino Superior;
3. Seleccionar os candidatos que demonstrarem ter apreendido
os conteúdos básicos fundamentais das áreas (ou disciplinas)
consideradas nucleares para cada curso de Ensino Superior.
2.4. Exames de Admissão: Nota mínima
De 1991 a 1993, priorizou-se o preenchimento das vagas
estabelecidas para cada curso, pelo que os critérios não foram
definidos na base das notas obtidas nos exames, mas pela relação
entre o número de candidatos e o número de vagas. Por exemplo, em
1992, para certos cursos, o critério de admissão consistiu em ter
obtido "nota diferente de zero". Para ser admitido bastava ter estado
presente no exame.
Porém, a partir de 1994, foi decidido exigir, para todos os cursos,
pelo menos nota positiva em ambas as disciplinas nucleares, como
critério de admissão. Embora se tenha estabelecido este critério,
presentemente, com a introdução de novos cursos, alguns dos quais
ainda pouco divulgados, outros funcionando em regime pós-laboral, a
prática mostra que nem sempre este critério é aplicável, pois o
critério principal para o acesso é ter concluído a 12ª classe ou o
equivalente, como reza a Lei do Ensino Superior.
10
Assim, tendo em conta o exposto anteriormente, a UEM deveria
associar, entre outros factores, a média aritmética da nota do Exame
de Admissão à média final da 12ª classe para seleccionar os seus
candidatos, como forma de estimular os melhores alunos.
2.5. A Comissão de Exames de Admissão
A Comissão de Exames de Admissão ou Departamento de
Admissões deve ser um sector permanente, especializado e
responsável pela gestão de todo o processo de ingressos. Os membros
devem ser seleccionados entre as diversas unidades académicas da
UEM (faculdades e escolas superiores) e para a garantir a
rotatividade necessária, estes membros devem ter um mandato,
claramente definido pela Direcção Pedagógica.
2.6. Os Exames de Admissão: actuais e propostas para o futuro
Presentemente, os Exames de Admissão decorrem apenas numa e
única época. Esta medida foi tomada visando corrigir algumas
situações que ocorriam no período em que o exame de admissão era
feito em duas épocas, nomeadamente, o facto de ser considerado
pouco justo, caro e bastante moroso. Há ainda a referir que o tempo
de preparação e realização dos exames de admissão e o início do ano
lectivo que é curto, havendo a necessidade de se repensar no assunto.
Os exames de Admissão decorrem na UEM na primeira semana de
Janeiro todos os anos.
A falta de uniformidade nos exames, que de ano para ano mudam
quanto ao estilo, aos conteúdos avaliados e o equilíbrio entre os
conhecimentos e as habilidades faz com que o exame de admissão
seja um instrumento para medir tendências ao longo do tempo (os
resultados em anos diferentes não são comparáveis). Contudo,
11
presentemente esta situação ficou ultrapassada porque os exames de
admissão são elaborados pelos docentes das faculdades na base dos
tópicos de conteúdos programáticos fornecidos à Comissão de
Exames de Admissão pelo MINED. Esta situação permite que haja
maior envolvimento de professores com experiência e formação na
elaboração de testes, associado ao maior envolvimento das
Faculdades no processo de Exames de Admissão.
Embora tenham sido colmatadas algumas situações, reconhece-se,
igualmente, que os testes actuais ainda não medem os conhecimentos
e as capacidades considerados essenciais para a integração do
estudante nos cursos da UEM.
A existência de um manual de exames de admissão e a brochura
sobre os cursos oferecidos pela UEM ao nível das faculdades visa
munir os candidatos de mais informação sobre a UEM. Contudo,
reconhece-se que mais medidas deviam ser tomadas e implementadas
para diminuir o défice de informação no seio dos alunos do ensino
secundário relativamente aos cursos oferecidos pela UEM.
No intuito de resolver a morosidade no processo de correcção dos
exames, introduziu-se o sistema de correcção electrónica dos
mesmos. Reconhece-se que este sistema de correcção é rápido, mas
há habilidades que presentemente este sistema não avalia em algumas
disciplinas. Estão neste caso, por exemplo, a composição escrita, os
métodos de estudos, a capacidade de trabalhar em equipa, etc. Esta
situação, impõe um desafio aos professores que elaboram os exames
sobre as diversas possibilidades de avaliação das habilidades que, até
ao momento, não são avaliadas no sistema de exame actual.
Reconhece-se, por vezes, que há um desfasamento entre a definição
de disciplinas nucleares e o teor dos cursos. Por isso, deviam ser
elaborados exames de admissão por orientação da área científica
nuclear, com o apoio da Faculdade de Educação da UEM. Isto
12
significa, por outras palavras, que na constituição do Departamento
de Exames de Admissão deverão ser incluídos docentes da Faculdade
de Educação especializados nestas matérias, através do Centro de
Desenvolvimento Académico (CDA).
A avaliar pela dinâmica actual do processo de ingresso e pelo
percurso do estudante durante o curso, torna-se necessário equacionar
a possibilidade de a nota da conclusão do ensino secundário vir a ser
considerada na selecção dos estudantes. Esta nota, deverá ter um peso
não superior ao do exame de admissão. Reconhece-se a
complexidade do assunto, pois exige uma acção mais concertada com
o MINED e até mesmo com o envolvimento dos futuros candidatos..
Face aos problemas verificados nos estudantes recém ingressados na
UEM, dever-se-á criar uma plataforma de superação das lacunas do
ensino secundário, através da obrigatoriedade da frequência nas
disciplinas gerais ou do tronco comum, como as de Línguas
Portuguesa e Inglesa e a disciplina de Métodos de Estudo para todos
os cursos. Esta fase poder-se-ia considerar de um ano de
enquadramento.
Há que reconhecer o papel que o BUSCEP teve na preparação de
estudantes para os cursos das ciências naturais/exactas. Actualmente,
esta tarefa devia ser apropriada pelo Centro de Desenvolvimento
Académico da Faculdade de Educação, como instrumento alternativo
para melhorar os resultados académicos dos estudantes, no contexto
do 1º ciclo universitário. Reconhecendo-se que a conjuntura actual é
diferente daquela em que surgiu o BUSCEP, a UEM, como um todo,
deverá adoptar estratégias apropriadas visando colmatar os desafios
que surgem com os novos ingressos, bem como a garantia de
excelente qualidade dos graduados que esta instituição coloca no
mercado actualmente.
13
Por outro lado, a UEM deverá apostar na divulgação, nas escolas
secundárias, dos cursos que ministra. Nesta medida, poderão
desempenhar papel de relevo, não só os órgãos apropriados, de nível
central, como também as escolas superiores.
15
3. Filosofia curricular
3.1. Estrutura dos programas de estudo
3.1.1. O modo de ensino
O universo da aprendizagem inclui um espectro bastante amplo de
práticas com diferentes objectivos educacionais e profissionais. A
distinção entre estas práticas nem sempre é clara e definida.
Numa extremidade encontra-se a chamada educação geral,
organizada em áreas e disciplinas científicas e, que muitas vezes tem
lugar em instituições específicas de formação. Os programas de
educação geral preparam os seus graduados para o mercado de
trabalho conferindo-lhes competências cognitivas desenvolvidas,
competências de comunicação, competências de liderança,
competências de adaptação à mudança e, claramente, conhecimentos
e competências de aplicação dos conhecimentos científicos próprios
da área de especialidade.
No outro extremo encontra-se a chamada educação profissional ou
vocacional onde os conhecimentos, destreza e habilidades
necessárias para a prática competente de uma profissão são
adquiridas pela exposição orientada do graduado ao ambiente de
trabalho, resolvendo os problemas reais com os constrangimentos
reais e em tempo real. Na sua forma mais pura, estes programas de
formação têm lugar nos locais de trabalho/produção.
Entre estes dois extremos podem-se encontrar variadas combinações
dos dois modos em diferentes proporções.
A UEM reconhece o valor e legitimidade de todos os modos de
ensino como instrumentos de preparação dos graduados para o
mercado de trabalho. No entanto, a UEM gradualmente adoptará as
16
metodologias de ensino centradas no estudante como modo de ensino
de eleição.
Por tradição, na UEM, o modo dominante ou principal de ensino é a
educação geral. Outros modos ou combinações de modos poderão
existir, como são os casos dos programas da Escola de Hotelaria e
Turismo, da Escola de Comunicação e Artes, da Faculdade de
Medicina, entre outros. O documento aqui apresentado refere-se à
estrutura dos cursos no modo dominante de ensino.
3.1.2. O ano académico na UEM
Para todos os programas, o ano académico tem o seu início em
Fevereiro e termina em Dezembro, cabendo à Vice-Reitoria
Académica fixar, em cada ano, as datas exactas de início e fim. O
Decreto n 32/2010 do Conselho de Ministros, que cria o Sistema
Nacional de Acumulação e Transferência de Créditos Académicos,
fixa que o ano académico deverá ter a duração normal máxima de 38
semanas com uma carga de trabalho do estudante máxima de 40
horas semanais. Ou seja o volume anual de trabalho do estudante
máximo é de 1500 horas. O volume de trabalho do estudante deve
incluir as horas de contacto e as horas destinadas ao estudo
individual, elaboração de trabalhos, preparação e realização de
exames e dos trabalhos de culminação do curso. Estas horas devem
ser calculadas de acordo com o tipo de actividade de ensino
aprendizagem, podendo ser especificadas pelo docente de acordo
com o tipo de actividade.
O Decreto acima citado prevê, também, que o volume anual de
trabalho do estudante possa ser excepcionalmente aumentado até um
limite de 1800 horas distribuídas por 45 semanas mas à mesma razão
de 40 horas semanais no máximo.
17
Na UEM, o ano académico organiza-se em semestres lectivos.
Considerando o prescrito na lei e comprovada pela experiência a
necessidade de mais tempo de trabalho, na UEM o calendário
normal terá a duração de 16 (dezasseis) semanas de contacto
directo por semestre, 1 (uma) semana de preparação para as
avaliações e 4 (quatro) semanas para a realização de avaliações
finais, o que totaliza 21 semanas por semestre.
Contudo, atendendo à necessidade curricular de realização de práticas
ou trabalhos de campo a decorrerem fora das premissas da UEM e
em regime de dedicação a tempo inteiro que certos cursos têm, para
esses cursos e somente nos anos em que essas actividades têm lugar,
poderá ser aplicável o calendário com actividades de Julho (AJU’s)
que se compõe de um período lectivo de 15 semanas semestrais mais
duas semanas de práticas.
Devem-se notar as seguintes particularidades:
1. Para qualquer um dos calendários académicos, os semestres
lectivos terão uma semana de interregno de actividades
chamada semana intercalar. Este período não conta para o
cálculo do volume anual de trabalho.
2. No calendário com AJU’s não haverá a semana de
preparação de exames.
3. No calendário normal haverá um período de uma semana em
cada semestre para a preparação dos exames. Este período
deve ser contabilizado para o volume anual de trabalho à
razão de 40 horas de trabalho semanal no máximo, o que
corresponde à 8 horas diárias durante 5 dias por semana. Os
cursos cujo volume total de trabalho seja superior à 40 horas
poderão, com fundamentação, submeter os seus currículos
18
para aprovação e posterior solicitação de autorização ao
Ministro superintendente.
4. Todas as actividades curriculares programadas e obrigatórias
nos planos de estudo deverão ser encaixadas no período
lectivo oficial. Quer isto dizer que, em princípio, são
proibidas todas as actividades que contribuem para o
aumento efectivo do ano académico. São exemplo as actuais
Práticas de Produção, AJAs e outras quando fora do
calendário regular.
O quadro seguinte mostra a distribuição dos calendários académicos
normal e com AJU’s ao longo do ano.
Quadro 1. Calendário Académico
Semanas do ano calendário
PrimeiroSemestre 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Calendário c/
AJU’s
Total 42 semanas
Calendário normal
Total 42 semanas
Segundo Semestre 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
Práticas/Estágios Período de exames
Período de aulas Preparação para exames
Semana Intercalar
20
O regime de funcionamento é semestral, querendo dizer que no fim
de cada semestre deverão ser realizados os exames finais das
unidades curriculares que tiveram lugar. Excepcionalmente, poderão
ser leccionadas unidades curriculares com duração anual, devendo
para tal justificar-se a necessidade.
Na UEM, o volume anual máximo de trabalho fixa-se em 1680 horas,
correspondentes a 42 semanas à razão de 40 horas por semana. Este
tempo inclui as horas de contacto efectivo (tempo real de contacto
directo) com os professores e o tempo dedicado ao estudo individual,
preparação para os exames e realização dos exames.
Uma unidade de crédito corresponde a entre 25 a 30 horas
normativas de aprendizagem, segundo a regulamento do SNATCA.
Na UEM, uma unidade de crédito corresponde a 30 horas
normativas. As actividades de contacto organizam-se por tempos
lectivos. É fixada, em toda a UEM, a duração de um tempo lectivo
em 50 minutos havendo um intervalo de pelo menos 10 minutos entre
dois tempos lectivos sucessivos.
3.1.3. Qualificações (graus), designações e programas de
estudos (cursos)
Uma qualificação é o reconhecimento formal e a certificação de se
ter atingido um determinado nível de aprendizagem conferidos por
uma instituição de ensino-aprendizagem. As qualificações são
definidas no Quadro Nacional de Qualificações e prescritas na lei.
A UEM, como instituição de aprendizagem, confere aos seus
graduados através dos seus programas, as qualificações de
Licenciado, Mestre e Doutor.
21
A UEM reconhece que as organizações sócio-profissionais detêm um
papel importante e previsto na lei, na definição dos atributos e
competências necessárias para o exercício das profissões e na
definição e controlo das normas de conduta e de ética profissionais.
Neste âmbito, as associações sócio-profissionais determinam se uma
qualificação específica oferecida por uma instituição de
aprendizagem reúne os requisitos necessários para o exercício
profissional dos graduados. No entanto, esta questão é distinta da
definição das qualificações.
A UEM reconhece e valoriza a participação dos vários agentes
sociais na determinação dos programas de estudos como um
instrumento fundamental para a satisfação plena das necessidades de
competências e habilidades profissionais do mercado de trabalho e
economia no geral.
Para a Licenciatura, a designação destas qualificações ou graus
obedecerá ao seguinte: A designação poderá conter no máximo dois
qualificadores. O primeiro descreve a área científica genérica e o
segundo qualifica a especialização dentro da área genérica. São
exemplos: Licenciado em Ciências Físicas, Licenciado em Direito,
Licenciado em Ciências Sociais, Licenciado em Engenharia
Mecânica, etc. As abreviaturas a usar são: Lic.(eng), Lic (Med), Lic.
(Antr).
Os programas de estudos ou cursos são um conjunto estruturado,
sequencial e com um propósito único de experiências e actividades
de aprendizagem que conduzam à uma qualificação. Na UEM, os
programas de estudo têm um ponto de entrada e um ponto de saída.
Somente àqueles que concluem um programa de estudos pode ser
atribuída uma qualificação correspondente. De forma alguma é
permitido na UEM atribuir uma qualificação por defeito ou como
resultado do insucesso na qualificação superior.
22
Aos estudantes que por qualquer que seja o motivo não concluam um
programa de estudos pode ser passado um certificado das unidades
curriculares feitas na instituição.
3.1.4. Perfil geral dos graduados
O perfil geral do graduado é uma referência para a definição dos
perfis dos diferentes níveis de graduação numa perspectiva de
integração e acumulação e orientará a definição dos perfis específicos
dos diferentes cursos.
Perfil do Graduado com a Qualificação de Licenciado
O que o graduado deve saber:
Falar e redigir correctamente em língua portuguesa;
Ler, escutar, compreender e analisar criticamente diferentes
tipos de discurso na sua disciplina ou área de especialidade;
Raciocinar de uma maneira abstrata e lógica, e apresentar
argumentos bem fundamentados;
Compreender e aplicar com rigor os conceitos e
procedimentos metodológicos da sua área de formação;
Compreender e utilizar devidamente informação quantitativa
para representar a realidade;
Distinguir entre a ciência e outros tipos de discurso e de
pesquisa;
Compreender os métodos e procedimentos da ciência
moderna;
Compreender os efeitos da ciência e da tecnologia no meio-
ambiente natural e social;
23
Conhecer os principais debates e paradigmas teóricos da sua
área nuclear e áreas adjacentes à sua formação.
O que o graduado deve saber fazer:
Recolher, analisar, interpretar e descrever informação
relevante à solução de problemas na sua área de
especialidade recorrendo a diferentes formas de
representação;
Analisar, interpretar e descrever informação quantitativa e
qualitativa por meio de gráficos, tabelas, modelos,
diagramas, esquemas ou outras formas de representação
abstracta;
Estudar e actualizar continuamente os conhecimentos ao
longo da vida;
Utilizar os novos meios de informação e comunicação na
resolução de problemas;
Definir metas e saber como alcançá-las.
O que o graduado deve ser:
Auto-confiante e disponível para trabalhar em equipa e
partilhar experiências;
Apto a gerir a mudança no seu local de trabalho e na
sociedade em geral, tomando iniciativas e assumindo
responsabilidades pelas suas opções;
Possuir uma consciência histórica e cultural sobre o mundo
em geral e Moçambique em particular;
Capaz de formular juízos éticos e estéticos informados e
relevantes ao domínio da sua actuação profissional;
24
Capaz de tomar iniciativa, fazer opções e assumir
responsabilidades pelas suas opções;
Possuir um espírito empreendedor.
3.1.5. Objectivos gerais dos programas de estudos
O propósito da qualificação e dos programas de estudos é o de
providenciar graduados com uma base sólida de conhecimentos
científicos amplos, da teoria e metodologias das disciplinas
respectivas que lhes permitam integrar-se no mercado de trabalho
com iniciativa e responsabilidade. Assume-se, portanto, que a
teoria e as metodologias constituem, e são universalmente
reconhecidas como tal, uma base sólida de ingresso para o
mercado de trabalho. É, portanto, a primeira entrada de nível
superior para o mercado de trabalho.
3.1.6. Estrutura dos planos de estudos
Entende-se por unidade curricular uma unidade de aprendizagem
com objectivos próprios e que é objecto de inscrição administrativa e
avaliação traduzida numa classificação final.
Os programas de estudos, como um conjunto estruturado de
actividades de aprendizagem, deverão conter um núcleo central de
unidades curriculares da especialidade. Este subconjunto de unidades
curriculares reparte-se em unidades curriculares básicas específicas
e unidades curriculares da especialidade e confere ao graduado a
teoria e metodologias próprias das respectivas áreas de
conhecimento.
Para além das unidades curriculares nucleares, os programas de
estudos poderão conter actividades de aprendizagem de natureza
geral e actividades de aprendizagem de natureza fundamental ou
25
básica. Constituem unidades curriculares gerais aquelas que não
sendo de natureza técnica da especialidade, contribuem para o
desenvolvimento da cultura geral do graduado, da compreensão e do
saber estar na sociedade e de aptidões não técnicas da especialidade.
São exemplos as unidades curriculares como Introdução à
Informática, Inglês, Técnicas de Comunicação, História da
Matemática, etc.
São unidades curriculares básicas aquelas que constituem os
fundamentos científicos gerais da área de conhecimento. Estas
correspondem, muitas vezes, às unidades curriculares fundamentais
das ciências. A inclusão destas unidades curriculares nunca deve ser
justificada pela necessidade de correcção de defeitos de formação no
ensino secundário, mas sim, pela necessidade imperiosa de se
aprofundarem os conhecimentos científicos elementares como
condição preparatória para o ciclo das unidades curriculares
nucleares.
Os planos de estudos poderão conter unidades curriculares optativas.
3.1.7. Duração dos programas de estudos
A duração dos programas de estudo é determinada pelo volume de
trabalho de aprendizagem que se espera que o estudante realize para
atingir os objectivos preconizados na qualificação respectiva. Na
UEM, o volume de trabalho é quantificado por créditos, seguindo a
metodologia de cálculo de créditos recomendada pelo SNATCA e
obedecendo aos limites expressos na lei do ensino Superior.
A duração dos programas de estudos resulta, em geral, das
qualificações médias dos estudantes no ingresso, dos objectivos do
programa de estudos e do modo de ensino adoptado na instituição. As
qualificações dos estudantes no ingresso referem-se às competências
de saída do nível de ensino que dá acesso à UEM.
26
No concernente às qualificações no ingresso destacam-se duas
situações na UEM:
As qualificações em média ajustam-se às exigências para os
programas de ensino superior muito embora os estudantes
apresentem deficiências de preparação no ensino secundário
geral (é o caso da maioria dos programas oferecidos pela
UEM);
As qualificações não satisfazem os requisitos para os
programas de ensino superior e necessitam de um maior
aprofundamento antes de se iniciar o ciclo das especialidades
dos programas de estudos (são os casos dos programas de
estudos de engenharia, teatro).
Em relação ao modo de ensino, e conforme referido anteriormente,
existem diferentes sistemas em vigor na UEM, que, de um modo
geral, podem-se agrupar em duas grandes categorias:
A primeira diz respeito ao programas de estudos com uma
componente de aprendizagem no ambiente de trabalho, isto
é, uma componente da chamada educação profissional,
bastante considerável. Tais são os casos dos programas de
estudos de Medicina, Arquitectura, Hotelaria e Turismo,
entre outros.
A segunda refere-se aos programas de estudos
essencialmente baseados no modo de ensino de educação
geral.
Como resultado desta realidade, os cursos que necessitam de
aprofundar as qualificações médias dos estudantes no ingresso usarão
parte considerável do tempo de estudos nesta actividade, que por si
não constitui o objectivo do programa de estudos. Ou seja, estes
programas de estudos terão ciclos das unidades curriculares básicas
27
mais longos que a média. Assim, para estes programas a UEM, em
função de uma fundamentação e a pedido expresso das unidades
orgânicas, permitirá que o volume de trabalho do estudante prescrito
para a conclusão da qualificação seja relativamente longo. Nestes
casos, o número de créditos para estes cursos poderá ser maior que o
máximo recomendado na legislação.
Por outro lado, reconhece-se que os créditos a atribuir às actividades
de aprendizagem que decorrem no ambiente de trabalho não estão em
proporção directa do tempo de duração da exposição ao trabalho. Isto
equivale a dizer que nem sempre e nem todas as actividades
realizadas no ambiente de trabalho exigem do estudante esforço de
aprendizagem direccionado ao objectivo do programa de estudos.
Portanto, cada unidade orgânica, deverá estabelecer os critérios de
atribuição de créditos às actividades de aprendizagem no ambiente de
trabalho apropriados.
Mais ainda, e para estes casos de aprendizagem profissional, a UEM
reconhece que os processos laborais possuem a sua dinâmica própria
e fora do controle das instituições de aprendizagem. Portanto, a
duração calendarizada destas actividades pode ser longa e, desta
forma, o período de tempo necessário para a conclusão da
qualificação também alongar-se.
Em conclusão, na UEM o volume de trabalho de aprendizagem,
medido em créditos e o tempo no calendário de duração dos
programas de estudos são os do chamado programa de duração
normal, sendo que na UEM, a duração normal dos programas
conducentes ao grau de Licenciatura estabelece-se em 4 (quatro)
anos, podendo as unidades orgânicas que o pretendem, propor
programas com duração de 3 (três) anos.
São, no entanto, permitidas excepções devidamente justificadas e
aprovadas por entidade competente segundo a lei. Os programas de
28
duração normal carecem de aprovação dos Conselhos Académico e
Universitário e os de duração extraordinária requerem adicionalmente
a aprovação pelo Ministro Superintendente. Na tabela 1, apresentam-
se os dois tipos de programa possíveis na UEM, nomeadamente os
programas de duração normal e os programas de duração
extraordinária.
Tabela 1. Volume de trabalho de aprendizagem
Licenciatura Créditos Anos
Programas de duração normal 240 (180) 4 (3)
Programas de duração
extraordinária > 240 > 4
O número de créditos por ano é de 60 unidades. Na atribuição de
créditos, o núcleo central (nuclear) de unidades curriculares da
respectiva área científica deverá corresponder obrigatoriamente a
pelo menos 70% do total de créditos.
3.1.8. Formas de culminação de estudos
Os programas de estudos na UEM preparam os graduados para o
exercício profissional. Sendo assim, a culminação de estudos deverá
constituir uma oportunidade para que os graduados exercitem, sob
orientação de tutores, os elementos principais que caracterizam a
actividade profissional da respectiva disciplina científica.
Por conseguinte, a forma preferencial de culminação de estudos é o
estágio orientado com avaliação final. Outras formas permitidas de
culminação de estudos incluem exames de estado e monografias.
29
A realização de trabalhos de investigação científica, mesmo que
ajustados ao nível de conhecimentos dos estudantes e ao tempo
disponível não é recomendável como trabalho de fim de curso para os
estudantes de licenciatura.
3.2. Condições para implementação do Quadro Curricular
O presente Quadro Curricular para a Graduação (QuC) resulta de
pressupostos previstos no Plano Estratégico da UEM, o qual orienta a
revisão e reforma dos programas curriculares sempre que o
desenvolvimento do país e da região se colocarem, como condições
necessárias para a melhoria permanente da qualidade dos processos
de ensino- aprendizagem e investigação científica.
Para a implementação QuC com sucesso, há determinantes de
natureza política, estratégica, organizacional, estrutural e académica
que devem ser tomados em consideração. Estes determinantes
impõem-se à diversos níveis. Ao nível do governo deve haver clareza
nos instrumentos orientadores e a sua divulgação deve ser
massificada. A legislação emanada pelo governo deve vincular todas
as instituições de ensino superior sem colocar em questão a sua
autonomia académica, dentro de um cronograma concertado, pois há
questões levantadas pela reforma curricular, que exigem o
envolvimento de todas instituições de ensino superior. Neste âmbito,
destaca-se a implementação do Sistema Nacional de Acumulação e
Transferência de Créditos Académicos, previsto no presente novo
quadro curricular. Para a UEM, a implementação deste sistema impõe
a criação de programas curriculares flexíveis e a existência de um
Sistema de Registo Académico à altura, com recursos humanos
qualificados e competentes. As unidades académicas precisam de
restruturar-se nesta área para que tenham uma base de dados fiável da
30
sua população estudantil e com capacidades para gerir a mobilidade
dos estudantes.
Além disso, há que considerar o sistema de avaliação de qualidade e
a possibilidade de acreditação dos cursos, resultantes da actual
reforma curricular, para a sua equiparação com outros cursos de
graduação dentro e fora do país. Um outro aspecto importante a
considerar neste processo de reforma está directamente relacionado
com a melhoria das condições de estudo independente pelo estudante
e a estabilização dum corpo docente qualificado, e em contínua
capacitação para se adequar às metodologias de ensino e
aprendizagem centradas no estudante. Isto passa por melhorar o
acesso dos estudantes e docentes à literatura e materias académicos,
incluindo bibliotecas virtuais. Assim, a UEM deve definir uma
estratégia eficaz de actualização de infra-estruturas de ensino,
formação e aperfeiçoamento permanente do corpo docente.
Parte indispensável da evolução/melhoria académica do corpo
docente depende profundamente do fomento permanente da
investigação científica e pesquisa aplicada para alimentar o processo
de ensino e aprendizagem, diferentemente da mera prestação de
serviços de consultoria a troco de compensações materiais ou
financeiras. Para tal, é importante que as políticas de investigação
não se limitem apenas em desenvolver programas gerais e a dar
respostas à demanda dos doadores, mas que fomentem a
interdisciplinaridade e sejam sensíveis à acomodação individual do
corpo docente, particularmente acompanhado e interessando-se pelos
percursos académicos individuais e tomando as práticas de
investigação e extensão como factores importantes de promoção na
carreira docente.
O sucesso reforma curricular depende, em grande medida, da
melhoria significativa das condições do acesso à UEM na medida em
31
que, actualmente, há, cada vez mais, estudantes que simplesmente
ingressam no Ensino Superior sem terem reflectido sobre as
habilidades que deverão desenvolver, de modo a frequentar e
concluir o curso em tempo útil. Por outro lado, nota-se que a
qualidade dos graduados da 12ª classe ou equivalente, de um modo
geral, ingressa no Ensino Superior com lacunas de natureza diversa,
devendo ser da responsabilidade do Sistema Nacional de Educação
(SNE) – MINED - e da UEM dentro das suas competências sanarem
essas lacunas.
Como forma fortalecer os conhecimentos e habilidades que os
estudantes trazem do ensino secundário geral, os cursos na UEM
devem ter conteúdos de carácter geral/básico que permitem, que
durante o primeiro ano, o estudante adquira um nível de
conhecimentos e habilidades que lhe permitam um desempenho
aceitável ao longo da sua formação. Por outro lado, para ajudar o
estudante a reflectir e tomar decisão sobre o curso superior a seguir, a
UEM deve organizar campanhas/feiras de divulgação, dos cursos
oferecidos na UEM assim como os requisitos para a frequência dos
mesmos, junto às escolas secundárias.
Igualmente importante é o papel da Direcção Pedagógica no processo
de avaliação das propostas de programas curriculares, no desenho e
na concepção dos exames de admissão, para que estes, cada vez mais,
correspondam às exigências dos novos planos curriculares.
Além disso, na UEM o Regulamento Pedagógico deve ser adequado
às exigências da nova Lei do Ensino Superior e o mesmo, deve ser
implementado com mais rigor e uniformemente dentro da UEM.
Aqui há a destacar a implementação do sistema de créditos
académicos e o tempo máximo de frequência de um curso. Embora
elaborado á luz da nova lei do ensino superior para melhor
32
operacionalização do ano académico na UEM, impõe-se uma
actualização do actual Regulamento Pedagógico.
O sucesso da reforma curricular depende também, em certa medida,
do funcionamento em pleno dos órgãos Pedagógicos e Científicos,
tais como os tutores de turma, Conselhos Pedagógicos e Científicos
das unidades académicas. Os tutores de turma teriam a tarefa de
monitorar contínua e sistematicamente o processo de ensino e
aprendizagem nas respectivas turmas e garantir um diálogo
permanente com os respectivos docentes e discentes. Os conselhos
Pedagógicos teriam o papel central de avaliar a implementação dos
planos temáticos, através dos planos analíticos, e também avaliar o
corpo docente que vai implementar esses planos. O Conselho
Científico da Unidade iria aprovar a reforma, revisão ou ajustamento
dos planos curriculares, assim como a progressão na carreira docente.
Este seria um espaço de perspectivação estratégica do
desenvolvimento académico e científico das respectivas unidades.
A autonomia das unidades académicas constitui outra importante
condição do sucesso da implementação do QuC, pois estas é que
verdadeiramente levam acabo a reforma. Para tal, a descentralização
académica – que inclui responsabilidades acrescidas para as unidades
académicas, em termos de capacidades financeiras e de decisão sobre
política académica – tem que ir para além dos discursos formais e
tornar-se uma realidade e cultura na UEM. Para tal, as unidades antes
de proporem a introdução de novos cursos devem provar a existência
de condições, físicas – em termos de infraestruturas – materiais e
humanos para a implementação do mesmo.
O problema de infra-estruturas é sério neste momento e sem uma
solução de curto prazo à vista. Contudo, este problema poder ser
minimizado com a existência de um Plano Director de
Desenvolvimento (PDD) do Campus Universitário por um lado, mas
33
também com a reactivação de planos directores de utilização de
espaços por parte das Faculdades, assim como pela adopção de novos
horários que incluam a utilização em três turnos das instalações
universitárias, com melhores condições de segurança e de trabalho.
Dado que a precariedade das condições actuais contribui para os
níveis de absentismo sentidos, é necessário requalificar os espaços de
trabalho, abandonar-se a ideia de gabinetes separados para cada
docente, caminhar-se para o ―open space‖ com ilhas abertas. Esta
solução permite a acomodação de muitos docentes no mesmo espaço
e com alguma privacidade. Além disso, é necessário continuar-se
com a melhorias dos espaços de lazer com preços socialmente
aceitáveis, para que o corpo discente, docente, técnico e
administrativo passa ser mais produtivo.
Os órgão colegiais centrais deverão redefinir o seu âmbito de
actuação no quadro da reforma curricular com base numa filosofia de
reforço dos órgãos colegiais das unidades académicas, supervisão das
mesmas, assim como reservarem-se ao papel de reflexão sobre
questões mais gerais de desenvolvimento da Universidade.
Acrescente-se que as transformações preconizadas no presente novo
quadro curricular dependem também de um corpo técnico e
administrativo (CTA) qualificado, competente e eficaz. Neste
sentido, é importantíssimo que as unidades académicas, incluindo o
nível central da UEM, dediquem especial atenção à formação
académica, a capacitação em exercício do seu CTA. A formação
académica e a capacitação em exercício do CTA devem ser em áreas
que venham a criar capacidade de desenvolvimento da respectiva
unidade académica ou sector de trabalho. Para tal, as unidades devem
dispôr de um plano de formação baseado nas suas necessidades em
termos de desenvolvimento dos recursos humanos.
34
Para terminar, a reforma curricular deve ocorrer tendo em conta a
maturidade do respectivo programa curricular, pelo menos de 5 anos,
após o qual será sujeito à avaliação para efeitos de revisão ou
ajustamento ou até a uma reforma pontual.
3.3. Disposições transitórias
Dado que o Novo Quadro Curricular foi aprovado depois de grande
parte dos programas curriculares da UEM terem sido aprovados pelo
Conselho Universitário impõe-se o ajustamento destes currículos em
termos do plano de estudos, cálculo da Unidade de Crédito
Académico, Volume Anual máximo de Trabalho, formas de
culminação, bem como no que se refere ao conceito de hora efectiva
e nominal de aula, como preconizado no presente documento.
Importa salientar que a hora efectiva de trabalho lectivo a ser usada
na UEM é de 50 minutos por aula e uma unidade de crédito
corresponde á 30 horas normativas .
As unidades devem avaliar a aplicabilidade dos programas
curriculares em causa, para garantir a harmonia académica necessária
e a integração regional do ensino superior, almejado. A qualidade do
ensino e do graduado da UEM, assim como o grau de satisfação dos
estudantes, em última instância, devem ser salvaguardados.
35
4. Guião para a uniformização na apresentação dos curricula
4.1. Preâmbulo
O presente guião tem por intenção fornecer instruções sobre as
diferentes componentes e sua sequência na apresentação dos
curricula. Contudo, reconhecendo-se que o processo de planificação
curricular é complexo, não linear e guiado pelo contexto, é
importante que os proponentes dos curricula saibam ajustar as
directrizes aqui avançadas às reais características e necessidades dos
seus cursos.
Um currículo deve incluir as seguintes componentes:
4.2. Introdução
A introdução do documento do currículo dum curso deve descrever,
de forma geral e resumida, o objecto, a importância e a inserção do
curso no contexto real do país. De forma resumida, deve também
explicitar o nível académico do mesmo, as áreas de actuação dos
futuros graduados, a estrutura do curso e as estratégias de ensino que
concorrem para a formação do tipo de graduado que se pretende.
Se o documento curricular representar uma nova concepção de um
curso em vigor, é importante trazer uma indicação sobre as grandes
mudanças que se vão operar nesse curso, em comparação com a
concepção anterior. Esta descrição deve incluir a fundamentação da
necessidade das mudanças que os proponentes do documento
pretendem introduzir, assim como de qualquer opção por eles feita.
O texto de introdução deve ser motivante para o leitor, com destaque
para os potenciais estudantes e docentes do curso em apreço. No
essencial, a introdução responde à quatro perguntas fundamentais: o
36
quê (objecto de estudos), porquê (necessidade e importância), para
quê (utilidade e relevância) e como (estratégias de formação).
Para além das quatro perguntas fundamentais, uma boa introdução é
aquela que prepara o leitor para acolher as ideias centrais dos
capítulos subsequentes do documento curricular, de forma simples e
resumida.
4.3. Relevância do Curso
Neste capítulo os proponentes devem descrever de forma clara a
relevância do curso para o país, para a região (SADC) e, se aplicável,
para o mundo. Ainda no âmbito da relevância do curso é importante
apresentar de forma resumida as necessidades do país em termos de
graduados do mesmo.
Onde se justificar, os proponentes podem indicar dados estatísticos
e/ou projecções sobre a integração dos futuros graduados no sector
produtivo do país.
O subcapítulo da relevância do curso constitui-se numa preparação
para a descrição do perfil ocupacional do curso.
4.4. Descrição do Campo Profissional (opcional)
Este subcapítulo pode ser importante especialmente para os cursos
baseados em competências profissionais num determinado sector ou
subsector de actividade económica. Esta parte descreve o que
acontece no campo profissional relacionado com o curso, as
profissões mais representativas e seus propósitos, assim como as
projecções de desenvolvimento científico-tecnológico nesse campo.
37
4.5. Grupo Alvo
Este subcapítulo especifica os pré-requisitos do curso em causa, ou
seja, as qualidades dos candidatos a que se destina o curso em termos
de habilitações literárias, saberes nucleares, competências-chave,
entre outros elementos julgados necessários para que o candidato
tenha grandes probabilidades de sucesso na frequência do mesmo.
4.6. Objectivos do Curso
Um parágrafo introdutório deve anteceder a apresentação dos
objectivos gerais e específicos.
4.6.1. Objectivos gerais do curso
Os objectivos gerais devem descrever de uma forma geral os
objectivos da formação do curso, devendo estes estar alinhados com
os princípios gerais aprovados para a formação universitária na
UEM.
4.6.2. Objectivos específicos do curso
De forma clara, os objectivos específicos do curso devem ser
apresentados nesta secção. Estes devem versar sobre as funções que
os futuros graduados irão adquirir/desenvolver ao longo do processo
de formação, de acordo com as áreas ou orientações do curso.
38
4.7. Perfil do Graduado
O perfil do graduado compõe-se fundamentalmente em duas partes: o
perfil ocupacional e o perfil profissional do graduado.
O perfil do graduado dá uma imagem ordenada e precisa das funções,
dos conhecimentos, capacidades, atitudes, ou competências, que os
futuros graduados irão adquirir/desenvolver ao longo do processo de
formação.
Este subcapítulo é a base (bússola de orientação) para a preparação
dos planos de estudos, pois os planos de estudos apresentam, de
forma esquemática, todas as actividades curriculares que visam
formar um graduado com as características descritas no perfil do
graduado.
O quadro curricular da UEM apresenta um perfil geral do graduado
desta instituição académica. Assim, a definição do perfil do graduado
de um determinado curso deve privilegiar a componente específica
do perfil do graduado da UEM.
4.7.1. Perfil Ocupacional do graduado
Esta parte explicita onde é que o graduado do curso proposto pode
desenvolver as suas actividades. Esta descrição é baseada na relação
entre o curso e as necessidades e características dos sectores de
actividade económica, no conhecimento que se tem sobre grandes
projectos de desenvolvimento no país e nas necessidades das várias
instituições do sector público e privado. O perfil ocupacional fala das
grandes linhas de emprego mais prováveis para o graduado do curso.
39
4.7.2. Perfil Profissional do graduado
O perfil profissional apresenta os resultados da formação, que
permitem ao graduado desempenhar com eficácia determinadas
funções profissionais. Na sua definição consideram-se 3 categorias:
a) O que o graduado do curso deve saber (conhecimentos);
b) O que o graduado do curso deve saber fazer (capacidades);
c) O que o graduado do curso deve ser (valores, atitudes, saber
ser e estar).
Nota: normalmente, os curricula baseados em competências não
obedecem a esta forma de categorização, pois competência é a
integração das três categorias anteriormente apresentadas na
realização de uma certa tarefa profissional. Por isso, as categorias do
perfil profissional num currículo baseado em competências
dependem das funções ou tarefas profissionais chave do campo
profissional. Ou seja, cada categoria compõe-se das competências
que concorrem para o bom desempenho nessa mesma categoria
(função ou tarefa chave).
4.8. Filosofia de Formação
Na parte reservada à filosofia de formação, deve-se descrever as
estratégias e metodologias que serão usadas no processo de ensino-
aprendizagem, para se garantir a formação, de um graduado com as
características descritas no perfil do graduado. Esta parte deve tomar
em conta que toda a filosofia de formação na UEM assenta sobre
uma mesma plataforma, a do ensino centrado no estudante, ou seja na
aplicação de métodos activos de aprendizagem.
40
Os cursos que optem por modelos curriculares específicos do ensino
centrado no estudante, como formação baseada em competências ou
formação baseada em problemas devem explicitar esta escolha assim
como explicar as suas especificidades.
O subcapítulo pode também tratar de estratégias de avaliação de
forma geral, pois as estratégias específicas serão definidas pelos
docentes nos planos analíticos de cada disciplina ou módulo.
A discussão sobre a filosofia de formação deverá prestar especial
atenção aos ambientes de aprendizagem mais característicos do curso
em causa, através do cruzamento de metodologias, meios de ensino,
espaços físicos e formas de avaliação, que melhor contribuem para se
atingir os resultados definidos no perfil do graduado.
No caso de um currículo correlacionado, a discussão da filosofia de
formação deverá considerar as duas etapas, a de formação geral
(tronco comum) e a de formação específica (ver o subcapítulo que se
segue).
4.9. Estrutura e Duração do curso
A duração dos cursos deve obedecer aos ciclos definidos na UEM,
que estão em consonância com a Nova Lei do Ensino Superior em
Moçambique (Lei n° 27/2009 de 29 de Setembro).
Para além da duração do curso, este subcapítulo deve esclarecer
como é que as diferentes fases do curso se organizam no contexto
geral do currículo. Por exemplo, alguns cursos podem optar por um
modelo correlacionado de estruturação da sua formação que
pressupõe a existência de duas fases. Um tronco comum, que
representa a 1ª fase do processo de ensino, (que vai compreender
basicamente disciplinas ―gerais‖ e básicas) e a 2ª fase de
aprendizagem com características mais específicas da área de estudos
41
ou campo profissional. Enquanto que a primeira fase está mais virada
para a provisão de conhecimentos (mais informação), a segunda
enfatiza a aquisição de capacidades e atitudes da área do curso ou o
desenvolvimento de competências profissionais (no caso de curricula
baseado em competências).
Os curricula organizados em blocos devem aclarar a lógica da sua
organização. Este subcapítulo do documento curricular pode resgatar
a discussão iniciada no subcapítulo anterior sobre métodos e meios
de ensino, distribuição da carga horária, formas de avaliação, e sua
articulação nas diferentes etapas de formação.
No caso dos curricula baseados em competências, o currículo
estrutura-se em torno de grandes funções profissionais ou tarefas-
chave e a estrutura depende da definição dessas funções ou tarefas-
chave.
Para os curricula baseados em disciplinas, a estrutura pode ser explicada
através do agrupamento das diferentes disciplinas por categorias, grupos
de disciplinas, ou áreas curriculares, que contribuem para o
desenvolvimento do perfil do graduado pretendido.
4.10. Conteúdo do curso e Plano de Estudos
O conteúdo do curso deve ser definido a partir dos conhecimentos,
capacidades e atitudes ou a partir das competências-chave do perfil
do graduado. Os conteúdos são expressos através de disciplinas ou
módulos (estruturados ou não em blocos de formação).
O plano de estudos deverá ser apresentado no formato de leitura fácil
(ver anexo), onde se indica a distribuição das unidades curriculares
(disciplina, módulo ou actividade curricular), carga horária semanal e
por semestre e valor de crédito de cada unidade curricular.
42
Onde for viável, deve-se pensar numa forma de diferenciar, na tabela
onde se apresenta o plano de estudos, os diferentes tipos de
disciplinas (básicas, gerais, específicas, de opção, etc) ou módulos
(básicos, gerais, específicos, de opção, etc), por exemplo, usando
cores diferentes para os diferentes tipos de disciplinas ou módulos.
Tal deve ser feito sem perder de vista a simplicidade que deve
caracterizar o formato da tabela, para facilitar a leitura da informação
nela contida.
Os planos de estudo devem ter em conta que certas unidades
curriculares (disciplinas ou módulos) poderão ser de interesse (ou
serem obrigatórias) para estudantes de cursos de outros
departamentos, Faculdades ou Escolas da UEM. O sistema de
transferência de créditos permite esta articulação e
complementaridade entre diferentes cursos.
4.11. Formas de culminação dos estudos
Neste subcapítulo o documento curricular deve apresentar todas as
alternativas consideradas válidas para o processo de culminação de
estudos. Atendendo à duração e ao nível do ciclo, há que considerar
formas mais apropriadas, mas flexíveis, de culminação de estudos.
Quanto mais opções forem oferecidas aos estudantes, maior será o
sucesso dos cursos em graduar mais estudantes. Deve-se evitar as
situações em que um número assinalável de estudantes, após terminar
com sucesso a parte curricular, fica retido na UEM por causa do
trabalho de culminação de estudos. As formas de culminação de
estudos propostos devem corresponder à capacidade humana da
Faculdade (Departamento) ou Escola em termos de acompanhamento
e avaliação dos trabalhos dos estudantes.
43
4.12. Sobre o tronco comum
Este subcapítulo serve para orientar e encorajar as faculdades a
optimizar o uso do quadro docente da UEM, através da criação de um
corpo de disciplinas ou módulos comuns a dois ou mais cursos.
Normalmente, esta opção é mais viável nos primeiros anos de
estudos, onde a função primordial das disciplinas ou módulos é o de
criar uma plataforma geral sólida para assentar as disciplinas ou
módulos mais específicos do curso.
Na realidade actual, faculdades como a de Ciências, a de Engenharia
e a de Letras, têm mais possibilidades de conceber troncos comuns
nos seus curricula, pelo facto de administrarem certos cursos que,
embora diferentes, apresentam muitas afinidades. Nestes casos, os
proponentes devem esforçar-se em definir um conjunto de
actividades curriculares que sejam relevantes para mais do que um
curso, constituindo assim o tronco comum desses cursos.
As faculdades que fornecem serviços a mais de uma faculdade,
deverão conceber as suas disciplinas (ou módulos) de modo que estas
possam servir o maior número possível de Faculdades e cursos.
O tronco comum não deve ser interpretado de forma rígida como
representando um conjunto de actividades curriculares obrigatórias
para certos cursos. Ele pode englobar um conjunto de actividades
obrigatórias para um determinado número de cursos, normalmente
cursos de áreas afins, mas deve ser suficientemente flexível para
permitir que outros cursos possam beneficiar de partes do serviço
oferecido no âmbito desse tronco comum, que serão escolhidas em
função dos interesses de cada faculdade.
44
4.13. Classificação final do curso
A classificação final do curso é a média ponderada das classificações
obtidas pelo estudante nas disciplinas e outras actividades
curriculares constantes do plano de estudos, incluindo a forma de
culminação de estudos.
Para o cálculo da classificação final do curso atribui-se a cada
disciplina um peso relativo. Este deve constar na proposta de
currículo que vai ser submetido para aprovação pelos órgãos
competentes da UEM.
Na atribuição da classificação final do curso far-se-á corresponder a
escala numérica às seguintes classificações:
19-20 valores: Excelente
17-18 valores: Muito Bom
14-16 valores: Bom
10-13 valores: Suficiente
4.12. Tabela de Precedências
A relação de precedências entre disciplinas deve ser mínima na
concepção dos curricula. Ela só deve aparecer em casos bem
justificados. Os curricula modulares, por definição não pode
estabelecer precedências lineares.
A sua apresentação pode ser feita na forma de um diagrama. Por
exemplo, pode-se listar as disciplinas de cada ano do plano de
estudos na horizontal, ligando depois as disciplinas precedentes às
subsequentes por meio de setas.
45
A indicação das disciplinas precedentes deve restringir-se à aquelas
disciplinas fundamentais e não a disciplina que, de alguma forma,
contribui para a disciplina subsequente. Pretende-se com isto evitar
criar um sistema complicado de precedências que acabará se
tornando num sistema impeditivo para os estudantes.
4.15. Plano de transição
O plano de transição deve ser concebido de forma a permitir uma
gestão simples dos processos que por força de circunstância acabarão
transitando para o novo currículo.
Este plano deve conter uma tabela com a listagem das disciplinas ou
módulos equivalentes, na equiparação entre o antigo e o novo
currículo. Na implementação dos novos curricula são de prever dois
modelos de transição do antigo para o novo currículo.
4.15.1. Transição gradual
1. Os planos de transição devem introduzir o novo currículo de
forma gradual, isto é, em cada ano deve ser introduzido um
nível;
2. Por exemplo, os cursos que actualmente têm a duração de 5
anos, poderão completar o período de transição quatro anos
após o início do novo currículo. Um quinto ano de transição
pode ser necessário para resolver os ―casos particulares‖ do
processo.
3. O processo deve incluir a previsão de possíveis problemas e
o ensaio das soluções para esses problemas. Isto inclui a
questão das precedências, reprovações e excepções;
46
4. A tabela que se segue ilustra o processo de transição para um
curso que inicie em 2011:
2011 2012 2013 2014 2015
1º Ano
2º Ano
3º Ano
4º Ano
Novo Currículo
Antigo Currículo
Resolução de casos pendentes ou omissos
4.15.2. Transição brusca
A transição brusca é aquela em que os estudantes do currículo antigo
através de um processo de equivalências passam a usar o novo
currículo. Ainda que esta modalidade tenha o nome de ―transição
brusca‖, na realidade é um processo que pode levar até dois anos para
acomodar todos os casos existentes.
47
4.16. Programas temáticos das disciplinas
Os programas temáticos são apresentados no formato habitualmente
usado na instituição, apresentados em anexo a este guião. Eles
compõem-se de:
(a) um cabeçalho com dados característicos da disciplina ou
módulo;
(b) uma curta introdução, que explica a essência da disciplina ou
módulo;
(c) resultados de aprendizagem, que podem ser objectivos a
atingir ou competências a desenvolver;
(d) lista de conteúdos (em forma de tópicos-chave);
(e) metodologias de ensino
(f) estratégias de avaliação
(g) bibliografia de base.
A formulação dos resultados da disciplina ou outro tipo de actividade
curricular deve obedecer à forma como se define o perfil do
graduado. Devem ser definidos em termos de (1) conhecimentos, (2)
capacidades e (3) atitudes ou, nos casos dos curricula baseados em
competências, em termos de competências, que se espera que o
estudante tenha adquirido ou desenvolvido no final da disciplina ou
módulo em causa.
A apresentação da bibliografia deve dar ênfase às referências
bibliográficas para os livros e para os documentos electrónicos, de
forma a uniformizar a bibliografia recomendada nos programas
temáticos dos curricula.
48
4.17. Programas analíticos das disciplinas
Não é exigida a apresentação dos programas analíticos, na altura da
apresentação dos curricula para aprovação. Os mesmos poderão ser
preparados posteriormente, após aprovação do currículo, pelo
Conselho de faculdade ou outros órgãos competentes da UEM.
Os programas analíticos devem ser usados como forma de controlo
interno do processo de ensino numa determinada disciplina (ou
módulo) ou ainda para facilitar o trabalho de qualquer outro docente
que tenha de leccionar essa mesma unidade curricular.
O plano analítico é a apresentação detalhada do plano temático, mas
ele (o plano analítico) é mais flexível, pois pode ser revisto numa
base anual, de modo a incorporar as aprendizagens do docente na
implementação da sua disciplina ou novos desenvolvimentos na área
científica da mesma. Tal acção destina-se a retirar uma certa rigidez
ao processo de ensino que, em alguns casos, impede mudanças
tendentes a melhorar o ensino de uma certa disciplina ou a introdução
de aspectos modernos sobre um determinado tema, pelo facto de o
docente estar amarrado a um programa analítico, que só pode ser
mudado quando tiver lugar a próxima revisão ou reforma curricular.
Caso se pretenda introduzir alterações no programa analítico de
uma determinada disciplina (ou determinado módulo), com o fim
de melhorar o ensino dessa disciplina, o regente da cadeira
deverá preparar a fundamentação da necessidade de mudança
assim como as alterações a introduzir para aprovação pelo
Conselho de Faculdade ou Conselho Científico da Faculdade ou
órgão com competências similares do departamento, no caso de
departamentos que administram cursos independentes como os
departamentos das faculdades de Ciências, Engenharia e Letras.
49
ANEXOS
50
ANEXO 1: Descrição da disciplina ou módulo
DISCIPLINA (OU MÓDULO): CÓDIGO:
ANO DE
ESTUDOS:
HORAS DE
CONTACTO
DIRECTO:
HORAS DE ESTUDO
INDEPENDENTE:
CRÉDITOS:
Introdução:
(A introdução inclui a justificação da disciplina no contexto do currículo)
Resultados de aprendizagem:
(os resultados são colocados em forma de OBJECTIVOS ou de
COMPETÊNCIAS)
Contacto Directo Estudo Independente Total
AT AP/LAB S CD L G P EI T
51
Metodologias de Ensino
Estratégias de Avaliação
Literatura básica
AT = Aulas teóricas; AP/LAB = Aula prática ou laboratorial; S = Seminários; CD = Total de horas de contacto directo; L = Uso de
literatura; G = trabalhos de grupo P = Elaboração de projectos; EI = Total horas de estudo independente; T = soma das horas de
contacto directo e de estudo independente.
Tendo em conta a dificuldade no acesso aos elementos bibliográficos, em algumas obras referenciadas nos planos curriculares, ainda
em fase de aquisição, para uniformizar a forma de apresentação de referências bibliográficas de livros, nos programas temáticos dos
curricula, sugere-se para a um dos modelos apresentados a seguir.
52
Opção a)
AUTOR. Título: subtítulo. Menção da edição1Local de publicação
(cidade): Editora, ano.
Exemplos:
1. BERTRAND, Yves; GUILLEMET, Patrick. Organizações: Uma
abordagem sistémica. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.
2. BLUM, Deborah; KNUDSON, Mary, ed. A Field guide for
science writers. Oxford: Oxford University Press, 1997.
3. DAVIS, Martha. Scientific papers and presentations. London:
Academic Press, 1997.
Opção b)
Autor. Título: subtítulo. (data). Menção da edição1. Local de
publicação (cidade): Editora.
Exs.:
1. Bertrand, Yves; Guillemet, Patrick. (1994). Organizações: Uma
abordagem sistémica. Lisboa: Instituto Piaget.
2. Blum, Deborah; Knudson, Mary, ed. (1997). A Field guide for
science writers. Oxford: Oxford University Press.
Davis, Martha. (1997). Scientific papers and presentations London:
Academic Press.
53
ANEXO 2: Proposta de grelha do plano de estudos
Ano de
Estudos Semestre Disciplina
Horas por
semana
Carga horária semestral Total Nº de
Créditos
Horas de contacto
Directo
Horas de estudo
Individual
54
5. Guião Prático para a Implementação do Sistema Nacional de
Acumulação e Transferência de Créditos Académicos
5.1. Preâmbulo
O presente guião foi elaborado para ajudar os potenciais utilizadores
do Sistema Nacional de Acumulação e Transferência de Créditos
Académicos (SNATCA), nomeadamente docentes, estudantes e
gestores académicos, a aplicar este sistema na prática. Neste,
apresentam-se os objectivos do SNATCA e os seus principais
elementos, bem como os procedimentos e as condições que a UEM e
instituições de ensino superior parceiras, devem ter criadas para a sua
aplicação.
5.2. Introdução
O Sistema Nacional de Acumulação e Transferência de Créditos
Académicos (SNATCA) visa incentivar a cooperação inter-
universitária com o objectivo de melhorar a qualidade do ensino, em
prol dos estudantes e das instituições do ensino superior. A
mobilidade estudantil é um elemento essencial desta cooperação e o
reconhecimento dos cursos e dos diplomas destas instituições do
ensino superior é a condição prévia para a mobilidade de estudantes
(e docentes). Daí que, o SNATCA, é antes de mais um instrumento
destinado a criar transparência, a estabelecer as condições necessárias
para a aproximação entre instituições do ensino superior e a ampliar a
gama de opções propostas aos estudantes.
A aplicação do SNATCA pelas instituições do ensino superior vai
facilitar o reconhecimento e a atribuição de equivalências dos
resultados académicos dos estudantes nacionais e estrangeiros, graças
à utilização de medidas compreendidas da mesma forma por todos
55
através de uma grelha de interpretação dos vários sistemas nacionais
do ensino superior, o que facilita a leitura e a comparação de
programas de formação.
O SNATCA tem também o mérito de poder auxiliar as instituições
do ensino superior na organização e revisão dos seus programas de
formação, na aposta em programas relevantes e métodos de ensino
mais atractivos para os estudantes.
5.3. Definições e termos usados no âmbito da aplicação do
SNATCA
Crédito académico - segundo a lei do Ensino Superior, o Crédito
académico é a unidade de medida do trabalho realizado com sucesso
pelo estudante, sob todas as suas formas, para alcançar os resultados
de aprendizagem previstos numa disciplina ou módulo. O crédito
inclui sessões de ensino de natureza colectiva, sessões de orientação
pessoal de tipo tutorial, estágios, projectos, trabalhos no terreno,
estudo e avaliação.
O crédito académico é a principal unidade de comparação e de
avaliação académica do desempenho do estudante. É através do
crédito académico que as universidades analisam os sistemas de
ensino, avaliam os conhecimentos adquiridos pelos estudantes e o
trabalho realizado na academia.
O sistema de créditos – é a forma sistemática de descrever um
programa de formação através da atribuição de créditos académicos
às suas unidades curriculares ou componentes. Na fixação do número
de créditos de cada ciclo de estudos para as diferentes áreas de
formação, a UEM adopta valores similares aos de instituições de
referência de ensino universitário, tendo em vista assegurar aos
estudantes da Universidade Eduardo Mondlane condições de
mobilidade e de formação e de integração profissional semelhantes,
56
em duração e conteúdo, às dos restantes universidades de referência
na região e no mundo.
Quadro de créditos académicos - o quadro geral padronizado,
aplicável a todos os programas de ensino superior, subdivididos em
unidades discretas, mas interligadas (disciplinas e módulos) que
podem ser descritas em termos de volume de trabalho, conteúdos,
nível académico, resultados de aprendizagem, métodos de ensino e
critérios de avaliação.
Volume de trabalho orientado do estudante – é a estimativa de
tempo ideal que, em média, se espera que os estudantes necessitam
para estudar (ou completar as actividades planificadas tais como
assistência às aulas, seminários, estudo independente e ou privado,
preparação de projectos e exames) a fim de alcançarem determinados
resultados de aprendizagem. O volume de trabalho anual ou
semestral reflecte o tempo ideal para se alcançarem os resultados de
aprendizagem correspondentes à totalidade das disciplinas ou
módulos desse ano ou semestre.
Transparência – é o grau de visibilidade e compreensão da natureza
e complexidade dos programas de estudos e das disciplinas ou
módulos que os compõem, através da descrição dos respectivos
conteúdos, resultantes de aprendizagem, métodos de ensino e
critérios de avaliação.
Flexibilidade dos cursos – é o grau de liberdade que os estudantes
têm para escolher as disciplinas ou módulos integrantes do
curso/programa que pretendem seguir e onde desejam frequentá-los;
Mobilidade – é a possibilidade de movimentação dos estudantes
entre programas/cursos de ensino superior ou de frequência de
disciplinas ou módulos relevantes de outros programas/cursos ou
faculdades, dentro da mesma instituição de ensino superior ou de
outras instituições nacionais e estrangeiras;
57
Procedimentos – são mecanismos decorrentes na instituição para o
reconhecimento de graus académicos e outras aprendizagens
realizadas dentro e fora da instituição;
Ciclo de formação – é o período de aprendizagem que através da
acumulação de um conjunto de créditos académicos permite adquirir
determinados conhecimentos, habilidades e competências,
conducentes a um grau académico.
Grau académico - é a qualificação conferida por uma Instituição de
Ensino Superior após a conclusão com êxito de um ciclo de
formação.
Nota de avaliação – é o valor numérico, expresso no sistema
local/nacional de avaliação que o estudante obtém como medida do
seu desempenho e que é resultado de aprendizagem de uma disciplina
ou módulo. Num sistema de créditos académicos nos casos de
transferência os créditos académicos concedidos aos estudantes
adicionam-se à sua nota de classificação.
Disciplina ou módulo – é a unidade curricular mais pequena através
da qual se estima o alcance de resultados de aprendizagem.
5.4. Principais instrumentos e características dos Sistemas de
Acumulação e Transferência de Créditos Académicos.
O SNATCA assenta sobre cinco elementos de base, nomeadamente:
a informação (sobre os programas de estudo e os resultados obtidos
pelo estudante), o acordo mútuo (deve ser estabelecido entre
instituições de ensino superior parceiras), a utilização de créditos
académicos (valores que indicam o volume de trabalho efectivo do
estudante), o contrato de formação (deve ser celebrado entre o
estudante e o Conselho Académico da instituição de ensino superior
58
em causa) e a ficha de rendimento académico (lista de disciplinas
feitas e os créditos obtidos pelo estudante).
Elementos
fundamentais do
SNATCA
Conteúdo Documentos
necessários
Informação Sobre os programas de
estudo e os resultados do
estudante
Dossier de informação
Acordo mútuo Entre os estabelecimentos
parceiros e o estudante
Formulário de
candidatura
Utilização de créditos
académicos
Valores que indicam o
volume de trabalho do
estudante
Dossier de avaliação
Contrato de
formação/estudos
Lista das disciplinas a serem
feitas e os créditos
académicos a serem
atribuídos a cada uma das
disciplinas ou módulos.
Contrato de
Formação/Estudos
Ficha de rendimento
académico do estudante
A lista de disciplinas feitas e
os créditos obtidos, emitida
pela instituição de origem.
Ficha de rendimento
académico do estudante
Características gerais:
1. O acordo mútuo deve ser estabelecido entre instituições de ensino superior
parceiras;
2. Os créditos indicam, sob forma de valor numérico atribuído a cada disciplina, o
volume de trabalho a efectuar pelo estudante para os completar.
3. O Dossier de informação fornece informações úteis ao estudante sobre os
estabelecimentos de ensino, as faculdades/departamentos, a organização e a
estrutura dos estudos;
4. O Registo académico apresenta de forma clara, completa e compreensível por
todos, os resultados académicos do estudante;
5. O Contrato de estudos descreve o programa de estudos que o estudante irá
seguir, bem como os créditos que lhe serão atribuídos depois de preenchidas as
condições necessárias. Este contrato vincula os estabelecimentos de origem e de
acolhimento, bem como o próprio estudante.
59
5.5. Condições gerais que devem ser criadas para a utilização do
Créditos Académicos.
5.5.1. Compromisso institucional
O SNATCA só poderá funcionar com êxito se houver uma vontade
de transparência e de flexibilidade e um clima de confiança
voluntária e mútua entre as instituições do ensino superior. Além
disso, tem que haver o compromisso institucional e dos órgãos
institucionais e meios de coordenação do sistema dos créditos, bem
como, pessoal formado e informado para aplicar os princípios e os
mecanismos dos créditos académicos. Concretamente, é necessário:
a) Constituir órgãos de coordenação institucional;
b) Constituir órgãos de coordenação ao nível de todos os
departamentos/faculdades que prevejam utilizar os créditos
académicos;
c) Atribuir créditos académicos a todas as disciplinas, módulos
ou outras unidades curriculares;
d) Elaborar um dossier de informação em todas as
matérias/disciplinas ou outras unidades curriculares onde se
preveja a utilização dos créditos académicos. Este dossier
deverá ser publicado em português e em inglês e publicado
também na Internet;
e) Elaborar os formulários de candidatura do estudante, os
boletins de avaliação dos estudantes e os contratos de estudo
entre a instituição de ensino superior em causa e o estudante.
60
5.5.2. Transparência, flexibilidade e confiança mútua,
particularmente para a resolução de problemas
decorrentes da implementação do SNATCA.
As instituições de ensino superior que assumam o compromisso de
aplicar o SNATCA verificarão que a transparência e a disciplina
impostas por esta metodologia proporcionam um sistema de
reconhecimento académico relativamente simples, que permite tomar
decisões claras com base em informações fiáveis, quer se trate de
decisões académicas ou de simples decisões de ordem prática, muitas
delas poderão ter uma importância primordial para o futuro dos
estudantes em causa. Por exemplo, uma das regras básicas dos
SNATCA é que tais decisões terão de ser tomadas de acordo com o
princípio de «tratar o estudante visitante como qualquer outro
estudante da instituição.‖
5.5.3. Mecanismos de atribuição de créditos à disciplinas ou
módulos
O processo da definição de créditos académicos às disciplinas ou
módulos tem duas dimensões: a dimensão vertical ao longo dos
ciclos, e a dimensão horizontal dentro do ciclo e das disciplinas do
curso. A dimensão vertical, a dos ciclos, contabiliza o tempo
necessário para o grau da licenciatura o qual se adquire uma vez
obtidos com sucesso 180 a 240 créditos académicos, o grau de mestre
entre 90 a 120 créditos académicos após a licenciatura, e o grau de
doutor entre 180 a 240 créditos académicos após o grau de mestre.
O ano académico conta para 60 créditos académicos. Segundo o
regulamento do SNATCA, o crédito académico varia de 25 a 30
horas de trabalho académico do estudante consoante a natureza do
curso. Na UEM, um crédito Académico corresponderá a 30 horas
61
de trabalho incluindo as horas efectivas de contacto directo e as
horas de estudo individual.
A definição de créditos começa com a avaliação do perfil do
graduado que constitui as possíveis áreas de trabalho onde o
graduado pode ser empregue e definem-se quatro fases de processo
nomeadamente:
a) Definição do perfil ocupacional;
b) Definição de competências (do saber, do saber fazer e do
saber estar);
c) Dimensionamento de atitudes; e
d) Formas de estar e de ser na profissão.
Uma vez definido o perfil ocupacional devem ser definidas as
competências a adquirir em cada ciclo académico. Isto é, em cada
curso da UEM, devem ser definidas competências do saber, do saber
fazer e do saber estar para o grau de Licenciatura, Mestre e Doutor. A
partir das competências definem-se as disciplinas ou módulos
―nucleares‖ que em princípio irão constituir entre 70% do tempo de
formação do graduado e como tal terão maior número de créditos
variando de curso para curso.
A definição de disciplinas complementares e opcionais visa o
dimensionamento das atitudes e da forma de estar do graduado que
vão contar para 30 % dos créditos.
62
O que o graduado deve saber inclui:
Falar e redigir correctamente em língua portuguesa;
Ler, escutar, compreender e analisar criticamente diferentes
tipos de discurso na sua disciplina ou área de especialidade;
Raciocinar de uma maneira abstracta e lógica, e apresentar
argumentos bem fundamentados;
Compreender e aplicar com rigor os conceitos e
procedimentos metodológicos da sua área de formação;
Compreender e utilizar devidamente dados numéricos para
representar a realidade;
Distinguir entre a ciência e outros tipos de discurso e de
pesquisa;
Compreender os métodos e procedimentos da ciência
moderna e das ciências sociais e humanas;
Compreender os efeitos da ciência e da tecnologia no meio-
ambiente natural e social;
Conhecer os principais debates e paradigmas teóricos da sua
área nuclear e áreas adjacentes à sua formação.
O que o graduado deve saber fazer:
● Recolher, analisar, interpretar e descrever informação
relevante para a solução de problemas na sua área de
especialidade recorrendo à diferentes formas de
representação;
● Analisar, interpretar e descrever informação quantitativa e
qualitativa por meio de gráficos, tabelas, modelos,
63
diagramas, esquemas ou outras formas de representação
abstracta;
● Estudar e actualizar continuamente os conhecimentos ao
longo da vida;
● Utilizar os novos meios de informação e comunicação na
resolução de problemas.
● Definir metas e saber como alcançá-las.
O que o graduado deve ser:
● Auto-confiante e disponível para trabalhar em equipa e
partilhar experiências;
● Apto a gerir mudanças no seu local de trabalho e na
sociedade em geral, tomando iniciativas e assumindo
responsabilidades pelas suas opções;
● Possuidor de uma consciência histórica e cultural sobre o
mundo em geral e Moçambique em particular;
● Capaz de formular juízos éticos e estéticos informados e
relevantes ao domínio da sua actuação profissional;
● Capaz de tomar iniciativa, fazer opções e assumir
responsabilidades pelas suas opções;
● Possuidor de um espírito empreendedor.
O perfil geral do graduado é referência para a definição dos perfis
dos diferentes níveis de graduação (licenciatura, mestre e doutor)
numa perspectiva de integração e acumulação, e orientará a definição
dos perfis específicos dos diferentes cursos.
64
A introdução de créditos ao nível das disciplinas e módulos de
formação obedece às horas das actividades curriculares conforme os
objectivos. A seguir, apresenta-se um pequeno exemplo de cálculo de
créditos académicos na disciplina de Economia Agrária leccionada
geralmente nos cursos de agricultura.
65
Exemplo: Disciplina de Economia Agrária nos cursos de Agricultura -Conversão de Horas em
Créditos Académicos
Temas Teórica Seminário Computação Leitura Projectos Campo Total
1.Conceitos, fundamentos e
princípios de economia
agraria.
2 0 10 0 0 12
2. Papel económico, social,
institucional, ambiental e
político da agricultura.
6 2 0 15 0 0 26
3.Factores de produção
agrária (a terra, a força de
trabalho e o capital
10 4 10 28 10 12 76
4. Teoria do mercado 10 0 10 40 5 0 65
5. Segurança alimentar e os
efeitos da ajuda alimentar.
6 4 0 24 2 2 38
Total 34 10 20 118 17 14 217
Créditos 9
66
Neste exemplo, a disciplina de economia agrária é uma disciplina
nuclear dos cursos de agricultura e ocupa 64 horas de contacto
directo efectivas incluindo aulas, seminários e actividades de
computação. O trabalho independente inclui a leitura (118 horas), a
realização de trabalhos em forma de projectos (17 horas) e
actividades de campo (14 horas) num total de 217 horas que
correspondem a 7 créditos (217h/30h = 7,1 créditos académicos).
Saliente-se que uma hora efectiva de contacto directo é de 50
minutos da UEM. No cálculo do número de créditos, as horas de
contacto directo a considerar deverão ser as horas efectivas de
contacto directo com os docentes e não as horas normativas.
5.6. Introdução do Sistema Ponderado de Avaliação (SPA)-Grade
Point Average
A introdução dos créditos académicos possibilita a ponderação da
avaliação final do ciclo onde o denominador é o número de créditos
obtidos pelo estudante. A fórmula é a seguinte:
SPA= (∑avaliação *n. Créditos) /∑Créditos
Exemplo: Dois estudantes frequentaram duas disciplinas, uma
nuclear (Economia Agrária) e outra complementar (Sociologia
Rural). As avaliações foram como demonstra o quadro seguinte:
67
Estudante Econ. Agrária
(6 créditos)
Soc. Rural
(3 créditos)
Média Actual SPA
Kamboco
Bene
16 10 (16+10)/2=13 [(16*6)+(10*3)]/(6+3)=
14
Tico Raso 10 16 (10+16)/2=13 [(10*6)+(16*3)]/(6+3)=
12
Como se pode notar neste exemplo, as disciplinas nucleares geralmente têm mais créditos do que as
complementares ou opcionais. Nas condições actuais na UEM, os dois estudantes teriam a mesma média: 13
valores. Com o SPA, o estudante Kamboco Bene que teve 16 na disciplina nuclear tem a média de 14 valores
enquanto o Tico Raso que teve 10 valores na disciplina nuclear tem a média de 12 valores.
69
Algumas considerações importantes:
Em seguida, apresentamos a maioria das questões que os potenciais
utilizadores do SNATCA gostariam de ver respondidas no dossier de
informação. É evidente que determinados aspectos são decisivos para
a execução do SNATCA, a saber:
— descrição das disciplinas ou módulos;
— características dos sistemas de exame e de classificação;
— créditos.
a) Ainda que matematicamente correcto, o recurso às decimais
deve ser evitado porque pode complicar os procedimentos de
atribuição de créditos.
b) Deve-se atribuir créditos à todas disciplinas ou módulos
disponíveis — quer se trate de disciplinas obrigatórias ou
opcionais. Deve-se também ser atribuir créditos aos trabalhos
práticos, projectos de fim de estudos e estágios em empresas,
se estas actividades fizerem parte do programa de estudos
oficial, incluindo estudos de pós-graduação e se os trabalhos
do estudante forem objecto de avaliação.
c) Os créditos não têm nenhuma relação com o nível ou o grau
de dificuldade de uma disciplina ou módulo. O nível de uma
disciplina ou módulo não pode, de modo nenhum, traduzir-se
em créditos. O âmbito do SNATCA pressupõe o
estabelecimento de acolhimento e a descrição o nível de uma
disciplina ou módulo no dossier de informação. Para este
efeito, o dossier mencionará os objectivos, as finalidades e o
teor do curso, os conhecimentos prévios necessários, os
métodos de ensino e de aprendizagem e as modalidades de
avaliação.
d) Existe uma relação entre os créditos e as horas de frequência.
70
Todavia, os créditos SNATCA não assentam no número de
horas de frequência propriamente ditas, mas sim no volume
global de trabalho que implicam.
e) A atribuição de créditos às disciplinas ou módulos
facultativos ou opcionais deve ser feita nas condições
descritas para uma disciplina ou módulo de base ou
obrigatório., Ou seja com base no volume de trabalho que
representa relativamente ao volume global de trabalho de um
ano de estudos. Uma disciplina ou módulo opcional ou
facultativo num estabelecimento pode muito bem ser uma
disciplina ou módulo de base ou obrigatório num outro.
Enquanto a disciplina ou módulo opcional faz parte do curso,
havendo alternativas na escolha do tema, a disciplina ou
módulo facultativo em certos estabelecimentos não é
considerado no programa de estudos normal, podendo ser
seguido a título complementar. Neste caso, convém atribuir
créditos às disciplinas ou módulos segundo o volume de
trabalho que representariam se estivessem incluídos no
programa.
f) Em certos casos, o tempo médio necessário para os
estudantes concluírem os seus estudos é superior à duração
oficial dos estudos. Os créditos devem sempre ser atribuídos
de acordo com a duração oficial do programa e não segundo
o tempo médio de que os estudantes do estabelecimento de
acolhimento necessitam para os levar a cabo.
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5.6.1. Diferença entre atribuição de créditos a disciplinas ou
módulos e atribuição de créditos a estudantes
Os créditos SNATCA são atribuídos às disciplinas ou módulos,
apenas nos casos em que o estudante tenha aproveitamento. Note-se,
que não é suficiente assistir às aulas ou passar algum tempo noutro
curso ou instituição de ensino superior, quer local ou estrangeira,
para que se atribuam créditos SNATCA ao estudante. Noutros
termos, os estudantes devem conformar-se com as regras de
avaliação prescritas pelo estabelecimento de acolhimento e, deste
modo, demonstrar que correspondem aos objectivos pedagógicos
fixados para a disciplina ou módulo em causa.
5.6.2. Como proceder nos casos em que o estudante visitante
não está em condições de se apresentar ao exame?
Certos cursos compõem-se de disciplinas ou módulos integrados
repartidos por mais de um ano de estudos, tendo o estudante que
completar todos os elementos antes de poder apresentar-se ao exame
final. Este sistema pode levantar alguns problemas ao estudante
visitante que apenas pretende passar um semestre ou um ano no
estabelecimento de acolhimento. Os estudantes nesta situação só
poderão seguir uma parte da disciplina ou módulo e não terão a
possibilidade de ser avaliados relativamente a essa unidade nem tão
pouco de receber créditos SNATCA por parte do estabelecimento de
acolhimento por não terem terminado o curso.
Alternativamente, as instituições que encontrem esta situação
poderão optar por uma solução que consista em adaptar os seus
cursos por forma a torná-los mais acessíveis aos estudantes visitantes.
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Contudo, se decidirem manter o status quo, poderão criar
mecanismos para dar uma certa flexibilidade à atribuição dos créditos
académicos, como por exemplo, atribuir créditos às diferentes partes
da disciplina ou módulo e organização de procedimentos de avaliação
intercalares para estes estudantes.
5.6.3. Como proceder se o exame da instituição de origem não
puder ser substituído?
Como já se referiu, no sistema de créditos, o reconhecimento
académico total exige não só que o período de estudos noutro curso
ou instituição substitua um período de estudos comparável no curso
ou instituição de origem, mas também que o exame (ou qualquer
outra forma de avaliação) no curso ou instituição de acolhimento
substitua o exame do curso ou instituição de origem.
A prática costuma ser de a maioria das instituições concederem
reconhecimento académico total aos estudantes. No entanto, podendo
acontecer que o exame do curso ou da instituição de origem cubra um
leque mais vasto de matérias e não possa ser substituído oficialmente
(exames intercalares e finais), então, neste caso o curso ou a
instituição de origem deve garantir ao estudante que o exame do país
de acolhimento será tido em conta da forma mais completa possível,
concedendo-lhe, por exemplo, dispensas parciais dos exames do
estabelecimento de origem.
5.7. Avaliação de trabalhos de culminação de estudos.
Para além das disciplinas ou módulos, o dossier de informação deve
descrever os objectivos académicos e os métodos de avaliação. Nestes
casos, é possível considerar aplicáveis as regras do estabelecimento de
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acolhimento ou prever uma avaliação conjunta pelos estabelecimentos
de origem e de acolhimento (e, eventualmente, pela empresa).
Note-se que o número de créditos atribuídos ao estudante não
depende da eventual obtenção de boas notas. O número de créditos
atribuídos ao estudante por uma determinada disciplina ou módulo é
um número fixo, idêntico para todos os estudantes que obtenham
aproveitamento nas avaliações. A qualidade do trabalho efectuado
pelo estudante no âmbito do programa de estudos é expressa em
notas (ver sistema nacional de avaliações e classificação).
5.8. Transferência de Créditos Académicos
5.8.1. O que é a transferência de créditos académicos?
A transferência de créditos académicos compreende a possibilidade
dos estudantes frequentarem disciplinas ou módulos fora da
instituição de ensino superior em que estão matriculados, podendo
estes acumular e transferir créditos de um programa para outro, do
mesmo nível, da mesma instituição ou entre diferentes instituições,
nacionais e estrangeiras.
Tendo em vista a facilitar a mobilidade estudantil, estas instituições
deverão celebrar acordos de reconhecimento mútuo e transferência de
créditos académicos. Os acordos de acumulação e transferência de
créditos académicos, quando devidamente subscritos pela instituição
de ensino de acolhimento, têm o valor de aceitação da inscrição no
curso e nas disciplinas ou módulos mutuamente acordados.
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5.8.2. Como se procede a transferência de créditos
académicos?
a) As instituições de origem e de acolhimento preparam e
trocam os boletins de notas (fichas de rendimento
académico) de cada estudante que requeira a transferência de
créditos SNATCA, antes e após o período de estudos
realizados numaoutra instituição e, aos estudantes são
entregues cópias destes boletins para que estes possam
completar o seu dossier pessoal;
b) A instituição de origem reconhece o número de créditos
obtido pelos seus estudantes na instituição de acolhimento,
local ou estrangeira, por cada disciplina ou módulo
específico, por forma a que os créditos relativos à disciplina
ou módulo seguido substituam efectivamente os créditos que
teriam sido obtidos no estabelecimento de origem;
c) O contrato de estudos permite ao estudante ter à partida a
garantia da transferência efectiva dos créditos que venha a
obter no âmbito do programa de estudos acordado (ver
«Formulário de candidatura do estudante e Contrato de
estudos, em anexo»).
5.9. Métodos de transferência usados
Existem dois métodos de transferência de créditos satisfatórios e de
uso corrente:
Método 1: Entre instituições cuja estrutura dos cursos assenta num
padrão anual ou semestral, o contrato de estudos entre as instituições
parceiras e o estudante indicará as disciplinas ou módulos
seleccionados do curso da instituição de acolhimento para substituir o
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ano ou o semestre da instituição de origem. Ao regressar, o estudante
que tiver obtido aproveitamento nos exames receberá um conjunto de
créditos que poderá figurar tal e qual no boletim de avaliação do
estudante, em vez de uma lista de disciplinas ou módulos,
individuais, feitos.
Método 2: Em instituições de origem, onde a estrutura do ensino
assenta numa lista de disciplinas ou módulos que o estudante deve
concluir num certo número de anos, o contrato de estudos estabelece
a lista das disciplinas ou módulos que correspondem às disciplinas ou
módulos do estabelecimento de origem na instituição de acolhimento,
para os quais o reconhecimento académico será concedido. Neste
caso, no regresso, o estudante que tiver obtido aproveitamento nos
exames obtém os créditos correspondentes às disciplinas ou módulos
do estabelecimento de origem. O número total de créditos
reconhecidos desta forma deve ser igual ao número total de créditos
concedidos pelo estabelecimento de acolhimento.
Note-se que em qualquer um dos métodos, o estudante pode escolher
disciplina ou módulo facultativo para satisfazer às exigências do
programa de estudos da instituição de origem. De facto, as
instituições podem desta forma associar mobilidade estudantil e
créditos académicos para alargar o leque de possibilidades oferecidas
aos seus estudantes.
5.9.1. Considerações de ordem prática
a) A instituição de acolhimento é a única responsável pela
atribuição dos créditos, e deverá transferir os créditos
relativos a todas as disciplinas ou módulos em que o
estudante tenha tido aproveitamento;
b) Nos casos de insucesso parcial, por parte do estudante, só a
instituição de origem pode admitir o estudante à sua própria
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reavaliação antes de lhe conceder os créditos
correspondentes;
c) Nos casos de insucesso total, o estudante poderá ter de
recomeçar o período de estudos no estabelecimento de
origem, o que prolongará a duração dos estudos;
d) Os casos de insucesso, quer parcial quer total, seria
conveniente que a instituição de acolhimento propusesse ao
estudante uma segunda oportunidade em termos de
avaliação. Contudo, deve ter em conta que concluídos os
procedimentos da transferência dos créditos académicos, só a
instituição de origem está em condições de avaliar, de acordo
com as suas próprias regras, os progressos efectuados pelo
estudante.
5.9.2. Coordenadores dos Créditos Académicos
Cada instituição que utiliza o SNATCA nomeia um órgão ou uma
entidade de coordenação institucional (central) e órgãos ou entidades
de coordenação departamental ou de Faculdade. A estes órgãos ou
entidades, para além de prestarem aconselhamento aos estudantes,
compete gerir as modalidades administrativas e académicas. As
normas de funcionamento destes coordenadores serão regidas por
regulamento próprio.
Em termos gerais, o papel dos coordenadores SNATCA é
estabelecido pela própria instituição, tendo em conta a partilha de
tarefas com órgãos institucionais e entidades responsáveis pelas
relações públicas e relações internacionais.
Assim, compete à Coordenação institucional (central) do SNATCA:
a) Garantir o empenho da instituição na aplicação dos
princípios e dos mecanismos do SNATCA;
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b) Promover o SNATCA tanto no interior como no exterior da
instituição;
c) Facilitar a aplicação prática do SNATCA;
d) Apoiar os coordenadores departamentais ou de Faculdade;
e) Informar os estudantes sobre o SNATCA;
f) Coordenar, com os coordenadores departamentais ou de
Faculdades, a preparação, a publicação e a distribuição dos
dossiers de informação aos parceiros; e
g) Estabelecer e constituir disposições contratuais com os
parceiros e estudantes.
Em termos estruturais, o coordenador institucional deve estar numa
posição que lhe permita beneficiar de relações próximas tanto com os
membros da administração como com os docentes.
Compete aos Coordenadores Departamentais ou de Faculdades do
SNATCA:
a) Manter o contacto com os estudantes e com o pessoal do
departamento ou da Faculdade sobre o SNATCA;
b) Operacionalizar os aspectos académicos inerentes à execução
do SNATCA;
c) Informar os estudantes sobre os aspectos práticos do
SNATCA;
d) Entregar aos estudantes uma cópia dos dossiers de
informação preparados pelos estabelecimentos parceiros;
e) Ajudar os interessados a preencher os formulários de
candidatura e explicar-lhes o funcionamento dos processos
de reconhecimento académico e os documentos necessários
para esse efeito;
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f) Orientar e aconselhar o estudante no momento da elaboração
do programa de estudos, para que este corresponda
simultaneamente às exigências académicas e aos interesses
pessoais do estudante;
g) Assegurar a comunicação normal entre as instituições de
origem de acolhimento através, da troca de formulários de
candidatura, negociação de programas de estudos e
preparação de boletins de avaliação dos estudantes que vão
partir e dos que reingressam na instituição de origem;
h) Informar os colegas, docentes e corpo técnico-administrativo,
sobre a utilização do SNATCA e as implicações da
atribuição de créditos aos cursos do Departamento e/ou
Faculdade;
i) Velar pela boa integração dos estudantes visitantes; e
j) Fazer o acompanhamento do progresso dos estudantes no
estrangeiro através de contactos regulares.
5.9.3. Dossier de Informação
Cada estabelecimento utilizador do SNATCA elabora dossiers de
informação destinados aos potenciais parceiros, nomeadamente, aos
respectivos estudantes e pessoal, onde constam informações sobre os
custos, os programas e as disposições académicas e administrativas.
Os dossiers de informação destinam-se a facilitar a transparência dos
programas e a apoiar os professores enquanto conselheiros e
assistentes dos estudantes, por ocasião da elaboração do programa ou
da organização da estadia no estrangeiro. Susceptíveis de constituir o
primeiro contacto do estudante ou do coordenador com um
estabelecimento estrangeiro, os dossiers de informação devem ser
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concisos e claros e fornecer todas as informações práticas aos
interessados.
Os dossiers de informação devem ser sistematicamente actualizados
todos os anos e ser facilmente acessíveis aos utilizadores, estudantes
e professores, em papel ou em disquete. A utilização das redes de
comunicação electrónica pelos estabelecimentos parceiros revelou-se
um instrumento eficaz na distribuição dos documentos