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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.ISBN: 978-85-7506-232-6
QUALIDADE DAS ÁGUAS EM UM PONTO DOCÓRREGO GAMELEIRAS NO MUNICÍPIO DE
UBERABA / MG (1997 A 2012)
César Vinícius de Noronha
Assistente de Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.Brasil.
Cláudia de Vilhena Schayer Sabino
Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Ludmila Vieira Lage
Assistente de Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.Brasil.
INTRODUÇÃO
O município de Uberaba (Figura 1), de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) está localizado no Estado de Minas Gerais na Mesorregião do
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. A área total do município é de 4.523,957 km² com uma
população, de acordo com o censo demográfico de 2010, de 295.988 habitantes, estando
entre os cem municípios mais populosos do Brasil e entre os dez municípios do Estado de
Minas gerais (IBGE, 2014).
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Figura 1: Mapa de localização do município de Uberaba.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Adaptado por NORONHA
A transformação do espaço socioeconômico da região do Triângulo Mineiro, que
está diretamente ligada à expansão do município de Uberaba, teve início a partir do século
XVII com as missões jesuítas e as expedições dos bandeirantes. Porém, a partir do século
XVIII, com a intensificação das expedições; com a abertura de novas rotas para o
Centro-Oeste brasileiro e a descoberta de ouro e diamante em Goiás e Mato Grosso, houve
uma intensificação do fluxo migratório para essa região do Brasil, e o Triângulo Mineiro
consolidou-se como uma área de abastecimento e comercial entre São Paulo e o
Centro-Oeste (MARTINS, 1998). O autor ainda destaca que outro fator importante foi à
construção de Brasília, uma vez que a região do Triângulo Mineiro fica em uma área
estratégica entre a capital federal e a cidade mais industrializada e desenvolvida
socioeconomicamente que é São Paulo. Um dos pontos favoráveis à construção da capital
federal foram os investimentos em infraestrutura e desenvolvimento econômico da região
(MARTINS, 1998).
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Atualmente, o município de Uberaba se enquadra entre as dez maiores
economias do Estado de Minas Gerais e entre as cem maiores do país. As receitas
municipais provêm, de acordo com o IBGE, dos três setores da economia: primário (abrange
cerca de 9% do total), secundário (32%) e terciário (58%). O setor primário encontra-se com a
menor fonte de arrecadação de receitas municipais com atividades ligadas a piscicultura,
produção agrícola, hortifrutigranjeiros, suinocultura, ovinocultura, avicultura, bovinocultura,
mineração entre outras. Já o setor secundário abrange atividades como indústrias de
beneficiamento de produtos agrícolas: algodão e açúcar; indústria alimentícia, de vestuários,
moveleira, química, metalomecânica, de tubos plásticos e derivados, eletrodomésticos,
farmacêuticos, cosméticos, fertilizantes e construção civil. Potencializado pelo primeiro e
segundo setor da economia, temos no município um setor terciário e de prestações de
serviços bem estruturado, como exemplo podemos citar a atividade comercial, instituições
públicas e privadas nos setores de ensino, saúde, segurança, administrativo entre outros
(UBERABA, 2009b).
Em relação aos aspectos físicos, de acordo com UBERABA (2009a), a geologia
local é formada basicamente por arenito que data do período cretáceo inserido na formação
Bauru, possuindo reservas minerais como argila, calcário, água mineral, caulim, ferro,
pedras basálticas e ornamentais. No aspecto relevo, encontra-se inserido no Planalto
Arenítico Basáltico da Bacia do Paraná, possuindo áreas planas com ligeiras declividades até
fortemente ondulado, resultando em uma topografia de 60% do relevo ondulado e 40%
plano. O solo é classificado como latossolo roxo distrófico e latossolo vermelho amarelo
textura média e LVA – textura argilosa. Além destes tons, pequenas manchas de solos
podzólicos. No aspecto climático, está inserido na classificação Aw de Koppen, com clima
tropical chuvoso, clima de monção seco com inverno seco e verão úmido, estações frias e
quentes bem definidas (EPAMIG, 2008 citado por UBERABA,2009a).
O município possui uma vasta rede hidrográfica, com uma área irrigada de
aproximadamente 22 mil hectares. Encontra-se na divisa entre duas importantes bacias
hidrográficas federais no Estado de Minas Gerais: a bacia do Rio Grande (porção sul do
município) e a bacia do Rio Paranaíba (porção norte). Os principais rios do município são:
Araguari, Cabaçal, Claro, Estiva, Grande, Tijuco, Uberaba e Uberabinha (UBERABA,2009a).
O município de Uberaba, ao longo do processo de ocupação, teve a sua
paisagem natural transformada pelo homem de acordo com as suas necessidades vigentes,
transformando em uma paisagem cultural. Todo o tipo de transformação no meio natural
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acarreta em algum tipo de impacto ao meio natural: água, solo, vegetação ou até mesmo a
alteração do microclima de uma área. A forma de organização do espaço sé dá de acordo
com os interesses econômicos vigentes, podendo os espaços ser modificados, variando as
formas de impacto nos recursos naturais.
Nos estudos relacionados à área ambiental, em muitos casos não podem ser
utilizados os limites políticos e administrativos impostos pelos Estados e municípios devido à
abrangência espacial do objeto de análise. Nos estudos hidrográficos, existem inúmeros rios
ou córregos que estão inseridos em um ou mais Municípios, Estados ou Países. Para a
delimitação da área de estudo, utilizamos a bacia hidrográfica. A legislação que regulamenta
a bacia hidrográfica como unidade territorial de implementação, gestão e diretrizes a serem
adotadas nas bacias do país é a lei federal n° 9.433/97 (BRASIL, 1997). Podemos considerar
que a bacia hidrográfica como “[...] uma área definida topograficamente, drenada por um
curso d’água ou por um sistema conectado de cursos d’água, tal que toda a vazão efluente
seja descarregada por uma simples saída” (CARVALHO e SILVA, 2006). Segundo Monica Porto
e Rubem Porto (2008), a bacia hidrográfica pode ser interpretada como uma unidade
sistêmica natural, utilizando como referência o exutório do curso d’água, no qual podemos
realizar análises dos fluxos hidrológicos e a delimitação do espaço. Os autores ainda
ressaltam a importância do exutório para os estudos relacionados à bacia hidrográfica
sendo um local de análise dos impactos causados a montante da bacia resultante das
atividades e ocupação antrópica do espaço. Segundo Sperling (1996, p.11) a qualidade da
água é “resultante de fenômenos naturais e da ação do homem e, a qualidade de uma
determinada água, é função do uso e da ocupação do solo na bacia hidrográfica”.
Uberaba está inserida na bacia do Rio Grande e, de acordo com a classificação
das unidades de planejamento e gestão dos recursos hídricos do Estado de Minas Gerais,
encontra-se na GD8 ou Baixo Grande. O curso d’água do Rio Grande no município
encontra-se no reservatório da Usina Hidrelétrica de Volta Grande, tendo como principais
tipos de uso do solo a atividade agropecuária e industrial.
O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) em parceria com o a Fundação
Estadual do Meio Ambiente (FEAM), vem monitorando a qualidade das águas superficiais e
subterrâneas do Estado de Minas Gerais. O programa de monitoramento das águas feito
pelos dois órgãos iniciou com 222 pontos de coleta no ano de 1997 nas oito principais bacias
hidrográficas do Estado (IGAM, 2010), e contém atualmente 566 estações de coleta da rede
básica. Os locais de coleta são definidos de acordo com as áreas que caracterizam as
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condições naturais das águas e de acordo com as principais interferências apresentadas
principalmente antrópicas, que podem ser relacionadas com atividades industriais,
mineradoras, despejos domésticos, agropecuária, e silvicultura, entre outras. Além disso,
são consideradas redes de qualidade de água anteriormente operadas em Minas Gerais e
dados dos processos de licenciamento ambiental da FEAM/COPAM (Conselho Estadual de
Política Ambiental) (IGAM, 2010). O ponto de monitoramento utilizado no trabalho está
localizado no município de Uberaba nas coordenadas geográficas 20º00'50,00" latitude sul e
47º52'52,00" longitude oeste denominado BG057, nomenclatura utilizada pelo IGAM.
O Córrego Gameleiras, no qual está inserido o ponto de monitoramento, está
localizado na porção sul do município de Uberaba, próximo à margem do Rio Grande, divisa
dos Estados de Minas Gerais e São Paulo. O Córrego está inserido na área do Distrito
Industrial III de Uberaba, localizado a aproximadamente 20 quilômetros do centro urbano e
o acesso é pela Avenida Municipal Filomena Cartafina. O Distrito possui uma área de
18.430.570,00 m² e abrange indústrias químicas e de fertilizantes, distribuição de
combustíveis e transportadoras (UBERABA, 2014) (Figura 2).
O trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade das águas em um ponto de
monitoramento do Córrego Gameleiras, afluente do Rio Grande, entre 1997 e 2012,
utilizando a análise multivariada robusta para correlacionar as variáveis e analisar os
principais fatores de desconformidade com a DN COPAM/CERH 2008 (MINAS GERAIS, 2008) ,
e caracterizar os usos do solo da área de estudo e indicar possíveis medidas mitigadoras.
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Figura 2: Mapa de localização da área de estudo.
Fonte: Dados da pesquisa
METODOLOGIA
O estudo realizado no Córrego Gameleiras foi desenvolvido com base nos
trabalhos realizados no Projeto GT399 da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
em conjunto com a Companhia Energética de Minas Gerais, intitulado “PA –
Desenvolvimento de índices georreferenciados da qualidade das águas e estudo das
características socioambientais da região de reservatórios em cascata: Volta Grande e
Jaguara”, contexto no qual o Córrego Gameleiras e o município de Uberaba se enquadram.
Foram realizadas pesquisas bibliográficas em documentos digitalizados do Instituto Mineiro
de Gestão das Águas para a obtenção de informações referentes ao Córrego Gameleiras,
bibliografia referente à qualidade das águas, gerenciamento de bacias hidrográficas,
métodos robustos e sobre o fosfogesso.
Outras bibliografias utilizadas referentes ao município foram pesquisadas em
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acervos digitais disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Uberaba. O trabalho de campo
na área de estudo foi realizado em junho de 2012, no qual observamos os impactos
causados pelas atividades econômicas inseridas próximo ao curso d’água do Córrego
Gameleiras.
O mapeamento utilizado no estudo foi realizado através do software ArcGIS 10.0
no laboratório de estudos ambientais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais,
utilizando informações vetorizadas georreferenciadas disponibilizadas pelo IBGE, IGAM, dos
limites das unidades da federação e dos limites municipais e da carta topográfica
digitalizada de Uberaba folha SE-23-Y-C-IV e Igarapava folha SF-23-V-A-I-1 e o mapa de
macrozoneamento do município de Uberaba disponibilizado pelo portal online da prefeitura
municipal e as imagens ALOS de 2010.
Os dados utilizados foram obtidos do “Projeto Águas de Minas” do IGAM e eram
compostos de 62 coletas e 62 variáveis. Para os estudos estatísticos foi utilizado o software
R (2014), gratuito, o qual possui técnicas robustas para análise de dados. Os pacotes
utilizados foram StatDA (2014), rrcov (2014) e robustbase (2014). Foi utilizado o teste de
Shapiro-Wilks (SW) para averiguar se os dados eram provenientes de uma população com
distribuição normal. Foi considerando um nível de 5% de significância (MINGOTI, 2005).
Os gráficos, cálculos e mapas ficam distorcidos se forem utilizados os valores
censurados, ou seja, abaixo do limite mínimo de detecção do método analítico (<LD) ou
acima do limite máximo de detecção (>LD). Os valores <LD foram substituídos pela metade
do LD e os valores dos limites máximos de detecção foram mantidos. Ao contrário do valor
<LD, que informa que a variável tem um valor baixo, o dado perdido não traz informação,
não sendo possível substituí-lo (TODOROV e FILZMOSER, 2009).
De acordo com o sugerido por Reimman et al (2008) , as variáveis que
apresentaram 80% ou mais de dados censurados e/ou valores perdidos foram excluídas.
Variáveis com valor de desvio absoluto mediano (MAD) igual a zero também foram
excluídas, pois tais variáveis não apresentam variabilidade suficiente para serem utilizadas
em cálculos estatísticos.
MAD = 1,4826 mediana(|xi – mediana (xi)|), “xi” é o valor da variável “x” na coleta “i”.
Considerando que a existência de outliers pode afetar gravemente os resultados
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finais da análise estatística, foi feita uma comparação multivariada entre a distância de
Mahalanobis e a distância robusta (TODOROV e FILZMOSER, 2009). Os dados ambientais
devem ser normalmente transformados antes de cálculos estatísticos para evitar
imprecisões características de dados composicionais (CEMIG, 2014). Foi então feita a
transformação “clr” (centered log-ratio). Para isto, inicialmente cada valor do banco de dados
foi dividido pela mediana da respectiva variável. Isto teve como objetivo igualar as unidades,
tendo em vista que a transformação “clr” utiliza a média geométrica. A transformação pode
ser definida por:
Aonde, “y”s são os valores transformados, “xi” o valor da variável “x” na coleta “i”
e “D” o número de coletas consideradas para os cálculos.
Para o presente estudo, optou-se por utilizar a correlação robusta, que é ideal
para cálculo de correlações de variáveis ambientais (REIMMAN et al 2008). As correlações
foram calculadas com os dados transformados “clr”. A análise de Componentes Principais
(PCA) é a técnica multivariada mais utilizada para explorar, interpretar e reduzir os dados,
sem que haja perda de informação (MINGOTI, 2005). As componentes principais (CP) obtidas
constituem as novas variáveis respostas e são utilizadas nas análises subsequentes do
estudo. A interpretação de cada CP é baseada nas variáveis que mais contribuíram para a
CP. Para o cálculo de componentes principais robustas foi feita a transformação isomérica
log-ration (irl) (FILZMOSER, HRON e REIMANN, 2009), o que visou equiparar a ordem de
grandeza das diferentes variáveis e evitar colinearidades, sendo “zi” o valor transformado, e
as demais letras tem o significado definido anteriormente.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
O uso e ocupação do solo nas proximidades da bacia do Córrego Gameleiras, de
acordo com NORONHA (2012) indica os seguintes tipos de uso: pastagens para a criação de
bovinos; agricultura resultante de áreas de solo exposto devido à presença de culturas
temporárias, sendo a cana-de-açúcar a cultura predominante; a presença de vegetação, que
se encontra inserida basicamente nas áreas de mata ciliar nas proximidades de rios e
córregos ou áreas de preservação nas propriedades rurais. No médio e baixo curso do
Córrego concentra-se a o uso industrial do Distrito Industrial III, sendo a Vale Fertilizantes a
empresa de maior porte, a presença de chácaras e pequenos sítios próximo a foz do
Córrego e também a explotação de areia. A Figura 3 mostra as proximidades do Gameleiras
e os diferentes usos do solo.
Figura 3: Área próxima a nascente e diversificação do uso dos solos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Análise dos dados – não conformidades
O estudo do banco de dados permitiu concluir que diversas variáveis
apresentaram não conformidade com relação à legislação DN COPAM/CERH 2008 (MINAS
GERAIS, 2008). O gráfico 1 apresenta a porcentagem de desconformidades das variáveis do
banco de dados.
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Gráfico 1: Porcentagem de desconformidades das variáveis.
Fonte: Dados da pesquisa
As concentrações do fósforo no córrego da Gameleira estão entre os maiores
registros do Estado de Minas Gerais e associam-se principalmente aos efluentes de
indústrias e fertilizantes (NPK). Ressalta-se, como fator agravante, o fato do Córrego
Gameleiras afluir para a represa de Volta Grande, potencializando o processo de
eutrofização neste ambiente (IGAM,2010) Os mesmos fatores que contribuem para o
aumento da concentração de fósforo causam a diminuição do OD (100% de
desconformidade). O pH (48.6%) na região é ácido devido principalmente aos efluentes
industriais.
O ferro (93%) é constituinte natural do solo local e as não conformidades podem
ser justificadas pelo revolvimento do solo do córrego no processo de explotação de areia,
além da erosão causada pelo cultivo de cana-de-açúcar no município (REIS e BRITO, 2012). O
ferro pode ser também devido aos efluentes de indústrias de fertilizante (CASTILLO et al,
2012). A presença de manganês total e a não conformidade (66,8%) podem ser devidas aos
mesmos motivos além da influência das atividades minerárias da região (IGAM, 2010).
A concentração de cianeto livre (35.7% de não conformidade) pode estar
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associada aos lançamentos de efluentes provenientes das fecularias das fazendas da região.
A ocorrência de óleos e graxas (25%) pode ser devida aos esgotos domésticos das
residências da região, aliada à presença de dragas de extração de areia neste córrego.
Análise multivariada
Realizado o acerto do banco de dados (retirada de variáveis com mais que 20%
dos dados perdidos e/ou censurados) foi possível trabalhar com 17 variáveis: Cloreto (Cl),
Coliformes Termotolerantes (ColTerm), Coliformes Totais (ColT), Condutividade Elétrica,
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Ferro dissolvido (FE), Fósforo (P), Manganês (Mn),
Nitrato, Nitrogênio Amoniacal Total (NAT), Oxigênio Dissolvido (OD), pH, Sólidos em
Suspensão totais (SST), Sólidos totais (SDT), Temperatura da Água, Temperatura do Ar e
Turbidez. O resultado da estatística descritiva das variáveis utilizadas está apresentado na
Tabela 1.
A variável DBO apresentou MAD zero não sendo possível utiliza-la em cálculos
estatísticos. Em seguida foi traçado o histograma de todas as variáveis. Como ocorre
normalmente com variáveis ambientais as distribuições são assimétricas e outliers ocorrem
frequentemente. O histograma da variável Ferro Dissolvido esta apresentado na Figura 4.
Foi então feita a transformação “clr” (centered log-ratio). O histograma da variável, com
transformação “clr” esta apresentado na Figura 2-B. É possível observar a suavização dos
dados obtida após a transformação (Figura 4).
O teste Shapiro-Wilk foi aplicado e apenas a temperatura da água apresentou
distribuição normal (p= 0,086). Foi feita a pesquisa de “outlier” utilizando a comparação
entre a distância Mahanalobis e a distância robusta (TODOROV e FILZMOSER, 2009). Não foi
encontrada nenhuma coleta “outlier”.
Realizou-se a transformação “clr” nos dados de modo a reduzir a distorção dos
mesmos e em seguida foi calculada a correlação. As variáveis: cloreto, manganês e sólidos
totais foram eliminadas dos cálculos posteriores por serem correlacionadas (>0,7) com a
condutividade. O gráfico 2 demonstra a relação entre essas variáveis.
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Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis.Variáveis MÍNIMO P25% MEDIANA MÉDIA P75% MÁXIMO DESVIO-PADRÃO MADCloreto 0.2465 0.7601 1 1.13 1.5 2.999 0.6021 0.5322Coliformes Termot.
0.009091 0.4545 1 11.13 4.545 272.7 38.24 1.173
Coliformes Totais.
0.0007692 0.3846 1 4.967 3.846 123.1 16.49 1.14
Condutividade Elétrica
0.534 0.7373 1 1.073 1.412 2.15 0.3965 0.4167
DBO 1 1 1 2.148 2 14 2.12 0Ferro Dissolvido
0.332 0.6109 1 1.481 1.66 9.628 1.558 0.695
Fósforo 0.1579 0.6241 1 1.572 2.105 6.947 1.439 0.7692Manganês Total
0.02174 0.4783 1 1.349 2.174 4.62 1.074 0.9991
Nitrato 0.25 0.5 1 5.094 3.5 79 11.85 1.112Nitrogênio Amoniacal T.
0.5 0.5 1 3.033 3 42 6.307 0.7413
OD 0.2727 0.6364 1 1.103 1.273 3.727 0.7277 0.5391pH 0.8333 0.95 1 1.002 1.033 1.217 0.07369 0.04942Sólidos em Suspensão T.
0.0625 0.375 1 1.381 1.75 9 1.57 0.9266
Sólidos Totais 0.4865 0.7748 1 1.087 1.45 2.054 0.3943 0.4408Temperatura da Água
0.75 0.9167 1 0.9873 1.058 1.167 0.104 0.1235
Temperatura do Ar
0.6679 0.8571 1 0.9732 1.071 1.214 0.1385 0.1588
Turbidez 0.4145 0.6535 1 1.349 1.64 4.693 0.9326 0.6178Fonte: Dados da pesquisa
Figura 4 – Histograma da variável Ferro Dissolvido. A- Dados originais, B- Dados transformados“clr”.
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Fonte: Dados da pesquisa.
Gráfico 2: Relação entre as variáveis Cloreto, Condutividade, Manganês e sólidos totais.
Fonte: Dados da pesquisa
Foi feito então o estudo das componentes principais que mostrou que 2
componentes explicam 61,4% da variabilidade total dos dados. O biplot está apresentado na
Figura 5.
A componente 1 explicou 45,7% da variância total e associa o pH, temperaturas
do ar e da água e os coliformes termotolerantes. As temperaturas elevam-se em época de
chuva e nesse período a concentração de coliformes diminui devido à diluição dos mesmos
nas águas. Na região em estudo, o pH é ácido (IGAM, 2010) e na estação chuvosa há um
aumento (as águas se tornam menos ácidas), também por causa da diluição. A componente
2 explicou 15,6% da variância total e relaciona nitrato, OD, P, NAT e turbidez. Os efluentes
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domésticos e industriais contribuem para o aumento da turbidez e nitrogênio amoniacal.
Estas contaminações causam a redução do OD. Já o nitrato é consequência da oxidação do
nitrogênio presente nas águas estudadas (sentidos opostos do nitrato e nitrogênio
amoniacal total no biplot). Segundo IGAM (2010), a contaminação encontrada no local
associa-se principalmente aos efluentes de indústrias de fertilizantes, o que foi confirmado
neste estudo.
Figura 5– Biplots obtidos a partir do cálculo das PCAs.
Fonte: Dados da pesquisa.
Considerações sobre a presença do fosfogesso
Um impacto significativo em relação aos recursos hídricos das proximidades do
Distrito Industrial III é a presença das indústrias, que podem causar impactos devido aos
efluentes produzidos nos processos industriais. A presença da Vale Fertilizantes e sua
proximidade com o Córrego Gameleiras sugerem que suas atividades afetam diretamente a
qualidade das águas do curso d’água (JM ONLINE, 2014; PORTAL G1, 2014). A empresa
localiza-se bem próximo a margem esquerda do Córrego, e uma das matérias-primas
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utilizadas em sua produção, o enxofre, é estocado a céu aberto a aproximadamente 700
metros em linha reta do Córrego Gameleiras e a aproximadamente 1,8 quilômetros de sua
foz (Figura 6).
Figura 6: Estocagem de enxofre nas proximidades da empresa.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012 ; DigitalGlobe, 2012
Outro produto estocado na área da empresa que pode afetar diretamente a
qualidade dos recursos hídricos é o fosfogesso (Figura 7). Esse material é o rejeito do
processo industrial que é estocado a céu aberto, podendo alterar a qualidade ambiental da
área do entorno. A figura 8 mostra a localização e a dimensão espacial dos produtos
industriais na área de estudo.
Figura 7: Resíduos de fosfogesso da Vale Fertilizantes.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012 ; DigitalGlobe, 2012
Em relação aos impactos ambientais causados por esses produtos, podemos
citar JM ONLINE (2014) que relata sobre as dimensões do fosfogesso na área:
“[...] segundo dados da própria Vale Fertilizantes, para cada tonelada de ácido
fosfórico produzido pela empresa, resultam cerca de 4,8 toneladas de
fosfogesso, um rejeito com traços de radioatividade. Das mais de três milhões de
toneladas de fosfogesso produzidas por ano, apenas 0,8 milhão tem
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comercialização para uso agrícola. O restante é acumulado numa pilha, com 120
hectares de área e 57 metros de altura, o equivalente a um edifício de 19
andares. Essa pilha gigantesca de rejeitos químicos está depositada em área de
preservação permanente, às margens do rio Grande, integrante de uma das
mais importantes bacias hidrográficas da região central do país (JM online,
2014)”.
Figura 8: Localização dos produtos industrias na área de estudo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012 ; Cnes / Astrium, 2014
Os impactos ambientais são significativos, sendo que a empresa começou a
tomar medidas para solucionar o problema graças a uma ação civil pública do Ministério
Público Federal, em 2008, para garantir a segurança ambiental da área. A empresa será
obrigada a realizar intervenções para minimizar ou sanar os impactos decorrentes de suas
atividades e terá um prazo até 2023 para realizar todas as intervenções propostas e pagará
uma multa de R$ 3,7 milhões de reais. (Portal G1, 2014). O fosfogesso é um material que
contem impurezas:
“Embora a composição do fosfogesso seja basicamente de cálcio dihidratado, o
material pode conter níveis elevados de impurezas que provêm da rocha
fosfática que é usada como matéria prima na produção de fertilizantes. Entre as
impurezas, têm-se, por exemplo: Cd, As, Pb, Cd, Cr e Zn, os fluoretos e os
radionuclídeos das séries naturais do urânio e tório” (COTA et al, 2012; VILLA et
al, 2009).
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Em relação ao descarte, é comum que as empresas depositem os materiais em
áreas próximas da instalação industrial, o que pode afetar a qualidade ambiental da área.
(ATTAR et al, 2011; EL-DIDAMONY et al, 2013). Um dos principais problemas do material é a
sua propriedade química, em que, segundo Fukuma (1999):
“A preocupação com elementos radioativos em rochas fosfáticas iniciou-se em
1908, quando o físico britânico R. Strutt constatou que os teores de
radioatividade em amostras de rochas fosfáticas eram algumas vezes maiores
do que a média em outras rochas da crosta terrestre” (FUKUMA, 1999).
Segundo Guimond (1978) o processamento e o uso maciço de fertilizantes
ocasionaram a distribuição no ambiente dos elementos contidos na rocha fosfática em
quantidade de traço. Nas rochas fosfatadas, os membros das séries naturais do 238U e
232Th estão em equilíbrio radioativo, isto é, a atividade do nuclídeo filho é igual a do seu
progenitor (SABINO, 1991). Após a digestão da rocha, o equilíbrio é quebrado, havendo uma
distribuição dos radionuclídeos de acordo com sua solubilidade. Segundo Siqueira (2009), o
teor de radionuclídeos na rocha pode variar de acordo com as características geológicas do
local de extração e o urânio, tório e seus produtos de decaimento contidos na rocha
fosfática podem ser solubilizados durante a fabricação do ácido fosfórico.
Em relação ao processo, Santos et al (2006) menciona que “[...] existe uma
distribuição dos radionuclídeos entre o ácido fosfórico e o fosfogesso e o 226Ra é
encaminhado para o fosfogesso, sendo coprecipitado junto com o cálcio na forma de
RaCaSO4”. Segundo Siqueira (2009), os experimentos que visavam determinar doses
coletivas da população devido a exposições à radiação ionizante, avaliaram a distribuição
dos radionuclídeos naturais contidos na rocha fosfática para produtos, subprodutos,
efluentes e resíduos gerados na mineração e processamento. O autor ressalta que “ [...] os
resultados mostraram que o processamento da rocha fosfática, pela rota via úmida para
produção de ácido fosfórico, altera significativamente a atividade de 226Ra, 238U e 230Th
nos fluxos do processo” (SIQUEIRA, 2009). A maior parte do 226Ra não é dissolvida pela
acidulação com ácido sulfúrico, quase a totalidade do 226Ra fica contida no fosfogesso, ao
passo que o ácido fosfórico contém 60-80% do 230Th e 80% do 238U inicialmente contidos
na rocha fosfática (ARAÚJO e FERNANDES, 2013). Na região de estudo, segundo Siqueira
(2009), o fosfogesso apresentava concentrações médias de 252 Bq/kg para o 226Ra, 111
Bq/kg para o 232Th, de 206 Bq/kg para o 210Po e ainda 40.0 Bq/kg para o 238U, 40.0 Bq/kg
para o 234U, 55.0 Bq/kg para o 230Th, 206.0 Bq/kg para o 210Pb, 55.0 Bq/kg para o 232Th,
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226.0 Bq/kg para o 228Ra, no qual as pilhas de rejeitos dispostas nas indústrias de
fertilizantes contem milhares de toneladas (COTA et al, 2012).
Os valores máximos de radioatividade em água de acordo com PORTARIA Nº
518/GM Em 25 de março de 2004 são:
Tabela 2: Padrão de radioatividade para água potável.PARÂMETRO UNIDADE VMPRadioatividade alfa global Bq/L 0,1Radioatividade beta global
Bq/L 1
Fonte: BRASIL, 2004
A radioatividade do fosfogesso pode ser lixiviada para corpos de água (CASTILLO
et al, 2012; VILLALOBOS et al, 2010; BITUH et al, 2013). Tendo em vista o exposto, é
indispensável à medida da radioatividade alfa e beta total no ponto BG057 visando
monitorar se a radioatividade contida nas pilhas de rejeitos industriais não está
contaminando os corpos de água. Sugerimos que a determinação de radioatividade seja
feita também nos sedimentos (VILLA et al, 2009). Caso estas atividades excedam o limite
legal, deverão ser analisados os nuclídeos específicos. Sugerimos que a medida seja feita em
todas as coletas, por pelo menos dois anos e se os resultados demonstrarem que não há
contaminação a frequência seja semestral.
CONCLUSÃO
A utilização de métodos multivariados robustos facilitou a interpretação dos
resultados da análise de componentes principais. Os métodos robustos são menos afetados
por “outliers” e correlações permitindo que as cargas (pesos) das variáveis sejam calculadas
com maior especificidade.
O estudo indicou que a qualidade das águas do Córrego Gameleiras está
diretamente relacionada ao uso e ocupação do solo na região no período histórico
estudado. As atividades agropecuária e industrial são as principais fontes de
desconformidades dos parâmetros analisados.
Torna-se necessária a medição de radioatividade no ponto BG057 para
diagnosticar se a pilha de fosfogesso está contaminando as águas superficiais do Córrego.
Outro aspecto é que seja realizada a determinação da radioatividade nos sedimentos e, caso
as atividades ultrapassem a legislação vigente, deverão ser analisados os nuclídeos
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específicos.
Para o melhoramento da qualidade ambiental da área, é necessário que se
adotem medidas que protejam as águas do Córrego Gameleiras. Outra medida a ser
adotada é o controle do manejo de fertilizantes utilizados na lavoura temporária do
município de Uberaba e se possível a elaboração de cursos de capacitação dos agricultores
em relação aos impactos causados ao meio natural pelos produtos químicos utilizados na
lavoura.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS) e a
Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) pelo financiamento da pesquisa.
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QUALIDADE DAS ÁGUAS EM UM PONTO DO CÓRREGO GAMELEIRAS NO MUNICÍPIO DE UBERABA / MG (1997 A 2012)
EIXO 5 – Meio ambiente, recursos e ordenamento territorial.
RESUMO
Apresentação do problema: O município de Uberaba, localizado no Estado de Minas Gerais,
possui uma das maiores economias do Estado e apresenta um setor econômico diversificado nas
atividades agropecuária, industrial e prestação de serviços. O uso do solo proveniente da
atividade antrópica altera a qualidade da água superficial do município, como ocorre no Córrego
Gameleiras, inserido na Bacia do Rio Grande, sub-bacia do Rio Paraná. Objetivo: O trabalho teve
como objetivo avaliar a qualidade das águas em um ponto de monitoramento do Córrego
Gameleiras, afluente do Rio Grande, entre 1997 e 2012. Metodologia empregada: Na pesquisa
foram utilizados os dados secundários do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), utilizado
como parâmetro de análise a Deliberação Normativa do Conselho de Políticas Ambientais de
Minas Gerais, do ano de 2008. As variáveis utilizadas foram: nitrato, condutividade elétrica,
nitrogênio amoniacal total, sólidos em suspensão, turbidez, ferro total, coliformes termotolerantes,
pH, oxigênio dissolvido, fósforo total e temperatura da água. Para a análise multivariada robusta
dos resultados foi utilizado o software “R” e o SPRING para a análise do uso e ocupação do solo
na região. Principais resultados: As variáveis: nitrato, nitrogênio amoniacal total, sólidos em
suspensão e turbidez não apresentaram desconformidades. As variáveis ferro total, coliformes
termotolerantes e pH apresentaram mais que 50% dos resultados acima dos limites legais. O
oxigênio dissolvido apresentou apenas uma amostra dentro dos limites aceitáveis e o do fósforo
total apresenta desconformidade em todas as coletas. Os resultados mostraram que o uso e
ocupação do solo no município são predominantemente vinculados a atividade agropecuária,
poucas concentrações de áreas de mata e áreas urbanizadas. Na área próxima ao Córrego, está
inserida áreas de atividade agropecuária e industrial, ocasionando um impacto direto na qualidade
da água e um dos fatores preocupantes em relação ao Córrego Gameleiras é que o mesmo não
enquadra-se na classe 2 pela legislação utilizada, sendo um dos pontos de monitoramento mais
contaminados por fósforo total no Estado de Minas Gerais. O Rio Grande é importante no contexto
regional e nacional devido à utilização de suas águas para a atividade agropecuária e a geração
de energia, porém, na porção em que passa pelo município de Uberaba, os Córregos que
deságuam no Rio não possuem nenhum tipo de tratamento de efluentes adequado, o que diminui
a qualidade da água nesse trecho do Rio.
Palavras-chave: Bacia hidrográfica; Qualidade das águas; Métodos robustos.
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