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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE MOTORISTAS DE CAMINHÃO: UM ESTUDO NA TRANSPORTADORA TRANSBRASILIANA LTDA. Felipe Foggiatto Administração de Recursos Humanos ITAJAÍ SC, 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE MOTORISTAS DE CAMINHÃO: UM ESTUDO NA TRANSPORTADORA

TRANSBRASILIANA LTDA.

Felipe Foggiatto

Administração de Recursos Humanos

ITAJAÍ – SC, 2010

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FELIPE FOGGIATTO

Trabalho de Conclusão de Estágio

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE MOTORISTAS DE CAMINHÃO: UM ESTUDO NA TRANSPORTADORA

TRANSBRASILIANA LTDA.

Trabalho desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Educação de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí.

ITAJAÍ – SC, 2010.

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“A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio

conhecimento”.

PLATÃO

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário

Felipe Foggiatto

b) Área de estágio

Recursos Humanos

c) Orientadora de campo

Bernardete Gonçalves

Gerente de Recursos Humanos

d) Orientadora de estágio

Profª Bárbara Silvana Sabino, MSc

e) Responsável pelo estágio supervisionado em Administração

Prof. Eduardo Krieger da Silva, MSc

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão Social

Transportadora Transbrasiliana Ltda.

b) Endereço

Rua Amazonas, n°2361,

Bairro Garcia, Blumenau/SC

c) Setor de desenvolvimento do estágio

Recursos Humanos

d) Duração do estágio

240 horas

e) Nome e cargo da supervisora de campo

Bernardete Gonçalves

Gerente de Recursos Humanos

f) Carimbo e visto da empresa

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Blumenau, 07 de Junho de 2010.

A Transportadora Transbrasiliana Ltda, pelo presente instrumento,

autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua biblioteca,

o Trabalho de Conclusão de Estágio, executado durante o Estágio

Supervisionado, pelo acadêmico Felipe Foggiatto.

___________________________________

Bernardete Gonçalves

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DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, estando ciente do disposto

no parágrafo único do art. 68, do Regulamento de Estágio e na Lei nº 9.610 de

18/02/1998 isentando a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a Coordenação

de Estágio do Curso de Administração e a Banca Examinadora e a Orientadora

de Estágio de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Blumenau/SC, 07 de junho de 2010.

Nome do aluno: Felipe Foggiatto

Assinatura:

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RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido na Transportadora Transbrasiliana Ltda., que opera na área de transporte de cargas principalmente na região do Vale do Itajaí e teve como objetivo descrever os fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho – QVT dos motoristas de caminhão da Transportadora Transbrasiliana, segundo a percepção da empresa e dos próprios funcionários, confrontando-os. A metodologia foi definida por meio da tipologia pesquisa diagnóstico, com delineamento quantitativo e qualitativo, e tendo como método o estudo de caso, além da pesquisa descritiva. Os dados foram recolhidos em sua maioria por meio de fonte primária, com aplicação de questionários junto aos motoristas (Apêndice A), entrevista (Apêndice B) e observação participante (Apêndice C). Esses instrumentos de pesquisa sondaram os oito critérios de Walton são: compensação justa e adequada; condições de trabalho; uso e desenvolvimento de capacidades; oportunidade de crescimento e segurança; integração social na organização; constitucionalismo; trabalho e o espaço na vida; relevância social do trabalho. A partir da análise dos resultados, pode-se apontar os fatores que interferem de maneira positiva e negativa na QVT dos motoristas da Transportadora Transbrasiliana. Os quesitos que apresentaram maior satisfação são: condições de trabalho, constitucionalismo, uso e desenvolvimento de capacidades, oportunidade de crescimento e segurança, integração social na organização e trabalho e espaço na vida. Já os critérios que afetam de maneira negativa a QVT dos motoristas da Transportadora Transbrasiliana são: compensação justa e adequada e relevância social do trabalho. Palavras-chave: Qualidade de Vida no Trabalho. Modelo de QVT de Walton (1973). Setor de transportes.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Indicadores da pesquisa ............................................................. 21

Quadro 2 - Contribuições da Escola de Relações Humanas ........................ 44

Quadro 3 - Resultados sobre QVT em empresas com certificação ISO

9000 ...............................................................................................................

46

Quadro 4 - Evolução do conceito de QVT ..................................................... 46

Quadro 5 - Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho – QVT 54

Quadro 6 – Clientes da empresa Transportadora Transbrasiliana Ltda. ...... 62

Figura 1 - Funções administrativas ............................................................... 29

Figura 2 – Organograma da empresa Transportadora Transbrasiliana ....... 59

Figura 3 – Frota da empresa Transportadora Transbrasiliana ...................... 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Gênero dos motoristas ................................................................ 63

Tabela 2 – Faixa etária dos funcionários ...................................................... 63

Tabela 3 – Estado civil dos funcionários ....................................................... 64

Tabela 4 – Quantidade de filhos dos funcionários ........................................ 64

Tabela 5 – Grau de escolaridade dos funcionários ....................................... 65

Tabela 6 – Tempo de serviço na empresa .................................................... 65

Tabela 7 – Resultados compensação justa e adequada na percepção dos

motoristas ......................................................................................................

67

Tabela 8 – Resultados condições de trabalho na percepção dos motoristas 68

Tabela 9 – Resultados uso e desenvolvimento de capacidades na

percepção dos motoristas .............................................................................

69

Tabela 10 – Resultados oportunidade de crescimento e segurança na

percepção dos motoristas .............................................................................

70

Tabela 11 – Resultados integração social na organização na percepção

dos motoristas ...............................................................................................

72

Tabela 12 – Resultados constitucionalismo na percepção dos motoristas ... 73

Tabela 13 – Resultados trabalho e o espaço na vida na percepção dos

motoristas ......................................................................................................

74

Tabela 14 – Resultados relevância social do trabalho na percepção dos

motoristas ......................................................................................................

75

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

1.1 Problema de pesquisa ......................................................................... 14

1.2 Objetivos do trabalho ........................................................................... 15

1.3 Aspectos metodológicos ..................................................................... 15

1.3.1 Caracterização do trabalho de estágio ............................................... 16

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa ................................................. 17

1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados ............................. 19

1.3.4 Tratamento e análise de dados ........................................................... 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 24

2.1 Administração ....................................................................................... 24

2.1.1 Escolas da administração ................................................................... 30

2.2 Administração de recursos humanos ............................................... 33

2.3 Qualidade de vida no trabalho ........................................................... 36

2.3.1 Qualidade total ................................................................................... 36

2.3.2 Qualidade de vida ................................................................................ 37

2.3.3 Qualidade de vida no trabalho ............................................................. 39

2.4 Modelos de QVT ................................................................................... 51

2.4.1 Modelo de Richard Walton (1973) ....................................................... 51

2.4.2 Modelo de Hackman e Oldham (1975) ................................................ 55

2.4.3 Modelo de Nadler e Lawer (1983) ....................................................... 56

3 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS............................... 58

3.1 Caracterização da empresa ................................................................. 58

3.2 Resultados da pesquisa ...................................................................... 62

3.2.1 Perfil dos motoristas ............................................................................ 63

3.2.2 Indicadores de qualidade de vida no trabalho ..................................... 66

3.2.2.1 Compensação justa e adequada ...................................................... 66

3.2.2.2 Condições de trabalho ...................................................................... 68

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3.2.2.3 Uso e desenvolvimento de capacidades .......................................... 69

3.2.2.4 Oportunidade de crescimento e segurança ...................................... 70

3.2.2.5 Integração social na organização ..................................................... 71

3.2.2.6 Constitucionalismo ........................................................................... 72

3.2.2.7 Trabalho e o espaço na vida ............................................................ 74

3.2.2.8 Relevância social do trabalho ........................................................... 75

3.2.3 Análises individuais dos resultados do questionário aplicado ............. 76

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 80

4.1 Considerações sobre a teoria levantada ............................................ 81

4.2 Considerações sobre a pesquisa ....................................................... 81

4.3 Limitações e sugestões ....................................................................... 81

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 83

DECLARAÇÃO ............................................................................................. 86

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ......................................................... 87

APÊNDICES .................................................................................................. 88

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA OS FUNCIONÁRIOS .................. 89

APÊNDICE B – ENTREVISTA COM A GERENTE RH ................................ 92

APÊNDICE C – ROTEIRO DA OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE ............... 94

APÊNDICE D – RESULTADOS DA ENTREVISTA COM A GERENTE DE

RH .................................................................................................................

96

APÊNDICE E – RESULTADOS APÊNDICE A/QVT .................................... 98

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1 INTRODUÇÃO

A agilidade na troca de informações e as constantes inovações tecnológicas

nos meios de transportes fazem com que as empresas cada vez mais invistam na

melhoria do serviço oferecido. As buscas por diferencial competitivo pelas empresas

oferecem agilidade nas entregas com menor custo. As empresas de transportes

localizadas na região do Vale do Itajaí que atendem a todos os Estados brasileiros e

fazem comércio exterior estão em disputa constante para fidelizar e conquistar cada

vez mais clientes.

Um dos fatores que podem fazer a diferença nas decisões tomadas é o fator

humano. Este tem papel fundamental, seja para elaboração de estratégias,

atendimento ao cliente, aos fornecedores e a gestão do negócio como um todo.

Neste contexto, a administração de Recursos Humanos estuda o comportamento

humano dentro das organizações. Busca identificar fatores que influenciam na

qualidade de vida dos funcionários. Os conceitos sobre o tema qualidade de vida no

trabalho e as suas influências na competitividade das organizações estão

diretamente relacionados com a satisfação das necessidades das pessoas no

ambiente de trabalho, sendo que, se as mesmas não forem satisfeitas podem afetar

o comportamento e rendimento do funcionário, interferindo na sua produtividade. Por

decorrência disso, os resultados da empresa podem ser prejudicados.

Este trabalho foi desenvolvido na Transportadora Transbrasiliana Ltda. Esta

empresa opera na área de transporte de cargas principalmente na região do Vale do

Itajaí desde 1973. Apesar disso atende diversas regiões em todo o Brasil,

desempenhando funções na área de comércio exterior. Seus principais clientes

catarinenses estão localizados nas cidades de Blumenau, Brusque, Guabiruba e

Itajaí.

Já com relação a esse trabalho, teve como objetivo avaliar os fatores que

interferem na qualidade de vida no trabalho – QVT dos motoristas de caminhão da

Transportadora Transbrasiliana, segundo a percepção da empresa e dos próprios

funcionários, confrontando-os.

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Com a identificação desses dados, a empresa poderá buscar alternativas de

melhoria nas questões mais problemáticas, podendo assim garantir

comprometimento de seus colaboradores a tornar o ambiente de trabalho agradável.

Nesse contexto, destaca-se que as organizações devem procurar manter um

clima organizacional que seja bem avaliado por seus funcionários, além de um

programa de qualidade de vida no trabalho que atenda às necessidades de seus

colaboradores em relação ao próprio trabalho, lazer, saúde, relacionamento

interpessoal, entre outros.

1.1 Problema de pesquisa

A expressão Qualidade de Vida no Trabalho - QVT pode ter várias

interpretações e representa uma variável que não afirma nem nega as condições em

que vivem os empregados de uma empresa (MEDEIROS, 2005). Bom Sucesso

(1998) alerta que a pesquisa de QVT é estratégia essencial, para a identificação de

até que ponto as expectativas individuais vêm sendo atingidas pela organização. A

autora acredita que com isso, a satisfação do consumidor interno só é percebida e

alcançada quando o conhecimento das expectativas e desejos individuais são

traduzidos de forma que o desempenho de cada um possa realizar um trabalho

eficaz e eficiente.

Limongi-França (2004) cita que a diversidade cultural no ambiente das

empresas aponta obstáculos e oportunidades para as práticas e valores de QVT.

Destacando-se o poder de inclusão de grupos sócio-ocupacionais na vida

organizacional por meio de ações e programas, o que potencializa a disciplina como

elemento estratégico.

Seguindo essa linha, o problema de pesquisa deste estudo é: Quais fatores

influenciam expressivamente a qualidade de vida no trabalho dos motoristas

da Transportadora Transbrasiliana Ltda.?

Para a empresa, o trabalho foi importante para se obter informações sobre a

QVT de seus funcionários no ambiente interno, tendo total comprometimento quanto

ao fornecimento de dados, informações relevantes e aplicação de questionários.

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Para o acadêmico, a pesquisa foi válida, porque pode relacionar a teoria

com a prática, aumentando seus conhecimentos e, podendo assim, aperfeiçoar seu

lado profissional, preparando-o para enfrentar o mercado de trabalho.

Cabe salientar que Fernandes (1996) prega que a qualidade de vida no

trabalho (QVT) trata dos aspectos que estão relacionados com o bem-estar das

pessoas no ambiente de trabalho, que se desenvolve por intermédio de pesquisas

realizadas por pesquisadores da ciência comportamental.

A originalidade do trabalho está centrada no fato deste ser o primeiro estudo

realizado na área de gestão de pessoas, com foco na qualidade de vida dos

trabalhadores, pois a empresa ainda não havia realizados estudos sob esses

aspectos.

1.2 Objetivos do trabalho

O objetivo geral, segundo Roesch (2005), define o propósito do trabalho.

Assim, o objetivo deste estudo foi descrever os fatores que interferem na

qualidade de vida no trabalho – QVT dos motoristas de caminhão da Transportadora

Transbrasiliana, segundo a percepção da empresa e dos próprios funcionários,

confrontando-os.

Sendo assim, definem-se os seguintes objetivos específicos:

identificar o perfil dos motoristas;

levantar os indicadores que influenciam a qualidade de vida no trabalho;

confrontar a percepção da empresa sobre a QVT e a dos motoristas.

1.3 Aspectos Metodológicos

Nesse item se descreve a metodologia utilizada para a realização desse

estudo, e esclarecendo os tipos de pesquisas, métodos e técnicas implantados.

Deste modo, o acadêmico apresenta como procedeu para atingir os objetivos pré-

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estabelecidos, abordando assuntos como: (1) a caracterização do trabalho de

estágio, (2) contexto e participantes da pesquisa, (3) procedimentos, (4) instrumento

de coleta de dados e (5) tratamento e análise de dados.

1.3.1 Caracterização do trabalho de estágio

O propósito do estudo foi uma pesquisa-diagnóstico, sendo que para a

coleta de informações, o acadêmico utilizou pesquisa qualitativa-quantitativa, com

coleta de dados, apresentação e análise. A tipologia pesquisa diagnóstico foi

escolhida para aperfeiçoar as informações contidas no sistema da empresa. Roesch

(2005, p.66) defende que a “pesquisa diagnóstico propõe-se levantar e definir

problemas, explorando o ambiente. O diagnóstico normalmente reporta-se a uma

situação, em um momento definido”.

O delineamento dos dados foi realizado de maneira qualitativa e quantitativa.

É possível definir pesquisa qualitativa como um conjunto de técnicas usadas pelas

quais são obtidos dados de um número relativamente pequeno de respondentes,

dependendo da escala com que se trabalha, os quais não são analisados com

técnicas estatísticas (ROESCH, 2005).

De acordo com Cervo e Bervian (1996, p.26), uma pesquisa qualitativa pode

ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados

e características situacionais apresentados pelos entrevistados em lugar da

produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.

O delineamento qualitativo foi utilizado para analisar os resultados obtidos

no estudo de caso, na pesquisa bibliográfica para formar o aporte, na entrevista

realizada com a gerente de Recursos Humanos e por meio da observação

participante do acadêmico.

Já o caráter quantitativo tem, para Roesch (2005), o propósito de obter

informações sobre determinada população, pois busca medir alguma coisa de forma

objetiva. O quantitativo é o observável e o mensurável, ou seja, significa quantificar

dados na forma de coleta de informações. O método quantitativo foi empregado para

quantificar os dados coletados com questionários aplicados aos motoristas de

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caminhão.

Esta pesquisa também foi realizada através do método estudo de caso. Na

visão de Richardson (2007) o estudo de caso tem como objetivo analisar

detalhadamente o passado, presente e as intenções sociais de uma unidade social:

um indivíduo, grupo, instituição ou comunidade.

O tipo de pesquisa foi definido como um estudo de caso, onde o acadêmico

levantou os dados necessários em seu campo de atuação. Para Roesch (2005), o

estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno

contemporâneo dentro de seu contexto, buscando analisar uma situação específica.

E por fim, a pesquisa foi classificada como descritiva. Para Mattar (2001), a

pesquisa descritiva agrupa uma série de pesquisas cujos processos apresentam

importantes características em comum. Diferentemente do que ocorre nas pesquisas

exploratórias, a elaboração das questões de pesquisa pressupõe profundo

conhecimento do problema a ser estudado. O pesquisador precisa saber

exatamente o que pretende com a pesquisa, ou seja, quem ou o que deseja medir,

quando e onde o fará, como o fará e por que deverá fazê-lo.

Em suma, esse estudo é uma pesquisa diagnóstico por ter como objetivo

avaliar os fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho – QVT dos

motoristas que fazem parte do quadro funcional da Transportadora Transbrasiliana,

segundo a percepção da empresa e dos próprios funcionários, confrontando-os.

Para tal, apropriou-se de métodos qualitativos e quantitativos com cunho descritivo,

pois descrevem os resultados de questionários aplicados com funcionários e

entrevista estruturada com a gerente da área de Recursos Humanos.

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa

Para a realização da pesquisa, se faz necessário extrair elementos de uma

determinada população. Nesse sentido, Roesch (2005, p.139) define população

como sendo “ [...] um grupo de pessoas ou empresas a qual se destinam entrevistar

para um propósito específico de um estudo”. Ela adverte que dependendo do

tamanho da população a ser estudada, custo de pesquisa, tempo etc., extrai-se

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somente uma determinada parcela da população, utilizando-se o processo de

amostragem, sendo assim “o propósito da amostragem é construir um subconjunto

da população que é representativo nas principais áreas de interesse da pesquisa”.

A população foi formada por 55 motoristas, sendo que tentou-se a pesquisa

foi censo por conveniência, ou seja, aplicada com todos os motoristas. Mas, devido

a dificuldades relativas aos motoristas encontrarem-se em viagem, e não estarem na

empresa no período em que o questionário foi aplicado, esses não participaram da

amostra.

Conforme Barbetta (2001) o cálculo do tamanho da amostra é um problema

complexo e, através de uma estimativa será identificado o valor acusado por uma

certa estatística, considerando a particular amostra observada.

Nesse caso, a população como haveria efetiva dificuldade de abranger todos

os motoristas, definiu-se por estabelecer uma amostra significativa, utilizando a

população de 55 motoristas e um erro amostral estabelecido em 11,5%.

Assim, a amostra definida para aplicação do questionário foi calculada pela

fórmula abaixo. O ponto de aproximação de amostra é:

N° = 1 / Eo² e N.No / N + No , onde:

N = tamanho (n° de elementos) da população;

Nº = tamanho (n° de elementos) da amostra;

No = uma 1ª aproximação para o nº da amostra;

Eo = erro amostral tolerável.

Eo = 0,115

Eo2 = 0,013

No = 1 / Eo2 = 75,614

N = 55 x 75,614 / 55 + 75,614 = 31,84

Considerando uma população de 55 motoristas e um erro amostral de

11,5%, o número de motoristas que receberam o questionário para ser respondido

foi de 31 motoristas de caminhão da Transportadora Transbrasiliana, e a gerente de

Recursos Humanos, extraindo-se os três diretores.

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1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

Nesse item são apresentados os métodos empregados no levantamento de

dados e os respectivos instrumentos. Para Oliveira (1999, p.182), na coleta de

dados "verifica-se que a fase prática da pesquisa inicia-se com a aplicação dos

instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta de

dados previstos".

Para esse propósito, os dados foram recolhidos em sua maioria por meio de

fonte primária, com aplicação de questionários, entrevista e observação participante.

Com relação ao questionário, Gil (1999, p.124) aponta que “é uma técnica de

investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões, tendo

como objetivo o conhecimento de opiniões, sentimentos, interesses e expectativas”.

Corroborando, Roesch (2005) frisa que o questionário é um dos instrumentos mais

utilizados em pesquisas quantitativas, em especial nas pesquisas de escala ampla,

como as que propõem levantar a opinião política da população ou a preferência do

consumidor.

O questionário aplicado nesse estudo (APÊNDICE A) teve como base o

artigo de autoria de Sabino et al. (2009), sendo aquele estudo realizado em duas

etapas no ano de 2008 sob orientação da Profª. Justina da Costa Rodrigues, nas

disciplinas Recursos Humanos I e II, do curso de Administração da Univali de Itajaí

(SC). Ele apresentou o resultado de uma pesquisa realizada na empresa Pioneira da

Costa, localizada na cidade de Porto Belo/SC, que atua no ramo pesqueiro, e teve

por objetivo identificar os fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho na

percepção da empresa e na dos próprios funcionários, confrontando-os.

Assim, o questionário aplicado por esse trabalho aos motoristas foi

subdividido em 2 etapas. Na primeira buscou-se traçar o perfil do respondente em

termos de gênero, idade, estado civil, número de filhos, escolaridade, tempo de

empresa. Na segunda, questões relativas à qualidade de vida no trabalho seguindo

o modelo de QVT de Walton (1973).

Cabe ressaltar que o questionário original foi modificado na primeira parte do

perfil dos respondentes, sendo excluída a questão: setor em que atua. Já na

segunda parte, o questionário sofreu diversas alterações. Entre elas, foi numerado

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em ordem crescente, e quatro questões foram excluídas, as quais são: (1) Você

realiza horas-extras mais no período de safra?; (2) Você está satisfeito com seu

horário de trabalho?; (3) Você já foi promovido (para outro cargo)?; (4) Quando

surge uma vaga, vocês funcionários são os primeiros a serem questionados se

querem o cargo?

A primeira questão foi retirada pelos motoristas sempre fazerem horas-

extras no período de safra, devido à quantidade de serviço ser superior e pela

demanda dos clientes. A segunda questão foi retirada do questionário devido aos

motoristas não terem hora estipulada para ficarem com suas famílias enquanto

estão viajando, ficando dentro do caminhão durante a maior parte do dia, saindo

somente para as refeições e higiene pessoal. A terceira questão foi retirada porque

nunca houve promoções de motoristas na empresa desde sua fundação, em 1973. A

questão retirada foi cancelada porque se não há promoções, os motoristas não são

questionados sobre as vagas que são abertas.

No período compreendido entre 29 de março de 2010 a 01 de abril de 2010

foi realizado o pré-teste com 10% da população pesquisada, buscando identificar

dificuldades ou dúvidas no preenchimento do questionário. O estagiário participou da

aplicação destes questionários, sendo que não houve dificuldades dos pesquisados

nas respostas. Na sequência, o questionário foi aplicado sem que necessitasse

outras alterações. Sua aplicação para esse trabalho deu-se do dia 05 de abril a 16

de abril de 2010 e foi aplicado pessoalmente pelo próprio estagiário.

Já, a entrevista é fundamentada por Richardson (2007, p.208) como sendo:

[...] entrevista em profundidade, em vez de responder à pergunta por meio de diversas alternativas pré-formuladas, visa obter do entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes de determinado problema: as suas descrições de uma situação em estudos. Por meio de uma conversação guiada, pretende-se obter informações detalhadas que possam ser utilizadas em uma análise qualitativa.

Esta aplicou-se com a Gerente de Recursos Humanos da empresa em

estudo no período de 15 de maio a 18 de maio de 2010, na própria empresa, por

meio da transcrição das respostas (APÊNDICE B e D).

Simultaneamente, decorreu a técnica de observação participante

(APÊNDICE C), uma vez que o acadêmico é funcionário da mesma. Com esta,

procurou-se acrescentar informações sobre a empresa e seu dia-a-dia, a fim de

enriquecer os resultados tabulados.

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21

Além disso, esta pesquisa usufruiu de dados secundários que foram gerados

por meio da pesquisa bibliográfica. Esta foi realizada com o intuito de gerar a

fundamentação teórica que embasou o estudo, dando a ele cunho científico. Desta

forma, o acadêmico espera ter se cercado do número possível de informações

relevantes por meio da pesquisa para uma arrecadação de informações.

Em suma, em termos de instrumento de coleta de dados essa pesquisa

contou com: (1) questionário adaptado de Sabino et. al (2009), o qual foi aplicado

nos motoristas da empresa; (2) entrevista com a gerente de Rh; (3) roteiro da

observação participante; (4) pesquisa bibliográfica.

1.3.4 Tratamento e análise de dados

Os dados coletados foram analisados depois selecionados e separados de

forma a atender o objetivo do trabalho, apresentando-se em forma de relatório para

a organização, com tabulação de dados e as análises foram realizadas com base

nos indicadores descritos no Quadro 1.

Categoria da informação

Informação Coleta Autores

Categoria Walton (1973) QVT

práticas da empresa em termos de: - compensação justa e adequada; - condições de trabalho; - uso e desenvolvimento de capacidades; - oportunidade de crescimento e segurança - integração social na organização; - constitucionalismo; - o trabalho e o espaço total de vida; - relevância social do trabalho na vida.

Pesquisa bibliográfica

Chiavenato (2004) Limongi-França (2004)

verificar as políticas da área de Recursos Hu-manos em termos de QVT

práticas da empresa em termos de: - compensação justa e adequada; - condições de trabalho; - uso e desenvolvimento de capacidades; - oportunidade de

Entrevista com a Gerente de RH (APÊNDICE B)

Chiavenato (2004) Limongi-França (2004)

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crescimento e segurança - integração social na organização; - constitucionalismo; - o trabalho e o espaço total de vida; - relevância social do trabalho na vida.

levantar o perfil dos motoristas

Gênero;

Faixa etária;

Estado Civil;

Quantidade filhos;

Escolaridade;

Tempo de empresa.

Questionário: Questão 1 a 6 (APÊNDICE A)

Cervo;Bervian (1996) Gil (1999) Malhotra (2001) Oliveira (1999) Roesch (2005)

identificar os quesitos relativos à remunera-ção

Compatível com a função

Compatível com o mercado

Satisfação em relação à remuneração

Questionário: Questão 1, 4 e 5 (APÊNDICE A)

Bom Sucesso (1998, 2002) Campos (2008) Carvalho et al. (2008) Fernandes (1996) Goulart Júnior et al. (2006) Limongi-França et al. (2002) Limongi-França (2004) Rodrigues (1994) Vieira (1996)

identificar as condições de trabalho

Ambiente físico seguro e saudável

Questionário: Questão 2 e 3 (APÊNDICE A)

estudar o desenvolvi-mento de capacidades

Autonomia;

Feedback.

Questionário questão 6 a 10, 21 (APÊNDICE A)

analisar a oportunida-de de crescimento e segurança

possibilidade de carreira;

crescimento pessoal;

perspectiva de avanço salarial;

segurança de emprego;

Questionário: Questão 11 a 14, 16, 22 (APÊNDICE A)

examinar a integração social na organização

ausência de preconceitos;

igualdade de tratamento;

senso comunitário (cooperação).

Questionário: Questão 15, 17 a 20 (APÊNDICE A)

verificar o nível de co-nhecimento sobre pon-tos do constitucionalis-mo

liberdade de expressão;

privacidade pessoal;

direitos trabalhistas.

Questionário: Questão 31 e 32 (APÊNDICE A)

explorar o trabalho e o espaço total na vida

tempo para lazer da família;

papel balanceado no trabalho;

estabilidade de horários;

poucas mudanças geográficas.

Questionário: Questão 24 a 26 (APÊNDICE A)

averiguar a relevância social do trabalho na vida

imagem da empresa;

responsabilidade social da empresa;

responsabilidade pelos produtos;

responsabilidade para com os funcionários.

Questionário: Questão 23, 27 a 30 (APÊNDICE A)

Quadro 1 – Indicadores da pesquisa. Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2009).

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23

Os indicadores da pesquisa foram formados com base em questionário

aplicado aos motoristas, entrevista com a gerente de recursos humanos e a

observação do acadêmico, com base nos oitos 8 critérios de Walton (1973) para

analisar a QVT.

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24

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta o embasamento teórico para a realização deste

estudo. Foram considerados os seguintes temas: Administração, Administração de

Recursos Humanos e Qualidade de Vida no Trabalho.

2.1 Administração

As organizações existem dentro de ambientes que influenciam seu

funcionamento, sendo considerados fatores ambientais amplos, tais como o

ambiente legal, as forças econômicas, sociológicas, tecnológicas, entre outras, além

do ambiente interno e externo da organização. É o conjunto de princípios, normas e

funções que tem por fim ordenar os fatores de produção e controlar sua

produtividade e eficiência.

Neste contexto, de acordo com Masiero (1996, p.12), a administração “é a

ação de administrar, a gestão de negócios públicos ou particulares, governo,

regência”. A ação de administrar se aplica a qualquer tipo ou tamanho de

organização, seja ela uma grande indústria, uma cadeia de supermercados, uma

empresa prestadora de serviços ou uma instituição pública.

Administração é de fato uma tarefa que exige um nível de conhecimento,

principalmente no que se refere ao trato com as pessoas na execução das

atividades inerentes ao negócio da organização. A missão da administração, de

acordo com Caravantes (1998, p.48), “é a interação da relação de pessoas de

qualquer empresa perante a um papel a ser desempenhado por elas”.

Por sua vez Maximiano (2000, p.24) acredita que, “administração é o

processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de

recursos”. Já na visão de Chiavenato (2000, p.1), a administração “nada mais é do

que a condução das atividades de uma organização, seja ela lucrativa ou não

lucrativa”.

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Montana e Charnov (2003, p.02) ressaltam que ”administração é o ato de

trabalhar com e por intermédio de outras pessoas para realizar os objetivos da

organização, bem como de seus membros”.

A administração, em sua conceituação tradicional, é definida como um conjunto de princípios e normas que tem por objetivo planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar os esforços de um grupo de indivíduos que se associam para atingir um resultado comum (LACOMBE; HEILBORN, 2006, p.48).

Portanto, a administração é importante na realização dos objetivos da

empresa e o administrador possui papel fundamental para obter resultados

esperados pelas organizações. É por meio das ações dos administradores que os

resultados são alcançados pelas organizações. Corroborando, Daft (2005) afirma

que em uma sociedade industrializada, na qual as tecnologias complexas dominam,

as organizações reúnem conhecimento, pessoas e matérias-primas para realizar

tarefas que um indivíduo sozinho não conseguiria.

Em outras palavras, Silva (2001, p.6) afirma que a “administração é a

utilização eficiente e eficaz dos recursos através de um conjunto de atividades

dirigidas, no sentido de alcançar os objetivos ou metas organizacionais”. Além disso,

Lacombe e Heilborn (2006, p.8) citam que “[...] a administração, da mesma forma

que quase todas as áreas do conhecimento humano, requer permanente

aprendizado”.

Enfim, com base nos autores referenciados percebe-se que a administração

acontece por meio da administração dos recursos físicos, materiais e de recursos

humanos, por meio das funções de planejamento, organização, direção e controle.

Chiavenato (2000, p.101) frisa que a tarefa de administração é “interpretar

os objetivos propostos pela empresa e transformá-los em ação empresarial por meio

de planejamento, organização, direção e controle”, a fim de atingir tais objetivos.

Verifica-se que o administrador desempenha diversas atividades administrativas,

voltadas para tipos específicos de áreas e de problemas. O autor ressalta que o

administrador necessita de três habilidades básicas, as quais são: (1) habilidade

técnica, (2) humana e (3) conceitual para executar as atividades, obtendo bons

resultados. Assim,

habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e

equipamentos necessários para o desempenho de tarefas específicas, por meio da

experiência e educação. É muito importante para o nível operacional;

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habilidade humana: consiste na capacidade e facilidade para trabalhar com

pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e liderar grupos de

pessoas;

habilidade conceitual: consiste na capacidade de compreender a complexidade

da organização como um todo e o ajustamento do comportamento de suas partes.

Essa habilidade permite que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos da

organização total e não apenas de acordo com os objetivos e as necessidades de

seu departamento ou grupo imediato. É importante para o nível institucional.

Cabe destacar que as cargas das habilidades variam conforme a posição

que o administrador se encontra na empresa. Quanto mais próximo de quem

executar, mais habilidade técnica precisa ter. Ao avançar hierarquicamente, o

colaborador se aproximará das habilidades humanas, até executar sua habilidade

conceitual.

Para que os esforços comuns sejam razoavelmente produtivos e

harmoniosos, é preciso uma administração, a fim de que os resultados sejam

alcançados de maneira eficaz. Seguindo essa linha de pensamentos, as funções

realizadas pelo administrador são: planejar, organizar, liderar e controlar. (STONER;

FREEMAN, 1995; CHIAVENATO, 2004; ROBBINS, 2003).

Para Stoner e Freeman (1995), a função PLANEJAR significa que os

administradores pensam antecipadamente em seus objetivos e ações, e que seus

atos são baseados em alguns métodos, planos ou lógica e não em palpites.

Complementa Robbins (2003) que a função planejamento abrange a definição das

metas de uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para

alcançar essas metas e o desenvolvimento de uma hierarquia completa de planos

para integrar e coordenar as atividades.

Corroborando, Chiavenato (2004) define que planejamento é uma técnica

para absorver a incerteza e permitir consistência no desempenho das empresas. É a

função administrativa que determina antecipadamente o que se deve fazer e quais

os objetivos que devem ser atingidos. É um modelo teórico para uma ação futura

que visa dar condições racionais para que se organize e se dirija o sistema a partir

de certas hipóteses acerca da realidade atual e futura. Por ser um processo, deve

iniciar-se com o estabelecimento de objetivos, a definição de estratégias e planos

detalhados. Esta definição dos objetivos a serem alcançados é o início de todo

planejamento.

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A segunda função da administração é a de ORGANIZAR. Este é o processo

de arrumar e alocar o trabalho, a autoridade e os recursos entre os membros de

uma organização, de modo que eles possam alcançar eficientemente os objetivos da

mesma (STONER; FREEMAN, 1995).

Nesse sentido, Robbins (2003) afirma que a organização abrange a

determinação das tarefas que serão realizadas, quem irá executá-las, como agrupá-

las, quem se reportará a quem e quem tomará as decisões. É o processo de

designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departamentos e de alocação

de recursos para os departamentos.

Chiavenato (2004) define o conceito de organização como sendo a etapa

após o planejamento, que tem o intuito de fazer com que os objetivos sejam

alcançados através dos planos a serem executados. Nesta etapa, as tarefas

precisam ser adequadamente agrupadas de maneira lógica e a autoridade

distribuída de maneira a evitar conflitos e confusões. A organização consiste no

agrupamento das atividades necessárias para a realização dos objetivos e planos, a

atribuição dessas atividades a departamentos apropriados e os passos necessários

para delegação e coordenação da autoridade.

Já a terceira função da administração é a DIREÇÃO. Fundamentam Stoner e

Freeman (1995) que dirigir significa liderar, influenciar e motivar empregados a

realizarem tarefas essenciais. Enquanto planejar e organizar lidam com os aspectos

mais abstratos do processo administrativo, a atividade de liderar é muito concreta,

pois ela envolve o trabalho com as pessoas. Segundo Robbins (2003), esta é a

função de direção ou liderança. Quando os gerentes motivam os funcionários,

dirigem as atividades dos outros, selecionam o canal de comunicação mais eficaz ou

solucionam conflitos entre os membros, estão envolvidos na função de direção.

Explanando sobre este conceito, Chiavenato (2004), quando define que a

direção está diretamente relacionada com a maneira pela qual o objetivo é

alcançado por meio da orientação das operações que devam ser executadas. Após

terem sido executadas as funções de planejamento, detalhados os programas, a

direção preocupa-se com a execução para que os objetivos sejam alcançados. Para

dirigir os subordinados, o administrador deve motivar, comunicar e liderar. A função

direção envolve a influência e a indução dos subordinados a respeito do

comportamento e do papel que eles devem ocupar na organização.

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E por fim, a quarta função da administração é o CONTROLE. Nesta função,

Stoner e Freeman (1995) fundamentam que o administrador deve se certificar de

que os atos dos membros da organização levam-na de fato em direção aos objetivos

estabelecidos. Esta é a função de controlar exercida pela administração, e envolve

três elementos principais: (1) estabelecer padrões de desempenho; (2) medir o

desempenho atual; (3) comparar este desempenho com os padrões estabelecidos.

Por último, caso sejam detectados desvios, devem-se executar ações corretivas.

No entendimento de Robbins (2003), o controle ocorre depois que as metas

são fixadas, os planos formulados, os arranjos estruturais definidos e as pessoas

contratadas, treinadas e motivadas, alguma coisa ainda pode não tomar a direção

correta. Para garantir que as coisas caminhem como devem, a administração

precisa monitorar o desempenho da organização. O desempenho real deve ser

comparado com as metas previamente fixadas.

Já para Chiavenato (2004), após o planejamento, a organização e a direção

vêm o controle para verificar se o que foi planejado, organizado e dirigido realmente

está de acordo com o que a organização planejou. A finalidade do controle é

assegurar que os resultados das operações se ajustem tanto quanto possível aos

objetivos estabelecidos. A essência do conceito de controle reside na determinação

de que a atividade controlada está ou não alcançando os resultados desejados. O

controle é um processo cíclico e é composto de quatro fases: estabelecimento de

padrões ou critérios, observação do desempenho, comparação do desempenho

atual com o desempenho esperado, ação corretiva para corrigir o desvio entre o

desempenho atual e o desempenho esperado.

As técnicas relacionadas com a função de controle são basicamente as

mesmas verificadas na função planejamento. Enquanto o planejamento define os

resultados esperados e planejados, o controle trata de acompanhar as atividades

realizadas e os resultados alcançados para propor medidas corretivas, quando

necessárias. A Figura 1 ilustra a integração das funções administrativas.

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29

Figura 1 - Funções administrativas.

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000, p.52).

Estas funções administrativas retratadas na figura 1 aplicam-se ao ambiente

interno e externo à organização, devendo estar presente nas atitudes dos

administradores. Uma vez que a administração se utiliza dos recursos humanos,

financeiros e materiais, a fim de atingir os objetivos organizacionais por meio do

desempenho das funções de planejar, organizar, liderar e controlar.

Para Chiavenato (2000), os recursos empresariais são os meios pelos quais

a empresa procura realizar suas atividades para atingir seus objetivos. Estes

recursos são:

materiais: correspondem aos prédios, edifícios, máquinas, equipamentos,

instalações, matérias-primas etc., ou seja, todos os meios materiais ou físicos de

produção;

financeiros: são os meios que permitem financiar as operações da empresa,

como o próprio capital, fluxo de caixa, o faturamento, os investimentos da empresa

etc.;

humanos: são os únicos recursos vivos e inteligentes da empresa e, portanto,

aqueles que operam e dinamizam os demais recursos empresariais;

PLANEJAMENTO

CONTROLE ORGANIZAÇÃO

DIREÇÃO

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mercadológicos: são os meios pelos quais a empresa entra em contato com o

seu ambiente externo, principalmente com a parcela do ambiente que constitui o seu

mercado;

administrativos: constituem o esquema administrativo da empresa como a

direção, a gerência e a supervisão. Sua finalidade é integrar e coordenar todos os

demais recursos empresariais.

Outro ponto importante a considerar é que as empresas visam à produção

de alguma coisa mediante a reunião de quatro fatores de produção, os quais são: a

natureza, o capital, o trabalho e a tecnologia, seja para uma organização de

produtos ou para organizações prestadoras de serviços. O administrador é exigido

pelo mercado a buscar conhecimento e precisa ter por rotina o aprendizado

constante, a fim de almejar seu desenvolvimento. Somente com conhecimento os

gestores poderão tomar decisões acertadas nas organizações (CHIAVENATO,

2000).

Enfim, a administração vem assumindo um papel fundamental nas

organizações, de todos os portes e segmentos, com ou sem fins lucrativos, pois é

por meio dela que são traçados os objetivos, metas e os procedimentos para sua

realização, com eficiência e eficácia na prestação de serviços ou transformação de

produtos. Esses objetivos são alcançados com as funções de planejamento,

organização, direção e controle.

2.1.1 Escolas da Administração

A Teoria Geral da Administração começou com a ênfase nas tarefas

(atividades executadas pelos operários em uma fábrica), pela a Administração

Científica de Taylor. A seguir, a preocupação básica passou para a ênfase na

estrutura, com a Teoria Clássica de Fayol e com a Teoria das Relações Humanas. A

reação humanística surgiu com a ênfase nas pessoas, por meio da Teoria das

Relações Humanas, mais tarde complementada pela Teoria Comportamental.

Seguindo-se mais tarde, a Teoria Burocrática e a Estruturalista. A ênfase no

ambiente surgiu com a Teoria dos Sistemas, sendo completada pela Teoria da

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Contingência. Cada uma das variáveis enfatizadas – tarefas, estrutura, pessoas,

ambiente e tecnologia – provocou a seu tempo uma diferente teoria administrativa,

marcando um gradativo passo no desenvolvimento da Teoria Geral da

Administração. Cada teoria administrativa privilegia ou enfatiza uma ou mais dessas

cinco variáveis. (CHIAVENATO, 2000).

Na visão de Motta e Vasconcelos (2004, p.4), a Escola Clássica de

Administração e a Administração Científica focalizaram a sua análise no aspecto

estrutural no âmbito interno das organizações. A preocupação da Escola Clássica é

o desenvolvimento de estruturas organizacionais eficientes. A Teoria Clássica da

Administração tinha como preocupação básica o aumento da eficiência da empresa

por meio da forma e da disposição de seus órgãos componentes e das estruturas.

Já, Andrade; Amboni (2007) afirmam que a Administração Científica é uma

abordagem de cima para baixo, ou seja, do operário para o supervisor e gerente; e

dos operários e seus cargos para toda a organização empresarial, no século XX.

Para esses autores, o conceito da Teoria Geral da Administração vem se

adaptando a cada nova teoria criada desde a Abordagem Clássica, baseada nos

escritos de Taylor no início do século XX, passando por Ford, estruturando-se nas

obras de Fayol, abordando a administração humanística, a estruturalista, a

comportamental, a sistêmica, a contingencial até as novas abordagens recém

teorizadas.

Percebe-se que a partir da implantação das teorias de Taylor, as

características fundamentais para o desempenho de uma empresa eram a

padronização, pela produção em série, a divisão das tarefas, os prêmios de

produção, a supervisão constante deste trabalho e a linha de montagem que

aceleraria a produção, reduzindo gastos e ampliando lucros (CHIAVENATO, 2003).

Corroboram, Andrade e Amboni (2007) destacam ainda que a organização

racional do trabalho consistia nos seguintes aspectos:

análise do trabalho e estudo de tempos e movimentos;

estudo da fadiga humana;

desenho de cargos e tarefas;

condições de trabalho;

Já a Escola das Relações Humanas e as Teorias sobre Motivação e

Liderança focalizam os recursos humanos e o aspecto relacional, analisando a

organização informal e o ambiente interno da empresa. Assim, a Teoria Humanística

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apresenta outras maneiras de controlar, produzir, lucrar e conquistar diferentes

mercados, salientando que é necessário enfatizar as pessoas, não as tarefas e a

organização dessas tarefas dentro de uma empresa, até mesmo porque, partindo

destes princípios, o cliente ficará sempre em plano secundário. Esta teoria aborda

questões básicas do ser humano, tal como as relações pessoais, e acredita que com

um trabalho bem estruturado para a motivação possa atender às suas

necessidades, desde as fisiológicas, passando pelas psicológicas até as de auto-

realização (CHIAVENATO, 2003).

Após a Escola das Relações Humanas, aponta Motta e Vasconcelos (2004)

que emerge a Escola Comportamental ou Behaviorista. Esta se preocupa com as

ciências do comportamento e abandona as posições normativas e prescritivas das

teorias anteriores, sendo que as pessoas continuaram sendo o foco de estudo

dentro de uma perspectiva mais ampla.

A seguir, surge a Teoria Burocrática. Explicam Andrade e Amboni (2007)

que Weber concebe o objeto da sociologia como a captação da relação de sentido

da ação humana, dando chances para o gestor verificar e sentir o conteúdo

simbólico da ação ou das ações que estão em sua volta. A ação, qualquer que seja,

implica uma visão ética, mostrando que não é possível o gestor conhecer e explicar

as relações que se estabelecem nas ações como um mero resultado de causas e

efeitos.

Na sequência, a Escola Estruturalista surgiu em decorrência do declínio do

movimento das relações humanas, no final da década de 1950, devido ao impasse

criado pela Escola Clássica e pela de Relações Humanas que não foi superado pela

Teoria da Burocracia. Na visão de Andrade; Amboni (2007), o estruturalismo é um

método analítico e comparativo que estuda os elementos ou fenômenos na sua

totalidade, salientando seu valor de posição. Destacam ainda Motta; Vasconcelos

(2004) que o Estruturalismo foca o aspecto Estrutural e sua análise no âmbito

interno das organizações e que a Teoria da Contingência analisa os aspectos

estruturais e o ambiente.

É preciso reconhecer que as Escolas da Administração tiveram um

importante papel na criação de conceitos, padrões, percepções sobre a

produtividade e seus recursos humanos, gestão e liderança, que são utilizados até

os dias de hoje.

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2.2 Administração de Recursos Humanos

A função de recursos humanos tem como objetivos encontrar, atrair e

manter as pessoas de que a organização necessita. Destaca Maximiano (2004) que

isso envolve atividades que começam antes de uma pessoa ser empregada da

organização e vão até depois que a pessoa se desliga.

Para Milkovich; Boudreau (2000), a administração de recursos humanos ou

gestão de pessoas passa por uma série de decisões integradas que formam as

relações de trabalho, sua qualidade influencia diretamente a capacidade da

organização e de seus empregados em atingir seus objetivos.

Conforme Gil (2001, p. 13):

A administração de recursos humanos é o ramo especializado da Ciência da Administração que envolve todas as ações que têm como objetivo a integração do trabalhador no contexto da organização e o aumento de sua produtividade. É, pois a área que trata de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, manutenção, controle e avaliação de pessoal.

As organizações substituem a velha Administração de Recursos Humanos

pela nova abordagem, conforme explica Chiavenato (2003, p.31):

[...] a Gestão de Pessoas, onde as pessoas, de simples recursos humanos, passam a seres inteligentes, com personalidade, capazes de adquirir constantemente conhecimentos e desenvolver novas habilidades. Tornam-se parceiros da organização.

A expressão gestão de pessoas não significa simplesmente a substituição

do termo administração de recursos humanos, caracteriza uma ação – a gestão, e

seu foco: as pessoas. Enquanto a administração tradicional foi construída em torno

da ideia de otimização de recursos na qual as pessoas também foram transformadas

em recursos, justificando com isso o investimento aplicado nelas, a gestão de

pessoas foi estruturada para gerenciar e orientar o comportamento humano no

trabalho.

Segundo Dutra (2002, p.17), a gestão de pessoas é “um conjunto de

políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização

e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo”.

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A gestão de pessoas vem se tornando um fator primordial para o

desempenho das organizações. Fundamenta Chiavenato (2004) que as

organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seus

objetivos e cumprir suas missões. Para as pessoas, as organizações constituem o

meio pelo qual podem alcançar vários objetivos pessoais, com um custo mínimo de

tempo, de esforço e de conflito.

Assim, ainda de acordo com Chiavenato (2004), gestão de pessoas se

baseia em três aspectos fundamentais: (1) as pessoas como seres humanos:

dotadas de personalidade própria e profundamente diferentes entre si, com uma

história pessoal particular e diferenciada, possuidores de conhecimentos,

habilidades e competências indispensáveis à adequada gestão dos recursos

organizacionais; (2) as pessoas como ativadores inteligentes de recursos

organizacionais: como elementos impulsionadores da organização e capazes de

dotá-la de inteligência, talento e aprendizagem indispensáveis à sua constante

renovação e competitividade em um mundo cheio de mudanças e desafios. As

pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e não como

agentes passivos, inertes e estáticos; (3) as pessoas como parceiros da

organização, capazes de conduzi-la à excelência e ao sucesso. Como parceiros, as

pessoas fazem investimentos na organização – como esforço, dedicação,

responsabilidade, comprometimento, riscos etc. – na expectativa de colherem

retornos desses investimentos, como salários, incentivos financeiros, crescimento

profissional, carreira etc. Qualquer investimento somente se justifica quando traz um

retorno razoável. Na medida em que o retorno é bom e sustentável, a tendência

certamente será a manutenção ou aumento do investimento.

Deste modo, a área de gestão de pessoas tem como objetivo principal

administrar as relações da organização com as pessoas que a compõe. Hoje em dia,

consideradas parceiras do negócio e não meros recursos empresariais. Esse passou

a ser um importante desafio interno das empresas, em plena era da informação.

Atualmente, o mundo sofre expressivas transformações, especialmente no

âmbito dos negócios. Na busca de competitividade e resultados expressivos, as

empresas reestruturaram o setor produtivo de trabalho com novas tecnologias e

novos modelos de gestão. Entre esses novos modelos de gestão, a Gestão de

Pessoas é uma das áreas que vem sofrendo, nos últimos anos, transformações

significativas.

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35

Tachizawa (2001, p.21) explica o motivo pelo qual a área de Gestão de

Pessoas necessitou sofrer tantas alterações, até se tornar um dos pilares da

empresa. Para ele,

Nesta era de economia digital, da Internet e do comércio eletrônico, o relacionamento entre a organização e suas empresas fornecedoras e clientes, o comportamento das pessoas, a gestão do capital intelectual, a gestão de competências e a gestão do conhecimento representam novos conceitos que vieram transformar a tradicional administração de recursos humanos.

Já na visão de Chiavenato (2004), a administração parece estar cada vez

mais flexível, estreitando o relacionamento com os colaboradores. E o estímulo à

criatividade está alcançando um considerável número de adeptos, podendo, deste

modo, apresentar impacto direto nos resultados obtidos pela empresa. Deste modo,

a organização possui seus objetivos e rege políticas e diretrizes para atingir os

objetivos traçados, as pessoas nas empresas trabalham em busca de meios para

também alcançar os seus objetivos, enquanto a Gestão de Pessoas com políticas e

ações administra o trabalho das pessoas.

Para Chiavenato (2004), a Gestão de Pessoas é um conjunto integrado de

processos dinâmicos e interativos, que são: (1) processos de agregar pessoas: são

os processos utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser

denominados processos de provisão ou de suprimento de pessoas. Incluem

recrutamento e seleção de pessoas; (2) processos de aplicar pessoas: são os

processos utilizados para desenhar as atividades que as pessoas irão realizar na

empresa, orientar e acompanhar seu desempenho. Incluem desenho organizacional

e desenho de cargos, análise e descrição de cargos, orientação das pessoas e

avaliação do desempenho; (3) processos de recompensar pessoas: são os

processos utilizados para incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades

individuais mais elevadas. Incluem recompensas, remuneração e benefícios e

serviços sociais; (4) processos de desenvolver pessoas: são os processos utilizados

para capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas.

Incluem seu treinamento e desenvolvimento, gestão do conhecimento e gestão de

competências, programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras e

programas de comunicações e consonância; (5) processos de manter pessoas: são

os processos utilizados para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias

para as atividades das pessoas. Incluem administração da cultura organizacional,

clima, disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida e manutenção de relações

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sindicais; (6) processos de monitorar pessoas: são os processos utilizados para

acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar resultados. Incluem

banco de dados e sistemas de informações gerenciais.

Neste século, percebe-se que o diferencial das organizações são as

pessoas e os talentos que esses possuem. Assim, a área de Recursos Humanos

sofreu mudanças no modo pelos quais as organizações administravam seus

funcionários, passando a Gestão de Pessoas a ter como principal foco a

manutenção desses recursos humanos motivados e por um longo tempo na

organização.

2.3 Qualidade de Vida no Trabalho

Nessa seção, a fim de contextualizar a Qualidade de Vida no Trabalho –

QVT apresenta-se as definições sobre qualidade total, qualidade de vida e por fim

foca-se a QVT sob a ótica de três autores.

2.3.1 Qualidade Total

Os programas de qualidade total exigem, conforme Fernandes (1996) que as

pessoas apresentem elevados índices de produtividade com qualidade superior. Ou

seja, mais do que nunca as empresas têm que ser competitivas, e para tal se

preocupam com as pessoas, porque é por meio do comprometimento dos

colaboradores com as propostas da empresa que os resultados são atingidos com

sucesso.

Na década de 90, diversas empresas implantaram programas de qualidade

total voltadas para os processos. Apesar disso, mesmo com processos eficientes,

várias delas não alcançaram índices elevados de produtividade, pois esqueceram de

seus recursos humanos, os quais desmotivados não produziram como o esperado.

Este fato é comprovado pela afirmação de Fernandes (1996, p.37), a qual traz que:

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No entanto, o que se observa por parte das empresas é um certo exagero relativo aos aspectos técnicos orientados para a qualidade do processo produtivo em si, esquecendo-se de investir nas pessoas. Destaque-se que Qualidade Total só se faz através das pessoas. São as pessoas que conseguem atualizar os projetos da empresa. E, somente atendendo às necessidades das pessoas e as desenvolvendo, maximizando as suas potencialidades, é que a empresa também se desenvolverá, atingindo suas metas.

Essa constatação de Fernandes (1996) leva a crer que as empresas devem

conciliar seus investimentos em tecnologia e maquinário e em seus recursos

humanos, a fim de potencializar o desempenho do cliente interno, que são seus

colaboradores, a fim de atender às exigências do cliente externo. Corroborando,

Limongi-França et al. (2002) destacam que a expansão do conceito de qualidade

total visa, especialmente, processos e controles produtivos e tecnológicos da

fabricação do produto. O gerenciamento da qualidade, inclusive a busca da

certificação ISO 9000 tem sido um dos procedimentos frequentes em todo o mundo.

Mesmo assim, é possível desenvolver programas de qualidade total como um

modelo que transforme as organizações em agentes de responsabilidades sociais,

com expectativas éticas e apoio organizacional aos seus funcionários

(FERNANDES, 1996).

Desta maneira, a qualidade deve ser gerenciada juntamente com a

qualidade de vida. Com isso, pode-se inferir que a qualidade de vida no trabalho é

uma evolução da qualidade total, abrangendo a produção, serviços, desempenho e

qualidade de vida.

2.3.2 Qualidade de vida

A partir da preocupação dos ecologistas com a qualidade do meio ambiente,

várias leis nacionais e internacionais vêm sendo criadas em todo o mundo, no

sentido de proteger a vida (CARVALHO et al., 2008). Assim, o controle da qualidade

do ar, o combate à poluição, a rejeição ao desflorestamento e ao consumo

exagerado de energia são considerados indicadores de qualidade de vida.

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A Organização Mundial de Saúde (apud CARVALHO et al., 2008) definiu a

qualidade de vida englobando cinco dimensões, as quais são: (1) saúde física; (2)

saúde psicológica; (3) nível de independência; (4) relações sociais e (5) meio

ambiente. Além disso, a expressão qualidade de vida vem apresentando um

conceito que representa mudanças sociais políticas e ideológicas. Percebe-se que o

crescimento da riqueza econômica em países desenvolvidos não produz o bem-

estar da população. Na verdade, em diversos países o desenvolvimento econômico

tem, em contrapartida, a submissão de pessoas a regimes de trabalho desumanos,

a condições degradantes de trabalho ou a salários baixos, que não oferecem

oportunidade para uma vida saudável.

Em termos conceituais, qualidade se refere a certos atributos ou

características considerados indicadores de superioridade em relação a determinado

assunto. Já o termo vida, segundo Carvalho et al. (2008), só pode ser entendido

numa perspectiva contextualizada. É definido como uma categoria que, entre outras

coisas, inclui saúde, relações familiares satisfatórias, condições financeiras estáveis,

entre outros aspectos. Os autores traçam o seguinte esclarecimento de que a

qualidade de vida diz respeito justamente à maneira pela qual o indivíduo interage

(com sua individualidade e subjetividade) com o mundo externo, portanto à maneira

como o sujeito é influenciado e como influencia.

Analisa Rodrigues (1994), que o simples uso da expressão qualidade de

vida induz à imediata associação com melhorias nas condições físicas e de

instalações, atendimento a reivindicações salariais, redução da jornada de trabalho e

outras medidas do gênero que têm implicações de custos adicionais. Existe uma

gama de fatores que, quando presentes em uma situação de trabalho, refletem-se

na satisfação e participação do indivíduo, mobilizando suas energias e atualizando

seu potencial. O empregado pode buscar, além de salário, estabilidade, desafio,

possibilidades de crescimento e de aprendizagem, convivência, amizade, status. Por

sua vez, a empresa procura manter aqueles que, além de assíduos e pontuais,

mostrarem lealdade, empenho na redução de custos, capacidade produtiva e

compromisso com objetivos.

Nas organizações, busca-se avaliar a qualidade de vida no trabalho de seus

colaboradores. Em razão disto, Campos (2008) afirma que para se promover a

qualidade de vida no trabalho, deve-se inicialmente promover a qualidade de vida

para os trabalhadores, com propostas de programas que possam minimizar as

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inquietações dos trabalhadores em uma empresa, oferecendo, por intermédio da

atuação do setor de RH, alternativas de lazer aos trabalhadores para que eles

possam ter alternativas de convivência familiar diferenciada.

Nesse sentido, Campos (2008) sugere que o setor de RH pode estabelecer

uma política de qualidade de vida que envolva:

convênios culturais com as prefeituras, os sindicatos e a sociedade de

representação de classe: possibilitar que os trabalhadores frequentem teatros, salas

de espetáculos, shows, concertos artísticos que costumeiramente essas entidades

oferecem, bastando para isso que o RH facilite esse acesso;

convênios com agências de turismo: poderão ser oferecidos programas e

estabelecidas parcerias que possibilitem ao trabalhador e seus familiares viajar em

fins de semana, com parcelas a serem descontadas em folha de pagamento, por

exemplo;

oferecer oficinas de teatro, música e dança de salão a seus trabalhadores: nunca

se sabe quantos talentos estão ocultos no chão de fábrica, ou no staff de uma

organização. Possibilitar a livre expressão do estado de ser de cada trabalhador

também é promoção da saúde;

implantação de um jornal comunitário, ou mesmo de uma rádio comunitária, caso

haja estrutura: mais do que o RH elaborar o jornal, a prática poderá ser feita pelos

próprios trabalhadores;

promoção de concursos de piada, dança, expressão artística, no espaço da

empresa ou em espaços comunitários.

Sintetizando, a qualidade de vida envolve aspectos relacionados ao

ambiente interno da organização, sendo esses aspectos físicos ou psicológicos.

Estes envolvem desde a saúde física até ações que busquem a integração entre

seus colaboradores.

2.3.3 Qualidade de vida no trabalho

Segundo Limongi-França (2004), o movimento de Qualidade de Vida no

Trabalho - QVT iniciou-se em Londres por volta de 1950, buscando abordagens de

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estudo sócio-técnico, que procuram formas de tornar a organização do trabalho

eficaz, deixando assim a vida de seus colaboradores mais satisfatória e agradável.

Neste momento, destacam Carvalho et al. (2008) que surge uma abordagem sócio-

técnica da organização do trabalho, que tem como base a satisfação do colaborador

no trabalho e com o trabalho.

Na década de 50 surgem as primeiras teorias que associavam produtividade

à satisfação do trabalhador. E já nos anos 60, a sociedade questiona o

funcionamento de suas estruturas. Com isso, surgem movimentos reivindicatórios

dos trabalhadores norte-americanos e a não passividade dos estudantes franceses.

Tais posturas tiveram reflexos imediatos no interior das organizações. E também,

favoreceram a continuidade de estudos iniciados na década anterior nos Estados

Unidos e Inglaterra, sobre QVT. (RODRIGUES, 1994).

A expressão QVT é utilizada pela primeira vez pelo professor Davis (1981

apud VIEIRA, 1996). Ele apresenta um conceito genérico que cerca apenas

condições favoráveis ou desfavoráveis de um ambiente de trabalho para os

empregados. Guest (1979 apud VIEIRA, 1996) é mais específico e conceitua QVT

como o processo pelo qual uma organização tenta revelar o potencial criativo de seu

pessoal, envolvendo-os em decisões que afetam suas vidas no trabalho.

Limongi-França (2004, p.175), relata que:

Embora, historicamente, QVT esteja mais associada a questões de saúde e segurança no trabalho, seu conceito passa a sinalizar a emergência de habilidades, atitudes e conhecimentos em outros fatores, abrangendo agora associações como: produtividade, legitimidade, experiências, competências gerenciais e mesmo integração social.

Esses autores referenciam que a QVT é o conjunto de ações de uma

empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e

tecnológicas no ambiente de trabalho. Já na visão de Bom Sucesso (1998), a

qualidade de vida no trabalho trata também, questões emocionais em relação ao

trabalho. Principalmente, pelo fato de no momento vivenciar-se constantes

mudanças sociais e tecnológicas. Assim, analisa quais efeitos essas mudanças

causam na realidade das pessoas, tanto no lado pessoal ou profissional, ou seja,

focando as consequências do trabalho sobre as pessoas e os efeitos que impactam

na organização.

De acordo com Rodrigues (1994), a Qualidade de Vida no Trabalho tem sido

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uma preocupação do homem desde o início de sua existência. Com outros títulos

em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-

estar ao trabalhador na execução de sua tarefa. A princípio, pode-se pensar que as

exigências por qualidade de vida refiram-se apenas à remuneração; mas é

especialmente no que se refere à melhoria das condições de trabalho e na

organização psicossocial que as mudanças demandarão um novo comportamento

organizacional.

Cleo Carneiro (apud FERNANDES, 1996, p.38) destaca que:

Qualidade de Vida no Trabalho é ouvir as pessoas e utilizar ao máximo sua potencialidade. Ouvir é procurar saber o que as pessoas sentem, o quer as pessoas querem, o que as pessoas pensam... e utilizar ao máximo sua potencialidade é desenvolver as pessoas, e procurar criar condições para que as pessoas, em seu desenvolvendo, consigam desenvolver a empresa.

Não há programas de qualidade que tenham uma repercussão efetiva sem

que adicione programas de qualidade humana. Isso equivale a dizer que promova

comunicação eficaz e o senso corporativo ideal. É uma estratégia que as

organizações podem utilizar com vistas a renovar os procedimentos de organização

no trabalho, conjugando satisfação do empregado à produtividade das empresas.

Assim, a tecnologia da QVT está direcionada para as reformulações ao nível do

trabalho, objetivando maior eficácia e produtividade ao mesmo tempo em que

atende às necessidades básicas dos trabalhadores (FERNANDES, 1996).

Chiavenato (2004) afirma que a importância das necessidades humanas

pode variar conforme a cultura de cada indivíduo ou organização, sendo que a

qualidade de vida não é determinada apenas por características individuais ou

situacionais, mas, sobretudo pela atuação sistemática dessas características

individuais e organizacionais.

Verificam-se diversas interpretações de qualidade de vida no trabalho, desde

o foco clínico da ausência de doenças no âmbito pessoal até as exigências de

recursos, objetos e procedimentos de natureza gerencial e estratégica no nível das

organizações. Limongi-França et al. (2002) relacionam os valores relativos às

demandas de qualidade de vida no trabalho, que são:

saúde: visa preservar a integridade física, psicológica e social do ser humano em

vez de apenas atuar sobre o controle de doenças e propiciar maior expectativa de

vida e reintegração profissional da pessoa que adoece;

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ecologia: ciência em que o homem é parte integrante e responsável pela

preservação do ecossistema e dos insumos da natureza, bem como ator do

desenvolvimento sustentável;

ergonomia: estuda as condições de trabalho ligadas à pessoa. Fundamenta-se

na medicina, na psicologia, na motricidade e na tecnologia industrial, visando ao

conforto e ao desempenho nas diversas posições de trabalho;

psicologia: demonstra a influência das atitudes internas e as perspectivas de vida

da pessoa e a importância do significado intrínseco das necessidades individuais

para seu envolvimento com o trabalho em conjunto com a filosofia;

sociologia: atua sobre a dimensão simbólica do que é compartilhado e construído

socialmente, demonstrando as implicações de quem influencia e é influenciado nos

diversos contextos culturais e antropológicos da empresa;

economia: enfatiza a consciência de que os bens são finitos e de que a

distribuição de bens, recursos e serviços deve envolver de forma equitativa a

responsabilidade e os direitos da sociedade;

administração: procura aumentar a capacidade de mobilizar recursos para atingir

resultados em ambiente cada vez mais complexo, mutável e competitivo;

engenharia: elabora formas de produção voltadas para flexibilização da

manufatura, armazenamento de materiais, uso da tecnologia, organização do

trabalho e controle de processos.

O estudo destes fatores busca identificar aspectos individuais do

colaborador, procurando compreender o grau de estresse e de doenças associadas

às condições do ambiente organizacional, além de identificar o conceito de

qualidade total, que analisa aspectos comportamentais e a satisfação de

expectativas individuais.

Segundo Kanaane (1999), a QVT não é determinada isoladamente por

características pessoais (necessidades, impulsos, expectativas, pensamentos,

desejos, valores etc.), ou situacionais (tecnologia, fluxos de trabalho, sistema de

recompensas, condições do sistema econômico, político etc.), mas pela interação

desses dois conjuntos de fatores: indivíduo e organização. Identificam-se ainda

fatores impeditivos, como a existência de coerções subjacentes às relações entre o

homem e o trabalho, que refletem interesses extrínsecos ao próprio homem e ao

desempenho de seu papel. Talvez seja por isso que Limongi-França et al. (2002)

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afirmam que qualidade de vida no trabalho é o conjunto das ações de uma empresa

no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais

no ambiente de trabalho.

Esta definição apresenta os conceitos de melhorias e inovações. Campos

(2008, p.143) destaca que melhorias sugerem que não se precisa empregar uma

caçada a novos empreendimentos, mas sim adequar, incrementar os

empreendimentos que a empresa já possui. Porém, tal prática sugere que os

profissionais de recursos humanos que ali dão expediente possam ter tempo para

pensar. “[...] A palavra inovação por sua vez envolve ousadia, iniciativa. Ousar é não

ter medo de experimentar, propor o inusitado. Iniciativa é caracterizada como abrir

espaços em ambientes ultra-conservadores. [...]”. São quatro as características das

pessoas com iniciativa, a saber;

procuram assumir responsabilidades que estejam acima e além das funções do

cargo;

assumem esforços extras em benefício dos colegas de trabalho ou do grupo

como um todo;

concentram-se com persistência em uma ideia ou projeto, levando-o adiante até

uma implementação bem-sucedida; e

correm, de livre e espontânea vontade, alguns riscos pessoais ao assumirem

novas responsabilidades.

Talvez seja por isso que no entendimento de Vieira (1996), autores clássicos

como Maslow e Herzberg investigaram a QVT enquanto fatores motivacionais

ligados ao desempenho. Mas, na visão de Vieira e Hanashiro (1990 apud VIEIRA,

1996), o conceito de QVT é amplo e contingencial, podendo ser definido como

melhoria nas condições de trabalho - com extensão a todas as funções de qualquer

natureza e nível hierárquico, nas variáveis comportamentais, ambientais e

organizacionais que venham, juntamente com políticas de Recursos Humanos

condizentes, humanizar o emprego, de forma a obter-se um resultado satisfatório,

tanto para o empregados como para a organização. Isto significa atenuar o conflito

existente entre o capital e o trabalho.

Foi Feingenbaum quem criou o conceito de controle de qualidade, entendido

como um sistema de manutenção e melhoria da qualidade de produtos e serviços

que levem em conta a satisfação do consumidor. Amparado por uma função

administrativa, e é justamente neste aspecto que o controle da qualidade é exercido

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por um órgão específico (BOM SUCESSO, 1998).

No passado, os estudos sobre qualidade de vida no trabalho buscavam a

satisfação do trabalhador e a tentativa de redução do mal-estar e do excessivo

esforço físico no trabalho. Referenciam Carvalho et al. (2008) que as primeiras

civilizações já apresentavam teorias e métodos que eram desenvolvidos com vista a

alcançar tais objetivos. Entretanto, foi apenas a partir da sistematização dos

métodos de produção, nos séculos XVIII e XIX, que as condições de trabalho

passaram a ser estudadas de forma científica, primeiramente pelos economistas

liberais, depois pelos teóricos da Administração Científica e posteriormente pela

Escola de Relações Humanas. (CARVALHO et al., 2008)

Apesar da Escola das Relações Humanas focar as condições de trabalho e

a saúde dos trabalhadores, a expressão qualidade de vida no trabalho só apareceu

na literatura no início da década de 50. Isso se deu na Inglaterra, quando Eric Trist e

seus colaboradores estudavam um modelo macro para tratar o trinômio Indivíduo-

Trabalho-Organização (CARVALHO et al., 2008)

A Escola de Relações Humanas teve como enfoque o bem-estar dos

colaboradores e as condições do trabalho. Carvalho et al. (2008) apontam que esta

Escola foi a que apresentou significativa identificação com o movimento de

Qualidade de Vida no Trabalho demonstrando as contribuições expostas no Quadro

2.

Autores Contribuições

Elton Mayo o iniciador da Escola de Relações Humanas descobriu a importância das relações sociais do trabalhador, observando que a produtividade aumenta quando isto acontece em determinados fenômenos de grupo.

Maslow e de Herzberg Os estudos desses autores sobre a motivação humana apresen-taram uma fundamentação teórica para o tema. O primeiro desses desenvolveu uma teoria sobre a hierarquia das motivações, segundo a qual uma vez estejam satisfeitos os motivos primários ou fisiológicos aparecem os motivos secundários ou psicossociais. Herzberg, por sua vez, apresentou uma teoria segundo a qual os motivos se agrupavam em dois blocos: os fatores higiênicos, indispensáveis para manter o estado de equilíbrio necessário ao trabalho e os fatores motivacionais, que tendem a aumentar o interesse das pessoas pelo trabalho.

Kurt Lewin Os estudos de dinâmica de grupo iniciados por esses autores e desenvolvidos por seus discípulos e seguidores focalizaram os fenômenos de grupo, mostrando que a convivência e a participação tendem a aumentar a rentabilidade no trabalho.

Quadro 2 - Contribuições da Escola de Relações Humanas.

Fonte: Carvalho et al. (2008, p.27).

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Huse; Cummings (1985 apud Carvalho et al., 2008) citam estudos

desenvolvidos em 1957, quando Davis e outros realizavam pesquisas para modificar

as linhas de montagem nos Estados Unidos com o objetivo de tornar o trabalho mais

agradável. Na década de 60, ganhou impulso o movimento de melhoria da qualidade

de vida dos trabalhadores, principalmente devido à influência que a conscientização

dos trabalhadores e o aumento que questões ligadas a responsabilidade social

exerceu sobre cientistas e dirigentes organizacionais, levando-os a pesquisar o

assunto.

Atualmente em países como Estados Unidos, Canadá, França, Suécia,

Alemanha, Itália, Dinamarca, Noruega e Holanda, os estudos sobre a QVT

encontram-se amplamente desenvolvidos e aceitos, devido a fatores culturais. No

Brasil, o assunto qualidade de vida no trabalho é um tema relativamente novo,

embora algumas pesquisas estejam sendo desenvolvidas, principalmente nas

Universidades Federais do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais e na Embrapa de

Brasília, que já têm grupos de estudos sobre o assunto constituído há vários anos

(VIEIRA, 1996).

Destaca Fernandes (1996), a qualidade de vida no trabalho (QVT) trata dos

aspectos que estão relacionados com o bem-estar das pessoas no ambiente de

trabalho, que se desenvolve por intermédio de pesquisas realizadas por

pesquisadores da ciência comportamental. Para esse autor, são as reformulações a

nível do trabalho em si que constituem o objetivo principal das ações implicadas na

qualidade de vida no trabalho, visando garantir maior eficácia e produtividade e, ao

mesmo tempo, o atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores. Assim,

um programa de QVT tem como meta gerar uma organização mais humanizada, na

qual o trabalho envolve, simultaneamente, relativo grau de responsabilidade e de

autonomia a nível do cargo, recebimento de recursos de feedback sobre o

desempenho, com tarefas e com ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo.

Atualmente, pode-se dizer que o movimento de Qualidade de Vida no Trabalho está amplamente difundido nos países da Europa, Estados Unidos, Canadá e México, tem merecido significativas atenções nos países denominados Tigres Asiáticos e já começa a constituir preocupação de países em processo de desenvolvimento como é o caso do Brasil. Um indicador importante foi a realização de um Congresso Internacional em Gestão de Competências em Qualidade de Vida no Trabalho em São Paulo, no ano de 1998 (CARVALHO et al., 2008, p.28-29).

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Pesquisas realizadas por Limongi-França et al. (2002) apontaram os

indicadores empresariais da qualidade de vida no trabalho, esforço empresarial e

satisfação dos empregados em ambientes de manufatura com certificação ISO

9000, ilustrado no quadro 3.

O gerenciamento do estresse é percebido como um nível de tensão moderado, mais acentuado no nível das gerências, que não é administrado adequadamente pelas empresas; ao mesmo tempo, todos os segmentos consideram muito importante programas de qualidade de vida para a obtenção de resultados empresariais.

A maioria das empresas não possui diretoria de gestão de qualidade de vida. Quando há uma diretoria responsável, ela está ligada a recursos humanos e qualidade.

Existe poder decisório para a QVT na maioria das empresas pesquisadas, com ênfase no nível de direção, sugerindo ações mais estratégicas do que gerenciais.

As áreas específicas envolvidas em QVT estão concentradas em recursos humanos e saúde. Na área de qualidade, houve a ocorrência de uma empresa que associou QVT ao programa 5S.

A maioria das empresas tem funcionários especialmente envolvidos com atividades de QVT, em geral equipes formadas por uma a cinco pessoas. Algumas empresas menores relataram ter equipes com mais de dez funcionários, o que indica boa mobilização organizacional para ações e programas de QVT. Quadro 3 - Resultados sobre QVT em empresas com certificação ISO 9000.

Fonte: Limongi-França et al. (2002, p.303).

Destacam Nadler; Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996) os estudos

referentes à qualidade de vida no trabalho foram feitas no decorrer dos anos,

passando por diferentes concepções, conforme quadro 4.

Concepções evolutivas da QVT Características ou visão

1 – QVT como uma variável (1959 a 1972) Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.

2 – QVT como uma abordagem (1969 a 1974)

O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção.

3 – QVT como um método (1972 a 1975)

Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era visto como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica.

4 – QVT como um movimento (1975 a 1980)

Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos – administração participativa e democracia industrial – eram frequentemente ditos como ideais do movimento de QVT.

5 – QVT como tudo (1979 a 1982)

Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais.

6 – QVT como nada (futuro) No caso de alguns projetos de QVT fracassarem

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no futuro, não passará de apenas um modismo passageiro.

Quadro 4 - Evolução do conceito de QVT.

Fonte: Nadler; Lawler (1983 apud Fernandes, 1996, p.42).

As diferentes conceituações apresentadas no quadro 3 sobre QVT mostram

as diferentes concepções dos autores e das organizações a respeito desse tema e

de como era vista e aplicada pelas mesmas.

Os trabalhos sobre QVT vinham sendo desenvolvidos até 1974, quando

ocorreu a crise energética e a alta inflação, principalmente nos Estados Unidos,

direcionando todos os esforços das empresas para a sua própria sobrevivência,

abandonando o interesse pelo tema (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

Para Bowditch e Buono (1997) um conjunto de definições equaciona a QVT

com a existência de um certo conjunto de condições e práticas organizacionais tais

como cargos enriquecidos, participação dos empregados nos processos de tomada

de decisões, condições seguras de trabalho entre outras. Uma outra abordagem

equaciona a QVT com os efeitos visíveis que as condições de trabalho têm no bem-

estar de um indivíduo.

Diversos autores destacam que a QVT está associada à produtividade, e

que tais benefícios auxiliam uma elevada satisfação dos funcionários para o melhor

desempenho de suas atividades.

Para Drucker (1997, p.53):

[...] as instituições terão de aprender a compatibilizar a qualidade de vida com suas principais tarefas. No caso das empresas isso significa que atingir a qualidade de vida deverá ser considerado uma oportunidade que a administração irá converter num negócio lucrativo [...].

Segundo Bom Sucesso (1998), os efeitos dos programas de relacionamento

com os empregados são difíceis de avaliar. Grande parte de seus benefícios

traduzem-se em economia de custos – processos judiciais evitados, redução do

absenteísmo e da rotatividade, manutenção dos índices de produtividade. Além

disso, a maioria desses programas contribui para um clima melhor na organização.

Eles são uma demonstração de que o empregador está comprometido com os

relacionamentos cooperativos, respeita seus empregados, os vê como uma fonte

sem sugestões lucrativas e fará esforços para atender às suas preferências.

Bom Sucesso (1998) aborda também que a qualidade de vida no trabalho

diz respeito à renda, ou seja, que ela possa satisfazer as expectativas pessoais e

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sociais. Outro quesito refere-se ao fato das pessoas sentirem orgulho de seu

trabalho realizado, buscando ter um equilíbrio na vida pessoal e que sua autoestima

seja sempre elevada. A empresa também deverá expressar diante da opinião

pública uma imagem positiva, que as pessoas possam ter equilíbrio entre trabalho e

lazer, que seus horários e condições de trabalho sejam sensatas, que elas tenham

oportunidades e perspectivas de carreiras, que possam demonstrar seu potencial,

que tenham seus direitos respeitados e sejam justiçados nas recompensas.

As melhorias e inovações devem ser implantadas pelos setores de Recursos

Humanos das organizações, através de palestras, cursos de reciclagem, entre

outras ações que busquem a promoção da saúde.

Em 1973, Walton observa que a QVT desenvolve uma organização voltada

para o ser humano, em que o trabalho envolve elevado grau de autonomia e

responsabilidade nos níveis de cargo, no recebimento de recursos relacionados ao

desempenho, tarefas adequadas, dando ênfase ao desenvolvimento pessoal de

cada indivíduo.

A Qualidade de Vida no Trabalho é afetada por questões comportamentais que dizem respeito às necessidades humanas e aos tipos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho, como: variedade, identidade de tarefas e retroinformação (LIMONGI-FRANÇA, 2004, p.34).

Na visão de Werther e Davis (1983 apud Carvalho et al., 2008), a qualidade

de vida no trabalho está relacionada a um programa de cargos e carreira, construído

com equidade e bem conduzido na organização. O cargo deve incluir as

competências de cada trabalhador e é o referencial para a construção da carreira

individual; à medida que as competências se ampliam ou se alteram, ocorrem as

promoções de um a outro cargo, confirmando o sucesso do sujeito em seu projeto

de realização.

Assim, percebe-se a promoção da qualidade de vida no trabalho é de

responsabilidade de diversos atores, seja por meio de políticas públicas, leis

trabalhistas, oferecimento de serviços públicos para a população e também de

responsabilidade por parte das organizações, que possibilitem a realização de

trabalho que leve a marca pessoal e resulte em sentimento de contribuição, a fim de

propiciar a melhoria da autoestima e da auto-realização.

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49

Segundo Bom Sucesso (2002), as organizações se vêem hoje

impulsionadas a realizar a sua parte na promoção da qualidade de vida no trabalho

para seus colaboradores por intermédio das seguintes ações:

divulgando a missão e os objetivos, disseminando a todos as informações

necessárias à visão global da empresa;

treinando e desenvolvendo os seus integrantes, facilitando a mudança de

comportamento e reduzindo a tensão que cerca os processos de mudança;

investindo na melhoria dos processos, de modo a reduzir a monotonia, o esforço

repetitivo, o trabalho penoso;

reestruturando e enriquecendo as funções, de modo a ampliar a

responsabilidade e a autonomia, tornando o trabalho mais gratificante;

promovendo profissionais competentes, éticos, respeitosos, habilidosos e

polidos;

investindo na modernização e tecnologia que contribuam para satisfazer as

necessidades dos indivíduos comprometidos e responsáveis;

promovendo melhoria contínua nas condições de trabalho, segurança, horários,

regras;

estabelecendo remuneração justa, atrelada à contribuição nos resultados;

dispensando de forma ética e respeitosa aqueles que não se alinham à cultura

da empresa ou prejudicam o clima e a qualidade de vida dos colegas e líderes;

reduzindo as enormes e injustas diferenças entre os maiores e os menores

salários praticados, que reforçam a má distribuição de renda e discriminam funções

administrativas e operacionais, a partir de benefícios desproporcionais aos

ocupantes de funções gerenciais;

instituindo mecanismos que contribuam para o estabelecimento de relações inter-

pessoais baseadas no respeito e na consideração;

implantando sistemas de feedback de desempenho, que permitam aos

empregados saber, de forma honesta, como o seu desempenho é avaliado pela

empresa;

patrocinando programas de conscientização e de ajuda no desenvolvimento de

hábitos viabilizados da qualidade de vida no trabalho;

estimulando a reflexão sobre a importância e responsabilidade com a QVT;

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50

desenvolvendo a consciência sobre os aspectos motivadores relevantes na ótica

de cada indivíduo; e

identificando ações que possam contribuir para uma vida melhor na organização.

A conquista da QVT também dependerá do próprio indivíduo, dos valores

que possuem, de sua autoestima e autoimagem, seu engajamento profissional,

político e social, pois de nada adiantará todas as ações da empresa se o indivíduo

possui baixa autoestima ou não seja comprometido com seu emprego.

Viver com QVT é ter consciência do próprio comportamento e auto-crítica que permitam avaliar as consequências do estilo de vida na relação consigo e com o outro. Essa parte é de responsabilidade do indivíduo. Por mais que sejam realizados seminários e promovidos eventos de auto-conhecimento e mudança de hábitos, não se assegura a mudança de comportamento. Entre a consciência da necessidade da mudança de comportamento e sua real efetivação, uma longa distância se estabelece. O estímulo ao auto-conhecimento pode ajudar pessoas desmotivadas ou desadaptadas funcionalmente a procurar formas de resgatar o entusiasmo e a vontade de produzir algo que faça sentido, que leve a marca pessoal (BOM SUCESSO, 2002, p.33).

Assim, para se ter uma QV, e principalmente no ambiente organizacional, o

indivíduo deve mudar o seu comportamento, alterando hábitos prejudiciais à

qualidade de vida. Com base na teoria de alguns autores é possível identificar vários

fatores que podem qualificar a QVT como: salários adequados e satisfatórios,

segurança e saúde, desenvolvimento das capacidades humanas, crescimento

profissional, autonomia no trabalho, valorização do ser humano no ambiente

profissional e na vida pessoal.

Por ser considerado um tema ainda recente no Brasil, não há uma definição

consensual na literatura sobre o significado exato de QVT, mas o ponto comum a

todos é que “a meta principal de tal abordagem volta-se para a conciliação dos

interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que

melhora a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade da empresa”.

(FERNANDES, 1996, p.43).

A qualidade de vida no trabalho passa a ganhar destaque nos ambientes

empresariais por diferentes motivos, que podem variar desde exigências de

certificações, necessidades dos clientes, aumento da produtividade, entre outros.

Em suma, a empresa deve propiciar e estar preocupada com o bem-estar de seus

trabalhadores, o que envolve a promoção de sua saúde.

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51

2.4 Modelos de QVT

Esta seção apresenta a visão de QVT de três autores, Richard Walton

(1973); Hackman e Oldham (1975), e Nadler e Lawler (1983).

2.4.1 Modelo de Richard Walton (1973)

A abordagem de qualidade de vida no trabalho de Richard Walton é a

frequentemente utilizada para orientar análises feitas por estudiosos do assunto.

Tem sido utilizada para realçar alguns valores ambientais e humanos que foram

relegados pela Sociedade Industrial devido ao avanço tecnológico, à produtividade e

ao crescimento econômico (CARVALHO et al., 2008).

Para Walton (1973 apud RODRIGUES, 1994), a expressão qualidade de

vida tem sido usada com crescente frequência para descrever certos valores

ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do

avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico. Mas, a meta de

um programa de Qualidade de Vida no Trabalho, conforme Walton (apud

FERNANDES, 1996) é gerar uma organização mais humanizada, na qual o trabalho

envolve, simultaneamente, relativo grau de responsabilidade e de autonomia a nível

do cargo.

Por meio de pesquisas, observações e entrevistas, Walton procurou

identificar os fatores e dimensões que afetam de maneira mais significativa o

trabalhador na situação de trabalho. Esses estudos proporcionaram a ele identificar

e estudar pontos cruciais quanto a QVT. As principais características do modelo de

Walton (1973), segundo Chiavenato (2003) são: (1) compensação justa e adequada;

(2) condições de saúde e segurança no trabalho; (3) utilização e desenvolvimento de

capacidades; (4) oportunidades de crescimento e segurança; (5) interação social na

organização; (6) garantias constitucionais; (7) trabalho e espaço total de vida; (8)

relevância social da vida no trabalho.

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Carvalho et al. (2008) apresentam que, Walton (1973) levanta as seguintes

questões sobre a qualidade de vida no trabalho:

Como deve a QVT ser compreendida e como pode ser medida?

Quais os critérios apropriados e como podem eles ser inter-relacionados?

De que modo cada um desses critérios é relacionado à produtividade?

Estes critérios são uniformemente destacados em todos os grupos de trabalho?

Rodrigues (1994) e Limongi-França et al. (2002) mostram que, na percepção

de Walton (1973), a QVT deve ter como meta a geração de uma organização mais

humanizada, na qual o trabalho envolva relativo grau de responsabilidade e de

autonomia no que se refere a cargo, recebimento de recursos de feedback do

desempenho, tarefas adequadas, variedade, enriquecimento do trabalho e ênfase no

desenvolvimento pessoal do indivíduo. Em 1973, Walton propôs um modelo

conceitual composto de oito categorias com o objetivo de avaliar a QVT nas

organizações, conforme Rodrigues (1994):

remuneração justa e adequada: trata-se da relação do salário com outros

trabalhos, desempenho da comunidade e padrão subjetivo do empregado. Em

síntese, equidade salarial. Walton vê o trabalho, em primeiro plano, como meio do

indivíduo ganhar a vida. A compensação recebida pelo trabalho realizado é um

conceito relativo, não um simples consenso sobre os padrões objetivos e subjetivos

para julgar a adequação da compensação;

segurança e salubridade do trabalho: os trabalhadores não devem ser expostos a

condições ambientais, jornada de trabalho nem a riscos que possam ameaçar sua

saúde. Walton propõe algumas sugestões para o melhoramento desta dimensão,

dentre eles horários razoáveis reforçados por um período normal de trabalho

padronizado, condições físicas de trabalho que reduzam ao mínimo o risco de

doenças e danos, limite de idade imposto quando o trabalho é potencialmente

destrutivo para o bem-estar das pessoas abaixo ou acima de uma certa idade;

oportunidade de utilizar e desenvolver habilidades: o uso e o desenvolvimento

das capacidades devem atender a certas condições, como autonomia, variedade de

habilidades, informação e perspectiva da atividade, significado e planejamento da

tarefa. Conforme Walton, o trabalho tende a ser fracionado, inábil e firmemente

controlado. O planejamento e sua implementação têm tido caminhos distintos;

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53

oportunidade de progresso e segurança no emprego: manifestam-se no

desenvolvimento pessoal, no desenvolvimento da carreira, na possibilidade de

aplicação de novas habilidades, na sensação de segurança no emprego e na

remuneração.

integração social na organização: um ambiente favorável nas relações pessoais

é atingido com ausência de preconceitos, democracia social, ascensão na carreira,

companheirismo, união e comunicação aberta. Walton estabelece alguns pontos

fundamentais para uma boa integração social no trabalho. Inicialmente, prega a

ausência de preconceitos de cor, raça, sexo, religião, nacionalidade, estilo de vida e

aparência física. A ausência de estratificação e a mobilidade social facilitariam ou

induziriam um senso de comunidade nas organizações, o que seria a mola mestra

para um bom nível de integração social;

leis e normais sociais: o grau de integração social na organização está

relacionado com o direito à privacidade e à liberdade de expressão de ideias, com

tratamento equitativo e normas claras. As normas que estabelecem os direitos e

deveres dos trabalhadores são vistas por Walton como elementos chave para

fornecer uma elevada QVT. Os aspectos mais significativos são o direito à

privacidade, direito de posicionamento (o diálogo livre) e o direito a tratamento justo

em todos os assuntos;

trabalho e vida privada: as condições de crescimento na carreira não devem

interferir no descanso nem na vida familiar do empregado. Walton afirma que a

experiência de trabalho de um indivíduo pode ter efeito negativo ou positivo sobre

outras esferas de sua vida, tais como suas relações com sua família. A relação entre

o trabalho e o espaço total da vida é visto por meio do conceito de equilíbrio, que

tem origem nos esquemas de trabalho, expectativa de carreira, progresso e

promoção;

significado social da atividade do empregado: a atuação social da organização

tem significado importante para os empregados tanto em sua percepção da empresa

quanto em sua autoestima.

O modelo proposto por Walton (1973 apud FERNANDES, 1996) é

constantemente utilizado para se analisar as dimensões de QVT, devido a sua

amplitude, mesmo sendo em uma perspectiva gerencialista. O quadro 5 resume os

principais fatores e dimensões do Modelo proposto por Walton.

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FATORES DIMENSÕES

1-Compensação Justa e Adequada

Renda adequada ao trabalho

Equidade interna e externa

Justiça na compensação

Partilha dos ganhos de produtividade

2-Condições de Trabalho Jornada de trabalho razoável

Ambiente físico seguro e saudável

3-Uso e desenvolvimento de capacidades

Autonomia

Significado da tarefa

Identidade da tarefa

Feedback

4-Oportunidade de crescimento e segurança

Possibilidade de carreira

Crescimento pessoal

Perspectiva de avanço salarial

Segurança de emprego

5-Integração social na Organização

Ausência de preconceitos

Igualdade de tratamento

Senso comunitário (cooperação)

6-Constitucionalismo

Direito de proteção do trabalhador

Privacidade pessoal

Liberdade de expressão

Tratamento imparcial

Direitos trabalhistas

7-O trabalho e o espaço total de vida

Papel balanceado no trabalho

Estabilidade de horários

Poucas mudanças geográficas

Tempo para lazer da família

8-Relevância social do trabalho na vida

Imagem da empresa

Responsabilidade social da empresa

Responsabilidade pelos produtos

Responsabilidade para com os funcionários

Quadro 5 - Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho – QVT

Fonte: Walton (1973 apud VIEIRA, 1996).

Cabe registrar que as dimensões e os seus respectivos indicadores de QVT

apresentados por Walton (1973) são coletados com pesquisas, observações e

entrevistas, e procura identificar os fatores e dimensões que afetam de maneira mais

significativa o trabalhador na situação de trabalho.

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2.4.2 Modelo de Hackman e Oldham (1975)

Consideram Hackman e Oldham (1975 apud RODRIGUES, 1994) que a

qualidade de vida no trabalho se apóia em características objetivas das tarefas

realizadas no ambiente organizacional. Nesse contexto, Limongi-França et al. (2002)

relatam que os autores Hackman e Oldham (1975) propuseram o modelo das

dimensões básicas da tarefa, pressupondo que as dimensões da tarefa influenciam

os estados psicológicos críticos que, por sua vez, determinam os resultados

pessoais e de trabalho. A necessidade individual de crescimento, porém, exerce

forças em toda a cadeia de fatores determinantes da QVT.

Hackman; Oldham (1975 apud RODRIGUES, 1994) apontam que o modelo

de QVT é resultante direto da combinação de dimensões básicas da tarefa, capazes

de produzir motivação e satisfação em diversos graus, gerando diferentes tipos de

atitudes e condutas nos indivíduos pertencentes à determinada organização, como

absenteísmo, rotatividade ou, pelo contrário, alta qualidade no desempenho do

trabalho.

Para os autores originais (apud CHIAVENATO, 2004), este modelo possui

as seguintes características:

variedade de habilidades;

identidade da tarefa;

significado da tarefa;

autonomia;

retroação do próprio trabalho;

retroação extrínseca;

inter-relacionamento.

O modelo de Hackman; Oldham (1975) se apoia em características objetivas

do trabalho, podendo ser avaliada em termos de:

dimensões da tarefa, identificando seis atributos importantes para a satisfação no

trabalho: variedade de habilidades, identidade da tarefa, significado da tarefa, inter-

relacionamento, autonomia e feedback (do próprio trabalhador e extrínseco);

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estados psicológicos críticos, envolvendo a percepção da significância do

trabalho, da responsabilidade pelos resultados e o conhecimento dos reais

resultados do trabalho;

resultados pessoais e de trabalho, incluindo a satisfação geral e a motivação

para o trabalho de alta qualidade, bem como o absenteísmo e a rotatividade baixa.

Afirma Vieira (1996) que ao desenhar este modelo, os autores

sistematizaram as dimensões ou características do cargo que consideram ser

determinantes da Qualidade de Vida no Trabalho, por serem capazes de oferecer as

recompensas intrínsecas e assim satisfazer os indivíduos no trabalho e auto-motivá-

los para as tarefas. E por fim, percebe-se que este modelo apresenta a Qualidade

de Vida no Trabalho como resultante direta da combinação de dimensões básicas

da tarefa, capazes de produzir motivação e satisfação em diversos graus, gerando

diferentes tipos de atitudes e condutas nos indivíduos pertencentes à determinada

organização, como faltas, rotatividade ou, pelo contrário, alta qualidade no

desempenho do trabalho.

2.4.3 Modelo de Nadler e Lawler (1983)

Em seu modelo, Nadler; Lawler (1983 apud LIMONGI-FRANÇA et al., 2002)

analisam as origens do movimento de qualidade de vida e mostram sua

preocupação com a relação dos efeitos das atividades profissionais sobre a saúde e

o bem-estar e sua satisfação no trabalho. Os autores iniciaram seus estudos pelas

formas de influenciar a qualidade das experiências vividas pelas pessoas durante o

período de trabalho.

No decorrer dos estudos, Nadler e Lawler identificaram uma postura das

organizações, que passaram a entender a qualidade de vida no trabalho como um

aspecto tão importante quanto a modernização tecnológica. No entendimento de

Rodrigues (1994), esses autores identificaram que os fatores que prevêem o

sucesso dos projetos de QVT são:

percepção da necessidade;

o foco do problema que é destacado na organização;

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estrutura para identificação e solução do problema, teoria/modelo de projeto de

treinamento e participantes;

compensações projetadas tanto para os processos quanto para os resultados;

sistemas múltiplos afetados;

envolvimento amplo da organização.

Limongi-França et al. (2002) mostram que Nadler e Lawler definiram

qualidade de vida no trabalho de acordo com a evolução no tempo e com as

diferentes pessoas que o utilizam. Isto é, como uma forma de pensar sobre as

pessoas, o trabalho e as organizações, possuindo os seguintes elementos

distintivos: a preocupação com o impacto do trabalho sobre as pessoas e sobre a

efetividade organizacional; e ideia de participação na tomada de decisões e na

solução de problemas. Chiavenato (2004), acrescenta que este modelo tem por

características: participação dos funcionários nas decisões; reestruturação do

trabalho através do enriquecimento de tarefas e de grupos autônomos de trabalho;

inovação no sistema de recompensas para influenciar o clima organizacional;

melhoria no ambiente de trabalho quanto às condições físicas e psicológicas, horário

de trabalho etc.

Enfim, este modelo mostra que, embora os autores apresentem enfoques

diferentes ao conceituar a expressão Qualidade de Vida no Trabalho, a meta

principal é a conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja,

ao mesmo tempo que melhora a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade

da empresa.

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3 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta a caracterização da empresa em estudo e os

resultados alcançados com a pesquisa realizada na empresa Transportadora

Transbrasiliana Ltda., localizada na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, que

insere-se no segmento de transportes de carga. Assim, subdivide-se e,

caracterização da empresa e resultados da pesquisa. A segunda parte, por sua vez,

subdivide-se em outras três, as quais dizem respeito a: (1) perfil dos motoristas; (2)

indicadores da qualidade de vida no trabalho; (3) análises individuais do questionário

aplicado.

3.1 Caracterização da empresa1

A Transportadora Transbrasiliana Ltda. está no mercado desde 1973 e

opera na área de transporte de cargas na região do Vale do Itajaí. Foi fundada pelo

Sr. Carlito Vergílio Fantini, que atualmente não permanece gerindo os negócios.

Houve sucessão familiar na parte administrativa, sendo que o quadro de

colaboradores da empresa é diversificado, possuindo alguns membros da família.

No início de suas atividades, seu fundador só prestava serviço para uma

empresa, possuindo um cavalo/carreta e três trucks. Depois foi conquistando novos

clientes e isso fez com que sua frota crescesse. A abertura da empresa foi realizada

pelo seu fundador sem ter prévia experiência no setor de transporte, somente com

base em seu espírito empreendedor.

O crescimento da empresa ocorreu gradativamente, com a ampliação da

carteira de clientes conseguida com por meio da criação de fidelidade e confiança

dos clientes na empresa Transportadora Transbrasiliana. Uma das primeiras

empresas a fazer parte da carteira de clientes foi a Souza Cruz, realizando a maior

parte dos serviços de transporte da empresa.

1 Seção desenvolvida com base em dados coletados por meio dos Apêndices B e C.

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A Transportadora Transbrasiliana Ltda. está localizada na Rua Amazonas, n.

2361, na cidade de Blumenau, Santa Catarina.

Em relação ao seu quadro funcional, a empresa conta atualmente, com seus

colaboradores distribuídos entre os seguintes setores: Administrativo; Recursos

Humanos; Comercial; Financeiro; Contabilidade; Transporte; Manutenção e Serviços

Gerais. A figura 2 apresenta o organograma da empresa.

Figura 2 – Organograma da empresa Transportadora Transbrasiliana.

Fonte: Dados fornecidos pela empresa (2009).

A jornada de trabalho para os funcionários dos cargos administrativos é de

44 horas semanais, e dos motoristas de 56 horas semanais, pois esses trabalham

todos os dias da semana, recebendo horas-extras, como previsto na CLT.

Os resultados (APÊNDICE B) apontaram que não há treinamento para seus

colaboradores. Cabe registrar que o recrutamento e seleção são feitos pela própria

empresa. Nesta última, são aplicados testes escritos aos candidatos para a seleção.

Os requisitos necessários para cada um dos cargos da empresa é a experiência.

Para os cargos de motoristas, os mesmos deverão ter carteira assinada há mais de

dois anos na função e, obrigatoriamente, carteira de motorista com categoria E.

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Além disso, constatou-se que a empresa não oferece benefícios para seus

colaboradores. O setor de Recursos Humanos não possui um plano de cargos e

salários, nem plano de desenvolvimento de carreira. E que a estrutura atual da

empresa atende de forma adequada à demanda de clientes e serviços prestados,

não sendo realizadas reuniões internas entre os setores da empresa. Somente são

realizadas as reuniões relacionadas à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

(CIPA) (APÊNDICE C).

Constatou-se ainda que a empresa Transportadora Transbrasiliana Ltda.

não possui missão e visão definidas. Com isso, o acadêmico e Gerente de RH

definiram, com base em Oliveira (2006), as mesmas.

A figura 3 apresenta a frota da empresa.

Figura 3 – Frota da empresa Transportadora Transbrasiliana Ltda.

Fonte: Arquivo da empresa (2009).

A frota da empresa é própria e composta de cavalos mecânicos e semi-

reboques dos seguintes modelos:

23 Cavalos Mecânicos Modelo Scania;

06 Cavalos Mecânicos Modelo Volvo;

02 Cavalos Mecânicos Modelo Ford/Cargo;

02 Cavalos Mecânicos Modelo Mercedes Bens;

03 Cavalos Mecânicos Modelo IVECO Fiat;

02 Cavalos Mecânicos Modelo IVECOEUROTECH;

06 Cavalos Mecânicos Modelo IVECO/STRALIS;

11 Carretas Semi-reboques Krone;

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07 Carretas Semi-reboques NOMA;

12 Carretas Semi-reboques Rodoviária;

02 Carretas Semi-reboques Randon;

01 Carreta Semi-reboque Guerra;

19 Carretas Semi-reboques fechadas.

A Transportadora Transbrasiliana oferece frota rastreada, segurança e

agilidade na entrega das mercadorias, cumprindo acordos e atendendo prazos,

transportando como principal patrimônio a marca de seus clientes que são de

pequeno, médio e grande porte, junto ao cenário nacional. Com isso, a empresa

busca constantemente se especializar no atendimento dos serviços para atender

aos seus clientes de modo eficaz. A frota da empresa é um diferencial perante a

concorrência, pois possui itens modernos e atendimento às expectativas dos

clientes.

A empresa oferece serviços de diferentes tipos de carga geral e containeres

em regime de importação e exportação, em trânsito aduaneiro ou na área de

cabotagem, que tenha origem ou destino os portos de Santa Catarina, que são

oferecidos com a máxima segurança aos seus clientes, como:

acompanhamento de cargas com comunicação via satélite;

alarme contra roubo com ligação direta com a delegacia de polícia mais

próxima;

rastreamento de caminhões; localização exata do veículo;

bloqueio do veículo.

A empresa enfrenta a concorrência neste segmento por meio da parceria

criada com seus clientes e na qualidade dos serviços prestados. Não há

investimento em propaganda, somente usufrui da comunicação boca a boca, por

meio da indicação dos clientes.

O diferencial da Transbrasiliana é o atendimento do serviço prestado ao

cliente. O acompanhamento da entrega, o destino e horário das cargas são

monitoradas do começo ao fim da viagem, e o cliente pode acompanhar toda esta

prestação de serviço pela página eletrônica da empresa Transbrasiliana. Este é um

quesito que a Transbrasiliana oferece, além da segurança da mercadoria

transportada.

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Atualmente, a empresa possui em sua carteira diversos clientes, sendo as

principais empresas listadas no quadro 6.

Empresa Cidade UF Porte Tempo de existência

Tempo que é cliente

Souza Cruz S.A. Blumenau SC Grande 107 anos 37 anos

Coteminas S.A. Blumenau SC Grande 43 anos 10 anos

Guabifios Ltda. Brusque SC Médio 06 anos 05 anos

Linhas Círculo S.A. Gaspar SC Grande 72 anos 02 anos

Caxuana S.A. Nova Ponte MG Grande 40 anos 16 anos

Nestlé S.A. Araras SP Grande 130 anos 1,5 anos

Santher S.A. Bragança Paulista SP Grande 72 anos 01 ano Quadro 6 – Clientes da empresa Transportadora Transbrasiliana Ltda.

Fonte: Fornecido pela empresa (2010).

A leitura do quadro 6 evidencia que os clientes da empresa são de grande e

médio porte, com significativo tempo de existência e localizados principalmente nos

Estados de Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo.

Cabe registrar que por se tratar de um segmento de atividade competitivo,

pela importância do modal rodoviário no país, há inúmeros concorrentes diretos,

dentre eles transportadoras de pequeno e médio porte localizadas no Estado de

Santa Catarina e na região do Vale do Itajaí.

3.2 Resultados da pesquisa

Esta seção apresenta os números obtidos com a pesquisa de campo

apoiados nos demais instrumentos de coleta de dados, seguindo a ordem dos

objetivos específicos para facilitar a exposição e entendimento dos resultados. Por

isso, subdivide-se em três seções: (1) perfil dos motoristas; (2) indicadores que

influenciam a qualidade de vida no trabalho e o confronto da percepção empresa

versus motoristas; (3) análises individuais dos resultados do questionário aplicado.

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3.2.1 Perfil dos motoristas

O questionário (APÊNDICE A) aplicado aos motoristas da empresa

Transportadora Transbrasiliana buscou identificar seu perfil, destacando as

informações a respeito de gênero, faixa etária, estado civil, quantidade de filhos,

escolaridade e tempo de serviço na empresa.

A seguir na Tabela 1, a pesquisa apresenta os resultados sobre o quesito

gênero desses.

Tabela 1 – Gênero dos motoristas. Gênero Qtd. %

Masculino 31 100

Feminino 0 0

Total 31 100

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

A Tabela 1 retrata que todos os funcionários que participaram da pesquisa

são do sexo masculino, destacando-se que a empresa possui em seu quadro de

funcionários na função de motorista somente homens, por ser ainda uma profissão

ocupada, em sua maioria, pelo sexo masculino.

Já, a Tabela 2 apresenta os resultados quanto à faixa etária dos motoristas

que participaram da pesquisa.

Tabela 2 – Faixa etária dos funcionários. Idade Qtd. %

22 a 25 anos 0 0,00 26 a 30 anos 5 16,13 31 a 35 anos 5 16,13 36 a 40 anos 7 22,58 Mais de 40 anos 14 45,16

Total 31 100

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

Verifica-se na Tabela 2 que 45,16% dos funcionários estão na faixa etária

que compreende mais de 40 anos; seguido de um percentual de 22,58% de

colaboradores que possuem de 36 a 40 anos. Apesar disso, a pesquisa identificou

que há concentração de funcionários com idade acima dos 35 anos, totalizando

67,74% ou 21 motoristas, constatando-se uma população experiente.

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Em relação ao estado civil dos motoristas da Transportadora

Transbrasiliana, a Tabela 3 mostra as indicações desses.

Tabela 3 – Estado civil dos funcionários. Estado Civil Qtd. %

Solteiro 5 16,13 Casado 16 51,61

União estável 8 25,81 Separado 1 3,23 Divorciado 0 0,00 Viúvo 1 3,23

Total 31 100

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

A análise dos dados plotados na Tabela 3 salientam que 51,61% dos

colaboradores da Transbrasiliana são casados, e 25,81% vivem em união estável, o

que totalizam 77,42% dos motoristas que vivem com companheira, haja vista o que

é comprovado que por ser um grupo com faixa etária predominantemente acima dos

35 anos (TABELA 2), já buscou formar sua própria família.

Outro dado relevante para a pesquisa é visualizado na Tabela 4, que

destaca a quantidade de filhos dos colaboradores da empresa Transportadora

Transbrasiliana em questão.

Tabela 4 – Quantidade de filhos dos funcionários. Filhos Qtd. %

Não tem filhos 4 12,90 Um filho 6 19,35

Dois filhos 11 35,48 Três filhos 7 22,58 Quatro filhos 3 9,68 Mais quatro filhos 0 0,00

Total 31 100

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

Destaca a Tabela 4 que 35,48% dos pesquisados possuem dois filhos,

22,58% apontaram ter três filhos e que 19,35% assinalaram ter somente um filho.

Por meio destes dados infere-se que a maioria deles, ou seja, 67,74% da amostra

possuem mais de um filho.

Outras informações também importantes para traçar o perfil dos motoristas

da Transbrasiliana são geradas na Tabela 5 pelos dados que apresentam o grau de

escolaridade destes.

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65

Tabela 5 – Grau de escolaridade dos funcionários. Grau de escolaridade Qtd. %

Fundamental 8 25,81 Básico 16 51,61 Médio 7 22,58 Técnico 0 0,00 Superior/Tecnólogo 0 0,00

Total 31 100

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

Os dados encontrados (TABELA 5) refletem que a parte significativa dos

motoristas (51,61% deles) completaram o ensino básico, seguidos por 25,81% que

possuem como escolaridade o ensino fundamental. Esses resultados reforçam que o

requisito para ingressar na empresa é experiência anterior na função e ter

habilitação específica para dirigir caminhões, que é a Carteira Nacional de

Habilitação - CNH categoria E, não sendo exigido nível específico de escolaridade.

Buscou-se identificar também, (TABELA 6) o tempo de serviço do

colaborador na Transportadora Transbrasiliana.

Tabela 6 – Tempo de serviço na empresa. Tempo de Empresa Qtd. %

Menos de 1 ano 5 16,13

1 a 5 anos 14 45,16 6 a 10 anos 5 16,13 11 a 15 anos 7 22,58

Total 31 100

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

Chama a atenção que 45,16% dos funcionários trabalham na empresa entre

1 e 5 anos. E ainda que há empate técnico entre os que trabalham a menos de um

ano na empresa e os que estão de 6 a 10 anos. Com isso, infere-se que a maioria

deles tem até 5 cinco anos de empresa, somando 61,29% deles que correspondem

a 19 motoristas.

Enfim, o quadro funcional de motoristas da empresa Transportadora

Transbrasiliana é formado somente por homens; com predominância na faixa etária

acima dos 36 anos; 77,42% são casados ou vivem em regime de união estável;

58,06% possuem entre dois e três filhos; em relação ao grau de escolaridade

51,61% cursaram o ensino médio, por não ser premissa básica para ingressar na

empresa; e 61,29% dos motoristas têm até 05 anos de empresa.

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66

3.2.2 Indicadores da qualidade de vida no trabalho

A segunda parte do questionário buscou identificar a percepção dos

funcionários da Transportadora Transbrasiliana quanto aos oito fatores traçados por

Walton (1973 apud RODRIGUES, 1994) para a qualidade de vida no trabalho.

Assim, sondou sobre: (1) compensação justa e adequada; (2) condições de

trabalho; (3) uso e desenvolvimento de capacidades; (4) oportunidade de

crescimento e segurança; (5) integração social na organização; (6)

constitucionalismo; (7) trabalho e o espaço na vida; (8) relevância social do trabalho.

Quanto a estes itens, a estrutura do questionário propiciou a montagem do

Apêndice E, que traz o detalhamento dos resultados. Esse por sua vez,

proporcionou a simplificação dos dados em quatro níveis apenas, denominados: (1)

não preencheu; (2) satisfeitos; (3) nem satisfeito e nem insatisfeito e por fim, (4)

insatisfeitos.

3.2.2.1 Compensação justa e adequada

Na visão de Rodrigues (1994), o item remuneração justa e adequada trata

da relação do salário com outros trabalhos, desempenho da comunidade e padrão

subjetivo do empregado. Em síntese, equidade salarial. Para esse autor, Walton

(1973) vê o trabalho, em primeiro plano, como meio do indivíduo ganhar a vida. A

compensação recebida pelo trabalho realizado é um conceito relativo, não um

simples consenso sobre os padrões objetivos e subjetivos para julgar a adequação

da compensação. Nesse sentido, a Tabela 7 apresenta a percepção sintética dos

motoristas em relação ao quesito compensação justa e adequada, cujo

detalhamento pode ser mais bem visualizado no Apêndice E.

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67

Tabela 7 – Resultados compensação justa e adequada na percepção dos motoristas

1 - Compensação justa e adequada

Respostas Q1 (%) Q4 (%) Q5 (%) MEDIANA (%) MÉDIA (%)

Não preencheu 0,00 3,23 6,45 3,23 3,23

Satisfação 19,35 77,42 83,87 77,42 60,21

Nem satis. Nem insat 6,45 19,35 3,23 6,45 9,68

Insatisfação 74,20 0,00 6,45 6,45 26,88

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico (2010).

A leitura da Tabela 7 mostra em termos de mediana, que é uma medida de

tendência central, que os motoristas estão satisfeitos (muito satisfeitos + satisfeitos

do Apêndice E), pois este item apresenta 77,42%. O mesmo percebe-se quanto à

média (60,21%). Cabe destacar que a questão 1 (APÊNDICE A) é a que afeta

negativamente esses resultados e consequentemente puxando-os para baixo. Ela

diz respeito a sistemas de gratificações que, realmente, não existem.

Já, a análise do critério Compensação Justa e Adequada, na ótica da

empresa Transportadora Transbrasiliana (APÊNDICE D) mostra que a empresa não

possui política de cargos e salários. Fato que reflete no não desenvolvimento de

carreira pelos profissionais que ocupam os cargos de motoristas. Apesar disso, a fim

de manter seus funcionários motivados e índices insignificantes de rotatividade, a

empresa aplica salários compatíveis com os praticados pelo mercado, e variam pelo

tempo de trabalho de cada profissional.

Em suma, nesse quesito percebe-se coerência entre a percepção dos

empregados e as práticas relatadas pela empresa. Mesmo assim, tem-se como algo

negativo a empresa não possuir um sistema de gratificações, o que é demonstrado

pela insatisfação dos motoristas e reclamações feitas no dia-a-dia de trabalho e

percebida por meio da observação participante (APÊNDICE C).

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68

3.2.2.2 Condições de trabalho

O modelo de Walton (1973 apud RODRIGUES, 1994) aborda as condições

de trabalho, destacando que os trabalhadores não devem ser expostos a condições

ambientais, jornada de trabalho nem a riscos que possam ameaçar sua saúde.

A Tabela 8 identificou a percepção dos motoristas sobre as condições de

trabalho na empresa Transportadora Transbrasiliana.

Tabela 8 – Resultados condições de trabalho na percepção dos motoristas

2 – Condições de trabalho

Respostas Q2 (%) Q3 (%) MEDIANA (%) MÉDIA (%)

Não preencheu 0,00 3,23 1,61 1,62

Satisfação 77,42 77,42 77,42 77,42

Nem satis. Nem insat 19,35 16,13 17,74 17,73

Insatisfação 3,23 3,23 3,23 3,23

Totais 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

Observa-se na Tabela 8 que a maior mediana foi calculada na resposta

Muito Satisfeito, com 41,94% e a menor mediana alcançada nas respostas Não

Preencheu e Muito Insatisfeito, com 1,61%.

No resumo da percepção dos funcionários do critério Condições de

Trabalho, obteve-se um elevado percentual de Satisfação (77,42%), seguido pelo

índice Nem Satisfeito e Nem Insatisfeito, com 17,73%. O índice de Insatisfação

deste critério foi baixo, com média de 3,23%.

A pesquisa realizada na empresa, conforme Apêndice D, mostra que a

empresa possui CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que realiza as

reuniões com a comissão formada e busca analisar os índices de acidentes. Mesmo

assim, a empresa não possui ações voltadas à segurança do trabalho, e

disponibiliza como EPI (Equipamentos de Proteção Individual) o uso de capacetes e

coletes refletivos.

Os motoristas realizam tarefas repetitivas, elevada jornada de trabalho, e a

empresa tenta recompensar tal rigidez com a aquisição de caminhões modernos,

com ar condicionado e espaço amplo para descansarem. Item que traduz a

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percepção dos funcionários com elevados índices de Satisfação (77,42% - TABELA

8).

Ressalta-se que existe uma cama dentro do caminhão, onde o motorista

descansa, além da auto-regulagem de ar do acento para a altura correta da direção

e ar condicionado.

3.2.2.3 Uso e desenvolvimento de capacidades

A seguir, buscou-se conhecer a percepção dos colaboradores sobre o Uso

de Desenvolvimento de Capacidades na empresa em estudo. Assim, o quadro 17

traz as respostas obtidas no questionário aplicado (APÊNDICE A).

Segundo Rodrigues (1994), o uso e o desenvolvimento das capacidades

devem atender a certas condições, como autonomia, variedade de habilidades,

informação e perspectiva da atividade, significado e planejamento da tarefa.

Conforme Walton, o trabalho tende a ser fracionado, inábil e firmemente controlado.

Tabela 9 – Resultados uso e desenvolvimento de capacidades na percepção dos motoristas

3- Uso e desenvolvimento de capacidades

Respostas Q6 (%) Q7 (%) Q8 (%) Q9 (%) Q10 (%) Q21 (%) MEDIANA (%) MÉDIA (%)

Não preencheu 3,23 0,00 3,23 0,00 3,23 0,00 1,61 1,62

Satisfação 32,26 38,71 83,87 77,42 74,20 83,87 75,81 65,06

Nem satis. Nem insat 25,81 35,48 3,23 9,68 3,23 9,68 9,68 14,52

Insatisfação 38,71 25,81 9,68 12,90 19,35 6,45 16,13 18,80

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

Mostra a Tabela 9 que a maior mediana identificada no critério Uso e

Desenvolvimento de Capacidades foi encontrado no quesito Muito Satisfeito

(40,32%) e as menores medianas nas respostas Insatisfeito e Não Preencheu,

ambos com 1,61%.

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Identifica-se que o critério Uso e Desenvolvimento de Capacidades

apresentou índice de satisfação de 65,06% quanto às questões que compuseram o

questionário aplicado (APÊNDICE A), seguido por índices de insatisfação mais

baixos (18,80).

Nesse critério, observa-se que a empresa prepara o funcionário no momento

da contratação, sem realizar treinamentos posteriores. Este treinamento inicial é

realizado pelo Chefe da Oficina da Transportadora Transbrasiliana, que sai com o

novo funcionário para andar no caminhão da empresa e lhe explicar detalhes

específicos de cada automóvel, além de verificar o estilo do motorista contratado e

se está apto a exercer o cargo.

A empresa não realiza avaliações de desempenho, havendo apenas o

monitoramento nos 90 dias de sua contratação (período de experiência), onde é

dado um feedback ao funcionário de seu desempenho inicial.

3.2.2.4 Oportunidade de crescimento e segurança

A Tabela 10 resgata a visão dos motoristas sobre a oportunidade de

crescimento e segurança na Transbrasiliana.

Este quesito manifesta o desenvolvimento pessoal, o desenvolvimento da

carreira, possibilidade de aplicação de novas habilidades e sensação de segurança

no emprego.

Tabela 10 – Resultados oportunidade de crescimento e segurança na percepção dos motoristas

4 - Oportunidade de crescimento e segurança

Respostas Q11(%) Q12(%) Q13(%) Q14(%) Q16(%) Q22(%) MEDIANA(%) MÉDIA(%)

Não preencheu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Satisfação 87,10 77,42 61,30 64,52 22,58 80,65 70,97 65,60

Nem satis. Nem insat 3,23 6,45 19,35 9,68 19,35 6,45 8,06 10,75

Insatisfação 9,67 16,13 19,35 25,80 58,06 12,90 17,74 23,65

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 99,99 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

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71

De acordo com a Tabela 10, explana-se as questões que compuseram o

critério Oportunidade de Crescimento e Segurança, obtendo-se a maior mediana na

resposta Muito Satisfeito, e a menor mediana no item 1 – Não preencheu (0,0),

seguido pelo item Insatisfeito (3,23%).

No resumo da percepção dos funcionários quanto ao critério Oportunidade

de Crescimento e Segurança, os maiores índices foram da resposta Satisfeitos

(65,60%), seguido pelos Insatisfeitos (23,65%).

Neste critério, a análise do Apêndice D permite observar que a empresa não

possui plano de desenvolvimento de carreira, por isso, não são oferecidas

oportunidades de crescimento profissional para seus colaboradores. Os funcionários

tomam conhecimento da ausência de promoções na empresa para os cargos de

motoristas, mas por outro lado, é uma empresa que oferece estabilidade e

segurança para seus colaboradores, devido ao baixo turn over. Talvez por esta

segurança oferecida a pesquisa apresentou alto índice de satisfação nas respostas

dos funcionários (65,60% - TABELA 10).

3.2.2.5 Integração social na organização

As ações voltadas à integração social na organização utilizadas pela

Transportadora Transbrasiliana são considerados pelos funcionários (TABELA 11).

No entendimento de Rodrigues (1994), um ambiente favorável nas relações

pessoais é atingido com ausência de preconceitos, democracia social, ascensão na

carreira, companheirismo, união e comunicação aberta. Walton estabelece alguns

pontos fundamentais para uma boa integração social no trabalho. Inicialmente,

prega a ausência de preconceitos de cor, raça, sexo, religião, nacionalidade, estilo

de vida e aparência física.

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Tabela 11 – Resultados integração social na organização na percepção dos motoristas

5 - Integração social na organização

Respostas Q15(%) Q17(%) Q18(%) Q19(%) Q20(%) MEDIANA(%) MÉDIA(%)

Não preencheu 0,00 3,23 3,23 0,00 0,00 0,00 1,29

Satisfação 61,29 74,19 41,93 83,87 64,52 64,52 65,16

Nem satis. Nem insat 12,90 16,13 12,90 9,68 19,35 12,90 14,19

Insatisfação 25,81 6,45 41,94 6,45 16,13 16,13 19,36

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

Observa-se na Tabela 11, em relação ao critério Integração Social na

Organização a mediana, que é uma medida de localização do centro da distribuição

dos dados, definida aqui como o elemento médio, teve seu maior percentual na

resposta Satisfeito (29,03%), e a menor mediana em 0,00 no item Não Preencheu,

seguido pelo Insatisfeito (6,45%).

Na Tabela 11 destaca-se que no critério Integração Social na Organização, a

maior média de respostas foram no item Satisfação (65,16); seguido pela

Insatisfação (19,36%).

Neste quesito, a empresa não possui ações voltadas ao relacionamento

interpessoal, até pelos motoristas terem pouco contato entre eles por estarem

sempre em viagem. Sabe-se que alguns conflitos entre funcionários existem, e a

comunicação interna ocorre no sentido supervisores – funcionários, sem a definição

de um meio formal.

3.2.2.6 Constitucionalismo

Outra informação relevante para esse estudo diz respeito ao conhecimento

sobre o constitucionalismo. A Tabela 12 apresenta a percepção dos colaboradores

quanto à frequência de reuniões, a liberdade do funcionário em expor sua opinião e

o respeito à privacidade pessoal e aos direitos trabalhistas.

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Conforme Walton (1973 apud RODRIGUES, 1994), os aspectos mais

significativos são o direito à privacidade, direito de posicionamento (o diálogo livre) e

o direito a tratamento justo em todos os assuntos.

Tabela 12 – Resultados constitucionalismo na percepção dos motoristas

6 – Constitucionalimo

Respostas Q31 (%) Q32 (%) MEDIANA (%) MÉDIA (%)

Não preencheu 0,00 0,00 0,00 0,00

Satisfação 80,64 93,55 87,10 87,10

Nem satis. Nem insat 16,13 6,45 11,29 11,28

Insatisfação 3,23 0,00 1,62 1,62

Totais 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

No critério Constitucionalismo, percebeu-se uma alta mediana, com 70,97%

na resposta Muito Satisfeita, devido à média feita entre as respostas Q31 e Q32. Já

a menor mediana foi identificada nos quesitos Insatisfeito e Não preencheu, ambos

com resposta igual a zero.

O resumo da percepção dos motoristas que participaram da pesquisa quanto

ao critério Constitucionalismo mostrou uma elevada média de respostas que

demonstram a Satisfação dos funcionários, com 87,10%, seguido pelo percentual de

11,28 de respostas Nem Satisfeitos e Nem Insatisfeitos. Percebeu-se um baixo

percentual de funcionários Insatisfeitos, com apenas 1,62%.

De acordo com o Apêndice D, em relação ao critério Constitucionalismo sob

a ótica da empresa, os funcionários possuem total liberdade para opinarem sobre

qualquer situação que esteja gerando insatisfação, bem como para agregar valor em

algumas situações por meio de elogios à empresa. Além disso, a empresa respeita a

privacidade pessoal e os direitos trabalhistas dos seus colaboradores. A percepção

da empresa condiz com os resultados apresentados pelos colaboradores e seus

índices de satisfação (87,10 – TABELA 12).

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3.2.2.7 Trabalho e o espaço na vida

Já, a Tabela (13) busca apresentar a percepção dos funcionários que

participaram da pesquisa em relação ao trabalho e o espaço na vida. Destaca

Rodrigues (1994) que a relação entre o trabalho e o espaço total da vida é visto por

meio do conceito de equilíbrio, que tem origem nos esquemas de trabalho,

expectativa de carreira, progresso e promoção.

Tabela 13 – Resultados trabalho e o espaço na vida na percepção dos motoristas

7 - Trabalho e o espaço na vida

Respostas Q24 (%) Q25 (%) Q26 (%) MEDIANA (%) MÉDIA (%)

Não preencheu 3,23 0,00 0,00 0,00 1,08

Satisfação 25,81 64,51 96,77 64,51 62,36

Nem satis. Nem insat 3,23 3,23 0,00 3,23 2,15

Insatisfação 67,74 32,26 3,23 32,26 34,41

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

De modo diferente das respostas anteriores, a maior mediana encontrada na

resposta referente ao critério Trabalho e o Espaço na Vida foi na resposta Muito

Insatisfeito (29,03), e como menores medianas Nem Satisfeito e Nem Insatisfeito

(3,23), Insatisfeito (3,23), Não preencheu (0,0).

No resumo das respostas apresentadas pelos funcionários sobre o critério

Trabalho e o Espaço na Vida, o maior percentual obtido foi de funcionários

Satisfeitos (62,36%), seguido pelas respostas de Insatisfação (34,41%).

A pesquisa realizada sob a ótica da empresa em relação ao critério Trabalho

e o Espaço na Vida mostrou que a empresa não se preocupa com o lazer para os

funcionários e não há investimentos voltados para tal, não sendo desenvolvidas

atividades recreativas. A jornada de trabalho dos motoristas dependerá da exigência

do cliente pela mercadoria, sempre obedecendo às condições físicas dos motoristas.

A empresa adota o sistema de monitoramento da frota (via rastreador), e das 23h às

5h da manhã os caminhões são bloqueados, interferindo em qualquer

movimentação, o que exige que os funcionários descansem para continuar viagem

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no dia seguinte. Esta preocupação da empresa é refletida na satisfação dos

funcionários (62,36% – TABELA 13).

3.2.2.8 Relevância social do trabalho

Seguindo essa linha, a Tabela 14 é visualizado sobre a relevância social do

trabalho, que verifica a atuação social da organização tem significado importante

para os empregados tanto em sua percepção da empresa quanto em sua

autoestima.

Tabela 14 – Resultados relevância social do trabalho na percepção dos motoristas

8 - Relevância social do trabalho

Respostas Q23(%) Q27(%) Q28(%) Q29(%) Q30(%) MEDIANA(%) MÉDIA(%)

Não preencheu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Satisfação 19,35 74,20 87,10 90,32 16,13 74,20 57,42

Nem satis. Nem insat 0,00 12,90 12,90 6,45 9,68 9,68 8,39

Insatisfação 80,65 12,90 0,00 3,23 74,19 12,90 34,19

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaborado pelo acadêmico.

No critério Relevância Social do Trabalho, na percepção dos funcionários da

Transportadora Transbrasiliana, a maior mediana foi encontrada na resposta Muito

Satisfeito (32,26%); enquanto a menor mediana foi em Muito Insatisfeito (3,23%) e

Não Preencheu (0,0).

No resumo das respostas obtidas no critério Relevância Social do Trabalho

na percepção dos funcionários, seguindo as demais respostas, as maiores médias

foram encontradas na respostas Satisfação (57,42%), seguida pela Insatisfação

(34,19%).

A empresa, conforme respostas obtidas no Apêndice D, identificou que a

empresa busca manter seus automóveis em bom estado de conservação, prezando

pelo bom estado de conservação e monitoramento do nível de fumaça, bem como o

seu índice de cor. A Transportadora tem como objetivo o lucro, e engaja todos os

funcionários na busca desse.

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76

O regulamento seguido está fundamentado na CLT (Consolidação das Leis

Trabalhistas), e como normas o Código de Trânsito Brasileiro, sendo proibido aos

motoristas dar carona.

A empresa não investe em treinamentos ou incentiva aos funcionários na

realização de cursos, além de não proporcionar nenhum espaço de recreação, o que

pode ser observado no alto índice de insatisfação da resposta Q23 (80,65%).

3.2.3 Análises individuais dos resultados do questionário aplicado

No critério compensação justa e adequada, pôde-se identificar elevados

índices de satisfação nas questões Q4 (salário compatível com o mercado) e Q5

(ajustes salariais conforme percentuais cordados com o sindicato), apesar da

empresa não ter definido um plano de cargos e salários ou plano de

desenvolvimento de carreira para os cargos de motoristas (TABELA 7) (APÊNDICE

A). Como prega Martins (2001, p.07) carreira como um padrão de experiências

relacionadas ao trabalho que abrange o curso da vida de uma pessoa.

Contrário a isso, apresentou também elevado índice de satisfação (74,20%)

na Q1 (gratificações para funcionários), o que pode ser explicado pela empresa não

ter programas de bonificações ou gratificações associadas às metas de

produtividade. Esta questão fez com que a média de satisfação deste critério ficasse

em 60,21% (TABELA 7) (APÊNDICE A).

No critério condições de trabalho, os resultados ficaram parecidos, sendo

que na Q2 (fornecimento de EPIs), a satisfação dos motoristas foi de 77,42%, o

mesmo percentual obtido na Q3 (uso dos EPIs) serem cobrados pela empresa)

(TABELA 8) (APÊNDICE A).

A média de insatisfação deste critério foi baixa, sendo de 3,23%. A empresa

prima pelo uso dos equipamentos e pela segurança dos motoristas, haja vista que a

profissão envolve uma série de riscos como acidentes, malha rodoviária precária,

sobrecarga de trabalho, entre outros (TABELA 8) (APÊNDICE A).

Quanto ao uso e desenvolvimento de capacidades, na Q6, a realização de

horas extras é feita com frequência, e isso acabou refletindo na Insatisfação de

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38,71% dos motoristas. Na Q7 (jornada de trabalho obedecer 44 horas semanais

conforme CLT), os resultados foram variados, obtendo-se 38,71% de satisfação e

35,48% de motoristas nem satisfeitos e nem insatisfeitos. Já as respostas das

questões Q8 (apresentação da empresa), Q9 (conhecimento dos setores da

empresa), Q10 (oportunidade de opinar e sugerir) e Q21 (orientações e controle das

tarefas) apresentaram resultados praticamente semelhantes, com índices de

satisfação que variaram entre 74,20% e 83,87%. Devido ao percentual da resposta

Q6, a média de satisfação do critério uso e desenvolvimento de capacidade foi de

65,06% (TABELA 9) (APÊNDICE A).

Em relação ao critério oportunidade de crescimento e segurança, mais da

metade dos motoristas (58,06%) estão insatisfeitos com a realização de tarefas

diferentes durante sua jornada de trabalho (Q16), pois agrega outras atividades e

responsabilidades além daquelas de sua função de motorista (TABELA 10)

(APÊNDICE A).

Entretanto, este critério apontou 87,10% de satisfação na Q11 (desempenho

ser acompanhado pelo supervisor), o que vem a ser corroborado pela Q12 (retorno

de seu chefe sobre seu desempenho), com 77,42% de satisfação. Já as questões

Q13 e Q14 obtiveram percentuais entre 61,30% e 64,52%, que envolveram fatores

como feedback quanto ao seu desempenho e recebimento de treinamento,

respectivamente (TABELA 10) (APÊNDICE A). Seguindo a mesma tendência dos

critérios anteriores, a média de satisfação foi de 65,60% em relação à oportunidade

de crescimento e segurança (TABELA 10) (APÊNDICE A).

Em relação ao critério integração social na organização, a Q15 buscou

identificar se a empresa valoriza os profissionais que se destacam. Neste quesito,

61,29% apontaram estar satisfeitos, enquanto 25,81% estão insatisfeitos. Este fato

pode estar associado à empresa não ter um plano de carreira, e não valorizar

financeiramente os motoristas que se destacam. Referente à sua equipe, Q17

(relacionamento do superior) e Q19 (relacionamento com os colegas) obteve

elevados índices de satisfação – 74,19% e 83,87% - demonstrando um clima interno

favorável (TABELA 11) (APÊNDICE A).

Apesar disso, quando questionados sobre a empresa incentivar o trabalho

em grupo, 41,93% dos motoristas estão satisfeitos, e 41,94% insatisfeitos,

mostrando que há divisão de percepção dos funcionários nesse aspecto (TABELA

11) (APÊNDICE A).

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Já a Q20, que identificou o conhecimento dos motoristas sobre os cargos da

empresa, 64,52% encontram-se satisfeitos e 19,35% nem satisfeitos e nem

insatisfeitos. Este desconhecimento pode estar associado ao fato dos motoristas

ficarem grande parte de sua jornada de trabalho fora da empresa, e desconhecerem

os aspectos organizacionais internos. A média de satisfação deste critério segue a

tendência dos demais e permaneceu em 65,16% (TABELA 11) (APÊNDICE A).

Os resultados do critério constitucionalismo destacaram elevados índices de

satisfação nas duas questões que a compuseram Q31 (conciliar trabalho, família e

lazer) e Q32 (ser uma pessoa feliz), com 80,64% e 93,55%. Este critério pode ser

explicado pelo fato dos motoristas gostarem de sua profissão, e apesar de ficarem

por um longo período longe de suas residências (em viagem) quando retornam

buscam conciliar seu tempo com sua família e o lazer. Este critério atingiu a maior

média, quando comparado aos demais, atingindo 87,10% de satisfação (TABELA

12) (APÊNDICE A).

No critério trabalho e o espaço na vida as respostas variavam quanto ao

nível de satisfação dos motoristas. Na Q24 (prática de esporte ou atividades de lazer

depois do trabalho) tiveram índice de 67,74% de insatisfação. Este fato pode estar

associado às viagens dos motoristas, que apenas saem do caminhão para sua

alimentação e higiene pessoal, permanecendo o restante do tempo em viagem ou,

no horário das 23h às 5h, em horário de descanso (TABELA 13) (APÊNDICE A).

Na Q25, o índice de satisfação se elevou, passando para 64,51% (empresa

visita sua família para saber de suas dificuldades). Apesar da empresa não contar

com um assistente social e não realizar visitas às famílias dos motoristas, quando

questionados os motoristas não apontaram elevada insatisfação, chegando a

32,26% (TABELA 13) (APÊNDICE A).

Dentro deste critério, a Q26 identificou se os funcionários sabem quem é a

pessoa responsável pelo RH da empresa, obtendo 96,77% de satisfação. Do total de

motoristas, 3,23% assinalaram insatisfação, o que correspondeu a 01 funcionário.

Este fato pode ser explicado por se tratar de funcionário novo ou que estivesse em

viagem há significativo tempo, pois o profissional de RH é quem faz a integração do

motorista na empresa (TABELA 13) (APÊNDICE A).

A média do critério trabalho e o espaço na vida permaneceu em 62,36% de

satisfação, seguindo a tendência dos critérios compensação justa e adequada

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(60,21%), uso e desenvolvimento de capacidades (65,06%), oportunidade de

crescimento e segurança (65,60%), integração social na organização (65,16%).

O critério relevância social do trabalho apresentou, na Q23 (empresa tem

espaço para recreação, como sede social, área de lazer e outros) apresentou um

dos maiores índices de insatisfação da pesquisa, com 80,65%. Isso porque a

empresa não possui espaços para lazer, e não há projeto a ser desenvolvido com tal

objetivo (TABELA 14) (APÊNDICE A).

Na Q27 (conhecimento dos objetivos, normas e regulamentos da empresa),

o percentual de satisfação aumentou, chegando a 74,20%, haja vista que quando os

motoristas entram na empresa recebem estas informações (TABELA 14)

(APÊNDICE A).

A Q28 (você gosta do seu trabalho) apontou 87,10% de satisfação, e índice

zero de insatisfação, o que reflete que os motoristas gostam do que fazem. Este fato

é corroborado pela Q29 (você gosta de trabalhar nessa empresa) com 90,32% de

satisfação, demonstrando que a empresa mantém um bom local de trabalho e clima

favorável entre os seus colaboradores (TABELA 14) (APÊNDICE A).

Por fim, a Q30 (empresa desenvolve projetos junto à comunidade) mostrou

74,19% de insatisfação dos motoristas, com apenas 16,13% de satisfação. Os

projetos que a empresa participa não são divulgados, e como acontecem a nível

local, os motoristas não tomam conhecimento sobre o que é desenvolvido (TABELA

14) (APÊNDICE A).

Devido às questões Q23 e Q30 apresentarem índices de insatisfação

superiores, a média de satisfação dentre os demais critérios pesquisados foi inferior,

chegando a 57,42% (TABELA 14) (APÊNDICE A).

Em suma, identificou-se quesitos de interferem de maneira positiva e

negativa na qualidade de vida dos motoristas da Transportadora Transbrasiliana. Os

quesitos que apresentaram maior satisfação são: condições de trabalho,

constitucionalismo, uso e desenvolvimento de capacidades, oportunidade de

crescimento e segurança, integração social na organização e trabalho e espaço na

vida.

Já os critérios que afetam de maneira negativa a QVT dos motoristas da

Transportadora Transbrasiliana são: compensação justa e adequada e relevância

social do trabalho.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As empresas buscam manter pessoas motivadas no trabalho como forma de

criar valor ao produto ou serviço, e por intermédio deles construir o diferencial

competitivo perante as demais organizações.

Hampton (1991) alerta que conhecer as condições sob as quais as pessoas

podem ser motivadas para executarem as atividades dentro da organização é um

desafio para a área da administração. Cada colaborador pode atingir o resultado

esperado, mas apenas se conseguir controlar o curso de cada processo envolvido.

Os administradores que queiram motivar seu pessoal, aumentam as possibilidades

de o fazerem se compreenderem as necessidades, crenças e expectativas das

pessoas com relação ao trabalho.

As empresas atualmente precisam estar atentas às profundas mudanças e

conservando a eficácia da organização como a qualidade de vida no trabalho, pois

essas transformações afetam o papel gerencial dos executivos e dirigentes da

empresa, bem como, o envolvimento dos trabalhadores.

Nesse cenário, este estudo buscou descrever os fatores que interferem na

qualidade de vida no trabalho dos motoristas de caminhão da Transportadora

Transbrasiliana, segundo a percepção da empresa e dos próprios funcionários.

Os dados foram coletados através da aplicação de questionário aos

motoristas, entrevista realizada com a gerente de RH da empresa e a observação do

acadêmico, além da utilização de material bibliográfico que forneceu embasamento

teórico para a realização da pesquisa.

A partir dos dados levantados e analisados, percebeu-se que os fatores que

interferem de maneira positiva na QVT dos motoristas foram atreladas aos elevados

índices de satisfação, e foram os seguintes critérios: Condições de trabalho

(77,42%); Constitucionalismo (87,10%); Uso e desenvolvimento de capacidades

(65,06%); Oportunidade de crescimento e segurança (65,60%); Integração social na

organização (65,16%); e Trabalho e espaço na vida (62,36). Os critérios que afetam

de maneira negativa a QVT dos motoristas da Transportadora Transbrasiliana

podem ser avaliados como aqueles com inferiores índices de satisfação, e foram:

Compensação justa e adequada (60,21%); Relevância social do trabalho (57,42%).

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A importância deste trabalho para o acadêmico foi a aplicação do seu

conhecimento teórico na prática, podendo visualizar como é analisado e feito um

estudo sobre a qualidade de vida no trabalho, que servirá como base para futuros

trabalhos acadêmicos na Transportadora Transbrasiliana.

4.1 Considerações sobre a teoria levantada

O estudo acerca da qualidade de vida no trabalho é importante por estar

atrelada à competitividade e à produtividade; elementos estes que são cruciais à

sobrevivência de todas as organizações. A mensuração dos níveis de satisfação dos

colaboradores sobre suas condições de trabalho é uma questão-chave para o

sucesso da Transportadora Transbrasiliana.

4.2 Considerações sobre a pesquisa

A aplicação dos questionários gerou inicialmente receio dos motoristas, mas

após ser explicada sua finalidade, o clima melhorou entre a equipe, pois criaram a

expectativa de que os resultados irão gerar benefícios e melhorias para este cargo

na empresa Transportadora Transbrasiliana.

4.3 Limitações e sugestões

A limitação do estudo ocorreu pela ausência de 24 motoristas na empresa

Transportadora Transbrasiliana, que não participaram da pesquisa por estarem em

viagem.

Foi possível levantar que a empresa não possui programas voltados à

gestão de pessoas, por isso, sugere-se inicialmente a estruturação do setor de

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Recursos Humanos da empresa, por meio da elaboração de um plano de cargos e

salários e plano de desenvolvimento de carreira.

Sugere-se ainda um estudo de viabilidade financeira quanto à implantação

de um plano de assistência médica, a fim de se identificar os custos e as vantagens

fiscais geradas por proporcionar este tipo de benefícios, que poderá elevar o nível

de motivação dos colaboradores.

Outro ponto importante seria a contratação de um profissional formado em

Assistência Social, que auxiliaria às famílias dos motoristas enquanto esses

estivessem em longas viagens, além da empresa exercer seu papel social.

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86

DECLARAÇÃO DE CUMPRIMENTO DE HORAS

Blumenau, 07 junho de 2010.

A Transportadora Transbrasiliana Ltda. declara, para os devidos fins, que o

estagiário Felipe Foggiatto, aluno do curso de Administração do Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, cumpriu a carga

horária de estágio prevista para o período de 01/08/2009 à 30/05/2010, seguiu o

cronograma de trabalho estipulado no Projeto de Estágio e respeitou nossas normas

internas.

___________________________

Bernardete Gonçalves

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Felipe Foggiatto

Estagiário

Bernardete Gonçalves

Orientadora de campo

Profª. MSc Bárbara Silvana Sabino

Orientadora de estágio

Prof. MSc Eduardo Krieger da Silva

Responsável pelo Estágio Supervisionado

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APÊNDICES

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89

APÊNDICE A – Questionário para os funcionários Perfil dos funcionários 1.) Sexo: ( )Masculino ( )Feminino 2.) Idade: ( ) 22 a 25 ( ) 26 a 30 ( ) 31 a 35 ( ) 36 a 40 ( ) mais de 40 anos 3.) Estado civil: ( )solteiro(a) ( )casado ( ) União Estável ( )separado(a) ( )divorciado(a) ( )viúvo(a) 4.) Filhos: ( )0 - não ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )mais de 4 filhos 5.) Escolaridade: ( ) primário(1a a 4a série) ( ) ginásio (5a a 8a série) ( ) 2o. grau (Médio) ( ) Técnico (2o grau) ( ) Superior Tecnólogo 6.) Há quantos anos você trabalha na empresa? ( ) menos de 1 ( ) de1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) mais de 15 anos 7.) Daqui em diante, você responderá com um “X” na carinha que reflete a sua opinião, conforme os significados das carinhas abaixo:

Muito Satisfeito

(sim)

Satisfeito

(quase sempre)

Nem satisfeito, nem insatisfeito

(mais ou menos)

Insatisfeito

(raramente)

Muito insatisfeito

(não)

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1.) Existe gratificações para funcionários que alcançam metas de produção?

2.) A empresa fornece EPIs (equipamentos de segurança)?

3.) O usos dos EPIs são cobrados pela empresa?

4.) Seu salário é compatível com o praticado por outras empresas da região?

5.)São realizados ajustes no seu salário, conforme os percentuais acordados com o sindicato?

6.) Você realiza horas-extras com frequência?

7.) A jornada de trabalho obedece as 44 horas semanais?

8.) Nos seus primeiros dias de trabalho, a empresa foi apresentada para você?

9.) Você conhece todos os setores da empresa?

10.) Você tem oportunidade de opinar e sugerir melhorias no seu trabalho?

11.) O seu desempenho na realização do trabalho é acompanhado por supervisor ou chefe?

12.) Você recebe do seu chefe retorno e avaliação de seu desempenho?

13.) Você recebe críticas, sugestões de melhorias, bem como elogios de desempenho de suas atividades?

14.) Você recebeu algum treinamento?

15.) Na sua opinião, a empresa valoriza os profissionais que se destacam?

16.)Você realiza tarefas diferentes durante a jornada de trabalho?

17.) Seu superior tem bom relacionamento com você e toda a sua equipe?

18.) A empresa incentiva o trabalho em grupo?

19.) Você tem um bom relacionamento com seus colegas?

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20.)Você sabe como estão organizados todos os cargos da empresa?

21.) As orientações e controle das tarefas são realizadas pelo seu superior?

22.) Quando acontece um erro, o seu supervisor reage de forma compreensiva mostrando a forma correta de fazer?

23.) A empresa tem espaços para recreação, como sede social, área de lazer e outros?

24.) Você pratica algum esporte ou outras atividades de lazer, depois do trabalho?

25.) A empresa tem alguém que visita sua família procurando saber suas dificuldades?

26.) Você sabe quem é a pessoa responsável pelo setor de RH (Recursos Humanos) da empresa?

27.) Você conhece os objetivos, normas e regulamentos da empresa?

28.) Você gosta do seu trabalho?

29.) Você gosta de trabalhar nessa empresa?

30.) A empresa desenvolve projetos (ajuda) junto à comunidade?

31.) Você consegue conciliar trabalho, família e lazer?

32.) Você se considera uma pessoa feliz?

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APÊNDICE B – Entrevista com a Gerente RH Compensação justa e adequada

1 – A empresa possui uma política de cargos e salários?

2 – Caso sim, como ela é planejada?

3 – Os salários são compatíveis com os praticados no mercado?

4 – Que tipos de gratificações a empresa oferece?

Condições de trabalho

5 – A empresa possui CIPA?

6 – Quais as ações implantadas voltadas à segurança do trabalho?

7 – Quais os EPI’s utilizados pela empresa?

Uso e desenvolvimento de capacidades

8 – São realizadas avaliações de desempenho? De que forma?

9 – Oferece treinamento? Caso sim, quais, com qual periodicidade e qual o público

atingido?

Oportunidade de crescimento e segurança

10 – Possui plano de desenvolvimento de carreira?

11 – A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional para seus

colaboradores?

12 – A empresa é estável e oferece segurança aos funcionários (estabilidade)?

Integração social na organização

13 – Quais ações voltadas à integração social na organização (preconceito,

democracia social, união e comunicação aberta)?

Constitucionalismo

14 – Os funcionários têm liberdade de expressão?

15 – A empresa respeita a privacidade pessoal e os direitos trabalhistas dos

colaboradores?

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O trabalho e o espaço total de vida

16 – Como é a jornada de trabalho dos motoristas (em horas, dias trabalhados e

dias folgados)?

17 – A empresa possui espaços para recreação e lazer? Caso sim, qual sua

estrutura?

Relevância social do trabalho na vida

18 – A empresa possui ações voltadas à responsabilidade social? Quais?

19 – Quais os objetivos, normas e regulamentos da empresa?

20 – A empresa desenvolve projetos junto à sua comunidade?

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APÊNDICE C – Roteiro da Observação Participante Compensação justa e adequada

Como é vista a política de cargos e salários pelos funcionários?

R: Eles sabem que os salários são os mesmos praticados pelo mercado pelas

empresas concorrentes.

Condições de trabalho

Quais as ações implantadas voltadas à segurança do trabalho?

R: A empresa fornece e torna obrigatório o uso dos EPIs.

Uso e desenvolvimento de capacidades

Os funcionários reclamam da falta de um programa de treinamento?

R: Não, não houve comentários a respeito durante a realização desta pesquisa.

Oportunidade de crescimento e segurança

Existe muita rotatividade de funcionários na empresa?

R: Não, é insignificante este índice.

Integração social na organização

Quais ações voltadas à integração social na organização?

R: Os motoristas estão sempre em viagem, por isso não há ações de integração

pela ausência dos mesmos.

Constitucionalismo

A empresa respeita a privacidade pessoal e os direitos trabalhistas dos

colaboradores?

R: Sim, a empresa respeita e está sempre aberta quando os mesmos solicitam

algum tipo de ajuda.

O trabalho e o espaço total de vida

Como os funcionários reagem pela empresa não oferecer benefícios voltados à

assistência médico-hospitalar?

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R: Reagem de forma negativa, pois seria um grande incentivo para o trabalho e uma

forma de tornar ainda mais valorizado os motoristas.

Como foi percebido o clima entre os funcionários?

R: Gerou alguma desconfiança com relação ao questionário, mas foi bem explicado

sobre a finalidade. O clima melhorou entre os motoristas depois do entendimento da

aplicação do questionário, que a partir desse irão surgir benefícios e melhorias

para a função deles.

Relevância social do trabalho na vida

Quais os itens que os caminhões possuem que buscam proporcionar maior conforto

aos motoristas?

R: Além disso, há uma cama dentro do caminhão, onde a cada parada feita o

motorista pode descansar para obedecer as horas de viagem, auto-regulagem de ar

do assento para a altura correta de direção e ar-condicionado.

Quais os principais comentários dos motoristas no momento da aplicação do

questionário?

R: Se precisava colocar o nome, se confundiram um pouco com relação às carinhas

de respostas e desconfiança quanto à finalidade do questionário.

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APÊNDICE D – Resultados da entrevista com a Gerente de RH

1 - Compensação justa e adequada Respostas do Entrevistado

1 – A empresa possui uma política de cargos e salários? 2 – Os salários são compatíveis com os praticados no mercado? 3 – Caso sim, como ela é planejada? 4 – Que tipos de gratificações a empresa oferece?

1 - A empresa não possui 2 - Sim 3 - Pelo tempo de trabalho de cada funcionário 4- Nenhuma

2 - Condições de trabalho Respostas do Entrevistado

5 – A empresa possui CIPA? 6 – Quais as ações implantadas voltadas à segurança do trabalho? 7 – Quais os EPI’s utilizados pela empresa?

5 – Sim 6 – Nenhuma 7 - Capacete e colete refletivo

3 - Oportunidades de crescimento e segurança

Respostas do Entrevistado

8 – Possui plano de desenvolvimento de carreira? 9 – A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional para seus colaboradores? 10 – A empresa é estável e oferece segurança aos funcionários (estabilidade)?

8 – Não 9 – Não 10 – Sim

4 - Uso e desenvolvimento de capacidades Respostas do Entrevistado

11 – São realizadas avaliações de desempenho? De que forma? 12 – Oferece treinamento? Caso sim, quais, com qual periodicidade e qual o público atingido?

11 - Nos primeiros 90 dias existe uma analise depois as conversas vão acontecendo de forma natural e ate dando um feedback a eles. 12 - Sim. No momento que eles são contratados há um treinamento em que o chefe de oficina sai para uma volta de caminhão junto com o contratado para lhe explicar algumas coisas e também para verificar o estilo do motorista contratado.

5 - Integração social na organização Respostas do Entrevistado

13 – Quais ações voltadas à integração social na organização (preconceito, democracia social, união e comunicação aberta)?

13 – Nenhuma.

6 - Relevância social do trabalho na vida Respostas do Entrevistado

14 – A empresa possui ações voltadas à responsabilidade social? Quais? 15 – Quais os objetivos, normas e regulamentos da empresa? 16 – A empresa desenvolve projetos junto à sua comunidade?

14 - Sim, preza pelos veículos em bom estado, monitoramento do nível de fumaça bem como seu índice de cor. 15 - Toda empresa tem como objetivo o lucro, priorizamos também os beneficiados com isso que são os próprios funcionários, sendo que uma empresa quando esta em crescimento, todos são responsáveis. Regulamento: da CLT Normas: Estar ciente do código brasileiro de transito, e que é proibido dar carona. 16 - Sim, esta sempre participando de festas da comunidade e ajudando sempre que necessário como nas enchentes de 2008, enviando alem de cestas básicas um valor de R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00 conforme os que mais sofreram.

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7 - O trabalho e o espaço total de vida Respostas do Entrevistado

17 – Como é a jornada de trabalho dos motoristas (em horas, dias trabalhados e dias folgados)? 18 – A empresa possui espaços para recreação e lazer? Caso sim, qual sua estrutura?

17 - Depende da exigência do cliente pela mercadoria, mas sempre obedecendo as condições física dos motoristas. A empresa adota o sistema de monitoramento da frota (rastreador), que das 23h ate 5h da manha os caminhões são bloqueados interferindo qualquer movimentação, favorecendo assim ao descanso. 18 - Não possui.

8 - Constitucionalismo Respostas do Entrevistado

19 – Os funcionários têm liberdade de expressão? 20 – A empresa respeita a privacidade pessoal e os direitos trabalhistas dos colaboradores?

19 – Sim, total liberdade para opinarem naquilo que acham que esta ruim, como também para agregar valor em algumas situações. 20 – Sim.

FONTE: Elaborado pelo acadêmico (2010).

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APÊNDICE E – Resultados apêndice A/QVT

1. Compensação justa e adequada

Respostas Q1 Q4 Q5 MEDIANA

Não preencheu 0,00 3,23 6,45 3,23

Muito satisfeito 16,13 35,48 64,52 35,48

Satisfeito 3,23 41,94 19,35 19,35

Nem satis. Nem insat 6,45 19,35 3,23 6,45

Insatisfeito 48,39 0,00 6,45 6,45

Muito insatisfeito 25,81 0,00 0,00 0,00

Totais 100,00 100,00 100,00

2. Condições de trabalho

Respostas Q2 Q3 MEDIANA

Não preencheu 0,00 3,23 1,61

Muito satisfeito 45,16 38,71 41,94

Satisfeito 32,26 38,71 35,48

Nem satis. Nem insat 19,35 16,13 17,74

Insatisfeito 3,23 0,00 1,61

Muito insatisfeito 0,00 3,23 1,61

Totais 100,00 100,00

3. Uso e desenvolvimento de capacidades

Respostas Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q21 MEDIANA

Não preencheu 3,23 0,00 3,23 0,00 3,23 0,00 1,61

Muito satisfeito 22,58 12,90 54,84 48,39 32,26 51,61 40,32

Satisfeito 9,68 25,81 29,03 29,03 41,94 32,26 29,03

Nem satis. Nem insat 25,81 35,48 3,23 9,68 3,23 9,68 9,68

Insatisfeito 35,48 3,23 0,00 0,00 0,00 3,23 1,61

Muito insatisfeito 3,23 22,58 9,68 12,90 19,35 3,23 11,29

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

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4. Oportunidade de crescimento e segurança

Respostas Q11 Q12 Q13 Q14 Q16 Q22 MEDIANA

Não preencheu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Muito satisfeito 48,39 41,94 41,94 41,94 9,68 29,03 41,94

Satisfeito 38,71 35,48 19,35 22,58 12,90 51,61 29,03

Nem satis. Nem insat 3,23 6,45 19,35 9,68 19,35 6,45 8,06

Insatisfeito 3,23 3,23 0,00 3,23 32,26 3,23 3,23

Muito insatisfeito 6,45 12,90 19,35 22,58 25,81 9,68 16,13

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

5. Integração social na organização

Respostas Q15 Q17 Q18 Q19 Q20 MEDIANA

Não preencheu 0,00 3,23 3,23 0,00 0,00 0,00

Muito satisfeito 22,58 45,16 19,35 74,19 25,81 25,81

Satisfeito 38,71 29,03 22,58 9,68 38,71 29,03

Nem satis. Nem insat 12,90 16,13 12,90 9,68 19,35 12,90

Insatisfeito 3,23 6,45 19,35 6,45 0,00 6,45

Muito insatisfeito 22,58 0,00 22,58 0,00 16,13 16,13

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

6. Constitucionalimo

Respostas Q31 Q32 MEDIANA

Não preencheu 0,00 0,00 0,00

Muito satisfeito 54,84 87,10 70,97

Satisfeito 25,81 6,45 16,13

Nem satis. Nem insat 16,13 6,45 11,29

Insatisfeito 0,00 0,00 0,00

Muito insatisfeito 3,23 0,00 1,61

Totais 100,00 100,00

7. Trabalho e o espaço na vida

Respostas Q24 Q25 Q26 MEDIANA

Não preencheu 3,23 0,00 0,00 0,00

Muito satisfeito 16,13 12,90 70,97 16,13

Satisfeito 9,68 51,61 25,81 25,81

Nem satis. Nem insat 3,23 3,23 0,00 3,23

Insatisfeito 38,71 3,23 0,00 3,23

Muito insatisfeito 29,03 29,03 3,23 29,03

Totais 100,00 100,00 100,00

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8. Relevância social do trabalho

Respostas Q23 Q27 Q28 Q29 Q30 MEDIANA

Não preencheu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Muito satisfeito 9,68 32,26 64,52 41,94 9,68 32,26

Satisfeito 9,68 41,94 22,58 48,39 6,45 22,58

Nem satis. Nem insat 0,00 12,90 12,90 6,45 9,68 9,68

Insatisfeito 25,81 9,68 0,00 3,23 38,71 9,68

Muito insatisfeito 54,84 3,23 0,00 0,00 35,48 3,23

Totais 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00