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Saúde Ambiental Universidade de Évora_________________________2001/2002________________________________ Pág. 1/16 Q UALIDADE DO AMBIENTE INTERIOR E S AÚDE Ciências do Ambiente, ramo de Qualidade do Ambiente Rebelo, Ana A. C. A. nº15645 [email protected] Ferreira, Carlos J. nº15193 [email protected] Silva, Hugo P. nº15291 [email protected] Vilhena, Luís P. A. nº14985 [email protected] Estudos feitos recentemente nos Estados Unidos revelam que existem cerca de 71 milhões de pessoas que trabalham em ambientes fechados e cerca de 21 milhões dessas pessoas estão expostos a algum grau de contaminação. É de salientar também que aliado a esse facto existem cerca de 69 mil pessoas a sofrer de cefaleia crónica e aproximadamente 105 mil pessoas com algum tipo de problemas respiratórios causados pela pobre qualidade do ar dentro desses edifícios. O grau de degradação da qualidade do ar no interior dos edifícios está claramente ligado às actividades que nele se efectuam. A partir de 1970, devido ao grande boom de construção que ocorreram, cometeram-se erros que só agora se fazem sentir. Assim, deparamo-nos, hoje em dia, com prédios com problemas a nível de ventilação inadequada, excesso de contaminantes biológicos e químicos, altos teores de humidade, falta de arejamento e de ar puro e proliferação abundante de fungos e bactérias. Perante isto a frase “baixa qualidade do ar interior” é hoje frequentemente usada para descrever as condições do ambiente dentro, não só dos edifícios onde trabalhamos, mas também e cada vez mais, das nossas casas. Aliado a esse empobrecimento do ar surgem imediatamente o incremento dos índices de contaminações, alergias, asma, bronquites, cefaleias, irritação dos olhos, náuseas, vómitos, entre muitos outros sintomas e que se fazem sentir sobretudo em crianças e adultos mais debilitados. Em 1983 a OMS ( Organização Mundial de Saúde) concluiu que os problemas associados à PIEQ ( poor indoor enviromenmental quality) estão não só relacionados com o SBS (sick building sindrome) como também, e cada vez mais, ao natural envelhecimento dos próprios prédios, que atingem, hoje em dia o seu limite de longevidade. Um dos principais factores de dissipação dos contaminantes dentro dos edifícios é, sem sombra de dúvida, o sistema de ventilação destes. Note-se por exemplo os problemas relacionados com a Legionella pneumophila, pós orgânicos, bioaerossois e partículas de CO, que são um claro exemplo da difusão através dos sistemas de ventilação. Fontes e causas do abaixamento da qualidade ambiental Estudos recentes revelam que existe uma vaga de queixas relacionadas com sintomas como irritação das membranas mucosas, dificuldades respiratórias e cefaleias relacionadas com a permanência em locais de trabalho contaminados. Contudo, a tentativa de identificação de possíveis causas é dificultada por essa mesma diversidade de queixas. Apesar disso podemos ainda agrupar as várias fontes de contaminantes em quatro grandes grupos: Químicos Biológicos Físicos Psicossociais Estas várias fontes podem circular no interior dos prédios através de diversas formas:

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Q U A L I D A D E D O A M B I E N T E I N T E R I O R E S A Ú D E

Ciências do Ambiente, ramo de Qualidade do Ambiente Rebelo, Ana A. C. A. nº15645 [email protected] Ferreira, Carlos J. nº15193 [email protected] Silva, Hugo P. nº15291 [email protected] Vilhena, Luís P. A. nº14985 [email protected]

Estudos feitos recentemente nos Estados Unidos revelam que existem cerca de 71 milhões de

pessoas que trabalham em ambientes fechados e cerca de 21 milhões dessas pessoas estão expostos a algum grau de contaminação. É de salientar também que aliado a esse facto existem cerca de 69 mil pessoas a sofrer de cefaleia crónica e aproximadamente 105 mil pessoas com algum tipo de problemas respiratórios causados pela pobre qualidade do ar dentro desses edifícios.

O grau de degradação da qualidade do ar no interior dos edifícios está claramente ligado às actividades que nele se efectuam.

A partir de 1970, devido ao grande boom de construção que ocorreram, cometeram-se erros que só agora se fazem sentir. Assim, deparamo-nos, hoje em dia, com prédios com problemas a nível de ventilação inadequada, excesso de contaminantes biológicos e químicos, altos teores de humidade, falta de arejamento e de ar puro e proliferação abundante de fungos e bactérias.

Perante isto a frase “baixa qualidade do ar interior” é hoje frequentemente usada para descrever as condições do ambiente dentro, não só dos edifícios onde trabalhamos, mas também e cada vez mais, das nossas casas.

Aliado a esse empobrecimento do ar surgem imediatamente o incremento dos índices de contaminações, alergias, asma, bronquites, cefaleias, irritação dos olhos, náuseas, vómitos, entre muitos outros sintomas e que se fazem sentir sobretudo em crianças e adultos mais debilitados.

Em 1983 a OMS ( Organização Mundial de Saúde) concluiu que os problemas associados à PIEQ ( poor indoor enviromenmental quality) estão não só relacionados com o SBS (sick building sindrome) como também, e cada vez mais, ao natural envelhecimento dos próprios prédios, que atingem, hoje em dia o seu limite de longevidade.

Um dos principais factores de dissipação dos contaminantes dentro dos edifícios é, sem sombra de dúvida, o sistema de ventilação destes. Note-se por exemplo os problemas relacionados com a Legionella pneumophila, pós orgânicos, bioaerossois e partículas de CO, que são um claro exemplo da difusão através dos sistemas de ventilação.

Fontes e causas do abaixamento da qualidade ambiental Estudos recentes revelam que existe uma vaga de queixas relacionadas com sintomas como

irritação das membranas mucosas, dificuldades respiratórias e cefaleias relacionadas com a permanência em locais de trabalho contaminados. Contudo, a tentativa de identificação de possíveis causas é dificultada por essa mesma diversidade de queixas.

Apesar disso podemos ainda agrupar as várias fontes de contaminantes em quatro grandes grupos:

Químicos

Biológicos

Físicos

Psicossociais

Estas várias fontes podem circular no interior dos prédios através de

diversas formas:

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Químicas: volatilização química dos materiais de construção e mobiliário; materiais de limpeza e desinfectantes; fumo de tabaco; pesticidas; combustão de produtos oriundos de cozinhados e lareiras; materiais químicos difundidos por máquinas e materiais de escritório.

Físicas: problemas de ventilação; pó; fibras; material particulado.

Biológicas: pólen; fungos; bactérias; vírus; insectos; ácaros. Todos estes poluentes referenciados, e mais concretamente os seus efeitos são influenciados por

factores exógenos como:

Movimento do ar

Ventilação

Temperatura

Humidade Grande parte destas fontes de contaminação são designadas por VOCs (Volatile Organic

Chemicals). Hoje em dia já se demonstrou a existência de 50 a 300 diferentes VOCs. Estes, assumem uma considerável importância em zonas industriais, escritórios, aglomerados populacionais e zonas comerciais.

Analisando agora, um pouco mais em pormenor, as fontes biológicas de contaminação podemos salientar a grande importância que desempenham os reservatórios de água e de nutrientes, uma vez que estes mantendo, em certos casos, elevados níveis de humidade e temperatura, revelam condições óptimas para o desenvolvimento exponencial de certos fungos e bactérias e consequente proliferação de, por exemplo, alergias e problemas respiratórios. Note-se ainda, que os problemas associados aos produtos bioquímicos são cada vez mais relevantes, nas causas das doenças relacionadas com o PIEQ.

Quanto às fontes de contaminação físicas, podemos ainda dizer, a titulo de curiosidade, que um

simples metro cúbico de ar contém milhões de partículas em pequenas concentrações, das quais 99% são imperceptíveis à vista desarmada.

Por fim, a ultima fonte de contaminação revela-se a mais complexa. Assim, os factores psicossociais apesar de cada vez mais relevantes, continuam a ser negligenciados e pouco estudados, pelas entidades competentes. Apesar disso, estes factores são um dos mais importantes, no que diz respeito ao mau estar vivido nos edifícios com SBS.

Qualidade dos ambientes interiores e factores de conforto O conforto sentido quer no ambiente laboral, quer no doméstico, está directamente ligado à

percepção de “saúde” que temos ao permanecer nestes locais. Como já foi dito, o grande boom de construção registado em 1970, veio alterar certas normas de

construção, até aí existentes. Assim, na tentativa de conservação da energia no interior dos edifícios, cometeram-se erros ao

nível da débil ventilação e consequente reciclagem do ar. Os materiais de construção e mobiliário também sofreram uma enorme evolução, sendo estes,

cada vez mais constituídos por químicos que, após degradação ao longo do tempo, deixam no interior dos prédios esses mesmos produtos. Muitos deles são constituídos por VOCs, com todos os problemas que tal facto acarreta. Contudo, no caso dos VOCs é ainda de salientar a relevância da estrutura dos materiais, uma vez que, quanto mais facilmente os VOCs se dissociarem dos materiais, mais perigosos se revelam para o homem. A humidade e a temperatura têm obrigatoriamente de ser levadas em conta, em todos estes casos.

Os factores humanos, como a aplicação de materiais de limpeza, aplicação de pesticidas, libertação de CO, NO2 e SO2, assim como o uso cada vez maior de faxes, fotocopiadoras e impressoras, entre outros, revelaram-se um factor relevante na determinação do conforto e qualidade do ambiente interior. Contudo, o mais relevante factor humano causador de desconforto para milhares de pessoas é, sem

sombra de dúvida, o fumo do tabaco. A manutenção dos sistemas de ventilação é, hoje em dia, caríssima e por isso mesmo esquecida

em muitos casos assim, este factor revela-se bastante importante na sensação de desconforto e mal estar vivido nos prédios.

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Quanto à humidade, podemos referir que valores elevados desta levam ao aparecimento de sintomas como a asma e problemas respiratórios. A ASHRAE ( American Society for Heat-Refrigeration and Air-Condicioning Engineers) e a EPA ( Environmental Protection Agency) recomendam por isso valores de humidade no interior dos edifícios, entre os 45 e os 50%.

O barulho e a vibração não podem ser esquecidos como factores de bem estar e conforto, como o foram durante muito tempo. Note-se por exemplo, que altos níveis de ruído são causadores de fadiga, cefaleia, dificuldades de concentração, desorientação e problemas digestivos. Contudo, hoje em dia, em Portugal, tal como em grande parte do mundo, existem órgãos reguladores e fiscalizadores, destes níveis de ruído e também, cada vez mais existe uma legislação adequada e aplicável.

Outro factor relevante na percepção de conforto é a luminosidade. Assim, hoje em dia, o aproveitamento da luz solar que incide nos prédios é cada vez maior, e estudos relacionados com esta

temática revelam que o desempenho laboral está directamente relacionado com o tipo de luz a que a pessoa está exposta. Também aqui uma exposição a uma luz inadequada leva à fadiga, cefaleia, stress, dor nos olhos (irritação) e mal estar psíquico.

Além de todos estes factores não podemos deixar de referir os relacionados com os odores sentidos no interior dos edifícios, com o stress próprio da actividade nos mesmos e também pela respectiva actividade verificada nos mesmos assim como o tipo de vestuário usado pelos indivíduos nas diversas situações.

Mecanismos biológicos do ambiente interior e doenças relacionadas Estudos recentes revelam que cerca de 20 a 35% do ar respirado em escritórios e habitações

próprias, é de baixa qualidade. A este tipo de empobrecimento estão muitas vezes relacionados mecanismos biológicos.

Devido à complexidade de fontes poluidoras e à dificuldade de definição de causas para tais problemas, a OMS elaborou uma lista sumária, que tenta definir este tipo de síndroma (SBS):

A maioria dos ocupantes do edifício manifestam os sintomas

Os sintomas aparecem mais frequentemente num edifício ou numa parte dele, do que noutros

Existência de seis categorias de sintomas que cobrem a maioria das queixas:

Irritação sensorial

Sintomas neurológicos

Sintomas gerais de saúde

Irritação cutânea

Reacções de hipersensibilidade não específicas

Problemas de odores e de paladar

Os sintomas mais frequentemente expressos são a irritação de membranas mucosas, nariz, olhos e língua

Outros sintomas que tendem a ser menos relevantes

Nenhuma causa singular pode ser identificada Existem também contaminantes aerotransportados, que incluem bioaerossois ou químicos e

partículas respiráveis, com diâmetro inferior a 10 m que penetram nas vias respiratórias. Tal como já foi referido anteriormente, também aqui a inalação deste tipo de contaminantes

resulta em:

Fadiga

Irritação dos olhos

Cefaleia

Lacrimejar

Corrimento nasal

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Podemos ainda salientar que a irritação nas vias respiratórias, bronquial e a asma, aliados à irritação vocal e distorção nas cordas vocais também estão associadas a estes mecanismos biológicos e a doenças com eles relacionados.

Compostos orgânicos voláteis nos interiores e efeitos na saúde Apesar de já se ter falado neste trabalho, em VOCs, é ainda importante referir certos aspectos

relacionados com este tipo de categoria de químicos. Assim, é de referir que a sua caracterização e identificação é hoje possível, muito graças ao

desenvolvimento de técnicas como a cromatografia e a espectroscopia, técnicas estas pouco ou nada

desenvolvidas até à alguns anos atrás. Graças a esse desenvolvimento da ciência podemos, hoje em dia, demonstrar a presença de certos VOCs em materiais e situações do quotidiano

Por fim, é importante salientar, que os efeitos destes VOCs no homem seguem uma curva característica, que se caracteriza por ser mais acentuada no início, atenuando-se com o passar do tempo. De uma forma similar, podemos também referir que os materiais de combustão, também estão directamente ligados às emissões de VOCs para o interior dos edifícios.

Estudo humano de VOCs num espaço fechado Casas com ar que é monitorizado, mostra que o total de TVOC (compostos orgânicos voláteis

totais) é menor que o usual (<< 1mg/m3). Estes níveis obedecem aos valores determinados pelo ASHRAE para ventilação. Caso cumpram, os problemas de saúde diminuem.

Os problemas de qualidade de ar em ambientes fechados surgem quando TVOC se situa entre 0,09

- 13mg/m3. Para concentrações inferiores a 0,2mg/m3 não há efeitos na saúde humana começando a surgir sintomas apenas num intervalo de 0,2 até 3mg/m3. Desconforto e problemas de saúde começam a surgir quando expostos a concentrações superiores a 3mg/m3 .Concentrações de 5mg/m3 tem efeitos objectivos e subjectivos na saúde humana. A exposição a concentrações de TVOC de 8mg/m3 por 50min. causam irritação das membranas mucosas dos olhos e das vias respiratórias superiores.

Estudos feitos mostram efeitos secundários sensoriais e comportamento nervoso alterado para

níveis de baixa qualidade de ar. A cefaleia, comportamento nervoso alterado e síndromas neurológicos são evidentes em concentrações TVOC entre 3mg/m3 e 25mg/m3, depois de algumas horas expostas. Casos de síndroma comportamento nervoso são a fadiga, cefaleia, estar confuso e falta de atenção. Testes performance psicológica indicam que os indivíduos tem dificuldade em aprender novos factos. Os sindromes neurológicos associados a uma baixa qualidade do ar em ambientes fechados é uma situação

complicada, e não ocorre em todos os casos de contaminação de ar num sistema fechado. Mas, em situações controladas, com concentrações abaixo da regulamentação da OSHA (Occupation Safety and Health Administration), um baixo nível de mistura VOC, mais usuais, em ambiente fechado, já levam a causar sintomas de irritação e problemas de deficiência de memória, alerta, entre outros. Há tendência para uma mais forte resposta entre pacientes prioritários do SBS.

Na maioria dos casos os sintomas neurológicos acabam por desaparecer. A identificação de sintomas e saber se estes estão relacionados com problemas de stress do dia-á-

dia ou com problemas de uma má qualidade do ar em interiores é complicado visto que casos como a cefaleia, fadiga, depressão e ansiedade terem múltiplas origens.

Há que aplicar sofisticados testes neuropsicológicos. Exemplos de estudos realizados - fadiga crónica e infecções respiratórias sucessivas estão associadas a contaminações de fungos

em interiores. - Fungos e esporos podem provocar inflamação devido ao composto 1,3-B-glucano das suas

células ou provocar formação de novos VOC.

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Assim, alguns contaminantes atmosféricos podem actuar como stressores crónicos por activação de inflamações e de áreas de stress no cérebro.

- um estudo em adultos não fumadores, com reactividade bronquial não específica, que fossem

expostos a uma mistura de VOCs a zero, a 2,5mg/m3 e 25mg/m3 demonstrou um declínio no volume de expiração forçada num segundo apenas quando exposto a uma concentrações de 25mg/m3 . Este valor é muitas vezes encontrado em interiores.

- um estudo expôs sujeitos a concentrações de VOC de 10mg/m3 , de diferentes compostos

comuns no ar em interiores, controlando a humidade, troca de ar, temperatura da pele, temperatura do ar e duração da exposição. O estudo inclui a medida do inchaço da cavidade nasal, detecção de odores ,

liquido excretado pelas glândulas dos olhos e exanimação de células que estejam inflamadas nessas mesmas glândulas. O estudo demonstrou inflamação nos sujeitos expostos a mais de 60min e que era mais pronunciado nas temperaturas normais em interiores.

Os sujeitos só quando expostos a concentrações de VOC de cerca de 8mg/m3 ,é que se aperceberam da má qualidade do ar, provocada pela irritação das vias respiratórias superiores, ardor dos olhos, secura e comichão.

Quanto maiores forem as concentrações, as respostas adversas também aumentam.

Comportamentos neurológicos e efeitos neurológicos ( ex: confusão ,fadiga) ocorrem em concentrações TVOC de 25mg/m3 em exposições de aproximadamente 3 horas.

Assim, a exposição a VOCs e temperatura de ar, parecem ser variáveis interdependentes contribuindo para a sintomatologia acima descrita. Logo, a redução de temperatura dos interiores, pode reduzir sintomas relacionados com VOCs.

- um estudo usando 21 sujeitos de perfeita saúde e 14 sujeitos, que anteriormente tinham tido

sintomas de SBS, demonstrou que os sujeitos SBS tinham respostas mais fortes quando expostos a níveis baixos de VOCs tais como a redução no funcionamento dos pulmões, tendo ambos os grupos um aumento no número de células inflamadas nas glândulas dos olhos. Na performance psicológica houve perda de aptidão nos indivíduos SBS. Assim, níveis baixos de exposição a VOCs, levam a um maior número de problemas em indivíduos SBS comparativamente aos indivíduos saudáveis.

Tudo isto demonstra que TVOCs tem um papel importante no surgimento de problemas de saúde.

O caso da gasolina Pessoas expostas a vapores de gasolina em zonas de abastecimento estão expostos a VOCs num

ambiente confinado. Em zonas de abastecimento as concentrações TVOCs vão de 50 – 150 mg/m3 implicando assim, uma má qualidade do ar. No interior dos automóveis, nas zonas de abastecimento, as concentrações de tolueno, benzeno, n-butano, n-pentano, são elevadas levando assim a uma péssima qualidade do ar.

Assim, sintomas de SBS parecem ser prováveis de começar em indivíduos susceptíveis, quando a

concentração de TVOCs sobe até 3 mg/m3 em interiores. Quando chega a níveis de 25 mg/m3 surge a cefaleia, fadiga, efeitos psicológicos e comportamentos neurológicos adversos.

Isto tudo leva-nos a esta tabela que relaciona a concentração TVOCs com possíveis sintomas.

TVOC (mg/m3) Efeitos na saúde

0 – 0.3 Ambiente saudável

0.3 – 3 Odores, surgimento de queixas

3 – 10 Desconforto, irritação e inflamação e cefaleia

10 – 25 Sintomas neurológicos

Tabela I – Sinais e sintomas de SBS correlacionados com VOCs

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Análise de emissões de VOC em interiores A monitorização de VOCs em interiores é realizada através de diversas técnicas como é o caso GC-

MS (cromatografia gasosa com espectómetria de massa) que servem para caracterizar os compostos químicos em interiores. As técnicas são utilizadas para identificar químicos potenciais que causam a contaminação do ar e provocam doenças, distinguindo esses compostos de outros que possam existir no ar, mas que não provocam problemas. A monitorização pode também ajudar a determinar a efectividade destas actividades de remediação. Através de análises fica-se a saber que em ambientes fechados, os VOCs são dez vezes superiores que fora deles. O estudo em interiores mostra que a variedade de VOCs vai de 85 a 120 compostos. Nas figuras seguintes são apresentados casos de emissões VOCs e emissões

de formaldeído.

Gráfico I – Análise da emissão de TVOC de uma casa nova.

Gráfico II – concentração de formaldeído em casas recém construídas.

Basicamente, a maioria dos materiais usados em ambientes fechados emitem VOCs. Dentro destes

encontramos a emissão de hidrocarbonetos alifáticos (C9 a C14), aldeídos (C5 – C10), terpenos, toluenos, naftaleno, pentano, pentanal, estireno e muitos outros. Verifica-se que a composição da mistura de VOCs e a taxa de emissão varia com o tempo.

Madeiras, florestas, selvas são fontes continuas de terpenos e aldeídos. Madeira usada para

construções mantém elevadas taxas de emissão de VOCs por duas semanas. O perfil de emissão de TVOC é usada para classificar materiais como emissores de VOCs de

elevada, moderada e baixa emissão: - emissão elevada: TVOC 100 mg/m2/h - emissão moderada: TVOC 10 mg/m2/h - emissão baixa: TVOC 0.01 mg/m2/h

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É de referir que a multiplicidade de factores ambientais como temperatura, humidade, ventilação, trocas de ar, a localização e natureza do material de construção influência a emissão de VOCs, e a concentração de TVOCs de ar transportado no ambiente em interiores.

GC-MS é utilizada para ver se a remoção da fonte química é associada com o desaparecimento de aspectos negativos na saúde.

Um exemplo demonstrativo é, a presença de um solvente diluente de um pesticida que é injectado ao longo de um perímetro da área de uma casa. Ocorrem sintomas de irritação nos ocupantes. Retirando o contaminante do sistema de ventilação há um alívio dos efeitos negativos na saúde.

Carpetes novas As carpetes novas emitem um variedade de compostos químicos donde se salienta o 4-

fenilciclohexeno (4-PC). A análise a carpetes mostra que 4-PC é um contaminante comum em vários ambientes, e que

causa efeitos na saúde quando acabadas de instalar. Quando expostos a ppb (partes por bilião) de 4-PC é responsável por sintomas de cefaleia, letargia, irritação das membranas mucosas e irritação cutânea.

Monitorizando ambientes de escritórios e casas obteve-se valores de 0.3 – 40 ppb de concentração 4-PC. A concentração de 4-PC depois da instalação de novas carpetes pode atingir 30 ppb, sendo que após alguns meses baixa para 1 – 2 ppb. A uma concentração de 5 ppb já pressentimos o cheiro.

Estudos de TVOCs realizados após a instalação de carpetes novas mostram um declínio depois do dia de instalação de 11 mg/m3 até 1 mg/m3 (10 dias depois). Os valores apresentados excedem a concentração conhecida para produzir queixas.

Um estudo num escritório, demonstrou que, 21 de 34 trabalhadores tiveram problemas de saúde,

devido à presença de 4-PC como contaminante aéreo, com concentração 1.9 ppb. Depois de instalar carpetes novas num dado local, mudaram-se para o local trabalhadores que começaram a sentir odores desagradáveis. Algumas semanas depois de ocupação foram registados diversos problemas de saúde.

Sinais e sintomas Número de trabalhadores Percentagem

Cefaleia 14 67

Garganta irritada 11 52

Fadiga e letargia 10 48

Irritação das vias respiratórias superiores

7 48

Náuseas 10 48

Irritação ocular 8 38

Tonturas 6 29

Aperto no peito 6 29

Irritação cutânea 5 24

Distúrbio visual 5 24

Sabor estranho 4 19

Mialgias 4 19

Falta de ar 3 14

Tabela II – Sinais e sintomas em 21 de 34 trabalhadores com 1.9 ppb de 4-PC e outros VOCs no ambiente circundante.

De entre possíveis soluções para um redução dos níveis de concentração 4-PC, destacam-se a

limpeza a vapor das carpetes e melhorar o sistema de ventilação.

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Produtos de limpeza e desinfectantes Muitos destes contribuem para uma má qualidade do ar em ambientes fechados. Estes contém

químicos que provocam irritação dos olhos e irritação respiratória, dermatite e pode levar à asma.

Exemplos de químicos presentes nos produtos de limpeza e em desinfectantes que são agressivos para o homem são o formaldeído, o isopropanol, álcoois, fenoís, detergentes catiónicos e outros mais.

Uma solução para evitar os problemas atrás mencionados é a substituição dos químicos, atrás referidos, por outros menos irritantes.

Fontes de combustão em interiores A fonte principal é o gás natural (50%), fumo de tabaco, aparelhos de combustão interna, lareiras,

fogões. Os poluentes comuns originários da combustão são NO2, SO2, CO2, formaldeídos, VOCs e particulados.

Nível de CO no sangue (%)

Sinais e sintomas

10 – 20 Cefaleia e falta de ar

20 – 30 Cefaleia forte, tonturas, náuseas, vómitos, dificuldade de concentração

30 – 40 Letargia, desmaios, distúrbio visual e auditivo,

tonturas, dor de peito

40 – 50 Ritmo cardíaco acelerado, ataque cardíaco, desmaios

50 – 60 Coma, danos cerebrais, paragem cardíaca

>70 Morte

Tabela 3 – Envenenamento por CO: sinais e sintomas com o aumento do nível de CO no sangue.

Formaldeído É um contaminante comum em espaços fechados e provoca a irritação das vias respiratórias

superiores, olhos e pele. Passou a ser um contaminante tido em conta, e em 1993, a OSHA determinou um limite máximo

de 0.75 ppm (PEL). As principais fontes são carpetes, fábricas, cosméticos, fumo de tabaco (40 ppm) e também

comida. A média no ambiente é de 0.07 ppm, mas em interiores, a concentração vai até 0.5 ppm. É impossível escapar ao formaldeído porque este, até está contido numa simples dieta como é o

caso de alimentos grelhados e fumados, podendo o valor atingir 1000 ppm. Os perigos do formaldeído advém da sua inalação e contacto com a pele. Esta surge por simples

combustão de um composto orgânico como madeira, gás natural, óleo, gasolina e derivados. As colas e adesivos são um outro exemplo. Por causa da sua solubilidade em água, é absorvido nas vias respiratórias superiores, não chegando às inferiores.

Fumo do tabaco no ambiente (ETS) O arder do tabaco em ambientes fechados, introduz poluentes químicos e particulados. É sabido

que a exposição a ETS, contribui para um aumento de mortes originadas por problemas de coração e cancros. Se a evidência epidemiológica é válida, leva a que a ETS seja a responsável de muitas mais mortes. O tabaco é constituído por mais de 4.000 substâncias tóxicas, incluindo carcinogénios. Quando

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expostos a ETS podem levar ao aparecimento de diversos sintomas como a asma que reduz 20% a eficiência respiratória. ETS é irritante para os olhos e uma fonte de formaldeído.

Óxidos de azoto A sua fonte são combustíveis fosseis, processos industriais e veículos monitorizados. O NO2, o mais

comum dos óxidos de azoto tem um odor irritante. A exposição em interiores ocorre quando se tem fumo de tabaco, aquecedores a óleo, fogão de cozinha e gases provenientes do exterior vindos de veículos motorizados. Na cozinha, a concentração de NO2 pode atingir 1ppm ou mais. Os óxidos de azoto são insolúveis na água podendo penetrar nas vias respiratórias inferiores. Atingem principalmente as crianças visto estas se encontrarem em pleno desenvolvimento das vias respiratórias e serem por isso mais sensíveis. Regista-se um acréscimo do n.º de crianças com esses problemas.

Baixos níveis de NO2 causam irritação da garganta, irritação dos olhos e tosse sendo os asmáticos sensíveis a esses baixos valores. Uma suave exposição provoca cefaleia, tosse, fadiga, náusea e tonturas e que pode persistir 2 semanas pós-exposição. Uma forte exposição leva à asfixiação, danos nos pulmões, laringopasma e morte. Os efeitos de irritação não ocorrem até as concentrações atingirem o valor de 13ppm.

Há a associação entre a exposição a NO2 e a susceptibilidade de doenças respiratórias. A exposição limite a NO2 está assim referenciado.

Óxidos de enxofre A principal fonte de SO2 é o queimar de combustíveis contendo enxofre. O SO2 provem assim,

tanto do interior de casas como do exterior provindos dos veículos motorizados. O uso de aquecedores a óleo pode elevar bastante a concentração de SO2 em espaços fechados. Como o SO2 é solúvel na água tende a ser absorvido nas vias respiratórias superiores. Os filtros quando fazemos a expiração nasal absorvem o SO2, afastando assim o SO2 das áreas mais sensíveis dos pulmões. O SO2 é irritante aos olhos e vias respiratórias superiores sendo o seu odor detectável a 0.5ppm. A concentração maior que 6ppm induz sintomas de irritação dos olhos e garganta, tosse, bronquioplasma e sensação de choque. A exposição prolongada produz bronquite crónica, inflamação das vias respiratórias superiores, tosse crónica e aumento da excreção das mucosas. Uma exposição massiva provoca danos nos pulmões. A concentração de SO2 no ar em interiores e fora deles está associado ao decréscimo das funções pulmonares. As pessoas com problemas de saúde, como os asmáticos, tem ainda mais problemas quando estão em ambientes poluídos com baixa humidade. O limite de exposição a SO2 são :

Ozono È um potente químico irritante das vias respiratórias e é o principal oxidante do fumo fotoquímico.

A sua exposição ocorre mais em ambientes urbanos e subúrbios. O O3 é um comum poluidor em ambientes abertos e é consumido na transformação de NO a NO2., o que leva a que em zonas rurais o

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ozono atmosférico seja mais alto que em zonas urbanas. A sua concentração é maior fora que em interiores, mas os níveis em ambientes fechados podem crescer quando as janelas estão abertos. A concentração média em interiores vai de 0 a 0.02ppm, com picos atingindo 0.1 a 0.2ppm. As fotocopiadora e impressoras laser podem provocar picos de concentração de O3 de 0.2ppm em interiores

e zona de respiração com níveis de 0.1ppm. Parte da população E.U.A. vive em áreas de risco visto não estarem dentro dos níveis de qualidade

do ar estando assim milhares de pessoas expostas a esta irritação respiratória. O O3 é formado pela acção de raios UV em óxidos de azoto e de hidrocarbonetos na atmosfera visto a formação de O3 depender da radiação UV implica que a sua formação é maior em dias quentes. Os limites ambientais de exposição são:

Sinais e sintomas de exposição a O3 são a tosse, cefaleia, dificuldade de respiração, dor de peito,

respiração ruidosa, falta de ar, garganta seca, tonturas, insónias, fadiga, sonolência, dificuldade de concentração, irritação dos olhos. Pelos estudos efectuados também se associa elevadas concentrações de O3 à asma.

Amostragem biológica no ambiente

A amostragem de fontes biológicas em ambientes fechados, necessita de uma estratégia relacionada com os efeitos na saúde dos ocupantes e das características do ambiente determinadas por inspecções. A caracterização do crescimento biológico e de bioaerossois, pode incluir analises de alguns ou de todos os seguintes pontos: microscopia ( caracterização de esporos, pólen, e outro tipo de partículas) identificação de espécies de microorganismos unidades de formação de colónias aerotransportadas por metro cubico (CFU/m3) de

microorganismos viáveis. Composição antigénica do pó

1,3--glucano em partículas de pó peptidoglicanos (bactérias Gram +) Análise de ergosterol em esporos Endotoxinas

Micotoxinas 3-hidroxi ácidos gordos / ácidos gordos ligados a ésteres fosfolipídicos

As propriedades físicas e aerodinâmicas dos bioaerossois afectam a sua colheita e teste de

qualidade. As propriedades aerodinâmicas de bioaerossois são determinadas pelo tamanho das partículas, diâmetro, forma e densidade, propriedades hidrofóbicas e hidrofílicas, carga eléctrica e a sua natureza química.

A análise de amostras pode ser efectuada para fungos e bactérias viáveis, fungos e bactérias totais, ou para substâncias químicas de origem bacteriana e fúngica.

Quando se realizam amostragens de contaminantes biológicos em ambientes fechados, efectuar amostragens no exterior, serve como fonte de comparação e pode também revelar uma fonte de contaminação exterior.

A amostragem biológica padrão de microorganismos está dividida da seguinte forma:

1. amostragem representativa 2. análise visual 3. análise de grandes volumes físicos

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4. análise de superfícies 5. amostragem de pó 6. análise de ar

Em alguns casos os meios de recolha danificam as amostras.

Amostras biológicas do ar Existem três formas de recolher fungos e bactérias viáveis do ar deslocado:

1. Filtração – o que permite aos investigadores calcular a concentração de fungos e bactérias viáveis que se deslocam no ar.

2. Por impacto – forçando o ar a chocar em placas de agar, fazendo com que se depositem fungos e bactérias no mesmo. Depois da incubação permite contar o n.º de colónias encontradas. No entanto subestima o nível de células viáveis porque pode ocorrer destruição do material vivo.

3. Aprisionamento líquido – através da injecção de ar que se quer analisar em água, vai fazer com que os microorganismos aerotransportados se dissolvam em água. microorganismos estes que depois são extraídos da água e são incubados em culturas de modo a poder ser efectuado uma contagem das colónias.

No entanto para determinar os fungos e bactérias totais no ar também se podem utilizar técnicas

de microscopia , forçando o ar para um filtro microporoso que depois é observado em microscopia, o que permite a contagem visual de células e esporos viáveis e inviáveis.

O tempo de amostragem é também muito importante a monitorização continua pode ser de grande interesse, mas como nem sempre é possível, exposições de 5min são muito utilizadas.

Amostragem de químicos Como as técnicas de cultura não são seguras para contabilizar correctamente organismos viáveis,

testes para identificar os bioquímicos resultantes de microorganismos estão a ser investigados como meio para caracterizar os biocontaminantes.

A identificação de espécies de fungos, bactérias e esporos é essencial para conhecer os perigos para a saúde.

Meios de Cultura A análise amostras biológicas do ar necessitam de meios de cultura, tais como dextrose da batata

e agáres de proteínas do sangue. Os agáres de dextrose de batata são utilizados para a quantificação de fungos aerotransportados e os agáres de proteína do sangue são usados na quantificação de bactérias que se deslocam no ar.

A selecção do meio de cultura é de extrema importância, porque as condições de crescimento dos microorganismos são muito específicas.

Interpretação de resultados das amostragens microbiológicas Este tipo de resultados podem ser muito difíceis de interpretar. Os métodos analíticos não são

consistentes entre os laboratórios e não existem programas de acreditação para os laboratórios que executam a análise de bioaerossois.

Não existem limites máximos permitidos mas no entanto existem guias e manuais de níveis recomendados para este tipo de organismo.

Em geral a realização de análises para a identificação de agentes biológicos no ambiente, combinam uma série de técnicas que permitam caracterizar a extensão da contaminação, de forma a

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poderem ser tomadas decisões em relação ao que está a causar danos na saúde. Normalmente utiliza-se um procedimento padrão que depois é adaptado a cada caso específico.

Técnicas de controlo biológico - sistemas de isolamento, filtração de alta eficiência de ar particulado, luzes ultravioleta, adsorsão

de carbono, precipitação electrostática e ionização negativa do ar, aquecimento e desidratação. Técnicas futuras – exposição solar passiva, oxidação fotocatalítica, atomização ultra-sónica,

ozonação do ar, laser ultravioleta, aglomerados e sistemas de detecção de vírus.

Ventilação e qualidade do ambiente interior O sistema de ventilação num escritório ou numa casa é frequentemente chamado de sistema

HVAC, “sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado”. As funções principais do HVAC são a manutenção dos níveis de poluentes aéreos no mínimo,

controlar os odores, manter os níveis de O2 e CO2 em concentrações aceitáveis, providenciar humidade, calor e frio e manter um conforto geral.

Apesar dos sistemas de ventilação das casa e dos escritórios partilharem funções em comum, os sistemas em zonas comerciais tem a função adicional de manter um balanço positivo da pressão do ar nas zonas de trabalho. Este processo faz com que o ar circule, evitando a acumulação de substâncias poluentes.

No entanto os sistemas HVAC são muitas vezes citados como os causadores de alterações na qualidade do ar. Logo a compreensão do funcionamento do HVAC é a chave para a avaliação da qualidade de ar em interiores.

Sistemas de HVAC a funcionar inadequadamente permitem a acumulação de contaminantes nos interiores, contribuindo para ar estagnado e “velho”. Pode também em alguns casos introduzir poluente e alergénios do exterior, especialmente se o ar não for filtrado. Podem também acumular pó e detritos e facilitar a acumulação de humidade e permitir o desenvolvimento de microorganismos.

Uma manutenção cuidada do HVAC pode ajudar a prevenir a acumulação de todos os factores acima apontados e da sua circulação nos interiores.

Proporção da ventilação Uma das funções principais da ventilação é a manutenção de uma corrente continua de ar fresco

que forneça conforto, conforme o número de pessoas numa zona em particular do ambiente interior. A concentração de CO2 medida em ppm no ar interior é usado como uma medida geral de

qualidade do ar e da proporção do ar recebido do exterior.

Filtração do Ar

Os sistemas de HVAC com filtro de ar veio permitir uma maior eficácia na prevenção da entrada de contaminantes nos interiores.

À eficiência deste sistema depende do tipo de filtro de ar. Existem filtros de ar próprios para reter pós, esporos, pólens, assim como químicos e odores.

Uma filtração adequada ajuda a manter um ambiente saudável actuando da seguinte forma: Previnem a entrada de pó, partículas em suspensão e alergénios para o interior.

Previne a acumulação de terra e detritos nas unidades de arrefecimento e aquecimento, que poderiam reduzir a sua performance e eficiência

Previne a acumulação de pó e detritos nas condutas nas condutas de ventilação, que podiam servir como fonte de nutrientes para o crescimento de microorganismos.

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Previne a entrada de poluentes corrosivos Previne a entrada de químicos e odores do exterior

Contaminação de microorganismos no HVAC Microorganismos tais como bactérias e fungos são comuns tanto em ambientes exteriores como

em interiores, e a sua presença em níveis baixos, é nos sistemas de ventilação considerado normal. No entanto ocorrem problemas quando estes, aumentam para proporções em que passam para o interior como bioaerossois, tornando-se um problema para a saúde.

A eliminação da contaminação de microorganismos passa pela: remoção do pó e detritos das condutas de ar e dos sistemas de ventilação; correcção da causa de contaminação; por impedir o alastramento dos microorganismos da zona contaminada para outra não contaminada pelo tratamento da área contaminada com químicos biocidas, caso seja necessário.

Normas de funcionamento do ar condicionado, aquecimento e ventilação. Padrões profissionais

A OSHA e os PEL (Permissible Exposure Limit), são baseados em níveis que considerem um

ambiente de trabalho industrial saudável. Referem-se as concentrações de substâncias transportadas pelo ar a que os trabalhadores possam estar diariamente expostos, sem efeitos adversos para a sua saúde. No entanto a OSHA não reconhece que certos trabalhadores possam ser mais ou menos susceptíveis que outros. Contudo, os conceitos da OSHA e os PEL são os únicos que têm força legal. Frequentemente, um ambiente fechado é considerado de boa qualidade com base nestas medidas e no entanto, os seus ocupantes continuam com problemas de saúde.

Em 1995, a OSHA propôs as seguintes medidas para a qualidade do ar interior de locais de trabalho não industrias, mas estas ainda não foram postas em prática:

Manter o nível de CO2 abaixo dos 800 ppm

Manter a humidade relativa abaixo dos 60%

Inspeccionar e manter os sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado de acordo com as normas do edifício em vigor no ano em que o mesmo foi construído

Ventilar as áreas de fumadores

Providenciar ventilação local para fontes de poluentes específicas

Problemas com os sistemas de aquecimento, ventilação e ar

condicionado Os sistemas HVAC são complexos e têm várias partes mecânicas com muitas ramificações e

tubagens. Os problemas com os sistemas HVAC podem-se resumir em:

Mecânicos - Exemplo: problemas com filtros ou fugas nas condutas de ventilação

Funcionais – Exemplo: ar fresco insuficiente ou reentrada de ar, previamente expulso, o que pode causar odores

Contaminação – Exemplo : pó, fungos ou fontes exteriores transportadas para o interior

Este tipo de problemas requer a intervenção de técnicos especializados que podem utilizar marcadores ou fumos não tóxicos para avaliar os problemas com o deslocamento contínuo de ar (um marcador muito utilizado é o “sulfur hexafluoride”). São vários os problemas que podem ocorrer nestes sistemas:

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Entradas de ar exterior: o ar exterior que entra nos sistemas HVAC pode ser ajustado e deverá ser puro e livre de poluentes. Tal situação nem sempre se verifica já que este ar poderá estar contaminado com químicos que irão também contaminar o ambiente interior. Logo, a localização das colunas que captam ar exterior deve ser cuidadosamente escolhida, por exemplo, deve estar afastada de parques de estacionamento, ruas movimentadas ou quaisquer outras fontes de poluição e contaminação.

Condutas de fornecimento e distribuição de ar: as condutas de ventilação transportam ar do exterior para os espaços interiores. Então estas condutas podem ficar contaminadas por pó, humidade ou microorganismos que circulam depois para o ar interior. Os espaços interiores devem ter uma pressão ligeiramente positiva para que o ar saia pelas condutas de ventilação. Estas condutas devem ter pressão negativa relativamente aos espaços ocupados para poderem levar o ar do interior para o exterior. Falhas neste sistema de pressão trazem problemas e podem originar contaminações.

Ventiladores: os ventiladores dos sistemas HVAC criam pressões que fazem o ar deslocar-se pelas condutas de ventilação. Estes ventiladores podem deslocar grandes quantidades de ar mas, se tiverem avarias todo o sistema de ventilação fica afectado. Podem também sofrer contaminação biológica ou acumular pó.

Unidades de ventilação: estas, devem ser inspeccionadas para garantir que estão limpas, sem

pó, humidade ou detritos. Se tiverem problemas, pode ocorrer formação de vapor que é um meio ideal para o crescimento de vários microorganismos. Vários problemas com alergéneos que se desenvolvem nestas áreas, em condições de humidade podem ser evitados se os filtros, as colunas de arrefecimento e os filtros de humidade, forem periodicamente inspeccionados.

Filtros de ar: devem ser inspeccionados e substituídos segundo as recomendações do fabricante. Se não estiverem em boas condições permitem que o ar contaminado passe para o interior dos edifícios.

Colunas de arrefecimento e desumidificação: o ar passa por estes sistemas e, caso a temperatura esteja abaixo do ideal o ar condensa. Se a água não for adequadamente drenada e esta sistema não estiver devidamente limpo poderão ocorrer contaminações com pó, detritos, fungos ou outros microorganismos.

Sistemas de aquecimento: estes dependem da combustão. Os produtos desta combustão devem ser ventilados para o exterior, caso contrário podem entrar monóxido de carbono para

o interior.

Sistemas de refrigeração: como são sistemas em que existe humidade, devem ser frequentemente analisados para assim se detectar qualquer eventual foco de contaminação.

Saídas de ar: geralmente, nos edifícios existem grelhas no tecto ou no chão, que permitem que o ar passe para as colunas de ventilação. Também devem ser inspeccionadas e limpas regularmente.

Sistemas para saídas de ar: locais com possíveis fontes de contaminação devem ter estes sistemas, que puxam o ar interior para o exterior. Estes locais podem ser, por exemplo, cozinhas ou salas com máquinas.

Mistura e recirculação de ar: estes sistemas fazem uma reciclagem do ar interior. Devem funcionar permanentemente, o que nem sempre se verifica, geralmente são postos em funcionamento apenas durante o horário laboral, o que permite que, por exemplo, nos fins de semana muitos poluentes se acumulem no interior.

Torres de arrefecimento: são sistemas usados em edifício comerciais que geram ar frio. É usada água quente nestes sistemas que favorece o crescimento de microorganismos como por exemplo a Legionella pneumophila causadora da “doença do legionário”. Tais sistemas devem ser frequentemente limpos e desinfectados por especialistas.

Economizadores: são aparelhos que permitem poupar energia e que permitem controlar a temperatura do ar que entra no edifício. Devem ser testados e revistos pois, se tiverem falhas podem fazer com que não circule ar fresco e puro.

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Avaliação de ambientes fechados e problemas de saúde com eles

relacionados A maior parte dos locais de trabalho não têm um documento que implemente regras para a

qualidade do ambiente ou para a prevenção de possíveis problemas dessa qualidade. Quando as queixas e doenças dos trabalhadores começam podem então surgir problemas: as

queixas podem não ser tidas em conta e as doenças podem ser mal diagnosticadas. Devem ser feitas investigações para garantir informação acerca do edifício e possíveis problemas

de contaminação, relacionando-os com possíveis doenças. O problema deve ser resolvido seguindo por exemplo uma lista para avaliação da qualidade do ar interior.

Inspecção do edifício Uma medida de prevenção pode ser a inspecção regular do edifício. Mas tal medida é muito rara

pois a maior parte dos gestores de edifícios não estão alertados para esta problemática e, na maioria dos casos, poucos trabalhadores com doenças se queixam e os relacionam com a fraca qualidade do ar interior.

A inspecção do edifício envolve a recolha de informações acerca do local e características do edifício bem como a realização de questionários aos trabalhadores que manifestem sintomas relacionados com SBS.

Estratégia e tácticas Para assegurar um ambiente de trabalho de boa qualidade certos aspectos devem ser tidos em

conta, de referir:

CO2 (< 800 ppm)

Humidade relativa: - Inverno 30 a 50 % - Verão 40 a 60 % - Condutas < 70%

Temperatura ambiente do ar ( cumprindo as medidas estipuladas pela ASHRAE)

Manutenção e funcionamento dos HVAC ( cumprindo as medidas estipuladas pela ASHRAE)

TVOCs

Químicos específicos voláteis

Produtos da combustão, como CO, NO2, SO2 e ozono

Produtos derivados de químicos, bioaerossois e fontes biológicas

Nível de iluminação

Deslocação de ar: difusores, grelhas e locais de expulsão de ar

Deslocação de ar entre espaços

Temperaturas verticais de ar

Filtração do ar

Barulho e vibrações

Presença de radão no interior dos edifícios O radão aparece naturalmente na atmosfera. Se um edifício for bem arejado, a concentração de

radão diminui consideravelmente mas geralmente tal não se verifica. Uma exposição prolongada a este composto bem como ao fumo do tabaco aumenta consideravelmente o risco de cancro.

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Aspectos psicológicos da qualidade do ar interior A presença de doenças no local de trabalho gera ansiedade, baixa produtividade, desmotivação e

stress. Quando se procede a uma investigação dos problemas de qualidade de um ambiente, os

seguintes aspectos psicossociais devem ser avaliados:

O próprio ambiente

Aborrecimento

Relações de trabalho entre empregados e superiores

Falta de comunicação e apoio social no trabalho

Relações adversas entre empregados e superiores no que diz respeito à qualidade do

ambiente

Stress A fraca qualidade do ambiente de trabalho pode originar stress crónico. O stress tem efeitos no

sistema imunitário humano, por exemplo, ansiedade, mudanças de humor e outros sintomas psicológicos são associados a alterações deste sistema. Quando se suspeita de uma doença num ambiente de trabalho e não se tem controlo sobre a mesma tal, gera níveis de stress ainda superiores.

Doenças de carácter psicológico Podem ocorrer situações que sugerem que uma doença tem origem psicológica em oposição à

doença por contaminação do ambiente de trabalho. Geralmente, as organizações em que os trabalhadores estão mais predispostos a sofrerem de uma doença psicológica são rígidas e autoritárias com rara comunicação entre trabalhadores e superiores. Factores que geram ansiedade e stress podem ser por exemplo, o aparecimento de um odor ou de uma doença no trabalho.