Recife | Junho de 2010

Espiritismo

Quando a morte surge, levando

alguém que amamos para um

lugar desconhecido, onde nem

a ciência e nem a religião

conseguiram comprovar suas

teses, só restam a saudade e as

dúvidas. Nesse momento, o

Espiritismo passa a fazer parte

do cotidiano dos que creem, dos

que acreditam no contato entre

os dois mundos: o dos vivos e o

dos mortos.

Quando dois mundos

se tornam um só

2 | Recife, junho de 2010 O BERRO

E X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T E

Coordenador do Cursode JornalismoAlexandre Figueirôa

Professora OrientadoraFabíola Mendonça

SubeditoresAnamaria Melo

Raphael Guerra

RepórteresAlissa Ferreira

Anamaria Melo

Andreane Carvalho

Daniel Leal

Fernando Barros

Gabriella Santos

Gessy Bruna

Gina Guinet

Irce Falcão

Laís Ferreira

Marcela Alves

Mariana Lins

O BERRO é uma publicação da

Disciplina Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo

da Universidade Católica de Pernambuco.

Rua do Príncipe, 526 - Boa Vista - Recife-PE

CEP 50.050-900 - CNPJ 10.847.721/0001-95

Fone: (81) 2119.4000 - Fax: (81) 2119.4222

Site: [www.unicap.br]

No século 19, foram encontrados vários relatos sobre pessoas quedavam receitas médicas para quem estava doente, sem ter nenhumconhecimento específico de medicina. Esses indivíduos eram

conhecidos como médiuns curadores, porém tinham um papel diferente dos,já conhecidos, curandeiros. Eles alegavam ter a ajuda de entidades espirituaispoderosas que intervinham no mundo material e que não se encaixavam emnenhuma religião já conhecida e praticada. Eram os primeiros passos dados deuma nova crença, que não demorou muito para se espalhar por todo o mundo.

Brasil católico acolhe uma nova e forte doutrinaHISTÓRIA // O espiritismo de Allan Kardec surge no início do século 19

ALISSA FERREIRA

O contato com pessoas mortas realmente existe?A reencarnação é possível? Esses e outros dilemasque mexem com a mente humana são esclarecidose confirmados na teoria dos espíritas. Mas asdúvidas ainda são muitas. Nem todos têmconhecimento sobre a religião e muitos a olhamcom algum preconceito, associando até mesmo aseitas do mal.

O estudante universitário Kleiton Souza, 23 anos,é cristão há mais de dez anos. Evangélicoprotestante, ele vai à igreja nos finais de semana eparticipa do coral e grupo de orações, deixando delado o lazer tão clamado pelas pessoas de suaidade.Na opinião dele, o espiritismo é uma falsareligião, baseada apenas em uma curiosidade entre

Visões sobre a pregação do espiritismoRAPHAEL GUERRA

seus membros."O povo pensa em coisas sobre-naturais, mágicas, desejando o contato com pessoasfalecidas."

Seguidor da palavra bíblica, ele diz que a doutrinaespírita é contrária à pregação da palavra de Deus."Eles não aceitam a Bíblia como autoridade únicada fé e se baseiam em supostas revelações dosespíritos através de um médium", ressalta. Apesardisso, enxerga um ponto positivo na religião: asolidariedade.

Esse ponto é compartilhado pela estudanteRaíssa do Nascimento, 20. Até a adolescência, seguiuos princípios espíritas. Porém, aos 13 anos, mudoupara o catolicismo tradicional, a pedido da mãe,também convertida.Todo domingo, vai à igreja e

participa do grupo de orações. A estudante dizrespeitar a doutrina do espiritismo, apesar de nãoacreditar nos princípios relacionados à re-encarnação. Já para o fotógrafo Bernardo Dantas,21, ateu, as pessoas que seguem o espiritismo nãosabem lidar com a morte.

EspíritasSegundo fiéis do espiritismo, a religião prega a

existência de Deus e os princípios escritos noEvangelho. Para eles, Jesus é um modelo de homema ser seguido.

No entanto, a Bíblia não é considerada um livrosagrado, mas uma obra que deve ser analisada apartir do olhar da razão. A religião também nãocondena nenhuma prática ou crença.

Marta Souza

Mateus Monteiro

Nara Tavares

Natália Menezes

Raphael Guerra

Thiago Andrade

DiagramaçãoCarla Teixeira

ImpressãoFASA

Divulgado em praticamente toda a Europa nesse século, o Espiritismochegou ao Brasil em 1865. Atualmente, o país é o que reúne o maior númerode espíritas, possuindo 2,3 milhões de seguidores de acordo com o Censo2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),sendo considerado o terceiro maior grupo religioso.

No Brasil, a Igreja Católica é dominante, por mais que novas religiões ecrenças surjam. O espiritismo sofreu grande oposição no início por causa docontexto histórico predominantemente católico. Nos códigos de lei, a novaprática era, muitas vezes, considerada uma insanidade mental e, por isso, erabastante criticada e sofria muitas represálias. Mas essa forte oposição foicombatida com o surgimento da Federação Espírita Brasileira (FEB), que tratavade sistematizar as práticas e doutrinas trabalhadas pela nova religião.

Pacto áureoDe acordo com a Federação Espírita Brasileira (FEB), fundada em 2 de

janeiro de 1884, no Rio de Janeiro, o Brasil contém, aproximadamente, 10 milinstituições espíritas espalhadas por todas as regiões. A Federação EspíritaBrasileira é uma sociedade civil, religiosa e cultural que estuda a prática e adifusão do espiritismo em todas as suas vertentes, baseados no Evangelho deJesus e nas obras da codificação do precursor da religião no mundo, AllanKardec.

Além de ser detentora de estudos sobre o espiritismo, a FEB foi responsávelpelo Pacto Áureo, visando a unificar o movimento. O pacto foi assinado nasede da FEB, no Rio de Janeiro, no ano de 1949, e representou a base para ummelhor entendimento espírita, possibilitando uma nova fase de disseminaçãoda doutrina espírita, ajudando na convivência, sem prejudicar a liberdade decada uma.

CRENÇA Fiéis

dizem ter contato

com vários mortos

Recife, junho de 2010 | 3O BERRO

Pedro Leopoldo, MinasGerais. Em 1910, a pequenacidade da Região Metro-politana de Belo Horizonte,recebia seu mais célebreconterrâneo. Filho de MariaJoão de Deus e de João Cân-dido, Francisco Cândido Xa-vier, ou apenas Chico Xavier,nasceu na manhã de um sába-do, 2 de abril, do ano quetambém deu ao mundo amissionária albanesa MadreTereza de Calcutá.

Educado na fé católica, osprimeiros sinais de mediu-nidade do mineiro se teriammanifestado quando ele tinha4 anos. "Quem vai acreditarem mim? Com quem conver-so sobre o que vejo?" Per-guntas como essas tomavamo pensamento do garoto. Omenino era diferente dasoutras crianças, dizia tervisões. Aos 5 anos, conver-sava com a mãe, já morta."Relatos de sua infância dão

conta de que o pai ficavamuito assustado com o que elefalava, pensando que omenino estivesse louco", dissea professora e estudiosa daliteratura espírita, Sibele Porto.

Quando completou 7 a-nos, começou a trabalhar.Concluiu o curso primário enão voltou à escola. Passou adedicar-se apenas aos es-píritos. "Hoje, ele é a figuramais relevante do espiritismo

A literatura espírita abran-ge uma série de livros cujoobjetivo é a divulgação dasideias da doutrina. Em suagrande maioria, essas obrassão psicografadas, escritas porum espírito através da atua-ção direta em um médium, oupodem ser feitas pela intui-ção, quando os espíritosintuem o autor dos livrosatravés do pensamento. NoBrasil, existem mais de 120editoras especializadas, o quemovimenta um mercado cul-tural considerável. Com basenos cálculos da Associação deEditoras, Distribuidoras eDivulgadores do Livro Espí-rita (Adeler), 10 milhões delivros espíritas foram ven-

Centenário é comemorado este ano

Livros psicografadosinvadem o mercadoliterário nacional

CHICO XAVIER // 100 anos de nascimento do mineiro que mudou a face da doutrina espírita foi celebrado em abril

ANAMARIA NASCIMENTO

MARTA SOUZA

no Brasil. Sua importância sedeve ao extraordinário traba-lho de psicografia, que mudoua face da doutrina no país",afirmou Sibele.

A doutrina espírita des-lanchou no Brasil pelas mãosdo médium que se tornoucelebridade nacional. Para osmilhares de brasileiros queacorreram a ele, Chico Xavierera quase um santo. "Sua gran-de contribuição foi mostrar o

lado da caridade que pontua OLivro dos Espíritos, de AllanKardec", disse o historiadorReginaldo Barbalho.

Um dos trabalhos maisfamosos do mineiro, de re-percussão em todo o mundo,foi um caso que aconteceu nacidade de Goiânia, no Estadode Goiás, em 1979. JoséDivino era acusado de mataro amigo, Maurício Henri-ques, e foi inocentado pelo juiz,

que aceitou como prova válidaum depoimento da própriavítima, já falecida, por meio detexto psicografado por ChicoXavier. O espírito de Maurícioteria inocentado o amigodizendo que tudo não teriapassado de um acidente.

O médium é lembradoprincipalmente por suas obrasassistenciais em Uberaba, cidadeonde faleceu em junho de2002. "Ele talvez tenha sido umdos brasileiros mais generososque já existiram. Era iluminadopor Deus e veio à Terra paracumprir uma missão decaridade", disse Pai Ralf,presidente do Centro CabocloPena Branca.

"Ele não morreu. Acreditoque a morte seja o renas-cimento, pois essa vida mate-rial é parte da verdadeira vida,a espiritual", finalizou o presi-dente da Federação EspíritaPernambucana, WaldeckAtademo.

didos em 2009. "A esma-gadora maioria deles é psi-cografada", afirma o presi-dente da entidade, Ary Dou-rado.

Para o presidente da Fede-ração Espírita de Pernam-buco, Wandeck Atademo, osucesso crescente na venda delivros espíritas se deve não sóao fato de se buscar conhe-cimento, mas também à cu-riosidade.” Aos 9 anos, en-quanto se preparava para aPrimeira Comunhão, ninguémda igreja conseguia responderaos questionamentos dapedagoga e espírita Roseli deFátima Alves, 51 anos. "Eusempre perguntava o queacontecia depois que a gente

O brasileiro Chico Xavier,que psicografou 436 livros,vendeu mais de 20 milhões deexemplares, e Divaldo Franco,que publicou 240 livros,totalizando 5 milhões ven-didos, são os médiuns es-critores mais conhecidos. Alémde Zíbia Gasparetto, que

LITERATURA Livros de Allan Kardec ainda são os mais vendidos nas livrarias de todo o Brasil

PSICOGRAFIA Obra

mediúnica era

orientada por guias

morria e nenhuma dasrespostas me satisfazia. Aosaber do meu interesse sobreesse assunto, um vizinho meapresentou alguns livros es-píritas. Então não parei mais,porque finalmente as minhasdúvidas foram esclarecidas",declara a pedagoga.

vendeu 25 milhões dos livrospsicografados por ela. As cincoobras fundamentais sobre oespiritismo foram escritas porKardec: O Livro dos Espíritos, O

Livro dos Médiuns e O Evangelho

Segundo o Espiritismo. No Brasil,foram vendidos mais de 15milhões de exemplares.

4 | Recife, junho de 2010 O BERRO

Pessoas sentadas em voltade uma mesa. O silêncio reinae a concentração é profunda.Cada um coloca o dedo emcima do copo e então fazema desejada pergunta. O re-cipiente começa se movi-mentar-se sozinho, deslizandopara as letras que formarão aresposta.

Existem vários tipos des-sas brincadeiras. As maisconhecidas são a do copo e ado compasso, que tem oobjetivo de se comunicar comespíritos. Verdade ou mentira?Especialistas dizem que não hánada de verdade nisso. Podeaté ser perigoso tentar co-municar-se sem ter nenhumtipo de conhecimento noassunto. "Alguma forma deinteligência exterior provocaesse fenômeno. Mas, para talcomunicação acontecer, é

preciso que se tenha ummédium presente. Nuncasabemos o que está do outrolado. É preciso ir a lugaresespecializados para lidar comisso", explica António LuísSilva, que estuda o espi-ritismo há sete anos.

Há muita polêmica emtorno do assunto. Mas se abrincadeira não tem nada deverdade, porque, então, seriaperigoso brincar? "As sessõesmediúnicas no espiritismo têmum objetivo nobre, não seresumem a colocar questõesfrívolas, sem métodos decontrole e aferição das res-postas. E, além disso, existemespíritos ainda pouco evo-luídos, muitas vezes estãoinclinados ao mal, ou sim-plesmente querem fazer brin-cadeiras de mau gosto", dizAntónio Luís.

Relatos sobrenaturais existem desde a Antiguidade. NaBíblia, há uma narração muito usada pela comunidade espíritapara sustentar a ideologia religiosa do espiritismo. A história sepassa na época em que Saul era rei de Israel. Muito preocupadocom a guerra, o rei visita uma médium para obter respostas deSamuel, um profeta já morto.

O empresário Cícero Lange, 60, ex-presidente de umcentro espírita, já vivenciou vários momentos sem expli-cações lógicas e de conotação espiritual. Ele foi espírita du-rante 24 anos, porém, hoje, é evangélico. Uma de suasmaiores experiências aconteceu em 1976. Numa noiterotineira de trabalho, ele tinha que transportar uma cargade material de construção do Recife para Garanhuns. Já naestrada, bastante cansado, ele adormeceu. Foi quando Cícerosentiu uma mão a lhe tocar no seu ombro direito. Ao abriros olhos para saber o que estava acontecendo, o empresárioviu, sentado no banco do passageiro, um senhor de cabelosgrisalhos e com barba. Reconhecendo o interior de seucaminhão, ele rapidamente voltou os olhos para a estrada.Quando tornou a olhar para o lado direito, não havia maisnada lá.

"Acredito que estou vivo hoje porque Deus assim quis, seique isso que me aconteceu foi real, não foi um sonho ou umailusão. Deus usou uma estratégia diferenciada para salvar a minhavida, pois, sabendo que eu era espírita, utilizou-se de uma imagempara me fazer acordar". Segundo o empresário, foi a sua maiorexperiência.

“Eu vejo espíritos”

Mito com fundode verdade

Algumas pessoas acre-ditam que essa brincadeira é,simplesmente, um fenômenoparanormal. As respostas queo copo dá seriam explicadaspela telepatia ou clarividência.Já outras acreditam que atransferência de energia dosjogadores faz o copo mover-se, especialmente em umasuperfície lisa.

A brincadeira pode teralguma semelhança com umasessão espírita, mas a verdade

JOGOS ESPÍRITAS // Cada vez mais os jovens ficam curiosos pelo assunto

GINA GUINET

Cuidado com falsas sessõesANDREANE CARVALHO

No mundo mediúnico,existem pessoas que possuemprodigiosa aptidão para man-ter contato com quem está dooutro lado. Mas aqueles quenão admitem a realidade dasmanifestações físicas atri-buem, geralmente, à farsa osefeitos produzidos. Essadesconfiança, por sua vez,além de estar diretamenteatrelada à falta de crença,também se sustenta na exis-tência de charlatões.

Quem não se lembra dofamoso médium pernam-bucano Edson Queiroz, co-nhecido pelas cirurgias atri-buídas ao espírito de Dr. Fritz?Queiroz, médico gine-cologista, sofreu vários pro-cessos de acusação por char-latanismo e lesão corporal. Deacordo com o médium ChicoOliveira, da Casas dosMédiuns de Pernambuco, épreciso ter muito cuidado

com esse tipo de prática. Hoje,apenas um centro espírita,localizado no Rio de Janeiro,possui credibilidade suficientepara fazer cirurgias espirituais."Isso é bastante sério. Não équalquer pessoa que faz.Existe todo um trabalhoespiritual", diz. Oliveiraalerta que existem objetos e

atitudes que podem ajudar adescobrir sessões farsantes."Velas, flores, cigarro, nadadisso se usa. Esse negócio dematar galinha para fazeroferenda é balela. Não salvaninguém", explica.

O que sempre levou osbrasileiros, mesmo os que nãosão espíritas, à procura de umcontato com um ente queridoé o consolo. Cartas psico-grafadas, por exemplo, têmem comum mensagens deamparo à família, amor eperdão. É esse sentimento deesperança que acaba tor-nando-se alvo dos farsantes.

A funcionária pública, AnaAlbuquerque, 42, procurouum centro espírita quando erajovem. Antes do fim da sessão,ela percebeu que se tratava deuma farsa. "Eu era adolescentee fui com uma amiga ao centroespírita. Dois homens e umamulher começaram a dançarde forma esquisita e a dizer queestavam 'baixando o espírito'.Não acreditei. Nunca maisvoltei lá e, se tivesse algumdisque-denúncia, faria umaqueixa."

é que nada tem a ver com oespiritismo. Em uma sessãoreal, tudo começa com umaprece para pedir proteção aosespíritos e, em seguida, é feitauma leitura de trechos dabíblia ou de livros espíritas.Após o término, é feita outraprece para agradecer. Dessasreuniões, faz parte um dou-trinador, que orienta a sessão,e um médium, que faz acomunicação mediúnica e dápasses para fieis, que também

podem participar como teles-pectadores.

Mas nada é certo quandose trata desse mundo. Nemem todas as sessões os mé-médiuns recebem os espíritos."Nem sempre o espírito temvontade de se comunicar. Àsvezes, ele não se materializa,porque está cansado da con-versa sobre aquele tema espe-cífico", comenta WaldeckAtademo, presidente da Fede-ração Espírita de Pernambuco.

LÚDICO Bricadeira do copo

é uma das mais comuns

GESSY BRUNA

Pernambucanoficou famoso

pelas cirurgias“espíritas”

Recife, junho de 2010 | 5O BERRO

“O processo básico geralmenteconta com desobsessão, passes

e a leitura do EvangelhoEspírita”, conta Ednar Santos

"Em um nível mais pro-fundo da realidade, todas asmentes estão conectadas." Écom o paradigma kantianoque Roberto Dantas, diretordo Instituto Pernambucanode Pesquisas Psicobiofísicas(IPPP), justifica o papel daciência parapsicológica nainvestigação de fenômenosparanormais. Alguns dosprincipais casos investigadospela Parapsicologia são atelepatia (transmissão deconteúdo mente a mente), aclarividência (percepção visu-al de objetos), a precognição(conhecimento antecipado defatos imprevisíveis). Boa partedesses eventos é consideradafenômeno de origem me-diúnica, de acordo com aperspectiva da doutrinaespírita.

Desde o surgimento, oespiritismo procura firmar-secomo uma doutrina que nãodespreza as inferências ci-entíficas. Para muitos espí-ritas, mais do que uma reli-

A sociedade vem procu-rando soluções para convivercom problemas e até resolvê-los através da fé. Conflitos dediversas origens e tambémdoenças aparentemente incu-ráveis são algumas das razõespara pessoas de várias reli-giões procurarem a cura ou aredução dos problemas peladoutrina espírita.

O tratamento espiritual -conjunto de ações terapêu-ticas de fundamentação re-ligiosa - é praticado em cen-tros espíritas auxiliando nocombate a doenças do corpoou da mente."O processo bási-co, geralmente, conta com de-sobsessão, passes e a leitura doEvangelho Espírita", conta avice-presidente da FederaçãoEspírita Pernambucana,Ednar Santos, explicandoainda que o paciente é sub-

Para muitos, religião é algo que não se discute. Mesmoassim, é difícil não existirem questionamentos acerca dasconvicções de algumas crenças. A doutrina espírita, por exemplo,sempre foi alvo da ciência. Para alguns cientistas, a mediunidadeé uma doença. Já os espíritas acreditam que ela é um dom.Mas quais são os fundamentos que levam esses cientistas eespíritas a exporem tais pontos de vista?

Os cientistas analisam fenômenos e estudam princípios deLeis Gerais para explicar os fatos. Esse método é visto pormuitos espíritas como defeituoso. "Esse estudo é uma indução.E se eles deduzem, não há sentido em se acreditar nos princípiosdeles", contesta o espírita José Benito.

Entretanto, cientistas afirmam que o método se origina deum princípio lógico no qual se deve partir de análises departicularidades para se obter uma conclusão. "A mediunidadejá foi muito estudada e podemos dizer que é fruto da imaginaçãohumana.", rebate o biomédico Silvio Mário.

Mesmo assim, a médium Sara Gonzalez, 24, não seconforma. "Frequento um centro espírita, no qual um dia fuipalestrante. Em meio ao discurso, incorporei a filha de umasenhora que visitava o lugar. Tinha falado situações que só elasduas sabiam e conviveram", relata a médium.

Segundo a psiquiatra Márcia Lins, muitas situações comoessas são diagnosticadas como Síndrome da PersonalidadeMúltipla."Trata-se da existência de duas ou mais personalidadesdistintas dentro de um indivíduo", destaca. Para os médiuns,essa "doença" não explica como informações desconhecidassão adquiridas quando uma pessoa está em transe.

A polêmica entre ciência e espiritismo está longe de acabar.As teses espíritas são cada vez mais relutantes e as opiniões daciência também estão sempre em evidência. Saber quem temrazão talvez seja uma questão longe de ser respondida.

Paranormais e médiuns

Cura através da almaFÉ // Pessoas procuram ajuda no espiritismo para tratar doenças

metido a uma avaliação ini-cial para ter a indicação dotratamento específico.

E foi em busca de umasolução espiritual que omotorista José Teixeira pro-curou ajuda no Centro Es-

pírita Auta de Souza, no bairrodo Ipsep, na zona sul doRecife. O objetivo é con-quistar a paz pessoal parasanar problemas de saúde. Otratamento proposto a Teixei-ra consiste em mudar algumasatividades habituais dele,como excluir a cervejinha dos

fins de semana."A bebida é uma porta

aberta para os espíritos do malse aproveitarem de toda a nossafraqueza. Sem a cerveja, ocigarro e coisas maléficas,livramo-nos de sentimentos

pequenos, como o ciúme e ainveja", explicou o motorista.

Para estar apto a receber acura, é preciso ter princi-palmente a fé presente naspessoas. "Ela deve estar sem-pre presente, pois precisamosacreditar no que buscamos",adianta Ednar Santos.

NARA TAVARES E IRCE FALCÃO

MARIANA LINS

gião, o kardecismo é umaciência de observação cri-teriosa, cujos preceitos bus-cam levar à comunicaçãodireta com Deus. Durantevárias décadas, Allan Kardec,precursor da doutrina, pro-curou investigar fenômenossupostamente mediúnicos, demodo a distinguir eventosprováveis daqueles oriundosda imaginação ou do charla-tanismo.

Kardec profere, nofamoso Livro dos Médiuns, quetodo ser humano é dotado deuma capacidade mediúnica. Adiferença está na intensidadeem que ela se manifesta naspessoas. "A mediunidade éverdadeiramente um dom,algumas pessoas têm grandesensibilidade, mas acabam semdesenvolver o ser es-piritualpor puro medo", comenta aestudiosa do Es-piritismo,Maria Helena Mo-raes. Eladiz acreditar que não existerelação entre fenô-menosmediúnicos e paranormais.

Parapsicólogo há mais deduas décadas, Roberto Dantasnão hesita em afirmar quemuitos dos eventos atribuídosà mediunidade têm origem namente, mas deixa claro oposicionamento da ciência emrelação à fé. "Ela não nega aexistência dos espíritos, apenasnão os tem como objeto deestudo", reitera. Segundo ele,os fenômenos paranormaissão produzidos pelo psiquismoinconsciente do Agente Psi -na Parapsicologia, a pessoaque causa o evento, noespiritismo, o médium.

A habilidade mediúnica deChico Xavier representa, paraa maioria dos estudiosos daParapsicologia, é um típicocaso paranormal. "ChicoXavier era um telepata queexpressava grande parte desuas mensagens por meio dapsicografia, sendo esta umadas formas possíveis de seexteriorizar um fenômenotelepático", afirma o psi-cólogo Roberto Dantas.

Mediunidade:doença ou dom?NATÁLIA MENEZES

DÚVIDAMedicamentos

ou teorias

espíritas?

6 | Recife, junho de 2010 O BERRO

Na Igreja Católica, o padre é o responsável por oficializara união de um casal. Na religião protestante, cabe ao pastor.No entanto, na doutrina espírita, o casamento não depende daautorização de um presidente de um centro ou palestrante,mas de um consentimento que vem de Deus. Isso não querdizer que o espírita não possa realizar uma cerimônia religiosa.Ela pode ser feita apenas por um amigo, que faz uma precepara o casal.

Foi o caso do administrador Paulo Barbosa, de 46 anos, eda dona de casa Maria da Glória Matos, 38. Eles seconheceram há cerca de 15 anos, num centro localizado nobairro da Torre, área norte do Recife. Desde então, passarama frequentar juntos os encontros religiosos semanais. Dois anosdepois, decidiram oficializar a união. "Fizemos uma cerimôniasimples, mas muito emocionante. O mais importante era oamor que sentíamos um pelo outro", declarou Paulo Barbosa.

Para o palestrante Henrique Guerra, 58, o casamento daforma como é conhecido deve chegar ao fim. "Isso aconteceráà medida que formos evoluindo e conquistando o amor emsua plenitude. Não precisaremos mais da reencarnação."Segundo ele, todos nós temos, antes de voltarmos ao mundo,um planejamento de vida a cumprir.

Mas, se a união de duas pessoas espíritas chegar ao fim? Adoutrina aceita o fim do casamento? De acordo com HenriqueGuerra, o espiritismo não incentiva o divórcio, mas tambémnão exige que o casal fique preso um ao outro sem amor. "Aconsciência de cada um é que vai pesar nesse momento dadecisão", explica.

União homossexualLíderes do Espiritismo começam a ter um novo pensa-

mento a respeito de casamento entre pessoas do mesmosexo. Para a religião, esse tipo de união é válido se o amorfor verdadeiro, pregando o respeito e a tolerância entre aspessoas.

Existem pessoas que nas-ceram com um ou váriosdons. O de amar, doar, viverpelos outros, ou serem, sim-plesmente, voluntárias. Entrejovens e adultos, homens emulheres que atuam noscentros espíritas, há somenteuma vontade: a de ajudar aopróximo em todos os mo-mentos.

Muito além do espiritismoe das suas tradicionais pales-tras repletas de teorias, ora-ções e a crença na reen-carnação está a vocação dequem segue a doutrina para obem.

Pessoas de todas as idadesmostram lições de huma-nidade, razões simples quelevaram vidas a lutarem poroutras vidas e bons exemplosde que, no mundo, realmentehá algumas pessoas que nas-ceram para fazer o bem e são,de fato, voluntárias por vo-cação.

No Instituto Espírita A-llan Kardec e no Lar CeciCosta, que funcionam juntos,muitos projetos de atenção aosnecessitados são postos em

prática. Como é o caso dacreche para as crianças - comauxílio ativo na educação -grupos de teatro, de dança, depercussão e de coral, in-formática, oficina de leitura ebordado, além de reuniões dosalcoólicos anônimos.

No total, atualmente, ocentro espírita recebe e ajudano tratamento de aproxi-

madamente 500 pessoas entrecrianças, adolescentes e a-dultos. Para tal, no entanto, oque não faltam são pessoasdispostas a ajudar o próximo.Trabalhar toda uma vida ededicar-se unicamente às

famílias. Nada mais normal,afinal quem mais amamossenão nossos filhos, esposas emaridos, pais e mães?

No Lar Ceci Costa, emOlinda, a dedicação acontecea pessoas que, muitas vezes,jamais se teve contatos. Ainstituição espírita, que existehá 70 anos e ajuda cerca de130 crianças, é administradohá oito anos com um simpá-tico casal.

Maria Paulina, 59 anos, éa atual presidente do lar, quetrabalha em conjunto com ocentro espírita. Ela conta coma ajuda do esposo, Carlos Ro-gério, 59 anos, contador apo-sentado. Ambos conseguemfazer um trabalho que vaimuito além da satisfação mun-dana.

Quando pensaram que lhesrestaria apenas o descanso,descobriram que o mundoesperava muito mais deles.Hoje, os dois sentem algo maisvivo a cada contato com opróximo, a cada novoaprendizado: o amor. "Isso tudofoi fruto de minha aproximaçãocom o espiri-tismo, graças a féem Deus", revelou Paulina,emocionada.

Educada para ser umarepresentante do catolicismo,a auxiliar de informática IrisFabrício, 50 anos, foi mol-dada para exercer o papel deuma fiel missionária da fécristã.

Hoje, Iris divide suaatenção com outra religião: oespiritismo. Enquanto asmanhãs dos domingos sãotradicionalmente guardadaspara as missas, as noites dasquartas-feiras são reservadaspara as reuniões no CentroEspírita.

Assim como Iris, diversosbrasileiros vivem situação

semelhante. Desde o ano2000, várias pesquisas apon-taram que o Brasil é, aomesmo tempo, o país maiscatólico e mais espírita domundo. Apesar de o catoli-cismo ainda ser a religiãopredominante no territóriobrasileiro, com 72% de adep-tos, dados do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE) revelam queo espiritismo cresceu cerca de40% entre os últimos doiscensos. Hoje, os espíritas sãomais de 40 milhões em todoo País, o que representa cercade 5% da população nacional.Pesquisas não oficiais apon-tam que existem mais de 20milhões de brasileiros queadotam os princípios espí-ritas, sem abandonar suasreligiões de origem.

O espírita Sebastião Gari-

baldi defende que o espi-ritismo aceita com bons olhosesse movimento. "O católicoque conhece a doutrina espí-rita perde o preconceito eentrelaça as doutrinas. Ele nãosó crê, como tem convicçãono que crê", disse Garibaldi.Essa relação, entretanto, nãoé bemquista pelos líderesreligiosos da Igreja Católica.De acordo com o vigário geralda Arquidiocese de Olinda eRecife, monsenhor JoséAlbérico de Almeida, a IgrejaCatólica tem respeito àsdiferença e ao pluralismoreligiosos, mas não aceitadivisões. "Misturar a culturaoriginal com outras doutrinasnão é bom. Não é boma n t r o p o l o g i c a m e n t e ,espiritualmente, nem reli-giosamente", argumentou omonsenhor.

ESPÍRITAS-CATÓLICOS // Doutrina de Allan Kardec cresce no Brasil e ganha, cada vez mais, a simpatia dos fiéis da religião católica

Catolicismo perde fiéispara o espiritismo

União EspíritaTHIAGO ANDRADE

Voluntários por vocaçãoDANIEL LEAL

MARCELA ALVES E MATHEUS MONTEIRO

MISTO Mais de 20 milhões de brasileiros se dividem entre doutrinas

Eles sentemalgo mais

vivo a cadacontato com o

próximo, acada novo

aprendizado:o amor.

Recife, junho de 2010 | 7O BERRO

Mais de mil anos após onascimento de Jesus Cristo,surgia, na França, mais umareligião que afirmava acre-ditar na existência do filho deDeus em carne e osso, masesta tinha grandes diver-gências com a Igreja Católica.A nova crença se apoiava nacomunicação entre os vivos eos mortos, por meio de ummédium, e a fé naquilo queantes era sinônimo de bru-xaria e feitiço geraram po-lêmicas.

Os brasileiros, então,decidiram criar uma palavrapara diferenciá-los dos cultosafros, o "kardecismo". Noentanto, os espíritas orto-doxos do país discordam dessacaracterização. "O espiritismonão é de Allan Kardec, é dosespíritos", afirmou opresidente da FederaçãoEspírita de Pernambuco,Waldeck Atademo.

"Eu sou espírita desdepequena e muitos amigosinsistem em perguntar se façorituais umbandas, por issodigo que sou kardecista", dissea estudante Bárbara Silva, de17 anos. Mas kardecismo eespiritismo não são as mesmascoisas?

"O espiritismo é karde-cista porque foi Kardec quemcomeçou as pesquisas. Por

KARDECISMO // O dilema dos espíritas brasileiros para diferenciar sua

religião de outras crenças

GABRIELLA ALBUQUERQUE

EspíritaKardecista: serou não ser?

"Todas as religiões quepregam a existência de espí-ritos são a mesma coisa". Essadeclaração é da dona de casaMarleide Silva, 32 anos,católica, ao ser questionadasobre a diferença entre aUmbanda e o Espiritismo.Assim como Marleide, muitaspessoas acreditam que essasduas correntes espiritualistassão a mesma coisa. No entan-to, elas possuem pontosconcordantes e discordantes.

Apesar de possuir influên-cias de cultos africanos eindígenas, a Umbanda seguealguns dos preceitos do espiri-tismo: a prática da caridadepura, o amor fraternal, a paze a humildade. Além disso,ambas as religiões pregam aexistência de Jesus Cristo eacreditam na mediunidade, nacomunicação com espíritos,na reencarnação e no transe.Entretanto, elas divergem emrelação aos espíritos: osumbandistas acreditam emvárias entidades, que são osmestres, caboclos, pretosvelhos e orixás. Já os espíritasacreditam na existência deespíritos de pessoas comunsque voltam à terra por esta-rem em aflição ou para re-passar algum ensinamento."Nós espíritas não fazemosuso de imagens e nem cultua-mos as divindades", explica aenfermeira Rose Hans, espí-rita há 12 anos e integranteda União Espírita Caminho daLuz.

Para a umbandista Maria

isso, espiritismo e kardecismotêm o mesmo significado”,afirmou Waldeck. Mesmocom toda polêmica, ainda épossível dizer que, na doutrinaespírita, só há um líder,inicialmente, o próprio AllanKardec. Portanto, é maissimples titular seguidores,porque eles seguem o que aliderança aconselha. No ca-tolicismo, há uma gama designos.

"Essa relação do espi-ritismo com a doutrina um-banda não me incomodatanto. Mas ainda há muitosleigos no assunto", explicou aprofessora Maria de LourdesSantos.

Segundo o próprio AllanKardec, na obra clássicaEvangelho Segundo o Espiritismo,não será à opinião de umhomem que se aliarão osoutros. Será a universalidadedos espíritos que se comuni-cam em toda a Terra, porordem de Deus.

Por essa citação de Kardec,os ortodoxos continuam aluta para afirmar que espi-ritismo kardecista é umneologismo. "Se me pergun-tam qual a religião que eu sigo,respondo que sou espírita, nãosou apenas kardecista. É algosuperior a isso", disseWaldeck.

Ferreira, que pratica a religiãohá 22 anos, a principal dife-rença entre a umbanda e oespiritismo está nos rituais enos cultos. "No espiritismo,não existe ritual, mas simreuniões para estudar a dou-trina espírita e realizar pales-tras, e por isso não existem oschefes do centro, mas sim osorganizadores das reuniões.Já, na umbanda, nós fazemosrituais de oferenda e deagradecimento aos santos, eos líderes são chamados depais ou mães de santo ousacerdotes umbandistas",explica Maria, que antes de setornar mãe de santo doCentro Espírita Caboclo ReiTupinambá seguia a doutrinaespírita.

Apesar das diferenças, ospraticantes da umbanda e doespiritismo afirmam que não

existe mal-estar entre asreligiões. "A umbanda temcaracterísticas africanas e oespiritismo é uma religiãocristã. Nós temos o cuidadode diferenciá-las, pois nemsempre na umbanda há umcuidado com o processomediúnico, por exemplo",ressaltou Rose. Para MariaFerreira, o importante é orespeito. "Não temos nadacontra o espiritismo, mas temosos nossos próprios cultos e anossa maneira de agir. Nósrespeitamos os espíritas namesma medida em que eles nosrespeitam".

De acordo com o teólogoJonas Maranhão, não é corretoclassificar as religiões comosuperior ou inferior. "Essas duasreligiões não são conflitantes,como muitos acreditam, massim complementares”.

O espiritismo convive com correntes dissidentes. O racionalismo cristão ea conscienciologia reúnem um número cada vez maior de adeptos. Há oitoanos, o designer mineiro Fábio Leandro via o seu irmão, que nasceu com asíndrome de Angelman (que se caracteriza por dificuldades na fala e nodesenvolvimento intelectual), deixar de se alimentar e ferir seu corpo. Semconseguir uma solução médica, o mineiro levou o irmão a uma casa racionalista.

"Na casa, foi constatada a presença de espíritos desencarnados que oacompanhavam. Foi esclarecido a estes espíritos que sua condição era dedesencarnados e que deveriam ir embora. Ao final, ele mostrava um alívio que

LAÍS FERREIRA

Doutrina tem correntes divergentes

não víamos há meses", recorda-se o designer, que aderiu à corrente. A doutrinasurgiu no Brasil, em 1910, como a primeira dissidência do movimento espíritae foi sistematizada pelo português Luiz de Mattos, em 1914.

A Conscienciologia foi criada por Waldo Vieira, o mais conhecido médiumparceiro de Chico Xavier. Em 1988, ele fundou o Instituto Internacional deProjeciologia, em 1994. "O que há na doutrina são aulas em cursos, congressoscom apresentações de trabalhos e as 'dinâmicas parapsíquicas', nas quais nósaplicamos a técnica de saída de corpo e de desenvolvimento parapsíquico",explica o comunicólogo Luiz Alexandre Rosado.

FERNANDO BARROS

Semelhanças e diferenças entreumbanda e espiritismo

HÍBRIDO A Umbanda segue alguns dos preceitos do espiritismo

50 anos do Curso de Jornalismo60 anos da Unicap

Em 2011temos muitosmotivos paracomemorar.

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