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Que Fazer? nº 3 Julho 1998

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Editado pelo Luta Socialista, antecessor do Socialismo Revolucionário

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Page 1: Que Fazer? nº 3 Julho 1998

ue Fazer?Q Luta, Solidariedade, Socialismo!Editado por LUTA SOCIALISTA Comité por uma Internacional Operária

nº 3 Julho 1998 - 100$00 Apoio 200$00

(continua na pág.4)

25 anos depois do 25 de Abril:

O que faz falta é oSocialismo!O golpe militar de 25 de Abril abriu novas e insuspeitáveisperspectivas aos trabalhadores em Portugal. A queda doregime fascista abriu uma crise sem precedentes na história dePortugal. Celebrarmos hoje esse acontecimento, é fazermos obalanço do que se passou, assim como agir hoje é trazer denovo a luta de Abril por um Portugal Socialista.

Crise RevolucionáriaA crise revolucionária que abalou asociedade portuguesa nos anos de74/75 colocou o capitalismo nadefensiva. Graças à entrada em cenade amplas massas de trabalhadores ejovens, todos os partidos “tinham” oSocialismo como objectivo, incluindoos reaccionários PPD e CDS! Ostrabalhadores souberam aproveitar amomentânea desorientação daburguesia e tomar a iniciativa nassuas mãos: esmagaram as tentativasde golpe fascista de 28 de Setembroe de 11 de Março, ocuparam asfábricas, as empresas e as casasvazias, deram caça aos PIDEs,sanearam os fascistas das empresas,ocuparam os latifundios, iniciaram areforma agrária, criaram infantáriospara os seus filhos, ganharam o apoioactivo dos soldados e marinheiros,impuseram o fim da Guerra Colonial,nacionalizaram os principais meios deprodução... Para o porta voz docapitalismo mundial “Finantial Times”,o Capitalismo morrera em Portugal...Todas estas acções - hoje denegridascomo irresponsáveis e aventureiraspor todos os grandes partidos-,foram de facto acçõesimprescindíveis para a construção deuma verdadeira Democracia dos

Trabalhadores, o Socialismo.

Onde falhámos?Apesar da determinação eentusiasmo dos milhares detrabalhadores e jovens que tomaramo destino, o PCP, - que teve omérito histórico da luta contra ofascismo -, e o PS tinham o suportedos trabalhadores industriais, dosassalariados rurais

Editorial

Duas guerras a travarpág. 2

O Trabalho contra o Capital

Resistir ao Pacote

Guerra da NATO

Não à GuerraImperialista pág. 5

5 Perguntas sobre aguerra centrais

Luta de Classes no Mundo

Manifesto do 1º de Maiopág. 7

Conferência deSolidariedade Operária no

CIS (ex-URSS)pág. 7

Trabalhadores Agrícolas Sazonaispág. 8

Timor-Leste: Autodeterminação eIndependência

Comité por uma Internacional Operária

7º Congresso Mundial pág. 10/

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O CpIO e as Eleições

Bloco de EsquerdaConstruir a Unidade, a

Solidariedade e a ResistênciaÚlt. pág.

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E d i t o r i a lE d i t o r i a lDuas Guerras a TravarDizem-nos que, pela primeira vez desde a Iª GuerraMundial, estamos em guerra.Dizem-nos que volta a haver guerra na Europa depoisda IIª Guerra Mundial.É verdade e é mentira. Depende do que estamos a falar.Se falamos da participação do Exército português naguerra de agressão à Sérvia, é verdade. Se falamos deuma aliança de estados capitalistas que agridem outroestado para assegurarem às potências dominantes ocontrolo do mundo é verdade.Mas nós, trabalhadores em Portugal, na União Europeia,na Europa, na verdade em todo o Mundo, nós estamosa ser vítimas de uma terrivel guerra civil há muitosanos. Os nossos filhos, irmãos e pais estão novamentea ser usados como carne para canhão por aqueles quepromoveram as duas guerras mundiais e muitas outrasque dilaceraram e continuam a dilacerar o mundo. Masos mesmos que, hipocritamente fazem a guerra por“fins humanitários” são os mesmos que conduzem umaguerra civil não declarada contra os trabalhadores, osjovens, os desempregados, os idosos, atacandoferozmente os direitos que o povo trabalhadorconquistou duramente, impondo a precarização, falindofraudulentamente as empresas, não pagando os já de simagros salários, exigindo plenos poderes para despedire explorar com o único objectivo supremo e sagrado dolucro.A guerra de que os povos dos Balcãs, kosovares e sérvios,são vitimas é apenas a continuação por outra forma daactual política de pacotes anti-laborais, cortesorçamentais nas questões sociais, privatizações eprotecção da riqueza de uns quantos que os governosda União Europeia, da América e de todo o mundoseguem .Se a única solução duradoura para a guerra dos Balcãspassa pela insurreição dos trabalhadores contra osagressores imperialistas e a ditadura pró-mercado deMiloseviç,que construa uma Confederação DemocráticaSocialista numa base de Estados livres e iguais, a únicasolução duradoura para a guerra civil que vivemos hálongos anos é o derrube deste sistema corrupto e podree a sua substituição por uma verdadeira democraciados trabalhadores, com o planeamento da economiafeito por comissões democráticamente eleitas econtroladas por trabalhadores e utentes, numa palavra,recomeçar a luta de há 25 anos por um Portugalverdadeiramente Socialista.

Comité de Redacção do “Que Fazer?”

Marocas volta a atacar...Mário Soares, com a sua imensa vaidade, acedeu a sercabeça de lista do Partido Socialista às eleições europeias.Pretende ser candidato acima do partido por ter sidoPresidente da República. Diz ele que se candidata “nãopara a baixa política“ mas “para os valores do futuro,europeus ...“O homem que meteu o socialismo na gaveta e perdeu achave, que é responsável pela primeiraofensiva brutal do Capitalismo contraos trabalhadores e jovens, quecondicionou a vida de milhares dejovens com a famigerada lei doscontratos a prazo, que avançou com adestruição da Reforma Agrária paraque os latifundiários se pudessemreconstituir e o desemprego, fome e desertificação alas-trassem de novo no Alentejo, que forçou a integração dePortugal na CEE para corresponder às exigências daclasse dominante, nacional e estrangeira, quer agora tratar-nos do futuro…É preciso ter lata!Soares não é fixe! Soares, não obrigado!Socialismo sempre! Soares e PS, nunca mais!

altos voos...

Baixa Política

A crise da ADMorte de um aborto anunciadoComo seria de esperar, a aventura aliancista da AD chegouao fim com o PSD ainda mais debilitado e o PP a fazer umanova volta de 180°. A defunda AD nasceujá coxa e morreu de velhice ainda antes deconseguir apresentar-se a eleições.Na verdade, Paulo “Caçador de Cabeças”Portas e Marcelo “Factos Políticos” Rebe-lo de Sousa dificílmente poderiam levar abom porto a tarefa a que se propunham:apresentar uma alternativa pró-capitalistamais eficaz do que a seguida pelo “socialismo” de mercadodo PS.Depois de 10 anos de governação social democrata a classe

dominante fez a sua escolha: o PS, comum discurso “rosa” e social e uma práti-ca “realista” e capitalista pura e dura.Não existe, neste momento, espaço paraa linha arrogante do Cavaquismo e as pro-postas alternativas no quadro do capita-lismo são demasiadamente pobres parase mexer nos “empregados” do Gover-

no.Este é o drama de uma direita que ou é forçada a “armar-seem durão” ou a enveredar pelo populismo nacionalista paramanter alguma influência política e eleitoral. Enquanto o PSsatisfazer as necessidades dos patrões as guerras fraticidasno PSD e no PP vão ter pernas para andar.

riso amarelo

alternativadurona

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O Trabalho contra o Capital

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Resistir ao Pacote LaboralO Pacote Laboral que o Governo do PS apresentou corresponde aosdesejos e interesses da classe dominante, dos representantes dos grandesgrupos económicos portugueses e europeus e significa um dos maisperigosos ataques aos direitos e conquistas dos trabalhadores em Portugal.Para a classe dominante é necessário intensificar a exploração dostrabalhadores e garantir que os jovens cheguem aos mercado de trabalhosem direitos e condenados à precariedade. Só assim os patrões,especialmente os grandes grupos económicos, podem continuar a garantir asaltas taxas de lucro, a acumulação de riqueza.

Nada de Ilusões!

Os que esperam convencer o PS aser de esquerda desenganem-se.Oapoio expresso pelos maisrepresentativos membros da classedominante às políticas defendidaspelo PS não deixa margem paradúvidas.

Os que esperam convencer o PS a ser deesquerda desenganem-se. A direcção do PSoptou claramente por virar as costas aostrabalhadores e ser o executante governamentaldas políticas capitalistas. O apoio expressopelos mais representativos membros da classedominante às políticas defendidas pelo PS nãodeixa margem para dúvidas.Também aqueles que pensam usar ostrabalhadores como moeda de troca para lugaresno Poder podem tirar o “cavalinho da chuva”.Pouco a pouco, muitos trabalhadores começam aperguntar porque é que determinados senhoresnos comícios e nas campanhas são contra asprivatizações e pelos direitos dos trabalhadores,mas nas câmaras e juntas praticam essas mesmasprivatizações e atacam esses mesmos direitos.A manifestação de 25 de Março, uma da maioresmobilizações sindicais dos últimos anos,mostrou claramente a vontade de luta dosactivistas sindicais. Muitos activistas esperavamque nessa Manifestação, ou no Plenário Nacionalde Sindicatos de 7 de Abril, a direcção da CGTPapontasse propostas concretas para a luta. Emvez disso, Carvalho da Silva, na Manifestação deMarço, “propôs” como base negocial sobre alegislação laboral a proposta de José MariaAznar, o lider do PP e de Governo do EstadoEspanhol... Estaria a brincar? E o PlenárioNacional de Sindicatos aprovou a milésimamoção a ser apresentada às instituições.As desculpas do “ realismo”, da “falta decondições” e “da culpa dos trabalhadores quenão querem lutar” que muitos responsáveissindicais avançam pela falta de acção escondemas suas responsabilidades no actual estado decoisas, como eleitos pelos trabalhadores paraorganizarem e dirigirem a defesa dos nossosinteresses e reivindicaçõesÉ necessário dizer desde já que, na actual relaçãode forças no Parlamento não há margem paradúvidas: a maioria dos deputados do Parlamentodefendem o Capitalismo e, mesmo que algunsaspectos mais brutais sejam alterados, estas leis

vão ser aprovadas!

Que fazer?

É urgente que os trabalhadores e as suasorganizações organizem a luta firme deresistência ao Pacote Laboral. Essa luta não podeser feita apenas no sentido de “sensibilizar” asinstituições, - sejam elas o Presidente daRepública, a Assembleia, o Provedor ou osTribunais. Quem tem baseado a luta apenas napressão destes orgãos do Estado é responsávelpelas ilusões que semeia no seio dostrabalhadores.A derrota do Pacote Laboral terá, pois, de fazer-se nos locais de trabalho e na rua mesmo depoisdo Pacote aprovado. A oposição de massas dostrabalhadores será a única forma de forçar oParlamento a recuar! Para isso o caminho aseguir é a a participação activa de cadatrabalhador e jovem nesta batalha, na discussãoampla, nas acções de rua de solidariedade emobilização dos trabalhadores com e sememprego.

Unidade e

SolidariedadeE isso só se consegue unificando as lutas a nívellocal, regional e nacional, gerando a solidariedadeactiva entre os trabalhadores, seguindo o velhoprincipio sindical de “trabalhadores atacadostêm de ser ajudados”.A luta das operárias têxteis pela imposição das40 horas é a luta dos trabalhadores da Siemens eoutras multinacionais pelo direito ao trabalho, éa luta dos operários da construção civil contra aprática das subempreitadas e a falta de condiçõesde segurança, é a luta dos desempregados, é aluta dos jovens pelo direito ao futuro.É necessário agora que as direcções sindicais e aCGTP preparem verdadeiramente a longa e durabatalha que temos pela frente. É necessário quese comece a discutir sem demora a forma deresistir ao Pacote Laboral. É necessário que noslocais de trabalho, junto dos desempregados, nosSindicatos, se discuta no concreto os passos adar para mobilizar não apenas os activistas masa grande massa de trabalhadores, em especial osprecários e os desempregados. É necessário quecada activista sindical, independentemente dosector ou do Sindicato, seja solidário na práticacom os trabalhadores e sectores em luta.À falta de propostas concretas dos dirigentes domovimento sindical, será legítimo aos activistasconstruirem, na base, nos locais de trabalho, umarede de acção e solidariedade sindical que reforcea acção sindical e construa a solidariedadeefectiva entre os trabalhadores e osdesempregados.

Francisco Raposo , delegado sindical do Sin-dicato dos Trabalhadores do Munícipio deLisboa e militante do LUTA SOCIALISTA -COMITÉ POR UMA INTERNACIONALOPERÁRIAA luta não pode ser feita apenas no

sentido de “sensibilizar” asinstituições, - sejam elas o Presidenteda República, a Assembleia, oProvedor ou os Tribunais. Quem tembaseado a luta apenas na pressãodestes orgãos do Estado éresponsável pelas ilusões que semeia

no seio dos trabalhadores. À falta de propostas concretas dosdirigentes do movimento sindical,será legítimo aos activistasconstruirem, na base, nos locais detrabalho, uma rede de acção esolidariedade sindical que reforçe aacção sindical e construa asolidariedade efectiva entre os

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25 de Abril...

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do sul e dos camponeses do centro e norte.Mas ambos falharam uma oportunidade histórica de mudar a sociedade. Os seus modelosde “Socialismo” eram diferentes dos que a maioria queria. A maioria da direcção do PSapoiava um “socialismo democrático” onde patrões e trabalhadores “dão as mãos” e osprimeiros continuam “fraternalmente” a explorar os segundos. A direcção do PC, cujomodelo de “socialismo” era o modelo soviético, aceitava integralmente a devisão do mundoentre a URSS e os USA, e sabia que Portugal pertencia à esfera de influência americana.Assim, nenhum deles daria passos na direcção necessária para garantir a defesa das conquistas revolucionárias dostrabalhadores.A falta de uma análise correcta dos acontecimentos e de um programa socialista foi fatal para a revolução portuguesa.Com tais ferramentas, os trabalhadores poderiam ter compelido as direcções do PS e do PC a avançar ou sairem dafrente e, de uma forma mais ou menos “pacífica” teriam a possibilidade de instaurar o Socialismo e apelar aostrabalhadores da Europa e do Mundo para defenderem a nossa Revolução contra os perigos da agressão imperialista.A direcção do PC esteve sempre na primeira linha da “moderação” e do “realismo” criando ilusões na aliança Povo/MFA e dificultando que os trabalhadores desenvolvessem a sua própria experiência e consciência . A direcção do PSencabeçou a contra-revolução capitalista no parlamento e na rua que conduziu ao 25 de Novembro e ao fim da criserevolucionária.O imperialismo e o capitalismo usaram as aspirações socialistas dos tralhadores para colocar o PS no governo, quemal chegou ao poder colocou o Socialismo “ na gaveta” e começou alegremente a defender a economia de mercado eo Capitalismo.O golpe reaccionário de 25 de Novembro veio pôr fim à crise revolucionária e abrir caminho à total reorganização daburguesia e do capitalismo.

Que Fazer?Hoje todas as conquistas económicas dos trabalhadores ganhas nesse período foram ou estão a ser destruídas. Aunificação capitalista europeia impõe as privatizações, os pacotes laborais, os ataques aos direitos económicos,políticos , sindicais e culturais da ampla maioria das classes trabalhadoras em Portugal e na Europa, para beneficio demeia dúzia de milionários e dos grupos económicos nacionais e estrangeiros. Juntamente com as consequências dacrise mundial do capitalismo que se está a desenvolver, vão conduzir ao aumento brutal da exploração e da pobrezade milhões e milhões de trabalhadores em todo o Mundo, mas também ao reacender da luta dos explorados paratomar o seu destino nas suas próprias mãos.Vinte e cinco anos depois do 25 de Abril, é necessário reconstruir a luta operária e popular contra a exploração e oCapitalismo, construindo um Programa de LUTA, SOLIDARIEDADE e SOCIALISMO no seio dostrabalhadores e da juventude por um Portugal, uma Europa e um Mundo Socialista.

Colectivo “LUTA SOCIALISTA”- Comité por uma Internacional Operária

(continuação da 1ª página)

QueroQuero:Mais informações sobre o Luta Socialista ....................................................Mais informações sobre o Comité por uma Internacional Operária.........Apoiar o “Que Fazer?”....................................................................................Assinar o “Que Fazer?”...................................................................................

Nome:Morada: Cód.PostalContacto

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As discussões abordaram a crisepolítica e económica mundial, o movi-mento dos trabalhadores no CIS e anível Internacional, a necessidade deum partido dos trabalhadores.

A Conferência aprovou resoluções oudeclarações assinadas pelos delegadoscom base na Declaração do CpIOsobre o Kosovo, sobre a necessidadeda Solidariedade Internacional dosTrabalhadores, em protesto pelaproibição da inscrição do PartidoSocialista Britânico e a favor dosmineiros no Niger. A resolução sobre5

CONFERÊNCIA DE SOLIDARIEDADEOPERÁRIA NO CIS (ex-URSS)

Setenta militantes, entre os quais delegações dos mineiros de Vorkuta(Rússia), dos mineiros de Kentau (no Kasaquistão ), de Comités de Grevede três fábricas dos subúrbios de Moscovo, o líder do Sindicato de Motoris-tas de Autocarros de Kiev(Bielorussia), praticamente toda a direcção doMovimento dos Trabalhadores do Kasaquistão e dirigentes de umaorganização associada aos sindicatos de auxilio aos refugiados Russos doCaucaso, participaram na Conferência de Solidariedade dos Trabalhado-res, em Voronezh, na Cintura Vermelha da Rússia , organizada pela secção daConfederação de Estados Independentes do CpIO.A Conferência foi aberta com sauda-ções da Federação local de Sindica-tos, e convidados internacionais (JoeHiggins do Partido Socialista Irlan-dês, Dieter Yansenn, líder do Sindica-to do Hospital de Stuttgart, Ale-manha e Elizabeth Clark do Secreta-riado Internacional do CpIO) e deMadel Ismailov que acabou de comple-tar uma sentença de um ano de prisãonum campo de concentração dePetropavlovsk, Kasaquistão,por alega-dos insultos ao Presidente Nazarbayev.

a organização acordou em estabelecerum centro para troca de informação ecoordenação das lutas dos trabalhado-res e estabelecer um fundo de apoiopara trabalhadores em luta.

Mais de 15 pessoas declararam o seudesejo de aderir ao CpIO. Entre elesvários dirigentes operários e sindicais eos nossos primeiros camaradas naUcrânia Ocidental, de Rivna e Lvov.

Protestos mineiros - bloqueio do comboioTrans-Siberiano no ano passado

Manifesto do 1º de Maio de 1999Manifesto do 1º de Maio de 1999O Comité por uma Internacional Operária (CpIO), uma organizaçãosocialista internacional com filiados e simpatizantes em 35 paísesdos cinco continentes, envia neste 1º de Maio calorosas saudaçõesao povo trabalhador de todos os países.A necessidade de lutar contra o espectro do crescente desempregoe deterioração das condições de vida, à medida que de desenvolve acrise capitalista juntamente com a luta para pôr um fim ao presentepesadelo nos Balcãs são os principais temas neste 1º de Maio.

1º de Maio – POR 1 DIA DE LUTA, SO-LIDARIEDADE E SOCIALISMO

Desde as primeiras manifestações internacionaisdo 1º de Maio, em 1890, milhões detrabalhadores e jovens têm tomado as ruas paralevantar a bandeira vermelha da Luta,Solidariedade e Socialismo.O CpIO combate para construir um organização

socialista internacional. A Unidade dosTrabalhadores e a Luta universal pelo SocialismoInternacional tornarão possível à Humanidadeentrar no caminho da paz.

A LUTA CONTRA A GUERRA EOPRESSÃO NACIONAL

Um das razões que estiveram na base daformação das organizações de massas daInternacional Socialista foi a organização daluta contra guerra e a opressão nacionalista.(...)O CpIO é parte dessa tradição de Marxismogenuíno.

NÃO À GUERRA DA NATO NA EURO-PA

Em 1999, os Sociais Democratas, como Blair naGrã-Bretanha, Schröder na Alemanha e Jospinem França concederam a si próprios licença paraassassinar civis inocentes na Jugoslávia deMiloseviç. (...)A guerra provocou protestos em muitos países,particular na Europa. O CpIO tem feito parte domovimento anti-guerra. (...) Joe Higgins, umsocialista no parlamento da Irlandês e membrodo CpIO, ergueu imediatamente a sua voz emprotesto no parlamento quando a guerrarebentou. (...)(...)a pendente crise do capitalismo juntamentecom a experiência dos anos 1990s dará lugar aolevantamento de um sentimento anti-capitalistae de luta militante, que por sua vez colocarámuito mais concretamente a questão danecessidade de novos partidos de trabalhadores.O CpIO e as suas secções, contudo, esforçam-separa construir partidos revolucionários detrabalhadores e uma nova Internacional.

UMA LUTA CONTRA OCAPITALISMO GLOBAL

O Capitalismo é um sistema global controladopelas grandes empresas multinacionais. Asmultinacionais representam actualmente mais deum terço da produtividade mundial e dois-terçosdo comércio mundial. O mundo tornou-se umcasino global onde os especuladores brincam,24 horas por dia, com os empregos e meios desubsistência dos povos.

A Unidade e Solidariedade Internacional daclasse trabalhadora é fundamental na presenteépoca de globalização e decadênciacapitalista.(...)

PELA UNIDADE DOSTRABALHADORES E OSOCIALISMO MUNDIAL

O mundo não tem escassez de recursos ouriqueza, mas nunca na história têm sido assimtão poucos a controlar a riqueza produzida.(...)A riqueza pessoal de Bill Gates é de $ 92 biliõesde dólares. Menos de metade dessa soma iriaproporcionar: “educação básica para toda apopulação mundial, saúde básica para todos,assistência médica ginecológica para todas asmulheres, alimentação adequada e águapotável para todos”, de acordo com as NaçõesUnidas.(...)O único meio de ultrapassar a presente, ecrescente aguda crise que a humanidadeenfrenta é através da luta decisiva com oobjectivo de abolir o capitalismo e oslatifundiários. A tarefa da revolução socialistaé trazer os grandes monopólios, os bancos einstituições financeiras para a propriedadepública e nessa base começar a desenvolverum plano democrático de produção eredistribuição de riqueza à escala nacional einternacional. Uma economia planificada,gerida e controlada por assembleiasdemocraticamente eleitas, tornará possíveldesenvolver as forças produtivas em harmoniacom a natureza e o ambiente. Apenas umaorganização socialista da produção e dadistribuição pode assegurar à humanidade -toda a humanidade - um padrão de vidarazoável e terminar com todas as espécies deopressão e violência.

• Junta-te ao CpIO na construção de uma novaInternacional dos trabalhadores!

• Luta pelo Socialismo Mundial! COMITÉ POR UMA INTERNACIO-

NAL OPERÁRIA16 de Abril 1999

Nota: O Manifesto completo estádisponível no Luta Socialista - CpIO

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Destaque

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Poderá a NATO vencer Miloseviçe parar com a “limpeza étnica”?Pelo contrário: a intervenção da NATO de facto aceleroua “limpeza étnica” no Kosovo. Agora encontram-sedeslocados mais do que um milhão de albaneses doKosovo. A guerra reforçou fortemente o regime“bandido-capitalista” sérvio. O descontentamento dossérvios pobres foi redireccionado da resistência aoregime de Miloseviç para a oposição aos ataquesindiscriminados da NATO. O regime usou a guerra comodesculpa para esmagar toda a oposição e fechar estaçõesde radiodifusão bem como jornais da oposição.

Será que o conflito vai alastrar?Pode haver sérios confrontos entre forças sérvias e tropasocidentais na Macedonia ou na Bósnia. Assim, a RepúblicaSrpska -uma parte da Bósnia- seria vulnerável aos ataquesdas forças croatas e muçulmanas. Um outro ponto deconflito podem ser os 300.000 membros da étnia húngaraem Vojvodina, uma outra área oprimida pelos sérvios.A crise dos refugiados ameaça a estabilidade e também aexistência dos países mais pobres como a Macedónia e aAlbânia. A grande corrente de refugiados pode significaro colapso total da economia local e do Estado. O governomacedónio, dominado por eslavos, queria fechar as suasfronteiras aos refugiados desesperados. A Grécia e aBulgária, as quais têm interesses territoriais na Macedónia,podem ser atiradas para a tempestade, assim como aTurquía, rival da Grécia na região.Este tipo de guerra nas Balcãs - entre exércitos modernos-seria muito pior e muito mais grave do que qualquercoisa que já aconteceu nos anos 90. Mas mesmo que umconflito generalizado não se desencadeie nesta etapa, aguerra da NATO já exacerbou enormemente a situação naregião inteira o que resultou numa instabilidade sem fim.As acções da NATO aqueceram enormemente as tensõescom outros poderes capitalistas e competidores ao nívelglobal, incluíndo a Rússia, um aliado da Sérvia, que jámandou barcos de reconhecimento para o Mar Adriático.

Ataque da NATOà Jugoslávia5 Perguntas sobre a GuerraPorque é que a NATO estáem guerra?Os grandes poderes capitalistas foram para aguerra pelos seus próprios interessesestratégicos, económicos e políticos. Duranteanos eles ignoraram as condições difíceis dosalbaneses do Kosovo que sofriam a repressãodo regime sérvio. Os capitalistas opuseram-se àauto-determinação do Kosovo com medo de umaumento de outros movimentos pela auto-determinação. Só quando a situação se agravouno ano passado e ameaçava espalhar-se portodos os Balcãs tentaram impôr um acordo. Oslíderes dos albaneses do Kosovo assinaram algomenos do que a independência em Março masSlobodan Miloseviç não pode admitir tropasestrangeiras na terra jugoslava nem a perda doKosovo, que é rico em minerais. Se ele cedesseos ultra-nacionalistas teriam tentado substituí-lo.Quando o exército sérvio reconquistou muitasáreas da região o Ocidente teve medo de umagrande conflagração. Na eminência da quebradas negociações de Rambouillet a NATOencontrou-se num dilema sem saída por causada perseguição continuada aos Kosovares: ouconcretizar a ameaça de bombardear ou não.Depois embarcaram nesta estrátegia de alto riscocom a esperança de forçar Miloseviç a negociar.Isso até agora parece ter sido um enorme erro

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Qual será o resultado da guerra?As vítimas principais da guerra são as massas trabalhadoras dosAlbaneses do Kosovo e no resto dos Balcãs. Seja qual for oresultado da guerra, eles serão também os perdedores principais.Nenhuma das “soluções” propostas significa a auto-determinaçãogenuína para os Kosovares nem o fim da pobreza ou da guerra.Até agora a guerra tem sido um desastre para as forças daNATO. Miloseviç ainda está no poder e já retomou quase todo oKosovo. A étnia albanesa no Kosovo, tal como existia no inicioda guerra já não existe. Está morto o contrato imposto pelospoderes do Ocidente e apenas assinado pela oposição do Kosovo.Os líderes ocidentais já não conseguem convencer os albanesesa viver na Jugoslavia. Miloseviç tem como objectivo: ficar coma maior parte do Kosovo ou negociar a partição da região. Aspotências ocidentais poderiam ser forçadas a negociar nestestermos.Existe uma pressão crescente para uma invasão total das tropasterrestres da NATO, o que significaria enviar milhares de tropascontra um adversário com boa experiência de luta e com riscode enormes baixas. A classe dominante dos EUA está preocupadacom uma situação tipo Vietnam. Demora muitas semanas reunirum exército de massas e os estados vizinhos ou estão hostis emrelação a esse plano ou não podem fornecer as infra-estruturasadequadas. Seja como for, não está fora de questão que aspotências ocidentais embarquem numa tal medida desesperadapara evitar uma “derrota” ou reforçar a autoridade da NATO. Acriação de um “santuário kosovar” ou de uma “zona protegida”significaria um protectorado sob a guarda da NATO. Isso arriscaa um conflito com as forças sérvias e a uma guerra terrestreséria. Também seria dificil persuadir os albaneses do Kosovo avoltar para uma área assim tão vulnerável. Também, tal comopara os curdos no Iraque do Norte, uma “zona segura” numaentidade empobrecida e governada por uma clique corrupta epelo Ocidente não seria nenhuma solução para os albaneses doKosovo. Também se o regime sérvio fosse completamentederrotado, o colapso do país resultaria num vazio estratégicona área. Os Estados vizinhos podiam arrebanhar partes doterritório sérvio, criando novos conflitos.

Existe uma solução?Somente a acção independente das massasoperárias dos Balcãs pode mostrar ocaminho a seguir na luta contra todos osdéspotas, pelos direitos democráticos epelo socialismo. Os albaneses do Kosovotêm o direito à auto-defesa e à auto-determinação. O CpIO defende a criaçãodum Kosovo socialista e independentenuma Confederação Socialista de todos osestados dos Balcãs. Substituir Miloseviç éuma tarefa para a classe operária da Sérviaporque os seus interesses sãocompletamente opostos aos do ditador eaos do seu sistema capitalista.

O Comité por uma Internacional Operária eo LUTA SOCIALISTA exigem:• Fim aos bombardeamentos da NATO!• Nenhuma confiança nas potências capitalistas! Imperialismo fora dos Balcãs, já!• Autodeterminação para o Kosovo!• Abaixo a clique de Miloseviç! Por uma Sérvia Democrática de operários e Camponeses!• Luta Unida dos Trabalhadores pelo derrube dos regimes reaccionários nos Balcãs!• Por uma Confederação Socialista dos Balcãs numa base livre e igual!O Luta Socialista considera que é dever de solidariedade internacional dos trabalhadoresem Portugal e das suas organizações oporem-se ao ataque imperialista à Jugoslávia,exigindo a retirada imediata das tropas portuguesas dos Balcãs e a retirada de Portugaldaquela organização de policiamento imperialista

NATO fora da Jugoslávia!Portugal Fora da NATO!folheto com a Declaração do CpIO e ocomunicado do LUTA SOCIALISTA -100$00Pedidos ao Apartado 27018 1201-950 LISBOA

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Socialismo Revolucionário Internacional

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7º Congresso do CpIODurante a última semana, deNovembro passado, delega-dos das secções do CpIOvindos de todos os continen-tes, incluindo, pela primeiravez, um delegado do “LutaSocialista“ discutiram a criseeconómica mundial e os seusefeitos políticos. Quarentapor cento da economia mun-dial está na crise e os seusefeitos começam a fazer-sesentir na Europa. Porque nãose trata de uma crise “asiáti-ca” mas mundial.Trata-se de uma crise clássica do ca-pitalismo como já Marx analisou: Exis-te uma super-produção de produtosque já não encontra compradores bemcomo uma produção a mais de capital

na sua procura de possibilidades deinvestimentos especulativos, forte-mente lucrativos.Os efeitos sociais desta crise serãodramáticos, ainda mais do que os dacrise dos anos 30. Isto já se assistena Ásia. Um assunto controverso no7º congresso Mundial foram as per-guntas sobre até que ponto já chegoua globalização do capital e que papelpode jogar ainda a política nacional,bem quais as perspectivas prováveispara a União Monetária Europeia e oEURO. Mas nenhum delegado tinhadúvidas: a maioria dos políticosburgeses estão a virar as suas costasà política radical do neoli-beralismo,procurando desesperadamente umapolítica baseada numa maior inter-venção do estado para diminuir osefeitos da crise. Também já se assis-te a um aumento das guerras mer-

cantis entre os três blocos mais pode-rosos (EUA, Europa e Japão). Toda-via, estas medidas não irão diminuir acrise mas aquecê-la.Hoje vê-se que a “nova ordem mun-dial” prometida após a queda do Es-talinismo noinício dos anos 90 se tor-nou numa “nova desordem mundi-al”, com todos os seus efeitos catas-tróficos na ex-Jugoslávia, África,Iraque, Rússia e Europa Oriental.A classe operária está, de novo, nacena de luta. Um exemplo é aIndonésia. Todos estes desenvolvi-mentos irão ajudar a criar uma novaconsciência de classe, uma consciên-cia pelo menos anti-capitalista, entreos trabalhadores e jovens, os quaisprocuraram uma alternativa política.Mas até agora não existe grande coi-sa: a social-democracia, especialmen

Por uma Europa Socialista!O CpIO e as eleições EuropeiasA União Europeia e o Euro/União Monetária Europeia - criados por e para os patrõesQuase há sete anos atrás, numa Cimeira especial da União Europeia (UE) sobre o emprego, realizada em Edimburgo,os dirigentes europeus declararam “guerra ao desemprego”. Mas a chamada “guerra ao desemprego” tornou-se umaguerra contra os desempregados e o pobres, que são vistos como culpados de estarem fora do mercado de trabalho.Quase 10% da força de trabalho, 17 milhões de pessoas, estão desempregadas na UE - mais do que toda a população daHolanda (isto dizem os indicadores oficiais, o desempregoreal é muito mais alto).A Europa perdeu mais empregos durante os primeiro anosde 90 do que durante qualquer outra crise desde 1945.Perderam-se seis milhões de empregos.As palavras que nãofuncionam: é isso apenas o que a UE oferece. Se a retóricae as conversas das cimeiras da União Europeia criassemempregos, a Europa teria pleno emprego!A UE nunca desejou criar empregos ou bem estar social.Desde o início foi um projecto preparado pelas e para asclasses dominantes da Europa. A UE, e a sua antecessora,a CEE, foram formadas para criar condições maisfavoráveis para as grande empresas na Europa.Nos últimos anos, a UE e os critérios de Maastrichtpreparados para o Euro/União Monetária Europeia (UME)agiram como um meio de coordenar os ataques patronaiscontra a segurança social e a segurança de emprego.Desregulamentarização, privatizações e as chamadasharmonizações de impostos foram medidas executadas na

UE a fim de enfraquecer a posição dos trabalhadores egerar mais lucros para os monopólios europeus. O Euro seráutilizado como uma arma para causar a queda de salários edesregular o mercado de trabalho à medida que as empresasse deslocam de região para região, e de país para paísprocurando os salários mais baixos.A UE e a UME representam os patrões da Europa.Combatemos por uma outra Europa. Uma Europa detrabalhadores - uma Europa Democrática Socialista.Por que é que o CpIO irá participar naseleições EuropeiasO Comité por uma Internacional Operária, (CpIO)participará nas eleições Europeias de Junho para levantar anecessidade da luta pan-Europeia contra os ataques contraos empregos e condições de vida derivados da crise e doEuro/UME.O Parlamento Europeu é um clube de ricos. Cada Euro-

Peter Taaffe, doSecretariadoInternacional intervindono Congresso

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a mais “bem intencionada” intervenção da ONU.

No quadro do capitalismo, o povo de Timor Lesteficará sempre sujeito à exploração e opressão daspotências regionais e internacionais e nunca seráverdadeiramente livre e independente.

Apenas uma verdadeira democracia dos trabalha-dores e camponeses que tenha uma economia pla-nificada, gerida e controlada pelas massas porá umfim ao sofrimento do povo maubere.

O LS-CpIO defende:• Retirada imediata das tropas invasoras edesarmamento das chamadas milícias.• Direito à auto-defesa dos trabalhadores ejovens mauberes.• Autodeterminação e restabelecimento daindependência de Timor -Leste.• Por um Timor-Leste Socialista, com partena luta por um mundo Socialista.

O LUTA SOCIALISTA opõe-se à agressão imperialistada NATO na Jugoslávia. Com o argumento hipócrita de“intervenção humanitária”, os bombardeamentos em cursosignificam baixas entre os civis sérvios e montenegrinos eterríveis represálias contra os Kosovars. Os ataques da NATOservem como desculpa para a eliminação da oposição sérvia edo crescente descontentamento da classe trabalhadora e dajuventude.

A NATO, braço armado do imperialismo norte americano edas potências da União Europeia, pretende subjugar umaimportante potência regional (o exército da Jugoslávia é umdos maiores e mais bem equipados da Europa) e ao mesmotempo garantir acesso aos importantes recursos minerais doKosovo. Mesmo que Milosevic seja forçado a aceitar umacordo ocidental, o resultado será ainda um desastre para oskosovars e, igualmente para os trabalhadores jugoslavos emontenegrinos.

O LUTA SOCIALISTA apoia o direito dos kosovars aresistir ao regime de Milosevic e o direito àautodeterminação . Mas a opção dos seus lideresnacionalistas de confiarem no imperialismo significa um gravee dramático erro. É necessário o estabelecimento de milíciasde trabalhadores e camponeses, controladasdemocraticamente, para a defesa do povo Kosovar.

O LUTA SOCIALISTA , face à agressão da NATO,considera igualmente legitimo aos trabalhadores ejovens da Jugoslávia o direito de constituírem milíciasdemocráticas para se defenderem do ataque imperialistaem curso, sem nenhuma concessão ao regime

NÃO À GUERRA IMPERIALISTAantidemocrático deMilosevic .

As divisões entre Sérvios eAlbaneses são alimentadaspelo capitalismo das potências ocidentais e pelos regimesdespóticos da região. Qualquer solução no quadro doCapitalismo, seja ela “abençoada” pela ONU, não significaráa solução dos problemas da pobreza e da exploração da massados trabalhadores e juventude das diversas nacionalidades,mas a sua continuação pelas mesmas ou por novas vias“democráticas”.

A única solução duradoura para este conflito e para acontinuada instabilidade nos Balcãs passa pela unidade dostrabalhadores sérvios, montenegrinos e albaneses e detoda a região, que derrubando os regimes nacionalistase despóticos, lutem por uma Confederação Socialista deEstados livres e iguais dos Balcãs.

O LUTA SOCIALISTA considera que é dever desolidariedade internacional dos trabalhadores emPortugal e das suas organizações oporem-se ao ataqueimperialista à Jugoslávia, exigindo a retirada das tropasportuguesas da NATO e a saída de Portugal destaorganização de policiamento imperialista.

NATO fora dos Balcãs!Portugal fora da NATO!

Lisboa, Abril de 1999LUTA SOCIALISTA- CpIO

Timor LesteTimor Leste

AUTO DETERMINAÇÃO E INDEPENDÊNCIA!

Apesar de toda a demagogia e hipo-crisia da classe dominante portuguesae da “comunidade internacional“, opovo e a juventude timorense prosse-gue com firmeza e enormes sacrifíciosa sua luta de libertação contra oocupante indonésio.A aceitação da autonomia e da economia de merca-

do por parte de alguns dirigentes timorenses, no-meadamente Ramos Horta, prejudicou as possibi-lidades abertas com a queda do regime de Suhartode apelar directamente à solidariedade activa dospovos da Indonésia e permitiu às ABRI montar asmilicias que fazem agora o trabalho sujo do regime.

O LUTA SOCIALISTA saúda fraternalmente oPartido Socialista de Timor e a sua Juventude queprosseguem a luta pela Independência, ao mesmotempo que alerta para a necessidade de não confiarnas instituições do imperialismo, nomeadamente aONU, para dar resposta ao anseio de Timor -Les-te para reconquistar a sua independência.

A situação do povo curdo e dos kosovares albanesesmostram claramente que o “humanitarismo” e osdireitos humanos são para o imperialismo merasdesculpas e palavras para continuarem a submeteros povos e que as suas intervenções “humanitári-as” (Somália, Kosovo) significam a continuação daopressão e sofrimento para os povos.

A unidade de acção entre os trabalhadores e jovensmauberes e indonésios é mil vezes mais segura que

Jovens do PartidoSocialista de Timor manifestam-se em Lisboa

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Luta de Classesno MundoOs trabalhadores sazonais da recolha dos morangos têm que trabalhar em

condições duríssimas. Mas por causa de desemprego nas aldeias naAndaluzia cresce todos os anos a procura de trabalho sazonal. Uma dasaldeias com mais população de trabalhadores sazonais é Las Cabezas deSan Juan, perto da Sevilha, onda a taxa de desemprego chega até 19%. Acrise no campo e a falta dum tecido industrial à volta da produção agrícolaobriga muitas famílias a passar uma grande parte do ano fora de seus lares,em condições desumanas.As condições de habitação, os problemas da escolarização dos filhos dossazonais, as condições sanitárias e da segurança são alguns dos problemasmais graves. Nenhum destes direitos fundamentais está garantido. Os sazonaisvivem em muitos casos em casas de tectos de zinco onde o calor se tornainsuportável no Verão e onde no inverno a “habitação” fica gelada. É frequenteque os sazonais prolonguem em mais meia hora o seu dia de trabalho parapagar o aluguer das “casas”. Além disto, ainda existem habitações sem electri-cidade e com água de poços o que acarreta um risco sanitário e de segurançapara as crianças. É também frequente que uma “casa” muito pequena sejadividida entre várias famílias. Nos “quartos” amontoam-se “camas” e col-chões. O chão de cimento é difícil de limpar e não garante uma higiene correc-ta.Por causa da falta de meios de transporte muitas crianças não podem ir àescola. Muitas das que vão têm que caminhar quilómetros para chegar a umaparagem de autocarro que nem tem abrigo para a chuva. As crianças têm quepagar a alimentação não sendo cumprida a lei LOGSE pela qual se garante agratituídade escolar para os alunos da escola primária que sejam filhos desazonais de outros municípios. Durante os meses da colheita dos morangos asturmas têm até 40 alunos e de todas as classes.As organizações sindicais e da esquerda têm que lutar para garantir a dignida-de do trabalho dos sazonais. Lutar para garantir uma educação decente,gratuita para as suas crianças e uma casa digna e também gratuita. Tudo istodeve-se ao facto da terra, as máquinas, etc., não serem propriedade dostrabalhadores, mas de uma minoria de pessoas que procura o seu própriobenefício privado. É necessária uma alternativa a este sistema para que osrecursos do campo estejam nas mãos dos trabalhadores, sob o nosso controlodemocrático.

Juan Diego Cala

Trabalhadores Agricolas SazonaisEm Luta pela Dignidade!

SolidariedadeInternacionalMilitantes do LUTASOCIALISTA participaramrecentemente numa reunião entreo Comité por uma InternacionalOperária do Estado Espanhol e osmilitantes do colectivo de Alcalládel Valle, na província de Huelva,do Partido Comunista de Espanhaonde as condições de trabalho dosassalariados agricolas foramanalisadas e um manifesto dereivindicações foi aprovado.

Os camaradas não se limitaram a aprovarreivindicações e debater formas de organizar aluta na sua região.

Muitos deles são forçados pelo desemprego abuscar trabalho nos campos de morango daBélgica. Lá encontram portugueses,marroquinos, checos, paquistaneses, turcos.As condições são também duríssimas e exigemigualmente uma resposta organizada dostrabalhadores.

Assim, com o pleno acordo do Luta Socialista,o CpIO do Estado Espanhol e o o PartidoComunista de Espanha de Alcallá del Valleaprovaram um Manifesto dos trabalhadoresagricolas imigrantes das campanhas de morangos.

Uma vez que a maioria das direcções políticase sindicais dos trabalhadores abandonaram aperspectiva de luta de solidariedade e socialismo,

Família de “temporales”

Campos de Morangos na Andalucia

Brincando com água e pesticidas

Juan Diego, ex-”temporal”, pedreiro,CCOO, militante da

IzquierdaUnida e do

CpIO noEstado

são novamente os revolucionários que empenhama bandeira da Associação Internacional dosTrabalhadores, erguida há mais de 150 anos epopularizada pelo Manifesto do PartidoComunista:“Proletários de todos os países,Uní-vos!”

O Luta Socialista-CpIO apela às organizaçõespolíticas e sindicais dos trabalhadores emPortugal para fazerem suas as reivindicações dostrabalhadores agricolas imigrantes.

Apoio e informações:LS-CpIO : Apartado 27018 1201-950 LISBOACIO : Apdo Correos 4435, 41001 SevillaPartido Comunista de Alcalá del Valle:C/ Mesón nº 43. 11693 Alcalá del Valle (Cádiz). Telefone/fax: 956 135 058

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te, virou totalmente pela direita nos últi-mos anos, aceitando a economia demercado. Por isso está na ordem do diaa fundação de novos partidos operários.É tarefa dos partidos e grupos afiliadosno CpIO participar no processo da cria-ção daqueles partidos. Mas, ao mesmotempo, é preciso reforçar as forçasclaramente revolucionárias na base deum programa genuínamente socialista. O Congresso também serviu comofórum de intercâmbiodas experiêncas naintervenção políticados camaradas demais mais de 30 paí-ses. No final dos tra-balhos foi eleita umanova direcção inter-nacional, o ComitéExecutivo Internaci-onal, no qual agora fazem parte muitomais camaradas jovens. Uma das cam-panhas principais para este ano é a mo-bilização para a Manifestação Inter-nacional contra a cimeira da UE quese vai realizar em Maio, na cidade ale-mã de Colónia. O CpIO também irá

publicar o “Manifesto Socialismo2000” como programa marxista moder-no para o novo milénio.Oportunamente estarão disponiveis emPortuguês todos os Documentos doCongresso.

Tiago Loewe, militante doColectivo “Luta Socialista”

Programa do CpIO para asEleições Europeias• Deputados Europeus com salários de

trabalhadores.• Empregos reais e adequado bem-estar.• Uma semana de trabalho mais curta sem perdade salário, e sem a introdução de horas detrabalho anuais e piores condições de trabalho.• Por um salário mínimo decente.• Igual salário para trabalho igual. Aumentomaciço das despesas públicas na educação, saúde,habitação e transporte.• Não às privatizações e desregulamentarização.• Luta unida contra o racismo e a discriminação.• Direito ao asilo e revogação das leis racistas.

deputado recebe por ano, para além do seu luxuoso saláriode €68,400 Euros (13.712.969$00), ajudas de deslocação novalor total de €143,300 (28.729.071$00) .Em contraste coma maioria dos presentes Deputados Europeus e candidatosàs eleições europeias, o CpIO apresentará candidatos queestão preparados para viver nas mesmas condições do povotrabalhador e com o salário médio dos trabalhadores.Na Irlanda, Joe Higgins , um membro do PartidoSocialista (CpIO) irá apresentar-se às eleições por DublinOcidental. Joe Higgins é um membro do parlamento Irlandês(Dial) e ele tem sido descrito como “a oposição” naimprensa. Na Suécia, a nossa secção, RättvisepartietSocialisterna, o Partido da Justiça Socialista, apresentarácandidatos numa lista nacional. Na Bélgica, na regiãofrancófona Valónica, membros dos Militante Links,Esquerda Militante (CpIO) fará parte da Lista dosTrabalhadores, iniciada por sindicalistas. Na Inglaterra eGales membros do Partido Socialista (CpIO) irão lutarnuma lista comum com outras forças da esquerda e naEscócia os membros do CpIO concorrerão na lista doPartido Socialista Escocês.No países onde não apresentamos candidatos advogamos ovoto crítico a candidatos socialistas dos trabalhadores que seoponham ao mercado capitalista e estejam preparados paraapoiar os trabalhadores em luta. Iremos, portanto, apelar aostrabalhadores e juventude para votar, por exemplo, noPartido Rifundazione Comunista na Itália, a Lista dearticulação entre a Lutte Ouvrière e a LigueComuniste Révolutionnaire (Lista LO/LCR ) em

O texto integral do Manifesto do Cpio sobre as Elei-ções Europeias pode ser pedido ao “Luta Socialista”,Apartado 27018 1201-950 LISBOA

Alguns jornais dasSecções do CpIO na Europa

França, em candidatos da Izquerda Unida em Espanha edo PDS na Alemanha. Em Portugal, o Colectivo “LutaSocialista” apoia criticamente o Bloco de Esquerda. Aomesmo tempo, os nossos membros nesses países irão fazercampanha e tentar ganhar apoio para as ideias ereivindicações do CpIO.

Comité poruma

InternacionalOperária

Comité por una In-ternacional Obrera- Estado Espanhol

Socialist Party- Inglaterra e Gales

SozialistischeAlternative- Alemanha

Militant LinksLe Militant- Bélgica

Rättvisepartiet Socialisterna- Suécia

GaucheRévolutionnaire- França

Votação dos Documentos

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ue Fazer?

Bloco de Esquerda

Edição do Luta SocialistaComité por uma Internacional OperáriaComité de Redacção:Francisco Raposo, Guida Ribeiro e Tiago LuisApartado 270181201- 950 LISBOAPortugaleMail: [email protected]ág. Web http://membres.xoom.com/ls_cpio/

Luta, Solidariedade, Socialismo!Q

Alguns Pontos para um Programade Luta pelo Socialismo

- Uma casa decente e acessível paratodos.Por um programa de construção dehabitação social de qualidade e de rendasacessíveis.- Defesa e aprofundamento do ServiçoNacional de Saúde. Não às taxasmoderadoras. Não à gestão privada daSaúde! Não aos lucros na Saúde!- Educação gratuita e de qualidade paratodos. Abolição imediata das propinas.Bolsas de estudo e apoios sociais decentespara todos os estudantes.- Defender o Ambiente. Impedir que olucro envenene o planeta.-Definição de uma real politica deJuventude com apoio ao AssociativismoJuvenil; constituição de Centros Juvenisgeridos pelos próprios jovens e não porburocratas dos partidos- Completa oposição ao racismo, sexismo etodas as formas de discriminação.Legalização dos imigrantes; fim às medi-das intimidatórias contra os imigrantes eminorias étnicas; não à Europa Fortaleza.- Combate às causas sociais dacriminalidade; não à policiação dasociedade; fim à violência policialnomeadamente à violência policial racistae anti-juvenil; controlo democrático daspolicias; desmantelamento do SIS

Em defesa de quem trabalha

Em defesa dos direitos sociais

- Os eleitos dos trabalhadores devemreceber apenas o salário médio do operárioindustrial.-Fim a todas as privatizações! Defesa eaprofundamento da Segurança Social.- Nacionalização dos grandes monopóliossem indminizações a não ser com base emnecessidade comprovada. Por umaeconomia planeada e controlada pelostrabalhadores.-Um Orçamento Geral do Estado baseado nasnecessidades dos trabalhadores. Se ospatrões não podem pagar os serviçosadequados- nós não podemos aguentar osistema deles!- Não à Europa dos patrões! Não ao Eurodospatrões.Pelaunidadeinternacionaldos

Por uma nova sociedade

CONSTRUIR CONSTRUIR A UNIDA UNIDADE,ADE, AASOLIDSOLIDARIEDARIEDADE E ADE E AARESISTÊNCIARESISTÊNCIAO LUTA SOCIALISTA – Comité por uma Internacional Operária

defende a necessidade da constituição de um novo Partido dos Trabalhadoresque organize eficazmente a resistência ao neo-liberalismo, recupere o espíritode Luta das jornadas de Abril, a Solidariedade activa entre o explorados e oSocialismo internacional.É neste contexto que o LUTA SOCIALISTA, considera positivo a constituiçãodo Bloco de Esquerda, assumido pelos seus patrocinadores como um espaçode intervenção política aberta a todos os partidos, organizações e correntes deesquerda na acção política e social em Portugal. Este movimento, ao dinamizaro debate entre os activistas com e sem partido está, desde já, a contribuir paraa definição de uma alternativa política, económica e social ao Capitalismo.

No nosso entender, o Bloco de Esquerda deve intervir nas lutas concretasque se travam na nossa sociedade, numa perspectiva de fazer suas asreivindicações não só das minorias e dos excluídos, mas da ampla maioria dopovo trabalhador. É com essa prova de fogo, mais do que com o eventualbom resultado eleitoral, que o Bloco de Esquerda poderá marcar umaalteração da mentalidade do “mal menor” e do “sejamos realistas”,para a resistência séria e a luta pelo que necessitamos e nos é negado.A luta contra a precariedade do trabalho está ligada à resistência face aopacote laboral, e as lutas que se travam ao nível de locais de trabalho, regiõese sectores. Os activistas do Bloco de Esquerda poderão dar umcontributo fundamental na construção de uma corrente sindical e desolidariedade que apoie activamente as lutas que se vão travando econtribua para a unificação das lutas.A defesa dos serviços públicos e da segurança social contra a sanhaprivatizadora do governo e a apetência dos grandes grupos económicos nacionaise estrangeiros , a nosso ver, é um campo em que o Bloco de Esquerdadeverá intervir.

O Bloco de Esquerda deve clarificar, na nossa opinião, que tipo de sociedadedefende. Defendemos que apenas uma sociedade livre da exploração dohomem pelo homem, com uma economia democraticamente controla-da e dirigida pelos trabalhadores para a satisfação das necessidades detodos, numa palavra, o Socialismo, pode começar a resolver definitiva-mente os problemas que se colocam hoje à maioria das pessoas.OLUTA SOCIALISTA – Comité por uma Internacional Operária reafirma asua disponibilidade para contribuir para a edificação do Bloco de Es-querda na perspectiva da construção de um novo Partido dos Traba-lhadores.

- Contra o desemprego, semana de trabalhode 35 horas sem perca de salário; SalárioMínimo nacional de pelo menos 100.000$00para todos os trabalhadores, incluindodesempregados e pensionistas ereformados. Índice 100 da AdiminsitraçãoPública igual ao salário mínimo nacional.- Congelamento da riqueza pessoal dosdonos e administradores de empresas comsalários em atraso e falências;prioritarização absoluta do pagamento dasdívidas aos trabalhadores em caso defalência. Fim às leis de flexibilidade epolivalência. Fim à precariedade, aosrecibos verdes e aos contratos a prazo.- Os ricos que paguem a crise, não ostrabalhadores: Impostos progressivos sobrea riqueza e os lucros; diminuição da cargafiscal dos trabalhadores por conta deoutrém.