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nQueda de Constantinopla Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Coordenadas : 41° 0' 30" N 28° 58' 30" E Nota: Este artigo é sobre conquista otomana. Para a conquista pelos cruzados, veja Cerco de Constantinopla (1204) . Foram assinalados vários aspectos a serem melhorados nesta página ou secção: As fontes não cobrem todo o texto . Contém referências que necessitam de formatação. Marcas[Expandir] Cerco de Constantinopla Guerras Otomano-Bizantinas O cerco de Constantinopla (pintado em 1499) Data 2 de abril de 1453 a 29 de maio de 1453 (559 anos) Local Constantinopla , atual Istambul Resultado Decisiva vitória Otomana [1] Término do império bizantino. Combatentes

Queda de Constantinopla

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Queda

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Page 1: Queda de Constantinopla

nQueda de ConstantinoplaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coordenadas:  41° 0' 30" N   28° 58' 30" E

 Nota: Este artigo é sobre conquista otomana. Para a conquista pelos cruzados, veja Cerco

de Constantinopla (1204).Foram assinalados vários aspectos a serem melhorados nesta página ou secção:

As fontes não cobrem todo o texto.

Contém referências que necessitam de formatação.

Marcas[Expandir]

Cerco de Constantinopla

Guerras Otomano-Bizantinas

O cerco de Constantinopla (pintado em 1499)

Data 2 de abril de 1453 a 29 de maio de 1453(559 anos)

Local Constantinopla, atual Istambul

Resultado Decisiva vitória Otomana[1]

Término do império bizantino.

Combatentes

 Império Bizantino Império Otomano

Comandantes

Page 2: Queda de Constantinopla

Constantino XILoukas NotarasGiovanni Giustiniani Longo

Mehmed IISuleiman BaltoghluZağanos Paşa

Forças

7.000[2]

26 navios[3]80.000[4]-200.000[5][6]

126 navios[7]

Baixas

4.000 mortos[8] Desconhecidas (acredita-se que pesadas devido as várias tentativas fracassadas)

Denomina-se queda de Constantinopla a conquista da capital bizantinapelo Império

Otomano sob o comando do sultão Maomé II, na terça-feira,29 de maio de 1453. Isto marcou não

apenas a destruição final do Império Romano do Oriente, e a morte de Constantino XI, o último

imperador bizantino, mas também a estratégica conquista crucial para o domínio otomano sobre

o Mediterrâneo oriental e os Bálcãs. A cidade de Constantinopla permaneceu capital do Império

Otomano até a dissolução do império em 1922, e foi oficialmente

renomeada Istambul pela República da Turquia em 1930.

A queda de Constantinopla para os turcos otomanos foi um evento histórico que segundo alguns

historiadores marcou o fim da Idade Médiana Europa, e também decretou o fim do último vestígio

do Império Bizantino.

Constantinopla (em latim: Constantinopolis; em grego: Κωνσταντινούπολη) é o antigo nome da

cidade de Istambul, na atualTurquia. O nome original era Bizâncio (do grego Bυζαντιον,

transliterado em Bizâncio). O nome da cidade era uma referência ao imperador

romanoConstantino I, que tornou esta cidade a capital do Império Romano em 11 de maio de 330.

Índice

  [esconder] 

1   Contexto

o 1.1   O saque a Constantinopla e o Império Latino

o 1.2   Fortalecimento das defesas

o 1.3   O advento dos turcos

o 1.4   Invasão otomana na Europa

o 1.5   Os cercos de 1391, 1396 e 1422

2   A queda de Constantinopla

o 2.1   Busca de apoio no ocidente

o 2.2   Constantino XI e Maomé II

o 2.3   O pavor dos cristãos

o 2.4   O ataque turco

o 2.5   Maus presságios

o 2.6   O ataque final

o 2.7   O saque e o controle turco

Page 3: Queda de Constantinopla

3   Implicações

4   Bibliografia

5   Referências

[editar]Contexto

Constantinopla era, até o momento de sua queda, uma das cidades mais importantes no mundo.

Localizada numa projeção de terra sobre o estreito de Bósforo em direção à Anatólia, funcionava

como uma ponte para as rotas comerciais que ligavam a Europa àÁsia por terra. Também era o

principal porto nas rotas que iam e vinham entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Para explicar

como uma cidade deste porte caiu em mãos estrangeiras, é preciso voltar a séculos antes

de 1453 e detalhar os eventos que enfraqueceram o Império Bizantino.

A partir do século III, o centro administrativo do Império Romano tendia a voltar-se mais para

o Oriente, por múltiplas razões. Primeiro pela necessidade de defesa das fronteiras orientais;

depois porque o oriente havia se tornado a parte econômica mais vital do domínio romano; por fim

Roma era uma cidade rica de vestígios pagãos, o que agora era inconveniente num império

cristão: seus edifícios, sua nobreza senatorial, apegada à religião tradicional.

Assim Constantino decretou a construção de uma nova capital, nas margens do Bósforo, onde

havia a antiga fortaleza grega de Bizâncio, num ponto de grande importância estratégica, nas

proximidades de dois importantes setores da limes: a região do baixo Danúbio e a fronteira

do Império Sassânida. A nova cidade, que recebeu o nome de Constantinopla, isto é, "cidade de

Constantino", foi concebida como uma "nova Roma" e rapidamente tornou-se o centro político e

econômico do Império. Sua criação teve repercussões também no plano eclesiástico: enquanto

em Roma a Igreja Católica adquiriu mais autoridade, em Constantinopla o poder civil controlou a

Igreja. O bispo de Roma pôde assim consolidar a influência que já possuía, enquanto em

Constantinopla o bispo baseava seu poder no fato de ser bispo da capital e no fato de ser um

homem de confiança do Imperador.[9]

Durante a Quarta Cruzada em 1204, foi capturada pelos cruzados. Em 1261, foi recapturada

pelas forças do Império de Niceia, sob o comando de Miguel VIII Paleólogo. Porém

Constantinopla não recuperou o antigo esplendor e iniciou a decadência que quase dois séculos

depois levaria ao fim definitivo do império.

[editar]O saque a Constantinopla e o Império Latino

Ver artigos principais: Império Latino e Saque de Constantinopla

Page 4: Queda de Constantinopla

Constantinopla e suas muralhas

O Império Bizantino depois da Quarta Cruzada.

O Império Bizantino por volta de 1450

O declínio do Império Bizantino decorre principalmente da expansão dos turcos seljúcidas e dos

conflitos com os húngaros. Porém, a primeira vez queConstantinopla foi saqueada o foi pelos

cristãos ocidentais, e não por seus inimigos tradicionais.[10] A capital do Império Romano do

Oriente foi tomada pelaQuarta Cruzada em 1204.[11] O ataque foi feito pelo mar, e a cidade foi

saqueada e incendiada por três dias, e nem tesouros da Igreja Ortodoxa e supostas relíquias

cristãs, riquezas acumuladas por quase 1000 anos, foram poupados.

Page 5: Queda de Constantinopla

As razões da tomada de Constantinopla são variadas e complexas. Em 1190, aTerceira Cruzada,

formada por contingentes das potências ocidentais, não recebeu dos bizantinos o apoio esperado

quando se dirigia à Terra Santa, o que levou a um forte ressentimento.[12] Tal fato se deu porque

os bizantinos, acreditando que o líder dos turcos, Saladino, principal inimigo dos cruzados, fosse

invencível, preferiram manter a maior neutralidade possível a fim de evitar um futuro ataque aos

seus territórios. Outro fator a ser levado em conta é o cisma religioso existente, o qual não foi

aplacado pelos esforços da Igreja Católica Romana (latina) e daIgreja Católica Ortodoxa (grega).

Também deve ser considerado o costume de se distribuir entre os generais e seus soldados o

butim de guerra, neste caso formado pelos lendários tesouros e famosas relíquias. Por outro lado,

os venezianosexigiam um preço pela sua participação nas cruzadas, e os cruzados viram na

capital bizantina a única fonte de recursos disponível para satisfazer os venezianos.

Além disso, existia um crise sucessória no trono bizantino, que facilitou a investida cruzada.[12] Depois de uma revolta bizantina, em 1204 os cruzados novamente tomaram a cidade.

Inaugurou-se assim o chamado Império Latino (1204-1261) com o reinado de Balduíno I (Balduíno

IX, Conde da Flandres). Parte dos territórios bizantinos foram então divididos entre os chefes da

cruzada, formando-se na região os reinos independentes católicos de Tessalônica, Principado de

Acaia, e Ducado de Atenas. Os bizantinos reuniram forças, e em 1261 retomaram Constantinopla

e restabeleceram seu domínio sobre a península Balcânica. Mas agora governavam um império

depauperado economicamente e sem o apoio da Igreja, império este que perdurou até 1453.[13]

[editar]Fortalecimento das defesas

O ataque dos cruzados revelou um ponto fraco nas defesas da cidade. As poderosas muralhas a

oeste da cidade repeliram invasores de persas, germânicos, hunos, ávaros, búlgaros e russos [4] [14] [15] [16] (um total de 22 sítios) durante séculos, mas as muralhas ao longo do litoral, sobretudo ao

longo do Corno de Ouro (o estuário que separava Constantinopla da vila de Pera, atualBeyoğlu),

ao norte, revelaram-se frágeis. Após recuperarem a cidade, os bizantinos reforçaram as muralhas

litorais e as defesas nos pontos onde precisavam ser abertas para a entrada de navios nos

portos. Para se assegurarem de que não precisariam se preocupar com as defesas no Corno de

Ouro, uma pesada corrente de ferro foi erguida sobre o canal, impedindo qualquer navio de

passar sem a autorização da guarda bizantina.

[editar]O advento dos turcos

Mesmo antes da Quarta Cruzada, o Império Bizantino vinha, havia muitos séculos, perdendo

territórios para muçulmanos no Oriente Médio e na África. No início do século XI, uma tribo turca

vinda da Ásia Central, os seljúcidas, começou a atacar e ganhar territórios bizantinos na Anatólia.

No final do século XIII, os seljúcidas já haviam tomado quase todas as cidades gregas da

Anatólia, à exceção de um punhado de cidades no noroeste da península.[17]

Nesta época, um clã semi-nômade turco teria migrado do norte da Pérsia para o oeste, e se

defrontado com uma batalha entre turcose mongóis na Anatólia. O clã entrou na batalha ao lado

dos turcos e venceu. O sultão seljúcida, em agradecimento, ter-lhes-ia concedido um pequeno

território montanhoso no noroeste do império, nas proximidades do território bizantino. A forma

como isto ocorreu exatamente se perdeu no folclore subsequente, mas sabe-se que, sob o

comando de um líder chamado Osman I (ou Othman), estes turcos ficaram conhecidos como

"otomanos".

[editar]Invasão otomana na Europa

Os otomanos já haviam imposto sua força ao combalido Império Bizantino, tomando suas últimas

cidades asiáticas de Bursa, Niceia(atual İznik) e Nicomédia (atual İzmit). Em 1341, quando da

Page 6: Queda de Constantinopla

morte do imperador Andrônico III, o o trono ficou nas mãos de sua esposa Ana dos bizantinos,

com Cantacuzeno como protetor de seu filho João V Paleólogo e co-regente de Ana. Em 1343,

Cantacuzeno declarou-se regente único, e pediu ajuda militar aos otomanos para impor seu

controle sobre o remanescente do Império Bizantino. Ana, então, determinou que João e

Cantacuzeno seriam co-imperadores, o segundo mantendo a autoridade sobre o primeiro por 10

anos, quando então governariam como iguais.

Quando o Reino da Sérvia atacou Salônica, em 1349, Cantacuzeno pediu auxílio aos otomanos

pela segunda vez. Em 1351, Cantacuzeno fez uma terceira aliança com os turcos para ajudá-lo

na guerra civil provocada entre seus partidários e os seguidores do príncipe João. Neste último

acordo, Cantacuzeno prometeu aos otomanos a posse de uma fortaleza do lado europeu do

estreito de Dardanelos - a primeira ocupação de uma civilização asiática na Europa desde a

invasão do Império Mongol sobre a Ucrânia, no século XIII. Entretanto, o príncipe otomano

Suleiman decidiu reforçar sua posição tomando a cidade de Gallipoli, estabelecendo o controle

sobre toda a península e uma base estratégica para a expansão do Império Otomano na Europa.

Quando Cantacuzeno exigiu a devolução da cidade, os otomanos voltaram-se para

Constantinopla.

Durante o governo de João V Paleólogo, Bizâncio se tornara um Estado vassalo dos otomanos,

oferecendo soldados para as campanhas dos turcos na Europa e pagando um tributo anual para

manter os turcos longe de Constantinopla. As exigências turcas se agravaram quando João

morreu, em 1391, e seu filho Manuel II Paleólogo subiu ao trono, à revelia do sultão

otomano Bayazid.

[editar]Os cercos de 1391, 1396 e 1422

Muralhas de Constantinopla

Entre as novas exigências do sultão Bayezid I estava o estabelecimento de um distrito em

Constantinopla para mercadores turcos. Como Manuel II Paleólogo se recusara, Bayazid cercou a

cidade por terra. Após sete meses de cerco, Manuel Paleólogo cedeu, e os turcos se retiraram

para campanhas ao norte contra Sérvia e o Hungria.

Bayezid convocou Manuel e outros reis cristãos do leste europeu para uma audiência, onde

demonstraria as consequências a qualquer um que resistisse ao sultão. Paleólogo pressentiu que

seria assassinado, e recusou o convite. Após uma segunda recusa, em1396, Bayezid enviou

novamente seu exército para Constantinopla, saqueando e destruindo os campos à volta da

cidade, impedindo que qualquer um entrasse ou saísse vivo de lá. Constantinopla ainda podia

contar com suprimentos vindos do mar, já que os turcos não se apoiaram em um cerco marítimo à

Page 7: Queda de Constantinopla

cidade. Assim, Constantinopla resistiu por seis anos, até que, em 1402, o temível exército

de Tamerlão invadiu o Império Otomano pelo leste, e Bayezid se viu obrigado a mobilizar suas

tropas para esta nova frente, salvando Constantinopla no último momento.

Nas duas décadas seguintes, Constantinopla viu-se livre do jugo otomano, e pôde até recuperar

alguns territórios na Grécia. Mas em 1422, Manuel Paleólogo resolveu apoiar um príncipe

otomano ao trono, visando uma duradoura trégua no futuro. Mas o sultãoMurad II enviou em

resposta um contingente de 10 mil soldados para cercar Constantinopla mais uma vez. Naquele

ano, em 24 de agosto, o sultão ordenou um ataque maciço às muralhas, e após várias horas de

batalha, ordenou a sua retirada, e mais uma vez Constantinopla conseguiu uma sobrevida.

[editar]A queda de Constantinopla

[editar]Busca de apoio no ocidente

O cisma entre Igrejas Católica e Ortodoxa manteve Constantinopla distante das nações

ocidentais, e mesmo durante os cercos de turcos muçulmanos, não conseguira mais do que

indiferença de Roma e seus aliados.

Em uma última tentativa de aproximação, tendo em vista a constante ameaça turca, o

imperador João VIII Paleólogo promoveu umconcílio em Ferrara, na Itália, onde as diferenças

entre as duas fés foram rapidamente resolvidas. Entretanto, a aproximação provocou tumultos

entre a população bizantina, dividida entre os que rejeitavam a igreja romana e os que apoiavam

a manobra política de João VIII.[18]

[editar]Constantino XI e Maomé II

Retrato de Maomé II, porPaolo Veronese

João VIII morrera em 1448, e seu filho Constantino assumiu o trono no ano seguinte. Era uma

figura popular, tendo lutado na resistência bizantina no Peloponeso frente ao exército otomano,

mas seguia a linha de seu pai na conciliação das igrejas oriental e ocidental, o que causava

desconfiança não só entre o clero bizantino como também no sultão Murad II, que via esta aliança

como um ameaça de intervenção das potências ocidentais na resistência à sua expansão na

Europa.[19]

Em 1451, Murad II morreu, sendo sucedido por seu jovem filho Maomé II (ou Mahmed II).

Inicialmente, Maomé prometera não violar o território bizantino. Isto aumentou a confiança de

Page 8: Queda de Constantinopla

Constantino que, no mesmo ano se sentiu seguro o suficiente para exigir o pagamento de uma

anuidade para a manutenção de um obscuro príncipe otomano, mantido como refém, em

Constantinopla. Furioso mais pelo ultraje do que pela ameaça a seu parente em si, Maomé II

ordenou os preparativos para um cerco total à capital bizantina.

[editar]O pavor dos cristãos

O pavor agia como uma epidemia, corroendo os nervos dos patrícios, dos nobres, da corte e do

povo em geral. A situação piorou ainda mais quando o sultão mandara expor 76 soldados cristãos

empalados por seus carrascos na frente das muralhas para que os habitantes de Constantinopla

soubessem o destino que os aguardava.

Dias mais depressivos eles tiveram antes, no momento em que a grande bombarda turca

(chamada de Grã Bombarda) um monstro de bronze e de oito metros de comprimento e de sete

toneladas, que os sitiantes trouxeram de longe, arrastado por 60 bois e auxiliado por um

contingente de 200 homens (ele era dividido ao meio para melhor facilitação do transporte),

começara a despejar balas de 550 quilos contra as portas e as muralhas da cidade. Parecia um

raio atirado dos céus para vir arrasar com as expectativas de salvação dos cristãos. Pela frente os

turcos invasores tinham uma linha de 22 km de muralhas e 96 torres bem fortificadas ainda por

vencer, mas para os cristãos era pior, pois somente viam a sombra da foice da morte.

Os dois lados se prepararam para a guerra. Os bizantinos, agora com a simpatia das nações

católicas, enviaram mensageiros às nações ocidentais implorando por reforços, e conseguindo

promessas. Três navios genoveses contratados pelo Papa estavam a caminho com armas e

provisões. O Papa ainda havia enviado o cardeal Isidro, com 300 arqueiros napolitanos para sua

guarda pessoal. Os venezianos enviaram em meados de 1453 um reforço de 800 soldados e 15

navios com suprimentos, enquanto os cidadãos venezianos residentes em Constantinopla

aceitaram participar das defesas da cidade. A capital bizantina ainda recebeu reforços dos

cidadãos de Pera (atual Beyoğlu) e genoveses renegados, entre os quais Giovanni Giustiniani

Longo, que se encarregaria das defesas da muralha leste, e 700 soldados.[20] Tonéis de fogo

grego, armas de fogo, e todos os homens e jovens capazes de empunhar uma espada e

um arco foram reunidos. Entretanto, as forças bizantinas provavelmente não chegavam a 7 mil

soldados e 26 navios de guerra ancorados no Corno de Ouro.[3]

Os otomanos, por sua vez, iniciaram o cerco construindo rapidamente uma fortaleza 10 km ao

norte de Constantinopla. Maomé IIsabia que os cercos anteriores haviam fracassado porque a

cidade recebia suprimentos pelo mar, então tratou de bloquear as duas entradas do mar de

Mármara, com uma fortaleza armada com 3 canhões no ponto mais estreito do Bósforo, e pelo

menos 125 navios ocupando Dardanelos, o mar de Mármara e o oeste do Bósforo.[7]

Maomé ainda reuniu um exército estimado em 100 mil soldados, 80 mil dos quais soldados turcos

profissionais - os demais recrutas capturados em campanhas anteriores, mercenários,

aventureiros e renegados cristãos, que seriam usados para os ataques diretos. Cerca de

5.000[5] desses soldados eram janízaros, a elite do exército otomano. No início de 1452, um

engenheiro de artilhariahúngaro chamado Urbano ofereceu seus serviços ao Sultão. Maomé o fez

responsável pela instalação dos canhões em sua fortaleza.

[editar]O ataque turco

O cerco começou oficialmente em 6 de abril de 1453, quando o grande canhão disparou o

primeiro tiro em direção ao vale do Rio Lico, que penetrava em Constantinopla por uma

depressão sob a muralha que possibilitava o posicionamento da bombarda em uma parte mais

alta. A muralha, até então imbatível naquele ponto, não havia sido construída para suportar

Page 9: Queda de Constantinopla

ataques de canhões, e em menos de uma semana começou a ceder. Todos os dias, ao anoitecer,

os bizantinos se esgueiravam para fora da cidade para reparar os danos causados pelo canhão

com sacos e barris de areia, pedras estilhaçadas da própria muralha e paliçadas de madeira. Os

otomanos evitaram o ataque pela costa, pois as muralhas eram reforçadas por torres com

canhões e artilheiros que poderiam destruir toda a frota em pouco tempo. Por isso, o ataque inicial

se restringiu a apenas uma frente, o que possibilitou tempo e mão de obra suficientes aos

bizantinos para suportarem o assédio.

No início do cerco, os bizantinos conseguiram duas vitórias animadoras. Em 12 de abril, o

almirante búlgaro Suleimã Baltoghlu, a serviço do sultão, foi repelido pela armada bizantina ao

tentar forçar a passagem pelo Corno de Ouro. Seis dias depois, o sultão Maomé II tentou um

ataque à muralha danificada no vale do Licos, mas foi derrotado por um contingente bem menor,

mas mais bem armado de bizantinos, sob o comando de Giustiniani.

Em 20 de abril os bizantinos avistaram os navios enviados pelo Papa, mais um outro navio grego

com grãos da Sicília, que atravessaram o bloqueio de Dardanelos quando o Sultão deslocou seus

navios para o mar de Mármara. Baltoghlu tentou interceptar os navios cristãos, mas viu sua frota

ser destruída por ataques de fogo grego despejado sobre suas embarcações. Os navios

chegaram com êxito ao Corno de Ouro, e Baltoghlu foi humilhado publicamente pelo Sultão e

dispensado.

Mehmed II com o exército otomano em marcha desde Edirne, transportando a grandebombarda

Em 22 de abril, o sultão aplicou um golpe estratégico nas defesas bizantinas. Impossibilitados de

atravessar a corrente que fechava o Corno de Ouro, o sultão ordenou a construção de uma

estrada de rolagem ao norte de Pera, por onde os seus navios poderiam ser puxados por terra,

contornando a barreira. Com os navios posicionados em uma nova frente, os bizantinos logo não

teriam recursos para reparar suas muralhas. Sem escolha, os bizantinos se viram forçados a

contra-atacar, e em 28 de abril tentaram um ataque surpresa aos turcos no Corno de Ouro, mas

foram descobertos por espiões e executados. Os bizantinos então decapitaram 260 turcos cativos

e arremessaram seus corpos sobre as muralhas do porto.

Bombardeados diariamente em duas frentes, os bizantinos raramente eram atacados pelos

soldados turcos. Em 7 de maio o Sultão tentou um novo ataque ao vale do Lico, mas foi

novamente repelido. No final do dia, os otomanos começaram a mover uma grande torre de

assédio, mas durante a noite soldados bizantinos conseguiram destruí-la antes que fosse usada.

Page 10: Queda de Constantinopla

Os turcos também tentaram abrir túneis por baixo das muralhas, mas os gregos cavavam do lado

interno e atacavam de surpresa com fogo ou água.

A mão de obra estava sobrecarregada, os soldados cansados e os recursos escasseando, e o

próprio Constantino XI coordenava as defesas, inspecionava as muralhas e reanimava as tropas

por toda a cidade.

[editar]Maus presságios

A resistência de Constantinopla começou a ruir frente ao desânimo causado por uma série de

maus presságios. Na noite de 24 de maio houve um eclipse lunar, relembrando aos bizantinos

uma antiga profecia de que a cidade só resistiria enquanto a lua brilhasse no céu.[21] No dia

seguinte, durante uma procissão, um dos ícones da Virgem Maria caiu no chão. Logo em seguida,

uma tempestade de chuva e granizo inundou as ruas. Os navios prometidos

pelos venezianos ainda não haviam chegado e a resistência da cidade estava no seu limite.

Ao mesmo tempo, os turcos enfrentavam problemas. O custo para sustentar um exército de 100

mil homens era muito grande, e oficiais comentavam da ineficiência das estratégias do Sultão até

então. Maomé II se viu obrigado a lançar um ultimato a Constantinopla: os turcos poupariam as

vidas dos cristãos se o imperador Constantino XI entregasse a cidade. Como alternativa,

prometeu levantar o cerco se Constantino pagasse um pesado tributo. Com os tesouros vazios

desde o saque feito pela Quarta Cruzada, Constantino foi obrigado a recusar a oferta, e Maomé

lançou um ataque rápido e decisivo.

[editar]O ataque final

Maomé II entrando em Constantinopla com seu exército, porFausto Zonaro

Maomé II ordenou que as tropas descansassem no dia 28 de maio para se prepararem para o

assalto final no dia seguinte.[22] Pela primeira vez em quase dois meses não se ouviu o barulho

dos canhões e das tropas em movimento. Para quebrar o silêncio e levantar o moral para o

momento decisivo, todas as igrejas de Constantinopla tocaram seus sinos por todo o dia.

Page 11: Queda de Constantinopla

Durante a madrugada do dia 29 de maio de 1453, Maomé lançou um ataque total às muralhas,

composto principalmente por mercenários e prisioneiros, concentrando o ataque no vale do Lico.

Por duas horas, o contingente superior de mercenários europeus foi repelido pelos soldados

bizantinos sob o comando de Giovanni Giustiniani Longo, providos de melhores armas e

armaduras e protegidos pelas muralhas. Mas com as tropas cansadas, teriam agora que enfrentar

o exército regular de 80 mil turcos.

O exército turco atacou por mais duas horas, sem vencer a resistência bizantina. Então abriram

espaço para o grande canhão, que abriu uma brecha na muralha por onde os turcos

concentraram seu ataque. Constantino XI em pessoa coordenou uma cadeia humana que

manteve os turcos ocupados enquanto a muralha era consertada. O Sultão então lançou mão

dos janízaros, que escalavam a muralha com escadas. Mas após mais uma hora de combates, os

janízaros ainda não haviam conseguido entrar na cidade.

Com os ataques concentrados no vale do Lico, os bizantinos cometeram a desatenção de deixar

o portão da muralha noroeste semi-aberto. Um destacamento otomano penetrou por ali e invadiu

o espaço entre as muralhas interna e externa. Neste momento, o comandande Giustiniani fora

ferido e havia sido retirado às pressas para um navio. Sem sua liderança, os soldados gregos

lutaram desordenadamente contra os disciplinados turcos. Diz-se que no último momento, o

imperador Constantino XI desembainhou a espada e partiu para a luta, e nunca mais foi visto.

Giustiniani também viria a morrer mais tarde em virtude dos ferimentos na ilha grega de Quios,

onde encontrava-se ancorada a prometida esquadra veneziana à espera de ventos favoráveis.

[editar]O saque e o controle turco

A entrada de Maomé IIem Constantinopla, porJean-Joseph-Benjamin Constant.

Desesperados, os sobreviventes correram para suas casas a fim de salvar suas famílias. Muitos

fugiram em navios, quando os marinheiros turcos viram que a cidade caíra e poderiam aproveitar

para participar do butim. Os turcos saquearam e mataram o quanto puderam. A Catedral de Santa

Sofia (hoje conhecida como Hagia Sophia), o coração de todo o cristianismo ortodoxo, viu-se

repleta de refugiados à espera de um milagre que não aconteceu: os clérigos foram mortos e as

freiras capturadas. Maomé II entrou na cidade à tarde em desfile triunfal e ordenou que a catedral

fosse consagrada como mesquita. Talvez por ter considerado a cidade por demais destruída, o

sultão ordenou o fim dos saques e da destruição no mesmo dia (contrariando a promessa de 3

Page 12: Queda de Constantinopla

dias de saques que fizera antes da guerra). Terminou com 50 mil presos, entre os quais soldados,

clérigos e ministros. Este contingente bizantino recebeu autorização para viver na cidade sob a

autoridade de um novo patriarca, Genádio, designado pelo próprio sultão para se assegurar de

que não haveria revoltas.

Caía finalmente, depois de mais de dez séculos, a maçã de prata ou simplesmente

Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente.

[editar]Implicações

A queda de Constantinopla teve grande impacto no Ocidente. Os cronistas da época confiavam

na resistência das muralhas e achavam impossível que os turcos pudessem superá-las. Chegou-

se a iniciar conversações para uma nova cruzada para liberar Constantinopla do jugo turco, mas

nenhuma nação poderia ceder tropas naquele momento. Os próprios genoveses se apressaram a

prestar respeitos ao sultão, e assim puderam manter seus negócios em Pera (atual Beyoğlu) por

algum tempo.

Com Constantinopla - e todo o Bósforo, neste sentido - sob domínio muçulmano, o comércio entre

Europa e Ásia declinara subitamente. Nem por terra nem por mar os mercadores cristãos

conseguiriam passagem para as rotas que levavam à Índia e àChina, de onde provinham

as especiarias usadas para conservar alimentos, além de artigos de luxo, e para onde se

destinavam suas mercadorias mais valiosas.

Desta forma, as nações europeias iniciaram projetos para o estabelecimento de rotas comerciais

alternativas.[23] Portugueses eespanhóis aproveitaram sua posição geográfica junto ao Oceano

Atlântico e à África para tentar um caminho ao redor deste continente para chegar à Índia

(percurso percorrido com sucesso por Vasco da Gama entre 1497 e 1498). Já Cristóvão

Colombo via uma possibilidade de chegar à Ásia pelo oeste, através do Oceano. Nesta

empreitada, financiada pelos reis de Espanha, o navegador genovês alcançou, em 1492,

o continente americano, dando início ao processo de ocupação do Novo Mundo.[24] Com

asgrandes navegações, os dois países, outrora sem muita expressão no cenário político europeu,

se tornaram no século XVI os mais poderosos do mundo, estabelecendo uma nova ordem

mundial.

[editar]Bibliografia

Page 13: Queda de Constantinopla

Restos da muralha de Constantinopla.

Franz Babinger: Mehmed the Conqueror and His Time (1992) Princeton University

Press ISBN 0-691-01078-1

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2000. ISBN 1-84176-091-9

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1995. ISBN 0-679-41650-1

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contemporanei. Verona: Fondazione Lorenzo Valla, 1976.

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Referências

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2. ↑  Sir Steven Runciman - The Fall of Constantinople

3. ↑ a b Nicolle 2000, p. 45.

4. ↑ a b NORWICH, John Julius. A Short History of Byzantium. New York: Vintage Books, 1997.

5. ↑ a b PERTUSI, Agostino, ed.. La Caduta di Costantinopoli. [S.l.]: Fondazione Lorenzo Valla: Verona.

(Uma antologia de textos contemporâneios e documentos da queda de Constantinopla; inclui

bibliografias e comentários detalhados de especialistas), 1976.

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7. ↑ a b Nicolle 2000, p. 44.

8. ↑  FRANTZES, Jorge. The Fall of the Byzantine Empire. [S.l.: s.n.].

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9. ↑  GAETA, Franco; VILLANI, Pasquale. Corso di Storia: per le scuole medie superiori. 1 ed.

Milão: Principato, 1986. 323 p. 1 vol. vol. 1.

10. ↑  Runciman 1965, pp. 3

11. ↑  NORWICH, John Julius. A Short History of Byzantium. New York: Vintage Books, 1997. 304 p.

12. ↑ a b Runciman 1965, pp. 4

13. ↑  Runciman 1965, pp. 19

14. ↑  MADDEN , Thomas. Crusades: The Illustrated History. Ann Arbor: University of Michigan, 2005.

15. ↑  HALDON, John. Byzantium at War 600 - 1453. New York: Osprey, 2000.

16. ↑  MANGO, Cyril. The Oxford History of Byzantium. New York: Oxford UP, 2002.

17. ↑  Runciman 1965, pp. 5

18. ↑  Runciman 1965, pp. 16-18

19. ↑  Nicolle 2000, p. 22-23.

20. ↑  Runciman 1965, pp. 83-84

21. ↑  GUILLERMIER, Pierre. Total Eclipses: Science, Observations, Myths, and Legends. [S.l.]: Springer,

1999. 85 p. ISBN 1852331607 Página visitada em 2008-02-27.

22. ↑  NORWICH, John Julius. A Short History of Byzantium. New York: Vintage Books, 1997. 378 p.

23. ↑  Jensen, De Lamar (1992), Renaissance Europe 2nd ed. pg. 333

24. ↑  Jensen, De Lamar (1992), Renaissance Europe 2nd ed. pg. 335