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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE …...Renascimento, assim como a influência da queda de Constantinopla. O detalhismo nas roupas da protagonista da pintura é outro ponto

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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A MONA LISA DO RENASCIMENTO E A MONA LISA DOS OUTDOORS: a imagem e o ensino de História

Méri Teresinha Philippsen Bohn1

Lucas André Berno Kölln2 RESUMO: O presente artigo tem por objetivo construir uma reflexão em torno das

dificuldades e potencialidades da utilização da imagem como ferramenta para o

ensino de História. Partindo de uma situação vivenciada ao longo da implementação

do projeto de PDE, a confrontação da Mona Lisa renascentista com uma outra Mona

Lisa contemporânea trazida pelos alunos, esse artigo se alicerça sobre um estudo

comparativo das duas imagens buscando demonstrar como elas, por estarem

permeadas de historicidade, permitem falar tanto sobre a sociedade renascentista

(em dimensões políticas e sociais, especialmente) quanto sobre a sociedade

contemporânea (especificamente em termos de cultura e práticas de consumo).

Essa proposta de leitura analítica da imagem se preocupa com a profusão de

imagens que permeia a vida cotidiana, buscando de algum modo orientar e educar o

olhar para além do imediatamente visível, dissecando as imagens para além de seus

sentidos mais evidentes.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de História, Renascimento, Consumo

1. Introdução

Este artigo tem como objetivo discorrer sobre as possibilidades de uso de

imagens para o ensino de história, e foi desenvolvido como parte do projeto “História

e imagem: o ensino de história a partir da análise do homem no Renascimento

Italiano”, o qual, por sua vez, é parte integrante do Programa de Desenvolvimento

Educacional do governo do Paraná (PDE).

Com ele, também espera-se conseguir auxiliar professores da disciplina de

História a ampliar conhecimentos sobre as estratégias pedagógicas utilizadas na

problematização, oportunizando reflexões a respeito dos encaminhamentos

metodológicos adotados, e procurando melhorar a prática em sala de aula, desse

modo podendo contribuir com processo de ensino-aprendizagem.

Como fruto de trabalho do PDE me propus, primeiramente, a analisar a

famosa pintura da Mona Lisa, de autoria de Leonardo Da Vinci. Nesta obra pretendi

aprofundar o estudo de História do Renascimento (especialmente em seus aspectos

1 Formada em História, com Especialização em Magistério da Educação Básica/Interdisciplinaridade

e Gestão Escolar. 2 Professor assistente do Colegiado de História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

(Unioeste), campus Marechal Cândido Rondon.

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sociais e culturais) tendo a imagem como fonte principal. Porém, ao entrar em sala

de aula no primeiro dia da implementação do projeto, fui confrontada com uma Mona

Lisa que não era exatamente aquela que eu pretendia abordar, aquela que é tida

como um dos símbolos do Renascimento italiano, mas aquela que os alunos do 7º

ano (turma onde apliquei meu projeto de PDE) conheciam a partir de suas próprias

vivências, aquela que figura nos outdoors anunciando uma loja no país vizinho, o

Paraguai.

Assim, para conseguir consolidar as discussões sobre a Mona Lisa que

permitia abordar a sociedade e a cultura renascentistas, tive que dar conta de lidar

com uma outra Mona Lisa, retirada da moldura clássica e integrada a uma moldura

tipicamente contemporânea, como propaganda que anunciava compras no

Paraguai, uma Mona Lisa que buscava convencer seus observadores de que esse

estabelecimento era o lugar ideal para suas compras.

Não pude ignorar essa curiosa e instigante referência trazida pelos alunos,

pois ela se apresentava como uma proposta nova de análise, a qual poderia

contribuir para a compreensão dos estudantes acerca do Renascimento, mas

também aguçar seu olhar crítico e analítico para uma outra imagem, ressignificada a

partir daquela prevista por mim. Ao se identificarem com a imagem de Mona Lisa

(ainda que com seus próprios referenciais), percebi que os alunos poderiam

estabelecer uma relação interessante com ela, com o conteúdo em questão e com

sua própria realidade.

Diante dessa Mona Lisa, articulada com a primeira ideia de análise, eu pude

perceber que essa temática abriu uma nova possibilidade de reflexão. O

desenvolvimento de conteúdos curriculares através do confronto, questionamento e

investigação de imagens pode contribuir para que os educandos desenvolvam sua

capacidade cognitiva e aprendam de forma criativa a se tornarem capazes de

encontrar respostas aos desafios de seu próprio cotidiano.

Interrogando essas duas fontes, a Mona Lisa do Renascimento e a Mona Lisa

contemporânea dos outdoors, e atenta ao que expressam e ao que trazem de

subjacente, pretendeu-se trabalhar a competência leitora dos alunos. Assim,

buscou-se estimulá-los a desenvolver sua capacidade de observar, identificar,

associar, dissecar e analisar traços e elementos pertencentes à imagem, para assim

poder tratá-los como documentos que lançam luz sobre a história.

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A grande quantidade de imagens que, com a expansão e popularização dos

meios de acesso à informação, é posta diante dos olhos dos alunos numa

velocidade crescente, pode ser transformada (pelo menos em parte), em recurso

para o ensino de História. Ela pode ser utilizada como uma ponte com o cotidiano do

aluno, com a própria cultura visual estabelecida, pode-se expor não apenas a ideia

do artista ou do grupo de artistas nas imagens dos livros didáticos, mas também as

realidades historicamente concretas nas quais (e em relação as quais) elas foram

elaboradas. Desse modo, aliás, podem-se criar mecanismos que ajudem o aluno a

ganhar autonomia na construção do conhecimento histórico e, crucial, capacidade

crítica quanto às imagens com as quais é defrontado diariamente.

Para que fosse possível, nesse artigo, uma discussão do potencial da imagem

para um ensino de História que seja capaz de integrar melhor os conhecimentos

"extra-escolares" como pontos de referência para a aula, buscamos restringir a

análise à famosa pintura de Leonardo Da Vinci, a Mona Lisa. Dessa maneira

pretendemos analisar de que modo a utilização da obra Mona Lisa serviu ao

propósito de discutir temas relativos ao Renascimento, mas também como permitiu

abrir trilhas de reflexão sobre situações que pertencem ao cotidiano concreto dos

alunos na contemporaneidade, permitindo assim que as ferramentas e instrumentos

utilizados para ler historicamente o quadro pudessem ser transpostos para uma

leitura histórica dos outdoors e do mundo.

2. A Mona Lisa do Renascimento: relações sociais e poder político

A Mona Lisa, também conhecida como La Gioconda, é reconhecida como a

mais famosa obra de arte do mundo. A quantidade de reelaborações, mudanças,

retrabalhos, paródias (etc.) feitas sobre a pintura de Leonardo Da Vinci é realmente

impressionante. E não somente isso, pois a pintura foi dissecada e analisada tantas

vezes e por tão diversos motivos, e incorporada a tantos trabalhos de literatura,

crítica de arte, história, cinema etc., que se trata verdadeiramente de uma imagem

que pertence à cultura popular, integrada fortemente ao cotidiano permeado de

imagens da contemporaneidade.

Além dessa presença poderosa no imaginário visual contemporâneo, a Mona

Lisa é uma das mais conhecidas imagens do período renascentista, não só por suas

características (em termos de composição e concepções estéticas), mas também

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por seu conteúdo (a retratada e o fato de ser um retrato) e, também, por ser fruto de

uma figura emblemática desse momento histórico, Leonardo Da Vinci.

Figura 01 - Mona Lisa, pintura de Leonardo Da Vinci

Fonte: Wikimedia, 2016

O retrato de Mona Lisa propicia a análise de elementos históricos relativos ao

Renascimento. Um elemento fundamental para a pintura é o uso de tintas mais

sofisticadas como a tinta a óleo, a qual remete à época das relações comerciais

entre os europeus e os povos árabes. As tintas eram comumente importadas do

Oriente através dos comerciantes europeus, dentre os quais se destacam

justamente os comerciantes venezianos. A Veneza dessa época, aliás, se destacava

como uma das cidades mais importantes do Renascimento, não apenas pelo

comércio de artigos de luxo (especiarias, madeira, grãos, sal, tecidos, itens

decorativos etc.), mas, pela admiração das culturas orientais, o que muitas vezes

aguçava a inspiração dos artistas e contribuía para um importante intercâmbio

intelectual e artístico - o qual tem sido apontado como um dos fermentos do

Renascimento, assim como a influência da queda de Constantinopla.

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O detalhismo nas roupas da protagonista da pintura é outro ponto que pode

ser ressaltado, pois as sedas e veludos expressam, de certa forma, a consciência

que muitos artistas tinham a respeito dessas trocas com o Oriente, incorporando a

visão e a habilidade dos mesmos nas suas produções artísticas. Assim, a arte era

impulsionada e completamente entrelaçada ao mundo dos negócios e da política,

visto que a região meridional da península italiana se destacou desde muito cedo em

relação ao restante da Europa no que tange ao comércio e à reestruturação dos

laços feudais. Os senhores e príncipes italianos enriqueceram em grande medida

por conta do comércio, e tornou-se parte de seus expedientes de diferenciação

social e concretização de seu status a posse de obras de arte e a prática do

mecenato para com os artistas.

Nesse quesito, aliás, podemos salientar que somente uma pequena parte da

sociedade tinha poderes econômicos para adquirir esses artigos de luxo, nesse caso

em especial, a elite comercial e urbana, que incluía tanto sujeitos com um pé na

feudalidade (gozando das prerrogativas dos encargos feudais) quanto uma elite

embrionariamente burguesa (envolvida com o artesanato, com o comércio e muitas

vezes compondo os quadros políticos das cidades) (DOBB, 1977; ELIAS, 2001;

BURKE, 1991). Essa elite passava, nessa época, por uma mudança considerável na

sua composição, pois incorporava tanto elementos sobreviventes do feudalismo, que

buscavam reforçar sua condição econômica e apossar-se de cargos administrativos,

por exemplo, quanto uma burguesia nascente, que buscava enobrecer-se apesar de

sua muito comum origem plebeia, e assim garantir simbolicamente seu poder

econômico e político. A Mona Lisa nasce e é esculpida historicamente dentro desse

ambiente histórico de transição, por isso carregando em seu corpo as marcas de sua

historicidade.

A mudança histórica pela qual passavam as elites europeias, talvez em

especial as italianas, trouxe consigo uma série nova de expedientes de sustentação

do poder e de afirmação social. Os mercadores italianos e os "patrícios urbanos"

(como alguns historiadores os chamaram), assim como os mestres-artesãos mais

bem sucedidos e também a camada de funcionários administrativos (da crescente

burocracia dos governos urbanos em ascensão na Itália do período), ora

subservientes aos ideais da elite medieval, ora sedentos de um poder em transição,

repousaram muitas vezes sobre a ostentação de bens de luxo como formas de

afirmação social, expressando na arte e nos costumes o poder que a condição

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econômica e política conseguia lhes proporcionar (LARIVAILLE, 1988). O costume

de encomendar retratos dos chefes de família, de figuras vinculadas ao poder

político e das donzelas e senhoras vinculadas às casas reinantes se desenvolveu

muito nesse período, havendo, pois, um estreito laço entre a disposição artística e

as estruturas de poder historicamente estabelecidas.

Segundo Castelnuovo,

O retrato tem uma função importantíssima nas cortes: ele se desenvolve a fim de celebrar o senhor, para mostrar seu poder, sua riqueza, seu luxo (...), para exaltar-lhe a virtude, as redes familiares, os empreendimentos, a vida, os hábitos." (CASTELNUOVO, 2006, pp. 36-37)

Portanto, através do retrato os nobres e os burgueses ascendentes (muitas

vezes aspirantes a nobres) mostravam sua forma de vida e buscavam subir os

degraus da escala social, fazendo compor seus retratos os talheres que utilizavam à

mesa, pratos ornamentados, porcelanas, copos de cristal, e também as luxuosas

vestimentas com ricos detalhes em pedras e bordados - elementos esses símbolos

de sua nobreza e evidências que visavam assegurar seu estatuto social. Como

escreve, ainda, Castelnuovo:

Na primeira metade do século XV, o retrato florentino tem por finalidade mais a celebração que a descrição. É um fenômeno que segue pari passu o empenho civil dos humanistas, (...) é o meio expressivo adaptado ao novo modo de viver e de sentir da burguesia florentina. (CASTELNUOVO, 2006, p. 35)

Assim, no retrato de Mona Lisa, Da Vinci consegue expressar, através da

riqueza de detalhes de sua roupa (por exemplo) a classe à que ela pertencia, o que

aponta para sua historicidade, já que a pintura ganha concretude social e não mais

"somente" artística. Dentro desse esforço de circunstanciar a pintura, ela passa a

poder operar mais diretamente como um documento histórico, como uma fonte cuja

dissecação, histórica e estética, lança luz sobre um processo histórico em sentido

amplo.

Neste ambiente de renovação de ideias surge também o humanismo. Os

humanistas eram estudiosos que iniciaram a reforma educacional inspirados nas

ideias da Antiguidade Clássica e valorizavam as capacidades do ser humano que

eram tão secundarizadas, senão reprimidas, durante a Idade Média. Alguns dos

principais valores retomados pelos humanistas foram a exaltação das capacidades

do indivíduo e a valorização da liberdade individual (BURCKHARDT, 2009, pp. 145-

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153), a qual ajudou a fazer surgir a concepção antropocêntrica, a qual realocava o

homem em relação ao universo, dando a ele um lugar de destaque crescente, ainda

que não absoluto.

Os artistas clássicos da Renascença, como Da Vinci, Giotto, Botticelli,

Michelângelo, Sanzio (etc.) introduziram inovações estéticas e mesmo filosóficas

que marcaram a história da arte, dentre as quais, diante da especificidade da análise

aqui construída, é possível citar o realismo na representação da figura humana

(dando-lhe formas, pesos, sombras, dimensões, contornos e disposições mais

sofisticados), a leitura humanista dos temas religiosos, a composição cênica e

dramática das figuras, o domínio da perspectiva, o sfumato etc. Teresa Queiroz, a

esse respeito, escreve que "O mundo platônico das ideias, prioritário do esquema

bizantino, desaparece frente à observação do peso, do volume, da esculturalidade,

da solenidade humana e das possibilidades de captação de sua multiplicidade

expressiva." (QUEIROZ, 1995, p. 38)

Leonardo da Vinci, nascido na pequena cidade italiana de Vinci em 1452,

pintou vários quadros que são admirados até hoje por sua beleza, sua qualidade

técnica e também por seus mistérios. Mas nenhum deles ficou tão conhecido como a

Mona Lisa, concluído por volta de 1505. Nesse quadro é possível identificar algumas

das principais características da pintura renascentista, como o uso de tinta a óleo, a

riqueza de detalhes, a busca por retratar as pessoas e objetos de maneira

semelhante a que vemos (embora com a elaboração de uma tessitura dramática

destacada) etc. Historicamente falando, a Mona Lisa também carrega as marcas da

arte renascentista no sentido, por exemplo, de que traz em si as tensões sociais da

época e reelabora artisticamente aspectos importantes da dinâmica do poder e das

transformações econômicas da Itália do Cinqueccento.

As pinturas, os rascunhos, as plantas, os desenhos e mesmo os esboços de

Da Vinci evidenciam, ao lado de outros artistas renascentistas, a busca por uma

sensibilidade nova, cuja demanda advinha do conjunto de transformações na própria

forma com que a vida passava a ser vivida. Os temas religiosos e espirituais típicos

da arte medieval não se ausentam da arte renascentista, nem mesmo seus temas e

seus personagens principais (vide a quantidade de cenas religiosas e passagens

bíblicas figurando na pintura e na escultura do período), mas eles são recuperados

dentro de um escopo diferente: pela influência da Antiguidade clássica, mas também

por responder a novos tempos e a uma nova sociedade. Da Vinci, embora seja

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(merecidamente) reconhecido como figura pivotal do Renascimento italiano, pelas

mais diversas razões, não deixa de viver sob a égide de uma dubiedade, que não

era encampada somente por ele, mas por seu tempo, que ainda oscilava entre uma

visão de mundo medieval e uma visão de mundo que buscava (ora mais ousada, ora

mais timidamente) se emancipar desses mesmos valores da visão de mundo

medieval. Como nota Queiroz: "Os corpos de da Vinci abrigam contenção,

melancolia, mas hesitam entre ideia e emoção, entre luzes e sombras. O humanismo

se relativiza." (QUEIROZ, 1995, p. 56)

A análise da Mona Lisa para além de sua apresentação, digamos,

conteudística (ou temática), a qual buscamos dissecar anteriormente, perpassa

também uma análise de seus sentidos menos "manifestos" e mais engastados na

composição própria da imagem. Nesse sentido, Queiroz nos auxilia a pensar a

imagem no contexto do ensino de História (ou da pintura de Da Vinci no contexto do

ensino de Renascimento) quando escreve:

A dualidade externo-interno e sua complementaridade são constantes na percepção de mundo de Leonardo. Acreditava ele que para retratar alguém era necessário estudar cuidadosamente a fisionomia externa da pessoa e igualmente os 'movimentos da mente'. A atmosfera perfeita para captar uma face seria a da luz crepuscular, do mau tempo, dos reflexos do negro, que suavizam a figura. Daí a escolha propositada de fundos escuros para seus inúmeros retratos como o de (Monna) Lisa Gherardini (c. 1500), onde uma paisagem sombria em tons verde-azulados e os reflexos de luz imprimem uma sensação de mobilidade da mente e do corpo. (QUEIROZ, 1995, p. 56)

É possível perceber que a dualidade interno-externo persistia em Da Vinci

como parte de uma problemática filosófica e religiosa que vicejou no medievo mas

que continuava a assolar o pensamento renascentista. Apesar disso, dessa carga

tão estética quanto filosófica que permeia a pintura, retrata-se mundana e

espiritualmente uma mulher, filha de uma família aristocrática e esposa de um

mercador de seda florentino. Uma mulher cuja face e cujo corpo possuem algo de

sensual, pelos contornos e pelo reconhecimento de seu peso e sua esculturalidade

(apesar de suas vestes fechadas), e cujas feições são ainda hoje tidas como

enigmáticas e alvo de especulações e suposições. Aquilo que Queiroz afirma sobre

as pinturas de Giotto talvez seja extensível, ao menos em parte, para a Mona Lisa

de Da Vinci:

se não podemos falar ainda de um espírito burguês definido, será visível em obras como as de Giotto a presença de um grau de concretude e

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materialidade mais compatível com a chamada racionalidade burguesa do que com os ideais de cavalaria." (QUEIROZ, 1995, p. 38)

A sociedade italiana do período, bem como o momento histórico em questão,

não parecem acolher bem uma definição categórica em termos de égide dos "ideais

de cavalaria" ou predomínio de uma "racionalidade burguesa", o que demonstra que

a "dualidade" de Da Vinci, apontada por Queiroz, talvez esteja em diálogo também

com esse tensionamento. Materialidade e espiritualidade podem ser temas

universais, mas aparecem também como questões historicamente referenciadas, e a

pintura de Da Vinci, analisada em alguns de seus pormenores, permite essa

abertura para tratar da história do Renascimento italiano, sendo portanto valioso

documento histórico e valioso recurso para o ensino de história.

3. A Mona Lisa dos outdoors: propaganda e consumo

Após apresentar uma possível abordagem da pintura de Da Vinci para o

estudo do Renascimento como processo histórico, cabe demonstrar o possível

diálogo da imagem (e da abordagem acima) com a Mona Lisa dos outdoors, aquela

que encontra-se mais presente na vida dos alunos.

Vivemos cada vez mais num universo permeado pelas imagens, as quais

muitas vezes vêm acopladas a propagandas, anúncios e comerciais. Os alunos que

participaram deste projeto de PDE relacionaram a imagem de Mona Lisa mais aos

outdoors que anunciam o estabelecimento comercial do país vizinho, Paraguai, do

que à pintura de Da Vinci. Para grande parte dos habitantes da região, é comum

deslocar-se para o Paraguai com certa frequência, tanto para Ciudad del Este

quanto para Salto del Guairá, onde as mercadorias e produtos costumam ser mais

baratos que seus equivalentes dentro do país. Por conta desse costume, os

estudantes vêem a reprodução de Mona Lisa em outdoors, ao longo do caminho e

em propagandas diversas, de modo que tenham associado a célebre imagem à

propaganda que comumente viam.

Embora não tenhamos fotografias dos outdoors da loja Monalisa, tomamos a

liberdade de inserir no artigo a capa da revista Monalisa (publicação do

estabelecimento comercial) de outubro de 2015, uma vez que ela é bastante

expressiva no que se refere à discussão que aqui nos propusemos a fazer:

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Figura 2 - Revista Monalisa nº 17, Out/2015

Fonte: Revista Monalisa, 2015

Na imagem da revista, é possível reconhecer de pronto a clássica pintura de

Da Vinci, ainda que estilizada por conta de seus propósitos distintos daqueles que

motivaram o pintor renascentista. Na Mona Lisa contemporânea, seus contornos e

sua silhueta não são mais formadas pelas pinceladas cuidadosas de Da Vinci, mas

pela inserção planejada de marcas e logotipos, que ajudam a criar uma imagem de

significados bastante diferentes de sua original. O fundo brumoso do quadro foi

substituído pela capa cartonada dourada da revista de propagandas, assim como

nos outdoors a pintura foi recortada para caber na logomarca da loja.

Assim como na Mona Lisa do Renascimento é exaltada a questão do poder

através das vestimentas finas e requintadas, com relação à figura 02, podemos

perceber que as grandes corporações transnacionais, particularmente aquelas com

marcas muito conhecidas (como Lacoste, Nike, Mont Blanc, L’Oreal, dentre outras),

usam o retrato da Mona Lisa para expor suas marcas, num sentido algo parecido, na

medida em que os produtos vendidos pela loja, como itens importados, são

comumente entendidos como elementos que compõe uma certa imagem da pessoa

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que os possui e os usufrui como sendo sofisticada, abastada e "chique". As

logomarcas que compõem a Mona Lisa contemporânea, quase por imposição, de

uma forma forjada, se tornaram uma linguagem internacional mais próxima a grande

maioria das pessoas, como aponta Naomi Klein, ao discutir a presença massiva e

ostensiva das marcas no conjunto da vida contemporânea:

(...) de formas tanto dissimuladas como ostensivas, essa obsessão corporativa com a identidade de marca está travando uma guerra por espaço público e individual, em instituições públicas como faculdades, na identidade dos jovens, no conceito de nacionalidade e nas possibilidades de um espaço sem marcas. (KLEIN, 2008, p. 29)

Essas empresas, para que consigam se destacar, procuram cada vez mais

por novas formas de chamarem a atenção do consumidor, produzindo, construindo e

fortalecendo a imagem de suas marcas através de estratégias de marketing. Essas

propagandas, na maior parte das vezes, buscam deixar claro que afetam seus

potenciais consumidores, pois seus produtos podem significar muito para a vida

dessas pessoas e sua "imagem pessoal", certamente para um público seleto no

caso das lojas Monalisa.

Posta diante de sua irmã renascentista, a Mona Lisa dos outdoors se torna

mais expressiva quanto à sua historicidade, pois revela-se mais claramente o quanto

seus propósitos mudaram, e o quanto se relacionam a questões e problemas

contemporâneos, ligados a uma sociedade de consumo intensificado onde as

marcas são, conforme Klein, onipresentes. A valorização do consumo como

elemento de distinção social é uma prática sistematicamente estabelecida na

sociedade contemporânea, e a Mona Lisa dos outdoors (aquela conhecida pelos

alunos) pode ser usada como documento histórico nesse sentido - dissecá-la diante

da renascentista ressalta como o uso comercial e propagandístico de sua silhueta

está profundamente vinculado às dinâmicas históricas contemporâneas.

As virtudes artísticas e humanistas da pintura de Da Vinci, presentes na

superfície e nas profundezas do retrato da Mona Lisa, são substituídas pelas linhas

simples e pela estilização, feitas em nome da fácil assimilação que torna uma

propaganda efetiva. A Mona Lisa dos outdoors não quer mais, como queriam os

retratos na pintura renascentista, celebrar um membro poderoso de uma família

aristocrática, mas seduzir um potencial consumidor e fazer-se digna de lembrança (e

referência) quando o desejo de consumo vier à tona. A Mona Lisa que no

renascimento protagonizava o quadro, impondo-se com sua presença impetuosa e

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misteriosa (afinal, tratava-se de um retrato), recolhe-se ao papel de coadjuvante,

servindo de elemento de reconhecimento em nome de uma marca e de uma loja de

produtos importados.

4. A imagem e o ensino de História: considerações finais

A Mona Lisa renascentista, presente nos livros didáticos dos alunos, retrata

as características de Leonardo da Vinci e daquele momento histórico, as quais foram

analisadas anteriormente. Imbuída de historicidade, é uma presença constante nos

currículos brasileiros na disciplina de História, figurando sempre como parte do

estudo sobre o Renascimento. A Mona Lisa dos outdoors e das propagandas,

presentes na região fronteiriça do oeste do Paraná, é de cunho mercadológico,

propaganda, vinculada a uma cultura de consumo e profundamente entranhado nos

modos de viver da sociedade capitalista.

A Mona Lisa dos outdoors faz parte do cotidiano dos alunos bem mais do que

a Mona Lisa emblema do Renascimento, e foi por conta disso que julgamos

interessante construir uma reflexão sobre como as duas imagens da Mona Lisa. Em

seus contextos diferentes e em suas circunstâncias específicas, elas carregam

propósitos e expressam valores distintos, demonstram como as imagens podem ser

ferramentas poderosas para o ensino de História.

Exercitar a comparação pode ser um bom caminho para que o aluno

compreenda o caráter subjetivo das imagens e perceba a necessidade de realizar

uma análise cuidadosa de seus elementos, sua composição, sua lógica narrativa e

suas intenções.

Deve-se também observar que os conteúdos sejam pertinentes aos objetivos

do professor, ao grupo de alunos e faixa etária. No tocante à imagem de Mona Lisa,

os alunos do 7º ano (com os quais foi implementado o projeto) perceberam que a

imagem que estavam analisando do outdoor tinha o objetivo de vender produtos

importados, de marcas famosas, para pessoas chiques, que ao adquirirem esses

produtos de grife (os quais supostamente significam qualidade e sofisticação),

poderiam ter a sensação de estar próximas ou de certa forma se igualar às

celebridades (artistas, cantores, esportistas famosos etc.) que consomem esses

mesmos produtos.

A implementação desse projeto com o 7º ano mostrou que o estudo sobre a

Mona Lisa, pode enriquecer as aulas de História, levando os alunos a

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desenvolverem um espírito crítico sobre diferentes usos desta imagem tão

emblemática, e perceberem que há um diálogo constante entre o tempo passado e o

presente. Assim, os estudantes constatarão como cada sociedade é capaz de

transformar a realidade e se apropriar de conhecimentos e objetos conforme as

exigências e interesses do momento. Sociedades essas que exigem atuações

criativas para satisfazer os interesses de ordem econômica e social. Este aluno que

vive o presente deve, pelo ensino de História, ter condições de refletir sobre tais

acontecimentos, localizá-los em um tempo conjuntural e estrutural.

No entanto, é preciso que a imagem não seja reduzida a uma mera ilustração

ou tomá-la como verdade absoluta. Trabalhar com imagens deve ser, antes de tudo,

um exercício do pensar, de elaborar argumentos e construir hipóteses e ideias a

partir dos elementos dados. No caso da Mona Lisa, por exemplo, o fato de Da Vinci

ter retratado uma mulher rica não nos deve levar a considerar que todas as

mulheres da época eram assim. É preciso lembrar que o artista interpreta a

realidade segundo seu lugar social, suas concepções morais e filosóficas, sua

condição econômica, suas posições políticas e, ainda, com seu estilo próprio e com

as concepções estéticas do universo da arte de seu período.

Assim, como expressa Vergara, ativar culturalmente uma obra de arte “(...) é

fazer circular, é dar acesso, aproximar.” (VERGARA apud MARTINS, 1998, p. 28)

Como uma dupla linguagem, texto e imagem requerem alguns procedimentos que

facilitem a análise do conjunto da produção escolhida. Existem diferentes

interpretações sobre um mesmo período ou mesmo evento histórico. Se esta relação

for assimilada por parte do aluno, há o reconhecimento da intencionalidade do artista

(e da sociedade na qual ele se constituiu) se expressa, materializando-se em

significações, sentimentos ou ideias - elementos esses que apontam para problemas

históricos. Ao conhecermos o autor e a época em que viveu, começamos a entender

um pouco mais sobre os objetivos que tinha em mente ao produzir determinada

obra. Com relação a isso, Catelli Junior diz:

Assim como o conhecimento histórico é por natureza subjetivo, as imagens também o são. Todo o texto e toda a imagem carregam consigo a visão de mundo de seu autor. Para construir uma interpretação a partir deles, devemos, primeiramente, fazer uma análise crítica do autor. (CATELLI JUNIOR, 2009, p.18)

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A análise da imagem ajuda, assim, a desconstruí-la como "mera" ilustração,

algo que "simplesmente" encarna e demonstra no livro didático o texto escrito, e

tratá-la também como texto, como uma narrativa, cujo significado não se encontra

completamente explícito na superfície, mas que encerra noções e valores social e

historicamente construídos. A "análise crítica do autor", como menciona Catelli

Junior, ajuda no trabalho de treinar o olhar, captar aquilo que passa despercebido

numa olhada rápida, permite desnaturalizar a imagem, podendo percebê-la como

permeada de marcas de seu tempo.

Nesse sentido, olhar para imagens do passado para entender sua

historicidade abre a possibilidade (ainda que não necessariamente) para que se

possa olhar para as imagens do presente e compreendê-las em sua historicidade.

Como escreve Rossi, “O olhar estético tem natureza e função diferentes do olhar

banal, cotidiano. E é apenas através da educação formal que a maioria dos

brasileiros poderá ter a oportunidade de desenvolver tal olhar.” (ROSSI, 2009, p.11)

Se estendermos a noção de "olhar estético" apontada por Rossi para uma noção de

"olhar historiográfico" ou "olhar historicizante", a análise de imagens no ensino de

História poderá extrapolar os limites do livro didático e da sala de aula, tornando-se

instrumento de observação crítica do mundo que nos cerca a todos.

No mundo permeado de cultura visual em que vivemos, o ensino de História,

a partir da interdisciplinaridade com Arte, pode fomentar a prática que permita com

que o aluno dê sentido à visualidade em que está imerso. No caso da Mona Lisa que

dissecamos, o recorte de uma imagem (ao invés de um fluxo constante e acelerado

de imagens comum na contemporaneidade) para ser estudada em profundidade (ao

invés de ser consumida de maneira efêmera, como na contemporaneidade) pode

servir para aguçar percepções distintas quanto ao visual. Bittencourt, inclusive,

chama a atenção para esta situação com a qual o professor e o ensino são

defrontados:

Os historiadores se deparam hoje com este fenômeno histórico inusitado: a transformação do acontecimento em imagem. (...) Não se busca mais tornar politicamente inteligíveis uma situação ou um acontecimento, mas apenas mostrar sua imagem. Conhecimento se reduz a ver ou, mais ainda, a “pegar no ar”, já que a mensagem da mídia é efêmera. (...) (BITTENCOURT, 2009, p. 122)

Na época em que estamos vivendo, segundo Circe Bittencourt, parece que

"ver" é sinônimo de "conhecer". Uma das causas da redução do acontecimento à

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sua imagem pode ser motivada pela comodidade por parte do leitor, do

telespectador, que não quer se dar ao trabalho de fazer a leitura e contextualizá-la

historicamente, uma prática estimulada, direta ou indiretamente, pela cultura

consumista.

A utilização de imagens no ensino de História, diante dessa presença massiva

de imagens e de práticas consumistas baseadas no efêmero, serve para ir na

contramão desse estado de coisas, permitindo uma compreensão mais profunda e

crítica daquilo com que se é bombardeado todo o dia, contribuindo para que se

possa entender seus interesses, seus motivos e suas consequências, assim

podendo projetar alternativas mais cabíveis.

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